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evolução histórica e
importância
Unidade 2 | Camila Masson
Yamada
Trabalho: definições, evolução histórica e importância
Desde esse momento até a atualidade, vimos que as mudanças no mundo do trabalho
foram cada vez mais rápidas e radicais. A Psicologia, como ciência e profissão, e mais
especificamente a psicologia organizacional e do trabalho, tem evoluído em
consonância com esse movimento, assumindo, de certa forma, as demandas que
emergem do contexto.
Trabalho: definições, evolução histórica e importância
Nesta seção, vamos discutir o trabalho, algumas definições, a evolução das formas e da
organização do trabalho ao longo da história e a sua importância nos dias atuais. Para
tanto, vamos construir um caminho do qual você faz parte, ao (re)conhecer algumas
passagens históricas importantes, rever alguns conceitos e refletir sobre o trabalho, sob
o ponto de vista da psicologia.
Trabalho
Comecemos, então, pela essência da palavra “trabalho”. Uma versão bastante aceita
para a etimologia (estudo da origem e evolução das palavras) é que a palavra
“trabalho” tem origem no latim, e teria vindo do termo tripalium, que era um
instrumento utilizado na lavoura, que por sua vez originou o termo tripaliare, ou seja,
trabalhar, que poderia ser entendido como estar sujeito ao tripalium ou como uma
espécie de tortura. Essa referência foi tomando novos significados ao longo da história
e, atualmente, temos diferentes formas de pensar o trabalho.
Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa:
Trabalho
Dicionário de Psicologia da APA:
Trabalho
Simples busca na internet:
Trabalho
Trabalho Assim, inicialmente, podemos entender que o
trabalho pode ser considerado como uma forma de
aplicação de energia, esforço, que tem algum
propósito, um objetivo, ou seja, o trabalho é uma
ação humana que promove transformação.
A condição humana
e o trabalho
O trabalho vem sendo objeto de estudo da
psicologia há muito tempo e pode ser tomado por
um ou mais dos aspectos envolvidos, de muitas
formas e por diferentes abordagens. Como
exemplos de possibilidades de o trabalho ser objeto
de estudo, temos:
Vamos agora pensar que, sob o ponto de
vista de nossos estudos na psicologia
organizacional e do trabalho, focaremos no
trabalho como uma atividade
iminentemente humana, caracterizado e
diferenciado do trabalho animal a partir da
intencionalidade (definição e compreensão
dos objetivos esperados) e da capacidade
cognitiva. Essa atividade laboral pode trazer
percepções negativas sobre as experiências
vividas, como desgaste físico, mental e
emocional.
Também pode fazer emergir percepções
positivas, como uma possibilidade de
aplicação de habilidades e conhecimentos
ou como um caminho para a realização
pessoal e/ou profissional ou, ainda, ambas
combinadas, de acordo com o momento
pessoal e com o contexto em que cada um
desenvolve o seu trabalho. Essas percepções
serão discutidas de forma mais aprofundada
ao longo da disciplina.
✓O “trabalho” como forma de aplicação das
Por outro lado, os termos capacidades humanas que transforma a natureza
gerando produtos e serviços existe desde a
“trabalho”, “ocupação” e antiguidade.
“emprego” muitas vezes ✓ A “ocupação”, por sua vez, demonstra uma
são utilizados como certa organização de atividades específicas a
sinônimos na literatura, partir do que hoje poderíamos entender como
“área de atuação” ou, mais especificamente,
mas, por questões “profissão”;
didáticas, é importante ✓ Já o “emprego” diz respeito à uma ideia mais
diferenciá-los, como o fez contemporânea da existência de uma “força de
Melgasso (1998): trabalho” que é negociada entre quem a detém
(trabalhador) e quem dela precisa, a quer e pode
comprá-la (detentores de capital ou
empregadores).
Assim, é possível compreender que o
trabalho sempre esteve presente na história
da humanidade, enquanto as ocupações/
profissões surgiram posteriormente e o
emprego é um termo utilizado até os dias
atuais, designando uma relação de trabalho
legalmente estabelecida.
As formas de
trabalho ao longo
da história
Essa delimitação inicial é fundamental para que possamos compreender como essa
história transformou a forma de se trabalhar e sua organização desde a pré-história até
os dias de hoje. Para compreendermos esse longo e rico trajeto desenvolvido, vamos
tentar sintetizá-lo em alguns períodos e informações essenciais, mostrando em cada um
deles a forma de trabalho predominante.
Pré-História
Quando dizemos que a história do trabalho está ligada à história da
humanidade, não é exagero, pois desde a Pré-História o homem já
trabalhava. Nesse período, o trabalho era aplicado na busca da sobrevivência
da espécie humana, sendo inicialmente baseado na caça, pesca e colheita de
frutos silvestres.
