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GRADUAÇÃO

PEDAGOGIA

Gestão Escolar e Organização


do Trabalho Pedagógico
na Educação Básica

GRADUAÇÃO PEDAGOGIA
Gestão escolar e organização do trabalho
pedagógico na educação básica
Universidade Responsável:
CESUMAR – Centro Universitário de Maringá

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Gestão Escolar e Organização
do Trabalho Pedagógico
na Educação Básica
Professor Luís Henrique Fanti
SUMÁRIO

UNIDADE I

O PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO

Natureza Participativa do Projeto Político-Pedagógico.......................................................................................... 10

Estrutura de PPP.....................................................................................................................................................14

PPP Participativo.....................................................................................................................................................17

UNIDADE II

GESTÃO E ORGANIZAÇÃO – PARTE I

O Que é Gestão..................................................................................................................................................... 22

Pondo em Prática a Gestão................................................................................................................................... 25

Descentralização e Participação............................................................................................................................ 27

UNIDADE III

A GESTÃO E ORGANIZAÇÃO – OS AGENTES DESTE PROCESSO – PARTE II

Diretor..................................................................................................................................................................... 36

Coordenador Pedagógico/Supervisor.................................................................................................................... 39

A Natureza e Atividade Coordenativa.................................................................................................................... 42

O Coordenar do Coordenador................................................................................................................................ 44

Conselho da Escola................................................................................................................................................ 50

Orientação Educacional – O.E............................................................................................................................... 52

Família.................................................................................................................................................................... 56
UNIDADE IV

O PLANEJAMENTO DA GESTÃO

Planejamento.......................................................................................................................................................... 60

Anexos.....................................................................................................................................................................71

Referências........................................................................................................................................................... 81
UNIDADE I

O Projeto Político Pedagógico


Professor Luís Henrique Fanti

Objetivos de Aprendizagem
• Saber o que é o Projeto Político-Pedagógico e sua importância.
• Conhecer um modelo estrutural do Projeto Político-Pedagógico.
• Conhecer a forma participativa de gestão.

Plano de estudo
A seguir apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:

• Projeto Político Pedagógico.


• A Forma Participativa de Gestão.
Introdução

Qualquer organização para desenvolver-se necessita de um


sonho, de uma visão que dimensione e oriente todas as suas
ações para a concretização desse sonho, dessa visão. Entretanto,
entre sonhar e concretizar o sonho existe uma imensa lacuna que
deve ser preenchida por alguma coisa que determine os passos a
serem dados em direção ao que se almejou.

No âmbito educacional a essa alguma coisa chamamos de Projeto


Político-Pedagógico (PPP). É esse projeto que determinará, ou
pelo menos deveria fazê-lo, cada ação e sua motivação a ser
realizada no ambiente escolar.

O PPP “é o fruto da interação entre os objetivos e prioridades


estabelecidas pela coletividade, que estabelece, através da
reflexão, as ações necessárias à construção de uma nova realidade.
Qualquer organização para É, antes de tudo, um trabalho que exige comprometimento de
desenvolver-se necessita de todos os envolvidos no processo educativo: professores, equipe técnica,
um sonho, de uma visão que alunos, seus pais e a comunidade como um todo.” (SALMASO & FERMI).
dimensione e oriente todas as suas
ações O projeto deve contemplar desde os setores que administram a escola,
passando pelos que fazem sua manutenção, asseio, pelos que assessoram
de alguma forma a mesma, pelos que se utilizam dela, ou seja, os alunos
e suas famílias, bem como daqueles que atuam juntos destes, professores,
coordenadores e supervisores.

É o PPP que dá à escola ou a instituição educacional sua identidade, sua


forma, seu jeito de formar os educandos e por fim, a própria sociedade.

Entretanto, seja na escola pública ou privada, o PPP muitas vezes não passa
de um documento formal a ser apresentado nos Núcleos de Educação (NE)
sem, no entanto, nortear verdadeiramente todo o processo administrativo-
pedagógico da instituição de ensino.

Muitos professores desconhecem por completo a natureza do PPP de seus


locais de trabalho. Até mesmo coordenadores e supervisores encontram-
se nesta situação.

Gerir e organizar o trabalho pedagógico sem levar em consideração o PPP


é agir por instinto, intuição no que deva ser o trabalho pedagógico.

Segundo Vasconcelos (2006) a necessidade de redefinir o papel da escola

POLÍTICAS EDUCACIONAIS E ORGANIZAÇÕES DA EDUCAÇÃO BÁSICA | Educação a Distância 9


nasce da desestabilização dos educadores com a crítica sociológica
Saiba Mais sobre o papel das instituições de ensino “como aparelhos ideológicos do
sobre o assunto: Estado como reprodutoras da desigualdade social”, e pela ruína do mito de

http://www.pedagogiaemfoco.pro.br/
ascensão social pelo título, diploma.
gppp3.htm
Acessado em 17/08/2007 Então, o PPP firma-se como necessidade imperiosa tanto para as
instituições de ensino como para os professores, na condução das ações
educacionais e também na definição da identidade escolar.

Natureza Participativa do

Projeto Político-Pedagógico

Carvalho (2006, p.24) aponta a direção da Lei de Diretrizes e Bases – LDB


no que concerne à formulação do PPP dentro do atual sistema político bem
como de alguns de seus aspectos.

Hoje temos no Brasil, como orientação prevista em lei, a construção de

parâmetros educativos alicerçados na identidade de cada instituição

escolar, articulados à conquista da sua autonomia. Os artigos da Nova

Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) que tratam da

organização da educação nos estabelecimentos de ensino públicos

e privados (Título IV) prescrevem a incumbência de cada instituição

organizar o seu projeto pedagógico, seguindo os princípios de gestão

democrática e com a ciência do que cabe a cada segmento envolvido

nesse processo. O fato de termos na elaboração de projetos a designação

do que cabe à escola fazer em seu atual momento é algo passível de

muitas leituras, ressaltando-se desde o valor civilizacional dado ao

projeto como signo de uma direção a ser tomada às implicações políticas

de medidas descentralizadoras dos governos neoliberais, que têm nos

projetos a possibilidade de se eximirem de encargos administrativos

e financeiros de serviços essenciais à população, até ao avanço de

setores civis organizados, como entidades representativas de classes

e profissões, cujos projetos traduzem os anseios por uma sociedade

mais justa e igualitária. Esses enfoques são na verdade dimensões que

precisam ser interligadas para a análise do Projeto Político–Pedagógico

da instituição escolar como elemento articulador das demandas

sociais a ela direcionada, sendo importante resgatá-las como fatores

determinantes da vinculação entre projeto e escola.

Vasconcelos (2006, p.17-18) também resgata o conceito e finalidade do PPP.

10 POLÍTICAS EDUCACIONAIS E ORGANIZAÇÕES DA EDUCAÇÃO BÁSICA | Educação a Distância


Conceitua como “a sistematização, nunca definitiva, de um processo de
planejamento participativo, que se aperfeiçoa e se objetiva na caminhada,
que define claramente o tipo de ação educativa que ser quer realizar, a
partir de um posicionamento quanto à sua intencionalidade e de uma leitura
da realidade.”

Depois, ele apresenta quatro características que julga pertinentes num


PPP – Abrangência, Duração, Participação e Concretização. Brevemente,
abaixo está um resumo de todas elas.
- Abrangência – deve ser global. É o norteador e unificador de todas as
ações pedagógicas ou administrativas efetuadas no dia-a-dia escolar.
Sob ele é que devem acontecer todos os outros projetos, sejam setori-
ais ou específicos.

- Duração – Longo prazo como marco referencial – normalmente é de 2


a 3 anos, sendo revistos a períodos mais curtos para ajuste e redirecio-
namento.

- Participação – deve ser coletivo, democrático com a participação de


todos os atores do ambiente escolar.

- Concretização – processual. O PPP não termina quando se redige sua


última linha, ele é concretizado no dia-a-dia, repensado constantemente
no sentido de aprimoramento do exercício crítico de seu fazer, de seu
realizar.

Uma vez que o PPP deve ser formulado a partir da realidade na qual a
escola está inserida, compete à mesma e à comunidade na totalidade
de seus atores levantar as razões, justificativas para que a escola exista
ali, traçar seus objetivos, sua missão, sua UTOPIA dentro e a partir
daquela comunidade, orientar-se à ação, ao seu como, viabilizar sua
operacionalização, implantação e constantemente avaliar-se, monitorar-se
neste processo.

É fácil verificar na pesquisa de Carvalho (2006, p.20-21) como tudo na


instituição escolar é tocado pela presença ou ausência do PPP.

Ao ler a pesquisa de Codo et al. (1999) sobre a saúde do trabalhador

em educação pude ampliar a minha compreensão de que o processo

educativo se dá em todo o ambiente escolar, ou seja, também nos

corredores, refeitórios e banheiros. Portanto, os profissionais que

trabalham nesses lugares também são chamados a exercer o seu papel

de educador, muito embora não tenham direito à adequada qualificação e

tampouco sejam reconhecidos nessa tarefa. Através dessa leitura entrei

em contato com a noção de que a fragmentação do trabalho educativo

POLÍTICAS EDUCACIONAIS E ORGANIZAÇÕES DA EDUCAÇÃO BÁSICA | Educação a Distância 11


se daria devido à ausência de um projeto político-pedagógico da escola

construído coletivamente. A partir daí resolvi investigá-lo e descobri

que este conceito está hoje na base das investigações e literatura na

área educacional que trazem as relações institucionais como elemento

importante a ser considerado no processo educativo. A cena da relação

ensino-aprendizagem se ampliou, saiu definitivamente do espaço restrito

à sala de aula, levando-me a entrar em contato com a gama de fatores

nela envolvidos, os quais se configuram como eixos do projeto político-

pedagógico da instituição escolar, tais como: estrutura organizacional

da escola, sua função social, formas de gestão e currículo. Não posso

negar que quem me apresentou, em termos figurativos, ao projeto

político-pedagógico, foi o educador oculto, submerso e esquecido no

processo de transmissão do saber escolar, portanto, ele inevitavelmente

será um dos grandes anfitriões nas minhas incursões na instituição ora

pesquisada: faxineira, merendeira, zelador. Figuras que, aliás, revelaram-

se como suportes da memória dessa escola. São os personagens que

mais sofrem com a cisão entre o pensar e o agir, entre o trabalho manual

e intelectual: fragmentação do atual estágio de produção capitalista

que se reproduz no ambiente escolar. [...] Desenvolver uma pesquisa

concebendo a aprendizagem como algo que se dá em todos os lugares

da escola é reconhecer que, na verdade, nenhuma atividade pode ser

considerada como mero suporte, todas elas são potencialmente ações

educativas.

Se uma das funções do PPP é justamente


trazer uma identidade à escola, como
desconsiderar a potencialidade (des)
educadora que não só corpo docente e
administrativo possam ter, mas também
daqueles que trabalham na zeladoria, na
fotocopiadora, na cozinha?

A autonomia escolar só pode acontecer


se todos vinculados funcionalmente
ou indiretamente na escola tiverem
consciência de sua importância na
participação, na formação e desenvolvimento dos alunos.

Mesmo a escola privada tem uma dimensão pública, uma função social
que deve atingir todos aqueles que dela façam parte. Portanto, de alguma
forma ela deve incluir a participação na formulação de seu PPP de todos

12 POLÍTICAS EDUCACIONAIS E ORGANIZAÇÕES DA EDUCAÇÃO BÁSICA | Educação a Distância


que exercem nela alguma função.

Para encerrarmos esta parte e pensarmos a estrutura de um PPP, deixo o


testemunho de uma diretora sobre o PPP e seu trabalho.

11. Independente de documento escrito como Plano Gestão e Projeto

Político Pedagógico a sua escola tem um Projeto Educativo? O que você

poderia comentar a respeito desse assunto?

- Assim dessa maneira não. Na verdade eu vou acabar falando de plano

de gestão e projeto político pedagógico, porque estão muito ligados no

outro. O único projeto que eu fiz aqui em 2003, e ele vale para quatro

anos. Ele foi feito todo em gabinete. Eu mesma não tinha essa noção de

construir no coletivo, eu não tinha tempo, eu não tinha habilidades para

fazer isso. Eu acabei colocando nesse projeto aquilo que eu acreditava

que era educação e que servia para essa comunidade que eu já conhecia

de certa forma. Isso que coloquei lá, está sendo executado, os meus

alunos aqui, eu não me atrevo a dizer que mais que outra escola da

diretoria, mas eu estou perto disso. Os meus alunos aqui, têm mais

opções de atividades fora do horário que qualquer escola da região que

eu conheça. O nosso aluno pode freqüentar seis modalidades diferentes

esportivas masculino e feminino, três faixas etárias diferentes, ele pode

freqüentar aula de informática, teatro, arte, inglês, percussão e produção

de texto que uma ONG parceira oferece aqui dentro em horários diversos

da aula. Ele ainda participa das aulas de reforço previstas na legislação

e alguns professores com projetos especiais do tipo aula de italiano, que

uma professora da já há três anos. Eu estou para começar um projeto na

sala de informática de geometria em cima daquele programa “Brascri”

que é optativo para o aluno. O meu Grêmio de Estudante funciona, aqui a

gente se compromete com ele trabalha, comparece a escola, desenvolve

tudo isso. Então o que eu acredito de educação é isso, uma escola onde

o aluno viva mais do que aquelas quatro ou seis horas que ele freqüenta e

que procure oferecer para ele não só essa formação básica o que qualquer

escola oferece, mas que lhe dê oportunidades de desenvolver talentos

especiais e descobrir dentro dele habilidades que ele não conhecia, ou

para desenvolver habilidades que ele já sabia que tem e isso eu já tenho

tentado oferecer dentro da escola e acho que eu tenho conseguido. Eu

não digo que isso seja um projeto educativo, eu acho que isso é a minha

visão de educação, ainda não devidamente compartilhado com a minha

equipe. E estou começando a fazer isso esse ano preparando um plano

de gestão para o ano que vem, que eu espero que seja mais democrático

POLÍTICAS EDUCACIONAIS E ORGANIZAÇÕES DA EDUCAÇÃO BÁSICA | Educação a Distância 13


mais fundado nas bases da escola, mas o que está sendo feito, eu vou

dizer a palavra que eu penso, aquilo que eu sonhei para essa escola,

sonhei sozinha. Mas está funcionando, nem sempre eles atendem , nem

sempre eles acatam essa opção com a avidez que eu imaginava, mas a

opção é oferecida e quem quer pode morar na escola, que de segunda

a sexta eu faço questão que tenha merenda que comam no horário do

almoço, que sejam bem tratados aqui no intervalo e que utilizem da

escola tudo que ela tenha para oferecer. Esse é projeto educativo que

está acontecendo, mas que eu pretendo aprimorar com uma discussão

mais profunda no decorrer desse ano e início do ano que vem com toda

equipe escolar, com toda comunidade. (FRANCISCO, 2006, p.127-128)

Estrutura de PPP

Dentre os autores pesquisados, Vasconcellos (2006, p.23) trata com


bastante detalhe a estrutura do PPP. Diante disso, vamos aproveitar seu
trabalho para entendermos um pouco mais como ele sugere a estrutura
de um PPP de caráter participativo. Não há, entretanto, uma receita, um
modelo a ser seguido. A preocupação com a formulação de qualquer
PPP está mais ligada ao conteúdo e sua relação transformadora com a
comunidade para o qual é formulado do que necessariamente à forma em
que se apresenta.

No Quadro 1, seguir, o PPP é dividido em 3 partes – Marco referencial,


Diagnóstico e Programação e traz o significado e função de cada uma
segundo seu estruturador.

14 POLÍTICAS EDUCACIONAIS E ORGANIZAÇÕES DA EDUCAÇÃO BÁSICA | Educação a Distância


Quadro: Visão Geral da Elaboração do PPP

PARTES SIGNIFICADO FUNÇÃO

I - Marco Referencial Ideal


1.Marco Situacional (leitura O que desejamos. - Tensionar a realidade
Tomada de posição: no sentido da sua
da realidade geral).
explicitação das opções superação/transformação
2.Marco Filosófico (ideal geral). e dos valores assumidos - Fornecer Parâmetros,
3.Marco operativo (ideal Posicionamento: Critérios para o
específico). - Político Diagnóstico
- Pedagógico

Busca das Necessidades


II-Diagnóstico
A partir da Análise da - Conhecer a realidade
Pesquisa + Análise
Realidade e/ou da - Julgar a realidade
Comparação com o ideal - Chegar às Necessidades
Necessidades
saber a que distância
estamos do desejado.

