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Introdução:
Hoje iremos falar sobre os factores que contribuem para o diagnóstico de crianças com
dislexia, como identificá-las precocemente, as questões neurologicas relacionadas com
a dislexia e como podemos lidar com elas. Quando se avalia crianças com dislexia a
primeira coisa que avaliamos são as áreas de incapacidade. Quando medimos essas
áreas, fazemo-lo de 4 áreas:
• relações sociais, e
• saúde.
Quando avalio os meus pacientes, o meu primeiro pensamento é que se a criança não
está a ir mal na escola e se o comportamento não é disruptivo em casa ou na escola,
se se relaciona bem com os seus pares e é saudável, não está a ter muitos problemas.
O nome que atribuímos à problemática não é muito importante.
• perfil de desenvolvimento,
• estilo comportamental,
• factores de saúde,
• factores ambientais.
A gestão, ou forma de lidar com este problema pode ser dividida em 4 áreas:
• gestão educacional,
• gestão psicológica,
• gestão médica,
• gestão ambiental.
Olhando para o cérebro como sendo uma fábrica, esta necessitará de recursos em
bruto, que serão processados num produto, que será armazenado e depois
transportado por uma rede de distribuição. Isto pode ajudar-vos a compreender como
é que a informação é processada pelo cérebro.
Como referi anteriormente, o input acontece através dos sistema sensorial. Dos cinco
sentidos usamos três para processar a informação, na escola. Utilizamos a visão, a
audição e, o sentido tactilo-quinestésico. O olfacto e paladar, não são muito eficazes a
auxiliar-nos a aprender com livros. Traduzir a informação que nos chega ao cérebro em
bruto, para algo significativo é o que chamamos processamento. Uma vez que a
informação tenha sido processada, tem que ser armazenada. O local de
armazenamento é o sistema de memória, onde existe 3 tipos de memória:
• memória de trabalho,
Retirando a informação da memória, teremos então que criar uma rede de dstribuíção.
Esse será o output do sistema. O output poderá ser oral ou escrito. E, esse produto
sairá da fábrica pela mesma auto-estrada por onde entrou. Deste modo, a idade
mental do indivíduo, a sua capacidade de atenção, a velocidade de processamento e a
natureza da tarefa, desempenharão papéis fundamentais.
No slide:
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Outro aspecto do output escrito tem a ver com a função motora fina. Quando a criança
tem dificuldade de motricidade fina o que se vai descobir é que a criança opta pela
construção frásica muito pobre, embora ela possa comunicar oralmemte muito bem. A
criança pode parecer preguiçosa quando tem grandes dificuldades para formar letras e
lembrar-se das letras para soletrar as palavras e da pontuação enquanto tentam
trabalhar conteúdos da sua aplavra escrita. O desenvolvimento motor fino progride de
forma proximal distal. Isto significa que progride do centro do corpo para o exterior. Se
olharmos para uma pessoa que está de pé em frente a nós e lhe pedirmos que tenham
as mãos abertas voltadas para nós e os polegares estendidos, teremos uma posição
anatómica normal. Mas o que vemos é que segurar o lápis progride do pulso para a
ponta dos dedos e afastar-se-á do 5º digito (mindinho) para o polegar. Assim, a forma
correcta de pegar no lápis será aquela em que o lápis é seguro a aproximadamente 1,5
cm da ponta do lápis, entre o polegar, o indicador e o terceiro dedo. Estes 3 dedos são
os responsáveis pela precisão. O terceiro, quarto e quinto são responsáveis pela força
com que segura no lápis. É assim que seguramos no lápis e no bisturi, com o polegar, o
indicador e o dedo médio, enquanto seguramos o martelo com o dedo anelar e o
mindinho. É deste modo que vemos o desenvolvimento da motricidade fina. Avaliar o
“pegar no lápis” de uma criança proporcionará uma boa ideia de como a criança será
capaz de manipular o lápis. Quanto mais próximo o lápis estiver do pulso ou do 5º
dedo, mais imatura será a competência de pegar no lápis.
o Depressão, e
o Ansiedade.
Podemos também ter em conta factores médicos que contribuam para o diagnóstico.
Podemos ter problemas de saúde crónicos. Podemos ter problemas que são,
normalmente associados com dificuldades respiratórias, problemas de contenção dos
esfincteres e, podemos ter problemas que emergem dos tratamentos que
providenciamos. Certas medicações podem exacerbar problemas comportamentais.
o literacia,
o educação geral,
• A gestão médica popde ser útil e os médicos podem fazer duas coisas
o presrever medicação, ou
o fazer cirúrgias
DISLEXIA
A Dislexia foi pela primeira vez identificada em 1877 em adultos com lesões cerebrais,
que mantinham visão normal, inteligência normal e a habilidade de compreender a
linguagem mas deixavam de reconhecer a letra impressa. Na altura o Dr. Kussmaul
designou esta doença por “cegueira às palavras”. Alguns anos depois o Dr Morgan
reconhece sintomas identicos em crianças, tendo o facto sido atribuido a alterações
neurológicas.
