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CUIABÁ – MT
2007
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO - UFMT
INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA - ICET
DEPARTAMENTO DE FÍSICA
CUIABÁ - MT
2007
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA
Programa de Pós-Graduação em Física
CERTIFICADO DE APROVAÇÃO
Comissão Examinadora:
________________________________
Orientador: Prof. Dr. Ailton José Terezo
UFMT
______________________________________
Examinador Interno: Prof. Dr. Mauro M. Costa
UFMT
_____________________________________
Examinador Interno: Prof. Dr. Laerte Pinhedo
UFMT
_____________________________________________
Examinador Externo: Prof. Dr. Sílvio César de Oliveira
UFMS
DEDICATÓRIA
9 Ao Prof. Dr. Ailton José Terezo, pela orientação, dedicação, supervisão e pela enorme
9 Ao Prof. Dr. Alberto Sebastião Arruda pela contribuição e luta para implantação do
9 Um agradecimento especial ao mestrando Mauro Dresh pela ajuda e parceria com sua
experiência de laboratório.
pela análise de microscopia sem as quais não seriam possível a realização deste
trabalho.
9 Ao Sr Nilton (graduando em Física), pela palavra certa, na hora certa que mudou o
Elisângela, Danilo, Elaine, França, Adriano, Isabela, Laura, Jean, Thiago, Paulo e
9 Aos meus amigos Flávio, Sílvio, Galvão, Glaydson e Vagner pelo apoio
9 Aos meus pais, cuja maior herança que me deixaram foi os estudos.
LISTA DE FIGURAS..................................................................................................... VI
RESUMO………………………………………………………………………………. X
ABSTRACT..................................................................................................................... XII
1. INTRODUÇÃO........................................................................................................... 01
2. OBJETIVO.................................................................................................................. 30
3. METODOLOGIA....................................................................................................... 31
3.1 MATERIAIS............................................................................................................... 31
3.1.2 Polianilina............................................................................................................... 31
iv
3.2 MÉTODOS EXPERIMENTAIS................................................................................ 34
3.2.2 Cronopotenciomentria........................................................................................... 37
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO................................................................................ 41
5. CONCLUSÕES.......................................................................................................... 63
6. BIBLIOGRAFIA........................................................................................................ 65
v
LISTA DE FIGURAS
vi
Figura 4.7: Variação da capacidade específica em função da velocidade de
varredura para temperaturas de calcinação de (a) 200, (b) 300, (c) 400 e (d)
500 ºC................................................................................................................ 48
Figura 4.8: Curvas de carga e descarga de RuO2 calcinado a 400 ºC. j = 10 mA.cm-2......... 49
Figura 4.9: Voltamograma cíclico de RuO2/PANI (10/90%) (a) com variação da janela do
potencial e (b) entre 0,1 e 0,9 V em H2SO4 1,0 mol.L-1 a 5 mV.s-1.................. 51
Figura 4.10: Voltamogramas de eletrodos de RuO2/PANI em diversas proporções (a) com
RuO2 a 300 ºC e (b) com RuO2 a 400 ºC. v = 10 mV.s-1................................... 52
Figura 4.11: Variação da capacidade específica em função da porcentagem de RuO2 nos
compósitos com (a) RuO2 a 300 ºC e (b) RuO2 a 400 ºC. v=10 mV.s-1............ 53
Figura 4.12: Variação das capacidades específicas em função da ciclagem de eletrodos
de compósitos de RuO2/PANI com RuO2 calcinado a (a) 300 e (b) 400 ºC...... 54
Figura 4.13: Ciclagem dos eletrodos de RuO2 e/ou PANI (a) PANI, (b) RuO2 300 ºC, (c)
RuO2/PANI 30/70% - 300 ºC e (d) RuO2/PANI 30/70% - 400 ºC v=10 mV.s-1 56
Figura 4.14: Cronopotenciometria de eletrodos de RuO2/PANI na proporção de 30/70%
com RuO2 calcinado a 300 e 400 ºC com corrente de 1,0 mA.cm-2.................. 57
Figura 4.15: Micrografia eletrônica de varredura da PANI pura. Aumento de 10.000x........ 58
Figura 4.16: Micrografia eletrônica de varredura de compósitos de (a) 10/90, (b) 30/70 e
(c) 50/50% com RuO2 a 300 ºC. Aumento de 10.000x..................................... 59
Figura 4.17: Micrografia eletrônica de varredura de compósitos de (a) 10/90, (b) 30/70 e
(c) 50/50% com RuO2 a 400 ºC. Aumento de 10.000x..................................... 61
Figura 4.18: Difratogramas de raios-X comparativos para (a) RuO2/PANI 50/50% 400 ºC
e (b) RuO2 400 ºC............................................................................................... 62
vii
LISTA DE TABELAS
viii
LISTA DE ABREVIAÇÕES E SIGLAS
CA Carbono ativado
CE Capacitores eletroquímicos
CEl Contra eletrodo
CEDC Capacitores eletroquímicos de dupla-camada
CEH Capacitores eletroquímicos híbridos
CEPC Capacitores eletroquímicos de pseudocapacitância
DRX Difração de raios-X
DTA Differential thermo analysis
dTG Derivada termogravimétrica
Eca Potencial de circuito aberto
EA Eletrodo auxiliar
ER Eletrodo de referência
erhms Eletrodo de referência de hidrogênio na mesma solução
ET Eletrodo de trabalho
ISI International society of information
MEV Microscopia eletrônica de varredura
NMP N-metil pirrolidona
PANI Polianilina
PPy Polipirrol
PT Politiofeno
PVDF Polivilinideno
