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Pluralismo, Monismo e Relativismo Lógico

[Logical Pluralism, Monism and Relativism]

Diogo Henrique Bispo Dias*

Resumo: Existe apenas uma lógica adequada? Ou há várias lógicas


igualmente adequadas? O que significa, afinal, dizer que lógicas di-
ferentes podem ser igualmente adequadas? E elas seriam adequadas
com relação a quê? Este artigo pretende analisar as diferentes res-
postas a estas perguntas, ou seja, avaliaremos os argumentos centrais
do debate entre pluralismo, relativismo e monismo lógico. Explici-
taremos, por um lado, os principais pressupostos desta discussão e,
por outro, suas ramificações filosóficas. Terminaremos indicando o
desenvolvimento de um possível pluralismo lógico a partir da noção
de paraconsistentização de lógicas, que será apresentada posterior-
mente. Não pretendemos refutar, de uma vez por todas, o monismo
lógico. Mostraremos que os principais argumentos apresentados
por um monista contra o pluralismo lógico são infundados e que,
portanto, a existência de alguma forma de pluralismo lógico continua
possível.
Palavras-chave: monismo lógico, pluralismo lógico, relativismo
lógico, paraconsistentização
Abstract: Is there only one logic? Or are there several equally ade-
quate logics? What does it mean, after all, that different logics can be
equally adequate? And they would be adequate with respect to what?
This article intends to analyze the different answers to these ques-
tions, that is, we will evaluate the central arguments of the debate
between pluralism, relativism and logical monism. We will explain,
on the one hand, the main assumptions of this discussion and, on the
other hand, its philosophical ramifications. We will end by indica-
ting the development of a possible logical pluralism using the notion
of paraconsistentization of logics, which will be explained afterward.
We do not intend to refute, once and for all, logical monism. We will
show that the main arguments put forward by a monist against logi-
cal pluralism are unsound and therefore the existence of some form
of logical pluralism remains possible.
Keywords: logical monism, logical pluralism, logical relativism, pa-
raconsistentization

Introdução tre pluralismo, relativismo e mo-


nismo lógico, evidenciando os
O objetivo deste artigo é apre- principais pressupostos da discus-
sentar uma análise do debate en-

* Doutorando no Programa de Pós-graduação em Filosofia da Universidade de São Paulo. E-mail: di-


ogo.bispo.dias@gmail.com.

Revista de Filosofia Moderna e Contemporânea, Brasília, v.6, n.2, dez. 2018, p. 21-36 21
ISSN: 2317-9570

DOI: https://doi.org/10.26512/rfmc.v6i2.18883
DIOGO HENRIQUE BISPO DIAS

são, bem como as ramificações fi- cultura, ou constituição


losóficas dessas diferentes posi- biológica. (SWOYER,
1
ções. Além disso, indicaremos o 2003)
desenvolvimento de um possível
pluralismo lógico a partir da no- Portanto, todo relativismo é
ção de paraconsistentização de ló- uma instanciação do seguinte es-
gicas, que será explicada adiante. quema geral: Y é relativo a X.
A estratégia geral do texto é mos- É importante notar que relati-
trar que os principais argumen- vismo e pluralismo são distintos
tos apresentados por um monista e independentes. A tendência de
contra o pluralismo lógico são in- pensar que há uma relação neces-
fundados e que, portanto, é possí- sária entre ambos surge porque,
vel a existência de alguma forma geralmente, os casos mais inte-
de pluralismo lógico. ressantes envolvem sobreposições
Em termos gerais, pluralismo das duas teses. Mas, a princí-
lógico é a tese de que há mais pio, elas são independentes. To-
de uma lógica adequada, coerente memos, por exemplo, o caso de
ou, em algumas formulações, ver- regras de etiqueta. Se aceitarmos
dadeira. Dito de outra forma, isso que etiqueta é relativa à cultura,
significa que há vários modos de mas que, no entanto, só há uma
caracterizar adequadamente a no- cultura, então somos relativistas,
ção de consequência lógica. mas monistas com relação aos cos-
Relativismo, por sua vez, tumes. Portanto, relativismo só
implica pluralismo se aceitarmos,
não é uma única doutrina, também, que há mais de uma pos-
mas uma família de vi- sibilidade de substituição da va-
sões cujo tema comum é riável independente X, à qual Y é
que alguns aspectos cen- relativa. Por outro lado, é possível
trais da experiência, pen- ser pluralista sem ser relativista.
samento, avaliação ou, até Basta defender que não há variá-
mesmo, a realidade é, de vel independente X à qual Y é re-
alguma forma, relativo a lativa, mas que, não obstante, há
outra coisa. Por exem- diferentes tratamentos adequados
plo, padrões de justifica- de X.
ção, princípios morais, ou No caso do relativismo lógico,
verdade, são ditos, às ve- a relação de consequência lógica
zes, relativos à linguagem, ocupa a posição da variável de-

