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·. !

Alvaro Vieira Pinto


)

ENS?IO
sôhre- \

.A DINÂMICA
na COSMOLOGIA i

de PLATÃO

Rio de Janeiro
1949
l
...
T?,?,.?
·

Pl at ão,
\,,.
TOl
SAN T,AG o DANTAS
KA1 TOl
PL1N10. RocttA

O.IA TO

KOINA TA re <1>1/\0N
P R E F Á C lr O

,I'
Desde todos os-tempss9 da epoca que se
segue imediatamente à existência de l?latão9no cir
curo mesmo dos seus discípulos 9 que o ouviram e.
consultara?, at? os nossos dias? a concepçic,pla=
• A ?
.
.

tonica do universo nao cessou-de ser. estudada e


discutidaº .Poderia parecer-que d;ste- permanente
'
As (f' ?
interesse-houvesse.resultado .um.acumulo de noç.oes
seguramente aô quãr ãdas; formando um solido
,I'
esquema
in.terpretativo'O - O,.contrárioíl .. porém9 -? que se re"?
gist:r.a º .. No tocante ao problema da natureza 9 nae ""'

? #
so nao ha segurança a respeito de -importantes t.ó-
,I' ,I'

r .1

picos d© si?tema9 ?om0 tudo indica que t0 -??bat?


(f' ,I'
prosseguira pelo desejo de se esclarecer o @©nte];!
.do. dessa grandiosa. concepção do mundo , tão _rica ?
1ampla 9 .que por- isso' mesmo se presta a. copiosa-di=
versidade de opini?eso- O.que todas as 1erao?e?
A , , .

tem sentido e que ha no-Timeu /alguma coisa de ex=


,;i,

traordina.riamente importante que se percebe de m? 9

do geral na .granô eaa da síntese· lÓgico=metafisi.c,q


,? A
que o dialogo sobre o mundo f1s1co e?poe9 mas9t?
. Ro '. =

= a
tomai? somos atraidos pela seduçao deste pensamen
.to9 mais. no?. d=ba t.emos ent:re as mnner osas e p:rofim
-
..

dificuldades que
da.s- a solução particular dos p:r.Q

blemas acarretaº
= 2 =.
? A ?
Todos estao de acordo em .que o Timeu e
o prjmeiro grande sistema da natureza qúé a his=
t6r1a conheceº Na amplitude de sua visioiPlatio
?
nos da as linhas gerais9.os con?eito? fundamen =
'
. (?

tais..de um quadro grandioso no qual se contem a

primeira grande possibilidade de interpret?_ção oo


universoe Mas o que torna ·difÍci+ e·complexa .eA
= , .
.

=
sa visao e que9 por motivos? que ·Platao considera
_legítimos e prementes? não 'pode ela ser ??scrita
p?. linguagem simples de uma- exposição didática 9
.

mas deve necessariamente ser ?evestida da forma ?


' •
.

- . ·.
.
?

f,,J : • . '
• #
de narrativa mitologica? ?om que.d? fato foi re?
? A
Sabemos por que o Filo?ofq' assim fez9mas
liz?dao
= = ? .

nao podemos deixar de lamentar nao termos por 1??


.

so os meios de apreciar9 numa inspeção diretf*9 o


sentido e o fundo. do seu pensamentP.º? Bs tamos i,!1 ,. .
? .
A
r amed Lave Lment e condenados •
.

.
.
a conhecer.
.
.
a subs
'
tan-
..
A If) (? (?

_eia deste atraves do veu da f?bula que pensamento


I

6.envolv?i e o que acresce as dificuldades de in? ' ·.

?
·, ,
. .
A
t
.

terpr?,tBÇEfõ e ser tao desigual·ª r ansparencda ??cê.


i?. ""'. • -co .

se envo tÓ:ritJo l ·Se em cer t as qu?êtpe? .Pode dizer=


.se que,toc?mos quase .
significaçio?real
.
.,· '
da cogi? .
a . .
I

'
.taçãb pl.atÔnica 9 sÔbre outras 9. e infelizmente as
• . . ' .

cond t çeo
... .
' '
·""' I

maí.s importantes 9 vemo-nos r eduaãd



I '-lo

.. = os ...-?
.

? .,

.de conj e tur ar º :Nao hpuve em Plata e ô pr opósã to


"" (?
I

-'
de legar ;·posteridad? um· gigantese,o

- .
enigma9. êle
... ,. •
• ,1 •
? •

mesmo 9 por uma convicção central do. seu s í.sbema ?


fica incerto entre os pensamentos com que procu=
3
ra entender natureza9 e desde logo se convence
a
de que , em virtude de uma radical inaptidão. do e?
p":Í:rito cogitante para se representar a mobilida=
de fÍs t:ca 9 c?ência pode claramente intei.
nenhuma
pr et.ar o mundo º S.e enigma exi?t;? J não foi o seu
],.iv:ro que o cr í.ou , mas e o universo mesmo que o
.
t?

exâ be , .Não lhe r e s ta outro recurso senãó decidi?'=


se na alternativa de r es í.gnar=se
de_sconhecer e? a
?ernamente _a natureza 9 ou procurar _r?duz:Í=la _,-??
formas de ,inteligibilidade própria? do esp{rit<õo
.
? =
Ç,omo escolheu. )i),ste segunde eamf.nho , sua obra nae

, -?-
podera ter o caraterde uma narrativa concisa e-?
'

·xata 9 quando .,e fundada sobre


• A
a certeza permanente.
.

A ?

'ça irremediável diseorq.a·ncia entre o ser. r:f s í.co e


o instrumento de que o esp{r ito dispõe para repr,?
serrtà-Le ,
t?

{ ?
exatidão seria para a f1sica
A urn cara'-
t'er de _fal?·idade a p:riorL }?ar.a que seja realizí;
ve1: a. cl;ncia da natureza tem de content ar=·se em
?
atingi);_ um alto grau de ver?asJ;lllilhança 9 ?s dever à,
' ' '

-Ó,

para -??na?var um dado irrecus·ãve.l e· cons t ant.e 9re


A
lembrar a cada momento o f'undo de incerteza ª-_obre
que repousa, o car?ter de aç8rdo de que se r?ves=
te9 entre as possibilidades positivas _da inteligi
bilidade pu?a9 da parte do espÍrito9 e a resist;n
eia irracional da mobilidade9 da parte do devenir
fÍsico º cada momento j no curso do seu livro.9
A

P-1.at?.o ??ur.a reavivar a Lembr ança d?ste trQÇO ?


- he,
,?

pital de incerteza
probabilismo9 que e contudo e

a condição mesma da exist;ncia. de. uma ciência do


universoº Esta incerteza repercute entretanto de
forma diferente em nosso espírito? Rara ;le9 es=
ta incerteza é uma vitÓriaj o que muitas vêzes sei

percebe no tom do seu escritoj há um otimismo conA


tante em t"Ôda a sua e bra 9 uma satisfação de ver: ...
<;:,, = t?
.

que a razao humana e dada esta apreensao9 insegu=


ra e parcial embora9 sÔbre um domínio que não se=
ria de estranhar se permanecesse nef:1.ni t ãvamente
? = =
cerrado Feita para a cont.emp'Laçao d_ô
a sua visa o ,

eterno e do imóvel? do ser inteligível na transce,n


? =
dencia de sua inalterabilidade9 a razao consegue
apoderar=s? da existên®ia sensível do que nas?e e
perece do que e ora a s sdm ora diverso do que ?
t?

9 , 9

ta .agor a aqui agora al:l e para ele const.roã wna


,p
.
/;I, ,p

9 9

estrutura .exp'Lí.cat-âva 9 que é o


?
que de mais p:rÓxi=
mo pode haver da verdadeira ci?ncia9 para a o:rd®m
de real:idade.'.de?·-qué se=
·A ·,
tratẠ-
,
""'
ser
.
.
- Ora., este .otimismo.nao.pode compar-=
tilhad@ .. por .nos-<,_ a .quem outros hàbã tos.vde pens?
.
- . ,p - tf'

?
A ,·. . .

t<0? .. outra eoncepçào .da c í.encda fazem. ver de forma


.
ç:;,

diferente .o papel da .. razio- em face r!si=


..... do mÚndo.
l
exata .nao se r e-.
?. A ....
G::>

eoQ-··-Nosso ideal.de. uma: cã enc.í,a


.

?· =
t
.
·, A
s í.gna a.-1:tmi açào platoniea; e e nesta. atitude
,p
.de

espírito .que a. mad.or.ia .dcs investigadores- da .ebra ..

i?
A tf'
platonica se. colo-cam para. julga-la-º Se 9 porem.,r? .

fletirmos que alguns dos mais recentes desenvolv.!


5
""' J' ,?
mentes da fisica teorica nao mais nos autorizam
ª?
a nutrir- a- ilusão de um .conhecãment.o - .absoãuro da
= ?.:
ordem naturaL, vemos quanto. a. vt?ao d? Plata o ctelt
.

O!

t ?
.


ce de. Lmpo
·-
r ane La na sua '"'intuiçãQ- .fii?améntal-o A
-
.

.


mobf.Lãdade, .de .. fato9 ãmpoe ao ?o??1w.enü. condi=

C>) • •

H .

ções ·1n:transponÍveis 9. O que .em. P-1atã·o:.resultava-


er .
t
de mna premissa?met?fisica.9... a. teoria moderna. deA
. .
.

u, cobre no próprio. campo ... da exper fmerrt açao ·?mpÍri?


ca, Mas. a- coneorüancãa final e completa entre as
'
A> ,p
?-.? ....
e,

""'
duas concepçoes?.
?? ?ste-otimismo impede Patão de sentir- as
C&J
obs cur ãdade s 9 porventura ·eselare°Civeis 9 de ..muita.?
...

passagens do seu .. !textoº Movido. ainda por um. pode=


--

r oso intento .poe, t.Lco, que no Tim?u.,·-.. se. :r evela


. .

.maís
A ?·
na substancia do.mito. do que na.forma-literaria?
?
cobre mui tas vezes que- pudera ser alegoria
..:

- com a .o-
dito .na lição prosaicào .Acresce que9 p©r..uma _sin
gu'Lar feição de. 'sua imaginação nesta cbra 1 aqui
= A
nao t.r ans par ece .aque l.a .Lãmpfd ez 1:L.elegancia de ?A
tilo. das .dialogos
,?
anteriores? a .f'or ma e.? rude e i5-'
,p A £
nabil?- por v.ezes .o s per Lodos longos eLde:nsos- e ft'S
" .

quentes. as- ambãguãdades., iudo isto constitui .a


.
.

= ?
r azao de ser . da .consâd er áveã dific.uldade?com- qt"t_e.51
.

?
desde-a sua- epoca, se t em. def'r ont ado o?.-?üment?do
? .

res do seu pensamentoo-Sendo tão nume'.rosa. a.coor=


?
t e. d o s, que.rt ent ar am esta. empr.e sa
""
tao inseguros e-
, . .

ainda o?Lresultados temeridade. que mos .di?


.

9 e uma
! tP "' ,? 't?

puses semos a acemet.a -La º -Se a fizemos 51


per em , e
1
= 6 =
A
porque9 malgrado a plena consciencia dos-riscos a
A ? -

assumir9 julgamos talvez fossem dignas de ate.nçao


algumas idéias que a leitura do Timeu nos propQr=
cionouº Tanto mais que u?? d?ntre elas? aq qúe â
creditamos 9 ainda não. foi '.'·_as?'inalada - e par?ceu?nos
que mereceria ser exposta con:i? uma contrfbuiçio a -

mais para a elucidação desta. 'filosofia perene , .


D@ estudõ·do Timeu e de sua colocação no

âmbito gerªl do sistema platônico nos resultou a


impressão ?e que se deveria acentuar 9 mais.Ado que
. .

o faz a maioria dos comentadores9 a importancia?


cisiva da obra física no conjunto da filos?fi_? de_
""' (? ""' ?
Plataoo Ja nao nos referimos aqu?les que parti=
lhama inveridica atitude de julgar que para-Fla=·

""'
.
__

A
tao so existe o mundo das ?ss?nc:ias formais ou I'?
tP O

,? " ""' e:,


.

deias9 e que o Filosofo nao concede senao a mais .


""' '6 <l.

reduzida s:ignificaçao ao mundo f1sico? nem· aqueles


que compr eendem e valor da :teoria natural9mas nâoy
se representam claramente a verdadeira razão des=
a.
?a importanciao
Quer=nos parecer9 com efeito9 como ati=
tude mais geral em face do- .pno b.Lema da posição da
f
fisica na filosofia de Platao9 que
.
e:,
a
?
ciencia d&Ii.
? =
,?
tureza e o termo final de toda a especulaç?o. pla=
A
tonicao
Tomada esta atitude
de trJ, como hipótese
balho? procuramos ampliàr o quadro que nos desveD
dava e desenvolver as ?uas implicaçõesº No de=
= 7 ....

curso dessa meditaçâo9 fomos sentindo o bem fun=


dado d.a conjetura inicialº Foi=se=nos r eve Lando
a figura de um Platão que se afirma como um filo
sofo da natureza9 um físico e um criador d? uma
teoria abstrata da mecânicaº Nada perdeu cõm isso
a imagem do metafÍsico9 do mora1ista9 do sociol6=
go e do esteta9 apenas foi desvendada uma evolu =
= A
·
çao de perisament o , no eenjunce da obr e p Lat onâca 9
que situa a mais saliente das suas criações r.is oo,n
dição de fundamentõ para a t@o?i? fÍsica9 a ?er
pos t er ãorment e r ea Lf zada , Seria exigida uma .cõ,m
pleta di??e?taçã? para des®nvolver e estear os a?
= ?
pactos que vao gradativamente reforçando a hipote
se inicialº Mas cõmoíJ pela sua mesma natureza de
s ôll ser uma suposição de intenção subjetiva9não pode=
mos tirar=lhe o caráter hipotétic®9 basta que nos
deixemos guiar pela inspiração que ela dispensa?
nos interessemos empenhadamente pela investigaçãõ
da teor ia fÍsica e
Nada contradiz essa hipÓtese9 antes tudo
?
acorre em seu favorº Q'Ue indubitavelmente ela ne,s
A =
oferece um angulo de visao do qual se descortina
A ?
o
com muito maior unidade a filosofia platonica9nao
se poderá negarº Po:r ela nos é dado incluir a
? ?
fi
gura de Plata@ na linhagem do pensamento cosmolo=
gico9 que era tudo o que existia até o seu tempo
como especulação filosÓfi?a9 por ela imaginam©?
o espírito de Platão9 excitado pe1a lição de SÓ=
= 8 -
crate?9 que lhe revela O papel da5 noçoes gerai?
na captaçãt0 dos <õbjeto?9 sentindo em si a revela=
çãc do que podia significar essa descoberta para 0
d?mÍnio da naturezaº Desde então sente=se um co?.
tinuador do que havia de mais genuÍnô no pas?adõ
.

