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Módulo 1
O que é Coaching?
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Coaching, Inteligência Emocional e Liderança
Para Timothy Gallwey, precursor do coaching moderno, “coaching é uma relação de parceria que
revela e liberta o potencial das pessoas de forma a maximizar o seu desempenho. É ajuda-las a aprender, ao
contrário de as ensinar”. Para ele, a maior batalha da vida é o jogo interno da mente e, através das técnicas
e ferramentas do coaching, é possível reduzir essas interferências internas (autocrítica) que comprometem
o potencial das pessoas e as impedem de alcançar o máximo desempenho.
Para Tim Gallwey, seja nos esportes ou no mundo corporativo “[...] ao aquietar a auto interferência,
eles se tornaram capazes de aproveitar suas capacidades naturais com maior facilidade”.
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Curso Livre/EAD - Ana Paula Siviero - UNIGRAN | 2018
Fonte: http://www.ricardocastanheira.com.br/como-se-da-o-processo-de-coaching.html
A ferramenta primordial do coaching é a pergunta. É através de perguntas que se pode extrair das
pessoas sua essência. É por isso que o processo de coaching não é impositivo. O coach não diz ao coachee
o que ele deve fazer, tampouco dá conselhos, mas o provoca através de perguntas que o levam a pensar
por si me mesmo. Assim, através de ferramentas de assessment, auto avaliações, feedbacks e avaliações
360º, o indivíduo passa a se conhecer melhor e tomar consciência das infinitas possibilidades que pode
experimentar no decorrer da vida.
Tão importante quanto as ferramentas é a postura ética do Coach, uma vez que o processo é do coachee
e não do coach. Senão vejamos como essa ética se traduz através de um “lema”:
Todas as vezes que as minhas palavras e os meus gestos não fizerem sentido para você, eu peço e eu permito que você
mude as minhas palavras e ou os meus gestos, para que façam mais sentido para você. Permita-se a ficar/interiorizar
apenas a intenção e a força positiva das minhas palavras e dos meus gestos com você (AIC, 2014, p. 18).
Nesse sentido, entendemos que o coach é aquele que conduz o processo de mudança sem interferir
nele. É ajudar o outro a realizar seus objetivos sem impor seu “mapa” de crenças pessoal, respeitando os
desejos e sonhos de cada um.
No decorrer do processo, os pilares do coaching devem ser respeitados, são eles: suspender todo tipo
de julgamento, manter o foco no futuro, estabelecer um plano de ação, manter a confidencialidade e a ética.
No processo de coaching, os sete níveis neurológicos propostos por Robert Dilts, pesquisador da teoria
dos sistemas e mundialmente conhecido por seu trabalho com Programação Neurolinguística (PNL), são
extremamente úteis para classificar onde o coach pode atuar no desenvolvimento do indivíduo, começando
pelo nível mais básico e superficial que é o ambiente externo no qual o coachee está inserido, até o nível
mais profundo, o da espiritualidade.
“Não se consegue
resolver um proble-
ma no mesmo nível
em que foi criado. É
necessário subir a um
nível mais alto”.
(Albert Einstein)
Fonte: http://institutoloureiro.com.br/piramide-processo-evolutivo/
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Coaching, Inteligência Emocional e Liderança
O nível do ambiente refere-se ao ambiente externo. O local de trabalho ou convivência do indivíduo que
inexoravelmente o influencia e é influenciado por ele. Ninguém pode dizer que está isento das influências
externas. Em maior ou menor grau, dependendo do seu nível evolutivo, a relação passiva/ativa do indivíduo
com o ambiente varia consideravelmente. Neste estágio o coach atua como um guia, auxiliando-o na
definição das metas, clareando objetivos, e impulsionando-o para a ação (AIC, 2014).
O segundo nível é o do comportamento e diz as respostas do indivíduo em relação às situações em que
ele enfrenta e para as quais deseja mudança. As mudanças nesse nível ainda são superficiais e remediativas.
O terceiro nível é o das habilidades ou capacidades. Refere-se à própria competência do indivíduo
que está relacionada com a aplicabilidade dos seus conhecimentos e com suas estratégias mentais que
direcionarão suas ações. Quando o objetivo é adquirir novos comportamentos é importante investir nas
habilidades. Nesse nível, as perguntas são: Como fazer? Quais habilidades e competências eu tenho?
Quanto que minhas capacidades e habilidades dão direção a minha vida? (AIC, 2014).
O quarto nível é o das crenças e valores. Ambos estão ligados ao porquê das ações e pensamentos
das pessoas. As crenças são verdades que tomamos como absolutas em nossas vidas e que guiam nossas
atitudes. Já os valores são os princípios que estão por trás de nossas atitudes. Por causa dos valores agimos
de uma ou outra forma.