RDH Reação de desprendimento de hidrogênio
SMAE Supercondutores magnéticos de armazenagem de energia
TEM Microscopia eletrônica de transmissão
TG Termogravimetria
VC Voltametria cíclica
ix
RESUMO
investigados foram preparados pelo método de precipitação usando uma solução aquosa de
polianilina foi obtida a partir da anilina destilada e polimerizada pelo método químico
TG/DTA mostraram a presença de dois processo de decomposição térmica, a 100 e 420 oC,
carbonato e/ou amônio remanescente do agente precipitante empregado. Desta forma, o RuO2
hidratado foi obtido quando o óxido foi calcinado a 200 ºC enquanto que para temperaturas
A máxima capacidade observada foi de 611 F.g-1 seguido de uma forte queda para 200 F.g-1 e
125 F.g-1 para RuO2 calcinados a 400 e 600 oC, respectivamente, como uma conseqüência da
evaporação da água seguida da cristalização com a redução da área específica. A análise dos
a 10 mV.s-1, a capacidade ficou em torno de 310 F.g-1 quando o compósito continha RuO2
calcinado a 300 oC, diminuindo para 290 F.g-1 para RuO2 calcinados a 400 ºC. A estabilidade
x
dos capacitores eletroquímicos à base de compósitos RuO2/PANI se apresentou dependente da
composição, sendo que a perda de carga dos eletrodos contendo até 30% de RuO2 foi
xi
ABSTRACT
bicarbonate as precipitant agent. After washing, the hydrated oxides were calcinated between
100 and 600 oC under ambient atmosphere. The polyaniline was obtained from distillated
aniline by means of polymerization with the conventional chemical method using ammonium
persulfate as oxidant agent. The charging and transportation processes were investigated by
X-ray diffraction measurements. The TG/DTA curves of the precipitated showed two thermal
events at 100 oC and 420 oC which were attributed, respectively, to the water evaporation and
agent employed. In this way, the hydrated RuO2 was obtained when the oxide were calcinated
at 200 oC while for higher temperature the X-ray diffractograms showed the crystallization of
the RuO2 in the rutile phase. The maximum capacitance of 611 F.g-1 for the RuO2 calcinated
at 300 oC followed by an strong decrease up to 200 F.g-1 and 125 F.g-1 for the RuO2 calcinated
at 400 and 600 oC, respectively, as a consequence of the water evaporation followed by the
crystallization which reduces the specific surface area. The voltammetric characterization of
the RuO2/PANI composites showed that electrodes containing 10% and 30% of ruthenium
oxide exhibit higher charging capacity. In this compositions, at 10 mV.s-1, the capacity was
310 F.g-1 with the RuO2 calcinated at 300 oC, decreasing to 290 F.g-1 the RuO2 calcinated at
400 oC. The stability of the electrochemical capacitors based on the RuO2/PANI composites
xii
was dependent of the composition, being the capacity loss of the 30/70% electrode equivalent
to that one of pure RuO2 electrode. Results from scanning electron microscopy showed that
the porosity of the composite increases with the RuO2 content, contributing for the charging
specific energy of 18,5 Wh.kg-1 and specific power of 55 W.kg-1, which are compared to the
xiii
1. INTRODUÇÃO
pesquisa por novos dispositivos para aplicação em veículos elétricos híbridos, células solares,
Para uma geração local da energia (gerador, célula a combustível, turbina de gás,
necessitada por muito tempo. O armazenamento da energia elétrica pode ser feito em campos
elétricos (capacitores), por meio das reações químicas (baterias), em campos magnéticos
aplicação a que se destina. Dentro deste contexto, as baterias ocupam um papel importante
devido a sua aplicação em diferentes equipamentos. Nas baterias a energia elétrica é gerada a
químicas são reversíveis e, portanto, a bateria pode ser recarregada. Nos capacitores
1
As baterias possuem uma densidade elevada de energia, entretanto, possuem
dE
P= (1)
dt
tentativas de introduzir tais dispositivos foram empreendidas pela empresa Sohio. Entretanto,
companhias tais como Technologies Maxwell, Siemens Matsushita (agora EPCOS), NEC,
supercapacitores[1,3].
2
Figura 1.1: Gráfico de Ragone dos principais dispositivos de conversão e armazenamento de
energia. Extraída da Ref.[1]
Além disso, os supercapacitores, em geral, apresentam tempo de vida útil muito maior
Com base nos materiais dos eletrodos usados e dos mecanismos de armazenamento de
dupla-camada, que empregam o carbono ou outros materiais similares como eletrodo; (b)
óxidos (RuO2, NiO, etc...) e/ou os polímeros condutores; e (c) capacitores híbridos, que
custo, ii) elevada área específica e iii) disponibilidade. O carbono pode se obtido na forma de
pó, tecido condutor, fios ou fibras e pode apresentar área de superfície de até 2.500 m2.g-1.
3
nanométricas têm despertado grande atenção, principalmente aqueles sintetizados na forma de
nanotubos[7,8].
comportamento típico de sistemas capacitivos[9] e tem sido proposto a aplicação deste óxido
Entre estes materiais, o óxido de rutênio foi reconhecido como um dos candidatos
mais promissores para aplicação em supercapacitores, pois pode armazenar cargas de forma
reversível. Foi reportado na literatura que RuO2 (RuOx.nH2O amorfo) apresenta capacidade
resistência resulta em um material com potência específica alta, o que possibilitou o uso
Alguns materiais poliméricos têm sido investigados para aplicação como eletrodos em
polímero condutor como eletrodo positivo e carbono ativado como eletrodo negativo. O
4
polímero escolhido foi poli(4-fluorfenil-3-tiofeno) (P-4-FPT), cujas propriedades são bem
conhecidas. Diversos carbonos ativados foram testados e a proporção das massas dos
materiais ativos foi calculada para obter a tensão máxima de 3,0 V operando em eletrólito
orgânico[6,17].
