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Namoro católico

[Instrução] Pequeno Catecismo do Namoro

O namoro é o período em que o rapaz e a moça procuram conhecer-se em


preparação para o matrimônio. No matrimônio homem e mulher doam seus
corpos, constituem uma só carne e tornam-se instrumentos de Deus na
geração de novas vidas humanas.

Mas antes de doar os corpos é preciso doar as almas. No namoro os jovens


procuram conhecer não o corpo do outro, mas sua alma.
Os namorados não podem ter relações sexuais, pois o corpo do outro ainda
não lhes pertence. Unir-se ao corpo alheio antes do casamento (fornicação)
é um pecado contra a justiça, algo como um roubo.
E como nosso corpo é templo do Espírito Santo (1Cor 6,19) a profanação
de nosso corpo é algo semelhante a um sacrilégio.
“Não sabeis que sois um templo de Deus e que o Espírito de Deus habita
em vós? Se alguém destrói o templo de Deus, Deus o destruirá. Pois o
templo de Deus é santo e esse templo sois vós” (1Cor 3,16-17).
Porém não é apenas a fornicação que é pecado, mas também tudo o que
provoca desejo da fornicação, como abraços e beijos que, muitíssimo mais
que constituírem expressões de afeto, despertam, alimentam e exacerbam o
desejo físico.
Aliás, é possível profanar o templo do nosso corpo até por um pensamento:
“Todo aquele que olha para uma mulher com mau desejo já cometeu
adultério com ela em seu coração” (Mt 5,28).
Durante o namoro deve-se evitar o contato físico desnecessário. O contato
entre os corpos (beijos e abraços), além de causar o desejo de fornicação,
obscurece a razão. O próprio beijo na boca ou de novela já constitui uma
entrega física, que, se acidentalmente pode não se consumar, no entanto a
prepara ou apressa. Vale aqui lembrar a advertência de Cristo: “Vigiai e
orai para não cairdes em tentação. O espírito é pronto, mas a carne é
fraca” (Mt 26,41).
O prazer da excitação dos sentidos, além disso, torna os jovens incapazes
de perceber a beleza da alma do outro. O namoro assim deixa de ser uma
ocasião de amar para ser uma ocasião de egoísmo a dois, cada um
desejando sugar do outro o máximo de prazer.
Como Namorar
Sendo o namoro o encontro de dois templos sagrados que desejam
conhecer-se e amar-se interiormente, os namorados deveriam agir à
semelhança de um rito litúrgico:
• rezar antes e depois do namoro;
• namorar apenas em lugar visível, para evitar ocasião de pecar; nada há
para esconder;
• durante o namoro evitar ir além de conversar e dar as mãos;
• ter sempre em mente: “Eu estou diante de um templo sagrado. Ai de
mim se eu profanar este templo até por um pensamento“.
E se o outro não aceitar namorar cristãmente?
É preciso renunciar ao namorado (à namorada).
“Aquele que ama pai ou mãe mais do que a mim não é digno de mim. E
aquele que ama filho ou filha mais do que a mim não é digno de mim” (Mt
10,37).
E Jesus poderia acrescentar:
“Aquele que ama o namorado ou a namorada mais do que a mim não é
digno de mim“.
Para conservar a graça que Cristo nos conquistou com o preço de seu
sangue, devemos renunciar até à própria vida.
Mas há um consolo. Se outro não aceitar namorar senão através de beijos e
abraços escandalosos, na verdade ele não ama você, mas deseja gozar do
prazer que você pode oferecer. O verdadeiro amor sabe esperar.
É preciso ser diferente de todo o mundo?
Sim. O cristão deve ser sal da terra (Mt 5,13), luz do mundo (Mt 5,14),
fermento na massa (Mt 13,33).
“Não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos, renovando a
vossa mente, a fim de poderdes discernir a qual é a vontade de Deus, o que
é bom, agradável e perfeito” (Rm 12,2)
A alegria da pureza
Aquele que procura o prazer encontra o prazer. Mas depois vem o vazio, o
remorso de consciência e a tristeza.
Aquele que se abstém do prazer por amor encontra a alegria. Os puros de
coração são capazes desde já de conhecer as coisas de Deus muito melhor
do que os outros. A pureza se expressa no olhar. Ao olharmos para os olhos
de uma pessoa pura, vemos algo de Deus em sua alma.
Se os que buscam o prazer na impureza conhecessem a alegria da pureza,
desejariam ser puros mesmo que fosse por egoísmo . A alegria da pureza
está acima do prazer da impureza assim como o céu está acima da terra.
Experimente e diga-me se não é assim.
Pe. Luiz Carlos Lodi da Cruz
***
Oração para antes do namoro
Senhor,
Estou aqui diante de um templo santo onde vós habitais. Amo-vos presente
neste templo e prefiro morrer a profanar este santuário mesmo por um
pensamento.
Fazei que com este namoro eu aprenda a amar a vós presente no outro e
assim descubra se foi este (esta) quem escolhestes para estar ao meu lado
por toda a minha vida.
São Rafael Arcanjo, que conduzistes Tobias a Sara e lhes ensinastes a
pureza do coração, fazei-nos namorar de tal modo que os anjos possam
estar presentes e glorificar a Deus conosco.
Virgem puríssima, dai-nos a pureza do vosso Imaculado Coração.
***
Depois do namoro convém fazer um exame de consciência:
“Estou agora amando a Deus mais do que antes?”
***