1 Todas as traduções das citações são nossas.

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pendente Y. A especificação da va- única lógica correta, adequada,


riável X, por sua vez, será discu- ou verdadeira. Assim, há uma
tida ao longo do artigo. única e definitiva avaliação da va-
Do anterior, fica claro que re- lidade de um dado argumento,
lativismo lógico, assim conceitu- ainda que, eventualmente, pode-
ado, não significa que vale qual- mos desconhecer ou estarmos er-
quer coisa em lógica, ou que todas rados com respeito a esta avalia-
as lógicas são igualmente adequa- ção.
das. A tese relativista se aplica,
por exemplo, à proposta de Tarski O Debate
(1956) e Bolzano (1972) a respeito
da possibilidade de diversas dis- Há diversos problemas já na for-
tinções não-equivalentes entre ter- mulação destas distinções. E boa
mos lógicos e não-lógicos. Aqui, a parte do debate se torna infrutí-
relação de consequência é relativa fero caso tais problemas não sejam
à divisão dos termos em lógicos e resolvidos ou, ao menos, explicita-
não-lógicos. E disso não se segue, dos. Em primeiro lugar, adequa-
como o próprio Tarski notou, que ção, coerência e verdade são no-
qualquer divisão é válida. ções bem distintas. Sendo assim,
O pluralismo lógico defendido é preciso separá-las e tratá-las iso-
por J. C. Beall e Greg Res- ladamente.
tall (2006) também se caracteriza Usualmente, o conceito de ver-
como uma forma de relativismo. dade é tratado como um predi-
Segundo estes autores, um argu- cado de sentenças. Assim, parece
mento é válido se e somente se, não fazer sentido dizer que uma
em todo “caso” em que a premissa lógica é verdadeira. Quando al-
é verdadeira, a conclusão também guns autores defendem esta tese2 ,
é. Esta formulação é pluralista na o que está em jogo, de fato, são
medida em que se aceita, como faz pressupostos metafísicos. Em úl-
os autores que há mais de um tra- tima instância, esses autores são
tamento para esses “casos”. Te- realistas com respeito à lógica. Ou
mos, também, um relativismo ló- seja, quando afirmam que a ló-
gico ao reconhecer que a noção de gica lida com preservação de ver-
consequência lógica é relativa aos dade, eles acreditam que há uma
possíveis “casos”. noção absoluta de verdade, e que
O monismo lógico, por ou- esta noção se funda em uma cor-
tro lado, defende que há uma respondência entre linguagem e

2 Cf. READ (2006).

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mundo. Neste caso, dizer que uma Em primeiro lugar, podemos ter
lógica é a lógica verdadeira é afir- um pluralismo puro, que consiste
mar que existe apenas uma lógica em afirmar a existência de dis-
que captura os aspectos formais tintas lógicas puras, isto é, for-
desta correspondência. mulações completamente abstra-
As noções de adequação e cor- tas da noção de consequência ló-
reção, por outro lado, geralmente gica, sem nenhuma preocupação
são invocadas quando não há o com a eventual aplicação desta
pressuposto de uma correspon- noção a algum domínio extraló-
dência necessária entre linguagem gico de objetos.
e mundo, e se está meramente Podemos ter, também, um plu-
interessado na relação entre uma ralismo teórico, que se preocupa
noção informal de consequência com aplicações teóricas da lógica.
em determinado domínio e a no- Neste nível, ser um pluralista ló-
ção formal de consequência em al- gico consiste em defender que
guma lógica. Assim, uma lógica existem lógicas distintas igual-
seria adequada ou correta se ela mente adequadas para formalizar
representa corretamente a relação um mesmo domínio3 . Por exem-
informal de consequência em um plo, em domínios inconsistentes,
dado domínio de objetos. lógicas paraconsistentes são mais
Nossa abordagem, como dito adequadas do que a lógica clás-
anteriormente, será considerar as sica, visto que, nesta, tudo se se-
críticas que um monista lógico gue de contradições. Não obs-
propõe ao pluralismo e relati- tante, muitas lógicas paraconsis-
vismo lógico, e mostrar que elas tentes são equivalentes à lógica
são, ou infundadas, ou insufici- clássica em domínios consistentes
entes para rejeitar tais posições. e, portanto, são igualmente ade-
Sendo assim, não nos preocupare- quadas nesta situação.
mos em escolher uma noção parti- Por fim, há o chamado plura-
cular de coerência, ou adequação. lismo canônico, que defende que
Utilizaremos as noções propostas mesmo quando o domínio a ser
pelos monistas, e mostraremos os investigado é o da linguagem na-
problemas com as mesmas. tural, isto é, investiga os cânones
O próximo passo para avaliar tradicionais de inferência, é pos-
o debate é distinguir níveis nos sível ter mais de uma lógica ade-
quais um pluralismo pode surgir. quada. Feitas as devidas distin-