Reconhecer e ressignificar algumas crenças limitantes permitirá ao coachee desenvolver sua jornada
com mais consciência e lucidez, clareando ainda mais as metas e objetivos que se deseja alcançar no
processo.
O quinto nível é o da identidade, o nível do EU. Ele é decorrente das crenças, valores e cultura do
indivíduo. Estas e outras esferas de influência imprimem no indivíduo sua identidade. A identidade
relaciona-se assim, com a missão do indivíduo e o seu senso de si mesmo. Embora este possa representar
um dos níveis mais de difíceis de ser acessado/trabalhado, devido à profundidade das perguntas, é também
o nível mais libertador. É aqui que ocorrem as maiores transformações conscientes e inconscientes dando
novo sentido à vida. Aqui o coach atua como patrocinador, suportando o cliente a atravessar este importante
nível, reconhecendo-o e valorizando suas descobertas.
O sexto nível, o de afiliação, está relacionado com a indagação: Com quem compartilho meus sucessos,
intimidades, pontos de melhoria e sonhos? Tem relação do “eu” dentro do grupo ao qual eu pertenço.
Nosso sistema de afiliação nos dá a sensação de pertencimento ao universo. A vida é muito maior quando
somos capazes de aglutinar ideias, ideais, sonhos e objetivos em comum com diversas pessoas dentro e
fora do nosso círculo familiar. O papel desempenhado pelo coach neste nível é um tipo de aglutinador do
coachee, convidando-o a pertencer e participar dos diferentes contextos e nos diferentes papéis em nossas
vidas. O estilo de liderança neste nível é a colaborativa.
O último nível é o do legado ou da espiritualidade. Relaciona-se com o sistema universal no qual o
indivíduo faz parte. Estabelece a relação do indivíduo com o universo e com a sociedade. Neste ponto o
indivíduo se torna capaz de pensar como humanidade, como ser integrante do universo maior. É o nível da
responsabilidade social, da ética, e da conexão com algo maior que permeia a todos.
Ao tomar como base os níveis neurológicos evolutivos o Coaching pode desempenhar um papel
remediativo, generativo ou evolutivo, dependendo em que nível ele atuará no processo do cliente.
Quando as mudanças ocorrem nos três primeiros níveis (ambiente, comportamento e habilidades/
capacidades), estas não tem efeito substancial nos níveis superiores. Uma mudança em nível de ambiente,
por exemplo, oferece uma solução remediativa, no entanto não provoca mudança interior no indivíduo, não
o preparando para novas situações que o seu ciclo de existência certamente voltará a trazer.
As mudanças que trazem mais transformação são aquelas que acontecem a partir do nível das crenças e
valores, que ainda que seja remediativo, o cliente começa a questionar a si mesmo e ressignificar verdades
que traz até então.
É no nível da identidade que as transformações mais profundas acontecem. E tais mudanças já não são
mais momentâneas, pois o cliente realmente passa a se perceber de uma forma nova, que na maioria das
vezes, diverge e muito da maneira como o vem fazendo ao longo de sua jornada.
A partir daí, a mudança e a qualidade de suas relações interpessoais acontece inevitavelmente, o que
levará a um sentido mais amplo da vida, de sua essência, do Universo e de sua missão.
Para alcançar estes resultados e provocar mudanças efetivas na vida do coachee é importante utilizar
perguntas que o levem a buscar respostas mais profundas e não apenas aquelas automáticas que estão na
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superficialidade.
Segundo Lages e O’Connor (2011), um processo de coaching envolve quatro elementos importantes:
a) Mudança: o que precisa ser mudado no coachee para que ele possa alcançar seu estado desejado.
Crenças, pensamentos, emoções e comportamento;
b) Queixa: o que o coachee deseja trabalhar, modificar; qual a sua dificuldade ou qual a meta desejada;
c) Relacionamento: o vínculo entre o coach e o coachee - o trabalho é desenvolvido em forma de
parceria, criando vínculo de confiança, com ética, onde ambos criam e determinam o resultado
desejado do coaching;
d) Aprendizado: o coaching ajuda a solucionar um determinado problema, com o desenvolvimento
de uma capacidade, habilidade, tomada de decisão, crescimento pessoal, alcance de metas ou
administração de tempo. O coach faz perguntas que levam aprendizado ao coachee.
Fonte: http://www.the99.com.br/sua-empresa-obtendo-resultados-extraordinarios-atraves-do-coaching/
Entretanto, para haver coaching, precisa haver a necessidade de mudança por parte de alguém, conforme
Clutterbuck (2008).
O que se observa é que o processo de coaching não é um processo impositivo, ou seja, ele tem que ser
da vontade do coachee, uma vez que se não houver comprometimento os resultados também são nulos.
É preciso ainda confiar no processo, respeitar as demandas do cliente, ouvir na essência e abster-se de
qualquer julgamento.