IA
da ciencia grega9 confiante em poder superar o a?
bitrarismo dos seus .antecesscres9 com aA possibili"'?

dade de criar pela primeira vez uma ciencia dang·


tu.reza.o Apenas êste fim9 nunca abandonad o , será
transferido para muito mais adiante9 porque entre
o ideal que concebera e a tentativa de imediata ?
·xecução surgem complexas dificuldades concernentes
""
a problemas comuns e a outros 9 ate entae Lgnor ados,
4i'

t? t?

da teoria d® sero Sera necessario que elabore to=


t? f A
i=
da uma bipotes? metaf1sica9 para ?obri? aquele
? t?

de?l de uma e iene ia do mundo .fisi?©9 sera 9 -inclu=


ljl,

'
siv€l neceasàr ão renunciar 9: primi?iva supos rçae
t?
?
9
A ,?
=
d? qu? o? conceit@? fos??m imediatamente apiica A
?
v?i? ? s coi?as 9 e contentar=se. em fõrmar a ?i?n©ja
f'Ísica na base de um :racio?Ínio pr1:)váveil e TufüeLi! t?
'

"" til,
t? nao diminui a força do seu primeir® proposit®9
bem? se reduz o seu @tim? mo com este triunfo par=
A

' t?
cialo P@??ivelmente9 ?o aos nosso? olho? sera ele
t? A
.

um resultad@ parei?lg pa?a Platáõ9 seria o melhor


pos?ivel9 o que bas-ta para considerá=l© um resul=
tad@ iatisfatÓrioo
Desta manei?a9 nenhuma afirmaçã® ?eria
mais falsa (l!Ue ?upor que Platão negue ou ?ubesti=
9 - s=

me-a realidad? do mundo fÍsic?º Aõ contrário9 é


? ?
e?ta a unica realidade para,ele imediatamente?©=
o

nhecida9 o dado puro e simples qu? nãõ é p©s?Ível


r ecusar ç
a sua representação e cempr eensâo por via
?
r acaona.I e o mais imediato problema que
primeiro e .

se-apresent,-ao espíritoº Se, por via da refle =


A A
xao sobre este-=--dad.o9 vem a descobrir eut.r a :peali=
e,,,

dade na ordem das éssências inteligíveis 9 .uenhua


detri?ento sofreu a primeira9 antes est? cõnserva
A ? ?
sobre e ser das Ideia? o privilegiõ de ser o obj§.
A I
to
< '

dõi interes?e preferenc??l º


- _

.Acudiu·=nos9 pois,<lirign_ii9t, nos!o es tudo para- a __

elucidaçãõ dessa obra fÍsica estudada por inúmeras


geraçÕe? 9 que nela encontraram t.emas f'ecund os o Jul
gamos poder a borda ri uma face da teor ia _-r Ís ic a pla·
fo ? = ,!?

tonica9 inegavelmente importante na® so para o CQ


nhecimento do_platoni?mo9 como ainda para a avali
ação do estado-das idéia! cientÍfica?-nõ? àlvore?
do pensamento ocidentalº Origina=se o presénte
tr-abalho da meditação que _fizemos no curso dos nQl.
A
-

A
!?? estudos plato:p.icos 9 sobre qual teria sid<õ to

pensamento de Platão relativamente ao problema da


= ? ?
constituiçaõ da me?anica com© eiencia raei?nalo
Nenhuma :idéia preconcebida nos guiava? propunha=
lll©S-apenas uma questãoº ?i:rigimo=nô? aõ text® f.!,
mo?o9 na atitude de quem procur? coligir no intrin
cado das suas páginas os elementos que p? difíceis
mitissem responder a uma per gunt a , E do estudo EI!
= 10 -

tão começado foram surgindo algumas ãmpr essóas que,


por v;zes distintas9 outras v?zes confusas9 e at?
incoerentes e cont.r ad I tÓrfa s 9 aos poucos se foram
concretizando em perfis m?is nítidos e pontos de
vista mais
.
firmesº Fomos ?-progressivamente
?.
pene=
tr ande a 1:nf1nita riqueza d as s e pensamento que 9 pe=
.Las duas condições de ser es cri to como fábula e de-
tentar conciliação do racional com o irracional?
a

presta=se i? mais desencontradas interpretaçõesº


Começaram a firmar=se em noss© espÍrit® algumas li
titu.des e chegamos a n@s convencer de interpreta=
çoe·s que f?môS elaharand® no estudo da obra plat'º
nica so nos decidiu a apr e sent.à-Las o fato de ver I-
# • ?
g

ficarmos que alguma coisa poderia haver nelas de,


originalº N;o deséjamos neste-introduç;o assina=
(;.
lar particularmente nenhum d?sses aspect@so Deix'ª
? =
mo=Le a cons ãder açao dos Le Lt er e s , Devemos apenas
cenfessar que9 por mais pessoais que nos pareces=
sem algumas das i.dé-ias por nos elabN'adas sÔbre 01

cenjunt o @U sobre alguns detalhes va Lt.osos do Si.§,1


tema f:Ísic<õ9 nã? seriam elas ainda capazes de de='
? ? ?
cidir=nos a ousada empresa de sua d ãvu'l gaçao , se
uma entre estas nâ© se afigurasse digna de mençã?r
por seu significad® para a interpretação da natu-i
reza o ?
Investigando os aspectos da concspçae m.§
? =
canica de Plataõ9 naquil@ que o T:lmeu e as
o
1&.ll
nos fornecem9 veio=nos a convicçã@ de poder afir=
mar estar c?ntida no seu sistema da natureza a i,ni
11 - =-
= , £A ,
tuiça@ do principio de inercia9 e que dele nos dai
uma exp?sição suficiente no quadro geral dos seus
e?

postulados e nos seus propri?s text?s9 quanda de=


v í.dsmente analisados e
Q_encontro desta-particular feiçio d?
fÍsica-platÔnica-deu ensejo a que9 juntamente com
? =
ela? publicassemos as demais reflexoes a respeito
'
outros- t.opdcos do- s â s t ema , Ainda mais agudo
' ,?
de -

sent ímos e risco do acome tdmerrto mas não quí semos ,

frustrar a oportunidade? de ser em revistas algumas


o= A
ideias e op í.n í.oes em torno d.estes ternas que fo=
,?

ram e serão-sempre atuais o Trata=se de uma s:nnples


o
= {A. ""
contribuiçao ao esforço constante na invest:igaçao
"' , e?

historico?filoscfica de melhor esclarecer o pens?


=
ment o de P'l.a t.áo , .As g r and e s h Lpo't es es sobre
,? QI,.

a ill
terpretação do platonismo foram feitas e continuam
? tP

a poder s?stentar=se nos seus tipos ja hoje clas-


sicosº Aqui não pretendemos fazer um debate que
vise parti¢!ularmente dialéticaº Procu:ramõs oa
·mais possível ficar dentro do esquema fÍsico e9s®
(7\

por imperiosa necessidade dele nos afastamos em


algum momen t o , foi para ":retomar ideÍas essenciais
.OUesclar?cer posiçÕes externas9 imprescindÍveis
ao conhecimento do problema fisiCõo Tinham0S9C?=
,?
mo dissemos?-uma pergunta em mente9 e so pelas?
·,..

presa de encontrar o que nos pareceu a primeira



,?
formulação da-lei de inércia e que resolvemos dar
corpo ao noss& trabalhoº
Aquela pergunta representava contudo .:g
= 12 =

ma a uma. outr a mais amp1a.zJ


inte:r:rogaçãõ secundária
que tinhamos imaginado fazer=nos g a de saber
por·

que motivo não teve origem na cultura grega a me=


©inica racionalº Era com natural curiosidade que
? ? ?
indagavamos por que esse povo9 que demonstrou tao
? , ?
alta capacidade de criaçao matematica e pode crtar
.

= , "" fio

a geometria como matematizaçao do 1movel9 nap po= I


A, /;/:,

de criar a m.ecanica9 como matematizaçao da mobili


dade? A resposta a essa pergunta9 para quem tem
conhecãment e da evolução histórica do problema 9 é·

que lhe faltou para tanto a descoberta de uma n?


ção fundamental9 a de inérciaº Sem dÚvida9não é

esta a ?nica razic9 mas? a principalº Considera=


?
se igualmente como responsavel por essa impossib1
= ? =
lidada de geraçao da mecanica o fato de nao ter st
.

do sent.âda
?
, ?
pelos ri1osofos_;J'lat.e??ticos gr egos a ?
ce??idade de referir© movimento de um corpo a um
sistema de eixo? exterior,mas de ser sempre prooy
rada a descrição das suas condiçoes cinemáticas?m
? = ,,
termos de prin?ipios ou relaçóes imanentes ao m?
,:lo

.
,,
vel º Contudo o eonhec fment o da .lei da inerei'a ai.? i.!l
, .

exata c©mpreensao da signific,ã


?
dispensavel para a
e 9 como nâo a oncont.r ar-am , nã©
·

ção do movime?to;
puderam aplicar a lei do número e 'da pr-cpor çáe s?
Compenetrados de
oa ll:,

nae a imobilidade ?as figura?º


?er essa a explicaç;o do f?to9 demo=nos ao estudo
da cosmologi? plat?nica9 com a vontade de exami=
nar como era concebido o movimento e as qemais n?
- A
ç.oes- fundamentais da:.mecanica nesse sis tema do .u-
.

ll-iverso e Desta analise .r eaul tou. a. ine.sperada con!,


,R
..

tatação- de- que Fla.tão concebera pela priae:tra vez


?
·o.. principio
? _/
de inercia e o incluira na estrutura
.

do seu sistemaº· Procuramos· então examãnar . em to?


A .

qos -os sentidos esse ach?do9 ao.mesmo tempo que


.

.11-os cumpr?ia produzir alguma hipótese que ex:pre$?


?e por que." não_ teve ?sse princípio o reconh.ecimeJl·

to devãdo . e não exerceu -a influencia que d ever ãa 9
.

·:permitindo a formação· a
A' , ·.t!i,A: oque .em
• o meeanãca
- .

breves 11-nhas procuraremos mostrar 9 na conclusão


desta t e se,
.,.,Cumpria=nos rever a teoria da, fisica .eo 9

aspectos gerais9 e mostrar que modifi


menos em.seus
- '
caçóes9 p,ossivel:mente9 traz as coneepçoes eorre?tes
.
? ...

do Ti.meu esta intuiçé'o central,-desenvolvendo9 sob


?
es te
A> /Á
anguio-especial9 algumas interpretaçoes
,.· ·-
·que
porverrtur a outros cement edor es não t enham feitõo
Não· qursemos s aânda com risco de alongar o exame 40
p
d1?1ogo9 pas s ar por cima dos -seus principais aspe?
·

tos e lim;·tar=nos a assinalar e documentar ·a de;f_f.,.


·

niçâ'o da l,ei de inéreia º Julgamos conveniente ex=


tÍnb?mos gradativa.=
?

o plànar algumas das idéias que


? A
SJ mente for??do sobre o texto e desenvolve=las co•
.
,/ , Ro
àe a clareza de que fc?semos eapaz,s.º Cértamente,s•=
ao ta clareza d.e-fxa muito a desejar; e por vêzes o _di
.:

rei to. d-e conjeturar pode ter s íd e cons id er ado coae


,
levado ate ·a· averrtur a , Nada ha, c·ontudo· de ma is ]!e
.

n?
= 14 =

gi time, t:ratando=se
9
do texto que ane Lã samos, Pelo. .

car?te? mesmo da sua concepçic r{sica9 Platio ad=.


mite que o conheciment© da natureza se processa
""'
por obra de uma Lnapãr açao que con?troi um es?ue=
,?

pt. ·,
... ,t?

ma logicamente valido9 e.a _ele procura conf9rmar


f
os at os , Chega ao ponto de reconhecer já na? dl,
a conje sura 9 mas a t"'e <õ direito a. t
?
gamos o direito ,;:, o

contradição e s incoerência? t que a natureza .nàõ


foi feita para caber.no nosso mundo de conceitõ?9
t .

de modo que so podemos consegu 1 ruma sofrivel eõ?


,t? .

preensâ'õ9 pela crescente conversão da multiplici=


dade desconcertante em uma multiplicidade reduzi=
da 9 mas fict:foia 9
que tratamos mais f?cilmente e

cons id er amos da out r e º .AsBim é'


como a expressão
,t?

que toda a doutrina dos fund?mentos geometricos


dõs corpos simple? tem origem neste process? der? !

dução voluntária do devenir confuso e incessante·


a uma determinada quantidade de aspectos escolhi=
_do? para serem convenientemente interpretadosº PA
,t? ? ?
ra que pudes?emos dar a devida significaçao
?
a pr?
do conceito de inercia na fisica platonica?-
t9 £
sença
era preciso que apresentáss?mos os no??o? ponto!
de vista em face de outras questões.do sistema9pj
ra mo?trar per vêiH?? 9 na sÓluçãõ que Platão lhes1
? ? ?
da a r eper'cus sae d a ideia essencial da natureza
51

do movimentô inercialº TivemõS9 assim9 de resig=


nar=nos a --faze:r estas considerações que s por seu V.Q
1WJJ.e9 podem parecer eclipsar o aspecto capital da
_= 15 =
tese 9 fatp
apenas a . oportunidade de ?º!1
mas, d e sa o
""'

f'irmaçã© 1mediat'3 do pensamento cent r-a'l ,


Tomamos a deciséõ de seguir com fnte:Ir-,

l?he?dade--a.-.?em
·
da- narrativa .do dialogoº ,9 . ""
Nao es ,<=<>
? ..

tavamos ?brigado por nenhum motivo declarad? ·a

f
-
'-,,

ex?mina:r todos os as pe e+es da Ís Lea - p la tÔniêa.:?


?
que exigiria alias outro esp1.rito -e outra ®ca?iáo.;
.

. ? tP .
. '1::,;_

tínhamos plena liberdade de nos determos nas cons1"? ', le==>


=
d er açoes que- julgass-emos .mads ut e í s a. prepa:r.,çàt) ou
? (? ,,;? • e::, ;

-:,
a . confi:rmaçao da teoria cent r aL, Foi. o que fize =
oa

U A
mos 9 sem receio de ser argu.:1.do de ãncensequeno iam?
.

l!/,
_

t@dologica º Assim 9 por exemplo 9 e que a teor-ia d([) ,9


,,;?

