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NÍVEL DE INFLUÊNCIA DA MÍDIA NA ALIMENTAÇÃO

Daniela Lemos
RESUMO
A mídia tem grande influência no comportamento; suas mensagens podem ser
fortalecedoras ou prejudiciais à sua saúde. Esse estudo tem por objetivo determinar
o grau de influência que os meios de comunicação e bem estar à sociedade quando
utilizadas para promover a qualidade de vida. Além disso, pretende determinar o
nível de influência da mídia. Trezentos e trinta pessoas foram escolhidos para
participar da pesquisa de campo. Cada participante respondeu a um questionário
sobre a percepção da influência da mídia na alimentação saudável. O qui-quadrado
foi aplicado para associar os níveis e Man - Whitney, para comparar os escores.
Como medidas de saída principais foram considerados os nível de percepção da
influência da mídia, cuja pontuação foi: 0 a 8 (baixo), 9 a 16 (médio), 17 a 24 (alto).
Como resultado observou-se que a mídia que mais influenciou as escolhas
alimentares de ambos os grupos foi a televisão. O que menos influenciou os seus
participantes foi o jornal e o rádio. A família influenciaria mais a escolha dos
alimentos juntamente com a mídia. Conclui-se que o nível de influência da mídia na
alimentação saudável foi de nível mediano. A mídia que mais influenciou as
escolhas alimentares foi a televisão. O ambiente familiar tem papel educador para o
consumo de alimentos saudáveis.

Palavras-chave: Media; comportamento; alimentos

ABSTRACT

The media has a great influence on behavior; their messages can be empowering or
harmful to your health. This study aims to determine the degree of influence that the
media and well-being to society when used to promote quality of life. In addition, it
intends to determine the level of media influence. Three hundred and thirty people
were chosen to participate in the field research. Each participant answered a
questionnaire about the perception of the media's influence on healthy eating. Chi-
square was applied to associate the levels and Man - Whitney to compare the
scores. As main output measures, the level of perception of the influence of the
media was considered, whose score was: 0 to 8 (low), 9 to 16 (medium), 17 to 24
(high). As a result, it was observed that the media that most influenced the food
choices of both groups was television. The least influential of its participants was the
newspaper and the radio. The family would influence food choice together with the
media. It is concluded that the level of influence of the media in healthy eating was of
medium level. The media that most influenced food choices was television. The
family environment plays an educating role in the consumption of healthy foods.

Keywords: Media; behavior; foods


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1 INTRODUÇÃO

Entende-se por alimentação saudável aquilo que é variado, fornece energia


e todos os nutrientes essenciais que cada pessoa necessita para se manter
saudável, permitindo uma melhor qualidade de vida em todas as idades; Isso
previne doenças como desnutrição, obesidade, hipertensão e alguns tipos de
câncer.
O Ministério da Saúde preconiza a ingestão da maior variedade possível de
alimentos, mantendo o equilíbrio entre o que se ingere e a atividade física, optando
por uma alimentação rica em cereais, vegetais e frutas, com baixo teor de gordura
saturada, sal e fornecendo cálcio e ferro suficientes para atender às necessidades
de um organismo em crescimento.
Atualmente, o tema alimentação saudável é difundido por diversos meios de
comunicação, como impressos (jornais ou jornais, revistas, entre outros), rádio,
televisão e internet (6). Os meios de comunicação têm grande influência na
orientação para o consumo e comportamento da população, portanto, suas
mensagens podem ser empoderadoras ou prejudiciais à saúde.
Ao identificar quais mídias têm mais influência na escolha dos alimentos de
alunos do ensino médio, estas podem ser utilizadas na divulgação de questões de
alimentação saudável e, assim, contribuir com o propósito de reduzir problemas
nutricionais, como sobrepeso e obesidade.
Em nosso país, sobrepeso e obesidade aumentaram nos últimos 30 anos;
assim, nas mulheres de 10 a 14 anos, aumentou de 11,2 para 18,6% e nos homens
de 4 para 9,7%.
Em nível populacional, o Brasil é um dos países com maior prevalência de
excesso de peso, 17,24%, predominantemente urbano.
O público adquire conhecimentos sobre o consumo de hortaliças por meio
da televisão (95%), seguidos da rádio (62%) e família (52%); os meios de
comunicação, em especial a televisão, têm efeitos importantes sobre o
comportamento e as crenças dos indivíduos, constituindo-se em um potencial meio
de excelência devido a grau de motivação e eficácia para promover a aprendizagem,
que frequentemente ultrapassa as possibilidades da família .
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Da mesma forma, reconhece-se a influência da TV em seus hábitos