3 Isso não significa, obviamente, que, existe mais de uma lógica adequada para a formalização de todos os domí-
nios.

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ções, podemos levantar as seguin- cia, nada poderia ser dito de fora
tes perguntas: Alguma dessas for- da lógica. Assim, não só questões
mas de pluralismo está correta? metalógicas estão ausentes nos es-
Quais as consequências filosóficas critos desses autores, mas a pró-
destas posições? Analisemos caso pria possibilidade de lógicas dis-
a caso. tintas e rivais é excluída de prin-
Alguns monistas lógicos defen- cípio5 . Ainda que eles tenham efe-
dem que um pluralismo puro, tuado mudanças profundas na no-
ainda que coerente, é simples- ção de lógica, seu caráter univer-
mente trivial4 . Bueno (2002) sal permanece o mesmo desde, ao
afirma que, se um pluralismo menos, Aristóteles. A aceitação de
puro é trivial, o é, no máximo, de um pluralismo lógico, ainda que
um ponto de vista sociológico, ou do ponto de vista puramente abs-
seja, é trivial que hoje há várias ló- trato, é um marco na história da
gicas puras. Mas, o fato de que lógica, e muda significantemente
isso é um fenômeno recente na ló- o debate de questões centrais da
gica mostra que não se trata de lógica, tais como a determinação
algo filosoficamente trivial, e pode do significado dos conectivos ló-
ser comparado com a revolução gicos, e a relação entre lógica e
que as geometrias não-euclidianas racionalidade. Outrossim, qual-
causaram na matemática. Não quer outro tipo de pluralismo ló-
obstante, o interessante não é me- gico pressupõe a possibilidade de
ramente o fato de que há várias ló- desenvolver múltiplas lógicas pu-
gicas diferentes, mas como deve- ras. Portanto, a existência de um
mos interpretar essa pluralidade. pluralismo teórico não pode ser
Do ponto de vista filosófico, considerada meramente trivial.
esta pluralidade é extremamente O pluralismo teórico também é
importante. Por exemplo, Frege e uma forma de relativismo, visto
Russell, dois dos maiores nomes que uma lógica seria correta re-
da formulação da lógica clássica, lativamente ao fenômeno que se
defendiam uma visão universal da pretende representar. Um mo-
lógica, de tal modo que suas leis nista lógico tende a argumentar
eram necessárias, a priori, e irres- que há critérios para escolher en-
tritas com relação ao seu domínio tre lógicas rivais na aplicação em
de aplicação. Como consequên- um dado domínio6 . Critérios

4 Cf. PRIEST (2005).


5 Isto está relacionado com a distinção entre lógica como cálculo e lógica como linguagem, proposta por van
Heijenoort. Cf. van HEIJENOORT (1967).
6 Cf/ PRIEST (2006), p. 195.

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como simplicidade, falta de ele- Contra a existência do plura-


