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Técnico Auxiliar de Saúde

EFA - NS

UFCD
6579 CUIDADOS NA SAÚDE MENTAL
Cuidados na saúde mental

Índice

1.Saúde mental..............................................................................................................................2
1.1.Doença mental......................................................................................................................2
1.2.Principais alterações e perturbações mentais..................................................................7
1.2.1.Alterações do comportamento.....................................................................................8
1.2.2.Alterações do pensamento.........................................................................................13
1.2.3.Alterações do humor...................................................................................................14
1.2.4.Alterações da comunicação.......................................................................................19
2.Cuidar em saúde mental........................................................................................................23
2.1.Aspetos específicos nos cuidados ao utente com alterações de saúde mental........23
2.1.1.Alimentação..................................................................................................................23
2.1.2.Eliminação....................................................................................................................24
2.1.3.Higiene e hidratação...................................................................................................25
2.1.4.Sono e Repouso..........................................................................................................26
2.1.5.A manifestação de desconforto e de dor..................................................................27
2.2.O/A Técnico/a Auxiliar de Saúde em interação com o individuo que apresenta
alteração ou perturbação mental.............................................................................................28
3.Tarefas que em relação a esta temática se encontram no âmbito de intervenção
do/a Técnico/a Auxiliar de Saúde............................................................................................31
3.1.Tarefas que, sob orientação de um enfermeiro, tem de executar sob sua supervisão
direta...........................................................................................................................................31
3.2.Tarefas que, sob orientação e supervisão de um enfermeiro, pode executar
sozinho/a....................................................................................................................................33
Bibliografia....................................................................................................................................35

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Cuidados na saúde mental

1.Saúde mental

1.1.Doença mental
O conceito de saúde e de doença, tal como todos os outros conceitos, são produzidos pela
sociedade, sendo, consequentemente, conceitos relativos e dependentes dos padrões dominantes
nas sociedades.

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS, 200, p.2) saúde é “ um estado positivo de
completo bem-estar físico, mental e social”. Esta definição contraria a do modelo médico que
associa a saúde à “ausência de doença” ou de qualquer tipo de distúrbio biológico.

A doença tem repercussões em todas as dimensões do indivíduo (física, psicológica e social)


despoletando desequilíbrio. Desta forma, o contexto familiar, laboral e outros aos quais o indivíduo
pertence é afetado, daí decorre o facto do tratamento da doença não se poder circunscrever ao
indivíduo.

A definição de doença mental é mais complexa uma vez que abrange perturbações que afetam o
funcionamento e o comportamento emocional, social e intelectual. Segundo a OMS, “ a
perturbação mental caracteriza-se por alterações do modo de pensar e das emoções, ou por
desadequação ou deterioração do funcionamento psicológico e social.”

Esta definição determina uma conceção relativa à saúde mental, reconhecendo que esta é
determinada por um conjunto de fatores biológico, psicológicos e sociais. Assim, na doença mental
não existe uma insuficiência mas uma alteração de curta ou longa duração.

A explicação das causas associadas à doença mental estrutura-se em três perspetivas


predominantes:
 A da causalidade orgânica, que explica a perturbação mental como alterações,
quantificáveis e observáveis, do próprio organismo. Esta teoria valoriza os fatores
biológicos, incluindo os hereditários.
 A da causalidade psicológica, que focaliza a explicação em fatores pessoais e nos
sentimentos, emoções, pensamentos e comportamentos. Enfatiza os aspetos psicológicos
de casa indivíduo relacionando-os com a sua história de vida

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Cuidados na saúde mental

 A da causalidade social, que perspetiva a perturbação mental enquanto elemento


inseparável do contexto em que surge. Os fatores sociais, segundo esta corrente, são
determinantes na explicação do surgimento e evolução da doença. Desta forma, propõe-
nos uma abordagem sistémica que inclui a dimensão laboral, familiar, afetiva, escolar,
entre outras.

Importa ressalvar que a análise da doença mental atendendo apenas a uma destas perspetivas é
insuficiente e não permite uma abordagem holística. Daqui decorre a necessidade de se adotar
uma perspetiva psicossocial que explica a doença mental com a interação dos fatores acima
mencionados.

A história da doença mental revela que, desde cedo, as pessoas com comportamentos e atitudes
desajustadas da sociedade e com situações extremas de doença fossem segregadas e remetidos
para prisões onde eram contidas, colocando “a salvo” a sociedade (e não os doentes). Só muito
posteriormente estes viriam a ser alvo de atenção e intervenção, surgindo neste contexto prisional
os primeiros tratamentos médicos psiquiátricos.

O termo doença mental tem, infelizmente, ainda um sentido pejorativo, por ignorância e sentimento
de ameaça e vulnerabilidade das pessoas. A imagem e conceito de doença são ainda associados
a pessoas violentas, agressivas, incapazes, “tolinhas” ou que só cometem loucuras. Nada de mais
errado. A doença mental é, atualmente, extremamente comum.

A doença mental não deve ser confundida com a quebra de normas ou funcionamentos sociais, de
sentimentos, de crenças ou valores religiosos ou morais que divirjam deste ou daquele grupo,
sociedade ou cultura.

Há ainda um grande desconhecimento da evolução do diagnóstico e tratamento das doenças


mentais entre os profissionais de saúde (não ligados à saúde mental) e na sociedade, o que
contribui para a estigmatização da doença mental.

Compete aos técnicos de saúde mental estudar, avaliar, tratar e refletir, para que se consiga
evoluir mais e intervir cada vez melhor, bem como informar e alertar a sociedade para desmistificar

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Cuidados na saúde mental

a doença mental. Mas este aspeto também se aplica a outras doenças que, de igual modo, tiveram
que ultrapassar muitas barreiras.

O cancro, por exemplo, foi alvo de grandes campanhas que promoveram o diagnóstico precoce,
apesar do conhecimento científico incompleto e da complexidade e grau de eficácia insuficiente
dos tratamentos, que contribuíram para uma grande evolução nessa área.

Ainda hoje se verifica que, por motivo de doença mental, a pessoa pode necessitar de baixa ou
estar incapaz de exercer as suas tarefas diárias e ser mal vista pela sociedade. Ou seja, além de
estar doente, tem ainda de enfrentar ou refugiar-se da atitude de ignorância dos outros.

A doença mental é hoje definida e estudada por profissionais com métodos e rigor científicos.

O desenvolvimento de critérios de diagnóstico de doença mental dos manuais da Associação


Americana de Psiquiatria ou da Organização Mundial de Saúde vieram definir e orientar, do ponto
de vista clínico, uma uniformidade de conceitos sobre o que é ou não a doença mental.

Os psiquiatras e outros profissionais de saúde mental têm hoje critérios de diagnóstico, métodos de
intervenção e terapêuticas fundamentados em estudos científicos.

A procura de um serviço de saúde mental não significa necessariamente que se está doente
mentalmente segundo os critérios clínicos, mas tão-somente pode significar que se está em
sofrimento emocional, com dificuldades relacionais ou preocupado com aspetos profissionais e
pessoais, por exemplo.

A conotação da doença mental com aspetos pessoais e sociais negativos é algo que vem do
passado longínquo e se projeta nos dias de hoje, sem qualquer correspondência com a realidade
atual.

Ao longo dos tempos, o Homem sempre revelou dificuldade em compreender a doença mental,
mas com a evolução científica e a maior oferta de serviços de tratamento da doença mental,
atualmente a pessoa em risco de doença ou com doença mental ou que sente algum mal-estar ou
sofrimento emocional procura muito mais facilmente ajuda, apoio e tratamento.

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