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O PURÊ DE BATATA

APRESENTAÇÃO

Revolução! Realmente, este é um princípio revolucionário que Deus deu


para o nosso discípulo, o Pastor Abe. Nós temos acompanhado de perto o
desenvolvimento deste princípio, assim como seu crescimento pessoal em fé,
em comunhão e frutificação, em todas as áreas. Ele vive tudo o que prega e
prega tudo o que vive.

O Pastor Abe liderou a Igreja da Paz Central em Santarém por muitos anos.
Assumiu-a ainda pequena, e deixo-a com milhares de pessoas. Foi nessa
igreja que ele experimentou todas as ferramentas e estratégias que Deus ia lhe
dando ao longo dos anos. Ali ele implantou o MDA, o Fator Barnabé, a
Estratégia do Natanael-3 e o Puré de Batatas. Agora ele está em Fortaleza,
Ceará, com semelhante sucesso. Acompanhamos de perto o seu puré
cozinhando passo a passo, pessoas sendo envolvidas nos grupos familiares e
muita comunhão sendo gerada. Muito da nossa igreja tem sido fruto desse
trabalho, dessa insistência em fazer de cada grupo familiar, da igreja toda, uma
família unida e coesa, cheia de amor e companheirismo. E o bom de tudo isso
é que o Puré de Batatas é um princípio reproduzível, transferível. Temos visto e
ouvido do seu funcionamento nos mais diversos contextos, em grandes e
pequenas cidades, em ambientes pobres e ricos, com pessoas pouco
instruídas e também com as mais letradas. Todo mundo tem carência de
comunhão e maior envolvimento na vida da igreja e do grupo familiar, e a
comunhão bíblica é o caminho mais eficaz para isto.

Neste livro, Abe chama muito a atenção para os ensinos de Jesus e a prática
da Igreja Primitiva quanto à comunhão e à unidade, e ainda oferece uma
receita tremenda de como fazer um puré de batatas, tanto físico como
espiritual. Se você gosta de cozinhar, experimente esta receita na sua cozinha,
mas também na sua sala de estar, em todo lugar. Recomendamos a leitura
deste livro a todos aqueles que querem ver sua igreja amalgamada, vivendo
em unidade, sendo semelhante a Jesus, cuidando uns dos outros em amor.
Seja você pastor de igreja, supervisor, líder de grupo familiar, ou um discípulo
de Jesus que quer ver a obra de Deus avançando sobre a Terra, este livro é
para você. Cremos, de coração, que a leitura e prática dos princípios aqui
contidos vão trazer novo impulso para a sua igreja, seu ministério, seu grupo
familiar. Venha deliciar-se conosco deste agradável purê. A mesa é sua. Boa
leitura e bom apetite.

Santarém, junho de 2009. Paulo e Rebecca Hrubik Diretores da Missão PAZ.


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INTRODUÇÃO

Para início de conversa, é bom saber que todas as coisas no Reino de


Deus são recebidas por fé. A fé é o elemento fundamental que põe em
movimento todas as bênçãos e manifestações de Deus sobre a Terra. O
Apóstolo Paulo diz o seguinte: "A fé vem pelo ouvir, e o ouvir pela palavra
de Deus" (Romanos 10.17).

Esta citação de Romanos é um texto muito abençoado que pode edificar a sua
vida e renovar a sua fé. A própria salvação do homem é impossível sem fé.
Contudo, após salvo, o homem precisa de fé para prosseguir na vida cristã,
vivenciando os valores e princípios do Reino de Deus.

Quando abrimos o nosso coração para a Palavra de Deus, expondo-nos àquilo


que o Espírito Santo está ministrando para a nossa vida, para a nossa casa e
para o nosso tempo, os milagres acontecem. E milagres são o que nós
queremos ver acontecendo nessa tarefa de ganhar muitos filhos para Deus,
levar muitos a um conhecimento pessoal e a amadurecimento consistente em
Deus.

Ainda em início de conversa, é bom explicar que nós somos uma igreja
baseada em grupo familiar. Além dos grupos familiares, somos uma igreja
profundamente alicerçada sobre o fundamento do discipulado pessoal um a
um, o nosso já tão conhecido MDA.

Só para relembrar, se você já sabe, ou para informá-lo, se você é novo nessa


visão: MDA significa Modelo de Discipulado Apostólico, Assim, MDA, no
tocante ao seu aspecto, diz respeito ao cuidado individual que todos os
membros do Corpo de Cristo recebem na igreja. É um acompanhamento
personalizado, individual, onde todo cristão tem alguém que o acompanha,
como um mentor, ajudando-o a crescer na vida cristã e no serviço a Deus.
Enquanto "modelo", o MDA engloba toda a estrutura pastoral, evangelística,
missionária, apostólica, profética e didática da igreja. É a maneira como a igreja
existe e opera.

O MDA é um ambiente sadio, acolhedor, familiar, onde os membros vivem


plenamente as propostas do Reino de Deus para a Sua igreja. Lá eles são
edificados, ensinados, desafiados, treinados. Lá eles amam e são amados. Lá
eles são ajudados e também ajudam uns aos outros. Nos grupos familiares, os
dons do Corpo são exercidos, beneficiando todos os membros. Todos são
envolvidos, de uma maneira ou de outra, seja dando, seja recebendo. Na
verdade, todos recebem e dão ao mesmo tempo.
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O assunto que agora apresentamos deve ser recebido pela fé, praticado pela fé
e experimentado pela fé.

E em fé esperamos que este livro venha edificar a sua vida e renovar a sua fé.
Abra o seu coração essas verdade preciosas da Palavra de Deus.

Para cumprir essa vivência proposta pela palavra de Deus, como exemplificada
no livro de Atos, é preciso entender especificamente alguns aspectos da vida
dos grupos familiares. Depois vamos nos deter especificamente em um deles,
aquele que tem a ver com o purê de batatas propriamente dito. Mas antes,
vejamos algumas funções dos grupos familiares MDA.

Quero ainda dar os devidos à pessoa mensagem pela primeira vez. Foi do
Pastor Paulo Henrique, do Ministério Luz para os Povos, de Goiânia; - ele
ministrou e ministra - com muita graça e propriedade. Contudo por ser o tema
amplo e multifacetado, trabalhamos neste livro os aspectos e dimensões do
tema que se adequam à nossa realidade de igreja, "cozidos" à nossa maneira.

Outros ainda dizem que o pastor argentino, Juan Carlos Ortiz, no seu livro “O
Discipulado”, tem explorado exaustivamente o tema. É um obra fantástica,
muito comentada. Mas eu mesmo não a li. Em todo caso, meus
agradecimentos a todos que têm trabalhado e contribuído para o
enriquecimento deste tema, e a "cozinha" continua para quantos quiserem
experimentar, acrescentar novos ingredientes, novas roupagens e novos
insights.

CAPÍTULO 1

AS CINCO FUNÇÕES DO GRUPO FAMILIAR MDA

Só para efeito de compreensão, o que é Um grupo familiar?

Um grupo familiar é um grupo constituído de cinco a quinze pessoas,


reunindo-se semanalmente para aprender como tornar-se uma família, adorar o
Senhor, edificar a vida espiritual uns dos outros, orar uns pelos outros e levar
pessoas ao Evangelho.

Os números podem variar, dependendo das peculiaridades de cada grupo


familiar, da proposta de cada igreja. Contudo, idealmente, um grupo familiar
deve ter no mínimo cinco pessoas e não deverá ultrapassar o limite de quinze.

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Os grupos de Moisés eram constituídos de 10 (Êxodo 18.21) e Jesus liderou
doze. Quinze pessoas são o número ideal de membros para um grupo
familiar. Quando atingir esse limite, O grupo familiar deve se multiplicar.

O grupo familiar tem muitas funções. De acordo com o modelo utilizado, e


considerando-se as ênfases que cada igreja local quer imprimir em seus
membros e projetos, as funções serão desenhadas para atender a esses alvos
e objetivos.

Na visão do MDA, muitas funções são observadas e reconhecidas, mas, na


prática operacional do dia-a-dia, destacamos cinco delas, as quais passamos a
mostrar aqui. Julgamos que todas elas são indispensáveis na vida de um
grupo familiar. Elas são:

EVANGELISMO E INTEGRAÇÃO

Quem está cheio de Jesus vai automaticamente atrair outros para si mesmo, e
para um grupo familiar, para a igreja e para o Senhor Jesus. Agora, uma vez
que a pessoa entregou a vida para Jesus, ela tem que ser cuidada e integrada
na vida da igreja local.

Algumas pessoas tomam uma decisão inicial por Jesus e depois não vão mais
à igreja. Por quê? Porque se sentem "um peixe fora d'água". Nesse sentido,
o grupo familiar serve como uma ponte de integração para dentro da igreja
local. Assim, a pessoa não se sentirá como "peixe fora d'água", e sim como
uma parte integral da igreja.

Todos nós temos visto em festas de aniversário, em restaurantes, nas escolas,


em retiros e na própria igreja como as crianças se aproximam umas das outras.
Chegam meio tímidas, encostando-se nas paredes, agarradas às pernas dos
pais e mães, mas, aos poucos, vão encontrando meios de chamar a atenção
umas das outras.