alimentares, pois muitas pessoas consomem produtos veiculados em anúncios na
TV.
Assim, o objetivo desta pesquisa foi determinar o grau de influência que os
meios de comunicação exercem sobre o público , bem como quais os que mais
influenciam a alimentação saudável.
O objeto de interesse que é explorado de forma secundária é a complexa
relação entre comida e influência midiática, evidenciando a vastidão dessas
questões, especialmente na cultura ocidental moderna, onde a relevância das
mensagens implícitas e explícitas veiculadas pela mídia exercem uma influência
indiscutível. em muitos aspectos da vida de indivíduos e grupos, desde a concepção
do próprio corpo, às suas representações e aos processos de identificação de
gênero. Aqui, aprofunda-se a influência que esses meios de comunicação exercem
sobre a maneira como as pessoas pensam a comida, o uso que fazem dela e, em
geral, a maneira como essas mensagens condicionam a atividade primordial e
fundadora do homem.

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 COMIDA E NUTRIÇÃO

A alimentação e a nutrição desempenham um papel central na vida de cada


indivíduo desde o nascimento, representando o objeto-ação básico, essencial para a
própria existência. Na verdade, o alimento tem um duplo valor, primeiro uma função
nutricional é identificada, segundo o alimento é identificado como o principal objeto
de troca na relação com a mãe.
Na verdade, o alimento é o primeiro objeto experimentado; a criança
experimenta o alimento-leite, primeiro objeto externo a ela (SPITZ, 1965) na relação
com a mãe.
O alimento é também o primeiro objeto de cuja presença-ausência depende
a satisfação ou, ao contrário, a frustração da necessidade. Por essas razões, a
comida pode ser considerada o objeto relacional por excelência, crucial e primordial
no que diz respeito às relações de amor e apego. Torna-se o meio para a
estimulação física e sensorial da satisfação oral e do contato físico com a mãe. Por
4

essas razões, pode-se atribuir à comida uma função psicológica fundamental e


também prático-funcional.

2.2 COMIDA, OBJETO DE CONSUMO.

 O alimento, como objeto de consumo, se distingue de todos os demais


produtos pelo seu maior valor simbólico, o consumo do produto alimentício se
caracteriza pela sua estreita relação com o corpo. Esse relacionamento pode ser
definido como transformador; o alimento, como tudo o que pode ser ingerido, tem o
poder de influenciar o corpo e seu bem-estar, passando a fazer parte dele,
modificando suas funções e até mesmo sua aparência.
Essa especificidade da forma como os alimentos são consumidos é
chamada de incorporação, pois implica uma estreita relação simbólica entre alimento
e identidade.
O consumo de um produto pode se tornar funcional para a construção de
identidade e torna-se ainda mais funcional quando o produto em questão não é
apenas feito na compra, mas pode ser colocado dentro, realmente incorporado,
transformando o corpo e com ele o 'identidade.

2.3 COMIDA, IDENTIDADE E MÍDIA DE MASSA


 
Desde cedo, os meios de comunicação influenciam a conduta do indivíduo
nas diferentes esferas da vida, incluindo os hábitos alimentares e as representações
sobre os alimentos.
 Os meios de comunicação de massa podem ter consequências para a
saúde agindo ao nível da satisfação, ao nível da crença e ao nível da propensão a
comprar. (FIZ PEREZ 2008, LINN 2004). 
Pode-se afirmar que o uso da televisão afeta os hábitos alimentares de
crianças e jovens, diretamente pelo alto teor calórico e comportamento alimentar
incorreto, indiretamente pelo conhecimento nutricional inadequado e discussões
familiares para a compra dos itens anunciados. (BANNON, SCHWARTZ, 2006,
HARRISON 2005)
A comida é um objeto de consumo, mas também é um símbolo de status. A
publicidade, por meio da mídia, potencializa esse significado. Na verdade, a comida
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é marginal na publicidade, o que importa é o contexto e os valores que ela veicula,


especificamente de juventude, riqueza, vigor e sedução. (GUIDONI, MENICOCCI
2009)
De acordo com Conner & Armitage, (2002):

