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INTRODUÇÃO:
A percepção voltou à moda nas duas últimas décadas. Em meio ao domínio
quase absoluto das investigações que privilegiavam o mundo da linguagem,
tanto na filosofia quanto na psicanálise, em geral fazendo a linguagem
preexistir a sujeito e mundo, reapareceu uma providencial preocupação com
a percepção como nossa forma mais original de contato com o mundo e com
nós mesmos. Talvez esta volta de interesse pelo estudo da percepção
também possa ser entendida como uma reação a uma cultura e a relações
cada vez mais virtuais. E neste caso se depositaria no retorno da percepção
a esperança de acessos verdadeiros ao real, àquilo que seria material e
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Retomo neste artigo ideias apresentadas em “Merleau-Ponty e o Primado da Percepção” (Cf. Coelho
Junior, N. 2000), em “Inconsciente e Percepção na Psicanálise Freudiana” (Cf. Coelho Junior, N. 1999 a)
e em “Usos da Percepção na Psicanálise Contemporânea” (Cf. Coelho Junior, N. 1999b).
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objetivo. Talvez ela também possa ser entendida pela expectativa de que se
reinstale, sem maiores conflitos, a correspondência aristotélica entre o objeto
percebido, o sujeito que percebe e a representação mental do objeto
percebido. Assim, uma realidade marcada por grandes tensões, regida em
parte pelo signo do caos, talvez reencontrasse uma tranquilizadora ordem
racional.
A percepção é, de forma geral, simultaneamente a designação de uma
função, de um ato que exerce esta função e do resultado deste ato. Ou
como prefere Barande (1992), “perceber é uma conduta de um organismo,
uma conduta dinâmica.” (p.371) Perceber é, ainda, adquirir conhecimentos
através dos sentidos, é um ato que na filosofia sempre esteve associado, ao
menos até os trabalhos de Merleau-Ponty, à concepção de um sujeito que
capta ativamente um objeto externo. Desde a noção latina percipere
encontramos este último sentido, que enfatiza a posição ativa do sujeito
perante um mundo inerte que está lá para ser ‘apreendido’, ‘recolhido’,
‘captado’.
A hipótese principal que defendo, no entanto, é a de que a percepção
ocupa o espaço intermediário, o lugar da ambiguidade entre o virtual e o
atual, entre o subjetivo e o objetivo, entre o psiquismo e a assim chamada
realidade externa. Entendo que a percepção não pode ser purificada de
seus aspectos introjetivos e projetivos. Diante dessas hipóteses investigo já
há mais de uma década o que autores e teorias, tanto na filosofia como na
psicanálise têm pensado ao procurar recolocar a percepção em um lugar
central em nossa compreensão dos processos de constituição da
subjetividade. Mas para isso, procurei também reler dois autores principais
para o estudo do tema da percepção, no âmbito da psicanálise e da
fenomenologia: Freud e Merleau-Ponty.
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Com relação ao estudo da percepção nas ciências cognitivas, remeto o leitor ao texto de Elisabeth
Pacherie “Sciences Cognitives: Nouvelles Perspectives sur L’Intentionnalite et la Perception”, In :Lettres
Philosophiques , 3 , Editions Gaïa, Paris, 1991.Quanto às relações entre percepção e avanços na
informática cabe destacar pesquisas como as do Prof. Hiroshi Ishii, do Media Lab do M.I.T. com relação
à inclusão das possibilidades do tato na comunicação através de computadores. Pesquisas como esta são
exemplo de trabalhos que procuram possibilitar atos perceptivos “ à distância” , ampliando de maneira
radical a nossa concepção do que seja um ato perceptivo. Outros estudos nesta linha têm sido feitos com
relação ao olfato, a visão, a audição e o paladar, como aparecem relatados em “In the realms of the
senses”, reportagem de James Geary, para o número especial da revista norte-americana “Time”,
dedicado à “The new age of discovery- A celebration of mankind’s exploration of the unknown”,
dezembro,1997- janeiro, 1998.
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(1996). Mas ele está presente também entre os autores de língua inglesa,
em trabalhos como os de Bollas (1992, 1993 e 2013) onde, além de um
inovador uso da concepção freudiana de percepções endopsíquicas, merece
destaque o desenvolvimento de noções como a de percepção intuitiva na
análise dos usos expressivos da contratransferência, Ogden (1996 a, 1996b,
1997 e 2009) com sua ênfase em uma compreensão intersubjetiva do
processo analítico, ou Steiner (1997), analisando mecanismos perversos
como o que ele denomina de “fingir que não vê” e também a forma como
retoma as ideias de Freud sobre o fetichismo, enfatizando a simultaneidade
do reconhecimento e da negação de algo percebido. Há ainda o trabalho em
torno das relações entre a imitação e a percepção na constituição subjetiva,
que articulam as referências freudianas aos estudos da psicologia do
desenvolvimento e das neurociências, como nos trabalhos dos psicanalistas
brasileiros Paulo Carvalho (2012) e Pedro Salem (2012). Estas referências
iniciais, longe de serem exaustivas, fornecem um panorama mínimo que
permite contextualizar a investigação que proponho neste trabalho.
