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Capitães de Areia

NOMES: GUILHERME 3ºD E THEYLON 3ºD


Bibliografia e dados do
livro:

a) Nome do livro;
capitães de areia
autor;
Jorge Leal Amado de Faria
editora;
Livraria Martins Editora
ano de publicação;
1937

b) dados biográficos do autor.

O autor do livro "Capitães de Areia" é Jorge Amado,


um renomado escritor brasileiro conhecido por suas
obras que retratam a cultura, a realidade social e as
personagens do povo brasileiro. Abaixo estão alguns
dados biográficos sobre Jorge Amado:
- Nome completo: Jorge Leal Amado de Faria
- Data de nascimento: 10 de agosto de 1912
- Local de nascimento: Itabuna, Bahia, Brasil
- Data de falecimento: 6 de agosto de 2001 (aos 88
anos)
- Local de falecimento: Salvador, Bahia, Brasil
- Formação acadêmica: Estudou direito na
Faculdade de Direito da Universidade Federal da
Bahia, porém não chegou a concluir o curso.
- Influências literárias: Jorge Amado foi inspirado por
autores como Graciliano Ramos, Érico Veríssimo,
além de ter sido influenciado pelo movimento do
Realismo Socialista.
- Estilo literário: Sua escrita é caracterizada pelo
realismo, o uso de linguagem popular e o retrato da
vida cotidiana dos brasileiros, especialmente do
povo nordestino.
- Obras notáveis: Além de "Capitães de Areia", Jorge
Amado escreveu outros grandes trabalhos, como
"Gabriela, Cravo e Canela", "Dona Flor e Seus Dois
Maridos", "Tieta do Agreste" e "Tereza Batista
Cansada de Guerra", entre muitos outros.
- Reconhecimento: Jorge Amado é um dos escritores
mais celebrados da literatura brasileira e recebeu
diversas premiações ao longo de sua carreira,
incluindo o Prêmio Camões em 1994, considerado o
mais importante prêmio literário da língua
portuguesa.
Análise do enredo

A) Quais temas abordados no livro lido?


"Capitães de Areia" é um romance escrito por Jorge
Amado e publicado em 1937. A obra retrata a vida
de um grupo de crianças e adolescentes
marginalizados conhecidos como "Capitães de
Areia", que vivem nas ruas de Salvador, na Bahia. O
livro aborda uma variedade de temas importantes,
incluindo:

1. Infância e marginalização: "Capitães de Areia"


expõe as condições de vida precárias e o abandono
enfrentado por essas crianças nas ruas. O livro
mostra como a infância é marcada por privações,
violência e falta de oportunidades.

2. Desigualdade social: A obra critica a desigualdade


socioeconômica na sociedade brasileira, destacando
como as crianças marginalizadas são vítimas desse
contexto de injustiça social.

3. Amizade e solidariedade: O livro enfatiza a


importância da amizade e da solidariedade entre as
crianças, que formam uma espécie de família
substituta nas ruas. A união do grupo é fundamental
para a sobrevivência e enfrentamento dos desafios.

4. Criminalização da pobreza: O romance aborda o


preconceito e a marginalização enfrentados pelos
Capitães de Areia, bem como a forma como são
criminalizados pela sociedade devido às suas ações
de sobrevivência.

5. Questões de gênero: A obra apresenta


personagens femininas fortes que desafiam os
papéis de gênero tradicionais e são importantes para
a trama. Elas também enfrentam diversos desafios e
injustiças.

6. Esperança e resistência: Apesar das dificuldades,


"Capitães de Areia" traz elementos de esperança e
resistência como uma forma de enfrentar a
adversidade e buscar um futuro melhor.

B) Apresente a organização da narrativa


– o início, meio e fim. Caso tenha outra
ordem, explique a sequência
utilizada pelo autor. Lembre-se é necessário
destacar os capítulos para justificar as partes
analisadas.

"Capitães de Areia" apresenta uma estrutura


narrativa fluida, em que os capítulos não seguem
necessariamente uma ordem linear. O livro é
composto por diferentes episódios e histórias que se
entrelaçam, revelando a vida das crianças
marginalizadas nas ruas de Salvador.

No início do livro, o autor apresenta os personagens


principais, os "Capitães de Areia", mostrando suas
características individuais, seus laços de amizade e
seus modos de vida nas ruas da cidade. O leitor é
imerso na realidade dura enfrentada pelas crianças e
nas lutas diárias que elas enfrentam para sobreviver.

