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• CHARLES GRIMAUD
A M ULHER ..
ENCANTO DO LAR
(Obra premiada pela Academia Francesa)
(•Prémio Fabien• 1929)
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NJHIL OBSTAT
Michael A. de Oli'l.'eira
IMPRIMATUR
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PREFÁCIO
URANTE os meses que precederam o seu casa
D mento, a noiva procurou instruir-se sobre a
natureza e importância dos deveres que sobre
ela recairiam logo após a união matrimonial, e pre
parou-se para cumprir as obrigações dessa união
derivadas.
Agora, a ·situação é outra. Agora já não é ela
noiva mas esposa. Agora iá não olha de longe
para o lar, como outrora Moisés, avistando com
os seus olhos alvoroçados, a Terra Prometida.
Agora, ei-la introduzida no lar como rainha nos seus
domínios. Teve de deslocar-se, talvez mesmo des
cer, das regiões do sonho para as da realidade.
Presentemente o seu dever não é entregar-se a
uma pura contemplação das virtudes domésticas
mas pô-las em prática.
Mais do que uma rapçrriga, alegremente ingres
sada no estado conjugal, se tem sentido, a breve
trecho, tomada de certa surpresa, talvez mesmo de
estupefacção, perante os deveres duma situação
para ela pràticamente desconhecida. Para algumas,
esta situação de começo irá- quem sabe?- tal
vez até ao pavor, como aquela terna rapariga que;
casada, aliás, com um excelente rapaz, se foi lançar
nos braços da mãe, confidenciando-lhe, banhada
em lágrimas, que se via perdida no dédalo das suas
novas obrigações. Muito mais numerosas serão as
que, sem chegarem a tão dolorosa impressão, nas"
cida de um passageiro desconhecimento do seu pa-
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PRIMEIRA PARTE
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Quando o rapaz namorava a rapariga que escolhe·
ra, sentia-se atraído para ela como que 'por um irresis.
tível impulso. Primeiramente irreflectido, este ímpeto foi
sendo pouco a pouco submetido, pelo coração apaixonado,
a um começo de análise psicológica. E eis um fenóme
no curioso que se verificava: à medida que o jovem in
vestigava as causas da sua atracção para a noiva, parecia·
-lhe ir sempre deparando com outras até ali desconheci
das; às qualidades exteriores, primeiramente notadas, vi·
nham agora juntar-se, como espigas a uma gavela, os
talentos do íntimo, que uma observação mais profunda
daquela alma lhe fazia descobrir. Trasbordava ele então
de alegria por estar convencido de ter encontrado um te
souro escondido.
Nessa altura, a tarefa da rapariga não apresentava
qualquer dificuldade. Ela podia, quase sem custo, fazer
brotar, no íntimo do seu noivo, sentimentos de admira·
ção pelas suas qualidades. Ela encontrava-se ainda na·
quela fase em que o amor se nutre quase exclusivamente
de palavras e quase não reclama actos... E, verdade se
diga, esse papel de promitente, ela sabe representá-lo ad.
miràvelmente! Com que encantos não sabe ela ornar, com
que meiguices não consegue ela tornar entusiásticos os
seus augurios sobre o futuro do seu lar I
Mas semelhante tarefa muda de fisionomia no dia em
que o marido exigir que lhe seja entregue aquele íntimo
que lhe fora prometido. Ontem aprovara ele apenas sim
ples projectos; hoje quer penetrar em morada bem ajei-
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CAPITULO PRIMEIRO
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de nela terem acreditado, contanto que, logo após o ca
samento, acalmadas as primeiras efusões, se disponham
a ouvir os conselhos da sabedoria.
·Para evitar a temível ilusão da (<felicidade sem custo.,
é necessário, antes de mais, desconfiar daquele sentimen
to a que se dá o nome de admiração m1ítua. Tal senti
mento é tão vulgar nos principiantes na vida conjugal
que dificilmente se encontraria algum que lhe não tives
se experimentado os efeitos. Quantas jovens casadas não
verão sinais de superioridade nos menores gestos do ma•
rido, mesmo naqueles que não passam de autênticos de
feitos? Quantos maridos não admirarão nas suas mulheres
as próprias excentricidades?
Por certo que, em toda a natureza bem inclinada, e
sobretudo cristã, há aspectos dignos de admiração, talen
tos naturais, virtudes sobrenaturais, que encantam quem
as observa. E, sem dúvida, nenhuma jovem casada terá
culto demasiado pelas boas qualidades do seu marido. Mas
ela cairia num erro lamentável se fosse classificar como
bens os defeitos, as injustiças, as faltas do marido...
E, no entanto, é até aí que .o amor ameaça arrastá
-la. Moliere já o tinha notado numa passagem célebre
do Misanthrope (1\.
Observava ele, com finura, que os namorados se ga
bam sempre da escolha que fizeram. As próprias fealdades
físicas são para eles verdadeiros encantos:
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E os defeitos morais transfiguram-se em qualidades�
ração apaixonado
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peito dos princípios da moral recebidos, acham perfeita,
mente boas as ideias que o marido professa e põe em prá,
tica a respeito do dever conjugal!...
Está,se a ver até onde pode levar esta admiração
«mÚtua e sem discernimento», que faz achar tudo belo e
bom na pessoa -amada, as qualidades e defeitos, as fra,
quezas, e até os próprios vícios. Esta perpétua aprova,
ção de ideias e de actos levará os dois esposos is indi,
gnidades mais incríveis. Sem darem por isso, irão fazendo
concessões um ao outro sempre no sentido do bem in,
ferior . e, por isso mesmo, no sentido de uma inferior
felicidade. ·
É -fácil, com efeito, ver o caminho escorregadio por
onde enveredam os esposos que se deixam levar- desta
aceitação contínua de tudo o que apetece ao consorte, sem
<jualquer resistência em favor do dever e da prossecução
de um Ideal superior. Tais esposos, admiradores de si
próprios, não reparam, desde o começo, para onde vão
c
. . . continuam a caminhar. Pois se o caminho não sobe,
não é arenoso, nem é difícil e não reclama esforço!.. . .
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céu.
A jovem esposa, por seu turno, não é bastante expe
riente em assuntos de finanças para travar os esbanja
mentos do marido. Na casa paterna, os pais jamais lhe
haviam feito sentir as preocupações materiais. Quando
saía para as compras levava as mãos ·recheadas de notas
que nada lhe tinham custado a ganhar. Ei-la, pois, na
turalmente persuadida de que as coisas vão continuar sem-
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pre assim. Eis porque nem ouve aquele aviso que se ex,
pnme assim: uRepara bem no que fazes!?> E é desta for
ma que, sem dar por isso, um casal, que .poderia juntar·
um bom pecúlio, se vê reduzido, por fim, a olhar para o
seu pé-de,meia vazio no canto do cofre . . .
Haveria remédio para esta falta de recursos se o jo,
vem casal não fosse vítima de outra inexperiência: o des
conhecimento do valor do trabalho. Rapariga solteira, a
mulher fora menina mimalha ... não fw habituada a todos
os serviços. Ao entrar no seu lac, desconhece o valor dos
seus mínimos esforços. Persuadiu-se talvez de que, uma
vez no lar, passará a ser senhora. Mas não levará muito
tempo a convencer-se da sua ilusão. Depressa verificará
que o que não souber fazer terá de o pagar . .. e o que
ela não tiver vigiado será desperdiçado . . . Mas a escola
sair-lhe-á cara se os hábitos interiores estiverem de tal
modo arraigados que a experiência leve tempo a fazer
sentir a sua acção, ou se, ensinada pela vida, mas desti,
tuída de coragem para defrontar o trabalho, se demo.·ar
em sair da sua inércia.
Por seu lado, o marido não terá possivelmente, tarn,
bém, a experiência da luta pela vida. oDesconhecer-lhe-á,
talvez, o valor. Certo industrial, tra·balhador, estranhando
o pouco afinco de certos jovens ao trabalho, dizia: ((Não
compreendo que um principiante na vida não trabalhe
doze horas por dia!>> E ria-se daqueles jovens casados
que julgavam ter encontrado o seu ideal numa repartição
ou escritório onde estão das nove às onze e das catorze
.às dezoito e que lhes retribui a frouxa assiduidade com
magra subsistência. Ignoravam eles, acaso, que poderiam
empregar as suas energias, nas horas livres, em fazer tra,
balhos suplementares remunerados? . . .
Quando, mais tarde, a familia aumentada reclamar
o bocado, o pai, preocupado, compreenderá então que
urge preencher de trabalho os momentos disponíveis, ou,
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terão de descer das nuvens ... Não será, por certo, sem
algumas decepçõezinhas que os cônjuges se verão força
dos a contemplar horizontes que eles tinham por triviais.
Quanto mais alto tiver ido a ascensão, tanto mais penosa
será a descida ... 1Para os esposos sérios, virtuosos e acau
telados, que sempre encararam o matrimónio como deve
ser encarado, isto é, como um grande dever cristão e so
cial iluminado pelo amor, para tais esposos a obra da
adaptação das almas é depressa realizada por uma pronta
aceitação das concessões e sacrifícios de cada hora.
Mas para os esposos menos iniciados nas verdadeiras
obrigações da existência e cuja juventude se exaspera ao
ver fugirem-lhe os sonhos a que se tinham agarrado, o
trabalho do ajustamento dos génios entre si e com as
realidades práticas da vida será mais doloroso. É por isso
que nos diferentes lares esta segunda fase da vida comum,
a do ajustamento das almas, é menos agradável. Note-se,
porém, que esta crise não se manifesta sempre em igual
graú. Como outrora o mitológico Proteu, ela assume as
mais variadas formas e graduações, desde os lares em que,
graças à perfeita inteligência que os esposos têm da si
tuação, é a custo perceptível. até àqueles onde cria grav�
dissensões. •
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E já que o presente capítulo é destinado a estudar eco
estado das almas logo após o matrimónio», torna-se ne
cessário expor aqui os factores que sobre elas ·actuam, nes
ses momentos de regresso à realidade. Oxalá que as espo
sas compreendam o seu importante papel em tais con
juncturas que são temerosas, sempre que -a jovem casada
se não encontre inquebrantàvelmente persuadida de que
é eco cimento do lar».
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se casado com um jovem da mesma cidade ... do mesmo
bairro.. . do mesmo prédio . . . , corno não diminuiria a di�
ficuldade em fundir os seus hábitos com os do seu ma�
rido!
Ilusão! Por mais próximos ou parecidos que imagi�
nemos os esposos, jamais se conseguirá suprimir a diver�
sidade dos temperamentos estabelecida pelo próprio Deus.
Na verdade, está escrito: «Criou�os homem e mulher» !1).
Quer isto dizer que deu a cada um maneiras de ser
diferentes, correspondentes à sua constituição.
O marido gostará, por exemplo, dos negócios, do mo
vimento, dos exercícios físicos, e gostará pouco de ficar
em casa. Ela, apesar de um tanto desportista -já que a
moda o exige- prefere os trabalhos femininos e, embora
o quisesse, a sua falta de força física e de resistência ja�
mais a deixariam acompanhar o marido para toda a parte:
para a caça, para a bola, para o clube, para o negócio, para
a Bolsa, pari! as reuniões públicas. Eis porque o marido
(1) Gen. V. 2.
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um atrito suave que permita viver uma vida comum com
cmáximo de facilidade e de alegria.
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Mercê das opmtoes do marido, talvez se veja forçada a
.1drnitir na sua casa a entrada de pessoas que nunca te
riam entrado em casa de seus pais.
Suponhamos agora que há acordo em questões de
religião e de política. Há ainda possibilidade de divergên
<ia sobre os princípios que seguem a vida prática e a or
�a.nização do lar. Ele terá; por exemplo, ideias rígidas �m
questões de administração e não será fácil em desatar os
cordões à bolsa. Tal era aquele pai de família milionário,
<JUe recusava à. mulher o dinheiro preciso para as necessi·
dades de cada momento e a obrigava, com tal procedi
mento, a pedir dinheiro às amigas... Ela, pelo contrário,
espírito largo e beneficente, sofria por não permitir aos
seus o gozo de uma sitUação conquistada.
E se a compreensão em matéria religiosa, social e
doméstica for perfei�, haverá sempre um ponto em que
os cônjuges estarão em desacordo. Tem-se dito que «gos·
tos e cores.não se discutem)), Ele não gostará p.ada, por
exemplo, deste mobiliário, daqueles tecidos, daquelas bu
gigangas que a mulher aprecia acima de tudo .. O sonho
.
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que a vontade e o afecto encontrariam solução para todas
as dificuldades.
Surge, todavia, uma descoberta que nunca deixa de
surpreender os cônjuges porque jamais haviam querido
supô-la: a descoberta dos seus defeitos.
Todo o jovem, ao tomar estado, terá de prever certas
fraquezas naquela que escolhe para mulher, por inais
ideal que ela seja. Até no próprio Sol há manchas .. A
.
rapariga, por seu turno, não deverá ignorar que a esperam
certas esquisitices do marido. Eis porque nem um nem
outro deverá admirar-se nem escandalizar-se quando sur-1'. ·
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penhar primacial papel. Se ela souber empregar os meios,
poderá aplanar este terreno, tão acidentado, tão desigual,
das «maneiras de vern.
Que é que se passa, com efeito, em muitos lares mo
dernos? Vê-se que, em geral, a mulher é ali mais cristã,
mais piedosa, do que o homem. O laicismo que envene
na a nossa sociedade, encontra maior resistência na alma
da mulher do que na do homem. É uma superioridade
autêntica que o chamado se:ro fraco muito tem que agra
decer a Deus. À esposa caberá, pois, muitas vezes a honra
tão subida como árdua, de aproximar o marido da re
ligião.
Pode suceder que para isso não tenha a dispencier
grandes esforços. Pode ser que os sentimentos religiosos
do marido estejam apenas superficialmente cobertos de
uma espécie de ferrugem e que, ao contacto de mão ca
ridosa, esta crosta caia desfeita em pó. Mas, mais fre
quentemente, precisará a mulher de perseverança porque
as ideias religiosas do marido se encontram já profunda
mente corroídas. Outras, finalmente, terão de lutar até
morrer para conseguirem que, sob a mão sacerdotal que
lança um último perdão, renasça uma alma nova do
meio dos escom'bros duma fé destruída.
Nenhuma dessas desanime porém ! Deus, que exige
o esforço mas não o êxito, é tão hom que paga cem por
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( 1 ) Ps. XVIII, 6.
(2) · «Pax Dei quae exsuperat onmem sensum, custodiat
cPrda vestra et i ntelligentias vestras in Christo Jesu». (Philip.
!'/, 7·
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CAPíTULO SEGUNDO
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O conjunto dos meios de que a mulher dispõe para
suscitar a atracção do homem chama-se traje ou apresen
tação. Nenhuma outrà arte reclama mais inteligência e
espírito cristão do que eSta. Vê-se por aqui quanto os
princípios que acima enunciámos são cheios de conse
quências. Guiarão eles a mulher na escolha e na disposi
ção dos seus adornos, dentro daquele gosto e decência
que convêm aos membros de Jesus Cristo.
Não temos a repetir aqui o que dissemos em Futu
ras Esposas ( l), a respeito do vestuário e adornos femi
ninos, do seu papel na vida familiar e social e do uso
legítimo que deles se pode fazer. As leitoras deste volu
me tirarão proveito em consultar essas páginas, se ainda
a� não leram. Mas torna-se necessário agora, juntar-lhes
algumas reflexões, peculiares às pessoas casadas, a quem
é destinado este livro.
Marido e mulher são levados a cair em lamentáveis
ilusões sobre esta delicada matéria de adornos. Partem
eles, às vezes, do princípio inco �cusso que uma mulher
tem de andar sémpre ((último figurino». De outra forma,
tem aspecto de ((velhota » . Desde então, as jovens casa
das, incitadas, aliás, a isso pelos seus maridos, empre
gam as mais provocadoras maneiras de· vestir e aprovam ·
sem hesitação as maiores indecências. Certo sacerdote con
tava, um dia, a atrapalhação em que se encontrou quando
um rapaz, seu dirigido, aluno duma grande escola onde
fora a edificação de todos os condiscípulos, lhe veio apre
sentar a mulher. Verdade seja que era no verão ... Mas a
visita teve forçosamente de ser rápida porque nenhum
dos presentes estava à vontade E quando alguém per
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gariam à vida dentro de casa. E assim fica, por motivos
fúteis, gravemente comprometido o futuro do lar.
Muito diferente é o pensar dos esposos sérios e cris
tãos a respeito da ·beleza e do uso dos encantos femininos.
Sabem eles, por ensino recebido dos pai� ou dos confes
sores, que os dons naturais, de que é dotada a consti
tuição .física e moral da mulher, lhe foram atribuídos com
vista à sua missão familiar (1) . Ser querida do marido e,
por essa via, mãe de numerosos filhos, eis o fim que
Deus teve em mente ao adorná-la com tantos encantos.
Estes princípios orientarão a mulher casada no cultivo dos
seus atractivos. Pouco lhe importam os aplausos munda
nos, contanto que ela agrade ao seu marido. Fará por
não ser especialmente notada nas reuniões mundanas e
consagrará a elas o menos tempo e dados possíveis. Re
servará todos os cuidados para brilhar aos olhos daquele
a quem se entregou e a quem inteiramente pertence.
.Para ela, jamais ela se sentirá suficientemente gentil e
atraente; por ele, será sempre pouco o dinheiro que gas
tar em sã elegância e sedução. Ela deverá ser a sedução
perpétua do seu marido, no intuito de o interessar o mais
possível na tarefa comum, que deve absorver todos os
seus comuns esforços : a procriação de numerosos e en
cantadores filhinhos.