mentos ad hoc, adequação aos da- lismo canônico, Priest(2006) argu-
dos, etc. são geralmente usados. menta que: ou lógicas diferentes
No entanto, não há garantia de são rivais, ou não o são, isto é, ou
que tais critérios estabeleçam a elas discordam acerca da validade
adequação de uma única lógica. de certos argumentos, ou não dis-
Tomemos, por exemplo, o con- cordam. Se não forem rivais, en-
ceito de simplicidade. Ao contrá- tão não importa qual será a esco-
rio do que parece, trata-se de um lhida. Todas avaliam igualmente
conceito muito complexo. O que os argumentos e, portanto, para
significa ser simples? Ao avaliar a tarefa de formalizar argumen-
uma lógica há, ao menos, três no- tos da linguagem natural, essas
ções distintas de simplicidade7 , a lógicas são equivalentes. Porém,
saber: simplicidade com respeito se elas forem rivais, então apenas
à ontologia pressuposta, com res- uma delas é correta. De qualquer
peito aos conceitos básicos, ou forma, o resultado final é uma
com respeito aos postulados lógi- única lógica. Bueno (2002) de-
cos. E, obviamente, esses três ti- fende que este é um falso dilema,
pos de simplicidade podem entrar pois postula um pressuposto que
em conflito. Uma lógica pode ser é rejeitado por um lógico plura-
mais simples que outra em termos lista, a saber: que quando duas
de sua ontologia, mas conter con- lógicas rivais são diferentes, ape-
ceitos básicos mais complexos; ou nas uma delas está certa. A re-
pressupor menos postulados lógi- cusa desta tese consiste precisa-
cos, mas com uma ontologia mais mente em um dos pontos essenci-
forte que outra. Quando vários ais do pluralismo lógico.
desses critérios são analisados em Um pluralista lógico defende
conjunto, a tarefa de determinar que é possível que – ao menos –
uma única lógica adequada parece duas lógicas discordem e, não obs-
menos factível ainda: uma lógica tante, sejam igualmente adequa-
pode ser mais simples que outra, das para um determinado domí-
mas com menor adequação aos nio. Isso pois, em primeiro lu-
dados; pode ter menos elementos gar, essas lógicas podem concor-
ad hoc, mas ser mais complexa etc. dar inteiramente neste domínio,
Assim, em princípio, não pode- mas discordar em domínios dife-
mos descartar uma forma de plu- rentes. Este é exatamente o caso
ralismo teórico. da lógica paraconsistente e da ló-

7 Cf. LEHRER (1990), capítulo 5.

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gica clássica. Ambas concordam α vale em s; podemos,


em domínios consistentes, mas di- ou não, aceitar β? Ou
ferem em domínios inconsisten- sim, ou não: não pode ha-
tes. Do mesmo modo, a lógica ver pluralismo sobre isto.
clássica e a intuicionista avaliam De fato, a resposta é que
igualmente os argumentos em do- podemos, uma vez que
mínios finitos, mas discordam em s está em K1 , e a in-
domínios infinitos. Além disso, é ferência preserva verdade
possível que uma determinada ló- em todas as situações em
gica seja capaz apenas de forma- K1 . Em outras palavras,
lizar partes de uma dada teoria, e se sabemos que uma si-
outra lógica somente consiga for- tuação sobre a qual esta-
malizar outras partes desta teoria mos raciocinando está na
e, no entanto, podemos não con- classe K, estamos justifi-
seguir determinar qual formaliza- cados em raciocinar com a
ção é a mais adequada. Para ver validade definida em uma
como isso é possível, considere- classe restrita de situações
mos a seguinte objeção ao plura- K. (PRIEST, 2006, p. 203.)
lismo:
O problema com esse raciocínio
Suponha que alguém seja é que ele nos conta apenas parte
pluralista [com respeito à da história. Ainda que na situação
lógica]. Seja s alguma si- descrita consigamos saber qual ló-
tuação sobre a qual esta- gica usar, há vários contextos em
mos raciocinando; supo- que tal decisão não é óbvia. Consi-
nha que s esteja em clas- dere, por exemplo, α ` ¬β é válido
ses diferentes de situa- em K2 . Assim, teríamos uma situ-
ções, como K1 e K2 . De- ação inconsistente8 , e não sabería-
vemos usar a noção de mos, necessariamente, qual lógica
validade apropriada para seria mais adequada. Ademais,
K1 ou K2 ? Não po- imaginem a seguinte situação aná-
demos responder ‘ambas’ loga: temos esse cenário apresen-
aqui. Tome alguma infe- tado por Priest e, além disso, sa-
rência que é válida em K1 , bemos que α ` δ é válida em K2 ,
mas inválida em K2 , α ` mas inválida em K1 . Além disso,
β, e suponha que saiba- suponha que δ e β sejam igual-
mos (ou assumamos) que mente importantes para a teoria

