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CARTA DO GOVERNADOR DE S. TOMÉ

(24-3-1635)

SUMÁRIO — Mostra como era conveniente pôr em praça o contrato


de S. Tomé — Havia sete anos que se não pagava ao
Cabido, Bispo, Governador e mais oficiais.

Senhor

D i z A n t o n i o de Souza de Carualho, Gouernador e C a p p i -


tam da y l h a de sam T h o m é ( 1 ) , que porquanto o comersio
daquella y l h a está acabado, c o m u e m ao seruiço de V . Mages-
tade e ao acresentamento de sua fazenda real, mandar pôr e m
pregaõ o comtrato, porquanto auendo comtratadores, leuaõ
desta cidade fazendas de que nella pagaõ direitos e c o m a
mesma fazem resgate de escrauos, que os pagaõ na y l h a de
sam T h o m é , de que rezulta auer donde se p a g [ u ] e o C a b i d o ,
Bispo e Gouernador e offiçiais de yustiça que [ h ] á sete annos
se l h e [ s ] naÕ pagua. / /

Por cuio respeito impetrarão liçensa de V . M a g e s t a d e , que


se lhe naõ consedeo, pera e m A n g o l a serem p a g o [ s ] de seus
ordenados, em cazo que naõ ouuese comtratadores de sam
T h o m é ; e porquanto este comtratto se pôs e m pregaõ e está
lanço aberto nelle, seia V . M a g e s t a d e seruido mandar se c o m -
tinue com este comtratto e que se arremate a q u e m mais der,
de que se rezulta saber V . M a g e s t a d e o que lhe remde aquella
ylha. A l e m do que, auendo comtratadores, podem mandar duas

(1) Foi nomeado por carta régia de 8 de Abril de 1636 (sic),


com obrigação de prestar homenagem a el-Rei antes de entrar no cargo,
por falecimento de Francisco Barreto de Meneses. — ATT'Chancelaria
de D. Filipe III, liv. 26, fl. 303 v. e liv. 29, fl. 359 v.

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ou tres naos cada anno, c o m que os direitos reais ficaõ mais
sertos e os vasalos de V . M a g e s t a d e mais seguros e m seu comer-
cio. C o m o q u e t a m b é m ficaõ yzentos de comtratarem c o m
os Ingrezes e outras nasois rebeldes, tantto comtra o seruiço
de V . M a g e s t a d e e c o m grande quebra da fazemda real." e
porque a elle ditto Gouernador lhe parece hé isto o q u e conuem
pera b o m gouerno daquella ylha, aumento da real fazemda
de V . M a g e s t a d e , lhe pede u m d m e n t e mande uer esta petição
e q u e delia se tome asentto no q u e mais c o n u e m ao seruiço de
V. Magestade. / /
E. R. M .

[Ã margem]: Ordena S. A . q u e esta petição se ueja no


dito Conselho da Fazenda e se consulte c o m breuidade o que
parecer. E m Lisboa, a 2 4 de M a r ç o de 6 3 5 .

Francisco de Lucena.

A H U — S. Tomé, cx. 1, doc. 125.

NOTA — Damos ao documento, sem data, a data do despacho


do requerimento.

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