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psicologia? Por certo que sim, uma vez que, ela só será
útil e agradável ao marido na medida em que o compre�
.ender e, ao invés, o fará sofrer na- medida em que igno
rar as suas necessidades. Quantos lares se não têm arras
tado num longo desentendimento, causado por lamentá
veis incompreensões! Suponhamos, por exemplo, que
aquela mulher tem um marido culto, artista, poeta, e não
suporta que ele se ponha a fazer versos, . . Em vez de
lh9s ouvir complacentemente, de lhos apreciar, de ihos
gabar, vai-se embora fazendo chacota . . . Talvez ele lh�
peça: «Ouve-me ao menos este soneto!>) E ela mimoseia
-o com esta amabilidade: «Üs teus sonetos nunca mais
têm fimb) Aqueloutra nunca tomou a sério certas quei�
xas do marido referentes a sofrimentos físicos. «Aquilo
é imaginaçãob> dirá ela consigo. E decreta que se não deva
ligar mais importância ao caso p orque ele não está doen
te. Outra ainda, não compreenderá, por exemplo, que a
devoção do marido não é tão grande que possa suportar
longas orações vocais e que, obrigando-o a certas minú
cias, lhe vai tornar a religião insuportável. E assim, por
se terem recusado a comungar . nas ideias dos marid•Js,
quantas mulheres não terão envolvido a sua vida matri
monial com nuvem escura que nada consegue dissipar !
E felizes serão quando esta nuvem sombria não rebentar
em trovoada . . . ..Sim porque, muitas vezes, as circunstân
cias proporcionarão ao marido uma rapariga ou mulher
nova que o sabem compreender . . . Será talvez, a dacti
lógrafa que trabalha a seu lado no escritório . . . Será-
· quem sabe?- a própria amiga da mulher que frequenta
assiduamente o lar conjugal . . . Essa ouve gostosamente os
seus versos . . . interessa-se pelos seus gostos de coleccio
nador, arranjando-lhe selos raros . . . traz-lhe dos campos
belas borboletas . . . compadece-se das suas dores e indica
-lhe remédios . . . Quem não vê o perigo? O coração huma
no volta-se para onde é atraído.
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rências, rasgará no coração do marido as grandes aveni
das da alma, onde passeará com domínio indisputado.
Graças aos leves sacrifícios que se impôs, conquistou
o marido, ligou-o a si pelos vínculos invisíveis mas indes
trutíveis duma afeição reconhecida. Outras mulheres po
dem pôr à prova a fidelidade conjugal do marido mas
este nem sequer dará por ela, porque nenhuma será capaz
de proporcionar-lhe, em igual medida, aqueles mimosos
.
prazeres quotidianos de que a sua vida é entretecida.
•
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aquelas que na sua juventude passaram o tempo no cul
tivo da futilidade. Rir, dançar, gozar de horas bem pas
sadas, eis o ideal dos anos moços . . . e, como ocupação
«instrutiva e sérian, se entregaram à leitura de romances
e novelas . . . como aquela rapariga que, conhecedora ape
•
• •
( 1 ) Math . XXV, 3·
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ria muito bem tornar�se numa aurora. No dia seguinte,
voltará para o negócio mais alegre e confiado e é ao j udi
cioso bom-senso da mulher que o fica devendo.
Quer nestas horas de crise, quer no momento das
graves decisões çla vida prática, o juízo da esposa será
sempre uma luz no lar. Se o marido vacilar a respeito
dos deveres de religião, se for tentado de acompanhar
com amigos perigosos, se lhe vier a ideia de mandar os
filhos à escola ateia, verá sempre, no momento oportuno,
levantar-se diante dele, a reflexão perturbadora que o
«horn-senso>> da rnul'her lhe oporá. Talvez que ele não ti
vesse entrevisto o escolho e ela faz-lho notar. Talvez não
tivesse medido bem as consequências dum acto e ela colo
ca-lho numa perspectiva susceptível de o atemorizar. E
porque ele ama profundamente a sua mulher cuja rec
tidão aprecia e não pode com razão contradizê-la, vê-se
forçado a inclinar-se perante as suas legítimas reivindi
cações que ela tão oportunamente lhe sabe apresentar.
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embaraçada com tanta inutilidade, desorienta-se no meio
desta inextricável desordem.
· E haverá maneira de formar o juízo? Será possível
rducá-lo? Com certeza. Seria grande infelicidade se o
,, bom-senso» fosse a •única das nossas riquezas intelec
t uais que se não pudesse desenvolver! Mas o trabalho do
seu aperfeiçoamento é tam'bém mais delicado quanto é
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são objectivos. Na linguagem corrente, chamam-se sim,
plesmente egoístas>>.
Serão tais pessoas capazes de julgar sadiamente?
Todas as suas apreciações serão viciadas na raíz. Aplica
rão, com efeito, a tudo uma bitola comum que não é mais
do que a delas próprias. Far-se-ão o padrão com que se
devem confrontar as dimensões do Universo, padrão abo
minàvelmente exagerado, porque julgam vê-lo imenso
como todos os objectos que se aproximam demasiado dos
olhos, Pois não é verdade que uma pequena folha, em
face da pupila parece esconder a imensidade do céu! Daí,
em quantos erros não vão eles cair? A maior das coisas
tornar-se-á minuscula aos seus olhos já que não apreciam
segundo o que ela é na realida.de mas na medida em que
eles se consideram relativamente a ela!
Coisa inteiramente diferente é o espírito objectivo.
Este concentra-se sobre o exterior. Verifica que há, à ':>Ua
roda, indivíduos com interesses, desejos, ambições, sofri
mentos. Estes factos externos são realidades que ele toma
na devida conta e cujo valor pondera cuidadosamente.
No seu entender, há outros seres que pensam, seres res
ponsáveis que têm os seus · direitos e os seus deveres.
Ele próprio tem os seus. Cada qual tem o seu lugar no
mundo. Ele procurará ocupar o seu sem pretender tirar o
dos outros. E é claro que um espírito assim, que vê cla
rividentemente os homens e as coisas, se encontra apto
para julgá-los sadiamente.
:e claro que uma mulher, que deseje impor-se ao
seu marido pela circunspecção dos seus const;lhos, deverá.
esforçar-se por ser dos espíritos objectivos que se colo
cam frente à realidade e a vêem tal qual é. Mas quantos
esforços não terá de dispender para subtrair-se ao domí
nio das suas impressões! Primeiro, a mulher é, como tal,
dotada de temperamento imaginativo, sempre pronto a
deformar a realidade, envolvendo-a em representações
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seu papel se os actos da sua vontade forem flutuantes e
inconsistentes, Desde que, graças ao seu sentido nítido das
realidades, ela veja claramente o !bem, não deve hesitar
em prossegui-lo com uma energia inquebrantável. É um
erro pensar que a mulher é propensa à fraqueza. A cada
momento desmente ela essa ideia feita. O chamado sexo
fraco, quando se aplica a empresas proporcionadas à sua
natureza e compleição, pode dar lições ao pretenso sexo
forte. Quantas vezes, com efeito, o homem não mostra
uma insignificante resistência quando a mulher dá mos
tras de uma tenacidade a toda a prova ! Quantos maridos
se não cansam depressa com os guinchos e choro dos miú
dos! Quantos não recuam perante os cuidados a prodiga
lizar-lhes e os jogam para o colo das mães que se não
recusam nunca! Onde haure o sexo mulheril esta indefesa
constância ! Na er1ergia de que é dotada a sua vontade.
Como procederia erradamente a jovem casada que
julgasse não ter de pôr em acção a sua vontade no lar!
Muito pelo contrário, a ordem da casa, o bem-estar inte
rior, os encantos da convivência, as alegrias e satisfações
de toda a espécie que ela proporciona ao marido com o
fim de tornar-lhe o lar atraente, não são senão o fruto
de uma robusta energia. !Porque ((quer», não esquece
nenhum pormenor : tanto trabalha na cozinha como cuida
da sua cultura espiritual, tanto remenda a roupa como
cultiva relações . . . Uma mu1her sem energia deixa andar
a casa ao deus-dará. O Sol virá encontrá-la sempre na
cama, ao meio-dia ainda não terá acabado de arranjar
-sé. Não proveu ao necessário da casa, não marcou tra
balho aos criados, se os tem. A tarde é gasta em futilida�
des. Pobres dos jovens maridos a quem «calha>> uma mu
lher de alma frouxa! Que felizes os que, ao contrário, en-
contraram aquela companheira de sólida compleição mo
ral, cujos encantos o Autor sagrado exaltava ao dizer:
((Quem será capaz de achar a mulher forte? Ela é mais
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sa ter deixado infiltrarem-se no lar as más leituras . . . ou
então, para não criar « sarilhos», suportou, embora de m:m
grado, que o marido mantivesse relações duvidosas . . .
ou não se importou mesmo que o marido chegasse às re
feições com atrasos injustificados . . . A sua apatia fez com
que o mal crescesse, que os hábitos se enraizassem . . . até
ao dia em que a mulher, farta e cheia de sofrer sozinha
o seu aborrecimento, ou desorientada pelo perigo imi
nente que corre a sua felicidade, se levante indignada,
num acesso de protesto que provoca uma cena terrível . . .
Será suficientemente forte o vínculo da afeição? Se for,
resiste. Mas se ele parte? . . . E é assim que a fraqueza
gera a violência. Ao passo que uma energia constante
c equili'brada teria mantido inalterável a união dos cora
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declara que não pode aguentar com tudo . . . e julga-se in
feliz sendo-o na verdade mas apenas pelas inquietações
que experimenta.
Podem :f.àcilmente calcular-se as devastações que é
susceptível de causar num lar um tal estado de espírito. O
marido não regressa a casa que não ouça lamúrias . . . que
não venha a saber que «está tudo perdido» . . O homem,
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aquele pai de três filhos que, tendo casado com uma jo
vem sem fortuna, vivia do seu magro ordenado. Todo o
santo dia se preocupava seriamente com isso mas, ao en
trar à noite em casa, o acolhimento era tão agradável qu;!
sentia renascer a confiança: no seu coração. A mulher ti
nha sempre qualquer coisa nova para mostrar-lhe, ,ti
r.ha aproveitado tal retalho de fazenda para vestir os fi,
lhos, tinha melhorado o conforto da casa, preparado ex
celentes acepipes, e dir-se-ia que, apesar da carestia da vi
da, ela tinha o raro talento .de «fazer dum centavo qua
tro ou cinco » . . . e o humilde lar vivia feliz.
Uma outra, mãe já de nove filhos, embora pouco
passante dos trinta anos, apoiava o lar com o seu robusto
optimismo. Era vê-la ab trabalho, toda ocupada a co
mandar a sua pequena tropa com uma autoridade suave
c alegre e transfundindo ao seu marido aquela inque
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tação alegre dos encargos matrimoma1s. Faça-se-lhes
ver que está dentro do programa sofrer, e que as fa
àigas de cada dia, quando generosamente aceites, são
a mo�da com - que se compra a felicidade. Incuta-se-lhes,
sobretudo, a noção prática e vivida de ((a-bandono» àque
la ·Providência divina, à qual '' basta abrir a mão para
encher da sua abundância tudo o que respira» (1). Quan
do as nossas jovens tiverem apreendido esta lição funda
mental de «optimismo cristão)), possuirão, para si e para
o� maridos, o segredo da verdadeira alegria no lar.
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CAPíTULO TERCEIRO
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da noite para agarrar a presa que Deus lhe preparou» (1)
c até ao homem «condenado a comer o pão com o suor
do seu rosto» (2).
Uma mulher casada cometeria grande erro em não
cuidar a sério da preparação da comida, que o marido es
pera com legítima impaciência ao cabo dos seus trahalhos
do dia, e com a qual conta restaurar as suas 'forças e re
pousar-se. O poder de atracção da mulher sobre o marido
depressa diminuiria se ela não estivesse à altura de o ale
grar com uma mesa que ele possa qualificar de «bem-pos•
ta», relativamente à sua situação económica. Como se
enganaria, pois, a jovem casada que se recusasse a ir para
a cozinha, alegando, com lágrimas nos olhos, que isso
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casadas, colocadas em circunstâncias melindrosas como as
de Rebecca, não devem ao seu saber culinário o remédio
da sua situação! � possível que se não trate, como no caso
bíblico, de assegurar a um filho uma herança, mas é ur
gente, por exemplo, subtrair o marido às sugestões de .
certa enredeira ou à companhia de amigos que lhe insti
lam o tédio pelo lar . . . Nesta conjuntura, toda a habilida
de duma Rebecca não é demais para garantir a vitória
do direito legítimo. Felizes as jovens esposas que, forma·
das na arte da cozinha, forem capazes de acrescentar aos
encantos de que enchem a sua casa, o de uma mesa que
faz o marido esquecer por completo a ementa do restau•
rante! . . . Felizes os maridos que encontram na sua casa
iguarias, não só agradáveis ao paladar, mas sobretudo
suaves ao coração, porque trazem na sua finura a prova
do amor sincero e da dedicação contínua que presidiram
à sua confecção.
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uma certa pos1çao social, não dão ao arranjo do seu la1·
o tempo e os cuidados que ele exige, porque se sentem
paralizadas pelo pensamento de que ((esses pormenores
não são dignos delas . . . e que ficariam demasiado humi
lhadas abaixando-se a eles». Desde então, para pretensa
mente se manterem ao nível da sua situaçãiJ e para cor
responderem às exigências dum marido «distinto>>, não
descem a essas minudências, limitando-se a lançar-lhes um
olhar, por alto e de longe, como quando se olha para
uma folha de erva que se vai calcar debaixo dos pés . . .
Esta orgulhosa maneira de pensar dá origem a consequb
cias p<>r vezes desastrosas e imprev�tas. A jovem casada
gasta um dinheiro louco com mulheres de costura e de
serviço que, acabam, afinal, por fazer um serviço mal
feito. O marido, que paga caro e se vê mal servido, vai
discretamente manifestando os seus queixumes que não
são, de resto, tomados em consideração pela mulher. Se
ele não ousa insistir é sàmente para evitar maiores abor
recimentos. Mas um dia chega em que ele não pode
mais . . . Numa reunião distinta, acontece-lhe, por exem
plo, puxar por um lenço que aparece cheio de buracos . ·.
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lhe deixavam qualquer momento de repouso, ela, segundo
c costume das mulheres do seu tempo ((que costuravam
elas próprias o vestuário dos homens» <1l, aplicava-se com
ardor a fazer para o seu .Filho, j á jovem crescido, ((uma
túnica sem costura e de uma só peça de alto a bai
xo» . . . (2). Ela fazia essa malha como hoje as mães dos
sacerdotes bordam a alva que os seus filhos vestirão no
dia da sua Missa-Nova, E não foi, por ventura, aquela
túnica inteiriça a alva com que Jesus celebrou a grande
missa de Gólgota? Essa preciosa vestimenta · sacerdotal
couhe em sorte, intacta, a um dos soldados que estavam
de vigia junto da cruz e qua era talvez boçal de mais
para poder apreciar a 'fina obra saída das mãos da Mãe
de Deus.
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{ r ) Ecdi. XV; 4·
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tivos morais e sobrenaturais, certos actos que os ani
mais executam de modo material e inconsciente. Eis por
que a mãe de amanhã deve, sacudindo preguiça e pre
conceitos, preparar-se para cuidar dos filhos com uma
dedicação esclarecida.
Ela não deve, de resto, alimentar ilusões. Com o seu
saber «puerícola)), contribuirá poderosamente para a fe
hcidade comum do lar. O nascimento dum filho reves
te-se para os pais de deliciosos encantos:
«Quando a criança aparece, o círculo de família
Aplaude em altas vozes. O seu suave olhar que brilha
Faz brilhar os olhos de todos )) (1)
. . .
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Mas deve aqui a mulher casada compreender o pa
pel importante que lhe compete Ela pode considerar-se
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nunca se introduzam na sua apresentação pessoal tais
« fealdades)) ridículas, inventadas por corruptores do pú,
blico, para darem às pessoas honestas o exterior de vul,
gares provocadoras.
O se u papel de «apreciadora arte» levará a mulher
casada a emitr a sua opinião a respeito de «danças», quan,
do, forçada por aborrecidas exigências sociais, se vê obri,
gada a tolerá-las em casa. Certos filósofos contam a «coreo,
grafia» entre as belas-artes. Há, portanto, princípios supe,
riores de beleza a respeitar nas reuniões mundanas. A mu
lher criteriosa sabe muito bem que a arte verdadeira não
admite a pouca vergonha. Em nome do belo, ela procu ,
rará, pois, de acordo com o marido, correr com esses bai
laricos modernos e indecentes que são ocasiões próximas
do pecado (1). Como o belo verdadeiro coincide sempre
necessàriamente com o verdadeiro bem, será fácil à mãe
de família sanear as suas reuniões e dar a certas pessoas,
cujo espírito de fé é demasiado nulo para compreender
os motivos sobrenaturais da castidade cristã, esse argu.
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curam no magistério a ajuda indispensável à vida quoti.
diana. Umas ensinam a língua pátria, outras, o latim e até
mesmo o grego ; <1l outras dão lição de música e, se dis .
põem de bela voz, ensinarão também o canto. Muitas
destas mestras prestam grandes serviços à família.
Estas funções são, por vezes, lucrativas e alguns jo
ve�s lares tiram delas grande proveito, Mas o exercício
dessas funções traria vários inconvenientes se os seus exa
geros não fossem moderados por uma prudência sempre
alerta, A jovem esposa, absorvida pela sua profissão, teria
tendência para desprezar o interior do seu lar, por falta
de tempo livre, e a desdenhar as ocupações caseiras, menos
elevadas - no seu entender - do que as ocupações in•
telectuais. O resultado não se faria esperar : em breve o
marido sentiria dentro de si aquele mesmo sentimento de
indiferença da mulher, pelo lar que ele se tinha proposto
amar. Já aí encontra menos satisfação e vai-a perdendo
sempre ià medida que verifica que a companheira sente
também menos atractivos.
Para obviar a este perigo, só com grande prudência e
tacto deverá a mulher casada. entregar-se a trabalhos Jo
exterior. Se lhe é n ecessário ganhar a vida, faça-o mas sem
sacrificar totalmente a vida no lar. rDe outra forma, não
seria vender por uma ridicularia a posse da felicidade
que nada no mundo pode pagar? Eis porque, em princí
pio, ela só deverá aceitar trabalhos compatíveis com os
seus deveres de dona de casa. Se quiser dar lições, pro
curará as que possa dar em casa, de preferência a lições
.a domicílio. Deverá, sobretudo, suspender, sem qualquer
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recear ser mãe, sob pretexto de. que isso significava o fim
dos seus empregos lucrativos . . .