8 O que é aceitável se estivermos no âmbito de uma lógica paraconsistente.

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sendo formalizada. Assim, os tra- cas, pode não haver uma forma de
tamentos dados por K1 e K2 são combiná-las ou, pior ainda, essa
igualmente adequados, e não te- combinação pode levar a resulta-
mos, necessariamente, um critério dos indesejados, como o problema
para decidir qual deve ser usado. do colapso10 : a combinação entre
Uma possível objeção a essa es- duas lógicas pode ser equivalente
tratégia de discutir a adequação a uma das lógicas iniciais, ou essa
de lógicas relativa ao seu domínio combinação pode gerar novas e in-
de aplicação é a seguinte9 : ainda desejáveis interações entre os co-
que possamos falar que lógicas di- nectivos das lógicas inicias11 . De
ferem em domínios diferentes, o um lado, isso pode fazer com que
que fazer quando precisamos ra- a lógica resultante seja conside-
ciocinar em múltiplos domínios? rada muito forte, no sentido de
Ora, neste caso, temos um novo que ela tem um poder de inferên-
domínio e, portanto, podemos ter, cia muito maior do que as lógi-
novamente, mais de uma lógica cas iniciais. Por outro lado, esta
adequada para formalizá-lo. Por combinação pode ser muito fraca,
exemplo, podemos raciocinar em e falhar em inferir certas propo-
um domínio construtivo e incon- sições importantes que eram cap-
sistente. Assim, precisamos de al- tadas pelas lógicas iniciais. Por-
guma combinação entre uma ló- tanto, a combinação de lógicas não
gica paraconsistente e uma intui- exclui a possibilidade de algum
cionista para estudá-lo. A obje- pluralismo lógico. Aceitar ou re-
ção, então, afirmaria que a solu- jeitar a ideia de que a lógica é
ção para a rivalidade entre lógicas relativa ao domínio de implica-
seria combiná-las e produzir uma ção tem sérias consequências para
única lógica para formalizar um questões centrais da lógica. Veja-
dado domínio. Assim, esta lógica mos isto em detalhes. Um dos pre-
resultante seria a única lógica ade- cursores desta noção pluralista de
quada para tal tarefa. variação do domínio é Newton da
Costa, que afirma que:
A falha desta abordagem é que,
a princípio, não há nenhum mé- É claro que, para objetos
todo geral para combinar lógicas. comuns, como um livro
Isto significa que, dadas duas lógi- ou uma pessoa, (. . . ) [o

9 Essa objeção foi levantada por Ingolf Max em conversa particular.


10 Cf. CARNIELLI & CONIGLIO (2016), seção 5.
11 Por exemplo, a combinação da disjunção de uma lógica com a conjunção de outra lógica pode gerar certas
propriedades distributivas entre estes conectivos na lógica resultante. Essas propriedades podem ser – ou não –
adequadas para o domínio sob investigação.

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princípio lógico de identi- Portanto, a lógica a ser usada


dade] se aplica sem uma varia de acordo com o domínio de
única dificuldade impor- fenômenos estudados. A resposta
tante. Qualquer pessoa monista consiste em afirmar que
A, por mais que sofra
múltiplas modificações ao como validade é preserva-
longo de sua vida, se man- ção de verdade em todas
tém, em um certo sen- as situações, se existem si-
tido, idêntica a si mesma: tuações nas quais objetos
A = A. Isto parece ainda podem ser não-idênticos,
mais claro no que diz res- então o princípio de iden-
peito a objetos abstratos: tidade não é, no final das
por exemplo, a igualdade contas, lógico. É apenas
1 = 1 parece evidente e in- uma propriedade ‘contin-
contestável (. . . ). No en- gente’ de alguns domí-
tanto, as coisas não são nios, e pode ser invocada
tão simples quanto um re- quando se está racioci-
alismo ingênuo nos leva a nando sobre eles. (PRI-
crer. Na física quântica, EST, 2006, p. 198.)
as partículas elementares, É interessante notar que am-
ao que tudo indica, infrin- bas as posições estão rejeitando
gem o princípio de identi- uma característica considerada,
dade. Assim, Schrödinger por muitos, como fundamental da
afirma que a relação de lógica, a saber: seu caráter a pri-
identidade entre partícu- ori. Isso, pois, tanto defender que
las não tem sentido (. . . ). as leis lógicas são relativas a cer-
Pode ser que a posição tos domínios, quanto afirmar que
de Schrödinger seja acei- existem situações empíricas que
tável apenas temporaria- podem nos levar a rejeitar uma lei
mente e que o futuro nos lógica, implica em aceitar que es-
mostrará que ele está er- tabelecer quais são as leis lógicas
rado. No entanto, o fato é é uma tarefa a posteriori, visto que
que a física quântica mos- essas leis podem mudar de acordo
tra a possibilidade de di- com as propriedades físicas que
aletizar a ideia de identi- encontramos nos objetos. Por ou-
dade e, por consequência, tro lado, a primeira tese rejeita o
a própria lei que corres- pressuposto de que a lógica é neu-
ponde a ela. (da COSTA, tra com relação a seu objeto, uma
1997, pp. 120-1.) vez que as leis lógicas variam de
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acordo com os fenômenos estuda- Pluralismo e Significado