,9
tempo9 que se acha nõ centr© do d.ialogo9 como -com=
p.Lemerrt o da doutrina da a Ima , nós a trata-mos no·_fi·
.
R
nal9 por julgarmos que9 depois de ja_termos-reco?
nhec í.do a :noção da inércia 9 melhor poder Íamos trji
=
tar o problema-da du.raça?º -I

Dentro desta liberdade dELmetodo assumi / (?

9
I

da em principio procuramos corrtudo quanto poss{


9 9

vel9 guardar O paralelismo com_a exposição


,
do-tex I

,to9 especialmente no tratamento de cada secçâõ dÍ!


flnida do _1diálogoº _ Impunha=seí> desde o in:Ício9fi
x?r separadamente_os principies gerais -da teoria
:fÍsica º _:t. o que o Filósofo mesmo começa por fa=
zer apenas dentro de uma brevidade e concisão que
9

não ·pode:r:Ía-mos- tmi tar


sob pena de. deixármos ems?
p?
SJ

:?tés-dõS ma.is ricos aspectos do sis tema e de 9

tornarmos inco?preensível a sua. posiç?o no conju.n


- --·- - ?
- 16 ..

istes principios são


to da filosofia plat3nicaQ
resultado de tÔda a especulação
precedente9ch.§.
0
aadcs agora a.
'
epoca da frutificaçaoo
• N...
·
ao podfia=
b' ,) .

mos deixar de ass.ociá=los aos


·

seus pr as suposboa,
da form? de à?
'TÍ.nhainos9 porém9 de fazê-10-dentro ..

sagem mais justa entr·e a brevidade


desejada e ar.!
ferê-ncia completa. âs par.rtes essenciaisº Era
esta
a mais complexa das faces
do problema9 a de fazer
a ljg ação entre O ,pensamento
f{siGO e O seu paSS,ã
do metaf,Ísi?o" Bem sabíamos que
não nos era pes -
s:i:vel produzir uma discussão integral da teoría do
ser intelig:Ível e renovar9 a título de preparação

do terreno 9
a an;11se da dialética.l.l-
exposição e
·

Nâú tinham cabimento per tantio , já que não podíájl?


d'
·.
""
passar em s11,ncio essa concepçào suprema?mais
""

que algumas e essenciais apreciações -sobr·etudo .!. 9,

quelas que , por serem diretamente envolvidas nos


temas. -físicos 8 seguir não poderiam deixa_r de ser
9

traz.ida·$ a debate. .Foi o que fizemos., aproveita,n


do a declaraçio de princípios do inÍaio do di;lo?
" ..
ordens da
go9 onde e posta a definição das duas
r eal.ãd ade e des dois modos especifieos de conhec,1\
"
ment.o , incluindo 9 a propós í.te de cada princípio d$
fÍsica9 a fundamentação ·metafisiea,e lÓgica pres-
suposta o Por não .ser com-pleta esta aná11s, 9
nãq
deixamos eontudo de frisar., ao que julgamos9 as
quest-Ões mais importantesº N;o foi aliás unica = ..

mente na opor tunãdaãe da _discussáo ·dêsses ·princÍ=


17 -

pios que nos foi daao estabelecer contato com os


temas metafísicos&
Em outras ocasiões, ao longo de outros
A
capítulos, a natureza do assunto punha às vezes
um debate .. .q ue envc.Lví.a , es senc a'lmenne , .ques tôes
í
'
? ',
fundamento, expostas d:i,alogos; .ass tm,
.

de em outros
particularmente, foi necessário que apontássemos
? > ?
a dotrtr-í.na.; tao. discutida., .das .Tdàí.as -Nuraer-cs , em
. .

""
conexao com ? teoria . da alma do .mundo º ..

Em.tÔdas essas. ocasiõesj ?. posição mj!


tÓdica assumimos g --ª de .nâo 110s senti:t?mos obriga=
do a produzir uma-exposição didática.dos· temas a=
pentadoa, o que seria um completo desvf:,r·tu.amen to
do. caráter .. des ta dis?ertaçãoi. além de uma amplia?º ..

·""' A
çao alarmante dos rseus limites.º. Todats as referen IA
.

? A .

cias.aos grandes topices do pensamento platonico?


não cons tant es diretamemte do texto ·cto Timeuj fo?
ram tratadas numa visão crítica genérj.ca1,- ou por
uma citação.Útil à confirmação -de algum rà6ioci =
f "" ?
nã,o em cur so , Nao podãamos ter a pr-eocupaçao ... de
.

explicar.em-geral
• = ,
a doutrina de Platao? que e su?
posta conhee í.da , . Com efeito? .nada esteve ma ís lo]J;
ge do nosso proposito-que
, .
.

e
-expor a-fisioa de Pl.a=
? .
.
,
tao; para tanto-era .prec.iso.que nos colocassemos
dentro.d9 um ?ngulo metodolÓgico de .todo dif'eren?
te? e obeclecêssemos a um critério didático que
-
nao se coaduna oom o carater de
, -
dissertaçao
orig!
na L déste" ..trabalho-o Usamos da liberdade. de .. refG; -

,?· '

rircaonos aos tr.echos do dãaLogo , sem nos cons'id?


é;.> 18 -

r-az-mo s obrigado a resum.Í=los º ,Quisemos contudo :mo


? ?
deixar-nenhuma referencia sem a devida numeraçao?
. permitir a necess·ária
par-a remissão ao corpo do
livro o
Um p_roblt? importante para _todo comsn-
tador é -O da fideltdade das-citaçõesº Para Pla-
- fara .a maioria das?
-

º º º
A
ta.oj--.Aristoteles,
º
-assim
_.P
.eemo
fer;ncias aos .aut?res ant gcs s foram elas .feitas
í ,

no .original grego -CDU latino?-· .Pr-epar-amos entretan


- por uma glosa previa,
í'
que e o ,P

to a sua eompr.eensao
' .

, ,. ...
traduçaQo
na verdade, muitas vezes,
-· ...... .... --?u.ma.verq.adeira " _· , .

Qua.ndo'tt;r?cf!§£'1i':m?:ü?onfa3in'??ç·ao ?xpiiei ta de faze 10


·:_:.:;:_,. ·,;'.;-_,, ·.
?:·'·--- •

....

rigor.osam??{e, pusemos entre .aapas _o .e í.tado , Ne_!


tie particular-, -tivemos igualment? que escolher. um
justo mei?; nem podíamos prodig?lizar ao excesso
= A
as citaçoes, amparando n0 or1gin?l-todas.as-refe-
? ""
rencias a qualquer opiniao do Filosofo, o .que -r-e?
A

presentaria .uma .enraãonna sueesaâc de obstácu1Ds- à


leitura; nem quer:Íamos.deixar d? sustentar- por -

frequentes e adequadas compr6vaç?es, as· noçêes mais _ _ ..

importantes, para -não.cairmos no êr:rto oposto, da


ligeireza$ inautenticidadeº
A própria natureza
do assunto -.q.Ós .,impôs, .

uma ou· outra vez,-que empreendêssemos dis,cussões


sÔbre a matéria do dlàlogoi isto é, vímo?nos for ..

çado a tratar do problema da tradução de certas


passagens, a discutir o sentido do textoj no qual
tantas obscuridades de linguagem ocasionam desa -
A A
-cor-do entre os tradutores e conduzem a divergen -
.,.,,
19 -·

eias acentuadas de interpretaçãoº Era-nos nece!_


.
sar ao , nes t-es casos , ?1;·t uar o nosso proprio
(? o "'
pen-
to de vista s3bre as passagens em.apr;çoº Foi o
1

q?e fizemos, sem jamais desejar levantar um debá


te de interêsse exelupivamente filolÓgico;- foi
?
sm -vista .·unicamente esclarecimento dos conceã do .

tos. --filosÓticos. qua-nos vimos ·às voltas 'com pro-


? "r
b l.emas de interpretaçao-linguistioaa .Que a. lin=
.
.

- ,
guagem de. Pla.tao ..
(?
e e bscura., bem o podera demons'?
. ..

trar-a divergência surpreendente de-traduções.do


mesmo trecho, como qualquêr .
lei tor poderá .
:eomprQ
var. pela comparação das mais autorizadas versõesº
, " .... .-
Na .vardade , nao e .poas í.ve L traduzir Platao sem o
interpretar;.. se .esta afirmativa. pode val?r. para.
;
qualquer texto filosofiéo,
.

?
no caso de Pla tao., e . -

mais ainda no. Timeu, em que--à· .obseur-í.dade 4a fo.r,


ma.-li t?raria. se junta. a do pensamento im:preciso e·


(? .

alegÓri?o, .torna-se circunstância tão deeisi


uma
va que é perfei·tamente justo. dizer que confãar n,Y
ma tradução.é endossar a priori, largamentej a
conc,pção.que.do-sistema.se faz o tradutoro .se .

não pudemos apresentar9 como.era Óbvio, uma.tra=


..., ,
duçac do dialogo, º
·de examina"' --
I
tivemos o cuidado .

lo a' vista da que fizemos .para nos,


.

..

p o
mesmo.
 -
Nas refer?ncias e-citaçoes-dos comenta-
.

dores antigos e. modernos. do Timeuj tivemos. de. a- -

dotar uma .parcimônia maior .do que. o teríamos· de-


sejaç.oj ·cedendo à imp0sição da neces s í.dade de -

não.$longar demais o trabalho! cuja fito primo?-


11
·-
1•;
I:/ _ç.O -
>

dial fica atingido com a exposição dos prebâe.m a s


l
d o mov.1men.t Oo- . l'Jlaro
V .. que ser a Útil
"" ...
ã
·é'. S.â\'li· i a·: -P._?
Q\Ai, '-,aã

I"

ria .uma natural curiosidade.o acompanhar, desde a


antiguidade.até a palavra dos criticos.modernos i
? '
interpr,etaçoes emprestadas_ as .paasagens . e. .as
I
""'

I
as
noçties a respeito das .qua-is--apresentamos A as-.. nos-
I•
-
I ..
\11
l
I sas, ... Ser.viria .isto-para encontrar-por ve-??s--eo?f
A
,

eordãncãas ou acentuar di ve:rgemcias, .e .esse las =


..
·. '1l o
;
Jti
11
.
,_Jt

1:1
tro.de erudição.enriqueceria as possibilidades de
?
compreensão do. pensament o , Mas.j muito embora nu=
tríssemos inicialmente a esperança .de poder fa.zê=
li
lo dentro da car;ncia dos .nossos meios e faculda=
I
,,
desj não vimos outro reeurso1 por fim, senão des-
A ,
pojar-nos de todo esse outro lado da analise do
.

1,

t t
""
1,

I
ex o - as er1 ;1cas hois or1cas - que, a r1gor?nao
;!to e
t t? · O

era es-·seneialô .Contentamo=nos .


em circunscrever?
? ;' .ff -
I
nos a area da nossa critica.pessoal? considerando
como segunda jornadaj, impossível de empreender no
- , fisi ?
momenbo , o exame da neper cuesao das ideias -=

f
cas de Pla.tãoj ao longo das interpretações quer?
cebeu9 da influência.que.exercéu e das formas co?
i
H
mo se apresentam elas nos sistemas ulteriores$ :if

as suní;o para dissertações _.à parte j como de .. fa to


1:

? I .
I

rs
tem sido.frequentemente feito para a noção de al=
ma .do mundo? por exemploº Renunciamos ao que po=
deria ter sido uma primeira intenção-? com a cert,!
I

" za de .ser.preferível a omissão .co?pieta do que .

-
I nao era .. essencial .ao .nosso ób-jeti vo, a prodt:l.Zi.r. c.rgr -

tós e inexpressivos resumos de opiniões alheiasoE


I
.
'

I
,,

-
• ,.,A-.'
- -• - -.. - • ..... .._ ? ,??I.._} .. ??::?,\- -: ??•.'.:."::" "•---.,.- # -.,,._. -.Jt ...__, __ .,,,.•,V,--..,1,1v)'-.. ?--..-i,.?...J... ,._,,,.. __ -.-i..•,., _r,t,.o.-....?'---··"
- 21 -·

eom tanta ma-4.s razãoj quanto não nos seria ·poss:!


vel entrar- .!';f0 estudo de cada urna das numerosas -1.n
... ,I'
terpretaçoes do ·dialogo? Resultaria, se qujses=
,I'

semos exibir as.opiniões diversasj um confuso .te


cido .de cit?ções, entre .as quais a nossa própria
·= . n
opiniao figuraria ·frequentem?nte como.uma opi·=
·n1ão. a mais, sem se poder decididamente earae ta-.

rizq.r?
tivéssemos_ podãdoceonhecer- .direb
Embora
tamente a maioria dos texnos . dos eomerrbador es -?ll .

tigos9 a mesma .. situação satisfatória não podemos


.;
=· ? .
confessar em relaçao .a bibliografia moderna? .Dos
antigos inté.rpretes. e .críticos., .e , sem dÚvida-?da
maioria dos. ma.Ls importantes i pudemos. cenhec .e r
nas f,ontes-o pensamerrbo ,
.. feita
exceção. para ó e,g,.
·? -
mentario da Teon.de.Esmirna, que nao nos foi da?
.

do eompu'Lsar-, Dos.ccomentiador-e s modeznos, --Jã pa-


·1asua c·Ópiaj --já pela. sua inac?ssibilidade, a al
guns 9 e. importantesj não'"cheiamos a. consultar; ·é
lamentável que a rica .e ?ssencial literatura .al,,!
mã .sÔbre Platão-e .sÔbre.o Timeu.em particular?
mente os belos-trabalhos-básicos dos investigado
?
seculo
.
-
?es do passa.doj naopudessem.estar a nos=? (

A .

so alcanceº
.

?s circunstancias.de tempo. e lugar


A
em que trabalhamos respondem .por esta falhá?- De2,
ses comentadores, nosso conhecimento foi quase
sempre Indireto, por citações de outros. comenta=
·dores.o- Certamente .nãnguém que se .dã sponha a es=
.

·crever sÔbre Platão pode ter a pretens?o- de· reu-


nir a bibliografia inteira1 mesmo de um ünico pon?
to a estudar·º --A· r.:1,quezà da- produção .. de todos os tEm
p?s,9 _em- tó·rno d$ste Fi16so:ro; não .. deixa .. a .nfngusm
a ilusão de- ser ·comp1et<h .Há .que resignar·g,se. aes
reoursos.materialmente disponíveis? .Para o .nosso
,A ?
meio.1 .a .relat:l.vidade desses .necur-sos nae. precisa- ...
'
?
A· .penu.ria dos -nossos .e Lemerrtos pa=
-

ser .declarada.er
'
.
. .
.

. ra o .. estudo des . pr¢biema.s f'ilosofieos ?


-?
particular= :
. .