A publicidade fornece informações não tanto sobre as


qualidades específicas do produto, mas sobre seu uso,
especificando onde, como, quando e com quem os alimentos
devem ser consumidos. Tudo isso em função da percepção da
necessidade do consumidor de se alimentar de forma saudável
e emagrecer. Por exemplo, a maioria dos comerciais transmite
a ideia de alimentos com mais fibras e antioxidantes e menos
gordura e calorias. Subjacente a grande parte da publicidade
está também a noção mágica de que, ao consumir alimentos
aprovados por celebridades modernas, você pode se identificar
com elas e participar de seus sucessos (CONNER &
ARMITAGE, 2002). 

O consumidor adquire não apenas as características objetivas e prático-


funcionais de um produto, mas também os símbolos, os significados, os valores
emocionais veiculados por ele.
Portanto, a escolha do produto pode ser motivada pela gratificação
individual, pelo desejo de comunicar aos outros uma certa imagem de si mesmo,
pelo desejo de promoção social, pela necessidade de reconhecimento e prestígio,
pela necessidade de identificação com ídolos. Nesse sentido, o alimento é
consumido não apenas pelas suas qualidades nutricionais, mas pelo valor cultural
associado, ao comprar e consumir esse alimento, o valor é transferido para
si. (DIODATO, 2001, FEATHERSTONE, 1990)
A comida contém um poder comunicativo, várias pesquisas apontam que as
pessoas julgam as outras com base em seu consumo alimentar, por exemplo, foi
demonstrado que indivíduos que comem alimentos saudáveis e dietéticos são
julgados mais morais do que aqueles que comem alimentos que comem e
engordar. (CHAIKEN, PLINER, 1987, BASOW, KOBRYNOWICZ, 1993)
Por estas razões, os sujeitos assumem as características dos alimentos que
comem “Eu sou o que como”, o que conforme Poulain (2005) ocorre: “não só a nível
prático-orgânico, mas sobretudo a nível identitário, social e relacional. As
mensagens dos vários meios de comunicação de massa atuam em um nível de
identidade.”
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2.4 ALIMENTOS E DIFERENÇAS DE GÊNERO


 
As escolhas alimentares, a maneira como você come e as quantidades de
alimentos consumidos podem comunicar autoimagens. Pesquisas mostram que as
mulheres são mais propensas do que os homens a usar alimentos para controlar as
impressões dos outros, e seu comportamento alimentar muda a maneira como
querem se apresentar. (MORI, CHAIKEN, PLINER, 1987). A desejabilidade social
tem forte influência no comportamento alimentar de homens e mulheres. 
Chaiken, Pliner (1990). Outra pesquisa (ROTH, HERMAN, POLIVY, PLINER,
2001) sugeriu a plausibilidade de que a necessidade de apresentar uma
autoimagem positiva e julgamentos sociais negativos atrapalham o comportamento
alimentar, de modo que as pessoas tenderiam a padronizar seu consumo alimentar
para os outros. que os cercam. Dichter (1964) mostrou que a comida é um indicador
de identidade de gênero: bolo, chá e doces são considerados alimentos
femininos; café, carne e batatas parecem masculinos. Os alimentos light (iogurtes e
saladas) têm conotação feminina, enquanto os alimentos com sabores fortes
(arenque e repolho e queijos) têm uma imagem masculina.
Para o adolescente, comer alimentos masculinos ou femininos é muito
importante, dentro do processo de definição de sua identidade de gênero. Além
disso, nos adolescentes, as alterações no paladar dos alimentos são atribuíveis ao
cumprimento das normas do grupo de pares, ao desejo de experimentar coisas
novas, mesmo no que diz respeito às próprias memórias familiares.
O modo de estar à mesa e as preferências alimentares podem ter uma
função relevante não só no complexo processo de construção da própria identidade,
mas também a nível social, por exemplo, na avaliação da extração social de si e dos
outros. O que comemos, a maneira como comemos, diz quem somos, e isso se
aplica a nós mesmos e aos outros. Por meio das escolhas alimentares, passamos a
nos conhecer e aos outros, formando imagens de nós mesmos e dos
outros. (RAPPAPORT, 2003)
 
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2.5 MUDANÇA DE DIETAS


 
No comportamento alimentar, os estímulos que tornam um alimento
preferível a outro dependem de fatores hereditários, condicionados por fatores
psicológicos e socioculturais. Algumas preferências são inatas, outras são
produzidas pelo meio ambiente, outras pela moda e pela publicidade. (CREMONINI,
1990)
Mudanças na dieta são atribuíveis à promoção da saúde (prevenção de
alergias, redução do risco de câncer e doenças cardiovasculares), o que implica na
mudança dos alimentos ingeridos, na presença de eventos estressantes, (divórcio,
doenças, acidentes, perdas) que produzem efeitos diversos, de aumento ou
redução, no comportamento alimentar, na vontade de perder peso, com
conseqüente modificação das calorias ingeridas, na tentativa de comunicar algo
sobre si mesmo. (CONNER, ARMITAGE, 2002)           
 
2.6 PODER, MÍDIA DE MASSA E DCA
 
 Os modelos de gênero veiculados pela mídia impactam o imaginário juvenil
e o processo de construção da identidade subjetiva . A multiplicidade das
representações de gênero se contrapõe à singularidade das representações dos
corpos, no que se refere especificamente à aparência física de mulheres e homens,
há uma tendência a valorizar apenas um modelo corporal: esbeltez para mulheres,
tônus muscular para homens. homens. Ambos os sexos também são encorajados a
se manterem "jovens" pelo maior tempo possível.
 A mensagem é veiculada pela mídia de que é possível modelar seu corpo à
vontade e com resultados imediatos e satisfatórios, por meio de dietas, produtos
milagrosos ou cirurgia estética.
Dentro desse modelo cultural, o corpo se torna um projeto: o sucesso desse
projeto está ligado ao sucesso na vida. A adesão a certos cânones é também
expressão do desejo de pertença e integração social.
Os modelos multifatoriais de DCA (Eating Disorders), (GARFINKEL &
GARNER, 1982) colocam a mídia sob o título de “Fatores de risco sócio-culturais”.
A classificação da DCA é feita por meio do Manual Diagnóstico e Estatístico
de Transtornos Mentais (DSM-IV-TR). Juntamente com os dois principais
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transtornos alimentares (anorexia nervosa e bulimia nervosa), existe uma categoria


ampla e heterogênea de transtornos alimentares não especificados (NOS), ou seja,
transtornos alimentares de gravidade clínica que não atendem a todos os critérios
diagnósticos. de anorexia nervosa e bulimia nervosa
 A mídia de massa produz e reflete formas corporais, estilos de roupas e
outras imagens que simbolizam temas complexos de gênero, etnia, classe, beleza,
identidade, desejo, sucesso e autocontrole nas sociedades pós-industriais. (EDGE,
1993; GORDON, 1990; KILBOURNE, 1994; NICHTER & NICHTER, 1991; STICE,
1994).
Os meios de comunicação também fazem parte de uma rede sociocultural,
que inclui famílias, pares, redes de pares, escolas, esportes e negócios, que gera e
legitima uma série de efeitos, principalmente nas mulheres, que combinar com
diferentes moderadores para produzir o continuum dos transtornos
alimentares (STICE, 1994). 
 
2.7 EXPOSIÇÃO NA MÍDIA COMO FATOR DE RISCO PARA O
DESENVOLVIMENTO DE DCAS.
 
Os resultados de vários estudos (metanálise de 25 experimentos, Groesz et
al. 2002) mostraram que a satisfação corporal para as mulheres é significativamente
menor após a visualização de imagens de mulheres magras do que após a
visualização de imagens de controle de ambos modelos de tamanho médio, grande,
ambos objetos inanimados. Tiggermann e Slater apontam que a breve exposição a
vídeos musicais enfatizando a magreza e com mulheres magras e atraentes leva a
um maior confronto social e insatisfação corporal (TIGGEMANN & SLATER,
2004). Pinhas e colegas e Cameron e Ferraro destacaram que a exposição a
imagens de modelos magras afeta negativamente o humor e aumenta a insatisfação
com sua aparência física e a deterioração é maior naquelas que já partem de níveis
mais elevados de insatisfação corporal (PINHAS et al. 1999, CAMERON &
FERRARO 2004).
A mídia cria e promove um modelo de beleza feminina que leva muitas
adolescentes e adultos a vivenciar uma significativa insatisfação corporal . Por esses
motivos, e à luz das pesquisas realizadas, a mídia pode ser considerada fator de
risco no desenvolvimento de transtornos alimentares, como anorexia nervosa e
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bulimia nervosa, sem negar que existem outros componentes, individuais e


familiares, que podem afetar o aparecimento das diferentes patologias.
Os meios de comunicação também promovem e garantem o
«descontentamento regulador que as mulheres, especialmente as jovens,
experimentam em relação ao seu corpo. Existe uma estreita correlação entre
a insatisfação corporal e os comportamentos alimentares incorretos e perigosos. A
preocupação com o peso, o uso massivo de dietas, a introdução do vômito auto-
induzido, o controle constante do peso corporal e o exercício compulsivo são todos
comportamentos fortemente interligados.

3 MÉTODOS

Foi realizado um estudo observacional, descritivo e transversal. A população


de amostra foi de 330 entrevistados.
A fórmula do tamanho da amostra foi usada para estimar uma proporção. Foi
considerado um nível de confiança de 95%.
Foi aplicada uma enquete durante os meses de junho a agosto de 2020. O
instrumento foi previamente validado por meio de perícia e teste piloto. um
comunicador social participou da perícia. O teste piloto foi realizado em uma
pequena população de participantes.
Com a autorização e o consentimento dos participantes a serem
pesquisados, foi aplicado o questionário sobre a percepção da influência da mídia,
composto por 9 questões no total. Os dois primeiros abordam a influência que a
televisão, o rádio, os jornais e a Internet teriam nas suas escolhas alimentares, os
dois próximos sobre os alimentos saudáveis e não saudáveis que os participantes
afirmam que cada meio de comunicação influencia no seu maior consumo.
Duas perguntas foram direcionadas para determinar os programas de TV,
rádio, seções de jornais ou páginas da web onde eles encontraram informações
sobre alimentos saudáveis e não saudáveis. As próximas duas perguntas foram
sobre a mídia que eles acreditavam que mais influencia suas escolhas alimentares,
se eles compraram ou queriam comprar qualquer comida anunciada e o que eram. A
última questão era se a mídia, família, escola ou amigos os influenciam a consumir
determinado alimento. Cada indivíduo foi identificado por códigos.
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As respostas às primeiras 4 questões foram avaliadas com pontuação 0


quando 'não influencia', 2 quando 'influencia pouco', 4 quando 'influencia regular' ou
6 quando 'influencia muito', portanto o nível de influência percebido por a mídia foi
categorizada como 'baixa' (0 a 8 pontos), 'média' (9 a 16 pontos) e 'alto' (17 a 24
pontos).
O restante das perguntas não teve pontuação, portanto as respostas foram
contadas de acordo com as alternativas; por exemplo, 70% dos indivíduos
pesquisados indicaram que a televisão foi o meio de comunicação que mais
influenciou suas escolhas alimentares. Tanto a pontuação de cada resposta quanto
os pontos de corte foram determinados arbitrariamente pelos pesquisadores do
presente estudo, com base no teste piloto.
Os dados são apresentados por meio de estatística descritiva: média, desvio
padrão, porcentagens, tabelas de frequência e gráficos de barras. Para associar a
influência percebida pela mídia na alimentação saudável, foi utilizado o teste do qui-
quadrado.
As pontuações da percepção da influência da mídia foram comparadas
usando o teste de Mann-Whitney, pois a distribuição dos dados não era normal.
Para a análise inferencial, um nível de significância p <0,05 foi utilizado para
determinar a existência de diferenças estatisticamente significativas.

4 RESULTADOS

Participaram do estudo 330 indivíduos (161 mulheres e 169 homens), com


idades variáveis.
A pontuação média em relação à mídia e sua influência na alimentação
saudável, o nível de influência "médio" foi o que apresentou maior percentual e o
nível de influência "alto" apresentou o menor percentual.
Ao detalhar as questões da pesquisa aplicada, observamos que, por
exemplo - de acordo com os meios de comunicação solicitados (TV, rádio, jornal,
internet) indicaram em maior percentual (70%) que a televisão exercia influência
regular. Em relação ao rádio, 33,3% dos entrevistados indicaram que têm pouca
influência, e 36,4% que não influencia. Em relação aos jornais, mais de 50% dos
entrevistados perceberam que não houve influência ou que a influência foi pequena,
enquanto o maior percentual de entrevistados indicou que a influência era regular.
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64,9% dos entrevistados perceberam que a internet não influencia suas escolhas
alimentares.
Os entrevistados indicaram que a televisão influenciou o maior consumo de
leite e frutas. Os jornais influenciaram o consumo de alimentos de origem animal
(frango, carne, peixe) e frutas, e vegetais de um modo geral. O rádio e a internet não
influenciaram no aumento do consumo de qualquer alimento saudável. Em relação
aos alimentos não saudáveis, a maioria dos entrevistados de ambos os grupos
indicou que apenas a televisão influenciou no maior consumo de doces (doces,
biscoitos, chocolates).
Mais de 70% dos entrevistados indicaram que já compraram ou quiseram
comprar um alimento divulgado em alguma mídia. Os produtos ou alimentos que
compraram ou que desejaram comprar foram: leite, iogurte, chocolates, biscoitos,
doces, salgadinhos e refrigerantes; mas também bebidas industrializadas e
hambúrgueres.
A mídia que mais influenciou na escolha dos alimentos para ambos os
grupos foi a televisão, com percentual superior a 70%. O que menos influenciou,
com 6,6%, foi o rádio. Dentre os indivíduos entrevistados, para 49,7% a família tem
maior influência na escolha do alimento e 44,2% seria a mídia, seguida da família
(42,4%).
Não foi encontrada associação significativa entre o nível de influência da
mídia sobre os alimentos.

5 DISCUSSÃO

Existem estudos em que foi demonstrado que a televisão é a que mais


influencia na escolha dos alimentos. Da mesma forma, no presente estudo, o meio
de comunicação que mais influenciou na escolha dos alimentos para ambos os
grupos foi a televisão.
Assim, apenas 23,6% e 10,9% dos entrevistados não reconheceram
qualquer influência da televisão na escolha de seus alimentos. neste estudo
consumiam os produtos anunciados na televisão, 77,6% e 72,1%. os entrevistados
afirmaram ter comprado ou desejado comprar alguns dos produtos anunciados, que
em sua maioria não eram saudáveis.
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A publicidade de fast food é frequente na televisão; a alimentação saudável,


por outro lado, não é promovida; Também mostra que o maior uso da televisão e a
exibição frequente de comerciais estão independentemente associados às atitudes
do consumidor em relação à fastfoods.
Diante disso, surge a necessidade de mudar o padrão de publicidade de
alimentos na televisão em nosso país, para um em que alimentos nutritivos sejam
promovidos e fastfoods não saudáveis sejam minimizados; Isso contribuiria para o
reforço da alimentação saudável e promoção de uma vida saudável, com menor
risco de doenças crônicas.

GRÁFICO 1 - NÍVEIS DE INFLUÊNCIA PERCEBIDA EM RELAÇÃO AOS MEIOS


DE COMUNICAÇÃO NO QUE SE REFERE AO INCENTIVO A COMPORTAMENTO
NUTRICIONAL

De acordo com nossos achados, para metade dos entrevistados, a televisão


e a Internet tiveram uma influência entre regular e grande; e para 4 em cada 10
entrevistados, rádio e jornais tiveram uma influência semelhante. Isso significa que
seria conveniente utilizar esses meios de comunicação com maior ênfase e com
temas específicos de interesse para a saúde dos entrevistados e da população em
geral, embora já existam alguns programas e seções jornalísticas dedicadas a isso.
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Em um estudo longitudinal realizado nos Estados Unidos, foi determinado


que, para mulheres, a frequência de comportamentos saudáveis e, principalmente,
não saudáveis (como jejuar, pular refeições e fumar cigarros) e extremos (vômitos
ou uso de laxantes) para controle de peso aumentou com o aumento das leituras de
artigos de revistas sobre dieta e perda de peso.
Sugere-se, portanto, a necessidade de intervenções que visem reduzir a
exposição e a importância atribuída às mensagens da mídia em relação à dieta
alimentar e incorporar programas de percepção crítica a elas.
Metade dos entrevistados considerou que a família tinha mais influência
sobre a escolha da alimentação, seguida da mídia, com 28,5%; A outra metade dos
entrevistados considerou que a mídia teve influência em 44,2%, seguida da família,
com 42,4%.
Para 10% a escola influenciou. Fica evidente que a família tem papel
educativo fundamental na hora de decidir quais alimentos devem consumir em
determinado momento.
Os achados obtidos no presente estudo permitem inferir a população
estudada atribui grande importância à influência da mídia e da família, sendo a
escola um local de pouca influência na questão da alimentação saudável. Essa
influência primária da família ao escolher a alimentação pode ser devida ao fato de
que, embora os hábitos alimentares não sejam estáveis e sejam modificados ao
longo da vida, um padrão de comportamentos alimentares básicos da família é
criado desde a infância.
Essa influência da família e da mídia é acentuada em adolescentes e
adultos, conforme determinado por estudo realizado com estudantes universitários,
no qual avaliaram a influência relativa da comunicação com os pais e experiências
anteriores com televisão.
Este último continuou a prever preferências alimentares e dietas não
saudáveis no início da idade adulta. Além disso, tanto a experiência na televisão
quanto os cuidados que receberam de seus pais influenciaram independentemente
as preferências e a dieta.
Devido à importante influência exercida pela mídia e pela família, considera-
se que as intervenções educativas sobre nutrição na televisão e comunicação com
os pais seriam medidas eficazes de defesa contra influências indesejadas e de
redução da exposição a mensagens não saudáveis.
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Outro aspecto a ser destacado é que a escola exerce pouquíssima influência


na escolha dos alimentos para ambos os grupos.
Embora programas tenham como objetivos a educação para uma
alimentação saudável, a motivação e as habilidades pessoais devem ser mais
enfatizadas para promover mudanças favoráveis, além de fortalecer as ações de
promoção da saúde, pois os materiais promocionais devem enfatizar os benefícios
imediatos de uma dieta saudável e as mensagens de risco à saúde de uma dieta
não saudável.
Além disso, devem ser levadas em consideração as dificuldades enfrentadas
para que um programa de nutrição e atividade física seja seguido, pois essas
intervenções devem ser articuladas com o auxilio de profissionais da área
nutricional, para superar obstáculo ao comportamento saudável.
A divulgação na mídia da alimentação e nutrição deve partir dos
comportamentos, problemas e interesses da sociedade para promover uma
mudança significativa que possibilite a alimentação saudável.
Desta forma, será possível propagar o conceito de alimentação adequada,
sempre considerando-se que, de acordo com o resultado do estudo, a família tem
uma influência importante na escolha dos alimentos, embora não só a transmissão
de informações mas também a motivação sejam necessárias, além de outros
aspectos que farão uma mudança completa no comportamento prejudicial à saúde.

6 CONCLUSÃO

Por meio desse estudo foi possível concluir que o nível de influência da
mídia sobre a alimentação saudável foi mediano; a pontuação média foi de 10,9 para
as mulheres e de 10,6 para os homens. A mídia que mais influenciou as escolhas
alimentares de ambos os grupos foi a televisão, embora a família tenha maior
influência na escolha de alimentos. A mídia tem um papel educador de consumo
alimentar saudável.
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REFERÊNCIAS

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