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ÍNDICE

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Índice 1
Introdução 3
CAPÍTULO I : O ACTO DE COMUNICAÇÃO 4
1.1. Formas de Linguagem 4
1.2. Elementos de Comunicação 4
1.3. Funções da Linguagem 5
CAPÍTULO II: DISCIPLINAS QUE ESTUDAM A LINGUAGEM VERBAL 7
2.1. Fonética 7
2.2. Fonologia 7
2.3. Sintaxe 7
2.4. Lexicologia 7
2.5. Semântica 8
CAPÍTULO III: FONÉTICA E FONOLOGIA 9
3.1. Os Sons da Língua 9
3.2. A Sílaba 11
3.3. Sinais Auxiliares da Escrita 12
CAPÍTULO IV: LEXICOLOGIA 16
4.1. Relações entre Palavras 16
4.2. Formação de Palavras 17
4.3. Famílias de Palavras 19
4.4. Onomatopeia 19
CAPÍTULO V: MORFOLOGIA 20
5.1. A CLASSE DO NOME 20
5.1.1. Subclasses do Nome 21
5.1.2. Flexão 21
5.1.3. O Grau 23
5.2. A CLASSE DO ADJECTIVO 24
5.2.1. Flexão 24
5.2.2. O Grau 25
5.3. A CLASSE DO DETERMINANTE 27
5.3.1. Determinante Artigo 27
5.3.2. Determinante Possessivo 28
5.3.3. Determinante Demonstrativo 28
5.3.4. Determinante Interrogativo 29
5.3.5. Determinante Indefinido 29
5.3.6. Determinante Numeral 30
5.4. A CLASSSE DO PRONOME 32
5.4.1. Pronomes Pessoais 32
5.4.2. Pronomes Possessivos 35
5.4.3. Pronomes Demonstrativos 35
5.4.4. Pronomes Indefinidos 36
5.4.5. Pronomes Interrogativos 36
5.4.6. Pronomes Relativos 37
5.5. A CLASSE DO VERBO 38
5.5.1. Flexão 38
5.5.2. As Subclasses do verbo 42

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5.5.3. Classificação do Verbo quanto à Flexão 42
5.5.4. As Conjugações 43
5.5.5. Formas Especiais de Conjugação 44
5.6. A CLASSE DO ADVÉRBIO 45
5.6.1. Os Advérbios 45
5.6.2. Locuções Adverbiais 45
5.6.3. Subclasses do Advérbio 45
5.6.4. Formação do Advérbio de Modo 46
5.7. A CLASSE DA PREPOSIÇÃO 47
5.7.1. Preposições mais Frequentes 47
5.7.2. Locuções Prepositivas 47
5.8. A CLASSE DA COMJUNÇÃO 48
5.8.1. Locuções Conjuncionais 48
5.8.2. Subclasses: coordenativas e Subordinativas 48
5.9. A CLASSE DA INTERJEIÇÃO 49
5.9.1. Algumas Interjeições e Locuções Interjectivas 49
5.10. EXERCÍCIOS DE ANÁLISE GRAMATICAL 50
5.10.1. Dois Exemplos 50
CAPÍTULO VI: SINTAXE 51
6.1. Definição de Sintaxe 51
6.2. Tipos de Frases 51
6.3. Elementos Fundamentais da Oração: Sujeito, Predicado, Complemento 53
6.4. Concordância entre os Elementos da Oração 54
6.5. Ordenação do Sujeito/Predicado e dos Verbos/Complementos 54
6.6. Discurso Directo/Indirecto 54
6.7. Complemento agente da passiva 55
CAPÍTULO VII: AS CONJUGAÇÕES 56
7.1. Verbos auxiliares. ESTAR, HAVER, SER, TER 57
7.2. Verbos regulares: CANTAR, CORRER, DISCUTIR 61
7.3. Conjugação reflexa. LAVAR-SE 67
7.4. Conjugação pronominal: LAVÁ-LO 68
7.5. Verbos irregulares 69

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INTRODUÇÃO

1. A presente Gramática Básica da Língua Portuguesa tem sido escrita


resumindo os conteúdos de duas Gramáticas utilizadas no Ensino Básico de
Portugal:
a. Gramática da Língua Portuguesa, 2º Ciclo do Ensino básico,
Porto Editora, 1996, da autoria de Maria Beatriz Florido e Maria Emília
Duarte da Silva;
b. Gramática Portuguesa, Ensino Básico, 2ª edição, Europress, da
autoria de José Maria Relvas.

2. O método utilizado pelos autores é de apresentar uma frase concreta e


guiar os alunos à descoberta dos diferentes tipos ou classes de palavras e
das várias relações e funções que as palavras vão estabelecendo entre si
para completar as frases, os períodos, o texto ou o discurso.
São também elaboradas algumas definições das classes de palavras para
ajudar o aluno a aprender conceitos e termos básicos da metalinguística, a
ciência que elabora os vocábulos utilizados no estudo das Línguas.

3. A gramática é uma reflexão sobre a Língua: depois da Gramática do


Crioulo Guineense, os alunos e professores recebem agora esta
Gramática Básica da Língua Portuguesa.
Uma das tarefas do nosso Ensino bilingue é ajudar a perceber as
semelhanças e as diferenças entre o Crioulo Guineense e o Português, a fim
de aprender melhor os dois códigos linguísticos e corrigir os normais
“erros” no início da aprendizagem do Português, que são causados pelas
várias interferências do Crioulo Guineense .
Por isso é preciso que os professores guiem os alunos falantes de Crioulo
Guineense a reflectir sobre as diferenças que existem entre as duas
Línguas; em particular:
a. A flexão dos nomes e dos adjectivos e as suas concordâncias;
b. A conjugação dos verbos e a concordância com os pronomes pessoais
sujeito;
c. A pronúncia diferente das vogais e de algumas consoantes;
d. O uso diferente das preposições, dos demonstrativos, do grau dos
adjectivos ….
Nalgumas partes desta Gramática é indicada a página da Gramática do
Crioulo Guineense que ajuda a detectar essas diferenças: aos professores e
aos alunos cabe a tarefa de completar as notações e de acrescentar algumas
partes da Gramática que foram esquecidas.

Pe. Luigi Scantamburlo

Bubaque 18 de Junho de 2007


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CAPÍTULO I

O ACTO DE COMUNICAÇÃO
1.1. Formas de linguagem

Os homens, na sua vida em sociedade, comunicam através da LÍNGUA.


Existem várias formas de linguagem:

- Linguagem verbal: a que se realiza através da fala.


- Linguagem não verbal: quando se realiza através de gestos, sons, cores.

Ex: os gestos do sinaleiro, o fumo, as cores das bandeiras, o som das ambulâncias…

- Linguagem mista: é a linguagem que se realiza simultaneamente através de elementos


verbais e não verbais.

1.2. Elementos da comunicação

1.2.1. Emissor/Receptor /Mensagem

Em cada acto de comunicação verbal, reconhecemos os seus participantes:

- Emissor ou Locutor: é aquele que emite a mensagem


- Receptor ou Interlocutor: é aquele que recebe a mensagem.
- Mensagem: é a cadeia sonora produzida pelo emissor e que contem as informações a
transmitir.

1.2.2. Código
Numa situação de comunicação, para que esta se efectue é preciso que o receptor
conheça o código utilizado pelo emissor.

Código: é o conjunto dos signos ou palavras com os quais, segundo certas regras, se
transmite a mensagem.

Os sinais que utilizamos na linguagem verbal chamam-se signos linguísticos.

O signo linguístico é constituído pelo significante e pelo significado:

- Significante: sequência dos sons que pronunciamos ou que representamos por letras na
forma escrita da língua.
ex. b a n a n a s

- Significado: aquilo que, através do significante, queremos referir ou significar: o fruto


tão gostosos que se chama banana:

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1.2.3. Contexto
Geralmente existem dois contextos: Contexto situacional e contexto referencial.

- Contexto situacional: o conjunto de relações entre emissor e receptor (maior ou menor


grau de familiaridade) e ainda as circunstâncias de lugar (o aqui do emissor) e o tempo
(o agora do emissor) em que o acto verbal se desenrola.

- Contexto referencial: o conjunto dos objectos a que a mensagem se refere (por ex. o
relógio está atrasado): o relógio é o objecto a que a mensagem se refere, quer dizer é o
referente:

1.3. Funções da linguagem

O homem através da linguagem estabelece a comunicação e revela as suas intenções e o


seu mundo interior; enfim a linguagem é um instrumento de realização de finalidades
variadas. Podemos assim falar das funções da linguagem:

1.3.1. Função informativa


Texto
Há muitos anos, há dezenas e centenas de anos havia um certo lugar da Dinamarca, no
extremo Norte do país, perto do mar, uma grande floresta de pinheiros, tílias, abetos e
carvalhos. Nessa floresta morava com a sua família um Cavaleiro. Viviam numa casa
construída numa clareira rodeada de bétulas. E em frente da porta de casa havia um
grande pinheiro que era a árvore mais alta da floresta.
(Sophia de M. Andersen, O Cavaleiro da Dinamarca)

Neste texto, o emissor preocupa-se em enformar acerca de um local, salientando alguns


dos seus aspectos mais importantes: é a função informativa (dos jornais, livros
didácticos…).

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1.3.2. Função apelativa
Texto
E abriram-se todas as luzes, muitas brancas e azuladas, sobre a arena do circo.
À porta já Dona Esperancinha começara a vender os bilhetes cor de laranja ou verdes,
conforme os lugares:
- É entrar! É entrar! Minhas senhoras e meus senhores, as crianças não pagam
nada!
(Matilde Rosa Araújo, O Palhaço Verde)

No parágrafo em negrito no texto, o emissor procura agir sobre o receptor, influenciá-lo,


convencê-lo a adoptar uma determinada actuação: nele predomina a função apelativa,
que é predominante nos textos de publicidade, avisos ou pedidos e que tem as marcas
seguintes:
- a presença do imperativo;
- a selecção de vocabulário apropriado e redução de alguns elementos na frase.

1.3.3. Função expressiva ou emotiva


Texto
E gaguejou com pudor envergonhado:
Saudades terríveis… Nem calculas de quê… dessa coisa grosseira que se chama
bacalhau com batatas… Duma boa bacalhoada com grelos… Imagina!… Ah! meu
amigo! São estas pequenas coisas miseráveis que suscitam os grandes movimentos
espirituais. O da saudade, por exemplo…
(José Gomes Ferreira, Aventuras de João Sem Medo)

No texto, o emissor revela emotivamente o seu estado de espírito. nele predomina a


função expressiva ou emotiva, que se revela com estas marcas:
- a presença de interjeições e reticências (…), para atirar a atenção;
- a presença de repetições e adjectivação que traduz uma apreciação por parte do
emissor.

1.3.4. Função poética


RODA NA RUA
Roda na rua, a roda do carro
Roda na rua, a roda das danças
A roda na rua rodava no barro
Na roda da rua rodavam crianças
O carro, na rua.

Na função poética o emissor joga com a linguagem para prazer seu e do receptor:
ex. as poesias e as canções com as marcas de repetição de sons, de palavras, efeitos
rítmicos…

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CAPÍTULO II

DISCIPLINAS QUE ESTUDAM A LINGUAGEM VERBAL


A linguística é a ciência que estuda a linguagem verbal.
Na linguística cabem diversas disciplinas cada uma das quais se debruça sobre aspectos
diferenciados da organização e do funcionamento duma língua.
Assim, podemos distinguir as seguintes disciplinas linguísticas: fonologia/fonética,
morfologia, sintaxe, lexicologia e semântica.

2.1. Fonética

É a disciplina que se ocupa das propriedades físicas e acústicas dos sons tal como são
realmente produzidos no discurso.
Os sons utilizados na linguagem verbal fornecem-nos informações sobre:
- Tipos de fonemas (vogais e consoantes), a intensidade com que são realizados (sons
tónicos e átonos).
- A combinatória dos fonemas em sílabas, vocábulos.

Na forma escrita os sons são representados por letras – os grafemas.


Aos grafemas juntamos outros sinais gráficos (acentos, sinais de pontuação, til,
cedilha): as regras para bem escrever uma língua são reguladas pela Ortografia.

2.2. Morfologia

É a disciplina que estuda a formação das palavras de uma língua, isto é, as diversas
formas que uma mesma palavra toma nas mensagens e os significados ligados a esta
variação.

Ex: o gato/a gata; os gatos/as gatas.

2.3. Sintaxe

É a disciplina que estuda as categorias ou classes de palavras, o lugar que ocupam na


frase, as relações que contraem entre si e as funções que desempenham.
O objecto do estudo da sintaxe é: as categorias ou classes, as relações e as funções.

Ex: O André comprou um cão.


O pertence à categoria ou classe do determinante.
André pertence à categoria ou classe do nome.

Entre O e André há uma relação de particular acordo ou concordância que faz com que
constitua um bloco no conjunto da frase.
- O André desempenha a função de sujeito da frase.

2.4. Lexicologia

É a disciplina que estuda os elementos constitutivos das palavras, dos significados que
estes contêm e das normas por que se combinam.

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As palavras de uma língua apresentam uma estrutura ou organização própria com
elementos próprios por cada língua, que se combinam adequadamente.

Ex: feliz/infelizmente
in é prefixo e mente é sufixo
O léxico é o conjunto das palavras de uma língua que são reunidas no dicionário.

2.5. Semântica

É a disciplina que estuda o significado das palavras e das unidades maiores (frases e
textos).

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CAPÍTULO III

FONÉTICA E FONOLOGIA
3.1. Os sons da língua
Para produzir os sons da linguagem falada, o homem possui um aparelho fonador que se
compõe das seguintes partes:
laringe
faringe
fossas nasais
boca

Há na laringe uma espécie de pregas chamadas cordas vocais que, postas em vibração
pela acção do ar expelido pelos pulmões, produzem os sons.
A faringe é uma cavidade em forma de funil, que põe em comunicação a laringe com as
fossas nasais e a boca.
As fossas nasais e a boca, que são as últimas cavidades do aparelho fonador, acabam de
modificar e articular a voz.
Da acção combinada da laringe com a faringe, fossas nasais e boca, é que resultam os
sons com que se formam as palavras.
A língua, a abóbada palatina, os dentes e os lábios, influem bastante na modificação dos
sons.
(Gramática do Crioulo Guineense, pag. 6-8)

3.1.1. Vogais e consoantes


A palavra bicicleta é constituída por um conjunto de sons que, na língua escrita, se
representam por letras (vogais: i/i/e/a/ e consoantes: b/c/c/l/t).

3.1.1.1. As vogais podem ser orais ou nasais:


são orais as vogais das palavras
pá, pele, vivo, tua
porque, ao pronunciá-las, o som sai todo pela boca.

São nasais as vogais das palavras


rã, tem, fim, tom
porque, ao pronunciá-las, o som sai pela boca e pelo nariz.

A tua irmã foi visitar o avô e a avó, depois de ter visto a corrida de bicicletas.
Na palavra i r m ã
/i/ é uma vogal oral, porque o som passa apenas através da cavidade bucal.
/ã/ é uma vogal nasal, porque o som passa através da cavidade bucal e da cavidade
nasal.

- As vogais a, e, o podem ser abertas, fechadas e surdas:


a aberto: dado, àquele
a fechado: cada
a surdo: nora
e aberto: terra, prédio
e fechado: pena
e surdo: dote
o aberto: pote, módico
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o fechado: fogo, lodo
o surdo: estado

3.1.1.2. As consoantes opõem-se às vogais pelo facto de os sons das consoantes são
proferidos com aperto do canal vocal e são vozes constritas (os sons das vogais são
proferidos sem aperto do canal vocal, são vozes livres).