.
, ·' , .sen extinta com '

mente -OS. da .epoea ant!ga?r- so. podera


.
. .

o desenvolviment·o 7- que felizmente se vem acensuan-


.
- '
. .

do? graças ·ã·--obra.-das nessas Faculdades de FUosop


.

't,

fiai -dos. estudos c·làssieos e das diseip-lim.?s espe=


·
culativas?
nosso .. ife:r,, .. Q-sistema r.!sieo de Plat?o-
-A
tem? .por. süb·st!nciâ a .intuição .. es seneãa'L .da impos?j
bilidade ah c.oíi?ê:ifJ"ttar racionalm:ênte o universo? e
I'
iJ de it? c??truturar a e1ine:;a da Ilª t,!!
??f,t'p?h
r reza. .sob a .visa.o de- dois .eonceã tos .que .sao duas --e.!,
I

I
tegortas. -·logicas- sup?emas' a que ehamou , '1:tazão :e.-}[j!
cess·idadá.? .$ão fundamentalmente dois .. regimes eau-
I

..
·---

,11
·
sais.dií"erentes:g ·e.do determin.ismo com finalidade.
do que ii:ão: a tem; .a ê1es _prende?se a con.eepção
I ;

e o
·

I'· I
.

I
de dois .r.egi?e:s .mecânicos- distintos·g o .da mob111d.! ..

de -inercial. e o. do .movimento.-cirou].ar e peri?die00


.Dêstê mod<?? ccnsüã tu.em essas . duas n.ogÕes a mold?a ·

?ai·? geral. do .sistema--fisico. de f'la tão:j e foi-j aa- .

$1m9 dentro .de La e .das suas .conseq_u;noias1.. que pr.2 .

euramee des·envolver· as oons'i?eraçôes de or-dem meci


-nica.

--
-'-''"'?- .,,,..•N•"'-.,....,)..,-:..r'"'.-..;:.?;"'''-'·--.-· .... """"' .. ?-"··-? .,.?,..._...... ?

-?-? - ?" ,...,. --...:... .. ?·,.:.:.1-???_?,\. ': ,,,_'-_..:::_"'"'•-?..,. ...... - #• -.. ....
..
Em--conexão a ê.stes eoneeã tcs 1
categori-
. .
?.

tratava.?-se.de examir1ar-d©is dos mais-difÍce1$ s!m·


.

? . -

bolos. d-e _toda a .. cosmcgení.as -·o do caos e. o âa al.ma


. .

·<!\ ? ,
do .mundo , .Particularmente sobre :éste- ultimo?
-
em .

que ineide-? inter?sse central.dos comentadores?


não. -fizemos mais.:do qne- apresentar o .nosae modcde
entender? á vista -unieamen-te das passagens -á°rdua·s
.. -
.. A ili,
do :texto,., ----Sobre :ele- .aventamos--algu:mas .consider-a?
çÕes- originais9 .. embora--reconheeendo- a necess'idade
de um vivo.debate s.Ôbre???}i.problema
- ,·,;:.. •
da-simples
..

trã C3IIIC)

du.ção- do. texto&- -Apoiados fundamentalmente na ·tec2


ria- de FoMoqernf'ord? que por si não-. é mais 1dQ .que
a aceítação.da opinião .de Pr-oclus? pudemos aeres-
eentar-alguns juizos que-a-meditação.do-ass"Ullto
nos. sugeriu e que .podem .. facilitar a compreensão.
q.ess e obscuno., e\??,,.. _essencial' s:Ímbolo eosmogÔniOO&
...
:··1fJ

. S,obretudo- quis$-n1os fazer.w por -não achar .que benha .

. -
.. .
:
sido -suficientemente .. reconhecidaj a ligagào entre
.
.

·
- -

os.s:Ímbolos do.caos e.da alma com os regimes diná


mreos , dos. quais
.
.·'""l"'
-
sae
.

apenas
.

.expr-essae -&.legeriaa?
,a;
.

·.tb .,

.Com isso podemos


i
mostrar quanbo é mais- ricr:; _do-que . . '

se julgahabituálmente o conteúdo de.afirmaçõesãa- ..

teoria mecanâea na eosmo.l.og a p 1 a tAonica. e


A .

- i 0
- .

.No es tudo do. caos e .do seu regime?


.

sao
e,;:,_
.-

grandes -as_difi?uldades? o que e devido_inteira ?


-
.
,
mente-"-?' nebu:J_osiâ.aq§- .da .forma de· exposição do .. pe]!
-

samenbo .real?_--- Qu.igfmos-proaeder- _,a_ uma -tentati·V.'9'.-.,.


de- escla.re?imento, .proeurande:.a1stinguir .eome ciu?
·

-? ,,
fases na visa.o..,. .

do estado aao.tiooj desde a .ide1a .


..
--24 -
inicial-do.receptáculo até a introdução dos ""
elemen I

tos. f1s1cos, -no estado. ainda


? o
.. .nao completamente. ra. .... ?'

cionalff _
O .que pode haver de arbi tràrio nessa. con-
sid?ração ?- explie?do .pela.neaessidade de
j
introducr;,:,
A
zir.9. de qualquer-maneiraj .um modelo inte1igrvel-do
que Ela tão? pensou, e-resgatado peãa. facilidade. com
/1

que .. essa concepção nos .. pe,rmi te um- rela vo e selar.!


_
.
,p . p
ti .
,,.
,I

cimento-do assuntoo .. Restara. sem .a:uvida. uma


A
.margem ..

"
d.e-.obscuridadei -e nao. sabemos que _incoere1ncias po¢
.

dft>?Q -?trrg1r de- um .conrr-onbo mais rigOTG>Sô com -OU=


..

tros aspecnos .. do.:di?logoi que·-nos--tivess em-esoa.pa.= -;

do, .corrtudo .. é.?um esfÔrç©- simplificadéli-?que ·eo:o.üi


bui.segur?mente para.a co:r:npreensão .do.regime .meéâ-
ní.ee do .>"-:-caos -e- .ãa sua .conver sâo mi tica na ordem
que rege o universo .acabade, .

O que .. Platão_ chama de corpo .do .mundo en-

"?'91Ve .um certo númer o de.,·.problemas. des .mais,-imp(l}r_C?


ta:r:ites., .cuja elucidq.çâo .. é inq.ispens·?vel-- pana uma.:vi
.. .
sao.-geral sobre .. o _piatonismo-o--- Nele se contem adi§,
?
·:

-
..
.

cussâo sÔbre a.nQçã?-da ..matéria e.Q-?eu papel na


f?isica .p la"'?
o "
uem.ca, SA .
-?
lobr e . a. cons tuiça.o geometrica
..
.,
ti
dos eor pos . simples.j---não.-podiamqs- deixar-de-f?er:as
..

·à
r.eferéncias. indispehsáv.eis eompneensào ..,dos. ter= -

mo? do problema da lfl?t;ria e do seu regime mecâni=


CO.?
Por .r1m:,.. eumpr-ãa-nos .. 1;:ra tar de .. um aspec-
to .. final .do . pr_oblem? .da cônstr.ução .do m'à:qdQ?. = a !. li)

xistê11,cia .. do temp01, como -?Último ?tra..ço- da,.açã?º . da


..

Razão cosmcpoãé tâ.ea e 1\. _'éle consagremos a.Lgumas ?.!


-g4:ttat, :?m..
.

que.
?
n,(11?.:c:pareaeu
..
....cenvenãense •,
a'.. ?·Pireséniiã
.çâQ .. d·e -· cer.tas reflexões? pessoais .
.
.e .q.e. .
certas ,,.su" =. ..
.;p·
ges toes .aobr e e , _conteudo· .. da qqrtfi.?_rina.. -Pla't;ónfca.ique
.
ç/4 .
. (!,, •
. ' .

. ef'I>

.. ..

-- t' .. _:,· .

nao tinhal!}.os ate .-en tao visto assi:q.alad??<>-· .... ...,


. •
.
o .
. • .'

..
·,-
••
J

·- Na .. discussão .. dos prineipa:ts


problemas da
.

rfsica-plat-óniea-1 ... qoneãder-ames .. ser í,a. altament? .:?..;,


. ·- . .
.

pr.ovei tavel pr.acurar estabelecer ... um )Jara.1???:i $o=


,
',p
A
.. .. ..

pre .a Lguns ternas .. essenciaisj entre .. as c.on.ce1lçÕ'es.? .·,


..
.
'
.-? ·. . .

plat9n.icas e outira s da filosofia. g.rega ?r.efe;tentes


.
. _..

.. . ..
.
. .

ao. .mesmcc aesunbo, .... Em par.ticular9 -pr.ocu.ramos.? so'?
-
'

.. ...

bne os ?ópitlos maã.s. ,importàntes j ecmpanar ,-a ti?iç,


,. .. .,,
-
?- ""
.

ca-.p'La tohica com a .. a?istotelica ? --Nao


-, .

... ha?ia nisso


.

. .,
. .., .
: ,·. .··.-: ... \.;
. ..,
..

. .

apenq.s o? intuito .de . enriquecer,.o. conhecãmentio da ..


'

..
.
-? , --
.

-? .

pos í.çào pia tónica1. pe.Lo eonrnontro .. das .nea çoes


-,

. . por -?

ela· provocadas , .mas .er-a mesmo , imprescind!veli,para


·p . . . .
' . . .

? 4""
que .. pudes semos .... chegar .á·- conc Iusao do .-nosso pensai;'?
.
.

..,
' A ·, . , .

.aristo.tel.!
-

manto?, .por onde apcrrtamos , -.na


.

di:qamio4
.

.. ..
,. ?
. .""' ·_·

ca? .o principal obs.ta.cU10.:.a·,.c9nstituiçao da meea=


,;: : .

?-
. .
.
.

..

,.
nica teorica
..

:na ... cul, t1,1ra. .. grega<'


.

.. ,
.
?- -? -fÍsica·,ristot?lica ·4esenvolve?se,. s?
grande parte., sobu inspira.ção.,direta ·da-de Pla=
-
.. ... ..

" .. .
' . .

tao? CQ1P?; :um. esf?.rço. para .':corrigi!='!la e des?ojapl?


61, .

.. ..
·,,,
., I . .
/? • ·...,.

dos . veus mi no Lógí.cos o .. s??do j poremj uma .. concepçao r-

de g?nio? .per mais fa:}.sa-que seja1 .na qual. se --QO.fl_ . ...

c_reti?ou-uma das direções poss Ivef.s .. da construção .. ... .. ..

da doutrina do unãver-so , .era pro'tfei toso el .no .no_§, . ..

so .cas o, es pec ra l s idº


? ·..
?
n a.spensave.i1 que vconnrcn t?-
aasa- ·
-

' •
Â
mos ... as .. duas teorias.o-. Desse confronto ret?:sàlta .a
' .

__
..
A-- 'ç,,, A·
modernidade da coneepçao pla toniea e o ?rr-o' ·da d?
·

·
26 -
....
#
.Aristoteleso- .Por .isso tivemos.a preocupaçao de
discutir a. doutrina.. aristotélica? depois de ter eJ,
ta belecido a posição pla toniça, a fim de extrair do
paralelo ainda noves meios de esclarecimento do
penaamento de Platioo
A.. questão fundamental do conceito do ·m-.2

vimE:Fnto amplamente· entre .es .do í.s .fi-


foi debatida
lÓ?otos tt .par-a que se tor:qaS sem. mais compr?ens!ve:ts. .

essas - duas eoncepçÕes.j que sulcam a .história -da?


-
.

- :
-

te debate e- eonfr£P
- -&I,

ria. qo uni versoº eremos ,qu? es -


',
-
·

to nâ'.o podem ser. -considE:rrado? como ?a digr·es s i:o!)


_Pa,ra. o. nosso fim1 eram esse?efai.s lião nos deti- o-

? , .

vemos contudo, na discuss.ao .das teses .aristoteli-


-
. .

-
#
cas,-mais do- que. o estri-tamente .ne?essario para a
.

suficiente apreciação; não .. tivemos a:quÍ a preo-?


cti.pação de fazer- .obra expliea.tiva ,- e ,por .:isso nos
âispe?samos de tra ?a:r: 9:s id,_iàs fundamentais qµ,e
.
.

const+ tuem a .mold'Q.fa. me·ta_fÍsiea. da .sua t:fsica?No.2,


·

so in:tui to era o de simples comparação das. ati tu"'


-

des opes tas d;sses-.si:;;temas ·e de reconhecimento&_


que eada um.apresenta-como verdadeo
confronto
da teori:a.. pla.t.Ônica com os
No
sistemas contempotineos eu .p;Óximos, era indispe.n ..

í' ,. .
.

? -
sav?l
-

tambem. que.analisassemos a doutrina atomis?


t? em paralelo eom.a de Como tínhamos de Platãoº
discutir o prineÍpto de.inérciaj .êsse.confroninse
imp-unha? .visto como .se.pod?ria.julgar que já. na
, '
,
cosmogon?-de.Demoorito??e eontivesse essa. lei-bã
s í.ca da r!sica? .Do- as tudo do sistema resultou oon
vencermo-nos que tal .?;o se dava e que ·somente·
na cosmogonia do. Timmi é legÍ timo encontrar um
pensamento precursor do principio de inérciaoPor
? re
razoes q?e a seguir apontaremos? julgamos que nao
se deve ver no.atomismo um.conceito completo da
inércia, e .nessa crítica nos. detivemos o sufici..;.
A
ente para esol?recer .es
?

-
te ponto .ãmpor tan.ta do .da .

p
ba te historicoº Pela--llnha.geral-do pensamento
'
.. -

que nos tinha orienta:do, julg.ando-- ver em ·p1atão


-

um cont:inug.dor.da tradicional incl.inação do.pen...,


sarnento g?ego pela indagação naturai?- não .podÍa=
mos deixar de apresentar , quando fosse·
A .

o caso,
«J ,
a.relaçao-entre-as-ideias.expostas-e es se?s an-
__

tecedentes .nos .. sistemas pr eeur sor-e s , Importavaco;o


A A
nos espec1a 1mente por em relevo o. fato de .qu,e
.,
..
..

não há talvez uma só influência que Platão tive$,


,
se repebido de algum f1sieo anteriorj pa.ssivame11
-.

teº Tudo o que .. no seu .sã s tema e,li ?raçaveL como .


,I>
. .

derivado ... de idéias anterieres,. foi. introduzido d.!,


poi$ de submetido. à er:! tica,. interpretado em. s:e.n
·

tido próprio .e.modificado segundo o seu·pens?me.s


tot) Platão ·é um homem do seu tiempe , Possui
·

o .