(i): duração do namoro


O namoro é preparação para o casamento. Assim, quem quer ter um bom
casamento, deve preparar-se bem. Casamento santo supõe preparação
santa, supõe namoro santo. Gostaria, porém, de acrescentar alguns pontos
quanto (1º) à duração do namoro católico e (2º) quanto à finalidade do
namoro, que o Padre define corretamente como “conhecer a alma do
outro”. Finalmente, (3º) gostaria de tratar com um pouco mais de precisão
das consequências prejudiciais dos pecados contra a pureza entre
namorados.
(1º) Duração do namoro. Quando falamos aqui de namoro, falamos de
todo o tempo e de todo e processo que antecedem ao matrimônio,
incluindo, portanto, namoro e noivado. A duração do namoro deve ser a
duração necessária para que ele possa atingir a sua finalidade. A finalidade
do namoro consiste em “conhecer a alma do outro”. A finalidade do
namoro é conhecer o que o outro pensa, é avaliar e examinar, com a
seriedade devida, as probabilidades que o casal tem de atingir o fim último
do matrimônio: a santidade dos cônjuges e dos filhos. Essa avaliação e
exame devem considerar as qualidades, as relações, o ambiente social, etc.,
de ambos, com tudo aquilo que pode e costuma influenciar na formação de
um lar católico, com tudo aquilo que pode e deve contribuir para assegurar
o cumprimento dos graves deveres que pesam sobre os casados (Peinador,
Consultorio Moral Popular, p. 63). Para maiores detalhes quanto a esse
conhecimento ver a 2ª Parte.
Um namoro que ficasse aquém do tempo necessário para que esse
conhecimento mútuo ocorresse seria imprudente: casar-se com alguém que
não se conhece bem é abrir as portas para vários problemas e conflitos.
Estender esse tempo além do que é suficiente para ter esse conhecimento
mútuo, também é imprudente: o surgimento de familiaridades indevidas,
multiplicação das ocasiões de pecado e a perda do respeito devido. É
evidente que é impossível estabelecer um tempo preciso para todo e
qualquer namoro, pois a consecução desse conhecimento mútuo depende
de vários aspectos, como, por exemplo, do conhecimento precedente que
tinham um do outro ou das informações seguras que puderam receber do
outro, etc… Todavia, em geral, pode-se dizer que o namoro deve durar
entre um ou dois anos (Padre François Dantec, Fiançailles Chrétiennes, p.
79). Menos de um ano parece pouco tempo para se conhecer
suficientemente o futuro cônjuge. Mais de dois, há grande perigo de
familiaridades indevidas surgirem. Se duas pessoas sérias não se
conheceram suficientemente em dois anos, há aí um problema.
Tudo isso significa que o namoro não deve começar sem que haja a
previsão de que o casamento ocorra em um curto prazo (um, dois anos).
Portanto, ao começar o namoro, o casal já deve ter condições de casar ou