dos. Um monista, por sua vez,
mantém o caráter puramente for- Passemos, agora, ao que conside-
mal da lógica ao defender que se ramos a principal crítica ao plu-
uma lei é relativa a certos domí- ralismo lógico, a saber: a tese de
nios, então tal lei não pode ser ló- que, quando mudamos de lógica,
gica. mudamos o significado dos conec-
Não obstante, esta postura mo- tivos lógicos. A formulação clás-
nista pode, em última instân- sica desta crítica está nas seguin-
cia, levar à conclusão de que tes palavras de Quine:
não existe nenhuma verdade – ou
quem nega a lei do ter-
lei – lógica. Não seria possível
ceiro excluído está mu-
imaginar um conjunto de fenô-
dando o assunto. Isto não
menos que rejeite cada uma das
é o mesmo que dizer que
consideradas leis lógicas12 ? Por-
ele está errado em fazê-
tanto, teríamos leis locais que di-
lo. Ao rejeitar ‘p ∨ ¬p’
tam o comportamento dos fenô-
ele está, de fato, abando-
menos em determinados domí-
nando a negação clássica
nios, mas não haveria leis que
(...); e ele pode ter seus
valessem independentemente do
motivos. (QUINE, 1960,
fenômeno investigado.
p. 100.)
Outrossim, sabemos que toda
teoria tem alguma lógica subja- O cerne desta posição está na
cente. Se os resultados dessa te- ideia de que, quando mudamos a
oria forem utilizados para refor- lógica, mudamos o significado dos
mular a lógica, será que não te- conectivos lógicos. Obviamente,
ríamos algum tipo de círculo vi- esta tese depende fundamental-
cioso? Além disso, enfrentaría- mente de alguma teoria do signifi-
mos o problema clássico de deci- cado estipulando quais os elemen-
dir, face a um experimento que tos que determinam o significado
contrarie nossa expectativa, qual dos conectivos lógicos.
parte da teoria devemos rejeitar Lidaremos, neste texto, com
(incluindo, agora, sua lógica sub- duas formulações comuns na li-
jacente). teratura acerca da especificação
do significado dos operadores ló-
gicos. Para os monistas lógicos
que defendem a primazia do apa-

12 Esta tese é conhecida como possibilismo ou não-necessitarianismo. Cf. ESTRADA-GONZÁLEZ (2011).

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rato semântico da lógica, o sig- mos, como exemplo, as lógicas


nificado dos conectivos é dado LP 14 e K3 15 . Ambas as lógicas con-
por suas condições de verdade. tém as mesmas tabelas de verdade
As primeiras formulações explí- para seus conectivos:
citas desta tese foram dadas por α β α→β
Frege (1964, I, §32) e Wittgenstein 1 1 1
(1922, §4.024). Assim, condições 1 i i
de verdades diferentes implicam 1 0 0
em significados diferentes e, por- i 1 1
tanto, em conectivos lógicos dife- Implicação
i i i
rentes. i 0 i
Há, também, lógicos que privi- 0 1 1
legiam o aparato sintático da ló- 0 i 1
gica. Neste caso, o significado 0 0 1
dos conectivos é determinado pe-
α β α∨β
las suas regras de inferência. Esta
ideia foi proposta, pela primeira 1 1 1
vez, por Carnap (1937). Curio- 1 i 1
samente, este livro também con- 1 0 1
tém a primeira formulação do i 1 1
Disjunção
Princípio de Tolerância, que con- i i i
siste, segundo alguns comentado- i 0 i
res, na primeira defesa de um tipo 0 1 1
de pluralismo lógico13 . Indepen- 0 i i
dente do possível pluralismo pre- 0 0 0
sente nesta obra, Carnap aceitava α β α∧β
que uma mudança nas regras de 1 1 1
inferência de um conectivo impli- 1 i i
cava na mudança do seu signifi- 1 0 0
cado. i 1 i
Conjunção
Pretendemos mostrar que ne- i i i
nhuma dessas teses acerca do sig- i 0 0
nificado dos conectivos leva a um 0 1 0
monismo lógico. Comecemos com 0 i 0
a abordagem semântica. Tome- 0 0 0

13 Para uma análise do pluralismo subjacente ao Princípio de Tolerância, bem como uma investigação do seu
limite, cf. DIAS (2015).
14 Cf. PRIEST (1979).
15 Cf. PRIEST (2008), pp.122-4.