A maioria das jovens mães não têm dificuldade --'-- de
vemos reconhecê-lo -:- em abandonar, ou ao menos espa
çar, as suas ocupações professorais. Mas há, todavia, uma
certa classe d.e casadas que sentiriam grande custo quer em
consentir serem mães quer em restringir a sua actividade
exterior depois do nascimento dos filhos, para poderem·
cuidar deles. São as que, tendo garantidas as suas situações
na medicina ou na advocacia, sentem que a prole é uma
ameaça à sua clientela. Desde logo se vê a difícil situa-.
ção em que ficàm, relativamente aos deveres matrimo
niais, a mulher advogada, a mulher médica, a mulher ar
quitecta, a mulher engenheira. Elas foram, antes de tudo
o mais, destinadas por Deus para esposas e mães. Ao casa
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É, evidentemente, adversa a sorte que cabe a tais mu
lheres e absolutamente desfavorável ao cumprimento dos
seus deveres de donas de casa. É fatal que o interior do
seu lar venha a sofrer com a sua prolongada ausência
quotidiana, que não é geralmente contrabalançada por um
acréscimo de actividade nos momentos em que lá se en
contra. Como será, na verdade, que uma operária, can
sada de um dia de trabalho intenso, poderá ter gosto
e prazer para, à noite, cuidar da sua casa? Que mdho
ramerttos lhe pode introduzir? Que refeições há-de poder
preparar ao marido? Algumas vezes, entrará ela em casa
apenas alguns minutos antes dele, faminta como ele, en
contrando o fogo apagado na ' lareira, em vez de uma
«sopa» que deveria já estar a fumegar em cima da mesa . . .
Não é , pois, de admirar a verificação de que, excep
to casos privilegiados (em que, por exemplo, uma avó ou
uma tia garantiriam o serviço da casa), lares em que a
mulher é operária ou empregada, vêm o seu interior sa
crificado. E se acontece encontrarem-se, por vezes, boas
operárias ou empregadas, que, apesar de arrancadas co;l
tlnuamente à sua casa, se não queixam da sua sorte, será,
talvez, porque nos seus momentos disponíveis têm ainda
ânimo e gosto para terem a sua · casa em ordem, ou . . . tal
vez, porque nunca conheceram a ventura de viver em ca
sa e de gozar as delícias dum lar ajeitado.
Os conselhos a dar a estas esposas deverão variar se
gundo o peso das razões que as obrigam a procurar no
exterior o pão de cada dia. Motivos mais que discutíveis
levam certas mulheres a empregar-se longe da sua casa,
como aquela recém-casada que, ha:bituada desde a juven
tude a trabalhar na fá!brica, se aborrecia em casa e aban
donava-a para voltar à oficina, alegando que «lá era mais
alegre e que lá tinha companhia>>. Escusado será dizer
que o seu lar roçava pelo pardieiro. Aqueloutra quer
ganhar dinheiro para · ter diversões e assim, ao domingo,
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o par queima, no teatro, no cinema, em passeios, as eco
nomias da semana. Tais maneiras de proceder trazem coa
sigo trágicos resultados. Esta classe de gente é, geralme!l
tc, pouco carregada de filhos porque. . . não quer ser
((incomodada», Não economizam nada e, quase sempre,
apesar da sua primeira educação religiosa, não vão à igre
ja. E contra uma tal maneira de proceder só o que se
pode fazer é protestar. Tais mulheres tinham um dever
imperioso a cumprir: integrarem-se no espírito cristão
que deve inspirar toda a sua vida. Elas veriam, a essa luz
sobrenatural, o erro que é o seu amor desordenado dos
prazeres, a sua esterilidade voluntária, e o seu covarde
egoísmo . . .
Mas, como por certo, não são essas que hão-de ler es
tas linhas, é preferível abandoná-las à sua sorte, sem pro
curar dar-lhes as lições que lhes seriam preciosas. Urge,
no entanto, denunciar os falsos princípios por que se
guiam e inspirar o horror de tais máximos às esposas de
sejosas do bem, que, apesar da necessidade em que se
encontram de trabalhar, têm a legítima ambição de serem
as rainhas dum lar encantador. Essas serão levadas ao es
critório ou à fábrica, por motivos infelizmente mais do
que legítimos: vêem-se forçadas a manter a casa com a
força do seu braço porque têm o marido doente ou pol·
que, não sendo especializado, não pode ter emprego su
ficientemente remunerado, ou ainda porque, tendo-se a
prole tornado numerosa, o ganho de um só .não basta. Pe
rante estas razões, é forçoso curvarmo-nos. Mas tais di
ligentes trabalhadeiras carecem que lhes dêmos conse
lhos preciosos. Em primeiro lugar, lembrar-lhes-emos os
princípios sobrenaturais que regem toda a vida cristã. Só
o amor de Deus e o religioso culto do dever, podem,
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haviam conhecido falhas. Era uma aposentação >bem me,
recicla. Nessa altura, essa admirável mãe de família agra
deceu, profundamente reconhecida, aos membros da Con
ferência de S. Vicente de Paulo e pediu-lhes que suprimis,
sem o auxílio que lhe vinham dando para destiná-lo a
outros mais pobres do que ela. 'Pois não era ela agora
«rica>> pondo os seus filhos ao abrigo da necessidade?
Era assim que devia terminar o «trabalho exterior»
a que certas mulheres casadas se vêem obrigadas: por
um regresso definitivo a casa, logo que possível, logo
que a Divina Providência o permitisse. Todas as manhãs,
ao deixar a casa, a mulher trabalhadeira mas consciencio
sa deve sentir um verdadeiro pesar e alimentar uma es
perança : pesar de deixar aquelas telhas de onde a neces
sidade a desterra durante longas horas; esperança de lá
permanecer logo que possa, para consagrar-lhe todas a s
forças e todo o seu tempo. Essa sabe, com efeito, que o
seu lugar é no lar, como o do comandante do navio é n a
ponte do barco.
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natural das coisas, se julgasse «vendedeira, caixeira, con
tabilista ou gerente» em lugar de dona de casa. Não obs
tante o seu desafogo ou mesmo riqueza, o marido sen
tiria que vive à margem da verdadeira felicidade, e, pen:t
lizado de não ter encontrado na sua mulher aquela que
ele sempre desejara unir :à sua alma - que não à sua cai
xa ! - inveja_rá a sorte de amigos, talvez menos abasta
dos, mas que conseguiram o seu ideal, encontrando uma
mulher capaz de compreender a sua vocação: tudo esque
cer para se consagrar ao seu lar.
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CAPíTULO QUARTO
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severança, infligiria grav� injúria à jovem consorciada.
Ein que· conta a teriam se a julgassem capaz de infringir,
no mínimo que fosse; os seus solenes compromissos?!
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trabalho.
Nunca seria demais que se estigmatizassem as teo
rias muito em moda, sopradas pelo paganismo mais abjec
to, que apregoam aos cônjuges, através de uma literatu
ra imunda, abstenções voluptuosas e cálculos infames. O
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sacrifício!
Mas quantas mães que, por tradição apenas, ainda
deram ao Dívino Crucificado um lugar de honra na edu
cação das suas filhas, não se esqueceram completamente
de deixá-lo exercer uma acção efectiva? Dir-se-ia isso,
ao verificar-se o medo que muitas almas, que se dizem
· cristãs, manifestam hoje pela prática da renúncia.
Talvez não tenha havido nunca, na história do
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felicidade.
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( 1) Luc. XV, 1 3 .
(2) Dante, Divina !Comédia, O Inferno, cant. 5 · Na descri
çãu que Dante faz do Inferno, no seu •]JOellla A Divina Comi
dia, diz que na porta do .abismo inferna) estavam escritas estas
palavras: «Lasciate ogni speranz.a wi ch'entrate: perdei tod4 a
npuança vós todos que entrais aqui» (N. do T.).
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As virtudes da mulher casada: fidelidade conjugal,
obediência às leis do matrimónio, desejo da maternida
de, abandono à Providência, são, afinal de contas, mani
festações do Espírito de fé.
Sem a fé, que o Concílio de Trento chama «fun·
damento e raíz da santificação>� (l) ; a mulher casada sen
tir-se-ia incapaz de cumprir as graves obrigações que so
bre ela impendem. Vê-se por aqui a loucura de que são
possuídos os legisladores laicos que pretendem tirar à edu
cação toda a ideia cristã e ocultar aos olhos inocentes
os motivos da crença em Deus e no seu Cristo! Pode cal
cular-se, da mesma forma, a aberração de que são víti
mas os pais que não deram à sua filha «futura esposan
uma sólida formação religiosa e nada se importaram com
obrigá-la a aprofundar as verdades religiosas. Não irá en
contrar-se só a braços com as exigências matrimoniais e
familiares essa infeliz que, deixando de apoiar-se no
braço de Deus, só pode contar, para vencer os obstácu.
los, com a sua própria fraqueza? Por isso as suas quedas
só a poucos podem causar �urpresa. O público não �e
surpreende ao ver recuar perante o dever uma mulher
que os sentimentos religiosos não conseguem manter no
seu posto. Se ela, esquecendo os juramentos feitos, trair
a fidelidade conjugal; se, egoísta e ávida de gozos fáceis,
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insensatamente, embora - que «tudo é possível ao cren
te» (1) que esperam da mulher piedosa prodígios de he
roismo no cumprimento dos seus deveres.
E nisto a opinião pública não se engana. Mas, por
que motivo não vai ela até exigir a supressão dos prin
cípios laicos, que danificam tantas almas arrancando-lhes
a fé? . . . Por que não exige ela que todas as ccfuturas ca
sadas» sejam melhor instruídas na religião e educadas
mais seriamente nas sólidas virtudes pela lógica aplica
ção dos principias e consequências da fé na sua con-
duta? . . . ·
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com que injuria, blasfema, parte móveis e por pouco não
faz· o mesmo à mulher . . . Não se chega a perceber por
que é que este marido, outrora pródigo quando solteiro,
jaz ·agora sob a tortura de uma avareza sórdida, conde
nando a mulher a penosas privações . . . ao passo que aque
le, incorrigível nos seus hábitos gastadores, chega a idên
tica situação de fome por ter reduzido à miséria, com os
seus esbanjamentos, aquela com quem ele tinha jurado
viver honrosamente. Por vezes, a mulher verifica que o
marido tem o seu coração dividido. Ela não se deixa ilu
dir ·pelas mentiras que ele inventa para justificar as suas
ausências e sofre o mais cruel martírio que é possível
sofrer,se.
À medida que estas dificuldades aumentam, esta po
bre mulher terá de dar provas de uma virtude cada vez
mais robusta para defrontar-se com a provação que se
agrava. A sua abnegação, haurida aos pés do Crucifixo,
mánifestar-se-á com um corajoso silêncio. Poi� de que ou
tro meio poderá ela lançar mão para fazer triunfar a
causa do bem e do legítimo direito? As recriminações
não seriam bem recebidas, dariam origem a discussões
que envenenariam os ânimos «pois é mais fácil calarmo
-nos do que nos não excedermos nas nossas palavras» O J .
T oda a sua habilidade consistirá em suportar e espe
rar, na oração, a hora de Deus.
A alma que sofre é como um doente que se não deve
mover: a calma é o único lenitivo para as suas dores.
Até a própria alma que faz sofrer se aquieta perante o
silêncio: «guardar silêncio, diz a Escritura, é acalmar os
arrebatamentos>J (ZJ . O silêncio extingue o fogo da ira
para a qual as palavras seriam perigoso combustível.
Muito poucas mulheres casadas compreendem o imen-
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I JO
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IJI
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SEGUNDA PARTE
AS CAUSAS DE AVERSÃO
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A mulher casada dotada de todas as virtudes é um
(<encanto para o larH de que ela é o centro, !(a sua voz
é um grito de alegria)) (l) e por obra sua reina a ale
gria na casa, na medida em que isso é possível, atento
o temperamento do marido. Mas, ao invés, quanto não
concorre para tornar uma casa desagradável uma mulher
que não compreende o seu papel ! Em lugar de ser men
sageira de paz, provoca a guerra: não permite que se
estabeleça a boa harmonia; é rabujenta, e o marido, que
provàvelmente também não será paciente, sente ganas
de fugir a ter de a suportar; ou é ciumenta, e o ma
rido, .que quer ter carta branca, não admite ser vigia
do; ou desleixada, e o interior transforma-se num autên
tico curral ; ou mal governada, e o lar caminha para a
miséria O simples pensamento das consequências a que
. . .
( 1 ) Jerem. XVI, g.
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lançar as almas dos conJuges num terror salutar que os
levasse a criar para si próprios, custasse o que custasse,
um <<paraíso».
:.;: çom esta finalidade de «medicação preventiva»
que se escrevem estas páginas. Elas levam também o pen•
samento e o desejo de darem algum remédio a infelizes
situações que já existam. Com efeito, basta, por vezes,
saber que o mal é curável para suprimir o desânimo e
fazer surgir :boas resoluções susceptíveis de serem ime
diatamente aplicadas. Têm-se visto lares passarem da de
sordem à ordem, maridos vol-úveis entrarem no càminhQ
do dever, esposas levianas aplicarem-se aos trabalhos do�
mésticos, orçamentos domésticos equilibrarem-se depres�
sa, por se ter descoberto a causa da qesorgari.ização.
O objectivo do presente livro não dá lugar a que se
faça desenvolvida exposição das causas de aversão da par�
te do marido, o qual poderá, no entanto, encontrar al
gumas lições 'úteis no estudo das que pro vêm da mulhel':
Para esta, as causas do descaminho nascem, as mais das
vezes, do fraco que tem de deixar a Mu,;danidade de
vorar o seu precioso tempo e energias. Acontece frequen
temente que, na frequentação de amigas frívolas, a jovem
casada, -esquecida do dever do trabalho e perdido o amor
ao sacrifício, se deixa arrastar a hábitos temíveis que ge
ram nela o Mau Génio. E oxalá que ela não acrescentas
se a estes defeitos o Mau Governo que é causa de decep-
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CAPITULO PRIMEIRO
O MUNDANISMO
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sar assim o tempo do que estar em casa, sõziriha, sentada
no vão duma · janela, a coser ou à bordár? As tardes pa
recem.-lhe ·tão compridas sem o marido ! Oh ! , se ele es
tivesse em casa ; bem gostaria ela de ali estar também !
Mas já que ele anda por fora, por que não há-de ela fazer
como ele? O melhor meio de sentir alegria ao entr.u
em casa não será ter saído? . . .
Arrastada assim pelo engodo das distracções, a jo
vem mundana deita para o lado agulhas e tesouras. Por
certo que um remorso lhe atravessa a consciência quando,
jogando para um canto o seu avental e arrumando o seu
cesto de costura, ela enfia um trajo de sair. . . Ela sente
bem que deserta . . . que o dever não .é aquilo . . . que, se
estivesse disposta a prender-se a seu lar, lhe saborearia
os verdadeiros gozos: «a cela é agradável mas é para
quem · nela quer estar)), diz a Imitação . . . (l) , lembra-se,
enfim, que o seu programa era muito outro . . . Mas tais
perplexidades sacode-as ela lbem depressa dizendo lá con
sigo que recuperará depressa o tempo perdido, que ama
nhã fará o dobro do tralbalho . . . que seria ofensa faltar
à amiga que a espera . . . que, afinal, as relações sociais
podem ser tão úteis ao lar como a costura e os cuidados
de casa . . . E assim tranquilizada, ei-la a caminho , com
passo lento e coração contente. Pois não antevê ela uma
tarde radiosa? . . .
Se, no dia seguinte, ficasse em casa, tranquila, en
tregue a si própria, como se havia determinado, as con
sequências desta saída não teriam gravidade de maior.
Mas um prazer atrai outro, como os elos duma . cadeia,
Ela pensara, na verdade, ficar em casa onde a esperava
a roupa a brunir mas eis que uma jovem casada -' que
ela aliás não ·conhecia, - se encontrava em casa da amiga
quando ela lá foi. Essa desconhecida da véspera tinha-a
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convidado com tanta amabilidade e insistência que seria
ofensa não corresponder aos !leus primeiros convites . . . A
roupa a brunir que espere . . . haverá assim tanta pressa? . . .
·Para aquietar os seus escrúpulos, ela decide-se a pedir
à noite, ao marido que a leve ao cinema para ver o emo·
cionante drama que a dita nova amiga tanto lhe gabara
ainda há bem pouco . . . E o marido, sempre solícito em
fazer à felicidade da mulher, «acompanha-a» ao cinema
e aprova tudo de olhos fechados . , . E, no dia seguinte,
« ficará» a chave debaixo da porta» enquanto a dona de
casa se for entregar ao seu prazer favorito . . .
As ((atracções» multiplicam-se. Após a última, apa·
rece sempre uma com que se já não contava e que seria
« indelicadeza recusar» . Saltitando assim duns divertimen
tos aos outros, a jovem casada corre a cidade inteira, co·
mo um rouxinol que, saltando de ramo em ramo, correu
as árvores todas duma floresta . . . Qualquer coisa de pare
cido com aquela mulher, um tanto exagerada - have
mos de concordar - que, no primeiro do ano, ainda não
tinha acabado as suas quinhentas visitas que ela registara
no seu canhenho . . .
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te que lhe acham muita viveza de espírito e a prova é
que, quando fala, são todos ouvidos . . . E não é o seu
talento uma verdadeira sedução? Quando lhe pedem para
tocar piano, só a deixam levantar,se depois do segundo
ou do terceiro trecho . . . E no que diz respeito a beleza
plástica, ela sente,se verdadeiramente uma «estrela>> . . .
Pois não está ela convencida de que sobrepassa todas
as outras? . . . Aliás, o seu gosto requintado, os seus ves,
tidos, reclamam por tal modo os seus encantos que não
haveria razão alguma para que não fosse entusiàsticamen,
te apreciada.
E assim a imaginação vai alçapremando esse <5Ídolo»
que a pobre «adorará» e que outra coisa não é senão um
postiço embelezamento de si própria. Pois anda ela re,
dondamente enganada, tanto no que se refere às suas
qualidades pessoais como às apreciações feitas a seu res,
peito pela roda que frequenta.