A postura ética do coach e a congruência de suas atitudes são importantes para que seja preservada a
credibilidade profissional.
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Coaching, Inteligência Emocional e Liderança
Fonte: http://www.noemahr.com/timothy-gallwey-master-business-coaching/
Parece haver uma voz crítica no comando (Self 1) e outra que se mantem quieta executando as ações
(Self 2). O Self 2 é como a criança que é capaz de aprender um processo de forma natural, sem interferências
de padrões previamente determinados. E, tanto num jogo como nas nossas ações diárias é importante
silenciar o Self 1 para se obter um desempenho de alto nível, ou seja, é necessário voltar a agir como
criança. Para tanto, é preciso eliminar os julgamentos.
Quando a mente está livre de pensamentos ou avaliações, ela age como um espelho. E somente nesses
momentos podemos perceber as coisas como elas realmente são. É preciso esquecer os julgamentos e
observar o que de fato ocorre e depois de desvendar o processo, deve-se confiar nele.
Assim, a primeira habilidade proposta pelo autor a ser desenvolvida para o desempenho do jogo
interior é a consciência livre de julgamentos. Em seguida é preciso desenvolver autoconfiança, mantendo o
foco no objetivo e deixando o Self 2 produzir naturalmente o resultado. Esse processo, definido pelo autor
como “deixar acontecer” deve estar livre de medo e dúvidas, uma vez que esses elementos atuam como
interferências no processo de aprendizado natural. O melhor método para aprender é simplesmente olhar e
não racionalizar o que se vê. É deixar a mente nutrir-se de imagens para visualização do resultado desejado.
Conforme Timothy, “O processo é muito simples. Basta vivenciar a ação, e não intelectualizá-la”. No
entanto, manter o Self 1 silenciado evitando que ele controle a situação e impeça o Self 2 agir naturalmente
é uma tarefa que requer prática. Não basta enviar um comando para o Self 1, é preciso ensinar a mente a
ter foco.
Um dos principais propósitos da abordagem do jogo interior é elevar o nível de consciência. Se você
quiser mudar algo na sua vida, a abordagem proposta por Timothy, sugere que você não tente mudá-la,
mas simplesmente aumente a sua consciência do que precisa ser mudado. “E quando permitimos que a
atenção fique concentrada, ganhamos conhecimento sobre o jogo em foco. Atenção é consciência focada,
e a consciência nos dá o poder de conhecimento” (Gallwey, 2016, p. 111).
Por fim, o autor aborda o jogo interior fora da quadra. O jogo interior que existe na mente de todas as
pessoas e que temos que aprender a jogar. O autor sugere que é necessário renovar constantemente nossa
autoconfiança e manter nossa mente protegida das interferências (vozes) internas e externas que abalam
nossa confiança. Manter nosso foco no presente é essencial.
Mas o que significa de fato vencer o jogo interior? Essa resposta não pode ser dada de forma absoluta,
já que cada um sabe exatamente aquilo que lhe satisfaz e que deve ser o segredo que o Self 2 deve manter
escondido do Self 1. Para Timothy, o Jogo Interior é um “processo de descobrimento, que contribui
naturalmente para o mundo exterior, enquanto aprendemos a melhorar a nós mesmos”. Em síntese, dentre
os maiores ensinamentos de Timothy, sobretudo no mundo dos negócios, é que se o objetivo é melhorar a
performance das pessoas é imprescindível liberar o seu potencial das interferências que o limitam. Somente
assim é possível o extrair o máximo das pessoas.
Como resultado de suas analyses, Tim propôs a Fórmula do Coaching:
P=p-i
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O primeiro ‘P’ significa a performance do indivíduo, ou seja, seu desempenho e os resultados que ele vem
obtendo em sua vida. O segundo ‘p’ representa o potencial, as habilidades, competências, conhecimentos e
atitudes. E o ‘i’ são as nossas interferências internas e externas. Nesse sentido, quanto mais interferências
temos, mais comprometido fica o nosso potencial e consequentemente os resultados que alcançamos.
No mundo dos negócios, onde o objetivo é melhorar a performance da equipe, é imprescindível liberar
o seu potencial das interferências limitantes. Somente assim é possível o extrair o máximo das pessoas.
Desse modo, para encerrar nossa primeira aula, deixamos uma reflexão:
Fonte: http://www.picluck.net/user/robenjamin/1649672324/1282707271491481096_1649672324
Espero que vocês tenham aprendido sobre o processo de coaching! Assistam as aulas em vídeo e
enviem suas dúvidas através do nosso mural!
Um abraço, profa. Ana Paula.
Sugestão de filmes que nos levam a refletir sobre o incrível potencial do ser humano! Divirtam-se e
aproveitem para analisar o contexto e correlacionar com o conteúdo aprendido nesse módulo!
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