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MODERNISMO – Uma Nova Concepção de Arte

Contexto sociocultural Nível Europeu:

Finais do séc. XIX e princípios do séc. XX

 Crescente industrialização;
 Desenvolvimento do capitalismo;
 Aumento dos automóveis;
 Êxodo em direção à América;
 Mulheres começaram a trabalhar fora de casa e a estudar;
 Eleições feitas por sufrágio universal;
 Luta de classes.

- Desarrumação social;
- Rivalidades económicas, políticas, militares e coloniais.

 Grã Bretanha: vasto Império;


Domínio do comércio mundial
Empreendimentos coloniais

Opõe-se à França a Alemanha

 Política de expansão colonial resultante da industrialização para o


escoamento dos produtos e para angariar matéria-prima.

 Estabelecimento do “princípio da ocupação efectiva” (Conferência de


Berlim - 1885) que substitui o “princípio do direito histórico”, que
garantia a Portugal, na qualidade de descobridor, a posse dos
territórios coloniais.

 Acordos secretos entre a Inglaterra e a Alemanha para partilharem


as colónias portuguesas.

 A Alemanha ataca as fronteiras de Moçambique e Angola – o Mapa


Cor-de-Rosa.

Contexto sociocultural Portugal:


 O “progresso material” levado a cabo pela Regeneração
levou ao endividamento do país.

 Ascensão do partido republicano como alternativa ao


governo.

 Projeto de ocupação das regiões compreendidas entre


Angola e Moçambique, para fundar a África Meridional
portuguesa da costa atlântica à contra costa – Mapa Cor-
de-Rosa.

Portugal entra em confronto com a Inglaterra que


pretende alargar o território africano.

Inglaterra impôs o Ultimatum de 1890: teríamos


de ocupar o território; cedemos e conservámos
Moçambique.

Consequências do Ultimatum:

 Tensão política e social;


 Revolução de 31 de Janeiro de 1891, no Porto, para implantar a
República;

A revolução foi reprimida, mas a Monarquia ia


perdendo força.
 Como último recurso o rei tentou estabelecer uma ditadura;
 Tentativa para derrubar o governo feita por dissidentes do Partido
Progressista e pelo Partido Republicano;
 Grupo de ativistas abate a tiro o rei D. Carlos e o herdeiro d. Luís
Filipe;
▪Reafirmação do patriotismo
▪Posição anticlerical
 Implantação da República e o exílio do rei.
▪ Governo presidido por Teófilo Braga.

I Grande Guerra Mundial:


Despoletada pelo assassinato do príncipe herdeiro da
Áustria e de sua mulher em 1914.

 Depressão geral;

 União dos diferentes partidos (União Sagrada) durante pouco tempo.

Forças que se opunham à participação de Portugal na guerra

desencadeiam a revolução de Sidónio Pais – militar, professor

universitário, diplomata e estadista – que estabeleceu a

ditadura. Foi eleito por sufrágio universal mas foi assassinado

pouco tempo depois.

 Agitação e tentativas de usurpação do poder;

 Monarquia proclamada no Porto, derrubada pela República Nova.

1920 – 1926:
 Período conturbado com o assassínio de políticos de destaque;

 Crise económica devido à guerra;

 Partido democrático em crise;

 1926 – Gomes da Costa leva a cabo uma revolta em Braga que deveria

ser simultânea e uma outra em Lisboa:

 O presidente da República nomeia Cabeçadas Presidente do

Ministério e renuncia ao mandato presidencial;

 Tropas do Norte invadem Lisboa e impõem a demissão do Ministério –

começo da Ditadura Militar (1926 – 1933).

ORPHEU
“É a soma e a síntese de todos os movimentos modernos”

→ Mito grego do poeta cujo canto tinha poder sobre as forças da natureza.

→ Texto que pretende intervir diretamente na configuração mental do país,

pretende ser Revolução.


→ “Encontro de letras e pintura com uma série infindável de ismos” ( Almada

Negreiros).

Pessoa Ortónimo
Na poesia de Ortónimo coexistem duas vertentes: a tradicional e a
modernista. Algumas das suas composições seguem na continuidade do
lirismo português, com marcas do saudosismo; outras iniciam o processo de
ruptura, que se concretiza nos heterónimos ou nas experiências
modernistas;
A poesia, cujo conjunto Pessoa queria dar o título Cancioneiro, é marcada
pelo conflito entre o pensar e o sentir, ou entre a ambição da felicidade pura
e a frustração que a consciência de si implica;
Pessoa procura, através da fragmentação do eu, a totalidade que lhe
permita conciliar o pensar e o sentir. A fragmentação esta evidente, por
exemplo, em Meu coração é um pórtico partido, ou nos poemas
interseccionistas Hora Absurda e Chuva Obliqua;
 O interseccionismo entre o material e o sonho, a realidade e a idealidade
surge como tentativa para encontrar a unidade entre a experiência sensível
e a inteligência;
O Ortónimo tem uma ascendência simbolista evidente desde os tempos
de Orpheu e do Paulismo;
A poesia do Ortónimo revela a despersonalização do poeta fingidor que
fala e que se identifica com a própria criação poética, como impõe a
modernidade. O poeta recorre à ironia para por tudo em causa, inclusive a
própria sinceridade que, com o fingimento, possibilita a construção da arte;

