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Unidade temática: Introdução ὰ lógica.

Tema: Conceito e objecto da lógica


Objectivos: Definir o conceito e objecto da lógica,
Dominar os princípios da razão,
Dominar os métodos lógicos de solução de problemas.

Conteúdos programáticos: Conceito e objecto da lógica

A lógica, entendida como ciência do logos, pode ser definida de várias maneiras:
 Como ciência da razão ou do pensamento;
 Como ciência do discurso racional;
 Como ciência das formas validas do pensamento;
 Como ciência das operações da inteligência, orientadas para a conquista da verdade;
 Como ciência das condições do pensamento correcto e do pensamento verdadeiro;
 Como arte que orienta todo o acto racional, de uma maneira ordenada e isenta de erro;
 Como estudo sistemático das formas ou procedimentos com os quais a razão elabora o saber;
 Como ciência que estuda a dimensão racional do discurso;
 Como arte de pensar.

Objecto de estudo da lógica.


A lógica apresenta um duplo objecto de estudo, nomeadamente: o objecto formal e material do
raciocínio.
No objecto formal, ela preocupa – se com a análise da relação dos elementos envolvidos no
enunciado, se estes são coerentes e não tem nenhuma contradição interna.
No objecto material, analisa não só a coerência do enunciado, mas também a sua concordância
com a realidade.
Importância do estudo da lógica.
A lógica tem a tarefa de regular o perfeito discurso da razão e a de oferecer o bom caminho para
o correcto exercício da linguagem e do pensamento na procura da verdade.

A lógica pode ser espontânea e como ciência.


Lógica espontânea quando a razão humana segue naturalmente nos seus processos de conhecer e
nomear as coisas. Ẻ a ordem que primariamente brota da nossa própria natureza: trata – se de um
modo de discorrer adequado ὰ nossa inteligência e ὰ realidade das coisas, que se adquire
espontaneamente, pelo uso natural da nossa razão. Ẻ a ordem natural da nossa razão que se não
se segue dá lugar a um pensamento confuso, ambíguo ou falso.

A lógica como ciência: aparece a partir do momento em que o Homem toma os seus processos
cognitivos como objecto de estudo. A lógica propõe – se a estudar o conjunto das relações que se
produzem no nosso pensamento em ordem do pensamento das coisas.

Tipos de lógica: Validade formal e material dos enunciados.


A lógica preocupa – se com a verdade ou falsidade dos enunciados apresentados dai que se
preocupa com a validade formal e material dos enunciados.
Validade formal, preocupa – se com a análise da relação dos elementos envolvidos no enunciado,
se estes são coerentes e não tem nenhuma contradição interna.
Validade material, analisa a coerência do enunciado e a sua concordância com a realidade.

Exercícios de aplicação: pág: 57 Vicente, N, Do vivido ao pensado, Ed. Verbo, 1961.


Os princípios lógicos da razão dizem – nos como pensar e não o que pensar. Eles referem – se à
estrutura formal do pensamento e não ao seu conteúdo a que podemos chamar a matéria de
pensamento.
O nosso pensamento tem que estar bem estruturado independentemente do conteúdo do
pensamento.
Chamamos validade formal à consistência dos nossos pensamentos; eles são válidos se estiverem
bem construídos, de acordo com os princípios lógicos da razão, caso contrário são inválidos em
termos formais.
Para além da sua estrutura formal os nossos pensamentos têm um conteúdo, têm uma matéria. Se
o conteúdo do nosso pensamento for incongruente com os dados da experiencia sensível (da
realidade), então o nosso pensamento é invalido em termos materiais, ou seja, é falso (mesmo
que seja formalmente válido).
Assim sendo, podemos dizer que o nosso pensamento é verdadeiro quando está adequado à
realidade. A verdade (validade material) pode ser definida como a adequação do pensamento à
realidade.
Mas, para poder ser verdadeiro, para estar adequado à realidade, o pensamento tem que ser
válido em termos formais, têm que estar bem estruturado. Assim os pensamentos só podem ser
verdadeiros se forem válidos em termos formais e também se estiverem adequados à realidade.
Por isso, um pensamento inválido em termos formais não pode ser verdadeiro (se esta mal
construído não pode corresponder à realidade).
Para além de uma estrutura formal os nossos pensamentos tem que ter um conteúdo (caso
contrário seriam vazios).
Ora, o conteúdo dos nossos pensamentos também tem que estar correctamente estabelecido.
Aquilo que determina a correcção do conteúdo do pensamento não é um conjunto de princípios
ou regras de carácter formal, mas a sua adequação à realidade.
Assim a validade material ou verdade do pensamento esta fora do âmbito da lógica clássica, que
têm como objecto o princípio e as regras que permitem a coerência formal do pensamento e não
a sua adequação à realidade.

As principais dimensões do discurso humano: Sintáctica, semântica e pragmática.


Charles Morris, filósofo americano (1901-1979) estabeleceu três principais dimensões do
discurso humano: Sintáctica, semântica e a pragmática.

Dimensão sintáctica: o termo sintáctica deriva do grego syn + taxis que quer dizer co - ordem ou
coordenado.
Literalmente define – se a sintáctica como parte da gramática que trata das regras combinatórias
entre os diversos elementos da frase, podemos dizer que a sintáctica trata da relação
interlinguistica dos termos entre si. A sintáctica estuda as relações internas que os termos
mantém entre si.
Assim por razões de ordem sintáctica: letras expostas ao acaso não formam uma palavra;
palavras expostas ao acaso não formam uma frase; frases expostas ao acaso não formam um
texto nem um discurso.
Todo o discurso se concretiza na articulação de signos ou palavras que se estendem linearmente
no tempo (quando são pronunciadas) ou no espaço (quando escritas), obedecendo a um conjunto
de regras convencionais próprias de cada língua, de que as respectivas gramáticas dão conta.

Dimensão semântica: o termo semântica provêm do grego semantiké, que significa arte ou
ciência do significado. A semântica pode ser definida como ciência que se dedica ao estudo das
significações. Ela trata das relações das palavras ou frases com os seus significados e destes com
a realidade a que dizem respeito (referência).
Todo o discurso humano comporta necessariamente um determinado significado, tem um
referente a que se reporta, carece de um determinado sentido ou tem um conteúdo significativo.
A semântica do discurso/texto estuda as relações significativas entre proposições que constituem
o discurso ou texto, a semântica tem como objectivo captar o sentido total do discurso a partir
dos significados de cada uma das frases que o constituem. Para o efeito da análise e interpretação
do sentido do discurso, torna – se fundamental a análise de conectores sintácticos mediante os
quais se faz a articulação das frases, ou seja, dos vários significados de cada uma das frases.
A semântica coloca essencialmente, o problema do significado das palavras e frases que
constituem os nossos enunciados discursivos e remete assim para a relação que a linguagem
estabelece entre o mundo e os objectos, colocando assim o problema de referência.

Dimensão pragmática: a palavra pragmática vem do grego pragmatiké , de pragma (acção).


A pragmática preocupa – se com a utilização que fazemos da linguagem num dado contexto.
A pragmática é o estudo das relações entre os signos e os seus utilizadores;
É a ciência que estuda as regras convencionais que tornam aceitáveis as expressões linguísticas
em situações concretas de comunicação, numa dada comunidade linguística.
A pragmática é o estudo do uso das proposições, mas também pode definir – se como o estudo
da linguagem, procurando ter em consideração a adaptação das expressões simbólicas aos
contextos referenciais, situacionais, da acção e interpessoal.

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