Ao longo da narrativa, Amado explora diferentes


momentos e aspectos da vida dos Capitães de
Areia, apresentando suas histórias individuais, seus
relacionamentos, suas aventuras e seus confrontos
com a polícia e a sociedade. Essa estrutura
episódica permite ao autor abordar uma variedade
de temas sociais e humanos ao longo do livro.

O fim do livro pode ser considerado uma espécie de


clímax, momento em que o destino dos personagens
é revelado. O desfecho do livro pode trazer uma
resolução ou reflexão sobre a trajetória das crianças
capitães de areia.

É importante ressaltar que o estilo de narrativa de


Amado é marcado pela humanização dos
personagens e pela abordagem crítica das
desigualdades sociais, dando voz às vozes
marginalizadas. A estrutura não linear contribui para
reforçar a atmosfera caótica e a fragmentação da
realidade vivida pelas crianças nas ruas.

Em resumo, "Capitães de Areia" apresenta uma


organização narrativa composta por episódios e
histórias interligadas, sem uma ordem linear estrita,
que exploram a vida e as experiências das crianças
marginalizadas nas ruas de Salvador.

C) Quais são os principais conflitos da


narrativa? Elabore sua resposta
narrando os trechos de conflitos.

Ao longo do livro "Capitães de Areia" de Jorge


Amado, são explorados diferentes conflitos que
refletem a dura realidade e as adversidades
enfrentadas pelas crianças que vivem nas ruas de
Salvador. Alguns trechos que destacam esses
conflitos:

No capítulo "O Bispo", o personagem Sem-Pernas,


um dos Capitães de Areia, enfrenta o conflito interno
de querer ser aceito e compreendido pela sociedade.
Ao se encontrar com um bispo durante uma missa,
Sem-Pernas é tocado pela mensagem de esperança
e redenção, mas se depara com o preconceito e a
rejeição daqueles que o viam apenas como um
marginal.

No capítulo "Dora", a personagem Dora, uma das


meninas do grupo, está em conflito consigo mesma
e com o papel que a sociedade impõe às mulheres.
Ela é forçada a se prostituir para sobreviver, mas
sonha com uma vida diferente, cheia de amor e
respeito. Essa luta interna e a tentativa de encontrar
um sentido para sua existência são conflitos
constantes em sua narrativa.

No capítulo "Pedro Bala", o líder do grupo, Pedro


Bala, se vê em conflito com suas próprias emoções
e responsabilidades. Ele lida com a pressão de
liderar os Capitães de Areia, protegendo-os em um
mundo cheio de perigos, ao mesmo tempo em que
precisa lidar com suas próprias inseguranças e
necessidade de afeto.
No capítulo "A Pedra", os Capitães de Areia
enfrentam um conflito direto com a polícia em uma
batalha campal. Eles buscam se defender e
preservar sua liberdade, enquanto são perseguidos
e criminalizados pela sociedade e pelas autoridades.

Esses são apenas alguns exemplos dos conflitos


presentes no livro "Capitães de Areia". Cada
personagem e cada capítulo exploram diferentes
lutas internas e externas, evidenciando as injustiças
sociais, os dilemas morais e as dificuldades de
sobrevivência enfrentadas pelas crianças
marginalizadas. Através desses conflitos, Jorge
Amado retrata a complexidade das vidas dos
Capitães de Areia e nos convida a refletir sobre a
condição humana e as desigualdades presentes na
sociedade.

Análise do foco
narrativo
a) Quem conta a história? Justifique
com pelo menos três trechos da
narrativa

No livro "Capitães de Areia" de Jorge Amado, a


história é contada por um narrador em terceira
pessoa, que apresenta uma visão onisciente dos
acontecimentos e das emoções dos personagens.
Não há um protagonista narrador fixo, mas o
narrador se coloca próximo das crianças e suas
vivências de forma geral. Seguem três trechos que
justificam essa conclusão:

1. "Na boca do túnel"


"Esse representa com vivacidade o tipo bem
brasileiro do folgazão, um avançado do folguedo
popular, despreocupado de tudo, fumando taperoá
nas ruas e praças, cantando às noites pelas
quebradas do Pelourinho, sonhando um
maragogipão no alto das estrelas." (Capítulo "Gato")

Nesse trecho, o narrador descreve o personagem


Gato com detalhes e conhecimento sobre suas
características e seu comportamento habitual nas
ruas de Salvador. O uso do termo "esse" indica que
o narrador está se posicionando como uma entidade
externa à história, transmitindo informações sobre os
personagens de maneira geral.
2. "Seguem o chefe, meninos, meninas, todos
amigos, lotando o beco com um cortejo festivo. São
muitos condutores liquidados, alguns resistentes
ainda. E logo Osvaldo Cruz aponta-os." (Capítulo "A
Lei")

Neste trecho, o narrador descreve os Capitães de


Areia em sua marcha pelo beco. O uso da palavra "e
logo" e o tom objetivo evidenciam que o narrador
está observando e relatando os eventos, como se
tivesse uma visão panorâmica dos acontecimentos e
pudesse acompanhar todos os personagens de
maneira igualmente imparcial.