CLASSIFICAÇÃO DAS CONSOANTES

OCLUSIVAS CONSTRITIVAS
CLASSES surdas sonoras surdas Sonoras
palatais C, Q, K G Ch, X J, Lh, Nh
dentais T D S (Ç) Z, R, N, L
labiais P B F V, M

Oclusivas ou explosivas chama-se por se pronunciarem rapidamente, com o ar que bate


nalguma parte da boca.
Constritivas ou contínuas chamam-se por serem de pronúncia demorada, com o ar que
passa através da boca sem interrupção.
L e R são consoantes líquidas porque se pronunciam combinadas com a consoante que
as acompanha: plano, prado, lhe.

3.1.1.3. O valor de algumas consoantes


C é palatal, se é seguida de a, o, u ou de consoante: casa, cova, cura, crivo.
C é dental, se é seguida de e, i: cedo, cigarro.
G pronuncia-se como J, antes de e, i: gente, giz.
Q é sempre seguida de u, que se pronuncia, como nas palavras tranquilo, quatro, ou não
se pronuncia, como nas palavras que, queda, queijo, quinhentos.
R tem dois valores, um forte e áspero, quando está no princípio da palavra, ou dobrada,
ou ainda depois de consoante (rapaz, terra, honra), outro brando, quando está no fim
da palavra, ou entre vogais, ou ainda depois de consoante, pertencente à mesma sílaba
(fazer, moral, perdão).
X tem cinco valores: CH (xadrez, caixa), S (exceder, Félix), Z (exame), SS (próximo,
auxiliar), CS (anexo, fixo, sexo).
K, W, Y: usam-se com símbolos (kg) ou em nomes estrangeiros (Kant, Byron).
Z inicial de palavra ou de sílaba ouve-se como em zelo (constritiva dental sonora), no
fim de palavra ou de sílaba ouve-se como s, nas palavras atroz, audaz (constritiva dental
surda).
Na língua portuguesa há consoantes homófonas, as que têm som igual (o que não
acontece com o nosso alfabeto do Crioulo Guineense e também do Crioulo de Cabo-
Verde), que é fonémico, quer dizer “a um som corresponde um signo gráfico”):
s, ç, c, ss: saco, Eça, Macedo, massa
s, z: liso, azedo
Consoantes geminadas: não se escrevem consoantes geminadas a não ser rr, ss que
conservam, entre vogais, o som surdo ou forte, como nas palavras barro, russo.

3.1.2. Ditongos
São grupos de duas vogais que se pronunciam de uma só vez.

pai/pão
/ai/ é formado por vogais orais: é um ditongo oral.

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DITONGOS ORAIS
ai pai oi boi
au mau ói herói
ei rei ou dou
eu meu iu fugiu
éu céu ui fui

/ão/ contém uma vogal nasal, /ã/: é um ditongo nasal.

DITONGOS NASAIS
ãe mãe
ão mão
õe põe

3.1.3. Alfabeto
É a sequência de 26 letras que utilizamos na escrita portuguesa:

A BCDEFGHIJKLMNOPQRSTUYXYWZ
a b c d ef g h ij k l m n op q r s t u y x y wz

3.2. A Sílaba

3.2.1. Divisão silábica


ga li nha
A palavra galinha tem três sílabas: ga, li, nha.
O que é a sílaba?
É cada segmento pronunciado numa só emissão de voz e formado por vogal, por
ditongo, ou por vogal e ditongo em combinação com uma ou mais consoantes.

3.2.2. Classificação das palavras quanto ao número de sílabas.


Quanto a número de sílabas, as palavras podem classificar-se em:
- Monossilábicas: uma só sílaba. Ex: cão
- Dissilábicas: duas sílabas. Ex: pa to
- Polissilábicas: com mais de duas sílabas. Ex: te sou ro.

3.2.3. Translineação
Na escrita, quando há necessidade de dividir uma palavra para translineação, a divisão
faz-se, geralmente, por soletração, isto é, respeitando a divisão silábica:

Ex: ga – to ca – ne – ca Ri – car – do

Há algumas normas a observar:

- No caso de duas consoantes seguidas, só passa uma para a linha seguinte:


Ex: Ri – car – do,
ad – jun – to,
a – dap – tar,
ab – so – lu – to

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- Porém passam as duas consoantes para a linha seguinte, se a segunda for l, r ou h,
respeitando-se assim, a divisão silábica:
Ex: nau – fra – ga – dos,
da – ni – nho,
re – cla – mar.

Obs:exeptuam-se algumas palavras cujos prefixos terminam em b:


Ex: sub – lu – nar)

- Quando as consoantes são iguais, separam-se obrigatoriamente:


Ex: pro – fes – so – ra,
cor – rer,
pas – sar

- No caso de duas consoantes seguidas, se a ultima não for l, r ou h, a divisão faz-se


sempre antes da ultima consoante:
Ex: trans – por – te,
em – ble – ma

- Nas palavras com hífen, quando o corte coincidir com ele, este repete-se na linha
seguinte:
Ex: couve-
-flor

3.2.4. Sílaba tónica / Sílaba átona

Sílaba tónica: é a sílaba que é pronunciada mais forte.


Ex: na palavra janela, ne, é a sílaba tónica

Sílaba átona: é a sílaba que é pronunciada menos forte.


Ex: na palavra janela, as sílabas já e la são sílabas átonas.

3.2.5. Classificação das palavras quanto à posição das sílabas tónica.

Conforme a posição da sílaba tónica, as palavras podem classificar-se em agudas,


graves, e esdrúxulas.
Ex: avó: a sílaba tónica é a ultima: palavra aguda ou oxítona.
caneca: a sílaba tónica é a penúltima: palavra grave ou paroxítona
mérito: a sílaba tónica é a antepenúltima: palavra esdrúxula ou proparoxítona.

3.3. Sinais auxiliares da escrita

3.3.1. Em português, usam-se três acentos: agudo, grave, e circunflexo.


cafés: acento agudo
à: acento grave
três: acento circunflexo

Nota: Os acentos agudos e circunflexos só aparecem em sílabas tónicas e o acento


grave, que é pouco usado, nunca aparece em sílabas tónicas.

3.3.2 Algumas regras de acentuação gráfica

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- Acentuação das palavras esdrúxulas
Todas as palavras esdrúxulas se acentuam:

a. Com acento agudo, se a vogal da sílaba tónica for a, e ou o abertos, i ou u;


Ex: sábado, comércio, pórtico

b. Com acento circunflexo, se a vogal da sílaba tónica for fechada.


Ex: câmara, pêssego, ciência

- Acentuação das palavras graves

a. São acentuadas as que terminam em i ou u seguidos de s.


Ex: lápis, ónus

b. Em ão e ã seguidos ou não de s.
Ex: órgão (s) órfã (s)

c. Em um e uns.
Ex: álbum / álbuns

d. Em l, n, r e x.
Ex: túnel, Cármen, açúcar, Félix

e. Também são acentuadas as que têm na sílaba tónica i ou u precedidos de uma vogal
com que não formam ditongo.
Ex: saída, viúva, saúda

e. São ainda acentuadas:


As formas verbais que poderiam confundir-se com outras do mesmo verbo:
Ex: falámos / falamos, dêmos / demos, pôde / pode

As palavras que poderiam confundir-se com outras que se escrevem da mesma maneira,
mas não são acentuadas graficamente:
Ex: pára / para, pêlo / pélo / pelo

As formas verbais:
crêem (verbo crer) lêem (verbo ler) dêem (verbo dar)

- Acentuação das palavras agudas


São acentuadas as terminadas:

a. Em a, e ou o abertos ou fechados seguidos ou não de s:


ex: pá(s) café(s) avó(s) avô você português
b. Em i ou u seguidos ou não de s, quando precedidos de vogal com que não formam
ditongo:
ex: caí, país, baú (s)

c. Em ditongos -ei, -oi, ou -eu seguidos ou não de s:


ex: chapéu, faróis, papéis

d. Também são acentuados os polissílabos terminados em -em e -ens:


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Ex: armazéns, alguém

Nota: O Verbo pôr é acentuado com acento circunflexo. Os seus derivados não o são:
Ex: compor, propor, dispor, repor

3.3.3. Til
O Til (~) emprega-se sobre o a e o para indicar que estas vogais ou os ditongos de que
fazem parte são nasais.
Ex: órfã, sermões

3.3.4. Cedilha
A cedilha (,) coloca-se debaixo da letra c /ç/, antes de a, e u, passando assim aquela
letra a representar o som /s/:
ex: raça, açucena, terço

3.3.5. Hífen
O hífen (-) emprega-se:
- Para indicar a divisão silábica na translineação;
ex: secre-
taria

- Para ligar a preposição de às formas monossilábicas do presente do indicativo do


verbo haver:
ex: hei-de, hás-de

- Para ligar os pronomes enclíticos às formas verbais, quando eles as seguem ou neles se
intercalem;
ex: lavo-me, lavar-te-ei

- Para ligar ocasionalmente o encadeamento de dois vocábulos;


ex: o desafio Portugal - Espanha

- Para ligar palavras compostas por justaposição:


ex: guarda-fatos, cor-de-rosa

- Em palavras derivadas por prefixação:


Ex: além-mar, bem-aventurado, vice-presidente, sem-cerimónia

3.3.6. Sinais de pontuação


Os sinais de pontuação destinam-se a marcar, na língua escrita, as pausas e a entoação
da língua falada: eis os sinais de pontuação usados na língua escrita:

a. O ponto (.) marca o fim de uma frase de tipo declarativo e corresponde-lhe uma
pausa longa.

b. A Virgula (,) marca uma pausa breve e usa-se para separar:


- elementos de uma enumeração (ex: O João comprou livros, cadernos, lápis e uma
pasta.);
- O vocativo (ex: Nuno, fecha a porta.);
- Os complementos circunstanciais, de um modo geral (ex: Ontem, a tarde, estive na
biblioteca.);
- Algumas orações coordenadas (ex: O João queria sair, mas está a chover.)
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- Algumas orações subordinadas (ex: Quando tu chegaste, já tinha jantado);
- Emprega-se, ainda para evitar a repetição desnecessária de um verbo (ex: A Rita
comprou uma blusa; a mãe, uma saia; a irmã, uns sapatos.)

c. O ponto e vírgula (;) frequentemente marca o fim de uma frase e corresponde-lhe


uma pausa mais ou menos longa.

d. Os dois pontos (:), a que corresponde uma pausa longa, empregam-se para:
- introduzir uma situação (discurso directo ou não) (ex: O Salvador leu em voz alta:
“Estava em dia de sol…”);
- anunciar uma enumeração (ex: Fui ao supermercado e comprei bananas, laranjas,
limões e peras.);
- introduzir uma explicação (ex: A Maria chorava convulsivamente: o cão tinha
desaparecido.).

e. O ponto de Interrogação (?) assinala uma frase interrogativa e a sua entoação;


corresponde-lhe uma pausa longa. (Ex: Já viste, hoje, o Luís?)

f. O ponto de exclamação (!), assinala uma frase exclamativa e a sua entoação;


corresponde-lhe também uma pausa longa. (Ex: Que linda passagem!)

g. As reticências (…) marcam uma pausa correspondente a uma interrupção ou


suspensão da mensagem. (Ex: Eu bem gostava…)

h. As aspas (« ») empregam-se para:


- marcar o início e o fim de citações (ex: Lá diz o ditado «quem tudo quer, tudo perde»);
- salientar uma palavra ou expressão na frase (ex: A palavra «mesa» é um substantivo.)

i) Os parênteses ( ) servem para isolar uma palavra ou mais palavras, ou até uma ou
mais frases, no conjunto de um texto; corresponde-lhe uma pausa mais ou menos longa.
(Ex: O que eu sei (e penso que estou certa) é que o Armando não tem culpa.)

j. O travessão (-), a que corresponde também uma pausa mais ou menos longa, serve
para:
- no diálogo, introduzir, em discurso directo, a intervenção de um locutor:
ex: o pai gritou:
- Sai daí.
- isolar uma palavra ou outros elementos, num texto: (Ex: O que ela queria - penso eu -
era um chocolate.)

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CAPÍTULO IV

LEXICOLOGIA

4.1. Relações entre palavras

4.1.1. Sinonímia / Antonímia

- As palavras “velozmente” e “rapidamente” têm um significado equivalente ou


semelhante: são palavras sinónimas.

Nota: a sinonímia entre palavras é sempre uma relação de equivalência meramente


aproximativa.

- Aquele comboio é grande e este é pequeno.


As palavras grande e pequeno têm significado oposto: são palavras antónimas.
A relação de antonímia ocorre particularmente no domínio do adjectivo, mas também
tem lugar nas outras classes de palavras.

4.1.2. Campo Lexical


A semana tem sete dias: segunda-feira, terça-feira, quarta-feira, quinta-feira, sexta-
feira, sábado e domingo.

As palavras em negrito relacionam-se entre si, porque se referem todas às mesma área
da realidade (dias da semana): por isso, constituem um campo lexical.

4.1.3. Homofonia
O conserto dos sapatos foi caro.
Os G.N.R. deram um concerto extraordinário.
As palavras em negrito, embora tenham a mesma pronúncia, têm grafias e significados
diferentes: são palavras homófonas.

Outras palavras homófonas:


acento (sinal gráfico) – assento (da cadeira)
cegar (dos olhos) – segar (erva)
concelho (área administrativa) – conselho (dar um bom conselho)
era (verbo ser) – hera (planta)
paço (do Bispo) – passo (verbo passar ou passada)

4.1.4. Homografia
O João sabia o poema de cor.
A Rita adora a cor azul.
As palavras em negrito, embora tenham a mesma grafia, têm pronúncias e significados
diferentes : são palavras homógrafas.

Outras palavras homógrafas:


governo (nome) – governo (verbo governar)
pregar (um prego) – pregar (um sermão)

16
4.1.5. Homonímia
O banco da cozinha é alto.
Fui ao banco levantar o dinheiro.
As palavras em negrito, embora tenham a mesma grafia e pronuncia, têm significados
diferentes: são palavras homónimas.
Outras palavras homónimas:
amo (verbo amar) – amo (senhor)
canto (verbo cantar) – canto (esquina)
dó (pena) – dó (nota musical)
nós (pronome) – nós (plural de nó)
cabo (do exército) – cabo (de um instrumento)

4.2. Formação de Palavras

4.2.1. Palavras primitivas


Está um lindo dia de sol, os banhistas devem ter cuidados com as insolações.

A palavra sol não se formou a partir de qualquer outra palavra: é uma palavra
primitiva.
A palavra insolações formou-se a partir da palavra primitiva sol.

4.2.2. Processos de Formação por Derivação

- por prefixação:
É um desgosto ir a praia sem sol.
Na palavra desgosto podemos distinguir dois elementos:
des + gosto
des: é o elemento que se junta à palavra primitiva para, com ela, formar uma nova
palavra: é o prefixo: desgosto é uma palavra derivada por prefixação.

- por sufixação
As crianças brincam alegremente na praia.
Na palavra alegremente podemos distinguir dois elementos:
alegre + mente
mente: é o elemento que se junta à palavra primitiva para com ela formar uma nova
palavra: é um sufixo.