III-Programação
- Ação Concreta Proposta de Ação
O que é necessário e - Decidir a ação para
- Linha de Ação diminuir a distância em
- Atividade Permanente possível ser feito para
diminuir a distância. relação ao ideal desejado.
- Norma

Fonte: o autor

Outra coisa que o autor considera é o lugar do Sonho no PPP e nos dá o


Quadro 2 para dimensionar isso.

Quadro 2 – Lugar do Sonho no Projeto Político-Pedagógico

Partes do PPP Lugar do Sonho: pode-se sonhar?

Deve-se; hora de alçar vôos (não importa se são ou não


Marco Referencial viáveis neste momento histórico).

De forma alguma, pé no chão; ver bem a realidade (nos


Diagnóstico
seus aspectos positivos e negativos).

Sonhar o sonho possível; sonho já dimensionado em


Programação
função do confronto com a realidade.
Fonte: o autor

Antes de continuarmos, sugiro que o autor seja lido de forma bastante


cuidadosa para que se tenha uma real noção do que envolve a formulação
de um PPP e buscar nas referências deste material didático outros que
venham, ainda que de forma mais abreviada considerar o PPP e sua

POLÍTICAS EDUCACIONAIS E ORGANIZAÇÕES DA EDUCAÇÃO BÁSICA | Educação a Distância 15


formulação, uma vez que não é pretensão aqui o esgotamento do assunto,
mas sim dar uma visão ampla do que o constitui.

À medida que tomamos o quadro da figura 1 como teor para discussão


da estrutura do PPP e seus atores no modelo participativo, fica claro que
não é tarefa fácil e de pouca envergadura. O PPP exige de todos que dele
querem tomar parte ou envolvimento um grande esforço para um trabalho
em equipe.

Marco Referencial - A leitura da realidade que o marco referencial pretende


ter, já nos sinaliza a variedade com que a realidade na qual a escola está
inserida será vista. Um professor irá vê-la de modo diferente de um pai. Este
já apontará alguma coisa não percebida pelas pessoas da administração
da escola, que por sua vez enxergam a realidade escolar de modo bem
diverso da zeladora. Por fim, todos estes vêem a escola de modo muito
diferente dos alunos que a vêem mais diferente ainda do diretor.

Por que cada um percebe a realidade de acordo com a sua função e


seu uso do espaço escolar e da sua relação com a comunidade? São
percepções diferentes da mesma realidade e não realidades diferentes,
pois a realidade é uma só. Todos esses atores devem ser ouvidos e terem
suas contribuições registradas para considerações na formulação do PPP.
Se todos são educadores, até mesmo os alunos em certo sentido, precisam
compreender e fazerem parte do PPP para poderem ser realmente parte
consciente do ambiente escolar. Isso seria o Marco Situacional.

O Marco Filosófico e Operativo vai definir as linhas gerais e específicas


do que deveria ser esta ou aquela escola em seu posicionamento político
e pedagógico. Em se tratando de escolas públicas ainda que venha dos
órgãos educacionais inúmeras diretrizes administrativo-pedagógicas
há espaço para que isso seja feito dentro de uma visão local, para as
necessidades locais, de modo local, ou seja, com a cara, o jeito dos atores
que ali atuam educacionalmente.

Diagnóstico - A partir do levantamento que se faz da realidade e do que


se sonha para a educação naquele lugar, precisa-se diagnosticar, saber
realmente o que se é e onde se está para saber o que se quer ser e aonde
chegar. Possivelmente haverão coisas já presentes muito positivas e que
serão mantidas na elaboração do PPP. Outras entretanto serão descartadas
e/ou modificadas, outras serão criadas para dar conta das necessidades.

Programação - Para aquilo que precisará ser transformado faz-se necessário

16 POLÍTICAS EDUCACIONAIS E ORGANIZAÇÕES DA EDUCAÇÃO BÁSICA | Educação a Distância


então a Programação, ou seja, a definição das ações e linhas de ações
a serem tomadas e também, se necessário, a normatização disso, não
no sentido de lei, mas sim de princípios que devem estar presentes para
consecução dos objetivos estabelecidos.

Se ao pensarmos o Marco Referencial podemos viajar, pensar grande,


longe, para termos idéias, novos caminhos. Ao diagnosticarmos precisamos
literalmente pôr os pés no chão, ter clareza quanto ao que se tem e ao que
se não tem, sem paixões, sem privilegiar o que quer que seja ou quem quer
que seja. Isso ajudará a traçar uma programação com mais possibilidade
de realização. É o Sonho possível dentro daquela realidade.

PPP Participativo

Quando se pensa em participação dependendo de quem pensa


e do que quer, a participação pode tomar aspectos diferenciados
em relação aos outros. Um diretor pode pensar um tipo de
participação para o professor. Este pode ter uma visão bem
diferente do que seja participar da formulação de um PPP.

Muito do conceito de participação veremos nas unidades


posteriores ao tratarmos da Gestão Participativa, contudo ainda
nos aproveitaremos das idéias de Vasconcellos (2006) e se
necessário outros autores, antes porém vejamos o que precisa
acontecer para que haja participação.

Ao pensarmos em participação precisamos compreender que


é necessário não só uma ética para realização da mudança,
mas também a convicção de que mudar é preciso, que será
feito um projeto para que a realidade escolar se torne outra, melhor e
não seja simplesmente mais o atendimento a uma exigência dos órgãos
educacionais dos governos.

Quando todos os atores do PPP entendem-se parte afetada e ao mesmo


tempo contributiva no PPP e que uma reformulação do mesmo poderá
atingir tanto positivamente quanto negativamente o seu trabalho, ele
tenderá a querer fazer parte deste processo.

Ganhando-se o coração dos envolvidos e, por conseguinte, sua contribuição


individual, percebe-se segundo Vasconcellos (2006, p.25) ganhos de
ordem:

POLÍTICAS EDUCACIONAIS E ORGANIZAÇÕES DA EDUCAÇÃO BÁSICA | Educação a Distância 17


Psicológica: envolvimento do grupo na tarefa; inclusão, reconhecimento do
sujeito no produto coletivo;

Epistemológica: parte-se de onde o grupo está; coloca-se o sujeito na


condição de produtor de conhecimento (e não reprodutor ou receptáculo);

Político: resgate da participação, da contribuição de cada um e de todos,


exercício de decisão coletiva;

Pedagógico: é um aprendizado de metodologia participativa, de diálogo, de


respeito pelo outro, de tolerância.

O PPP poderia ser considerado a CONSCIÊNCIA da comunidade escolar.


Por ele é que as opções, o compromisso, a visão em relação à realidade
que esta comunidade tem e as motivações por detrás de suas ações devem
ser avaliadas.

Ele deve tocar todas as pessoas e suas funções dentro da comunidade


escolar e da comunidade social na qual aquela está inserida.

Global, coletivo, deve pensar o futuro a partir do agora.

Atividade de Auto-Estudo

Unidade I –
a) Assista ao vídeo Trabalho em equipe disponível em: http://www.you-
tube.com/watch?v=kzMMGYwtB3k .

b) Escreva um texto descrevendo o processo que você imagina que houve


desde a criação, idéia primeira do vídeo, até à sua edição final e que
relação pode ser estabelecida com o que seja o Projeto Político-Pe-
dagógico.

c) Leia O TEXTO da Profª. Patrícia Romagnani, Anexo 1, para o Chat da


aula 2.

18 POLÍTICAS EDUCACIONAIS E ORGANIZAÇÕES DA EDUCAÇÃO BÁSICA | Educação a Distância


UNIDADE II

GESTÃO E ORGANIZAÇÃO – PARTE I


Professor Luís Henrique Fanti

Objetivos de Aprendizagem
• Relacionar a função da Escola, a LDB e a Gestão Participativa.
• Definir Gestão Escolar.
• Compreender as características da Gestão Participativa.
• Compreender os tipos de participação.

Plano de estudo
A seguir apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:

• LDB e a Gestão Participativa.


• Gestão Escolar.
• Gestão Participativa.
Introdução

Para tratarmos especificamente sobre a


gestão escolar e organização do trabalho
pedagógico por meio da literatura que foca
diretamente neste assunto, que é ampla,
precisamos resgatar qual é a função da
existência de uma unidade educacional,
uma escola, um colégio. Lopes (2006,
p.18) traz as seguintes considerações
sobre isso afirmando que
As escolas são organizações
sociais que tem por finalidade As escolas são organizações sociais que tem por finalidade promover

promover o processo de o processo de escolarização aos integrantes da sociedade.[...] tem por

escolarização aos integrantes da objetivo proporcionar educação de caráter intencional e sistemático. A

sociedade educação é intencional porque tem a função de transmitir e analisar a

herança cultural da humanidade, acumulada ao longo de sua existência

e oferecer condições para que as novas gerações reconstruam e

modifiquem os conhecimentos adquiridos para tornar sua existência

mais plena. Para realizar suas finalidades e objetivos, a educação se

sistematiza e se organiza através de critérios, regulamentos, finalidades e

princípios norteadores, razão pela qual é chamada de educação escolar,

no contexto de um sistema.

A LDB, norteadora da educação brasileira, afirma que “A educação


abrange os processos formativos que se desenvolvem na vida familiar, na
convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos
movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas manifestações
culturais. TÍTULO I - Da Educação - Art. 1º” e que “A educação, dever
da família e do Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais
de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do
educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação
para o trabalho. TÍTULO II - Dos Princípios e Fins da Educação Nacional
- Art. 2º.”

Trata ainda, no Título IV. Capítulo II, Art. 22, referente à Educação Básica,
que esta tem “por finalidades desenvolver o educando, assegurar-lhe a
formação comum indispensável para o exercício da cidadania e fornecer-
lhe meios para progredir no trabalho e em estudos posteriores.”

Sendo assim, precisamos conhecer as exigências da sociedade atual sobre

POLÍTICAS EDUCACIONAIS E ORGANIZAÇÕES DA EDUCAÇÃO BÁSICA | Educação a Distância 21


o tipo de pessoas que são requeridos nas organizações. Em decorrência
disso, o sistema educativo é estruturado e orientado a formar indivíduos que
atendam às necessidades produtivas e estratégicas da nação. Sem desejar
ser um revolucionário, é só observarmos que o estudo de forma geral é
voltado para ingresso no ensino superior, o ensino técnico é tido como
inferior. As faculdades e universidades locais, técnicas ou não, formam
indivíduos em áreas que são voltadas para as necessidades econômicas
das regiões em que se encontram.

Apesar disso vivenciamos uma situação política de democracia e é na


escola, um dos locais, em que ela deve ser trabalhada, desenvolvida no
indivíduo. Pensar e agir solidariamente, coletivamente, aprender a respeitar
limites pessoais e institucionais, aprender a impor limites, dar opiniões,
voltar-se para o bem comum e não individual.

Observemos o que Lopes citando Kuenzer, relata em seu trabalho sobre as


mudanças que afetam a educação, por conseguinte a escola.

O progresso científico e tecnológico e as transformações dos processos

produtivos determinam que o trabalhador vá além da simples execução

de tarefas, diferentemente, portanto, das características exigidas pelos

modelos produtivos de base taylorista/fordista. Na atualidade, solicita-se

o cumprimento de funções mais cerebrais – raciocínio lógico, resolução

de questões e problemas que surgem no cotidiano do trabalho, disposição

de estar sempre aprendendo; uma força de trabalho cooperativa, que

tenha autonomia e seja comunicativa (KUENZER, 1998, apud LOPES,

2006, p.40).

Fácil considerar, a partir disso, que se ainda a escola se mantém (ou é


mantida) numa estrutura ou modelo ultrapassado na sua própria condução,
isso por si só já é aos alunos um modelo a ser seguido que não propiciará
a eles nenhum benefício futuro.

Como veremos, a amplitude da Gestão Escolar abrange e dá uma nova


dimensão não só na condução administrativo-pedagógico da escola, mas
também para os alunos que vivenciam esse novo modelo.

O QUE É GESTÃO?

Lück (2006, v.III, p. 21) coloca que “Uma forma de conceituar gestão é
vê-la como um processo de mobilização da competência e da energia de

22 POLÍTICAS EDUCACIONAIS E ORGANIZAÇÕES DA EDUCAÇÃO BÁSICA | Educação a Distância


pessoas coletivamente organizadas para que, por sua participação ativa
e competente, promovam a realização, o mais plenamente possível, dos
objetivos educacionais.”

Francisco (2006, p.18) citando Libâneo, afirma que “Gestão é, pois, a


atividade pelo qual são mobilizados meios e procedimentos para atingir os
objetivos da organização, envolvendo, basicamente, os aspectos gerenciais
e técnico-administrativos.”

Lück (2006, Vl I, p.35) apresenta uma definição para a Gestão Educacional,


que segundo ela,

Corresponde ao processo de gerir a dinâmica do sistema de ensino

como um todo e de coordenação das escolas em específico, afinado

com as diretrizes e políticas educacionais públicas, para implementação

das políticas educacionais e projetos pedagógicos das escolas,

compromissado com os princípios da democracia e com métodos que

organizem e criem condições para um ambiente educacional autônomo

(soluções próprias, no âmbito de suas competências) de participação

e compartilhamento (tomada conjunta de decisões e efetivação de

resultados), autocontrole (acompanhamento e avaliação com retorno de

informações) e transparência (demonstração pública de seus processos

e resultados).

Francisco (2006, P 13) citando Glatter


(1992) diz que este autor entende a gestão
como meio de inovação e mudança
na escola. A gestão para ele deve ser
tomada como atividade facilitadora na
escola.

Encontramos também uma proposta em


que a Gestão Escolar é dividida em três
áreas, interligadas. Gestão Pedagógica,
segundo a fonte , a área mais significativa
e que

Estabelece objetivos para o ensino, gerais e específicos. Define as

linhas de atuação, em função dos objetivos e do perfil da comunidade

e dos alunos. Propõe metas a serem atingidas. Elabora os conteúdos

curriculares. Acompanha e avalia o rendimento das propostas

pedagógicas, dos objetivos e o cumprimento de metas. Avalia o

POLÍTICAS EDUCACIONAIS E ORGANIZAÇÕES DA EDUCAÇÃO BÁSICA | Educação a Distância 23


desempenho dos alunos, do corpo docente e da equipe escolar como

um todo. Suas especificidades estão enunciadas no Regimento Escolar

e no Projeto Pedagógico (também denominado Proposta Pedagógica) da

escola. Parte do Plano Escolar (ou Plano Político Pedagógico de Gestão

Escolar) também inclui elementos da gestão pedagógica: objetivos

gerais e específicos, metas, plano de curso, plano de aula, avaliação e

treinamento da equipe escolar. O Diretor é o grande articulador da Gestão

Pedagógica e o primeiro responsável pelo seu sucesso. É auxiliado nessa

tarefa pelo Coordenador Pedagógico (quando existe).

Depois apresenta a Gestão Administrativa e de Recursos Humanos com as


seguintes descrições de suas funções.

Gestão Administrativa - Cuida da parte física (o prédio e os equipamentos

materiais que a escola possui) e da parte institucional (a legislação

escolar, direitos e deveres, atividades de secretaria). Suas especificidades

estão enunciadas no Plano Escolar (também denominado Plano Político

Pedagógico de Gestão Escolar, ou Projeto Pedagógico) e no Regimento

Escolar.

Gestão de Recursos Humanos - Não menos importante que a Gestão

Pedagógica, a gestão de pessoal (alunos, equipe escolar, comunidade)

constitui a parte mais sensível de toda a gestão. Sem dúvida, lidar com

pessoas, mantê-las trabalhando satisfeitas, rendendo o máximo em suas

atividades, contornar problemas e questões de relacionamento humano

faz da gestão de recursos humanos o fiel da balança - em termos de


fracasso ou sucesso - de toda formulação educacional a que se pretenda

dar consecução na escola. Direitos, deveres, atribuições - de professores,

corpo técnico, pessoal administrativo, alunos, pais e comunidades -

estão previstos no Regimento Escolar. Quando o Regimento Escolar

é elaborado de modo equilibrado, não tolhendo demais a autonomia

das pessoas envolvidas com o trabalho escolar, nem deixando lacunas

e vazios sujeitos a interpretações ambíguas, a gestão de recursos

humanos se torna mais simples e mais justa.

Entretanto, fica um alerta quanto a esta última maneira de tratar a gestão


escolar. Todas as três áreas apresentadas são extremamente interligadas
e inter-influentes. Uma decisão, direcionamento de qualquer uma delas
desconsiderando as outras tende a gerar conflitos ou problemas.