O eletrólito empregado pode ser orgânico ou aquoso. A diferença principal está no fato
obtida ultrapassa 3,0 V[18], porém, a sua alta resistência afeta significativamente a potência
material, o eletrólito a ser utilizado, entre outras variáveis. A compreensão do efeito destas
variáveis sobre o desempenho dos CE é objeto de muitos trabalhos científicos publicados nos
últimos anos.
5
o
formada é da ordem de 2 a 10 A e depende da concentração e do tamanho dos íons no
ε oε r
C= A (2)
d
eletrodos porosos (alta área específica) para preparar os CE. Na Figura 1.2 apresenta-se um
contendo o material poroso à base de carbono ativado permeado com eletrólito e separado por
6
Figura 1.2: Representação esquemática de um capacitor eletroquímico, da formação da dupla-
camada elétrica nas interfaces dos dois eletrodos. Extraída da Ref. [1]
No material poroso o acúmulo de carga se dá na interface entre o eletrólito e as
potencial do eletrodo.
e centenas de milhares de ciclos são atingidos com um dado elemento de carga que
armazenamento de energia é realizado por meio da divisão da carga em dois eletrodos com
um CEDC pode ser representado de acordo com as Eq. (3), (4) e (5).
No eletrodo positivo:
Es + A- ⇋ Es+//A- + e- (3)
No eletrodo negativo:
Es + K+ + e- ⇋ Es-//K+ (4)
7
E a reação total:
positivo ao eletrodo negativo por uma fonte externa e os íons do eletrólito movem-se para os
íons migram da superfície do eletrodo para a fase volume do eletrólito. As noções teóricas a
respeito da capacidade específica de CEDC são baseadas nas teorias clássicas elaboradas por
qmax
C= (6)
U max
onde Umax é o valor máximo da diferença de potencial de descarga nos terminais e qmax é a
carga máxima do CEDC. A energia eletrostática máxima armazenada é dada pela Eq. (7).
2
CU max
E max = (7)
2
podem ser preferíveis aos eletrólitos aquosos. A possibilidade de se usar uma maior tensão de
8
trabalho, apesar de uma capacidade específica relativamente pequena, leva a uma energia
específica maior.
Os eletrólitos usados em CEDC devem ter uma tensão máxima de decomposição, uma
temperatura que se estende desde -25 a 70 ºC. Os inconvenientes principais das soluções
aquosas são: uma tensão baixa de descarga, uma faixa de temperatura de trabalho estreita e
uma atividade elevada de corrosão. Os eletrólitos líquidos não-aquosos têm uma tensão de
decomposição da ordem de 2,3 V podendo chegar a 4,0 V em alguns eletrólitos[3], uma larga
capacidade total do CEDC com eletrólitos não-aquosos é menor do que com eletrólitos
aquosos, devido a sua capacidade específica por unidade de área ser consideravelmente
menor.
na forma de uma fina camada. Entretanto, tais eletrólitos não preenchem adequadamente os
9
Capacitores eletroquímicos de pseudocapacitância (CEPC) armazenam as
10
As reações eletroquímicas que prosseguem em tais pseudocapacitores estão
No eletrodo positivo:
No eletrodo negativo:
Na reação total:
curso de cada reação deste tipo, dá-se forma a um poli composto entre o polímero
11
chamado tradicionalmente de dopagem por ânions ou por cátions e o uso de alguns
uma com dopagem tipo n (redução). Embora a maioria dos polímeros condutores
(polipirrol e politiofeno) como ânodo e cátodo e os capacitores do tipo III, que é visto
como o mais promissor, são baseados no mesmo polímero condutor que pode ser
12
carregado está em um estado completamente de dopagem tipo n e no outro
II. Primeiramente, pode-se obter uma tensão de até 3,0 V em soluções eletrolíticas
não aquosas, além disso, pode realizar seu completo carregamento em uma
condução eletrônica máxima, contrariamente aos capacitores dos tipos I e II, onde o
base para o eletrodo negativo em capacitores híbridos foi possível fazer uma série
13
A janela de potencial de trabalho de um capacitor híbrido está na faixa de 0,8
14
Figura 1.3: Representação esquemática de capacitores eletroquímicos híbridos: (1)
recipiente, (2) material isolante, (3) condutor de corrente do eletrodo
negativo, (4) eletrodo negativo, (5) eletrodo positivo, (6) separador poroso
e (7) barreira hermética. Extraído da Ref. [6]
eletrodo positivo:
negativo:
(15)
)ad/Es+ (16)
15
classificado como pilhas eletroquímicas, porque o eletrólito está presente somente
estado livre.
`as custas do que ocorre no eletrodo PbSO4/PbO2, e a pressão interna dos gases
reduz para valores entre 3-12,2 kPa. Tais processos são os prováveis responsáveis
entre 0,5 a 2,0 mg.cm-2 que se move do eletrodo positivo, são depositados no
como telefones móveis, filmadoras, jogos, etc. Uma vantagem do CEH sobre as
e de Pseudocapacitância
e, além disso, o número de íons que fazem parte do processo de geração da dupla-
camada elétrica é geralmente menor do que o número de prótons que estão sendo
Figura 1.4: Curva de descarga para (1) dupla-camada, (2) faradáico, e (3) processo
de dupla-camada + faradáico para partículas de RuO2.xH2O. Extraído da
Ref. [6]
17
Nas curvas de descarga observou-se que CEDC descarregam em um tempo
dos dois processos e, assim, fornecendo uma descarga com um tempo maior frente
aos demais. O modelo proposto prediz também que um processo faradáico eleva
100 kW.L-1.
somente em suas camadas de superfície. Por outro lado, as reações redox na fase
interna do eletrodo pelos prótons[6], que podem restringir a taxa máxima de carga e
18
Os primeiros artigos publicados na literatura foram em meados da década de
anos, demonstrando o interesse por estes novos materiais. A Figura 1.5 mostra a
pelo assunto.