Às vezes uma puxa um brinquedo diferente, abre um saco de bombons, ou


usa qualquer outro artifício que sirva de abertura. E em pouco tempo já estão
correndo, subindo nos brinquedos, jogando bola juntos, nadando na piscina,
etc. Muitas vezes, os adultos só se aproximam uns dos outros em lugares
públicos porque seus filhos já foram entrosados primeiro.

O mesmo princípio deve se aplicar à igreja, e ao grupo familiar. Num certo


sentido, é mais importante integrar alguém na vida da igreja local do que levá-

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la a tomar uma decisão pública. Uma das chaves para essa integração é o
cultivo de relacionamentos de profunda amizade.

O segredo de cultivar essa amizade profunda é através de eventos sociais,


oficiais e extraoficiais, realizados pelos irmãos do grupo familiar.

Esses eventos incluem café da manhã, retiros, piqueniques, almoços,


jantares, aniversários, vigílias de oração, atividades esportivas e de
recreação, etc.

PASTOREIO E DISCIPULADO

Como podemos cuidar bem de cada pessoa? Como garantir que as


necessidades espirituais básicas da pessoa serão supridas, seus
questionamentos respondidos e que seu crescimento contínuo será
assegurado?

De novo, a pessoa deve ser bem cuidada através do grupo familiar. Cada
líder de grupo familiar deve providenciar um discipulador que vai ajudar o
novo membro nesse processo de integração. O líder pessoalmente não é
obrigado a discipular todo mundo, cuidar de todos sozinho.

Mas ele tem outros discípulos no grupo familiar, auxiliares que devem estar
revestidos do mesmo espírito de amor, cuidado e visão correta das prioridades
de Deus. Eles o ajudaram a manter esse padrão de cuidado.

Temos que cuidar bem das pessoas que Deus nos dá porque Ele nos pedirá
contas por cada um daqueles que um dia foi entregue aos nossos cuidados.

Devemos cuidar porque é nossa responsabilidade diante de Deus. E também


porque essa é uma das condições para o nosso crescimento futuro: se formos
fiéis no pouco, Deus nos colocará sobre o muito.

COMUNHÃO

A verdadeira comunhão bíblica acontece em um contexto onde cristãos


verdadeiros estão buscando intimidade com Deus e relacionamentos sadios
uns com os outro. Atos 2.46,47

A VISÃO DO PURÉ DE BATATAS é a grande ferramenta da comunhão


bíblica. É dela que trata este livro, oferecendo uma compreensão ampla para
todos que querem se achegam ao seu grupo familiar ou à igreja. A
continuação deste livro será toda sobre esse delicioso "puré".
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TREINAMENTO DE LÍDERES

Uma igreja baseada em grupos familiares sempre produz muitos líderes de


qualidade, e essa reprodução acontece no contexto do grupo familiar.

Para alguém se tornar perito em qualquer coisa que fizer na vida, ele terá que
aprender a prática, a operacionalidade daquilo; não somente a teoria. Por
exemplo, para alguém aprender a ser pedreiro e construir belas casas, não
basta fazer um curso em uma sala de aula.

Ele vai ter que primeiro andar com pedreiros, trabalhar como auxiliar de
pedreiro e, aí sim, tudo que ele aprender numa sala de aula vai fazer sentido,
vai enriquecer o processo de aprendizado. A mesma coisa acontece no
contexto do grupo familiar.

Na Igreja da Paz existe um gráfico bem definido chamado Trilho de


Liderança, onde estão bem delineados todos os passos que alguém percorre,
desde o momento em que se converte, até tornar-se um líder, um membro
responsável da família.

Temos uma grande riqueza de acompanhamento, tanto no discipulado como


na sala de aula, a fim de preparar as pessoas para serem cristãos fortes e
habilitados. O envolvimento na Escola Ministerial Paz, em todos os seus cursos
e opções de treinamento académico, garantirá que todo discípulo de Jesus seja
perfeitamente habilitado para toda boa obra.

CRESCIMENTO E MULTIPLICAÇÃO

Uma função muito importante do grupo familiar é a multiplicação. Os grupos


familiares não se dividem; eles se multiplicam. Os grupos familiares
eclesiásticos funcionam como as células do corpo humano, onde a vida
da igreja local se encontra sintetizada em todos os seus variados
aspectos como adoração, intercessão, crescimento espiritual, assistência
social, etc.

Tudo isso (e especialmente as cinco funções mencionadas aqui) deve


acontecer num nível bem pessoal.

Para tanto é importante que o grupo familiar nunca fique muito grande, para
que haja sempre uma atmosfera de família, de intimidade, de
compartilhamento. Esses grupos familiares cresceram até o ponto de
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saturação, quando eles necessariamente se multiplicarão, e assim surgirão
novas estruturas orgânicas, os grupos familiares "filhos" e "netos", que por
sua vez se tornarão “pais” e “avôs” indefinidamente.

Cremos que os grupos familiares devem crescer e se multiplicar em três


áreas:

● Intimidade Com Deus. Levando todos a serem íntimos com Deus, de uma
forma cada vez crescente, e reproduzindo essa fome de Deus na vida dos
discípulos.

●Comunhão. Levando todos a crescerem na expressão horizontal da unidade


do Corpo de Cristo, e reproduzindo isto na vida de mais e mais cristãos.

● Novos membros para os grupos familiares. Crescendo e multiplicando o


número de discípulos, e reproduzindo este alvo para que haja mais
"discípulos fazedores de discípulos”

CAPÍTULO 2

APROFUNDAMENTO NA COMUNHÃO

Não há dúvida que um dos aspectos de suma importância nos grupos


familiares e na celebração da igreja é a COMUNHÃO. Na realidade, muitas
pessoas que olham de uma forma superficial para os grupos familiares, e que
nunca deles participaram de maneira profunda e ativa, podem pensar que eles
se resume a uma simples reunião uma vez por semana, tipo às quartas-feiras à
noite ou aos sábados. Pelo contrário, eles são uma reunião muito maravilhosa
e especial para estudar a Bíblia, para termos comunhão com os outros, para
louvarmos a Deus, etc.

Assim, os verdadeiros grupos familiares são muito mais do que reunir-se uma
vez por semana. A reunião que acontece nas residências, das pessoas é o que
chamamos de reunião principal.

Todavia, ela representa somente 40% daquilo que realmente sãos grupos
familiares. Além dessa reunião, os grupos familiares tem ainda outro
encontro para oração durante a semana, e também muitos momentos de
comunhão. São momentos de preciosas atividades formais e informais, onde
estamos constantemente desfrutando da companhia uns dos outros.

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Como já visto acima, a comunhão é uma das funções principais na vida dos
grupos familiares. A Bíblia apresenta a comunhão como um dos princípios de
suma importância no projeto de Deus para Seus filhos e Sua igreja.

No grego, COMUNHÃO quer dizer Koinonia. Logo em seguida veremos um


detalhamento do significado dessa comunhão.

Ela é o ideal de vida cristã que deve ser experimentado por todas as famílias,
todos os grupos familiares, toda a igreja. Independente da pessoa poder
estar fisicamente presente, ou não, uma atmosfera de comunhão deve permear
a vida do grupo continuamente. Essa unidade é tão preciosa que deve ser
vivenciada sete dias por semana, vinte quatro horas por dia, o mês inteiro, o
ano inteiro.

As pessoas devem experimentar sempre essa comunhão santa, separando


preciosos momentos para estar junto, ser família e tornar-se um.

Para a uma melhor compreensão dos grupos familiares, vamos pensar na


seguinte ilustração: Suponhamos que eu tenha um saco cheio de batatas. No
caso, cruas e com casca. Aí eu pego esse saco cheio de batatas e o coloco em
determinado lugar.

Depois eu trago vários pratos e garfos e os coloco à sua disposição e de várias


pessoas. E ainda digo: "Atenção! O almoço está pronto; é rico e de graça.
Venha quem quiser para saborear um delicioso puré de batatas". Só que, ao
chegarem, as pessoas vão encontrar não um verdadeiro puré de batatas, mas
um simples saco cheio de batatas cruas e com casca sobre a mesa.

Esta comparação é muito interessante para ensinar os valores e o


funcionamento de um bom grupo familiar. Uma grande e preciosa lição nos é
ensinada: Os grupos familiares, segundo a Bíblia, deve ter tanta comunhão
que nos tornaremos um só, e faremos brilhar muito forte a nossa luz diante dos
homens, para que, vendo as nossas boas obras, glorifiquem ao nosso Pai que
está nos céus (Mateus 5.16).

Para fazer um puré de batatas é preciso vários processos para que elas se
tornem amalgamadas (misturadas), uma só massa uniforme de batatas. Uma
vez o puré bem feito, é impossível separar uma batata da outra. E como é
gostoso saborear um bom puré de batatas!

Em se tratando dos grupos familiares, muitas delas, ao invés de se tornarem


um puré, permanecem apenas como um grande "saco com batatas". As
pessoas não estão amalgamadas, não há comunhão entre os irmãos como a
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Bíblia ensina, nem há a unidade que a Palavra de Deus nos exorta a ter com
os nossos irmãos.