É preciso também estar atento ao que é realmente o ponto mais delicado


da realidade escolar – a relação professor-aluno. Esse sempre será o foco

24 POLÍTICAS EDUCACIONAIS E ORGANIZAÇÕES DA EDUCAÇÃO BÁSICA | Educação a Distância


principal, pois o andamento da escola se dá justamente pela qualidade
positiva ou não desta realidade. As demais coisas são importantes, mas
não mais do que isso.

PONDO EM PRÁTICA A GESTÃO

Por mais que todos compreendamos o valor deste novo paradigma na


condução das atividades educacionais, não podemos esquecer que nossa
experiência democrática ainda é recente. Há em nossas escolas, e em nós
mesmos muito ainda do autoritarismo de outrora, pois fomos basicamente
formados dentro daquele modelo.

Vasconcellos (2006, p. 52) critica a falta de debate, de confronto de idéias,


de cooperatividade decisória no interior das instituições educacionais.
E traz a figura arquétipa do Autoritário e do Infantil. O primeiro entende-
se como o superior a todos e a tudo, vive na defensiva. O segundo num
primeiro momento enquadra-se a tudo o que é proposto, certinho, mas isso
é só uma fachada de alguém dissimulado, que não tende a desacordos
para não ferir ninguém.

De certa forma, até hoje, temos uma condução da educação


brasileira de cima para baixo e de certa forma isso ainda se
reflete quando se observa a unidade escolar, com características
próprias, dentro de um contexto singular, com pessoas também
singulares.

Rosar demonstra como a mudança começou a acontecer dentro


do processo histórico aponta que:

Na medida em que foram se criando as condições históricas de superação

do regime militar, o debate entre a perspectiva conservadora na área da

administração educacional e uma perspectiva crítica, progressista, foi se

ampliando, a ponto de eleger a temática da democratização da educação

e a sua gestão democrática, como eixo fundamental das ações políticas

das diversas entidades que constituíram o Fórum Nacional em Defesa

da Escola Pública, durante e após o Congresso Constituinte (ROSAR,

1999, p.165).

E ele continua apresentando o centralismo, a burocracia, o ordenamento


das questões educacionais de fora para dentro, sem levar em conta a
realidade escolar, de maneira muito técnica e política.

POLÍTICAS EDUCACIONAIS E ORGANIZAÇÕES DA EDUCAÇÃO BÁSICA | Educação a Distância 25


Por isso, no amadurecimento desse processo histórico de aprendizado
democrático, de participação responsável, de atuação em coletividade para
transformação da realidade educacional é que

A gestão emerge para superar, dentre outros aspectos, carência: a)

de orientação e de liderança clara e competente, exercida a partir de

princípios educacionais democráticos e participativos; b) de referencial

teórico-metodológico avançado para a organização e orientação do

trabalho em educação; c) de uma perspectiva de superação efetiva

das dificuldades cotidianas pela adoção de mecanismos e métodos

estratégicos globalizadores para a superação de seus problemas.

(LÜCK, 2006, v.II, p. 23-24)

Isso significa que os liderados tendem a ser convidados a uma participação


democrática; que haverão de estudar as formas de atuação baseadas em
referenciais mais pertinentes ao atual momento histórico; e enxergar o
todo a partir das partes, conduzindo um trabalho conjunto. A autora acima
citada ainda propõe, para que esta transição aconteça, o Estabelecimento
de interdependência de partes entre si e destas com o seu conjunto; Ação
interativa e processual sobre o conjunto; Percepção da realidade como é,
em sua condição concreta e subjetiva. (LÜCK, 2006, v.I, p. 70)

Toda essa mudança implica em redimensionamento das relações


estabelecidas no interior da escola, a começar pela equipe diretiva –
diretores e coordenadores, supervisores, orientadores. Vasconcellos (2006,
p. 54) diz que o grande desafio é: “confiar no grupo, superar o controle a
vigilância, como se os professores fossem irresponsáveis.” Contudo, ele
mesmo afirma que essa confiança não escapa do “acompanhamento (que
parte do princípio que somos seres contraditórios e em desenvolvimento,
portanto, não prontos e passíveis de errar), uma vez que devemos responder
socialmente pelo trabalho que realizamos [...]”(idem, p. 55).

Coerência também é um aspecto que o mesmo autor coloca como


imprescindível neste tipo de relacionamento. Não adianta dizer ser a
educação importante se não se propicia condições adequadas de trabalho;
desejar participação, partilhar o poder, sem pacotes prontos, ou seja, fazer
o que se prega.

É importante que o gestor esteja aberto e prepare-se para tratar de


questões, que são importantes e podem ajudar a tornar a equipe mais
autônoma e participativa, tais como:

26 POLÍTICAS EDUCACIONAIS E ORGANIZAÇÕES DA EDUCAÇÃO BÁSICA | Educação a Distância


- ajudar a trabalhar com o medo;

- apoiar os professores que desejam experimentar algum tipo de mudan-


ça;

- pesquisar a própria prática, compreendê-la dentro do contexto;

- elaborar conjuntamente princípios de atuação;

- superar o legalismo;

- procurar reduzir a burocracia ao essencial;

- criar espaços em que o professor possa dar suporte adequado a alunos


com necessidades;

- achar o melhor caminho para obter apoio às mudanças, trabalhar com


coletivos menores;

- avaliar os professores junto aos alunos trazendo os professores para o


processo de avaliação; fazendo-os participantes disso;

- trabalhar bem com os pais;

- dar apoio ao professore frente à comunidade;

- favorecer a construção de um clima ético entre os agentes escolares.

Francisco (2006, p. 18) ainda citando Glatter (1992) afirma que

Segundo o autor, há várias constatações no âmbito escolar corroborando


que os professores preferem direções que estabelecem o diálogo, dando
atenção para seus pontos de vista, tomando decisões claras. Opta pela
tendência a um relacionamento pedagogicamente democrático voltado para
a investigação e a superação dos problemas da educação. Em relação aos
estilos de liderança, os professores dão preferências para direções ativas
e orientadoras. [...]

DESCENTRALIZAÇÃO E PARTICIPAÇÃO

Tornar alguém, em algum contexto, mais participativo é também dar a este


alguém responsabilidades. É torná-lo co-responsável no desenvolvimento
daquilo que a escola se propõe, que deve estar pautada em seu PPP,
segundo já estudamos anteriormente.

Participar, contudo, pode acontecer de vários modos segundo Lück (2006,


v. III, p. 36-48).

Participação como Presença – é uma participação inativa, por pertencer

POLÍTICAS EDUCACIONAIS E ORGANIZAÇÕES DA EDUCAÇÃO BÁSICA | Educação a Distância 27


por filiação, associação, obrigação ou estar em determinado ambiente.
Tendo ou não voz ativa. Como exemplo temos os alunos que participam da
escola, mas muitas vezes não se interessam por ela.

Participação como Expressão Verbal e discussão de idéias – é aquela


que acontece quando das reuniões há expressões de idéias, sugestões,
críticas, até mesmo alguma votação. Entretanto, no fundo não há um
caráter realmente ativo, de poder modificar algum aspecto da realidade. É
mais um espaço para ser ouvido e de referendar decisões já tomadas.

Participação como Representação – é o tipo de participação que vemos


em associações, conselhos eleitos. Contudo, o que se dá normalmente é
que aqueles que elegeram seu representante não trabalham com ele para
consecução dos objetivos para o qual ele foi colocado ali. Não há verdadeira
representatividade por este ter de agir, a partir de eleito, sozinho, por sua
própria determinação.

Participação como tomada de decisão


– é uma prática que está mais associada
à solução de problemas definido
anteriormente pela direção, não tendo
participação da comunidade na análise de
seu significado e desdobramentos. Não
se entra nos problemas mais pertinentes
na condução do processo pedagógico
como um todo.

Participação como engajamento – é a


forma mais plena de participação. Envolve
todos os problemas, é mais interativa, supera a alienação e passividade.
Traz mais envolvimento e co-responsabilização pelos efeitos das decisões.
Exige mais esmero e competência para as decisões.

O tipo de participação tende a ser fruto da estrutura de governo estabelecida


na escola. Por isso, se desejamos realmente ter uma participação
como engajamento faz-se necessário compreender e agir num sentido
transformador para que haja uma descentralização no ensino. A mesma
autora acima citada (2006, v. II, p.41) explicita que a necessidade de
descentralização ocorre devido ao entendimento

a) de que as escolas apresentam características diferentes, em vista

do que qualquer previsão de recursos decidida centralmente deixa de

28 POLÍTICAS EDUCACIONAIS E ORGANIZAÇÕES DA EDUCAÇÃO BÁSICA | Educação a Distância


atender às necessidades específicas da forma e no tempo em que são

demandadas;

b) de que a escola é uma organização social e que o processo educacional

que promove é altamente dinâmico, não podendo ser adequadamente

previsto, atendido e acompanhado em âmbito externo e central;

c) os ideais democráticos que devem orientar a educação, a fim de que

contribua para a correspondente formação de seus alunos, necessitam

de ambiente democrático e participativo;

d) a aproximação entre tomada de decisão e ação não apenas garante a

maior adequação das decisões e efetividade das ações correspondentes,

como também é condição para a formação de sujeitos de seu destino e

maturidade social.

Ainda segundo ela, existem três ordens de entendimento na proposição da


descentralização.

a) uma de natureza operacional, que aponta para uma solução para os

grandes sistemas de ensino, que falham por não poderem diretamente

gerir as condições operacionais do ensino;

b) outra de caráter social, que reconhece a importância da dinâmica

social da escola, com uma cultura própria e, portanto, demandando

decisões locais e imediatas ao seu processo, a fim de promover o melhor

encaminhamento do processo educacional;

c) mais outra ainda, de caráter político, que entende o processo

educacional como formativo, demandando para a formação democrática

a criação do ambiente democrático.

É por isso que os gestores precisam inteirarem-se e permitirem-se entrar


em contato com as bases teóricas da gestão escolar, pois a manutenção
de uma estrutura decisória centralizadora tenderá a trazer ineficiência
e ineficácia, superposição de competências, burocracia, clientelismo,
homogeneização desconsiderando desigualdades; gerenciamento
inadequado, distanciamento entre os agentes educacionais e comunidade,
descontinuidade, diminuição de recursos, cursos de formação sem controle
de qualidade, política salarial insatisfatória.

É importante também não confundir descentralização com desconcentração.


Na desconcentração o Estado simplesmente delega a outros algumas de

POLÍTICAS EDUCACIONAIS E ORGANIZAÇÕES DA EDUCAÇÃO BÁSICA | Educação a Distância 29


suas atividades sem, no entanto, mudar as regras do jogo. Isso ajuda a
racionalizar a estrutura e seus recursos, mas continua a manter o enfoque
centralizador.

A descentralização é um processo, ela é construída à medida que vai


sendo executada, uma vez que isso significa modificar as relações de
poder. Se um dos aspectos do novo paradigma de condução da educação
– a Gestão Escolar – é com enfoque para a democratização, isso significa
também dar poder ao que não tem, pois com este vem a responsabilidade
e o engajamento.

O quadro abaixo, traz os pontos que devem constar tanto na tomada de


responsabilidade quanto na autoridade descentrada, segundo Lück (2006,
v.I, p. 77 e 82):

Quadro 3 – Pontos a considerar na descentralização

Fonte: o autor

Descentralizar, provocar participação, são facetas da gestão democrática,


em nosso caso, a escolar. Elas são interdependentes e revelam como são
as estruturas de poder da escola. Contudo, é preciso saber mais sobre
os agentes, atores que fazem parte desse processo e são diretamente
afetados pelo mesmo.

30 POLÍTICAS EDUCACIONAIS E ORGANIZAÇÕES DA EDUCAÇÃO BÁSICA | Educação a Distância


Atividade de Auto-Estudo

Unidade II–
a) A partir dos conceitos vistos nesta unidade, crie o SEU conceito do que
seja Gestão Escolar.

b) Você acha que os professores estão realmente interessados em partici-


par da Gestão Escolar de suas escolas. Explique.

c) Leia o texto Oração do Comprometimento de Silvio Luzardo, Anexo 2,


para o Chat da Aula 3.

POLÍTICAS EDUCACIONAIS E ORGANIZAÇÕES DA EDUCAÇÃO BÁSICA | Educação a Distância 31


UNIDADE III

A GESTÃO E ORGANIZAÇÃO – OS AGENTES


DESTE PROCESSO – PARTE II
Professor Luís Henrique Fanti

Objetivos de Aprendizagem
• Conhecer e compreender seus papéis.
• Tentar enxergar-se como um deles.
• Perceber as relações de poder entre eles.

Plano de estudo
A seguir apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:

• Gestão Escolar e os Pais.


• Relações de poder entre eles.
Introdução

Uma vez que vamos tentar compreender


um pouco melhor como os agentes
que compõe a comunidade escolar
comportam-se nela, é importante que
todos nós nos desfaçamos de nossos
pré-conceitos sobre as relações entre
estes agentes, não no sentido de não
ter uma posição, mas sim ter ouvidos,
ou melhor, olhos, para enxergar o que
aqui será posto colocando-se no lugar
do outro. Todos somos alunos num nível ou outro, talvez todos já somos
professores, alguns coordenadores, diretores, e muitos de nós ao mesmo
tempo somos o cidadão que mantém uma relação com a escola como pai,
tio, voluntário, etc. para com alguma escola.

Lück ( 2006, v.II, p.59) ao tratar da democratização da escola nos lembra


o seguinte:

Na medida, porém, em que o professor considere que o papel do processo

educacional é o de levar o aluno a desenvolver seu potencial, mediante

o alargamento e aprofundamento de seus conhecimentos, habilidades

e atitudes, de forma associada, passa a envolver o aluno em uma

participação ativa, pela qual exercita processos mentais de observação,

análise crítica, classificação, organização, sistematização, dentre outros,

e, fazendo perguntas, conjecturando soluções a problemas, sugerindo

caminhos, exerce poder sobre o processo educacional e sobre como e

o que aprende. Dessa forma, constrói o seu empoderamento. Com essa

prática, do ponto de vista do aluno, ocorre a democratização da escola,

tanto em relação a seu processo como em relação ao seus resultados,

pois o aluno é levado ao sucesso escolar. Cabe destacar que não pode

ser considerada como democrática uma escola em que os alunos

fracassam, e que não pode ser democrática uma escola que não o é

para todos.

A mesma lógica serve para o relacionamento entre professores, funcionários


e gestores da escola. Quando o exercício do poder é orientado por valores
de caráter amplo e social, como o são os educacionais, estabelece-se um
clima de trabalho em que os profissionais passam a atua como artífices de
um resultado comum a alcançar, de que resulta o aumento do poder para

POLÍTICAS EDUCACIONAIS E ORGANIZAÇÕES DA EDUCAÇÃO BÁSICA | Educação a Distância 35


todos.

Realmente isso não é uma tarefa fácil, pois lidamos com pessoas e pessoas
não são previsíveis como uma máquina, são seres especiais que precisam
do toque certo, do jeito certo para desenvolverem todo o potencial em
têm em si. Só podemos ter uma escola autônoma, dona de seu destino,
se e somente se todos compreenderem sua parcela de responsabilidade
e atuarem de forma conjunta para consecução dos objetivos maiores,
coletivos, desta micro-sociedade que é a escola e a comunidade na qual
está inserida. Portanto, ao pensarmos o papel destes agentes, avaliemos
como se dá a nossa própria participação. Este estudo só terá significado
profundo se atingir quem o estuda primeiro e não quem poderia estar
lendo-o.

DIRETOR

Comecemos a nossa tomada de consciência sobre esses agentes e seus


papéis lembrando-nos do seguinte:

Sabe-se que escolas são organizações onde predomina uma interação

entre as pessoas para promoção da formação humana. A instituição

escolar caracteriza-se por ser um sistema de relações humanas e sociais

com fortes características interativas que a diferenciam das empresas

do setor privado. A reunião de pessoas dentro da Unidade Escolar

interage entre si, intencionalmente, operando por meio de estruturas e de

processos organizativos próprios, para alcançar objetivos educacionais.

(Francisco, 2006, p.17)

Evidentemente, o Diretor é o primeiro a ter de ter isso em mente. Não há


como estar à frente de uma instituição educacional, seja ela qual for, sem
dimensionar a realidade das relações humanas que acontecem em seu
interior.

Porque mesmo que a instituição faça parte de um sistema maior, como


são os sistemas públicos em seus respectivos níveis, ela “[...] é uma
unidade singular dentro da qual existem e atuam diferentes grupos (equipe
administrativa, funcionários, professores, comunidade, etc.), com diferentes
objetivos. O professor tem o objetivo de ensinar, o aluno de aprender, a
comunidade tem objetivos e expectativas de bom atendimento. O diretor
coordena todas as ações e expectativas dessas pessoas.” (FRANCISCO,
2006, p.9)

36 POLÍTICAS EDUCACIONAIS E ORGANIZAÇÕES DA EDUCAÇÃO BÁSICA | Educação a Distância


Deste modo, começa a ficar claro qual o papel da Direção e por conseqüência
do diretor que está à frente de uma escola. Não considerando somente o
aspecto administrativo da mesma, mas sim sua parte mais importante e
subjetiva – as pessoas que nela se encontram.