Em dislexia existe um défice no módulo fonético, uma parte funcional do cérebro onde
os sons se juntam para formar palavras, onde as palavras são decompostas nos seus
sons elementares e onde são discriminadas as palavras do ruído. No entanto, a leitura
não é um processo natural e biológico, são necessárias várias áreas do cérebro para
que haja capacidade de aprender a ler. Ao nível da neurobiologia sabe-se que existem
dois lados do sistema linguístico que são afectados, um refere-se ao sistema linguístico
que interfere com a análise do som nas palavras (região parieto-temporal), e o outro
refere-se à descrição desse som associado a algo que vemos à nossa frente (região
occipito-temporal). Neste diagrama, na imagem da esquerda, refere-se a um indivíduo
que está a ler (leitor fluente), onde se verificam 3 áreas do hemisfério esquerdo
activas, onde a fala é processada na zona frontal do cérebro, o processamento do
fonema na zona média do cérebro (parietal), e a fluência/palavra visual é processada
na zona posterior do cérebro (temporal). Indivíduos com dislexia não activam a zona
média e posterior do cérebro. Em exames de ressonância electromagnética
processados pelo Dra. Guinevere Eden, presidente da International Dislexia
Association, que trabalha na Universidade de George Town, em que esta pede a um
leitor fluente para realizar tarefas básicas como eliminar um som de uma palavra
(como exemplo, na palavra dislexia, se tirarmos o “d” da palavra ficará –islexia, sendo
este o propósito desta tarefa). Na imagem da esquerda observa-se a activação das 3
áreas já referidas anteriormente, na imagem da direita verifica-se essa mesma
activação mas não com tanto realce. No entanto, nesta próxima imagem verifica-se
que um individuo com dislexia, activa uma parte do cérebro completamente diferente,
nomeadamente na zona posterior do cérebro, em comparação com a imagem da
esquerda, que activa maioritariamente o hemisfério esquerdo do cérebro . Portanto,
quando se observa o cérebro de uma criança ao processar a palavra “cat”, ela dirá os
sons k+ae+t, formando a palavra “cat”e relacionando-a com o conceito e a imagem do
gato é associada à palavra. Ouvir a palavra activa a área da fluência e associa
automaticamente à imagem de um gato. A incapacidade de proceder a estas
activações cerebrais está na origem das dificuldades na leitura. Se a leitura tivesse que
ter uma fórmula para “leitura”, seria = descodificação X fluência + compreensão. No
entanto, a descodificação e a fluência nesta fórmula estão e vermelho, pois isso é o
que é ensinado à criança. Compreensão é a capacidade de entender o que está a ser
dito. Se o resultado for um valor de 0 ou menos que 1, na descodificação ou na
fluência, ter-se-ía um problema na leitura. Esta fórmula mostra que deve ser
enfatizada na intervenção a descodificação e a fluência, porque haverá dificuldade na
descodificação e identificação de palavras, que poderá levar a má formação de
vocabulário, má formação de conceito e má compreensão, sendo este um problema
significativo para a criança.
No que diz respeito a identificação precoce da Dislexia, quanto mais cedo este
problema for detectado e mais precocemente se proceder à intervenção maior
impacto haverá na aprendizagem. É necessário necessário avaliar competências
específicas, nomeadamente a consciência fonética, precisão automática de nomeação
de letras (a recuperação rápida é muito importante), associação do som à letra
correspondente, fluência e precisão na leitura da palavra, compreensão e fluência na
leitura de uma frase, de modo a evoluir de leitura de uma palavra para leitura de uma
frase e daí à leitura de um parágrafo ou de um discurso, sendo este o percurso de
aprendizagem do sistema linguístico falado anteriormente.
• atraso na fala;
• dificuldade de pronúncia;
Temos 3 tipos de testes que avaliam este tipo de características: os que nos ajudam a
avaliar o potencial académico a que geralmente chamamos testes de inteligência,
testes de estilo de arendizagem e testes de competências.
Com isto avalia-se leitura em voz alta e silenciosa. Com a leitura em voz alta pode-se
ouvir os erros dados pela criança, a fluência e a compreensão. Na escrita, verificar o
soletrar de palavras, a construção frásica e a qualidade dos parágrafos.
Foi realizado um estudo em 1998, que comparava a média de palavras lidas de uma
criança normal no 3º ano em comparação com crianças com Dislexia. Um leitor fluente
lê aproximadamente 600 mil palavras por ano (marcado a amarelo), uma criança com
Dislexia lê aproximadamente 5o mil palavras por ano (marcado a vermelho), sendo 10
vezes menos que uma leitor fluente, tendo isto um efeito devastador na sua
capacidade de aprendizagem.
Queria agradecer a todos a presença no Congresso e, foi uma honra! Espero que a
minha intervenção tenha sido útil para compreender as dificuldades que os indivíduos
com Dislexia enfretam! Obrigado!