Estão simplesmente convivendo como se fossem vários seres humanos


jogados dentro de um saco, tentando formar um grupo familiar. Contudo,
permanece somente um saco com batatas. É por isso que em determinados
momentos os grupos familiares se tornam um tédio, uma rotina, algo não
muito atraente e agradável.

Nossa intenção é direcionar este estudo principalmente para você que está
envolvido com o ministério de grupos familiares. Seja você membro, líder de
grupo familiar, supervisor, pastor titular, professor, ou tenha qualquer outra
função ministerial, você precisa ter disposição para colocar em prática esse
princípio do puré de batatas - espiritualmente falando - no contexto de grupos
familiares.

E pode ter certeza que é impossível colocar isso em prática e não se tornar
membro de um grupo familiar gostoso de participar, não se tornar parte de um
ambiente realmente empolgante e precioso, com a presença de Deus - um
ambiente de comunhão que se torna tão atrativo que você nunca mais vai
querer deixar de viver fora do seu contexto.

Tente, por todos os meios, colocar em prática esse princípio, e você verá como
seu grupo familiar mudará radicalmente de batatas cruas ou disformemente
cozidas para um puré consistente e nutritivo. No entanto, se seu grupo
familiar não colocar esse princípio em prática, essa atitude será semelhante a
pegar batatas cruas e com casca e tentar comer puré de batatas. Isso não
funciona.

CAPÍTULO 3

RECEITA SIMPLES DE UM PURÉ

OS SEGREDOS DE UM GOSTOSO PURÉ DE BATATAS

Se você ama um puré de batatas macio e cremoso, você não está sozinho
neste gosto. Está mesmo muito acompanhado, e por muita gente. Os
ingredientes de um puré de batatas são simples, nada complicados, e podem
ser encontrados em qualquer lugar. Nada muito caro, importado, difícil. Não,
não. As melhores comidas são aquelas acessíveis, com ingredientes de boa
procedência e fácil aceitação.

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No caso do puré de batatas, só precisamos de sal, um pouco de manteiga,
leite e pimenta-do-reino branca, se quiser. E muitas batatas, é claro. Tudo
simples e prático, portanto. Mas, apesar disso, algumas vezes o resultado é
uma massa pesada e colante e outras, um puré cremoso e aveludado: um
verdadeiro deleite para olhos e para o paladar. Sempre devemos começar o
puré dando especial atenção às batatas. A batata é um legume constituído
essencialmente por água (cerca de 80%) e por amido (cerca de 15%).

É também uma fonte importante de vários minerais, especialmente o potássio,


elemento de grande importância para o bom funcionamento dos músculos,
incluindo o do coração.

Se comidas cruas, as batatas têm um gosto horrível, tipo purgante, remédio.


Ainda por cima, deixam uma coceira na boca, resultado de um líquido leitoso
que escorre delas. E o amido cru. Por isso elas têm sempre que ser
submetidas ao calor, cozidas até atingir o ponto ideal de amolecimento,
quebrantamento. Só assim conseguimos digerir o amido.

Existem essencialmente dois tipos de batata: umas são molhadas, com


mais umidade e menor percentagem de amido,

Com células fortementes ligadas entre si, que são mais firmes e ótimas para
cozinhar. São apropriadas também para sopas e saladas. Outras são
farinhentas, com maior percentagem de amido, mais leves, com células que
se separam mais facilmente, e são estas as mais recomendadas para o puré e
para frituras. Em qualquer dos casos, o amido, quando sujeito ao calor, sofre
alterações - adquire um aspecto de gelatina.

Para um puré bem sedoso, é aconselhável usar batatas farinhentas. Mas é


bom lembrar também que um bom cozinheiro ou uma boa cozinheira não ficam
presos ao tipo de ingredientes que têm nas mãos. O que conta mesmo é sua
dedicação, o produto final.

Os melhores pratos são feitos com materiais que aparentemente não dariam
muitos resultados, quando vistos ainda matéria bruta, crus, antes do devido
tratamento. Mais importante do que os ingredientes são as mãos que os
processam. Mesmo assim, prefira fazer seu puré com batatas farinhentas;
porém, não deixe de fazê-lo se você só encontrar as úmidas.

Especialistas recomendam que você não pode esquecer de tirar qualquer


mancha esverdeada que aparece quando se deixam as batatas expostas à luz,
porque elas contêm uma substância com alguma toxicidade, e que é nociva à
saúde.
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Chegou a hora de cozinhar. Aqui se devem observar alguns cuidados
muito importantes. Para a obtenção de um puré uniforme, de alta qualidade,
preste atenção às dimensões das batatas.

Não misture batatas úmidas e batatas farinhentas. Escolha também batatas de


tamanhos semelhantes. Cozinhe somente batatas médias juntas, ou somente
grandes, ou somente pequenas. Por quê? Para que elas atinjam o ponto de
cozimento ao mesmo tempo.

Caso contrário, você terá algumas duras e outras muito moles; algumas se
quebrando facilmente e outras ríspidas, cheias de nós. Coloque as batatas
ainda com a casca na panela. Desse jeito o aproveitamento é mais completo.
Elas ficam mais secas e não perdem alguns nutrientes essenciais. Comece
com a água fria, e no fogão ela vai esquentando aos poucos. Adicione sal.

Não é recomendável jogar as batatas diretamente dentro da água quente. Isto


poderia gerar uma resistência em algumas delas e fazer seus poros se
fecharem, provocando efeito contrário. Ao invés de cozinhar bem, elas
poderiam ficar duras, ou amolecer de um lado e outro não, ou ainda cozinhar
demais e derreter.

Deixe as batatas ferverem durante cerca de vinte minutos, em fogo não muito
alto. O ideal é manter a temperatura numa altura máxima de 80 graus
centígrados. Mas fique de olho em todas elas, de modo que nem fiquem
encruadas nem demasiado cozidas. Garanta que a água está cobrindo todas.

Depois de cozidas, é a vez de descascar. Atenção: Não tire a casca com as


batatas muito quentes, no calor da emoção. Se você fizer isto, três coisas
podem acontecer: primeira, você pode se queimar; segunda, você pode
estragar as batatas, desmanchando-as ou arrancando pedaços maiores do que
pretendia; terceira, elas ficam pegajosas, grudando nas mãos. Por isso, espere
elas ficarem frias ou mornas para tirar a casca.

Em seguida, ponha-as logo na água para evitar que, na presença do oxigénio


do ar, alguns compostos se oxidem, tornando a superfície toda escura e feia.
Estando na água, esse contato com o ar externo diminui. Depois que estiverem
todas limpas e sem casca, você poderá levá-las ao fogo mais um pouco, para
evaporar todo o resto de água; é que a água torna o puré mais colante e
pegajoso.

E agora vem a operação mais crítica: amassar as batatas para transformá-


las no puré propriamente dito. Se você pretende usar um liquidificador ou um

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processador, esqueça! Lâminas, de corte muito rápido e afiado, impedem que
seu puré fique macio e sedoso.

As lâminas cortam os grânulos de amido. Quando isso acontece, algumas


moléculas do amido são liberadas, ligando-se à água e deixando o seu puré
com cara de mingau ou uma papa viscosa.
O correto é você esmagar suavemente cada batata com um garfo ou um
esmagador próprio para amassar batatas.

Depois que todas estiverem bem unidas e amassadas, coloque a manteiga no


fundo do recipiente onde será servido o purê.

Quando estiver perto da hora de servir, leve o purê ao fogo baixo e vá


adicionando leite a gosto. Misture bem para que todos os ingredientes formem
aquela mistura macia e homogénea.

Se preferir usar um pouco de pimenta-do-reino branca, adicione-a neste


momento. Isto feito, bom apetite! Feliz Natal! Feliz aniversário! Ou,
simplesmente, bom almoço de domingo! Ou ainda: Feliz comunhão do seu
grupo familiar!

CAPÍTULO 4

ENTENDENDO A VISÃO DO PURÊ DE BATATAS:

Unidade Verdadeira

João capítulo 17 é chamado de A Oração Sacerdotal de Jesus. Dentro de


poucas horas Ele seria preso e crucificado. Ele usou Seu último tempo
disponível para orar. Quando nós paramos para ouvir ou ler a oração de
alguém, podemos ver o que realmente é importante para aquela pessoa.

As orações de muitas pessoas são egoístas: "O, Senhor, dá-me isto ou dá-
me aquilo. " Mas a oração de Jesus O apresenta como nosso grande
Sumo Sacerdote (Hebreus 6.20). Sua oração nos mostra como um bom
pastor ou líder de célula deve orar.

Ele tem muitos poucos pedidos por Si mesmo, mas muitos tópicos de oração
pelos Seus discípulos. Ele ora por proteção e santificação, mas a Sua maior
insistência é pela unidade, comunhão entre os discípulos.