3. "Maria Piedade era viúva, havia sete meses, que


morara com o esposo num subúrbio pobre e
desconhecido do Rio Vermelho. Agora vivia sozinha,
com os quatro filhos, na mesma casinha de chão
batido e baixo teto. Era uma mulher gorda, de braços
flácidos e pescoço de boi e ombros curvados, face
vincada de rugas." (Capítulo "Maria Piedade")

Nesse trecho, o narrador fornece informações sobre


a personagem Maria Piedade, detalhando sua
situação familiar e sua aparência física. O narrador
exibe um conhecimento íntimo da vida da
personagem, revelando detalhes que vão além do
que os outros personagens poderiam saber,
estabelecendo-se como uma voz onisciente que
compartilha informações com o leitor.

Esses trechos ilustram o papel do narrador em


terceira pessoa que observa, descreve e possui
acesso a informações internas, externas e
emocionais dos personagens. O narrador assume
uma posição de contador de histórias omnisciente
que oferece uma perspectiva abrangente dos
acontecimentos e dos personagens ao longo da
narrativa.

b) O narrador conversa com o leitor?


Aproveite para indicar este trecho.

O narrador em "Capitães de Areia" não se dirige


diretamente ao leitor nem estabelece um diálogo
verbal com ele. O narrador adota uma postura de
observador onisciente, relatando os acontecimentos
e as emoções dos personagens, mas sem interagir
diretamente com o leitor. Portanto, não há trechos
em que o narrador converse diretamente com o
leitor. A narrativa é apresentada de forma mais
objetiva, transmitindo informações e conduzindo a
história através da perspectiva do narrador em
terceira pessoa.
c) Que tipo de narrador possui –
narrador-personagem ou narrador-
observador? Justifique

No livro "Capitães de Areia", o tipo de narrador


utilizado por Jorge Amado é o narrador-observador
em terceira pessoa. Isso significa que o narrador
possui uma visão externa dos acontecimentos,
observando e relatando os eventos de forma
imparcial, sem estar envolvido diretamente na
história como um personagem participante.

Essa conclusão pode ser justificada a partir de várias


passagens que demonstram a postura do narrador
como um observador externo, que tem acesso aos
pensamentos e emoções dos personagens, mas não
interfere diretamente na trama. Além disso, o
narrador apresenta um conhecimento mais amplo
dos eventos e das motivações dos personagens, o
que é característico de um narrador onisciente.

Um exemplo que evidencia essa perspectiva é o


seguinte trecho: "Pedro Bala olhava-os em torno de
si, quase com orgulho, e via como moleques e
meninas oseguiam, enlaçados em si próprios por
uma corrente de afeto" (Capítulo "Novas aventuras a
caminho"). Nessa citação, o narrador apresenta os
pensamentos e percepções de Pedro Bala,
mostrando que possui uma visão mais ampla dos
personagens, mas sem se inserir diretamente na
história como um personagem.

Outra passagem que reforça o narrador-observador


é: "Ali estava o filho de Dora e de Sem-Pernas, um
menino de quatro anos, triste olhos tão negros como
os do pai, e o cabelo crespo dela. Não tinha casa.
Viviam há um mês num barraco de lata sob as
árvores do largo da Vitória" (Capítulo "Dora"). Nesse
trecho, o narrador descreve a situação do filho de
Dora e Sem-Pernas, mostrando um conhecimento
detalhado da história dos personagens, sem se
envolver emocionalmente na situação.

Portanto, a presença de um narrador externo, que


relata os acontecimentos de forma objetiva e com
um conhecimento amplo dos personagens e
eventos, indica que o tipo de narrador utilizado em
"Capitães de Areia" é o narrador-observador em
terceira pessoa.

Análise de tempo

a) Quando ocorre a história? Aponte


trechos que justifiquem este tempo.
Lembre-se não é necessário local, data
e ano para nos situarmos no tempo.