A .A
conhecimento de tudo o que se fez antes. d?le ?
não.despreza o.esfôrço .anteriori como inÚtiloSua
atitude não ·ê a de um·.ilum1nadoi que _julga tra,-
zer uma verdaq.e.original a u,m 'mundo q-ue nada ti-
nha:_fei tq. para eonquí.s tá-La., É., pelo c.ontrário.,
a de '.'tlJll .homem que se - eons id era -numa ex e e pcãenaã
- .

oportunidade histórica, na presença de três ru...;


- 28 -
- o jÔnico, o pita?Ó=
mos.qistintos do_pensamento
rico e.o socrático - e sente-se capaz de aprovei?
tar a ocasião de uni-los.na formação
de um siste""'

ma da na tureza , Não despreza.j antes incorpora, t]a


do o que de bom .pensaram os antecessores() Apena:S'
julga dever modificar os dados reeebidosJ. dentro
A ,I

da nova Lãnha em .que se prcpos .repensa=los-?


.
.

,.
it .as ?sãm que afluem. para o .seu sistema
.

,
ideias a te en tao Lsoãadas, como a teoria dos qua.-
.

tro elementos de:?mpédocles, a-matemática dos-pi?


-t.agÓricos .e o eonceã tue.Lí.smo de SÓ??a tese Mas a
todos _êsses _elementos seu. gênio· trà.nsforma, .. para

que. se situ.em ·no a.mbi to novo- em. que t,edos eon-tri=


A
..


buem para uma c?nc$pção de amplitude nunca.tenta-
A
da ," asaãm, .de tocar nesses .pon tos , assj,
o

- Tivemos<>
nalando o duplo.aspecto. de .recepção.e de transfor
maçãoQ- Na questão-da teoria dos .q?atro-elemento?
desej?mos, antes-do mais, indicar cómo .essa h.ipÓ=
tese sofre, no .. pensamento .de Platão, uma modific!,
ção que.a vai t9rnar aceitável no seu sistema;mas,
por- isso, se distancia consideràvelmente da forma
primitiva.? .. Geralmente, quando podemos .sur-pr een ?
_

der a presença dessas -inclusões--de --idéias .anteriQ


res no sistema. platbnico?- .daí temos indicies ... des
mais valiosos para a interpretação do pensamento
do Filósofoº Ao ver como transforma o dado anti-
-

go,. per-oebe-ae melhor Io que tem em vt s ta , .

Ai t
:mm tqda a analise e critica da '.presen?t3
.I'

dissertação, guiámo=nos por um esque:qia de inter -


- 29 -

pretação histÓriqa que tínhamos há muito concebi


do e julgamos poder ·valer, de modo geral, para iQ .

! .

do trabalho de -i?vestigação do pensame?to .antigo,


.

particularmente ?os aspectos que.se referem a


'
A
'
A ..A
e í.encã,a da natarreza , Todo.estudo deste gener
,

.
o .,
A -
comporta tres fases, que podem nao
crelllos, ser
rigidamente separadas, .mas devem ser trata? co..a.
..

secutivamenteº Impor.ta.saber, a). o que o.autor


disse; .b) o que.q?e:ria'dizer ?om isso; e) o
que se pode ve1? s no - que .que r ía
- .
dizer i como .ant.e-.
cipação de um conhecimento atualG
A /
Por este esquema, a analise ? o .,p

historioa e
£eita com todo o rigor -e tentada imediatamente a
aproximação. com.as .. posiçÕes. modernas , -? primei?
ra fase refere?se ao.estabelecimento dos .. textos
em sua veraci.dade; secundâr-ãamerrte , na sua. tra.:..
du.ção literal e exa ta , --? .o mo?ento das dise?s ao

sões arqueolÓgicas, .dã retas .e compara tãvas, e f!


lolÓgicas{l É .uma .. fase. preliminar e Lndã s pensá
. ">?

vel, que por si me$ma comporta dificuldades de


.
. I
alta monta e exige o .arduo e-erudito esforço .de
A

restauração de .documentios ,
.:
as investigações papi
.p ""'
r?ologieas, e a.a:preciaçao comparada dos testemJ!
,p
nhos doxogr-áf'Lcos,
Na segtlnda fase já é
predominante o e?
pÍrito interpretativo? Trata-se.de descobrirqt?
o sentido. que dá o autor ao texto-material que
temos diante dos olhoso Quandoj como no easo do
; ;
Timeu, a natureza da obra e por si mesma alegor,!
= 30 =

? # A
ca, .e s ta segunda. fase e? ela so, quase que toda a
? A
tarefa e
.do cr1tieoo Platao escreveu para que f.os=
.., A
se interpretado o seu pensamento, nao para quero?
se toma.do ao pé da. letraº Compe te-eios descobrir o
que queria dizer quando nos expõe em forma mÍti=
- - A
ea u.ma-eriaçao do mundoj na-qual nâo ere e sabe
. p - creem"
. A
Deseja
que seus leitores tambem nao que
desvendemos - o pensamento que não julgou- poss! v e.L
apresentar. de out:ra rorma , Se-.em Platão, e muito
particularmente-no Timruj -é isto obrigatório,
À
va-
/
#
le tambem.esta segunda fase para toda obra filos?
fica em gerali mes?o aq?elas que, como as de Ari?
tóteles, são escritas na mais corrente-linguagemº
Há .sempz-e algo de .intencional e-não .-revelado .na
obrai que- pode ser .apurado o A cr!tiea .histÓri e.a.
da filosofia.proeessa-se no trabalho d? descobrir
.
,., , o
um pensamento nao bastante claro? ou que contem:m1,
plicações .não apresentadas pelo próprio autorjpor
? N •

nae quererj ou .por nao te-las per-cebãdo s .A tare=


A

fa do o:rÍtico é ti:rar a limpo essas intenções e


..

para o sistem? compor.uma feição que éj.antes de


,
t udoj \
resultante do .modo de sentir ·do interpreteq
? terceira fase. precisa. ser clara men te
compreendida? pelos equívocos a que pode rà.cilmen
te prestar=seci Nada é. mais prejudicial à critica
da fil0sofia e da história da ci;ncia .do que cer-
ta tend;ncia. de espÍri tos exagenadamen'te imagino-
sos, empenhados em. procurar de todo o modo, nos
A
autores antigosj antecipações das coisas modernas,
= 31 =

_$;; ??-- "'·:·.


__ ti-tãQ .de apre?ientar _ um au·tor antigo c.2,
mo dizendo quase tu.do o que-conhecemos .moderna.=
,I?
me:p.te? Nada e mais prejudicial nem·mais f1'alseQO
ponto de vista que descrevemos como terceira fa=

A
t
se da erf í.ea em nada se r-e Lacd ona entretanto , -9
co? esse modo preeipi tado de julgarº Nao - .

se tr?
.. -
. ..

ta -de-dizer que -um-autor antigo-disse alguma das


·

cod.sas .ma í,s modernas. q.ue.?hoje conhecemos


j e que
na verdade. jamais. lhe .pas sasam pela cabeça ; -Tra=
A
.

ta,se de verificar que coisaiJ do que ele.disse-?


poder í.a ser. interpret?da j .a? luz dos nossos conh.!
.

cimentos j como idéia precursora .de urna a tuaL,Não


a trÜruÍm?s -.ao-autor .antigo uma. intenção de que _

jàmais cog í.t.ou, Seri? ridículo e f'a Lso ; O qu? é· .


·

l p it oi
R
1. porem9
;
e? . a 1;,em do
?
ma1s 5 - 1.rt1"1 9 e
º .P.
·
R º
examinar.
as potencialidades .da?--ideia$ antigas.º Podemos JJ

ver que em. tal -ideiaSJ?ntigaj quando interpretada


.
. iP ;..·,

' vezes
por nos, esta.ria, -.as A
.t>

integralmente j outras
-:-·",

..
.

-
.

com algumas modificações, uma?idéia que hoje te?


mos-por verdadeiraº. Contudo o autor.antigo não
A A
teve consciencia desse valor9 e nao
.
...,
0

- "' ;
Nao.ha falsidade-neste metodoi
o descobr1u-0
?J? .

antes e.util .para.


de svender- as. possibilidades de-.evoluçao?
das 1?-?º
.?

Assim, no caso .vertente da lei de 1.ne,!:


" .I'

eia, o que queremos mostrar é. que na ..


intuição doo
tipos de regimes .mecâqicos, um.de maior general.!
da?e, retilíneo e uniformej o.outro
!
?
por restrito
condd çoe s .espeeifica.fü?.s, circular e periodico1.s.3a
?

ce?endo-se logicamente, esta con?ido o pensame?-


' . ?
- 32 -
to do pr ino:Íp.io de inércia, embora. seja ev:f.den te
que pia.tão mesmo não o formulou? .É ds noSfO pon-
:

·
A
t·o de vista que aquele sistema se apre sen ··9- como
-
t
eon bendo-o º P'.:l.a tão mesmo não sabia o que fe con-
.

tinha.na sua visão simbÓlica e dela não .ti:rou ne01


nhum.partidoe Não G deseobriu.realmentej .porque ·,
- . • •
f

des?obrir.e algo ma-is.do que simple$mente perca=



,?

, representar-se a
ber, . e mesmo do qu?-. formular? - .e .

significação do aclla,do .na clareza do-seu enuneiaac


i? n? ?
do., das suas relaçoes e das suas eonsequencãas () -l!i

preciso por em
A ?
pratica o encontrado? para i
d zer
que foi de.fato de$Cobertoo Por iss?Galileti foi ·

mais o descobridor da inércia .do .que Descarteso:!1!


té--formulou a- lêij .mas .nâo . lhe deu a extensão .. de -
? A
v Lda, nem a. a.plicou a sua dãnamãca , que continuou
.

""' »". -. ""'


tao?falsa- como a-arisl{)telica.o .Galileu? que- .nao
,p .
. .,,
-
-
? ,,,,, -

chegou acla.ra.formulaga0 da-lei? viu com plena


consciência a sua- decisiYà-significação1w .SÓ1rea,l
merrte, Newton reÚne os dois requisitos e eons tí ""'

tili def'initivamente a mecânica clássicaº


Não ·desejamos que .. paire uma f'a Lsa . com?e
ensâo -da-}>Osição que assumimos (J Não quisemos- s?
não assinalar .que , .pe La tura do Timeu., . pela ·

lei
aproximação de algumas das suas passagens? aompl?
tada pala interpretação geral do sistema fÍsico,
podemos afirmar que se contém naquelas palavras e
naquele sistema a noçãc que hoje conhecemos· como
lei.. da inércia o· Nãli:ctize??.1 ter :?-:d:G?
A
cieneia distoº Somos
:à, .:e?SC?

nos.,
#
que conhecemos o que e
? ,p
- 33 -
e o que significa o princípio da inércia, que po
.

encontra-lo em Platao;
? -
daµios podemos interpre ....

A
tarj na comple;x:idade q.o mito cosmogOnico, o est.!,
do de caos como um es-ç;ado de regime inercialj que.
se tra.nsforma., ao apê:t..o--da Razão, no universo.?
titufdoG .!ste mito.r?vela o pensamento da in?r=
ci?; mas-Platão mesmo não chegou a formularj em

A I
tf3rmos explicites .a sua teoria do movãmerrto snem
.
r-

a perceber 8.s.-possibilidades .. que cont í.nhe , -· -

É
s?ntido que.a terceira fase da
ri.esse

't p º
t1 .P
i
cr;:i. 1ca - h is ori ca e ... 1 E:fg1 tima e provei tosa o-
,,.

Ela
.

constitui.especia1mente o,estudo das.posstbilid,ã


des. de evolução. das idéias. antigas, para -tt:arem em .

resultado. as_ a tua í.s , É obra de.imaginação. .que .


- o ,J'
pretende.forçar-o.fato historico? mas apenas
.

nao.
.ç!
aprecia=lo por um aspecto distintoº
a .no ssa dissertação .. investiga a
Como
A A =
mseaní.ca platonicaj poderia e s tr-anhar -ae nao en-

vro. X das
A
?
trarmos no estudo .das .pas sagens cl??sicas do li!?':
e não lhes darmos o tratamento .que,
·

ao-menos por equíva íenc í.a de as sun to., dever:fa.m


..

.
-

..
.

?
racerº . desfazer qualquer d·,puvi"!O
Apressamo'!C'nos--em .
o

da a êste-respeitoj dee Lar-ando que , em primeiro


lugar, .aquela narrativa, com? divisão-dos. ti?os
de movimentoi em p.ada contribui, .pro 011 contra.,m,
""'
ra. o esclarecimento.da cosmogonia do.Timeu, nao
apoia nem .ãnva Lãda nenhuma. das .
conclusões -Q. ?:e
nos parecem.leg-:Ítimas, inclusive .a que se refere
ao princípio de inérciaº Em segundo lugari não
A
eramo, tenham aquelas passagens a import??cia que
comumerrte se lhes dá (1) º Nosso estudo não vis;i'?:.
va ser completo em extensãoj abrangendo todos os
A ,..
aspeeto-s da doutrina meca.nica de Platao mas ape-
eflt
.
" .
-
nas aqueles q?e interessavam a sua concepçao ge?
ral da natrureza , -H? nas Lf iS mais um. pensamento
.

aplipado do.q?e te9rico) n?queãas. passagens? Por


isso" não nos inter.,ssou. com cuidado .. d.e.io? o mesmo -

tr.os/- trechos--vizi?os do mesmo livro das Leis.jnos


quais _há deelaraç&,s .. que .podem a jndae..a. cempreen-
sâe à,o proble:rp.a-teÓrieoj Côm09 .per exemplo, a. -CO!!
firmação _da nature?a da alma como motor.e a exis?
t?ncia de uma. segimda alX,naj em que vimos a expreA
são do regime m.eeânieo-do .caosº Abstivemo-nos de
uma.detalhada .exp0siçã01 amÍli?e e .crítica.dessas
passagens j -por-.não con-ter.em .naãa .. de.-realmente -PO,D.
p = /
deravel que .contripua para. a eompz-eensac teoria a-
i Lea
-

da fis de Platao(!
""'
Preferimos aprofundar .o te?
to do Timeu a reeense?r- a-totalidade dos -textos
que tratam do problema mecânieoo Nossa.fina.lida-=
de era única e cãara s respond-er à pergunta ini!""'
A, A A '
eia.l, sobre a nao-exãs teno í.a da· me eanã.ea raciona. I
,,.. .

na cultura gregaº Tendo verificado que na eosmo ....

logia platónica a idéia da-in.éreia estava implic_!


daj tentamos aprofundar este pensamento, sobre_
A A A
e.le
? o
uniqamente nos eonQentrando e so/ a?uzindo o que
' .

pudesse j direta ou indiret?mente, relacionar = s e


eoni o problema te-érie00 Por firn\j julgamos terr_!
zio quando aludimos a certas causas que explicam
- 35 -

a esterilidade dêste principio na cosmologia de


Platão? e que impediram esta idéia potencial de
adquirir expansao formal e exereer influencia
re
A
Ins
.

v .
......
torica"

Resta-nos agora expressar os nossos .a=


.. -

gz-adec ímen tos.ca -todos -OS .que contribuíram .de al?


guma forma. para .a realiz?ção dêste -trabalhoc· Aos
ilustres colegas do.Departamento de Filosofia.da
faculdade Nacional de --Filosofiaj Pr-of's., Pe ()Ma.urí
.