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A seguir procuramos realçar alguns pormenores do purê de batatas, tomando
como base a Oração Sacerdotal de Jesus e a vida diária dos cristãos da igreja de
Atos, logo após as manifestações de Pentecostes.
PRINCÍPIOS DE SE TORNAR UM

Esta é uma oração que Jesus fez não só pelos Seus discípulos, mas também
por todos nós que cremos na Palavra de Deus, principalmente aquela parte
ensinada por Jesus e escrita pelos discípulos, no Novo Testamento.

"E não rogo somente por estes, mas também por aqueles que pela sua
palavra hão de crer em mim; para que todos sejam um, como tu, ó Pai, o
és em mim, e eu em ti; que também eles sejam um em nós, para que o
mundo creia que tu me enviaste" (João 17. 20-21).

Jesus não quer que nos tornemos batatas separadas em um saco, e sim
batatas amalgamadas em um só purê de batatas. Essa é a vontade de Deus,
"A fim que todos sejam um". E interessante observar que Jesus deixa bem
claro que somente quando nos tornarmos um, o mundo vai realmente crer que
Deus enviou Seu filho Jesus.

"E eu dei-lhes a glória que a mim me deste, para que sejam um, como nós
somos um" (João 11.22).

É impressionante como Jesus enfatiza a frase "para que sejam um". Quando
Ele fala algo uma vez, é porque é importante, mas quando Ele o repete, é
porque aquele tópico é extremamente importante. E esta importância decorre
da necessidade de que nós, Seus discípulos, coloquemos em prática Seus
mandamentos e ensinos.

"Eu neles, e tu em mim, para que eles sejam perfeitos em unidade, e para
que o mundo conheça que tu me enviaste a mim, e que os tens amado a
eles como me tens amado a mim" (João 17.23).

Mais uma vez Jesus frisa a unidade entre as pessoas, quando fala: "para que
eles sejam perfeitos em unidade". O propósito de Deus é que Sua igreja seja
uma aqui na Terra, tendo o mesmo propósito e visão, que é ganhar o mundo
para Jesus. Neste versículo, Ele enfatiza: "para que o mundo conheça que tu

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me enviaste a mim". Ou seja, o segredo de ganhar o mundo para Jesus é a
igreja se tornar um em Cristo.

Se nós queremos que a Igreja Mundial se torne um, é preciso que cada igreja
local busque essa unidade antes de qualquer coisa. Agora, é impossível uma
igreja local se tornar um com outras igrejas se existem brigas, fofocas, divisões
e desordem. Mas, para cada igreja local se tornar um, é preciso que os grupos
familiares e todos os membros nelas envolvidos sejam um. Depois, aos
domingos, o povo se reúne no templo para a celebração dos cultos a Deus,
tornando-se um entre si e consequentemente um com a Igreja Mundial do
Senhor Jesus.

A Bíblia deixa bem claro que o segredo de ganhar o mundo para Jesus é
quando o grupo familiar do Corpo de Cristo, a unidade mais básica, se torna
um purê de batatas: membros amalgamados uns com os outros. É claro que a
Bíblia não usa a expressão "purê de batatas", mas ela converge à ideia do
cozinhar, descascar, amassar, misturar, unir. A analogia do purê é a melhor
figura que encontramos para animar este ensino. Assim, minha oração é para
que todas as igrejas cristãs, todos os grupos familiares se tornem um
autêntico purê de batatas, onde todos estão extremamente unidos em Cristo.

A Igreja Primitiva praticou com muita precisão este princípio. Ela, como
principal modelo neotestamentário de comunhão, nos impulsiona a seguir seus
exemplos.

RESULTADOS DE SE TORNAR UM

Quando resolvermos seguir pela estrada que a Igreja Primitiva trilhou,


certamente obteremos os mesmos resultados frutíferos que ela obteve.
Quando aquela igreja se tornou um, os resultados foram preciosos, dramáticos
e gloriosos. Veja o texto a seguir.

"E, perseverando unânimes todos os dias no templo, e partindo o pão de


casa em casa, comiam juntos com alegria e singeleza de coração" (Atos
2.46).

A Igreja Primitiva tinha o que chamamos de duas asas. A primeira asa são as
reuniões no templo (os cultos de celebração ou quaisquer outras
reuniões) onde a igreja, geralmente, comparece em massa. A segunda
são as reuniões caseiras (nas casas dos irmãos, membros da igreja), a
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famosa reunião dos grupos familiares. Foi partindo deste princípio que os
irmãos da Igreja do primeiro século foram referenciais neste modelo de igreja.
O purê de batatas não acontecia só no templo, mas de casa em casa.

1. Perseverança

A primeira coisa que podemos ver, se realmente quisermos obter esses


resultados preciosos de nos tornarmos um, é que precisamos perseverar. O
texto mostra que os irmãos perseveravam unânimes. Isso leva ao compromisso
e à seriedade. Não pense que se tornar um purê de batatas no seu grupo
familiar cai sobre você como a manga madura cai da árvore. Não é assim que
funciona.

Talvez você seja o líder do grupo familiar, ou talvez ainda seja um membro ou
auxiliar. Qualquer que seja a sua posição, é natural que você queira que seu
grupo familiar se torne um verdadeiro purê de batatas. Para isso, todos vão
ter que pagar um preço e assumir um compromisso pela unidade, levando a
sério a necessidade de se tornar um.

Isso significa que algumas vezes você vai ter que sacrificar o tempo do seu
lazer, sua privacidade, para abrir as portas de sua casa e do seu coração -
como a Igreja Primitiva fez - para se tornar um grupo familiar de verdade.

Viajando pelo Brasil, muitos pastores e líderes me perguntam: "Qual o


segredo do crescimento explosivo da Igreja da Paz? '" A resposta é
simples: o Espírito Santo está operando poderosamente através do
discipulado e dos grupos familiares.

As maiores igrejas do mundo já são e continuarão a serem aquelas que


trabalham com discipulado e com grupos familiares. Mas, para que isso
aconteça, cada pessoa, individualmente, precisa pagar o preço de perseverar,
tratar as coisas de Deus com seriedade. Precisa ter compromisso com as
coisas de Deus, abdicar de seus próprios desejos e abrir sua casa e coração
para se tornar um com seu irmão.

2. Alegria

A segunda coisa importante neste versículo é que a alegria fazia parte da vida
dos irmãos primitivos. O texto relata que eles "comiam juntos com alegria e
singeleza de coração" (v. 46). Quando decidimos levar isto a sério e pagar

15
um preço, a gente começa a experimentar a verdadeira alegria que deve reger
nossas vidas.

É interessante notar que a alegria não é para aquele que a busca, que apenas
tenta satisfazer seu ego (os egocêntricos), pois esses são os mais infelizes na
vida.

Aquele que busca a verdadeira alegria precisa aprender a renunciar, ser


abnegado, ter sua casa aberta para receber pessoas, fazer refeições junto com
os irmãos. Precisam estar amalgamados, tornando-se uma só família, um só
povo. Isso se aplica a toda a igreja do Senhor Jesus.

Não pense que dentro de nossas igrejas não temos pessoas egoístas. Todo
nós precisamos ter bastante cuidado para extirparmos essas atitudes maléficas
de nossas vidas, pois, para nos tornarmos um, devemos abrir mão até dos
nossos direitos legítimos. Assim sendo, vamos experimentar o sabor real da
alegria de viver em unidade.

3. Simplicidade

A terceira coisa neste mesmo versículo é que os irmãos primitivos tinham


"singeleza de coração". Singeleza quer dizer simplicidade. Se você quer pôr
em prática a visão do purê de batatas, você não pode ter, em seu
comportamento, atitudes e reações que comprometam a sua simplicidade.

Não podemos ser aquela pessoa complicada, muito sensível, que fica
magoada com simples fatalidades do dia-a-dia. Precisamos ter uma santa
ingenuidade. Não é o caso de você ser ingénuo por conta de distúrbios
psicológicos; não é nada disso. Mas essa ingenuidade deve ser o acreditar nas
pessoas, reconhecer o potencial de cada uma. É melhor a gente acreditar nas
pessoas mesmo que em alguns momentos elas falhem conosco, do que ser
eternamente desconfiados, olhando para os outros com olhar atravessado,
cheio de dúvidas com relação às suas motivações. A Bíblia retrata a Igreja
Primitiva como sendo simples, tomando suas refeições juntos com alegria e
simplicidade de coração.

CONSEQUÊNCIAS DE SE TORNAR UM

1. Muitos sinais e milagres

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A primeira consequência são os diversos milagres que aconteceram no seio da
Igreja Primitiva. "Muitas maravilhas e sinais se faziam pelos apóstolos"
(Atos 2.43).

Na medida em que ela perseverou na comunhão, começaram a acontecer os


milagres extraordinários, jamais vistos na história da humanidade. Deus
começou a curar as pessoas de maneira excepcional. A visão do puré de
batatas na célula é o segredo para os grandes milagres acontecerem.

Muitos de nós estamos buscando algum milagre, e Deus poderá nos abençoar
quando entendermos a importância de estarmos juntos no dia-a-dia. Dentro da
Igreja da Paz, espalhada por vários Estados do nosso Brasil tem ouvido
diversos testemunhos de cura e transformação na vida de milhares de pessoas
através dos grupos familiares se tornando um.