Por certo que lhe não faltarão alguns encantos. Do,
tes de espírito também não. Ela é susceptível de conquis,
tar verdadeiras simpatias pois conseguiu prender o
coração do marido. Mas, a sua influência seria tanto
mais real e eficaz na medida em que ela limitasse o seu
campo de acção ao seu lar onde, longe de concorrentes
invejosos, tem o direito e o dever de agradar quanto ela
diminui agora a sua bagagem de dotes pretendendo sutb,
jugar as mundanas que escondem, nos seus sorrisos, o
azedo da sua rivalidade. Ah! se a mulher que acredita
nas palavras melífluas que ingenuamente toma por sin,
ceras, ouvisse as frases que se cochicham à sua volta quan ,
do sentada, por exemplo, ao piano, ela está de costas e os
acordes do piano encobrem as vozes ! . . . Os comentários
seguem,se então uns aos outros: «Que pedante ! . . . Que
interessante, se não fosse aquela afectação ! . . . Que mal ar,
ranjada l . . . Que figura vulgaríssima ! . . . » Acabado o tre,
cho, acabam também os remoques e, como por encanto�
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Esta deserção do lar, causada pelo espírito mundano,
não passaria dum dano material, reparável talvez, se não
trouxesse consigo, como çonsequência, o abandono do
marido.
Ao casar, o homem tinha sonhado com uma mulher
que fosse toda dele. Qual não é a sua decepção quando,
pela primeira vez, verifica as tendências estouvadas da
mulher I Manifestou-lhe a sua decepção. Mas ela teve res
posta para tudo. Que tem ele a dizer-lhe? Acaso, já o dei
xou ela, só, em casa? Não está ela sempre em casa, quan
do o marido chega? Quando, ao domingo, ele vai para a
caça ou para a pesca, não vai ela sempre com ele? � claro
que, quando se encontram juntos, ela só tem prazer quan
do ele concorda em irem ao teatro, ao cinema, à reunião
mundana . . . Mas por que se queixa ele de ·ela o levar às
diversões? A demais, não será injustiça recriminar as suas
relações, tão escolhidas quão numerosas? Ela torna o seu
marido conhecido, atrai para ele clientes e admiradores.
Não é um tanto ou quanto devido a ela que a situação
por vezes melhora?
O marido que se não deixa ludibriar com semelhan
tes razões verifica que não tem meio de ser compre
endido. Mas, como para fazer entrar uma ideia nesse re
cipiente hermeticamente fechado, que é uma inteligên
cia atafulhada de preconceitos, seria necessário partir o
vaso ; ele prefere, para salvar a paz, resignar-se e calar-se,
resolvido como está a contentar-se com que a sua mulher
concorde em proporcionar-lhe felicidade.
Mas, infelizmente, ela pouca lhe dá! Enquanto ela
lhe descreve, gulosamente, a delíéia da merenda ofere
.cida, há bem poucas horas, em casa duma amiga, o po
bre homem tem de resignar-se a comer um pouco de pas
tel que ela comprou, pois não teve tempo de cozinhar
nada. Vai lá dizendo consigo que preferia ter antes na
;boca do que nos ouvidos os mimos que a mulher lhe
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sigo que ela poderia bem ter feito de manhã e com tem,
po um serviço que agora atamanca tanto à pressa! E sen,
te com isso profunda mágoa.
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Pode, no entanto, suceder que estes mundanos se�
jam subitamente reconduzidos - ao lar e nele se tomem
assíduos, com o nascimento dum filho. Esse pequenino
ser cuja presença eles receavam - e diante da qual recua�
vam - com medo de que fosse um obstáculo aos seus
prazeres, acaba de vir ao mundo. Os pais, enlevados,
"voltam a unir,se>> ·à volta do recém,nascido, que amam
loucamente. Mais uma vez, na história das famílias, a
criança, sem o saber, terá sido o remédio dos corações
e o cimento da união. Junto do berço, se renovam os
juramentos, feitos ao pé do altar, e a verdadeira vida de
família, que deveria ter principiado com o casamento,
inicia,se com o baptismo do pequerrucho. O mal fica
reparado. Os esposos, até ali mundanos, voltam a subir
o declive fatal onde tinham escorregado, sobretudo se a
este primogénito se vêm jlUltar outros filhos. A mulher,
presa então à casa pelos pequenitos, necessitados e famin,
tos, cuja exigência a todos os instantes se manifesta, sa:bo,
reará, no meio dos gritos, das lágrimas e dos sorrisos,
as alegrias profundas da maternidade. ,Forçada a pensar.
a todos os instantes, nos outros, ela ver,se,á obrigada a
praticar aquela virtude, cuja falta era causa da sua des,
dita: o esquecimento de si própria, a abnegação.
Felizes as jovens mães que, após um momento de
futilidade, regressam assim à compreensão séria da vida!
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fé, o seu amor de Deus, os seus sentimentos virtuosos . . .
E é assim que certas crianças, ficam, de uma geração, su
periores aos pais em valor moral.
Mas estas veneráveis avós não limitarão a sua bené
fica influência a estes pequenitos c ujos cuidados lhes fo
ram de boamente entregues. Não poderão elas esquecer
que, se são avós, são mães e que, em qualquer estado da
vida, lhes incumbe orientar os seus filhos casados. Ora,
precisamente, elas sentem estar de posse, nesse momento,
de uma situação privilegiada : gozam de uma confiança
feita do valor multiplicado dos seus serviços quotidianos.
Exigem elas, pois, o pagamento desses serviços com
a moeda que será a reforma da mundanidade, o regresso
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a descobrir. Ela irá, então ao escritório de colocações ou
orientar-se-á por indicações de amigas e tomará ao seu
serviço ' a pretendente que achar menos distanciada do
seu ideal mas que nem por isso andará dele muito pró
xima . . . E assim foi uma mulher contratar uma criada
que serviu num café e sobre cujo passado evitou fazer
perguntas. Rapariga excessivamente activa, inteligente,
entendida em tudo, em cozinha como no arranjo da casa,
cuidou . muito bem da criança. Dentro em pouco, tinha
toda a confiança dos seus patrões que faziam vista gros
sa a tudo o resto. Pois seria isso pagar demasiado caro
a vantagem da sua liberdade? . . . Mas, ao fim de três anos,
o patrão descobriu que ela tinha bebido o vinho da gar
rafeira e a patroa verificava, por sua vez, que ela ensi
nava à criança palavras indecentes e até 1blasfemas . . .
Com cambiantes mais ou menos variados, esta histó
ria repete-se. :E: caso para perguntar-se, às vezes, qual a
causa a que se deve atribuir a afeição de certas crianças
por ideias opostas às dos pais. Como é que, tal filho de
família, penetrado de socialismo, comunismo, até aos os
sos, sente vergonha da sua nobreza e das tradições da
sua família . . . Como se explica que certos jovens se com
prazem em frequentações vulgares e maneiras triviais,
de que seus pais, distintos no seu modo de se apresentar,
julgavam tê-los dissuadido?. . . Quando se passa em re
vista o passado, chega-se a descobrir que tais ideias eram
a> da aina e do criado de quarto . . .
Por isso, nunca será demais repetir às mães que só a
elas é dada graça de estado para tratar dos seus filhos,
e, se é legítimo procurar um auxílio, é culpável fazer-se
substituir! Não devem, pois, de forma alguma, descurar
o seu dever! Como seria possível que tivessem a sinistra
coragem de fechar os ouvidos à voz do seu anjinho para
escutar a do mundanismo? «De que lhes serviria terem
todos os êxitos do mundo, se viessem a perder a alma
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do seu filho?)) Entre o mundo que a chama e o filho que
lhe estende os bracitos, não há lugar para hesitação na
escolha. É à roda daquele berço que doravante decorre
rá a sua «festa» sempre amimada, dela e do marido. Os
vagidos ou os sorrisos do inocente substituirão a orques
tra, as vigílias serão as noites de baile . . . Todos os sacri
fícios serão amenizados com um prazer inefável porque a
jovem esposa sentirá que, na companhia do marido, ca
seiro como ela, trabalha na obra autêntica, única própria,
única duradoira,· da edificação do seu lar .
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em que a fidelidad� conjugal e a própria honra dos lares
correrão graves pertgos.
Lançai o mau grão num terreno fértil e ele germi
nará imediatamente. Assim acontece com as palavras im
prudentes proferidas aqui e ali por uma temerária palrei
ra. Palavras no ar - dir-se-á . . . Desenganemo-nos. Tais
palavras não serão balas perdidas para todos: atingirão
certos corações nos quais irão despertar sentimentos e
desejos.
Assim n ascem esses vampiros do amor conjugal que
o mundo chama « flirts» <1l. Por que designar com esta
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coisa que a segure: volta-se então para o marido, para o
lar, para as suas tradições, recorda os seus votos de fi
delidade, as suas primeiras venturas . . . A reaparição des
tas imagens pacificadoras :bastarão para d issipar-lhe os
fantasmas da paixão e o coração entra na ordem.
Algumas vezes, porém, a jovem mundana não dá
pelo perigo que corre. Lança-se nele de olhos fechados.
fascinada pelo abismo . . . Por felicidade, outras adivinham
o seu estado interior por sinais que ela não consegue
disfarçar. O marido nota que os ·pensamentos e os cui
dados da mulher são absorvidos por outro; a mãe da jo
vem consorte descobre na filha uma evolução inquieta•
dora, manifestada por indícios muito sintomáticos. E to
dos os que a rodeiam se coligam para abrir os olhos à
pobre jovem. Quase sempre, sob a acção da humilhação
benéfica que se sente ao ser-se encontrado prostrado no
chão, a ilusão desfaz-se e a verdade raia fulgurante. Nes
�� momento, a jovem iludida volta a tomar posse de si.
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CAPíTULO SEGUNDO
O MAU GtNIO
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vorar,se em rainha ou, melhor, em divindade que recla,
ma adoração.
Donde provém esta persistência da rapariga em pro,
ceder mal a ponto de desanimar os pais? Devemos pro,
curar a explicação do fenómeno no princípio que rege
todo o ((hábito » : ((Quanto mais um acto se repete mais
ftàcilmente se pratica e mais inconsciente se torna. Um
exemplo: .à medida que uma cria.I'\ça vai escrevendo, vai
traçando as letras com mais facilidade, até ao dia em que,
pteocupada apenas com o sentido da frase, deixa de pen,
sar na forma das letras que escreve. Esta dupla <dei» do
há-b ito,lei da facilidade crescente e da consciência decres,
cente- aplica,se fatalmente a todos os actos cuja repe,
tição quotidiana constitui a manifestação do tempe!'a,
mento. Assim, numa rapariga altiva, cujos ímpetos de
vaidade, sem serem frequentes se multiplicam à vontade,
chega a pavonear,se orgulhosamente na sociedade com
uma segurança de si mesma que surpreende toda a gente
mas que para ela é a coisa mais normal deste mundo.
Essas atitudes, que as companheiras não ousariam tomar,
acha-as ela absolutamente naturais, nem ela saberia pro,
ceder de outra forma. Verificou-se a lei de c<facilidade
crescente».
E a lei da ((consciência decrescente>> não se verifica
com menos precisão. Quanto mais esta rapariga se torna
altiva, orgulhosa, egoísta, menos ela o nota. Chegará,
talvez mesmo, a falar como aquela vaidosa pedante que,
com a maior ingenuidade deste mundo, achava ridículas
-certas pessoas que, ((em vez de deslumlbrarem os outros,
deveriam mas era imitar a sua simplicidade».
Do que se acaba de dizer se depreende que, para cor,
-tar as más tendências do temperamento, há dois objec,
<tivos a demandar: fazer cessar a inconsciência e aplicar,
,se a repetir os actos contrários. O primeiro resultado
'obter,se,á por meio de avisos indefessos; o segundo pelo
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maravilhoso trabalho da <<boa vontade» que quer
curar,se.
Por que deixaram os pais de admoestar? Eles deve,
riam, <<custasse o que custasse)), fazer ver o mal e .cortar,
com protestos repetidos, uma maneira de proceder que
pretendia estabelecer'5e como legítima. Hoje, que a filha
é casada, é ao marido que compete chamá,la a atenção.
Desde que ele saiba fazer as suas advertências com uma
doçura que se faça aceitar sempre bem e uma opor,
tunidade que remova todo o perigo de ferir, tem nas
suas mãos o meio de organizar a tempo a resistência
a hábitos cujo desenvolvimento poderia levar a funestas
consequências. Mas terá ele o jeito para falar quando e
como convém? E terá a jovem esP9sa :humildade sufi,
ciente para o escutar? . . . Foi no intuito de contribuir pa,
ra o bom resultado desses prudentes avisos, tão neces,
sários à felicidade, que este livro se esforça também por
dar ó seu contributo. Quem sa:be? Conselheiro mudo,
talvez ele possa, mais do que qualquer outro, ser ouvido,
graças à sua discrição e ià sua impersonalidade!
Quanto à segunda condição do bom êxito � <<a boa
vontade)) - será possível supor que a mulher a não te,
nha? Uma vez compreendido que a paz do lar depende
do sacrifício que ela fizer do seu autoritarismo e dos seus
arrebatamentos, não estará ela disposta a cultivar gene,
rasamente a humildade e a mansidão? Qual é a mulher
que, suficientemente precavida e confiada na autoridade
de quem a avisa, teria a temeridade de perseverar nos
seus desatinos funestos? Ela vai lançar,se, .pois, comple,
tamente, à luta contra si própria. Antes de empreender
tal tarefa, encontrará nas últimas páginas deste livro,
no capítulo que trata da piedade pessoal da mulher ca,
sada, a resenha dos meios sobrenaturais que deverá em,
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pregar para vencer ( ll . Quando os tiver posto em prática
e a calma tiver regressado ao lar, experimentará então
toda a suavidade destas palavras: «Paz na terra às almas
de boa vontade».
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Pensara ela que ele fosse só dela e eis que ele lhe foge . . .
não completamente, é claro, pois volta a casa ao fim do
dia, mas escapa-lhe em grande parte. . . SOzinha, entre
gue a si mesma, enquanto ele visita clientes, dirige a sua
casa comercial, trabalha na sua oficina ou no seu campo,
ela sonha negros sonhos . . . Segue-o com a imaginação . . .
Vê-o entregue aos seus negócios . . . Ele dirá coisas que
não serão para ela . . . terá gestos que lhe não são reser
vados . . . amabilidades, sorrisos de que ela não fruirá ! . . .
Não será, pois, ela que goza, qual egoísta satisfeita, do
objecto amado? . . . Este pensamento excita-a até à loucu•
ra. Jamais havia ela suposto que o casamento fosse as·
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que o matrimónio é uma união moral infinitamente mais
sólida e mais cerrada que a melhor das junturas físicas
porque os vínculos indissolúveis que o sacramento esta
beleceu entre as almas não fica sujeito a enfraquecimento
quando os corpos se afastam, não se reduzem çom a dis
tância nem podem ser destruídos pela mordedura do
tempo. Eles escapam à influência do espaço e do tempo,
não admitindo qualquer dissentimento entre os corações,
qualquer que seja a dureza e a frequência das separações.
Pensaria também essa alma torturada que, se deseja ter
umà. prova de que seu marido tem por ela um verdadei
ro amor conjugal, será sobretudo naquelas alegrias quase
infantis que ele manifesta ao regressar a casa que a de
verá procurar, as quais a deveriam consolar superabun
dantemente das tristezas da partida. Reflete ela ainda em
que uma presença ininterrupta no lar seria funesta aos
dois, pois ele tem mais que fazer, ao longo do dia, do
que contemplar a mulher, e ela tem de ocupar-se nos tra
balhos da casa, nos quais o marido não poderia acompa
nhá-la sem cair no ridículo. Pretender unir materialmen
te as ocupações de marido e mulher, amarrá-los um ao
outro, é neutralizar dois movimentos e criar uma funesta
imobilidade, verdadeira paralisia da vida familiar e social.
Ela, porém, não tem a generosidade de fazer consigo
estas reflexões. Ela quere-o, inteiro, só dela. Não se con
tenta com estar de posse dos seus sentimentos, dos seus
pensamentos, dos seus esforços, numa palavra: de todo o
seu ser moral. Ela quer possuir todo o seu ser físico
os seus menores gestos, a mínima das suas palavras. Ela
quer que só ela o veja, só ela o ouça, só ela possua esse
objecto que a tornará «eternamente feliz».
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gal colocada assim num plano tão falso como egoísta, pode
gerar numa alma! Esta infeliz ciumenta morre de não
conseguir realizar o irrealizável: fechar o amor numa
gaiola . . . Mas .o amor, imaterial como é, foge-lhe pelas
grades . . . Ela não adverte que os corações só podem ficar
presos pelos vínculos internos da afeição e não pelas pri
sões externas do constrangimento.
Mas vá lá experimentar-se a ver claramente com
olhos ciumentos! Não reagindo corajosamente contra as
suas tendências, a mulher inquieta prosseguirá em de
manda do seu quimérico plano de fechar o marido na
masmorra que lhe prepara. À noite, quando ele regressa
das suas ocupações, ela arvora-se em juiz inquiridor, com
o fim de levá-lo a contar-lhe tudo que fez durante o
dia. Põe em acção todas as habilidades, todas as artima
nhas do organizador de processos. .Para ganhar a con
fiança, ela sorri ao interrogar. O marido, bom homem, in
capaz de enganar seja quem for, vai contando que en
controu fulano . . . que falou com fulana . . . Está convenci
do de que é por afeição, sincera e desinteressada, que a
mulher pergunta. Se ele visse o seu coração feminino ba
ter descompassadamente, os nervos excitados crisparem
-se, compreenderia a angústia que, na realidade, sufoca a
mulher.
Mais um pouco e não levará ·muito que �le perceba
o motivo secreto de , tão insistente perguntar. A ten
são, a tal custo se conteve até ali que não pode aguen
tar mais e vai explodir. Será, por exemplo, numa noite
em que ele lhe dirá que fulana foi fazer-lhe uma vi
· sita ao escritório . . A infeliz não pode mais e lança-lhe
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sar nele, ele anda nos seus prazeres e diversões ! . . . Urge
absolutamente que as coisas mudem! Ela não ·admite que
ele · continui a andar «no ar». Terá de ficar em casa,
ao lado dela, sairá com ela, não mais a deixará! . . . Se�
não, ela exercerá represálias: renunciará às alegrias do
lar.