No avant propos da Revue Française de Psychanalyse (2-1995) os editores
do número iniciam seu argumento afirmando que:
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Botella e Botella (1995), referindo-se ao estatuto da percepção entre os psicanalistas, lembram que a
percepção “...mal amada pelos psicanalistas, inteiramente ignorada pelo índice do Abstract of the
Standard Edition, só tem direito, no Vocabulário de Laplanche e Pontalis, a uma referência sob a
rubrica Consciência (psicológica); considerada por muitos como devendo ser deixada aos psicólogos, aos
neurofisiologistas, ou ainda aos cognitivistas, a percepção é abordada por Freud desde o Projeto, mas não
será jamais objeto de um estudo analítico sério.” (p.349)
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Em A Força da Realidade na Clínica Freudiana (Coelho Junior, N. 1995) procurei expor os diferentes
eixos que organizam a questão da realidade na obra freudiana e , acima de tudo, demonstrar que a
presença da realidade externa no trabalho clínico de Freud é muito maior do que se costuma supor.
Remeto o leitor interessado, à bibliografia deste livro para a referência de estudos psicanalíticos sobre a
noção de realidade na teoria e na clínica.
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Uma primeira percepção sem nenhum fundo é inconcebível. Toda percepção supõe um
certo passado do sujeito que percebe, e a função abstrata de percepção, enquanto encontro
de objetos, implica um ato mais secreto pelo qual elaboramos nosso ambiente. (1945,
p.326)
A noção essencial para tal filosofia é a de carne, que não é o corpo objetivo, que não é
tampouco o corpo pensado pela alma (Descartes) como seu, que é o sensível no duplo
sentido daquilo que sentimos e daquilo que sente. (...) Portanto, a filosofia de Freud não é a
filosofia do corpo mas da carne. - O id, o inconsciente, - e o ego (correlativos) para serem
compreendidos a partir da carne. (1964a, pp. 313 e 324)
Nosso objetivo não é opor aos fatos coordenados pela ciência objetiva outro grupo de fatos-
sejam eles chamados “psiquismo” ou “fatos objetivos, ou “fatos interiores”- que “lhe
escapam”, mas mostrar que o ser- objeto e também o ser- sujeito, este concebido em
oposição àquele e relativamente a ele, não constituem uma alternativa, que o mundo
percebido está aquém ou além da antinomia, que o fracasso da psicologia “objetiva” deve
ser compreendido juntamente com o fracasso da física “objetivista”- não como uma vitória
do “interior” sobre o “exterior”, do “mental” sobre o “material, mas como apelo à revisão de
nossa ontologia, ao reexame das noções de“sujeito” e de “objeto”. As mesmas razões que
impedem de tratar a percepção como um objeto, também impedem de tratá-la como
operações de um “sujeito”, seja qual for o sentido em que possa ser tomada. (1964a, p.41)
E ainda apresentando, com muita clareza, o que entendia por sua polêmica
concepção de fé perceptiva (noção central em seu último livro):
com os quais a palavra vai se articular para obter seu significado. A percepção pura e
simplesmente não oferece objetos. Aquilo que ela recebe do mundo não são imagens de
objetos, mas imagens elementares (visuais, táteis, acústicas etc.) que vão constituir o
complexo das associações de objeto (e não da representação-objeto ). (idem)
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Pode-se comparar, por exemplo, só para ficar nos comentadores brasileiros, as diferentes leituras de
Garcia- Roza (1991) e Osmir Faria Gabbi Jr., nas notas de sua tradução do Projeto (Freud, 1995).
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A partir dos desenvolvimentos {feitos} até agora, segue-se que o eu em Ψ, que, de acordo
com suas tendências, podemos tratar como o sistema nerv[oso] em seu conjunto, sofre
duas vezes, através de processos não influenciados em Ψ, desamparo e dano. Ou seja,
uma primeira vez, quando no estado de desejo, ocupa de novo a recordação de objeto e
então recorre a uma eliminação; neste caso tem de faltar a satisfação porque o objeto não
tem existência real , mas só existe em representação de fantasia. No início, Ψ é incapaz de
acertar essa diferença porque só pode trabalhar de acordo com a sequência de estados
análogos entre seus neurônios. Assim é preciso um critério que venha de outro lugar para
diferenciar entre percepção e representação. (...) Destarte, é a inibição do eu que possibilita
um critério de diferenciação entre percepção e recordação.( [1895] 1995, pp. 38-39).
