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Mensagem COMO SER INTEGRO HOJE EM DIA?

“Agora, pois, temei ao SENHOR e servi-o com integridade e com fidelidade;” (Josué 24.14a)
“Então, os presidentes e os sátrapas procuravam ocasião para acusar a Daniel a respeito do
reino; mas não puderam achá-la, nem culpa alguma; porque ele era fiel, e não se achava
nele nenhum erro nem culpa.” (Daniel 6.4)

Integridade é o estado ou característica de alguém ou algo que está inteiro, que não sofreu
qualquer diminuição; aderência firme a um código de valores; plenitude, inteireza,
completude, unidade, totalidade. A integridade, ou a falta desta, é relevante, pelas
consequências, em qualquer área da nossa existência.
Nos indivíduos, temos, por exemplo, integridade física ou corporal, mental, moral, espiritual,
sentimental, profissional etc.
Neste artigo procuraremos estudar “o caso Daniel”, extraindo dele conceitos e ensinamentos
para o nosso cotidiano, porque precisamos aplicá-los e fazermos a diferença, pois somos sal
da terra e luz do mundo.
A pergunta que precisamos responder aqui é: como ser íntegro hoje, ou em qualquer tempo;
e em qualquer lugar (sozinhos, na família, na igreja e na sociedade)?
1. Integridade não é uma questão de opção!

Há um bom tempo atrás assisti uma pequena animação produzida para reflexão em cursos de
formação gerencial, “The Divided Man” (O Homem Dividido). O homenzinho seguia sozinho,
caminhando estrada afora; nas retas, nas curvas e nas muitas subidas e descidas. Depois de
muito caminhar, a estrada à sua frente apresentava uma bifurcação. Ele para, fica confuso e
indeciso. Ameaça seguir pela esquerda e retorna. Ameaça seguir pela direita e retorna.
Então, acontece o imprevisível: ele se divide verticalmente ao meio e cada parte segue por
um dos lados do caminho. Mais adiante aparece a metade que seguiu pela direita,
caminhando solitária pela estrada, até que se depara com uma nova bifurcação. Ameaça
seguir, novamente, pela direita, porém recua. Aí, vem à sua mente a lembrança e saudade
da outra metade que havia seguido pela esquerda. Então, resolve seguir pela esquerda. A
caminhada solitária continua até que as duas estradas desembocam numa só e, as duas
partes se reencontram. Se entreolham, surpresas com o reencontro, e se aproximam
rapidamente na tentativa de se fundirem. Qual não foi a surpresa quando descobriram que
não mais se encaixavam, pois uma das partes havia crescido muito mais do que a outra.
Mesmo assim, resolvem se fundir e prosseguir, caminhando com dificuldade, como uma
criatura híbrida.
Quantas lições podem ser extraídas desta singela animação? Algumas, mas, talvez, a
principal é que quando você “se divide” nas “bifurcações da vida” sofrerá, mais à frente,
consequências sérias e danosas. Podemos destacar, pelo menos duas razões básicas para
sermos íntegros, diante de Deus e dos homens:

1ª) INTEGRIDADE É UMA QUESTÃO DE DEMANDA DIVINA

Integridade, retidão e perfeição é o que Deus espera e exige do seu povo. A Abrão,
disse: “Eu sou o Deus Todo-Poderoso; anda na minha presença e sê perfeito.” (Gn 17.1b)
e a Israel “Perfeito serás para com o SENHOR, teu Deus.” (Dt 18.13). E, Jesus,
ratifica: “Portanto, sede vós perfeitos como perfeito é o vosso Pai celeste.” (Mt 5.48); “Não
podeis servir a Deus e às riquezas.” (Mt 6.24b). Pode se dizer, também, que é uma imposição
da fé cristã que professamos, pois foi para isso que Jesus veio ao mundo e deu a sua vida.
Para gerar novas criaturas livres da condenação e do poder (domínio) do pecado. É certo que
haverá muita luta interior, da carne contra o espírito e vice-versa (Gl 5.17; Rm 7.15-25; Hb
12.4). Porém, somos mais que vencedores, em Cristo.
Vale lembrar o destaque dado, no registro bíblico, a pessoas consideradas íntegras: Noé (Gn
6.9), Jó (Jó 1.1) e Daniel (Ez 14.20). E, ainda, que o Senhor observa e recompensa o íntegro
(Sl 18.25).