Dentre esses exemplos, quero destacar o caso do irmão Denis, que é um


empresário da nossa Igreja em Santarém, Pará. Quando esse episódio
aconteceu, ele era líder de célula. De lá para cá, já são mais de dez anos.

Uma senhora, membro do grupo familiar do irmão Denis, ficou sabendo que
estava com câncer de mama. Foi feita a mamografia e comprovado o câncer.
Ela, sendo uma senhora introvertida, acanhada, não soube expor a situação
para o grupo. Ficou sem jeito de falar para as pessoas de seu grupo familiar,
de pedir ajuda e oração, e por algum tempo ficou guardando o problema para si
mesmo. Vale destacar que nunca podemos nos sentir envergonhados de pedir
oração para a realização de qualquer coisa que precisamos.

O médico disse que ela precisava fazer uma cirurgia para vencer o problema
de saúde. E até chegou a marcar a data da cirurgia. Só então aquela irmã
finalmente encontrou a graça de se abrir com sua discipuladora e pedir ajuda.
A discipuladora aconselhou: “a irmã poderia compartilhar a situação com o nosso
líder do grupo familiar e com os demais membros. Assim todos nós oramos por você.
Se for preciso fazer a cirurgia, tudo bem, mas pelo menos a gente tem a oportunidade
de orar para Deus lhe libertar desta enfermidade".

A irmã concordou em contar a situação para o grupo familiar. É bom lembrar


que na nossa visão de igreja nós respeitamos as decisões dos discípulos.
Neste caso, a discipuladora só falou para o líder e para o grupo familiar
porque sua discípula lhe deu a permissão. Então a discipuladora contou para o
irmão Denis.
17
Ao saber da doença da irmã, o irmão Denis logo convocou uma reunião
extraordinária do grupo familiar, pois a próxima reunião, que era na quarta-
feira, estava longe. Ele chamou todos os membros para essa reunião de
emergência. Todos foram para a reunião curiosa em saber o porquê da tal
“intimação”. Ele disse para os membros: "Eu lhes convoquei porque
nosso grupo familiar está com câncer".

Todos ficaram sem entender o que ele estava dizendo. Ele continuou: "A
Bíblia fala que nós somos o Corpo de Cristo; então, se um sofre todos
também sofrem". E acrescentou: "nosso grupo familiar está com câncer".
E explicou o problema de saúde daquela irmã.

O irmão Denis foi bem enfático: "Vamos orar por ela. Se Deus quiser curá-la
pelas mãos dos médicos, ela vai se submeter a essa cirurgia. Porém,
vamos orar e, se for da vontade de Deus, Ele pode curá-la até antes da
cirurgia. O importante é que ela vai ficar curada".

Aí ele motivou o pessoal a pagar um preço de oração pela irmã enferma e


jejuar por ela. Os irmãos estavam unidos em um só propósito, que era a cura
completa. Depois de alguns dias de oração e jejum, eles disseram para a irmã
enferma, antes da cirurgia: "Faça mais uma mamografia" (ela ainda não
tinha feito a cirurgia). Então foi feito outro exame e por ele foi constatado que
ela estava totalmente curada do câncer.

Depois ela veio para o culto de celebração no domingo com as duas


mamografias (uma com o tumor cancerígeno e a outra constatando que
não havia mais qualquer tumor). Na reunião da igreja ela testemunhou o que
nosso grupo familiar fez durante vários dias, e compartilhou a cura com
todos.

2. Ajuda aos necessitados

Outra consequência maravilhosa no grupo familiar é o segredo de ajudarmos


as pessoas necessitadas. Veja como a Bíblia mostra que a Igreja Primitiva
compartilhava seus bens com os necessitados.

"E todos os que criam estavam juntos e tinham tudo em comum. E


vendiam suas propriedades e bens, e repartiam com todos, segundo cada
um havia de mister” Atos 2.44-45.

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E interessante notar que se um irmão tinha dois pares de sapatos e outro não
tinha nenhum, esse que tinha mais dava um par para o que não tinha. Esse era
o modo de viver da Igreja primitiva: um ajudando o outro.

Vale observar que eles não eram forçados a fazê-lo. Tudo isso era feito
voluntariamente, com amor. Porque eles mesmos queriam. Se um tinha três
camisas e um irmão só tinha uma camisa, então o que tinha mais dava para o
que tinha menos. Quem tinha muito ajudava que não tinha, e assim ninguém
ficava com muito e nem pessoas tinham necessidades.

Quando vivenciada, a visão do purê de batatas de se tornar um sempre vai


operar maravilhosamente, porque ela faz com que todos os necessitados
sejam supridos.

Numa igreja grande é impossível a gente saber quais são as pessoas que
estão passando por alguma dificuldade, pelo fato de serem muitas.

Deus não vai cobrar de você as necessidades de todas as pessoas da igreja


estarem sendo supridas financeiramente. O bom é que dentro do grupo
familiar isso é possível, porque são menos pessoas e elas podem receber a
atenção merecida.

É por isso que o grupo familiar é um lugar tão lindo, onde todo mundo é bem
cuidado, e ninguém vai passar por necessidades.

Havendo alguém necessitado no grupo familiar, os demais devem resolver o


problema daquela pessoa. Na grande reunião da igreja é difícil saber, pois se a
pessoa simplesmente se arruma e vai ao culto de domingo, como alguém pode
assim do nada, saber que ela está passando por dificuldades?

Mas no grupo familiar é possível. Isto se dá através da própria reunião que


acontece toda semana, ou em aniversários, cafés da manhã, almoço ou indo a
algum outro evento. Essas reuniões são propícias para as pessoas se
conhecerem melhor. Esse conhecimento se torna viável pelo fato de serem
poucas pessoas. Quando o grupo familiar cresce acima de 10 a 12 pessoas,
já se multiplica. Assim tem como todo mundo ser bem assistido.

3. Alegria compartilhada: Construir relacionamentos fortes

Outra consequência na visão do purê de batatas é o segredo da alegria:


"comiam juntos com alegria e singeleza de coração"(v.46).

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Às vezes tem pessoas que se sentem muito sós, deprimidas, tristes e, na
maioria das vezes, isso ocorre por causa da solidão. Elas até têm amizades, só
que são superficiais. O grupo familiar é composto de poucas pessoas, e isto
facilita a comunhão, tanto com Deus como com as pessoas.

Todos nós devemos ter relacionamentos sadios e profundos que nos


estimulem a crescer espiritualmente; não aqueles interesseiros que só querem
ter o que nós temos ou pegar alguma coisa de nós. Relacionamentos
profundos e duradouros são conquistados no grupo familiar.

Como exemplo prático do que está sendo falado, o grupo familiar pode
combinar um café da manhã onde Um leva o pão, outro, os ovos; uma terceira
pessoa leva o leite ou alguma fruta, e eles tomam o café da o trabalho.

Depois, cada um vai cuidai dos seus afazeres, porem durante aquele café eles
conversaram, cultivam relacionamentos profundos e satisfatórios, tendo uma
comunhão sadia e estreitando vínculos sólidos e inquebráveis. Nós até
brincamos em nossa igreja que o purê de batata combina bem com o café da
manhã, com almoço, com churrasco, aniversários ou qualquer outro evento. Na
verdade estamos nos referindo ao purê de batata espiritual, onde todos nós
nos tornamos um com os nossos irmãos.

4. Atração de novas pessoas para Jesus

Outra consequência é atrair o povo para Jesus. Mas é válido ressaltar que os
irmãos da Igreja Primitiva investiram tanto tempo juntos que milhares de
pessoas conheceram a Jesus.

"E, perseverando unânimes todos os dias no templo, e partindo o pão de


casa em casa, comiam juntos com alegria e singeleza de coração,
louvando a Deus, e caindo na graça de todo o povo. E todos os dias
acrescentava o Senhor à igreja aqueles que se haviam de salvar" (Atos 2.
46-47).

Precisamos entender algo muito importante sobre a Igreja Primitiva: eles não
tinham nenhum tipo de fobia ou pressão para ganhar almas para Cristo. Eles
sabiam que Jesus já havia prometido: "quando vocês se tornarem um, o
mundo todo vai crer" (João 17.23). Então eles se concentravam em ser um
purê de batatas (espiritualmente falando), fazendo refeições juntos,
repartindo os bens entre os carentes e não debando o egocentrismo reger as
suas vidas. Eles amavam uns aos outros de coração, e estavam sempre juntos.
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A Bíblia diz: "E todos os dias acrescentava o Senhor à igreja aqueles que
se haviam de salvar". Enquanto eu e você nos concentramos em ser um puré
de batatas espiritual, Deus se responsabiliza por trazer milhares de pessoas
para serem salvas. Glória a Deus. Isto é só o começo!

Observemos um grande segredo para atrair pessoas para Cristo. Se um grupo


familiar que é seco, sem vida, ele certamente não atrairá ninguém para Jesus.
No entanto, um que tem comunhão, é cheio de Jesus, onde acontece o puré de
batatas e existe vida, quase sem querer, de maneira natural, começa a atrair
pessoas para Cristo. Ele se torna como um ímã no bairro, onde as pessoas
começam a despertar o desejo de seguir a Jesus.

