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·. !

Alvaro Vieira Pinto


)

ENS?IO
sôhre- \

.A DINÂMICA
na COSMOLOGIA i

de PLATÃO

Rio de Janeiro
1949
l
...
T?,?,.?
·

Pl at ão,
\,,.
TOl
SAN T,AG o DANTAS
KA1 TOl
PL1N10. RocttA

O.IA TO

KOINA TA re <1>1/\0N
P R E F Á C lr O

,I'
Desde todos os-tempss9 da epoca que se
segue imediatamente à existência de l?latão9no cir
curo mesmo dos seus discípulos 9 que o ouviram e.
consultara?, at? os nossos dias? a concepçic,pla=
• A ?
.
.

tonica do universo nao cessou-de ser. estudada e


discutidaº .Poderia parecer-que d;ste- permanente
'
As (f' ?
interesse-houvesse.resultado .um.acumulo de noç.oes
seguramente aô quãr ãdas; formando um solido
,I'
esquema
in.terpretativo'O - O,.contrárioíl .. porém9 -? que se re"?
gist:r.a º .. No tocante ao problema da natureza 9 nae ""'

? #
so nao ha segurança a respeito de -importantes t.ó-
,I' ,I'

r .1

picos d© si?tema9 ?om0 tudo indica que t0 -??bat?


(f' ,I'
prosseguira pelo desejo de se esclarecer o @©nte];!
.do. dessa grandiosa. concepção do mundo , tão _rica ?
1ampla 9 .que por- isso' mesmo se presta a. copiosa-di=
versidade de opini?eso- O.que todas as 1erao?e?
A , , .

tem sentido e que ha no-Timeu /alguma coisa de ex=


,;i,

traordina.riamente importante que se percebe de m? 9

do geral na .granô eaa da síntese· lÓgico=metafisi.c,q


,? A
que o dialogo sobre o mundo f1s1co e?poe9 mas9t?
. Ro '. =

= a
tomai? somos atraidos pela seduçao deste pensamen
.to9 mais. no?. d=ba t.emos ent:re as mnner osas e p:rofim
-
..

dificuldades que
da.s- a solução particular dos p:r.Q

blemas acarretaº
= 2 =.
? A ?
Todos estao de acordo em .que o Timeu e
o prjmeiro grande sistema da natureza qúé a his=
t6r1a conheceº Na amplitude de sua visioiPlatio
?
nos da as linhas gerais9.os con?eito? fundamen =
'
. (?

tais..de um quadro grandioso no qual se contem a

primeira grande possibilidade de interpret?_ção oo


universoe Mas o que torna ·difÍci+ e·complexa .eA
= , .
.

=
sa visao e que9 por motivos? que ·Platao considera
_legítimos e prementes? não 'pode ela ser ??scrita
p?. linguagem simples de uma- exposição didática 9
.

mas deve necessariamente ser ?evestida da forma ?


' •
.

- . ·.
.
?

f,,J : • . '
• #
de narrativa mitologica? ?om que.d? fato foi re?
? A
Sabemos por que o Filo?ofq' assim fez9mas
liz?dao
= = ? .

nao podemos deixar de lamentar nao termos por 1??


.

so os meios de apreciar9 numa inspeção diretf*9 o


sentido e o fundo. do seu pensamentP.º? Bs tamos i,!1 ,. .
? .
A
r amed Lave Lment e condenados •
.

.
.
a conhecer.
.
.
a subs
'
tan-
..
A If) (? (?

_eia deste atraves do veu da f?bula que pensamento


I

6.envolv?i e o que acresce as dificuldades de in? ' ·.

?
·, ,
. .
A
t
.

terpr?,tBÇEfõ e ser tao desigual·ª r ansparencda ??cê.


i?. ""'. • -co .

se envo tÓ:ritJo l ·Se em cer t as qu?êtpe? .Pode dizer=


.se que,toc?mos quase .
significaçio?real
.
.,· '
da cogi? .
a . .
I

'
.taçãb pl.atÔnica 9 sÔbre outras 9. e infelizmente as
• . . ' .

cond t çeo
... .
' '
·""' I

maí.s importantes 9 vemo-nos r eduaãd



I '-lo

.. = os ...-?
.

? .,

.de conj e tur ar º :Nao hpuve em Plata e ô pr opósã to


"" (?
I

-'
de legar ;·posteridad? um· gigantese,o

- .
enigma9. êle
... ,. •
• ,1 •
? •

mesmo 9 por uma convicção central do. seu s í.sbema ?


fica incerto entre os pensamentos com que procu=
3
ra entender natureza9 e desde logo se convence
a
de que , em virtude de uma radical inaptidão. do e?
p":Í:rito cogitante para se representar a mobilida=
de fÍs t:ca 9 c?ência pode claramente intei.
nenhuma
pr et.ar o mundo º S.e enigma exi?t;? J não foi o seu
],.iv:ro que o cr í.ou , mas e o universo mesmo que o
.
t?

exâ be , .Não lhe r e s ta outro recurso senãó decidi?'=


se na alternativa de r es í.gnar=se
de_sconhecer e? a
?ernamente _a natureza 9 ou procurar _r?duz:Í=la _,-??
formas de ,inteligibilidade própria? do esp{rit<õo
.
? =
Ç,omo escolheu. )i),ste segunde eamf.nho , sua obra nae

, -?-
podera ter o caraterde uma narrativa concisa e-?
'

·xata 9 quando .,e fundada sobre


• A
a certeza permanente.
.

A ?

'ça irremediável diseorq.a·ncia entre o ser. r:f s í.co e


o instrumento de que o esp{r ito dispõe para repr,?
serrtà-Le ,
t?

{ ?
exatidão seria para a f1sica
A urn cara'-
t'er de _fal?·idade a p:riorL }?ar.a que seja realizí;
ve1: a. cl;ncia da natureza tem de content ar=·se em
?
atingi);_ um alto grau de ver?asJ;lllilhança 9 ?s dever à,
' ' '

-Ó,

para -??na?var um dado irrecus·ãve.l e· cons t ant.e 9re


A
lembrar a cada momento o f'undo de incerteza ª-_obre
que repousa, o car?ter de aç8rdo de que se r?ves=
te9 entre as possibilidades positivas _da inteligi
bilidade pu?a9 da parte do espÍrito9 e a resist;n
eia irracional da mobilidade9 da parte do devenir
fÍsico º cada momento j no curso do seu livro.9
A

P-1.at?.o ??ur.a reavivar a Lembr ança d?ste trQÇO ?


- he,
,?

pital de incerteza
probabilismo9 que e contudo e

a condição mesma da exist;ncia. de. uma ciência do


universoº Esta incerteza repercute entretanto de
forma diferente em nosso espírito? Rara ;le9 es=
ta incerteza é uma vitÓriaj o que muitas vêzes sei

percebe no tom do seu escritoj há um otimismo conA


tante em t"Ôda a sua e bra 9 uma satisfação de ver: ...
<;:,, = t?
.

que a razao humana e dada esta apreensao9 insegu=


ra e parcial embora9 sÔbre um domínio que não se=
ria de estranhar se permanecesse nef:1.ni t ãvamente
? = =
cerrado Feita para a cont.emp'Laçao d_ô
a sua visa o ,

eterno e do imóvel? do ser inteligível na transce,n


? =
dencia de sua inalterabilidade9 a razao consegue
apoderar=s? da existên®ia sensível do que nas?e e
perece do que e ora a s sdm ora diverso do que ?
t?

9 , 9

ta .agor a aqui agora al:l e para ele const.roã wna


,p
.
/;I, ,p

9 9

estrutura .exp'Lí.cat-âva 9 que é o


?
que de mais p:rÓxi=
mo pode haver da verdadeira ci?ncia9 para a o:rd®m
de real:idade.'.de?·-qué se=
·A ·,
tratẠ-
,
""'
ser
.
.
- Ora., este .otimismo.nao.pode compar-=
tilhad@ .. por .nos-<,_ a .quem outros hàbã tos.vde pens?
.
- . ,p - tf'

?
A ,·. . .

t<0? .. outra eoncepçào .da c í.encda fazem. ver de forma


.
ç:;,

diferente .o papel da .. razio- em face r!si=


..... do mÚndo.
l
exata .nao se r e-.
?. A ....
G::>

eoQ-··-Nosso ideal.de. uma: cã enc.í,a


.

?· =
t
.
·, A
s í.gna a.-1:tmi açào platoniea; e e nesta. atitude
,p
.de

espírito .que a. mad.or.ia .dcs investigadores- da .ebra ..

i?
A tf'
platonica se. colo-cam para. julga-la-º Se 9 porem.,r? .

fletirmos que alguns dos mais recentes desenvolv.!


5
""' J' ,?
mentes da fisica teorica nao mais nos autorizam
ª?
a nutrir- a- ilusão de um .conhecãment.o - .absoãuro da
= ?.:
ordem naturaL, vemos quanto. a. vt?ao d? Plata o ctelt
.

O!

t ?
.


ce de. Lmpo
·-
r ane La na sua '"'intuiçãQ- .fii?améntal-o A
-
.

.


mobf.Lãdade, .de .. fato9 ãmpoe ao ?o??1w.enü. condi=

C>) • •

H .

ções ·1n:transponÍveis 9. O que .em. P-1atã·o:.resultava-


er .
t
de mna premissa?met?fisica.9... a. teoria moderna. deA
. .
.

u, cobre no próprio. campo ... da exper fmerrt açao ·?mpÍri?


ca, Mas. a- coneorüancãa final e completa entre as
'
A> ,p
?-.? ....
e,

""'
duas concepçoes?.
?? ?ste-otimismo impede Patão de sentir- as
C&J
obs cur ãdade s 9 porventura ·eselare°Civeis 9 de ..muita.?
...

passagens do seu .. !textoº Movido. ainda por um. pode=


--

r oso intento .poe, t.Lco, que no Tim?u.,·-.. se. :r evela


. .

.maís
A ?·
na substancia do.mito. do que na.forma-literaria?
?
cobre mui tas vezes que- pudera ser alegoria
..:

- com a .o-
dito .na lição prosaicào .Acresce que9 p©r..uma _sin
gu'Lar feição de. 'sua imaginação nesta cbra 1 aqui
= A
nao t.r ans par ece .aque l.a .Lãmpfd ez 1:L.elegancia de ?A
tilo. das .dialogos
,?
anteriores? a .f'or ma e.? rude e i5-'
,p A £
nabil?- por v.ezes .o s per Lodos longos eLde:nsos- e ft'S
" .

quentes. as- ambãguãdades., iudo isto constitui .a


.
.

= ?
r azao de ser . da .consâd er áveã dific.uldade?com- qt"t_e.51
.

?
desde-a sua- epoca, se t em. def'r ont ado o?.-?üment?do
? .

res do seu pensamentoo-Sendo tão nume'.rosa. a.coor=


?
t e. d o s, que.rt ent ar am esta. empr.e sa
""
tao inseguros e-
, . .

ainda o?Lresultados temeridade. que mos .di?


.

9 e uma
! tP "' ,? 't?

puses semos a acemet.a -La º -Se a fizemos 51


per em , e
1
= 6 =
A
porque9 malgrado a plena consciencia dos-riscos a
A ? -

assumir9 julgamos talvez fossem dignas de ate.nçao


algumas idéias que a leitura do Timeu nos propQr=
cionouº Tanto mais que u?? d?ntre elas? aq qúe â
creditamos 9 ainda não. foi '.'·_as?'inalada - e par?ceu?nos
que mereceria ser exposta con:i? uma contrfbuiçio a -

mais para a elucidação desta. 'filosofia perene , .


D@ estudõ·do Timeu e de sua colocação no

âmbito gerªl do sistema platônico nos resultou a


impressão ?e que se deveria acentuar 9 mais.Ado que
. .

o faz a maioria dos comentadores9 a importancia?


cisiva da obra física no conjunto da filos?fi_? de_
""' (? ""' ?
Plataoo Ja nao nos referimos aqu?les que parti=
lhama inveridica atitude de julgar que para-Fla=·

""'
.
__

A
tao so existe o mundo das ?ss?nc:ias formais ou I'?
tP O

,? " ""' e:,


.

deias9 e que o Filosofo nao concede senao a mais .


""' '6 <l.

reduzida s:ignificaçao ao mundo f1sico? nem· aqueles


que compr eendem e valor da :teoria natural9mas nâoy
se representam claramente a verdadeira razão des=
a.
?a importanciao
Quer=nos parecer9 com efeito9 como ati=
tude mais geral em face do- .pno b.Lema da posição da
f
fisica na filosofia de Platao9 que
.
e:,
a
?
ciencia d&Ii.
? =
,?
tureza e o termo final de toda a especulaç?o. pla=
A
tonicao
Tomada esta atitude
de trJ, como hipótese
balho? procuramos ampliàr o quadro que nos desveD
dava e desenvolver as ?uas implicaçõesº No de=
= 7 ....

curso dessa meditaçâo9 fomos sentindo o bem fun=


dado d.a conjetura inicialº Foi=se=nos r eve Lando
a figura de um Platão que se afirma como um filo
sofo da natureza9 um físico e um criador d? uma
teoria abstrata da mecânicaº Nada perdeu cõm isso
a imagem do metafÍsico9 do mora1ista9 do sociol6=
go e do esteta9 apenas foi desvendada uma evolu =
= A
·
çao de perisament o , no eenjunce da obr e p Lat onâca 9
que situa a mais saliente das suas criações r.is oo,n
dição de fundamentõ para a t@o?i? fÍsica9 a ?er
pos t er ãorment e r ea Lf zada , Seria exigida uma .cõ,m
pleta di??e?taçã? para des®nvolver e estear os a?
= ?
pactos que vao gradativamente reforçando a hipote
se inicialº Mas cõmoíJ pela sua mesma natureza de
s ôll ser uma suposição de intenção subjetiva9não pode=
mos tirar=lhe o caráter hipotétic®9 basta que nos
deixemos guiar pela inspiração que ela dispensa?
nos interessemos empenhadamente pela investigaçãõ
da teor ia fÍsica e
Nada contradiz essa hipÓtese9 antes tudo
?
acorre em seu favorº Q'Ue indubitavelmente ela ne,s
A =
oferece um angulo de visao do qual se descortina
A ?
o
com muito maior unidade a filosofia platonica9nao
se poderá negarº Po:r ela nos é dado incluir a
? ?
fi
gura de Plata@ na linhagem do pensamento cosmolo=
gico9 que era tudo o que existia até o seu tempo
como especulação filosÓfi?a9 por ela imaginam©?
o espírito de Platão9 excitado pe1a lição de SÓ=
= 8 -
crate?9 que lhe revela O papel da5 noçoes gerai?
na captaçãt0 dos <õbjeto?9 sentindo em si a revela=
çãc do que podia significar essa descoberta para 0
d?mÍnio da naturezaº Desde então sente=se um co?.
tinuador do que havia de mais genuÍnô no pas?adõ
.

IA
da ciencia grega9 confiante em poder superar o a?
bitrarismo dos seus .antecesscres9 com aA possibili"'?

dade de criar pela primeira vez uma ciencia dang·


tu.reza.o Apenas êste fim9 nunca abandonad o , será
transferido para muito mais adiante9 porque entre
o ideal que concebera e a tentativa de imediata ?
·xecução surgem complexas dificuldades concernentes
""
a problemas comuns e a outros 9 ate entae Lgnor ados,
4i'

t? t?

da teoria d® sero Sera necessario que elabore to=


t? f A
i=
da uma bipotes? metaf1sica9 para ?obri? aquele
? t?

de?l de uma e iene ia do mundo .fisi?©9 sera 9 -inclu=


ljl,

'
siv€l neceasàr ão renunciar 9: primi?iva supos rçae
t?
?
9
A ,?
=
d? qu? o? conceit@? fos??m imediatamente apiica A
?
v?i? ? s coi?as 9 e contentar=se. em fõrmar a ?i?n©ja
f'Ísica na base de um :racio?Ínio pr1:)váveil e TufüeLi! t?
'

"" til,
t? nao diminui a força do seu primeir® proposit®9
bem? se reduz o seu @tim? mo com este triunfo par=
A

' t?
cialo P@??ivelmente9 ?o aos nosso? olho? sera ele
t? A
.

um resultad@ parei?lg pa?a Platáõ9 seria o melhor


pos?ivel9 o que bas-ta para considerá=l© um resul=
tad@ iatisfatÓrioo
Desta manei?a9 nenhuma afirmaçã® ?eria
mais falsa (l!Ue ?upor que Platão negue ou ?ubesti=
9 - s=

me-a realidad? do mundo fÍsic?º Aõ contrário9 é


? ?
e?ta a unica realidade para,ele imediatamente?©=
o

nhecida9 o dado puro e simples qu? nãõ é p©s?Ível


r ecusar ç
a sua representação e cempr eensâo por via
?
r acaona.I e o mais imediato problema que
primeiro e .

se-apresent,-ao espíritoº Se, por via da refle =


A A
xao sobre este-=--dad.o9 vem a descobrir eut.r a :peali=
e,,,

dade na ordem das éssências inteligíveis 9 .uenhua


detri?ento sofreu a primeira9 antes est? cõnserva
A ? ?
sobre e ser das Ideia? o privilegiõ de ser o obj§.
A I
to
< '

dõi interes?e preferenc??l º


- _

.Acudiu·=nos9 pois,<lirign_ii9t, nos!o es tudo para- a __

elucidaçãõ dessa obra fÍsica estudada por inúmeras


geraçÕe? 9 que nela encontraram t.emas f'ecund os o Jul
gamos poder a borda ri uma face da teor ia _-r Ís ic a pla·
fo ? = ,!?

tonica9 inegavelmente importante na® so para o CQ


nhecimento do_platoni?mo9 como ainda para a avali
ação do estado-das idéia! cientÍfica?-nõ? àlvore?
do pensamento ocidentalº Origina=se o presénte
tr-abalho da meditação que _fizemos no curso dos nQl.
A
-

A
!?? estudos plato:p.icos 9 sobre qual teria sid<õ to

pensamento de Platão relativamente ao problema da


= ? ?
constituiçaõ da me?anica com© eiencia raei?nalo
Nenhuma :idéia preconcebida nos guiava? propunha=
lll©S-apenas uma questãoº ?i:rigimo=nô? aõ text® f.!,
mo?o9 na atitude de quem procur? coligir no intrin
cado das suas páginas os elementos que p? difíceis
mitissem responder a uma per gunt a , E do estudo EI!
= 10 -

tão começado foram surgindo algumas ãmpr essóas que,


por v;zes distintas9 outras v?zes confusas9 e at?
incoerentes e cont.r ad I tÓrfa s 9 aos poucos se foram
concretizando em perfis m?is nítidos e pontos de
vista mais
.
firmesº Fomos ?-progressivamente
?.
pene=
tr ande a 1:nf1nita riqueza d as s e pensamento que 9 pe=
.Las duas condições de ser es cri to como fábula e de-
tentar conciliação do racional com o irracional?
a

presta=se i? mais desencontradas interpretaçõesº


Começaram a firmar=se em noss© espÍrit® algumas li
titu.des e chegamos a n@s convencer de interpreta=
çoe·s que f?môS elaharand® no estudo da obra plat'º
nica so nos decidiu a apr e sent.à-Las o fato de ver I-
# • ?
g

ficarmos que alguma coisa poderia haver nelas de,


originalº N;o deséjamos neste-introduç;o assina=
(;.
lar particularmente nenhum d?sses aspect@so Deix'ª
? =
mo=Le a cons ãder açao dos Le Lt er e s , Devemos apenas
cenfessar que9 por mais pessoais que nos pareces=
sem algumas das i.dé-ias por nos elabN'adas sÔbre 01

cenjunt o @U sobre alguns detalhes va Lt.osos do Si.§,1


tema f:Ísic<õ9 nã? seriam elas ainda capazes de de='
? ? ?
cidir=nos a ousada empresa de sua d ãvu'l gaçao , se
uma entre estas nâ© se afigurasse digna de mençã?r
por seu significad® para a interpretação da natu-i
reza o ?
Investigando os aspectos da concspçae m.§
? =
canica de Plataõ9 naquil@ que o T:lmeu e as
o
1&.ll
nos fornecem9 veio=nos a convicçã@ de poder afir=
mar estar c?ntida no seu sistema da natureza a i,ni
11 - =-
= , £A ,
tuiça@ do principio de inercia9 e que dele nos dai
uma exp?sição suficiente no quadro geral dos seus
e?

postulados e nos seus propri?s text?s9 quanda de=


v í.dsmente analisados e
Q_encontro desta-particular feiçio d?
fÍsica-platÔnica-deu ensejo a que9 juntamente com
? =
ela? publicassemos as demais reflexoes a respeito
'
outros- t.opdcos do- s â s t ema , Ainda mais agudo
' ,?
de -

sent ímos e risco do acome tdmerrto mas não quí semos ,

frustrar a oportunidade? de ser em revistas algumas


o= A
ideias e op í.n í.oes em torno d.estes ternas que fo=
,?

ram e serão-sempre atuais o Trata=se de uma s:nnples


o
= {A. ""
contribuiçao ao esforço constante na invest:igaçao
"' , e?

historico?filoscfica de melhor esclarecer o pens?


=
ment o de P'l.a t.áo , .As g r and e s h Lpo't es es sobre
,? QI,.

a ill
terpretação do platonismo foram feitas e continuam
? tP

a poder s?stentar=se nos seus tipos ja hoje clas-


sicosº Aqui não pretendemos fazer um debate que
vise parti¢!ularmente dialéticaº Procu:ramõs oa
·mais possível ficar dentro do esquema fÍsico e9s®
(7\

por imperiosa necessidade dele nos afastamos em


algum momen t o , foi para ":retomar ideÍas essenciais
.OUesclar?cer posiçÕes externas9 imprescindÍveis
ao conhecimento do problema fisiCõo Tinham0S9C?=
,?
mo dissemos?-uma pergunta em mente9 e so pelas?
·,..

presa de encontrar o que nos pareceu a primeira



,?
formulação da-lei de inércia e que resolvemos dar
corpo ao noss& trabalhoº
Aquela pergunta representava contudo .:g
= 12 =

ma a uma. outr a mais amp1a.zJ


inte:r:rogaçãõ secundária
que tinhamos imaginado fazer=nos g a de saber
por·

que motivo não teve origem na cultura grega a me=


©inica racionalº Era com natural curiosidade que
? ? ?
indagavamos por que esse povo9 que demonstrou tao
? , ?
alta capacidade de criaçao matematica e pode crtar
.

= , "" fio

a geometria como matematizaçao do 1movel9 nap po= I


A, /;/:,

de criar a m.ecanica9 como matematizaçao da mobili


dade? A resposta a essa pergunta9 para quem tem
conhecãment e da evolução histórica do problema 9 é·

que lhe faltou para tanto a descoberta de uma n?


ção fundamental9 a de inérciaº Sem dÚvida9não é

esta a ?nica razic9 mas? a principalº Considera=


?
se igualmente como responsavel por essa impossib1
= ? =
lidada de geraçao da mecanica o fato de nao ter st
.

do sent.âda
?
, ?
pelos ri1osofos_;J'lat.e??ticos gr egos a ?
ce??idade de referir© movimento de um corpo a um
sistema de eixo? exterior,mas de ser sempre prooy
rada a descrição das suas condiçoes cinemáticas?m
? = ,,
termos de prin?ipios ou relaçóes imanentes ao m?
,:lo

.
,,
vel º Contudo o eonhec fment o da .lei da inerei'a ai.? i.!l
, .

exata c©mpreensao da signific,ã


?
dispensavel para a
e 9 como nâo a oncont.r ar-am , nã©
·

ção do movime?to;
puderam aplicar a lei do número e 'da pr-cpor çáe s?
Compenetrados de
oa ll:,

nae a imobilidade ?as figura?º


?er essa a explicaç;o do f?to9 demo=nos ao estudo
da cosmologi? plat?nica9 com a vontade de exami=
nar como era concebido o movimento e as qemais n?
- A
ç.oes- fundamentais da:.mecanica nesse sis tema do .u-
.

ll-iverso e Desta analise .r eaul tou. a. ine.sperada con!,


,R
..

tatação- de- que Fla.tão concebera pela priae:tra vez


?
·o.. principio
? _/
de inercia e o incluira na estrutura
.

do seu sistemaº· Procuramos· então examãnar . em to?


A .

qos -os sentidos esse ach?do9 ao.mesmo tempo que


.

.11-os cumpr?ia produzir alguma hipótese que ex:pre$?


?e por que." não_ teve ?sse princípio o reconh.ecimeJl·

to devãdo . e não exerceu -a influencia que d ever ãa 9
.

·:permitindo a formação· a
A' , ·.t!i,A: oque .em
• o meeanãca
- .

breves 11-nhas procuraremos mostrar 9 na conclusão


desta t e se,
.,.,Cumpria=nos rever a teoria da, fisica .eo 9

aspectos gerais9 e mostrar que modifi


menos em.seus
- '
caçóes9 p,ossivel:mente9 traz as coneepçoes eorre?tes
.
? ...

do Ti.meu esta intuiçé'o central,-desenvolvendo9 sob


?
es te
A> /Á
anguio-especial9 algumas interpretaçoes
,.· ·-
·que
porverrtur a outros cement edor es não t enham feitõo
Não· qursemos s aânda com risco de alongar o exame 40
p
d1?1ogo9 pas s ar por cima dos -seus principais aspe?
·

tos e lim;·tar=nos a assinalar e documentar ·a de;f_f.,.


·

niçâ'o da l,ei de inéreia º Julgamos conveniente ex=


tÍnb?mos gradativa.=
?

o plànar algumas das idéias que


? A
SJ mente for??do sobre o texto e desenvolve=las co•
.
,/ , Ro
àe a clareza de que fc?semos eapaz,s.º Cértamente,s•=
ao ta clareza d.e-fxa muito a desejar; e por vêzes o _di
.:

rei to. d-e conjeturar pode ter s íd e cons id er ado coae


,
levado ate ·a· averrtur a , Nada ha, c·ontudo· de ma is ]!e
.

n?
= 14 =

gi time, t:ratando=se
9
do texto que ane Lã samos, Pelo. .

car?te? mesmo da sua concepçic r{sica9 Platio ad=.


mite que o conheciment© da natureza se processa
""'
por obra de uma Lnapãr açao que con?troi um es?ue=
,?

pt. ·,
... ,t?

ma logicamente valido9 e.a _ele procura conf9rmar


f
os at os , Chega ao ponto de reconhecer já na? dl,
a conje sura 9 mas a t"'e <õ direito a. t
?
gamos o direito ,;:, o

contradição e s incoerência? t que a natureza .nàõ


foi feita para caber.no nosso mundo de conceitõ?9
t .

de modo que so podemos consegu 1 ruma sofrivel eõ?


,t? .

preensâ'õ9 pela crescente conversão da multiplici=


dade desconcertante em uma multiplicidade reduzi=
da 9 mas fict:foia 9
que tratamos mais f?cilmente e

cons id er amos da out r e º .AsBim é'


como a expressão
,t?

que toda a doutrina dos fund?mentos geometricos


dõs corpos simple? tem origem neste process? der? !

dução voluntária do devenir confuso e incessante·


a uma determinada quantidade de aspectos escolhi=
_do? para serem convenientemente interpretadosº PA
,t? ? ?
ra que pudes?emos dar a devida significaçao
?
a pr?
do conceito de inercia na fisica platonica?-
t9 £
sença
era preciso que apresentáss?mos os no??o? ponto!
de vista em face de outras questões.do sistema9pj
ra mo?trar per vêiH?? 9 na sÓluçãõ que Platão lhes1
? ? ?
da a r eper'cus sae d a ideia essencial da natureza
51

do movimentô inercialº TivemõS9 assim9 de resig=


nar=nos a --faze:r estas considerações que s por seu V.Q
1WJJ.e9 podem parecer eclipsar o aspecto capital da
_= 15 =
tese 9 fatp
apenas a . oportunidade de ?º!1
mas, d e sa o
""'

f'irmaçã© 1mediat'3 do pensamento cent r-a'l ,


Tomamos a deciséõ de seguir com fnte:Ir-,

l?he?dade--a.-.?em
·
da- narrativa .do dialogoº ,9 . ""
Nao es ,<=<>
? ..

tavamos ?brigado por nenhum motivo declarad? ·a

f
-
'-,,

ex?mina:r todos os as pe e+es da Ís Lea - p la tÔniêa.:?


?
que exigiria alias outro esp1.rito -e outra ®ca?iáo.;
.

. ? tP .
. '1::,;_

tínhamos plena liberdade de nos determos nas cons1"? ', le==>


=
d er açoes que- julgass-emos .mads ut e í s a. prepa:r.,çàt) ou
? (? ,,;? • e::, ;

-:,
a . confi:rmaçao da teoria cent r aL, Foi. o que fize =
oa

U A
mos 9 sem receio de ser argu.:1.do de ãncensequeno iam?
.

l!/,
_

t@dologica º Assim 9 por exemplo 9 e que a teor-ia d([) ,9


,,;?

,9
tempo9 que se acha nõ centr© do d.ialogo9 como -com=
p.Lemerrt o da doutrina da a Ima , nós a trata-mos no·_fi·
.
R
nal9 por julgarmos que9 depois de ja_termos-reco?
nhec í.do a :noção da inércia 9 melhor poder Íamos trji
=
tar o problema-da du.raça?º -I

Dentro desta liberdade dELmetodo assumi / (?

9
I

da em principio procuramos corrtudo quanto poss{


9 9

vel9 guardar O paralelismo com_a exposição


,
do-tex I

,to9 especialmente no tratamento de cada secçâõ dÍ!


flnida do _1diálogoº _ Impunha=seí> desde o in:Ício9fi
x?r separadamente_os principies gerais -da teoria
:fÍsica º _:t. o que o Filósofo mesmo começa por fa=
zer apenas dentro de uma brevidade e concisão que
9

não ·pode:r:Ía-mos- tmi tar


sob pena de. deixármos ems?
p?
SJ

:?tés-dõS ma.is ricos aspectos do sis tema e de 9

tornarmos inco?preensível a sua. posiç?o no conju.n


- --·- - ?
- 16 ..

istes principios são


to da filosofia plat3nicaQ
resultado de tÔda a especulação
precedente9ch.§.
0
aadcs agora a.
'
epoca da frutificaçaoo
• N...
·
ao podfia=
b' ,) .

mos deixar de ass.ociá=los aos


·

seus pr as suposboa,
da form? de à?
'TÍ.nhainos9 porém9 de fazê-10-dentro ..

sagem mais justa entr·e a brevidade


desejada e ar.!
ferê-ncia completa. âs par.rtes essenciaisº Era
esta
a mais complexa das faces
do problema9 a de fazer
a ljg ação entre O ,pensamento
f{siGO e O seu paSS,ã
do metaf,Ísi?o" Bem sabíamos que
não nos era pes -
s:i:vel produzir uma discussão integral da teoría do
ser intelig:Ível e renovar9 a título de preparação

do terreno 9
a an;11se da dialética.l.l-
exposição e
·

Nâú tinham cabimento per tantio , já que não podíájl?


d'
·.
""
passar em s11,ncio essa concepçào suprema?mais
""

que algumas e essenciais apreciações -sobr·etudo .!. 9,

quelas que , por serem diretamente envolvidas nos


temas. -físicos 8 seguir não poderiam deixa_r de ser
9

traz.ida·$ a debate. .Foi o que fizemos., aproveita,n


do a declaraçio de princípios do inÍaio do di;lo?
" ..
ordens da
go9 onde e posta a definição das duas
r eal.ãd ade e des dois modos especifieos de conhec,1\
"
ment.o , incluindo 9 a propós í.te de cada princípio d$
fÍsica9 a fundamentação ·metafisiea,e lÓgica pres-
suposta o Por não .ser com-pleta esta aná11s, 9
nãq
deixamos eontudo de frisar., ao que julgamos9 as
quest-Ões mais importantesº N;o foi aliás unica = ..

mente na opor tunãdaãe da _discussáo ·dêsses ·princÍ=


17 -

pios que nos foi daao estabelecer contato com os


temas metafísicos&
Em outras ocasiões, ao longo de outros
A
capítulos, a natureza do assunto punha às vezes
um debate .. .q ue envc.Lví.a , es senc a'lmenne , .ques tôes
í
'
? ',
fundamento, expostas d:i,alogos; .ass tm,
.

de em outros
particularmente, foi necessário que apontássemos
? > ?
a dotrtr-í.na.; tao. discutida., .das .Tdàí.as -Nuraer-cs , em
. .

""
conexao com ? teoria . da alma do .mundo º ..

Em.tÔdas essas. ocasiõesj ?. posição mj!


tÓdica assumimos g --ª de .nâo 110s senti:t?mos obriga=
do a produzir uma-exposição didática.dos· temas a=
pentadoa, o que seria um completo desvf:,r·tu.amen to
do. caráter .. des ta dis?ertaçãoi. além de uma amplia?º ..

·""' A
çao alarmante dos rseus limites.º. Todats as referen IA
.

? A .

cias.aos grandes topices do pensamento platonico?


não cons tant es diretamemte do texto ·cto Timeuj fo?
ram tratadas numa visão crítica genérj.ca1,- ou por
uma citação.Útil à confirmação -de algum rà6ioci =
f "" ?
nã,o em cur so , Nao podãamos ter a pr-eocupaçao ... de
.

explicar.em-geral
• = ,
a doutrina de Platao? que e su?
posta conhee í.da , . Com efeito? .nada esteve ma ís lo]J;
ge do nosso proposito-que
, .
.

e
-expor a-fisioa de Pl.a=
? .
.
,
tao; para tanto-era .prec.iso.que nos colocassemos
dentro.d9 um ?ngulo metodolÓgico de .todo dif'eren?
te? e obeclecêssemos a um critério didático que
-
nao se coaduna oom o carater de
, -
dissertaçao
orig!
na L déste" ..trabalho-o Usamos da liberdade. de .. refG; -

,?· '

rircaonos aos tr.echos do dãaLogo , sem nos cons'id?


é;.> 18 -

r-az-mo s obrigado a resum.Í=los º ,Quisemos contudo :mo


? ?
deixar-nenhuma referencia sem a devida numeraçao?
. permitir a necess·ária
par-a remissão ao corpo do
livro o
Um p_roblt? importante para _todo comsn-
tador é -O da fideltdade das-citaçõesº Para Pla-
- fara .a maioria das?
-

º º º
A
ta.oj--.Aristoteles,
º
-assim
_.P
.eemo
fer;ncias aos .aut?res ant gcs s foram elas .feitas
í ,

no .original grego -CDU latino?-· .Pr-epar-amos entretan


- por uma glosa previa,
í'
que e o ,P

to a sua eompr.eensao
' .

, ,. ...
traduçaQo
na verdade, muitas vezes,
-· ...... .... --?u.ma.verq.adeira " _· , .

Qua.ndo'tt;r?cf!§£'1i':m?:ü?onfa3in'??ç·ao ?xpiiei ta de faze 10


·:_:.:;:_,. ·,;'.;-_,, ·.
?:·'·--- •

....

rigor.osam??{e, pusemos entre .aapas _o .e í.tado , Ne_!


tie particular-, -tivemos igualment? que escolher. um
justo mei?; nem podíamos prodig?lizar ao excesso
= A
as citaçoes, amparando n0 or1gin?l-todas.as-refe-
? ""
rencias a qualquer opiniao do Filosofo, o .que -r-e?
A

presentaria .uma .enraãonna sueesaâc de obstácu1Ds- à


leitura; nem quer:Íamos.deixar d? sustentar- por -

frequentes e adequadas compr6vaç?es, as· noçêes mais _ _ ..

importantes, para -não.cairmos no êr:rto oposto, da


ligeireza$ inautenticidadeº
A própria natureza
do assunto -.q.Ós .,impôs, .

uma ou· outra vez,-que empreendêssemos dis,cussões


sÔbre a matéria do dlàlogoi isto é, vímo?nos for ..

çado a tratar do problema da tradução de certas


passagens, a discutir o sentido do textoj no qual
tantas obscuridades de linguagem ocasionam desa -
A A
-cor-do entre os tradutores e conduzem a divergen -
.,.,,
19 -·

eias acentuadas de interpretaçãoº Era-nos nece!_


.
sar ao , nes t-es casos , ?1;·t uar o nosso proprio
(? o "'
pen-
to de vista s3bre as passagens em.apr;çoº Foi o
1

q?e fizemos, sem jamais desejar levantar um debá


te de interêsse exelupivamente filolÓgico;- foi
?
sm -vista .·unicamente esclarecimento dos conceã do .

tos. --filosÓticos. qua-nos vimos ·às voltas 'com pro-


? "r
b l.emas de interpretaçao-linguistioaa .Que a. lin=
.
.