2ª) INTEGRIDADE É UMA QUESTÃO DE PRESERVAÇÃO

Jesus ensinou que um reino, uma cidade, uma casa, divididos contra si mesmos não
subsistirão (Mt 12.25; Mc 3.24). Por extensão, uma igreja ou uma pessoa, divididos contra si
mesmos não subsistirão (1Co 1.13). Não há emprego que resista quando se está dividido
entre as tarefas submetidas pelo empregador e as ocupações extra emprego, no horário de
expediente. Não há casamento que resista quando se está dividido entre o seu cônjuge e
outra pessoa fora da relação. Não há fé que resista quando se está dividido entre o seguir a
Cristo e ceder aos prazeres e paixões ilícitos do mundo (1Jo 2.15-17). O cristão não tem
opção ou licença para tomar a decisão do tipo: “– Hoje, ou neste caso, vou abrir
uma exceção; amanhã eu volto a ser íntegro.”

2. MARCAS DE UMA VIDA ÍNTEGRA


Ao passar os olhos no livro de Daniel, algumas marcas de sua integridade saltam aos olhos:
2.1 NÃO SE CONTAMINA (DN 1.5-8)
Na história de vida de Daniel fica patente a inconfundível verdade de que, mais importante do
que o lugar onde você precisa estar (no caso de Daniel, na corte babilônica, por imposição do
exílio; no nosso caso, na escola, no trabalho etc, por uma condição de vida na sociedade) é a
sua conduta ali. Uma determinação do rei fora imposta sobre ele, mas ele resolveu não se
contaminar. Percebam que ele não reagiu à aprendizagem da cultura e língua dos caldeus,
mas à alimentação imposta. Em vez de abordar aqui a sua motivação, no que tange à
alimentos proibidos na lei mosaica ou a sua solidariedade aos demais cativos judeus vivendo
em condições precárias, aproveitemos para considerar a questão da adesão de um cristão a
usos e costumes de uma sociedade pagã. Há uns 50 anos atrás, muitos crentes defendiam
uma diferenciação dos descrentes a partir do estereótipo (uso de roupas, pintura de cabelo e
unhas etc). Por outro lado, hoje em dia, chega-se ao outro extremo. O estereótipo, o exterior
é o de menos. O mais grave mesmo é o comportamento mundano de muitos “chamados
crentes”; vivem completamente dominados por um estilo mundano de vida. Gente bebendo
socialmente, promovendo festas de casamento com danceteria de arrepiar e repertório de
escandalizar, vivendo fornicação e adultério, com linguajar corrompido, expondo as questões
internas da igreja nas redes sociais, proferindo mentiras e calúnias. Gente que não assume
sua fé e se lhe perguntar, desconversa. Bem-aventurados aqueles que, como Daniel, tomam
a firme decisão de se manterem puros e íntegros no meio de uma geração corrompida e
corruptora!
2.2 DESFRUTA DE ÍNTIMA COMUNHÃO COM DEUS
Ele ora e incentiva outros a orar (Dn 2.17-18; 6.10; 9.3-23; 10.2, 12). Nessa intimidade, o
Senhor lhe revela mistérios em visão à noite (Dn 2.19). Ele glorifica o Senhor reconhecendo
seus atributos inigualáveis, seu domínio sobre tudo e sobre todos; como aquele que capacita
os seus para toda boa obra (Dn 2.20-23).
2.3 PERMANENTE BUSCA DA GLÓRIA DE DEUS
Longe de querer chamar a atenção para si próprio, se vangloriando e usurpando a glória de
Deus, ele faz questão de atribuir todos os créditos a quem de direito, ao Deus eterno,
imortal; invisível, mas real (Dn 2.28). Ele faz isso tão naturalmente e de modo tão
convincente que até os incrédulos conseguem reconhecer a majestade de Deus: “Disse o rei
a Daniel: Certamente, o vosso Deus é o Deus dos deuses, e o Senhor dos reis, e o revelador
de mistérios, pois pudeste revelar este mistério.” (Dn 2.47).

