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16/10/2020 ConJur - Sem dolo, ordem de ressarcimento por improbidade não subsiste

CONDENAÇÃO AFASTADA

Sem dolo, ordem de ressarcimento por


improbidade não subsiste, diz STJ
16 de outubro de 2020, 7h42

Por Danilo Vital

A pretensão de ressarcimento pelo dano causado ao erário público não pode ser mantida se
é baseada em ato de improbidade no qual não se identifica a presença do elemento
subjetivo consistente no dolo. Sua ausência afasta a condenação e, consequentemente, a
obrigação de ressarcir os cofres públicos.

STJ
Com esse entendimento, a 1ª Turma do Superior
Tribunal de Justiça deu provimento a recurso
especial para reformar acordão do Tribunal
Regional Federal da 4ª Região que manteve o
dever de indenizar de réu funcionário da Caixa
Econômica Feeral que foi condenado por
improbidade, ainda que sem comprovação de dolo.

Segundo o TRF-4, a ausência de dolo não exclui a


responsabilidade, porquanto não se discute o
Sem dolo, não há ressarcimento pela via da
elemento volitivo para fins de indenização, mas improbidade, pois não há condenação, disse
apenas a existência de prejuízo, conduta material e o relator, ministro Gurgel de Faria
nexo causal.

A ausência do dolo, no caso, é causada pelo fato de o funcionário ter comprovados


transtornos mentais. Conforme o próprio TRF-4 reconheceu, “não reunia condições
psíquicas hábeis a configurar sua responsabilidade, de modo a justificar a imposição das
sanções de caráter pessoal previstas na Lei n. 8.429/92”.

Portanto, não poderia ter sido condenado com base no artigo 9º, uma vez que a
jurisprudência das cortes superiores é pacífica ao determinar que a conduta dolosa é
indispensável à sua configuração.

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16/10/2020 ConJur - Sem dolo, ordem de ressarcimento por improbidade não subsiste

“No caso presente, o ressarcimento ao erário tem como causa de pedir a ocorrência de um
ato de improbidade administrativa, inocorrente na hipótese, à míngua do elemento
subjetivo”, concluiu o relator, ministro Gurgel de Faria. Ele destacou que nada impede que
a Caixa busque o ressarcimento pelas vias adequadas.

“Oportuno ressalvar, entretanto, a possibilidade do ajuizamento de ações civis próprias para


buscar tal pretensão, considerando que a recomposição do prejuízo patrimonial, de per si,
não constitui, propriamente, uma sanção ao ato ímprobo, mas um dever jurídico decorrente
do dano, se presentes os pressupostos legalmente exigidos para a responsabilização civil do
seu causador”, concordou a ministra Regina Helena Costa, em voto-vista.

REsp 1.634.627

Danilo Vital é correspondente da revista Consultor Jurídico em Brasília.

Revista Consultor Jurídico, 16 de outubro de 2020, 7h42

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