A direção tem por função ser o grande elo integrador, articulador dos

vários segmentos - internos e externos – da escola, cuidando da

gestão das atividades, para que venham a acontecer e a contento (o

que significa dizer, de acordo com o projeto). Um grande perigo é o

diretor se prender à tarefa de “fazer a escola funcionar”, deixando de

lado seu sentido mais profundo. Se não falta professor, se tem merenda,

se não há muito problema de disciplina, está tudo bem... é claro que a

escola tem de funcionar, mas sua existência só tem sentido se ocorrer

dentro de determinadas diretrizes, de uma intencionalidade. Desde há

um bom tempo, tem-se clareza de que a assim chamada Teoria Geral


da Administração não passa na verdade, de um teoria capitalista da

administração, que de neutra nada tem, uma vez que, sob o manto da

“cientificidade”, oculta, de maneira ideológica, formas de controle e de

exploração do trabalho (cf. Paro, 1986). Assim, não se trata de um papel

puramente burocrático-administrativo, mas de uma tarefa de articulação,

de coordenação, de intencionalização, que, embora suponha o

administrativo, o vincula radicalmente ao pedagógico (Severino, 1992:80).

Portanto, a grande tarefa da direção, numa perspectiva democrática é

fazer a escola funcionar pautada num projeto coletivo. (grifo do autor)

(VASCONCELLOS, 2006, p.61)

Se, conforme o autor precisa-se de uma intencionalização na atividade


educacional, isso coaduna, como vimos anteriormente com a necessidade
de o PPP – Projeto Político-Pedagógico, já na sua elaboração manifestar
esta intencionalidade e a relação de interdependência que as áreas
Administrativa, de Recursos Humanos e Pedagógica, devem ter entre si.

Outra característica importantíssima de um Diretor na visão de Francisco, é


este ter olhares para a formação continuada própria e de toda sua equipe –
a escola toda. “É muito animador quando a direção, além do estudo próprio,
incentiva a equipe a estudar, pesquisar, inclusive no tempo de trabalho na
escola, rompendo o paradigma, anacrônico e dicotômico, de que o horário
de trabalho é tempo de “prática” e não de “teoria”.” (VASCONCELLOS,
2006, p.61)

Considerando um Diretor que realmente tenha esta visão, muito

POLÍTICAS EDUCACIONAIS E ORGANIZAÇÕES DA EDUCAÇÃO BÁSICA | Educação a Distância 37


provavelmente ele será participante das reuniões pedagógicas ou
reuniões semanais dos setores os quais administra, “[...] pois assim tem a
oportunidade de ouvir e expor argumentos, conhecer por dentro a realidade
da escola, enfim, acompanhar o processo e se comprometer também com
ele.” (Idem, p.62)

Mais a frente perceberemos que não é o Diretor necessariamente que


conduz, prepara ou convoca tais reuniões, apesar de poder fazê-lo, mas
como participante, dentro de uma gestão participativa ele poderá usufruir
deste privilégio de estar com os seus, de poder inteirar-se por si mesmo a
realidade que diz gerir.

Também, “À direção compete coordenar a reunião (no mínimo semanal) da


equipe escolar (onde as deliberações também são em conjunto).” (idem)
Aqui o termo equipe escolar está sendo utilizado para os profissionais da
coordenação, supervisão, orientação educacional, gerentes/líderes dos
setores que compõe a instituição. No caso da área pedagógica isso é
ainda mais importante devido à dinâmica que é natural deste segmento.
Contudo, às demais áreas compete ao Diretor um olhar atento, crítico,
focado nos objetivos e intencionalidades que deveriam nortear todas as
ações realizadas por estes setores.

Dias, em Franciso (2006, p.24) sugere:

Portanto, um diretor é apontado como um elemento muito importante

para a vida da escola, podendo ser observado pelo bom funcionamento

da escola que se apresenta bem integrada em seu programa de trabalho

com as seguintes características:

1. os funcionários são assíduos e cumprem de boa vontade suas

obrigações;

2. os professores são entusiastas e dedicam-se com suas tarefas

docentes;

3. os alunos são disciplinados e revelam bom aproveitamento escolar;

4. há um clima de confiança no trabalho realizado;

5. há a certeza de estar-se desenvolvendo algo de bom e genuinamente

útil à comunidade;

6. há a segurança de reconhecimento pelos resultados obtidos.

Segundo o mesmo autor isso “resulta naturalmente, da condição de uma


série de fatores favoráveis como: 1. apoio da comunidade; 2. existência
de bom corpo docente; 3. condições de materiais favoráveis; 4. alunos
interessados; 5. direção competente”. Ainda que sejam algumas dessas

38 POLÍTICAS EDUCACIONAIS E ORGANIZAÇÕES DA EDUCAÇÃO BÁSICA | Educação a Distância


áreas deficientes, há sempre a possibilidade de resgate de qualquer uma
delas mediante um trabalho consistente voltado para a questão-causa do
problema.

Portanto, ao Diretor cabe toda a responsabilidade sobre o que acontece e


o que não acontece no interior da escola. Ele deve superar-se para poder
articular a partir do seu PPP todas as ações com vistas a atingir os objetivos
para o qual sua instituição existe.

COORDENADOR PEDAGÓGICO/SUPERVISOR

Talvez este seja um dos agentes sobre os quais há maior


bibliografia específica devido à natureza ampla e complexa do
trabalho de coordenar. Durante este nosso estudo, utilizaremos
ambas as nomenclaturas – coordenador pedagógico e supervisor
- sejam nas citações ou em nosso uso próprio, pois são nomes
diferentes para a mesma função, criados dentro de sua construção
histórica.

Também, já pelo motivo acima citado, não poderemos aqui lidar


com cada aspecto que se apresenta no trabalho do Supervisor,
mas tentaremos dar uma visão mais ampla possível deste agente
da comunidade escolar que, em nossa opinião, tem sobre si a
convergência de praticamente todos os setores de uma instituição
escolar.

A ele vêm primeiramente os pais, os alunos, os professores, os


livreiros, a direção, a orientação e todo e qualquer que tenha interesse
geral ou específico nos alunos.

Muito também do que é visto em razão do Supervisor, cabe perfeitamente


à Direção, pois são princípios gerais de gestão que são aplicáveis até
mesmo ao professor na sala de aula. Entretanto, nos manteremos no nível
da equipe escolar – direção – coordenação – orientação.

Breve Histórico

Lima apresenta um histórico sobre o desenvolvimento histórico da


supervisão que apresentamos a seguir.

Surgida do desenvolvimento da industrialização, a supervisão tinha em vista


melhorar quantitativa e qualitativamente a produção. Funcionava como uma

POLÍTICAS EDUCACIONAIS E ORGANIZAÇÕES DA EDUCAÇÃO BÁSICA | Educação a Distância 39


adestradora das técnicas industriais e comerciais. Suas atividades eram a
de inspecionar, reprimir, checar e monitorar. Em 1841, em Cincinnatti é que
é aplicada à Educação e até 1875 voltou-se para verificação de atividades
docentes.

Depois, em fins do século XIX, e início do século XX, passou a supervisão


a preocupar-se com “estabelecimento de padrões de comportamento e de
critérios de aferição do rendimento escolar, visando à eficiência do ensino.”
(LIMA apud RANGEL (org), 2001, p.70)

Também se começou a utilizar os conhecimentos científicos conhecidos


para melhoria do ensino, propondo-se desta maneira, a supervisão, em
transmitir, explicar, mostrar, impor, julgar e recompensar (NILES e LOVELL,
1975, apud. Idem). Sendo influenciada a partir de 1925 pelas ciências
comportamentais e também pelos princípios democráticos. É em 1930 que
a supervisão assume seu trabalho como “esforço cooperativo para alcance
de objetivos, com a valorização dos processos de grupo na tomada de
decisões”. (LIMA apud RANGEL (org), 2001, p.70), voltando-se nos anos
60 para o currículo.

“Embora tenhamos no Brasil rastros da função supervisora desde o século


XVI, com a influência dos jesuítas e sua Ratio Studiorum que surgiu no
século XVIII como “inspeção escolar” , o modelo de supervisão que terá
maior incidência sobre o nosso é o dos Estados Unidos. (VASCONCELLOS,
2006, p.85)

No Brasil, é em 1931 com o Decreto-Lei 19.890 que a supervisão também


assume as questões pedagógicas, reforçado posteriormente por outro
Decreto-Lei, o de nº. 34.638 de 14/11/1953 que subsidiava os inspetores na
formação e fundamentação de seu trabalho, especificamente direcionando
o pedagógico.

Na década de 50 ainda, com os ideais desenvolvimentistas o Supervisor


foi influenciado por meio do Programa Americano-Brasileiro de Assistência
ao Ensino Elementar (Pabaee) com enfoque nos métodos e técnicas de
ensino, segundo a educação americana, conforme demonstra Vasconcellos
(2006, p.86).

Sabe-se que a Supervisão Educacional foi criada num contexto de

ditadura. A Lei n. 5692/71 a instituiu como serviço específico da Escola

de 1º e 2º Graus (embora já existisse anteriormente). Sua função

era, então, predominantemente tecnicista e controladora e, de certa

40 POLÍTICAS EDUCACIONAIS E ORGANIZAÇÕES DA EDUCAÇÃO BÁSICA | Educação a Distância


forma, correspondia à militarização Escolar. No contexto da Doutrina

de Segurança nacional adotada em 1967 e no espírito do AI-5(Ato

Institucional n. 5) de 1968, foi feita a reforma universitária. Nela situa-

se a reformulação do Curso de Pedagogia. Em 1969 era regulamentada

a Reforma Universitária e aprovado o parecer reformulador do Curso

de Pedagogia. O mesmo prepara predominantemente, desde então,

“generalistas”, com o título de especialistas da educação, mas pouco

prepara para a prática da educação. (Urban, 1985:5)

Com isso, a Supervisão Educacional interioriza na Escola a divisão social


do trabalho – os que pensam, decidem, mandam e os que executam.

Comprometido com a estrutura de poder burocratizada de onde emana

a fonte de sua própria autoridade individual, o supervisor escolar tende

a “idiotizar” o trabalho do professor porque, tal como na situação

industrial, “não se pode ter confiança nos operários” (...) A incompetência

postulada do professor se apresenta assim como a “garantia” perversa

da continuidade da posição do supervisor, de vez que viabiliza a

discussão sobre sua competência presumível e sobre a validade de sua

contribuição específica. (Silva Jr., 184:105)

Depois, então, a nova LDB chega aos nossos dias com as modificações
vigentes.

O professor precisa desfazer-se desse fantasma que foi a Supervisão na


sua gênese. Hoje a prática pedagógica do docente exige não uma execução
de tarefas determinadas, mas sim a criação, o desenvolvimento de uma
atitude educativa co-promotora da autonomia docente e conseqüentemente
geradora de uma autonomia discente.

CARTA MAGNA?

A LDB poderia ser entendida, como carta maior da educação brasileira


o ponto de partida para a atuação do coordenador/supervisor, uma vez
que este tem a finalidade de “atender aos objetivos dos diferentes níveis e
modalidades de ensino e às características de cada fase do desenvolvimento
do educando.” ( LDB, 1996, art.61) dentro “dos princípios de liberdade e nos
ideais de solidariedade humana” (LDB, 1996, art. 2º).

Pode-se dizer então que a atuação do coordenador/supervisor dá-se


“como um trabalho de coordenação e controle da prática educativa, a fim

POLÍTICAS EDUCACIONAIS E ORGANIZAÇÕES DA EDUCAÇÃO BÁSICA | Educação a Distância 41


de assegurar os princípios e as finalidades da educação acima expostos”.
(FERREIRA, 2001, p.86)

Entretanto, isso não se dá de maneira verticalizada dentro de uma


ótica puramente administrativa, mas sim como uma prática educacional
comprometida com os princípios estabelecidos na LDB. Sendo assim, a
supervisão seria “[...] uma prática articuladora, dinâmica e cônscia de seu
papel histórico na educação brasileira. [...] do educador “comprometido com
o significado e as implicações sociopolíticas da educação”” (FERREIRA,
2001, apud RANGEL, 2001, p. 87).

Uma leitura mais atenta mostrará que o trabalho dentro destes princípios
dependerá da própria visão de mundo do supervisor/coordenador. Ele
necessitará saber se o que a LDB propõe em seu artigo 2º vai ao encontro
ou de encontro à sua própria definição de princípios e fins que uma
educação nacional deve ter.

A NATUREZA E ATIVIDADE COORDENATIVA

Abaixo, nesta citação, vemos que temos de certo modo a mesma experiência
de Portugal no que tange à supervisão.

[...] como uma prática relativamente recente. Remonta aos anos 70

e surgiu, “no cenário sóciopolítico-econômico, historicamente, como

função de ‘controle’”(Silva, 1998, p.48). Em nome da eficiência e

da eficácia defendidas por abordagens de influência taylorista que

subjazem a filosofia tecnocráticas – as quais valorizam a racionalidade

-, o supervisor é considerado o instrumento de execução das políticas

centralmente decididas e, simultaneamente, o verificador de que essas

mesmas políticas são efetivamente seguidas. [...] é responsável pelo

funcionamento geral da escola em todos os setores; administrativo,

burocrático, financeiro, cultural e de serviços. (ALARCÃO, 2001, apud

RANGEL, 2001, p.12)

Nossa experiência é recente. Temos somente uns 30 anos de abertura


democrática e somente agora também estão caindo os aspectos tecnicistas
da função supervisora, uma vez que houveram mudanças na forma
das relações internacionais e nossa postura diante delas e isso afetou
diretamente a forma do aprender/ensinar.

Diante disso, houve uma profunda mudança também na forma de

42 POLÍTICAS EDUCACIONAIS E ORGANIZAÇÕES DA EDUCAÇÃO BÁSICA | Educação a Distância


coordenar, de supervisionar o trabalho pedagógico. Segundo Vasconcellos
(2000, p.87)

[...] a supervisão não é (ou não deveria ser): não é fiscal de professor, não é

dedo-duro (que entrega os professores para a direção ou mantenedora),

não é pombo-correio (que leva recado da direção para os professores e

dos professores para a direção), não é coringa/tarefeiro/quebra galho/

salva-vidas (ajudante de direção, auxiliar de secretaria, enfermeiro,

assistente social, etc.), não é tapa-buraco (que fica “toureando” os

alunos em sala de aula no caso de falta de professor), não é burocrata

(que fica às voltas com relatórios e mais relatórios, gráficos, estatísticas

sem sentido, mandando um monte de papéis para os professores

preencherem – escola de “papel”), não é de gabinete (que está longe

da prática e dos desafios efetivos dos educadores), não é dicário (que

tem dicas e soluções para todos os problemas, uma espécie de fonte


inesgotável de técnicas, receitas), não é generalista (que entende quase

nada de quase tudo).

Por outro lado, o mesmo autor define que a coordenação pedagógica “é


a articuladora do Projeto Político-Pedagógico da instituição no campo
pedagógico, organizando a reflexão, a participação e os meios para a
concretização do mesmo, de tal forma que a escola possa cumprir sua
tarefa de propiciar que todos os alunos aprendam e se desenvolvam como
seres humanos plenos, partindo do pressuposto de que todos têm direito e
são capazes de aprender.” (idem, p.87-87)

Alarcão (2001, p.12), por sua vez, propõe que “A Supervisão pedagógica
dirige-se ao ensino é à aprendizagem. O seu objeto é a qualidade do
ensino, porém os critérios e a apreciação da qualidade não são impostos
de cima para baixo numa perspectiva de receituário acriticamente aceito
pelos professores, mas na interação entre o supervisor e os professores.”

Batista, citando Hass, mostra que Coordenação “pressupõe, portanto,


uma disponibilidade para transitar entre diferentes cenários e espaços,
encontrando projetos diversos (às vezes antagônicos), construindo
caminhos de aproximação, negociação, diálogo e troca, entendendo os
constituintes do grupo coordenado como pares legítimos institucionalmente
e partícipes de um dado projeto político-pedagógico” (Hass, 2000 apud
ALMEIDA & PLACCO, 2001, p.110)

E a mesma autora conclui mais adiante que a coordenação é lugar de


formar e ser formado, de construir e de ser construído nestas relações

POLÍTICAS EDUCACIONAIS E ORGANIZAÇÕES DA EDUCAÇÃO BÁSICA | Educação a Distância 43


todas que a atividade coordenativa tem em si.