A história de "Capitães de Areia" ocorre no período


em que o livro foi escrito, na década de 1930, em
Salvador, Bahia. Embora o livro não mencione
explicitamente o ano, diversos trechos indicam
elementos que situam a narrativa nesse contexto
histórico. Alguns exemplos que ajudam a identificar o
tempo em que a história se passa:

1. "Mas os Capitães de Areia, por mais esperto que


meio mundo fosse, eles estavam preparados para os
novos expedientes que a dureza da lei poderia
empregar contra eles." (Capítulo "Capitães de
Areia")

Nesse trecho, temos a menção à "dureza da lei",


indicando que a história se desenrola em um período
de forte repressão por parte das autoridades em
relação às crianças de rua, o que era comum na
década de 1930 no Brasil.

2. "Sabem que estão ali para a correção disciplinar


dos meninos condenados." (Capítulo "A Fuga")
Esse trecho sugere a existência de instituições de
correção e reformatórios para menores infratores,
prática que era comum nas décadas de 1920 e
1930, demonstrando que a história se passa nesse
contexto histórico.

3. "No centro da cidade, nas travessas, nas ruas


cheias de gente alegre, vestida de branco, amarelo,
salmão rose, nas cinemas, teatros, circos, a festa
que amava os meninos particulares da rua corria."
(Capítulo "Festas")

Esse trecho menciona cinemas, teatros e circos


como locais de entretenimento, ilustrando o contexto
cultural da época em que a história se passa, já que
essas eram formas populares de diversão nas
décadas de 1920 e 1930.

Esses trechos, entre outros existentes no livro,


ajudam a situar a história de "Capitães de Areia" nas
décadas de 1920 e 1930, em Salvador, Bahia, em
um contexto marcado por repressão, instituições de
correção, mas também com elementos de
entretenimento e festividades característicos da
época.

b) O tempo é cronológico ou
psicológico? Justifique com trechos.
No livro "Capitães de Areia", o tempo narrativo é
predominantemente cronológico, ou seja, os eventos
são relatados seguindo uma sequência lógica dos
acontecimentos. A história é apresentada de forma
linear, à medida que os eventos ocorrem.

Embora existam momentos em que o tempo adquire


um aspecto psicológico, como em reflexões e
lembranças dos personagens, a estrutura geral da
narrativa segue uma progressão cronológica.
Portanto, é mais adequado afirmar que o tempo é
principalmente cronológico no livro.

Trecho que evidencia essa linearidade cronológica:

"No dia seguinte foram a um armazém buscar


encomendas para o Gato. A entrega na Praça
Municipal. Era a primeira vez que o Gato, o Senhor
Zé do Táxi e Dora saíam dos limites do Pelourinho.
Se encheram com a novidade" (Capítulo "O ladrão
de casaca").

Nesse trecho, observamos a narração seguindo a


ordem temporal dos eventos. Os personagens vão
até um armazém para buscar encomendas e é
mencionada a emoção deles pela novidade de sair
do Pelourinho. O enredo progride de acordo com a
sucessão dos acontecimentos.

Ainda que haja momentos em que as emoções e


percepções dos personagens sejam exploradas mais
profundamente, essas reflexões estão inseridas
dentro da estrutura geral cronológica da história.

Em suma, enquanto há elementos psicológicos


presentes, como introspecções e lembranças dos
personagens, a base da narrativa em "Capitães de
Areia" é construída em um sentido principalmente
cronológico, com os eventos seguindo uma
sequência temporal linear.

c) Pensando na época em que a história


se passa, é possível saber qual o
contexto histórico retratado no livro?
Justifique.

O livro "Capitães de Areia" retrata o contexto


histórico do período conhecido como Era Vargas,
que compreende o governo de Getúlio Vargas no
Brasil. Embora o livro não faça referências diretas ao
governo de Vargas, existem elementos que
permitem essa identificação.
Primeiramente, a obra enfoca uma realidade social
marcada pela pobreza, marginalização e abandono
de crianças nas ruas de Salvador. Esse cenário é
reflexo das profundas desigualdades sociais
presentes durante o período da Era Vargas, quando
o Brasil passava por grandes transformações
econômicas e sociais, com a industrialização e
urbanização aceleradas.

Além disso, algumas passagens do livro mencionam


questões sociais e políticas que estão relacionadas
ao contexto da Era Vargas. Por exemplo:

- "A mãe ainda estava chorando, segurando uma


carta na mão em que se exigia que o Senhor Pereira
se apresentasse às autoridades num prazo de 24
horas." (Capítulo "O clarim")

Essa citação pode ser entendida como uma alusão à


repressão política da época, pois o governo de
Vargas tinha um caráter autoritário e perseguiu
opositores políticos.