- Por vezes, o sufixo não se junta à palavra primitiva inteira, mas apenas ao seu radical
(elemento que contém o significado base da palavra):
ex: ferreiro (ferr + -eiro)

- Há palavras que se formam simultaneamente com prefixo e sufixo:


insolação (in + sol + -ação)

- Prefixos e Sufixos mais frequentes:

SIGNIFICADO DO PREFIXO PREFIXO EXEMPLO

passagem para um estado, tendência a- adoçar


em- empobrecer

17
negação a- acéfalo
an- analfabeto
des- desleal
in- injusto
oposição anti- antipatia
contra- contradizer
repetição re- reler
intensidade, superlativação extra- extraordinária
sobre- sobre-humano
super- superabundante
ultra- ultramoderno
posição (no espaço ou no tempo) além além-mar
ante- antepor
pré- prever
sob- sobpor
sobre- sobretudo
movimento im- imigrar, importar
ex (e-) emigrar, expor
número uni- uniforme
bis-(bi-) bisneto, bípede
quadru- quadrúpede

SIGNIFICADO DO SUFIXO SUFIXO EXEMPLO

acção, resultado dela -ada dentada


-ar centrar
-dura mordedura
-gem lavagem
agente, o que pratica -(a)nte ajudante
-dor caçador
-ista masoquista
-iz aprendiz
-or pintor
qualidades ou estados -dade bondade
-ez rapidez
-eza firmeza
-ia valentia
-ice velhice
-ura brancura
-vel amável
colecção -ada passarada
-agem folhagem
-al laranjal
-ario casario
-edo olivedo
-ai penedia
profissão -eiro ferreiro
-ista jornalista
naturalidade -ão beirão
-eiro brasileiro
-ense guineense

18
-ês português
-io algarvio
-ol espanhol
-oto minhoto

4.2.3. Processo de Formação por Composição

- por justificação
O arco-íris tem sete cores.
Arco-íris é um vocábulo formado de duas palavras que se uniram conservando cada
uma delas a sua forma: é uma palavra composta por justaposição.

- por aglutinação
O João pôs vinagre na salada
Vinagre é uma palavra formada por duas palavras que se uniram, mas que aparecem
mais ou menos profundamente alteradas na sua forma: é uma palavra composta por
aglutinação.
vinagre (vinho + agre)

4.3. Famílias de palavras

embarcar, barqueiro, embarque e embarcação

são palavras formadas a partir da palavra primitiva barco: constituem, por isso, uma
família de palavras (diferente do campo lexical, n. 4.1.2, pag. 12)

4.4. Onomatopeia

Algumas palavras imitam os sons produzidos por animais, objectos ou fenómenos


naturais: chamam-se palavras onomatopaicas ou onomatopeias.
Ex: tilintar, ribombar, au-au

19
CAPÍTULO V

MORFOLOGIA

5.1. A CLASSE DO NOME

O nome é a palavra com que designamos ou nomeamos os seres, objectos em geral,


qualidades abstractas, acções ou estados:
As canoas dos Nhomincas são de madeira.
O saber não ocupa lugar.

5.1.1. Subclasses do nome

5.1.1.1. Nomes comuns e nomes próprios


Há nomes como Douro e Porto que se referem a pessoas ou coisas bem definidas: são
nomes próprios.
Outros como rio e cidade referem pessoas ou coisas não individualizadas – são nomes
comuns.

5.1.1.2. Nomes colectivos


São nomes que no singular, designam um conjunto de seres da mesma espécie.
ex: pomar (o conjunto das árvore de fruto)
Outros colectivos:
alcateia (de lobos)
arquipélago (de ilhas)
banda (de músicos)
cacho (de bananas, de uvas…)
cáfila (de camelos)
cambada (de malandros e, no Brasil também de caranguejos, de chaves, etc.)
cancioneiro (conjunto de canções, de poesias líricas)

5.1.1.3. Nomes concretos e nomes abstractos


A beleza desta estátua é extraordinária.
O nome estatua designa um objecto do mundo físico: é um nome concreto.
O nome beleza designa uma realidade que não pertence ao mundo físico: é um nome
abstracto.

5.1.2. Flexão

5.1.2.1.Género masculino e feminino

O nome gato pertence ao género masculino.


O nome gata pertence ao género feminino.
Os nomes variam em género masculino e feminino conforme referem o masculino ou
feminino dos seres que designam.

- Formação do Feminino
gato / gata

20
Os nomes em que a forma feminina é diferente da masculina designam-se biformes
(quanto ao género)
a. Regra geral: o feminino dos nomes obtém-se substituindo o -o final do masculino por
-a:

b. Nos nomes terminados em consoantes obtemos o feminino acrescentando-lhe -a:


Ex. camponês / camponesa leitor / leitora.

c. Alguns nomes terminados em -or formam o feminino em -eira.


ex: cantador /cantadeira
d. Outros, dentre os terminados em –dor e –tor, mudam estas terminações em –triz.
Ex: actor / actriz imperador / imperatriz embaixador / embaixatriz

Nota: o nome embaixador tem duas formas de feminino:


- embaixatriz (esposa do embaixador)
- embaixadora (mulher que chefia embaixada)

e. Nos nomes terminados em –ão, obtemos o feminino mudando essa terminação:


- em -ã (ex: anão/anã; irmão/irmã; órfão/órfã)
- em -oa (ex: leitão/leitoa; leão/leoa)
- em -ona (ex: intrujão/intrujona; mocetão/mocetona)
- em -ana (ex: sultão/sultana)

Nota: dentro de nomes terminados em -ão, há alguns que não seguem nenhum daqueles
três processos de formação.
Ex: cão/cadela; zangão/abelha; ladrão/ladra; lebrão/lebre; perdigão/perdiz;
tecelão/tecedeira

f. Alguns nomes, que designam títulos de nobreza e dignidade, formam o feminino com
as terminações -esa, -essa e -isa.
Ex: abade/abadessa; barão/baronesa; sacerdote/sacerdotisa; prior/prioresa.

g. Há casos particulares na formação do feminino:


Ex: avó/avô; compadre/comadre; frade/freira; herói/heroína; infante/infanta;
mestre/mestra; poeta/poetisa; rapaz/rapariga; rei/rainha; padrinho/madrinha; réu/ré;
pai/mãe; boi/vaca; bode/cabra; padrasto/madrasta.

- Nomes uniformes
o pianista / a pianista
a cobra / a cobra
a pessoa / a pessoa
Há nomes animados que têm uma só forma para ambos os géneros: são nomes
uniformes (quanto à flexão do género)

O género dos nomes uniformes pode, algumas vezes, ser revelado ou indicado:
- pelas palavras macho/fêmea, agregadas aos nomes cujos referentes são seres
animados não humanos.
Ex: víbora macho / víbora fêmea; águia macho / águia fêmea.

- nos nomes pelo determinante e/ou adjectivo:


ex: o inocente / a inocente; o emigrante / a emigrante; o intérprete / a intérprete; o
dentista / a dentista; o jovem alto / a jovem alta.
21
- há nomes uniformes que, embora sendo gramaticalmente do género masculino ou do
género feminino, não permitem identificar o sexo do ser que referem.
Ex: o algoz, a criança, o bebé
a testemunha, o indivíduo, a pessoa
o carrasco, a criatura, a vítima.

- há nomes cuja significação varia com a mudança de género.


Ex: o cabeça / a cabeça; o guarda / a guarda;
o caixa / a caixa; o lente / a lente.

5.1.2.2. O número
O nome toma formas diferentes para exprimir plural e o singular: é a flexão em
número.
s é a marca do plural dos nomes.
Regras da formação do plural dos nomes:

- Quando a forma de singular dos nomes termina em vogal ou ditongo, obtemos o plural
acrescentando-lhe -s:
Ex: cavalo / cavalos; chapéu/chapéus

- Quando a forma de singular dos nomes termina em consoante, obtemos o plural


acrescentando-lhe -es:
Ex: rapaz / rapazes

- Nas palavras portuguesas terminadas em -ão, distinguimos três modalidades de


formação de plural:
acrescentamento de -s (mão / mãos; cidadão / cidadãos)
mudança de ão em ães (capitão / capitães; pão / pães)
mudança de ão em ões (fogão / fogões; leão / leões)

- tom / tons
Quando a forma do singular dos nome terminam em –m, obtemos a forma do plural
mudando –m em –ns:
Ex: nuvem / nuvens; jejum / jejuns; som / sons
Nota: a mudança de m em n explica-se apenas por uma questão de ortografia.

- Ex: lençol / lençóis; cordel / cordéis:


Quando a forma do singular dos nomes termina em -al, -el, -ol, -ul, obtemos a forma do
plural mudando essas terminações, respectivamente, em -ais, -eis, -óis, -uis.
Ex: animal/animais; papel/papéis; caracol/caracóis; farol/faróis; paul/pauis

Quando a forma do singular dos nomes termina em:


-il tónico, obtemos a forma do plural mudando -il em -is;
-il não tónico, obtemos a forma do plural mudando -il em -eis.
- Ex: funil / funis; réptil /répteis

Nota: há nomes que no plural, mudam a vogal tónica o de fechado para aberta.
Ex: abrolho, caroço, contorno, jogo, miolo, posto, reforço, troço, ovo, olho…

Todavia há outros nomes que conservam o timbre fechado da vogal tónica.


Ex: acordo, adorno, bolo, dorso, encosto, engodo, moço, piloto…
22
- O lápis / os lápis
Há nomes que tem uma só forma para o singular e para o plural: uniforme (quanto ao
número): neles, o número é indicado pelo determinante.
Ex: o ourives / os ourives

- Há nomes que só se usam no plural:


Ex: óculos, alvíssaras, núpcias, arredores, calças, exéquias, pêsames, algemas.

5.1.3. O grau

Cão, cãozinho, canzarrão


O nome pode apresentar gradações diferentes no seu significado:
- Grau normal: cão, casa, boca.

- Grau aumentativo, se a significação do nome é exagerada ou intensificada:

Ex: casarão, chapelão, bocarra, canzarrão


A expressão do grau é realizada por sufixos, tais como: -ão, -arrão, -aço.

- Grau diminutivo, se a significação é atenuada ou valorizada afectivamente.


Ex: boquinha, chapéuzinho, casinha, cãozito

A expressão do grau é realizada por sufixos, tais como: -inho, -ito.

Nota: o diminutivo emprega-se frequentemente para exprimir carinho ou afectividade.


Ex: filhinho

23
5.2. A CLASSE DO ADJECTIVO

À classe do adjectivo pertencem as palavras que designam qualidades ou propriedades


atribuídas aos objectos nomeados pelos nomes.
Os adjectivos concordam em género e número com os nomes que se referem.

5.2.1. Flexão

5.2.1.1. O género e o número


a neve é branca e leve
o vidro é branco e leve
as rosas são brancas
o teu fato é simples
os teus fatos são simples
- O adjectivo branco tem duas formas, uma para o masculino e outra para o feminino: é
um adjectivo biforme quanto a flexão em género.
- O adjectivo leve tem uma só forma para ambos os géneros: é um adjectivo uniforme
quanto a flexão em género.
- O adjectivo branco tem duas formas, uma para o singular e outra para o plural: é um
adjectivo biforme quanto a flexão em número.
- O adjectivo simples tem uma só forma para o singular e o plural: é um adjectivo
uniforme quanto a flexão em número.

Nota: O adjectivo toma a forma de masculino, feminino, singular ou plural de acordo


com o género e o número do nome a que se refere: relação de concordância.

5.2.1.2. A Formação do Feminino e do Plural dos Adjectivos

a) Formação do feminino:

Nos adjectivos biformes obtemos o feminino segundo as mesmas regras dos nomes.
-o é a marca do masculino / -a é marca do feminino
o macaco é atrevido / a macaca é atrevida

No entanto, há algumas particularidades, como, por exemplo:


- em alguns adjectivos que na forma do masculino terminam em –eu, obtemos o
feminino mudando essa terminação em –eia:
europeu/europeia

- os adjectivos bom e mau apresentam no feminino, respectivamente, as formas boa e


má.

b) Formação do Plural
os macacos são brincalhões /as macacas são brincalhonas.
- O plural dos adjectivos forma-se, em geral, como o dos nomes: -s é a marca do plural.

- Nos adjectivos compostos, geralmente só o último elemento é variável.


Ex: ciências histórico-filosoficas
cidadãos luso-brasileiros

24
Notas:
- no entanto, diz-se os meninos surdos-mudos.
- os adjectivos compostos por adjectivo-substantivo são invariáveis.
Ex: casacos verde-azeitona; cavalos puro-sangue

- nos adjectivos cuja vogal tónica é o fechado, a formação do feminino e do plural é


acompanhada pela abertura do timbre dessa vogal (alternância vocálica).
Ex: bondoso / bondosa, bondosos / bondosas
morto / morta, mortos / mortas

5.2.2. O Grau

a) Aquele prédio é alto


b) Aquele prédio é mais alto do que o do lado
c) Dos prédios daquela avenida, os da frente são os mais altos
d) Este prédio é altíssimo
- Em a) a forma alto é um adjectivo que exprime simplesmente a qualidade sem referir a
sua intensidade: é o grau normal do adjectivo.
- Em b) o adjectivo alto está acompanhado de uma expressão (mais… do que) que
permite estabelecer uma comparação entre os dois objectos designados pelos nomes,
possuindo ambos a mesma qualidades em questão, mas em grau diferente de
intensidade: é o grau comparativo do adjectivo.
- Em c) a expressão os mais altos realça a qualidade atribuída pelo adjectivo aps
prédios, relacionando-os, sob esse aspecto, com todos os outros prédios: é o grau
superlativo relativo.
- Em d) a forma do adjectivo altíssimo exprime a qualidade atribuída ao prédio no seu
grau mais elevado de intensidade sem estabelecer qualquer relação com os outros
prédios que igualmente possuam a mesma qualidade: é o grau superlativo absoluto.

a) Os graus dos adjectivos

- Grau normal:
Ex: o prédio é alto

- Grau comparativo:
estabelece a comparação entre seres ou objectos que possuem, em diferente grau de
intensidade, a mesma qualidade designada pelo adjectivo.
de Superioridade: ex: Este prédio é mais alto do que aquele.
de Inferioridade: ex: Aquele prédio é menos alto do que outro.
de Igualdade: ex: Este prédio é tão alto como aquele.

- Grau Superlativo absoluto:


exprime a qualidade no seu mais elevado grau sem estabelecer qualquer relação entre os
seres e objectos que a possuem.
Sintético: O prédio é altíssimo.
Analítico: O prédio é muito alto.

- Grau superlativo relativo:


exprime a qualidade atribuída a um dado objecto ou ser nos graus mais elevado ou
menos elevado em relação à intensidade com que está presente no conjunto dos objectos
ou seres referidos pelo nome.

25
de Superioridade: ex: Este prédio é o mais alto de todos.
de Inferioridade: ex: Este prédio é o menos alto de todos.

Normalmente, o superlativo absoluto sintético forma-se acrescentando ao adjectivo o


sufixo -issimo.

- No entanto, há adjectivos que sofrem algumas modificações antes de se lhes


acrescentar o sufixo:

adjectivos terminados em -el


ex: amável / amabilíssimo; agradável / agradabilíssimo; cruel / crudelíssimo

adjectivos terminados em -z
ex: féliz / felcíssimo; capaz / capacíssimo; audaz / audacíssimo.

- Há casos em que o superlativo sintético se forma com o sufixo -érrimo.


Ex: célebre / celebérrimo; pobre / paupérrimo

- Noutros ainda, o superlativo absoluto sintético forma-se como sufixo -ílimo.


Ex: fácil / facílimo; difícil / dificílimo; humilde / humílimo

5.2.2.1. Casos Particulares de Comparativo e Superlativo


Em alguns casos particulares a expressão do grau é feita por meio de palavras
diferentes:

NORAMAL COMPARATIVO SUPERLATIVO


bom melhor óptimo
mau pior péssimo
grande maior máximo
pequeno menor mínimo
alto superior supremo
baixo inferior ínfimo

26
5.3. A CLASSE DO DETERMINANTE

DETERMINANTES NOME
estes automóveis
os automóveis
os teus automóveis
alguns automóveis
dois automóveis
aqueles automóveis

Estes, os, os teus, alguns, dois, aqueles, precedem o nome automóveis e concordam com
ele em género e número: são determinantes.
Pertencem à classe do determinante as palavras que apresentam as seguintes
características:

- têm geralmente uma flexão em número e género;


- mantêm com o nome dois tipos de relações: relação de posição (precedem o nome) e
relação de concordância (tomam as marcas do número e do género do nome)

Nota: podem aparecer combinações de dois ou mais determinantes:


Ex: Todos aqueles sete rapazes são os meus irmãos.