Em vários autores também é percebido que o lugar coordenação implica em


grande interatividade, mediatividade, tanto que Rangel (2001, p.59) aponta
como necessidade e habilidade de um supervisor a disposição para qual
“Estudar relações humanas e sociais é voltar às fontes da psicologia, da
antropologia e da filosofia que possam auxiliar a compreender e conviver,
sem prejuízo da autonomia, da espontaneidade e da assertividade.” Tanto
que este ato de coordenar segundo Batista,

[...] pode se configurar como prática social caracterizada pela mediação

técnico-pedagógica na medida em que traduza consideração pelos

sujeitos envolvidos e suas histórias; compromisso com um projeto

educativo que esteja sintonizado com diálogos entre e com diferentes;

assunção do trabalho coletivo como uma importante estratégia de

trabalho; investimento num processo de planejamento baseado na

cooperação e na troca de saberes e experiências. (BATISTA, 2002, apud

PLACCO & ALMEIDA, 2002, p.11)

E o autor ainda assevera que “O Coordenador revela-se fundamental na


medida em que se constitua numa liderança técnico-pedagógica, sendo
co-responsável pela articulação entre diversas interlocuções – dirigentes,
professores, diretores, alunos, famílias, comunidade, órgãos centrais, sem
perder de vista as implicações e os desdobramentos de todo o processo
educativo” (BATISTA e Cols., 2001, apud PLACCO & ALMEIDA, 2002,
p.112)

Diante do entendimento da liderança, co-responsabilidade articuladora


com os agentes escolares, podemos então entrar no lado mais prático da
função coordenativa.

O COORDENAR DO COORDENADOR

Como educador o supervisor “deve estar no combate a tudo aquilo que


desumaniza a escola: a reprodução da ideologia dominante, o autoritarismo,
o conhecimento desvinculado da realidade, a evasão, a lógica classificatória
e excludente (repetência ou aprovação sem apropriação do saber), a
discriminação social na e através da escola, etc.” (VASCONCELLOS,
2006, p.87).

44 POLÍTICAS EDUCACIONAIS E ORGANIZAÇÕES DA EDUCAÇÃO BÁSICA | Educação a Distância


Na sua função mediadora compete a este supervisor/coordenador ajudar
o professor a ir em frente à sua prática pedagógica estabelecendo uma
dinâmica interativa. Isso pode ser compreendido como:

- Acolher o professor em sua realidade, em suas angústias; dar “colo”:

reconhecimento das necessidades e dificuldades. A atitude de acolhimento

é fundamental também como uma aprendizagem do professor em relação

ao trabalho que deve fazer com os alunos;

- Fazer a crítica dos acontecimentos, ajudando a compreender a própria

participação do professor no problema, a perceber as suas contradições

(e não acobertá-las);

- Trabalhar em cima da idéia de processo de transformação;

- Buscar caminhos alternativos; fornecer materiais; provocar para o

avanço;

- Acompanhar a caminhada no seu conjunto, nas suas várias dimensões.

(VASCONCELLOS, 2006, p.89).

Também o supervisor por estar num espaço privilegiado entre a prática


educativa – professores e alunos – e a administração pode mediar uma
aproximação entre ambos de maneira crítica.

Uma outra grande contribuição que a coordenação pedagógica pode dar


ao ambiente escolar como um todo, poderia ser explicitada neste esquema
apresentado por Vasconcellos (2000, p.151).

POLÍTICAS EDUCACIONAIS E ORGANIZAÇÕES DA EDUCAÇÃO BÁSICA | Educação a Distância 45


Ao analisar a realidade escolar o coordenador pode “[...] ajudar os docentes
a repensarem suas propostas, reverem as rotinas, romperem com o
formalismo (enciclopedismo, informações descontadas, classificações,
metalinguagem) dos conteúdos preestabelecidos.” (VASCONCELLOS,
2006, p.151) bem como e ao mesmo tempo trabalhar para a “[...] construção
da identidade profissional: visão de mundo, opção por um quadro de valores,
posicionamento frente à realidade social conflitiva, etc.”. (idem)

Considerando o PPP para sua atuação e diante da realidade que se


apresenta, o coordenador, de preferência de maneira participativa,
projeta a finalidade de seu trabalho naquele contexto e, elabora o Plano
de Ação, gere a ação e realiza a avaliação num movimento contínuo do
aperfeiçoamento de tudo que está envolvido.

Poderíamos pensar o Projeto de Ação como um Projeto de Ensino-


Aprendizagem uma vez que qualquer ação da escola volta-se para os dois
principais atores na relação educacional – o professor e o aluno.

O autor citado indica algumas formas de iniciar esse processo e transformá-


lo numa realização interativa que seriam:

- Superar a polarização entre equipe diretiva e professores. O projeto,

antes de mais nada, é para o professor (e não para a coordenação ou

secretaria);

- Garantir que professor possa conhecer a turma antes de concluir a

elaboração do plano de curso;

- Valorizar a cultura do professor; resgatar certo bom senso que existe

em torno da preocupação com o conteúdo a ser ensinado.

- Localizar práticas novas já presentes na realidade dos professores e

da escola, para o grupo perceber que é possível, que funciona. Muitas

vezes, estas práticas novas estão misturadas com práticas equivocadas e

o próprio professor não tem consciência da riqueza que tem em mãos.

- O compromisso da equipe com a transformação das condições

objetivas de trabalho é fundamental para o resgate da credibilidade no

planejamento. Há necessidade, por exemplo, de ócio, de tempo livre para

o professor poder refletir, estudar, preparar suas aulas. Normalmente, o

professor não tem este tempo disponível em função do enorme número

de aulas que assume para poder sobreviver. (VASCONCELLOS, 2006,

p. 152)

46 POLÍTICAS EDUCACIONAIS E ORGANIZAÇÕES DA EDUCAÇÃO BÁSICA | Educação a Distância


Também, Almeida (PLACCO&ALMEIDA, 2002, p.41) levanta alguns pontos
que são muito importantes para que a relação do coordenador com sua
equipe sejam produtivas.

a) Atender: mostrar, por formas verbais e não-verbais, a disponibilidade

e o interesse pelo outro;

b) Responder: comunicar, verbal ou corporalmente, a sua compreensão

pelos sentimentos e idéias do outro;

c) Personalizar: mostrar sua parcela de responsabilidade no problema

que o outro está enfrentando;

d) Orientar: avaliar, com o parceiro da relação, as alternativas de ação

possíveis para facilitar a escolha de uma delas.

Uma coisa que provavelmente não haverá no trabalho da coordenação


é uma rotina fixa, não haverá um dia igual ao outro, pois ele lida com
pessoas e as pessoas são únicas e são seres em transformação constante,
com necessidades diferentes em momentos diferentes. Por isso é que o
coordenador necessita focar sempre seus relacionamentos no ambiente
educacional, pois como veremos adiante relacionar-se é sua principal
atividade.

Almeida em suas investigações sobre as atividades diárias do coordenador


levantou.

A seguinte listagem de atividades aparece, com prioridade maior ou

menor para uma ou outra: organização e execução dos horários coletivos

de trabalho pedagógico; organização do início dos períodos; relações

formais e informais com a direção, professores, alunos, pais, órgãos

superiores; leitura de redes e comunicados referentes às atividades que

envolvem professores e alunos e elaboração de relatórios; atendimento

às emergências.

[...]

- ao lado das reuniões formais com os professores (principalmente os

HTPC), com os pais (reuniões de pais e mestres), reuniões com os

alunos (para discutir assuntos específicos), que implicam um atendimento

coletivo, há também o atendimento individualizado, que o coordenador

realiza com professores, pais e alunos. Esse atendimento individualizado

pode ser planejado (quando o coordenador chama os pais, o aluno ou o

POLÍTICAS EDUCACIONAIS E ORGANIZAÇÕES DA EDUCAÇÃO BÁSICA | Educação a Distância 47


professor para tratar de determinado assunto) ou emergencial (quando

o professor, pai ou o aluno o procura no momento em que surge o

problema);

- muitos pais têm dificuldade em se adequar aos horários de atendimento

programados pela escola, em decorrência de sua jornada de trabalho;

- alguns coordenadores conseguem tempo para visitar as classes, assistir

a aulas, participar de eventos, atender projetos especiais desenvolvidos

pelos professores;

- tanto os pais como os professores procuram o coordenador

prioritariamente para questões disciplinares e dificuldades no atendimento

às exigências da escola;

- os problemas de relacionamento interpessoal professor-aluno

(caracterizados como rejeição, conflito, desentendimento) são os mais

frequentemente trazidos ao coordenador;

- quando o coordenador mantém um trabalho integrado com a direção

da escola, com os professores, seu trabalho é mais produtivo e menos

solitário. (PLACCO&ALMEIDA, 2002, p.23, 29-30)

Um pouco mais à frente, a mesma autora alerta para a necessidade de


elaboração de registros, algo que não apareceu em suas entrevistas sobre
a rotina do coordenador, mas que deveriam ter aparecido. Isto não faria
parte do dia-a-dia de um coordenador?

- Nenhum dos depoentes refere-se à elaboração de registros – não há

espaço no cotidiano para escrever sobre o que acontece, suas dúvidas e

descobertas. Não há espaços, e os coordenadores também não os têm

criado, ao que tudo indica.

- Nenhum dos depoentes faz referência à reflexão sobre sua própria

prática – seja numa relação com ele mesmo (autoconhecimento,

autodescoberta, autoformação), seja numa relação dele com seus pares

ou com a equipe escolar. (PLACCO & ALMEIDA, 2002, p.33)

Uma coisa que se deve lembrar aos professores e ter como uma atividade
regular é o exercício da auto-análise. Blaise Pascal já dizia que o Coração
tem razões que a própria razão desconhece. Você pode ser um zelador,
um professor, um diretor, um coordenador, um pai, mãe ou até mesmo um
aluno. Se você não parar para pensar o porquê de estar sendo o que você

48 POLÍTICAS EDUCACIONAIS E ORGANIZAÇÕES DA EDUCAÇÃO BÁSICA | Educação a Distância


neste momento é, sua vida, muito provavelmente, está sendo levada pelas
circunstâncias e você simplesmente tem reagido às mesmas.

Isso não pode acontecer com o coordenador, diretor, professor, pois suas
posições são posições em que se tem de fazer acontecer, não ser levado.
Isso é muito difícil, uma vez que exige energia maior, maior dedicação,
maior envolvimento.

Ao pararmos para analisar nossas práticas, sejam profissionais ou


particulares, nos daremos conta de muitas coisas. O registro é importante
por que, ao escrever, você tem que utilizar-se de palavras certas para
expressar o que deseja. AMAR não é o mesmo que GOSTAR. QUERER
fazer algo não é o mesmo de PODER FAZER porque alguém pediu.
ESCUTAR não é o mesmo que OUVIR.

Hoje se perdeu muito do que são os CONCEITOS das coisas. Precisamos


resgatar muitos, deixar outros, apreender os novos. Administrar é uma
coisa, gerir, no sentido de gestão, é outra completamente diferente. Uma
até pode fazer parte da outra, não serem excludentes, mas não podem ser
a mesma coisa.

Portanto, prezado aluno, pare para ouvir-se, sentir-se, analisar-se


criticamente, e você começará a vislumbrar e a compreender muito de si
mesmo que até agora está mascarado, escondido por detrás de alguma
coisa que se diz ser, mas não é.

Ainda a mesma autora citada acima, diz o seguinte:

[...] percebi, logo no começo de minha atuação, que “atendendo aos

professores” na parte pedagógica, isto é, discutindo com eles como tornar

as atividades de aprendizagem mais significativas para os alunos, como


tornar as aulas situações prazerosas, a serviço do desenvolvimento dos

conteúdos, como manter um relacionamento professor-aluno confortável,

como compreender os pais em suas situações de dúvidas e aflições, eu

estava, também e ao mesmo tempo, “atendendo aos alunos”, e atuando

numa forma preventiva e não corretiva. [...] Ora, formar, articular,

transformar implicam intencionalidade, visando ao cumprimento de

determinadas finalidades. (PLACCO&ALMEIDA, 2002, p.43)

Rangel (2001, p.57) também lembra de que essa atuação referida acima
acontece porque “O supervisor pedagógico escolar faz parte do corpo
de professores e tem a especificidade do seu trabalho caracterizado

POLÍTICAS EDUCACIONAIS E ORGANIZAÇÕES DA EDUCAÇÃO BÁSICA | Educação a Distância 49


pela coordenação – organização em comum – das atividades didáticas
e curriculares e a promoção e o estímulo de oportunidades coletivas
de estudo. A coordenação é portanto, por natureza, uma função que se
encaminha de modo interdisciplinar.”

A coordenação não acontece sozinha, não acontece no isolamento de uma


sala bem decorada, com notebook, fotos e títulos na parede, ela é uma
atividade com outros, sobre outros. E se alguém pode contribuir de modo
significativo, formativo, ético, em nosso momento histórico, essa pessoa é
o coordenador, conforme Alonso.

A mudança pretendida somente acontecerá se houver condições

facilitadoras, entre as quais uma liderança efetiva, capaz de liberar a

energia latente e congregar os esforços individuais, articulando-os em

torno de uma proposta comum. A liderança poderá ser exercida por


qualquer pessoa, um professor talvez, porém, dado que o trabalho requer

disponibilidade de tempo e capacidade de organização e articulação,

provavelmente deverá recair em pessoas com maior liberdade de

movimentação e poder de negociação. O supervisor, até por conta de


Saiba mais, sua posição estratégica e de não estar atrelado diretamente à hierarquia
conselho escolar... da escola, poderá ser o elemento adequado para realizar este trabalho,

comprometendo-se, desse modo, com a “mudança na e da escola”.


contasabertas.uol.com.br/noticias/
imagens/Sung, Chen Lin_1.pdf (ALONSO, 2000, apud FERREIRA (org), 2000, p.175)

CONSELHO DA ESCOLA

Nas Escolas do Sistema Público de Ensino, ao longo das mudanças dos


últimos 30 anos no sistema político nacional, tornou-se ao mesmo tempo
uma conquista há muito desejada da participação da comunidade na escola
bem como um grande desafio – como fazer isso acontecer.

Qualquer ambiente onde se tenha pessoas em certa, por assim dizer,


hierarquia, ainda que isso seja somente uma formalidade, estabelecem-se
relações de poder.

Se anteriormente os membros abaixo do topo da hierarquia na escola


não tinham voz, muito menos então a comunidade, hoje se tenta dar não
somente esta voz, mas também a co-responsabilidade de quem deseja
participar da gestão escolar.

Quando falamos do papel do Diretor e do Coordenador, foi colocado a

50 POLÍTICAS EDUCACIONAIS E ORGANIZAÇÕES DA EDUCAÇÃO BÁSICA | Educação a Distância


necessidade destes libertarem-se do estigma centralizador, autoritário,
resquícios de práticas administrativas de anos passados dos cargos em
questão.

Os conselhos das escolas “[...] representam uma das mais avançadas


formas de participação efetiva na instituição, uma vez que congregam
representantes dos vários segmentos (comunidade, alunos, funcionários,
professores e equipe diretiva) e são o órgão máximo de decisão da escola.
Para alguns diretores, e mesmo para certos professores, no entanto, o
Conselho ainda representa “uma ameaça”, por limitar ou controlar seu
poder.” (VASCONCELLOS, 2006, p.62)

Se pretendemos realmente uma sociedade democrática, precisamos, já na


escola, começar a exercitar isso. Há na literatura exemplos de experiências
que deram certo.

Os pais não servem somente para angariar fundos, fazer festas, consertar
a escola. Eles também precisam compreender dos aspectos pedagógicos
que a escola defende em seu PPP e participar do mesmo.

Os alunos não estão na escola somente para aprender conteúdos. Eles


precisam desenvolver uma responsabilidade sobre a mesma. Os grêmios
escolares (livres de conotação partidária) precisam ser estimulados
para ajudarem a equipe escolar no desenvolvimento de todas as suas
atividades.

Os funcionários de zeladoria, cozinha, inspetoria de alunos, administração,


precisam compreender que são educadores em seus espaços, precisam
ter em mente que o seu agir, o seu falar, ensina o que é bom e ruim. Que
são participantes do sucesso ou fracasso dos alunos. Afeto, respeito,
posicionamento crítico etc. não fazem distinção entre vassouras e giz,
analfabetismo e diploma. São características possíveis de desenvolvimento
em qualquer pessoa.

