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UNIVERSIDADE IGUAÇU

Rafael da Rocha Dutra

Evolução

Nova Iguaçu
2017
GENEALOGIA HUMANA

Em A Origem das Espécies, Charles Darwin abordou a evolução de organismos


que variam de orquídeas a baleias, mas deixou de fora um debate consistente sobre a
origem humana, limitando-se a comentar: “Luz que será lançada em relação à origem do
homem e sua história”. Estudiosos atribuem o silêncio de Darwin à sua relutância em
alfinetar ainda mais a instituição vitoriana, e sua mulher devota, para quem a origem de
todas as coisas – inclusive o ser humano – era obra divina.

Thomas Henry Huxley, biólogo conhecido como “buldogue de Darwin”, não


guardava nenhuma restrição. No ano de 1863, ele escreveu a obra Evidence as to man’s
place in nature, onde aplicou a teoria de Darwin sobre os humanos, defendendo que
certamente descendíamos dos macacos. Doze anos mais tarde, o próprio Darwin
escreveu A descendência do homem, onde declarou o chipanzé e o gorila nossos
parentes vivos mais próximos, com base na semelhança anatômica, e ainda previa que
nosso ancestral mais remoto poderia ser encontrado na África. Porém, ao mesmo tempo,
tinham-se apenas notícias de um punhado de ossos humanos pertencentes aos
Neandertais de sítios da Europa Ocidental.

Desde então, diversas evidências com fósseis e análises genéticas validaram as


alegações de Darwin. Atualmente sabemos que nossos parentes mais próximos são os
chipanzés e que os humanos surgiram na África entre 5 e 7 milhões de anos atrás,
depois de nos diversificarmos da linhagem do chipanzé, mas, longe de ser uma sucessão
linear de criaturas pouco a pouco mais eretas, a árvore genealógica humana exibe
diversos galhos secos.

Falta muito para completar a história de nossa origem. Paleontólogos estão


ansiosos para encontrar fósseis do último ancestral comum entre chipanzés e humanos.
Ainda há muitos mistérios sobre nosso passado coletivo, e as considerações de Darwin
continuarão a iluminar o caminho até resolvê-los.

QUE FUTURO ESPERA PELO Homo sapiens?

Contrariamente à crença popular, os humanos continuam evoluindo. Quando se


pergunta a alguém como será a aparência dos humanos no futuro, no geral se obtêm
duas respostas: algumas pessoas vêm com aquela velha visão de ficção científica de
humanos com grandes cérebros, testa larga e inteligência superior; outras dizem que os
humanos não estão evoluindo fisicamente, pois a tecnologia colocou um fim na lógica
brutal da seleção natural e que a evolução agora é cultural. A ideia de cérebro grande
não tem base cientifica, pois registros fósseis de tamanhos de crânios de milhares de
gerações passadas mostram que a época de aumento de tamanho do cérebro passou há
muito tempo.

De fato, há alguns anos a maior parte dos cientistas teria defendido a ideia de
que a evolução física humana teria cessado, mas as técnicas de DNA que investigam
genomas atuais e do passado desencadearam uma revolução no estudo da evolução e
indicaram o contrário: o Homo sapiens não apenas sofreu uma ampla mistura genética
desde que a espécie foi formada, como o índice evolucionário humano cresceu. Fato que
ocorreu recentemente na história humana é que as raças humanas em várias partes do
mundo vêm se tornando cada vez menos distintas. Mesmo hoje, as condições de vida
moderna podem propiciar mudanças nos genes para certos traços de comportamento.

A família humana, chamada de hominídeos, originou-se há pelo menos 7


milhões de anos com o aparecimento de um pequeno proto-humano chamado
Sahelanthropus tchadensis, e, desde então, nossa família tem apresentado numero
variado, mas ainda controverso, de novas espécies, com pelo menos nove conhecidas e
outras ainda ocultas.

Cada nova espécie evoluiu quando um pequeno grupo de hominídeos de alguma


forma se separou de uma população maior por muitas gerações e se encontrou em novas
condições ambientais, o que favoreceu o desenvolvimento de um conjunto diferente de
adaptações. O registro fóssil nos diz que o membro mais antigo de nossa espécie viveu
há 195 mil anos, onde atualmente é a Etiópia.