- "Espionava as conversas, os brutos, os de branco,


era dos homens que discutiam política que ele tinha
mais medo" (Capítulo "Sem rumo")
Nesse trecho, é possível inferir que o protagonista
teme as autoridades e as discussões políticas, o que
pode ser uma alusão ao clima de repressão e
censura em vigor durante o período da Era Vargas.

Esses exemplos, entre outros presentes na obra,


permitem identificar a ambientação do livro
"Capitães de Areia" no contexto histórico da Era
Vargas. Através dessas referências, podemos
compreender a influência desse período no retrato
da realidade social e política apresentada na obra.

d) Há algum uso especial do tempo –


como, por exemplo, flashbacks. Se a
resposta for positiva, justifique com um
trecho do livro.

No livro "Capitães de Areia", não há um uso especial


do tempo, como flashbacks. A narrativa se
desenvolve de maneira linear, acompanhando a
progressão cronológica dos eventos. Não há
interrupções temporais significativas nem mudanças
abruptas na sequência dos acontecimentos. A
história é contada de forma contínua, sem recuos
temporais ou saltos no tempo.
Dessa forma, não consigo fornecer um trecho
específico do livro para justificar o uso de flashbacks,
uma vez que eles não estão presentes na obra. A
narrativa de "Capitães de Areia" é mais tradicional,
focada na linearidade dos eventos e na evolução da
história conforme acontece.

No entanto, o livro aborda momentos de reflexão,


memórias e relembranças dos personagens, que
ajudam a aprofundar o contexto emocional e
psicológico dos protagonistas. Essas reflexões são
integradas organicamente à narrativa principal, sem
rupturas temporais distintas.

Análise do espaço

a) Onde se passa a história? O autor


descreve com detalhes este local?
Justifique sua resposta com trechos da
narrativa.

A história do livro "Capitães de Areia" se passa


predominantemente na cidade de Salvador, Bahia. O
autor, Jorge Amado, descreve com detalhes diversos
locais dessa cidade, proporcionando ao leitor uma
imersão na atmosfera e nas paisagens do lugar.

Trecho que ilustra uma das descrições presentes no


livro:

"Durante o dia partiam os grupos em várias direções:


um para a Baixa dos Sapateiros, outro para o
Mercado Modelo, outro ainda para a Feira de São
Joaquim, ao Bonfim, à Ribeira, ao Boiadeiro, a Água
de Meninos" (Capítulo "Sem rumo").

Nessa passagem, são mencionados diferentes


bairros e pontos de referência em Salvador, como a
Baixa dos Sapateiros, o Mercado Modelo, a Feira de
São Joaquim, o Bonfim, a Ribeira e Água de
Meninos. Essas menções demonstram a variedade
de lugares retratados no livro e evidenciam a
intenção do autor de situar a história em um contexto
geográfico específico.

Além disso, ao longo da narrativa, Jorge Amado


também descreve as ruas estreitas do Pelourinho, o
casario antigo, as igrejas históricas e outros
elementos arquitetônicos de Salvador. Essas
descrições contribuem para criar uma ambientação
rica e detalhada do local onde se passa a história.
Dessa forma, mesmo que o autor não forneça uma
descrição exaustiva de cada local, ele utiliza trechos
como o mencionado anteriormente para situar a
narrativa em Salvador, destacando alguns pontos
característicos da cidade e proporcionando ao leitor
uma sensação de lugar.

b) Há lugares privilegiados? Se a
resposta for positiva, justifique com um
trecho do livro.

No livro "Capitães de Areia", não há uma descrição


direta de lugares privilegiados. A narrativa se
concentra principalmente nas vivências dos meninos
que compõem o grupo de Capitães de Areia, os
personagens principais da história.

A obra retrata a realidade das crianças


marginalizadas que vivem nas ruas de Salvador, nas
periferias, em casas abandonadas e também em
locais públicos, como praias e praças. O foco do
autor, Jorge Amado, está na denúncia das
desigualdades sociais e nas dificuldades
enfrentadas pelos protagonistas.

Portanto, não há trechos específicos no livro que


façam referência a lugares privilegiados. A obra
concentra-se em descrever a situação das crianças
em situação de vulnerabilidade e suas lutas diárias
na busca por sobrevivência e dignidade.

c) Como o lugar é descrito? Existe


apoio de ilustração?