- Subclasses: a classe dos determinantes agrupa palavras muito variadas que se


repartem por varias subclasses:
artigo
possessivo
demonstrativo
interrogativo
indefinido
numeral

5.3.1. Determinante artigo

- Artigo definido
O jardim tem muitas flores
As rosas e os cravos estão bonitos
As palavras em negrito precedem nomes que referem seres ou objectos tomados como
bem identificados ou individualizados: são artigos definidos.
o, a, os, as são palavras que pertencem à classe dos determinantes a que damos o nome
de artigos definidos.

- Artigo indefinido
Um jadim, para ser bonito, deve ter uns canteiros bem cuidados.
As palavras em negrito precedem nomes que referem objectos ou seres não
individualizados pelo emissor – são artigos indefinidos.

Uma, um, umas, uns: são palavras que pertencem à classe dos determinantes a que
damos o nome de artigos indefinidos.

27
Determinantes Artigos

SINGULAR PLURAL
DEFINIDOS o, a os, as
INDEFINIDOS uma, um umas, uns

5.3.2. Determinante possessivo

As minhas botas estragaram-se.


A palavra em negrito é um determinante que indica o possuidor do objecto a que o
nome se refere: é um determinante possessivo.
Os determinantes que indicam o(s) possuidor(es) do(s) objecto(s) a que o nome se refere
são determinantes possessivos.
O determinante possessivo indica o(s) possuidor(es) do(s) objectos(s) a que o nome se
refere distribuindo-o(s) pelas pessoas gramatical;

- meu indica que o possuidor é o emissor: 1ª pessoa gramatical;


- teu indica que o possuidor é o receptor: 2ª pessoa gramatical;
- seu indica que o possuidor é alguém que não é nem o emissor nem o receptor: 3ª
pessoa gramatical.

- O determinante possessivo refere um ou vários possuidores.


- O determinante possessivo ocorre geralmente precedido de artigo definido.
Ex: o meu amigo.

Formas do Determinante Possessivo

Um só SINGULAR PLURAL
possuidor MASCULINO FEMININO MASCULINO FEMININO
1ª Pessoa meu minha meus minhas
´2ª Pessoa teu tua teus tuas
3ª Pessoa seu sua seus suas

Vários SINGULAR PLURAL


Possuidores MASCULINO FEMININO MASCULINO FEMININO
1ª Pessoa nosso nossa nossos nossas
´2ª Pessoa vosso vossa vossos vossas
3ª Pessoa seu sua seus suas

5.3.3. Determinante demonstrativo

este e aquela são determinantes que permitem identificar os objectos a que nome se
refere, pois apontam directamente para eles ou mostram o lugar que eles ocupam:
este: junto do emissor
aquela: afastados do emissor e do receptor

Esses quadros estão desalinhados.


Esses situa os objectos junto do receptor

28
• Os determinantes que demonstram ou indicam a posição do objecto a que o nome se
refere em relação ao emissor e ao receptor, ou de qualquer modo identificam um objecto
presente nos contextos, são determinantes demonstrativos.

Forma do Determinante Demonstrativo

SINGULAR PLURAL
MASCULINO este, esse, aquele, estes, esses, aqueles,
o mesmo, outro, tal os mesmos, os outros, tais
FEMININO esta, essa, aquela, estas, essas,
a mesma, a outra, tal aquelas, as mesmas, as outras,
tais

5.3.4. Determinante interrogativo

Quantos carros tens e de que marcas são?

- Quantos é um determinante que introduz uma pergunta sobre a quantidade de pessoas


ou objectos designados pelo nome que precede.
- Que é um determinante que introduz uma pergunta sobre a categoria do objecto
designado pelo nome que precede.

Quantos e que são determinantes interrogativos, quer dizer são


determinantes que introduzem frases interrogativas (directas ou indirectas).

Formas do determinante Interrogativo

SINGULAR PLURAL
VARIAVEIS qual quais
quanto/a quantos/as
INVARIAVEIS que

5.3.5. Determinante Indefinido

Certas árvores têm a folha caduca; alguns arbustos não.

Certas e alguns são palavras que exprimem uma ideia mais ou menos vaga sobre a
identidade do ser ou pessoa designados pelos nomes que precedem, não permitindo
identifica-los ou individualiza-los: são determinantes indefinidos, quer dizer, são
palavras que exprimem uma ideia mais ou menos vaga ou indefinida de quantidade ou
de identidade, não permitindo nunca identificar ou individualizar o objecto ou a pessoa
designados pelo nome que precedem.

Formas do determinante Indefinido

VARIÁVEIS SINGULAR PLURAL

MASCULINO todo, algum, nenhum, todos, alguns, nenhuns,


certo, muito, outro, pouco, tanto, certos, muitos, outros,
qualquer poucos tantos, quaisquer
FEMININO toda, alguma, nenhuma, certa, todas, algumas, nenhumas,
29
muita, outra, pouca, certas, muitas, outras,
tanta, qualquer poucas,
tantas, quaisquer

INVARIÁVEIS cada

5.3.6. Determinante numeral

O ano tem doze meses, o primeiro mês é Janeiro.

a palavra doze indica um número determinado, a palavra primeiro traz também uma
indicação de número assinalando o lugar que algo ocupa numa série ou ordem.
A palavra doze e primeiro pertencem a classe dos numerais.

- Numerais cardinais
os automóveis brancos são três.
três é número cardinal: os numerais cardinais indicam uma quantidade determinada.

Alguns numerais cardinais


um, dois, três, quatro, cinco, seis, sete, oito, nove, dez, onze, …

- Numerais ordinais
Dos doze meses do ano, o segundo tem menos dias.

os numerais ordinais indicam o lugar ocupado numa série ou ordem.

Alguns numerais ordinais


primeiro, segundo, terceiro, quarto, quinto, sexto, sétimo, oitavo, nono, …

- numeral multiplicativo
Os cães são o dobro dos gatos.
O dobro indica que os cães são duas vezes mais do que os gatos.

- numeral fraccionário
O Armando come um quinto da melancia.
Um quinto indica uma fracção da melancia.

- numeral colectivo
O casaco levou uma dúzia de botões.
Dúzia, tal como os nomes colectivos, designa um conjunto de coisas, mas caracteriza-se
por indicar o número exacto.

Alguns numerais colectivos


centena, cento, década, dezena, dúzia, lustro, milhar, novena, par

- Contracções do determinante com preposição


Nas praias dos Bijagós, o mar é duma beleza sem par.

30
- Nas, dos e duma são palavras formadas por um determinante e uma preposição: são
contracções.

Contracção das preposições a, de, e, por com alguns determinantes.

COM O ARTIGO DEFINIDO

Preposições Formas contraídas


a a + o = ao a+a=à a + os = aos a + as = às
de de + o = do de + a = da de + os = dos de + as = das
em em + o = no em + a = na em + os = nos em + as = nas
por por + o = pelo por + a = pela por + os = por + as = pelas
pelos

COM O ARTIGO INDEFINIDO


em em + um = em + uma = numa em + uns = nuns em + umas = numas
num
de de+ um = dum de + uma = duma de + uns = duns de + umas = dumas

COM OUTROS DETERMINANTES


de de + este = deste de + esse = desse de + aquele =
daquele
de de + algum = dalgum de + outro = doutro
em em + este = neste em + esse = nesse em + aquele =
naquele
em em + algum = nalgum em + outro = noutro
a a+ aquele = àquele

Nota: A preposição também aparece contraída com pronomes:


Ex. Nesta casa e naquela há antenas parabólicas.

31
5.4. A CLASSE DO PRONOME

A cegonha tem dois filhotes; ela alimenta-os com cuidado


ela e os são palavras que substituem o nome já introduzidos na frase: são pronomes,
quer dizer são palavras variáveis, que se apresentam em formas diferentes de acordo
com o número, o género:
ex: o avô leu um livro /o avô leu-o
o avô contou umas histórias / o avô contou-as

- Algumas vezes os pronomes têm a função sintáctica do nome que substituem:


ex: pronome pessoal 1ª pessoa
Eu penteio-me todos os dias.
Eu é o sujeito 1ª pessoa e -me é o complemento directo 1ª pessoa.

Os pronomes desempenham a função sintáctica que competiria na frase ao nome que


substituem.
Nem sempre o pronome substitui um nome já introduzido na frase, antes evita a
nomeação do emissor ou do receptor ou de pessoas, objectos ou seres presentes no
momento do acto de fala, representando-os directamente.
Ex: Ele saiu cedo.
Isso é mentira.

- Conclusão
A classe dos pronomes compreende palavras com as seguintes características:
- substituem nomes já introduzidos na frase ou no texto;
- variam, geralmente, em género e em número e, algumas vezes, de acordo com a
função sintáctica do nome que substituem, alteram toda a sua forma;
- desempenham sempre a função sintáctica que competiria, na frase, ao nome que
substituem.

5.4.1. Pronomes pessoais

- Forma de sujeito

O pai: Eu gostava que o nosso filho fosse futebolista.


A mãe: Tu não sabes se ele terá condições para isso.
Eu é a palavra que a mãe emprega para referir a ela própria como emissor, dizemos que
o emissor constitui a 1ª pessoa gramatical: eu representa o sujeito da frase: é um
pronome pessoal 1ª pessoa, forma de sujeito.

Tu é a palavra que o pai emprega para se dirigir a mãe, que é o receptor, dizemos que o
receptor constitui a 2ª pessoa gramatical: tu representa o sujeito da frase: é um
pronome pessoal 2ª pessoa, forma de sujeito.

Ele é a palavra que o pai emprega para falar do filho à mãe, isto é de alguém que,
naquele momento, não é nem o emissor nem o receptor: constitui a 3ª pessoa
gramatical: ele representa o sujeito da frase: é um pronome pessoal 3ª pessoa, forma de
sujeito.

32
Forma de pronome pessoal sujeito

Pessoa SINGULAR PLURAL


Função 1ª 2ª 3ª 1ª 2ª 3ª
Sujeito eu tu ele/ela nós vós eles/elas

Nota: o pronome pessoal, forma de sujeito, só na 3ª pessoa apresenta variação em


género: ele/ela, eles/elas.

5.4.1.1. Forma do complemento

- Complemento Directo
A gata magoou-se e o Nuno curou-a.
A gata magoou-se (a si próprio): se é pronome pessoal reflexo.

O Nuno curou-a (a gata): a é pronome pessoal complemento

- se e a são palavras que substituem, na frase, o nome complemento directo que em


ambos os casos, representam pessoas que não são nem emissores nem receptores: são
pronomes pessoais, 3ª pessoa forma de complemento directo.

- se substitui um nome que refere a mesma pessoa do sujeito da frase: é um pronome


pessoal reflexo.

Forma do pronome pessoal complemento directo

Pessoa SINGULAR PLURAL


Função 1ª 2ª 3ª 1ª 2ª 3ª
Complemento me te se, o, a nos vos se, os, as
Directo

- Complemento indirecto
Praticar desporto faz-lhe (ao Zé) bem.

lhe substitui o nome que, na frase desempenharia a função de complemento indirecto e


representa uma pessoa que não é nem emissor nem receptor – é um pronome pessoal 3ª
pessoa, forma de complemento indirecto.

Formas do pronome pessoal complemento indirecto

SINGULAR PLURAL
Pessoa 1ª 2ª 3ª 1ª 2ª 3ª
Função
Formas me te lhe nos vos lhes
Complemento sem
Indirecto preposição
Formas mim ti si nós vós si
com ele/ela eles/elas
preposição

33
- a é preposição que precede as formas de complemento indirecto com preposição (a
mim, a ti …): aquelas mesmas formas podem ser precedidas de outras preposições (de
mim, para mim …), desempenhando então outros tipos de complemento.

- Nota: o pronome pessoal complemento (directo e indirecto sem preposições) segue


geralmente a forma verbal:
a. precede o verbo nas frases introduzidas por que:
Ex: O Rui disse-lhe que se despachasse.

b. precede o verbo nas frases negativas


ex: O Rui não lhe disse que se despachasse.

c. intercala-se na forma de futuro do pretérito / condicional e futuro excepto se se


verifica o caso b. ou a.)
ex: Amanhã comprar-te-ei uma bola. / Não te comprarei uma bola. (caso b.)
Penso que te darei uma bola. (caso a.)

d. segue o verbo auxiliar, intercalando-se entre ele e o particípio passado nos tempos
compostos (excepto se se verifica o caso a. ou b.)
ex: O remédio tem-me feito bem / O remédio não me tem feito bem. (caso b.)
Acredita que o remédio me tem feito bem. (caso a.)

e. intercala-se na forma do futuro do pretérito / condicional e futuro do auxiliar nos


tempos compostos excepto se se verificar o caso a. ou b.
ex: Se tivesse tomado o remédio, ter-me-ia feito bem.
Se tivesse tomado o remédio, não me teria feito bem. (caso b.)
Se tivesse tomado o remédio, penso que me teria feito bem. (caso a.)

5.4.1.2. Complemento circunstancial


A Maria foi comigo às compras.

Comigo é uma palavra que provem da combinação (contracção) da preposição com com
o pronome pessoal migo (com + migo) e desempenha a função de complemento
circunstancial:

SINGULAR PLURAL
Pessoa 1ª 2ª 3ª 1ª 2ª 3ª
Função
Complemento migo tigo ele/ela nosco vosco eles/elas
Circunstancial sigo sigo

Nota: todas estas formas (à excepção de ele/a, eles/as) apenas se empregam quando
combinadas (contraídas) com a preposição com:
comigo, contigo, consigo…

5.4.1.3. Combinações pronominais

Pega naquele caderno e dá-mo (a mim + o caderno)

mo é o resultado de combinação do pronome pessoal me (forma de complemento


indirecto) com o pronome pessoal o (forma de complemento directo).
34
me + o = mo (ma, mos, mas)
te + o = to (ta, tos, tas)
lhe + o = lho (lha, lhos, lhas)
nos + o = no-lo (no-la, no-los, no-las)
vos + o = vo-lo (vo-lo, vo-los, vo-las)
lhe + o = lho (lha, lhos, lhas)

5.4.2. Pronomes Possessivos

Este gato não é meu; é o teu.


meu e teu indicam o possuidor do objecto designado pelo nome com que concordam:
são pronomes possessivos: como pronomes, os possessivos indicam o possuidor (um ou
vários) do(s) objecto(s) designado(s) pelo nome com que concordam e distribuem
esse(s) possuidor(es) pelas pessoas gramaticais.

- os pronomes possessivos desempenham as funções sintácticas do nome que


substituem.
- os pronomes possessivos são muito frequentemente precedidos do artigo definido.
Ex: este gato é o meu.

Formas do pronome possessivo

SINGULAR PLURAL
MASCULINO FEMININO MASCULINO FEMININO
meu minha meus minhas
teu tua teus tuas
seu sua seus suas
nosso nossa nossos nossas
vosso vossa vossos vossas
seu sua seus suas

5.4.3. Pronomes demonstrativos

Na marinha há muitos barcos: estes são portugueses, aquele além é inglês e esse ai é
dinamarquês.

estes, aquele e esse substituem o nome barco já introduzido na frase: são pronomes
demonstrativos: eles
- ou representam um objecto (evitando a sua nomeação) e mostram a sua posição:
junto do emissor (este);
junto do receptor (esse)
afastado de um e de outro (aquele).

- ou substituem um nome presente na frase, localizando ou de algum modo


identificando os objectos referidos; neste caso, este substitui o nome mais próximo na
estrutura da frase e aquele o mais afastado.