3 3 0
a rtig o s in d e x a d o s
3 0 0
2 7 0
n a b a se IS I
2 4 0
2 1 0
1 8 0
1 5 0
1 2 0
9 0
6 0
3 0
0
1 9 9 2
1 9 9 3
1 9 9 4
1 9 9 5
1 9 9 6
1 9 9 7
1 9 9 8
1 9 9 9
2 0 0 0
2 0 0 1
2 0 0 2
2 0 0 3
2 0 0 4
2 0 0 5
2 0 0 6
2 0 0 7
Figura 1.5: Evolução no número de artigos sobre capacitores eletroquímicos publicados entre 1992 e
2007.
19
necessária com o intuito de apresentar os resultados obtidos até o presente
momento.
a elevada área de superfície seja uma exigência preliminar para o material do eletrodo,
quando uma carga enorme deve ser armazenada em um dispositivo razoavelmente pequeno,
alguns outros aspectos da física e da superfície podem ser críticos para o desempenho do
sistema poroso a um dado eletrólito. Por outro lado, as características estruturais da fase
sólida serão responsáveis pelo valor da capacidade específica que, para o carbono ativado, é
também dependente das características e das propriedades do eletrólito, tais como dimensões
de cargas entre 200 e 320 F.g-1, operando em solução eletrolítica de 1,0 mol.L-1 de H2SO4 e o
uso de RuO2 como material do eletrodo tem uma capacidade da ordem de 150 a 250 µF.cm-2,
específica é da ordem de 750 a 975 F.g-1[11,34]. Entretanto, o óxido de rutênio derivado de uma
solução gel apresentou uma capacidade específica máxima de 1.580 F.g-1 quando medido a
uma taxa de varredura de 1,0 mV.s-1 que é aproximadamente 80% do valor teórico e foi
20
obtido de um eletrodo de CA/RuOx/RuOxAu/aço inoxidável com 10 % de massa de RuOx
capacitores eletroquímicos, porém, mesmo que tenha uma vantagem grande nos termos de
modo que a pseudocapacitância do óxido seja maximizada e que a cinética do processo redox
óxido de rutênio[2,37-39].
informações podem ser obtidas por meio de uma caracterização eletroquímica detalhada
21
de coletor de corrente[36] sobre compósitos de CA-RuO2 preparados usando método sol-gel
modificado.
proporciona aumento da capacidade específica, sendo que o compósito obtido sob irradiação
rutênio[40].
ativado utilizado.
22
aumenta o grau de cristanilidade dos depósitos. Isto afeta adversamente o
estado amorfo ocorre por volta de 240 ºC. Nestes dados, nenhum pico
A Figura 1.6 apresenta uma análise de óxido de rutênio com carbono ativado em
diversas temperaturas de tratamento e aparecem picos definidos à partir 240 ºC o que indica a
transição da fase amorfa para a fase cristalina do material[40,44] e que foram confirmados por
23
1.2.2 Capacitores Eletroquímicos à Base de Compósito de Carbono Ativado e
Polímeros Condutores
extensivamente estudados nas últimas duas décadas, devido ao seu potencial para
de apresentarem capacidade de carga maior que carbono ativado e, por outro lado,
são muito mais baratos que óxidos metálicos. No entanto, a estabilidade aos ciclos
ciclos[28].
24
O desempenho da PANI preparada em eletrodos de papel de carbono em solução não
aquosa com um ácido orgânico (CF3COOH) aumentou a janela do potencial e teve como
resposta 150 F.g-1 e a microscopia indicou um material altamente poroso cuja densidade de
energia foi de 3,5 Wh.kg-1 e de potência 1.300 W.kg-1. Por outro lado, em um supercapacitor
resultados mostraram que a nanofibra de PANI contém uma capacidade maior do que os de
de PANI em eletrólito de 3,0 mol.L-1 de NaClO4 com 1,0 mol.L-1 de HClO4[55]. Porém, uma
capacidade específica de 699 F.g-1 e uma densidade de energia de 54,6 Wh.kg-1 foram obtidas
supercapacitor demonstrou pouca degradação após ciclagem muito longa, o que é excelente
em termos de resposta[14,54].
poliacrilonitrila foi estudada[49]. Nesse caso, dois tipos de fenômenos eletroquímicos foram
da solução/carbono e o outro está associado com os processos redox dentro da PANI, para o
qual a carga faradáica depende da janela do potencial aplicado. Após 3.000 ciclos a
25
capacidade específica manteve-se em 230 F.g-1, com uma densidade de potência de 12.000
corrente de grafite.
Figura 1.7: (a) Voltamograma cíclico e (b) cronopotenciograma de (1) eletrodo de CA e (2)
eletrodo de CA/PANI em 1,0 mol.L-1 de NaNO3 a 5,0 mV.s-1. Extraída da Ref.
[50]
processo redox da PANI por volta de 0,2 V, não existente no CA em meios aquosos e que está
de acordo com vários outros trabalhos nesta área. Além disso, as cargas da varredura positiva
são aproximadamente iguais às cargas da varredura negativa o que revela mais uma vez a
reversibilidade eletroquímica das transições redox da PANI neste meio. A inclinação dos
cronopotenciogramas (dE/dt) está muito perto de seu valor médio desde que todas as curvas
depositada no CA[50,51].