- ,
guagem de. Pla.tao ..
(?
e e bscura., bem o podera demons'?
. ..

trar-a divergência surpreendente de-traduções.do


mesmo trecho, como qualquêr .
lei tor poderá .
:eomprQ
var. pela comparação das mais autorizadas versõesº
, " .... .-
Na .vardade , nao e .poas í.ve L traduzir Platao sem o
interpretar;.. se .esta afirmativa. pode val?r. para.
;
qualquer texto filosofiéo,
.

?
no caso de Pla tao., e . -

mais ainda no. Timeu, em que--à· .obseur-í.dade 4a fo.r,


ma.-li t?raria. se junta. a do pensamento im:preciso e·


(? .

alegÓri?o, .torna-se circunstância tão deeisi


uma
va que é perfei·tamente justo. dizer que confãar n,Y
ma tradução.é endossar a priori, largamentej a
conc,pção.que.do-sistema.se faz o tradutoro .se .

não pudemos apresentar9 como.era Óbvio, uma.tra=


..., ,
duçac do dialogo, º
·de examina"' --
I
tivemos o cuidado .

lo a' vista da que fizemos .para nos,


.

..

p o
mesmo.
 -
Nas refer?ncias e-citaçoes-dos comenta-
.

dores antigos e. modernos. do Timeuj tivemos. de. a- -

dotar uma .parcimônia maior .do que. o teríamos· de-


sejaç.oj ·cedendo à imp0sição da neces s í.dade de -

não.$longar demais o trabalho! cuja fito primo?-


11
·-
1•;
I:/ _ç.O -
>

dial fica atingido com a exposição dos prebâe.m a s


l
d o mov.1men.t Oo- . l'Jlaro
V .. que ser a Útil
"" ...
ã
·é'. S.â\'li· i a·: -P._?
Q\Ai, '-,aã

I"

ria .uma natural curiosidade.o acompanhar, desde a


antiguidade.até a palavra dos criticos.modernos i
? '
interpr,etaçoes emprestadas_ as .paasagens . e. .as
I
""'

I
as
noçties a respeito das .qua-is--apresentamos A as-.. nos-
I•
-
I ..
\11
l
I sas, ... Ser.viria .isto-para encontrar-por ve-??s--eo?f
A
,

eordãncãas ou acentuar di ve:rgemcias, .e .esse las =


..
·. '1l o
;
Jti
11
.
,_Jt

1:1
tro.de erudição.enriqueceria as possibilidades de
?
compreensão do. pensament o , Mas.j muito embora nu=
tríssemos inicialmente a esperança .de poder fa.zê=
li
lo dentro da car;ncia dos .nossos meios e faculda=
I
,,
desj não vimos outro reeurso1 por fim, senão des-
A ,
pojar-nos de todo esse outro lado da analise do
.

1,

t t
""
1,

I
ex o - as er1 ;1cas hois or1cas - que, a r1gor?nao
;!to e
t t? · O

era es-·seneialô .Contentamo=nos .


em circunscrever?
? ;' .ff -
I
nos a area da nossa critica.pessoal? considerando
como segunda jornadaj, impossível de empreender no
- , fisi ?
momenbo , o exame da neper cuesao das ideias -=

f
cas de Pla.tãoj ao longo das interpretações quer?
cebeu9 da influência.que.exercéu e das formas co?
i
H
mo se apresentam elas nos sistemas ulteriores$ :if

as suní;o para dissertações _.à parte j como de .. fa to


1:

? I .
I

rs
tem sido.frequentemente feito para a noção de al=
ma .do mundo? por exemploº Renunciamos ao que po=
deria ter sido uma primeira intenção-? com a cert,!
I

" za de .ser.preferível a omissão .co?pieta do que .

-
I nao era .. essencial .ao .nosso ób-jeti vo, a prodt:l.Zi.r. c.rgr -

tós e inexpressivos resumos de opiniões alheiasoE


I
.
'

I
,,

-
• ,.,A-.'
- -• - -.. - • ..... .._ ? ,??I.._} .. ??::?,\- -: ??•.'.:."::" "•---.,.- # -.,,._. -.Jt ...__, __ .,,,.•,V,--..,1,1v)'-.. ?--..-i,.?...J... ,._,,,.. __ -.-i..•,., _r,t,.o.-....?'---··"
- 21 -·

eom tanta ma-4.s razãoj quanto não nos seria ·poss:!


vel entrar- .!';f0 estudo de cada urna das numerosas -1.n
... ,I'
terpretaçoes do ·dialogo? Resultaria, se qujses=
,I'

semos exibir as.opiniões diversasj um confuso .te


cido .de cit?ções, entre .as quais a nossa própria
·= . n
opiniao figuraria ·frequentem?nte como.uma opi·=
·n1ão. a mais, sem se poder decididamente earae ta-.

rizq.r?
tivéssemos_ podãdoceonhecer- .direb
Embora
tamente a maioria dos texnos . dos eomerrbador es -?ll .

tigos9 a mesma .. situação satisfatória não podemos


.;
=· ? .
confessar em relaçao .a bibliografia moderna? .Dos
antigos inté.rpretes. e .críticos., .e , sem dÚvida-?da
maioria dos. ma.Ls importantes i pudemos. cenhec .e r
nas f,ontes-o pensamerrbo ,
.. feita
exceção. para ó e,g,.
·? -
mentario da Teon.de.Esmirna, que nao nos foi da?
.

do eompu'Lsar-, Dos.ccomentiador-e s modeznos, --Jã pa-


·1asua c·Ópiaj --já pela. sua inac?ssibilidade, a al
guns 9 e. importantesj não'"cheiamos a. consultar; ·é
lamentável que a rica .e ?ssencial literatura .al,,!
mã .sÔbre Platão-e .sÔbre.o Timeu.em particular?
mente os belos-trabalhos-básicos dos investigado
?
seculo
.
-
?es do passa.doj naopudessem.estar a nos=? (

A .

so alcanceº
.

?s circunstancias.de tempo. e lugar


A
em que trabalhamos respondem .por esta falhá?- De2,
ses comentadores, nosso conhecimento foi quase
sempre Indireto, por citações de outros. comenta=
·dores.o- Certamente .nãnguém que se .dã sponha a es=
.

·crever sÔbre Platão pode ter a pretens?o- de· reu-


nir a bibliografia inteira1 mesmo de um ünico pon?
to a estudar·º --A· r.:1,quezà da- produção .. de todos os tEm
p?s,9 _em- tó·rno d$ste Fi16so:ro; não .. deixa .. a .nfngusm
a ilusão de- ser ·comp1et<h .Há .que resignar·g,se. aes
reoursos.materialmente disponíveis? .Para o .nosso
,A ?
meio.1 .a .relat:l.vidade desses .necur-sos nae. precisa- ...
'
?
A· .penu.ria dos -nossos .e Lemerrtos pa=
-

ser .declarada.er
'
.
. .
.

. ra o .. estudo des . pr¢biema.s f'ilosofieos ?


-?
particular= :
. .

.
, ·' , .sen extinta com '

mente -OS. da .epoea ant!ga?r- so. podera


.
. .

o desenvolviment·o 7- que felizmente se vem acensuan-


.
- '
. .

do? graças ·ã·--obra.-das nessas Faculdades de FUosop


.

't,

fiai -dos. estudos c·làssieos e das diseip-lim.?s espe=


·
culativas?
nosso .. ife:r,, .. Q-sistema r.!sieo de Plat?o-
-A
tem? .por. süb·st!nciâ a .intuição .. es seneãa'L .da impos?j
bilidade ah c.oíi?ê:ifJ"ttar racionalm:ênte o universo? e
I'
iJ de it? c??truturar a e1ine:;a da Ilª t,!!
??f,t'p?h
r reza. .sob a .visa.o de- dois .eonceã tos .que .sao duas --e.!,
I

I
tegortas. -·logicas- sup?emas' a que ehamou , '1:tazão :e.-}[j!
cess·idadá.? .$ão fundamentalmente dois .. regimes eau-
I

..
·---

,11
·
sais.dií"erentes:g ·e.do determin.ismo com finalidade.
do que ii:ão: a tem; .a ê1es _prende?se a con.eepção
I ;

e o
·

I'· I
.

I
de dois .r.egi?e:s .mecânicos- distintos·g o .da mob111d.! ..

de -inercial. e o. do .movimento.-cirou].ar e peri?die00


.Dêstê mod<?? ccnsüã tu.em essas . duas n.ogÕes a mold?a ·

?ai·? geral. do .sistema--fisico. de f'la tão:j e foi-j aa- .

$1m9 dentro .de La e .das suas .conseq_u;noias1.. que pr.2 .

euramee des·envolver· as oons'i?eraçôes de or-dem meci


-nica.

--
-'-''"'?- .,,,..•N•"'-.,....,)..,-:..r'"'.-..;:.?;"'''-'·--.-· .... """"' .. ?-"··-? .,.?,..._...... ?

-?-? - ?" ,...,. --...:... .. ?·,.:.:.1-???_?,\. ': ,,,_'-_..:::_"'"'•-?..,. ...... - #• -.. ....
..
Em--conexão a ê.stes eoneeã tcs 1
categori-
. .
?.

tratava.?-se.de examir1ar-d©is dos mais-difÍce1$ s!m·


.

? . -

bolos. d-e _toda a .. cosmcgení.as -·o do caos e. o âa al.ma


. .

·<!\ ? ,
do .mundo , .Particularmente sobre :éste- ultimo?
-
em .

que ineide-? inter?sse central.dos comentadores?


não. -fizemos mais.:do qne- apresentar o .nosae modcde
entender? á vista -unieamen-te das passagens -á°rdua·s
.. -
.. A ili,
do :texto,., ----Sobre :ele- .aventamos--algu:mas .consider-a?
çÕes- originais9 .. embora--reconheeendo- a necess'idade
de um vivo.debate s.Ôbre???}i.problema
- ,·,;:.. •
da-simples
..

trã C3IIIC)

du.ção- do. texto&- -Apoiados fundamentalmente na ·tec2


ria- de FoMoqernf'ord? que por si não-. é mais 1dQ .que
a aceítação.da opinião .de Pr-oclus? pudemos aeres-
eentar-alguns juizos que-a-meditação.do-ass"Ullto
nos. sugeriu e que .podem .. facilitar a compreensão.
q.ess e obscuno., e\??,,.. _essencial' s:Ímbolo eosmogÔniOO&
...
:··1fJ

. S,obretudo- quis$-n1os fazer.w por -não achar .que benha .

. -
.. .
:
sido -suficientemente .. reconhecidaj a ligagào entre
.
.

·
- -

os.s:Ímbolos do.caos e.da alma com os regimes diná


mreos , dos. quais
.
.·'""l"'
-
sae
.

apenas
.

.expr-essae -&.legeriaa?
,a;
.

·.tb .,

.Com isso podemos


i
mostrar quanbo é mais- ricr:; _do-que . . '

se julgahabituálmente o conteúdo de.afirmaçõesãa- ..

teoria mecanâea na eosmo.l.og a p 1 a tAonica. e


A .

- i 0
- .

.No es tudo do. caos e .do seu regime?


.

sao
e,;:,_
.-

grandes -as_difi?uldades? o que e devido_inteira ?


-
.
,
mente-"-?' nebu:J_osiâ.aq§- .da .forma de· exposição do .. pe]!
-

samenbo .real?_--- Qu.igfmos-proaeder- _,a_ uma -tentati·V.'9'.-.,.


de- escla.re?imento, .proeurande:.a1stinguir .eome ciu?
·

-? ,,
fases na visa.o..,. .

do estado aao.tiooj desde a .ide1a .


..
--24 -
inicial-do.receptáculo até a introdução dos ""
elemen I

tos. f1s1cos, -no estado. ainda


? o
.. .nao completamente. ra. .... ?'

cionalff _
O .que pode haver de arbi tràrio nessa. con-
sid?ração ?- explie?do .pela.neaessidade de
j
introducr;,:,
A
zir.9. de qualquer-maneiraj .um modelo inte1igrvel-do
que Ela tão? pensou, e-resgatado peãa. facilidade. com
/1

que .. essa concepção nos .. pe,rmi te um- rela vo e selar.!


_
.
,p . p
ti .
,,.
,I

cimento-do assuntoo .. Restara. sem .a:uvida. uma


A
.margem ..

"
d.e-.obscuridadei -e nao. sabemos que _incoere1ncias po¢
.

dft>?Q -?trrg1r de- um .conrr-onbo mais rigOTG>Sô com -OU=


..

tros aspecnos .. do.:di?logoi que·-nos--tivess em-esoa.pa.= -;

do, .corrtudo .. é.?um esfÔrç©- simplificadéli-?que ·eo:o.üi


bui.segur?mente para.a co:r:npreensão .do.regime .meéâ-
ní.ee do .>"-:-caos -e- .ãa sua .conver sâo mi tica na ordem
que rege o universo .acabade, .

O que .. Platão_ chama de corpo .do .mundo en-

"?'91Ve .um certo númer o de.,·.problemas. des .mais,-imp(l}r_C?


ta:r:ites., .cuja elucidq.çâo .. é inq.ispens·?vel-- pana uma.:vi
.. .
sao.-geral sobre .. o _piatonismo-o--- Nele se contem adi§,
?
·:

-
..
.

cussâo sÔbre a.nQçã?-da ..matéria e.Q-?eu papel na


f?isica .p la"'?
o "
uem.ca, SA .
-?
lobr e . a. cons tuiça.o geometrica
..
.,
ti
dos eor pos . simples.j---não.-podiamqs- deixar-de-f?er:as
..

·à
r.eferéncias. indispehsáv.eis eompneensào ..,dos. ter= -

mo? do problema da lfl?t;ria e do seu regime mecâni=


CO.?
Por .r1m:,.. eumpr-ãa-nos .. 1;:ra tar de .. um aspec-
to .. final .do . pr_oblem? .da cônstr.ução .do m'à:qdQ?. = a !. li)

xistê11,cia .. do temp01, como -?Último ?tra..ço- da,.açã?º . da


..

Razão cosmcpoãé tâ.ea e 1\. _'éle consagremos a.Lgumas ?.!


-g4:ttat, :?m..
.

que.
?
n,(11?.:c:pareaeu
..
....cenvenãense •,
a'.. ?·Pireséniiã
.çâQ .. d·e -· cer.tas reflexões? pessoais .
.
.e .q.e. .
certas ,,.su" =. ..
.;p·
ges toes .aobr e e , _conteudo· .. da qqrtfi.?_rina.. -Pla't;ónfca.ique
.
ç/4 .
. (!,, •
. ' .

. ef'I>

.. ..

-- t' .. _:,· .

nao tinhal!}.os ate .-en tao visto assi:q.alad??<>-· .... ...,


. •
.
o .
. • .'

..
·,-
••
J

·- Na .. discussão .. dos prineipa:ts


problemas da
.

rfsica-plat-óniea-1 ... qoneãder-ames .. ser í,a. altament? .:?..;,


. ·- . .
.

pr.ovei tavel pr.acurar estabelecer ... um )Jara.1???:i $o=


,
',p
A
.. .. ..

pre .a Lguns ternas .. essenciaisj entre .. as c.on.ce1lçÕ'es.? .·,


..
.
'
.-? ·. . .

plat9n.icas e outira s da filosofia. g.rega ?r.efe;tentes


.
. _..

.. . ..
.
. .

ao. .mesmcc aesunbo, .... Em par.ticular9 -pr.ocu.ramos.? so'?
-
'

.. ...

bne os ?ópitlos maã.s. ,importàntes j ecmpanar ,-a ti?iç,


,. .. .,,
-
?- ""
.

ca-.p'La tohica com a .. a?istotelica ? --Nao


-, .

... ha?ia nisso


.

. .,
. .., .
: ,·. .··.-: ... \.;
. ..,
..

. .

apenq.s o? intuito .de . enriquecer,.o. conhecãmentio da ..


'

..
.
-? , --
.

-? .

pos í.çào pia tónica1. pe.Lo eonrnontro .. das .nea çoes


-,

. . por -?

ela· provocadas , .mas .er-a mesmo , imprescind!veli,para


·p . . . .
' . . .

? 4""
que .. pudes semos .... chegar .á·- conc Iusao do .-nosso pensai;'?
.
.

..,
' A ·, . , .

.aristo.tel.!
-

manto?, .por onde apcrrtamos , -.na


.

di:qamio4
.

.. ..
,. ?
. .""' ·_·

ca? .o principal obs.ta.cU10.:.a·,.c9nstituiçao da meea=


,;: : .

?-
. .
.
.

..

,.
nica teorica
..

:na ... cul, t1,1ra. .. grega<'


.

.. ,
.
?- -? -fÍsica·,ristot?lica ·4esenvolve?se,. s?
grande parte., sobu inspira.ção.,direta ·da-de Pla=
-
.. ... ..

" .. .
' . .

tao? CQ1P?; :um. esf?.rço. para .':corrigi!='!la e des?ojapl?


61, .

.. ..
·,,,
., I . .
/? • ·...,.

dos . veus mi no Lógí.cos o .. s??do j poremj uma .. concepçao r-

de g?nio? .per mais fa:}.sa-que seja1 .na qual. se --QO.fl_ . ...

c_reti?ou-uma das direções poss Ivef.s .. da construção .. ... .. ..

da doutrina do unãver-so , .era pro'tfei toso el .no .no_§, . ..

so .cas o, es pec ra l s idº


? ·..
?
n a.spensave.i1 que vconnrcn t?-
aasa- ·
-

' •
Â
mos ... as .. duas teorias.o-. Desse confronto ret?:sàlta .a
' .

__
..
A-- 'ç,,, A·
modernidade da coneepçao pla toniea e o ?rr-o' ·da d?
·

·
26 -
....
#
.Aristoteleso- .Por .isso tivemos.a preocupaçao de
discutir a. doutrina.. aristotélica? depois de ter eJ,
ta belecido a posição pla toniça, a fim de extrair do
paralelo ainda noves meios de esclarecimento do
penaamento de Platioo
A.. questão fundamental do conceito do ·m-.2

vimE:Fnto amplamente· entre .es .do í.s .fi-


foi debatida
lÓ?otos tt .par-a que se tor:qaS sem. mais compr?ens!ve:ts. .

essas - duas eoncepçÕes.j que sulcam a .história -da?


-
.

- :
-

te debate e- eonfr£P
- -&I,

ria. qo uni versoº eremos ,qu? es -


',
-
·

to nâ'.o podem ser. -considE:rrado? como ?a digr·es s i:o!)


_Pa,ra. o. nosso fim1 eram esse?efai.s lião nos deti- o-

? , .

vemos contudo, na discuss.ao .das teses .aristoteli-


-
. .

-
#
cas,-mais do- que. o estri-tamente .ne?essario para a
.

suficiente apreciação; não .. tivemos a:quÍ a preo-?


cti.pação de fazer- .obra expliea.tiva ,- e ,por .:isso nos
âispe?samos de tra ?a:r: 9:s id,_iàs fundamentais qµ,e
.
.

const+ tuem a .mold'Q.fa. me·ta_fÍsiea. da .sua t:fsica?No.2,


·

so in:tui to era o de simples comparação das. ati tu"'


-

des opes tas d;sses-.si:;;temas ·e de reconhecimento&_


que eada um.apresenta-como verdadeo
confronto
da teori:a.. pla.t.Ônica com os
No
sistemas contempotineos eu .p;Óximos, era indispe.n ..

í' ,. .
.

? -
sav?l
-

tambem. que.analisassemos a doutrina atomis?


t? em paralelo eom.a de Como tínhamos de Platãoº
discutir o prineÍpto de.inérciaj .êsse.confroninse
imp-unha? .visto como .se.pod?ria.julgar que já. na
, '
,
cosmogon?-de.Demoorito??e eontivesse essa. lei-bã
s í.ca da r!sica? .Do- as tudo do sistema resultou oon
vencermo-nos que tal .?;o se dava e que ·somente·
na cosmogonia do. Timmi é legÍ timo encontrar um
pensamento precursor do principio de inérciaoPor
? re
razoes q?e a seguir apontaremos? julgamos que nao
se deve ver no.atomismo um.conceito completo da
inércia, e .nessa crítica nos. detivemos o sufici..;.
A
ente para esol?recer .es
?

-
te ponto .ãmpor tan.ta do .da .

p
ba te historicoº Pela--llnha.geral-do pensamento
'
.. -

que nos tinha orienta:do, julg.ando-- ver em ·p1atão


-

um cont:inug.dor.da tradicional incl.inação do.pen...,


sarnento g?ego pela indagação naturai?- não .podÍa=
mos deixar de apresentar , quando fosse·
A .

o caso,
«J ,
a.relaçao-entre-as-ideias.expostas-e es se?s an-
__

tecedentes .nos .. sistemas pr eeur sor-e s , Importavaco;o


A A
nos espec1a 1mente por em relevo o. fato de .qu,e
.,
..
..

não há talvez uma só influência que Platão tive$,


,
se repebido de algum f1sieo anteriorj pa.ssivame11
-.

teº Tudo o que .. no seu .sã s tema e,li ?raçaveL como .


,I>
. .

derivado ... de idéias anterieres,. foi. introduzido d.!,


poi$ de submetido. à er:! tica,. interpretado em. s:e.n
·

tido próprio .e.modificado segundo o seu·pens?me.s


tot) Platão ·é um homem do seu tiempe , Possui
·

o .

A .A
conhecimento de tudo o que se fez antes. d?le ?
não.despreza o.esfôrço .anteriori como inÚtiloSua
atitude não ·ê a de um·.ilum1nadoi que _julga tra,-
zer uma verdaq.e.original a u,m 'mundo q-ue nada ti-
nha:_fei tq. para eonquí.s tá-La., É., pelo c.ontrário.,
a de '.'tlJll .homem que se - eons id era -numa ex e e pcãenaã
- .

oportunidade histórica, na presença de três ru...;


- 28 -
- o jÔnico, o pita?Ó=
mos.qistintos do_pensamento
rico e.o socrático - e sente-se capaz de aprovei?
tar a ocasião de uni-los.na formação
de um siste""'

ma da na tureza , Não despreza.j antes incorpora, t]a


do o que de bom .pensaram os antecessores() Apena:S'
julga dever modificar os dados reeebidosJ. dentro
A ,I

da nova Lãnha em .que se prcpos .repensa=los-?


.
.

,.
it .as ?sãm que afluem. para o .seu sistema
.

,
ideias a te en tao Lsoãadas, como a teoria dos qua.-
.

tro elementos de:?mpédocles, a-matemática dos-pi?


-t.agÓricos .e o eonceã tue.Lí.smo de SÓ??a tese Mas a
todos _êsses _elementos seu. gênio· trà.nsforma, .. para

que. se situ.em ·no a.mbi to novo- em. que t,edos eon-tri=


A
..


buem para uma c?nc$pção de amplitude nunca.tenta-
A
da ," asaãm, .de tocar nesses .pon tos , assj,
o

- Tivemos<>
nalando o duplo.aspecto. de .recepção.e de transfor
maçãoQ- Na questão-da teoria dos .q?atro-elemento?
desej?mos, antes-do mais, indicar cómo .essa h.ipÓ=
tese sofre, no .. pensamento .de Platão, uma modific!,
ção que.a vai t9rnar aceitável no seu sistema;mas,
por- isso, se distancia consideràvelmente da forma
primitiva.? .. Geralmente, quando podemos .sur-pr een ?
_

der a presença dessas -inclusões--de --idéias .anteriQ


res no sistema. platbnico?- .daí temos indicies ... des
mais valiosos para a interpretação do pensamento
do Filósofoº Ao ver como transforma o dado anti-
-

go,. per-oebe-ae melhor Io que tem em vt s ta , .

Ai t
:mm tqda a analise e critica da '.presen?t3
.I'

dissertação, guiámo=nos por um esque:qia de inter -


- 29 -

pretação histÓriqa que tínhamos há muito concebi


do e julgamos poder ·valer, de modo geral, para iQ .

! .

do trabalho de -i?vestigação do pensame?to .antigo,


.

particularmente ?os aspectos que.se referem a


'
A
'
A ..A
e í.encã,a da natarreza , Todo.estudo deste gener
,

.
o .,
A -
comporta tres fases, que podem nao
crelllos, ser
rigidamente separadas, .mas devem ser trata? co..a.
..

secutivamenteº Impor.ta.saber, a). o que o.autor


disse; .b) o que.q?e:ria'dizer ?om isso; e) o
que se pode ve1? s no - que .que r ía
- .
dizer i como .ant.e-.
cipação de um conhecimento atualG
A /
Por este esquema, a analise ? o .,p

historioa e
£eita com todo o rigor -e tentada imediatamente a
aproximação. com.as .. posiçÕes. modernas , -? primei?
ra fase refere?se ao.estabelecimento dos .. textos
em sua veraci.dade; secundâr-ãamerrte , na sua. tra.:..
du.ção literal e exa ta , --? .o mo?ento das dise?s ao

sões arqueolÓgicas, .dã retas .e compara tãvas, e f!


lolÓgicas{l É .uma .. fase. preliminar e Lndã s pensá
. ">?

vel, que por si me$ma comporta dificuldades de


.
. I
alta monta e exige o .arduo e-erudito esforço .de
A

restauração de .documentios ,
.:
as investigações papi
.p ""'
r?ologieas, e a.a:preciaçao comparada dos testemJ!
,p
nhos doxogr-áf'Lcos,
Na segtlnda fase já é
predominante o e?
pÍrito interpretativo? Trata-se.de descobrirqt?
o sentido. que dá o autor ao texto-material que
temos diante dos olhoso Quandoj como no easo do
; ;
Timeu, a natureza da obra e por si mesma alegor,!
= 30 =

? # A
ca, .e s ta segunda. fase e? ela so, quase que toda a
? A
tarefa e
.do cr1tieoo Platao escreveu para que f.os=
.., A
se interpretado o seu pensamento, nao para quero?
se toma.do ao pé da. letraº Compe te-eios descobrir o
que queria dizer quando nos expõe em forma mÍti=
- - A
ea u.ma-eriaçao do mundoj na-qual nâo ere e sabe
. p - creem"
. A
Deseja
que seus leitores tambem nao que
desvendemos - o pensamento que não julgou- poss! v e.L
apresentar. de out:ra rorma , Se-.em Platão, e muito
particularmente-no Timruj -é isto obrigatório,
À
va-
/
#
le tambem.esta segunda fase para toda obra filos?
fica em gerali mes?o aq?elas que, como as de Ari?
tóteles, são escritas na mais corrente-linguagemº
Há .sempz-e algo de .intencional e-não .-revelado .na
obrai que- pode ser .apurado o A cr!tiea .histÓri e.a.
da filosofia.proeessa-se no trabalho d? descobrir
.
,., , o
um pensamento nao bastante claro? ou que contem:m1,
plicações .não apresentadas pelo próprio autorjpor
? N •

nae quererj ou .por nao te-las per-cebãdo s .A tare=


A

fa do o:rÍtico é ti:rar a limpo essas intenções e


..

para o sistem? compor.uma feição que éj.antes de


,
t udoj \
resultante do .modo de sentir ·do interpreteq
? terceira fase. precisa. ser clara men te
compreendida? pelos equívocos a que pode rà.cilmen
te prestar=seci Nada é. mais prejudicial à critica
da fil0sofia e da história da ci;ncia .do que cer-
ta tend;ncia. de espÍri tos exagenadamen'te imagino-
sos, empenhados em. procurar de todo o modo, nos
A
autores antigosj antecipações das coisas modernas,
= 31 =

_$;; ??-- "'·:·.


__ ti-tãQ .de apre?ientar _ um au·tor antigo c.2,
mo dizendo quase tu.do o que-conhecemos .moderna.=
,I?
me:p.te? Nada e mais prejudicial nem·mais f1'alseQO
ponto de vista que descrevemos como terceira fa=

A
t
se da erf í.ea em nada se r-e Lacd ona entretanto , -9
co? esse modo preeipi tado de julgarº Nao - .

se tr?
.. -
. ..

ta -de-dizer que -um-autor antigo-disse alguma das


·

cod.sas .ma í,s modernas. q.ue.?hoje conhecemos


j e que
na verdade. jamais. lhe .pas sasam pela cabeça ; -Tra=
A
.

ta,se de verificar que coisaiJ do que ele.disse-?


poder í.a ser. interpret?da j .a? luz dos nossos conh.!
.

cimentos j como idéia precursora .de urna a tuaL,Não


a trÜruÍm?s -.ao-autor .antigo uma. intenção de que _

jàmais cog í.t.ou, Seri? ridículo e f'a Lso ; O qu? é· .


·

l p it oi
R
1. porem9
;
e? . a 1;,em do
?
ma1s 5 - 1.rt1"1 9 e
º .P.
·
R º
examinar.
as potencialidades .da?--ideia$ antigas.º Podemos JJ

ver que em. tal -ideiaSJ?ntigaj quando interpretada


.
. iP ;..·,

' vezes
por nos, esta.ria, -.as A
.t>

integralmente j outras
-:-·",

..
.

-
.

com algumas modificações, uma?idéia que hoje te?


mos-por verdadeiraº. Contudo o autor.antigo não
A A
teve consciencia desse valor9 e nao
.
...,
0

- "' ;
Nao.ha falsidade-neste metodoi
o descobr1u-0
?J? .

antes e.util .para.


de svender- as. possibilidades de-.evoluçao?
das 1?-?º
.?

Assim, no caso .vertente da lei de 1.ne,!:


" .I'

eia, o que queremos mostrar é. que na ..


intuição doo
tipos de regimes .mecâqicos, um.de maior general.!
da?e, retilíneo e uniformej o.outro
!
?
por restrito
condd çoe s .espeeifica.fü?.s, circular e periodico1.s.3a
?

ce?endo-se logicamente, esta con?ido o pensame?-


' . ?
- 32 -
to do pr ino:Íp.io de inércia, embora. seja ev:f.den te
que pia.tão mesmo não o formulou? .É ds noSfO pon-
:

·
A
t·o de vista que aquele sistema se apre sen ··9- como
-
t
eon bendo-o º P'.:l.a tão mesmo não sabia o que fe con-
.

tinha.na sua visão simbÓlica e dela não .ti:rou ne01


nhum.partidoe Não G deseobriu.realmentej .porque ·,
- . • •
f

des?obrir.e algo ma-is.do que simple$mente perca=



,?

, representar-se a
ber, . e mesmo do qu?-. formular? - .e .

significação do aclla,do .na clareza do-seu enuneiaac


i? n? ?
do., das suas relaçoes e das suas eonsequencãas () -l!i

preciso por em
A ?
pratica o encontrado? para i
d zer
que foi de.fato de$Cobertoo Por iss?Galileti foi ·

mais o descobridor da inércia .do .que Descarteso:!1!


té--formulou a- lêij .mas .nâo . lhe deu a extensão .. de -
? A
v Lda, nem a. a.plicou a sua dãnamãca , que continuou
.

""' »". -. ""'


tao?falsa- como a-arisl{)telica.o .Galileu? que- .nao
,p .
. .,,
-
-
? ,,,,, -

chegou acla.ra.formulaga0 da-lei? viu com plena


consciência a sua- decisiYà-significação1w .SÓ1rea,l
merrte, Newton reÚne os dois requisitos e eons tí ""'

tili def'initivamente a mecânica clássicaº


Não ·desejamos que .. paire uma f'a Lsa . com?e
ensâo -da-}>Osição que assumimos (J Não quisemos- s?
não assinalar .que , .pe La tura do Timeu., . pela ·

lei
aproximação de algumas das suas passagens? aompl?
tada pala interpretação geral do sistema fÍsico,
podemos afirmar que se contém naquelas palavras e
naquele sistema a noçãc que hoje conhecemos· como
lei.. da inércia o· Nãli:ctize??.1 ter :?-:d:G?
A
cieneia distoº Somos
:à, .:e?SC?

nos.,
#
que conhecemos o que e
? ,p
- 33 -
e o que significa o princípio da inércia, que po
.

encontra-lo em Platao;
? -
daµios podemos interpre ....

A
tarj na comple;x:idade q.o mito cosmogOnico, o est.!,
do de caos como um es-ç;ado de regime inercialj que.
se tra.nsforma., ao apê:t..o--da Razão, no universo.?
titufdoG .!ste mito.r?vela o pensamento da in?r=
ci?; mas-Platão mesmo não chegou a formularj em

A I
tf3rmos explicites .a sua teoria do movãmerrto snem
.
r-

a perceber 8.s.-possibilidades .. que cont í.nhe , -· -

É
s?ntido que.a terceira fase da
ri.esse

't p º
t1 .P
i
cr;:i. 1ca - h is ori ca e ... 1 E:fg1 tima e provei tosa o-
,,.

Ela
.

constitui.especia1mente o,estudo das.posstbilid,ã


des. de evolução. das idéias. antigas, para -tt:arem em .

resultado. as_ a tua í.s , É obra de.imaginação. .que .


- o ,J'
pretende.forçar-o.fato historico? mas apenas
.

nao.
.ç!
aprecia=lo por um aspecto distintoº
a .no ssa dissertação .. investiga a
Como
A A =
mseaní.ca platonicaj poderia e s tr-anhar -ae nao en-

vro. X das
A
?
trarmos no estudo .das .pas sagens cl??sicas do li!?':
e não lhes darmos o tratamento .que,
·

ao-menos por equíva íenc í.a de as sun to., dever:fa.m


..

.
-

..
.

?
racerº . desfazer qualquer d·,puvi"!O
Apressamo'!C'nos--em .
o

da a êste-respeitoj dee Lar-ando que , em primeiro


lugar, .aquela narrativa, com? divisão-dos. ti?os
de movimentoi em p.ada contribui, .pro 011 contra.,m,
""'
ra. o esclarecimento.da cosmogonia do.Timeu, nao
apoia nem .ãnva Lãda nenhuma. das .
conclusões -Q. ?:e
nos parecem.leg-:Ítimas, inclusive .a que se refere
ao princípio de inérciaº Em segundo lugari não
A
eramo, tenham aquelas passagens a import??cia que
comumerrte se lhes dá (1) º Nosso estudo não vis;i'?:.
va ser completo em extensãoj abrangendo todos os
A ,..
aspeeto-s da doutrina meca.nica de Platao mas ape-
eflt
.
" .
-
nas aqueles q?e interessavam a sua concepçao ge?
ral da natrureza , -H? nas Lf iS mais um. pensamento
.

aplipado do.q?e te9rico) n?queãas. passagens? Por


isso" não nos inter.,ssou. com cuidado .. d.e.io? o mesmo -

tr.os/- trechos--vizi?os do mesmo livro das Leis.jnos


quais _há deelaraç&,s .. que .podem a jndae..a. cempreen-
sâe à,o proble:rp.a-teÓrieoj Côm09 .per exemplo, a. -CO!!
firmação _da nature?a da alma como motor.e a exis?
t?ncia de uma. segimda alX,naj em que vimos a expreA
são do regime m.eeânieo-do .caosº Abstivemo-nos de
uma.detalhada .exp0siçã01 amÍli?e e .crítica.dessas
passagens j -por-.não con-ter.em .naãa .. de.-realmente -PO,D.
p = /
deravel que .contripua para. a eompz-eensac teoria a-
i Lea
-

da fis de Platao(!
""'
Preferimos aprofundar .o te?
to do Timeu a reeense?r- a-totalidade dos -textos
que tratam do problema mecânieoo Nossa.fina.lida-=
de era única e cãara s respond-er à pergunta ini!""'
A, A A '
eia.l, sobre a nao-exãs teno í.a da· me eanã.ea raciona. I
,,.. .

na cultura gregaº Tendo verificado que na eosmo ....

logia platónica a idéia da-in.éreia estava implic_!


daj tentamos aprofundar este pensamento, sobre_
A A A
e.le
? o
uniqamente nos eonQentrando e so/ a?uzindo o que
' .

pudesse j direta ou indiret?mente, relacionar = s e


eoni o problema te-érie00 Por firn\j julgamos terr_!
zio quando aludimos a certas causas que explicam
- 35 -

a esterilidade dêste principio na cosmologia de


Platão? e que impediram esta idéia potencial de
adquirir expansao formal e exereer influencia
re
A
Ins
.

v .
......
torica"

Resta-nos agora expressar os nossos .a=


.. -

gz-adec ímen tos.ca -todos -OS .que contribuíram .de al?


guma forma. para .a realiz?ção dêste -trabalhoc· Aos
ilustres colegas do.Departamento de Filosofia.da
faculdade Nacional de --Filosofiaj Pr-of's., Pe ()Ma.urí
.

Ld.o To - Lo Penãdo. e ·NÍlton-Campos, .devemcs afir- =


.nosso reeonhecimen to pelas constantes .def.!
-mar - o .

A
nencfas e .precioso. incentivo .que sempre .reeebe
.
.