ter esperança fundada de ter condições de casar em curto prazo. A razão
disso, como diz o Padre Peinador (obra citada), é que o namoro é certa
ocasião de pecado que só pode ser considerada como necessária para quem
pode e deve se casar, porque Deus os chama a isso.  Para casar é necessária
essa proximidade maior entre o homem e a mulher, a fim de que possam ter
suficiente conhecimento da alma um do outro. Nessa situação de
proximidade necessária, Deus dá as graças para que não se caia em
tentação, se o casal toma as medidas necessárias para evitar o pecado.  Para
aqueles que têm intenção de se casar em tempo mais ou menos longínquo –
por qualquer motivo que seja – o namoro se torna uma ocasião de pecado
voluntária e não mais necessária. Ora, é bem sabido que é lícito colocar-se
em ocasião necessária de pecado, tomando as devidas precauções para
evitar o pecado. Colocar-se em ocasião voluntária, quer dizer, colocar-se
em ocasião de pecado grave sem haver necessidade para tanto (como no
caso em que tratamos, sempre seguindo o Peinador) não pode ser lícito,
pois é uma forma de tentar Deus: não fazemos nossa parte, mas esperamos
de Deus a graça eficaz para não cair.
Dessa forma, para poder iniciar um namoro, que é sempre em vista do
casamento, é preciso que ambos já tenham condição de casar ou que
esperem tê-la em curto prazo (um, dois anos). Segue, como consequência,
também a obrigação grave de não começar o namoro na adolescência, sem
falar da falta completa de sentido do denominado “ficar”. Ainda segundo o
Peinador, é preciso interromper o trato mais próximo quando causas
imprevistas atrasam em demasia a realização do matrimônio.
É também claro que existe a obrigação de acabar com todo relacionamento
quando se chega à conclusão de que é impossível uma futura convivência
conforme à lei de Deus e às exigências da consciência católica. Aqui, é
preciso que a razão, inspirada pelo desejo de assegurar a vida eterna, faça a
decisão. Não deve ser o coração, o sentimento, a tomar tal decisão, mas a
razão iluminada pela fé.
Pe Daniel Pinheiro
(ii): finalidade do namoro

Finalidade do namoro. O Reverendíssimo Padre Lodi diz que a finalidade


do namoro é “o conhecimento da alma do outro.” Esse conhecimento da
alma é conhecer as qualidades e defeitos, naturais e sobrenaturais, do outro,
bem como conhecer qual é o “ideal” de vida do outro. Todavia, as
condições para que um jovem e uma jovem possam construir com
segurança um lar católico são quatro:

1. Uma grande estima mútua;


2. Uma profunda simpatia mútua;
3. Uma profunda confiança mútua;
4. Acordo quanto ao ideal.

A finalidade do namoro deve ser verificar a existência dessas quatro


condições ou desenvolvê-las. O que segue é baseado na obra do Padre
François Dantec, Fiançailles Chrétiennes.

