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Economia Holandesa: o curso da economia – uma análise

macroeconômica
Fases do desenvolvimento econômico
Antes da revolta
Em um tempo no qual a maioria da Europa continuava a sofrer diminuições pós-pragas
na força de trabalho, as zonas marítimas ao norte da Holanda apresentavam um
suprimento elástico de trabalho para empregos não agrícolas. Externamente, a economia
internacional gerou novos e crescentes mercados nos quais podiam gerar competição à
Holanda. No ambiente institucional flexível da região, os holandeses aplicaram às suas
oportunidades uma sequência de melhorias técnicas que gradualmente mudaram o
caráter da economia do norte da Europa. A força econômica do norte da Holanda em
sua produtividade de ampla base.
A Revolta Holandesa contra o Império de Habsburgo e contra a Igreja Católica Romana
contribuiu para a crise que se iniciava com as políticas econômicas de Habsburgo e
Antuérpia e descentralizou a economia internacional. Uma vez que a efetiva autonomia
política assegurou a proteção dos interesses comerciais, as características básicas do
comércio no Norte poderiam ser elaboradas e institucionalizadas para fazer com que a
Nova República fosse adequada para os comerciantes de toda a Europa. Essa
centralização da economia internacional em Amsterdã ocorreu porque sua
especialização antiga e sua nova autonomia política a equipou melhor do que os rivais
para receber as mudanças necessárias para o mercado.
A Era de Ouro da economia
Em 1578 Amsterdã abraçou a causa rebelde, e na década seguinte a nova República de
fato entrou em existência. Disso até o terceiro quarto do século XVII, esse novo estado
cresceu rapidamente em poder, dominou a economia da Europa e construiu um império
comercial que cobria boa parte do mundo. Essa foi a Era de Ouro. Separemos tal
período em dois:
1580 – 1621
As rotas de comércio estabelecidas geraram a entrada e saída de muitas commodities
nos portos da Holanda e da Zelândia. O crescimento do capital de comércio da
República certamente proporcionou tal volume de comércio, já que mercadores cada
vez mais ofereciam crédito para fornecedores para assegurar o acesso a matérias-primas
e financiaram a venda de commodities através de contratos para movimentar o
comércio. Todo esse capital chegava em Amsterdã pois ela havia se tornado o centro
comercial da Europa, atraindo os grandes mercadores e investidores da Antuérpia.
Entretanto, a principal causa por trás do crescimento do capital era uma República
facilitadora para o comércio e para a geração de renda, atraindo mercadores e
incentivando o investimento e, conforme o comércio crescia, as instituições tornavam-se
cada vez mais eficientes.
O crescimento da produtividade do capital acumulado no período é observável no
crescimento rápido da força de trabalho não agrícola e seus crescentes salários reais
durante essas quatro décadas.
1621 – 1663
A segunda fase da Era de Ouro ocorreu em um ambiente econômico internacional
diferente que o primeiro. Depois da crise comercial de 1618-21, a taxa de crescimento
de todos os mercados próximos desacelerou. Em muitas áreas, declinou. Com a
estagnação de mercados existentes, as rotas comerciais da Holanda foram afetadas e
com isso era viável explorar novos mercados. Entretanto, a exploração de novos
mercados sofreria uma árdua resistência. Mesmo assim, a economia encontrou um
crescimento significativo. O capital acumulado no período anterior tornou-se um
importante fator nessa fase de crescimento econômico. A utilização desse capital
possibilitou investimentos em infraestrutura e em inovações, gerando também uma
maior produtividade da mão-de-obra, refletindo no alto nível salarial.
Crise e reação: 1663 – 1714
Três guerras navais com a Inglaterra e a invasão francesa de 1672 romperam
profundamente o comércio holandês, enquanto restrições mercantilistas dos parceiros
comerciais provocaram maiores ajustamentos em todos os setores da economia
holandesa. Os impactos duradouros dessa crise derivam do fato de que essas ocorrências
se situaram em um panorama econômico definido pela reversão de longo prazo dos
preços e pela cessação no crescimento da população.
Crise
A escala do salário nominal extraordinariamente rígida do pós-1660 surgiu rapidamente
como um fundamental problema estrutural da economia. Como os preços caíram (por
que os preços caíram nesse período anterior à crise e por que os salários nominais
eram rígidos?), o poder de compra do trabalho holandês ascendeu. A rigidez dos
salários teve o efeito de redistribuição da receita para longe dos lucros e dos aluguéis,
indo na direção da massa salarial. Isto por sua vez encorajou a retirada de fatores de
produção dos setores mais intensivos em mão-de-obra da economia, diminuindo a
produção na economia. Além disso, a elaboração de leis restritivas governando no
comércio estrangeiro gerou uma crescente pressão sobre a economia da República.
Resposta
A Era de Ouro da economia da República chegou ao fim no decorrer dos anos 1660s e
1670s assim que o potencial de crescimento das estratégias de investimento do século
precedente caiu a zero. Mas isso não significa que não existiam novas estratégias
através das quais o crescimento econômico poderia ser reencontrado. Um problema que
estagnou a zona marítima da República com uma força especial foi o alto custo de
produção, particularmente altas taxas de salário. A resposta tomou três formas gerais:
 Mudanças no mix de produtos (que não poderiam ser mais do que defensivas);
 Introdução de tecnologia economizadora de trabalho (embora nenhuma das
tecnologias introduzidas no período foi suficiente para diminuir os custos
unitários do trabalho);
 Deslocamentos regionais em direção de regiões de baixo salário (tendência pan-
europeia que utilizava o trabalho rural de baixo custo para a produção
comercial);
A recuperação da economia holandesa requereu um período estendido de paz e baixa
taxação a fim de reduzir os custos de produção e de comércio. Entretanto, a dívida
pública holandesa era alta (devido a ataques e guerras). Uma opção arriscada para a
recuperação da economia comercial holandesa foi a Revolução Gloriosa, na qual o
exército holandês ocupou a Inglaterra a fim de conter os ataques e as guerras contra a
França.