Nesse período, o homem já vivia em grupos, residia em cavernas e era
nômade, ou seja, mudava de lugar em função da disponibilidade de recursos
para sua sobrevivência. Já nesse período, o ser humano teve que
desenvolver ferramentas (pedra lascada, ossos) e técnicas específicas para
essas atividades.
Pré-História
Mais tarde, com o domínio do fogo, o homem começou a desenvolver
técnicas de plantio e domesticação de animais. Com isso, passou a fixar-se
em terras produtivas, o que possibilitou o início da formação de
agrupamentos e a divisão sexual do trabalho, quando as mulheres teriam
ficado com responsabilidade pela criação dos filhos e pelo plantio, e os
homens pela caça.
A partir do desenvolvimento de ferramentas utilizando metais (princípios da
metalurgia), foi possível aumentar a produção e o estoque de alimentos,
podendo-se realizar trocas de excedentes com outros grupos, como se fosse
o início de uma atividade comercial, mas ainda só havia o trabalho.
Idade Antiga
Já na Idade Antiga, começaram a se formar agrupamentos maiores,
que mais tarde deram origem às cidades (polis), sendo que as grandes
civilizações da época situavam-se na Europa, Ásia e norte da África
(por exemplo, as civilizações romana, grega e egípcia).
Conforme as lutas pelo domínio de terras aumentavam, o comércio se
expandia e os “mais fortes” foram acumulando poder e recursos.
Idade Antiga
Assim, foi se criando uma divisão do trabalho, em que os senhores de
terras eram donos da “força de trabalho” dos demais, que eram
escravos. Havia, também, parte da população que era “livre”, tal como
os artesãos, que tinham como ocupação a produção de armas e
artefatos ligados à necessidade dos senhores e guerreiros. O fim dessa
era foi marcado pela queda dos impérios.
Já havia, então, o que chamamos de trabalho (escravo) e ocupação
(dos artesãos, que, comparada aos dias de hoje, seria o trabalho
autônomo ou empreendedorismo).
Idade Média
Na transição para a Idade Média, o trabalho escravo foi sendo substituído
pelo trabalho dos camponeses, e a relação estabelecida era de “servidão”.
Essa relação era diferente da escravidão, pois o servo era livre para sair dos
domínios do senhor das terras e ir para onde quisesse, desde que não
tivesse dívidas junto ao “senhor”. Também não havia remuneração, a troca
era de trabalho (agricultura, criação de animais) pelo direito de permanecer
nas terras (feudo). Os senhores feudais, por sua vez, pagavam impostos ao
reinado a que pertenciam. Nesse período havia “trabalho” e “ocupação”,
mas não “emprego”.
Idade Moderna
Na Idade Moderna, com o comércio cada vez mais crescente e
lucrativo, e com o crescimento da população nas cidades, teve início
uma nova configuração econômica e social.
Os donos do capital, predominantemente mercadores (hoje seriam
como empresários e comerciantes), começaram a formar uma nova
classe social: a burguesia (comparável a atual classe média/alta). Com
isso, foram constituindo empresas, baseadas no comércio e nas
primeiras indústrias.
Idade Moderna
Nesse período, na Inglaterra, houve a Reforma Protestante, promovida
por Martinho Lutero, que pregava uma “nova ética do trabalho”,
segundo a qual trabalhar de forma árdua, diligente e abnegada
equivalia a cultivar a virtude, ligando o trabalho a religião.
Assim, unindo demanda e procura, as empresas começaram a captar
mão de obra para o trabalho e inicia-se a constituição da ideia de
“profissão” e “emprego”. Os trabalhadores, que começaram a vender a
sua força de trabalho, constituíram também uma nova classe social: o
proletariado.
Idade Moderna
Foi ainda nesse período que ocorreu a Revolução Industrial, também
na Inglaterra, transformando de forma significativa a forma de
trabalhar e as relações de trabalho, a partir da criação de máquinas à
vapor, que produziam mais e em menos tempo.
Ao mesmo tempo, as indústrias começaram a substituir a força braçal
(mão de obra humana sem qualificação) e absorver mais mão de obra
qualificada (agora para operar as “novas máquinas”).
A organização social
do trabalho
Toda a história que vimos até agora, além de ilustrar o
caminho que a “noção de trabalho” percorreu ao longo
do tempo, mostra também que ele:
✓Uma pesquisa divulgada pela Revista Você S.A., em 2016, mostra o Brasil em 5º lugar
entre os países que tem maior jornada de trabalho semanal (45 horas), igual aos EUA.
Isso nos coloca atrás, apenas, de países como: Índia (52 horas), México, Singapura e
China (48 horas), Suíça e Grécia (47 horas) e Japão (46 horas). Estes são dados de uma
pesquisa realizada por uma empresa de consultoria, envolvendo 25 países, dos 5
continentes.
Estamos agora em outra fase de nossa história relativa ao trabalho, e para dar início a
essa discussão, vamos pensar um pouco sobre alguns dados: