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As artes são línguas1

Janaína Bechler;
Jefferson Pinheiro

O livro Há escolas que são asas descreve a essência da Escola Municipal


Especial de Ensino Fundamental Professor Elyseu Paglioli, em Porto Alegre – RS,
retratando a rotina de uma escola que tem a arte como metodologia, tem cor,
movimento, imagem, palavra e som, onde todo o dia se celebra a fantasia. Um lugar
onde as dificuldades não impedem a comunicação, que acontece de vários jeitos e
formas, através dos sentimentos e dos sentidos.
“A educação escolar tem também um compromisso em mergulhar o aluno na
linguagem, oferecendo meios para que possa se expressar” fazendo com que ele se
transforme, sendo capaz de produzir mensagens, estabelecendo laços sociais. Cada
linguagem é também um canal de acesso do educador para o universo interno do
aluno.
É possível que algum aluno não consiga se
alfabetizar que tenha problemas com a
aprendizagem da leitura e da escrita, ao mesmo
tempo em que transborde pelas artes.

Nesta caminhada pelo letramento, a arte que é comunicação, também é uma


ferramenta de inclusão, de desenvolvimento do pensamento, da sensibilidade e da
imaginação.
“Um aluno que exercita continuamente sua criatividade estará mais preparado
para desenvolver estratégias pessoais na vida, fazer escolhas” e dessa forma,

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Na organização deste resumo que teve como base o livro Há escolas que são asas dos autores Janaína Bechler e Jefferson
Pinheiro, para o Curso de Formação de professores para atendimento em sala de recursos multifuncionais, houve inserção de
imagens, além de uma escrita resumida para facilitar e dinamizar a compreensão de uma parte do livro que refere-se a arte e
suas diferentes linguagens que são utilizados como recursos para desenvolver a aprendizagem de crianças e jovens com
deficiência. Resumo adaptado por Cristiane Lutz, equipe pedagógica, Uníntese, Nov.2016

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ajudar a pessoa a construir sua autonomia e liberdade,


O importante é
para que consiga modificar seu olhar em relação a si que os alunos
aprendam a ler o
próprio.
mundo, e não
Na produção de artes plásticas, os primeiros apenas as letras.

borrões, as garatujas são valorizadas, dando liberdade


para experimentar tintas com as mãos e pés, abrindo oportunidades para descobrir
que a representação do espaço pode ser feito através de linhas, sobreposições, por
massas, montagens, construções, bonecos, teatro, dança, som, o importante é como
tudo está sendo organizado no pensamento.

O contato com diversas


Os alunos têm diferentes linguagens pode ajudar no
níveis de conhecimento. processo de experimentação

de conceitos estéticos,
materiais e técnicas.

Imagens2

A arte na escola precisa considerar os sentimentos do aluno, a emoção que


pode intensificar a dificuldade em fazer algo ou os aspectos familiares que estão
perturbando. Neste sentido, através da escuta o professor pode ajudar o aluno a
resolver ou superar questões, e estas quando solucionadas ou amenizadas, aliviam
a angústia, conseguindo assim, com que se dedique e aproveite melhor o momento
de produção.
A escola Elyseu incentiva os alunos a se expressar, neste local a arte está a
serviço do aluno, onde ele pode produzir, pode “se dizer” em seu próprio nome,

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Imagens. Disponível em:<http://brincarpraaprender.blogspot.com.br/2015/05/a-crianca-e-o-desenho.html> Acesso em: 08 de
Nov.2016
Disponível em:<https://br.pinterest.com/explore/arte-para-crian%C3%A7as-955059326202/>Acesso em: 08 de Nov.2016
Disponível em:< http://soueducadoraeagora.blogspot.com.br/2015/03/tecnicas-de-pintura-para-criancas.html>Acesso em: 08 de
Nov. 2016

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através de várias linguagens, subjetivamente, não só por ele, mas também em


relação à família.
A Elyseu não tem a preocupação com o método a ser usado, e sim com a
formação para a vida. O aluno é que escolhe onde quer ficar, sai e entra em outro
espaço, ele é quem decide o que deseja fazer, mas não significa que nessa escola
pode-se fazer tudo, há restrições.
Existe uma liberdade incentivada com responsabilidade, o educador não fica
engessado a um método ou teorias, conteúdos fechados, o educador assume um
papel de pesquisador conhecendo e descobrindo como cada aluno aprende,
partindo de possibilidades de
aprendizagem, procurando - O que eles querem?
responder e atender às dúvidas
- O que estão mostrando?
e curiosidades que no decorrer
- O que sabem?
do processo podem surgir,
como segue no quadro ao lado: -No que eles podem ter mais sucesso?