Ela formula estas imposições com um fogo e um tom
autoritário que só uma convicção apaixonada é suscep�
tível de incutir. Enquanto lhe cai em cima este «ser�
mão», forte como saraiva, o marido pasma. Irá então a
sua felicidade submergir-se nos tétricos abismos onde ja�
zem desfeitos tantos lares infelizes. Se ele não procurar,
deitar o coração ao largo, a atitude da mulher causar
-Ihe-á um dos mais dolorosos momentos da sua vida.
*
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ceando contraditá-la, estiver disposto a ceder? . . . Nesse
caso, mal sabe ele o caminho em que se mete. Após
concessões e concessões, que outro resultado não terão
senão levar o crescente ciúme até ao paroxismo, ver-se-á
forçado a todos os sacrifícios para tentar calmar exigb
cias sempre insatisfeitas. A partir desse dia, começa no
casal uma daquelas horríveis situações domésticas, ex
cepcionais sem dúvida, mas de que há ainda muitas ví
timas.
Para acalmar os «nervos» da mulher, ele acede a
tudo que ela exige. Se possui alguns rendimentos, re
signa-se a deixar os negócios para viver como modesto
proprietário, preferindo dissipar o capital a ter luta
acesa em casa. E a mulher canta vitória. Prefere ter o
marido menos rico mas só dela. Vende-se a carga do
barco, a'bandona-se uma situação vantajosa, liquidam-se
o.; fundos comerciais. E tudo isto é feito pelos dois. Ela
segue no encalço do marido, não vá a falta da sua pre-
sença ser causa de que ele mude de resolução . . . E ei-lo
feito cordeiro mansinho conduzido pela pastora . . .
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encontros?. . . O leitor não se admire do que dizemos.
Estes factos, bastante raros é certo, não os exageramos.
O ciúme chega até estes excessos e vai mais longe ain,
da. Pois não se tem visto cônjuges ciumentos do gato
que o outro afaga?
O marido não deveria ter cedido ou, pelo menos.
se tivesse de fazer algumas concessões para adoçar a po,
ção amarga, deveriam ter sido mínimas. E, ao invés, re,
cusando à mulher o que ela lhe pedia de inoportuno.
teria sido conveniente rodeá,la, segundo as posses do
casal, das legítimas satisfações, o mais possível nume,
rosas. Todas as delicadezas do coração, os encantos da
conversa, as prodigalidades criteriosas da bolsa, a busca
do conforto, as satisfações artísticas, devem concorrer.
em conjunto, para pacificar essa alma atormentada, dei,
xando-lhe a convicção de que é a única amada.
Mas de todos os remédios para o ciúme, o mais
poderoso é o nascimento dos filhos. Estes pequeninos
seres trarão à paixão um natural e benéfico derivativo.
:f: sobre eles que a mãe concentrará o ardor dos seus
sentimentos. Ao menos os filhos são dela e só dela; terá
o direito de os amar com amor de exclusão e de se dedi,
car por eles até à morte. Com a multiplicação da prole.
o instinto materno divide-se e, dividindo,se, ajustar,
-se-á, sem se diminuir, a situações e necessidades de or,
dem vária. \Procurando atender a tudo, a casada apren,
derá a dar-se a todos com inteligência e moderação.
Dentro de pouco, esquecerá os seus· acessos ferozmente
egoístas de outrora, e ter-se-á feito o Anjo da paz no lar.
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memente a combatê-lo com a maior energia, se ameaças
se assaltá-las!
A melhor maneira de impedir os malefícios do ciú
me é destruir as suas menores manifestações logo des
de o seu aparecimento. Qual é a mulher que não terá·
tido ocasião de recalcar as sugestões do ciúme quando
várias ocasiões as incutem, como seria, por exemplo,
quando o marido se mostra amàvelmente sorridente pa
ra com uma amiga. . . ou quando gaba as qualidades
da sua empregada de escritório . . . Que razões poderia
ter a mulher para acolher no coração, por pretextos des
tituídos de qualquer fundamento, a má suspeita que
procura introduzir-se-lhe no peito? Um instante de bom
-senso far-lhe-ia ver a tolice dessas ilusórias. impressões e
bastaria para as dissipai.
Portanto, em vez de se pôr a suspeitar do marido,
que o ame! O amor é o único remédio capaz de curar
esse «apaixoado doenten que é o ciúme. Sim, o amor,
mas o amor verdadeiro, aquele que se dá sem egoísmo e
que procura, sem pensamentos reservados, o bem da
pessoa amada. Esse amor acha· muito bem tudo o que
faz o ente querido, aprova todas as · suas acções, mesmo
quando são uma delicadeza ou amabilidade para com ou
trem. Esta admiração animada de louvor exclui, pela
própria natureza das coisas, a mera possibilidade de
ciúme.
Além disso, o amor é operoso: rodeia a pessoa
amada das mil invenções da sua delicadeza, prodigaliza
os seus encantos, procura todos os m eios de agradar,
não tem olhares policiais em perpétuo alerta , tão abor
recidos, e ostenta sim os sorrisos pacíficos que atraem a
afeição e conquistam plenamente o coração. Contra tal
amor não há lutas possíveis: é senhor incontestado, nin
guém lhe · pode arrancar o seu monopólio. Reina sem
medo de concorrentes porque os afasta com a sua s1m-
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ples presença, como o Sol afasta as trevas. Quando um
amor assim dominador estabeleceu a sua sede no lar
na pessoa duma mulher que é dele a rainha e o encan
to, pode criar invejosos da sua felicidade mas não terá
mais motivo algum para ter ciúme de n inguém.
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da natureza. Em suma: os cônjuges têm de travar uma
guerra contra si próprios com mira a adquirir a mansi
dão, virtude essencialmente susceptível de atrair os co
mções. Será noutro capítulo, que não seja o das Causas
de aversão, que exporemos a táctica que conduz a esta
vitória (l). Por agora, trate a esposa, que por infelicida
de se tenha reconhecido nestes retratos que acaba de mi
rar:, de envergonhar-se de se ter deixado arrastar até esse
vil defeito da susceptibilidade, do amuo ou do ressenti
mento e, pedindo perdão a Deus de tamanho orgu
lho e, ao seu cônjuge, de egoísmo tão tolo, entregue-se
corajosamente à correcção do seu defeito, para a felici
dade de toda a casa.
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soais, censuras de egoísmo, autoritarismo . . . e até de mal,
dade, a que o adversário risposta com recriminações ca,
da vez mais fortes. E assim a discussão dá numa dis,
'
puta, a disputa transforma,se em duelo. Cada cônjuge
mimoseou o outro com terríveis nomes feios e cada con,
tendor se retirou ferido. A paz ainda vem longe, pois
enquanto se sentirem as pancadas recebidas não haverá
ganas de perdoar.
E, afinal, onde estava o mal? Estava mesmo no
primeiro começo de tudo aquilo: naquele gostinho que
cada um sentia da sua opinião. O remédio é muito sim,
ples e fácil: ceder. Que inconveniente teria representa,
do para a mulher a:bandonar a sua pequenin� maneira
de ver? :Provià.velmente nenhuma, pois, quase sempre,
o objecto da discussão era uma ninharia. Um sacerdote
teve, um dia, que apaziguar um lar violentamente de,
savindo só porque a mulher pretendia que não havia
o direito de se comer bolos durante a quaresma . . . Mas
não teria sido preferível comer alguns !bolos, das Cinzas
até à ·Páscoa, a perturbar a harmonia do lar'?
Se a importância da coisa em litígio é tão pouca,
qual será a causa de tão tenazes obstinações? É a ver,
gonha que sente uma natureza orgulhosa de si pró,
pria em inclinar diante de outrem a <<soberania)) da sua
maneira de ver. !Pois, no fundo de toda a tendência pa,
ra o espírito da contradição, está o orgulho, esse defeito
original da nossa natureza decaída, que todos nós tra,
· zemos no recôndito do nosso coração e contra o qual
só existe um •único remédio possível: a. luta encarniça,
. da pela conquista da humildade.
Todavia, talvez algumas esposas tenham direito de
protestar contra este nosso conselho de ceder sempre.
Poderia, com efeito, acontecer que a matéria em lití,
: gio fosse grave, interessando, por exemplo, a saúde dos
Jilhos, a honra da família, o futuro do lar. A mulher pro,
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esquecer de si mesma e só pensar em fazer triunfar no
seu lar a causa de Deus.
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da nas suas dissimulações, não irá ele ser vítima dos
logros da mulher?
Esta confiança cega do marido será muitas vezes
nefasta à esposa e, por tal via, ao próprio lar. Dificil
mente se podem imaginar as terríveis proporções que
pode tomar, em certos temperamentos predispostos, esse
instinto da mentira quando não sente qualquer freio.
Certas pessoas enganam sempre e em todo o lugar, por
gosto, por divertimento, até mesmo quando lhes seria
vantajoso dizer a verdade. Muitas vezes, por necessida
de de fanfarronice, para espantar, divertir, fazer-se admi
rar, outras vezes por cálculo interessado, a sua imagi
nação torna-se inventora, lança-se em incríveis exagera·
ções. Se fizeram, por exemplo, uma visita, encontraram
-se com determinada personagem - que lá não estava . . .
- e que fez . afirmações importantes que eles preten·
dem reproduzir fielmente . . . Se fizeram uma viagem,
aconteceram-lhes, nos hotéis ou nas carruagens do com
boio, aventuras engraçadíssimas, ou então trágicas, que
nunca existiram . . . E assim todas as suas acções que são
disfarçadas e interpretadas da maneira mais inespera
da. . . Os psicólogos que mimosearam esta tara mental
com o epíteto de pseudomania <1l , verificam que ela
anda, infelizmente, muito espalhada e depara-se-nos com
gradações diversas. Sob as suas aparências satíricas, o
imortal Tartarin (2) reproduz uma perene realidade.
!Pode calcular-se a perturbação que traz ao lar esta
inclinação para dissimular a verdade. A falta de fran-
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queza gera o mal-estar nas relações matrimoniais e pode
levar a lamentáveis consequências. Por · maior simplici
dade que se suponha no marido, é certo que ele virá
mais tarde ou mais cedo a notar os <<erros'' da mulher,
pois ela desmente-se com frequência, dado que o menti
roso esquece depressa as suas mentiras ou nelas se en
reda. O marido não dissimula surpresa, desgosto de se
deixar enganar e, de futuro, manter-se-á alerta. Às ve
zes, os avisos reiterados e os conselhos enérgicos do ma
rido conseguem levar a mulher a corrigir-se. Mas mui
tas vezes, infelizmente, ele verifica que o mal, é incurá
vel ou que, pelo menos, está fora do seu alcance. Re
signa-se então com a sua sorte, não sem tomar precau
ções. Desde que os «mexericosJ> o não incomodam nos
negócios, não atinjam o bom nome do lar, ele vai su
portando as narrativas da . mulher em quem não mais
acreditará, mesmo que ela fale verdade! Ele escuta-a co
rno quem lê um romance, dizendo lá consigo que «Se
não é verdade está bem inventado . · '' · E os anos vão
.
*
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Uma das características do verdadeiro amor é o sí,
lêncio. A rnu�her que tem pelo marido uma profund�
afeição sente a necessidade de concentrar à volta dele a
vida do seu coração e do seu espírito.
As delícias da intimidade valem sobretudo pelo mis
tério que as envolve. Fazê-las partilhar por outrem rou
ibar-lhe-ia imediatamente os encantos.
Os cônjuges compreendem, instintivamente, estas
verdades. O próprio mundo respeita esta sede de soli
dão e de silêncio: deixa os jovens esposos fazerem, nas
semanas que se seguem ao casamento, uma longa via
gem . que lhes permite fugir dos importunos.
Como se explica que a barreira, que esconde ao pú
blico sempre curioso os pormenores da vida íntima, ve
nha a cair, por vezes, tão inesperadamente? Por toda a
parte se bisbilhota a respeito de acontecimentos verifi
cados em determinado lar. «Parece - diz-se à boca pe
quena - que o marido não tem bom génio, que é arre
batado . . . que é avarento . . . exigente . . . enfim, que a pobre
mulher teve cruéis decepções . . . »
Que se passou? Geralmente nada que j ustifique tan,
t:t preocupação. Pois não será natural, inevitável mesmo,
que no interior do lar, como cá fora na atmosfera, .a chu
va suceda ao bom tempo?
Contrariedades nos negócios, aborrecimentos ines
perados, talvez cansaço físico, produziram no marido um
surto de mau génio e na mulher uma reacção bastante
viva de amor-próprio ferido. Depois a atmosfera serenou,
a calma regressou num céu todo azul. Após um eclipse
parcial da sua harmonia, os cônjuges voltaram a sabo
rear ----' e agora mais do que nunca - a suavidade da sua
recíproca afeição.
Mas como foi que esta históriá transpassou cá para·
fora? . . . · Por que é que se fala por toda a parte de «in�
compatibilidade» . . . de zangas. . . e mesmo de possível
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separação? . . . Foi a mulher, que, podendo muito bem es
tar calada, teve a língua um pouco comprida de mais . . .
Não foi, por . certo, o ressentimento que a isso a levou
mas a necessidade incontida de explicar a uma amiga
- só a ela ! . . . - a presença, por exemplo, duma pulsei
ra no seu :braço, oferta do marido como primeiros pas
sos para umas pazes após curto desentendimento, desen
tendimento que ela descreverá sem omitir o mínimo por
menor. A amiga, pessoa «muito discreta>>, não irá, evi
dentemente, despejar esta história senão num único ou
vido, o da sua melhor e mais íntima confidente - «SÓ
para si, querida amiga» . . . - mas, esquecendo a jóia da
reconciliação para só falar da discórdia que a precedeu . . .
Qual não será a surpresa do marido quando, passa
dos dias, algum dos seus colegas, preocupado, todo cara
de enterro, lhe manifestar, no meio de conversa, a sua
pena pelo que se passara e os seus incitamentos, dizen
do frases como esta: «Isto, meu amigo, a virtude e a
sorte não nasceram no mesmo dia . . . Isto de casamento
é sorte da lotaria >> . O jovem marido, intrigado com tais
palavras e atitudes, toma conhecimento, na sua estupe
facção, do que se diz no mundo sobre as suas questões
conjugais. Protesta, indigna-se. Mas que podem valer as
afirmações dum marido, que «recusa confessar>>, perante
as da multidão? E desta sorte, as suas próprias negações
são mais uma prova contra ele.
E se a esposa, tiàcilmente vencida pela comichão de
falar, cometeu, além deste, outras indiscrições, que virá
a ser da reputação do lar? O casal tornar-se-á o romance
da localidade. Os seus segredos, estadeados por toda a
parte,. metidos a ridículo, roubarão aos esposos toda a
consideração e prestígio. Chega-se a perguntar se, nes
tas condições, não séria preferível eles emigrarem para
país desconhecido onde ninguém falasse mais deles.
Nunca a mulher casada - e atente ela bem nesta
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lição que lhe pode ser útil - radicará no seu íntimo con�
vicções suficientemente profundas sobre a necessidade
da discrição. Deve ela persuadir�se de que «OS assuntos
do lar já não são uma propriedade pessoal mas da co�
munidade familiar» . . A honra e a dignidade são, dora�
vante, um «bem social» pertencente, em partes iguais, a
pais e filhos. Ela n�o tem, pois, o direito de delas dispor
a seu talante.
A esta consideração de interesse natural, suficiente,
só por si, para refrear uma língua indisciplinada, vêm
juntar o seu apoio os pensamentos de ordem superior.
Pois não manda Deus fazer da discrição uma virtude cris�
tã; um exercício de mortificação sobrenatural, uma imi�
tação de Cristo e da sua Santa Mãe? Esforce�se, pois, a
mulher casada por parecer�se com aquela que foi m��
lo acabado das mulheres cristãs, a Santíssima Virgem
Maria. O Evangelho elogia a sua consumada prudência.
Ela não ia contar a ninguém as suas provações, nem as
suas angústias nem as suas consolações produzidas pelas
maravilhas, que nela se operavam ou à sua volta no seu
lar humilde. Envolvia�se sim no silêncio, «conservando
tudo isso no seu coração» <1> . Tal deve ser a atitude du�
ma jovem casada a respeito dos acontecimentos íntimos :
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certas mulheres tomar no seu lar hábitos rotineiros e
tornarem-se incapazes de desempenharem o seu papel
social e de ajudarem o marido a desempenhar o seu. Cer
ta mulher terá, por exemplo, a meticulosa mania da lus
tradela e da ordem que não quer que ninguém lhe entre
em casa c<para lha não sujar». O marido ver-se-á obriga
do a receber os seus amigos num pequeno comparti
mento << Sacrificado», que lhe serve de escritório, mas a
sala de visitas fica 'interdita, excepto, quando muito, em
dia de festa <<porque ;ts pegadas ficariam marcadas no
tapete>>,
Este <<ciúme da casa», tomando numa jovem casa
da as proporções duma paixão, põe obstáculos aos inte
resses vitais do lar, prejudicando as suas relações. A mu
lher caseira isola da sociedade o marido e os filhos, pois,
não convidando nem querendo receber, deixa de ser con
vidada. E assim, quando se queixar de que a abando
nam, só deverá queixar-se do abandono que infligiu aos
outros. Esta <<porteira» desabrida, afasta a gente de ne
gócios que o marido teria _vantagem em atrair. Se o ma
rido ganha na localidade influência social e se acha em
condições de assumir cargos públicos, o espírito parti
cularista da mulher proporcionar-lhe-á os dissabores da
impopularidade. Tal foi o caso dum digno cristão que,
eleito vereador da Câmara da sua cidade, deveria natu
ralmente galgar à presidência e chegar a sentar-se na
Câmara dos Deputados. 1Poréin, da sua torre, de acesso
cuidadosamente vedado, a mulher, sem calcular as con
sequências do seu acto, fê-lo passar par ufano, altaneiro
e mesmo avarento, recusando-se energicamente a ofere
cer a 'quem quer que seja a hospitalidade dum jantar ou
de um serão, para não se ver obrigada a tirar dos armá
rios a sua <<bela porcelana», que os seus criados poderiam
beliscar com o serviço, nem desmanchar as 1b elas pilhas
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de toalhas e de guardanapos, orgulho do seu esplêndido
armário de roupa branca.
