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Análise da peça teatral "O Cortiço"

A peça O Cortiço é adaptada do romance naturalista de mesmo nome escrito por Aluísio de
Azevedo (1857-1913), publicado em 1890. O objetivo da história é denunciar a exploração e
as péssimas condições de vida dos moradores das estalagens ou dos cortiços do final do
século XIX.

O que a peça retrata inicialmente é a ambição de enriquecer do personagem João Romão, o


português dono do cortiço, da taverna e da pedreira. Para isso, João Romão começa a
explorar os seus subordinados e sua ganância o faz praticar furtos para conseguir mais e mais
dinheiro.

O personagem Miranda, um comerciante conhecido por aquelas bandas acaba se


desentendendo com Romão e cria uma disputa com ele por conta de uma braça de terra, e
então, por não haver consenso, os dois acabam ficando brigados, mas isso muda quando
Miranda se torna barão, e por ter um cargo de renome, João Romão ficou impressionado e
decidiu se juntar à ele nos negócios políticos, e os dois passam à ter uma disputa na área
política.

Romão, imitando as conquistas de Miranda, promove várias mudanças na sua estalagem,


dando um ar mais refinado para o lugar. E em seguida, começa a se aproximar mais da
família de Miranda, e pede a mão da filha dele, Zulmira, em casamento. Assim, João Romão
consegue ainda mais prestígio. No entanto, uma de suas escravas, Bertoleza, era também sua
amante, e após o casamento, ela começa a perder espaço e João Ramão desejando livrar-se
dela, dedura ela como uma "escrava fugida", e em desespero, Bertoleza comete suicídio.

Análise das personagens

O figurino de todos os personagens são bem simples e remetem às épocas antigas do Brasil, é
possível reparar, por exemplo, que os homens usam calções enquanto as mulheres vestidos, o
romance explora as características físicas e o comportamento de seus personagens, e a
ambição. Na peça, João Romão é o personagem protagonista, ambicioso, arrogante e
explorador, João Romão é o dono do cortiço. Ele entra em contraste com Miranda, e sua
inveja pelos feitos de Miranda é um dos fatores que impulsiona João Romão. Miranda é um
outro português, burguês e casado com Estela, que mora próximo ao cortiço. Sua esposa, no
entanto, não é muito fiel à ele, pois o traiu algumas vezes. Zulmira, a filha deles, virá a ser
esposa de Romão no desenrolar da peça, e servirá como um instrumento de prestígio social
para ele. Bertoleza, a amante de João Romão é uma escrava apaixonada por ele, a qual ele
explora como uma máquina, e ao desenrolar da história, comete suicídio por conta da sua
desilusão.
Cenário

A história se passa na sua maior parte do tempo no cortiço, numa área rural bastante
movimentada, a habitação coletiva da qual João Romão é o dono. Possibilitando que os
burgueses, de certa forma, misturem seu modo de vida com os simples habitantes. No
entanto, o cenário também retrata a discrepância entre os ricos portugueses e a condição dos
escravos, como com Bertoleza.

Conclusão

Eu acredito que uma das críticas do autor que se reflete ao personagem João Romão sobre o
seu pensamento explorador e sua ganância desenfreada é um dos pontos mais importantes da
história, a sua busca por poder, por exemplo, o faz entrar como barão e assim tentar ter mais
superioridade sobre seu concorrente, Miranda, e isso pode ser comparado ao pensamento
oportunista dos políticos de hoje, que entram nesse meio apenas para garantir os próprios
interesses, enquanto o povo, como Bertoleza, sofre, e muito, por conta da arrogância e da
exploração. No final da história, João Romão não exitou em entregar Bertoleza, que fora sua
amante e escrava mais fiel em troca do casamento com Zulmira, a filha de Miranda, para ter
ainda mais dinheiro e prestígio social, como apenas um objeto. A ambição, quando medida de
uma maneira saudável, pode ser útil e muitas das vezes se faz até mesmo como necessária no
nosso mundo, no entanto, devemos evitar que isso machuque ou prejudique o próximo, como
o trágico fim de Bertoleza.

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