35
Formas do pronome demonstrativo

SINGULAR PLURAL
Masculino este, esse, aquele, estes, esses, aqueles,
o mesmo, o outro, tal os mesmos, os outros, tais
Feminino esta, essa, aquela, estas, essas, aquelas,
a mesma, a outra, tal as mesmas, as outras, tais
INVARIÁVEIS
isto isso aquilo

Nota: as formas o, a, os, as quando ocorrem antes de que e de, contêm um claro valor
demonstrativo. Devem também ser tomadas, então, como pronomes demonstrativos.
É preciso lembrar que a Língua Portuguesa têm três formas do Determinante
demonstrativo (este, esse, aquele) e que a Língua Crioula-Guineense têm somente duas
formas (es, kil): vede Gramática do Crioulo Guineense, n. 10, pag. 21).

5.4.4. Pronomes indefinidos

No jardim zoológico há vários animais: alguns são perigosos, outros não.

alguns e outros substituem o nome animais: são pronomes indefinidos: eles exprimem
uma ideia mais ou menos vaga de quantidade ou de identidade que não permite
individualizar ou definir os objectos ou pessoas a que o nome que substituem faria
alusão.
Formas do pronome indefinido

SINGULAR PLURAL
Masculino todo, algum, nenhum todos, alguns, nenhuns,
certo, muito, outro, pouco, certos, muitos, outros, poucos,
tanto, qualquer tantos, quaisquer
Feminino toda, alguma, nenhuma, todas, algumas, nenhumas,
certa, muita, outra, pouca, certas, muitas, outras, poucas,
tanta, qualquer tantas, quaisquer
INVARIÁVEIS
tudo, alguém, ninguém, cada, outrem, nada

Nota: um é um pronome indefinido na expressão um…outro.


Ex: Esta jaula tem vários macacos: uns são mais engraçados, outros menos.

5.4.5. Pronomes interrogativos

Destes bolos todos, quais preferes?

quais ocorre, na frase interrogativa, como substituto do nome: é um pronome


interrogativo: os pronomes interrogativos servem para introduzir uma pergunta sobre a
identidade, a qualidade ou a quantidade de pessoas ou objectos que o nome que
substituem designaria.

36
Formas do pronome interrogativo

SINGULAR PLURAL
VARIÁVEIS qual quais
quanto/ quanta quantos/quantas
INVARIÁVEIS que, quem

5.4.6. Pronomes relativos

As crianças olham o elefante; o elefante toca o sino


As crianças olham o elefante que toca o sino
que é o um pronome relativo e na segunda frase substitui o nome elefante da primeira
frase.
Quando duas frases possuem um mesmo nome que designa o mesmo objecto ou a
mesma pessoa pode rescrever-se o conjunto numa só frase. Nessa reescrita substitui-se o
nome que se repetiria por pronome relativo. O nome a que o pronome relativo se refere
é que o precede imediatamente é o seu antecedente.

Formas do pronome relativo

SINGULAR PLURAL
Masculino qual, o qual, quais, os quais,
quanto quantos
Feminino qual, a qual, quais, as quais,
quanta quantas
INVARIÁVEIS
que, quem, onde (em que)

Notas: a forma quem só tem antecedente quando construída com preposição (de quem, a
quem…).
Ex: Encontrei a tua prima, de quem falaste ontem.
- Quando não está construída com preposições não tem antecedente e equivale a todo(s)
o(s) que, aquele(s) que.
Ex. Quem quer vai, quem não quer manda.

- As formas quanto/a, quantos/as igualmente ocorrem com antecedente tudo, todo(s),


toda(s) (tudo quanto, todos(s) quanto(s) …). Quando tal não acontece equivalem,
porém, sempre às mesmas expressões.
Ex: Comprei tudo quanto me pediste.

- Há ainda uma forma de relativo que tem um estatuto especial: é a forma cujo(s),
cuja(s). Só ocorre como determinante relativo, pois, para além do antecedente, exige
sempre um nome, que precede e com que concorda em género e número:
ex: O casaco cujos botões são de madeira manchou-se.

37
5.5. A CLASSE DO VERBO

Neste restaurante come-se bem, mas já se comeu melhor.


come e comeu exprimem actividades referenciadas a momentos diferentes: pertencem à
classe do verbo.

5.5.1. Flexão

O verbo apresenta variações de:


Número
Pessoa
Modo
Tempo

5.5.1.1. Número
O cliente comeu peixe.
Sujeito no singular, verbo no singular.

Os clientes comeram peixes.


Sujeito no plural, verbo no plural.

O verbo admite dois números: o singular e o plural: dizemos que o verbo está:
- no singular, quando a sua forma mostra que o nome que lhe serve de sujeito: está no
singular.
- no plural, quando a sua forma mostra que o nome que lhe serve de sujeito está no
plural ou que esse sujeito é formado por mais de um nome.

5.5.1.2. Pessoa
eu como…/ nós comemos
tu comes…/ vos comeis
ele come…/ eles comem

O verbo apresenta três formas pessoais relacionadas com a pessoa gramatical do nome
que lhe serve de sujeito.
a. Quando o sujeito representa o emissor, o verbo está na 1ª pessoa:
Eu (singular) e nós (plural) referem a 1ª pessoa, a pessoa que fala, o emissor.

b. Quando o sujeito representa o receptor, o verbo está na 2ª pessoa:


tu (singular) e vós (plural) referem a 2ª pessoa, é a palavra que representa o receptor.

c. Quando o sujeito representa uma pessoa que não é nem o emissor nem o receptor, o
verbo está na 3ª pessoa:
ele, ela (singular) e eles, elas (plural) ou qualquer nome (no singular ou no plural)
representam a 3ª pessoa.

De acordo com a pessoa, o verbo toma formas variadas. Assim se diz que uma dada
forma verbal está na 1ª, 2ª, ou 3ª pessoas.

38
5.5.1.3. Modo
a. Os futebolistas jogam bem.
b. É possível que joguem melhor.
c. Com outro treinador, talvez jogassem melhor.
d. Pinto, atira a bola
e. Se treinassem mais, jogariam melhor.
f. Jogar bem é uma arte.

As formas verbais em negrito indicam maneiras diferentes de encarar o significado


expresso pelo verbo: são os diferentes modos do verbo:

Em a. jogam indica que o falante encara o que enuncia como real: modo indicativo.

Em b. e c. as formas joguem, jogassem indicam que o falante encara o enunciado por


elas expresso como possível ou desejado (de qualquer forma não real): modo
conjuntivo.

Em d. a forma atira indica que o falante encara o enunciado por ele expresso como
dependente da sua vontade, traduzida numa ordem, num pedido, num conselho, numa
sugestão : modo imperativo.

Em e. a forma jogariam indica que o falante encara o enunciado por ela expresso como
dependente de uma condição: modo condicional.

Em f. a forma jogar indica que o significado do verbo é encarado de um modo genérico:


modo infinitivo.

Conclusão

Reconhecemos cinco modos na flexão dos verbos:


- Indicativo;
- Conjuntivo;
- Imperativo;
- Condicional;
- Infinitivo.

Nota: o que tradicionalmente se chama condicional, embora frequentemente expresse


valores modais (de duvida, possibilidade, dependência de uma condição), tem
flexionalmente as marcas do indicativo e por vezes, exprime apenas um tempo verbal: o
futuro do pretérito.
Ex: Quando cheguei ao supermercado, ainda estava fechado e só abriria meia hora
depois.

5.5.1.4. Tempo
Neste momento chove a cântaros e ontem choveu todo o dia;
amanhã choverá ainda?

O processo que a forma verbal chove designa passa-se no momento presente: o verbo
chover está no tempo presente.
O processo que a forma verbal choveu designa passou-se num momento passado: o
verbo chover está num tempo de pretérito.

39
O processo que a forma verbal choverá designa realizar-se-á no futuro: o verbo chover
está no tempo futuro.

Conclusão
O significado expresso pelo verbo pode referir-se a momentos diferentes, o que origina
a existência de tempos verbais.
Esses tempos são basicamente:
Presente
Pretérito (passado)
Futuro

a. Presente
O Leopardo salta com agilidade.
A forma verbal salta indica uma actividade que se realiza no momento em que a frase é
enunciada: presente.

Por vezes, usa-se o tempo presente na narração de factos passados para os tornar bem
presentes ao receptor (presente histórico):
Ex: Em 1640, Portugal recupera a sua independência.

b. Pretérito
Quando a mãe chegou a casa, o Antero comia a sopa,
mas o irmão já a comera toda.

As formas verbais em negrito referem acções (chegou, comia, e comera) passadas.

- a forma verbal chegou refere um acontecimento que ocorreu antes do momento


presente, antes do momento do acto de fala: pretérito perfeito.
- a forma verbal comia refere uma acção passada em relação ao momento de acto de
fala, mas contemporânea do momento (passado) em que a mãe chegou: pretérito
imperfeito.
- a forma verbal comera refere a acção passada, anterior à chegada da mãe, que é
também um facto passado: pretérito mais-que-perfeito.

Conclusão
Reunimos no pretérito os seguintes tempos:
Pretérito perfeito
Pretérito imperfeito
Pretérito mais-que-perfeito

c. Futuro
Dentro de dias nascerão passarinhos.
A forma verbal nascerão refere um acontecimento que terá lugar num momento
posterior ao acto de fala: futuro.

Nota: na linguagem corrente, a forma verbal de futuro é frequentemente substituída por


presente do indicativo (particularmente quando na frase há outro elemento que indica o
futuro)
Ex: Amanhã, fazemos uma sobremesa para o jantar.

40
d. Tempos simples e tempos compostos
Quando cheguei, já tinhas fechado a porta.

A forma verbal em negrito é formada pelo verbo auxiliar ter e o particípio passado do
verbo principal fechar: trata-se de um tempo composto.

Ex: tinhas fechado.


verbo auxiliar + verbo principal (particípio passado) = tempo composto

Na formação dos tempos compostos, o verbo auxiliar coloca-se sempre no


correspondente tempo simples.
Ex: futuro composto:
modo indicativo: terei fechado.
modo conjuntivo: tiver fechado.

Exceptuam-se:
- o pretérito perfeito composto em que o verbo auxiliar aparece no presente.
modo indicativo: tenho fechado.
modo conjuntivo: tenha fechado.

- mais-que-perfeito composto em que o verbo auxiliar aparece no pretérito perfeito.

modo indicativo: tinha fechado


modo conjuntivo: tivesse fechado.

Conclusão
Distinguimos tempos simples e tempos compostos: os tempos compostos formam-se
com o verbo auxiliar ter (ou haver) e o particípio passado do verbo principal.

5.5.1.5. Formas Nominais e Adverbial

a. Infinitivo
As crianças adoram ler.
A forma ler é o infinitivo do verbo.

Porque, algumas vezes, o infinitivo desempenha uma função própria do nome, dizemos
que ele é uma forma nominal do verbo.

Em Português, o infinitivo pode aparecer conjugado em pessoa e em número: infinitivo


pessoal . O infinitivo pessoal não é forma nominal do verbo.

b. Particípio passado
Respeitar os mais velhos é próprio da pessoa educada.
Respeitar os mais velhos é próprio das pessoas educadas.
As formas educada, educadas representam o particípio passado do verbo educar (que
aparece nos tempos compostos).
Nas frases dadas, estas formas têm uma função equivalente a de um adjectivo, além de
apresentarem variações semelhantes as do adjectivo e do nome singular/plural,
masculino/feminino.
Por isso dizemos que o particípio passado é também uma forma nominal do verbo.

c. Gerúndio
41
As crianças aprendem jogando.
A forma verbal jogando é invariável e desempenha uma função equivalente á de um
advérbio: é o gerúndio.
O Gerúndio é a forma particular do verbo a que, algumas vezes, se dá o nome de forma
adverbial.

5.5.2. As Subclasses do Verbo

a. Verbos intransitivos
O gato fugiu.

A forma verbal fugiu não é seguida de nome: fugir é um verbo intransitivo.

b. Verbos transitivos

- transitivos directos

O caçador apanhou um coelho.


apanhou, é verbo transitivo directo e um coelho é complemento directo.

A forma apanhou está seguida de nome que funciona na frase como complemento
directo: apanhar é um verbo transitivo directo.

- transitivos indirectos
O Raul telefonou ao pai.
telefonou verbo transitivo indirecto e ao pai é complemento indirecto

A forma verbal telefonou está seguida de um nome introduzido por preposição que
funciona na frase como complemento indirecto: telefonar é um verbo transitivo
indirecto.

- transitivos directos e indirectos


A Rita dá um beijo à irmã.
dá é verbo transitivo directo e indirecto, um beijo é complemento directo e à irmã é
complemento indirecto

A forma verbal dá está seguidas de dois nomes, sendo um deles introduzido por
preposição, que são na frase, respectivamente, complementos directo e indirecto: dar é
um verbo transitivo com duplo complemento.

5.5.3. Classificação do verbo quanto à flexão

Quanto a flexão, os verbos podem ser:


regulares ou irregulares
defectivos

a. Verbos regulares e irregulares


infinitivo: cantar
tema: canta- (obtém-se retirando o r ao infinitivo do verbo)
vogal temática: -a
radical: cant- (obtém-se retirando do tema a vogal temática)
42
VERBO REGULAR VERBO IRREGULAR
fal arei faço
fal aste radical fal- farei radical faz-
fal asse fizemos
fal aria faz ia

- o verbo falar tem como radical fal- que se mantém em todas as formas: é verbo
regular.
- o verbo fazer tem como radical faz- que só se mantém em algumas formas: é verbo
irregular.

b. Verbos difectivos
O cão ladrou toda a noite porque nevava intensamente.

Os verbos ladrar e nevar só se usa em algumas formas: são verbos difectivos.

Alguns verbos defectivos

ADEQUAR Indicativo presente: adequamos, adequais.


Conjuntivo presente: adequemos, adequeis.
Imperativo presente: adequai.

Obs: nos outros tempos usa-se em todas as pessoas.


REAVER Só se usa nas formas em que o verbo haver tem v. ex: reavemos, reaveis.
PRECAVER Só se usa nas formas em que o ultimo e se conserva ou se muda em i
precaves, precavemos, precavíamos, precavi.
COLORIR Só se usa nas formas em que se conserva o i do tema: colorimos,
coloríamos, colorira.

Como este conjuga-se: abolir, adir, banir, carpir, delir, delinquir,


demolir, empedernir, extorquir falir, florir, retorquir, etc.
FREMIR Usa-se nas formas em que se conserva o i do tema ou este se muda em e:
freme, fremiu, fremisse.

Como este: fulgir, submergir e emergir.

5.5.4. As Conjugações

Nós teríamos pensado


Nós pensávamos
Eu penso
Ele pensa …
O conjunto sistemático de todas as formas do verbo chama-se conjugação.
Se retiramos o (r) ao infinitivo do verbo, determinamos o tema: a vogal final chama-se
vogal temática.

De acordo com a vogal temática, distinguimos na Língua Portuguesa três conjugações:


- 1ª conjugação: inclui os verbos de tema em -a (pensar)
43
- 2ª conjugação: inclui os verbos de tema em -e (comer)
- 3ª conjugação: inclui os verbos de tema em -i (partir)

O verbo pôr e outros formados dele (compor, repor...) pertencem à 2º conjugação,


porque na origem latina, a vogal temática é –e (ponere = pôr).

5.5.5. Formas especiais de conjugação

- conjugação pronominal
O cavalo saltou a barreira.
O cavalo saltou-a.
a substitui o nome complemento directo, a barreira: é um pronome.
o verbo saltar está conjugado como o pronome: trata-se de uma conjugação
pronominal.