Todo mundo quer fazer parte daquele grupo familiar, pelo fato de nele existir
amor e comunhão verdadeiros. Lá tem algo que o mundo não oferece. Até
mesmo porque o mundo está morrendo por falta de amor genuíno, de alegria,
comunhão, de relacionamentos preciosos e duradouros.

A IMPORTÂNCIA DE SE TORNAR UM

1. Abundante graça sobre os cristãos

Vejamos o que a Bíblia diz a partir do momento em que a igreja se tornou um.
Observemos o texto abaixo.

"E era um o coração e a alma da multidão dos que criam, e ninguém dizia
que coisa alguma do que possuía era sua própria, mas todas as coisas
lhes eram comuns" (Atos 4.32).

A Bíblia faz questão de dizer que eles eram "um", que haviam se tornado um
verdadeiro purê de batatas. O resultado é que ninguém considerava seus bens
como sendo somente seus, "mas todas as coisas lhes eram comuns". Eles
realmente tinham o coração aberto um para com o outro.

"Não havia, pois, entre eles necessitado algum; porque todos os que
possuíam herdades ou casas, vendendo-as, traziam o preço do que fora
vendido, e o depositavam aos pés dos apóstolos" (Atos 4.34).

Quando o grupo familiar se encarrega de ser um, a Bíblia garante que o


Espírito Santo se responsabiliza por não deixar que haja necessidades dentro
21
do grupo, porque todos começam a repartir, à medida que cada um precisa.
Deus quer que os nossos grupos familiares sejam semelhantes aos da Igreja
Primitiva. Talvez você não saiba como fazer seu grupo familiar ser um.
Começam as indagações: "como podemos nos tornar um?", "Como, no
meu grupo familiar, eu posso me tornar um com os meus irmãos?”.

2. Crescimento Autêntico Da Igreja

O texto de Atos 5.14, na Nova Versão Internacional da Bíblia, diz o seguinte:


"Em número cada vez maior, homens e mulheres criam no Senhor e lhes
eram acrescentados". Não era um Crescimento fruto de oba-oba, de grandes
campanhas, de show gospel ou qualquer outro mecanismo de atração de
pessoas. Pelo contrário, as multidões eram atraídas pelo testemunho, pelo
exemplo de vida dos cristãos. A simples presença dos cristãos na comunidade,
e a observação que os não crentes faziam deles, era suficiente para que o
Evangelho de Jesus alcançasse as vidas.

A primeira comunidade de salvos vivenciou a proposta de Jesus e soube andar


de maneira digna e condizente com a Oração Sacerdotal de Jesus:

“Minha oração não é apenas por eles”. Rogo também por aqueles que
crerão em mim, por meio da mensagem deles, para que todos sejam um,
Pai, como tu estás em mim e eu em ti.

Que eles também estejam em nós, para que o mundo creia que tu me
enviaste. Dei-lhes a glória que me deste, para que eles sejam um, assim
como nós somos um: eu neles e tu em mim.

“Que eles sejam levados à plena unidade, para que o mundo saiba que tu
me enviaste, e os amaste como igualmente me amaste” (João 17.20-23 -
NVI).

O mundo do primeiro século soube, sem sombra de dúvidas, que Deus, o Pai,
enviara Jesus. O viver diário dos primeiros cristãos era a maior prova disto. O
texto bíblico diz que eles caíam na graça de todo o povo (Atos 2.46), prova de
que seu testemunho, tanto para com Deus como para com os da família na fé
era autêntico e contagiante.

CAPÍTULO 5

22
REPASSANDO A RECEITA DO PURÊ

Aqui está o segredo. Vamos repassar os detalhes da receita do purê? Se


entender bem o processo de fazer um purê, saberá também como se tornar um
no seu grupo familiar.

COM BATATAS CRUAS, NÁO DÁ!

Primeiramente, se estou com um saco cheio de batatas cruas e com casca,


como que eu vou fazer um purê? Para começar, eu preciso cozinhar as
batatas. E impossível fazer um purê com batatas cruas; isso não funciona.

Batatas cruas são leitosas, sem sabor e deixam um gosto amargo na boca.
Não pegam tempero, nem sal. Por isso, um dos primeiros processos para a
obtenção de um bom purê é o cozimento, através do qual a batata passará por
um processo sério de amolecimento e mudança total em sua textura e sabor.

COMO FAZER O PURÊ?

1. Cozinhar pela água do Espírito

Quer dizer que a pessoa precisa se converter de verdade. Lembra que para
cozinhar as batatas é preciso colocá-las numa panela com água? Na Bíblia a
água simboliza a Palavra de Deus.

Se quisermos ajudar alguém a "cozinhar", ou seja, converter-se de verdade, é


preciso ensopar aquela pessoa com a Palavra de Deus. Por exemplo, você
pode estar querendo ganhar alguém para Jesus com seus muitos argumentos,
falando do céu, tentando fazer com que a pessoa pense em Deus. Detalhamos
argumentos humanos com a ideia de convencer a pessoa, pelos

Nossos próprios argumentos, de que ela precisa entregar sua vida a Jesus,
mas isso não funciona. Olhe o texto do Profeta Isaías:

"Assim será a minha palavra, que sair da minha boca; ela não voltará para
mim vazia, antes fará o que me apraz, e prosperará naquilo para que a
enviei" (Isaías 55.11).

23
Por isso, veja bem o que você precisa fazer para ganhar alguém para Jesus:
você precisa cozinhar a batata. Você tem que cobri-la com água - com a
Palavra de Deus. Exemplo: você pode estar conversando com o seu vizinho,
falando sobre política, esporte, economia ou qualquer outro assunto e, de
repente, ao invés disso, querer convencer seu vizinho, com argumentos
bonitos, de que ele precisa entregar a vida a Jesus. Não deve ser assim.

Quando perceber a oportunidade, você deverá liberar a Palavra de Deus.


Lembre-se que a Palavra de Deus é a semente milagrosa que transforma o
coração do homem.

Nessa ocasião, você poderá compartilhar um versículo da Bíblia. No caso,


deve ser um que tenha a ver com o assunto que vocês estão comentando.
Você vai jogar água na batata porque, para a mesma ser cozida, é necessário
água.

Você poderá citar, por exemplo, as palavras de Jesus, quando Ele diz: "Eu sou
o caminho, e a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim"
(João 14.6).

Você poderá dizer: "Jesus não disse, meu vizinho, que Ele era um dos
caminhos. Não, Ele disse que Ele era o caminho, ou seja, ninguém vai a
Deus, vizinho, se não for por intermédio de Jesus. Ele é o passaporte que
nos leva ao céu. Não estou lhe falando de religião ou de qualquer igreja,
nada disso. Estou falando da gente ter uma comunhão com Deus. E isso
que eu desejo para você e para todos nós".

Depois você continua batendo papo, falando de outros assuntos, mas é


importante lembrar que a mensagem da fé foi lançada no coração do seu
vizinho. E assim, cada vez que vocês se encontrarem, você vai falar mais
sobre o propósito de Deus para a vida dele. Ou seja, ele está sendo ensopado
com a água da Palavra de Deus, e aquela água vai amolecendo a batata. Ele
vai para casa e aquele versículo fica martelando o pensamento dele, porque a
Bíblia diz que a Palavra de Deus não volta vazia. Ela tem em si mesma o poder
milagroso.

Não precisamos convencer uma pessoa a seguir a Jesus com nossos muitos
argumentos; só é preciso liberar a Palavra de Deus para a pessoa. Ele está
tomando banho e o versículo "Eu sou o caminho, e a verdade e a vida;
ninguém vem ao Pai, senão por mim" está falando com ele que Jesus é o
caminho para mudar a situação de sua vida; que Jesus é a verdade, e que ele
precisa ter o passaporte para a vida eterna.
24
Ele pensa: "tenho que esquecer isso, tenho que tirar isso da minha
cabeça". Aí ele vai e liga um som bem alto. Um som de brega, um forró
romântico ou qualquer outro para mudar o pensamento daquilo que você lhe
disse sobre o Evangelho. Mas o bom de tudo isso é ele não pode esquecer. A
Bíblia diz: "ela não voltará para mim vazia".

Depois aquele vizinho vai jogar bola para ver se esquece, e enquanto corre
pelo campo, ele se lembra da frase: "ninguém vem ao Pai, senão por mim".
Ele volta para casa, e depois, quando se deita para dormir, fica rolando na
cama e pensando: "ninguém vem ao Pai, senão por mim".

Aquilo vai amolecendo o coração dele. Ele está sendo cozinhado


espiritualmente e logo, com certeza, entregará sua vida a Jesus.

2. Cozinhar pelo calor do fogo

Não é suficiente somente colocar água sobre as batatas. É preciso também


colocá-las sobre o fogo. Isso tipifica o poder do Espírito Santo. Você tem que
orar em línguas, fazer guerra espiritual, interceder pela vida daquela pessoa,
reivindicando em vigílias e orações pelo seu vizinho ou amigo que você quer
ganhar para Jesus. Só que acontece uma coisa interessante: se a batata
tivesse olhos, mesmo assim não poderia enxergar o fogo, por estar ela dentro
da panela. Ela só sente os efeitos do fogo. Assim também você não deve orar
na frente do seu vizinho. Ele precisa simplesmente sentir os efeitos do fogo.