_
1:2

mos no .período de.-exereÍeio interino da cá-te dra


de.História-da Filosofiaj .a. par do testemunhe .da
maneira--decisiva por que. ecn tr-í.busm para -o. esta=
belecimento dos estudos .filosÓfioos em-nosso ·paÍs()
-Ao -P.rofc> Plínio S? Rocha, nosso amigo e
antigo ·-mestre,. desejamos .exprimir a nossa grati?
dão pelo- .aux:Ílio que .a sua. amd.zade e seu .f:nvul. ·;.,.
_

gar saber nos ofereceram, na-apreciação e na erí


?

tica dos problemas .filosÓ:fieos tratados nesta


dissertação.?
Profs ?ené :Poirier grande- rec.onheci
Ao
mento devemos.pela generosa atenção concedida ao
nosso manuscrito e pélà. sábia ·crÍtiea que ,. .em
sua paciente delieadezaj dispensou ao nosso tra-
- 36 -

balhoo
Particularmente sensível nos confessa -
mos p$la magnimidade com que o Prof e JÍ:mile Brém.er
consentiu em.discutir conosco .os aspectos .essen -?
eiais--da .nos sa tese., nas múltiplas ocasiões em que -

nos o seu .. honroso co?vi ví.o , em Par ís,


proporcionou
.Lgua.Lmenbe daae jamos exprimir -O .vo tc de
agnadecãmerrtc ao-Pz-of º Pierre Maxime Schuhl, da?
cu'Idade c de Letras da--Universidade .de Paris, pela
.. - -

honra qúe.nos conbedeui guando assistíamos.ao seu


,
notável

eur sc , de oonví.dan-uos a. ocupar a ca tedra.
,P

?
de- Filosofia Grega da Sor-bonne , que as suas liçoes
:
--

tanto ilustram, para expor aos?seus alunos as


idéias contidas nes ta dissertaçãoº. Pela- -
leitura
dos.fragmentos do escrito.e pelo debate pessoalas
julg0u dignas. de serem divulgadas G .Neste agrade=
cimento se entrolve a gratidão de que-nos tocou .a
gentileza de sua c?Ítica erudita, tanto a parti-
euãar como
;?
a que teceu no semí.nár-í.e de debatee o-
.

A -
riginados em torno das concepçoes aqui apresenta-
dasº
.
.,. ,
Lucia Marques Pinheiro,
.

.
_A. Profº pela de
dicada colaboração que vem prestando às nossas _a ...

tividades,. na cá, tedna se Ia-nos lÍci to declarar. a


.
.

grande extensão -da nossa d:t vida e o r-econhec.ímen-


to pela sua capacidade e .desprendido devotamento
ao ensino filosófico em nosso meioº
.Ao nosso particular amí.go , Erof Felis= o·

·berto Carneiro, pela tarefa, de que se incumbiu j


- 37 -
. da leitura do nosso texto:, expressamos a nossa
.

.. ?ratidão,
·

.. como um. testemunho à sua erudição e C.Q.


rthecimento das lingu?s clássicas.

Rio de Janeiro,, Maio de 1949.


- 38 -
CAP!TULO I

OS PRINCiPIOS DA FÍSICA PLATÔNICA

§ ]G Aposição da teoria.fÍ
sica no conjunto da f'iloso - ..

fia de .Platão
O 1-ug?r ocupado-pelas concêpçÕes cqsmo-
lÓgicas e r!sicas entre .as . Úl-timas .obras de-?Platâ,
·

..
q.ao.pode ser devidamente compreendido, senao atri
M . )'

·- ,
buindo?o a.mna intençao .que o Filosofo desde-mui?
to se propus?ra. realizar •.. ·Não.se pode .explicar?
, ,
?o tardiamente lhe tivesse.narecido--necessario o-
... .

·.:- <!a '1

cupar-se dos problemas da ordem natural, nem. e,, .. a- .

-
. ..

, A A A
.

eeitavel
.

supor que.fosse.tao poderosa.a.inflqén ?


·

eia do. humanismo .. socra, tic o que, so, depois de esgg


'
.

A
.

tados os t?mas. de intere?se humano,. se tivesse da


:

...

·do conta da 1,nipo:rtância das.questões fÍsicase-


Sem dúvida., .o ambiente .socrático .. é o .. da
sua.formação. Nêle se desenvolve o seu pensamen-
A
to é e, em torrio dos .-temas ai? debatidos que se e-
.

- .

i'erei tam as suas primeiras .eog í taçÕes. Tudo nos .

levá a cre?-v.erÍdica a limitação praticada por Sb


crates,· ·e- aconselhada. ao .círculo dos seus diseÍP.Y
los, de só se .-ocuparem ._de investigar· a definição
, -
e o merito das açoes humanas, e so, cultivarem uma
ciên_cia na medida em que ?ela se pudessem .hau r Lr
conhecimentos de imediato. pnove í to prático ....t is-
to o que nos a testam Xenofonte (2), Aristóteles(:;)
-

39

Esta .recusa de SÓera_tes, por moti?


.
.

vo,s -supe?ficiais, de encetar a inves?igação das


coisas da natureza não era de todo alheia a uma
íntima --per·tur.bação que lhe devia- causar no ânimo
o .cept1c:1$mO sofista. Que -Platão se tivesse dei
xado .pers\?41;
... .,
,
a encerrar-se -nessa voluntária.h
:·=·;
..
- .

terdiçao;, -?t.. .bem -duvidoso •.. Naovlhe


.
.
-?

' :,·
poderia pas _
:;:
-

A
sar despercebida .a inconsistencia .desta .atitude,
.

sobretudo :e?{ ?ace da própria doutrina do--mestre, ·.

que fazia ãa.:··euriosidade pelo saber o seu ponto


de partidá?; ·:e da procura do rt.' 4rrt11 ,c.«rr-oJJ f
seu fim;. ..
·

o -

A
Existe- .no tempo dele
-
um corpo de- teo. .; -

rias ri sieas,,. que e- t odo o passado da . cãeneãa


? , A
. ..
@:':'.e

ga; mesmq na- sua época. outras escolas, indepen-


. - - -

,
dentes .de .. grupo. socratieo, .. prosseguem ou .elabo ""'·
,
ram originalmente, .como Democrito,· importantes q;p ..
..

cepçÕes _que--?<>. lhe .são ignoradas .... A--neeessida-


, A ?
de de este?g.er tambem a esse .dcmãnãe. a -investiga
- • A .

çao das def_iniçoes. exatas, .. que exprimem .a essen- .


A
eia .das coisas .e .dos fenomeno?, deve-lhe ter ?-
recido perfeitamente.natural •.
. Inclinamo'"!'nos a pensar que, quando ad-
" - ·. .

quiriu.a .conscieneia da obra.que podia.realizar, -

a disposição de .tratar do .problema da naturemlhe


.

, .

deve . te:r .apanecãdo manifestamente. ( 5l? -- Se e ju.§


:

ta esta suposição,-O fato de.só· ter escrito -ª


sua obra ?osmo?Ógica no período final de sua vi-, ..

da é pro rundamen te si-gnifieativo, e revela uma


- 40 -
compreensão. da na ture-za da teoria f'fsica que nos
importa esclareeero .existe realmente, desde o
Se
início, esta intenção de construir "r':tnalmente,uma
explicação do. universo, então pode -aeraasentar que
tÔda .a obra .. anterior ao Timeu, de m?d?Ô- gerar·;?on?-
titui os .. fundamentos .para uma concepção. do mundo ,..

Platão teria.----...em mente dar-ncs uma interpretação da


? '
- .

natureza, mas. reconheceria- so .estar .em condã.ço e.s


de fa.zê-lo depois. de estruturada uma teor_!a .da coj,
sa real e de solucionado o.problema do conhecimen
to? Assim, .o tratado de fisica .será adiado até
·
que se encontrem reunidos os elementos que. o pre.!,
supóem , A. clareza da contemplação. de um uni verso
.

intêiigivel nunca ofuscou, aos.9lhos .de Platão, a


A_
Lmpar.tanc i ,
ía - da. compreensao da ordem sensãveã
- Se
em algumas passagens pode haver expressões que f.ã
num.desprêzo pelo mundo .variável.{6), a
çam crer
evolt1.ção de sua· obra aponta.em sentido oposto .e
.;.-
traça· a eurva de um interêsse ascendente pela .re-
: .. .:s,olução
-
das questões físicasº A composição tar.-
: .-
.

.. ,
?ia<'do ·Tim.eu. e das .Le Ls .obedecer âa , assim? .a .uma .

:,-
--.inté.nção .metÓdiea e corresponderia, .posslvelmente,
_::·
...

.de escapar .às erí t í.cas. que, pelo prÓprlo


·
.. :·-):-_; ;_â:o ·aesejo
.

i.:.... .: ,- ... .•'. .,·-


··
Pla tao teriam sido feitas. aos seus predecessor es
.
, ·

.. " •• •• :

nas coristruçoes
,- 'l

cosmologicaso
As Lãnhas . gerais. do pensamento fÍsioo que
·
· ...

? :·

seria mais tarde exposto no. Timeu..deveriam. já e_!


.,
? ?
..
·"' :

taf pr eaen te s ao. espÍri to .de seu autor, desde .a


· \"
··

.
....
.: ' "? ... -··. . .
· .
. -

epcS'ca' em que compõe os primeiros diálogos metaf:Í-


,
s í.cosj e que desde errtao ....
deveria ter-.se .. decidi•
do a -in?9rporar a distinção, já tradicional eni
seu bempo, entre um mundo de objetos -estáveis ,so
_rnen.tfL..ae-cessÍvel ao pensamento, e o campo da ex-
periência sensíve11 onde as coisas.revelam um_ eJ.
t.?do. de contínua transformação,- que as impede de
-

serem tomadas. por .objetos em .. s


f ,
.ora, .a in.cor-po í, -

ra çao desta _distinçao. e-o .primeiro pas so <rara .. a.


.•
ttt::,, .•
ÇMJ "

construção -da futura t-eoriâ. f"Ísiea, pois é.?-na eb? ... ..

t?mplação .do mundo .inteligível .da s -For?as subs.i?


.te?tes que o Demiurgo
.
encontrará .o .modêlo. à Jr.is= ..
tf'
ta do.q-µa..J..,formara .as coisas.materiais_e ordeD:a=
rá ·

o curso dos acontecimentos--na.-turais e _. -

Es ta distinção j -:rec e bida de Parmê.n±-êle-s, .


.

t ..
'
constitui o-circulo mais .largo dentro do qual-:s?
posse venquaãr-ar .. uma .explicação ,física do mundo o-

í
A .s tua çao inicial ·é? po s, a seguãnne.e
í
reeon?
cêmos como .evidente a transitividade das cois.as
dadas na exper-í.enc í.aj .. a cada .í.ns tan te , .a ãmagem
"'

que. nos formamos .do universo. e,, diferente? mas,


.

longe d? conclu,Írmos pela. impossibilidade -d? uma


certeza neste domÍnioj- bem .podemos e ompanar- -a ·-d?
versidade.das impress?es sensíveis i.di?ersidad?
das opiniÕe-s humanas sÔbre .os fatos.e.valores da
vida práticaº Or?, .Sócrates tinha eónseguido-;n?-
te. Último terreno·, encontrar .na unidade. da. defini
ção lÓgica a essê?cip. .que., superando a mul-tipli...,
.. ..

cãdade das .opiniÕ-rs s ínguãar-e s , as uni-ficá e ·co?


.

ti ?
tui o cr í, tériér da sua ver dade , A mêçli taçao A''
so .
, ' -
bre esta analogia conduzira a admissao das essen-
.

c ía s dos objetos d? ordem fÍsicaº A existência cb


mundp qas Idéias deve ter aparecid6? desde ·1ogoj
como .a condição explicativa- capaz. de. conciliar. os
dados da observaçâ:o com -8:S exigência,s de um. ?ens.2:.
·

merrto conce Ltrua L, sem importar. a n,egação ou de s-


?rê?o pelos problemas físicos?
lntl?amente ligada a.esta.distinção .?á
N
uma .se gunda , de importa-ncia. nao. .menos capital na
? A • .

es tr-u tuna da teoria do mundo, .. em Platãoº t a di.§.


- '
?
-
.
.

?ir;tçao errtr-e a obra da Ra zà o e a influencia da -N?


,..
,
_

cessidade, como fatôres cosmogÔnicos? SÓ é p?ssf


ver uma .explicação do universo se. .admi tírmos una
conjunção dê .ação dês-tes .. dois princípios simb,óli-
cos? a ... de scr-í.çâo dos .e re í tos que .. competem. r-e spe e-
..

tivamente a cada um, e .de .sua ?interação é o .que h,á ..

(
.
.
A
de mais pr cf'unde na teoria. f1sica
. ; •

.. p Lat.orrí.ca., .A. i,!!


.

tuição da .presença destas eondiçÕesj wnas raeio -


:q.ais, .outras irracionais, na natureza'.? deve ter<=!
se produzido dasde cedo , ao c me smo.vbempo. que .Lhe
era 'r eve Lada a existéncia dos obj.etos intelig!ve:is
e meditava sÔbre a .. relação de .conr-e spondêncãa en--
·

tre êstes e seus e?emplares sensíveisº.


Corrtudo , .nâo seria licito supor que não
haja no Timeu elementos .de elaboração'.ulterior e
" -
que estes nao tenhaun consideravel
P A ,,.(
relevancia nar?
siea platônicaº As sãm , e spee í.aãmerrte., podem· ser
considerados aquêles traços .que.se prendem à fase
final da elaboração filosófica de Platão9 à sua
crescente assimilação do p<pnsamertto pitagÓricol
de que :resnl tou a dotrtr-ãna sÔ.bre os números i...- .

deais e Há af , també.m? como veremos j .um . aspecto


de imensa significaçãoj quq.l se ja--a renovação e
?
'
,
o .apr orun d amento da .f:isica de Empedocles, com- .a
-

possibilidade de descrever.em.têrmos matemiticos


a. - constituição dos. .qua bno - cor-pos _fundà.Il'.lentais-?Es
""" ·,, All
•·

tas--concepçoes-,--porem1 .nao-r-onpem , antes f'undem-


:

'
se .nos moldes. de. ha .muã to .f'cnmado s e tdrr;tam-93--?
v' .

sim-um enriquecimento precioso da visão cosmolÓ=


gicao
Não parece portanto ousado .con je t u ra r-
,._ A
que, ao .longo de toda a extensa
_,,.;

produçao platon?
o

ca, corre subjacente a intenção de--realiz?r- .fi,..;


nalmente - uma teoria do mundo ,
.. - Inverte. a .
---ordem
com que os antigos
- ...
trataram.
pnob'Iema ,- deixand.,é
o
o-para o fim? porque julga necess?ria a aquisi ?
ção prévia. de -c.iência mais .ger-a L, .. a qua L, di
. uma
sendo-nos -O- que são êsses .ob.je tos ·puros que .a t ãn
gimos pelo pensament;o, nos oriente:· no esclareci
-

manto .do que.são êsses outros objetos que capta=


?os pelos sentidoso

§ 22 Enunciado dos princípios


t' '
,,
Imposs1vel sera estudar.um aspecto es-
pecial da de Platãoj como pretendemos fa-
fisica
zer a.seguir, analisando os problemas gerais da -

mecânica envolvidos em sua concepçâo da na ture sa,


-- 44 ...

sem situá-lo no quadro.geral da construção.do Ti-


?º .Importa-nosj poisj evocar os fundamentos---da
ejÇpos-ição feita por 'Irimeu .(2.7 e ? 29 d) e que se.r,
A A "
vem de prea:ml;mlo .a toda a narrativa -subsequen t e;
.

a:Í estão ·os .prine:Ípios. ma í.s gerais. da fÍsiea. pla


·-

....

?Ônica, apresentados numa grave--e .profu:nda-e?une..,!a


ção9 para. bem- assinalar .a .de ef s ãva. significação. do
pensamen to. .expos to , que assentam, todos. os -de=.!
em. .

senvolvimentos .ru tueos, - O .ap.lauso de-SÓcra be s, .ae


A !À
encerrar-se -?ste ""'
proemio, acerrtúa a. ace I ta çao .das
,I' '

teses formula.das e serve.a estabelecer .o consenso


comum sÔbre os postulados definid@s, permitindo o
início.da narrativá_ eientÍfiea, daf·por ?iante i-
ninterru.ptaº
·

"NÓs, que IlQS ea.=


.V:am::cis -??upar .da ex:pli
=?o do unãver so , o-o"-- devemos ter- em- vista os pr ín-
eÍpios que nos .orientam--nesta difícil emprê$a;iS.Q
land?-os dó texto e ordenando-osj são_os seguin =
tesg
distinção, entre
1) a aquilo que se?pre
' ? "' I
ej sem cemaçe , -co sv "'-£' tEYS ?,,,.J ae
;,- I"' _r? ?
OV-J(._1

£.? º"
.,, .)
e aquilo que se torna sempre, sem nun-
, I I i, ' .a

}'LfYOfat,tJlov «ec , õv oe
? I".
ea ser t"o _("J .
ovoe1ror-e;
distinção entre os modos de eonh?
2) a
cimento destas duas espécies de objetos·; num ea-
so, o pensamento servido pelo racioeÍnioj apreen-
d aqu:i.º1 o que e eternamente iden,tieo
d en·o A
a si pro=
. p _li

' \
.

I \ ÀI
prio "º µ,.ey er? y ófl)O-BL µ,E?:«. orotr Tiêf e À1')-
·e
.
!7

trr ÓV ?ú Koo;·«_ Z'°O{lft"OC Õv ; ÍXi??mtro, a opinjÃo


1
- 45 -
associada à sensaçâo irraeional.,. adstrita às coã
sas que começam e acabam sem jamais se.rem real=
mente -rà. <f «.Ô" <fót? µ,et' oc.lr8tjrfw'
1

&.Àórov cf"ofoc<rr:ÓY, r1.1>1d?t."º! ?I((


?:rroÀ.ÀtÍfoEYOiJ, Ô>'?wç óe
ouJerror:£
JI
OJI ;
3) .necessidade da causa para explicar
i i '
a . or gem d as. co sas _s-ajei t, as a var t açao , pois t.:g
N o 6

do o que começa a existir por alguma coisa .é ge=, ..

rado1. e é impossível a alguma coisa ter orig -em


frrr>
sem causa Tri.JI St o(Í} To o'r"ÓAê.foP
o<. t t:c ov 1: e voe é f J.. Jl()( 'J' >< ?J' , Y/tY?c(
e:
lt f
tr« vr? o?e & ó J JI()( 1:QY -- ,XWfl..> O(t, 'ClOU-
riY£ ITlY ir.,X£lY. Presença de um artÍfi.ce -s
.

017µ.,, oueró, como agente causal na compos í,


?

ção do uni verso 9


...

A ?
i?, necessidade de um modelo a,_.vista-®
Li-1

quaã , - como pãano , tenha -O .Denrl ur.go operado .a con!_


.. ...

A ""'
trugao .. deste .mundo , Distinçao imediata· e1;rtré. oo:fs
,:.,,

pos s ive í,s modelos. para· êste f;t.nij .. o .modêlo :éonsti·


tuido pelas .r-ea Lãdades .inteligiveis '
.. e ·imutáveis,
e
P I' .

do qual a copia sera necessariaménte bele.j to


d'l'JA-t.,OV-fI Tº' rreoç r? IKO<.r:? TO<<f-Z-(X
I reo e o tr e 't' 't"" (. r e n-e OÇ -
j
?/ I '\ oi. E l
I ? ,1'
éX o V ;-' ./\ ? 7rw;)
7:" dse
v v 1<« l
.x, e u5l"'-e yo ç
-rr rt. e r1-. ry Ui.O( ,u.."'"
C, Koulo Y it
,
trc o ti J Ôcrr e € J 't; ?J 7:0(
Olf"CW' CX1T01:Eil-fl
Qú Iv o<_1it e J) CX.
C/ -
ec« ?(.l llá? e o modelo
Ó<.
A
?v<X.r)(,?J?
qe.ordem sensível e.sujeito.à..transfor?ção, que
?ão· pode servir ·

à realização de· nenhuma obra pe,I


·

..
- 46 -
,
feita cf:,«Y BlG rorsrovoÇ,
(ê. )I Y'1)1:'o/
·o.}
=e= l r )-'--OLT"L rreoõ/_f_
I
wµ_e -
)IOÇ, oV Ko<.ÀDY ;
5) ·

escolha efetiva do modêlo superior


por parte do Demiurao(j, C,om efeito, a beleza da
obra acabada e .a bondade do seu autor inqicam.cl,ã
.
,I\ .

ramente-que este teve os· olhos voltados para o mQ


A \ ? 1_, , ,
dêlo eterno·--e··e, µ,e v K? /\ oG
·

o "')
·

Eô'"'lÇ-l>'
1'J
OdE ô,' KÓU-µ.,,oç ?I 'L£ ?'P-l?lfer<:s
& rot {)o? Ó'n ÀO Y coç 7T e_o? t:o C)( (. <J( OY
JI J
I '
P..f3À£rE. v .
Postos: estes .prine:Ípios dêles tira. 9 -P-1!!
tM .A A ,
tao ttma eonsequencia géral de-sumá importa:nciajJ;)Qt
_

que ne'La . est?, -O julgamento. supnemo . do .. valor .de .. t.,gA


.

da teoria fisiea:g .. Aeste


(
mundo e necessariamente a
.
, '

/ imag?m
' de
I
outra coãsaI , TT?(TO( ·6<.v?rX?J TÓ1hfl'
' ,
«osµ.,or.J se kov« Tl voe êl-_Y<Xl o Não pos=
J
'COY
?
su.1·a realidade das coisas subs í.s tent es , mas so"'? ..

, ?
mente esta especie.de nao?ser existente, que e a
, .

condiçio das coisas transit?rias? Os.objetos .. da


? ? ? "" A
pencepçao sens í.ve'l nao sao o .. ser .na .sua autentica
-

realic?.ade j mas apenas a imagem -óu .--s-emelhança . do


?f verdadeiro?-
.
A
e em conjunto consta tuem um mundo
de pura aparenciaº
1fl A
Como conseqàenaia imediata do.reconhee!
men.to desta,eondição71 fica de:finida a espécie de
conhecimento que podemos ter do mundo f:Ísieo g ... só
; < ?
e po$s1vel-?-conhecimento provavelo. Esta.conclu
....
sao funda-se em um principio
t! ? ,
epistemologicojque'.e
·=oi
47

e,.cpllcitamente declarado, o ?a igualdade dos ca=


racteres9.do modo de conhecer e da coisa adequa=
?
d amen·t e eo!!hec a da por este modo j w, o<ÇOé 7:'ous
A.e C ?I' .
·

.ÃÓ?ou, Ul>'n-Íe , êl<TlY 6??1íf'111:0U


!_ I .,, .1
.. ?'"Otr-
'
.
u ,1
?(/J y (í( ú-c: w JI I(? a- o
. )I ê t: ç o >' i-oc ç
r re
o '

Assim-j- .oraeio.c'Ínio aplicado-,a:<f-,que --é- .est,vel e •.


? .

p.ermanente e. que .pode ser .. a.tingido co.m .o .a.uxil1.0 o

=
da na za o e por si .mesmo .. inva.i"&iavel e-ina.balavel.j-
J' I? R
..

enquanto o .raciocínio -referente a0 q'Ue_._'foi cop'ii,- ..

da da .verdadeira.realidade -será u.niea-mente_proví


vel9' .em proporgâ:o.ao primeiro? isto êj aproxima.n
do""'se mais ou menos .da verdade-.expressa. pelo pri ' -
meir.o.modo de .. conhecer , ..A correlação.?ntre os.
ob jet.os .do conhee Imen to e os r-eapeot í.vos .. mo·.d-o s ?

/
de conhecer e .. exatamente .de scr-I ta. na- sqguintivpr,2
'

por.ç?o e -'?a essência. está .pana. o .devenãr , assim


como a verdade está para a cr ença" 9 ól:'4-n-éJe
TT oç
/ f ri
ye e l y ova- /o<. J 1: ó Ul:() rr ó ç
fh1'e. f
rrar trc)' o<.A'f tú((j, À '

Resumindo e encerrando o.preambulo? -Tl


meu dirige .a Sócrates.aquelas.pa.lavras que pus?-
mos-no.rosto desta dissertação e em .que se af'ir""." ..

ma posição defini tiva. o-caráter conjetura 1


como
.v' ,,
de toda. a e iene ia .da natureza i .!-?Se-? poã.s, o-So=
d.I, ,,.
.

A
crates.,.sobre muitas co í.sas .a .re spet to de muí, ç
s=

A ""
tos assuntos, sobre-os deuses .e sobre .a ge ra ç a e
A .

...
do-W1iversoj nae nos e .pos sâve I dar .naaoes .prec-;i;
t;;;1 J' g' o

sas e inteira·mente. conecr darrtes consigo_ .me sma.s


em todos-os sentidos, nio te adm,ires; rnasj se
- 46 -
N
'l" ,? o
apresentarmos .explicaçoes provaveis, n?o inferio?
nes-a quaisquer outras, . devemo-nos a Le gr-ar com 1.,ê.
to, lembrando-n<ps que eu, que f'a Lo , e vós,que sois
os juizes l .somos sorte que
apenas hnmanos,
de tal.
convém aceitemos .uma .história pr,2.
.nestes assuntos
vável, sem procurai nada mais. além :disto en
..., ', A
Tais sao
.

os postulados.de toda a .c?smo?


gonia.e de tÔda a-fÍsica-platÔnicaº. São pressupQ
=
siçoes me a 1s1cas
<>

t fi o

e_ l ,f'
gnose? ogieas aa es.a b e.eci-
o o ti'
t l <>

das no pensamento .an tez-Lor- de.-Platão9 _agora- cha!IJê


das a formar. a base. de uma p.ossí vel compreensão do
mundo exteriorº Sem ser cabível uma reconstitui<=;,
ção completa das doutrinas envolvidasj torna=se?
tudo imperiosa-uma exploração.um.pouco-mais deti""?
da destas.proposiçÕesj para.avaliar à sua signif.!
cação como princípios da eiência naturalº

§ 39 O primeiro .princÍpioo.-. As duas cor


dens da r eal ãdade , A. teor ia das Ideiasº
P1

A origem do unã.v e r s o ,

1) Pelo primeiro de seus princípios m?


tafÍsicos,A
Platão es ta belece a distinção suprem a. _

de toda a .realidade em duas ordens, separa,assi?


duas esferas ontológicas? tendo por objetos prÓ=-
prios aquilo que descreve concisqmente como9 num
caso, "o que sempre ,p
e e j.amais varia.nj e noutro?
no que sempre ·varia e nunca éttº
- 49 -
O das Idéias ou
mundo do ser é o mundo
Formas, únicas realidades a que compete, a rigo?
,
o estado de ::lerº Pla tao e conduzido a cons id e.=
4N o

-- i
rar ..a ex s t"'enc a .em s ., da Ideia,
:;
i
como ser real,
- --
i . o
-

por ace a t ar- a cri t a ca dre. p.armen idaes s o.ser.e um


(
0
A ,
O
.

..
.,?

conceito supremo que .só .pode ser .atribuido-ao que


possuir certos .ea.rac tenes. absolutos; .estes ca -
A -

nae ter-es s.ão-descobertos .p eâa consideração. dos


atributos:1ógieos.com.que pode ser-definido- sem
contradição o. conceito.. do .ser , --Ora,- Parmêni_d.e.s
tinha mostrado .que a unicidade e a inalterabili?
dade entre outros,. caracteres necessáriosdo
são, ..

sere Desde então.,<? conflito entre.os.dados da -

apreensão sensível .e .as exigências


.. .do .pensamenbo
,
, ?
logico .. e s tava c onsumado , e nao podera ma Ls ser
ignorado o
A , ?
. A .me ta rã.s í.ca ..
(
platonica e a. primeira te.B,

tativa.séria de superar .o.abismo.ontolÓgieo_.que


ameaçava reduzir .o universo fÍsico. a um. plano A.de
A
total irracionalidade, sobre o qual .a inteligen= - -

.;'

nao .. poderia sncon tear .nenhum dado--r-e.p.resent_!


""
eia
-
__

?
vel, con.vertendo a r-a zao em. uma faculdade- imovel,
eternamente fixada na contemplação apod:Íctica do
ser unoG
solução platônica consistirá em.acei
A
tar fundamentalmente a doutrina parmenidiana do
ser, inclusive, .de modo geral,- .as implica.ções .r_!!
-

lativas à ..na t-q.reza ma ter taã , ·

modd.f í.cando-a , po"""


?
?
rem9 em um ponto essencial: o ser conservara ©
- 50 -
a tributoeleá tic o de invariabilidade mas não o ds
-
unicidadeQ Platao considera que so se pode desi_g
?
9

nar verdadeiramente como ser o que e eternam ente ,,,

A
identico I
a si mesmo , .imutavel e? portanto ausente
.

r
.
.

do fluxo em que surgem e perscem os .objetos fisi=


cos, mas não acha que o.ser assim definido deva
necessàriamente ser um sóº Há um n'Úrnero infinito
411,.
.,
de .seees 9 as Formas . as .Ideias 9 .e de cada um ii?A
ou. .

Les pode=se. dizer


.
.
,
.que--e ser, no .sentido parmen í..»
.

dianoo - p
A multiplicidade das Ideias nao
,, .

e um obs=
" "" ""'I .
,,,.
tac_µlo a .aeeitaçao do esquema
..,. ?
eleat1co; nao pa=
rece que o conceito .do ser .per-ca coisa alguma de
sua simplieidade-e exatidão .lógicas, desde.que S,!
ja estabelecida .a existência isolada do reino das
Formas, subsistindo por si, num sublime .trrr£folf-
e

e<XJ/l O? TÓrro'-, onde a temporalidade não pene=


tra? porque não há.alteração a medire Platão co?
f ere ?
as ._ I de, La s
e
o "
estatuto .ontologico .

.de
.

-
.JI.,
OY't:W<;
ÕY jporque julga que? sendo licito exclui-las de
todo. devenir atual$ com isto.já .as terá converti""
do em ob je tos capazes de .cons tu:Írem o têrmo da
..
ti
nossa intuição inteligÍvelo-
Contudo1 a exigência de unidade1 a pri-
meira e ·raiz de tÔdas as características do ser
segundo Parmênides? embora.explicitamente rejeit?
da pela admissão de urn.universo de Formas es?en -
ciais? reaparece de algum modo .na teoria da partj
cipação$ O niundo·inteligÍvel é-de fato um todo
Único; as I.déias, seus elementos, subordinando -
51
'
se umas as outras e fundindo-sej enfim, na Ideia
,
suprema do Berns r-e eompoem de· certa maneira -? p:r1',
mitiva unidade dQ sere A definição platônica da
marcha da. investigação dialética (Rep?, 532 a. ) -

raa-ncs .. compreender que a - in teligên.cia pura., -S-em


o .auxd Lí,o dos sentidos j pode a tingir a .essên c.ã.a _

, (
de cada coisa j mas nao para .ai, prossegue a sua
....
o
- -
--

""'. I'
a?eençao9 .que-so.termina quando
, , a
atinge o supremo
7:w re, -
inteligívelj a Ideia do Bem, .o c« v '
Ôl<:1..ÀE1 '(E.õ6« e,
lo-()? wll
Ê-rn;x,tc iJ. ? J/t:ir 7To<<rWY,
5 t'ot.. -rou ';\.Ó-..JIYou- étr
f
' ô t:o c::x
a.
,, I a-e e I , ,
e,
, J<,«. t ;U, ?,
f
e:

1
e ,K c,JT,"fO Y
£ (JZ:l Y e('-?
o EõrLJJ o<.lo<.. -
o( 11o(J"C?- ;rPLY <::AY cxv-c-v I
"' l., I \ I J
, .J ..__

??J }}01Jó'"£l J\.?/3-t) ,- Err _o(.li"L'f JlfJ/_f.?rU


\
f)osl o<.,

Zif; -rou J,)O'>/COU. ?floAssimy cad.a.- Idé:ia._ da, multipli=


=
cidade inf.in:tta? que forma o plano .do-inteligÍ.
l
ve , é a trav?ssada pelo- .camãnho. que conduz •
. - __ .à

Ideia do Bemo Esta representa portanto.a conv?


# .

g ?n1e:ta de- .todas as .Ideias e a unidade


lA ""' -?
transcen=
A
-den te a que todas se neco.l.hem-
.

.. Em Platão, esta divisibilidade interna


do -ser .conduz a uma diversificação das Iàéia??de
caráter simultâneamente .ontolÓgi-co- e 1Ógico9 .em
A .. -
qt1e .. umas se tor?am .generos .de .que. outreas sao es.=
.
..

, í.es
, Ainda poderemos talvezadmitirj embora
.

péc
.

aqui _já com menos--segur.ança2l .que a ver sâo fin.a.l-


-
" in
.

da teeria das Ideias, a expressao do-universo-


A "'º t t f
em .termos .uní.camen .e ma .emat1cos.'jJ···ª
.._

teligiv.el
_f

(
º"""

ra outros motivos q'Q.e


,
teriam pesad0 no espirita
- 52 -
do Filósofo, conduzindo-o a tentar esta Última in
terpretação (e bem sabemos como é difícil esclar?
cer tudo o que se relaciona com êste assunto), PQ
daria co?stituir uma nova possibilidade de resta_y
rara perdida unidade do ser?- Com efeito, a ser
tomada como expressão autêntica do.pensamento. de
- - •.
., , .
Platao.a identificaçao-das Ideias .com os Numeros1
como indica. Aris-tóteies (8).. , ... seriam tÔdas. consta,-
.

'
tuÍdas de um principio material .indefinido.""' .?o.
JNirrJ.. Ko<.L 1:"o ?LK.e_ól = sÔbre o que ãne í.de a
limitação do principio :·.:.f onmaI 1 'LO
.
? , ; o Um lv .

figuraria então como essência9 o'lfq-_l_<I.. ?-de tÔdas es


Á
.
ill
Ideias? e.deste modo haveria co.mo que .uma restau?
ração da unidade .eleática_ do ser , pela pnesen.ç a.
·

-t
na multiplicidade do.ser platÔnicoj .de .um só prin
i' '
o
c1p109que incorporaria formalmente aquela multi -
plicidade numa unidade .. de. essênciaº
'
Indubitavelmente, o desdobramento do . .
.

ser único em uma infinidade. de Formas existent.es


'
? V r«, K cx.B <X.l/7:rx. tem por razão Última a .
n?
s.idade .de explicar .. o mundo sens Iveã
A. Temos aqui ;. ·

presente aquele pensamen to , que, segundo .. julgamos,


·" .
""' ...
? .uma constante na evoluçao da .eriaçao filosofiea
, o

de Platão, de compor uma metafísica que afinal to_r


ne possível a elaboração de uma teoria -fÍsica(9}o
A.s transformações imediatamente percebidas.na .or=-
dem natural não são algo de mera aparênci.a irrea? -

que se possa eliminar sumà.riamente. do.campo .da in


vestigação filosófica, mas, muito ao contrário,as
- 53 -

coisas da natureza e a sucessão dos seus a spec .-


- ( to. os .ma ã s relevan-
tos fenomenais poem ao esp1ri
.

tes problemas, e para a sua: µiterpre"t.ação devem. -", .


/
convergir. tddas as li:nl>;as. teóricasº
N
Par-e ce>- nos
A
totalmente falsa aquela versao da doutrina plat.2,
.

nicaj. que faz do m.undo-da?L-Ideias a unica reali=


., . JI

dade e ignora o.inter&sse pela.ordem c6smica?


, -

Bem.duvida, ao primeiro.contato A
eom a
= A
.natrure za., ªª eons ta taçao. do efemero de todas -- as
.

..

coisas .desilúde .da .intençã0 de,-..fixar s&:qre _·_ela_f:3


o .mundo dos conce Ltos, ·que .Sócrates tinlla. mos.trii,
?
..
.

do .. serem_independentes .. do tempo e do
'..
indi v:!d.uo ;

·.".OS' pensa s. -?sta. consã.dez-a çao leva a des co.b er t.á


.
""" \

..

do.jnnndc das essências puras, .mas .nâo .tira .. ;s

coisas a realidade .que nelas I·s?- .cons ta ta, A-.na=


tureza continua a .. ser o que. e, ?em-f?ce .dos nos=
. .
.

..

sos. sen tidos., .apresentandc-se .. como um· irnenso p;ro


( ',, '
bã.ema, Por nae ser possivel integra-la ,direta.-?
....
..

,
,. ,. N ,

mente .na. ordem.-logica eonceitualj (?. que Plat.a.o !fl.,.


. . .
-.

contra .um plano. de realidade super·ior.?.'.:. A natur.à


za só representa um plano ontológicamente .infe .?
rior ao das essências inteligíveis,. porque ,.o.. crl, I
I
terio
?
de valoraçao de que Platao se.serve e aqu?
·
? A

_le de caráter lÓgieo, estabelecido - por .Parmên,i -


- ,
des , Nao .importa j· porem, .em. negaçao da realida.=
.

de, em privação .de qualquer· modo de ser, ma-s,pr.i


eisall1ente, no_réconhecimento de um modo de. ser
por partieit,ação, pela .comunicação temporal.. da .?
Fornia a -qm s-qbstrato lllaterial. De rato, tQda a
- 54---

teoria do Timeu nos manifesta. uma concepçao


-
em
que a natureza é considerada .incriada pelo De-
miurgo.e, portantoj possuidora de uma realidade
.

,
substancial em sij ·eoeterna .. do .. mundo das Ideiasº
Descobrindo a multiplicidade .dasidéias,
Platão tem .a .intuição de haver .conseguido a .s In ..

tese entre
o pensamerrto do -ser e .. a
metaf.:Ísiea.
percepção da. .mcbf.Lfdade r!sica .Nenhuma ,dúvida . o·

pode haver de.i sua .eonví.cçâo da. exis-tência real .

. "
·

das Ide ias, independente do pensamento que as c..9


.

nhace , comortambém da não-irrealidade dos obje-


tos materiaisc A diferença em dig?idade ontolÓ
, /
gica e .realj e nos e dada a eonhecer .no ato .. de
.
,
apreciarmos.as.coisas1 isto e9 na maneira. eomo
...
-se dao .ao nosso medo de apr-eender ,
.

( ,
en taoj e
e.,
·

Ai,
que o obj e-to transitório, .des tuÍdo de esta bi? ti
lidade lÓgica 1 se .maní.res ta eomo menos real .do
que .a Idéia clara.mente- intuívelº Platão acredi
A
ta na existencia absoluta de uma diferença_ de
.

realidade entre as Idéias e as eoisa?, e o.cri ...

_,I' • I;'#
ter10 de avaliaçao dessa diferença nao .outro
N· /
e
senão a .nossa _inteligibilidadeº O nosso espÍr,!
to não cria esta diferença par-a satisfaz-er as ·

,
A ,
suas exigencias logicas9 mas, porque ?la existe
em si,
.é que a nossa intuição inteligível nos
permite conhecê?lae -

A teoria das Idéias é e once bida co m o


uma solução para .o problema do .devenir. Coloca
a ordem natural em plano inferior à ordem das
55 -
·

realidades essenciais,. wiico meio de. dar mas é o


(
razao, d e algum modo, dos acontecimentos .fisicosº
.... .

Não aceitá 1a é renunciar deliberadamente.a tóda


...

possibilidade de interpretação do universo e.ree.Q


n.hecer a tota.l irracionalidade da na trur eza f>As eo1
sas materiais e singulares apresentam carac te r.e s
opostos,. simul tân,ea-.ou_ aucces s í.vamerrte ; .s?oj por
,' ,
exemplo j· ao .mesmo . tempo uní.cas e- mul tiplas-o: eom-
preender-eomo.isto e
,, f -' A
possiv.el.e. por em toda .a
A
sua,
agudeza a questão da a.preensibilidade lÓgiea da
mudança o
. .t justamente na d Laeus sâo dêste pr.oble-
.ma.ique Platã.o.,. no -Pa_r.mênides {128 e. ? 13(L a) j :faz
SÓera tes apresentar-a .be orfa .das .Idéias como. uma
sugestão .par-a. explicar a pr-e sença de qualidades .,a
postas na mesma co í.sa , .. Assim, por exemplo.,se. COB
..

p
sãder-armos.« carater de s eme Ihança e dã.ss eme Ihan- '
"' ?
vez admitida a .exf.s tencãa e? s í., otU-To
ça; .uma
KIJ...
e:, cx..trro
e. r
.,. destas duas Ideias -
" .,r/
El ooç -e-,

o_A.DL Ól'?JTO(o:2 e. da .sua con+rár-ãa .- ê'rrrt Y lxv<f-


O'
uca» -j - e ademais o fa·to de que não só .os perso-
nagens do.diálogo9 mas tÔdas as coisas denomina -
das múltiplas delas participa?j nenhuma:difieulda
de.há em compreender que é em virtude ·a.e partici'!"
parem da Forma .da semelhança, e-na medida em que
o t?zem, que as coisas semelhantes são seme Ihantes,
e igualmente-.qu?nto à dã ss emeânança , e que as .coã

.
' simultâneamenteisg
sas. que .participam de .ambas são \ - tJj,<,ot-
?
malhantes e dissemelhantes; Td.---µY Tr;ç
- 56 -
Ó<7J 'C" oç vx.?««r«( l'LtX7:oõo1rr:ov
,u.é. 3' o
?
p<X_
er O co; >'U','(O( e

rot. úi-1') rt: Koct tJtroJJ <X.JI

A-U-?À'!-;,<-(A«.>''/2, .? de 1:ij; !xro,.uotÓ'l'1JTOÇ


--
?J vr/p., oI e <X. , -z-« fe &f', iúj
T
o 7:'
e
w JJ .
i
ot.'"' <f o 1: e e«- o

_ A -
,
teoria das Ideias e-
,,
oferecida ,··
cano
_ __ __
una.
possibi1idaqe .. de subentender -fenomenal a o mundo ..

inteligível -e de explicar indir-etametnt.e


wna .. o:rdem- ..

a variação quali.tativa, em--t?rmos. que· se apf.ãe am


p;r?priamente só._a9s .objetes. imutáveis? ?ue as -I:- _

·') ?'é ias- venham.a ... infermar .. tra?si·te>riafuente .as . coi?


sas, .. pela '.ef"ici?nei? .eosmog9ni.ca. elo-Demiurgo, .que .·
.........
. A
as impo.s .a massa caotiea do "reeeptaettlo.j e que j
R ,i,_ .
..-
·
- .

:po:r--esta- partieipação--<io e:rêm?r.o no .e s sened a.L, um


.

raio de.qlaridaàe l0giea I .


A
.ilumine m.omentaneamen.t e
, - a .seguranea
dá? .a Pla,ta;o
o_ .objeto material e. o que
.

q.e que a corrida dos ser-es j do apar?c:t_me1;1to ao a-


.
- I
niq'll.i:J amen toçnáo. e. um purõ rolar .absundo da .ma te-
..
, .

ria
º
sé?b ?e- siº .me sma., A.e .:re-aqlihecer esta. comunãca- .

ção.j o espÍri to·. seria despertado-ª uma .dupãa des.-


eob_erta 2 pela presença. do obj.eto, a" .. lembrança. p?
'
-
.
,,, ,p .

.
.....
?
à!ãa da-Ideia, e pela.consideraçao destaj a des-
crição coerente das coisas-0
para consumar-a distin-
-Olaro está que,
ção .metafísica .das duas ordens s é preciso resolu-
tamente aceitar a e?istência separada das Formas.
É .o qu.e taz Sócrates, ea-tegÕ:r_icamente, ao .respon-
.
" N A Á
der.a indagaçao d? -Parmenides, quando este lhe pe?
"' ;
gun'ta se ele pr opr-a o se par-a , como o
diz, de um Lado,
- 57 -
as Formas em si mesmas, e do outro, as e ois a s
que participam delas; e acrescenta g ·" parece-te
que.existe? semelhança em.si, separada.da seme-
? , :

lhança que esta em nas,, e .igualmente a. tJD.idaà.e e


J , \ Cl _r 1

acpl?a;idadeoH? «t7:DG '(J"t.r f,VTW ':'"lJflJtr«L


w? iltoêl,? ?welÇ ,êl()? ?l/Z-Õ{ I
µ..?_V
?rroc ;cwéiç tfe 'r"<X ro u rcov O(Ú µ.e'l'e-
J(oY..:.U(; K<Xl d trot Eoia.7_ d?oc.l _
,
O_µ., o e. ó 1: :I ç )( we''- ç ,1;s" ,,u-e.1.
oc t- t: '? '1'J

'{xo???., _}(_?-?-
-

{)?Olô1:'/Yjl:O? ?)/
' ) 1 -
_ _ _

.A"!'
ulJ «ac TTOAA.<{, •. A
mesma-resposta afirmativa
_

envolve (1:30 b} ambas essas perguntas e demons -


tra a mes-ma convãcçáo , - /"-·--
I'
.A doutr1:na das Formas- suõsistentes (ia=
nos a Única possibilid?-de de .inteligência.do uni
- A
verso?
dificuldades
Contudo

dóri- ( 95 e ss º ) , onde ?.
-
ineren.tes a.
.Plata.o

. -
tem.plena.eonscieneia. a.às
essa _'teoria·º (l?_) No Fé?
expos ta e .lar gamen te deba
-
- j, ç,, ..., . .
..

tida?- nao .ha .. outra pneecupaçae . senao .a de tHl!!lpr,!


. .

- , .. .

ender .c La ramerrte a na trur eza e .a. funçao das Ideias - . .

e, particularmente, os problemas-ligados a.o ·nos-


so conhecãment o dessas realidades,º· Ne?uma obje=
çao .se levanta .aaj' sobne a eonsistencia .da teoria
A
.

"" A .

fiA '
em. si me sma, . nem-. sobre as - conseqnenc í.as .da. ten tl!,
A
.. ..

? "" ( .

tiva-.de aplieaÍa;.,la. a explica.çao--do. devenir fis:!cta,


,? .

...

A A
M as no P.armenides, .s a tua.d o no começo d a-
.. o
.u,?lt ama o

'
.
..

I' .,
que conduz diretamente a-.eosm.2
.

serie
.

de· dialogos
.. ·logia. do T:L?eu, (ll) Platão. dee.ide apresent?-las
; N A ,
imparcialmente, e e assim que poe na boca vener2
·
- 58 -

vel obje9Ões-tâo sérias .em que inei?


do-Eleata,.as
ã part?
de a suposição da existência de um reino,
.pertinente detalhá

I

de essêneias· imutáveiso Não.é


diversidade e
las aqui, mas .vale·a pena apontar a .

para podermos cga


.
A
a pr.ofundidade desse? angument os,
preenãer a atitude-ulterior de-Platão?
tã tuã .uma delic?
\

.Em -primeiro Lugar, .cons


a -extensão. do-mtl!!
dt:; '..das
questão--delimitar exatall\ente
,
-Ideias.o--
-?
identificaçao. .dos. seus componeg .A.
..
.

d?
te,s não.-pode. ser-feita com plena. segurançao--S.aper
'\ ?equlyoeam,nte. se. a .ta L objeto? a tal qua d ade li
QU a .ba L relaçã.o eor-r espcade ... uma. Forma independe,!l
" .. -- .
. .P

.te, e-. uma. evidé,nte .neeessiàa:de, .nao SO--para O. re'=''


.
'I?

eonhecimento. àa prepria elas.se das Ideias 1 .. come


• ,?
.
,

particu.lar:Q'lente para. decidir., .nes easos. concretas, ... ..

?
a sua .ap Lí.eaçeo .a.o plano .materia-lo- Ora, .pa?
.

? .

sobre ... .. .

rece impossível-uma :resposta satisfatória"°'


,
PJ.atão

t
,, ., "
hes 1 sa e se 0011 f'·essa E,, «.Troel.?ao ter. de deC1-
,J . .
-
"
dir sobre.a existencia.de uma-Forma em si do ho-
'" ?

mem , .do fogo--ou da .agua .{130. e )


. J'
, Repudia-a exí.s-
teneia
?11t,

de Fqrina-s de objetos yis .ãnd í.gnos , .como


e
Q,?eabeloi -ª lama ou o-suJoQ O _ .Parmênides. não nos
p ""
...
da .ao.Luçao ia esta ques taoj para se possa co=
.

.que

nhecer o que há de positivo no pensamento platênj


eo a réspei to da extensão e compcsã çâo 'd? domínio
das Formas, torna-se necessário reunir as.indica?
çÕês esparsas em vários cUâlogos, trabalho Útil
para futuros esclarecimentos de certos problem as
-

fÍsicoso 110 Teeteto (185 e - e) consideram..:.se a


- 59 -
A ·
.

A
Existencia, a Inexistencia, a Semelhança, a Dis?
semelhança, a=Identi?ade, a· Diferença7 a Up.idade
e os demais .númer-os, o Par, .o Íippar e, de ·modo gt
A ,· ,
ral, toda-especie de conhécimen?o matematico co-
mo obje.tos '?eom'Q!l.s'', que- a alma; a tinge dire tame?
te .por . si mesma? por oposição ads objetos sensÍ= -

veis1 para- os quais há um .Órgão ?_orporal .adequa-


?. -
do a .sua. apneensao.. No Fedon (6
"
-7 .. 4 e- admiti da
-
.

)' ..

a exis.ttne.ia., .. generaiizadamerite, .. de tÔdas as es-


,. R R ')Jo' , .

seno ias o
de ordem es tetiea e etiea j K. <X /l-o JJ
.


7:.L, ?o<l óq()( fJàY KÚ 1r«.,n,<. "J Lot«lfr'?
·

.Olf<iltX.. º Ma.i's tarde são reconhecidas as


t?rmas--das coisas vivas e dos quatro element o s
natura :Ls "J),l,8 LG ),<.J JI 17'e ir K oc.l -rd<:í) À.IX.

it ,
7

?wd. Koct JJ Y ?? TTE ,,-v lri- êrrr /v? _Í<.

'!Tb,P. KcÚ_ ifówe KtÚ TÕ(


TD1Í'rw)) ?SEÀ'f'Í,-
(Sof-? s 266 b), que figuram no modêlo vivo de q?
·

.
-

se serve -O Demiurgo para a realização- .de suàs


obras (.!imor-30-C}o .Apesar.desta progressiva-!?§_
velação.do conteúdo.do mru+do idealj a sua compl?
"" ? , ,L
ta .composiçao nao nos .e finalménte .dada a.conne-
cer , permanecendo assim de. pé a prime-ira· obje?ão
do Parmênides.9 quanto à impossibilidade de urna
rigorosa determinação -do .mundc.das Formas ..
Ao. consi.derarmos.· a correlação entre as
( í.s a traves da no ça o
Ideias e os obje t os sens í.ve
,p - ,,.,,
tPo • .
.

de participação, novae e sérias .dãf'Lcu'Ldade s. se


concepção da Idé·1a como realida-
rios .depa.ram,
de essencial,
A
transcendente
'
a coisa que dela
.

pa_£
=------- -----
- 60 -

ticipa, levanta naturalmentej entre outras, a que.§.


tio de saber se o objeto participa da totalidade ou
apenas de ruma parte.da Idéiaº ora, num caso como
n+outno , nao e, pcs s í.ve
? .......___
-
, L encontrar explieaçao--sati.§.
. .

ta.teria do modo como se procaasam.a a par tºa.e i paç?o,


I?
..
? •
.

?
e -as çiificuldades Log í.eas, inerentes a qua Iquer das
. .

duas hipÓtesesi .parecem invencíveisº Representará -

o pensamento verdadeiro. de Platão a .desanãma dor-fl,


resposta dada por .SÓcrates<t-reconhecendo.a imposs.1
A
bilida.de .de definir a par-trí.e Lpaçao por qualquer de?
e:is
o

\
.

ses modos = otf ,M,Ol ÔôJ<.£l·ç êíJKoÂó>' e[YtXl


"l'.:o TOt,OV-C oJ) (J,vórx.J.,,1-W º?ºf i <rOla-fJrxt
(131· e)? Pareee=nos que sim; é com au+- e maisj
tenção, que a seguir procuraremos mostrar(l2), q?e
sao aqui reconhecidas-as objeçoes a' participaçaoo-
N ? o ?

I No mesmo espírito é tratada a apor1?- qo


't'et,roç &v&e<A.nroço Que a _participação .envo Iva
um regresso ao infinitoj- ou que seja uma repetição
infinita de cada Formaj era um-argumento de .que ja?
'

os sofistas, com outras intenções, tinham. lançado


- ? .
"'
_

mao, -e ,t\ristoteles -O-vulgarizara, eoncebendo=o eo=


mo uma consequência fa tal
da-- teor.ia .das Idéias -S?=
panadas (l3) º É possível
êste .ar-gument e _tenha
que _

muito menor importância para Platão. e repres.ente .Y


ma. falácia verbal rlcilmente .re.futávelo- Se g u n d-o
Appelt .(l4? j -Platão já o ber í,a previamente destruí
do em uma-passagem .da RepÚblica.(597 .e) .em que, a?
,
poiando-se-na hipotese da .duplicidade de _qualquer
.

Forma, demonstra que a terceira Forma exigida, en-


- 61 -

volvendo a ambasj seria.a única e verdadeira Fo?


:maº Não parece haver dÚvida que, quanto a-esta
"" .., I' p
objeçao? Platao esta seguro da sua i:n.efieaeia. l.,2
.
'j .

" A
Em .t odo o caso j importa r'eba te?laj
,

gd.ca , para - .

que não venha a afetar a doutrina da exemplarida


q, .?
de da a çao demí.úcgí.ca ó Tanto .as s í.m que , se no _

A ,
_Parmenides ? onde e explicitamente apresentada, a '
.

.objeção não .tem resposta.j -.no -Timeu-? onde .se r.í.a


, '

par-t í.cu'Larmerrte noe í.va., se--repete- no momento pr,2


pr í,o a solução da RepÚbl, ca? dizendo-se que, -se
. __ -

í
·o .Vivoc .em s
A.
, requeresse um segundo A
modêlo-abra.,n
gendo este- e. as .c oí.sas .copã.adas dele, .na --verda-
.

. .

de. êste outro Vivo seria .o único e .. envolveria os


_ ..

doisj podendo.então dizer=se-que dêlej de fatojé


que o nosso mundo seria a cÓpia {ll,mo-? 31 a) - . 9_
- -

São estas as duas pr-Lne-Lpa fs objeçÕ ELS ..

resultantes da te or-La i da participaçãoº. Mas ª--hi


-

, •
i
e i.as 1 evamt a a·:l:.:n-
.

º
potese da transcendenc a- das Id'º .

da 1ToÀÀ? K<k? fxÀ? Ol dificuldades (Parm,º? 133 b)o


.

Uma delas? discutida.a seg1.:1.ir, é a_de qu? a sepa


ração das duas ordens acar r e ta o risco da ãnocg-
nosc í.bã Lí.dade . do mundo super í or , .Com efei ta;uriEt
-

das consequências desta separação é que as rela=


çÕes entre as realidades cada .mundo são inte"""
' 'de ...

A d\ A
riores a esse mundo e .se contem somente nelejnao
.,:,.,

podendo_estabeleee:r=se entre objetqs dos dois


pf.anos, Ass·tmj o conhecimento em si é conheci --
men to da verdade em si.9 enquanto .na ordem das
º' ti
. ..

i
9

eoisas variaveis, o eonhee men t o re 1 a. vo a nos


º "
·- 62 -
, .) I
e. ,,..;

rr«e 1J?LJ/ êTfltrt'"J,.a"l-, refere-se igualmen-


C:
..,,

?f
'YJ

te à verdade rela tiva a nós -


>
ç rroe.e ?j)A.,,l-J/
&At;Jl)e{f1..Ç-; n?o se vê ass?m a possibilidade de
........

conhecermos as .Ldê í.as , nem tampouco existem par a


...JI.._

os deuses meios de , eonhecer os acontecimentos te.t


. .

r-enos , Esta doutrina.da?roporcionalidade do sac


ber ao- seu... objeto .encorrtr-a-ese já na República .(438 ..

e)º Apesar de Platão


.

I
a declarar .. a maior de tÔdas
as .objeções.1 J,<,£ 7, U-7:'0Y -,· e de ser assim €onsj
derada· por-alguns comentadoresj a razao
.
""
esta, com
os que a consideram, eome o :f'.az-Cornford (15.)·, um
· ·
. · · · -
.

argumento "a Imes t g?ossly fallacious•=t º Mostrara=


- A
o ?
mos a seguir nae ser.-possiv-el d.ar a este argumen""'.
to nenhum valor· es pee í.a L, De -fato, se Platão. a ..
ereditasse na sua ação probante, não--se justifica
que todo o seu s í.s tiema. seja construído sÔbre.o -ÍU!!
damento da.suposição .oposta, .isto.é, que podemos
cenheeer as realidades .. inteligÍveis-,. sem que fi- ·

zesse em outra parte .mençao - .de. tao


.
- ,
.f"ormidàvel .. di.;.
'

ficulda.dec Ao propor-se desenvolver.a-argumenta ...


? A
çao
/
, P-armenides deix? entrever a in?onststencia A
? ,

S"eneial-da tese, quando admite a p0ssibilidade de


'

uma refutação,. no. caso de ser aquêle que a .sus teg


ta. pessoa mui to. e.liperJmentada e capaz hestes exe_!:
cÍcios demonstrativosº
Tais são, em linhas geraisj às objeções
ti
con das .no Parmenides A
à teoria das Ideias separ.§;
"lo 17

das , - .t!i? inutil


,
.. pro curar: diminuir a sua.
A
impor tan --
eia e gravidade. Platão mesmo não o fêz? Com ef?
- 63

toj a passagem seguinte (135 a) repre$enta crua-


mente a situação de ?ificuldades com que defron-
ta a ... dou.trina em face: da crítica adversária o Es-
tas
.

e mui tas outras o_bjeçoes-afetam


o
. H.
neces$a\r1a -
. ' o

mente a afirmação da .existência da.s Formas dos


sêres e a. realidade d.is tinta de
.. cada uma , Platão
A . . ,,... .I' ;
tem.conseiencia de qu? uma tal liçao .so traz.du=
vida e con.tradição ao espírito de quem .a .ouvej···º
A
serap
na tur-aâmenbe levado a -negar ... a existen=
.

qua L
, ? ?
eia- das Ideias,·-,,..·ou supor que neeessar1ame.nte ... sae ó

?
Lneegnoae Ive í,s .a na.tuneza humana, E acne seenta.s
."aq"Q.êle que dissess-? isto," parece que diria al[ill
'
.
.
,
rna co sa ser a.. i , ,
{
i
fl ( 16) - an to . que ser:1;.a.
.

·
..

,
t
pro d·1g1.oso .

.
·
.
.
.
o o .

conseg-q.ir alguem.dissuadi?loo- .. Por is:;30 e-p?ee:f.,?


.

so ser um homem ex·traordinàriamente bem ... dotado


I J ..- ·.

'ff()( v a EYf lítJ'lf? , para po:dêl? compr:ender que .e-


.

xiste o. genero--de cada coisa,. a. easeneãa subs Ls»


í
tente .em si e por s , Ainda mais admirável. é .o .

dom. de deaeebrí r. estas essências e de transJllit:i::r


a .outmos .. êste conheeâmen to , vê.,.,.se, poã s , ... eom
que seriedade. é .re conhee tde .o .direi to de cri ti =
,.
car e de impugnar uma doutrina que tem.uma selfA
da. razão de. ser , mas. que não está. de modo algum
livre de obseurtdades e de aspectos insatisfatÓ=
rios o
eompletamente o·intÚl
8er'ia deseonhecer
toj .que presidiu à elaborada .apr e sen ta.ção e dis-
- ..., ,,
cussao das objeçoes
nesta primeira .parte do dia"""
Logo ," considerá-Ias como simples reeP:-pi tulação àe
- 64 ...

I'
opiniões correntes, formuladas por ·adversaries do
sistema, rôssem êles eleáticos
ou magár'Leos (Sta]J.
..
.

baurn); aos quais não agradasse


ver estilhaçado o
tÔdo único na inr:tnidade das .Idéiasº Tampouco P.Q
dem ser tomadas como preliminares da discussão di,!
,
1étiea, .que ocupa a segunda .par te do diálogo,º. Re=
\elamj nosso ver s .uma face ver:Ídieà da medi ta
.a . - -""'

ção- p La tÔnicaj o cuidado- do -Filósofo em analisa. r.


a sua teoria gerai por todos os lados 1 de modo .que .

lhe •.aparecem também.as dificuldades .com_;a_mesmam,·


, =
funda.perspieaeia eom que lhe sao claros os aspe?
.

tos positivosº -

que Sócrates sugere.


·TÍrihamo? .a visto
-
exis-tência. .separ ada das Formas como uma .hipÓt.:e. se
?"' Id
' • < .

que_permitir1a.tornar intelig1vel-o curso.dos a<?


.

fi
-

,i.
.

ee>n-o.ee1men
.

os
º t.
·
.1s1.cOS·o-
·.
A s-
·

'ti
cr.1. cas d e ·
r?.Laaeni ·
es
r-epre-s_entam- uma análise - impareial a que Pía tão su]2
_

mete a.doutrina.j de cuja.veracidade .nunca du.vidoUo-


lf_·mesmo perfeitamente legítimo supor que , pelo- m_!·
-

nos de algumas} não soubesse quais .as respostas-


d. .-( - e" nao
=
que as .
eonvã.cça o
estru1.ssem,o .

de-
·.

.Mas sua
·

t eoria seJa 1nques.td enáve L, mas ·.de. que ... soI'


que a ..
<> o
..
p .

por meio dela é possivel..eonstruir .. coerentemen-t e..


a ciênciaº .É difícil? de.fato,, compreender a-e?
têneia em si
de uma essência, diz=nosj mas é pre=
e í.se , pois, se alguém não aceitar essa existência.
nem 'a distinção de cada F@:rma? em ví.s ta das difi-
culdades que.esta-concepção acarreta'j não terá Pâ
, .r.' e/ -
ra on d e voltar o pensamento - ·oV-vê
.

07r0l-
'te s' 'f ec Í IJJJ/_
Ji.«. VO ?({_J) [(e.1.
{ 135 b) º
A recusa da .admissão ,da. rêalidade das
I
Id·eias ?
temj entao; es ta . primeira. gr?ve
. o o
consequeg
ff A

cã.a s'
,
·priva
pensamento-do .seu objeto(t .só os
""
o
J\
.
.
..
HOC.. J/0( 9 os • termos comuns, sao objeto da cont-em=
.
.

plaçãÇ) do espírito (Teetoj .185 e)o?- A sua .ina?.


são·implicaria a.impossibilidade .de uma ci.êneia
eons ti tUÍda .de .conceitos-?- .Julgar ·qu? a ?nteli = -

gência possa .meeguthan na .cor-rezrte da contfuua m?


bilidade- e .. aí cap tar alguma coisa de que fizess?
o· seu (?bjetoj .. seria despojá=la .de t_qda a. sua -di? -

nidade?-obrigando=a a satisfazer=se eom.o-aparen


I
:$,
te e·passageiroj ea-constituir comis?o um?c?n
? A e:,
. ..

eia .de ilusao? :A .expr es sao ..platoniea = YVnao .ha«


"""

.
··t'.
. .

'
.

v.e?ia para .. onde .voltar_ o .pensamerrte" e. a .rai?·


.

e;=,

-
mais profunda j a, .razão .final .da convicção- .da .e-
.. ...

,
xistência .necessár-sa da?.,--Idéi?sQ --- ApolÍ=la é re=
.. í.ar' ao m,odêlo
nunc sóeJilti'co .de.· ciência f8A
·,,,,,
o
J!
.... Mas ..nao ser ãa a_ única. conseq'Q.?I).ciaoPla
.
_

.
tão. aponta .. como outra _:resultante-desta. mesma _at! __
1.
-= A = .
,p
,
..

tude ,-a ..des.t?uiçao. de toda comunãca.çào logi?a,'O To,£


.

.
-

:m:ar":"s??ia. impossível .qua l.quer- enunciado; todt? :rj


.:.
.
?

.. cio?_!nio .pe rder ãa seu .poder e significaç;o r f-v


c+'? U J).,?Ã é. r f ó B<LL JJJ/?)J.-,_i, JI rr« J/1:?Tr:O((il
..

cf:,.,?
'f 0,E e{t (135 ?
o)º Não só D:ª ordem teÓr-ic?
? =
_
.

,- em que ._a pro;lbiçao da dialetica.i pela· anuãaçee oos


..
.
.,

..,objetos.· '. eonceã tuais, sign:ir1·c?ita- .a. cessação- do


'
.
:
.
..
.
,·-i, ?
-
.. avanço do .cgnl?,?oimento, .ll'.J.aS. tam bem .. na .. ordem -pra=
·: .-ti.e.a? nos r?0.iocmios de uso corrente i
9' ·
· ·

,a ra 1t a ..
·:
- 66 -
de referências estáveis seria·um impedimento a t,2
do discurso l;gicamente concatenado.
Podemos·agora9 entio, apreciar em t3da
A
a su? a¢plitude a ,significaçao deste universo de
' ...,

realidade.plena, que Platão distingue do da per?


-
sensor í.a L, .Sempre que se refere
'
as
,
Ideias.,
eapçao
- ?
exprime a. sua condã çao ontologiea por- meio do vei:
.

;1111

bo tIJla,. ora , nisto reside, ao que. par-sce , a


raiz do .e quâvecc que está no fundo elo problema da 1?1

int?rpFetação.. correta da teoria platônica das .Fo.r,


masº.? .que se aqui do problema da distin ...
trata =
çao entre essencia e. exí.s ténc La , de tao profun ã.a
N A A

A (
importanc1a metafisicaº Tudo.nos.leva a crer que
º

Platão não teve ·a verdadeira- consciência desta .dãs


tinção fundamental (l7') por .nâo tê-la compre:
o- E
, aparece como. lwninoso .e obscuro
endido e que. lhe
ao mesmo tempo o mundo inteligível, que sua intui
ção de scobr-e , Está .certo de que não são pr odutos ,

de sua fantasia as Idéias de quer tem e La ra int?


çãoj e por isso parece-lhe que·a coisa imediata e
seguramente a ting Lda , tão .real e lÓgica na sua e,B

tidade intuível,. necessáriamente existe, pois di- Ili?

rlcilmente poderia conceber senão como existên --


.
..
I)?

" . '
eia o modo de see. do que e. p Ienamerrte :re:l, ?omo ?!r
objeto de pensamento. Na verdade, as !deiast,r,?
e nesta designação está a.suprema det?r.m.!
contida
nação de suavcond í.çâo Ao dizer· t s to Platão quer
, .

definÍ-las por uma qualificação. de máxima genera ...


lidade, que exprime fundamentalmente· a 'sua primo,£
dial
.,
distinção .do não-serº Dizer que as Idéias
E? Õl J.I 1 significa primordialmente pÔ-las como
realidade, dar-lhes originalmente a condição .de
"" - , ....
nao serem o nao ser; as Ideias sao assim aquilo
....

que subs Ls te por em .opos çâc ao nada , quer si, t


absoluto, da inexist;ncia e da inessência, quer
relatiV09 do devenir.
A Idéia é concebida primeiramente.como
-

ura.e.spe c to ontologieo.positivo&
/?
o .. s er ,
'.

Mas9 ao
exprimir o principio supremo de
' Hr, ?
ro sc o oç Er,, -, J?latao .nao
= ¢>I>
sua-metafisica'!!"
suspeita .que o
J
verbo set:c esconde .uma dualidade radical de-sen
A A
eomo-essen-
·

tidosj .o ser como existencia e o.ser


e í.a , ou, .na .linguagem agora em .. voga, .o .exis-tir e
o CG'tt:$-istb. Aristóte.les .será e prime.iro a .pe?
ceber .e desenvolver.esta .distinção .runõanienta't 9
(lS)
e a dar os meios que ,permitissem introduzí?
la nos .alicerces .da metafisicaº
-
.
A falta .de t so-
duas noçoes , ambas expressa ve a s
?
lamento destas ..
o

, , obseuri=
na mesma espeoie causa de e.verbal,
.

uma
dade--para--tÔda a metaf:Lsica platÔnicao- Ao -dizer ·
..

, , - '
que -a Ideia s tr 'Cl.. ,- Pla tao quer exprimir o. que -

, , ;,
ha na Ideia de realidade e stàve L, enquanto esse.s
-
"'

eia-inteligível; mas, ao .fazê?loi a confusão das


acepções força""'º -.-a-/eonsiderar como exis.tência o
;, A
que e apenas consistencia? -

Mas como, de outro.lado, o mundo da n?


tureza é .para êle. algo perfeitamente· existente-,
das coisas que contém também s?.diz corretamente
? 68

·'*E ltíl ))_ , e a dificuldade norna-ee ?nt?o maiorjpats


; ?:,taro que neste cas o o verbo nã"O ?ocp:rinie ·nenhum
;··?:fá ter de essenoialid?deo .A negação dos a trib_y
oonside =
tos de verdadeiro .ser. ao objeto-físico,.
z-ado como o que. sempre se tra:nsf orma e nunca é,, d.! .
.

corre apenas do, reconhecimênto I.de .sua llão"'='ess.ên .=

eialidadeo Deste.A modo , -O. ser


A
-e finalmente" identi
.

, ,
ficado ccm .a esseno_ia? .e so '?º que .sempre ?At .e. nun
.. v' v'
..

ca. se. transforma¥11.j .ou seja.,. a Ideia1 e prop.riame.n


, das· duas ·IP
:

te, _6 ser'.o- Em - virtude j por.em.? da fusa o


' . r;,!:,-

.-· . .. ..
..
' li .

çtes, a essência .é i_gualmente. .. existêncj.a.o


.Neste
' ,. ' ·
' ,?
sentida?·
',
o· ·ser· existe porque e9 sua eni;i?ade pur-,!
mente eons.istencial é igualada à. e:x:?sti.ncia.j -$ e,n.
·

-· ,
tao9 come qo .a Ideia_. ·.e este .ser- plenamente .. ente1 ..
p R A
..

ceneâuã=se que também só ela é .. plenamente. ixiste?


·

teQ -S.egui;r'.""se=ia.j. porém9 .daquí, uma consequência-


··.

_in?es?jávelg a de que as coisas naturaãs j que -não


são?' ... nã? .. exãs tems.. Para-F:latão que não.-faz
estas
distingÕes, .esta conclusão não -teria. nenJ+illll- sent!
·
.

.do; riada:de-mais radicalmente-oposto .ao ·espírito


do plato?ismo. que esta· admissão;.-: P-:tatão jama:ts.t&,
ria, ·_vàcilaâo na é:rença e na afirmação da ex.istên=
ei?"das coisas.f:Ísicaso
A·: teoria da participação permite dar .r!,

2I?o da :'inteligibilida.çl.e derivada que enoontramG s ?I!

na ôr?em natural·; explica .como o. que apreendemos ·

d.e -?e.lati'vamente. int$ligÍvel,. .no. d.evenirj _a·f .. se


encon tra, Quant? :à exist?neia, _,porémj .a .que.s-t.io
·

., - '. A
existenoiao <
.
. .

13. diferente·; nao


R
;há participação de
- 69 -

O objeto material não deve a


sua csubs tanc í.af.ãda-
de à existência das Idéias; aquilo em que é fei
to existe independentemente do domínio das For -
mas e tem a mesma eterna duração e .Portan 1D 9 es-ta
., ? A , IN
e a conc Lusao de toda esta .ana Lí.se .. que Platao nso
...,

rêz? mas a que chegou.g a existência.como. noção


N / ·- , .

nao esta nas :mesmas condiçoes ep:lstemologicas que


a. essênciaº Esta é sempre inteligível em si me§.
mai .em.sua.posição no.mundo superior ou na sua .i
magem imersa na correnteza .do .devenã.r ;. .mas a e-
.

xistência se-divide; uma existência .é racional,


outra. é irracional.
__ De fa to enquanto .no - plano
'º ?
das. I deias.a .1den.tif1caçao
o o
A o A
essencia-existencia.a
ambas engloba .na mesma. racionalidade (e por ...Lsso,
justamente .não .permt s íu. a sua distinção)-1 no pla
no inferior esta identificação é .impossível, por
..

que, se .a essência é aqui ainda. inteligível (em=


bora por participação), a existência· é totalmen-

te-inexplicável irracional (l9)9 Esta conclu= .

A ,

sao e da mais a1 ta ãmportanc í,a para a. ccmpr een =


.-.., ,P

são.da .fisica do.Timeuj .e esclarece muitas .das


questões-espinhosas suscitadas pela-interaçãocbs
fatôres opostos da Razão e da.Necessidade9 na .01:,
dem cósmica, indicando-nos,- entre .outrraajced.sas ,
por que se torna necessária.a .introdução .tardia
A ,
de um terceiro fa tor cosmogoní.co, o, r-ecep tácuâ.o
.

la

A .I' - ;, o·
A existencia.do ser f1sico nao e raciQ
A '
na L, porque e a exis.tenc1a--do. ser .perpetuamente
, .