A economia do século XVIII (pergunte ao professor)
Não podemos afirmar que foi uma nova versão da Era de Ouro. A crise do final do
século XVII deu o seu próprio caráter e seu próprio desenvolvimento. O setor industrial
urbano sofreu uma perda severa na produção de trabalho intensivo e de bens de capitais.
O eclipse político da República durante sua longa coalizão com a Inglaterra a forçou,
depois de 1713, a se refugiar em políticas de neutralidade política. Isto e a emergência
de rivais comerciais efetivos em Londres e em Hamburgo atrapalharam o poder de
mercado do comércio de Amsterdã e levaram à sua desintegração. Entre 1740 e 1780, a
possibilidade de um modesto crescimento da renda nacional não pode ser deixada de
lado. Nesses anos, o sucesso no comércio de produtos coloniais, a expansão da
navegação holandesa por águas europeias, a volta da produtividade agrícola e o
crescimento nos ganhos nos investimentos estrangeiros devem ter superado os efeitos da
contínua desindustrialização.
Essa economia, com tão poucos fatores expandindo a demanda doméstica e com altos
custos desencorajando a produção industrial, falhou em experimentar o crescimento
demográfico que retornou à Europa entre 1730 e 1750. Outro ponto importante que
deve ser ressaltado é o fato de a República gastar boa parte da arrecadação de impostos
para pagar juros da dívida pública, diminuindo, consequentemente, o investimento no
desenvolvimento econômico de curto prazo.
A crise final, 1780 – 1815
O legado do passado dourado (seus altos salários, altos impostos, etc.) agora tornou a
República repulsiva para a maior parte das formas de produção industrial. Após 1780,
uma nova conjuntura de forças internas e externas combinadas colocaram os Países
Baixos em uma crise que trouxe o colapso da velha República. Uma das forças externas
foi a declaração de guerra britânica em 1780 que encerrou a proteção que a neutralidade
deu à Holanda. A França revolucionária também pressionou a economia holandesa: as
guerras napoleônicas e as taxações às guildas holandesas quebraram o comércio da
Holanda. Tudo isso foi facilitado pela fraqueza acumulada pela Holanda nas décadas
anteriores. Toda forma de progresso na Holanda foi contida, revertida e perdida.
O Reino Unido dos Países Baixos gerou um longo período de transição da economia
holandesa até a década de 1850 e renovou as instituições que impediam o crescimento
econômico moderno na Holanda (liquidação da dívida pública e a abolição das taxas
excessivas nas commodities básicas são exemplos).
Com quais conceitos teremos o melhor entendimento do desenvolvimento da
economia Holandesa em sua imersão internacional?
Os usos e limitações do modelo Malthusiano:
No mundo amplamente agrário de Europa pré-industrial, os ensaios demográficos de
Thomas Malthus de longe formava uma base indispensável para a análise da vida
econômica (veja arquivo 1). Suas formulações informam muitas das mais frutíferas e
influentes interpretações da sociedade europeia pré-industrial. A essência de seu
trabalho histórico é que população e economia interagem na forma de ciclos de retornos
negativos (o crescimento extensivo do arquivo 1).
Entretanto, a partir do final do século XVI, não podemos aplicar os conceitos abordados
por Malthus. O crescimento da produtividade superou sua tendência inerente de possuir
retornos marginais decrescentes e, através do uso da mão-de-obra em atividades
produtivas fora do setor agrícola e sua ligação com o comércio exterior, também o
crescimento inerentemente extensivo, enfraquecendo significativamente a influência das
forças Malthusianas.
O comércio internacional de grãos e a ascensão dos salários reais quebraram o poder do
controle positivo, deixando o seu papel para o controle preventivo (como isso ocorreu?).
Em uma Europa na qual a mudança populacional era provocada em volta de certa
combinação de terra, preços dos alimentos, crises de mortalidade, idade de casamento e
normas camponesas, os fatores relevantes na República se tornaram: trabalhos,
urbanização, migração, idade de casamento e expectativas modernas.
O mercantilismo e o stapelmarkt (?)
A principal alternativa para uma aproximação Malthusiana é o conceito de
mercantilismo, que inicia na premissa de que forças econômicas internacionais definem
o caráter e põem limites às economias de mercado avançadas na era pré-industrial. Ele
afirma a existência de certa forma de dualismo econômico, no qual uma economia pré-
capitalista de camponeses, lordes e guildas é penetrada pelo mercantilismo, nutrido por
mercados internacionais e interesses políticos.
Os mercados de Amsterdã se desenvolveram mais do que os seus precedentes nas
funções de tomador de decisões e alocador de capital de forma que essa base se mantém
como um elemento essencial na organização da economia internacional. A República
certamente teve sua parte em práticas monopolistas e em instituições restritivas.
Os conceitos Malthusiano e mercantilismo, quando aplicados à história econômica da
República Holandesa, possuem algo em comum: reduzem seu crescimento e
desenvolvimento a um episódio sem força e autolimitado, no máximo um estágio no
qual os outros poderiam um dia construir, e reduzem sua crise e estagnação a um
inevitável desastre, parte de uma respiração natural do mundo tradicional.
A primeira economia moderna

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