Ld.o To - Lo Penãdo. e ·NÍlton-Campos, .devemcs afir- =


.nosso reeonhecimen to pelas constantes .def.!
-mar - o .

A
nencfas e .precioso. incentivo .que sempre .reeebe
.
.

_
1:2

mos no .período de.-exereÍeio interino da cá-te dra


de.História-da Filosofiaj .a. par do testemunhe .da
maneira--decisiva por que. ecn tr-í.busm para -o. esta=
belecimento dos estudos .filosÓfioos em-nosso ·paÍs()
-Ao -P.rofc> Plínio S? Rocha, nosso amigo e
antigo ·-mestre,. desejamos .exprimir a nossa grati?
dão pelo- .aux:Ílio que .a sua. amd.zade e seu .f:nvul. ·;.,.
_

gar saber nos ofereceram, na-apreciação e na erí


?

tica dos problemas .filosÓ:fieos tratados nesta


dissertação.?
Profs ?ené :Poirier grande- rec.onheci
Ao
mento devemos.pela generosa atenção concedida ao
nosso manuscrito e pélà. sábia ·crÍtiea que ,. .em
sua paciente delieadezaj dispensou ao nosso tra-
- 36 -

balhoo
Particularmente sensível nos confessa -
mos p$la magnimidade com que o Prof e JÍ:mile Brém.er
consentiu em.discutir conosco .os aspectos .essen -?
eiais--da .nos sa tese., nas múltiplas ocasiões em que -

nos o seu .. honroso co?vi ví.o , em Par ís,


proporcionou
.Lgua.Lmenbe daae jamos exprimir -O .vo tc de
agnadecãmerrtc ao-Pz-of º Pierre Maxime Schuhl, da?
cu'Idade c de Letras da--Universidade .de Paris, pela
.. - -

honra qúe.nos conbedeui guando assistíamos.ao seu


,
notável

eur sc , de oonví.dan-uos a. ocupar a ca tedra.
,P

?
de- Filosofia Grega da Sor-bonne , que as suas liçoes
:
--

tanto ilustram, para expor aos?seus alunos as


idéias contidas nes ta dissertaçãoº. Pela- -
leitura
dos.fragmentos do escrito.e pelo debate pessoalas
julg0u dignas. de serem divulgadas G .Neste agrade=
cimento se entrolve a gratidão de que-nos tocou .a
gentileza de sua c?Ítica erudita, tanto a parti-
euãar como
;?
a que teceu no semí.nár-í.e de debatee o-
.

A -
riginados em torno das concepçoes aqui apresenta-
dasº
.
.,. ,
Lucia Marques Pinheiro,
.

.
_A. Profº pela de
dicada colaboração que vem prestando às nossas _a ...

tividades,. na cá, tedna se Ia-nos lÍci to declarar. a


.
.

grande extensão -da nossa d:t vida e o r-econhec.ímen-


to pela sua capacidade e .desprendido devotamento
ao ensino filosófico em nosso meioº
.Ao nosso particular amí.go , Erof Felis= o·

·berto Carneiro, pela tarefa, de que se incumbiu j


- 37 -
. da leitura do nosso texto:, expressamos a nossa
.

.. ?ratidão,
·

.. como um. testemunho à sua erudição e C.Q.


rthecimento das lingu?s clássicas.

Rio de Janeiro,, Maio de 1949.


- 38 -
CAP!TULO I

OS PRINCiPIOS DA FÍSICA PLATÔNICA

§ ]G Aposição da teoria.fÍ
sica no conjunto da f'iloso - ..

fia de .Platão
O 1-ug?r ocupado-pelas concêpçÕes cqsmo-
lÓgicas e r!sicas entre .as . Úl-timas .obras de-?Platâ,
·

..
q.ao.pode ser devidamente compreendido, senao atri
M . )'

·- ,
buindo?o a.mna intençao .que o Filosofo desde-mui?
to se propus?ra. realizar •.. ·Não.se pode .explicar?
, ,
?o tardiamente lhe tivesse.narecido--necessario o-
... .

·.:- <!a '1

cupar-se dos problemas da ordem natural, nem. e,, .. a- .

-
. ..

, A A A
.

eeitavel
.

supor que.fosse.tao poderosa.a.inflqén ?


·

eia do. humanismo .. socra, tic o que, so, depois de esgg


'
.

A
.

tados os t?mas. de intere?se humano,. se tivesse da


:

...

·do conta da 1,nipo:rtância das.questões fÍsicase-


Sem dúvida., .o ambiente .socrático .. é o .. da
sua.formação. Nêle se desenvolve o seu pensamen-
A
to é e, em torrio dos .-temas ai? debatidos que se e-
.

- .

i'erei tam as suas primeiras .eog í taçÕes. Tudo nos .

levá a cre?-v.erÍdica a limitação praticada por Sb


crates,· ·e- aconselhada. ao .círculo dos seus diseÍP.Y
los, de só se .-ocuparem ._de investigar· a definição
, -
e o merito das açoes humanas, e so, cultivarem uma
ciên_cia na medida em que ?ela se pudessem .hau r Lr
conhecimentos de imediato. pnove í to prático ....t is-
to o que nos a testam Xenofonte (2), Aristóteles(:;)
-

39

Esta .recusa de SÓera_tes, por moti?


.
.

vo,s -supe?ficiais, de encetar a inves?igação das


coisas da natureza não era de todo alheia a uma
íntima --per·tur.bação que lhe devia- causar no ânimo
o .cept1c:1$mO sofista. Que -Platão se tivesse dei
xado .pers\?41;
... .,
,
a encerrar-se -nessa voluntária.h
:·=·;
..
- .

terdiçao;, -?t.. .bem -duvidoso •.. Naovlhe


.
.
-?

' :,·
poderia pas _
:;:
-

A
sar despercebida .a inconsistencia .desta .atitude,
.

sobretudo :e?{ ?ace da própria doutrina do--mestre, ·.

que fazia ãa.:··euriosidade pelo saber o seu ponto


de partidá?; ·:e da procura do rt.' 4rrt11 ,c.«rr-oJJ f
seu fim;. ..
·

o -

A
Existe- .no tempo dele
-
um corpo de- teo. .; -

rias ri sieas,,. que e- t odo o passado da . cãeneãa


? , A
. ..
@:':'.e

ga; mesmq na- sua época. outras escolas, indepen-


. - - -

,
dentes .de .. grupo. socratieo, .. prosseguem ou .elabo ""'·
,
ram originalmente, .como Democrito,· importantes q;p ..
..

cepçÕes _que--?<>. lhe .são ignoradas .... A--neeessida-


, A ?
de de este?g.er tambem a esse .dcmãnãe. a -investiga
- • A .

çao das def_iniçoes. exatas, .. que exprimem .a essen- .


A
eia .das coisas .e .dos fenomeno?, deve-lhe ter ?-
recido perfeitamente.natural •.
. Inclinamo'"!'nos a pensar que, quando ad-
" - ·. .

quiriu.a .conscieneia da obra.que podia.realizar, -

a disposição de .tratar do .problema da naturemlhe


.

, .

deve . te:r .apanecãdo manifestamente. ( 5l? -- Se e ju.§


:

ta esta suposição,-O fato de.só· ter escrito -ª


sua obra ?osmo?Ógica no período final de sua vi-, ..

da é pro rundamen te si-gnifieativo, e revela uma


- 40 -
compreensão. da na ture-za da teoria f'fsica que nos
importa esclareeero .existe realmente, desde o
Se
início, esta intenção de construir "r':tnalmente,uma
explicação do. universo, então pode -aeraasentar que
tÔda .a obra .. anterior ao Timeu, de m?d?Ô- gerar·;?on?-
titui os .. fundamentos .para uma concepção. do mundo ,..

Platão teria.----...em mente dar-ncs uma interpretação da


? '
- .

natureza, mas. reconheceria- so .estar .em condã.ço e.s


de fa.zê-lo depois. de estruturada uma teor_!a .da coj,
sa real e de solucionado o.problema do conhecimen
to? Assim, .o tratado de fisica .será adiado até
·
que se encontrem reunidos os elementos que. o pre.!,
supóem , A. clareza da contemplação. de um uni verso
.

intêiigivel nunca ofuscou, aos.9lhos .de Platão, a


A_
Lmpar.tanc i ,
ía - da. compreensao da ordem sensãveã
- Se
em algumas passagens pode haver expressões que f.ã
num.desprêzo pelo mundo .variável.{6), a
çam crer
evolt1.ção de sua· obra aponta.em sentido oposto .e
.;.-
traça· a eurva de um interêsse ascendente pela .re-
: .. .:s,olução
-
das questões físicasº A composição tar.-
: .-
.

.. ,
?ia<'do ·Tim.eu. e das .Le Ls .obedecer âa , assim? .a .uma .

:,-
--.inté.nção .metÓdiea e corresponderia, .posslvelmente,
_::·
...

.de escapar .às erí t í.cas. que, pelo prÓprlo


·
.. :·-):-_; ;_â:o ·aesejo
.

i.:.... .: ,- ... .•'. .,·-


··
Pla tao teriam sido feitas. aos seus predecessor es
.
, ·

.. " •• •• :

nas coristruçoes
,- 'l

cosmologicaso
As Lãnhas . gerais. do pensamento fÍsioo que
·
· ...

? :·

seria mais tarde exposto no. Timeu..deveriam. já e_!


.,
? ?
..
·"' :

taf pr eaen te s ao. espÍri to .de seu autor, desde .a


· \"
··

.
....
.: ' "? ... -··. . .
· .
. -

epcS'ca' em que compõe os primeiros diálogos metaf:Í-


,
s í.cosj e que desde errtao ....
deveria ter-.se .. decidi•
do a -in?9rporar a distinção, já tradicional eni
seu bempo, entre um mundo de objetos -estáveis ,so
_rnen.tfL..ae-cessÍvel ao pensamento, e o campo da ex-
periência sensíve11 onde as coisas.revelam um_ eJ.
t.?do. de contínua transformação,- que as impede de
-

serem tomadas. por .objetos em .. s


f ,
.ora, .a in.cor-po í, -

ra çao desta _distinçao. e-o .primeiro pas so <rara .. a.


.•
ttt::,, .•
ÇMJ "

construção -da futura t-eoriâ. f"Ísiea, pois é.?-na eb? ... ..

t?mplação .do mundo .inteligível .da s -For?as subs.i?


.te?tes que o Demiurgo
.
encontrará .o .modêlo. à Jr.is= ..
tf'
ta do.q-µa..J..,formara .as coisas.materiais_e ordeD:a=
rá ·

o curso dos acontecimentos--na.-turais e _. -

Es ta distinção j -:rec e bida de Parmê.n±-êle-s, .


.

t ..
'
constitui o-circulo mais .largo dentro do qual-:s?
posse venquaãr-ar .. uma .explicação ,física do mundo o-

í
A .s tua çao inicial ·é? po s, a seguãnne.e
í
reeon?
cêmos como .evidente a transitividade das cois.as
dadas na exper-í.enc í.aj .. a cada .í.ns tan te , .a ãmagem
"'

que. nos formamos .do universo. e,, diferente? mas,


.

longe d? conclu,Írmos pela. impossibilidade -d? uma


certeza neste domÍnioj- bem .podemos e ompanar- -a ·-d?
versidade.das impress?es sensíveis i.di?ersidad?
das opiniÕe-s humanas sÔbre .os fatos.e.valores da
vida práticaº Or?, .Sócrates tinha eónseguido-;n?-
te. Último terreno·, encontrar .na unidade. da. defini
ção lÓgica a essê?cip. .que., superando a mul-tipli...,
.. ..

cãdade das .opiniÕ-rs s ínguãar-e s , as uni-ficá e ·co?


.

ti ?
tui o cr í, tériér da sua ver dade , A mêçli taçao A''
so .
, ' -
bre esta analogia conduzira a admissao das essen-
.

c ía s dos objetos d? ordem fÍsicaº A existência cb


mundp qas Idéias deve ter aparecid6? desde ·1ogoj
como .a condição explicativa- capaz. de. conciliar. os
dados da observaçâ:o com -8:S exigência,s de um. ?ens.2:.
·

merrto conce Ltrua L, sem importar. a n,egação ou de s-


?rê?o pelos problemas físicos?
lntl?amente ligada a.esta.distinção .?á
N
uma .se gunda , de importa-ncia. nao. .menos capital na
? A • .

es tr-u tuna da teoria do mundo, .. em Platãoº t a di.§.


- '
?
-
.
.

?ir;tçao errtr-e a obra da Ra zà o e a influencia da -N?


,..
,
_

cessidade, como fatôres cosmogÔnicos? SÓ é p?ssf


ver uma .explicação do universo se. .admi tírmos una
conjunção dê .ação dês-tes .. dois princípios simb,óli-
cos? a ... de scr-í.çâo dos .e re í tos que .. competem. r-e spe e-
..

tivamente a cada um, e .de .sua ?interação é o .que h,á ..

(
.
.
A
de mais pr cf'unde na teoria. f1sica
. ; •

.. p Lat.orrí.ca., .A. i,!!


.

tuição da .presença destas eondiçÕesj wnas raeio -


:q.ais, .outras irracionais, na natureza'.? deve ter<=!
se produzido dasde cedo , ao c me smo.vbempo. que .Lhe
era 'r eve Lada a existéncia dos obj.etos intelig!ve:is
e meditava sÔbre a .. relação de .conr-e spondêncãa en--
·

tre êstes e seus e?emplares sensíveisº.