? - - ..

movele A intuiçao profunda de Platao, de que o


- 70.,..

movimento é incapaz de ser representado concei?


encon-
mente-e que, port.antoj tÔda coisa. natural,
tr?ndo=S6 em continua..mobilidadei está exclUÍda êa
categoria do saber racional? é um ,ponto
de objeto .
,
e
decistvo de sua metaf?sica .e uma importante etapa
na ·evolução da .noção-qo ser no pensamento antigoº
SÕ?ente as Idéias são.verdadeiramente o ser,
por?
? . - ' -
a.var.iaçaoo
qu? nao. estao-sujei-tas
Aristóteles pr·ocederá a um novo avanço
no .. caaãnhc que-pa1:tia .do ser-pármen:Ídico e. pro?
gPessiv.amente .se afasta da concepção origi.+lalj-cem,
_

·-
das. f
earacter1sticas eleat1, d

sucessiva
.

a elim.inaçao o

eas -de. ser verdadeiro A grande concepçâe. da me= o-


..

taf:Ísica .aristotélioa .será re.forma doipensamen- .a .

to parmenidico-platÔnico., introduzindo a mobilid!,


, de .no iilterior -mesmo do .ser verdadeiroº .... O .. - s JJ_r
real pode. agora. ser .a prÓ.pria coisa móvel-, porque ..

na. sua concepção saene La.L .estão. inelu.Ídos· - como


.e

prineÍpios constitutivos, a potência e-o-ato; en ....

tão, a mobilidade $e-instala no .eoração-?es?o do


?
s.er. (20) e -Com es.ta .. ao Luçao , Aristoteles abre.
N
- -
.
,
a .
/7

,
. -
'

Log í.ca eonceã tual per spec-tivas de acesso- ao mundo


.
.

r rs aeo, O movimento deixa. de ser concebido como


.p <• '
·,?

_ irracionálCJ uma vez que ó podemos apreender •na. sua. -


'

"'
esseneiaj (
nos prin.e1.pios .que esgota111.a sua intel.1
o

gibilidade, ej eas ím, a atralização. imanente da


potência? nâo exigindo do exterior senão coopera=
ção oausaâ , mas encontrando no Íntimo do .ser trudo
aquilo de que precisa como princÍ.pios para suer?
71 ?-

.lizaçãoj torna?se inteligível-e. De.2, ecmp le tamerrte


de então9 p.ão tem mais sentido-d:1,.stinguir na.re-ª
lidada a ordem dos-.objetos pensáveis da dos .sen-,
siveiso
e
o mun d o r"1.sico torna=se o proprio e un1
p' .g

co mundo. do ser; a ess.ência formal inteligível e


A
a.existenciareal convergem e_éoi:p.cidsm :no mesmo
corpo ma teria lo .

agora ret?açar a evolução- ..do Podemos


conceã to .do ser-- 11a fase ascendente da .-filoso f ã.a .... ...
p. Ai ?
..

A o..
grega.1 .em .. t r.es momen.t· o.s- d' ec1s1vos.g com. armen-
I o

'
·
..
.
iP.
-.
' . .
-

. ; "'
?
.
-
à, ·,;, ·F
.

ser e unã cc..e ,


. · ·

des:, .o., ..
imov:el-;.-..... _e_om.J?.lâtao?---"'· O se:r ..

é múltiplo e imóvel; com ?;is-tót?les 1 o ser


·

. é
?
mul tiplo e. movel
.-,
t> •• . . - . -- • -· , •.,.
,
A
.
. .

mundo. .. dado na .. experieneia.;: per. éeptuál.


.

O ...

,
...
.. r >: ?
- • • ? ?' i - ,
-

nm .eneadeameníio .de , asp_eo?os sucesaãvcs ?-


.

poã s,
-

e,9.
?m.... que. a relativa.? l.en tidão de certas ... trans.t?r.I!la"'." I
.
...
.
....
. . . .· .
.

ções nos, '.ftgura .... a, apa:r;ncia ,,._de. .ced.saa és t?v:eiij


.. ... .. _ :?
·.p A. ·. \ . , .
·.· .... .
.
··?--
Hera.clito e . Pazmerrí.des ,.coincid.em aqui com Pla ?a.e;
. .

.. .... -·

·tml-i--na_ deseó'J:>erta .de -earâte.r de ,.es?encial ? ?ar?a,?


..

..

bilídada do , objeto ee>rpClreo., .. out ro., .na.mecusa de


-?
·

tomá-.10 como. têrmo .de run eenhee âmentio ¢e;to? .. 10


.. ,..
-

:? I• '. \·· ••
.\" .
••. •·

mundo, .euja c.ompes í.çâc e estr11tur.a o Timeu. qu.,r.


- .
,;

..

expl?car' :é um ... contínuo' ri.' rY.i. ,-&a.t., is to éº um .

proceS$O de permanente .:v.ariaçio.o- .. , ..

o pro.blema que se.--apresenta .imediata, . .e .. <?'

'\ := A ;,·
mente. a. d í.sous sao e?.o. de. saber se .. este proees s?o
. ·,
.

.. .. .. ..


..; , ' . • ' • ? .
•. ·.
'

e coneebãdo .como. tendo tido origem ;;ou.,nao?J. e -$G


..

'
o .

... .. ..
. •
. '

pode. -s?r ?sela:vecdd.o â, .:.luz de. toda$· as ?estantes


.
./!lo

. .. .. .... ...

afirmaçõ.es da ecsmoâog Ia .platÔnicà.? r1a{ão mes-


·- 72 -

mo o coloca, .claramsnte, nestes" t?rmos (28 b)i a


, .
raspei to do uni ver so ,. e. neces sar ? o que investigU&,
'
i
mos em primeiro lugar, o que alias se deve fazer

ao começar a discutir qualquer questão, se exis =

tiu semprej sem comêço no sev deventr? ou se foi


A f
gs1rado, tendo p?rtido dJe a Lgum iomeço, qrr?o1:sefJJ
JI & é [ 1 d e JI 8 ó e f.v; ? e? '1J Y e;K-, WY O Vdf_fo UI JI, •.

"J '
·? ,1 rJJeY, «'IT rl..e;c1Jç trc ))()? «A IX..,M,e YOÇ
.
são admí tidas-<> pois s a_s duas possibili=I\
:

dade s t _. a) . de urna .eternidade pregr·essa f .s?m- com?


ço assinalável.para-o devenir; .
b) a geraçã? .a
partir momento_iniciale Ora2 a respostas?
de um
gue?se imediatamente?" ri0o v s Y, foi .geradp, e.
portanto verifica-se.o caso da hipótese bo Quala
, ,
- - ., , , .e
nazao desta ccne Lusao? oe ()(.,oç .,.11)f..f 0!1'L05' 7.£
> ' -
£a-?:ol -J<.C'/\.t <rwµ,? £,Jfl/J/, porque e
. J/ ,,)
s Lve L, vã ( (
tangi= ..

ve l, e p?ssu.i cor-po , e tÔdas as .coã sas desta .sspé- ..

-
i " " ( (
e e sao .sens í.ve.í.s .. e o. que e sens í.ve L. e apreens1 -"""

vel pela opinião associada sensação é sujeito ao à


devenir e é gerado, ?O\. J, «ta-617,?" Jó??
T1EfL,À£ rr,à.. JW.-£1:, O{ trB17 rewç,
Koll 7ev ))er«.
{,
TY ófo'e y,.
ê'!fX.Y'JIJ
r
resposta., apar?nt?mente tão.clara,
Esta.
.
i
.


deveria levar=nos a conceber o devenir como um
proces?o-originado em urn certo.instante do tempo,
pela ação demi'Úrgica; porém virem9s ·a saber mais
tarde que o .tempo mesmo é uma criação do .Demiurgoj I .

gerar. ft
,

que o confere ao uni verso no a to de o <-y'e o ...


' I .

J,A.tr oveo<.voir 1e1º"?? (38 b)' como con_!
)
J)()Ç
'73 -
tituindo aúniea forma adequada duração. para de
o que é ger ado , Contudo, o primeiro prinéÍpi_o .da
fÍsiea:, que estamos eomerrtandoj.. d?fine a .na tur-a-
.
- ?
za como, um proçass o de. transfor.maçao. e terno , «EL
'. ' ..

7'TJIOfa.,eJJoJ). Estamos·, assim, .emjme sença de


uma .evidente discordância.de .afirmaçõesº .Bs ta ·I
- A A
.

a origem das diseussoes. que se .. tem travado. sobre.


..
0
..

A A
ponto capital da .eosmoãog í.a pla tonica.Q Prof"?
·· .

e?te. ...

Cornford, tem razã.o quando Lembra que .a .so Iu.ç ã o .. .. ·

" ·- ? ?- o .
desta. dãs cor-danc ta .de concepçce s. esta.:intimarnent,;\" o
..

te ._ligada. à questão. de. saber se 6 .. Dem;!urgoi. corno


ta L, é um .person8:gem .rea l, ... ou (1l&tttieo$ ... Nesta .Ú].
A ;-
tima hd po te s e , ·.toda.a narrativa-.do .Timeu e-.ape -?-
. ·.
o ;? o

- 1
nas um m.J;.Kt o dºd?tº
J.. a. ico ; sua- cosmogonia .. nao e. a d:e!;
. 0
. .

crição do realmente. .accrrtecãdc., mas .uma f'orrna de


.. ..

tornar.racionalme?te inteligível a constituiçã.o


atual do untver-se.,":-A.... Sendo assim, .a questão de o- ..

rigetn ou de pnscedenc ia na o teria. nenhuma signi=


.• .,., .
.

..

ficação r:!s Lea , mas- apenas conceã tua'l , O deve ·= .. .

o ;
n.ir cosmic o nao. teria en.t?
- (
ao um n1c10 r.ea 1·j mas o
.. - i
·
o

seria rls.icamente. eterne .e .-só conceã tualmente po


der í.a ser tomado como. uma condição natural- ge ra-.
da , às s tm, sendo, quando .. Platão. diz que-. o unive.r,
-

so sempre existiu? expr-ãme a ver dade .f.Ísieaj que


.. . .. ,.

é o fa to .de a natureza. .te'r sido sempre ta;l como . .

a vemos atualmente; mas .. quando. diz .coneomã t?,11.tjt


..
,
mente que foi gerada). expr í.me urn simbolismo :J.ogj_
. .

..

co, que .é. a .pos s ãbt Lã dade de ser. construida- .uma ..

teoria
.P

explicativaj ·na qual o universo e figura=


- 7Ü -

damente representado como geradoª Mais tarde ve-


a· teoria do tempo, que esta in-
remos, ao estudar
terpretação da origem do inundo concorda plenamen-
te com a especulação que estabelece a distin ç;;, o li?

entre a perpetuidade do tempo e a eternidade?


1d

Parece-nos que é esta a man=í.ra justa de Jm!

conceber a cosmogonia do Jimeus Aristóteles ref? ?

re que a doutrina. fisica ensinada pela Academia mo


e once bia a origem do uni verso como tendo --jamais -t1
do lugar, 4' ?,
? e ? ?
w, _J"l yo,µ.?? ou: rrare. , mas era um
simples r-ecur so d.?¥'?nsino, destinado a- tornar ma ís
compreensivel o Í?sunto, d e,(jcx<r IUX.Al «s /"«.e/.;?
<ÍIS .,M-??OY. r))fNet?ÓJJtwJJ, à maneira dos .géÔm.e--

tras que descrevem as figuras pelo modo_ como se


gerani (de Ca?J&., 279 b , ·35)..
' ,
Indubitavelmente, e
êste o verdadeiro esp!ri to de Platão,, e em todo o
discurso do Timeu é assim que devemos entender
·
.o
caráter da exposiçáo .. Pensam·e-s comentadores que
basta esta admissão para tornar .imediatamente con
ciliiveis as aparentes .afirmações. contrárias sÔ-
bre o devenir. Assim também julgamos1 mas parec?
nos que o pensamerrto de Platão vai mais ao fundo,
e as divergências se conciliam não-só nesta expl1
cação? mas ainda em um plano mais profundo, no
que se refere
ao próprio conceito do devenir. O
que caracteriza o processo físico é a mobilidade
primordial da matéria e isto é que .a to?na real.-
mente distinta da entidade .das Idéias; por isso,
,
.

.
e preciso assinalar a cada ordem uma categoria de

-?· .
- 75 -
duração espec{fiea? num caso a eternidade imÓ
vel, noutro uma imagem móvel desta, o tempo. Mas
o mundo da matéria subsiste eternamente ao lado
e fora do das Formas? é o receptáculo, sujeito
por si mesmo a um eterno movimentoe Ora, deseja=
mos introduzir aqui uma distinçãoi que não é fei
ta expressamente por Platão,.mas pode ajudar-=nos
muito-na clarificação da fábula cosmogÔniea, e
que coincide plenamente, ao que julgamos,. com o
pensamento.do.filósofo: Parece-nos que um dos
motivos .profundos .da sua .conce pçâo fÍsiea é .. que
considera o movimento como uma noção mais geral
A
que a do devenãr , Guardaremos no correr des te e.n
siio esta distinção.
-No estado pré-cósmico, o universo esta
' /
ria entregue a.pura mobilidade do receptaeulo; o
devenir é a coordenação dessa mobilidade em movi
mento fisicamente onganã zado , isto é, submetd.d o
' .
A '

as leis mecan í.eas •.. Considerado .o Demiurgo como


. - , ,. "
.

? . "'
um artificio de expos a çao., a eond í.çao pre-cosmi-
" - , ..
ca do r-ecep taeul.o nao teve jamais .exf.s tenc ía real;
,
_

e, portanto, como defenderemos mais tarde,- uma -

maneira de exprimir uma intuição do conceito- de


ordem natural, na .qual está contida, eomo pro-
curaremos demonstrar, a primeira .formulação do
pr Inc Ipf.c de inércia. Sendo assim, o movim e nto
livre, eternamente inerente .à substância mater.iaJ.,

é-algo mais.geral que .o devenir,· que é a sua tr.§!


duçâo atual, no uni verso legalmente organizado.
- 76 -
Se a referência ao comêço do devenir no
tempo é uma simples alegoria didática, o que de
fato se expressa é a eternidade física do proces-
so. Mas, à vista da distinção que acabamos de e?
tabeleeer,mesmo na escala de precedência concei -
tual, exprime-se um pensamento que concilia a ap_!
A - ?
rente discordancia .das expressoes e o processo e
o . A
se imagina o seu começo, na passa-
o.

ger.ado1 porque
,
gem de uma fase a outra, e ao mesmo tempo,e, por
'
assim dizert logicamente eterno, porque a_fase de
. .

--movimento mecânicamente organizado é suposta der1


var de outra -ante?ior em que predomina uma condi=
ção também de mol:filidade e Ao dtzer 9 pois, no pr,!
me iro principio, que a natureza é óca, r'TY<ÍJLEYoY,,
Platão pensa não só no fato de que o devenir não
teve comêço real no tempo1 mas ainda -em que mesmo
aquilo que se possa tomar como precedendo-o con=
ceitualmente é ainda um estado essencialmente de
movimento QI

A natureza como um processo de contínua


transformação, em cuja.torrente emergem as coisas
.
A .I'
como realidades momerrtaneas , so aproximadamente :QQ
.

de ser explicadaj se nos damos apenas as condições


figuradas nos .cinco princípios que.formulamosº Pa
I
?
ra .a compreensão· inicial são êl? suf.ic.ienteseAS=
Simj basti?nós .a aceitação de uma ordem de ·reali?
aades subsistentes e de outna de objetos variávet&
para têr_mos os ca?pos.ade exé1"c:Íéro de nossas facul
dades cognosc í.tdvas , Mas não representam a lista
- 77 -

completa dos postulados e fa tôres s.imbÓlicos exi


A
gidos pela teoria cosmogonicao Com o correr do
diálogoj serão introduzidos novos conceitos qt+e
são de generalidade equivalente a de principiOSa
... ·"" ,? (
Assimj Platao deixa.bem-claro que nao e possivel
falar de um processo incessante sem supÔ=lo pas=
sando-ise 2
alguma c cd sa , A nece ss í.dade de dis?
tinguir entre a coisa que se torna tal e aquilo
A '
que suporta a sua existencia e que neeessar-ãamej;
te preeede e sucede a estaj quando não mais ti=
ver lugar1 conduz a incluir. no quadro eosmogÔni-
, , ,
co a presença do 't'et 't:'OJI gt! YIJS ,- o receptaculo
do devenir.
A
processo natural desenvolve?se sobre
O
um fundo.. de realidade que lhe dá .subs tane ta.Lí.da-
..

de material? SÔbre qual seja a natureza dêsse .

recipiente, problema dos.mais .delicados da fÍsi=


ca do Timeu, deixaremos para em-momento oportuno
dizer alguma coãsa , Aqui apenas queremos Le m.. -
brar que na concepção do-devenir, como processo
está incluída a suposição de-uma realidade. subj?
P.,;s
?
<si·

cerrte embora nao haja mençao dela nos prirnnpios,


,

nem seja levada em conta na descrição das,opera-


ções constitutivas que a Razão or ãenta , _Q moti=
vo dêste silêncio, acusado pelo próprio Timeu.(k8
e)j não é claramente explicadoe FÔra reconheci-
do-que para a descrição inicial bastavam duas e?
, ,. , , e º"
o modelo. Lmove L e a copia variave 1 -? - D e-
º
pee Les ? ,

pois, porém, de esgotada a explieação do papel


cos 78 cm

da inteligência na feitura do cosmosj torna-se ne.


cessária uma compreensão mais profunda do proces-
so de transformaçãoj e então aparece a realidade
do receptáculo como ingrediente fundametital, re=
presentando a contribuição do que há de não=raciQ
nal na estrutura do universoº Os principias não
aludem a esta terceira espécie, porque para a eo?
- ,
preensn.o atual do processo f1sieo, em que se pro=
cura apreender, na medida do possivelj as coisas
na sua aparente realidade e nas transformações r?
gulares que p9dem$6 descrever em leis9 a Necessi-
dade' está submetida à Razão? e é do ponto de vis-
ta desta que nos colocamosº Mas na doutrina cos-

(\
mogon1ca u
0
ltrapassamos a .p t' • ?
.1.1s1ca d·o mun d o Jª eons=
O

ti tu.ido e d eacemos a profundezas


se reve- em que
la vivo e pederoso o domínio da irracionalidade j
- Â
presente na condd çao bruta do recipienteº Aqueles
princípios primeiros s?o essencialmente princípios
de uma eiêneia que quer descrever o mundo como
obra de uma fôrça organizada inteligente embora '8

conciua. por reconhecer que só pareialmente pÔde a


Ra.zão ter feito sentir-o seu influxoo

§ 4i O segundo prineÍpiog o conheci-


mento das Idéias e o conhecimento do
devenir

2)
À existência, independente do espÍri
to, de duas esp?aies de objetos, os de realidade !.
ea
79
<7
l
mutave 1 e os continuamente o?
var-í.áve í.s., correspon-
.

de. uma diferença_ no .. modo de conhecêc;olos º Es.tab,! .

lecida.por Parmênides esta distinção - o caminho


da verdade e o caminho da opinião =, ela subs í s-
..

,I'
t' i
tira o b r1ga or amente.como.postulade epistemolo-
o ?

gico fundamental.em tÔda metafísica que - distin


guir o mundo físico.pelo seu.caráter de.mutabili
dade es'seneãaã -à.e outro mundo- de. objetos imÓveia
O ser verdadeiro precisa ser eo:n.eebido como si-
- e
tuado ao alcance de nossa intuiçao inteligivel,1!3,
.

ra que se- torne o têrmo a que correspo:pde,de no..§..


sa par te ; -O eonce í.to , Há, pois, que procurar u-
ma. es.trita. adequação. entre. o modo de conhecer e
a coisa conhecida? Os earacteres ontológicos do
ob.jato devem. encontrar-se. sop forma
·

.lÓgiea na r-£
"'° A F
presentaçao apreensiva
Ha de haver.j por-
de l.es ,
tanto, operações.diferentes para cada ordem- da
realidade, as quais devem ter por resultad0s re-.
- " ·.

presentaçoes conformes a natureza dos seus respee


..

tivos objetos, isto é9 ' que


,1
traduzam a distinção
I
J
.

primordial entre o OC£(. o)) e o 4L4JJO)J.,E.Jlo)) o


? A
Se as Ideias .existem eomo termos fixo? ..

de realidade extramental, devem .ser conhee ídas per.


uma operação psicológica.diversa da que se.dirige
ao mundo. da- na ture za , .No Timeu1. ao .ser enune í.a-
do êste prineipio, é designada sob a forma -mais
' "\ I
,, ""
geral de; 1' 0'1'1trLS JH.&7:t,.. /\0601r a apreensao supa-
/ C't ?e1: ?"? ()' :, :,
rior, e sob a de go"? "')tr'4f!JÇ a infe
- rier º Nada mais se diz aqui 1 ae que parece por
- 80 -

ser
""
suficiente esta refer;ncia para nos conduzir
- , 0
A
a exposiçaq c Ias sâ ea da eor a p La tonica do
,
cimentoj dada no final do livro VI da Republicaº
:
eonh!!
·-
ti
Se se admitem estas duas espécies, o visível e o
intelig:Ível? r-?VZ:<X. !cr;r? €£.ô?, óerx,ÓJ), J)O?J't'ÓJI

(509 d)j torna-se imediatamente claro que há dois


grandes .pla?os' de conheeimento?. Na verdade? logo
a .seguir Platão .procede a.uma-divisão de cada.uma
des?as- duas. ordens. e define,. para cada. uma das qu"ª
tro espécies .de objetos assim distintos? uma fa ?-
...
-::s];-.
qá almaj realizando uma o?eraçao
especial
.

au1dade
espec=Í.fica·,,J1rr zoZç ?é-rr:ocetrt. ,r,,a-fu?«fit
7:Etr:?ef J:ocY't(I. 7T<XB?.M-,O('t'(Ã f,JI T,j <Jlvr:f

-
rlr JI a
-
foe,?« ( 511 d) &· -·

.Toda.esta teoria do eonhec.imento


-

é dom_i

nada por um .princípio geral de


""'.
pr-opor-e í.ona Lãdade-,
A
que .es·tabelece uma r e La çac imagem-modelo
a.
entre .es
objêtos sucessivos das subdivis-Ões.de .cada seção')
.,
e os eor-re 1aciona o A ss1mj .o gener.o vas ave l , -?<X.
? e o o
.

e , /
O{J-t:1..:r;O( , con tem, como seus elementos mais mre-
• a. primeira subdãvf.sao
i
r or es., os que compoem .
?
, as
o o a

sombras e os reflexos; na segunda encontram...seos


A =
seres .vivos e os corpos fabricados, que sao.mode=
los relativa.m?nte aos da secção anterior? O gên?
.
' , ,
i-« e composto, na sua
ro intelig:ivelj ?'OC. J)
_{
o? _

primeira subclasse, dos objetos matemáticos<» figy


,. A
rase numeras que e geómetra.ou.o.calculista tra""'

çam materialmente e sÔbre. os quais constroem.suas


hipóteses; na mais alta classe dos inteligíveis
- 81 -

encontram-se então as -Idéias ou Formas puras,co-


mo a do quadrado. em si, .que é como-o modélo de
que cada quadrado desenhado é uma imagem. A .pro?
porcionalidade fica assim perfeitamente definida:
,
a sombra. esta para o corpo como a figura esta,
...
?
,
ra a Ideiae
Esta proporçio entre os ,objetos deter?
mina idêXJ.tica correlação entre as \fac?ldades ? O .

gênero vi?Ível .é, :em conjunto, apreendido peLa


opinião; o intelig:Ível, pelo intelecto, v oiic ?-
? ,,..
Mas a subdivisao do dom1nio dos-objetos acarreta
uma maior especificação das faculdades. A opi-
,,., , I
niao de sdobr-a-ise
, , as sim, em conjetura j El K <r co: ,
.
-
<X

e .cr ença , TrL (}'t° lÇ.'1


modos. de .conhecãment o corr,!!
lativos1-respectivamente, .às sombras e ao mundo
dos .. corpos an í.mados., .Lnanãmados e seus fenômenos.
Do mesmo inteligíveis cor
modo, a cada .. classe de
r e sponde' uma faculdade oognosci tiva própria pa?· g .

ra as coisas ma temá t í.eas., .a .Razão discursivaj,h-


'
r,.. v oux.;
I
para as assenc i as .. em si, a in t e l"a gene i.a,
4\ " 0 A

't OIJJô'I,..? e hierarquia que .estabelecem


A mesma
mundo dos .objetos a relação imagem=modêlo-9 presi
de na ordem das ..faculdades a. sua subordinação 1de .

tal. sorte .que cada. urna resolve -OS .seus problemas


, ,
e encontra .o seu. cri terio de verdade .na .que :lhe e

.

imediatamente superior Uma .sombra imprecisa le


>

o- ..

va-nos a.conjeturar qual seja o corpo que a .. pro=--


? A í -
clara deste dec,ide da. supos çao cpe
a vd sao
.

duz r
.

tínhamos ±'eito. SÔbre as coisas vivas e inertes·


- 82 -
A
na exper+eneia sens í =
é\ o
A
e sobre os fenomenos
dados
vel
p
so podemos eons ti tuir ºA
""
?
uma cã.enc [a pr ovave Lds
/'
simples crença? como tantas vezes nos sera dimn0
= A
Timeue A class1flcaçao d os seres V+ vos j a descri,
o
o ·

caracterizaição dos
ção dos fenômenos externosj a A
quatro elementosj etc.? j formam uma e í.eneãa de ca-
ráter qua]itathroj cujas· explicações finais devem.
ser busca.dasno gráu superioríJ no.plano
matemáti=
""'

co1 onde encorrcr-amoe , na representaçao


!
?
geomé í.ea,
-

tr
- ;p

na na contagem e na .pr-cpor çao numer í.ca , a


me dã.da ,
resolução das· questões naturais •. .Por fim<» p que
há .de postulado e .de hipotético- no principie da

ciência.matemática? as suas proposições? ainda de

certo modo submissas à figuração concreta e ao. eá]:


eulo eserito1 assumem o .grau Último de .inteligib.1
lidade-e-de imaterialigade ao serem contempla?as
as Idéias em si mesmasº
P
e iea e
A do1.a lRtº .
0?
a ciene a noe?tºica que se i .

apodera das essências inteligíveis j· reconhece-asj


ordena -as , indo .de uma Idéia a ?utra.j a través, de
outeas , .sempne entre. Idéias j .as cendendo das' menos .

gerais .as mais ger a.Ls, ou. descendo destas- aquelas,


.
o .
... o

,A .?
e .suspend en-d o ... as .nodas .aquela ultima .e suprema .e.2,
'li.

sénciaj ou melhorj àquela inefável transessênciaj


o Bem?
Senq.o o objeto fÍsico uma .. cópia .int?
do
ligÍvel aorrespondente
...
1
os modos de .conhecimento
que lhes são respectivamente atribuídos estão em

relação análoga, tlJS 't°O ÓO' oCtrtOY treº'


- 83 -
'
7:o
'
TO I Y
e:
I t,.I \ \
WO-'tO)) OV'l:W 'LO O;UDlW{}fJ) 7re(Jr
I
_,
,

ºJNOlW e ?'j (Repc,? 510 a) , O opináve 1


C.

lf)
está para o intelig:Ível as.si? como a imagem está
para o originalº Dêste modo? urna ciência mera=
mente opinativa, como a"físicaj tem na dial,tica,
como ciência do inteligível enquanto tal? a sua
norma , o. seu cri térioG
.fÍsiea desenvolve-se ,-
- A .

poã.s , sob a-dialéticaj. a rigor sem 'precisar dela


senão como de princípio? de scientià reetrixj em
t
6' ,,.,

que se aprofundam em ultima analise os alicerces


A
de.tpda explicagao
..,,
das co Lsas , . De fato, pcr-emsa t?

ft1?1ca o
r-e so, lve=se ame d"
o
ia t amen t_e?- nao no planoJ:lt;!!
li>!}

.
;?

tioo das Idéias-? .


mas diretamente .na .or dem dianoí
_tieaj isto éj seus problemas aspiram finalmente
a uma solução matemáticae
?
Eis a .z-a zao por o?
que Pla tao e 1ndub1ta=
.
o "";o
ma temá t caj
.
( ca F í =
velmente o criador .da f'Lsã
.

se nao
viéssemos a encontrar-mais bar de , ao e s tudar m.o s
a concepção da alma do mundoj.abundantes provas
para esta afirmação .como a ordem perce12 ?.ao ver
{
tivel ,R "' .,,
e.determinada por-corre açoes numericas e l "'
()

o parater .. geral deste esqu?


,I' ,I' ...

for!ílas geometrieas <;a

ma das faculdades cognoscitivas e os respectivos


cbj e t.os, tal-como. já nos a RepÚblica?se .mo snrava
,
ria por si suficiente para fundamenta-laº
""' ,P',
Mu-ltiplos sao os. problemas .que se _de'?
frontam-à. -interpretação. correta da. dialéticaoSão
os .temas mais.altos-da metafisica platônicaº .Em
particularj constituem o terreno onde uma evolu-
- 84 -

ção contínua se desenrolou, a qual, a partir dos


aspectos-vrimários socráticos, de tonalidade éti-
ca,atinge uma final
e obscura etapaj de .inspira -

_da matéria e a in?


?ão pitagérica? A dificuldade
? .., ., o ,
certeza.da exegese nao sao os unices, mas sem du-
vida .sâo os metivos de que subsist am
principais
cont:rovertidos e .pouco esclarecidos tantos-pontos
da metafÍ9ica.platÔnicas Para o.nosso estudo,.
po-

demos j de modo geraL,.-passar- ao. largo desses


N
deb'ª' ..

- f?. Tº
tes4\ A compreensao da 1s1ca d o 1.meu nao nos oc;?
_

·brigaj a rigor 1. a nenhuma. investigação. interna. no


_

mundo das Formas, ·


.. bastando o conheçimento sua. de
? -
sxf.s tencãa , estrutura geral- e relaçao
. com O-plano
nà.turaL, - Contudo, tentaremos-mais .tarde mostrar .

que .da ace í.taçáo, mesmo a tule de -hipótese, dati


teoria das Idéias-NÚmeros,- podem.resultar.intere?
santas esclarecimentos do_ mi to cosmogÔnieo º - -Muito
teremos aãnda . que dizer sÔbre o a spec to da. metaf.Í ...

s í.ea .. de Platão1 que se refere aos inteligÍveis m.2, 11;

temáticos?
Entre os dois planos extremos do saber, I
,
d oxa'teico e .. o noe tãco , situa-se o plano dianoce·-
.

o
tieo1 /compreendendo as.realidades matemáticasoTa]!
bém não figura no enunciado .dos pr:incipios da fí-
sica do Timeu, mas desempenha.um papel da mais al
A N
t
a :unpor tA
,
o

,
-
ancia na visao eosmogoniea de Platao, e
t
so a raves de uma clara compr eensao de seu .. signi-
-
..,

ficado poderemos atingir o fundo do seu pensamen-


to f'as i ' - '
co , N...ao ha no T·imeu alus ao ao cara ter in-

- 85 -
termediário dêsse mundo de objetos de ordem quan
titativa, mas, se o diálogo não o menciona exp?
sarnente, dá-nosj na verdade? muito mais? dá-nos
a demonstração direta de sua importânciaj fazen=
do-nos assistir ?ua. uti+ização pelo .·poder de=
à .

miÚrgico na construção das substâncias elementa-


res e no arranjo dos movimentos ce+esteso Na?-
,
12.u bl ica.? porem, o. cara·t er 1ntermed1ario da .dãá ª
,p o ., ., o • ,1\
..

neãa j entre a opinião e a inteligênc1ia, é expre!,


sarnente definidóg WS )Lê'l"ot?Ú' 't"t déf
. ,r;?
t: E. I(«. L )) o íJ t: 7;) dt. á JI o e IXY ol-traJI (21)0
(511 d)
e ?Q
O mundo risice e o d om1n10
,p ,P
d o numero e
da medf.da , .. Toda
A A
existencia individual e todo fe
.

nÔmeno natural. é uma qualidade quant í.f lcada ,


..

?.
uma es sencã a .pur-amen+e qualitativa que -se .. reali-
•. .
?

za. a través do número e da .. f'orma , ·A ·:rísica ê .do?

minada por esta necessidade de.explicq.r -Ó: a qua:riti


dade. que.constatamos.na. ordem cósmica<> A.regúla
ridade na natureza torna ... se -explicada., ... se conhe
cermos os tipos inteligíveis.de que procedem as
cópias que os. sen tidos nos fornecemo- Mas e.s?ta
? ?
par-t í.e í.paçao; por si so, nao .nos deixaria compr,?
t?' .
¢ o

ender a ordem matemática, que ?gualmente.percebe


mos; com efeito, os modelos inteligíveis, .as
-
Ideias, sao entidades puras, .da car-ae ter-í.za 1!,
.,P
çào ""'' o ee

nãcamen te .qualitativa, cuja identidade consist e


em ser .qual ê, distinguindo-se? assim? cada uma
,,.
de todas as outras. -

A participação, pelo corpo ma teria},dos


- 86 -

inte·lig1veis que nele se rermem na o po d er


( A
aypoãs , , °"'
i
ser a causa da quantidade com que se apresentam a
essência e os atributos do objeto, se não houves-
"'
se este plano interposto entre o ser e o devenir,
em cuja travessia a qualidade se investe
da quan-
tidade e através do qual a inteligibilidade pene-
tra no sens1vel, sob o signo do numero, da figura
' ,

e da intensidadeo
platônica supera radicalmente A r{s Lea
a aristôtéliea aos olhos da nossa cencepçâo mode!,
na, porque não ignora a significação qa quantida-
{Z2)º É no pen=
de na expressão da .ordem natural
sarnento de Platão que vamos encontrar esta intui-
ção? que depois terá Galile·u., de que- •Ja natureza
é escrita em lÍngua matemá·tica'i; e por isso a
= ,
sua teoria geral da constituiçao do universo e e-
o

la bor ada de maneira a evidenciar a função dêsses


Jl,t£ t'()(? Ú- º No. detalhe das explioaç0es é
ainda
poderoso o influxo da física qualitativa jÔnica e
it?lica? de que Platão não se?liberta na interpr?
tação de muitos f-enÔmenos cósmicos- e fisiolbgiCOSo, '.i

Mas a visão de um mundo ,construido por uma Razão


que pensa geometrieamente e a.certeza de que o d?
venir só se torna concebível porque o inteligível
imóvel, sem deixar de ser.singular e em sij é ca-
paz de manifestar?se no corpóreo sob as espécies
de d í.mensâo , figura e intensidade, produzem uma

doutrina que abrange com muito mais amplitude o

problema dO conhecimento da natureZ:? ..

--.,, -- ..._ ... --_ ... _.,"Ga ??.'ll!.• ..... ,..,., """':.•.....:. ... ·....._-..., ..... _, -· ............... ----.;1.,--,- __ .,,.,... ,?1"' ? .... ? ---'"''""'?---?;; ..... _.........
f_.-l,o,....._ ...... ... .... .... A..--..

I
87 -
·

§ 52 O terceiro principio: o mi-


to do Demiurgoº

3)
"Tudo o que começa a ge- existir?
rado por alguma ea usav , O mundo, como cosmos1f'oi
gerado; por conseguinte, devemos n eces sár-famen-,
te perguntar pela.causa que o.gerouG Introduz=
se neste principio a figura do Demiurgo,que con_§,
ti tuirá
A
um dos dif':Íceis problemas da cosmo 1 o ãa
g
platonicao
".,..
Qual a verdadeira e once pçao
-
do Timeu
bre a origem do universo? Um ponto e, certo; nae ?
A ..

?
ocorre a nenhum pensador g:r?ego .. a -hipótese. da
criação ex nihilo (Z3)º É êste um conceito da
cosmogonia mosaica (Z?.), incorporado em se guãda
pela teologia erist5. Todos os fi16sofos ante=
riores conceberam a realidade da matéria como e-
terna? como dada, sem possibilidade de ser posta
o A
em causa a sua exist.encia, agora ou no passadoº
? o

O .un í.ver-so , nois eu conjunto, é um vse r , e nenhum


sentido teria conceber um estado anterior .ao ser,
um nada absoluto, que .seria uma pura não-entida-
, = A
de impénsavel? Nao se pode por, .nem mesmo como
?
pr ob Lema , uma eondd çao.ide - À
nao-exí.s tenc ã.a absolu-
A ?
ta precedendo. a exí.s tenc ía , porque nao exist em
meios de formular logicamente a ques tâo , .Be -o
·ser total é. suposto como não estando a Inda exis-
...

tindo, então não .. há .a possibilidade de exprimir


algo, mui to menos de subs tan ti var esseA
suposto
- 88 -

estado anterior sob o nome de não-ser ou nada,


,
A
pois este e um conceito que so tem sentido
?
atual
.

através do conceito de ser, como seu contrári0olbr


A
.