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α ¬α não. Quando permitimos múlti-


1 0 plas conclusões, obtemos a lógica
Negação intuicionista; caso contrário, te-
i i
0 1 mos a lógica clássica. Sendo as-
sim, variando tais propriedades
Formalmente, a diferença entre estruturais, obtemos lógicas dis-
as duas lógicas está nos valores tintas, mas com os mesmos conec-
designados16 . Em K3 , um argu- tivos.
mento é válido quando é impos- Logo, nenhuma das formula-
sível que suas premissas tenham ções usuais do significado dos co-
valor 1, e a conclusão tenha va- nectivos lógicos implica em um
lor 0. Por outro lado, um argu- monismo lógico. Mas, o que dizer
mento é válido em LP se é impos- quando aceitamos que tal signifi-
sível que suas premissas tenham cado é dado pela conjunção das
valor 1 ou i, mas sua conclusão abordagens semânticas e sintáti-
seja 0. É simples verificar que a cas, isto é, quando o significado
lei de não-contradição é válida em dos conectivos é determinado pe-
LP , mas inválida em K3 17 . Mas, las suas condições de verdade mais
como as condições de verdade dos suas regras de inferência. Neste
conectivos são as mesmas, segue- caso, os contraexemplos propostos
se que os conectivos das duas ló- acima não se sustentam: os conec-
gicas são os mesmos. tivos de K3 e LP têm as mesmas
Também há abordagens sintá- tabelas de verdade, mas suas re-
ticas que permitem a formulação gras de inferência são diferentes;
de diferentes lógicas, mas man- as lógicas clássica e intuicionista
tendo as mesmas regras de infe- têm as mesmas regras de inferên-
rência para seus respectivos co- cia – no aparato desenvolvido por
nectivos. Greg Restall (2014), por Restall –, mas seus conectivos têm
exemplo, desenvolve um aparato condições de verdade distintas.
formal que permite manter as re- Mesmo nesta situação, ainda
gras de inferência intactas, e va- existe a possibilidade de um plu-
riar algumas propriedades estru- ralismo lógico, usando a noção de
turais da lógica como, por exem- paraconsistentização de lógicas, cu-
plo, a possibilidade de um argu- nhado por Alexandre Costa-Leite
mento ter múltiplas conclusões ou (2007)18 . Paraconsistentizar uma

16 A interpretação intuitiva do valor i também é diferente. Em LP , i significa ‘verdadeiro e falso’; em K , i signi-


3
fica ‘nem verdadeiro, nem falso’.
17 De fato, K não tem nenhuma fórmula válida.
3
18 Ver, também, de SOUZA; COSTA-LEITE & DIAS (2016).

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PLURALISMO, MONISMO E RELATIVISMO LÓGICO

lógica significa transformar uma L. Quando o conjunto é inconsis-


dada lógica inicial em uma lógica tente, esta restrição evita a explo-
paraconsistente. É possível para- são da lógica inicial. De acordo
consistentizar uma lógica usando com a tese de que o significado dos
tanto com uma abordagem se- conectivos é dado pelas suas re-
mântica, quanto sintática19 . Em gras de inferência, essa restrição
linhas gerais, esta estratégia con- não contribui para a constituição
siste em limitar a relação de con- deste significado. Portanto, os co-
sequência da lógica inicial, evi- nectivos são os mesmos nas duas
tando a trivialização de conjuntos lógicas21 .
inconsistentes. Considere uma ló- Encontramos uma situação aná-
gica explosiva L, isto é, uma lógica loga quando analisamos a para-
na qual, de premissas contraditó- consistentização do ponto de vista
rias, tudo se segue, e defina a sua semântico. Sem entrar em de-
contraparte paraconsistente PL da talhes técnicos, o procedimento
seguinte forma: consiste em substituir a noção
Uma fórmula α é consequência de consistência por satisfabilidade.
lógica em PL de um conjunto Γ de Novamente, temos uma restrição
fórmulas se e somente se existe na utilização dos conectivos, mas
Γ 0 ⊆ Γ , consistente em L, tal que α sem alterar suas condições de ver-
é consequência lógica em L de Γ 0 . dade. Logo, os conectivos são os
Notem que a única alteração mesmos da lógica inicial.
com respeito à lógica inicial se dá Diferentemente dos exemplos
na definição de consequência ló- anteriores, em que a preserva-
gica. Não há mudança nas regras ção dos conectivos era limitada
de inferência da lógica inicial20 . ao aparato semântico ou sintá-
A paraconsistentização é obtida tico, a paraconsistentização apre-
através de uma restrição na apli- sentada acima é realizada de ma-
cação dos conectivos a subconjun- neira uniforme pelas abordagens
tos consistentes de um certo con- semântica e sintática. Dito de ou-
junto inicial. Quando este con- tra forma, esta paraconsistentiza-
junto inicial é consistente, as in- ção preserva correção e comple-
ferências permitidas em PL são tude, isto é, se a lógica inicial
exatamente as mesmas que em for correta e completa, sua con-