Há casos em que, na conjugação pronominal, o pronome o, a, os, as, toma outras


formas:
no, na, nos, nas, quando a forma verbal termina em /m/.
ex: Os cavalos saltaram a barreira.
Os cavalos saltaram-na.

lo, la, los, las quando a forma verbal terminaria em /s/, /z/ ou /t/ (que são omitidos)
Ex: Tu rasgas a carta.
tu rasga-la.

- conjugação pronominal reflexa


As crianças sujam-se
O pronome pessoal se indica que a acção expressa pelo verbo se aplica sobre a pessoa
que a pratica, que é o sujeito desse mesmo verbo: é um pronome pessoal reflexo.

- No futuro e no condicional, o pronome intercala-se na forma verbal:


Ex: O Ze sujar-se-ia.
A conjugação pronominal reflexa faz-se com os pronomes: me, te, se, nos, vos, se.

Nota:
- em toda a conjugação pronominal reflexa, a 1ª pessoa plural perde o s final.
Ex: Nós sujamo-nos.

- há verbos que sistematicamente se constroem com pronome reflexo: a estes e só a


estes cabe rigorosamente a designação de verbos pronominais reflexos.
Ex: esbarrar-se
aperceber-se...

5.6. A CLASSE DO ADVÉRBIO

O veleiro passou lentamente.


lentamente é uma palavra invariável que exprime uma circunstância (de modo) em que
tem lugar o que o verbo refere: é um advérbio.

5.6.1. Os advérbios
44
Os advérbios são palavras invariáveis que se juntam aos adjectivos, aos verbos, e aos
próprios advérbios para lhes modificar a significação.

Os advérbios podem também juntar-se a adjectivos ou a outros advérbios para a


expressão do grau.
Ex: O prédio é muito alto.
O doente passou bastante mal esta noite.

Por vezes, o advérbio modifica toda a frase:


Provavelmente, amanhã vai chover.

5.6.2. Locuções adverbiais

Ex: O veleiro desapareceu novamente na linha de frente


O veleiro desapareceu de novo na linha de frente

novamente é advérbio e de novo é locução adverbial

As locuções adverbiais são grupos fixos de palavras que ocorrem na frase com valor e
função equivalentes aos de advérbios:
Ex: as vezes, de novo, em breve, a cada passo.
ao acaso, por alto, com efeito, em resumo

5.6.3. Subclasses do Advérbio

Os advérbios agrupam-se em subclasses de acordo com a sua significação.

Alguns advérbios e locuções adverbiais mais frequentes

TEMPO MODO LUGAR EXCLUSÃO INCLUSÃO


hoje, ontem, bem, assim aqui, aí, lá, cá só até
amanhã mal, aliás ali, dentro, somente inclusive
antes devagar atrás apenas mesmo
cedo, então, depressa acolá, detrás exclusivamente também
agora, sempre principalmente longe, acima unicamente
já, ora, ainda como, quase junto, debaixo senão
logo, tarde felizmente abaixo, fora salvo
depois, enfim debalde defronte, além
antigamente sobremaneira perto, algures
de repente sobretudo através
em breve a custo, em vão aquém
às vezes... ao acaso em cima
em redor

AFIRMAÇÃO NEGAÇÃO DÚVIDA INTENSIDADE


sim não talvez muito, pouco
certamente nem porventura mais, bastante
realmente nunca acaso tão, demais
decerto jamais provavelmente menos, bem
possivelmente tanto
45
5.6.4. Formação dos advérbios de modo

De um modo geral, podemos derivar de um adjectivo na sua forma de feminino


advérbios de modo através do sufixo -mente.
Ex: novamente
felizmente

Nota: quando numa frase utilizamos dois ou mais advérbios terminados em mente, só o
ultimo é que tem sufixo.
Ex: o João aproximou lenta e respeitosamente.

46
5.7. A CLASSE DA PREPOSIÇÃO

A bola de ténis é pequena


de é uma palavra invariável que estabelece uma relação entre dois elementos da mesma
oração: pertence á classe da preposição: são palavras invariáveis que exprimem
relações entre duas partes duma oração ou frase que dependem uma da outra.

5.7.1. Preposições mais frequentes

a, afora, ante, após, até, com, conforme, consoante, contra, de, desde, entre, excepto,
para, perante, por, salvo, segundo, sem, sob, sobre, trás ...

5.7.2. Locuções prepositivas

O livro está sobre a mesa.


O livro está em cima de uma mesa.

sobre é preposição e em cima de é uma locução prepositiva.

As locuções prepositivas são grupos fixos de palavras que ocorrem na frase com valor
e função equivalentes aos de preposição.
Ex: em vez de, a respeito de, para com...

As locuções prepositivas terminam sempre em preposição.

Alguns locuções prepositivas


de acordo com, acima de, a respeito de, por entre
acerca de, em vez de, diante de, além de,
a par de perto de, depois de, dentro de,

47
5.8. A CLASSE DA CONJUNÇÃO

a. As andorinhas chegaram.
b. As andorinhas chegaram e construíram os ninhos.
c. Os andorinhas chegaram, porque já é primavera.

A frase a. é formada apenas por uma oração, isto é, reúne um sujeito e um predicado.
A frase b. é formada por duas orações ligadas entre si pela palavra e.
A frase c. é formada por duas orações ligadas entre si pela palavra porque.

porque e e são palavras invariáveis que ligam orações que pertencem à classe da
conjunção.

5.8.1. Locuções conjuncionais

As andorinhas chegaram, porque já é primavera.


As andorinhas chegara, visto que já é primavera.
porque é uma conjunção e visto que é uma locução conjuncional, que é um grupo fixo
de palavras que ocorrem com valor e função equivalentes aos da conjunção.

conclusão
Pertencem a classe das conjunções as palavras invariáveis que ligam orações, ou outras
partes duma oração ou frase, que desempenham a mesma função.

5.8.2. Subclasses: coordenativas e subordinativas

As andorinhas chegaram e construíram os ninhos.


As andorinhas chegaram, porque já é primavera.

A conjunção e liga duas orações sem que entre elas haja qualquer dependência
ordenando-as, isto é, estabelece entre elas apenas uma relação de coordenação: é uma
conjunção coordenativa.
A conjunção porque liga as duas orações, fazendo depender a segunda da primeira, isto
é, estabelece entre elas uma relação de subordinação: é uma conjunção subordinativa.

a. Conjunções coordenativas

COPULATIVAS ADVERSATIVAS DISJUNTIVAS CONCLUSIVAS


e mas ou… ou logo
nem porém ora… ora pois
não só…, todavia quer… quer portanto
mas também contudo seja… seja por conseguinte

b. Conjunções subordinativas: temporais e causais

CAUSAIS TEMPORAIS
porque, pois, como, porquanto, quando, como. apenas, enquanto, antes que,
visto que, já que, pois que… depois que, desde que, à medida que…

48
5.9. A CLASSE DA INTERJEIÇÃO

Oh! Que linda paisagem!


oh! é uma palavra invariável que exprime uma reacção emocional do emissor: é uma
interjeição.

O valor de cada forma interjectiva depende fundamentalmente do contexto e da


entoação: as interjeições agrupam-se conforme a natureza da reacção emocional que
traduzem.

Há também grupos fixos de palavras que funcionam como interjeições: são as locuções
interjectivas.

5.9.1. Algumas interjeições e locuções interjectivas

ALEGRIA DOR ESPANTO IMPACIÊNCIA


Ah! Oh! Ai! Ui! Ah! Eh! Irra!
Ih! Eia! Ai de mim! Apre!

DESEJO APLAUSO TERROR ANIMAÇÃO


Oxala! Bis! Ui! Avante!
Deus queira! Bravo! Uh! Coragem
Oh! Muito bem! Eia!
Apoiado! Vamos!

49
5.10. EXERCÍCIOS DE ANÁLISE GRAMATICAL OU
MORFOLÓGICA

Nestes exercícios deve o aluno distinguir com precisão a categoria ou classe gramatical
de cada uma das palavras que compõem a frase ou oração, isto é, dizer se a palavra é
nome, adjectivo, determinante (artigo, possessivo, demonstrativo, interrogativo,
indefinido, numeral), pronome, verbo, advérbio, preposição, conjunção, interjeição, e
as suas flexões, se a palavra for variável.

5.10.1. Dois exemplos

A instrução é um capital precioso.

A é determinante artigo definido, singular, feminino;


instrução é nome comum, abstracto, singular, feminino;
é é verbo ser , no indicativo presente, 3ª pessoa do singular, auxiliar; pertence à
segunda conjugação;
um é determinante artigo indefinido, singular, masculino;
capital é nome comum, singular, masculino;
precioso é adjectivo biforme, singular, masculino.

O estudante mandrião não sabe se fica aprovado, se reprovado

O é determinante artigo definido, singular, masculino;


estudante é nome comum, singular, masculino;
mandrião é adjectivo biforme, singular, masculino;
não é advérbio de negação;
sabe é verbo transitivo (saber) no indicativo presente, 3ª pessoa do singular, pertence à
1ª conjugação;
se é conjunção subordinada integrante;
fica é verbo de significação indeterminada (ficar), no indicativo presente, 3ª pessoa do
singular, pertence à 1ª conjugação;
aprovado é particípio passivo (perfeito) do verbo aprovar; pertence à 1ª conjugação;
se é conjunção subordinada integrante;
reprovado é particípio passivo (perfeito) do verbo reprovar; pertence à 1ª conjugação.

50
CAPÍTULO VI

SINTAXE

6.1. Definição de Sintaxe

Sintaxe é a parte da Gramática que ensina a combinar as palavras na frase e as frases


no discurso (falado) ou texto (escrito):

- frase é uma palavra ou agregados de palavras formando um sentido e contendo um


verbo em modo finito, ou seja modo indicativo, condicional, imperativo e conjuntivo.
- texto ou discurso é o produto de um acto de fala constituído por um conjunto de
frases formando um tudo significativo.
No texto há parágrafos (unidade de texto constituída por um ou mais períodos) e
períodos (unidade de texto realizado por uma ou mais frases formando um sentido
completo).

Tu nunca foste ao fundo do mar e não sabes como lá tudo é bonito.

Há florestas de algas, jardins de anémonas, prados de conchas. Há cavalos-marinhos


suspensos na água com um ar espantado, como pontos de interrogação. Há flores que
parecem animais e animais que parecem flores. Há grutas misteriosas, azuis-escuras,
roxas, verdes, e há planícies sem fim de areia fina, branca, lisa.

Tu és da terra e se fosses ao fundo do mar morrias afogado.


(Sophia de Mello Breyner Andersen, A Menina do Mar).

Nota: o Texto de Sophia Andersen apresenta três parágrafos: no segundo parágrafo há


um exemplo de período, em negrito).

6.2. Tipos de frases

a. A Maria hoje está feliz.


b. Neste mês a Maria tem estado sempre feliz?
c. Olha para a beleza desta paisagem.
d. Que bonito fica o mar quando está calmo!

- em a., o emissor constatou um facto: usou uma frase declarativa.


- em b., ele formulou uma pergunta: usou uma frase interrogativa.
- em c., deu uma ordem: usou uma frase imperativa.
- em d., o emissor exteriorizou um estado afectivo através de uma frase exclamativa.

6.2.1. Frase afirmativa/negativa

TIPO FORMA AFIRMATIVA FORMA NEGATIVA


declarativo A Maria hoje está feliz. A Maria hoje não está feliz.

interrogativo Neste mês a Maria tem estado Neste mês a Maria não tem

51
sempre feliz? estado sempre feliz?

imperativo Olha para a beleza desta paisagem. Não olhe para a beleza desta
paisagem.
exclamativo Que bonito fica o mar quando é O mar quando é calmo não fica
calmo! nada bonito!

6.2.2. Frase simples/complexa

A vela é um desporto agradável.


6.2.2.1. Nesta frase simples, diz-se da vela que é um desporto agradável: a expressão a
vela constitui o sujeito e a expressão é um desporto agradável constitui o predicado.
Ao conjunto articulado dos termos sujeito e predicado dá-se o nome de oração: a frase
correspondente a uma só oração é uma frase simples.

O barco desliza lentamente, porque o vento está fraco.


6.2.2.2. Nesta frase complexa, encontramos duas orações (cada uma tendo o seu sujeito
e o seu predicado próprios) articulados por um elemento de ligação, a conjunção
porque.
A frase correspondente a duas ou mais orações articuladas é uma frase complexa.

Na frase complexa as duas orações podem ser articuladas por meio de:
- conjunções coordenativas (vede n. 5.9.2.a., pag. 44):

Há quatro tipos de orações coordenadas:


copulativa (e): Pedro Lamy é corredor de Formula 1 e os portugueses esperam muito
dele.
adversativa (mas): O Nuno deu comida à gata, mas ela não comeu.
disjuntiva (ou): Os gatos brincam na relva ou saltam para os telhados.
conclusiva (portanto): A gata adoeceu, portanto tem de ir ao veterinário.

- conjunções subordinativas (vede n. 5.9.2.b., pag. 44):

Há vários tipo de orações subordinadas: elas se conhecem por serem introduzidas por
conjunções subordinativas, ou por pronomes relativos ou interrogativas:

causais (porque): Pedro Lamy desistiu da corrida, porque o seu carro teve uma avaria.
temporais (quando): Eu estudava quando tu chegaste.
condicionais (se): Irei contigo, se te portares bem.
finais (para que): Respeita, para que te respeitem.
concessivas (conquanto): Conquanto necessite dele, poderei dispensá-lo.
consecutivas (que): Meu irmão é tão estudiosos, que nunca falta à escola.
comparativas (como): A Terra é um planeta, como o é a Lua também.
integrantes (que): Eu desejo que tu estudes as lições.
relativas (que): Os terrenos que não produzem têm pouco valor.
interrogativas (que): Preciso saber que horas são.

Nota: Na frase complexa com orações coordenadas, as duas orações mantêm a própria
autonomia, na frase complexa com orações ligadas por conjunções subordinativas, há
uma oração principal (ou subordinante) e uma oração dependente (ou
subordinada).

52
6.3. Elementos fundamentais da oração: sujeito, predicado,
complemento

6.3.1. Sujeito
O caçador apanhou um coelho.
A expressão o caçador refere quem realizou a acção designada pela forma verbal
apanhou:
O caçador desempenha a função de sujeito.
O sujeito é realizado por um elemento nominal: nome (o caçador apanhou um coelho),
pronome (ele apanhou um coelho) ou forma nominal de um verbo (passear é
agradável).

Há sujeito simples (o caçador) e composto (o caçador e o cão).

6.3.2. Predicado

O caçador apanhou um coelho.


A expressão apanhou um coelho refere a acção realizada pelo sujeito (o caçador):
apanhou um coelho desempenha a função de predicado.

O predicado da oração é realizado sempre por uma forma verbal acompanhada ou não
por outros elementos:
A lebre fugiu.
O cão perseguiu a lebre
A lebre é um animal herbívoro.

6.3.3. Outros elementos centrais da oração: complemento directo/indirecto


- complemento directo:
As cegonhas constroem os ninhos.
A expressão os ninhos designa o objecto sobre que, directa e imediatamente, se aplica a
acção significada pelo verbo construir:
Os ninhos desempenha a função de complemento directo.

Nota: habitualmente o complemento directo liga-se imediatamente ao verbo. Nalguns


casos, porém, essa articulação é feita por preposição.
Gosto do Verão.
O Chico falou do teu carro.
Sonhei com gatos.

- complemento indirecto:
Os filhotes das cegonhas obedecem aos pais.

A expressão aos pais designa o destinatário da acção expressa pelo verbo obedecer:
aos pais desempenha a função de complemento indirecto.

Nota: O complemento indirecto é, normalmente, regido de preposição.

6.3.4. Outros elementos da oração: complementos circunstanciais e vocativo

No Inverno, os pardais chilreiam, alegremente, nos fios dos telefones.