1. Estima mútua. A estima é reconhecer no outro certas qualidades e


certos valores reais e apreciar de modo particular essas qualidades e
esses valores. Essa estima deve ser, portanto, motivada, ela deve ter um
motivo real e ser séria, e não ser baseada em impressões ou
sentimentos. Essa qualidade e esses valores nada mais são do que as
virtudes. Eis aqui o verdadeiro título de nobreza e o tesouro mais
precioso para que um lar digno seja fundado. Antes de escolher o
cônjuge, é preciso prestar atenção nas suas qualidades morais, naturais
e sobrenaturais. Se há um defeito grave e de difícil correção no outro,
não se deve hesitar em romper o relacionamento. Se, ao contrário,
constata-se a presença das virtudes no outro, a estima pode ser dada ao
outro. Essa estima é o primeiro passo para o verdadeiro amor entre os
que querem se casar.

2. Simpatia. A simpatia aqui quer dizer uma certa inclinação ao outro.


Em geral, ela decorre da estima de que falamos acima. Assim, também a
simpatia deve ser motivada. Todavia, pode haver casos em que há estima
sem que haja a simpatia. Os sinais dessa simpatia são o desejo de rever o
outro, a alegria de se encontrar e de conversar juntos, ter o pensamento
inclinado para o outro, preocupar-se com os problemas e preocupações
do outro, etc… Convém deixar claro que essa simpatia não é uma atração
sensível ou física. É necessário para noivar e casar que haja atração entre
os dois, mas uma atração como a simpatia que descrevemos acima. Não é
necessário que haja uma atração física, sensível, que faça o coração
palpitar. Isso é de uma importância prática extrema, pois nada há de mais
instável e variável que a sensibilidade e essa inclinação física. A
pretensão de construir o lar sobre uma base tão instável é viver na ilusão
e construí-la sobre a areia. O casamento vai desmoronar. O
matrimônio precisa ser baseado na estima motivada e na simpatia que
deriva dessa estima, em virtude das qualidades morais reais do outro.
Está claro que a inclinação física e sensível não é em si um mal e pode
ser um bem, desde que não levem a pessoa a tomar decisões baseadas
nelas. Se essa inclinação física e sensível está ausente, mas estã presentes
a estima, a simpatia e as outras condições de que falaremos, os jovens
podem se casar com confiança. Se a simpatia mútua está ausente, é muito
imprudente casar. Essa ausência de simpatia pode acontecer mesmo entre
um jovem e uma jovem católicos e virtuosos. Seria muito imprudente
casarem sem ter simpatia um pelo outro ou tendo antipatia pelo outro.
Também seria imprudente casarem se houvesse alguma espécie de
repugnância física pelo outro. A graça baseia-se na natureza. Se no
campo natural existem fatores que desaconselham o matrimônio, seria
difícil que a graça suprisse tais problemas. Qualquer que seja a causa
dessa antipatia, consciente ou inconsciente (incompatibilidade de
temperamento, diferença de idade, de cultura, etc.), trata-se de uma
contraindicação seríssima ao casamento, pois seria expor-se mais tarde a
provações muito frequentes e muito fortes, com risco para o casamento.
3. Completa confiança mútua. Além da estima e da simpatia, é
preciso que haja confiança, para que haja um casamento feliz. É preciso
que a outra pessoa seja digna da confiança, que seja possível ter certeza
quando ela diz algo. Essa confiança é também ter certa segurança e
estabilidade, fundada nas qualidades reais do outro. Além disso, essa
confiança é ter por certo que é possível se apoiar no outro para enfrentar
as dificuldades, as provações, os sofrimentos. A vida matrimonial é
completamente distinta da vida anterior: o cônjuge já não está mais só.
No melhor e no pior, na riqueza e na pobreza, na saúde e na doença, é
preciso ter a certeza de poder contar com o outro. Para casar, os
namorados/noivos devem ter essa confiança profunda no outro. Essa
confiança é motivo de muita força e alegria para a vida do casal. Essa
confiança mútua tem também o sentido de que um cônjuge se confia ao
outro, quer dizer, que não guarda segredos para o outro. Claro que há
graus e etapas nessa abertura mútua. O essencial é que um esteja à
vontade com o outro (no bom sentido), para confiar ao outro tudo o que
vale realmente a pena e para contar tudo o que seria desleal ou
imprudente esconder.