Professores, coordenadores, diretores não precisam temer perderem


poder, autoridade, respeito com este tipo de relacionamento, pois são estes
que darão os primeiros passos para que esta micro-sociedade que é a
Escola seja realmente um espaço de desenvolvimento, de manifestação do
pensar, do discordar etc. que a sociedade democrática deve ter.

Entretanto, esse desenvolvimento para uma participação democrática na


escola, não deve ser entendido como todos fazendo tudo, conforme bem

POLÍTICAS EDUCACIONAIS E ORGANIZAÇÕES DA EDUCAÇÃO BÁSICA | Educação a Distância 51


nos lembra Vasconcellos.

É evidente que não podemos confundir as coisas; como já afirmamos,

gestão participativa não significa que todos vão fazer tudo. Cabe

sim ao diretor o papel de gestão, de coordenação geral da execução

da programação, de acompanhar a operacionalização das decisões

do Conselho, tendo uma visão ampla e articulando as dimensões

Administrativa, Pedagógica e Comunitária. Só que também não é

admissível a exclusão da comunidade da discussão de temas tão

relevantes na organização da escola como são, p.ex., o currículo e a

prática pedagógica. [...] A direção tem, pois, um duplo papel: em relação a

si (superar o fantasma da “perda de poder”) e aos professores (exorcizar

o fantasma da “invasão de privacidade”) (VASCONCELLOS, 2006, p.62-

63)

ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL – O.E

A orientação educacional se configura de maneiras diferentes nas escolas.


Hoje, ela denota um trabalho mais aproximado ao aluno e faz parte da
equipe de gestores da escola.

Segundo a Revista Nova Escola na edição nº. 160 de Março de 2003


disponibilizada no site http://novaescola.abril.com.br/index.htm?ed/160_
mar03/html/carreira, o Orientador Educacional

[...] trabalha diretamente com os alunos, ajudando-os em seu

desenvolvimento pessoal; em parceria com os professores, para

compreender o comportamento dos estudantes e agir de maneira

adequada em relação a eles; com a escola, na organização e realização

da proposta pedagógica; e com a comunidade, orientando, ouvindo e

dialogando com pais e responsáveis.

Cobra coloca desta maneira a função do Orientador Pedagógico:

Na maior parte dos casos, os orientadores educacionais são consultores

para a Direção e interlocutores entre os pais, o aluno e a escola.

Disciplinam o estudante, reúnem-se, e discutem problemas didáticos e

disciplinares com os professores e os pais do aluno, aplicam e interpretam

testes padronizados, promovem eventos que estimulam o relacionamento

interpessoal, e aconselham o encaminhamento a psicólogos e psiquiatras

dos casos de desvios mais complexos.

52 POLÍTICAS EDUCACIONAIS E ORGANIZAÇÕES DA EDUCAÇÃO BÁSICA | Educação a Distância


Por fim, encontramos no site do INEP (Instituto Nacional de Estudos e

Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira) as seguintes definições sobre o


Orientador Educacional e sua atividade.

“Orientação sistematizada, dirigida ao educando, que visa a assistir

ao aluno no desenvolvimento integral de sua personalidade e em seu

ajustamento pessoal e social.” (cf. PARECER de Newton Sucupira nº.

632/69. In: Ministério da Educação - A orientação educacional no ensino

de 1º grau. Brasília, jul. 1973)

“Orientação proporcionada a educandos jovens e adultos, individualmente

ou em grupo, no âmbito do ensino de 1º e 2º graus, por especialistas

incumbidos de ajudá-los a escolher e cursar com proveito programas de

ensino que melhor correspondam às suas aptidões e interesses, tendo


em conta os resultados que obtiveram anteriormente e seus planos

de emprego ou carreira futura. Habilitação do curso de Pedagogia.”

(DUARTE, Sérgio Guerra. Dicionário brasileiro de educação. Rio de

Janeiro: Edições Antares: Nobel, 1986. 175 p.)

“A Orientação educacional inclui conselhos dados pelos professores

e pessoas especializadas, que tinham por finalidade retificar o mau

comportamento dos alunos.” (Unesco)

Assim sendo, a Orientação Educacional divide com os demais gestores


e professores a responsabilidade da formação discente, o que exige dela
um envolvimento consciente e profundo com os docentes da escola. É
imperativo que o orientador educacional tenha vasto conhecimento da
pessoa humana, no caso aqui o aluno, e de seus processos de aprender, de
relacionar-se, de viver o mundo em que está. Sem isso não tem condições
para intervir de maneira eficaz no trato com os problemas dos alunos.

Este profissional deve, juntamente com a equipe escolar, trabalhar em


função de fazer o PPP acontecer, e este deve contemplar sua visão de
aluno real, ideal e a formar no interior da escola.

Vasconcellos faz as seguintes ponderações sobre a Orientação


Educacional:

O trabalho da orientação, comprometido com a mudança, deve partir

de onde o sujeito (professor, aluno, pai, etc.) está e não de onde se

considera que eventualmente deveria estar. Este é um princípio básico

do interacionismo que deve ser aplicado não só em sala de aula (partir

POLÍTICAS EDUCACIONAIS E ORGANIZAÇÕES DA EDUCAÇÃO BÁSICA | Educação a Distância 53


de onde o aluno está!), mas também na pedagogia institucional. Não cair

numa análise moralista, de acusação, como se a pessoa tivesse o tipo

de prática que tem por ter decidido livre e conscientemente. Ter clareza,

no entanto, que partir de onde está não é ficar lá. Entender não para

justificar, mas para ajudar a mudar. Trata-se de estabelecer a dialética

de contiunidade-ruptura.

[...]

Neste campo, o orientador tem uma especial tarefa, na medida em

que pode ajudar no delicado processo de hermenêutica existencial,

de interpretação dos acontecimentos e de produção de sentido para o

trabalho (ajudar a re-significar as opções feitas), para os conteúdos, para

o estudo e, no limite, para a vida. (VASCONCELLOS, 2006, p.76-84)

Isso não refere-se somente ao aluno ainda que esse seja seu principal
objeto de trabalho, mas também ao resto da equipe. Pois, continuando com
Vasconcellos, veremos que os professores também são atingidos pela falta
de sentido e inseguranças existenciais. Pois há

[...] o declínio da busca de sentido e, mais genericamente, da própria

capacidade de representar, tendo como substitutivos a neuroquímica

(remédios de vários tipos, antidepressivos ou outras drogas) e a imagem

(sobretudo da televisão, mas também jogos eletrônicos, internet,

outdoors) (Kristeva, 2002:14-15). Não é à toa que percebemos uma sede

enorme do aluno por um professor que tenha uma mística, qual seja,

alguém que cultiva a alma, que busca um centramento do ser, um sentido

para existência, que pensa sobre a vida, para além das manifestações

imediatas, das banalidades dispersivas e apelativas da nossa cultura de

massa. (idem)

Se por um lado o trabalho do O.E pode parecer exclusivamente pensando


o aluno, isso não acontece sem a interação com os demais. Ainda com
o mesmo autor temo que “A orientação não é autocentrada, não se volta
sobre si mesma, nem cria dependência nas pessoas com as quais interage.
Seu horizonte, numa perspectiva de formação da e para a autonomia, é
que o sujeito possa orientar-se.” (VASCONCELLOS, 2006: p.77)

Um dos exemplos em que essa interação deve acontecer é o momento


posterior às avaliações. “Quando trata-se das avaliações sejam elas no
interior da escola ou fora dela, o orientador deve provocar o supervisor, e
ambos problematizarem a prática pedagógica da escola e dos professores.”

54 POLÍTICAS EDUCACIONAIS E ORGANIZAÇÕES DA EDUCAÇÃO BÁSICA | Educação a Distância


(VASCONCELLOS, 2006: p.80)

Segundo este mesmo autor, há uma queixa de O.E sobre o trabalhar com
conflitos. Ora, não podemos nem devemos lutar certas batalhas sozinhos,
eis o porquê do trabalho do O.E ser em conjunto com os demais da equipe
escolar – os conflitos devem ser tornados em oportunidades de crescimento,
aprendizagem e superação do e no próprio trabalho.

Em relação à queixa freqüente dos orientadores quanto ao fato de terem

de “trabalhar com conflitos”, não vemos problema se for assumida um

paradigma de enfrentamento e não de acobertamento. [...] Se, pelo

contrário, o conflito é tomado como um incidente que por detrás tem

uma questão institucional, ética, epistemológica, política ou, sobretudo,

humana, se o episódio é motivo de diálogo para se investigar a rede de

relações, fazendo com que estes elementos possam emergir, então a


orientação está prestando um relevante serviço. (idem, p.81)

Nesse turbilhão que acomete tanto o O.E como os demais gestores,


cabe compreendermos que uma das primordiais funções da escola, a
aprendizagem formal, necessita de um ambiente propício.

Por tudo que sabemos atualmente a respeito do processo de

aprendizagem, fica muito claro que sem uma carga afetiva não há

elaboração de conhecimento significativo no sujeito; por isto a relação

professor-aluno, um dos suportes do fluxo de afetividade em sala, deve

se estabelecer em bases sólidas. (idem, p.81-82)

Outros lugares que necessitam da presença do O.E segundo Vasconcellos


são:

Na construção do PPP o O.E. “além de sua participação ativa em todos os


passos, pode ajudar muito, p.ex., se estiver atento à dinâmica do plenário
ou dos grupos, á monopolização das falas ou até mesmo às “panelinhas”,
ajudando a coordenação geral do trabalho.” (idem, p.82)

Nos Conselhos de Classe – “[...] momento para se pensar a prática educativa


como um todo e como processo. As visões dos vários segmentos são da
maior relevância para a melhor compreensão da atividade pedagógica.”
(idem, p.84)

Nas Reuniões Semanais da equipe pedagógica com os professores na qual


podem ser acertados as ações mediante os acompanhamentos realizados,
observação dos próprios professores e suas práticas, intervenções

POLÍTICAS EDUCACIONAIS E ORGANIZAÇÕES DA EDUCAÇÃO BÁSICA | Educação a Distância 55


dialógicas sobre a prática pedagógica referente a alunos, salas em
específico e a totalidade da unidade escolar.

FAMÍLIA

É muito importante que a escola esteja aberta aos familiares de seus


aluno, em especial os responsáveis. Como podemos desejar uma escola
democrática que não atende, ouve, recebe, trata bem os pais/responsáveis
de seus alunos?

Temos consciência de que há pais perturbadores, inconvenientes. Por outro


lado temos mais muito envolvidos, preocupados, atentos com o andamento
da Escola. Ambos são merecedores de toda nossa dedicação.

Quanto mais os conhecemos, mais temos condições de atendê-los de


maneira adequada na escola. Quanto melhor os atendermos mais os
teremos como aliados.

Cada pessoa dessa, pai ou mãe, deve ter em nós um porto seguro
quanto aos seus filhos sob nossos cuidados. Esse é um dos trabalhos
mais desgastantes, contudo é o que nos dá resultados mais rapidamente,
independente de serem positivos ou negativos, sempre teremos ambos,
mas é também com estes resultados que agimos e conduzimos a Escola.

Atividade de Auto-Estudo

Unidade III –
a) A partir do vídeo Dança de Sombras disponível em: http://www.
youtube.com/watch?v=g2BuaF8_s8A ou http://www.youtube.com/
wacth?v=xwZqgu4Bc3c, escreva uma interpretação de até 20 linhas do
mesmo em relação ao papel dos agentes/atores escolares e faça um
organograma baseado em seu texto.

56 POLÍTICAS EDUCACIONAIS E ORGANIZAÇÕES DA EDUCAÇÃO BÁSICA | Educação a Distância


UNIDADE IV

O PLANEJAMENTO DA GESTÃO
Professor Luís Henrique Fanti

Objetivos de Aprendizagem
• Saber os elementos da Gestão.
• Conhecer exemplos de Projeto Político-Pedagógico.
• Saber os passos do processo de planejamento para Gestão.

Plano de estudo
A seguir apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:

• Elementos da Gestão.
• Exemplos de Projeto Político-Pedagógico.
• Processo de planejamento para Gestão.
Introdução

Fazer a gestão do que quer que seja implica numa atividade no mínimo
desafiadora. No aspecto educacional isso vai muito mais além devido
à natureza da instituição educacional, devido a sua função social que
explicitamos entrevista publicada em site na Escola de Comunicações e
Artes da USP com os professores José Manuel Moran e Stela C. Bertholo
Piconez.

Prof. Moran: A escola existe para organizar intencionalmente os processos

de aprendizagem dos alunos – aprendizagem intelectual, emocional, ética

– individual e coletiva, de forma que eles desenvolvam as competências

necessárias para serem cidadãos plenos, se realizem pessoal e

profissionalmente e contribuam para melhorar nossa sociedade.

Profª. Stela: É através da escola que os alunos aprendem a participar da

vida cidadã de maneira científica, cultural e política. Existe uma dupla

dimensão na função socializadora da escola: vivenciar e compartilhar

com outras pessoas diferentes matrizes culturais e ter acesso a um

conjunto comum de saberes e formas de conhecimento. Para que os

alunos se apropriem de conteúdos sociais e culturais de maneira crítica

e reflexiva, a função social da escola se diferencia de outras práticas

educativas desempenhadas pela família, trabalho, mídia, lazer etc., por

ser intencional, deliberada, sistemática e continuada na constituição

dos cidadãos. Torna-se, dessa forma, a principal responsável pela

organização, sistematização e desenvolvimento das capacidades

científicas, éticas e tecnológicas de uma nação. Inspirada nos princípios

de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, a escola tem por

finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para

o exercício da cidadania, sua qualificação para o trabalho, bem

como oferecer meios para progredir nele e em sua continuidade

permanente. O universo escolar favorece o aprendizado, o diálogo

e o entendimento do mundo, o respeito e o direito de participação

da vida social. (grifo meu)

Sendo assim, uma equipe escolar cônscia de seu papel


não fará nada que não esteja vinculado à função social
da escola. Pelo menos não deveria fazê-lo e se assim
o faz é uma equipe que está desperdiçando tempo seu
e dinheiro dos outros, além de prejudicar uma geração
de alunos e a comunidade.

POLÍTICAS EDUCACIONAIS E ORGANIZAÇÕES DA EDUCAÇÃO BÁSICA | Educação a Distância 59


Portanto, como gerir a escola? Como fazer dela esse ambiente de
crescimento, desenvolvimento, interação, troca, experiências a contento?

Muito possivelmente você não encontrará aqui as respostas finais para


estas duas questões. Nossa intenção na verdade é podermos ajudar,
mostrando o que já se tem pronto, a encontrar caminhos, direções para
que isso possa ser aplicado na sua realidade.

Para tanto, precisamos dar uma noção do que seja o ato de planejamento
e depois veremos dois esquemas de planos de gestão.

PLANEJAMENTO

Se pretendemos interferir em alguma coisa, mudar algo, precisamos saber


o que queremos e saber o que temos, para depois determinar o como, a
forma, de conseguir o desejado.

Miranda, propõe dentro da sua experiência que:


a) Haja um momento de sensibilização, de tomada de consciência sobre o
que se deseja e o que se tem.

b) Seja definida a Missão, a razão de ser.

c) Identificar os fatores chave de sucesso – o que influencia o desem-


penho da equipe?

d) Tomada de consciência do que se tem em mãos e do que se é, em qual


realidade está inserida a equipe.

e) Definição da Missão, ou seja, a razão de ser da empresa. Por que exis-


timos? Quem somos? Qual a nossa função na sociedade?

f) Definição dos objetivos a serem alcançados.

g) Elaboração de estratégias, considerando todas as etapas anteriores.

h) Planos de ação. Quando e como serão postas as estratégias em práti-


ca.

i) Controle – aferição do andamento do planejamento.

Chaves nos dá de modo muito sucinto esta mesma idéia, da seguinte


maneira:

“Planejar um processo de mudanças em geral envolve:

•Determinar onde estamos.

60 POLÍTICAS EDUCACIONAIS E ORGANIZAÇÕES DA EDUCAÇÃO BÁSICA | Educação a Distância


•Definir aonde queremos chegar.

•Escolher a melhor forma de chegar aonde queremos chegar (estratégias,

táticas, etc.).

•Determinar que recursos humanos, materiais e financeiros precisaremos

para chegar aonde queremos chegar dentro do referencial de tempo que

escolhermos.

O resultado de um planejamento em geral se expressa em um plano

ação. [...]

Depois de planejado o processo de mudanças, e elaborado o plano

de sua implementação, a etapa seguinte é implementar aquilo que foi

planejado. A etapa de implementação inclui vários tipos de tarefa, dos

quais os principais são:

•Organização.

•Coordenação.

•Execução (propriamente dita).