53
- As expressões em negrito enriquecem a frase os pardais chilreiam, designando
circunstâncias da acção expressa pelo verbo:
No Inverno indica circunstância de tempo: é complemento circunstancial de tempo
nos fios dos telefones indica circunstância de lugar: é complemento circunstancial de
lugar
alegremente indica circunstância de modo: é complemento circunstancial de modo

Rui, olha as andorinha.

- A palavra Rui designa o nome do receptor a quem o emissor se dirige: é o vocativo, o


qual é isolado por vírgula.

6.4. Concordância entre os elementos da oração

As andorinhas fazem os ninhos na Primavera


Tu gostas de aves?
O Zé achou um ninho.

Na oração, a forma verbal concorda com o sujeito em pessoa e número.


Quando o sujeito é composto, o verbo da oração toma sempre a forma de plural:
Ex: O Paulo e a Ana foram à escola.

6.5. Ordenação do sujeito/predicado e verbos/complementos

- Em regra o sujeito precede o predicado:


O rouxinol canta bem.

Nota: às vezes esta ordenação de base é alterada por força de factores de natureza
gramatical ou estilística:
Que fazes tu? (frase interrogativa)
Sai tu primeiro. (frase imperativa)
Não quero, disse a Rita, come tu. (frase intercalada)

- Para os complementos, a ordenação habitual é verbo + complemento directo +


complemento indirecto:
O Nuno fez uma festa ao gato.

Nota: O complemento indirecto precede o complemento directo:


- quando se realiza em pronome:
A Lia ofereceu um livro à mãe / A Lia ofereceu-lhe um livro

-quando o complemento indirecto é extenso:


Comprei ao meu filho a bicicleta que ele tinha visto na loja.

6.6. Discurso directo/indirecto

6.6.1. discurso directo

O meteorologista disse:
- Amanhã, o céu estará muito nublado, em todo o país, e a temperatura irá descer.

54
Neste texto transcreve-se ou reproduz-se uma mensagem tal qual ela foi produzida pelo
emissor (o meteorologista): é o discurso directo: é sempre anunciado pelo narrador
através de um verbo declarativo (dizer ou equivalentes).

Nota: o verbo declarativo, se precede o discurso directo, é sempre seguido de dois


pontos; se o verbo declarativo está intercalado no discurso directo, é isolado por
travessão:

Amanhã – disse o meteorologista – o céu estará nublado.


- Amanhã, o céu estará muito nublado – disse o meteorologista.

6.6.2. discurso indirecto

O meteorologista disse que, no dia seguinte, o céu estaria muito nublado, em todo o
país, e que a temperatura iria descer.

A mesma mensagem do meteorologista é reorganizada e reproduzida em discurso


indirecto:
- a mensagem é introduzida por um verbo de tipo declarativo (dizer ou equivalentes);
- há várias modificações no tempo e pessoas dos verbos, nos advérbios de lugar e de
tempo, nos pronomes e determinantes (pronomes pessoais, demonstrativos, possessivos)

CORRESPONDÊNCIAS
discurso directo discurso indirecto
agora, neste momento então, nesse momento
hoje naquele dia
ontem na véspera, no dia anterior
amanhã no dia seguinte
na semana passada na semana anterior
há dez dias dez dias antes
no próximo ano no ano seguinte….

aqui, cá ali, lá
aí, ali, lá lá
este, esta, isto aquele, aquela, aquilo
esse, essa, isto aquele, aquela, aquilo…

Pronomes pessoais: 1ª e 2ª pessoas 3ª pessoa

presente imperfeito
pretérito perfeito pretérito mais-que-perfeito
futuro condicional
futuro composto condicional composto
imperativo conjuntivo

55
6.7. Complemento agente da passiva

A imprensa foi inventada por Gutemberg.


Meu irmão foi favorecido da sorte.
As palavras por Gutemberg e da sorte são o complemento agente da passiva: este
complemento é pedido pelo particípio passivo de um verbo e regido da preposição por
ou de.

6.7.1. Mudança duma oração da voz activa para a passiva

VOZ ACTIVA
sujeito verbo complemento directo
O gato matou o rato

VOZ PASSIVA
sujeito verbo complemento agente da passiva
O rato foi morto pelo gato

O complemento directo da voz activa passa para sujeito da vos passiva.


O verbo da voz activa passa para a voz passiva no mesmo modo e no mesmo tempo,
mas a concordar com o novo sujeito.
O sujeito da voz activa passa para a voz passiva, regido da preposição por ou de,
servindo de complemento agente da passiva.

56
CAPÍTULO VII
CONJUGAÇÕES

7.1. Verbos auxiliares


ESTAR

MO- TEMPOS SIMPLES


DOS PRESENTE PRET. PRET. PRET.M. FUTURO
IMPERF. PERF. Q.PERF.

IN estou estava estive estivera estarei


estás estavas estiveste estiveras estarás
DI
está estava esteve estivera estará
CA estávamos estvemos estvéramos estaremos
estamos
TI estais estáveis estivestes estvéreis estareis
VO estão estavam estiveram estiveram estarão

CON esteja estivesse estiver


estejas estivesses estiveres
JUN
esteja estivesse estiver
TI estivéssemos ____ ____ estivermos
estejamos
VO estejais estvésseis estiverdes
estejam estvessem estiverem

CON estaria
DI estarias
estaria
CIO _____ ____ _____ _____
estaríamos
NAL estaríeis
estariam
IMPE
RATI está ___ ___ ___ ___
VO estai

PESSOAL IMPESSOAL

IN estar
FI estares estar
estar
NI
estarmos
TI estardes
VO estarem

OUTRAS FORMAS
GERÚNDIO PART. PASSADO
estando estado

57
HAVER

MO- TEMPOS SIMPLES


DOS PRESENTE PRET. PRET. PRET.M. FUTURO
IMPERF. PERF. Q.PERF.

IN hei havia houve houvera haverei


hás havias houveste houveras haverás
DI
há havia houve houvera haverá
CA havíamos houvemos houvéramos haveremos
havemos
TI haveis havíeis houvestes houvéreis havereis
VO hão havíam houveram houveram haverão

CON haja houvesse houver


hajas houvesses houveres
JUN
haja houvesse houver
TI houvéssemos ____ ____ houvermos
hajamos
VO hajais houvésseis houverdes
hajam houvessem houverem

CON haveria
DI haverias
haveria
CIO _____ ____ _____ _____
haveríamos
NAL haveríeis
haveriam
IMPE
RATI há ___ ___ ___ ___
VO havei

PESSOAL IMPESSOAL

IN haver
FI haveres haver
haver
NI
havermos
TI haverdes
VO haverem

OUTRAS FORMAS
GERÚNDIO PART. PASSADO

havendo havido

58
SER

MO- TEMPOS SIMPLES


DOS PRESENTE PRET. PRET. PRET.M. FUTURO
IMPERF. PERF. Q.PERF.

IN sou era fui fora serei


és eras foste foras serás
DI
é era foi fora será
CA éramos fomos fôramos seremos
somos
TI sois éreis fostes fôreis sereis
VO são eram foram foram serão

CON seja fosse for


sejas fosses fores
JUN
seja fosse for
TI fôssemos ____ ____ formos
sejamos
VO sejais fôsseis fordes
sejam fossem forem

CON seria
DI serias
seria
CIO _____ ____ _____ _____
seríamos
NAL seríeis
seriam
IMPE
RATI sê ___ ___ ___ ___
VO sede

PESSOAL IMPESSOAL

IN ser
FI seres ser
ser
NI
sermos
TI serdes
VO serem

OUTRAS FORMAS
GERÚNDIO PART. PASSADO
sendo sido

59
TER

MO- TEMPOS SIMPLES


DOS PRESENTE PRET. PRET. PRET.M. FUTURO
IMPERF. PERF. Q.PERF.

IN tenho tinha tive tivera terei


tens tinhas tiveste tiveras terás
DI
tem tinha teve tivera terá
CA tínhamos tivemos tivéramos teremos
temos
TI tendes tínheis tivestes tivéreis tereis
VO têm tinham tiveram tiveram terão

CON tenha tivesse tiver


tenhas tivesses tiveres
JUN
tenha tivesse tiver
TI tivéssemos ____ ____ tivermos
tenhamos
VO tenhais tivésseis tiverdes
tenham tivessem tiverem

CON teria
DI terias
teria
CIO _____ ____ _____ _____
teríamos
NAL teríeis
teriam
IMPE
RATI tem ___ ___ ___ ___
VO tende

PESSOAL IMPESSOAL

IN ter
FI teres ter
ter
NI
termos
TI terdes
VO terem

OUTRAS FORMAS
GERÚNDIO PART. PASSADO
tendo tido

60
7.2 Verbos regulares

Tema em – a: CANTAR

MO- TEMPOS SIMPLES


DOS PRESENTE PRET. PRET. PRET.M. FUTURO
IMPERF. PERF. Q.PERF.

IN canto cantava cantei cantara cantarei


cantas cantavas cantaste cantaras cantarás
DI
canta cantava cantou cantara cantará
CA cantávamos cantámos cantáramos cantaremos
cantamos
TI cantais cantáveis cantastes cantáreis cantareis
VO cantam cantavam cantaram cantaram cantarão

CON cante cantasse cantar


cantes cantasses cantares
JUN
cante cantasse ____ ____ cantar
TI cantássemos cantarmos
cantemos
VO canteis cantásseis cantardes
cantem cantasssem cantarem

CON cantaria
DI cantarias
cantaria _____ ____ _____ _____
CIO
cantaríamos
NAL cantaríeis
cantariam
IMPE
RATI canta ___ ___ ___ ___
VO cantai

PESSOAL IMPESSOAL

IN cantar
FI cantares cantar
cantar
NI
cantarmos
TI cantardes
VO cantar

OUTRAS FORMAS
GERÚNDIO PART. PASSADO
cantando cantado

61
MO- TEMPOS COMPOSTOS
DOS PRE PRET. PRET. PERF. PRET.M. FUTURO
SENTE IMPERF. Q.PERF.

IN tenho cantado tinha cantado terei cantado


____ tens cantado tinhas cantado terás cantado
DI
_____ tem cantado tinha cantado terá cantado
CA temos cantado tínhamos cant teremos cant.
TI tendes cantado tínheis cantado tereis cantado
VO têm cantado tinham cantado terão cantado

CON tenha cantado tivesse cantado tiver cantado


tenhas cantado tivesses cantado tiveres cantado
JUN
____ ___ tenha cantado tivesse cantado tiver cantado
TI tenhamos cant. tivéssemos cant. tivermos cant.
VO tenhais cantado tivésseis cant. tiverdes cant.
tenham cantado tivessem cant. tiverem cant.

CON teria cantado


DI terias cant.
teria cantado ____ ____ _____ _____
CIO
teríamos cant
NAL teríeis cant.
teriam cant.
IMPE
RATI _____ ___ ___ ___ ___
VO

PESSOAL IMPESSOAL

IN ter cantado
FI teres cantado ter cantado
ter cantado
NI
termos cant.
TI terdes cant.
VO treem cant.

OUTRAS FORMAS
GERÚNDIO PART. PASSADO
______
tendo cantado

62
Tema em –e: CORRER

MO- TEMPOS SIMPLES


DOS PRESENTE PRET. PRET. PRET.M. FUTURO
IMPERF. PERF. Q.PERF.

IN corro corria corri correra correrei


corres corrias correste correras correrás
DI
corre corria correu correra correrá
CA corríamos corremos corrêramos correremos
corremos
TI correis corríeis correstes corrêreis correreis
VO correm corriam correram correram correrão

CON corra corresse correr


corras corresses correres
JUN
corra corresse ____ ____ correr
TI corrêssemos corrermos
corramos
VO corrais corrêsseis correrdes
corram corressem correrem

CON correria
DI correrias
correria _____ ____ _____ _____
CIO
correríamos
NAL correríeis
correriam
IMPE
RATI corre ___ ___ ___ ___
VO correi

PESSOAL IMPESSOAL

IN correr
FI correres correr
correr
NI
corrermos
TI correrdes
VO correrem

OUTRAS FORMAS
GERÚNDIO PART. PASSADO
correndo corrido

63
MO- TEMPOS COMPOSTOS
DOS PRE PRET. PRET. PERF. PRET.M. FUTURO
SENTE IMPERF. Q.PERF.

IN tenho corrido tinha corrido terei corrido


____ tens corrido tinhas corrido terás corrido
DI
_____ tem corrido tinha corrido terá corrido
CA temos corrido tínhamos corr. teremos corr.
TI tendes corrido tínheis corrido tereis corrido
VO têm corrido tinham corrido terão corrido

CON tenha corrido tivesse corrido tiver corrido


tenhas corrido tivesses corrido tiveres corrido
JUN
____ ___ tenha corrido tivesse corrido tiver corrido
TI tenhamos corr.. tivéssemos cor. tivermos corr.
VO tenhais corrido tivésseis corr. tiverdes corr.
tenham corrido tivessem corr. tiverem corr.

CON teria corrido


DI terias corr.
teria corrido ____ ____ _____ _____
CIO
teríamos cor
NAL teríeis corr.
teriam corr.
IMPE
RATI _____ ___ ___ ___ ___
VO

PESSOAL IMPESSOAL

IN ter corrido
FI teres corrido ter corrido
ter corrido
NI
termos corr.
TI terdes corr.
VO treem corr.

OUTRAS FORMAS
GERÚNDIO PART. PASSADO
______
tendo corrido

64
Tema em –i: DISCUTIR

MO- TEMPOS SIMPLES


DOS PRESENTE PRET. PRET. PRET.M. FUTURO
IMPERF. PERF. Q.PERF.

IN discuto discutia discuti discutira discutirei


discutes discutias discutiste discutiras discutirás
DI
discute discutia discutiu discutira discutirá
CA discutíamos discutimos discutíramos discutiremos
discutimos
TI discutis discutíeis discutistes discutíreis discutireis
VO discutem discutiam dicutiram discutiram discutirão

CON discuta discutisse discutir


discutas discutisses discutires
JUN
discuta discutisse ____ ____ discutir
TI discutíssemos discutirmos
discutamos
VO discutais discutísseis discutirdes
discutam discutissem discutirem

CON discutiria
DI discutirias
discutiria _____ ____ _____ _____
CIO
discutiríamos
NAL discutiríeis
discutiriam
IMPE
RATI discute ___ ___ ___ ___
VO discuti

PESSOAL IMPESSOAL

IN discutir
FI discutires discutir
discutir
NI
discutirmos
TI discutirdes
VO discutirem

OUTRAS FORMAS
GERÚNDIO PART. PASSADO
discutindo discutido

65
MO- TEMPOS COMPOSTOS
DOS PRE PRET. PRET. PERF. PRET.M. FUTURO
SENTE IMPERF. Q.PERF.

IN tenho discut tinha discutido terei discut


____ tens discutido tinhas discut terás discut
DI
_____ tem discutido tinha discutido terá discutido
CA temos discut tínhamos disc.. teremos discut.
TI tendes discut tínheis discut tereis discut
VO têm discutido tinham discut terão discut

CON tenha discut. tivesse disc tiver discutido


tenhas discut tivesses discut tiveres discut
JUN
____ ___ tenha discut. tivesse discut tiver discutido
TI tenhamos d... tivéssemos d.. tivermos disc.
VO tenhais discut tivésseis disc. tiverdes disc.
tenham discut tivessem disc. tiverem disc.

CON teria discutido


DI terias disc..
teria discutido ____ ____ _____ _____
CIO
teríamos disc.
NAL teríeis disc..
teriam disc,.
IMPE
RATI _____ ___ ___ ___ ___
VO

PESSOAL IMPESSOAL

IN ter discutido
FI teres discutido ter discutido
ter discutido
NI
termos discut.
TI terdes discut
VO terem discut

OUTRAS FORMAS
GERÚNDIO PART. PASSADO
______
tendo discutido

66
7.3. CONJUGAÇÃO REFLEXA

LAVAR-SE
MO- TEMPOS SIMPLES
DOS PRESENTE PRET. PRET. PRET.M. FUTURO
IMPERF. PERF. Q.PERF.