Corrtudo , .nâo seria licito supor que não
haja no Timeu elementos .de elaboração'.ulterior e
" -
que estes nao tenhaun consideravel
P A ,,.(
relevancia nar?
siea platônicaº As sãm , e spee í.aãmerrte., podem· ser
considerados aquêles traços .que.se prendem à fase
final da elaboração filosófica de Platão9 à sua
crescente assimilação do p<pnsamertto pitagÓricol
de que :resnl tou a dotrtr-ãna sÔ.bre os números i...- .

deais e Há af , també.m? como veremos j .um . aspecto


de imensa significaçãoj quq.l se ja--a renovação e
?
'
,
o .apr orun d amento da .f:isica de Empedocles, com- .a
-

possibilidade de descrever.em.têrmos matemiticos


a. - constituição dos. .qua bno - cor-pos _fundà.Il'.lentais-?Es
""" ·,, All
•·

tas--concepçoes-,--porem1 .nao-r-onpem , antes f'undem-


:

'
se .nos moldes. de. ha .muã to .f'cnmado s e tdrr;tam-93--?
v' .

sim-um enriquecimento precioso da visão cosmolÓ=


gicao
Não parece portanto ousado .con je t u ra r-
,._ A
que, ao .longo de toda a extensa
_,,.;

produçao platon?
o

ca, corre subjacente a intenção de--realiz?r- .fi,..;


nalmente - uma teoria do mundo ,
.. - Inverte. a .
---ordem
com que os antigos
- ...
trataram.
pnob'Iema ,- deixand.,é
o
o-para o fim? porque julga necess?ria a aquisi ?
ção prévia. de -c.iência mais .ger-a L, .. a qua L, di
. uma
sendo-nos -O- que são êsses .ob.je tos ·puros que .a t ãn
gimos pelo pensament;o, nos oriente:· no esclareci
-

manto .do que.são êsses outros objetos que capta=


?os pelos sentidoso

§ 22 Enunciado dos princípios


t' '
,,
Imposs1vel sera estudar.um aspecto es-
pecial da de Platãoj como pretendemos fa-
fisica
zer a.seguir, analisando os problemas gerais da -

mecânica envolvidos em sua concepçâo da na ture sa,


-- 44 ...

sem situá-lo no quadro.geral da construção.do Ti-


?º .Importa-nosj poisj evocar os fundamentos---da
ejÇpos-ição feita por 'Irimeu .(2.7 e ? 29 d) e que se.r,
A A "
vem de prea:ml;mlo .a toda a narrativa -subsequen t e;
.

a:Í estão ·os .prine:Ípios. ma í.s gerais. da fÍsiea. pla


·-

....

?Ônica, apresentados numa grave--e .profu:nda-e?une..,!a


ção9 para. bem- assinalar .a .de ef s ãva. significação. do
pensamen to. .expos to , que assentam, todos. os -de=.!
em. .

senvolvimentos .ru tueos, - O .ap.lauso de-SÓcra be s, .ae


A !À
encerrar-se -?ste ""'
proemio, acerrtúa a. ace I ta çao .das
,I' '

teses formula.das e serve.a estabelecer .o consenso


comum sÔbre os postulados definid@s, permitindo o
início.da narrativá_ eientÍfiea, daf·por ?iante i-
ninterru.ptaº
·

"NÓs, que IlQS ea.=


.V:am::cis -??upar .da ex:pli
=?o do unãver so , o-o"-- devemos ter- em- vista os pr ín-
eÍpios que nos .orientam--nesta difícil emprê$a;iS.Q
land?-os dó texto e ordenando-osj são_os seguin =
tesg
distinção, entre
1) a aquilo que se?pre
' ? "' I
ej sem cemaçe , -co sv "'-£' tEYS ?,,,.J ae
;,- I"' _r? ?
OV-J(._1

£.? º"
.,, .)
e aquilo que se torna sempre, sem nun-
, I I i, ' .a

}'LfYOfat,tJlov «ec , õv oe
? I".
ea ser t"o _("J .
ovoe1ror-e;
distinção entre os modos de eonh?
2) a
cimento destas duas espécies de objetos·; num ea-
so, o pensamento servido pelo racioeÍnioj apreen-
d aqu:i.º1 o que e eternamente iden,tieo
d en·o A
a si pro=
. p _li

' \
.

I \ ÀI
prio "º µ,.ey er? y ófl)O-BL µ,E?:«. orotr Tiêf e À1')-
·e
.
!7

trr ÓV ?ú Koo;·«_ Z'°O{lft"OC Õv ; ÍXi??mtro, a opinjÃo


1
- 45 -
associada à sensaçâo irraeional.,. adstrita às coã
sas que começam e acabam sem jamais se.rem real=
mente -rà. <f «.Ô" <fót? µ,et' oc.lr8tjrfw'
1

&.Àórov cf"ofoc<rr:ÓY, r1.1>1d?t."º! ?I((


?:rroÀ.ÀtÍfoEYOiJ, Ô>'?wç óe
ouJerror:£
JI
OJI ;
3) .necessidade da causa para explicar
i i '
a . or gem d as. co sas _s-ajei t, as a var t açao , pois t.:g
N o 6

do o que começa a existir por alguma coisa .é ge=, ..

rado1. e é impossível a alguma coisa ter orig -em


frrr>
sem causa Tri.JI St o(Í} To o'r"ÓAê.foP
o<. t t:c ov 1: e voe é f J.. Jl()( 'J' >< ?J' , Y/tY?c(
e:
lt f
tr« vr? o?e & ó J JI()( 1:QY -- ,XWfl..> O(t, 'ClOU-
riY£ ITlY ir.,X£lY. Presença de um artÍfi.ce -s
.

017µ.,, oueró, como agente causal na compos í,


?

ção do uni verso 9


...

A ?
i?, necessidade de um modelo a,_.vista-®
Li-1

quaã , - como pãano , tenha -O .Denrl ur.go operado .a con!_


.. ...

A ""'
trugao .. deste .mundo , Distinçao imediata· e1;rtré. oo:fs
,:.,,

pos s ive í,s modelos. para· êste f;t.nij .. o .modêlo :éonsti·


tuido pelas .r-ea Lãdades .inteligiveis '
.. e ·imutáveis,
e
P I' .

do qual a copia sera necessariaménte bele.j to


d'l'JA-t.,OV-fI Tº' rreoç r? IKO<.r:? TO<<f-Z-(X
I reo e o tr e 't' 't"" (. r e n-e OÇ -
j
?/ I '\ oi. E l
I ? ,1'
éX o V ;-' ./\ ? 7rw;)
7:" dse
v v 1<« l
.x, e u5l"'-e yo ç
-rr rt. e r1-. ry Ui.O( ,u.."'"
C, Koulo Y it
,
trc o ti J Ôcrr e € J 't; ?J 7:0(
Olf"CW' CX1T01:Eil-fl
Qú Iv o<_1it e J) CX.
C/ -
ec« ?(.l llá? e o modelo
Ó<.
A
?v<X.r)(,?J?
qe.ordem sensível e.sujeito.à..transfor?ção, que
?ão· pode servir ·

à realização de· nenhuma obra pe,I


·

..
- 46 -
,
feita cf:,«Y BlG rorsrovoÇ,
(ê. )I Y'1)1:'o/
·o.}
=e= l r )-'--OLT"L rreoõ/_f_
I
wµ_e -
)IOÇ, oV Ko<.ÀDY ;
5) ·

escolha efetiva do modêlo superior


por parte do Demiurao(j, C,om efeito, a beleza da
obra acabada e .a bondade do seu autor inqicam.cl,ã
.
,I\ .

ramente-que este teve os· olhos voltados para o mQ


A \ ? 1_, , ,
dêlo eterno·--e··e, µ,e v K? /\ oG
·

o "')
·

Eô'"'lÇ-l>'
1'J
OdE ô,' KÓU-µ.,,oç ?I 'L£ ?'P-l?lfer<:s
& rot {)o? Ó'n ÀO Y coç 7T e_o? t:o C)( (. <J( OY
JI J
I '
P..f3À£rE. v .
Postos: estes .prine:Ípios dêles tira. 9 -P-1!!
tM .A A ,
tao ttma eonsequencia géral de-sumá importa:nciajJ;)Qt
_

que ne'La . est?, -O julgamento. supnemo . do .. valor .de .. t.,gA


.

da teoria fisiea:g .. Aeste


(
mundo e necessariamente a
.
, '

/ imag?m
' de
I
outra coãsaI , TT?(TO( ·6<.v?rX?J TÓ1hfl'
' ,
«osµ.,or.J se kov« Tl voe êl-_Y<Xl o Não pos=
J
'COY
?
su.1·a realidade das coisas subs í.s tent es , mas so"'? ..

, ?
mente esta especie.de nao?ser existente, que e a
, .

condiçio das coisas transit?rias? Os.objetos .. da


? ? ? "" A
pencepçao sens í.ve'l nao sao o .. ser .na .sua autentica
-

realic?.ade j mas apenas a imagem -óu .--s-emelhança . do


?f verdadeiro?-
.
A
e em conjunto consta tuem um mundo
de pura aparenciaº
1fl A
Como conseqàenaia imediata do.reconhee!
men.to desta,eondição71 fica de:finida a espécie de
conhecimento que podemos ter do mundo f:Ísieo g ... só
; < ?
e po$s1vel-?-conhecimento provavelo. Esta.conclu
....
sao funda-se em um principio
t! ? ,
epistemologicojque'.e
·=oi
47

e,.cpllcitamente declarado, o ?a igualdade dos ca=


racteres9.do modo de conhecer e da coisa adequa=
?
d amen·t e eo!!hec a da por este modo j w, o<ÇOé 7:'ous
A.e C ?I' .
·

.ÃÓ?ou, Ul>'n-Íe , êl<TlY 6??1íf'111:0U


!_ I .,, .1
.. ?'"Otr-
'
.
u ,1
?(/J y (í( ú-c: w JI I(? a- o
. )I ê t: ç o >' i-oc ç
r re
o '

Assim-j- .oraeio.c'Ínio aplicado-,a:<f-,que --é- .est,vel e •.


? .

p.ermanente e. que .pode ser .. a.tingido co.m .o .a.uxil1.0 o

=
da na za o e por si .mesmo .. inva.i"&iavel e-ina.balavel.j-
J' I? R
..

enquanto o .raciocínio -referente a0 q'Ue_._'foi cop'ii,- ..

da da .verdadeira.realidade -será u.niea-mente_proví


vel9' .em proporgâ:o.ao primeiro? isto êj aproxima.n
do""'se mais ou menos .da verdade-.expressa. pelo pri ' -
meir.o.modo de .. conhecer , ..A correlação.?ntre os.
ob jet.os .do conhee Imen to e os r-eapeot í.vos .. mo·.d-o s ?

/
de conhecer e .. exatamente .de scr-I ta. na- sqguintivpr,2
'

por.ç?o e -'?a essência. está .pana. o .devenãr , assim


como a verdade está para a cr ença" 9 ól:'4-n-éJe
TT oç
/ f ri
ye e l y ova- /o<. J 1: ó Ul:() rr ó ç
fh1'e. f
rrar trc)' o<.A'f tú((j, À '

Resumindo e encerrando o.preambulo? -Tl


meu dirige .a Sócrates.aquelas.pa.lavras que pus?-
mos-no.rosto desta dissertação e em .que se af'ir""." ..

ma posição defini tiva. o-caráter conjetura 1


como
.v' ,,
de toda. a e iene ia .da natureza i .!-?Se-? poã.s, o-So=
d.I, ,,.
.

A
crates.,.sobre muitas co í.sas .a .re spet to de muí, ç
s=

A ""
tos assuntos, sobre-os deuses .e sobre .a ge ra ç a e
A .

...
do-W1iversoj nae nos e .pos sâve I dar .naaoes .prec-;i;
t;;;1 J' g' o

sas e inteira·mente. conecr darrtes consigo_ .me sma.s


em todos-os sentidos, nio te adm,ires; rnasj se
- 46 -
N
'l" ,? o
apresentarmos .explicaçoes provaveis, n?o inferio?
nes-a quaisquer outras, . devemo-nos a Le gr-ar com 1.,ê.
to, lembrando-n<ps que eu, que f'a Lo , e vós,que sois
os juizes l .somos sorte que
apenas hnmanos,
de tal.
convém aceitemos .uma .história pr,2.
.nestes assuntos
vável, sem procurai nada mais. além :disto en
..., ', A
Tais sao
.

os postulados.de toda a .c?smo?


gonia.e de tÔda a-fÍsica-platÔnicaº. São pressupQ
=
siçoes me a 1s1cas
<>

t fi o

e_ l ,f'
gnose? ogieas aa es.a b e.eci-
o o ti'
t l <>

das no pensamento .an tez-Lor- de.-Platão9 _agora- cha!IJê


das a formar. a base. de uma p.ossí vel compreensão do
mundo exteriorº Sem ser cabível uma reconstitui<=;,
ção completa das doutrinas envolvidasj torna=se?
tudo imperiosa-uma exploração.um.pouco-mais deti""?
da destas.proposiçÕesj para.avaliar à sua signif.!
cação como princípios da eiência naturalº

§ 39 O primeiro .princÍpioo.-. As duas cor


dens da r eal ãdade , A. teor ia das Ideiasº
P1

A origem do unã.v e r s o ,

1) Pelo primeiro de seus princípios m?


tafÍsicos,A
Platão es ta belece a distinção suprem a. _

de toda a .realidade em duas ordens, separa,assi?


duas esferas ontológicas? tendo por objetos prÓ=-
prios aquilo que descreve concisqmente como9 num
caso, "o que sempre ,p
e e j.amais varia.nj e noutro?
no que sempre ·varia e nunca éttº
- 49 -
O das Idéias ou
mundo do ser é o mundo
Formas, únicas realidades a que compete, a rigo?
,
o estado de ::lerº Pla tao e conduzido a cons id e.=
4N o

-- i
rar ..a ex s t"'enc a .em s ., da Ideia,
:;
i
como ser real,
- --
i . o
-

por ace a t ar- a cri t a ca dre. p.armen idaes s o.ser.e um


(
0
A ,
O
.

..
.,?

conceito supremo que .só .pode ser .atribuido-ao que


possuir certos .ea.rac tenes. absolutos; .estes ca -
A -

nae ter-es s.ão-descobertos .p eâa consideração. dos


atributos:1ógieos.com.que pode ser-definido- sem
contradição o. conceito.. do .ser , --Ora,- Parmêni_d.e.s
tinha mostrado .que a unicidade e a inalterabili?
dade entre outros,. caracteres necessáriosdo
são, ..

sere Desde então.,<? conflito entre.os.dados da -

apreensão sensível .e .as exigências


.. .do .pensamenbo
,
, ?
logico .. e s tava c onsumado , e nao podera ma Ls ser
ignorado o
A , ?
. A .me ta rã.s í.ca ..
(
platonica e a. primeira te.B,

tativa.séria de superar .o.abismo.ontolÓgieo_.que


ameaçava reduzir .o universo fÍsico. a um. plano A.de
A
total irracionalidade, sobre o qual .a inteligen= - -

.;'

nao .. poderia sncon tear .nenhum dado--r-e.p.resent_!