26
Outros polímeros têm sido investigados em compósitos com carbono ativado, porém,
os resultados não são expressivos, como, por exemplo, polipirrol com capacidade específica
condutor.
condutor, mas pode melhorar o desempenho do RuO2 quando em eletrólito à base de gel
RuO2·xH2O nos nanotubos de TiO2 em meio alcalino foram usados como eletrodo positivo e o
potência de 1.207 W.kg-1 e uma densidade de energia de 5,7 Wh.kg-1 foram obtidas. A
27
microscopia eletrônica de transmissão (TEM) mostrou que os nanotubos de titânio possuem
condutores a PANI e o óxido metálico rutênio têm-se destacados por valores aqui já
descritos. Entretanto, essa ainda é uma área pouco explorada o que se pode observar por uma
específica calculada à partir desses voltamogramas foi de 145,5 F.g-1 para o polipirrol puro e
28
Figura 1.8: Voltamograma cíclico de (a) polipirrol puro, (b) dopado com 1,0 mg e (c) dopado
com 4,0 mg de RuCl3.xH2O, em solução eletrolítica de 1,0 mol.L-1 de NaNO3,
numa velocidade de varredura de 5,0 mV.s-1. Extraído da Ref. [48]
com pontos bem definidos característicos da oxidação e redução de cada material analisado. A
literatura relata picos da PANI de oxidação em torno de 0,25 e 0,50 V, respectivamente, para
torno de 0,10 e 0,28 V. Nota-se em diversos estudos uma janela de potencial de trabalho de
observados são obtidos numa janela de potencial de 1,0 V cujas transições ocorrem na
respectivamente[9,59].
A diferença entre estes dois materiais é que os óxidos metálicos exibem uma série de
apresenta picos redox bem definidos. Para tais capacitores a estabilidade durante os ciclos
aquoso pode levar a sua degradação devido a entrada e saída de íons contrários na cadeia
polimérica.
29
a) b)
Figura 1.9: Voltamogramas de (a) PANI/C extraído da Ref. [57] e (b) RuO2 extraído da Ref.
[59].
velocidade da corrente aplicada, porém, tal informação varia de acordo com o eletrólito
Figura 1.10: Curva de carga e descarga de capacitores baseados em RuO2/CA com 10% de
RuO2 à (1) 10 mA.cm-2, (2) 5,0 mA.cm-2, (3) 2,0 mA.cm-2 e (4) 1,0 mA.cm-2 em
0,1 mol.L-1 de H2SO4. Extraído da Ref. [35]
30
Figura 1.11: Curva de carga e descarga de capacitores baseados em PANI/carbono em
diferentes porcentagens de carbono (1) 15, (2) 25, (3) 35, (4) 45 e (5) 55%.
Extraído da Ref. [60]
Vários trabalhos foram e estão sendo desenvolvidos na área dos diversos tipos de
extremamente extensa. Entretanto, os dados mais atuais e promissores foram aqui relatados.
31
2. OBJETIVO
Dentro deste contexto, este trabalho tem por fim estudar as características
microestrutural será realizada por meio de medidas de MEV, termogravimetria (TG) e DRX.
32
3. METODOLOGIA
3.1 MATERIAIS
O óxido de rutênio foi obtido pelo método de precipitação a partir de uma solução de
agitação à temperatura ambiente até que o pH atinja o valor desejado para a precipitação.
rpm durante cinco minutos repetindo o processo três vezes, lavando-se com água ultra-pura
entre os processos. A pasta negra resultante das lavagens é secada durante aproximadamente
uma hora a 110 ºC e, ao final, o precipitado foi calcinado a 200, 300, 400, 500, 600 ºC por 4
horas para posterior utilização na confecção dos eletrodos para caracterização eletroquímica.
3.1.2 Polianilina
(NH4)2S2O8 0,1 mol.L-1 utilizando a técnica que emprega um excesso de monômero em meio
33
fortemente ácido em baixa temperatura, por ser de fácil realização e acompanhamento
temperaturas[60]. O monômero utilizado foi a anilina da marca Merck, a qual foi destilada pelo
mL de ácido clorídrico e com uma micropipeta acrescenta-se 0,182 mL de anilina 0,2 mol.L-1
magnético, coloca-se a solução de anilina e com uma bureta acrescenta-se vagarosamente 5,0
mL da solução de persulfato, deixando sob agitação por 1 hora. Então a solução inicialmente
incolor passa a apresentar uma coloração verde escura indicando a presença do sal de
Com o auxílio de um kitassato, filtro de Büchner, filtro de papel e uma bomba à vácuo
para sucção, a mistura obtida é filtrada até que a solução residual do filtrado adquira uma
coloração incolor. O filtro de papel é levado à estufa a 100 ºC por uma hora. Finalizando, o
material é raspado e macerado, tendo como produto final a PANI dopada pronta para o uso.
A polianilina pode ser encontrada em diferentes bases de acordo com a sua fração de
unidades oxidadas. A Figura 3.1 representa a fórmula geral da polianilina, a qual consiste de
nitrogênios imina: 1-y)[61]. Desse modo, seu estado pode variar de completamente oxidado
34
denotam-se por base esmeraldina (y = 0,5), base protoesmeraldina (y = 0,25) e base
nigranilina (y = 0,75).
Os eletrodos foram preparados em suportes de titânio que primeiramente foram tratados com
um banho quente em solução de HCl por 30 min e, após lavados abundantemente em água Mili-Q,
novamente levados a banho quente com solução 10% de ácido oxálico por 30 min para eliminar uma
possível oxidação dos suportes e depois lavados e secos por 2h em estufa a 120 ºC.
proporções (RuO2 puro, PANI pura e 05/95, 10/90, 30/70, 50/50% de RuO2/PANI). Usou-se
PVDF 95/5% em massa e usou-se n-metil pirrolidona (NMP) como solvente. A pasta obtida
foi então depositada sobre o suporte de titânio com o auxílio de um pincel obtendo assim um
filme uniforme, que foi seco a 100 ºC por 2 horas para evaporação do solvente NMP e
posteriormente prensados numa prensa hidráulica por 5 min em 5 toneladas para melhor
fixação do filme no eletrodo. Tal prensagem não altera as capacidades específicas, conforme
Figura 3.2.