?
isso nao figura no pensamento antigo esse proble=
ma; é preciso partir
do se.r como rêalidade e ter-
- (
.
namente atual.- O tema da investigaçao f1sica
,.
e
,
filosof1ca sera interpretar.a natureza desse ser
,? o

e dos fenômenos essenciais ou acidentais que.mani


festa, isto éj estabelecer por meio de que cone-ª .
p' g' e
tenaçao de noçoes e poss1vel produzir?se um esquQ
.,,. -..., .

ma explicativ© eoerente com a intuição lÓgica e

com os dados da percepçio?


A história
da fisica pré-platônica ,
A , ·
a
A ·

de um esforço interpretativo em que, .s obr-e uma -hi


pÓtese fundamental relativa à constituição.Última
- ,
do rea11 se desenvolveu- uma constr-uça o ideol?gicaj
que procura. dar razão dos aspectos fenomenais .. da
na tmreza.e permí.t e , por fim, elaborar uma imagem·
tot?l do cosmos(t O progresso desta·primeira fase
.

do pensamento cientifico se rêz na direção-de uma


qualificação mais exata.desta matéria primordial,
de que nascem tÔdas as c cí.sas, Os primeiros fisi
cos a consideraram como única; outrosj mais tar-
de, julgarão que deve haver mais de .uma e,.possi-
velmente, um infinito de realidades substanciais
dlstint?s .e irredutíveis umas às outras; ma.sj de

fato1 idênticas tÔdas na condição de serem. aquilo


""
de que se eompoe.o universos
A eosmplogia platÔniea não' se afasta e!
sencialmente destas linhas tradicionais; apenas
há agora um imenso enriquecimento conceitual,pr.Q
veniente de uma visão do universo infinitamente
mais complexa, que descobre a presença simultâ -
nea de um fator racional e de um fator irracio -
nal na estrutura da ordem natural. O que o Ti-
/ N
nos
.

1!!fil! revela e uma eoncepçao da natureza como


o dominio de duas influências opostas, que são
chamadas Razão .e Necessidade. Com isto Platão
quer significar que sua teoria interpretativa do
mundo fisico é obrigatoriamente def'ic-iente; não
por defeito da articulação lÓgica das representa
ções9 mas por falta de representações adequadas?
'O'm esquema da natureza, que .a supusesse um produ
to ..único da Razão, deveria tratá La com aquêles .....

caracteres.que definem a ordem do que é suprema=


- A
mente racional e nao poderia concebe-laj por. e=-
xemplo, como uma.espécie de ser em movimento& A
A ?
existencia f1sica.do
ffi(J
/
movimento e o que vconduz Pja
tão a conceber,, ao mesmo tempo, em metafísica o
mundo das Idéias .como entidades reais.e em COS111.Q
logia a ação de um.Ta tor estranho à Inteligência,
na eomp?sição do universo?- Não é possível com-
pr eende r..o movimento como- uma contribuição da In
t?lig?ncia; deve, pois, .preexistir como atribu-
-

to.da própria matéria primordialj tão inquestio?


náve í na sua origem como a própria matéria. que o ·

, I
.
.

exí.bo , Dêsse ponto de vista··e .que -aeriva :o meto


.. i
?q ge_ expos 窷º adotado por. ?+a't?o j de ª.Br.?.s.en ?.
-
- 90 -

tar Td: Nov


tftix dEd1Jp,tOlft-
'
f
separadamente

J!JJ,efJI? e em seguida Ú Ól ? y{X K 'IJÇ l"t -


.
l?dfoeJI(){ N?sta intençã? metÓdic? há algo mais
º.

do que um simples plano didaticoj ha o desejo de


deixar claramente distintos os papéis de cada fa-
tor- e ao mesmo tempo, mostrar como se interp§.
de,
nétra.m·a cada instantej.sem se destruirem,as suas
A
.
opostas influencias, dando em resultado o univer-
..

so que percebemosº
Não existe,· pois, um problema de cria - -

ção do mundo em Platão, se por criação entendemos


o aparecimento.de tudo que é, como proveniente de
um estado de total não-.entidadeo Dizer-se que .o
nada -pr e cede o ser- é menos uma solução do que um -

d?fÍcil problema, porque é preciso1. em primeiro l].


gar9 definir ?e se entende a criação como uma or?
dem de sucessão ontolÓgica (de que a sucessão te,m
poral é caso. particular) j ou como pura distinção
I\ ;>
14' e
cg i.ca
-_ em que o termo anterior ·e .a penas t.omaõo,,:ti,..
c.,2
,

mo exigido para a pensabilidade do outroº Nenhu-


? o , ºd a-e
ma especie d e rea..L.J.
, o
,I' o
d ultima .e- propriamen e ge-
' t
·rada 9 .em Platão 9 nem o mundo transcendente
- das
Pormas ? nem o caos da matéria pr-dmor'd í.a L, SÓ - -O
, -
cosmos e gerado, e aqui temos .uma das pos í.çoes :f\m.
damentais da cosmogonia platônica-e· É o universo
organizado, isto-?, o devenir re?ular que exibem
, , ,
os -ceus9 a-terra e tudo que nela se contem9 que e
preciso explicar no seu aparecimentoº Que antes

. -
d o ser h ouvesse o nao ser e inconce b1
.
rve 1 ; mas que
'· ·:
- 91 -

antes da ordem houvesse a desordemj é a


verdade
fundamental o
Dêste modo, o problema cosmogÔnico as=
sume então uma formulação exata: trata-se
da
explicar apenas como se gerou o estado de regula
ridade que constatamos no mundo rfsicoº T?? t?
é
essencialmente u.m.estado9 quer dizer1 uma condi-
?ão que se pode entender desde que sejam conheci
dos os elementos materiais em jÔgo e
a? influên-
cias que os conduziram a essa condição&
A posição do problema em .Platão.coinci
de, em linhas
gerais? com as obscuras intui ç-Õ es
dos físicos jÔnicos e itálicos; todos êles pro?
curaram entender como o 1iniverso1 provindo de
rori
estado natural Lnt'crma; chegou a ser a naturaza.,
J' &ltd
,? A
Mas so.Platao atinge uma compreensao dos fatores
A o "" ,I'
cosmogonicosj em.funçao. da atividade logica ·aa
. A ,-
Lrrte Lí.genc í.a, assim como so no Timeu e-exposta u-
tP .

ma teor1a racional da passagem da desordem 'a or?


demo
Para apresentar a sua cosmogonia1 Pla?
tão confecciona um tecido de alegoriasº Não nos
podemos estender sÔbre a função-geral. que desem-
penha o mi to e .. a narrativa alegórica na. exposL -
ção da filosofia platônicaº No Timeu., o mi o t
tem uma singular significação (25)? não é. um
meio .de encobrir um pensamento .exato mais profUQ
, Ã
do, nem um caprieho poetico exercendo-se .. sobre
coisas do saber cientifico, mas, antes., um recll.!:
- 92 -

so apolÓgico, para sugerir de algum modo uma intui


ção imprecisaj um pensamento que se tornaria obsc.:g
,
ro, se se quisesse positivar; o mito e um produto
N A • ,
da imaginaçao transportando urn autentico conteudo
racional. O mi to é a forma literária convenient e
às hipóteses e No· Timeu9 certas criações mi e a s ti
simbolizam uma condição do processo fisico, como a
Alma do mundo; .outras, uma figura,. isto é, um fa-
.
tor, como o. Demí.ur-go.,
Introduzindo a figura do Demiurgo, Pla -

tão quer' na realidade' introduzir simbolicamente


a noção .. de ordem na natureza..A submissão do. aeon
tecer natural-a uma regularidade inalterável só se
explica pela_presença de um agente inteligente1que
determinou o cur.so dos ,acontecimentos .e a estrutu?
(Z6) t·
ra das coisas segundo princ:Ípios .de razão G

evidente que a natureza exibe o espetáculo de uma


ordem perfeita. Ora, a concepção essencial de Pl§
tão e para a qual quer chamar tÔda .a atenção é que
esta ordem é, na natureza, um caráter acidentale A
ordem existe, .mas poderia não exis.tir; a desordem,
I' o estado caótico é um estado igualmente concebível
para o mundo material, de·modo que, se realmente o,
, ?
que nos e dado perceber e a ordem, alguma coisa d?
ve explicar esta situação de fatoº Contudo, dizer
que a ordem é um caráter acidéntal pode ser dito
em dois sentidos: rlsicamente e l;gicamente? To-
mado_no·sentido fisico, significa supor .a p:reexis-
.
,..· .
.; ' . . .

I' que
tenoia fisica dQ.c,=;tos, e nest_f3,,·,Ça,so· teriarqQ$;
, ' ?
dar carater real a açao do poder divino que
ope-
rou a transformação, tomando?o como urn deus
or?
nizador distinto da matéria que trabalhaº
Se,pQ
rémj como julgamos ser o pensamento de Platão, a
,
't
ordem e um.cara.er acidental? 'logico, , "

da nature-
·za, então.o estado de desordem, a que se
opõe?
tem apenas um. sentido virtual, significa uniea =
1
mente a concepção de.um estado físico mais gera?
que não.existe nem.existiu fisicamente antes.dês
te mundo? mas que constitui um estado ?e maior li
berdade, do qual a condição ordenada presente
p..Q
de ser concebida como derivando, pela submissão
"
a certos principias racionais.
o ,'
O D erm.ur-go e., .en t..,
ao a fi
gura 1111.( t1ca que
.
e
r

simboliza a imposiçãodestes prine:Ípios ao .. caos1


ou seja é o s:Ímbolo. que supre a necessidade de
j. .

uma causa eficiente para a transição entre o es-


tado or-garrí.zado da natureza e outro em que as ?r
tes materiais-,. eternas no seu ser e ?9' sua mobi=
lidadej não estivessem sujeitas a nenhuma .condi-
ção resultante da sua interação'.1 mas obedecessem
apenas ao princ{pto do movimento livre Neste S@
e

tidoj não existe uma ordem de sucessão física do


caos ao cosmos 9 mas tão só uma distinção lÓgi e.a
sempre subs is ten te, Não .houve como pensaram C.fil?
1

tos comentadores do platonismo poster.iorj Pluta?
co (Z7) ou iÍ tice <.28) ,. um caos fisicamente real,
antes de o-Demãungo subjugá 10; não- houve ç po í.s,
.... .

um comêço do mundo, no primeiro momento de um tem


- 94 -

po criado com a organizaç;o dos céusº .Flsicamen-


tej a constituição material e a ordem do mundo dy
o,
ram Jª h"'
a um passa d o e ernoG t
A cosmogonia de Platão não pretende de?
crever uma evolução real; quer apenas dizer =nos
como se pode construir uma estrutura lÓgica para
o.mundo, de moq.o que o possamos compreender tal

como nos é dado fisicamente, agoraG Quer parecer


a Platão que essa construção só pode ser feita
em têrmos de uma suposta his:t;ÓriaeA narrativa de
umq fabulosa criação é o meio que temos de anali-
A
sara.presença dos diversos fatores com que pode-
-- {'
mos compor-uma representaçao inteligivel-dos fa=
.

tos da percepção sensívelº Se supusermos a.desoI,


dem como condição mais geral que a .. or dem , podemos
derivar esta daquelaj .desde que tenhamos .encontr?
do.qual o princípio que é preciso supor aplicado
, A
ao mundo caoFt•a co j para. tiorná-d,o ordenado e faze -
.

lo coincid?r com o .espetáculo que ternos diante .de


n6s; ora, tal princípio, Platio teve d;le exata
? ? ( da
compreensao: e verdadeiramente o principio
constituição das grandes massas materiais e .sua
interação) ou seja,
o que é para nós 9 hoje, o prin
c:Ípio da gravitação? que corresponde ao que cha=
mou de Alma do mundoª
Desordem e ordem distinguem=se como.dais
estados diversosl porque não é possível tratá-::olos
como domínios logicamente.equivalentesº A ordem - .

, ?
e o estatuto ontologico do que se submetea ao do?
'

.. .---
- 95 -
mÍnio da Razãoº A regularidade da transformação,
a abolição do casual e do ineoncebÍvel,
enfim a
normalidade do devenir, são características a=
fins às da pura logicidade exigida pelo esp:Írito
de qualquer objet? para lhe ser conforme;
repr?
sentam um grau inferior, mas o mais próximo, ao
da plenitude inteligível estática,. que só .convém
cw '
ao .ser nao sujeito a mobilidade$ Sendo dado
·.

o
ser no fluxo do devenir1 a presença da regulari""
dade indica que.a passagem à ord?m.pode ser con=
cebi d a como a conquista, ·pela Ra za- o do domí.ní
, o .

da desordem, e que se inicia, assim, o estado do


universo legalmente estruturado?
A melhor,rnaneira de exprimir es.ta gên,2
;, "" ,I'
se logica.d o cosmos e representa=la
o

como a operã
ção de uma figura imaginária, .que .impõe ordem.jfi
nalidade e lei ao domínio antes entregue à irra°"'
cionalidade? Esta figura, que imp3e .a razio io
:,,.,

universo, Platao a concebe como expressao ? e p


s1mbo-
lica da Razão presente .na na ture za ,. isto .éj sin-
tetiza a totalidade dos aspectos racionais- do
universo e trata-a como uma figura-individualiz?
da , O método de Platãoj para compor .uma teor ia
da razão no mundo fisicoj consiste em explicar a
A .

sua.existencia dando?a .como outDDgada por uma In


teligência independente, e continuar a descrever
a-construçio do cosmos como operaçio desta--Int?-
ligência _çiivina exterior?-- Su.a verdadeira conce,12
ção é a de tuna Razão imanente, mas recorre ao a?


- 96 -

tifÍcio da fabulação demiúrgica, pois lhe parece


/ N
ser mais fácil estabelecer a· compreensao sup on do
a ação de urn deus operante-que podemos representar
por analogia com o artífice humano? atribuind0=-Jhe
sentimentos, desejos e intenções=do que descrever
a mesma histÓ?ia cosmogÔpica, referindo-se a uma
Razão Lmanerrte, Imaginando o Agente--colocado à .

atua, torna-se muito


A
parte do material sobre que
- .logica
;
; o
das duas fases,
mais facil a representaçao
a que precede e.a que se segue-ao momento d@ sua.
/! A
intervenção? Sobretudo, .e mais cómodo e .maf.s Pl&
,
torico, o que é do próprio estilo da narrativa mi
?
tologiqae
O terceiro princípio da fÍsic? mostra a
necessidade de uma causa para a compreensão .do ---

curso .regular da na ture za, Eic;,la, aquí., represe-ª·


tada na pessoa do Demiurgo, conee'bido .çomo um.deus
inteligente ou:.uma Inteligência divinaº Um .filÓ=
sofo9 para o qual.a noção .axiolbgica do.Bem.se e-
xalta a ponto de constituir um principio metafis!
co de essência e de existência. .de tÔda a verdade1
ra r-ea Lí.dade (Repe- j 509 b) ? teria que fazer cons-
tituir na posse do Bem a prÓpria essência da Ba-
zâc demiúrgica j ?r(t, fJoç
f
>' .

promoção do máximo Bem o princípio supremo da or-


(??,
29. e) je na

denação do imundo , .Ora,-representar sob a_forma re


um deus .e s ta Inteligência é o meio mais convenie.n
te de res sal tar a sua afinidade com . o pr Inc p o i i
do Bem, e de ·apresentar todos os seus passos cria-
? 97 -
dores como dirigidos pela intenção constante
de
realizar A
por toda a parte, na natureza, a obra
mais perfeita que lhe fÔr possível?
A divinização da Inteligência organi.z.2, ..
?
dora e um recurso de .exposiçao,
N
mas excelenteruen
te adequado ao fim visado, que é o de represen ?
tar a ordem cósmica como determinada pelo princi
pio teleológico de realização do maior bem poss:Í
vel$ _A figura do deus bom presta?se perfeitamen
te veicular a idéia
a de que uma bondade sem in-
?
veja esta. presente em A A
toda a parte e ordenou to--
das as coisas que existemj dando-lhes a existên?
eia e determinando=as, de modo a concorrerem pa-
ra a constituição do mais perfeito organismo?
p015Àe BgL; O
r-r
eê?ç; (Xrrx.Boc fo£Y
ti
(
7T? vt»; o H• (30 a) e Platão declara impera vamen
te que o princípio supremo do devenir e de tÔda
? \ ,
ordem do universo,
, ' ' =e=»
" I
JCIJ-e_LW'í<X.r?J) 1ê-
Ptôcwt;, J<..ri.l KOO),.lO'lf, e o desejo do deus de que
tÔdas as coisas se aproximem dêle om.ais poss{?
ve , l ff?)lio( Óz-c ,µ,rxÀl<rT<X. f13011)..?J&e r?JJér-!}rx.l
n-«ecx.rrÀ'1Q-l,d._ 80Clf7:<tJ (29 e)? Para ser?
vir metafisica· que estabelece como noção?
a uma
plica tiva da existência do ser o guantum de. pe.r=
-
f ei çao "
que lhe e dado realizar, Pla tao e levacb a
N A
Al ,,

considerar como ra zao de exãstenc ta, mesmo na 01:,


o

dem inferior do·deYenir nat'uralj.o grau de bonda


de inerente a cada aspecto do? objetos, airida e- ·

rêmero, de modo que aquêle mesmo sol que ilumi-


- 98 -

na o mundo das Idéias brilha também nas fu.cêtas v?


.riáveis das coisasº Um otimis?o metafisico inva-
de a física platônicaº ?procurada razão de ser
identifica=se com a procura do bem de serº
A bondade do ser manifesta-se esplêndi=
da na beleza do ser; sao aspectos de uma só e me,.2
ma razão, a razão de·ser, ou mais precisamente, a
razio de ter
sido feito. "A causa melhor s6 pode
criar o mais beloj nem é lícito que seja ou P,E-de?
a: 4' J
se ter sido de outro modo'", vt}N'L-S J.J aut:
:,
1JJ)
ouz-> ÉoZ'lJJ rf ?ft'tr,<tJ Je'i.J) ?À.Ào
rr À. ?JJ r? I(? ÀÀ e o=r ov (30 a ) ,
A "" ,I' -
A narrativa cosmogonica nao e senao uma
e

alegoria destiná.da a.dar-nos uma compreensão dos


elementos, dissociados pela intuição racional,que
À -
intervem na eonstituiçao do universo? Comoj po-
, ...
. ' ' /
r em, Pla tao denomina deus o '/!TOl E 1:?J ')) K.rAl 1TP<Z€ _

e= 7:otrd£. 'l:Olf 7T<XYC:Óç , serrte=s e obrigado a di.§.


tinguir o quej no seu caso, é unicamente uma figy
ração de um fator racional, do que habitualmente
os homens da sua cultura e do seu tempo chamariam
de deus? Assimj o autor e pai dêste universo é
declarado um ser -di.fÍcil de des e obr-Lr , ê1rfé'ZV
ée lº.,;
' e mais que' mesmo sendo des cober to , e I
ii
seria impossivel dize=lo
.,.
a todo o mundo,élff OJJtoc
1él? 7T; vt:o.c & dv Y« ov t
"-£.YE-LY (28 e)? In=
dubitàvelmentej--estas palavras revelam uma certa
intenção esotérica? são? porém? principalmente?
A P ,,..
ma advertencia qu.e Platao julga util para lembrar
que há um sentido
verdadeiro no seu pensamento.?o
do fundamento lÓgico dessa ficção?
O mi to do Demiurgo di vino transporta um
conteúdo inteligível; esta é que é a ver'dade que
lhe parece impossível, e talvez mesmo
prejudic?
divulgar para todosº Mui to mais j_ni.portante
lhe
parece que-se respeite na fábula do.Demiurgo
a
aparência do Deus bom, erlador do cosmos
e provi
dência que o assiste, do que concebê-lo
abstrata
J\
mente, como uma exigencia
.
da inteligibili,dade das
-

cot sas , Ao .Lado .do mundo. fÍsico, o mundo d as


ações humanas é igualmente um dos temas de inte=
r?sse. capital da investigação platônica, e não m
nece duvidoso que haja uma ?intenl;ão ética .no Si]! -

bolizar a_ razão da ordem f:Ísica -·.sob


os __ traços de
um Deus -bom e providencial. A visão da natureza
organizada as surne , .assí,m, o sentido de um berief'Lr
.
.

eio outorgado ao homem ·por uma .divindade inteli-


gente e poderosa e? ao mesmo tempo'.? e" .um estimu=(
lo constante s;, N
a elevaçao moralj pelo reconb.eçime,n '

to do bem realizado no todo e em cada coisa9


=
A constataçap do fato emp1r1co
£ •
da regu
laridade f:Ísica é tomada como indicio da ação de
A
·
uma potencia superior; a .or d em, .como um concea-.
,li

to de fundo ético; o Demiurgo julga que na .or=


dem é infinitamente melhor que a desordemª1 (30. a),
Ao dizer que é difícil .descobr-tr o pai do. unive1:,
so ,' Platão faz uma afirmação importante para a
filosofia cosmológica, significando que, de .fato,
- 100 -
: ?· .

árduo analisar todos os


,;, .

é um trabalho profundo e ·??f;:?I(:, /.;


aspectos racionais exibidos pelo curso da nature-
za e separá-los dos que subsistem fora e contra o
império da Razão, como inerentes ao substrato não
criado do mundo; ao dizer que, sendo encontrado.
..

êste autor, não poderia ser revelado, poderá ser


.

movido, já aqui, pelo duplo intuito de conservar o


-
......

eonheeimento destas especulações da teoria da na-


tureza dentro dos círculos filosóficos, e de não
perder os provei t.o s, para a educação ética e reJ..1
g Losa , que pode ter para as massas a aparêncla te..9
lÓgica de que se A alegoria do deus O.!
r-eve s tem,

ganizador serve, assim, a uma alta visão. moral,c@


c·itando os homens .a verem na natureza a .pr e s e n ç a
de uma Razão que atua. em vista de um bem finaL,CQ.,n
tudo-, nada.há de prÕpriamente religioso-na ?figu=
ra Não é sequer uma personificação
do Demiurgo. .

semelhante aos démais deuses, não .é proposto a um


cul to ou a tuna representação figurada,.. não é imr..Q
eado, nem louvado; nada há que denuncie nessa mji,
ra abstração uma entidade divina autônoma como o?
jeto de crençaa
Se é justa a interpretação que aceita -
t
mos, a simples denominação de !e Ó? , ,junto a cer»
tos atribu'tos de poder e assistência benéfica,não
bastam para produzir nenhuma séria aproximação cem:
a concepção j'Bdáico?eristã da divindadeº Na ver=
&::3 A. .

sac pla tonica, o mi-to encobre uma concepção da


·

fi
lcsofia natural; apesar disso1 bem sabemos quan?
- 101 -
A
tos esforços tem sido-feitos
para eonciliar as
duas cosmologias, sem respeitar
a fundamental d1
ferença que afeta o conceito de
Deus em cada ca-
SO o

§ 6º O quarto principio: a teoria


do modêlo.

Ü) A introdução de um agente causal na


? -
construçào do cosmos supoe ?
necessariamente a pr.,§,
A
sença de dois outros fatoresi ,
a mataria com a
qual o autor edifica, e o plano formal. -que a sua
ação tem em vista realizar? Ao enunciar
os pri?
eÍpios de sua fÍsicaj Platão não faz .menção
da?
t?r1a,. pelo motivo met6dico .de querer
apresent'-
la mais tarde como uma. exis ten.eia
A A
fundada sobre
a Necessidade, e estranha .por- natureza.
aos fàtô- ..

res que se grupam sob a inspiração da Razão.:,Qua_n


to ao esquema .formal, êste é perfeitamente reco-
nhecido e introduzido na teoria do modeA Lo , Trata .

se aquij no caso particular da fabricação do


uni
verso, da mesma teoria geral da imitaçio9 expos-.
ta no livro X da República? e que na verdade co?
ti tui a teoria da causalidade
formal em Platão.º.
Todo objeto que entra a existir no m1111,
d.o da percepção e ao qual se pode dar uma
denomi
tla çâ:o defi.nida .é õ:
:J
tal
em virtude forma que
revesteº Constituir com tal forma o mat?rial.dis
ponível é propriamente aquilo em que eonsiste o
- 102 -

trabalho do artífice. Mas a forma mesma só pode


vir ao objeto levada pelo artista, se êste a reti
raj por imitação, de outra realidade que a possui
I' A
anteriormenteº A forma e a esseneia de cada obj?
tojo q_u.e o determina a ser o que é; está.no CO£
po e aíintroduzida pela virtude operativa do
f.oi_

agente, mas .a sua origem verdadeira.é uma .oeorrê.n


eia anterior,, de 9-ue resulta9 por.eÓpiaj esta no-
va instância.º A forma transmite=se por imitação;
ca.daforma .existente.e modelo par.a mna.reproduça?
; A _,,,.

desde que existe.algum tipo .de agente capaz de e?


piácoola? Ym as pee to .. metafÍsico. primordial desta
doutrina da participação é dado pela concepção dé
, ?
-que ha uma escala de.d?gnidade· forma1'1.a.que esta
submetida a transmissão da forma1 de m0do que,. ao
A , •
transmi tir"""se do modelo. a. st;ta copia, __ a __ forma de?
. ' -
.

caã de. dignidade .ontolÓgiea i,. A imitação .. rep:roduz -


.

A
a formaj.. mas diminui. o es sencãa, As=
.

seu. valor. .de


?. '. (">J

sim sendo1 as operações formadoras tambem se en-


contram na mesma escala de importância metafisica;
à A
todas· pr-oduzem r-epr oduz lnde , . is to e, todas,
geram
cópias de modelos dadOSo A imitaçãoi por.meio da
A ? , .
,
qual se transmite a .forma do modelo a eopia1 e na
verdade uma cansa de degrada?ão d@. ser (Z9)º:Nesta
escala de valoração formal declinante, cada' exem=
/ A A ?
plar forma.I e. simultaneamente .mode Lo e copia;----as-
s í.m, .por exempãc , um quadro, r.eproá.uzindo.- certos ..

,...
obj e bos , e modelo. para outro quadro - que ré produza
.
;? ' •

, . --

êste, e é, êle próprio, cópia da,s coisas repre -

.?.,.--,
- 103 -
sentadas o

Platão supõe q?e esta seriação imitati


A
va tem um primeiro termog I\
aquele ,
que e sempre rro
A
delo e nunca copiaº Tal.e a Forma
,? = .I' I

A em si, aquela
de que.todas as.formas sucessivas saoN
reflexosº
A
?ste A
, do.
modelo absoluto e? a. Ideia .,
,. objeto, unãca
. (
.. I


--

em cada especie_;. A
e.simultàneamente a_essencia1;!
quilo .qua , .
q-µando. re.produzido .em .. qua Lquen ..... grau
/
de participação? por. Ínfimo que .seja,..
conferir.á
..
..

ao que a recebe .o noms.e a :t].atureza.


respectiva<, .... .

... A.: t?oria da


imi taç?o está\ pois1 no â·- ....
t'· ,

A
.

mago .d? metafisica .platonicao-. ·--?la. determina ... . "


a
s.eparação dos. diversos tipos .de causa,. doutrina
mais tarde compendiada por .?r.i·stóteles·o- .. Em
t$da.
ccãsa gerada, .. ao lado das '.questões ·referentes,.. ?a
.
,

"
quem a .gerou e. _ge .g_q_e ma teria, poe--ae .ne c es saz-La
., .
¢:,
?
.
o '
...
''
?.
ment e ma í.s, .e_sta ques taos
.,,,
. vista .de.,gué .. foi.ge1!1'
..
.!
,. '

da., fo:rma que. exibe $Ó lhe .pode ter sido. dada


.A
por .imitaçã.ow de uma .. forma,.·semelhante? .,existente
A A
no .modé Lo sobre. o qua.l.. tinha, fixos os olhos, o
·

a.1:
tista .que a .gez-ou,. A objetivi?ade .do modeA.Lo e. _
.I'

sempre requerida pela ..


teoria da" participação ó., O
mod?lo, como-fator.fabril?-??obj?tivamente?is.-?
tinto do (
artifice. ?
que Nao parece b.ê, o repro.duzà.
ver lugar, em Platãoj para uma concepção dai.ma?
ginação criadora pura j uma vez' que. são aupcs tas
existir independentes .as Formas .que .o ... espÍri to
contemplao- Nen.hum,a For.ma poderia ser.tomada co..-
mo gerada por um trabalho mental imaginativo,-
C.Q
·-·
104 -
mo criação artística puraj sem correspondência on
tolÓgica no domfnio das essências; seria isto.um
-
P_ensamento sem objeto, por conseguintej um nq.o?

pensar •.
A .eficiência .do fator agente estájpots,
em ser.conduzida.a operação.fabricadora .de. modo
que o maberría L utilizado venha a. por fim a fo.!: ter
ma do. mod?lo
.. Mas j ?, para .cada . tipo de .. realidade(?
lY

qlu:Í.do o. .eaao . irrelevante da. simples multiplic? ·-

ção de--uma.mesma..çoisa)9.a forma que possui r.epr?


senta uma.degradação da existente no modêlo.ej C.Q
mo a dignidade .do ser mede=se pela da .essênciafo?
A '

mal. que o. determina, .em . toda co isa ger-ada a per


'a suageraçao-e
..,.,

' ' .
"' "'- ,? ...
gunta
.

pelo modelo.que serviu :n,ao


, -
so .uma Lnda ga çac para o completo. e sc'lar e-
natural
cimento da ccd.sa , mas sobretudo .ví.sa o .conhecãmej;
to da ordem .ou grau.,de sua. perfeição ontolÓgic a .º
..

Quando menciono como. .dado o seguinte ob je to s tJum


leitoº, não está.q.e.modo algum.def'inida.'1 só.
isto 1.

mente. de um léito
a .. sua condição realo, Poderia
material,
tra trar--se
de um desenho no
?
com

pa=
p?l ou de uma imagem dêste em.um.esp;lhoi. Em to=
o leito. e realmente dado e. ex:t.,§
A
dos. os tres casos j..
,p
-
o

tente? mas em graus.diferentes .de perfeição ontQ


lÓg:i.caº O que distingue e ordena estas três man.1
festaç3es do objeto "leito"? a_qualidade e a or=
dem do. modêlo que.serviu. à geração de cada umag o
' I

leito composto-de matéria .e.se_u=


materia.11 que.é
tiliza para o seu fim especifico, é mais real que
- 105 CM

as outras duas espécies, porque foi constitui d o


em primeira mãoj á vista. do modêlo perf?it:Íssim?
'
o lei t o
o
em i
s , a Forma pura do lei to j ? =» JI
.:,

£Kê[))/J')v o
, que conduziu 8trll. K.ÀlYf
o trabalho do marceneiro que o fabricouº
'
Já. o
lei ,,
lei
'

to pintado e .a Inda um to existente j mas .de


uma realidade um grau primeiraj i?ferior·à por?
que o artista.que o traça cop'ia.a.cÓpia material,
I'
a Forma subsistente.
A ""
seu modelo nao .e .ma í.s .. em s í.,
('
mas a forma perec1vel.gerada pelo marceneiroo- A
pintura .do leito-vista no e Iho cons t tuã.ven-
spé í
..

tão. o .grau. Ínfimo. de. exis·tência do. lei to? urna e"" .

A
xistencia puramente virtualj que
o
confina com à
inexistência?
.. ti
Rela vamente .. a cada serpro= ?

I
.. pois_ 9 a.
9

cura do .mode Lo que .o conformou e essencial .para a


A

sua .qualificação .metafÍsicHao .. Se .o .ob je to. inves.=


t í.gado é. o. cosmos, em-
sua .. totalidade7. suposto- ge=
A A
rado , o pr-ob.Lema poe-se .em toda-ª .sua .ãmpor tan.A =
eia e grav:l.dade,Q. Em. sua. f'abr-Lc açao , .como A em. t o-
"" .

=
.

da f'abr-Lcaçao , deve ter sido usado um mode loo.Or.a,


A
? (
.. sao po ss Ived.s tan.to .o. modelo -perfei
.

ç,,
.

teoricamente ..

to? 6onstituido.pelas Formas imutáveis? de que


as .c6pias.em.primeiro .grau.sic belas é .boas, .em-
bora representem uma realidade menos;.realj.mas. a
mais .possivel para o .. que. é .. sujeito- à var í.a.-
alta -c

ção .quan to , o modêlo sens Í ve11 existindo


fÍs Lca , -

s t t e. v??riº acáo
em.con??an ·? ,
de? que· n;;o
Q g possível de=
:;.
. .
.....

ri var uma realidade boa e be La , Aparentemente·?


- 106 -

poderia parecer .incompreensível esta referência a.o

modêlo geradoj quando se trata.da geração do toda,


Na verdade; há .aqui uma simples distinção teÓri.ca
que Platão quer levar até o fim o ... A.demaisj não. e?
tando ainda nesta .altura estabelecida .a definição
da unicidade do universo,.nada ,impediria, em--prin
cipioj que .se pudesse pensar. existiJ?.uma multipli
cidade d.e -mundos sensíveis em processo de trans?
formação, e que. o Demiurgo se .. .tivesse ut í.Lí.zado de .

A A = A
um deles. como. mode Lo para a. genaça o. des te nosso
·
·

..

uni ver so , A menção des ta hipÓtese .. no. Timeu. nada


.

tem de .absurdo e .completa a.consideração dos ca=


sos po ss Ive í.s , segundo a doutrina da ?-'Lf-'1/ c s s
q'
. r
exposta na Republica.G
i

--·· . . .. . ... . .. . . . .. . .

.objeto ge rado , podernos , .pe Ia a=


Da.do . um .. .

ná Lí.se .dasua presente. condição, on tolÓgica,- irife?


. ,.

rir a na t'L'lreza. do .agen te .que o .. criou e .a - espécie


,..
..

do modelo.dê que sev serv í.u, :No caso .. do unãver-so , ..

..
6'.
pelo _menos,- esta .1.nf'erenc:i.a e pos s í.ve "'
e. e .por
Q
""' o ,?
l,
ela que Platão se assegura da .. qualidaq.e.divina do
autor. e e ter-na
.
A
do mode Lo ,
..
=
.. sua Lnduçao. fundame.n !
tal .cons í s be emipar í.r do .. panorama. de. b.§.t infinita.
"' ?
Leza , que e a ordem cosmí.ea , e conc Iuãz de9sa co.n
.

dição percebicla que o universo é uma.produção .di= ..

vinaQ Qs traços gel"'ais dessa doutrina encontram<;»


se já Sofista (265 b)j onde.é definida. como
no
pro d u t 1.va ou criadora.toda potencia.q1.+e-pode tor-
O A A

nar.=se causa de .. que .aquã Lo .que. antes não exã s td.a


..

comece a existir ulteriormente, trot: "t l


f{ "l" º º ?'J
o
- 107 -
ír;_ (J(!..J/ E <f fl.. }A,-E Y Et V? l d/nJ tX.µ,,L J) ?ji,tt'
?]) ()(t;,lot rfr,J/'fJTK.L Tolç µ'YJ 7Te_ÓlE.fÚ
l)lf «cv tier?' efOY /tfYE(f/)J,t,. Distinguem=se duas espé-
cies de produção: a divina e a humana , Em cada .

, .

caso par t.Lcut.ar , so o conhecimento das condições


da realidade .própria da coisa podem trrror-mar=nos
se a .. sua se. deve
-
ge·r.açao ou
'a. bondadê/
cderum .deus
.

ao. interêsse humano , Em relação ao.iunãver soj.. o


..
.. ..

? A -
problema. se poe toda a. sua .extiens ao, .No temos ,
.

..
. em
como um traço significativo do .penaamerrtc .üe P.la_
tãq?. que , .por- mais convencido .que .est<?,ja da pro- ..

dução .divina. d.o universo.i. esta .af'Lrmaçáo não ... é


considerada. jamais como. evidente •. Mui to ao .con""° o·

p
trario, as
o
.. t eor1as-cosmogon i cas·.dos.seus
e - A
prede ?
cessares,. explicando.por um processo sem causa o
desanvolv.imen·to da .es tr-utrura cósmica<i). a
... .de .. partir
um substrra t.o.,.pr..imordial,. pesam no .aeu .. esp:Íri to.
A ?
e? por mais. erroneas, que lhe par-eçam., .na o podem
ser rejeitadas _£rior:t como .e.videntemente ç1.bS11.!:
·-ª. ..

das , A .: es trru tunaçâo do. univers.o .. como obra do ª""'


,I'

,
A
caso e u.rna t eor1.a cosmogon .ca 1naoe1 ave , ; mas
.
t_,f'
o
i o o
l .

que so .pode. ser-refutada, como o fara.. o


.