IN lavo-me lavava-me lavei-me lavara-me lavar-me-ei


lavas-te lavavas-te lavaste-te lavaras-te lavar-te-ás
DI
lava-se lavava-se lavou-se lavara-se lavar-se-á
CA lavávamo- lavámo-nos laváramo- lavar-nos-
lavamo-nos
TI lavais-vos nos lavastes-vos nos emos
VO lavam-se laváveis-vos lavaram-se laváreis-vos lavar-vos-eis
lavavam-se lavaram-se lavar-se-ão

CON me lave me lavasse me lavar


te laves te lavasses te lavares
JUN
se lave se lavasse ____ ____ se lavar
TI nos nos
nos lavemos
VO vos laveis lavássemos lavarmos
se lavem vos lavásseis vos lavardes
se lavassem se lavarem

CON lavar-me-ia
DI lavar-te-ias
lavar-se-ia _____ ____ _____ _____
CIO
lavar-nos-
NAL íamos
lavar-vos-
íeis
lavar-se-iam
IMPE
RATI lava-te ___ ___ ___ ___
VO lavai-vos

PESSOAL IMPESSOAL

IN lavar-me
FI lavares-te lavar-se
lavar-se
NI
lavarmo-nos
TI lavardes-vos
VO lavarem-se

OUTRAS FORMAS
GERÚNDIO PART. PASSADO
lavando-se _________

67
68
7.4. CONJUGAÇÃO PRONOMINAL

LAVÁ-LO
MO- TEMPOS SIMPLES
DOS PRESENTE PRET. PRET. PRET.M. FUTURO
IMPERF. PERF. Q.PERF.

IN lavo-o lavava-o lavei-o lavara-o lavá-lo-ei


lava-lo lavava-lo lavaste-o lavara-lo lavá-lo-ás
DI
lava-o lavava-o lavou-o lavara-o lavá-lo-á
CA lavávamo-lo lavámo-lo laváramo-lo lavá-lo-
lavamo-lo
TI lavai-lo lavávei-lo lavaste-lo lavárei-lo emos
VO lavam-no lavavam-no lavaram-no lavaram-no lavá-lo-eis
lavá-lo-ão

CON o lave o lavasse o lavar


o laves o lavasses o lavares
JUN
o lave o lavasse ____ ____ o lavar
TI o lavássemos o lavarmos
o lavemos
VO o laveis o lavásseis o lavardes
o lavem o lavassem o lavarem

CON lavá-lo-ia
DI lavá-lo-ias
lavá-lo-ia _____ ____ _____ _____
CIO
lavá-lo-
NAL íamos
lavá-lo-íeis
lavá-lo-iam
IMPE
RATI lava-o ___ ___ ___ ___
VO lavai-o

PESSOAL IMPESSOAL

IN lavá-lo
FI lavare-lo lavá-lo
lavá-lo
NI
lavarmo-lo
TI lavarde-lo
VO lavarem-no

OUTRAS FORMAS
GERÚNDIO PART. PASSADO
lavando-o _________

69
7.5. VERBOS IRREGULARES

1. ACUDIR
IND. PRES. Acudo, acodes, acode, acudimos, acudis, acodem

CONJ. PRES. Acuda, acudas, acuda, acudamos, acudais, acudam

Obs. Como este, todos os que mudam o u em o na 2ª e 3ª pes. do sing.


e 3ª pes. do plur. do Ind. Pres. e na 2ª pes. do sing.do Imperativo,
tais como: BULIR, CUSPIR, FUGIR, SACUDIR, SUBIR

2. ADERIR
IND. PRES. Adiro, aderes, adere, aderimos, aderis, aderem

CONJ. PRES. Adira, adiras, adira, adiramos, adirais, adiram

Obs. Como este todos os que mudam o em i na 1ª pes. do sing. do


Ind. Pres. e em todas as do Conj. Pres., tais como : AUFERIR,
COMPELIR, DEFERIR, DESPIR, DISCERNIR, FERIR,
INFERIR, MENTIR, PREFERIR, PROFERIR, REFERIR,
REFLECTIR, SEGUIR, SENTIR, TRANSFERIR, VESTIR

3. AGREDIR
IND. PRES. Agrido, agrides, agride, agredimos, agredis, agridem

CONJ. PRES. Agrida, agridas, agrida, agridamos, agridais, agridam

Obs. Como este todos os que mudam o e em i nas três pes. do sing. e
na 3ª pes. do plur. do Ind. Pres., na 2ª pes. do sing. do
Imperativo e em todas as pes. do Conj. Pres., tais como:
PRVENIR, PROGREDIR, TRANSGREDIR

4. CABER
IND. PRES Caibo, cabes, cabe, cabemos, cabeis, cabem
.
IND. PRET. PERF. Coube, coubeste, coube, coubemos, coubestes, couberam

IND. FUTURO Caberei, caberás, caberá, caberemos, cabereis, caberão

COND. PRES. Caberia, caberias, caberia, caberíamos, caberíeis, caberiam

CONJ. PRES. Caiba, caibas, caiba, caibamos, caibais, caibam

CONJ. PRET. IMP. Coubesse, coubesses, coubesse, coubéssemos, coubésseis,


coubessem

CONJ. FUT.. Couber, couberes, couber, coubermos, couberdes, couberem

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5. COBRIR
IND. PRES. Cubro, cobres, cobre, cobrimos, cobris, cobrem

CONJ. PRES. Cubra, cubras, cubra, cubramos, cubrais, cubram

PART. PAS. Coberto

Obs. Como este, os verbos que mudam o o em u na 1ª pes. do sing. do


Ind. Pres. e em todas as pes. do Conj. Pres., tais como:
DESCOBRIR, DORMIR, ENCOBRIR, RECOBRIR,
ENGOLIR, TOSSIR

6. CRER
IND. PRES Creio, crês, crê, cremos, credes, crêem
.
IND. PRET. PERF.. Cri, creste, creu, cremos, crestes, creram

CONJ. PRES. Creia, creias, creia, creiamos, creiais, creiam

Obs. Como este: DESCRER

7. DAR
IND. PRES Dou, dás, dá, damos, dais, dão
.
IND. PRET. PERF. Dei, deste, deu, demos, destes, deram

IND. FUT. Darei, darás, dará. daremos, dareis, darão

COND. PRES. Daria, darias, daria, daríamos, daríeis, dariam

CONJ. PRES. Dê, dês, dê, dêmos, deis, dêem

CONJ. PRET. IMP. Desse, desses, desse, déssemos, désseis, dessem

CONJ. FUT.. Der, deres, der, dermos, derdes, derem

Obs. CIRCUNDAR é regular

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8. DIZER
IND. PRES Digo, dizes, diz, dizemos, dizeis, dizem
.
IND. PRET. PERF. Disse, disseste, disse, dissemos, dissestes, disseram

IND. FUTURO Direi, dirás, dirá, diremos, direis, dirão

COND. PRES. Diria, dirias, diria, diríamos, diríeis, diriam

CONJ. PRES. Diga, digas, diga, digamos, digais, digam

CONJ. PRET. IMP. Dissesse, dissesses, dissesse, disséssemos, dissésseis, dissessem

CONJ. FUT.. Disser, disseres, disser, dissermos, disserdes, disserem

IMPERATVO Diz, dizei

PART. PAS. Dito

Obs. Como este: BENDIZER, CONTRADIZER, DESDIZER,


MALDIZER, PREDIZER, etc.

9. ESTAR
IND. PRES Estou, estás, está, estamos, estais, estão
.
IND. PRET. PERF. Estive, estiveste, esteve, estivemos, estivestes, estiveram

IND. FUTURO Estarei, estarás, estará, estaremos, estareis, estarão

COND. PRES. Estaria, estarias,estaria, estaríamos, estaríeis, estariam

CONJ. PRES. Esteja, estejas, esteja, estejamos, estejais, estejam

CONJ. PRET. IMP. Estivesse, estivesses, estivesse, estivéssemos, estivésseis,


estivessem

CONJ. FUT.. Estiver, estiveres, estiver, estivermos, esstiverdes, estiverem

Obs. Como este: SOBRESTAR

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10. FAZER
IND. PRES Faço, fazes, faz, fazemos, fazeis, fazem
.
IND. PRET. PERF. Fiz, fizeste, fez, fizemos, fizestes, fizeram

IND. FUTURO Farei, farás, fará, faríamos, faríeis, fariam

COND. PRES. Faria, farias, faria, faríamos, faríeis, fariam

CONJ. PRES. Faça, faças, faça, façamos, façais, façam

CONJ. PRET. IMP. Fizesse, fizesses, fizesse, fizéssemos, fizésseis, fizessem

CONJ. FUT.. Fizer, fizeres, fizer, fizermos, fizerdes, fizerem

IMPERATVO Faz, fazei

PART. PAS. Feito

Obs. Como este: AFAZER, CONTRAFAZER, DESFAZER,


PERFAZER, RAREFAZER, SATISFAZER.

11. IR
IND. PRES Vou, vais, vai, vamos, ides, vão
.
IND. PRET. PERF. Fui, foste, foi, fomos, fostes, foram

IND. FUT. Irei, irás, irá, iremos, ireis, irão

COND. PRES. Iria, irias, iria, iríamos, iríeis, iriam

CONJ. PRES. Vá, vás, vá, vamos, vades, vão

CONJ. PRET. IMP. Fosse. fosses, fosse, fôssemos, fôsseis, fossem

CONJ. FUT.. For, fores, for, formos, fordes, forem.

12. LER
IND. PRES Leio, lês, lê, lemos, ledes, lêem
.
IND. PRET. PERF. Li, leste, leu, lemos, lestes, leram

CONJ. PRES. Leia, leias, leia, leiamos, leiais, leiam

Obs. Como este: RELER, TRESLER

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13. OUVIR
IND. PRES. Ouço, ouves, ouve, ouvimos, ouvis, ouvem

CONJ. PRES. Ouça, ouças, ouça, ouçamos, ouçais, ouçam

14. PEDIR
IND. PRES. Peço, pedes, pede, pedimos, pedis, pedem

IND.. PRET. Peça, peças, peça, peçamos, peçais, peçam

Obs. Como este: DESIMPEDIR,DESPEDIR, EXPEDIR, IMPEDIR,


MEDIR

15. PERDER
IND. PRES Perco, perdes, perde, perdemos, perdeis, perdem
.
CONJ. PRES. Perca, percas, perca, percamos, percais, percam

16. PODER
IND. PRES Posso, podes, pode, podemos, podeis, podem
.
IND. PRET. PERF. Pude, pudeste, pôde, pudemos, pudestes, puderam

CONJ. PRES. Possa, possas, possa, possamos, possais, possam

CONJ. PRET. IMP. Pudesse, pudesses, pudesse, pudéssemos, pudésseis, pudessem

CONJ. FUT.. Puder, puderes, puder, pudermos, puderdes, puderem

Obs. Não tem IMPERATIVO

17. PÔR
IND. PRES Ponho, pões, põe, pomos, pondes, põem
.
IND. PRET. IMP. Punha, punhas, punha, púnhamos, púnheis, punham

IND. PRET. PERF. Pus, puseste, pôs, pusemos, pusestes, puseram

CONJ. PRES. Ponha, ponhas, ponha, ponhamos, pohais, ponham

CONJ. PRET. IMP. Pusesse, pusesses,pusesse, puséssemos, pusésseis, pusessem

CONJ. FUT.. Puser, puseres, puser, pusermos, puserdes, puserem

Obs. Como este, todos os seus derivados

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18. QUERER
IND. PRES. Quero, queres, quer, queremos, quereis, querem

IND. PRET. PERF. Quis, quiseste, quis, quisemos, quisestes, quiseram

CONJ. PRES. Queira, queiras, queira, queiramos, queirais, queiram

CONJ. PRET. IMP. Quisesse, quisesses, quisesse, quiséssemos, quisésseis,


quisessem

CONJ. FUT.. Quiser, quiseres, quiser, quisermos, quiserdes, quiserem

Obs. Não tem IMPERATIVO

19. REQUERER
IND. PRES. Requero, requeres, requer, requeremos, requereis, requerem

IND. PRET. PERF. Requeri, requereste, requereu, requeremos, requerestes,


requereram

CONJ. PRES. Requeira, requeiras, requeira, requeiramos, requeirais, requeiram

20. RIR
IND. PRES. Rio, ris, ri, rimos, rides, riem

IND. PRET. IMP.. Ria, rias, ria, ríamos, ríeis, riam

Obs. Como este: SORRIR

21. SABER
IND. PRES. Sei, sabes, sabe, sabemos, sabeis, sabem

IND. PRET. PERF. Soube, soubeste, soube, soubemos, soubestes, souberam

CONJ. PRES. Saiba, saibas, saiba, saibamos, saibais, saibam

CONJ. PRET. IMP. Soubesse, soubesses, soubesse, soubéssemos, soubésseis,


soubessem

CONJ. FUT... Souber, souberes, souber, soubermos, souberdes, souberem

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22. SAIR
IND. PRES. Saio, sais, sai, saímos, saís, saem

IND. PRET. IMP.. Saí, saíste, saiu, saímos, saístes, saíram

CONJ. PRES. Saia, saias, saia, saiamos, saiais, saiam

IMPERATIVO Sai, saí

Obs. Como este: ATRAIR, CAIR, CONTRAIR, DISTRAIR,


ESVAIR, RETRAIR, TRAIR

23. TRAZER
IND. PRES Trago, trazes, traz, trazemos, trazeis, trazem
.
IND. PRET. PERF. Trouxe, trouxeste, trouxe, trouxemos,trouxestes, trouxeram

IND. FUTURO Trarei, trarás, trará, traremos, trareis, trarão

COND. PRES. Traria,trarias, traria, traríamos,traríeis, trariam

CONJ. PRES. Traga, tragas, traga, tragamos, tragais, tragam

CONJ. PRET. IMP. Trouxesse,trouxesses, trouxesse, trouxéssemos, trouxésseis,


trouxessem

CONJ. FUT.. Trouxer, trouxeres, trouxer, trouxermos, trouxerdes, trouxerem

IMPERATVO Traz, trazei

24. VALER
IND. PRES. Valho, vales, vale, valemos, valeis, valem

CONJ. PRES. Valha, valhas, valha, valhamos, valhais, valham

Obs. Como este: EQUIVALER

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25. VER
IND. PRES Vejo, vês, vê, vemos, vedes vêem
.
IND. PRET. PERF. Vi, viste viu, vimos, vistes, viram

CONJ. PRES. Veja, vejas, veja, vejamos, vejais, vejam

CONJ. PRET. IMP. Visse, visses, visse, víssemos, vísseis, vissem

CONJ. FUT.. Vir, vires, vir, virmos, virdes, virem

PART. PAS. Visto

Obs. Como este: ANTEVER, ENTREVER, PREVER, etc.

26.VIR
IND. PRES Venho, vens, vem, vimos, vindes, vêm
.
IND. PRET. IMP. Vinha, vinhas, vinha, vínhamos, vínheis, vinham

IND. PRET. PERF. Vim, vieste, veio, viemos, viestes, vieram

CONJ. PRES. Venha, venhas, venha, venhamos, venhais, venham

CONJ. IMP. Viesse, viesses, viesse, viéssemos, viésseis, viessem

CONJ. FUT.. Vier, vieres, vier, viermos, vierdes, vierem

GERÚNDIO Vindo

PART. PAS. Vindo

Obs. Como este: ADVIR, AVIR-SE, CONVIR, INTERVIR,


PROVIR, SOBREVIR

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