Uma vez que tenhamos uma idéia do que seja planejar, verifiquemos
alguns esquemas encontrados em literatura e na internet sobre Planos de
Gestão, de Cursos, Propostas Pedagógicas. Entretanto, não pode-se olhar
o que virá sem considerar o que já vimos, sem ter em mente cada aspecto
que tratamos ao longo das primeiras unidades. Já falamos no início que
este assunto é vastíssimo e temos aqui uma piscada de olhos sobre ele.
Há muito produzido que deve ser buscado pelo interessado. Há muito que
produzir ainda também, pois há coisas a se atualizar e outras que ainda
virão a acontecer para serem objetos de estudo da gestão escolar.

Quando falamos em PPP e Plano de Gestão (PG) quase que estamos


falando da mesma coisa. Eles são extremamente ligados e precisam ser.
Como já vimos a razão da gestão e proporcionar condições de que o PPP
aconteça na unidade escolar.

No exemplo 1 temos o PG de uma Escola, Estadual, de Ensino Fundamental


e Médio. A fonte não citou se esta escola é real ou se o PG teve os dados
alterados para manter a escola cedente anônima.

POLÍTICAS EDUCACIONAIS E ORGANIZAÇÕES DA EDUCAÇÃO BÁSICA | Educação a Distância 61


EXEMPLO 1 - ESCOLA ESTADUAL

“PROFESSOR RUY VALENTE”

ENSINO FUNDAMENTAL E ENSINO MÉDIO

PLANO DE GESTÃO

1999 - 2001

SUMÁRIO

1 - INTRODUÇÃO......

2 - IDENTIFICAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DA ESCOLA

2.1 - Identificação..........

2.1.1 - Localização ........

2.1.2 - Atos Legais ........

2.1.3 - Códigos da Unidade Escolar.....

2.1.4 - Jurisdição...........

2.1.5 - Modalidades de Ensino - Cursos e Ciclos......

2.1.6 - Direção...............

2.1.7 - Coordenação Pedagógica ........

2.2 - Escola e Comunidade - Caracterização

2.2.1 - Recursos Físicos ...................

2.2.2 - Recursos Técnicos e Pedagógicos................

2.2.3 - Recursos Humanos ................

2.2.4 - A Clientela .........

2.2.5 - A Comunidade ....

2.2.6 - Análise do Processo Educacional ................

3 - OBJETIVOS DA ESCOLA......

4 - METAS E AÇÕES DA ESCOLA................

62 POLÍTICAS EDUCACIONAIS E ORGANIZAÇÕES DA EDUCAÇÃO BÁSICA | Educação a Distância


5 - PLANOS DE CURSO - Ensino Fundamental e Ensino Médio

5.1- Objetivos dos Cursos

5.1.1 - Ensino Fundamental ...............

5.1.2 - Ensino Médio......

5. 2 - Integração e Seqüência dos Componentes Curriculares

Ensino Fundamental e Ensino Médio ..

5.3 - Síntese dos objetivos dos conteúdos programáticos

5.3.1 - Ensino Fundamental................

5.3.2 - Ensino Médio......

5.4 - Carga Horária dos Cursos: Ensino Fundamental e Ensino

Médio.......

5.5 - Procedimentos para Acompanhamento e Avaliação dos Cursos

5.5.1 - Progressão Continuada ...........

5.5.2 - Progressão Parcial de Estudos

5.5.3 - Sistema de Avaliação ..............

5.5.4- Promoção ...........

5.5.5 - Retenção ...........

5.5.6 - Controle de Freqüência ...........

5.5.7 - Recuperação ......

5.5.8 - Classificação ......

5.5.9 - Reclassificação ..

6 - PLANOS DE TRABALHO DOS NÚCLEOS

6.1 - Núcleo de Direção

6.1.1 - Objetivos e Ações

6.1.2 - Avaliação ...........

POLÍTICAS EDUCACIONAIS E ORGANIZAÇÕES DA EDUCAÇÃO BÁSICA | Educação a Distância 63


6.2 - Núcleo Técnico Pedagógico

6.2.1 - Objetivo Geral ....

6.2.2 - Ações ...............

6.2.3 - Avaliação ...........

6.3 - Núcleo de Docentes

6.3.1 - Objetivos ...........

6.3.2 - Ações................

6.3.3 - Avaliação............

6.4 - Núcleo de Administração

6.4.1 - Objetivos............

6.4.2 - Ações................

6.4.2 - Avaliação...........

6.5 - Núcleo de Operacionais

6.5.1 - Objetivos...........

6.5.2 - Ações...............

6.5.3 - Avaliação...........

7 - ACOMPANHAMENTO, CONTROLE E AVALIAÇÃO

DA PROPOSTA EDUCACIONAL.................

8 - PROPOSTA EDUCACIONAL

9 - PROJETOS CURRICULARES...................

10 - PROJETOS ESPECIAIS......

11 - ANEXOS

- Grupamento de alunos

- Grades Curriculares

- Calendário Escolar

64 POLÍTICAS EDUCACIONAIS E ORGANIZAÇÕES DA EDUCAÇÃO BÁSICA | Educação a Distância


- Quadro Escolar

- HTPC - Temário, Datas e Reuniões

- Quadro Demonstrativo do Pessoal Docente

- Demonstrativo do Pessoal Administrativo e Operacional

- Escala de Férias do Pessoal Administrativo e Operacional

- Plano de Aplicação dos Recursos Financeiros

- Conselho de Escola

- Associação de Pais e Mestres - APM

- Zeladoria

- Cantina Escolar

- Proposta Educacional

- Projetos Curriculares

- Projetos Especiais

Talvez haja espanto pelo tamanho do plano. Mas é assim mesmo, pois ele
deve contemplar cada intenção da escola em relação ao seu espaço e seu
corpo discente e docente e à comunidade. Neste caso, há exigências dos
órgãos governamentais sobre aplicações de recursos.

Segundo esta outra fonte , o PG deve conter um mínimo de:

1. identificação e caracterização da unidade escolar, de sua clientela,


seus recursos físicos, materiais e humanos.

2. caracterização da comunidade e sua disponibilidade de recursos.

3. objetivos da escola - gerais e específicos.

4. definição de metas (a curto, médio e longo prazo) a serem atingidas e

ações a serem desencadeadas.

5. planos dos cursos mantidos pela escola.

6. composição dos diferentes núcleos de trabalho que compõem a

escola: Direção, Coordenação, Docentes, Administração e Serviços de

POLÍTICAS EDUCACIONAIS E ORGANIZAÇÕES DA EDUCAÇÃO BÁSICA | Educação a Distância 65


Apoio.

7. planos de trabalho dos diferente núcleos a organização técnico-

administrativa da escola.

8. projetos curriculares e atividades de enriquecimento cultural.

9. projetos extra-curriculares.

10. critérios de acompanhamento, controle e avaliação do trabalho

realizado pelos diferentes componentes do processo educativo.

Bem, se isso consta ou deveria constar num PG, um PPP se apresenta


quase da mesma forma. Abaixo, no Exemplo 2 , temos o sumário do PPP
da Escola “A” referente ao Ensino Médio.

I. Dados de Identificação

II. Histórico da Instituição

III. Caracterização Sócio-Econômica- Cultural da Comunidade Escolar

IV. Pressupostos Teóricos

V. Projetos Especiais

VI. Sistema de Avaliação

VII. Áreas do Conhecimento e Disciplinas

VIII. Recursos Materiais e Ambientais

IX. Calendário Escolar

X. Bibliografia

Esta proposta está bem enxuta. Vejamos então o Exemplo III que também
refere-se ao Ensino Médio.

1– CARACTERIZAÇÃO DA CLIENTELA ESCOLAR DO ENSINO

MÉDIO

1.1. INTRODUÇÃO

1.2. JUSTIFICATIVA DO PLANO PEDAGÓGICO

1.3. FUNDAMENTAÇÃO LEGAL

66 POLÍTICAS EDUCACIONAIS E ORGANIZAÇÕES DA EDUCAÇÃO BÁSICA | Educação a Distância


1.4. ESTRUTURA DO CURSO

1.5. LEGISLAÇÃO CONSULTADA

1.6. PROPOSTA PEDAGÓGICA PARA O ENSINO MÉDIO

2. ESTRUTURA PEDAGÓGICA

2.1. FUNDAMENTAÇÃO GERAL

2.2. METODOLOGIA

2.3. AVALIAÇÃO

2.4.REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

3. ÁREA DE LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

3.1. FUNDAMENTAÇÃO DA ÁREA

3.2. METODOLOGIA DA ÁREA

3.3. COMPETÊNCIAS DA ÁREA

3.4. HABILIDADES DA ÁREA

3.5. AVALIAÇÃO

3.6. LÍNGUA PORTUGUESA E LITERATURA

3.6.1.FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

3.6.2.CONTEÚDOS

3.6.3.COMPETÊNCIAS E HABILIDADES

3.6.4. METODOLOGIA

3.6.5. AVALIAÇÃO

3.7. OFICINA DE REDAÇÃO (Parte Diversificada)

3.7.1.FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

3.7.2. CONTEÚDOS

3.7.3.COMPETÊNCIAS E HABILIDADES

3.7.4. METODOLOGIA

POLÍTICAS EDUCACIONAIS E ORGANIZAÇÕES DA EDUCAÇÃO BÁSICA | Educação a Distância 67


3.7.5. AVALIAÇÃO

3.8. EDUCAÇÃO FÍSICA

3.8.1.FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

3.8.2. CONTEÚDOS

3.8.3. COMPETÊNCIAS

3.8.4. HABILIDADES

3.8.5. METODOLOGIA

3.8.6. AVALIAÇÃO

3.9. ARTES

3.9.1.FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

3.9.2. CONTEÚDOS

3.9.3. COMPETÊNCIAS E HABILIDADES

3.9.4. METODOLOGIA

3.9.5. AVALIAÇÃO

3.10. LEM – INGLÊS (Parte Diversificada)

3.10.1.FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

3.10.2 CONTEÚDOS

3.10.3.COMPETÊNCIAS E HABILIDADES

3.10.4. METODOLOGIA

3.10.5. AVALIAÇÃO

3.11.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

4.ÁREA: CIÊNCIAS DA NATUREZA, MATEMÁTICA E SUAS

TECNOLOGIAS.

4.1.FUNDAMENTAÇÃO DA ÁREA

4.2. METODOLOGIA DA ÁREA

68 POLÍTICAS EDUCACIONAIS E ORGANIZAÇÕES DA EDUCAÇÃO BÁSICA | Educação a Distância


4.3.COMPETÊNCIAS E HABILIDADES

4.4. AVALIAÇÃO DA ÁREA

4.5. QUÍMICA

4.5.1.FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

4.5.2. CONTEÚDOS

4.5.3.COMPETÊNCIAS E HABILIDADES

4.5.4. METODOLOGIA

4.5.5. AVALIAÇÃO

4.6. FÍSICA

4.6.1.FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

4.6.2. CONTEÚDOS

4.6.3.COMPETÊNCIAS E HABILIDADES

4.6.4. METODOLOGIA

4.6.5. AVALIAÇÃO

4.7.BIOLOGIA

4.7.1.FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

4.7.2. CONTEÚDOS

4.7.3.COMPETÊNCIAS E HABILIDADES

4.7.4. METODOLOGIA

4.7.5. AVALIAÇÃO

4.8.MATEMÁTICA

4.8.1.FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

4.8.2. CONTEÚDOS

4.8.3.COMPETÊNCIAS E HABILIDADES

4.8.4. METODOLOGIA

POLÍTICAS EDUCACIONAIS E ORGANIZAÇÕES DA EDUCAÇÃO BÁSICA | Educação a Distância 69


4.8.5. AVALIAÇÃO

4.9.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

5. ÁREA: CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS

5.1.FUNDAMENTAÇÃO DA ÁREA

5.2. METODOLOGIA DA ÁREA

5.3.COMPETÊNCIAS E HABILIDADES DA ÁREA

5.4. AVALIAÇÃO

5.5. HISTÓRIA

5.5.1.FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

5.5.2. CONTEÚDOS

5.5.3.COMPETÊNCIAS E HABILIDADES

5.5.4. METODOLOGIA

5.5.5. AVALIAÇÃO

5.6. GEOGRAFIA

5.6.1.FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

5.6.2. CONTEÚDOS

5.6.4. METODOLOGIA

5.6.5. AVALIAÇÃO

5.7. FILOSOFIA

5.7.1.FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

5.7.2. CONTEÚDOS

5.7.3.COMPETÊNCIAS E HABILIDADES

5.7.4. METODOLOGIA

5.7.5. AVALIAÇÃO

5.8.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

70 POLÍTICAS EDUCACIONAIS E ORGANIZAÇÕES DA EDUCAÇÃO BÁSICA | Educação a Distância


ANEXOS

A proposta do Exemplo III, Escola “B”, é muito mais detalhada, o que é


perceptível somente na observação do sumário em comparação com o
da Escola “A”. Ambos foram devidamente aceitos e aprovados pelo N.E
(Núcleo de Educação) de suas respectivas cidades. O que nos dá abertura
para denotar que não importa a forma ou a quantidade do que se escreve
numa proposta desta, mas sim seu conteúdo, sua forma de expressar toda
a “intencionalidade” da escola em cada um dos assuntos.

Conforme estudamos até aqui, o PPP e o PG deveriam ser documentos


de consulta, de mesa, de todo gestor educacional. Entretanto não é isso
o que acontece. Muitos professores desconhecem por completo o PPP de
sua escola e não têm idéia de quais os objetivos maiores da instituição em
que lecionam.

Normalmente seguem as diretrizes provindas da Coordenação Pedagógica


e dão a sua aula dentro de certo padrão geral. Uma questão que nos chama
a atenção é a capacidade do professor não importar-se em dar todos os
anos as mesmas aulas. Ou dar as mesmas aulas em três colégios diferentes
como se as turmas para as quais leciona e até mesmo os próprios Colégios
fossem iguais.

Sonhar com uma PG participativo e falar, estudar, pensar sobre ele é muito
bom, gratificante até, contudo a realidade se mostra diferente.

Na escola privada basicamente isto parece não existir, as coisas já vêm


“prontas” de cima para baixo. Talvez o que se tenha bastante é uma consulta
sobre as opiniões a respeito de determinados assuntos ou possibilidades
de mudanças ou uma nova proposta sobre algum setor do colégio.

Na escola pública a situação também é grave. São professores


descompromissados, estressados, cansados, muitas vezes com
concepções de ensino, aprendizagem defasadas, estruturas materiais
decompostas, arruinadas. São alunos em condições ruins de saúde,
alimentação, vestuário, muitas vezes sem materiais escolares. Além do
próprio desinteresse governamental em todos os seus níveis, em investir
em educação, em melhoria de salários, do ambiente escolar, com políticas
educacionais confusas, mal implantadas, administradas.

Entretanto, ainda que tenhamos tantas dificuldades, o pedagogo, o


educador, o professor, o cidadão, deve buscar, exigir, pressionar os órgãos
responsáveis, seus representantes políticos para alcançarem, para toda
POLÍTICAS EDUCACIONAIS E ORGANIZAÇÕES DA EDUCAÇÃO BÁSICA | Educação a Distância 71
a coletividade, qualidade de ensino decente, uma remuneração digna,
programas de aperfeiçoamento docente de qualidade, continuados,
políticas públicas educacionais coerentes com o ser humano e não com o
sistema econômico.

O professor tem nas mãos todas as condições para influenciar os rumos da


educação brasileira, juntamente com os pais, funcionários administrativos,
de manutenção, com coordenadores, diretores, orientadores comprometidos
com valores e princípios morais elevados, inegociáveis que sirvam a todo
homem, de toda raça, de todo lugar.

Atividade de Auto-Estudo

Unidade IV –

Solicite o PPP da escola em que você atua e responda a partir do mesmo.


a) Encontre no PPP a proposta para sua função. Você atual totalmente
dentro desta proposta? Explique.

b) Qual ou quais são os objetivos da Escola segundo o PPP que você


tem em mãos? Você concorda com eles ou acha que precisaria(m) ser
revisto(s|)? Se sim, em quê? Se não, o que o leva a pensar assim?

c) Você concorda com a função da Escola determinada em seu PPP? Jus-


tifique.

ANEXO 1 –

Textos de apoio

A vida na escola: uma questão de gestão

(...) Vida minha vida , olha o que que eu fiz

Deixei a fatia mais doce da vida

Na mesa dos homens, de vida vazia

Mas vida ali quem sabe eu fui feliz.

(Chico Buarque, Vida, 1988)

Quando nos debruçamos sobre a composição do escritor, músico e


compositor, fazemo-nos a seguinte pergunta: que vida é essa?