I' ·

seria? .. I

T_imeu, pelo ar-gumen no coamo Lóg Lco , pela evidente


.

conclusão .indutiva de .qus a obra. be+a- e ordenada


em suas partes j em. vista .da realização .de um
tof""'. ..

do .perfelto?. só poderia ter .s í.do . gerada. por


... um
autor. inteligente.e quer portanto? uuma Inteli.=
go=
gtncia e uma maravilhosa Sabedoria ordenam e
' I I
vernam ê_s te mundo'", V o lf)) K<Xl ff,oY&õlY
- 108 -

r cv« t3cx.l!?rx.u8?y
oUV1:«.TT07JU-cxJJ Óux.-
«u/J f. e JJ« J) 28 d) e (Fi?1
Em várias passagensj Platão manifesta=
ql>

se com veemencia contra os que se recusam a acei-


t.":U "'.
tar a c?iaçao .divina do cosmosº ?-hipotese apre=
senta,...se naturalmente, mas lhe,.p?rece falsa eím.-

pia'.1 e.torna-se necessario·rechaça=la.com indign-ª


,,. ,?

çâo , como; o faz nas Lei? {.887 e) ,Mas o fa to de & ...

que; tÔdas as .vêzes que .pr ocura afirmar a .causal,! ...

dade inteligente .e .divina da na.tureza , lhe_ .. seja


.. .. ..

necessário previamente mencionar? para,em.seguida


=
afastar1. a .ht.pó, te se de uma geraçao
.
A
e sporrtanea ou ..
do. predominio único da irracionalida.de--.no .govêrno'
dos acorrtec Imerrtos., demonstra quEê a segurança com ..

que se f:lrma na sua.própria posição deriva essen=


cda Imerrte da .
.
certeza 1?efletida que lhe. . dá o .
seu
ar-gumerrto e on d e .
h/a, or-dem , houve 1.nteligenc=1-a o é <>

.oJ?=
"
danadoraº A este poderiam juntar=se, reforçando=
'

oj-sugestões de outro caráter? especialmente mot1


vos r e Lfg Los os e
A.negação da ordem divina dorunãve r a o
parece=lhe. ser uma execrável impiedadeº No.livro
X das 1?iJ!.. ?887 e e ss o ).? numa longa e e Ioquen+e
diatribe,
=
.o Ateniense verbera a conduta daqueles
? A
que poem em duvida a. exf.s t.eno La dos de uses, re<m-
$ando o testemunho.da. tradiçãoj a. .ré recebida na
?

?
1.nfancia? .o consenso à.a.comunidade de gregos e -e..2,

trangeiros;. diante d;les, o fil6sGfo'.se .v;.o?rid


.A
gado a demonstrar a verdade da existencia dos se-
A
- 109,-
A
res divinos e a eles deve dirigir, em uma ling-ua
gem carinhosa e persuasiva, ÂÊ '(Wfa-EY 7Tf 0-Wç?
um discurso indulgente e demonstrativo, embora r!J.
ra isso tenha, r: iõa,J-
de sopitar a Lnd í.gna çjio , (TA
,
TéÇ ?o)) B IF),l.-OJ)
.

, que Lhe i causa a impieda


de dos",.. tra.nsviados. .Mas. ojno tdvo verdadeiro de.§. ..

ta corrupção. deve ser. procurado naquelas .. doutri?


·

..

nas que..excãuem a causalidade divina .da natureza


..

A
e .pretendem que-todas.as coisas que -existem,exis
..

tiram e existirão, .devem. a .sua. .or-í.g em. umas ' à na- '
.,
tureza, outras a arte, outras ao acaso, Toe foEY
lf J---« cc.. I z:-à Je -r v '!l , ej
Se c>LC,(. 'l:1!7-171 . ú
. Já.anterioJI!men?e o.Filebo (28d) ex-
pressava a mesma vatií.tude , .... SÓcrates propõe a se? ..

guinte al terna tiva;: a totalidade .das ao isas A . a


.

/
que se. da o nome.de universo, devemos.concebe-la
A
como reg.ida por .uma potencia i:rraoionàli .pe Lo a- ..

caso, produaínão-ae ás, cegas. os.. acontecimentos 9.

ou; .pelo contrário, devemos,.julgar.que uma.Tnte- ..

ligência e uma Sabedoria admiráveis a. gover.nam?


A .r-e spos ta de Protarco .é viva .e exata! .exc Luã --

, que lhe pare-.


a primeira \hipotese1
'

veement
"
emenbe
'
..

Cl ..J
_( .

ce uma. idéia Ímpia, O.'lf vé. _O.<ri o>) ..


; a segun ..

da é vivamente.def@ndida e o motivo dessa certe-


, .
za e o argumento cosmologico mais uma.vez apre=
? .

sentado aqui: '?'Que a. Inteligência. organizou,


q O( KOãµeZ JI, tÔdas .as coisas, isto. é uma afim@.
e

ção.digna,da visão ??e.,temos.do.universo?.do solj


da lua' dos astrrcs

de todos os seus movimentos,
- 110 -
e a respeito destas coisas jamais poderia di?er
ou pensar de outro modo" (Filo, 28 eh
A mesma alternativa é exposta ainda no
Sofista.(265 e); o Estrangeiro perguntaj do mes=
., = A
mo.modo? relativamente a geraçao de todas as coi
sas j dos sêres ví.vos , animais e plantas e .doa cor,
.

pos inanimados j devemos .dizer que. se originar a.m


.Ó:
'
estas coisas j que não existiam anteriormente, 1reo
? - J
/l' ê e o Y- o 'li K o V 7: « pela ça o de um d eu s
cr tador , &eol.f.. d?1JA,(..,'-.oir e r.o.lf >!t'O(,, ou seguir?
.
!
mos a. opinião, vulgar j que supõe que a na t.ur-eza g? .. ...

r ou estas coisas. por. uma ... causalidade espontânea e I


( A I J. J
des td truí.da de inteligenciá.j 0{110 Z-t-JJOç, oc.ir-l?Ç
/
J I
UT o fa,<X. Tr Ç
' V: ... a.e Ol vo l
,("' .JI
o< k. oc 1, .
-o< y8
? .Emb.Q ..
(X. Ç .

na. e; atitude. de Teetetoj_contras.tando com a segu "'1

rança da convicção. com que Pr o tar-co , no Filebo,r?


.. ..

dargui .a? mesma .que s nao, seja aqui vacilante, .. e


,, ...
..
J1

pnecã so.ca tentar na resposta do Estrangeiroº Tee- -

ns to , de fato·j ..eonfessa .. que, .. talvez.devido. à. sua


d a d e e exper 1"'enc 1.aj
º ""
mui tas vezes tem. pas.s.s
º
pouca 1. .. .
·

dô de .uma a outra dessas -opiniões, e .. que sÕmen te-


. a presença do, vi.sttante. e Lea ta e- a .. influência ... de
sua.profunda crença na geração divina da natureza
? que o levam.a aceitar por fim esta.mesma conviQ
,?

çãoº O estrangeiro porémj lhe ensina. que .... esta -


-
I\ (N
conví.cçao ele a adquirira com o. desenvolvimento da ,I>

= .

sua -proprq.a na ture za , .mas se assim nae f'oas e , P.Q


J> o A
1

geria-. forçar. o seu assentimento pela "demons t.ra


.. .,..

ção com persuasão obrigatÓri?te, Tff À.Ór<f!


- 111 .,.,

)Ive 1:d.. 'Ttêl /}o U ?


Compreendemos
Ó<..
r Ko(.(
Ya
esta diferença
OC 5.
de atitu-
des como_retratando um.a diferença de caracteresº
Mas o que Lmpor-ta é. o próblema mesmo , a possibi-
lidade da alternativa e, .por-v eonse guãntie .a rne ? ,

cessi.dade de justificar. .racionalmen:te a asserção


da origem do .cosmos- por E:feito .. da operação. "de .. um
,
deuss Ja vimos .que .ha .de .s er .ne analise dos-ca-
0 ·: I ,P .!'
.
-
,

r.acte:res. do. objeto em .aprêço ,que se há.de -($ncon .. .. ....

trar. o. indicio dos seus _fatôres pr-odutcr-ess o _a-


..
A
gente. cauaarrte i e o modelo .ccpãado, . O .pape L que.
.

-? A
de sempenha .a noçao .. do modelo no ato .er í.adoz .. vem
tornar de .. uma segunda maneira impossível -:ram.l'la
tao uma eriaçao _ex n1ºhºl·,.o_;. Jª
c,s op ·O ""'d
o .. era .em .razao
r,,,.
.. a •
i ..
.

matéria1 porque esta é. eterna;.... mas. agora.? ... igual ..

? A
mente quarrt o-.a forma., porque. toda c o í.sa gerada o
deve. ter sido :à_ vista- de algum modélo.() A. inexi?
.. ..
A
te·ncia. A .A {'
do mode Lo, .. se f"osse .pos s í.ve L, .equ va 1 er-aa
• •
.
.

i
a .uma verdadeira .e r ··ação. ex.,nihilo s : quanto à f.0-1t ..

ma; mas .ser-ía admitir. que no .ob je to a . sua forma


.. __ ..

surg í.u do nada; hipótese .tão .a bsunda ... como .admí, =


.. ..

, ,
tir .que a .sua materia .. na.o .rosse .pne-sexã.s ten t.e?-.A
""' A o
.. ..

teoria platônica .da produção


.
exí.ge, pois, que tan . .
A -'I,,

to.a materia.quanto o ..modelopre=existam.,.a forma


,,-

A
ção do objeto. gerado.e.destinado ao devenir-o De.2, ..

te modo é . e.liminada radicalmente .a possibilidade


de. supor uma origem. a par.tir do .nada, tan to para .. .

A
o .. subs tr-a to ma terialj quanto para a es sencãa fo.r.
ma.L,
112 -

referência do quarto princípio a os


A
dois possíveis modelos para a geração do universo
e uma atitude rigorosamente me t od1.ca, a que ses?
.,. ,I' ?

gue a conclusão estabelecida no quinto principio,


de que.a qualidade da .obra.e a natureza de seu ª.1!
A
tor apontam.o mode?o eterno como sendo o paradiE
ma dêste mundo.

§ 72 O quinto princípio: vivo .exem-


o
p Lar , Unieidade e finitude do mundo •
desejo. de. um. deus .bom de rea;Lizar
.
5) O

a mais perfeita das coisas possíveis é o princi -


.

 ?
pio .supr-emo da. genes e do uni ver so, -P'La tao, ,proce·-
- . ..

de então .a explicar ... nos que condições. devem?._ ser


.. ....

concebidas em. alguma co Lsa.; pana que possa. cons t],


tuir uma .nea Lí.dade de máxima. perfeição. possÍwl na
ordem visível.. E .. enc on tr.a. que. duas .sâo .esjsas con ..

diçÕes z em pr í.me ãno. lugar f·-d?ve. ser·.uma


?.
.. .. realida ....

de. subo_rdinada. a ondem, marrí.re s tando urna .Leã no


processo do devenf.n , pois julga. que .'!a ordem é_ ni.§.
lhor do que a. desordem'-'; ... como. segunda. cond i. ção1
esta realidade deve possuir inteligência, pois
"nenhuma obra desprovida de inteligência .
poderá
jamais ser melhor que. uma d.0:tada de tinteligêncian?
1Jlíd£y ?))ÓIY)t"OY t:ov- YOifY !;c.oY'l:Ot; • 9 e

I?\ ,/ n I ? A
K.o<..JL/\.l.OY Gú£,.d"U«.l, Tro1:E tefoY(30 b)e .Sobre o
problema passagem da .desordem _à or-d em , deixa=
da
mos para mais tarde as considerações que pretendi!
? 113 -

mos :Caz.er e que .envo.lvem, propriamente,,, ' a. 'tese


da. presente disse.rtação(t Aqui nos limitamos es-
pecialmente a comentar a s?gnifi6ação desta se-
gunda afirmativae
A. presença. do. Wovç confere ao ser v1
sivel a .ma í,s .a.l.ta espécie .de dignidade. poss :Íve.l ..

na sua.classe: a de poder conte?plafª o mundo in


teligi vel das Formas(>· Mas o Nov, é .-essen.cial-
merrte o a tributo de uma. realidade substancial nsí ...,., .l:

quica1.a almao Por isso, o Demiurgo colocará, a


A r .r
1:nteligencia.na alma e esta sera incluida no cor
o

universo, YO íi Y ,.u..£ V €v
pó do
(, J I I 'I flll'f-:r;JI.-
v;:,?J p
o -éY Õj))j'A,rJ... r c rrwh("{rx.Ç,
·
como .. portadoeac.da.. Ra-
-

zão-e. da. lei;.... as s íra, .o?que antes .e ra .. apenas um


caos desordenado universo sujeito .a .torna'7'se o

um p:rdncipio inteligentEl .de ordem o, .A descr.i.çã o


..
..
...

destas opera.ções criadoras ?d? .a Lma e do .. corp.o .do


.. ..

mundo será. tr.atada. -com mi_riÚcias ma is - tarde;- a quí.,


. . , .

Platão .apne senta .em.Línnas ger-ais.,,esta ,--?douti?:tna -

suprema da racionalidade ·_do ser .un:l.versalj ... para


....

deduzir dela um .as pe c to que .. inte,ressa .no momen- ?


..
...
.

to .e Iue ãda r ,.. e_ que se. refe?e .a .ques tao do .mode Lo


""
..

eterno da. criação Em funçãó desta. doutrina,. é o- •

levado.a int:r;oduzir o .conee.ito.de vida.do unive1:


so, a concepção.do.mundo-cotnô urn animal dotado
de alma é de. i:q.teligência.
(_3.?) ,0; •• •

.. A. no cáo. do universo como coisa ..... viva é


l
..
-
.,
ii'

capt.t a L. nav.cosrno'Log La .pla. t,fl,,ornca(), ..para exp 1.ca


º .
º
- ..

la na sua narrativa fabulosa, Platao imaginara


,Pt,,i ?
o
o
= 114"'"
A =
_Demiurgo utilizando como mode.Lo para a fabricaçao
do mundo? uma realidade inteligível a que denomi-
na o Vivo em sij o ser vivo inteligÍvelo E per-
guntag nã·semelhança de que ser vivo o ordenador
-organizou o mundo?.•! (30 e)., Com .. esta questãÜjcon..§.
titui-se um dos problemas difíceis.da .exegese pl?
tônica, o.de saber que.significa ao certo êsse VJ
vo ideal Utilizado como mode Lo para o .mundo .. sensl,
vela Diz expllci tamente o t ex to que. não .. devemos
julgar que . tiv:esse o. mundo
A
sido feito. à imagem de
.
..

- ,
..

vivo .ge.rado , destes que. sao .e spec í.es ....


.

um .se:P - .. ou ?·

partes de. um todo, porque não .poderia ser belo. o


... .

que-. se .aasems Iha ao_ que é tncompãe to , .. Devemo ?-


. ·j·

po í.s, ccns í.de rá-d.o .como .f'e í, to. à semelhança-.,daqud.-


lo em que se encontram todos os seres vivos, .. ,..

-otJ 8' €ü7: t'Y·· ?,&.ÀÍ\:o<. ... 'séjjoc


.

_
j· quer individtaj. .
.
..

mente, _quer .em .e on jun to ó_ .E,


A A
-·' dá., .. em .seguí.da., como
.
..

definiçao desse. -modelo-vivo?- .ser aquilo que .. con =


""'
.

..

t,m.em si; envolvendo-os, tódos, os vivos inteli-


gíveis (3l\ T? r«e dtnI vo?z-? ?'f<x. 'JTi<.Yt'fX.
., .._ e ->
e I( El V o s v e« lJT.<:J
, -
rre e{., À.?f.3 OJ' €)(.E. l
,1
. ..

_Evidentemente, os-vivos.intelig:Íveis.são elemen =


tos .. do. mundo ideal / das e ssenc í.as., .daf'Lnã.das geral ,.,_

mente .c omo VOIJJTo<. o .Identificar s umâr-Lamen te .o


J \o--
conjunto. denominado .. o -Viv.o:·em .s í , o: V'"X D-s-Woll,com
'
a totalidade d?s. ldéias não par.ece exprimir .o pen .. ..

samen to de Platão .... o caráter. ?s tritamente exem .. ?


, o· .

plar .dês te JT.ivo permite. que, para coµhec?-lo na .. .

sua composição, seja licito procedermos a uma in-


115

versão da relação .modêlo-cÓpiaj. e, .já que -tudo-?


quilo que houver no modêlo deve achar?se-r.eprodu
A,
zido na copia j· basta contarmos todos. os gene ros 9
.
.

- .

I'
especies e caracteres diferenciais
do que se en-
contra na que os natureza, para.descobrir inteli
(
g1veis que-lhes.corr.espondem.d?vem ser os .el?men
A -
tos do todo vivo.exemplarº O.modelo .da criaçao.
.

pode j po í.s , ser .. concebido "indiferentemente eomo


urna--
.

Id eia gener .
,p e
..
'
' ca ,ou um .s .í s t ema .de I deias;_. .em i ..
·

... .

todo .o,.caso, .como constituindo-um domdrrí,o menor ..

que a .ex tensâo. do p?ano inteligívelº .às .,Idéias .. .

,_ ( .., A =
que.nao.te:rp. expressaosens1vel nao.de.vem ser con
-
tadas entrrecos .s eus e Lementios, Assim, .nao e ..... de
.:?

supor que aí "figurem _as Idéias dos valores mo .f"'.


.. .

na í.s '! a_ julgar pelo .que .diz o .Fedr o (250 b) :t .que


. .. .. ..

a .justiça,-ª sabedoria .. e quantas .. outras .. coisas


são. valiosas para a alma não brilham em imagens
neste mundo, ofJJ<. Ê YB6'T' e fÉ 7roç DÍ.ráe>'
? -
i)) rot?
-(
'r.?J.0£...
..
<. ?
0 /M,Ol W,µ<t rcr. · ·

.Quanto às Idéias ma temát eas, .. a. dací.«


ã

são .é mais delicad?º Nada.se.diz.?xplicitament.e


s_Ôbre .a sua presença no. Vivo em. s í., ,Posshrelmeg ..

tej para Platão., as Formas matemáticas, que sabe ... ..

mos. serem .os .,inteligíveis inte:vmediários, não. .

cons tam .. d;sse sistema de. Idé.ias,-porque. constituem


.. ..

aquêle meio in.t?rposto entre. o. ser Vivo .exemplar ..

( ,.. .

=
e .. a sua realizaçao no.cs en s Lve.L, .... Aquela. .Luz .,.aque
.

I
Le Jf s ri)? a que.. vimos. há pouco ... refer.ir-se.... o
1
. Fedro,. e que o Demiurgo fa:Z des·cer do mundo :Ideal
- 116 -

para .o refrata-se.ao atravessar a cama-


corpore.oj
,I'

da intermediária dos .inteligíveis matemáticos; de


modo que .êstes,
.embo;aa não participando do conj'll;!!
A A
to de Formas que compoem o modelo, veem a apare=
"'

cer eontudo na cópia ma ter-Ia L, .. O me smo pode di-


zer....,se. das Formas dos .. quatro corpos simples j cuja . .

existência no mundo inteligÍye:J. é afirmada. mais ..

adiante no. Timeu.. ( 51 b . e as ?) º - Tal vez essas Fo.r,


mas sejam concebidas como -exc.luid?s-"do .-modêlo? da
..

mesma maneira que as .. Formas ... matemáticas pois - sa- ..


!J·

bemos, apesar .da obscuridade. do texto neste assU!! ..

to, que. um. corpo s Lmp Les, o fogo9 por exemp.l o , .. e? . .

tomado como eons tuÍdo por·. uma qualidade a _.que


. .. ti .. .

se ac ha associa d ª-· uma 1.gura geomeú't r 1ca i· .a ... piram?


--
..
? It,
4;b
.. ..i;
o
..
. .
o o
i
de., ao que. julgamos.,. e ... exporemos mais_ tardej
-
de
modo a simbolizar .. um pro ces so de r.eduçãó da expe-
A -
rãeneía a tipos Ldea.Ld zados , .A.s.simj talvez, Plata.o
. .. .
.. ..

não tivesse. .cons í.dez-adc as Formas" dos . cczpos ele-


...

.
merrtar-e s oomo. inclu{das no Vtvo -?sséncial;. sabe- .. , .,

mos que mesmo antes .da organização do .mundo. .pe Lo


'.1

Demiurgo .(52.e)., -Já


,
essas.qualidades.se.refletiam '

no reeeptaculo .sem. estarem. aãnda _configuradas ...em


.

modelos geométricos .. (53 b) o-· A ação demi'Úr.gica _OOJl.


sistirá precisamente em dar=lhes .uma configuração,
distinta para cada uma , As Forrµas dos e o rpos
.

elementares, já antes da organização do universo, .. ..

se projetariam-fora do.mundo intelig{vel em algu ....

ma coisa. que. coexiste coe.ternamente ... com. as Idéias


e que é conceitualmente anterior à criação do uni
- 117 -

versoe seu aparecimento nq devenir visível.o.!!,


O
. ' - ,
gana za d o d eve?se. a es.truturaçao geometrica que
lhes dá o .Demi?go, de modo que assim.se.expliC;!
ria que se encont rem na copia ,
o
viva, sem contudo
figurarem.no.sistema ide?l.do modêlocr· ?ai? tar=
de .verem?s. que, pela ficção ·de. uma composição da
. ..

., . - .

alma cosmiea,.Pla.t?o nos.oferece.o.meio.de.imag!


na rmcs de .. modo .geral o eon tae to dos inteligíveis
com o plano ma teria.l.?--·. . . . - .

- o -V?vo,.sup.eriór, à s eme Lhança .do . qual.


foi er-Lada natureza,... é1 .. na .. de.fin:tção. de. Pnocãns
.a
(III, 8, ;J.6),,'?a p1enitude da multiplicidade dos ..

vivos
'
int?ligÍve1sn, ?? «vr-ot;c'j,oJ.J - 1rAlf}ew-
-
µ,""
'?..w
y:,
J
E q-7: e
-· ·
-t o ir tr,) I
/\.. o/ 8
ema ..d·e Id'º
ou ,.. ?WJl
e1.as que. se ar-
v
...
O t: w.JJ.
...

t.
... ..
,
, O)) .,sis. $·. É . un1 · - ·
.
.

tieul?m- em. gêneros .e_ e s pecã e s, .. separadas. por. di=


' '
..

'
. , '

ferenças Jes pe.cif Leas ?·. Expl.ici tamente e d-eel.ara- .

do .. que .os e Lementos...do sistema .aí figuram isola? ..

'
> A
-X .ex 8 . 6 )) ... ko; l
('
damente e em c las ses . ou familias,- .

KtJ.T? ..
.. (30 c rfv.r
?Assim,.. ,.há .uma estr.uti;ra
.. ...
l, ..

ideal .no . in te:rio r ..do - mod eLo.,


A
: pela .q ua L as., e spe ""'
A
cies se subor-dã.nam.aos genero$ e estes. uns -aos
_ .... .. - .. ,

outros, generalidade cnescen te , en.volvidos -t..Q


em. ...

dos.pela Forma Última?do ser .vivo em si; é .im=


por tan.te es ta informação, po:r.q ue, ao dee Lanar .. a
.. ... -

/' /
existencia des ta estru.tu.t>a .d:Lale-tica .no proprio
A . .
.

..

mode Lo., Platao quer 1.ndicar que a1 es t'a ... a. origem


? - .( "
...
.
"

da.possibilidade de uma e i?enc i.a, dío universo cons e o


.

,
ti tu.ido? , ·.
ha uma es =
.

Tambem no mundo d o deveni:r


CD 118 -

trutura?.lÓgica.'t em que veada ser. sensível ... figura ....

simu.ltâneamente como espécie"'iso;I.ada e .como me.me;,, .. ..

A
.

bro. da. hierarquia do s . gener


.
. .
.

os s .dcs qua í.s o mais


.

I'
alto, o.g?nero Universo, e a rep;roduçao
,
A .
..,
da prop:r.la
.

. .
JI' .

Ideia do Vivo em $1o


.

Está., .as s.í.m , as segurada .a. i?teligibili-


dadé da ordem. f:Ís:ica; .... o car;fter, -lÓgico. das elas.
.. - ..
-
.

A
sificaçoes.
.

dos seres vivos.,. anãma í.s' e. vegetais,.. e


.

.. .

da .sucesaâo.ceeguãar dos .fenômeno? .na tunafs t?gl- .

.timamente .inerente ao mundo corporeq , .


.
.

1 apenas
.

... ... com .. .. .

(
a .caracteristica-- da Illutal;,ilidade.j dQ.«naseer e.vdo ' - .

...
. . '
....

penecãmenbo , prÔpria .d? .que .é compos to com a ,ma.té .. _. ..

ria."· O que .importa "assinala:r .. aqui .. e, que?... Platao - .


.

.... ... .. ?
A
nos indiea .. Q_ue, na genese .. de ,rmiverso,· jllll.tamente
.
.

..

com as Forma? ,·- .f9i transplantado o : sã s tema lÓgico


.. ... ..

de. sua?L relações?-. A finalidade .das ciências que v- .. .

investigam. o mundo fisico é,,.,.,pois,- .descobr-fr :in.tj


gralmente .na .,éÓpia tudo .,o. q_'lle se .connémno ·erigi"" .. . ..
-
...

na11- ..-e. nao .so conceituar, .ãs to - e,. .q.ef'inir. .eada


.., .
,. ·I' ' .

. .

. ....
'•

obJeto perceptivel. ( "


pela conne s pon.éanc La com a .sua -
..

Idéia,. como" e las s ff'Lcan .e .subor-dãnar , eausaãmen t.e


.

todos os. aspectos do ser se?sfvel., .. apreendendo .as


..
.. ..

sim, tanto._quanto, .poss.Ível, .na maIJei:ra.?imperfei ta ...


- -
eomo se .da o "na ... carren teza:. da .mutaçao .. fis
?
iea, .. aqu_2
A

le quadro .. conce í.tua L e ,aquela-.ordem lÓgica supre-i-


lllB.mente inteligíveis que existem no exemplar divi
no , '

A A
. .. - , ... Uma .. consequencia .. imedia. ta da. cosmogene-.
.
·

" ,, '-·
se platônica e· o carater neeessariamente
_, A
un1cod? _, ,.
= 119 .-

te universo (32)
.. ó
.

.teoria?da exemplaridade do
.

·
, A ..

ato criador. impõe a existéncia de um só mundoj de


um so í
Vivo vis.vel,
..

'?
,CfoJJ çy Of<XTDY. {3,0d)o
J> - 'i.!'_• 1
C I

, - -
Tal e a conví.cçào de .Pãa tao; mas j conhecendo as
.

- .

o-piniões outros pensadores, que admf t í.am.; a de .. . .

pluralidade, simultânea-ou sucessiva,.. dos -mundos,


ãulga .. conveniente .apre sen tar -O- problema e .. debati
lo,.dando as razões que o conduzem à sua afirm..a.-
....
çao ,
.. , A possibilidade da. existêneia--de .mun-
,
dos. em numer.o infinito era-a.dmitida no. seu tell1Pº
.

... ..

por. Demócrito, .cuja .opinião n?o? lhe. podia ser.de§.


eonhec í.daj po.r outr-c lado, .as .primitivas cosmo-

- ....
·,.. ·.

goní.as . jonicas e a de .Empedocles- fala.m.de-. um? e-.


.

/? • •

... .... ..

xistência c?êlica .. do.universo., que se deco?em.: .. ..

um estado acósmí.eo , ... para voltar .. .. em sjeguida,,a.e?


tituir.7se todo .or'ganã zado., numa em .. -, periodicidade
Â' , ' . . .

e terna., A_,,.doutrina plat.onioa ser:a.?radiaa1·m.ente


..

,
,
·p .,,
diversa: o mundo e um e\ unico
. .

em sua
.

?specie?
'e Cl r_ ? I p
e, s ·ºOE., ;1k O,Y Of é>-'?-'- .. oue,a..io,. o -·A éhipo
.

.. ..

tese,... que ,é considerada por extenso1.,,da A.


pos,sive1 .. ...

multiplicidade .. ou.mesmo da. exãs téncãa atua l, de


, ,
um,.numero infinito ?de mundos .e recusada, .... porque
.

.. ...

a e?a .se .opõe·m dois. gos postulados da. .eosmogonãa ....


-
...

"
platonica: .... a. cenfe cçao , em. vista de .. um modelo , e
I\. . o .

.. ..

a bondade pr.ovidencial .do.ideus -. O .ar-gumenzo fun


.. ..

A. .

da-se .n.a unieidade do ... modelo. .Q -VivoA intelig1 .-


.

' .

..
..

A. ,
ve1, -que-se:rve de ..modelo ._a ger.açao dest e uni:v:e.r?
.

.. ... ..

so, é necessáriamente µnico, e não poderia jamais


- 120 -

subsistir ao lado de outro, como segundo, JU:,E O.?-


Ét:: ée.Q u Se ?Ír: ê..() ç,JJ ..ov ><. & V ... tror J? í'tt; .A r? . ·rt ...

_zão aqui aduzida é a .me sma que determina a unici-


dade. de qualquer Idéia ou Forma em .ge.ral,. isto éj.
a impossibilidade da duplicidade de .modelos, que
passariam a-ser entio-dois easog singulares .de

uma mesma For.ma superior, .abr-angezí.a .. a am- que os.

bos; sendo. assim, .. esta terceira Forma .. ser ãa .en-


.

tão o verdadeiro -modêlo.. A .urrLo Ldade de ... quaf.quee


.. .. .

tipo ideal, e particularmente do Vivo exemp La.n , é


.. .. .. ... ..
..
..

uma consequêncãa .na tur?l da sua condição de essên -- ... ...

eia .abao.luta; .DaL?oncluir .Platão que.o .unãver sc


,, ""º
e .neceasaruament t ,.,
e um.co pe a r azao seguanLrrt e; pode l ""'

....
ria argumentar-se que a unã
A
cd dade do modelo
""
na.o ..
.

.. ..
obriga.a unicidade da cÓpiao- Tal é o que.se pode
admitir .e se percebe ... de. fato,. quando ?e .tma ta de
, -
que .sao .objetos singulares,.. de. que se, ... po ...
.

copias
dem fazer. tantas reproduções .quarrtas se quei !:' a.m ,
..

' I'' J'


em.vãs ta de um so pr,ototipo .. ·idealo .... Nenhuma des.?
. . . .

...

,. .

.; ·, " .

tas cópãas, .porem1,A .. pode. aapãr-ar .. a maxima .. apr.oxim.§!


.

u
ça o .com o .s eu mode Lo., .. porque ... par a.rfs.so deveria p?
i A
,-
su r o .maxamo pos sâve(
L .de canacter es do modelo, e
o
.
A
·

entre estes a.unicidàde& A bondade


.

se.incluiria
infinita do. deus e seu desejo ..de .realizar .... o. mais ..

belo dos .vãvos sens!veis_,-levam.,..no? por .consegutn- ..

te, a gerar um só un íver-so , !Ra,fim·de.que. seja s? ..

me lh a rra e , quanto a: unicidade, ao Vivo perfeitdn,


...

rr-« O ÍJ- v t" 7; Ó d£ I< r °' t: 'b JJ frt;b vw. er <..V 0<.

oJvL-o,_ov 1' C/
-i:w 1rocvl'EÀ£i ?.:rf.,w-<>
? t
(31-b). L
- .121 -

<.
mundo mais O perfeito possivel e,pois,
,I'

?
Ê.ste principio de maxima
?
neces sar-í.amente un Leo , ,, .,

perfeiçao.e - ., - ,,
? razao pela. qual se deve,tambem ex=
.

c.lui? a crença na periodicidade da. existência .cos ..

mí.ca, ?A periodicidade que. P.latão .. reeusa. à_. sua


.
.. ..

- ., .

concepçao da .na'tur eaa e .aque Ia que .. consistisse em ...

sunor...,,u.ma alternância ciciica .entre_.os ...e ss.a d os


._,
acosm 1 co
fisica a
e.
'
eosmiço, º

imaginação de um mecarrí.smo de,revers,ão


..
e .. que
..
por t ant.o inc u sse - na -
º
li ..

r:ftmica. do .unãver so .ao .. caos,<> Não é.exclu.ida,po""' , ..

rém? .a .pe.r.iodieidad? interna,,ao cur so do unãver-- ..

so, .sempre .na .condã çào de mundo o;rganizado1. .. e ... . .. ..

pela. qual a natureza, esti.vesse-su.j,ei ta a .um re?


.. .. .....
A """
torno pe?iodieo. das, pcs í.çóe s .dos astzos as mes
--
.,P -<\,·

.. .... o;=_

mas--posiçÕes?relativasj,confor.me.parece. indicar
o, conceito do-.Grande, Ano o .Con tudo,=, como .. diremos
ao. estudar a .beor ía. platÔnic?. do .tempo , . esta p.e=
riodieidade é um .ccnce í.t oubs cra to., .de .ondem. ma-
..

" --
1;ematica,.· .e .nao.venvo'Lvej a nosso. ver.?···ª .acef.ta .. .. .-
.çãode .um decurso ciclico para os
..
acontecimentos
naturais.
A rigor.j.. o princ:Ípio impÕe apenae.ia.u- ..

existencia do .. universo a cada inst?


A
nicidade de
,

A ?
.ob je to , .q:ue. e o.mun?o., .e s ta ... sujet
?
teº. ,Col!lo es.te
.

..

t.o .. par .na tu.reza .ao regime .de permanente .variaçã?


paz-scer-í;a que nada impedisse acei:?ar par.a .. o todo .. ...

a possibilidade .de uma ...transformação. regressiva-1


..

que o zecond uaí.sse ao caos primitivo i·· .de onde ,no _

. mesmo momentoj recomeçaria mn novo periodoo Mas


- 122 -

Platão veria .ne.s ta .hipqtese uma violação .do,.princÍ,


pio de m?xima ?emelhança? Em mesma, a suposi - si
ção da dissolução.do universo nada tem de abs?da;
tanto que é expressamente.considerad?-como podendo
ser realizada pelo Demiurgoj embora por nenhum' ou- -
.,, '\ e , JI \ .'l
tro Agente, OCAtr-Z::oV V1To 'rOV o<. À I\01f n-A'fj'>'
Ü-rro TOV e u Y.ó ref ?O( Jlt:
(32 e). º' O, I-
gualmente, na. fala que o,,.Autor . do uni verso, dirige . .·
.,
?os deuses.recem?naseidos,? hipotese da dissolu - 9
.,

- , (
exc Lu.Lda , ...em r.azao
çao do uni verso e a_.presen tada
.
o
.. .... .. e. ..

da .bondade. infinita .do Aut<?r.,, ,qu.e-nenhurn,.motivo-p.2,


,..
deria ter para. destruir. a. obra que compos j .. s.e .est?
.

... .. ...

era a ma í.s. perfeita possível, di t.o. -?m? 41 .a.i como é


'
... ...

., OJ,
'!tudo .que .. e .o ompos bo -e .destrui:vel; .... mas
4'
deseaar -di.! O

solver o. que .. é. perfeit?mente .harmoní.os o e ...uní.do , é ..

obra .de umvagerrte mauv, Em seguí da., .. o ... Demiurgo µ5? .


..

se como Providénç:ia conse.rv?doraj, ganan tãndo a ,em.I, ..

- (
..

nidade dos. deuses que gerou.4 ,.Na .axpr-e s aao. mis.tica - ..

desta bondade. do Demiurgo._esconde-se um ... psnsamerrte


.. .. ..

mais ·.profundo,- ,que é .,o ve ndade Lr-o angument o , .Pla- .. ?-

t=ao recusa- a a d missao d a sucessao - t·""


de exis. e.nci-a s. O
""' e <>
.

__
.. ..

, .
.

cosmieas .pe.La impossihili.dade .. de conceber -s e o de


?
._ .

venir estel).did@ ... ao uni verso como _todoº; Falar. de .. ...


- ,
t rans f ormaçao sens+( ve L e. coisa que so tem senti do,
? o .

- ..

dentro .do unãver-sc , O .movãmen to é uma.r.ealidad·e fe


nomena L ? interior ao. todo cósmí co ; .. .-Supor a varia. - .. . ..

·-
ção. do uni verso como .t odo .equivaleria .a .supor a v-ª
- r
riaçao dos modelos. pe Los quais seriá -constru1do-.em
. .
.

..

dois momentos distintosº Ora, o Vivo inteligÍvelj


- 123 ....

I' "
uru.co modelo a vista do qual se .poder í,a gerar al
o <I.

guma coisa que .se e hame de .natt ureza, he um so .e.j


o ,I' .P

por conseguint?j uma variação que afetasse ... ato


taltdade do mund o , como seria a sua alternânci.a.
em estados
disti.ntos., importaria .na pe.!_
cósmí.cos. . ..

, A
da de semelhança com o seu unãco modelo passivei;
...
<
..

A
a. saber na verdade, seria a sua instantanea anj,
. ..

quilaçãoo
A
Deste .. modo, .uní.cã.dade .do .exemp.la.r e-
.