Eu e minha esposa, quando estávamos nas vigílias, eu a chamava para


orarmos pelos nossos vizinhos. As vezes isso durava até meia-noite ou mesmo
até o dia raiar. A gente orava bastante, e quando chegávamos a nossa casa,
de madrugada, voltando da vigília, levantávamos nossas mãos na direção
daquelas casas, mas sem acordar os vizinhos, até mesmo porque a batata não
vê e não ouve, somente sente o efeito do fogo do Espírito Santo.

Agora, com muita água e muito fogo, ela vai cozinhar. Isto é apenas uma
questão de tempo. Algumas batatas demoram um pouco mais porque são mais
duras, mas você pode ganhar qualquer pessoa para Jesus através desse
segredo da água e do fogo: a Palavra e o poder do Espírito.

3. O processo de tirar as cascas

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Agora, uma vez que a batata está bem cozida, ela está preparada para se
transformar em purê de batatas? A resposta é não. E preciso tirar a casca. É
aquela fachada que a pessoa tem.

Mesmo depois que se converter, a gente dá uma de muito espiritual: “Oi irmão,
tudo bem?" "A paz do Senhor!” Esse é um exemplo nítido de fachada. Não
precisamos aparecer assim para ninguém. Vamos ser nós mesmos. Estamos
aprendendo e crescendo. É preciso tirar a máscara. O grupo familiar é o
melhor ambiente para isso acontecer, através do discipulado um a um, e no
contexto geral do próprio grupo familiar.

Uma vez que a batata está bem cozida, só de tocar nela a casca já começa a
se soltar. Já outras você toca nelas e só sai uma pequena fatia de casca.
Assim são as pessoas: uma vez convertidas, elas se abrem, pedem ajuda,
reconhecem os erros e procuram mudar suas atitudes erradas. Porém existem
outras que são mais reservadas, são inibidas para abrir seu coração e receber
ajuda.

Nunca podemos arrancar a máscara de alguém. É a própria pessoa que


precisa tirá-la. Quando Jesus estava à frente do túmulo de Lázaro, Ele deu
uma ordem: "tirai apedra" (João 11.39). Ele não disse: "Pedro e João,
venham me ajudar a tirar a pedra". Jesus não era um ditador; então, por que
Ele deu a ordem de tirar a pedra?

Simbolicamente, "tirar a pedra" fala que, se você quer o poder da ressurreição


na sua vida, o seu Lázaro ressurreto, você vai ter que fazer a sua parte. Eu não
vou fazer por você. Aliás, Deus nunca tira a nossa máscara. Ele nunca lhe
força a se abrir com ninguém. Ele não vai tirar a sua casca. Essa atitude
depende da sua decisão de jogar fora essa máscara. E você quem tem o dever
de fazê-lo. Por isso, Ele diz: "você tira a pedra e Eu vou trazer vida e
ressurreição para dentro de você".

Muitas vezes somos como Marta. Ela disse: "não, Senhor, não manda tirar a
pedra porque Lázaro morreu já faz quatro dias, e vai cheirar mal se
tirarmos a pedra" (João 11.39). E nós também falamos: "Deus, eu não
quero tirar minha máscara porque o povo vai ver que eu tenho muitos
defeitos e não sou perfeito".

Muitos preferem chegar à igreja e dar um sorriso, demonstrando que está tudo
bem, mas em casa têm atitudes terríveis para com a esposa e filhos, ou o
marido. Se você quiser ser curado, é preciso você mesmo tirar sua máscara.
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A atitude de muita gente é ser como Marta, ao dizer: "Não, Senhor, está
cheirando mal aqui dentro; eu não quero tirara máscara". Mas Jesus lhe
fala: "Mesmo que esteja cheirando mal, que haja podridão na sua vida, eu
vou ressuscitar o seu Lázaro, eu vou trazer vida e realizar o milagre. Mas
você tem que primeiro tirar a sua pedra". Tirar a pedra, a casca e a
máscara.

Agora, vamos ser honestos: todos nós temos alguma camada de casca. Muitos
de nós já tiramos algumas cascas, mas ainda assim temos algumas que
precisam ser tiradas. A Bíblia adverte: "O que encobre as suas
transgressões nunca prosperará, mas o que as confessa e deixa,
alcançará misericórdia" (Provérbios 28.13).

Nós confessamos o nosso pecado para Deus a recebermos perdão. Só que se


você quer ser curado definitivamente do problema, a Bíblia diz: "Confessai as
vossas culpas uns aos outros, e orai uns pelos outros, para que sareis. A
oração feita por um justo pode muito em seus efeitos" (Tiago 5.16).

O PROCESSO DE AMALGAMAR AS BATATAS

Aqui está uma dentre tantas vantagens de fazer parte de um grupo familiar,
do discipulado, onde você pode se abrir e confessar seus pecados dentro do
contexto do grupo familiar e ser curado.

1. Vivendo sem cera

O que é ser sincero? É você tirar a casca. No latim, a palavra sincero que dizer
"sem cera". O ator usava uma máscara de cera. Ás vezes, por fora ele estava
todo sorridente, mas, por trás era um ator triste.

Às vezes nós temos esta mesma atitude: estamos cheios de problemas, mas
quando chegamos à igreja demonstramos que está tudo bem e que não
estamos passando por nenhum problema. Deus não quer isso para nós. Ele
quer que sejamos sinceros, e o grupo familiar e o discipulado são os melhores
ambientes para sermos sinceros.

O grupo familiar verdadeiro não faz fofoca quando alguém expõe um


problema. Eles oram e amam uns aos outros. Não é uma "panelinha", nem
lugar para partidarismo, mas um lugar de amor e carinho. E quando todo
mundo está bem cozido e largando a casca, estão prontos para fazer o purê de

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batatas. Mas ainda é preciso amassá-las juntas. "E todos os que tinham tudo
em comum" (Atos 2.44)

Eu lembro que quando eu liderava um grupo familiar, decidimos estar juntos


todos os dias. Não precisamente todos os membros, mas todos os que
pudessem. E claro que conseguíamos reunir todos em algumas ocasiões,
como café da manhã, para um almoço, para vigílias, jogar vôlei ou qualquer
atividade. Nós decidimos mesmo separar um tempo todo dia para estar com
um de nossos membros, amalgamando e nos tornando um verdadeiro purê de
batatas. Enfim, decidimos todo dia abri mão de parte do nosso tempo para
estar com alguém.

2. Atividades de lazer e recreação

Nós, cristãos, muitas vezes temos conceitos e definições interessantes para o


que é espiritual e o que não é. Há coisas que em si não são pecado e que os
cristãos fazem. Por exemplo, crentes podem ir à praia, jogar bola, ir ao
cinema, fazer caminhadas e passeios ecológicos, etc. Mas será que essas
coisas são espirituais?

Ir à igreja aos domingos, orar nas vigílias, adorar com as mãos levantadas são
coisas espirituais. Dar dízimos e ofertas, ajudar no departamento infantil,
prontificar-se para servir a Santa Ceia e cooperar com o Acolhimento são
coisas igualmente espirituais. Mas será que aquelas primeiras não o são?

Para o cristão que ama a Deus, tudo é espiritual. Jogar bola com os filhos ou
irmãos do grupo familiar, ir à praia, tomar o café da manhã juntos, sair para
almoçar ou jantar: tudo é espiritual, desde que seja feito para glorificar a Deus.

3. Estímulo ao crescimento espiritual

Pode até ser um tempo relativamente curto, mas se for bem aproveitado, trará
grandes resultados para o grupo familiar. Se quiser fazer um purê de batatas,
é preciso amassar as batatas juntas. O nosso grupo familiar se tornou tão
alegre, os irmãos começaram a se sentir tão felizes, que aconteceu uma coisa
engraçada. O nome do grupo familiar era Maranata, mas foi mudado para
"Purê de Batatas". Multiplicamo-nos e saiu dali mais um grupo familiar o
"Purê de Batatas II" e, enfim, vários outros grupos familiares nascidos
daquele primeiro.

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Eu me lembro de uma Irmã de nossa igreja em Santarém, no Pará, chamada
Sandra Coimbra. Lembro-me dela falando que o grupo familiar que tinha em
seu apartamento era uma coisa chata, sem vida e cega, e que ela não gostava
da reunião na quarta-feira porque aquilo só dava trabalho para ela.

Mas ela ficava com vergonha de falar que não queria mais a reunião do grupo
familiar em seu apartamento. Mas agora, depois que o grupo familiar pegou a
visão do purê de batatas, os membros começam a estar mais juntos e a investir
seu precioso tempo em unidade.

Antes eles até convidavam alguém para participar da reunião uma vez. Depois
que eles se tornaram um purê de batatas, aquele grupo familiar, de maneira
natural, começou a se encher de visitantes, cresceu e se multiplicou.