19 Para uma apresentação detalhada deste procedimento, cf. de SOUZA; COSTA-LEITE & DIAS (no prelo).
20 Há, na verdade, uma mudança na definição de dedução.
21 O fato de que as lógicas são equivalentes em contextos consistentes reforçam a ideia de que elas têm os mesmos
conectivos.
22 A prova deste resultado encontra-se em de SOUZA; COSTA-LEITE & DIAS (no prelo).

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traparte paraconsistente também conectivos, exibimos como cons-


será22 . Isto garante que os conecti- truir uma lógica paraconsistente
vos obtidos pela transformação se- que contém os mesmos conectivos
mântica são os mesmos que aque- da lógica inicial. Temos, assim,
les obtidos sintaticamente. Por- uma forma de pluralismo para-
tanto, se levarmos às últimas con- consistente de lógicas. Este artigo
sequências a tese de que o sig- não tem a pretensão de estabele-
nificado dos conectivos lógicos é cer, de uma vez por todas, que o
dado por suas regras de inferên- monismo lógico está definitiva-
cia e por suas condições de ver- mente superado, mas, sim, mos-
dade, a paraconsistentização mos- trar que o debate continua vivo.
tra que, ainda assim, é possível Encontramo-nos em uma situação
haver duas lógicas distintas, isto é, análoga ao desenvolvimento das
que discordem sobre a validade de geometrias não-euclidianas no sé-
um mesmo argumento e, não obs- culo XIX. Nas palavras de Coffa:
tante, contém os mesmos conecti-
vos lógicos. Durante a segunda me-
tade do século XIX, atra-
Conclusão vés de um processo que
ainda espera explicação, a
Neste artigo, procuramos eviden- comunidade de geômetras
ciar os principais pressupostos da chegou à conclusão de que
discussão entre pluralismo, mo- todas as geometrias esta-
nismo e relativismo lógico. A dis- vam aqui para ficar(. . . )
cussão envolve pressupostos me- Isto teve toda a aparência
tafísicos – realismo e antirrea- de ser a primeira vez que
lismo lógico –, epistemológicos e uma comunidade de cien-
pragmáticos – critérios epistêmi- tistas concordou em acei-
cos e pragmáticos para escolher tar de uma forma não me-
uma lógica, linguísticos – teoria ramente provisória todos
do significado para as linguagens os membros de um con-
lógicas – e, obviamente, lógicos – a junto de teorias inconsis-
prioricidade, universalidade e, até tentes sobre um mesmo
mesmo, a própria função da ló- domínio(. . . ) Cabe agora
gica. Mostramos que os principais aos filósofos dar algum
argumentos monistas falham em sentido epistemológico da
refutar a possibilidade de algum atitude dos matemáticos
tipo de pluralismo lógico. Com com relação à geometria.
respeito à tese do significado dos O desafio foi um teste
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PLURALISMO, MONISMO E RELATIVISMO LÓGICO

difícil para os filósofos, gica como, por exemplo, a pos-


teste esse no qual (infe- sibilidade da existência de diver-
lizmente) todos falharam. sas lógicas igualmente adequadas.
(COFFA, 1986, p. 17) Esta é uma tese que não faria o
Estamos vivendo uma situação menor sentido até pouco menos
semelhante na lógica. Não ape- de cem anos atrás. Sendo as-
nas o surgimento de uma plura- sim, independente de um even-
lidade de lógicas, mas, também, tual vencedor desta querela, o de-
de uma pluralidade de aborda- bate nos permite aumentar nosso
gens à lógica levou ao questiona- conhecimento sobre lógica o que,
mento e, potencialmente, a mu- afinal, é o objetivo principal de
danças em questões centrais da ló- todo lógico.

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