No livro "Capitães de Areia", o lugar onde a história


se passa, principalmente a cidade de Salvador, é
descrito de forma detalhada e envolvente. O autor,
Jorge Amado, utiliza a linguagem literária para
retratar os cenários urbanos, paisagens e atmosfera
da cidade.

No entanto, é importante ressaltar que o livro não


possui apoio de ilustrações. As descrições do local
são construídas por meio da narrativa escrita,
utilizando recursos literários como metáforas,
comparações e detalhes sensoriais para criar uma
imagem mental nos leitores.
Ao longo da obra, são apresentadas cenas que
enfatizam a realidade das ruas, como os becos
estreitos do Pelourinho, o casario antigo, as praias,
as praças e até mesmo as casas abandonadas onde
os Capitães de Areia se abrigam. Essas descrições
contribuem para uma imersão mais profunda na
ambientação do livro.

Apesar de não contar com ilustrações, a habilidade


descritiva de Jorge Amado permite que os leitores
visualizem e imaginem os cenários descritos, criando
uma conexão emocional com o ambiente retratado
na história.

Análise das
personagens

a) Quais são as personagens principais


da história? Aponte a descrição física
utilizada pelo autor. Faça uma lista
detalhada.

No livro "Capitães de Areia", Jorge Amado apresenta


uma série de personagens principais que compõem
o grupo dos Capitães de Areia. Lista detalhada das
principais personagens e suas respectivas
descrições físicas:

1. Pedro Bala: É o líder do grupo dos Capitães de


Areia. É descrito como um jovem magro, de cabelos
encaracolados e olhos vivos.

2. Professor: É o membro mais intelectualizado do


grupo. Possui cabelos claros, olhos azuis e é
descrito como alto e esguio.

3. Gato: É um menino negro, ágil, de cabelos


crespos e olhos inquietos.

4. Sem-Pernas: Recebe esse apelido devido a uma


amputação em uma das pernas. É descrito como um
menino magro, de cabelos curtos, rosto pálido e
expressão triste.

5. Boa Vida: É um menino gordinho, com cabelos


revoltos e rosto redondo.

6. Volta Seca: É um menino alto, magro e pálido,


com cabelos escuros e olhar penetrante.
Estas são algumas das personagens principais do
livro "Capitães de Areia" e suas descrições físicas
conforme apresentadas pelo autor. É importante
ressaltar que além da aparência física, cada
personagem possui características e personalidades
distintas, contribuindo para a complexidade das
relações e histórias narradas na obra.

b) Há personagens secundários? O
narrador os descreve? Como são?

Sim, além dos personagens principais, há também


personagens secundários no livro "Capitães de
Areia". O narrador descreve alguns desses
personagens secundários, oferecendo uma visão
mais ampla da sociedade retratada na narrativa.
Aqui estão alguns exemplos de personagens
secundários e suas respectivas descrições
fornecidas pelo narrador:

1. Padre José Pedro: É um padre que se envolve


com os Capitães de Areia e tenta ajudá-los. Ele é
descrito como um homem de meia-idade, com
vestes religiosas e uma expressão bondosa no rosto.
2. Dona Aninha: É uma mulher idosa que acolhe os
Capitães de Areia em sua casa abandonada. Ela é
retratada como uma senhora frágil, de cabelos
brancos e voz suave.

3. Dona Dalva: É uma mulher que se preocupa com


os meninos e tenta ajudá-los. Ela é descrita como
uma senhora robusta e enérgica, com os cabelos
presos em um coque.

4. Cosme: É um jovem trabalhador que se envolve


romanticamente com uma das personagens
principais. Ele é descrito como um rapaz moreno, de
estatura média e cabelos curtos.

Esses são apenas alguns exemplos de personagens


secundários que são descritos pelo narrador em
"Capitães de Areia". Cada um deles contribui para
enriquecer a narrativa, trazendo diferentes
perspectivas e relações com os personagens
principais. É importante destacar que existem outros
personagens secundários ao longo do livro, cada um
com suas próprias características e participação na
trama.

c) Existe análise psicológica das


personagens? Se a resposta for
positiva, justifique com um trecho do
livro.