Em outra nota critica da tradução, Gabbi Jr. aponta com razão que ”Freud
explicita que o termo percepção refere-se... a uma ocupação em Ψ a partir
de Φ e não a uma ocupação de ω. Toda vez que a quantidade induzida por
um objeto externo ultrapassa um certo limiar, esta propaga-se através de Φ,
desperta em Ψ uma representação que lhe corresponde e excita ω.”
([1895]1995, nota 364, p.183). Assim, o investimento no neurônio garante a
existência do signo de realidade, confirmando a presença do objeto
percebido e a consciência deste objeto. Este processo descreve “o
mecanismo por meio do qual se dá um processo no eu que procura
estabelecer um caminho entre a representação do objeto desejado e a
representação do objeto percebido.” ([1895]1995, nota 364, p.183)
Ou ainda:
A situação psíquica é ali a seguinte : no eu domina a tensão de apetite, em consequência a
representação do objeto amado ( a representação de desejo) é ocupada. A experiência
biológica ensinou que esta r [epresentação] não deve ser ocupada tão fortemente a ponto
de ser confundida com uma p [ercepção] , e que se tem de adiar a descarga até que de R
procedam os signos de qualidade, como prova de que R é agora real, é uma ocupação de p
[ercepção]. (...) A diferença entre R e a p [ercepção] vinda dá, então, a ocasião para o
processo de pensar, que chega ao seu fim quando as ocupações de p [ercepção]
excedentes são transladadas, por meio de um caminho encontrado, para ocupações de R
[epresentação] e. então, é alcançada a identidade. ( [1895]1995, p.76)
A descrição do processo psíquico que busca uma identidade entre o objeto
percebido e o objeto representado faz de Freud, neste texto, um aplicado
aluno da tradição filosófica ocidental. É claro que nada é assim tão simples
em se tratando de Freud.
O próximo texto em que Freud apresenta um novo modelo do aparelho
psíquico e retoma em novos termos a relação entre percepção e
representação é a Carta 52 a Fliess, de 6 de dezembro de1896. Freud relata
a seu amigo:
Como você sabe, estou trabalhando com a hipótese de que nosso mecanismo psíquico
tenha-se formado por um processo de estratificação: o material presente sob a forma de
traços mnêmicos fica sujeito, de tempos em tempo, a um rearranjo, de acordo com as
circunstâncias - a uma retranscrição. Assim o que há de essencialmente novo em minha
teoria é a tese de que a memória não se faz presente de uma só vez, e sim ao longo de
diversas vezes, [e] que é registrada em vários tipos de indicações. ( [1896]1986, p.208)
A seguir Freud apresenta um esquema em que o aparelho psíquico aparece
composto dos seguintes elementos, ordenados de forma linear, seguindo
uma seqüência temporal:
O processo primário esforça- se em garantir a descarga da excitação para com isso, com a
ajuda da quantidade de excitação assim acumulada, estabelecer a identidade de percepção
[Wahrnehmungsidentität]; o processo secundário, no entanto, abandonou esta intenção e
estabeleceu outra em seu lugar, o estabelecimento de uma identidade de pensamento
[Denkidentität] (1900, p.571).
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Ora, aqui os dados do problema não são anteriores à sua solução, e a percepção é justamente
este ato que cria de um só golpe, com a constelação dos dados, o sentido que os une – que
não apenas descobre o sentido que eles têm, mas ainda faz com que tenham um sentido.
(1945, p.46)
Ser uma consciência, ou, antes, ser uma experiência, é comunicar interiormente com o
mundo, com o corpo e com os outros, ser com eles em lugar de estar ao lado deles.
Ocupar-se da psicologia é necessariamente encontrar, abaixo do pensamento objetivo que
se move entre as coisas inteiramente prontas, uma primeira abertura às coisas sem a qual
não haveria conhecimento objetivo. O psicólogo não podia deixar de redescobrir- se
enquanto experiência, quer dizer, enquanto presença sem distância ao mundo, ao corpo e
ao outro, no momento mesmo em que ele queria perceber-se como objeto entre os objetos.
(1945- p. 113)
Mas devemos insistir sobre esse fato que elas [as análises propriamente fenomenológicas ]
não visam substituir a psicologia. A renovação da qual se trata não é uma invasão. Trata-se
de renovar a psicologia sobre seu próprio terreno, de verificar seus métodos próprios
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através de análises que fixem o sentido sempre incerto de essências fundamentais como
aquelas de “representação“, “lembrança”, etc. (1996 pp.22-23).