As temáticas:
1. O sonho; a intersecção entre o sonho e a realidade;
2. A angustia existencial e nostalgia;
3. A distancia entre o idealizado e o realizado – e a consequente
frustração;
4. A mascara e o fingimento como elaboração mental dos conceitos
que exprimem as emoções ou o que quer comunicar;
5. A intelectualização das emoções e dos sentimentos para
elaboração da arte;
6. O ocultismo e o hermetismo;
7. O sebastianismo;
8. Tradução dos sentimentos na linguagem do leitor, pois o que
sente é incomunicável;
***
Características temáticas
 Identidade perdida (“Quem me dirá sou?”) e incapacidade de
autodefinição (“Gato que brincas na rua (...)/ Todo o nada que és é teu./ Eu
vejo-me e estou sem mim./ Conhece-me e não sou eu.”)
 Consciência do absurdo da existência
 Recusa da realidade, enquanto aparência (“Há entre mim e o real um véu/à
própria concepção impenetrável”)
 Tensão sinceridade/fingimento, consciência/inconsciência
 Oposição sentir/pensar, pensamento/vontade, esperança/desilusão
 Anti-sentimentalismo: intelectualização da emoção (“Eu simplesmente
sinto/ Com a imaginação./ Não uso o coração.” – Isto)
 Estados negativos: egotismo, solidão, cepticismo, tédio, angústia, cansaço,
náusea, desespero
 Inquietação metafísica, dor de viver
 Neoplatonismo
 Tentativa de superação da dor, do presente através de:
- evocação da infância, idade de ouro, onde a felicidade ficou perdida
e onde não existia o doloroso sentir: “Com que ânsia tão raiva/ Quero
aquele outrora!” – “Pobre velha música”
- refúgio no sonho, na música e na noite
- ocultismo (correspondência entre o visível e o invisível)
- criação dos heterónimos (“Sê plural como o Universo!”)
 Intuição de um destino colectivo e épico para o seu País (Mensagem)
 Renovador de mitos
 Parte de uma percepção da realidade exterior para uma atitude reflexiva
(constrói uma analogia entre as duas realidades transmitidas: a visão do
mundo exterior é fabricada em função do sentimento interior)
 Reflexão sobre o problema do tempo como vivência e como factor de
fragmentação do “eu”
 A vida é sentida como uma cadeia de instantes que uns aos outros se vão
sucedendo, sem qualquer relação entre eles, provocando no poeta o
sentimento da fragmentação e da falta de identidade
 O presente é o único tempo por ele experimentado (em cada momento se é
diferente do que se foi)
 O passado não existe numa relação de continuidade com o presente
 Tem uma visão negativa e pessimista da existência; o futuro aumentará
a sua angústia porque é o resultado de sucessivos presentes carregados
de negatividade

Características estilísticas
 A simplicidade formal; rimas externas e internas; redondilha maior (gosto pelo
popular) que dá uma ideia de simplicidade e espontaneidade
 Grande sensibilidade musical:
- eufonia – harmonia de sons
- aliterações, encavalgamentos, transportes, rimas, ritmo
- verso geralmente curto (2 a 7 sílabas)
- predomínio da quadra e da quintilha
 Adjectivação expressiva
 Economia de meios:
- Linguagem sóbria e nobre – equilíbrio clássico
 Pontuação emotiva
 Uso frequente de frases nominais
 Associações inesperadas [por vezes desvios sintácticos – enálage (“Pobre
velha música”)]
 Comparações, metáforas originais, oxímoros
 Uso de símbolos
 Reaproveitamento de símbolos tradicionais (água, rio, mar...)
***

- Estilo e Linguagem: - preferência pela métrica curta


- linguagem simples, espontânea, mas sóbria
- pontuação (diversidade)
- gosto pelo popular (quadra)
- métrica tradicional: redondilha (7)
- musicalidade
Temas

Sinceridade/fingimento
- Intelectualização do sentimento para exprimir a arte -> poeta fingidor
- despersonalização do poeta fingidor que fala e que se identifica com a
própria criação poética
- uso da ironia para pôr tudo em causa, inclusive a própria sinceridade
- Crítica de sinceridade ou teoria do fingimento está bem patente na
união de contrários
- Mentira: linguagem ideal da alma, pois usamos as palavras para
traduzir emoções e pensamentos (incomunicável)

Consciência/inconsciência
- Aumento da autoconsciência humana (despersonalização)
- tentativa de resposta a várias inquietações que perturbam o poeta

Sentir/pensar
- concilia o pensar e o sentir
- nega o que as suas percepções lhe transmitem
- recusa o mundo sensível, privilegiando o mundo inteligível
- Fragmentação do eu  interseccionismo entre o material e o sonho; a
realidade e a idealidade; realidades psíquicas e físicas; interiores e
exteriores; sonhos e paisagens reais; espiritual e material; tempos e
espaços; horizontalidade e verticalidade.