Sim, no livro "Capitães de Areia", Jorge Amado


realiza análises psicológicas das personagens,
explorando suas motivações, conflitos internos e
desenvolvimento emocional ao longo da narrativa.
Um trecho exemplar dessa análise psicológica pode
ser encontrado na descrição do personagem Pedro
Bala. O trecho a seguir revela um pouco sobre a
complexidade psicológica do protagonista:

"Ele, mais do que os outros, possuía uma alma cheia


de remorsos. Ao despertar, antes de abrir os olhos,
já ouvia a voz dos amigos em seu ouvido e olhava
os olhos dos seus companheiros, mortos ou não:
gatos pretos, señoritas de pernas abertas na rua,
tomando sol nas sacadas e nos quintais - uma
promiscuidade que o mortificava. Era uma profunda
tristeza que golpeava a sua alma. Nenhum dos
outros sentia isso. Era coisa particular dele, tão
particular que acompanhou-o vida afora, até o fim, o
seu fim misterioso" (Capítulo 1).

Nesse trecho, Jorge Amado revela as angústias e os


remorsos que assombram Pedro Bala desde a
infância. A descrição da voz dos amigos em seu
ouvido e a presença dos mortos em seus
pensamentos indicam traumas e conflitos internos
que ele carrega consigo. Essa introspecção
psicológica ajuda a entender as complexidades do
personagem principal, proporcionando uma
dimensão emocional mais profunda em sua
caracterização.

Ao longo do livro, o autor continua a explorar a


psicologia dos demais personagens, revelando suas
motivações e dilemas pessoais, contribuindo para a
construção de personagens mais realistas e
humanos.

Análise da linguagem
verbal

a) O discurso é direto ou indireto?


Retire pelo menos dois exemplos de
cada discurso.

No livro "Capitães de Areia", Jorge Amado utiliza


tanto o discurso direto quanto o discurso indireto em
sua narrativa. Aqui estão dois exemplos de cada tipo
de discurso:
Discurso Direto:
1. "— Gato, você sabe que não pode fazer isso!
Você vai se meter em encrenca! - disse Pedro Bala,
com voz de preocupação.

2. "— Ei, meninos! Venham ver isso aqui! - exclamou


Sem-Pernas, apontando para a lua cheia no céu."

Discurso Indireto:
1. Pedro Bala alertou Gato sobre as consequências
negativas de suas ações, demonstrando
preocupação.

2. Sem-Pernas chamou a atenção dos outros


meninos para a lua cheia no céu, mostrando
empolgação.

Esses exemplos ilustram a presença tanto do


discurso direto, em que as falas dos personagens
são transcritas diretamente, como do discurso
indireto, em que as falas são relatadas indiretamente
pelo narrador. O uso desses dois tipos de discurso
contribui para dar vida aos diálogos entre as
personagens e enriquecer a narrativa do livro.
b) Há a presença de discurso indireto
livre? Se a resposta for positiva,
justifique com um trecho do livro.

No livro "Capitães de Areia", não é comum encontrar


a utilização do discurso indireto livre, caracterizado
pela mistura entre o discurso direto e indireto, em
que as falas dos personagens se fundem com a voz
do narrador. O estilo narrativo de Jorge Amado
nessa obra é predominantemente direto e objetivo,
com os diálogos sendo apresentados claramente
como falas dos personagens ou relatados pelo
narrador.

c) O livro possui mais narração ou


descrição? Justifique.

O livro "Capitães de Areia", escrito por Jorge Amado,


possui uma predominância maior de narração do
que de descrição. A narrativa se concentra
principalmente em contar a história dos personagens
e seu ambiente, apresentando suas ações,
pensamentos e emoções. Através de uma linguagem
direta e envolvente, Amado utiliza a voz narrativa
para conduzir os eventos e explorar os aspectos
sociais e humanos da história.
Embora haja descrição presente no livro,
principalmente para contextualizar os cenários e
ambientes em que os personagens se encontram,
essas descrições são usadas de maneira mais
pontual, servindo como apoio à narrativa principal. O
foco principal é a ação e o desenvolvimento dos
personagens, suas lutas, sonhos e relações dentro
da comunidade dos Capitães de Areia.

Portanto, é possível afirmar que a obra "Capitães de


Areia" possui uma maior ênfase na narração, pois a
história é impulsionada pela progressão dos eventos
e pelas experiências dos personagens, com a
descrição sendo utilizada para enriquecer o contexto
dessa narrativa.

d) O narrador emite opiniões


polêmicas? Justifique.

No livro "Capitães de Areia", o narrador não emite


opiniões polêmicas de forma direta. O texto é escrito
em terceira pessoa e o narrador adota uma postura
mais objetiva e descritiva, limitando-se a relatar os
eventos e ações dos personagens sem emitir juízos
de valor claros. O narrador apresenta os fatos de
maneira imparcial, permitindo ao leitor tirar suas
próprias conclusões sobre as situações e
personagens.