4. Acordo quanto ao ideal. Um ponto fundamental para escolher o


futuro cônjuge é o acordo sobre o ideal. Sem essa condição essencial
que é esse acordo quanto ao ideal, a futura família não tem
praticamente qualquer chance de formar um lar verdadeiramente
cristão e verdadeiramente feliz no sentido cristão de felicidade. Sem
um considerável acordo quanto às principais questões da vida, seria
impossível manter a união de corações e de almas, união necessária
para que haja verdadeiro amor cristão.

A.      O que não é esse acordo. Esse acordo não é partilhar


necessariamente as mesmas ideias sobre todas as coisas nem ter
o mesmo gosto em todos os domínios. Esse acordo não suprime,
portanto, diferenças que são legítimas e, por vezes,
providenciais. Esse acordo não significa uma uniformidade total
ou a supressão de personalidades. Também não é necessário que
exista, desde o começo, um acordo perfeito das ideias e sobre
todos os detalhes da vida prática.

B.      O que é esse ideal? Esse ideal é uma certa comunhão de


visão e de juízo quanto ao sentido da vida e sobre os grandes
problemas da vida conjugal. Na prática, esse acordo consiste em
saber se as duas partes aceitam a doutrina católica em geral e
sobre o casamento em particular. Para se interrogar sobre esse
acordo e poder avaliar a sua existência, é preciso que os
namorados se perguntem se são verdadeiramente católicos ou
não.

C.      Acordo quanto ao sentido cristão da vida. Como


fundamento, os que pretendem casar devem estar de acordo
quanto ao sentido cristão da vida. O sentido cristão da vida é
dado, antes de tudo, pela profissão firme da fé, com plena
aceitação dos ensinamentos de Cristo e da Igreja. Esse acordo
consiste em que ambos saibam que essa vida é tão somente uma
passagem para a vida futura, que fomos criados para sermos
felizes no céu, depois de termos conhecido, amado e servido a
Deus aqui na terra. Esse acordo consiste em buscar em primeiro
lugar o reino dos céus, evitando todo pecado como o maior mal
que existe. Além disso, esse acordo deve ter em vista também a
busca da prática das outras virtudes, além da fé, da esperança e
da caridade: a humildade, a paciência, a fortaleza, a pureza…
Esse acordo deve consistir no fato de reconhecer que essa vida é
um combate, em reconhecer que somos discípulos de um Mestre
que morreu crucificado e que nós não somos maiores que Ele.
Esse acordo deve consistir no reconhecimento de que somente a
verdadeira religião revelada por Deus pode nos salvar e trazer a
solução para os nossos problemas.  Esse acordo consiste na
disposição firme de permanecer fiel a Cristo e à Igreja, apesar de
todos os desvios e ciladas do mundo. Esse ideal sobre o qual os
namorados devem estar de acordo é, em resumo, a
conformidade em todas as coisas com a vontade de Deus.

D.      Acordo quanto ao sentido cristão do casamento. Se o


acordo deve dizer respeito a todas as questões importantes da
vida, é evidente que ele tem que se estender especialmente ao
casamento. Basta refletir um pouco e superficialmente para
chegar à conclusão que a falta de acordo nesse domínio levará a
um lar infeliz. Não deixar jamais passar esse ponto, como se
pudesse ser resolvido depois. Depois, será tarde. É preciso
perguntar-se seriamente, com lucidez e coragem, se o acordo
existe quanto a esse ponto. O acordo deve ser sobre:
i.        O dever de fecundidade. Estão de acordo quanto
àquilo que é o primeiro dever do matrimônio? Estão de
acordo com a doutrina católica quanto à generosidade no
número de filhos? Estão de acordo quanto ao fato de que é
pecado mortal evitá-los pelos denominados métodos
artificiais? Estão de acordo que os métodos naturais só
podem ser usados sem culpa se houver uma causa grave
para isso?