35
0,5 cm
3 cm
Eletrodo de
titânio RuO2/PA
NI
0,8cm
VC, cronopotenciometria e MEV. Por outro lado, para a caracterização estrutural por DRX e
A voltametria cíclica é uma técnica eletroanalítica que se baseia nos fenômenos que
adjacente a essa superfície. Essa técnica é classificada como dinâmica, pois a célula
eletroquímica é operada na presença de corrente elétrica (i > 0) que, por sua vez, é medida em
material são obtidas por meio da medição da magnitude da corrente elétrica que surge no
36
(ER). O parâmetro ajustado é o potencial (E) e o parâmetro medido é a corrente resultante (i).
negativamente, que podem ou não reagir na sua superfície. Espécies neutras também
interagem com o eletrodo via adsorção. Logo, a reação eletródica é composta por uma série de
etapas e para se descrever qualquer processo eletródico deve ser considerado primeiro, o
transporte das espécies até a superfície do eletrodo e segundo, a reação que ocorre no
eletrodo. Assim, a corrente (ou velocidade de reação eletródica) é governada por processos
eletrodo); e iii) reações químicas que precedem ou sucedem a transferência de elétrons que
podem por sua vez ser homogêneos (protonação, dimerização, etc) ou heterogêneos
Para que seja possível determinar uma análise por voltametria cíclica é necessário que o
material em questão seja eletroativo, ou seja, que ele oxide ou reduza em uma região de
aplicado atinge um valor em que a reação de oxiredução ocorre. Se essa corrente elétrica é
37
proporcional à quantidade das espécies que reagem, pode-se fazer uso desse fenômeno do
ativos acessíveis na superfície do eletrodo[62]. Este fato é o responsável pela larga utilização
da voltametria cíclica no estudo das propriedades dos CE, ou seja, a simples obtenção da
MO y (OH) x + δH + + δe − MO y -δ (OH ) x + δ
⇋ (17)
soluções ácidas. O mecanismo representado na reação acima foi proposto por Trasatti[63] e,
mais tarde, confirmado por medidas que mostraram uma variação do pH local na interface
óxido/solução[64,65].
Está descrito na literatura que a carga diminui à medida que a velocidade de varredura
redor dos cristalitos e/ou ao longo das regiões de contorno de grãos, trincas e poros da
estrutura. Este mecanismo não pode ser visto como um processo de inserção de prótons na
fase volume do óxido e sim como um processo de difusão na superfície do óxido, por meio de
38
Além da caracterização dos processos redox no eletrodo, a integração da corrente
obtida na voltametria cíclica fornece o valor da carga voltamétrica que, de forma aproximada,
Sendo assim, a VC foi usada neste trabalho para caracterizar os processos redox, obter
Autolab modelo PGSTAT12 com interface digital, célula eletroquímica de três eletrodos em
solução de H2SO4 1,0 mol.L-1 com uma placa de platina de 1 cm2 como eletrodo auxiliar (EA)
3.2.2 Cronopotenciometria
de armazenamento de carga durante ciclos de carga e descarga. Estes ensaios são realizados
material. Nestes ensaios, a corrente passada no tempo até o potencial atingir um valor pré-
tempo de carga e descarga, cujo uso nas Eq. (18), (19) e (20) fornecem a densidade de
39
I∆V
P= (18)
2m
E = C ∫ VdV (19)
C I × ∆td
Cm = = (20)
m ∆V × m
coulombiana.
seu uso vem se tornando mais freqüente por fornecer informações de detalhes, com aumentos
de até 300.000 vezes, em contrapartida à microscopia ótica que só fornece aumento de até
elétrons na amostra, sob condições de vácuo que promove a emissão de elétrons secundários,
superfície em análise.
40
A imagem eletrônica de varredura representa em tons de cinza o mapeamento e a
Portanto, a análise por MEV se tornou um instrumento imprescindível nas mais diversas
áreas: eletrônica, geologia, ciência e engenharia dos materiais, ciências da vida, etc. Em
tensão de 5 kV e aumentos variados. Tal tensão foi usada devido ao fato de que polímeros
condutores podem sofrer danos quando recebem elétrons com maior energia.
controlada de temperatura num sistema acoplado a uma microbalança cujo objetivo é avaliar a
pode ser avaliada por TG, desde que estes processos envolvam variação de massa.
muito elevadas. Associada a esta técnica uma derivada da curva de TG pode ser obtida e o
41
A difração de raios-X é um fenômeno de interação entre a radiação eletromagnética
cristal, a seqüência ordenada e periódica de átomos, pode ser visualizada como um conjunto
de planos, os quais são denominados planos cristalográficos e indexados através dos índices
incidente) por um conjunto de planos cristalinos (hkl) ocorre em um ângulo bem definido,
denominado ângulo de Bragg. A condição de difração é estabelecida pela lei de Bragg cuja
empacotamento dos átomos que formam o material, ou seja, de sua estrutura cristalina.
usando radiação CuKα λ = 1,54 Å na faixa de 2θ entre 20 e 80º com passo de 0,01º.