A irmã Sandra Coimbra chegou a dizer, depois: "Antes eu nem queria o grupo
familiar em meu apartamento. Eu estava com vergonha de pedir para parar com a
reunião. Agora o dia da semana que mais eu espero é a quarta feira, pois é o dia mais
gostoso, onde todos os membros estão juntos".

Esse purê de batatas é muito gostoso porque investe tempo fazendo vigílias,
fazendo reuniões de oração ou promovendo outras atividades complementares.
É fundamental ressaltar que esses momentos juntos são ideais para motivar a
fé um dos outros, onde podemos amar e encorajar um ao outros a crescer na
fé, a ser espirituais, e realmente buscar a Deus.

4. Discipulado vertical e horizontal

O ambiente do purê de batatas é importante também para os membros


poderem se abrir um com o outro sem medo de fofocas. Se alguém fofocar, vá
e chame a sua atenção com amor e carinho, corrigindo a situação.

Como já há um clima de intimidade e confiança, o discipulado profundo se


torna uma consequência natural do purê. Os irmãos vão abrir o seu coração
mais facilmente e assim poderão receber ajuda uns dos outros, numa
atmosfera de amor e cuidado do mútuos, sem medo ou pressões.

5. Evangelismo De Qualidade Juntos

Ganhar pessoas para Jesus deixa de ser uma tarefa difícil e ameaçadora para
se tornar algo prazeroso e frutífero. Os irmãos do purê terão prazer em integrar

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novas pessoas, em ir atrás, em criar oportunidades para falar de Jesus e
comunicar o Seu amor. O discípulo vai junto com o discipulador e os dois,
cheios do Espírito Santo, compartilham o amor de Jesus. Os resultados serão
mais vidas ganhas, mais batatas que vão cozinhar e aumentar o purê.

EVITANDO QUE O PURÊ AZEDE

1. Manter a atmosfera de confiança e transparência

A manutenção dessa atmosfera é fundamental para que o clima de amor e


confiança permaneça alto entre os membros. Nada pode interferir nesse
processo. Todos precisam ser o mais abertos possível, não tendo nada a
esconder. Se alguém tiver qualquer mágoa ou ressentimento de outrem, deve
imediatamente procurá-lo e tirar tudo a limpo.

2. Confrontar com amor e firmeza.

É quase inevitável que alguém nos ofenda. Isto acontece por muitas razões,
mas duas delas são bem claras: a primeira é que nós ainda não somos cem
por cento perfeitos, e a segunda, semelhante a esta, é que o nosso irmão
também não está cem por cento perfeito.

E mais fácil falar sobre alguém que nos ofendeu do que conversar com a
pessoa acerca da ofensa. É mais fácil acabar com a reputação de alguém do
que confrontar em amor. Mas os membros do Corpo de Cristo. Antes batatas
cruas, agora unidas no mesmo purê. São chamados para amar uns ao outros,
recaindo sobre cada um a responsabilidade de resolver suas diferenças. Porém
alguém tem que começar, e o espiritual procura o outro primeiro.

"Se o seu irmão pecar contra você vá e, a só com ele, mostre-lhe o erro.
Se ele o ouvir, você ganhou seu irmão. Mas se ele não o ouvir leve
consigo mais um ou dois outros, de modo que 'qualquer acusação seja
confirmada pelo depoimento de duas ou três testemunhas. Se ele se
recusar a ouvi-los, conte à igreja; e se ele se recusar a ouvir também a
igreja, trate-o como pagão ou publicano" (Mateus 18.15-17 – NVI).

Todos os envolvidos têm responsabilidades no concerto. Embora tais


conversas quase nunca sejam fáceis, a ajuda de outros só deve ser buscada

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para a conciliação se as diferenças não forem resolvidas entre as partes. Isso é
necessário para a saúde do Corpo de Cristo, e para que o purê não azede,
mas permaneça macio e saudável.

Muitas vezes, na tentativa de evitar o confronto, evitamos conversas que


poderiam restaurar relacionamentos. O medo do que pode acontecer, o medo
da reação do outro impede que a reconciliação ocorra.

Restaurar relacionamentos não é fácil, mas os seguidores de Cristo, cheios do


Espírito Santo, farão o esforço necessário para trazer paz e amor a um mundo
de conflito e ódio. O confronto em amor e a reconciliação podem realizar
grandes milagres, para a glória de Deus.

3. Humilhar-se para receber conselho e oração.

A Bíblia diz que aquele que se humilhar será exaltado. Esta humilhação, onde
a pessoa reconhece seus erros e busca a graça e a suficiência de Deus, é uma
das chaves para a bênção, para o crescimento. Só que não é somente
humilhação diante de Deus. Se nossas atitudes erradas atingiram pessoas, se
outros foram afetados pelas nossas ações, devemos nos humilhar diante delas
para conserto.

Nossos irmãos do grupo familiar, especialmente nosso discipulador e nosso


líder, só querem o nosso bem. Assim, devemos ser sinceros e transparentes
com eles. Eles vão orar conosco e nos aconselhar na direção certa, e assim o
purê continuará sendo uma bênção, sem bactérias ou germes.

4. Cuidado Com As Panelinhas.

Queremos ressaltar ainda algo de suma importância. O grupo familiar vai se


tornar um purê de batatas, mas só tem um perigo: ele não pode tolerar
fofocas ou panelinhas. Se isto acontece, o purê de batatas também começa a
azedar.

O Que São Panelinhas? São grupinhos que se formam na célula e sempre


se agrupam uns ao redor dos outros. São sempre três, quatro ou cinco
pessoas. Conversam somente entre eles, falam baixo e têm assuntos em
comum que os demais não sabem.

Durante a semana, quando não há atividades da célula, muitas vezes essas


panelinhas "fervem" separadas. Os outros se sentem excluídos, ficam
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"voando" com relação àquela panelinha. Resultado? O purê principal sofre,
começa a azedar!

Os membros têm que ser íntimos uns dos outros, abertos e dispostos a receber
todos que vão entrando no grupo. Ninguém pode ser deixado de lado. Mesmo
que seja uma batata crua, ela vai cozinhando, largando a casca. Sem ver, ela
vai se transformando em um delicioso purê de batatas juntamente com os
demais.

Isto ocorre porque o grupo familiar serve como um ímã para atrair as pessoas
para essa maravilhosa visão do purê de batatas, que é servido toda semana
para os membros do grupo familiar.

CONCLUSÃO

Chegamos ao final deste estudo com a certeza de que conseguimos expressar


o nosso coração quanto ao assunto comunhão. Nossa intenção não foi fazer
um estudo profundo e exaustivo sobre a Koinonia, suas ocorrências e
variações. Pelo contrário, objetivamos mostrar como a comunhão entre os
irmãos foi decisiva para o sucesso da igreja do primeiro século e continua a sê-
lo para os cristãos do século XXI. E cremos que o fizemos, a partir da figura do
purê de batata.

O grupo familiar é o Corpo Místico de Cristo. Na verdade, esta definição


existe para a igreja, a qual se diz ser o Corpo Místico de Cristo. Considerando-
se que o grupo familiar é a igreja no lar, a definição se aplica a ambos. Em
Cristo e por meio de Cristo a vida do cristão está unida por um vínculo
sobrenatural à vida de todos os demais cristãos igualmente membros desse
corpo místico.

Demonstramos que o ser humano foi criado por Deus, a partir de uma
comunhão de amor que existe entre o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Essa
mesma comunhão existe entre Deus e o homem, quando este nasce de novo e
começa a desenvolver um relacionamento de dependência e intimidade com
Ele.

Mas a dinâmica do purê de batatas conduz o homem a aspirar encontros


profundos de comunhão para ser feliz. O homem não pode alcançar plena
realização pessoal senão pela comunhão, e não pode atingir essa comunhão a

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não ser vivendo o dinamismo da mútua e recíproca entrega e acolhida, tanto
com os irmãos quanto com Deus.

Rejeitar sentar-se à mesa com Deus e com os irmãos é pecado. Deus está
edificando uma grande família de filhos e filhas semelhantes a Jesus, onde
todos devem ser um, como Jesus orou. Mas essa comunhão, esse purê
saboroso não pode chegar ao ponto ideal de cozimento se há isolamento, ou
barreiras entre as "batatas".

Como já dissemos, não existe nenhum outro ambiente melhor que o grupo
familiar para a vivência dessas verdades. Nele, todas as funções do Corpo de
Cristo serão desempenhadas.

Quanto mais unido o purê, mais o Reino de Deus sairá lucrando, pois cada um
dará o melhor de suas capacidades e possibilidades para corresponder ao
plano de Deus de edificar uma igreja poderosa, grupos familiares poderosos,
onde cada um coloca seus dons e talentos a serviço de Deus e dos irmãos.

Quando assim fizermos, os resultados serão mais gente entrando na família,


mais glória para o nome de Jesus, mais purê na mesa e mais alegria.

Semelhante à Igreja Primitiva, vamos continuar a comer o nosso purê com


alegria e singeleza de coração, para que o Senhor continue acrescentado, dia
a dia, os que vão sendo salvos.

E isto é só o começo!

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