O tempo e a degradação: o regresso à infância


- desencanto e angústia acompanham o sentido da brevidade da vida e
da passagem dos dias
- busca múltiplas emoções e abraça sonhos impossíveis, mas acaba
“sem alegria nem aspirações”, inquieto, só e ansioso.
- o passado pesa “como a realidade de nada” e o futuro “como a
possibilidade de tudo”. O tempo é para ele um factor de desagregação na
medida em que tudo é breve e efémero.
- procura superar a angústia existencial através da evocação da infância
e de saudade desse tempo feliz.
***
Na poesia de Fernando Pessoa como ortónimo coexistem duas vertentes:
a tradicional e a modernista.
Alguns dos seus poemas seguem na continuidade do lirismo português
outras iniciam o processo de ruptura, que se concretiza nos heterónimos ou
nas experiências modernistas.
A poesia, a cujo conjunto Pessoa queria dar o título Cancioneiro, é
marcada pelo conflito entre o pensar e o sentir, ou entre a ambição da
felicidade pura e a frustração que a consciência de si implica (como por
exemplo no poema Ela canta, pobre ceifeira nos versos “O que em mim sente
‘stá pensando./Derrama no meu coração”).
Fernando Pessoa procura através da fragmentação do “eu” a totalidade
que lhe permita conciliar o pensar e o sentir. A fragmentação está evidente por
exemplo, em Meu coração é um pórtico partido, ou nos poemas
interseccionistas Hora absurda , Chuva oblíqua e Não sei quantas almas tenho
(verso “Continuamente me estranho”). O interseccionismo entre o material e o
sonho, a realidade e a idealidade, surge como tentativa para encontrar a
unidade entre a experiência sensível e a inteligência.
A poesia do ortónimo revela a despersonalização do poeta fingidor que
fala e que se identifica com a própria criação poética, como impõe a
modernidade. O poeta recorre à ironia para pôr tudo em causa, inclusive a
própria sinceridade que com o fingimento, possibilita a construção da arte.
***
Na poesia do ortónimo coexistem duas vertentes: a tradicional (com marcas
do saudosismo) e a modernista (que se concretizada nos heterónimos e nas
experiências modernistas).
É marcada pelo conflito entre o pensar e o sentir, ou entre a ambição da
felicidade pura e a frustração que a consciência de si implica (ex. “Ela canta,
pobre ceifeira”).
Procura, através da fragmentação do “eu”, a totalidade que lhe permita
conciliar o pensar e o sentir. A fragmentação é evidente em Hora Absurda e
Chuva Oblíqua.
A fragmentação, ou seja, a tendência do eu em deixar de ser uno e a
pluralizar-se, no esforço de apreender a realidade marcadamente plural da vida
moderna é outra das características do poeta: “Sê plural como o universo”. A
sinceridade intelectual ou metafísica é a única que interessa à poesia. Daí que
o fingimento seja a mais autêntica sinceridade intelectual, pois “fingir é
conhecer-se”.
O interseccionismo entre o material e o sonho, a realidade e a idealidade
surge como tentativa para encontrar a unidade entre a experiência sensível e a
inteligência.
A poesia do ortónimo revela a despersonalização do poeta fingidor que fala e
que se identifica com a própria criação poética, como impõe a modernidade. O
poeta recorre à ironia para pôr tudo em causa, inclusive a própria sinceridade
que, com o fingimento, possibilita a construção da arte.

As temáticas:
A intersecção do sonho e a realidade (Chuva Oblíqua);
A angústia existencial e nostalgia (do eu, de um bem perdido, das
imagens infância);
A distância entre o idealizado e o realizado e a consequente frustração –
“tudo o que faço ou medito”;
A máscara e o fingimento como elaboração mental dos conceitos que
exprimem as emoções ou o que quer comunicar (Autopsicografia);
A intelectualização das emoções e dos sentimentos para a elaboração
da arte;
O ocultismo e o hermetismo (Eros e Psique)
O sebastianismo
Tradução dos sentimentos na linguagem do leitor, pois o que se sente é
incomunicável.

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