Sem sombra de dúvida, é uma vida com todas as suas belezas, alegrias,

72 POLÍTICAS EDUCACIONAIS E ORGANIZAÇÕES DA EDUCAÇÃO BÁSICA | Educação a Distância


tristezas, contradições que impõe a dinâmica do dia-a-dia, do presente, do
hoje que momento a momento muda numa perspectiva dialética. É uma
vida pautada em relações econômicas, sociais, políticas, individuais. E
é essa vida que nossos alunos vivem, por isso devemos entendê-la no
contexto da complexidade, tão bem exposta por Edgar Morin. E o que a
escola, pensando a gestão pode fazer em relação a essa complexidade?

Conforme Edgar Morin, a complexidade está na base, constitui a natureza


das coisas, do pensamento, da ação, da organização, o que significa que
não podemos fazer com que desapareça; é feita do embate de contradições
no centro dos fenômenos organizados. Contradições enquanto oposição de
diversas forças, tanto no interior das pessoas quanto no das organizações,
com relação a valores, construções do mundo, interesses e projetos. As
contradições estão na base de forma que renascem sem cessar e somos
condenados a enfrentá-las todos os dias. Para dominar a complexidade, é
necessário pensar essas contradições de forma conjunta.

Diante do exposto, que relação essa vida, pautada pela complexidade, tem
com a gestão do trabalho educativo? E, afinal, o que vem a ser gestão?

Essa palavra deriva do latim gestio-õnis, que significa ato de gerir,


gerência, administração. De acordo com o dicionário, pode ser definida
como atividade pela qual são mobilizados meios e procedimentos para se
atingirem os objetivos da organização, envolvendo, basicamente, aspectos
gerenciais e técnico-administrativos. Assim, é sinônimo de administração.

Entretanto, não há um consenso entre os autores a respeito desse termo.


Por exemplo, OSBORNE vê a gestão como forma de tratar alunos e suas
necessidades como sistemas artificiais, burocracias e rotinas. Já BALL
pensa que é uma capa que esconde a verdadeira realidade da vida escolar.
CARAPETO acredita que hoje é preponderante seu emprego para exprimir
a responsabilidade pela “direção” e pela garantia de qualidade da educação
e do processo educativo em todos os níveis do ensino e da escola. PARO
diz que é sinônimo de administração escolar. Porém, LÚCK afirma que é
uma expressão que ganhou corpo na educação a partir de mudança de
paradigma, por meio da interpenetração da dimensão pedagógica e política
na questão administrativa, superando enfoque estritamente racional,
técnico e mecânico.

Portanto, em linhas gerais, podemos definir gestão como a participação


consciente e esclarecida das pessoas nas decisões sobre a orientação
e planejamento do seu trabalho. Assim, veremos autores que utilizam

POLÍTICAS EDUCACIONAIS E ORGANIZAÇÕES DA EDUCAÇÃO BÁSICA | Educação a Distância 73


nomenclaturas diferenciadas para a mesma coisa.

No nosso país, atualmente, identificam-se três concepções de gestão:


a técnico-científica ou funcionalista, a autogestionária, e a democrático-
participativa.

A concepção técnico-científica ou funcionalista prevê uma hierarquia de


cargos e funções visando a racionalização do trabalho e a eficiência dos
serviços escolares.

para tanto, parte de uma prescrição detalhada de funções, o poder está


centralizado no diretor, há uma ênfase nos aspectos administrativos, a
comunicação é geralmente linear e há maior incidência nas tarefas do que
nas pessoas.

Já a concepção autogestionária parte da idéia de que a responsabilidade é


coletiva, a direção não é centralizadora, há uma acentuação da participação
direta e por igual de todos os membros da instituição, há ênfase nas inter-
relações mais do que nas tarefas, as decisões são coletivas, há um vínculo
de formas de gestão interna com as formas de autogestão social.

A concepção democrático-participativa prevê uma articulação entre


a atividade de direção e a iniciativa e a participação das pessoas da
escola. Gestão participativa com gestão da participação. Qualificação e
competência profissional, busca de objetividade no tratado das questões
da organização e gestão. Acompanhamento e avaliação sistemáticas com
finalidade pedagógica e todos dirigem e são dirigidos, todos reciclam e
são reciclados. Esta concepção é influenciada pela corrente teórica que
compreende a organização escolar como cultura, ou seja, construída pelos
seus próprios membros.

A escola como organização educativa

Quando se fala em organização educativa freqüentemente, segundo


LIBÂNEO, esse termo caracteriza os princípios e procedimentos referentes
à ação de planejar o trabalho da escola, racionalizar o uso de recursos
materiais, financeiros, intelectuais, coordenar e controlar o trabalho dos
diferentes atores educativos, sendo que o seu centro está na tomada de
decisão. Por isso é importante refletir sobre a organização educativa, a
partir de um enfoque da sociologia que a toma como objeto de estudo
macro e micro-estrutural, partindo de uma reflexão da escola enquanto
unidade social e ação pedagógica organizada.

74 POLÍTICAS EDUCACIONAIS E ORGANIZAÇÕES DA EDUCAÇÃO BÁSICA | Educação a Distância


Nesse sentido, entende-se que em sua especificidade possui um caráter
complexo representado pela heterogeneidade e diversidade que reúne
pessoas que interagem entre si e que operam através de estruturas
e processos organizativos próprios, a fim de alcançar os objetivos da
instituição. O que leva à construção de uma cultura organizacional,
expressão essa derivada do conceito sociológico de cultura com base
em FORQUIN. Isso diz respeito ao conjunto de fatores sociais, culturais,
psicológicos que influenciam os modos de agir da organização como
um todo e do comportamento das pessoas em particular. Na vivência do
dia-a-dia a escola vai adquirindo traços culturais próprios, vai formando
crenças, valores, significados, modos de agir, práticas. Essa cultura própria
vai sendo internalizada pelas pessoas e vai gerando um estilo coletivo
de perceber as coisas, de pensar os problemas, de encontrar soluções.
À medida que se considera uma organização como uma unidade social
formada por grupos humanos intencionalmente constituídos, ganham
importância as integrações entre as pessoas e com o contexto social
mais amplo, por isso é importante compartilhar com PARO o conceito de
administração em geral. Segundo ele, é a “...utilização racional de recursos
para a realização de fins determinados”, ou seja, a atividade administrativa
como condição necessária da vida humana. Este conceito amplo aponta
para uma concepção realista da organização escolar, pois considera, ao
mesmo tempo, os valores, os significados, as interpretações das pessoas
em relação ao que precisa ser feito, porém considera, também, os objetivos
e propósitos sociais da organização escolar, dentro da realidade socio-
cultural e política mais ampla, que requerem uma ação organizada, racional,
uma normatividade.

A escola como organização aprendente

Partindo do entendimento da escola como construção cultural, há uma


aposta muito grande no desenvolvimento profissional como autoformação,
como formação contínua a partir de suas necessidades reais. Acontece no
interior do estabelecimento escolar como reflexão crítica sobre as práticas
pedagógicas, os problemas abertos e às necessidades de formação. O
desenvolvimento profissional se volta às necessidades e apostas das
pessoas que coexistem e cooperam dentro do estabelecimento escolar,
realizando um projeto coletivo. Há coerência entre as condições da prática
e os objetos visados, ou seja, a ação organizada. Portanto, passa-se da
obrigação de obter resultados à transformação da escola em organização
aprendiz. Portanto se aprende uns com os outros, os resultados devem
ser significativos, é uma auto-avaliação baseada em como vamos? Como

POLÍTICAS EDUCACIONAIS E ORGANIZAÇÕES DA EDUCAÇÃO BÁSICA | Educação a Distância 75


sabemos? Que intervenções vamos introduzir? Há análise das práticas e o
planejamento é realizado através de cenários flexíveis.

Para a escola se tornar uma organização aprendente é preciso: instaurar um


clima de aprendizagem, ser consciente dos recursos existentes, identificar
os obstáculos (barreiras) que impedem as mudanças, compartilhar a
liderança, constituir a inteligência a partir do interior.

Para que o trabalho na escola seja implementado é preciso considerar a


diversidade de idéias para constituí-las em torno de um objetivo comum
para que a proposta pedagógica da escola se realize.

Isto posto, é preciso entender que, com a nova LDB - a Lei Darcy Ribeiro,
está presente a necessidade constante de aprender a aprender e continuar
aprendendo durante toda a vida profissional. Esta é uma competência
exigida para todos os profissionais da educação. Nunca houve em uma lei
o registro da valorização dos profissionais como agora, importante fazê-lo
acontecer também na prática.

A LDB traz no seu bojo quatro formas de formação: a formação


permanente como um dos elementos da proposta pedagógica da escola,
potencializando a reflexão e a elaboração das equipes sobre a prática. A
formação continuada como aperfeiçoamento profissional teórico e prático
no próprio contexto de trabalho e desenvolvimento de uma cultura geral
mais ampla. A formação inicial como o ensino de conhecimentos teóricos
e práticos destinados à formação profissional. E a formação em serviço
como concepção de formação centrada nas demandas da prática, no
trabalho reflexivo.

O trabalho em equipe pedagógica caracteriza-se como uma fonte de


renovação e dinamismo de uma nova cultura profissional que se volta à
cooperação. Diz respeito a pessoas que constituem um sistema de ação
coletivo, renunciando voluntariamente com uma parte de sua autonomia.

Para tanto, é preciso que se construa um plano de aprendizagem e


conhecimento no trabalho de forma que toda situação de trabalho seja
considerada como circunstância de aprendizagem e oportunidade de
construção de conhecimento.

Para que isso aconteça, é preciso construir no âmbito da formação em


serviço um plano de estudos negociado. Se ele é negociado, é preciso
verificar as reais necessidades de formação, quais são essas lacunas? A

76 POLÍTICAS EDUCACIONAIS E ORGANIZAÇÕES DA EDUCAÇÃO BÁSICA | Educação a Distância


partir disso verifica-se o que está sendo discutido na ciência de educação
contemporânea, além da legislação educacional e fatores que interferem
na dinâmica da escola, tanto internos quanto externos. O plano buscará o
desenvolvimento da qualidade na escola, para tanto será preciso definir o
que o grupo entende por qualidade e como fará para mensurá-la. A escola
utilizará diversas modalidades para realizar esse plano, como seminários,
grupos de estudos, palestras... e para isso deverá acompanhar as ações
dos atores educativos. Isso tudo levará ao desenvolvimento de cada
profissional no interior da escola que deverão efetuar uma auto-avaliação.

As ações desencadeadas são coerentes com o projeto político-


pedagógico? Essa pergunta é importante porque na escola ninguém
faz o que bem entende e, sim, media uma projeto educativo. Tenho que
verificar se as minhas ações estão coerentes com o projeto. Tenho que
analisar continuamente a minha prática para verificar se estou conseguindo
resolver as situações-problema que se colocam no meu fazer. Se não estou
conseguindo, é preciso refletir e retomar o processo de aprendizagem no
plano de formação continuada. Tudo que houver de avanço se centralizará
na melhoria da aprendizagem dos alunos que deverá instituir a cooperação
eficaz entre todos os profissionais na escola. E quando chegamos na coleta
de dados e diagnóstico comum, acabou o plano de formação em serviço?
Na verdade acabou e começou outro porque temos outros desafios no
nosso fazer para enfrentar.

Afinal, o que se espera dos educadores na contemporaneidade? Então, o


que esperamos é que continuem alimentando a vida na escola através de
um trabalho voltado cada vez mais à qualidade do processos educativos.

Texto de ROMAGNANI, Patrícia. A vida na escola: uma questão de


gestão. Curitiba, 2002.

(Patrícia Romagnani é assessora pedagógica do Sistema Positivo de


Ensino).

ANEXO 2

ORAÇÃO DO COMPROMETIMENTO

Sílvio Luzardo, Abril de 2005

Mensagem aos Professores.

Tu que entras em nossa direção cheio de esperança, nunca retrocedas.

POLÍTICAS EDUCACIONAIS E ORGANIZAÇÕES DA EDUCAÇÃO BÁSICA | Educação a Distância 77


Saiba que estaremos juntos para aplainar teus medos e fortalecer tuas
asas.

Tu que esperas uma janela na sua vida, deixe que te ajudemos a abri-la

Tu que vens envolvido em limites,

Saiba que teus limites passarão a ser também nossos desafios.

Tu que queres ser forte,

Mostraremos que os fortes começaram do nada e foi na fraqueza que se


enrijeceram.

Tu que almejas de nós um caminho,

Saiba que ele será aberto com o impulso dos seus próprios passos

Repletos de vigor e altruísmo.

Tu que imaginas vencer rápido,

Diremos que ser paciente é a principal virtude dos vencedores.

Tu que confias na tua individualidade,

Mostraremos que ninguém faz nada sozinho

E que compartilhar fracassos e vitórias

Faz parte da sustentação solidária.

Tu que esperas mais do que podemos dar,

Diremos que faremos o impossível para atendê-lo,

Sem nos descuidarmos de teus semelhantes.

Tu que perdes ou negas o entusiasmo e a voluntariedade, não desanimes.

O sucesso não ocorre por acaso, para os que ficam esperando por ele.

As vitórias vêm depois das derrotas.

O acerto, depois dos erros.

Pois sem erro não há aprendizado.

78 POLÍTICAS EDUCACIONAIS E ORGANIZAÇÕES DA EDUCAÇÃO BÁSICA | Educação a Distância


Tu que transpiras para honrar teu compromisso,

É nosso compromisso te devolver em dobro o que necessitas.

Tu que nos procura para manifestar teus temores,

Nosso ombro amigo ajudar-te-á superar as dificuldades.

Tu que sonhas com o futuro, nosso empenho é torná-lo tão certo, tão claro
como o dia de amanhã.

ANEXO 3 – Vídeo Referências

Saiba mais sobre Gestão

Em vídeo – acesso online

Gestão democrática – 3 partes

http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_
action=&co_obra=50671.

http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_
action=&co_obra=50672.

http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_
action=&co_obra=50673.

Avaliação Institucional – 3 partes

http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_
action=&co_obra=51400

http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_
action=&co_obra=51403

http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_
action=&co_obra=50688.

Conselho Escolar e educação com qualidade social – 2 partes

http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_
action=&co_obra=48120.

http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_
action=&co_obra=48121.

POLÍTICAS EDUCACIONAIS E ORGANIZAÇÕES DA EDUCAÇÃO BÁSICA | Educação a Distância 79


Conselhos Escolares, eleições de diretores e descentralização financeira
– 3 partes

http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_
action=&co_obra=50662.

http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_
action=&co_obra=50666.

http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_
action=&co_obra=50669.

Desafios da Gestão Democrática na Educação

http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_
action=&co_obra=48119.

Gestão democrática da escola e gestão democrática do sistema de


ensino

http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_
action=&co_obra=51408.

http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_
action=&co_obra=51411.

http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_
action=&co_obra=50696.

Gestão democrática Teoria e Prática

http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_
action=&co_obra=50654.

http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_
action=&co_obra=50655.

http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_
action=&co_obra=50658.

O princípio da gestão democrática na educação

http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_
action=&co_obra=48117.

Para mais – WWW.DOMINIOPUBLICO.GOV.BR

80 POLÍTICAS EDUCACIONAIS E ORGANIZAÇÕES DA EDUCAÇÃO BÁSICA | Educação a Distância


Vídeo : Paz e Conflito (A importância do Supervisor)

http://www.youtube.com/watch?v=Mt9wEcmDWKs

Entrevista com Içami Tiba - Educação x Trabalho

http://www.youtube.com/watch?v=iRRqErvgfVs

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RODRIGUES, Aparecido Wilson A escola entre o executivo, o judiciário e


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Faculdade de Filosofia e Ciências. 2003, disponível em [www.biblioteca.
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SALIBA, Maurício Gonçalves. A educação como disfarce e vigilância:


análise das estratégias de aplicação de medidas sócio-educativas a
jovens infratores. Tese de doutorado. Universidade Estadual Paulista –
UNESP. 2006, disponível em [www.biblioteca.unesp.br/bibliotecadigital/
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Dissertação de Mestrado. Universidade Católica de Petrópolis. Faculdade
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SOARES, Júlio Ribeiro. Vivência pedagógica: a produção de sentidos


na formação do professor em serviço. Dissertação de Mestrado.
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VASCONCELOS, Celso dos S. Coordenação do Trabalho Pedagógico


– do projeto político-pedagógico ao cotidiano da sala de aula. 7ª ed.
São Paulo : Libertad Editora, 2006.(Subsídios Pedagógicos do Libertad; 3)
84 POLÍTICAS EDUCACIONAIS E ORGANIZAÇÕES DA EDUCAÇÃO BÁSICA | Educação a Distância

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