42
Na Figura 4.9a a linha azul escura representa o momento em que o voltamograma do
compósito se aproxima do ideal com picos redox bem definidos e a partir desse momento os
aplicado potenciais de -0,2 a 1,2 V e voltado aos limites iniciais o material apresentou uma
degradação bastante elevada, observado pela linha vermelha na Figura 4.9a. Portanto, fica
estabelecido que o potencial de trabalho desse compósito deverá ser entre 0,1 e 0,9 V.
atribuído à transição entre o estado condutor (esmeraldina) da PANI para a forma semi-
presença de água[61].
30 30
RuO2/Pani (a) RuO2/Pani (b)
(10/90 %) (10/90 %)
20 20
10 10
I (mA)
I (mA)
0 0
-10 -10
-20 -20
-0.2 0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0 1.2 0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0
E (V vs erhms) E (V vs erhms)
Figura 4.9: Voltamograma cíclico de RuO2/PANI (10/90%) (a) com variação da janela do
potencial e (b) entre 0,1 e 0,9V em H2SO4 1,0 mol.L-1 a 5,0 mV.s-1.
capacitores à base de compósitos RuO2/PANI. Esta escolha se deve ao fato de que nestas
estar próximo à transição da fase amorfa para a cristalina com uma máxima capacidade
específica observada e não sofrer a influência da resistência devido à hidratação. Com base
43
nessas informações foram construídos os eletrodos com os compósitos nas proporções pré-
definidas.
calcinação de 300 e 400 ºC obtiveram melhores respostas de acúmulo de carga e com um pico
de redução melhor definido nos compósitos preparados com RuO2 calcinado a 400 ºC.
mostrados nas Figuras 4.15, 4.16 e 4.17, pode apresentar maior porosidade e, portanto, maior
50 50 RuO2 - 400 ºC
RuO2 - 300 ºC
(a) (b)
40
40 PANI
PANI 10/90%
10/90% 30 20/80%
30 20/80% 30/70%
30/70% 50/50%
20
20 50/50% RuO2
I (mA)
RuO2
I (mA)
10
10
0
0
-10
-10
-20
-20
-30
-30
-40
-40
0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0
0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0
E (V vs erhms) E (V vs erhms)
RuO2 calcinado a 300 ºC para o óxido metálico puro, porém, uma queda significativa é notada
350 350
RuO2 - 400 ºC (b)
Capacidade específica (F.g )
RuO2 - 300 ºC
-1
(a)
-1
300
2º Ciclo
2º Ciclo 100º Ciclo
250 250
100º Ciclo
200 200
150 150
100 100
50 50
0 0
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110
RuO (%) RuO (%)
2 2
Inicialmente a PANI apresentou uma capacidade de 254 F.g-1 com uma queda de 36% até o
centésimo ciclo. No caso do RuO2 a 300 ºC a capacidade inicial foi de 125 F.g-1 com queda de
14% enquanto que no RuO2 a 400 ºC obteve-se 81 F.g-1 com queda de 11% da capacidade
após cem ciclos voltamétricos. É importante enfatizar que a estabilidade dos compósitos
45
de vista econômico, esse resultado preliminar pode significar uma redução significativa de
350
Capacidade específica (F.g-1)
(a)
300
19%
250
11%
12%
200
36%
150
14%
100 PANI
05/95% 40%
10/90%
50 20/80%
30/70%
50/50%
0 RuO2
0 20 40 60 80 100
Ciclos
350
PANI 30/70%
(b) 05/95%
10/90%
50/50%
RUO2
20/80%
300
Capacidade específica (F.g-1)
10%
250 17%
12%
200
41%
36%
150
100 40%
11%
50
0 20 40 60 80 100
Ciclos
melhor do que os calcinados a 300 ºC, porém, com menor capacidade de armazenamento de
46
Deve-se salientar que nesse caso os CE de RuO2 aprestaram um desempenho aquém
nessas medidas a faixa de potencial de trabalho é mais estreita e está deslocada em relação à
faixa de trabalho ideal de 0,4 a 1,4 V. Desta forma, na faixa de 0,1 a 0,9 V os processos redox
do RuO2 não foram medidos em sua totalidade, principalmente aqueles que ocorriam entre 0,9
e 1,4 V.
um número de ciclos acima de oitenta, uma estabilidade entre os picos de oxidação e redução
passa a ser observada, conforme mostra a Figura 4.13a, o processo redox passa a ser em 0,50
e 0,28 V assim como relatado na literatura[57]. Porém, o óxido não apresentou picos
característicos e apenas uma região bem definida de redução do hidrogênio para potenciais
picos de oxidação em torno de 0,75 V e redução em 0,68 V que podem ser atribuídos ao
estado de oxidação da PANI cujo fato importante observado é de que a região da reação de
relação à PANI pura, já que o perfil voltamétrico dos eletrodos de compósitos não se altera
30/70% com RuO2 calcinado a 300 e 400 ºC e sugere tempos maiores para eletrodos com
18,54 Wh.kg-1 e potência 55 W.kg-1, o que demonstra que o tempo de carga e de descarga foi
corrente aplicada de 1,0 mA.cm-2, pois com densidade de corrente maior o tempo diminui,
47
ocorrendo uma diminuição da energia armazenada e, portanto, um aumento na potência
específica. Isso pode tornar viável a utilização destes compósitos em eventuais aplicações
40 40
(b) RuO2 - 300 ºC
(a) PANI pura
30 30 Ciclos
Ciclos
1º 1º
25º 25º
20 50º 20 50º
75º
75º
I (mA)
I (mA)
100º
100º
10
10
0
0
-10
-10
-20
-20
0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0
0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0
E (V vs erhms)
E (V vs erhms)
50 40
(c) 30/70% - RuO2 - 300 ºC (d) 30/70% - RuO2 - 400 ºC
40
30 Ciclos
Ciclos
30 1º 1º
25º 25º
50º
20 50º
20 75º
75º
I (mA)
100º 100º
10
I (mA)
10
0 0
-10
-10
-20
-20
-30
-40 -30
0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0 0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0
E (V vs erhms) E (V vs erhms)
Figura 4.13: Ciclagem dos eletrodos de RuO2 e/ou PANI (a) PANI, (b) RuO2 300 ºC, (c)
RuO2/PANI 30/70% - 300 ºC e (d) RuO2/PANI 30/70% - 400 ºC v =10 mV.s-1.