ii.      Dever de educar catolicamente os filhos. Estão de


acordo no que toca ao grave dever de assegurar a educação
católica dos filhos?

iii.    Dever de amor mútuo. Estão de acordo quanto ao


sentido cristão desse amor mútuo, que é, antes de tudo, um
amor derivado da caridade, que quer o bem do outro e age
para o bem do outro, sobretudo para a salvação dele?
Estão de acordo em sacrificar bens materiais, para
assegurar os deveres matrimoniais, se necessário? Estão
convencidos de que a vida comum é a regra e de que uma
vida separada só pode ser cogitada em função de razões
excepcionalmente graves?

iv.     Dever de fidelidade e natureza indissolúvel do


matrimônio. Não custa lembrar esses dois pontos. Estão de
acordo que o matrimônio é uma união exclusiva entre eles
e que essa união não pode ser desfeita, a não ser pela
morte de um dos cônjuges?

E.       No caso de desacordo grave. Se um acordo suficiente não existe – e


não há nenhuma esperança séria e fundada de que ele possa existir – é
preciso tirar as conclusões que se impõem. Essa esperança diz respeito ao
tempo de namoro e não ao tempo de casado. Seria enormemente
imprudente casar esperando que esse acordo venha a existir, seria um erro
quase certamente fatal. No caso de desacordo grave quanto ao ideal, é
preciso cortar imediatamente as relações que levariam certamente a um
casamento infeliz e cheio de problemas de consciência. Esse desacordo
grave pode ser religioso porque o outro é anticristão, ateu, indiferente à
religião, ou porque ele é cristão, mas não é católico. Nesse caso, o
desacordo é evidente. Esse desacordo existe também quando o outro é um
católico profundamente medíocre, colocando toda a sua felicidade aqui na
terra, recusando todo esforço sério moral e espiritual, fechando-se aos
chamados da graça. Esse católico profundamente medíocre é aquele que se
tornou incapaz de compreender e de apreciar todas as formas de sacrifício,
de grandeza e de desapego dos bons cristãos. Trata-se do cristão tíbio. Ele
pode ter certas qualidades humanas, talvez brilhantes, mas seu cristianismo
não tem praticamente nenhuma influência em sua vida. Ele não vê as coisas
com os olhos da fé. É preciso prestar muita atenção nessa mediocridade ou
tibieza, que muitos não levam realmente a sério na hora de tomar uma
decisão. Diante da mediocridade do outro, é preciso romper a relação. A
infelicidade seria certa, bem como os problemas de consciência e a falta de
um amor realmente cristão. Tais conselhos podem parecer duros, e eles o
são, de fato. Todavia, deixar de dizer essas verdades salutares seria servir
muito mal as almas, seria uma aparente caridade contrária à verdadeira
caridade.

F.       No caso de acordo. Se esse acordo é praticamente completo e se as


outras condições estão presentes (estima, simpatia, confiança), trata-se de
uma graça imensa. É normal e desejável que busquem tal acordo e que não
negligenciem nada para chegar até ele. Esse acordo será, normalmente, a
garantia de um lar verdadeiramente feliz, radioso. Com frequência, porém,
esse acordo não será completo, pois talvez o outro não tenha a
generosidade desejada. Todavia, essa falta de generosidade nunca pode
chegar ao ponto da mediocridade ou da rejeição da fé católica. Além da fé e
de um certo fervor, é preciso que se exija também um mínimo de virtudes
naturais, tal como a lealdade, a sobriedade, a retidão, a coragem, a
mansidão, etc… Com isso, embora não haja um acordo completo, é
possível esperar um casamento em que os cônjuges possam pouco a pouco
se santificar, a não ser que a parte menos católica seja aquela com a
personalidade mais forte. Para casar sem ter esse mínimo de acordo sobre o
ideal seria preciso haver razões bem graves, o que é raro.