No que concerne à consciência, temos que concebê-la não mais como uma consciência
constituinte e como um puro ser-para-si, mas como uma consciência perceptiva, como
sujeito de um comportamento, como ser-no-mundo ou existência... (1945 p.404)
Se enfim se admite que as recordações não se projetam por si mesma nas sensações, e que a
consciência as confronta com o dado presente para reter apenas aquelas que se harmonizam
com ele, então reconhece-se um texto originário que traz em si seu sentido e o opõe àquele
das recordações: este texto é a própria percepção. ( 1945 p.29)
E logo a seguir:
Agora se manifesta o verdadeiro problema da memória na percepção, ligado ao problema geral
da consciência perceptiva. Trata-se de compreender como, por sua própria vida e sem trazer
em um inconsciente mítico materiais complementares, a consciência pode, com o tempo,
alterar a estrutura de suas paisagens - como, em cada instante, sua experiência antiga lhe está
presente sob a forma de um horizonte que ela pode reabrir, se o toma como tema de
conhecimento, em um ato de rememoração, mas que também pode deixar “à margem”, e que
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As diferenças com Freud são muitas, mas nota-se aqui um esforço claro em
ampliar ao máximo o horizonte da experiência de uma consciência
perceptiva. Não é de se estranhar que na década seguinte Merleau-Ponty
viesse a construir uma concepção própria do inconsciente, em grande
medida apoiado nas transformações que ele aqui realiza em sua teoria da
percepção.
feita de forma mais consensual, mas o que dizer da grande gama dos ditos
“normais”? Por enquanto estas questões ficam sem resposta.
Freud, ainda neste texto, não parecia ter muitas dúvidas quando afirma que
“originalmente a existência da representação é já a garantia da realidade do
representado.” (1925b, p.375) Conhecemos a ambiguidade de Freud com
relação a este tema, mesmo porque não é de todo incoerente com a teoria
supor representações de objetos irreais ou de processos puramente
fantasiados. Mas vale lembrar que é o mesmo Freud que afirma que toda
fantasia se apoia sobre um grão de realidade. Estas oposições entre interno
e externo, entre real e fantasiado estão no centro de toda discussão
metapsicológica. Em muitos momentos Freud parece que se vê obrigado a
tomar um partido, em outros ele parece aceitar mais tranquilamente a
ambiguidade imposta pelos fatos.
Outro ponto que merece destaque neste texto, A Negação, é o fato de Freud
afirmar a qualidade ativa das percepções, possivelmente mobilizadas a partir
de representações. Esta inversão é de grande importância. Assim, não
teríamos apenas percepções que geram representações, mas também
representações que “forçariam” a necessidade de percepções:
...em nossa hipótese, a percepção não é meramente um processo passivo, ao contrário, o
ego envia periodicamente pequenas quantidades de investimento para o sistema perceptivo
[Wahrnehmungssystem], com o que este sistema recolhe o estímulo externo... ( 1925b,
p.376)
Aspecto semelhante já tinha sido apontado por Freud em outro texto
publicado no mesmo ano, mas escrito um ano antes, Nota sobre ‘o bloco
mágico (1925 a). Neste texto, referindo-se à qualidade ativa da percepção,
Freud sugere que “é como se o inconsciente estendesse sensores ao mundo
externo através do sistema P- Cs. [W-Bw ] e os retirasse rapidamente assim
que eles de lá tivessem recolhido as excitações. “(1925a, p.369)
Representações inconscientes impulsionam o processo perceptivo? É claro
que neste texto Freud está mais preocupado em descrever o funcionamento
do que ele chama de “aparelho perceptivo de nosso psiquismo ou de nossa
alma” [unsere seelischen Wahrnehmungsapparat] e para isso ele estabelece
as comparações com o ‘bloco mágico’. Mas é possível supor que Freud
reconheça aqui, também, a possibilidade determinante da ativação
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Em outro texto, [Coelho Junior, N. (1991)], desenvolvi com maior profundidade este tema que, no
entanto, recebe aqui uma nova análise no que diz respeito às críticas de Merleau-Ponty à concepção
freudiana do inconsciente. Cf. também a interessante análise de Petra HERKERT (1987) em seu livro
Das Chiasma, onde ela discute a crítica de Merleau-Ponty ao inconsciente freudiano.
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Cf. SCHNEIDER, M. Afeto e Lingugem nos Primeiros Escritos de Freud, São Paulo, Ed. Escuta, 1994;
BOTELLA,C. e BOTELLA, S. "Le statut métapsychologique de la perception et l'irrepresentable", Revue
Française de Psychanalyse, 1-1992; BOTELLA,C. e BOTELLA,S. "Sur le processus analytique: du
perceptif aux causalités psychiques",Revue Française de Psychanalyse, Paris, 2-1995;
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
BARANDE, I. (1995) “La perception est kinesthésie, le verbe est action” Revue
Française de Psychanalyse, Paris: P.U.F., 2-1995.
GEARY, J.(1997-98) “In the realms of the senses”, Time Magazine, New
York, Dec. 1997- Jan. 1998.