""
eia
-
__

?
vel, con.vertendo a r-a zao em. uma faculdade- imovel,
eternamente fixada na contemplação apod:Íctica do
ser unoG
solução platônica consistirá em.acei
A
tar fundamentalmente a doutrina parmenidiana do
ser, inclusive, .de modo geral,- .as implica.ções .r_!!
-

lativas à ..na t-q.reza ma ter taã , ·

modd.f í.cando-a , po"""


?
?
rem9 em um ponto essencial: o ser conservara ©
- 50 -
a tributoeleá tic o de invariabilidade mas não o ds
-
unicidadeQ Platao considera que so se pode desi_g
?
9

nar verdadeiramente como ser o que e eternam ente ,,,

A
identico I
a si mesmo , .imutavel e? portanto ausente
.

r
.
.

do fluxo em que surgem e perscem os .objetos fisi=


cos, mas não acha que o.ser assim definido deva
necessàriamente ser um sóº Há um n'Úrnero infinito
411,.
.,
de .seees 9 as Formas . as .Ideias 9 .e de cada um ii?A
ou. .

Les pode=se. dizer


.
.
,
.que--e ser, no .sentido parmen í..»
.

dianoo - p
A multiplicidade das Ideias nao
,, .

e um obs=
" "" ""'I .
,,,.
tac_µlo a .aeeitaçao do esquema
..,. ?
eleat1co; nao pa=
rece que o conceito .do ser .per-ca coisa alguma de
sua simplieidade-e exatidão .lógicas, desde.que S,!
ja estabelecida .a existência isolada do reino das
Formas, subsistindo por si, num sublime .trrr£folf-
e

e<XJ/l O? TÓrro'-, onde a temporalidade não pene=


tra? porque não há.alteração a medire Platão co?
f ere ?
as ._ I de, La s
e
o "
estatuto .ontologico .

.de
.

-
.JI.,
OY't:W<;
ÕY jporque julga que? sendo licito exclui-las de
todo. devenir atual$ com isto.já .as terá converti""
do em ob je tos capazes de .cons tu:Írem o têrmo da
..
ti
nossa intuição inteligÍvelo-
Contudo1 a exigência de unidade1 a pri-
meira e ·raiz de tÔdas as características do ser
segundo Parmênides? embora.explicitamente rejeit?
da pela admissão de urn.universo de Formas es?en -
ciais? reaparece de algum modo .na teoria da partj
cipação$ O niundo·inteligÍvel é-de fato um todo
Único; as I.déias, seus elementos, subordinando -
51
'
se umas as outras e fundindo-sej enfim, na Ideia
,
suprema do Berns r-e eompoem de· certa maneira -? p:r1',
mitiva unidade dQ sere A definição platônica da
marcha da. investigação dialética (Rep?, 532 a. ) -

raa-ncs .. compreender que a - in teligên.cia pura., -S-em


o .auxd Lí,o dos sentidos j pode a tingir a .essên c.ã.a _

, (
de cada coisa j mas nao para .ai, prossegue a sua
....
o
- -
--

""'. I'
a?eençao9 .que-so.termina quando
, , a
atinge o supremo
7:w re, -
inteligívelj a Ideia do Bem, .o c« v '
Ôl<:1..ÀE1 '(E.õ6« e,
lo-()? wll
Ê-rn;x,tc iJ. ? J/t:ir 7To<<rWY,
5 t'ot.. -rou ';\.Ó-..JIYou- étr
f
' ô t:o c::x
a.
,, I a-e e I , ,
e,
, J<,«. t ;U, ?,
f
e:

1
e ,K c,JT,"fO Y
£ (JZ:l Y e('-?
o EõrLJJ o<.lo<.. -
o( 11o(J"C?- ;rPLY <::AY cxv-c-v I
"' l., I \ I J
, .J ..__

??J }}01Jó'"£l J\.?/3-t) ,- Err _o(.li"L'f JlfJ/_f.?rU


\
f)osl o<.,

Zif; -rou J,)O'>/COU. ?floAssimy cad.a.- Idé:ia._ da, multipli=


=
cidade inf.in:tta? que forma o plano .do-inteligÍ.
l
ve , é a trav?ssada pelo- .camãnho. que conduz •
. - __ .à

Ideia do Bemo Esta representa portanto.a conv?


# .

g ?n1e:ta de- .todas as .Ideias e a unidade


lA ""' -?
transcen=
A
-den te a que todas se neco.l.hem-
.

.. Em Platão, esta divisibilidade interna


do -ser .conduz a uma diversificação das Iàéia??de
caráter simultâneamente .ontolÓgi-co- e 1Ógico9 .em
A .. -
qt1e .. umas se tor?am .generos .de .que. outreas sao es.=
.
..

, í.es
, Ainda poderemos talvezadmitirj embora
.

péc
.

aqui _já com menos--segur.ança2l .que a ver sâo fin.a.l-


-
" in
.

da teeria das Ideias, a expressao do-universo-


A "'º t t f
em .termos .uní.camen .e ma .emat1cos.'jJ···ª
.._

teligiv.el
_f

(
º"""

ra outros motivos q'Q.e


,
teriam pesad0 no espirita
- 52 -
do Filósofo, conduzindo-o a tentar esta Última in
terpretação (e bem sabemos como é difícil esclar?
cer tudo o que se relaciona com êste assunto), PQ
daria co?stituir uma nova possibilidade de resta_y
rara perdida unidade do ser?- Com efeito, a ser
tomada como expressão autêntica do.pensamento. de
- - •.
., , .
Platao.a identificaçao-das Ideias .com os Numeros1
como indica. Aris-tóteies (8).. , ... seriam tÔdas. consta,-
.

'
tuÍdas de um principio material .indefinido.""' .?o.
JNirrJ.. Ko<.L 1:"o ?LK.e_ól = sÔbre o que ãne í.de a
limitação do principio :·.:.f onmaI 1 'LO
.
? , ; o Um lv .

figuraria então como essência9 o'lfq-_l_<I.. ?-de tÔdas es


Á
.
ill
Ideias? e.deste modo haveria co.mo que .uma restau?
ração da unidade .eleática_ do ser , pela pnesen.ç a.
·

-t
na multiplicidade do.ser platÔnicoj .de .um só prin
i' '
o
c1p109que incorporaria formalmente aquela multi -
plicidade numa unidade .. de. essênciaº
'
Indubitavelmente, o desdobramento do . .
.

ser único em uma infinidade. de Formas existent.es


'
? V r«, K cx.B <X.l/7:rx. tem por razão Última a .
n?
s.idade .de explicar .. o mundo sens Iveã
A. Temos aqui ;. ·

presente aquele pensamen to , que, segundo .. julgamos,


·" .
""' ...
? .uma constante na evoluçao da .eriaçao filosofiea
, o

de Platão, de compor uma metafísica que afinal to_r


ne possível a elaboração de uma teoria -fÍsica(9}o
A.s transformações imediatamente percebidas.na .or=-
dem natural não são algo de mera aparênci.a irrea? -

que se possa eliminar sumà.riamente. do.campo .da in


vestigação filosófica, mas, muito ao contrário,as
- 53 -

coisas da natureza e a sucessão dos seus a spec .-


- ( to. os .ma ã s relevan-
tos fenomenais poem ao esp1ri
.

tes problemas, e para a sua: µiterpre"t.ação devem. -", .


/
convergir. tddas as li:nl>;as. teóricasº
N
Par-e ce>- nos
A
totalmente falsa aquela versao da doutrina plat.2,
.

nicaj. que faz do m.undo-da?L-Ideias a unica reali=


., . JI

dade e ignora o.inter&sse pela.ordem c6smica?


, -

Bem.duvida, ao primeiro.contato A
eom a
= A
.natrure za., ªª eons ta taçao. do efemero de todas -- as
.

..

coisas .desilúde .da .intençã0 de,-..fixar s&:qre _·_ela_f:3


o .mundo dos conce Ltos, ·que .Sócrates tinlla. mos.trii,
?
..
.

do .. serem_independentes .. do tempo e do
'..
indi v:!d.uo ;

·.".OS' pensa s. -?sta. consã.dez-a çao leva a des co.b er t.á


.
""" \

..

do.jnnndc das essências puras, .mas .nâo .tira .. ;s

coisas a realidade .que nelas I·s?- .cons ta ta, A-.na=


tureza continua a .. ser o que. e, ?em-f?ce .dos nos=
. .
.

..

sos. sen tidos., .apresentandc-se .. como um· irnenso p;ro


( ',, '
bã.ema, Por nae ser possivel integra-la ,direta.-?
....
..

,
,. ,. N ,

mente .na. ordem.-logica eonceitualj (?. que Plat.a.o !fl.,.


. . .
-.

contra .um plano. de realidade super·ior.?.'.:. A natur.à


za só representa um plano ontológicamente .infe .?
rior ao das essências inteligíveis,. porque ,.o.. crl, I
I
terio
?
de valoraçao de que Platao se.serve e aqu?
·
? A

_le de caráter lÓgieo, estabelecido - por .Parmên,i -


- ,
des , Nao .importa j· porem, .em. negaçao da realida.=
.

de, em privação .de qualquer· modo de ser, ma-s,pr.i


eisall1ente, no_réconhecimento de um modo de. ser
por partieit,ação, pela .comunicação temporal.. da .?
Fornia a -qm s-qbstrato lllaterial. De rato, tQda a
- 54---

teoria do Timeu nos manifesta. uma concepçao


-
em
que a natureza é considerada .incriada pelo De-
miurgo.e, portantoj possuidora de uma realidade
.

,
substancial em sij ·eoeterna .. do .. mundo das Ideiasº
Descobrindo a multiplicidade .dasidéias,
Platão tem .a .intuição de haver .conseguido a .s In ..

tese entre
o pensamerrto do -ser e .. a
metaf.:Ísiea.
percepção da. .mcbf.Lfdade r!sica .Nenhuma ,dúvida . o·

pode haver de.i sua .eonví.cçâo da. exis-tência real .

. "
·

das Ide ias, independente do pensamento que as c..9


.

nhace , comortambém da não-irrealidade dos obje-


tos materiaisc A diferença em dig?idade ontolÓ
, /
gica e .realj e nos e dada a eonhecer .no ato .. de
.
,
apreciarmos.as.coisas1 isto e9 na maneira. eomo
...
-se dao .ao nosso medo de apr-eender ,
.

( ,
en taoj e
e.,
·

Ai,
que o obj e-to transitório, .des tuÍdo de esta bi? ti
lidade lÓgica 1 se .maní.res ta eomo menos real .do
que .a Idéia clara.mente- intuívelº Platão acredi
A
ta na existencia absoluta de uma diferença_ de
.

realidade entre as Idéias e as eoisa?, e o.cri ...

_,I' • I;'#
ter10 de avaliaçao dessa diferença nao .outro
N· /
e
senão a .nossa _inteligibilidadeº O nosso espÍr,!
to não cria esta diferença par-a satisfaz-er as ·

,
A ,
suas exigencias logicas9 mas, porque ?la existe
em si,
.é que a nossa intuição inteligível nos
permite conhecê?lae -

A teoria das Idéias é e once bida co m o


uma solução para .o problema do .devenir. Coloca
a ordem natural em plano inferior à ordem das
55 -
·

realidades essenciais,. wiico meio de. dar mas é o


(
razao, d e algum modo, dos acontecimentos .fisicosº
.... .

Não aceitá 1a é renunciar deliberadamente.a tóda


...

possibilidade de interpretação do universo e.ree.Q


n.hecer a tota.l irracionalidade da na trur eza f>As eo1
sas materiais e singulares apresentam carac te r.e s
opostos,. simul tân,ea-.ou_ aucces s í.vamerrte ; .s?oj por
,' ,
exemplo j· ao .mesmo . tempo uní.cas e- mul tiplas-o: eom-
preender-eomo.isto e
,, f -' A
possiv.el.e. por em toda .a
A
sua,
agudeza a questão da a.preensibilidade lÓgiea da
mudança o
. .t justamente na d Laeus sâo dêste pr.oble-
.ma.ique Platã.o.,. no -Pa_r.mênides {128 e. ? 13(L a) j :faz
SÓera tes apresentar-a .be orfa .das .Idéias como. uma
sugestão .par-a. explicar a pr-e sença de qualidades .,a
postas na mesma co í.sa , .. Assim, por exemplo.,se. COB
..

p
sãder-armos.« carater de s eme Ihança e dã.ss eme Ihan- '
"' ?
vez admitida a .exf.s tencãa e? s í., otU-To
ça; .uma
KIJ...
e:, cx..trro
e. r
.,. destas duas Ideias -
" .,r/
El ooç -e-,

o_A.DL Ól'?JTO(o:2 e. da .sua con+rár-ãa .- ê'rrrt Y lxv<f-


O'
uca» -j - e ademais o fa·to de que não só .os perso-
nagens do.diálogo9 mas tÔdas as coisas denomina -
das múltiplas delas participa?j nenhuma:difieulda
de.há em compreender que é em virtude ·a.e partici'!"
parem da Forma .da semelhança, e-na medida em que
o t?zem, que as coisas semelhantes são seme Ihantes,
e igualmente-.qu?nto à dã ss emeânança , e que as .coã

.
' simultâneamenteisg
sas. que .participam de .ambas são \ - tJj,<,ot-
?
malhantes e dissemelhantes; Td.---µY Tr;ç
- 56 -
Ó<7J 'C" oç vx.?««r«( l'LtX7:oõo1rr:ov
,u.é. 3' o
?
p<X_
er O co; >'U','(O( e

rot. úi-1') rt: Koct tJtroJJ <X.JI

A-U-?À'!-;,<-(A«.>''/2, .? de 1:ij; !xro,.uotÓ'l'1JTOÇ


--
?J vr/p., oI e <X. , -z-« fe &f', iúj
T
o 7:'
e
w JJ .
i
ot.'"' <f o 1: e e«- o

_ A -
,
teoria das Ideias e-
,,
oferecida ,··
cano
_ __ __
una.
possibi1idaqe .. de subentender -fenomenal a o mundo ..

inteligível -e de explicar indir-etametnt.e


wna .. o:rdem- ..

a variação quali.tativa, em--t?rmos. que· se apf.ãe am


p;r?priamente só._a9s .objetes. imutáveis? ?ue as -I:- _

·') ?'é ias- venham.a ... infermar .. tra?si·te>riafuente .as . coi?


sas, .. pela '.ef"ici?nei? .eosmog9ni.ca. elo-Demiurgo, .que .·
.........
. A
as impo.s .a massa caotiea do "reeeptaettlo.j e que j
R ,i,_ .
..-
·
- .

:po:r--esta- partieipação--<io e:rêm?r.o no .e s sened a.L, um


.

raio de.qlaridaàe l0giea I