A todo instante surge uma questão diferente que vai desafiar o educado, essa
busca torna-se apaixonante, mas se o educador tem um olhar que só percebe
dificuldade, então nada vai acontecer, tudo depende de muito empenho e dedicação.

A flexibilidade tem que fazer parte do

"Se cada educador olha para seu


cotidiano, pois as rotinas se quebram e insistir
aluno como um ser único,
respeita o seu ritmo, adapta seu
trabalho à necessidade e ao
nelas, muitas vezes, precisa ser de um modo
potencial desse aluno, é como se
a escola fosse tantas quantos são
seus alunos e, ao mesmo tempo,
diferente, desvendando e abrindo caminhos
uma só".
para chegar ao aluno.
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Imagem

Essa escola possibilita o cultivo das diferenças, das diversidades, pois tem uma
estrutura do ensino especial;

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Crédito de imagem. Disponível em:< http://planetasustentavel.abril.com.br/noticia/educacao/todo-aluno-e-um-artista-nova-
escola-869400.shtml> Acesso em: 08 de Nov. 2016

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 Os profissionais estão em formação contínua,


 As turmas são pequenas,
 O currículo é diferenciado e organizado por projetos de trabalho,
 A faixa etária se estende do zero aos 21 anos.
A aprendizagem nessa escola se compõe informal, onde cadernos e
computadores dividem espaço com rádios, gravadores, câmeras fotográficas,
enfim...

Sensações, vivências, corpo,


relações, diversidade, diversão,
tudo é convocado para fazer parte
dessa rotina.

Uma escola que amplia sentidos, questiona padrões e afirma que múltiplas
formas de ser e educar são possíveis, através do afeto e de muita coragem para
romper preconceitos e ignorância.

A arte contra discriminação e a intolerância, contra o


racismo e as injustiças sociais, sobre as quais a cultura
hegemônica muitas vezes se cala. A arte pela diversidade.

Desde 1995 o Projeto de Integração/ Inclusão, que propõe os Complementos


Curriculares, abriu a escola para a comunidade das escolas regulares, atendendo
em turno oposto do Ensino Fundamental, todos os alunos, sem distinção, através de
oficinas que envolvem a expressão em diversas linguagens artísticas. Está aberta de
março a dezembro, com encontros de 3 horas e meia de duração, de uma a duas
vezes por semana, são atividades extracurriculares, com participação opcional de
alunos com mais de 10 anos.

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Sem freios e com asas


As diferenças cognitivas, de percepção, compreensão e aprendizagem,
desafiavam os educadores a tornarem-se “inventores” mediando os problemas e
criando com a linguagem das artes, um espaço de interação e produção que seduz
a todos.

Se de um lado os alunos das escolas


regulares chegavam com um “pique mais
acelerado”, os alunos com deficiência
davam “um banho” de espontaneidade
para improvisar no teatro, pois eles não
tinham freios, enquanto os demais
ficavam envergonhados.

Durante as aulas, já nos primeiros rabiscos, os novatos pediram a borracha,


ainda não haviam descoberto que nesta escola não havia desenho errado, e por
isso, era necessário seu uso.
A borracha traz a marca do certo ou
errado, de bonito ou feio que os impede
de criar livremente, e nesse espaço tudo o
que se deseja é ter liberdade para se
expressar.

Nas aulas de dança e música as crianças e jovens da comunidade chegavam


enraizados de modelos que a mídia oferece, tendo dificuldade para criar algo de
forma inventiva e espontânea.

A interação que a escola Elyseu proporciona com os alunos “ditos deficientes”


é de infinita riqueza, todos são muito sensíveis, extrovertidos e criativos, talvez por
conta de não se preocuparem em fazer algo para agradar aos outros e sim
experimentar as coisas e sensações como elas são, importando-se em apenas,
sentir-se bem.

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“Estes contrastes vão criando


condições muito interessantes e ricas
de trabalho num processo dinâmico
de trocas e aprendizagem”.

Ao invés de cadernos cheios de copias, temas, a tinta, a argila, outros tantos


matérias que os educadores oferecem como a máquina fotográfica e filmadora,
desenvolvendo um trabalho de forma interativa, ampliando a visão de mundo.
Dessa forma, proporciona momentos de intensa aprendizagem, permitindo aos
alunos da escola libertar-se dos freios e criar asas, asas para avançar muito
além de suas limitações, limitações que só existem para quem não consegue ver as
possibilidades de se reinventar a cada dia.

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