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GÊNERO LITERÁRIO: seja, um desfecho de rumo inesperado, mas

CONTO coerente com toda a história.

Estrutura do Conto ESTRUTURA - É essencialmente objetivo,


1 – Unidade dramática horizontal. Foge do introspectivismo para a
2 – Unidade de tempo realidade viva, presente, concreta.
3 – Unidade de espaço Divagações são escusadas. Breve história. Todas
4 – Número reduzido de personagens as palavras hão de ser suficientes e necessárias e
5 – Diálogo dominante devem convergir para o mesmo alvo. O dado
6 – Descrição e narração (tendem a anular-se) imaginativo se sobrepõe ao dado observado. A
imaginação, necessariamente presente, é que vai
conferir à obra o caráter estético. Jamais se perde
CONTO – História completa e fechada como um no vago. Prende –se à realidade concreta. Daí
ovo. É uma célula dramática, um só conflito, uma nasce o realismo, a semelhança com a vida.
só ação. A narrativa passiva de ampliar-se não é
conto. LINGUAGEM – Objetiva, utiliza metáforas de
Poucas são as personagens em decorrência das imediata compreensão para o leitor; despe –se de
unidades de ação, tempo e lugar. Ainda em abstrações e da preocupação com o rebuscamento.
consequência das unidades que governam a O conto desconhece alçapões subterrâneos ou
estrutura do conto, as personagens tendem a ser segundas intenções. Os fatos devem estar
estáticas, porque as surpreende no instante presentes e predominantes. Ação antes da
climático de sua existência. O contista as intenção.
imobiliza no tempo, no espaço e na personalidade Dentre os componentes da linguagem do conto, o
(apenas uma faceta de seu caráter). diálogo é o mais importante de todos. Está em
O conto se semelha a uma tela em que se fixasse o primeiro lugar; por dramático, deve ser tanto
ápice de uma situação humana. quanto possível dialogado.
A palavra conto no seu sentido literário Os conflitos, os dramas residem na fala das
deriva do latim commentus, que significa pessoas, nas palavras ditas, não no resto. Sem
“invenção”, “ficção”. Não se tem noção de onde diálogos não há discórdia, desavença ou mal –
ou quando teve origem na história da humanidade, entendido e, sem isso, não há conflito nem ação.
mas suas raízes são tão profundas que remontam a O diálogo é a base expressiva do conto: diálogo
própria origem da arte literária. Alguns direto, indireto e interior. No conto, predomina o
exemplares são encontrados há centenas ou diálogo direto que permite uma comunicação
mesmo milhares de anos antes do nascimento de imediata entre o leitor e a narrativa.
Cristo. Como por exemplo, na Bíblia com as Outro expediente linguístico é a narração, que
passagens de Rute, Salomé e do Filho pródigo; na deve aparecer em quantidade reduzida,
Grécia, nas partes da Odisseia, de Homero; na proporcional ao diálogo.
Arábia, encontramos em As mil e uma noites ou A descrição ocupa semelhante lugar na estrutura
Ali babá e os quarenta ladrões. do conto. Está fora de cogitação o desenho
O conto, não raro, é confundido com a acabado das figuras. Ao contrário, o conto não se
novela ou o romance, no entanto sua estrutura nos preocupa em erguer um retrato completo das
permite afirmar que o conto contém um só drama, personagens, mas centram –se nos conflitos entre
um só conflito, uma só ação, ele flui para um as personagens.
único objetivo. Da unidade da ação resulta a A descrição da natureza, ou do ambiente, ocupa
unidade do tempo e do espaço; a relação espaço- ainda mais modesto, pois o drama expresso pelo
temporal deve frisar a tônica do conto, daí a razão diálogo, dispensa o cenário.
para não haver margens para voltas ou
adiantamentos no tempo ou a rejeição de vários TRAMA - Linear, objetiva. A cronologia do
espaços para o drama. Por considerar essas três conto é a relógio, de modo que o leitor vê os fatos
unidades: ação, tempo e espaço é que no conto há se sucederem numa continuidade semelhante à
a presença de poucas personagens, somente vida real.
aquelas que participam diretamente do conflito. É O conto, ao começar, já está próximo do epílogo.
frequente encontrarmos nos contos um epílogo, ou A precipitação domina o conto desde a primeira
linha.
No conto, a ação caminha claramente à frente. Texto adaptado de:
Todavia, como na vida real, que pretende espelhar, http://www.asesbp.com.br/literatura/conto.htm
de um momento para o outro deflagra o estopim e Dicionário de termos literários. Massaud Moisés,
o drama explode imprevistamente. A grande força 2004.
do conto e o calvário dos contistas consiste no
jogo narrativo para prender o interesse do leitor
até o desenlace, que é, regra geral, um enigma.
O final enigmático deve surpreender o leitor,
deixar – lhe uma semente de meditação ou de
pasmo perante a nova situação conhecida.
A vida continua e o conto se fecha insequente.
Casos há em que o enigma vem diluindo no
decorrer do conto. Neste caso ele se aproxima da
crônica ou corresponde a episódio de romance.

FOCO NARRATIVO – 1ª e 3ª pessoas. O conto


transmite uma única impressão ao leitor.
Começo e epílogo: O epílogo do conto é o clímax
da história. Enigmático por excelência, deve
surpreender o leitor. O contista deve estar
preocupado com o começo, pois das primeiras
linhas depende o futuro do resto, do que terminar.
O começo está próximo do fim. E o contista não
pode perder tempo com delongas que enfastiam o
leitor, interessado no âmago da história.
A posição do leitor diante do conto é de quem
deseja, às pressas, desentediar – se. Ele procura no
conto o desenfado e o deslumbramento perante o
talento que coloca em reduzidas páginas tanta
humanidade em chama.
O contista sacrifica tudo quanto possa perturbar a
ideia de completude e unidade.

Fica a Dica:
 A Cartomante, de Machado de Assis.
Na web em:
http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheO
braForm.do?select_action=&co_obra=1965

 Felicidade Clandestina, de Clarice Lispector.


No youtube em:
https://www.youtube.com/watch?v=wz1d9iVSjIU

 Nas livrarias:
Primeiras Estórias,
de João Guimarães Rosa.

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