Durante a etapa de carga uma variação quase linear da tensão foi observada, como
RuO2 calcinado a 300 ºC e na proporção de 30/70%, apresenta uma eficiência melhor do que
o de 400 ºC na mesma proporção e que a cada ciclo a eficiência tende a um aumento não
48
linear e convergente à uma estabilidade eletroquímica que parece ocorrer à partir do
octogésimo ciclo, fato também relatado em outros trabalhos[50,70]. Por outro lado, no estudo
partir dos primeiros ciclos onde sua eficiência decaiu com o processo de carga/descarga, fato
0,8
0,6
0,4
0,2
400 ºC
300 ºC
0,0
0 3000 6000 9000 12000 15000
Tempo (seg)
pode estar relacionada com os mecanismos de carregamento governantes em cada caso. Como
contrário da maioria dos óxidos metálicos, cujos mecanismos de reações redox ocorrem
principalmente na superfície, o processo nos polímeros condutores ocorre mais no seu volume
49
capacidade da dupla-camada elétrica. A concentração do eletrólito é um fator importante
dessa capacidade, uma vez que quanto maior o número de íons na solução, melhor será a
porém a mobilidade do íon dentro da matriz do polímero é mais lenta do que o movimento do
Tabela 2: Eficiência coulombiana para eletrodos de RuO2/PANI 30/70% com RuO2 calcinado
a 300 e 400 ºC.
Ciclo 300 ºC Eficiência 400 º C Eficiência
Carga Descarga Coulombiana Carga Descarga Coulombiana
(seg) (seg) (seg) (seg)
2º 1301,2 1163,6 89,5% 1765,2 1511,4 85,6%
3º 1238,2 1142,2 92,2% 1668,6 1467,0 88,0%
4º 1197,5 1124,5 94,0% 1599,5 1428,0 89,3%
5º 1164,0 1102,2 94,7% 1536,0 1390,0 90,5%
Figura 4.15, e demonstrou que o polímero não apresenta uma área de superfície satisfatória
para os processos de oxidação e redução, uma vez que os íons tiveram uma dificuldade maior
50
Por outro lado, a MEV de RuO2 calcinado a 300 em proporções de 10/90, 30/70 e
50/50% são mostrados nas Figuras 4.16a-c, onde observou-se que a inserção do óxido
(a)
(b)
51
(c)
Figura 4.16: Micrografia eletrônica de varredura de compósitos de (a) 10/90, (b) 30/70 e (c)
50/50% com RuO2 a 300 ºC. Aumento de 10.000x
O agente plastificante PVDF, que é o responsável pela estabilidade mecânica da
camada ativa, foi observado na Figura 4.17b onde também nota-se que, aparentemente,
apresenta maior porosidade, contribuindo para a elevada capacidade de carga deste eletrodo.
materiais utilizados não propiciou uma densidade uniforme, ou seja, não houve
interação entre RuO2 e a PANI, porque as partículas de RuO2 foram recozidas antes de serem
interação destas foi a responsável pelos índices melhores dos compósitos em comparação com
comparação com o RuO2 puro calcinado a 400 ºC e ilustrados na Figura 4.18a-b, onde os
porém, com a vantagem da diminuição óxido metálico, contudo, este último apresentou uma
(a)
(b)
(c)
53
Figura 4.17: Micrografia eletrônica de varredura de compósitos de (a) 10/90, (b) 30/70 e (c)
50/50% com RuO2 a 400 ºC. Aumento de 10.000x
20 30 40 50 60 70 80
2θ 20 30 40 50
2θ
60 70 80
Figura 4.18: Difratogramas de raios-X comparativos para (a) RuO2/PANI 50/50% 400 ºC e
(b) RuO2 400 ºC.
54
5. CONCLUSÕES
300 ºC apresentam dados de DRX com uma cristalinidade característica, mostrando que no
quase retangular com um maior carregamento observado em óxidos calcinados a 300 ºC onde
a hidratação não foi mais observada pela curva de termogravimetria e suas partículas ainda
química entre os materiais, ocorrendo uma heterogeneidade nas amostras. A adição do óxido
metálico aumentou a área específica do compósito até o limite de 30% da massa total no
porém, uma menor estabilidade ao longo dos ciclos, atribuída à degradação da PANI pela
entrada e saída dos íons na cadeia polimérica. A morfologia do polímero condutor foi
armazenamento pode ser atribuída aos processos redox do óxido metálico que não ocorreram
em sua totalidade por encontrar-se fora da janela ideal de potencial de trabalho. Como a
estabilidade dos CE de RuO2 foi equivalente aos dos compósitos de 10/90% e 30/70% de
RuO2/PANI, isto pode significar uma redução no custo de produção uma vez que o rutênio
55
Numa comparação entre os compósitos que empregaram rutênio calcinados a 300 e
porém uma menor estabilidade ao longo dos ciclos. Por outro lado, os compósitos com rutênio
calcinado a 400 ºC apresentaram uma menor capacidade específica, porém uma estabilidade
Para trabalhos futuros poderá estar sendo utilizada uma rota de sintetização da PANI
mudança do eletrólito para não-aquoso o que também poderia contribuir para o aumento da
56
6. BIBLIOGRAFIA
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