2.4 PRESTA SERVIÇO À COMUNIDADE


Quando nos afastamos do pecado, podemos buscar e desfrutar de íntima comunhão com o
Altíssimo. Quando estamos em íntima comunhão com Deus ele se revela a nós e nos capacita
para a realização da sua obra e para servir à comunidade. Daniel tinha plena consciência de
todo o mal que os caldeus fizeram ao seu povo. Simplesmente poderia recusar-se a colaborar
com os seus algozes. Entretanto, quando constituído pelo rei, como governador e chefe de
toda a província de Babilônia (Dn 2.48-49), viu nessa investidura uma imperdível
oportunidade de ser útil ao próximo, de servir com eficiência e justiça, inclusive sendo bênção
para os cativos do seu povo. Afinal, ele sabia que o cativeiro duraria 70 anos; então, era
melhor ser agente do bem do que vítima do mal. E, na hora que ele é honrado, não se
esquece daqueles que o ajudaram.
2.5 TESTEMUNHA COM CORAGEM E INTREPIDEZ
Manter-se íntegro, diante de Deus e dos homens, implica em assumir riscos e passar por
provações. Tanto os amigos de Daniel (Dn 3.8-12), quanto o próprio Daniel (Dn 6.4-9; 11-
13) foram vítimas de inimigos invejosos que tentaram tirar-lhes a vida, promovendo o
confronto entre sua posição e sua fé e integridade para com Deus. Entretanto, eles não se
deixaram intimidar pelas terríveis ameaças, testemunhando com coragem e intrepidez sua fé
inabalável num Deus que tudo pode; livrar da morte ou deixar perecer (Dn 3.16-18; Dn
6.10). Ser íntegro é estar disposto a tudo perder por amor a Cristo: “Porém em nada
considero a vida preciosa para mim mesmo, contanto que complete a minha carreira e o
ministério que recebi do Senhor Jesus para testemunhar o evangelho da graça de Deus.” (At
20.24).

2.6 TEM CONFIANÇA EM DEUS, EM QUALQUER SITUAÇÃO


Não somos capazes de compreender a extensão e os desdobramentos, nos céus e na terra,
quando verdadeiramente decidimos confiar em Deus, entregando nossa vida aos seus
cuidados, em toda e qualquer situação. Os céus se enchem de júbilo e a terra recebe o
impacto da intervenção divina: “Falou Nabucodonosor e disse: Bendito seja o Deus de
Sadraque, Mesaque e Abede-Nego, que enviou o seu anjo e livrou os seus servos, que
confiaram nele, pois não quiseram cumprir a palavra do rei, preferindo entregar o seu corpo,
a servirem e adorarem a qualquer outro deus, senão ao seu Deus.” (Dn 3.28, ver ainda o
impacto sobre Dario – Dn 6.25-27).
2.7 É MUITO AMADO POR DEUS
É gratificante saber que a integridade de Daniel não foi em vão; não passou despercebida
diante de Deus. Jesus, o servo modelo, mesmo antes de começar seu ministério terreno,
ouviu dos céus: “…: Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo.” (Mt 3.17). E, Daniel,
também teve o privilégio de ser fortalecido, no crepúsculo do seu ministério, com a sublime
declaração angelical: “…: Daniel, homem muito amado,…” (Dn 10.11, 19).
Conclusão:
Dietrich Bonhoeffer (1906-1945)(teólogo e pastor) assim se refere à “graça barata” no seu
livro Discipulado: “A graça barata é a pregação do perdão sem arrependimento do pecador, é
o batismo sem disciplina eclesiástica, é a comunhão sem confissão de pecados, é a
absolvição sem confissão pessoal. A graça barata é a graça sem discipulado, é a graça sem
cruz, é a graça sem Jesus Cristo vivo e encarnado.” A fé que nada custa, nada vale.
Integridade tem seu preço. Não é uma opção e tem marcas próprias. Somos desafiados a
seguir o exemplo de Daniel e de tantos outros heróis da fé, mantendo-nos íntegros em todo o
tempo e o tempo todo: “Tu, porém, segue o teu caminho até ao fim; pois descansarás e, ao
fim dos dias, te levantarás para receber a tua herança.” (Dn 12.13)

Passar o Filme “The Divided Man” (O Homem Dividido). Baixar do Youtube.


Shalom

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