O espírito caseiro pode ainda revestir outra forma:
criar um amor exclusivo, não à casa mas à terra natal,
que a mulher não quererá jamais deixar. I! ali que ela
tem as suas recordações, os seus hábitos, as suas relações.
Foi ali que ela foi baptizada, casada, na «SUa)) igreja.
No cemitério repousam os seus antepassados. Seria pa
ra ela como que uma deserção afastar-se destes lugares
para ela sagrados. Em qualquer . outra parte, a melan
colia invadir-lhe-ia de tal maneira o coração que ela
morreria de tristeza.
Tais sentimentos nada terão de lamentável se o
marido, por exemplo, proprietário agricultor, ou comer
ciante em boa situação de negócios, fixa residência na
localidade em que conta viver e morrer. Mas esses sen
timentos caseiros seriam desastrosos para o lar se as cir
cunstâncias obrigassem o marido a mudar de domicílio.
Supunhamos, por exemplo, que ele não passa, na sua
aldeia, de um modesto agente comercial. A casa comer
cial que representa promete-lhe magníficos honorários
se ele estiver disposto a mudar de localidade. Mediante
este deslocamento, a fortuna fica garantida e com ela
uma velhice feliz, ao mesmo tempo que uma situação
desafogada para os filhos. Quanto a ele não hesita o o o
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empregos_ medíocres, quando ao longe lhes sorria a pros
peridade; quantos comerciantes não têm a custo equili
brado os seus orçamentos, quando poderiam ter decupli
cado os seus lucros se · não tivessem sido imobilizados
pelas mulheres! Na nossa época, mais do que nunca, a
((vida é movimento» . Se é insensato «levantar tenda»
pelo prazer de mudar, como fazem os ciganos; é muitas
vezes mais útil ir procurar, sob outros céus mais clemen
tes, uma felicidade que a nossa terriola nos não poderia
dar.
A mulher cristã e prudente compreende as razões
graves que a obrigam a não impedir os interesses legíti
mos do lar. Se ela deve calmar os impulsos repentinos do
marido, que, n uma tentação de desânimo ou de ilusória
esperança, estaria pronta a mudar, sabe, no entanto, que
deve submeter-se aos razoáveis transbordos do lar fami
liar. Tais viagens são-lhe, é certo, bastante penosas, es
pecialmente depois de terem vindo os filhos, porque se
rá sobre ela que recairá o grosso da tarefa e das dificul
dades. Mas que importa? Pelo 'bem dos seus, ela está
disposta a fazer todos os sacrifícios n ecessários. Pois não
está ela acostumada a esquecer-se de si própria?
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CAPíTULO TERCEIRO
O MAU GOVERNO
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* .
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ta da ·Páscoa não faz esquecer a de Sexta,Feira Santa:
é quaresma todo o ano.
Os vestuários sofrem também as consequências da
avareza: é preciso usá-los até ficarem no fio. O marido
queixa-se, ameaça a mulher de que a envergonhará em
público para desculpar-se da sua apresentação negligen
te, mas em vão . . . E no que respeita a distracções, têm
df' ser sacrificadas porque as deslocações são caras. Por
tanto, a distracção dominical terá de consistir num pas
seio a pé e . . . contanto que não seja para onde se coma,
beba ou haja divertimentos que custem dinheiro . . .
E que triunfo não julga ela ter alcançado quando
consegue, a custo de todas estas privações, comprar no
fim do ano, algumas obrigações do Crédito Predial! Ela
mostra ao marido os papéis vemelhos ou amarelos va
riegados de bonitas figuras que encimam as filas de
cupões dos quais os últimos terão prazo até ao século
próximo . . . O marido olha-os com olhar melancólico, di
zendo lá consigo que teria preferido uma mulher que,
económica emhora, lhe enchesse antes o estômago e o
coração.
Se, ao menos, estas economias fossem destinadas a
auxiliar as despesas ocasionadas pelo nascimento dos fi
lhos ! Mas, infelizmente não, porque os filhos não cons
tam do programa. A mulher declara, com efeito, que a
vida está cara e que não permite ter uma família a edu
car. Todo o casal - diz ela - que tem filhos está con
denado à miséria. Nesta casa, onde se amontoam os ((vin
téns>>, nunca um chilrear de crianças vem desensombrar
a fronte dessa mulher que não conhece outra afeição se
não a do dinheiro.
Aqimada de tal paixão, a mulher torna o lar ina
bitável. Por isso, o marido procura fugir dele o mais
possível. Usa de dissimulação, escondendo à mulher uma
parte das suas receitas para as .�<suas extravagâncias>>. Ser-
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vindo-se destas reservas, ele irá, pretextando negócios, ao
restaurante vingar-se dos seus jejuns forçados, ou então,
proporcionar-se-á, em companhia de amigos, um espec
táculo de cinema. Que perigo este homem desiludido cor
re nestas ocasiões, bem raras para o que seria seu desejo,
em que escapa à avareza da mulher! Ele saboreia de tal
maneira a liberdade e a doçura de viver que se arrisca
a a:busar dela . . . A não ser que o marido, devorado tam
bém pelo apetite das riquezas, colabore afanosamente
com a mulher no cctrabalho da avarezall e se prive de
tudo para aumentar o «pé-de-meia)), Então o casal deixa
de ser uma família para ser sociedade de negociantes.
Compreendam o seu erro as mulheres tentadas pe
lo demónio do dinheiro. Atormentadas com as preocu
pações do futuro, querem elas pôr o seu lar ao abrigo
dos revezes da fortuna. Seria bem legítima tal preocu
pação se ela se mantivesse nos limites do razoável ; mas
ao exasperar-se, a preocupação da riqueza cria infelici
dades aqueles próprios que delas quer preservar. O ma
rido, mal alimentado, cai doente e perde o emprego ; a
mulher, acabrunhada pelas provações enfraquece e co
meça a tossir; os filhos, se os há, não se desenvolvem fi,
sicamente porque se lhes raciona a subsistência e sofrem
moralmente porque se lhe recusam as sãs distracções, as
relações agradáveis, os complementos de instrução. As
importlâncias economizadas no padeiro e no talho enri
quecem o farmacêutico e o médico. E assim se verifica
a lei estabelecida pela ;Providência segundo a qual toda
a falta prepara o seu próprio castigo.
Não teria sido melhor comer e beber o necessário,
vestir-se com o necessário resguardo e proporcionar-se
distracções honestas? A mulher casada deve saber abrir
a bolsa quando é necessário, pois as despesas criteriosas
não são perdas mas lucros. «Outras poderão · acumular ri-
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as latas do lixo . . . Criem em si os. rapazes e as raparigas,
antes de se casarem, sólidas convicções sobre a necessi
dade que tem a felicidade do seu lar de uma perfeita
administração financeira. Se é difícil evitar neste ponto
os excessos e os defeitos, a justa medida traz, ao invés,
tanto encanto à existência que n unca se louvará demais
os esforços mútuos a que se entregam os cônjuges para
se libertarem das privações da avareza, ao mesmo tem
po que das misérias da prodigalidade .
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sem, pois, os pais nos preJUIZOS que causam não obri
gando as filhas a · prestarem no lar a sua activa colabora
ção! Se essas filhas · tivessem sido habituadas desde os
tenros anos a · cumprir todas as c<ebrigaçõeSll do lar, se
tivessem sido o'brigadas a garantir a ordem das coisas
na casa, ir às compras, fazer a cozinha, coser e remen
dar, substituindo totalmente a mãe nas diversas funções,
não se encontrariam, após o casamento, assim aflitas com
a tarefa de que fogem em vez de a enfrentarem.
Se a estes hábitos de trabalho, as mães previdentes
e criteriosas tivessem juntado ccconvicçõesll sólidas a
respeito da necessidade do esforço, estas jovens esposas,
ao entrarem na vida matrimonial, teriam gostado do
trabalho e o teriam aceite como uma das fontes da sua
felicidade. Eis porque as mães de famíiia não devem
deixar de repetir às suas filhas as razões que têm para
serem diligentes e aGtivas. Quando as futuras esposas
tiverem compreendido. que o trabalho caseiro, indepen
dentemente dos seus resultados directos que são a or
dem, o conforto, a boa alimentação, a economia, propor
ciona à mulher casada as suas mais agradáveis distrac
ções; quando elas tiverem compreendido que os dias
nunca são longos, as :horas nunca são tristes e as triste
zas nunca pungentes para quem se deixa ábsorver com
paixão por uma ocupação favorita; quando tiverem a
impressão de que a sua verdadeira colaboração nos es
forços que impendem sobre o marido para vir em au
xílio das necessidades do lar deverá consistir em fazer
reinar no Íntimo desse lar a alegria de viver, então se
rão tais raparigas capazes, desde a sua entrada no casa
mento, de fugir da vil preguiça que deixa as aranhas
tecerem as suas teias no tecto e paredes da casa e as
tentações más avassalarem os corações desfalecidos.
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Sem ser propriamente preguiçosa, uma: jovem casada
pode, como uma borboleta, esvoaçar muito sem fazer
grande coisa, Perderá o seu tempo em mil futilidades e
ninharias que a absorvem- e a distraem, ou então será
de tal modo vagarosa e indolente que, andando sempre
atrasada, fará sofrer o marido com a sua falta de pon
tualidade.
Que série de decepções e de ·aborrecimentos não
causa, com efeito, ao marido um hábito tão desagradá
vel. Acontece, por exemplo, que ele entra em casa, fa
minto, para almoçar, dispondo apenas de uma escassa
hora e meia para vir e voltar. Ao abrir a porta, espera
sentir o cheiro das panelas mas é o fumo que lhe vem
atacar a garganta: a mulher ainda anda a acender o lu
me. Para se não pôr a praguejar, pega num jornal e põe·
-se a ler, mas, quando uma pessoa está com fome, o
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quando a don·a de casa pretende ter «chiste». Ela atira
então alfinetadas que ferem profundamente. E adverte
tanto menos do quanto faz sofrer quanto ela goza do
êxito que lhe proporciona a oportunidade das suas
gracinhas. Não é de admirar que gente desta não consiga
ter criados em casa muito tempo. Seria necessário às cria,
das uma virtude heróica para aceitar humildemente as
fanfarronadas da sua patroa. Mas o heroísmo é pérola
rara.
E que aborrecimentos para o marido, n ascidos des,
ta incapacidade da mulher para o mando? Sentir,se,á
muito pouco satisfeito quando, ao entrar à noite em ca,
sõ., tiver conhecimento de que a criada se foi embora
e que lhe vai ser preciso - oh ! só uma vez ou outra
levantar a mesa e limpar a louça. A partir do dia se,
guinte, afirma a mulher desorientada, irá calcurriar toda
a cidade e encontrará esse pássaro raro que se chama
uma criada sem defeitos. Amanhã . . . é promessa fácil
de fazer . . . A realidade, porém, será diferente . . . Ela terá
de palmilhar muito tempo, pois a casa já se tornou fa,
mosa e não atrai as pretendentes . . O marido, saturado
.
uma criada.
Como teria sido fácil evitar todas estas revoluções
Íntimas! Teria bastado praticar a virtude ! Só esta, su,
portando os defeitos do próximo e sabendo proferir pa,
lavras suaves, resolve com êxito, os mais espinhosos pro,
blemas da prática doméstica. Quando a dona de casa é
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TERCEIRA PARTE
CONQUISTA DA REALEZA
DO LAR
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Lendo as páginas precedentes, a jovem casada sen�
tiu, por certo, duas impressões diferentes. Às vezes, sen
tia-se estimulada por um vivo desejo de realizar o ideal
que lhe era proposto; outras vezes, ao contrário, sentia
um aborrecimento profundo por todos os defeitos de
que contemplava o vil quadro. Estes impulsos para o bem,
estes terrores do mal, por igual a faziam sofrer. E per�
guntava a si própria como lhe seria possível, a ela, sem
experiência, atingir os cumes sem cair nos precipícios.
Não serão os esforços que o «encanto do lar" reclama de
masiado prolongados para a sua inconstância? Os engo
dos da m undanidade, as más tendências da natureza, os
defeitos de temperamento, não levarão a melhor às suas
boas disposições? . . . Oh! Com certeza que seria bem agra
dável ser a «Rainha do Lar», rainha incontestada, cujo
império se exercesse na paz e na alegria, mas não serão
os degraus do trono tão difíceis de subir que seja pre-
·
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riam elas inspirar aos casados o amor intenso, o respeito
profundo, a dedicação total aos interesses da Majestade
Infinita, a quem é devida honra, louvor e glória em to
dos os séculos por Jesus Cristo, Nosso Senhor! Aplican
do-se de alma e coração a defender a causa deste grande
e bom Mestre, num verdadeiro espírito de submissão, os
cônjuges garantirão ao mesmo tempo a verdadeira gran
deza e a fecunda influência e conquistarão a <<Realeza do
Lar»·, pois está escrito que «servir a Deus é reinar» (I).
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CAPfTUW PRIMEIRO
A PIEDADE PESSOAL
(Necessidade de piedade)
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da em comum - até se reduzirem a uma simples recor
dação da sua vida de solteira.
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O segundo tempo é ao meio-dia; Após uma oração,
a· mulher piedosa faz passar na sua memória toda a ma-·
n'hã . . . verifica que se excitou . . . uma . . . duas . . . três ve-
zes . . . e uma até à cólera . . . humilha-se, e, lançando um
olhar sobre a tarde que começa, dispõe-se a vencer-se
melhor do que de manhã.
O terceiro tempo é antes de · deitar. Uma oração
ainda e a mulher casada percorre todo o seu dia, conta
as suas fraquezas da tarde e junta-lhes as da manhã
já verificadas ao meio-dia . . . Falta-lhe arrepender-se das
suas faltas, pedir perdão a Deus, e tomar resoluções enér
gicas para o dia seguinte.
Mas urge saber se há progresso de um dia para
outro. Eis porque S. Inácio aconselha a notar por escrito
as quedas e as vitórias. 1Podem assim comparar-se entre
si os dias, e as semanas e verificar se há avanço ou
recuo (1).
Quem poderá negar que este exercício do exame
particular, feito com perseverança, é um maravilhoso
instrumento de correcção dos defeitos. !Por muito pouco
que a mulher casada lhe permaneça fiel, os desagra
dáveis capítulos das «Causas de Antipatia>> em que, de
página para página, ela ia seguindo qualquer episódio
da sua história, serão, doravante, mudos quanto a ela . . .
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metropolitana, a sua primeira Comunhão, jamais dela se
separara. ,
Entronizar Maria é o primeiro acto de devoção
que a piedade pessoal da mulher casada deve ter para
com a �<Rainha do seu lar». Mas é preciso, além disso,
orar-lhe.
Quantas mulheres cristãs não sabem conversar no
íntimo do seu coração com a sua benfazeja Senhora!
Quantos terços não terão elas desfiado naquele quarto
onde sofre num leito o seu filho ou então onde, sàzi�
nhas, choram, � espera do marido que deserta do lar!
E também quantas Ave-Marias, ditas no meio do j�ú
hilo, em tardes de festa ou em momentos de alegria,
quando, por exemplo, o filho vem segredar à mãe que
sente a vocação sacerdotal . . . ou quando, após um longo
afastamento de Deus, o pai se dispõe a cumprir o dever
pascal no dia seguinte! As mulheres piedosas sabem de
que perfume suave e delicioso foi embalsamada a sua
vida pela oração confiante a Maria! Eis porque as jo
vens casadas que sentem pesar sobre os seus ombros a
responsabilidade do interior do lar e o encargo de levar
até Deus, segundo as suas forças, o marido e os filhos,
devem aprender a recitar como convém a admirável ora
ção a Maria que se chama o Rosário. Já quando eram
ccfuturas casadas» (1) ensinaram-lhes est;t devoção, chave
·
de todos os tesouros do Céu, que os santos tanto prega
ram e aconselharam. Feitas donas de casa, voltarão elas
a ler as páginas onde se lhes mostra como devem me- ·
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Felizes as casas de onde sobe perenemente para
Maria o suave incenso das piedosas orações de esposa e
da mãe! Tais lares têm desde então duas rainhas: uma
visível, cheia de encantos e de atractivos para os que a
rodeiam, esta frequentemente de joelhos diante da ou,
tra, invisível, que se inclina do alto do Céu sobre este
c.1sal fiel. Às lágrimas e às súplicas de pequena rainha da
terra correspondem os sorrisos deliciosos da magnífica
rainha celeste, cujas mãos, que se abrem, deixam chover
sobre toda a família os seus incomparáveis benefícios. A
certas ·horas, quando a fraquejante majestade do lar pre�
cisa de reconforto, a Virgem Maria prodigaliza-lhe as
suas carícias, e depois com um gesto indica-lhe a ima
gem do seu Filho crucificado que adorna o fundo do lei
to nupcial, para lembrar à mulher piedosa que é levan
do a sua cruz que se alcança o reino dos céus,
Entre estas duas imagens, resumo de toda a sua
fé, o Çrucifixo e a estátua de Maria, a mulher casada
vive sobrenaturalmente, dilata-se e santifica-se, condu
zindo sob a sua influência suave todas as almas que gra•
vitam à sua roda. O marido, encantado e feliz com a
prosperidade que bafeja a família, partilha, mais cedo ou
mais tarde, os pensamentos e afeições celestes da sua
mulher. E, verificando que a paz e a felicidade se conso
lidaram mais no seu lar à medida que crescia a piedade
pessoal da sua mulher, acaba por confessar que não há
tesouro comparável ao de uma mulher verdadeiramente
cristã.
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CAPITULO SEGUNDO
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e do Divino Crucificado que preside à sua vida íntima.
Este há1bito da oração em comum, uma vez tomado,
manter'se'á Jiàcilmente. Que exemplo não será, mais tar,
de, esta <<adoração oficial» para os filhos que, cada um
por sua vez, virão, quando puderem pôr,se de joelhos,
tomar parte ao lado dos seus pais I
A mulher casada esforçar,se,á por levar consigo o
marido à santa Mesa, Por que razão não comungaria ele,
se possível, todos os domingos? Esta far,lhe,á compre,
ender que as suas homenagens a Deus seriam insufi,
cientes, se, sendo dois a assistirem à missa, só ela com,
pletasse a sua participação no Sacrifício pela recepção na
Eucaristia. Quantas jovens casadas não têm desta forma,
com as suas meigas exortações, levado os seus maridos
à prática da comunhão frequente?
Elas têm-nos também acostumado a não faltar à mis
sa cantada. Muitas jovens, devemos confessá,lo com pe
sar, saem dos nossos colégios cristãos, muito pouco a
par das maravilhas de liturgia e incapazes de nelas hau
rirem o fecundo suco que contêm. A mulher é, por ve
zes, mais impressionada pelas belezas exteriores do cul
to e vibra mais ao contemplá-las. Pertence,lhes comuni
car ao marido as suas impressões, pôr-lhe na mão os
livros que lhe revelarem o sentido dos ritmos sagrados.
Se tivesse a ventura de fazer o marido gostar dos ofícios
religiosos, proporcionaria um alimento sólido à piedade
familiar que a alimentará sempre e a manterá num vigor
incessantemente renovado.
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sipando lentamente o espesso nevoeiro da sua ignorância.
Como quem não quer a coisa - a delicada maldade du
ma mulher que quer o bem ! - faz ela com que o mari
do se encontre com um sacerdote amável e dedicado . . .
E não foi preciso mais para reconduzir ao caminho do
bem uma pobre alma transviada.
Às vezes, todavia, o resultado não se consegue tão
depressa. Durante muitos anos se mantém o indiferente
na sua negligência das coisas de Deus, por preguiça, por
obstinação, talvez por orgulho. Nem por isso deve a espo
sa desanimar. Que ela tenha a peito, sobretudo, aquela
missa dominical a que ele vai por hábito. Sacrificar esta
prática, seria sacrificar a principal possibilidade de êxito.
Com efeito, a missa e o sermão que a acompanha, consti
tuem um chamamento permanente ao dever e fornecerão
um tema perpétuo para as conversações apologéticas que
a mulher saberá entabular com tacto e prudência. Emi·
tirá, talvez, uma observação sobre uma verdade ouvida,
permitir-se•á uma discreta alusão pessoal, fará o seu pe
queno comentário para uso do marido obstinado. Ela irá
assim acumulando na alma rebelde os motivos de conver
são. Com o andar do tempo, haverá, por fim, uma gota
de água que fará o vaso trasbordar. Talvez que, uma noi
te, ele desate a chorar, como aquele jovem marido que
pedia à mulher que, no dia seguinte, <<O levasse ao seu
confessor».
Este golpe final dar-se-á, talvez, por ocasião de uma
circunstância solene, como, por exemplo, quando da pri
meira comunhão de um dos filhos. Aconselhado pela mãe,
na véspera do grande dia, o anjo, todo aureolado de pu
reza, lança-se nos braços do pai e declara-lhe que <<a sua
felicidade seria incompleta se faltasse alguém à Mesa San
ta». Muitas vezes esta tentativa tem sido coroada de
êxito.
De outras vezes, a 'hora da graça surge após uma pro-
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dido descobrir, antes do casament(), as opiniões sectárias
dum rapaz. Ser,Jhe,ia necessário, para dissimu)á,Jas, uma
força de hipocrisia e uma- diplomacia de que poucos jo,
vens são capazes. Mas não terão os pais sido impruden,
tes? Pensaram eles talvez, que, ��tendo de fazer vista
grossa a qualquer coisa», podiam por então sacrificar a
religião, sob pretexto de que «a filha se encarregaria de
converter o marido».
:Por seu lado, a noiva partilhava também este opti
mismo. Na ilusão do seu amor por aquele pretendente
encantador, em quem ela via todas as qualidades excepto
uma, julgava ela que lhe bastaria falar para ser ouvida e
que dentro de pouco este lobo estaria transformado em
cordeiro . . . Fizemos noutro lugar justiça a estes sonhos
generosos que têm muitas vezes desfechos bem cruéis (1).
A experiência ensinará à pobre jovem que certas almas
endurecidas não se deixam :f.àcilmente penetrar. Ela deve•
rá então começar por uma custosa aprendizagem. Duran·
te longos anos, precisará de exercitar,se, sob o poder de
utn senhor muitas vezes impaciente e duro, nos sacrifí,
cios pela fé . É de esperar, todavia, que tantas canseiras
. .
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desde os primeiros instantes, contra esta tentação caíram
com o marido no abismo em lugar de o afastarem dele.·
Assim foi aquela castelã que, enganada a respeito dos
sentimentos do noivo, hábil em dissimular as suas ideias,
sentiu, após o casamento, uma decepção tão profunda que
toda a sua energia de resistência foi aniquilada. E a par,
tir de então, sem o mínimo protesto, deixou transfor;.
mar a sua nobre casa em covil de todos os sectários da
região e em cidadela do livre-pensamento.
Longe de quebrantar a sua coragem, a magnitude da
tarefa deveria, pelo contrário, tê-Ia estimulado. . . Para
ser-se bem sucedido é preciso tempo, muita paciência e
esforço, urna virtude de todos os instantes. Porque não
empreender então esta obra que não seria certamente
inútil, pois se, por acaso extraordinário, não chegasse à
conversão desejada, teria, em todo o caso, proporcionado
à esposa o imenso ·benefício da sua satisfação e aos filhos
o da sua salvaguarda espiritual?
Eis porque a jovem casada, suportando embora a
amargura do seu infortúnio, deve, apesar de tudo, ben
dizer a Providência pela situação que lhe reservou, Lan,
çando-se nos braços de Deus, vai entregar-se à sua tarefa•
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alma de católica. Este silêncio será um duro sacrifício que
ela oferecerá a Deus pelo êxito da sua causa.
Mas se a delicadeza deve ir até evitar com cuidado
extremo toda a espécie de polémica, a jovem casada não
deixará de afirmar, desde logo, o seu direito de manter
as suas práticas religiosas. Sob a orientação do seu di
rector de consciência, deverá ela ter estabelecido em mí
nimo de liberdade a exigir e sobre este mínimo será in
transigente. Ela porá assim a salvo a sua assistência à mis
sa dominical, recusando-se a acompanhar o marido em
qualquer deslocação matinal que lhe fizesse perder à mis
sa. Ela irá procurar o seu director de consciência que lhe
parecer necessário, mesmo se o marido, seguindo o exem
plo de certos anticlericais intratáveis, tentasse proibir-lhe
a confissão, sob o falacioso pretexto de que « não pode
admitir que terceira pessoa se venha intrometer nos seus
assuntos)), No entanto, se em certos casos a animosidade
do cônjuge fosse tal que a mulher não pudesse procurar
ostensivamente a direcção espiritual, ela deverá aproveitar
para consegui-la de qualquer pretexto banal para sair,
como fazia certa jovem casada que, sem assustar o m�
rido, nunca faltava à sua confissão mensal.
A mulher salvaguardará também o seu direito de
orar. Se o marido nunca ajoelha aos pés do Crucifixo,
tolerado apesar de tudo no quarto porque a mulher tem
isso a peito, não deixe ela, para afirmar os seus princí
pios, de dirigir, todas as noites, ao Divino Crucificado
uma homenagem de adoração exterior. Assim como os se
minaristas soldados, na camarata do quartel, fazem calar
os sorrisos e as conversas com o seu desassombro em ajoe
lhar ao pé do seu leito, assim esta esposa. cristã, dará
indefessamente ao marido uma silenciosa lição de cora
gem, cuja eloquência calará cada vez mais no seu coração.
Enfim, reserve-se sempre a mulher casada. a liberdade
de se aproximar da Sagrada Mesa. Quando solteira, tinha
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casada quiser que o seu filho receba a água lustral, é pro
vável que o marido o permita. Diante dos seus amigos
terá a desculpa sempre aceite: i<a mulher nem por um
decreto desistia disso» .
Esta primeira concessão à religião da esposa é uma
negação dos princípios chamados ccintangíveis» do espí
rito ateu. Esta loção baptismal é um passo que tem por
efeito introduzir o recém-nascido numa sociedade, ofi
cialmente �onstituída, de que o pai, apesar das suas ne
gações, não é mais do que um trânsfuga. Mesmo que te
nha recusado assistir ao baptismo, consentirá - ele parti
dário da «religião, assunto íntimo» - em encorporar o
filho na jerarquia cristã e reconheceu, ao aceitar o Sa
cramento para um filho inconsciente, a inanidade das
afirmações laicas, que pretendem que o homem tem a
<<liberdade» de ser ou de não ser religioso. Sem dar por
isso, no dia em que a piedosa esposa tiver conseguido do
marido o co�sentimento para o baptismo dos seus recém
-nascidos, terá gan:ho sobre ele uma primeira vitória mui
to importante.
Agora, vai a mãe educar cristãmente este membro de
Cristo, da mesma forma que· vai fazer baptizar e educar,
doravante, os outros filhos que lhe virão. O marido,
que fez a concessão fundamental, não poderá furtar-se
à� consequências que ela comporta. A m ãe pronunciará
diante dele os doces nomes de Jesus e de Maria, juntará
as duas mãozitas do pequerrucho . . . E ---'-- coisa curiosa! -
o amor paterno, reencontrando os seus direitos imporá,
silêncio ao ódio à fé, neste homem intratável, que sabo
reará o prazer e o :brio de ouvir o seu filho balbuciar as
suas pnmettas orações.
Depois chegará a ocasião de começar a instrução re
ligiosa. Se for hábil, quantas lições de dogma e de moral
não terá- a mãe ocasião de dar ao pai por intermédio do
filhoL . . E, frequentemente, não serão os ouvidos do pe•
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filhos uma educação religiosa. Como baptizados, eles
aceitaram os encargos da vida cristã e é necessário dar
-lhes os meios de os cumprir. Ora, só uma formação
católica as poderá colocar em condições favoráveis à
sua perseverança.
Ela mostrar-lhe-á em seguida que, procEdendo de
harmonia com os ditames da fé, ele servirá mdhor os
seus interesses; Pois não terá de toda a vantagem em
ter filhos honrados, trabalhadores e puros? Não sonha
ele em ter filhos e filhas dotados de todas as bdas vir.
tudes? Ora, qual será o ensino que lhes dará: o neutro
que não tem direito de falar nos Mandamentos de Deus,
ou o colégio cristão que não sõmente prega o dogma e
a moral mas ainda se esforça por pôr os actos dos seus
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d2 do marido ! Quantas súplicas não elevou ela até ao
Céu ! . . . quantas lágrimas não derramou! Mas logo que
era preciso aparecer diante dele, o sorriso voltava aos
lábios, ela havia retomado a sua meiga fisionomia, sen
tindo a sua coragem dez vezes aumentada pelo pensa
mento do êxito que se aproximava.
Por isso, que dedicação cega não vinha completar
a paciência e a renúncia ! Para conseguir o que desejava,
isto é, o regresso de seu marido a Deus, a mulher daria
de bom grado tudo que possuia, incluindo a própria
vida. Eis porque ela havia totalmente perdido o hábito
de dizer «não». Salvos os casos em que estava em jogo
qualquer princípio religioso, ela estava pronta a todas
as concessões para lhe ser agradável. Mas, ao mesmo tem
po, de que poder não eram revestidos os seus raros pe
didos! Como o marido se sentia embaraçado para con
ceder-lhe um favor que ela julgava oportuno solicitar !
A dedicação unida ià paciência, pode-se dizer, tinha or
ganizado sagazmente o cerco à fortaleza que mais tarde
ou mais cedo, abriria as suas portas ao sitiador . . .
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cordeiro à missa dominical. Ouve o sermão. . . A época
da Páscoa passará sem que a resolução se manifeste.
Deixará, talvez, passar mais vezes sem o resultado es
perado, até ao dia bendito em que, n uma felicidade sem
nuvens, o marido se ajoelhará à Mesa do Senhor, junto
daquela a quem tanto deve. Então aqueles dois corações
se dilatarão de alegria e ele, no meio de lágrimas de
reconhecimento e de pesar, compreenderá o que a mu
lher tantas vezes dolorosamente experimentou : «que não
se pode amar verdadeiramente quando se não tem a mes
ma fé».
Mas nem todas as casadas têm a imensa felicidade
de gozar assim do regresso da ovelha desgarrada. Algu
mas terão de esperar pelos últimos momentos do mari
do para darem a Deus o fruto das suas lágrimas. A doen
ça agrava-se. Sente-se que a esperança vai dissipar-se.
Com que suaves maneiras não lhe propõe a mulher a
vinda do sacramento cuja presença será um conforto, o
perdão, uma fonte de paz . . . E já que os meios humanos
não actuam, por que não' recorrer aos grandes remédios
do .Oeus da Bondade?
Tocado pela graça, o pecador inveterado deixa-se
manejar. O que são estas últimas conversas com o minis
tro sagrado, a suavidade desta absolvição, a pacificação
que nasce daquela Extrema-Unção, a alegria trasbor
dante daquela última Comunhão, só os sacerdotes que
assistem a semelhantes regressos e as · mulheres que so
luçam junto do leito do agonizante o poderiam dizer.
Di-lo-ão também, num eterno reconhecimento, os
que, .morrendo no Senhor graças aos méritos acumulados
pela sua piedosa mulher durante anos de luta perseve
rante, tiverem visto abrirem-se diante de si as portas
do Paraíso.
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Ao lado destas casadas que tiveram de suportar os
trabalhos da conversão dum pecador endurecido, outras
mulheres piedosas conhecem lutas doutro género mas
não menos dolorosas. O marido cristão que elas desposa,
ram cumulou,as de alegria durante anos e anos mas,
um dia, cede à tentação dos quarenta anos, de que tem
de suportar os terríveis assaltos.
É facto averiguado que, no período da idade madu,
ra, poucos seres humanos estão ao abrigo duma crise
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perar. A esta prudência natural ela acrescenta uma pru
dência sobrenatural que adquiriu com o longo hábito das
provações, no decurso das quais experimenta que «Deus
nunca abandona os que nEle esperam» (l).
Esta certeza do triunfo final, com a ajuda de Deus,
será confirmada no coração da esposa cristã por este sen
timento que multiplica a sua confiança: «tem por ela o
direito e a justiça)), A sua defesa é fácil, mesmo que o
marido viesse a repreendê-la dos seus actos. «Que não
foi sempre perfeita, reconhece-o de boamente, mas, pelo
menos, permaneceu .fiel aos seus juramentos». Nesta luta,
ela pôs-se do lado da honra. Como poderia o marido
replicar a tais argumentos?
Nada tendo de razoável a objectar à mulher, ele
refugiar-se-á, provàvelmente, na táctica do silêncio. Re
cusará ouvir as suas prudentes e sempre afectuosas re
preensões . . . A mulher não deverá insistir porque antes
de mais deve evitar ferir. Sem se formalizar, esperará
pela hora e pelo momento em que o marido «terá ouvi
dos para ouvinJ, certa de que as circunstâncias, mais dia
menos dia, o obrigarão a dar-lhe a atenção: ele ver-se-á
obrigado, nesse momento, a reconhecer o bem direito.
Ela sente-se tanto mais certa do triunfo da sua cau
sJ, quanto é assistida, para a defenderem, dos advogados
poderosos que são os seus filhos. Alguns, já crescidos e
de espírito suficientemente amadurecido para compreen
derem a situação que lhes foi. criada, saberão, a conselho
da mãe, dizer, no momento oportuno e com a devida
circunspecção, pa1avras que se cravarão como dardos no
coração do pai. Assim, a afectuosa queixa duma filha
extremecida, cuja candura e graça eram encantadoras,
abriram os olhos dum pai transviado e mostraram-lhe o
erro que ele cometia calcando aos pés a honra . e os sen-
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{ 1 ) Gen. U, '-3·
{2) Math . , XIX, 6.
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CAPíTULO TERCEIRO
O APOSTOLADO SOCIAL
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solo. Pois unia-se ela a um companheiro para ficar em
.:asasàzinha todas as noites? ! E, antes do que contrariar
:tmulher, o jovem marido priva-se da reunião a que pro
jectara assistir. E quando a ela tiver faltado duas ou três
vezes, perderá por elas todo o interesse. Eis como, após
o casamento se eclipsam da vida pública tantos homens
de bem que, bem aconselhados pela mulher, teriam bri
lhado nas organizações católicas e teriam realizado ma
ravilhas.
A jovem casada deve compreender o seu papel de
forma inteiramente diversa. Ela só terá desempenhado
capazmente a sua missão quando tiver exercido junto
do marido o «apostolado social». Ela deverá criar em si
própria convicções nesta matéria, reflectindo naquele fac
to de verificação quotidiana que «Se cada qual, do seu
degrau, desse a mão aquele que está no degrau inferior,
a ascensão de todos produzir-se-ia irresistivelmente>>. Se
há tantos pobres seres que caem, é porque ninguém os
aguentou na queda e se, uma vez por terra, continuam
a arrastar-se, é por que ninguém pensa em dar-lhes a
mão para que se levantem. E, no entanto, Deus disse :
«Amarás o teu próximo como a ti mesmo».
'
Estas considerações sugerirão à mulher casada re
soluções de carácter social, tanto mais ardentes, quanto
sublinhadas por um sentimento de mui natural e legí
tima ambição. Pois não deseja a mulher para o seu ma
rido respeito e boa reputação? Não gostaria ela, por ven
tura, de vê-lo rodeado do reconhecimento da popula
ção? . . . que se dissesse dele: «é um :benemérito » ?
Eis porque, calcando aos pés a s sugestões d o seu
egoísmo, e compreendendo que o seu dever coincide,
como sempre, com o seu verdadeiro interesse, a esposa
cristã não deverá hesitar em lançar o marido no cami
nho da dedicação e da prática bem entendida da ca
ridade.
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serta física, intelectual e moral. E se, por vezes, vem a
saber da existência da miséria, não lhe vem à cabeça
que tem o dever de lhe acudir, podendo-o fazer.
A um tal marido, a mulher procurará, não sem cus
to e sem · certas precauções oratórias, incutir pruden
temente, primeiro o pensamento e depois o gosto do zelo
-exterior. Mas, como os melhores ensinamentos são dados
pelo exemplo, a j ovem casada procurará dar ao marido
lições práticas. E desde então, por que não há-de ela ocu
par-se em obras femininas? Ela pode dispor de tempo
livre: empregá-lo-á, pois, em confeccionar trabalhos para
as igrejas pobres ou para as famnias sem recursos. Ela
SJi todas as manhãs: irá visitar qualquer pobre. Ela tem
o seu supérfluo: lançá-lo-á no seio dos infelizes. Dentro
de pouco, o marido, admirado e edificado, compreende
rá que não pode ficar atrás da mulher em questões de
zelo e de caridade: sentir-se-á absolutamente disposto
à aprendizagem da dedicação.
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lhe não fizesse compreender que faltaria ao seu dever
fugindo ao sacrifício.
Faz�lhe ver, com efeito, a utilidade, para o país, de
chefes católicos, profundamente dedicados à causa de
Deus. Quantas vezes um presidente da câmara cristão
não tem sido o braço direito do pároco para manter
uma paróquia no caminho do bem! Se pois, um homem
sério e sobrenatural não tem razões graves para se suh�
trair aos cargos públicos, não deve hesitar em aceitá�los.
Estes primeiros argumentos não serão talvez sufi�
cientes para vencer os escrúpulos do marido. Ele julga�
�se incapaz, incompetente. A mulher deverá então fazer�
�lhe ver que as pessoas sem religião, .partidárias do lai�
cismo, não terão tantos receios. Precipitar�se�ão ardoro�
samente, talvez sem a mínima preparação e sem prepa�
ração especial, sobre a honra que ele enjeita e servir�se�
�ão dele · para fazer triunfar o erro, elemento destruidor
do bem social. Aos inimigos da Igreja pouco importa
muitas vezes servir bem ou mal o país, desde que ino�
culem nos corações o veneno do seu ódio contra Deus.
Um marido desejoso do bem não hesitará em ace�
der a estes incentivos fazendo um sacrifício generoso.
Sente�se tanto mais disposto a dedicar�se quanto se sente
mais apoiado e secundado, nos rudes trabalhos a que
se compromete, pela inteligência e vontade da sua mu�
lher. Pois ela compreende, essa mulher enérgica, que o
seu apostolado social junto do marido está ainda simples�
mente a despontar · e que ela deverá, com o mesmo es�
quecimento de si própria, com as mesmas maneiras de
ver cristãs, · e sobretudo com uma coragem sempre cres�
cente, ser, se um dia for preciso, a mulher dum depu�
tado ou dum senador católico, numa hora em que, ter
tal título representa uma honra tão rara quão perigosa •
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O apostolado social junto do marido não devetá
absorver toda a atenção e cuidados da mulher casada
cristã. Ela deverá lembrar-se de que tem a exercer uma
influência não menos benéfica junto d_os seus filhos.
A educação, com efeito, não deve limitar-se apenas
ao tempo presente. A mãe não deve limitar as suas am
bições, no que respeita aos filhinhos, a conseguir deles
um juízo e bom comportamento «actuais)), Deve ver mais
longe e querer para eles um futuro cheio de honra e
dignidade. Na criança contempla já ela o homem e este
homem ela deseja-o rodeado de respeito e difundindo à
, sua volta uma irradiação salutar. Eis porque se preocupa
com fazer compreender aos seus filhos e filhas que,
sacrificando-se hoje, obedecendo, aprendendo as suas li
ções, aplicando-se a obras de caridade e de zelo, renun
ciando a si mesmos, trabalham para o futuro. Ela repete
-lhes sem cessar que a sua juventude é a primavera da
vida durante a qual semeiam e que a sua idade madura
será o verão durante o qual recolherão . . . que esse verão
só terá valor pela energia e perseverança empregadas
no arroteamento. Deverão, eles, pois, inclinar-se desde já
sobre o seu sulco, animados pela ideia de que, um dia,
o seu campo se encherá duma magnífica seara.
Os novos compreendem perfeitamente esta lingua
gem. Evidentemente que não será à primeira que eles
apreenderão todo o alcance de tais palavras. Mas, se os
pais tiverem a paciência de lhas repetir sob todas as for
mas, se aproveitarem das menores ocasiões para porem
em relevo estas verdades aos olhos do seu atento auditó•
rio, conseguirão criar, na alma dos seus filhos, um ideal
de acção e de influência familiares e sociais que será a
mola da sua existência. Os professores que têm expe
riência da juventude escolar notam fàcilmente entre os
seus alunos aqueles em quem a família inoculou ideais
e sentimentos a respeito dÓ futuro. Esses jovens ardo-
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rosos e entusiastas .foram a categoria dos trabalhadores
encarniçados, que se distinguem do numeroso bando dos
preguiçosos, sempre imprevidentes do dia de amanhã.
A mãe não deverá limitar o seu apostolado junto
dos filhos ià exposição dos aspectos gerais do assunto.
Deverá entrar em pormenorizações que a inteligência
jovem, ávida de real, conservará cuidadosamente e me
ditará com facilidade, porque os pormenores terão cha
mado a sua atenção. Tratar-se-á das diversas carreiras
que se podem abrir a cada um d.eles. Considerar-se-ão
lealmente os inconvenientes e as vantagens de cada si
tuação, não tanto no aspecto pecuniário ou honorífico
como no aspecto cristão. Ver-se-á, por exemplo, se em
tal ou tal mister se estará em condições de fazer maior
bem ao próximo, se há mais facilidade de viver em famí
lia, de educar filhos, de salvar a alma . . . Como são feli
zes os filhos a quem pais esclarecidos ensinaram a julgar
as coisas do seü futuro, .fazendo-os considerar pelo seu
verdadeiro aspecto, aquele que está voltado para a eter·
nidade.
Nesta enumeração das carreiras futuras, a mãe não
esquecerá o ((Sacerdócio». Dissemos largamente, noutra
parte, de que maneira se deve falar, em que espírito se
deve tocar neste assunto, as .precauções que se devem to
mar quando dele se trata, os escrúpulos que se não devem
ter em conta. Consagrámos um capítulo inteiro de Futu
ros Sacerdotes «ao papel da família» no recrutamento
sacerdotal ( 1) .
Meditem essas páginas, onde se expõem os conse
lhos a seguir, os pais solícitos de ver germinar as vo·
cações no seu lar, as mães sobretudo, cuja influência,
mais íntima, é muitas vezes também mais decisiva sobre
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o coração dos seus filhos; esforcem-se eles, com todo o
tacto, prudência e entusiástica boa vontade, a conquis
tar, na medida do possível, ministros para Nosso Se
nhor Jesus Cristo. Terão então, suscitando mais um sa
cerdote, desempenhado na igreja o mais autêntico «apos
tolado social». Tem-se dito, com efeito, que o povo cris
tão vale o que valem os sacerdotes. Quando das nossas
melhores famílias sair um escol cada vez mais numeroso
de jovens decididos a fazer reinar Nosso Senhor e a
repelir, com todas as forças, o paganismo laico, apare
cerá então, por toda a parte, graças ao zelo das esposas
cristãs, esta alegre renovação da fé e da pureza por que
anelam todos os que ardem de zelo pela glória de Deus .
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dar, onde vivem em promiscuidade com toda a criada
gem do prédio ali deitada a monte. Que saiam ou en
trem, que se divirtam ou discutam, pouco preocupa a
senhora, contanto que, iàs oito horas do dia seguinte, a
criada de quartos venha, de avental branco, pôr ao pé
da cama, a bandeja com o almoço e que o automóvel
do patrão esteja às ordens às sete e três quartos . . . Para
estes rapazes e raparigas «de condição», como se dizia
outrora, não há domingos nem actos de culto. Já não se
fala da missa nem das vésperas, porque às horas a que
são, as ocupações não permitiriam uma ausência; mas o
cinema, esse, quando os criados pedem para ir, dá-se-lhes
autorização porque, hoje em dia, a �<criadagem exige-o».
Não será sem custoso tra'balho que a mulher cristã
conseguirá endireitar estes degenerados costumes. Ser,
-lhe-á mister dar provas de uma ·firmeza pouco vulgar
para remar contra a maré das ideias feitas em matéria de
disciplina de criados, para opor-se aos hábitos munda
nos e «preocupar-se» de verdade com os criados que, pr�
vàvelmente, a não ajudarão na sua tarefa, sendo a na,
tureza humana inimiga como é do esforço, e tão incli,
nada ao prazer. Mas a sua inquebrantável perseveran,
ça, couraçada de admirável jeito, se não permitirá qual,
quer descanso até que tenha criado nas almas dos seus
servos, aquela admirável qualidade que se chama <<bom
espíritOJJ,
A primeira condição do êxito para a mulher casa,
da é «escolherll os seus criados. Esta escolha é difícil,
hoje em dia, p�is os candidatos são cada vez mais ricos.
Mas, se a dona de casa não puder fazer a sua escolha
à primeira, deverá ir aos poucos. É certo que não tem
muito por onde escolher, mas é-lhe sempre possível fa,
zer a · escolha pouco a pouco, eliminando a todo o transe
toda a pessoa que lhe parecer duvidosa, moral ou re,
ligio�mente. Dia virá em que a mulher cristã após ex-
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penencias infelizes, conseguirá servos cristãos, de fé sin
cera e coração recto. Nessa altura, deverá fazer tudo
por conservá-los e preservá-los do perigo de perda. Ver·
-dadeiro «encanto do lar» para o marido e para os .filhos,
seja-o também a dona de casa para os seus servos, pela
·excelência das suas virtudes. Procure mantê-los junto
de si, conquistar a sua confiança, conhecer todos os seus
trabalhos e sofrimentos, as suas esperanças, as suas ilu.
sões e as suas desilusões; fale-lhes da religião e relem·
bre-lhes os seus preceitos; não lhes falte com os socor
ros espirituais. A prudente dona de casa, formará, ao
mesmo tempo, estes auxiliares dedicados aos trabalhos
do lar, aperfeiçoando-os o melhor que puder na ciência
e na prática dos seus deveres do estado.
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entristecer mas não para desanimar. Se não conseguiu
conquistar boas vontades, esforçou-se ao menos por fazer
bem. Os seus louváveis esforços granjearam-lhe méri
tos e atraíram-lhe as bênçãos do Céu. Se a «lição de de
dicação aos servos» não foi tomada por aqueles a quem
era dirigida, marcou, para o futuro, aos filhos, a quem
era indirectamente destinada, o dever de patrões cristãos .
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serviços notáveis. •Pode lamentar-se que certas regtoes
da França, !ll e por vezes não das menos católicas, acu
sam verdadeiro atraso neste movimento. Para obviar às
misérias morais e físicas, sempre crescentes, do traba
lhador, é de esperar que a eflorescência da caridade vá
aumentando cada vez mais com o tempo, sdb a inspira
ção destas mulheres admiráveis, sempre prontas a se
cundar o marido quando se trata de socorrer os seus mais
humildes colaboradores.
Mas esta actividade de grande estilo não está ao
alcance de todas as mulheres casadas. A maior parte
não pode ir além de uma influência mais modesta. O
marido está à .frente de um modesto negócio; tem ao seu
serviço dois ou três operários, um só guarda-livros . . . ou
então contrata poucos jornaleiros na sua exploração agrí
cola os quais vêm ajudar nas ocasiões de maior azáfama
como nas ceifas, debulhas ou vindimas.
Nem por ser mais restrito o bem a realizar deverá
a mulher renunciar ao seu apostolado social. Ela saberá
pensar as feridas, se o trabalhador ficar ferido ; tratá-lo
e proporcionar-lhe remédios se cair doente; aconselhar
a mulher e assistir-lhe se vier a· ser mãe. Esta dona de
casa servir-se�á da sua experiência, dos seus conheci
mentos e do seu dinheiro para conquistar, por meio de
tratamentos caridosos, a alma tão preciosa <<dos mais
pequeninos dentre aqueles que são membros de Nosso
Senhor Jesus Cristol>.
Quantas mulheres, santas, inteligentes e delicadas,
não granjearam, à sua volta, uma popularidade perfuma
da de doçura ! Que lição de esquecimento de si próprias
n�o dão elas a certas mundanas que, ricas e podendo dis
por do seu tempo e recursos, não seriam capazes de le-
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vantar um dedo para prestar um serviço a um necessi,
tado! Mas estas mães admiráveis e profundamente educa,
doras sentiam,se felizes sobretudo por darem aos seus
filhos e filhas um precioso ensino, dando,lhes a prova pal,
pitante daquela verdade que <mão há condições, por mais
modestas que sejam, em que nos não possamos sacri.ficar
por alguém mais pequeno do que nós)) ,
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estabelecer,se a parte do pobre. Mas esta reserva não
teria qualquer significação se os filhos ignorassem que
esta oferta só pode ser reservada na medida em que é
fruto dos seus sacrifícios ou privações. Se não virem apa,
recer na mesa as sobremesas finas, os bocados rebusca,
dos, os frutos temporões, os mimos supérfluos que tantos
arrebatam dos mercados por alto preço, compreenderão
que é graças a esta economia que a família pode chegar
a oferecer algo do seu alimento aos famintos. E, em se
proporcionando a ocasião, a mãe não deixará de vincar
a lição, sugerindo aos seus filhos que renunciem a este
ou aquela gulodice para ir levá,la a um doente ou in·
feliz.
Os filhos compreenderão admiràvelmente estes en,
sinamentos. A mãe será, até, algumas vezes, obrigada a
. moderar,lhes os ímpetos no capítulo das privações, por
tal modo o ímpeto generoso é grande nas almas sim,
pies e puras.
A estas lições de mortificação caridosa, a esposa
cristã acrescentará a da dedicação aos pobres. Ela irá ha,
bituando, pouco a pouco, os seus a dar da sua própria
pessoa. Quantos cristãos, hoje em dia, não conhecem do
cc apostolado social» senão apenas aquele gesto que con,
siste em deitar uma nota ou uma moeda numa bandeja ! . . .
que nunca pensaram que fariam muito melhor indo eles
próprios a casa daqueles para quem dão esse dinheiro que
eles fariam acompanhar de palavras saídas do coração.
Este desconhecimento do dever, não o consentirá a mãe
solícita, que não deixará cair a caridade dos seus filhos
nesta fácil apatia.
Ela enviará o seu próprio filho a casa da família
pobre para lhe entregar a esmola : animá,lo,á a insere,
ver,se, não sàmente na conferência de S. Vicente de
Paulo mas também na Juventude Católica, fazendo,lhe
compreender a honra que isso constitui para o jovem
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que faz parte destes grupos de escol, dos círculos de es
tudo ou das obras post-escolares de toda a espécie. 1!-se,
às vezes, dolorosamente surpreendido com o desdém que
certos filhos-família com boa posição manifestam pelas
associações de juventude, p_elos círculos juvenis , sob pre
texto de que ((desceriam de categoria, se neles ingressas
sem». Uma mãe verdadeiramente cristã e zelosa jamais
tolerará nos seus filhos semelhantes maneiras de pensar.
Não deverá ela insistir menos junto das filhas para
que embelezem a sua vida com as obras de apostolado . . .
Mandá-la-á, em pessoa, distribuir aos pobres os vestidos
que elas confeccionaram com as suas próprias mãos. Por
que razão não haveria esta mesma rapariga, que se exer
cita nas ocupações domésticas, de ir à mansarda do quin
to andar fazer a cama à pobre velha que lá jaz doente?
Por que não haveria ela de ir ali arrumar aquele miserá
vel cubículo, como fazem as Irmãs da Caridade? Por que
não haveria ela de remendar a roupa da pobrezinha e
de prestar-lhe mil pequenos serviços?
A mãe não deverá contentar-se com exercitar as
suas filhas nos trabalhos da caridade; inculcar-lhes-á,
como fez com os filhos, o desejo do zelo apostólico. Fará
com que elas se coloquem à disposição dos sacerdotes
para o ensino do catecismo, não se importando receber
em casa crianças a quem explicarão a lição fazendo-as
recitá-la; terão prazer em prestar o seu concurso nos pa
tronatos e ali olhar pelas meninas da escola que lá são
recebidas às quintas e aos domingos; filiar-se-ão nas Con
gregações de piedade, dando o exemplo às outras asso
ciadas; a conselho da mãe, que as impele a todas as de
dicações procurarão formar-se na prática da renúncia para
o alargamento do reino de Deus.
Os filhos, assim formados no exercício das virtudes
caridosas estarão prontos a corresponder a todos os apelos
que lhe forem feitos em prol do. bem. Os organizadores
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paganismo, que nos oferece o nosso pobre país laiciza•
do (1), surge uma destas esposas verdadeiramente cristãs.
forma-se à sua roda como que uma <<ilhota de santida
de» no meio do oceano da corrupção modema. Que estas
ilhotas se multipliquem, se estendam e, ligando-se umas às
outras, ocupem todo o solo da França ! Na verdade, só a
reconstrução cristã da família pode criar uma sociedade
nova. Será essa - assim o esperamos - a obra de salva
ção que realizarão, nos nossos infelizes dias, as mu
lheres casadas que quiserem ser verdadeiramente o «en·
canto do lar)).
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INDICE
PREFACIO . . . . .. ... 5
PRIMEIRA PARTE
MOTIVOS DE SIMPATIA
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guarda da fidelidade. - Inimigos da fidelidade
conjugal. - Honestidade do ieito nupcial. - A
continência. - A aceitação dos deveres conjugais.
- O desejo de ser mãe. - Amor do sacrifício. -
Abandono à Providência. - Valor educativo da fa·
mília numerosa. - Aptidão dos' fi!hos para receber
a formação. - A segurança das famílias numero
�
s � s. - �pirito de �fé. - A páciência. - Paciên·
c1a . . . ate a .abnegaçao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . 92
SEGUNDA PARTE
CAUSAS DE AVERSÃO
TERGEIRA 'PARTE
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Deixar-se conduzir. - O Santo Sacrifício da Mis
sa. - A Comunhão, ·participação no Sacriffcio.
- A oração. - O exame particular. - A con-
fissão regular e bem preparada. O Rosário. . . . zro