Num estudo publicado há um ano, Henry C. Harpending, da University of Utah,


John Hawks, da University of Wisconsin-Madison, e seus colegas analisaram dados do
mapa haplótipo internacional do genoma humano. Eles se concentraram nos marcadores
genéticos de 270 pessoas de quatro grupos: chineses Han, japoneses, iorubas e europeus
do norte, e descobriram que pelo menos 7% dos genes humanos sofreram evolução
relativamente recente, por volta de cinco mil anos atrás. Muitas das alterações
envolveram adaptações a meios ambientes específicos, tanto naturais quanto forjados
pelo homem. Outro estudo feito por Pardis C. Sabeti, de Harvard University e seus
colegas utilizou um grande numero de dados provenientes de conjuntos de variações
genéticas para procurar sinais de seleção natural no genoma humano. Mais de 300
regiões no genoma mostraram evidência de alterações recentes que elevaram as chances
de as pessoas sobreviverem e se reproduzirem.

O isolamento geográfico de diferentes grupos tem sido reduzido pela facilidade


de transporte e pela queda de barreiras sociais, que antes mantinham grupos raciais
separados. De fato, a mobilidade da humanidade pode estar deflagrando a
homogeneização da espécie. Steve Jones, da University College London, defende a
ideia de que a evolução dos humanos praticamente cessou. Ele sugeriu que, pelo menos
nos países subdesenvolvidos, quase todos tem a oportunidade de atingir a idade
reprodutiva, e pobres e ricos desfrutam da mesma chance de ter filhos.
Outro ponto de vista é que a evolução genética continua a ocorrer ainda hoje,
mas de forma reversa. Certas características de vida moderna pode nos levar a
mudanças que não permitiriam nossa sobrevivência. Muitos colegas estudantes notaram
uma forma potencial em que essa evolução não adaptativa pode ocorrer: eles protelaram
sua reprodução, enquanto muitos de seus colegas do ensino médio, que não se
formaram, começaram a ter bebês imediatamente. Se pais menos inteligentes têm mais
filhos, então inteligência é uma deficiência darwiniana atualmente e a média da
inteligência pode involuir. Argumentos como esse tem uma longa e controversa história.
Um dos muitos contra-argumentos é que a inteligência humana é formada por muitas
habilidades diferentes, codificadas por um grande numero de genes, e tem, portanto, um
baixo grau de hereditariedade, ou seja, a taxa em que uma geração passa os traços para
as seguintes. A seleção natural age somente sobre traços hereditários.

Geneticistas estão no encalço de componentes genéticos não apenas dos


problemas e desordens, mas também de todo tipo de aptidão e de vários aspectos de
sexualidade e competitividade, muitos dos quais podem ser hereditários. O próximo
passo será realmente mudar os genes das pessoas, o que conceitualmente pode ser feito
de duas maneiras: alterando os genes apenas do órgão relevante (terapia gênica) ou
alterando o genoma inteiro de uma pessoa (terapia germinal).

Ainda menos previsível que nosso uso de manipulação genética é nossa


manipulação de máquinas – ou ela de nós. Seria o ponto final da evolução de nossa
espécie, uma simbiose com máquinas, uma síntese entre homem e máquina? Esse ponto
de vista foi inflexivelmente exposto por George Dyson no seu livro de 1998, Darwin
entre máquinas: “Tudo o que os seres humanos estão fazendo para tornar mais fácil
operar redes de computadores é ao mesmo tempo, mas por razões diferentes, tornar
mais fácil para as redes de computadores operarem os seres humanos... A evolução
darwiniana, num desses paradoxos que a vida tem em abundância, pode ser vítima de
seu próprio sucesso, incapaz de lidar com o processo não darwiniano que ela mesma
criou.”.

Em resumo, o futuro da humanidade pode tomar uma de várias rotas,


considerando que não nos extinguiremos, como:

Estase: ficarmos, em grande parte, como estamos agora, refinamentos mínimos,


principalmente conforme as raças se fundem;

Especiação: uma nova espécie humana evolui neste planeta, ou em outro;

Simbiose com máquinas: integração de máquinas e cérebros humanos produz uma


inteligência coletiva que pode ou não reter as qualidades que hoje entendemos como
humanas.

Qual o futuro dos humanos?

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