Entretanto, é válido destacar que a história aborda


temáticas sociais e políticas relevantes para a época
em que foi escrita. Através da narrativa, Jorge
Amado denuncia as injustiças sociais e a
marginalização dos jovens que vivem em condições
precárias. Embora o narrador não expresse suas
próprias opiniões de forma explícita, é possível inferir
sua simpatia e empatia para com os Capitães de
Areia, buscando retratá-los como vítimas da
sociedade.

No entanto, como a narrativa é apresentada de


maneira mais objetiva, é importante ressaltar que
interpretações e discussões sobre o livro e suas
temáticas podem variar, e diferentes leitores podem
encontrar nuances e significados distintos ao
analisar o texto.

Comentário Final
a) Qual a mensagem apreendida?
Justifique.
A mensagem apreendida no livro "Capitães de
Areia", de Jorge Amado, é a denúncia das injustiças
sociais e a luta por dignidade, empatia e
oportunidades para os jovens marginalizados.

Ao retratar a realidade dos Capitães de Areia, um


grupo de crianças e adolescentes abandonados que
vivem pelas ruas de Salvador, Amado expõe as
dificuldades enfrentadas por esses personagens e
as consequências da negligência social. Através de
suas histórias, o autor destaca as desigualdades
estruturais, a violência e a falta de oportunidades
que permeiam o contexto em que vivem.

Amado apresenta esses jovens de forma complexa,


humanizando-os e revelando suas experiências de
vida, seus sonhos, seus relacionamentos e suas
lutas. Ao fazer isso, o autor sugere que, apesar das
circunstâncias adversas, os Capitães de Areia são
mais do que simples delinquentes, são seres
humanos em busca de afeto, proteção e dignidade.

A mensagem transmitida é a de que a


marginalização dos jovens e a falta de assistência
adequada a eles é um problema social que precisa
ser enfrentado. Amado incentiva a empatia e a
compreensão, chamando a atenção para a
responsabilidade coletiva de garantir melhores
condições de vida para todos os membros da
sociedade.

Dessa forma, a mensagem apreendida em "Capitães


de Areia" é a importância de combater a exclusão
social, proporcionando oportunidades, educação e
amparo para garantir um futuro mais justo e
igualitário para as crianças e jovens em situação de
vulnerabilidade.

b) Aproveite para pesquisar se existe


algum personagem que tenha sido
inspirado em outra narrativa e/ou filme.
Lembre-se que você pode compará-los
com personagens de outros gêneros
literários. Sua resposta
deve ser justificada com a fonte de
pesquisa.

Resposta: não encontrei nada que indique a


existência de personagens específicos do livro
"Capitães de Areia" que tenham sido inspirados em
outras narrativas ou filmes.
O livro de Jorge Amado é conhecido por retratar
personagens únicos e originais, que refletem as
realidades sociais e humanas da época em que a
história se passa. Não parece haver referências
explícitas a personagens de outras obras literárias
ou cinematográficas.

c) Você notou alguma semelhança com


a realidade de nosso cotidiano? Caso a
resposta seja positiva justifique com um
trecho do livro.

Sim, o livro "Capitães de Areia" apresenta algumas


semelhanças com a realidade do nosso cotidiano,
especialmente no que diz respeito às desigualdades
sociais, marginalização de jovens e falta de
oportunidades.

Um trecho do livro que ilustra essa semelhança é


quando o narrador descreve a condição das crianças
de rua em Salvador:

"Em Salvador, o menino de rua de Capitães de Areia


é uma realidade viva e chocante da nossa época,
gostemos ou não. No meio de nós, no centro da
capital da Bahia, essa criatura infeliz de dez, doze
anos, aparece dormindo nos portais, madrugadas
inteiras, e durante o dia percorre as ruas com sua
cara suja e amassada, ar de adulto e gestos de
criança. Essa criatura vendendo, roubando ou
esmolando pau no Juízo; quando é mandada em
cana, é para jurar ao “padrinho” séquito de morte e
vingança, enquanto a polícia e seus delatores dão
cabo deles nas cadeias, calada a boca e fechado o
inquérito."

Nesse trecho, é possível notar a descrição


contundente da realidade das crianças de rua, suas
dificuldades de sobrevivência, a violência a que
estão expostas, a exploração e a falta de proteção
social. Essa passagem evidencia como os
problemas sociais retratados na obra ainda
persistem em nossa sociedade atual, com crianças e
jovens vivendo à margem, sem acesso a
oportunidades e enfrentando diversas formas de
violência.

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