Pe Daniel Pinheiro

(iii): a necessária castidade no namoro

A necessária pureza entre namorados. Evidentemente, a primeira razão


para se guardar a castidade no namoro é observar o sexto mandamento,
evitando o pecado mortal e sua consequente perda da graça. Nossa razão
reconhece e Deus nos ensina que a união entre um homem e uma mulher
deve ter em vista a procriação. Todavia, não basta a procriação, pois é
preciso também educar a prole. Para educar bem os filhos, é preciso que
haja o matrimônio. Portanto, a união entre o homem e a mulher deve se
realizar somente dentro do casamento, para que a primeira finalidade dessa
união seja assegurada de forma adequada.
A segunda razão para que os namorados mantenham a castidade é com a
finalidade de que façam uma boa escolha, uma escolha realmente lúcida e
livre. Um dos fatores que mais arrastam o nosso reto juízo, desviando-o da
adequação à realidade, são as paixões desordenadas. Quando julgamos
afetados por essas paixões, nossa inteligência e nossa vontade são como
que arrastadas a julgar em conformidade com tais paixões. Portanto, a falta
de castidade entre os namorados vai conduzi-los a julgar não conforme à
realidade, mas conforme às paixões. Eles não conseguirão considerar
adequadamente a estima mútua, a simpatia, a confiança e o acordo sobre o
ideal que devem ter. Eles tenderão a julgar simplesmente seguindo a
inclinação dessas paixões desregradas. Em virtude das paixões, ele
quererão permanecer juntos e tenderão facilmente a julgar que todas as
condições que mencionamos na segunda parte estão presentes, ou não
darão a devida importância a essas condições.
Não queremos dizer aqui que toda paixão é desordenada, o que seria um
erro grave, cometido entre outros pelos estóicos. Queremos dizer que uma
paixão que não é subordinada à razão, uma paixão que não é dirigida e
ordenada pela razão é ruim e pecaminosa e afeta os nossos juízos. Assim,
ter o desejo de comer e de comer muito e satisfazer esse desejo é excelente,
se realmente precisamos comer. Ter o desejo de comer muito sem ter
necessidade é um desejo que deve ser freado pela razão, para que não se
caia na gula. Ora, quando agimos contrariamente à razão com frequência,
criamos na nossa alma uma inclinação para agir dessa maneira, e nos
alegramos com esse modo de agir. Nós tendemos fortemente a julgar
segundo as nossas inclinações, tendemos a julgar de modo que nossas
inclinações sejam favorecidas. Se nossas inclinações são ruins, julgaremos
mal. Se são boas, ordenadas pela razão, julgaremos bem, seguindo a razão.
Dessa forma, quando os namorados que não guardam a castidade forem
julgar a propósito da real chance de construírem uma família católica sólida
e feliz, eles dificilmente julgarão com precisão a propósito das quatro
condições citadas, mas julgarão pela continuidade do relacionamento
porque, com a continuidade, ficam favorecidas as paixões. A falta da
castidade no namoro, além de se opor ao sexto mandamento, dificulta a
construção de uma família católica sólida e realmente feliz pelo fato de que
dificilmente considerarão bem: 1) se existe uma real estima pelo outro,
fundamentada em verdadeiras qualidades (naturais e sobrenaturais) dele; 2)
se a simpatia é real ou se ela se resume ao aspecto físico ou sensível; 3) se
realmente o outro é alguém confiável e 4) se estão realmente de acordo no
que toca à perspectiva cristã da vida e do matrimônio. A castidade é
indispensável para assegurar uma boa escolha, que é, por sua vez,
necessária para construir um lar católico. Se os namorados caem no pecado
contra castidade devem corrigir-se o quanto antes, a fim de assegurar o
estado de graça, evitar o inferno, e a fim de assegurar uma escolha feita
pela razão guiada pela fé e caridade. Somente uma escolha feita assim
poderá assegurar um bom casamento católico, um casamento feliz.
Pe Daniel Pinheiro

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