-.a
,
terno e a.na.tureza.otima.do produto.afiançam?? a o

imutabilidade do universo, êste universo cp1 e


"" .,, \
.[(JZLY .s:«:
\ >'' .
.

]'ê roJJ WÇ .. et: ._E/T'C.()(C. (31 b).0-


... Ao?mesmo t empo vque único, .o imundo .•. ,._é .. ..

também f'ini to?, É tuna .outrra eonsequêno ta . que- de-,


»Ó, .

corre .dos pos tu.lados .que . inspiram .. a cos mo.l.ogía pJa ..

noní.ea ,.... Aformaçao.do t odo sobvmedd.da .. de um.mo""\'


A • ""
i

dêlo. perfeito,- Único .e--.flni to" como essência. inte


lig:Ível, impÕe Lgua Lmerrte.vá cÓpia.:,êste .atri.:bu:.t0
.. ..

de finitude, s.em o .qua L .. IJ.ão se-admitiria o prino=;>


.. .. ..
-

cf pio de .máxãma semelnança Por ..Ls t.o , o texto_,é Q

elaro quando nos diz .quee na .composã çâo do _COS.';"!-· .-

mos- abrangeu a ·totalidade de cada um dos quatro


elementostt (32-c)?
....
Fla.tão .bem .sabe que se .trata. aqui de .. ..

uma .qus s tào .Lar gamerrte discutida no pas sado , .. e ..

"

sobre-a qual o proprio.pensamento eleatico na.o .I' ç,,,

-
conhecera a unanãmãdade de .opãrrí.ces (33)
·

º
..... ó ..• A te-
.
. .

..
.
-
,

se .. platÔniea .é .segura .e,,partieularmentevis? re,.,_

forçar a afirmativa precedente da unicidadeº Com


'
- 124 -

que o mun_d"o seJa fi n it o, is-


,
, necessar10
e ea·t o,._ e
f o
o
. . _

to. é, .. que contenha dentro.do.s seus limites.a tota I

lidade da realidade.sensível; .do contrário, se


.

alguma parte .subs taneâa L resta·sae .f'or-a do, todo do


uni verso j ·.seria possfv.el supor que cem essa mat.é-
.. ..
..

ri? se .. gerasse .oubr o mundo ...(33 a).? o .qus .é acsur--


A
... ...

do,....Alem do mais, a f ini tude e uma cons e quen c a


, '
, ã
--- . .. . ..

também-da,incorruptibili?ade '
ou4.da.invàriabilida?
, ?

de. do .. universo como- todo-e,. ---A fi.nitude e .a í.nda uma


.
-

..

exigência. de .gar-arrtLa .:f:Ístea de dunabt.Lãdade , _Pa- __ ...

na. que _a'.na?ureza permaneça .inalterada na.isua or- ..

ganização, su je.í.ta .a leis que não sofrem.mo?ific?


-
..

J'
?-
çao na .sua v1g_eneia e _ne?essar.10 .que .. n?o. pos?a
.a- _A .P o
--·- -

CJ

ser admitida nenhuma ação exterio:r- .. que,.-venha? .ãn- ...

terfer:tr- com a. ordem instituída .pelo ))emiúrgo()' .. A ..

supos Lçao da per.sisténc.ia ..de elementos de .natur e-


""' .A
..

za .. quente ou fria-.ou, ..de i modo geral, .de qualquerI.


..
,
. Ll-.>
A
exercer força poderosa, iT<X.. v.e:
coisa eapaz de
Í I
Q .

. \ .J
-

t.(T?U.e(j.,ç ,?el, ... fora-dçs limites-


&I ,H
O(T(k., 0.1!Y0</vl8.L?
_

..

do .mundo organizado, cons í.tuã. uma ameaça d? t .. .. fatal


diss alução, de .. doença 1.I' de velhic? e de mprt?
·

. (]3.a)<>: -

-·. O un verso e ini o, mas .a esse cara.


.
• .

i ,?t er -

f t O .

..
_A

não se_ deve. dar. G Sentido .de uma. fini:tude di.men =


s í.ona.L, É:.finito, simplesmente .porque é 'Úni-eo 1
. ..

porque ãnconpeea .a totalidade. finita da s.ccoãsas d! ..

ver-sas ,. Nem mesmo o vazio. pode .. ser concebã.do e<= ..

xãst í.ndo fora do. corpo do .unãver-so., A .noçâo de .

fini bude. do,' mundo. é predominantemente qualitativa,


I
ej mais•
propriamente d'itoj a da compâ e tude] o mUB
.
- 125 -

do é finitoj porque .é completo, porque na ordem ..

A JI' J"
criada esta toda a realidade pre=?xistente, .sem
nada haver foraº !fada implica quanto às dimensões,
, - ,
e apenas-a a fº1rmaçao de que seria contraria _aos
.

..

A ?
post:ulados s: sobre os .quaã s assen-ta. a exp Lí.ca ça o
da ordem visível, a admissão?de alguma outra rea
lidade não .integrada.na.criação, f;sse mesmo o
vazio exterior.inf:1-nitoo
.Uma posição .e uma conc Lusâo seme Lhan.- ..

- A p
tes sao as.de Parmenides,. sabido que
.

... .. mas. e bem .. .. ...


"' ?
as suas .r-a zoes sao .. de .. cara ter .essencialmente lo.?
Ç::::;I ;
·-
p'
..

"" , f
gLco] em Pla bao., e antes o se.ntido .f'Ls í.co que -

com os
of.
predomina; .é. a ue ces s í.dade .de estar de., acÔrdo
pnãnc í.pãos .da exp l l caçao
ãmpoe,
..

..
o
·""
..

i'oí.ca que
f'Ls
..

..
.
..,,

- A =
numa. sucessao, de consequenc Ias , a ... conc Lusao da. ..
.

.
. .

... fi
ni tude do .uní.ver so, . ]? .por tarrto , em ·Ú.ltima .análi ..

?e? no .f'undament;o supremo .da unicidade :e .per.feJ.cc;o


ção,.absolutas .. do V:ivo exemplar. que está a .. razão

_
.. ..

da urrí.eã dade e perfeiçao relativas da. copia.c.,Por.


Ç'-4. .f'
c .. ..

·:rim,- ... a concepção do i.mundc .. .. e.orno tun .donr[nã o ?.fin:i toj


seguir sera .dã to , a.
,?
.

envolvido por uma vaLma ; como


significa que'.,- .
. necessà:r:iamente., é preciso. ima.gi""' ..

n?-lo como limitado, pa?a que poss? ser concebi-


? -? e
do cómo subordinado a orGem, a 1 eio :J

§ 8º O probabilismo da f:Ísica platônica"

A o term:1r1f.!,r o
o . ,I'd.i.o em que a1:yunCJ.a. os
exo,r .
o . e

. .

( " t' ,,,,

principies de sua concepçao eosmogonica e fisic?


- 126 -

Platão.faz Timeu declarar-uma tese .central de -seu


A
pensamento.e que,. embora.seja consequencia natural
t ,
do.conjunto de principios.expostosj.e de tanta re=
levância q1:1.e caracteriza o que ?e pode chamar uma.
interpretação platônica ?a.nat?eza& Poderia ser
definida como uma concepção probabilista do conhe-
cimento fÍsiCO·o
se. tem .discutido a .cor-r e ta inter
M·uito .. "'f.

pretação a .car ao valor de uma .ciência que s epist,.g


' '.. .

mologicarµente.1 Platão consí.der-a vcomo um El K.Wc;.


l>

..

p.iJ.Bos<> ,.Uma simples.e vaga noção de probabilid-ª


de no conhe cdmen'to vna'buua.Lvnao pode sa t í s razer ç sem
que .se ja definido o sentido.dado. ao. conceito de· .

probabilidade num ato de conhecimentoc .A probabi-


liq.ade poderia.ser. julgadaeomo?consistind.o.na .re?
lação .sn tr.e uma concepção metafis:t.camente .. exata e
' • ,p ( ' eod

um certo.nume:ro de.outras explicaçoes possiv.eis(tN§;,


da, .por?m., mais .. oposto -ª9 espírito-do pla tion í.e m o ,
..

Lgua Lmen te , .a interpretação dada por Taylor (?4), --j


-;

de que .a doutrina ,f.Ísica. do. 'rimeu é •:?the nearest.


... .

approximation which cantpr-ovã.sãona Lly ". be .. made .. to


exact truth'.i 1 si tua"""se ·-na perspectiva . mesma falsa ..

que.o .sentido anterior, que .consist? em,supor a-e=


A· -
xistencia de urna correta. inte:rpretaçao da .na tureza,
mesmo. se jamais. a pud enmos a í.ng í.r ,
..
O .êrro. de am- t
bas estas interpretações .crer· que Platão .haja con
é
siderado uma. situação epistemológica de fa toj. a .da
real incapacidade humana de.chegar .a um.conhecimen
..

to certo dQ mundo natural, quer por impossibilida=


- 127 -

de de descobrir .a estrutura Íntima das coisas e


as ações das _fôrças que .operam no fundo da reali
dade fisicaj quer por inaptidão a representar?se
como ul timos
,;?

e .. exaus tiv-os .da realidade quaisquer .

dados que .se possam propor como.ftLndamento da.or


dem urrí.ver-sa Ls.. .O probabilismo platôntco .. teriaj.
as s Im., .o .s errt Ldc de uma simples .condição.de.fato: .. ..

an.1ca.mente .por ... ser .pr odu.to de .. uma .inteligência ;tn.


f erior.j sorua .,a.. r"a.s rca .uma ca.enc
"' ? ºd\
a.a 1 nexa:t a ,cuJas
º e •
.

teorias jamsiis podem pretender ser algo .ma í.s que


.
I A


ver-os s í.meã s .... Segundo .es t e .modo .de ennender ,... o :fl.
.

lÓsofo .da nabuneza admitiria .. que não .pode abran- ...

ger a -realidade em urn .conhecãmerrto .exa to., porq?e-.. ..

,to - .

,., ?- Vll' ,,
nae dis poe s enao da . fraca .razao que lhe., e p:r.opr:Jaj
" Otd ..,._
. -

mas .julgaria .que., ao olhar .super í.or- .de .um .. deus, ..

êste mundo .. sezí.a tão r-ac í.ona Lmen te inteligiv.e 1 ..

?
e .. e h a veria uma .c1enc1.a._ dªiv na. per r·eiºt ª'O'···· ..
que. dd\l •
.
CA

?O
.. A
e
i
zazao _humana sente-se deb l L e.mao .conf'í.a .em seras.
• E<t o
.

esforços;. .o-mundo .ftüco- é... demas í.adamen te vas to, .

móvel e confuso para_ que permita uma explica ç.ão .. . ..

, ? "'t ese.j.
clara e .ãmutave Lt por Ls so, somente a ., h?ipo· .

com. a probabilidade j .. que .. lhe .é .inerente .de ser. 1

a "qualquer. momento .. invalidada. e substituída. por


outra, imita na sua .efemeriçlade cognoscitiva a
..

mobilidade mesma das ccã.sas, - . -

.Par.ec?=nos r .. porém.j ser. mui to .... dife:ren? ·

.
= A
.te a. in:te:rpretaçao correta. do probabilismo p.Ia to
.. ..

nâ co s ... não se· tr.ata .. da .aceã taçâo .. de .uma situação


de fato, mas é apenas a consequência de todo o
- 128 -

conjunto da metafisioa e da
.. teoria do conhee Lmen to,
Sp .. pode . ser entendido 9 . se imaginarmos. a distinção
fundamental. ent:re r
os dois planos .. da . realidade e os .

dois modos corrésppndentes de- conhe cdmenbo , ... Tudo ..


istoj .como se.sabe, e primordialmente eleaticoj
-
., .
,?

.. ?.Q
mo o nota Pr oc Ius
(35) • A
r)) (,) }{ tY). JJeoi:üÍJ)não
pode as pirar-. jamais a. tr ilhar o. caminho .da verdade ..

e ..deve corrten tar--ee em ..ser. um--domÍnio de,?hipÓteses, ..

um corpo .de intuições za cd.ona í.s , capaz? sem dúví.da,


. . .

de .. represen t ar de .a Lgum.modo as coisas .mas


-
j .nao P£ o
..

dendo justi:ficar.=se a si. mE?smo, nem .. consti tuir =-Se .. ..

em. um saber. Lóg.í.co e exa t o ,


,? A
Em Parmenides existe
.

·ª
A \ ' I
cãencã,a. ver-dade í.r-a, To<. ?t-[> o ç oC/\' l o.e
/J
e <X>\ que ..
.) .

,
..

e anunciada na.mensagem da deusa9._e consiste.no C.Q


.
-

nhecimento .de .um. .. só objeto9 -O ser A .. certeza


.
é o· .. -


poss tve Lnes ta or dem , porque o ser.real e unãco e?

,?
.

um .. pu.ro ,objeto 1Ógieo, .do :qus.i se i pr-ocur-am unica.=-


..

men t e .os .as pee-t os . cognos c i.ve


( .f
s intrinsecos.lpor via
.

i ..
o

i
?t. "
ana 1 ·1c?., ...d e mo d o .-que- sera neces?ariamen.t e .coneej;
?.
.:
º

dante constgo mesmo o pensamento que investiga um


tal objetoo
origem .. ne.§.
A atitude. platônica .t em ... a .sua .

ta distinção .. eleática; .em relaqão ao conhecimento ,

do. ser, é fundamentalmente .a.mesm?j .sa.lvo ... a modifi


? ., .

caçao? Ja apontada, da multiplica.ça.o do.seri na


-
..
plJ,J;

ralidade das Idéias e, .Mas? quanto ao eonhec ímen.t º-·


do mundo .ma teJ;3ial.?. platônica é' dependente ª-teoria.
de uma concepção. do processo .físico mui to .mad.s r.1
l ..

ca e profunda pelo fato de incluir a presença de


- 129 - ,J.

f a tAores raciona i s

1.rrae1ona1.s; dAes t e mo d o1 ... e
.e
O • Q

caráter .de pr'cbab í.Lí.dade dos enunciados da fisi? .. .. ..

ca tem em Platão um sentido diferente do de ser


um puro domínio. de ."opinião dos mortaisn,..na fo.r,
ma eleá tica. É a natureza .. mesma do objeto,o un.1· ..

/
verso da materia e do devenir, que condiciona. o ..

aspecto prob?bilista de qualquer teoria sÔbre o


..

( - ,
mundo f'Ls Lco .... Nao e da.par.te do sujeito conhe - .. .. ..

A A
cerrte, seja-este qual forj mas.do objeto.de estu ..

do .que uma ciência-retira .as suas car-act er Is ti =-


.-
I' .. . .. ,

cas epistemologicas •.. Omodo de,conhecer. segue .a


na.buneza raa coisa. a conhecer; se existem do.ís m_g
.... .
/
?

I
tr c.a.r "
.

dos de ecnheo.í.merrto , ..
porque existem dois objetos
o .

L <;,
=» a: t.t;.
ontologicamente
e- -
iJ ..
1
....

dis°'°
e

tintos, j.E >lê§: i 5


I ) I
urr.l.? º' Não depende .. do
.

e . o . ..

sujeito-conhecente, .da p?t;ncia do seu A


.espírito,
A
pnoduz Lr' uma .. ciencia ruais.perfeita .. sobre run dado
..

objeto .do que - que se· .move dentro .. da. ordem,


.a que Ia .

ogica.possive 1 ,para O O bºaeto em0ques t-


ep1s t emo 1,1'
. º e .
·ªÔG

A doutrina.platônica, de que. deriva.o probabilis


mo. de sua fis.ica, resume-se na ... seguinte proposi-
ção: a natureza .do . objeto .determina f'a.ta Imente o ..

grau. do conhecimento-que dêle se .pode- ter$ É. o -

que ví.mos expresso ae í.ma, -·ªº comentarmos a famo-


..

sa .sxpre ssâo {29 .e): .. 18assim como O- devenir. está ....

t'
__

.-
para a .substanc La , ass m - t am b'em. a- oprnaao es a -?
A
i 0

ra: a verdade':? 9 - Por ccns egu írrt e , se o conhec í.mej;


, , f ,
'
to. v.erdadeiro-so .e poss í.ve
?
das Ideias.. imutaveis, l ..
.

o mundo fisico será necessàriamente tratado por


? 130 -
;P

u.maoutra forma de .conhecimento, que so por exten- . .

- impropria
..

?
podera ser chamada de cieneiaj por=
? ?
qào
que lhe falta justamente para _isso a exatidão e a
invariabilidade de seus enunciadosQ
? / ,I'
o caráter de .é e X. W Ç e o que Platão ju];
ga melhor.aplicar-se a esta $egunda forma da conh?
,.
cimento, e .define Para sabermos .. que
por-.e Ie a_ o- ..

A
significa ao certo esse .. cara ter j temos
' .que .investi
,?

?
gar. do lado do- objeto. únãcament e , a procura .do sen
.

..

pos saf ve L. chamar d-e pr-ovave l.. uma pr o-


# ,?
o
tido? em que .e
? A -
posiçao .referent.e a .e Le.; . .Nao. existei .poãs ,. em .Pl!
.

tão nenhum. relativismo --sub.jetivo,. nenhum problem a


..

d's.subjetividade .da s .qua Lí.dades, .nsnhuma espécie. de


ãncer teaa. ccgnos cã tiva que se .. possa .atribui?-ª con
diçÕes a priori.do ato apreens ãvo vnada vem.ique .da ç

parte sujei to
introduza uma. va_riavel,
-
.
. 'iP

__
do .. seuma- ...
?OU:?

eond í.çao fatal de que re sul te a impr·e.cisão. ? 9. por-


tanto s o val?r apenas provãvel. do .enunc í.ados c.O su-
jei toi. para Platão? é dotado. de dois modos .de .. co...,
nhecer.,..e funciona em .c,arrespondência. com a cais.a
a .conhecer., É por. pa:rte. da coisa' mesma que se. ,ge':1;' -

·
ra .. uma forma imperfei ta. ge .ciênc-:i.aº.. Não é ape?as __
..

porque as coisas.estejam em contínua.transformação


A
.
.

e tenhamoç de apreende=las mesmo-assim, que nenhu-


ma-afirmação-pode ser r Lgor osa , sendo. fundada. .. s6'9
·
bre.um-ser aa s Lm inst£vel.,e transitório; ... é porque
na cons t í tuição do. universo fÍsico intervêmj como .

fa tores
,._.
A
cosmogonicos de um lado .a. Ra zao de ou- .. ?.
=
í)·
cp

tro a _Necessidade irracional inerente ao receptác.11 ·


- 131 -

lo em que se gera o cosmoSo


mobilidade do ser físico .é o.obstác_y
A
-
lo? ?
sua clara compreensao, e nisto estao de a=
..,.

cordo Parmerrí.des . e Pla t ao , Mas a. posiçao pla tocas>


A A = - A
..

nica é mais profunda e procura encontrar uma ea11


Sa-para a dificulda.de de conceber .. a mcbã.Lã dad e ,
..

- ? -
Na o hã aqui as mesmas razoes .Lmedd.a tas de ordem·
.. ... ..

éxe Lusâvamen te 1Ógica9 .. que excluíam .o conhecãmeg ..

, - A
to .. do.- move l., pana Parmenides Poder-se-ia fazer
.

o- --
"""
a -.L.upot?se. de .. quej._.. para .. Platao, se tornar.ia pos-
,?
'i,..?

...

,
sive?. um conhecimento .cenno .de devenir ., se -.este
.A . .

. .

pudes se , de alguma .mane tr a que nos .. é-impossív.e.l


..

imaginar j .s'?r concebido como ..um produto exclusi-


=
"tua""'
.

vo. d a. R.azao., o d evem.r so se .t or na. inconcei.


.

o ,? o ,?
.

vel porque .e,


.

realidade que .exã s te for.a do .. do


. .

uma. .
.....

mÍnio da ._Ràzão?- por.que. é .a mobilidade inercial da ..

ma teria cao t ca que constitui o seu subs bna to , a-


·# í .P
. ,. ,.
.. ..

penas domãnado , e isto ·mesmo só panc í.a.Lmerrte çpe-, .. ..

la .per suasâo . da Razã-oº .Por isso, .na. medida.. .em ..

= A ?
que*a Razao-impos a ordem.a mobiºlid
.

.. a d e d.o recep-
0
..

táculo.j .ne s sa medida se torna. pc ss Ive L uma.iapne =s.

ensão intelectual da na tur-eza , ... só. porque --não.foi


= ' .

e nae poder í.a ser total o. domí.n í.o do. o ir.ç j com N .

?-destruiçã.o,completa da primitiva Necessidadeié


U· '
; t ..,
.

que o presente estado do. unãve r so .. nao .. ? .. susce p'tj,


'

vel de conhec í.merrto .exato , ? a .pne sença da Ne.= .. ..

ces.s í.dade .nâo inteiramente conquistada pelo. es=


ao.ves quema. do mode -
= A
? í
p í.r to , nao de. todo , .r-e duz í.da
lo ideal, que determina uma franja de imprecisão
132 -.
" ?
em todo enunciado sobre o mundo fisicoe
.

O probabilismo de fisica platônica


,
e ,
pois,. a resultante-natural do ;reconhecimento_ da
presença de um fator irracional na constituição do
universo., TÔda le.i física.é ao mesmo tempo-verd?
dei?a na medida em que enuncia.a. parte da contri
-
....

N A
buição-da-Razao na ordenaçao do fenomeno aprecia-
,
do1 e provavel, na medida em que procura exprimir
..

o fundo irracional. do acontecimento? não de todo


A
eliminado" -
.O probabilismo p'la tonã co., como .d í.s.se ...,

mos, .nada tem . de--subjetivo, resulta- dos próprios


postulados. da cosmogonãa , SÓ uma. visão do. .unã vex.,
.


so que negue a exã s tene í,a de .um aspecto irracio .,.. .

nal na natureza-e inclua no .ser sensível9 eonnptjp


cipio? que explica a sua .tirana-
·

inerentes, .aquilo
-
.

, , ,
f'onma çao., como. rara Aristoteles, podera pr e.tender .

dar origem .a uma ci?ncia fisica cujas le.is ?e a=_

i
_

presen t em com .o eara?t- er ...de. c1enc1a


' A "
r gor-osa , 0
- . "·ª1!!
T
bém a -
metafisica. de Parmênides. concluia .. por insti
tuir uma fÍsica não concordante com a de Platãoº .

dºa zer _que so, e po11


A
M_as 9 em P armen id es, po d er aamos
e
-
A'.

sível uma.física falsa, u.ma ciência que nem se-


quer a tinge um grau de pr obabã.Lâdade , mas é
-
O do-
? A
nn.m,o da 1º1usao pura., .da completa ausenc ia
? 0
._
.de r-a-
cd.ona Lãdade , A_companhando. aq1J.ela mesma hierarquta,
...
que acama .!!
.aporrtamos na conce pçac J'
do ser j· e pos sa «
.,,

vel estabelecer.paralelamente.uma hierarquia epi§;


?
?emo 1'og1ca·nos modos de conceber a ciencia, do ser
• e
133 -
móv?l? de aeÔrdo com o grau progressivo de pene-.
tração da Razão no plano da mobilidadeº .Para .P§1
It, º
d
men1.es, a ft
1s1ca e uma e 1"'enc1a falsa;
º 17

para Pl.ê.,,
..

- "
taoj provavel; para ,P

exataº Aristotelesj
De tudo isto resulta
que são de todo
inábeis certos.pontos .de vista., como os que aci-
ma .. citamos, .entre ou tr os,
pretendem ex.plicar que
o .caráter de pr-obabt.Lãdade. da--ciência natural. em ..

Platão? cons í.dena. o pr-obabf,-,


Uma .expli.cação... que ....

A = í
lismo.. pla tonico como uma.. s tuaçao de. fa to, a. que.
.

.. ..

estamos reduz;dosj ou por quej. por algum.motivo-li ..

? ?
t
.
,..._
-
gado .as .cond í.çces .do .conhec í.men o .humano, .. as no.2, \

sas teorias f:Ís.icas não pos sam.. c.orresponder.,. à


.. .. ,

ye:rdadei ou.porque .sejam.üma i:ndefirtida_aproxi?


ção .. de s t a, .peca por..v!cio .. su.bstqncialj· que .,é .. -- o. ..

de imaginar .. que exãsta, em .. qualquer .. dos casos,uma


?
verdade .relati.:vamente. a ordem na tuz-a.L, .O:ra,aca- ...

bamos de. mostrar· que. jus.tamente o que Platã.o diz· ..

? .. "" ? .r
e que nao .. ha .ta.L. verdade-o Ha sempre urna ... margem ..

fa tal de imprecisão que se..manifesta em tÔda ..... e . _

qualquer teGria;- não .sabemos contudo se se deve ..

A .

consiqerar.,como.poreentualmente.igual.para todas
as categ9rias de fenômenos a parte iluminada pe?
la Razâo ,
Não há?· po í s , teoria fÍsitia. absoãuta ? .

men te vendade í.ra., e isto não depende de. que est.§


A
jiamos cons ide rando as. coisas peLo angulo da -inte
. .

ligência humana , Para .. qualquer intelig;nciajme?


·mo a dos deuses? a ci?ncia do universo fÍsico é
- 134 -

igualmente inexata e de ordem provavel, porque, e


? ;
do fundo do m?terial que nasce a irremediável ob?
cur-í.ãade ,
Não significa isto, entretanto1 que não
haja uma discriminação de valor.de verdade entre
os enunciados científicos., e_ que nâo. se possam S.£1

.
parar os verdadeiros. dos falsos; não signtfi e. a,
. ..

nem masmo.vque .nâo se. devam considerar. como mais ., .


.
- ,
se,guros uns do ?que outros; .nao ha. neste. caso .... a,;,>
quêle principio de apr oxãmaçáo a uni..têrmo .absoãu- ..

to,.. mas ttniCamente UJna .sã tua çáo. ?- esta ,." situa-ç.ão
. .. ..

de. fato.? de-mad or ou.menoz- .prcgr-es so .no.iconhecf.-


.

t
men o dos .dados sua conveniente _interpreta
e?-de. "."'

çãc., dentró dos .. limites .da participação nae í.ona L, ..

É sobretudo .na es trutu:ração geral. ... da .

c.iência: 9 .ao se .pnocunar . a- concordância .de .t odcs os


enunc tados , .. que .se manifesta a .. irrepar.ável.difL?
r ?
.

culdade
.

-? se torna
. .

..
construçao final
Lmpos.s Lve L. uma
,-1L ci?ncia .. que. resulta. do conjunto da
perfeita?-
- 'A
.

<. , ?- ..

peeu'Laçào. sobr.e o .. mundo--fisico1 ... por mais .. lucido que


seja.o espirito_investigador e ma'is-s.erv.ido .... de
meios. de indagação, é ainda .. de .. uma imprecisão 1a:...
mentavel, e, o que ep -mai-s grave,.. na- o ep isenta-· .de
?

contradição-e- As .questões concernentes à.--· ori g em ..

dos deus.as e do .univers.o apresentam-numerosos po.n


.

tos sÔbre .os .. quais é impossível •:•produzir=se um _.,.

raciocÍnio exato e
I
inteiramente coerente consigo
mesmo'?, TTIXY,úJ? ccu
,,
r otrç
e
êo<.YTOlÇ
,....
,
e
o u.os o= 1

1º li_fvi Yo 'Ire; ÀÓ'f o v ç !(ex.( Ôt..1P>J kf l/3 w;r.(JJ()l!f


-
( 29 .

'ao se JU
)

. N
• A
1 gue que essa 1ncoerenc1a e i?

. nexat í.dào , afetando apenas o plano trans.cendente


da fi+osofia da na tureza deixariam campo à cons
tituição de uma ciência empírica da ordel!l-fenom.!i
nal, pr?ticamente isenta destas-imperfeiç?es,co-
mo , no. desenrolar-do. seu mito cosmbgÔnico,Platão
está .de fato,descobriI).do os .princ:Ípios de... u ma
doutrina. da coris t í tuí.cào f:Ísica .a tua L do urríven-.
? A
so, .a .ver dade .. e .. que toda .,a narrativa do. Timeµ,p:t9
.

.. ...

cedendo das .. generalidades principiais que - estuda=


..

lI!OS e .. cont ãnuando-ae. pelá aná.l.Lse. da constitui -


ção das Gausas .. racional .e -irfaciona1.;.·-=nada _mais ...

' \A -
visa do que .dar -nos a, inteligencia .da condã.ç.a.o
presente- e .sensível .. dos cor.pos,. ---nos .seus .el?me:ri.. ..

- A
.

tos. integrantes--? na,. sucessao dos fenomenos inor ... ... ..

gân.icos .e.:.vitaisº ,.]?o:v isso, .. uma. car-act.erís.t.i c·.a.


...

dos. p:d.nc!pios é ?necessàri?men te"!, tambémj


,.. .uma Ci!
raeteristica,.do que .. deriva destes .. prineipios?. Se.
uma inexatidão .. essencial af's ta. os .. f'undamerrt os, , e
se ... o quadro- mais ger-a l . é _virtuàlmente .auspe'íto de
..

A
erro,- todo conhecimento .que da L.
·

I deconne .,e a.í se .

... , ..

sitÚa e9tá claramente nas mesmas condições -dei,!!


certeza,,
Podera julgar?se? pois j. que .. uma e í.en ,""'-
,I'

A
-

"
ao pr ecar ãa ..d ev?
.c í.a assim elaborada sobre .bass t""
;> Q
.

r.á bem poue o , .Naiver-dade; Platão cons ãda-


valer .:» ..

( =
nao .po d e escapar d es t a. 1.mp_e.rJ..e1-
?
ta ,que. a .fisica
.
.
a o
.. .

ção ?r-iginalj .ma s .nem poli' .Ls scc.Lhe vpar ece. que .. se
deva renunciar a construir êste "cent o verossi =-
- 136-=-
.

mil"; .arrte sj devemos felicitar-nos, ? -


A /
T"- tr«Y 7f.,;j CX

de poder .raae -Lc de.sta .. forma,.p:r;ovavel,, Tem a. con-


=
ví cçâc. - ... "
de que .a- sua .... interpretaça,.o nao e inferior a
..
.
.

qualquer outra em ?erossimilhança?,M-JJÓêJI oc fn:oJJ .

.£..ÍJ<..Ói:o<., (29--c); e cer-tanen te .a julga.de fa.to


supenãoe , .ccnf'orrne diz em 48 d , quando repete esta
""'
mesma expre ssao,..
... ..... A .t'rase final _do exordio e,, um conse lho,.. ;?
, •

-· , ..

Baste .,.,rl'.lOS 9 na investiga.çâG> f:isica, .. ês.te .. àis-curso-.?


"t
. ..

f'cl
ro?sinu. ., .. is .. o
ciencia ..do .. mundo?
...
,p

e1 J..açamos
.ç,,
uma -
A

cunstan te e-de .nos .masmos., .como seres


...
A
materiais que
,p

..
'

somos j que se -ccrrten to -em ..


,
.,..
dar a .r a za o. mais. prova=
.

vel .das .cod.sas .. e. dos acorrte cãrnerrt os, .nâo nos es _e;,_

quecendo de.que é v.ã ilusão .pre tendar aqui .a eerse-


.. ..
...

,p
..
que. so compete. ao conhecimento das es sene ias in,..,
. .

za .
A

teligÍ veis; .. --e por. Lss o j sa tis f'a zendo-nos ...... asaím
9
.

com esta admirável-ficção, não nos esforcemos.numa


inútil tentativa de ·E<i:L -rrÉe<X 4t;J,£t.Y o

***
- 137 -

CAPfTULO II
RAZÃO E NECESSIDADE

§ 10 - A dualidade de fatôres causais


·
teoria. cosmo.gÔnica exposta no. Tim.,.,ê.,,,U·
A
supõe uma. dualidade. de.-f?tóres causais Últimos na
constituição. do unãver s os /Vaüs... e- ?ltvi .."<rf} ... ,À
..

consideração 'des tas .no çoe s . suprema.s devemos dedi.- ..


f (t

A
car. este .capitule,.
(
onde procuraremos extrair. o sen
. .

..

tido. re pr e sentado por essàs- expressõe? simbólicas


...

e (:;1ucidar.o.papel .. atribuido.a cada qual na reali ..

zaçâo do presente .. estado da.natureza?--- - .. .. .... ., _ -

_A-leit1.Wa do. diálogo evidencia um plano ..

de exposição em .. que são sepazadcs cuidadosamente


.. ..

os dois aspectos j sendo .des cr t t.os., por sua vez? .. .

o. que _representa _a contribuição da Razão na çons- .. ..

? , ?
tituiçao do mundo e. o que e o resultadO·--da açao-n!_.
- ,I'
..

, .

ces sar-i.a, A-· _li'nha de. se panaçao e r-Lgonoaamente de


ó
. _

finida (47 e· 3) e as sãnaãada . por urn recomêço da ..

narrativa (L?8 b) j agora. pa:ra serem tra.tados os


.. . .

efeitos.. da Necessidade, depois que, .. na primeira p31;


A A '-" . ,

te, fora descrito p papel cosmogpnico da Razaoa-


.. Nesta duplicidade de ,.fatôres. fÍsi e.o.s
causa í.s está o fundamento da ,teoria. tÍ--si·ea ,.platÔP"
nf.ca, .A v-lsã.o do unãvez-so , .a qu í, exposta, tem por
? ? ,.,
per-spec tava
,..e,
mais gera 1 a antnu.çao ce que na o.e :pos
<'
.
o
4- e :i

sivel conceber a· natureza. e explicar suficdente=


mente os seus fenômenos, supondo a ordenação do
- 138 -

A ?
um so
sucéder natural soo a preqoµiinanci.a de
.

f8itor

cosmogÔnic? seja &ste uma ;inteligência criador a

ou o acaso irracional() Não será possível e;xplicar


?
. .
'

fisicamente o universo como produ?o de uma so cau=


A
sa cprganizadoraj por que , s? esta causa rosse a R,ê;
1
.

" - -

.zãoj ficariam inexpli(]aveis os n?erosos fatos que


não· se deixam reduzir a uma qpndição inte.li?iv?l;

se tosse agente cifiad?l ,: tornar--???ia ill _'.Q


.
ia.Ct;?.?-
,O

conipreensÍvel:'á ·racionalidaçie r?present.áda 'p?la ºI.


4?fja.s \l.q1:i?t '·.# •.. .·
'

.

· ·.
.

··
.
.:
.. ,
·

Plat·ao. Lmagãna en tao · .


-tµn? fi'.1-"oso.f'?a da n!!
.

·. A '
.

.. A
+ª t;óres sao supoa tos em
.
.
.
.-. .,.. .

estes
· .-
:

que ambos
:

t1'.il;f za, ·• el\1 .

A na'tur e aa , .. tal co=


.. '·.? .,·.
.:

_,. .-:
. A .

ag índo ·.simulta.neame:qte-e
.
-

J@g9.,··' ' ;-:_. -


:
.
"
esp?ctacu?O-
.. -
.de
·.:,; C'
· ·

°.:?
• . .
.

nos nao um
.

ffl()_Jf) apl{?·?enta? e -n?fi!.


o:ed,m,: pefrfei ta?·.'· ref"letindo a- .obr de .uma Razão .su- a
pr?rµa?, que tudo disp9s de forma que. a nossa raz;o ..

:tI?-?!vidua1 pudesse eap tar- e. conceber numa <\ritui_ = '.1

ç'?q):inteligÍ!?t.: ?otal? -? ?ssépc:ta de todo ser e a -


.

.....
.·. ,v..
·,
,
I
nem 14m domân í,o de .com =
.. .
,,., ' . .·

le?>?ª toqq ??.onteçdmen.to,


:

,., •- -

pl?J, ir_??gtfla;-idade; em .que os fenomenos- evi de n>


d\
• •.
o •.• •• .

._

·.

ci?Yp uma a l??ol?ta inde'termiJ;+p.çio º Vimos pela con=


elu$ão do. capítulo anterior que 'a r!s.ica. nã? pode '
I
• !i::,
.

elevar=se a co:p.o.ição.de um. conhecimento ple1tamente


racforial- do mundo; o objeto .mesmo que investiga j·
senâo um misto, ;não l?e- oferece a pos s í.bâ Lí.dade de
construir· uma teorià :i.nteiramente. racional e .eoe -=
rente.(l SÓ -pode abr-ange r j numa ?escri.ção lbgica OOll . -

corde , a .parte .que no fato na tuzaL .cor-respende à ..


'

--JContribuiçâo da Razáo0 mas eo?e es ta se assoei? .


. ,
_
,
- 139 -

?
ao fundo irremovivel das .condã çôe s necessar ías d,ã I;,, .p

quil.-0 s·ôbre que. opeza o JVpf,?,t em cada fa to na tu<=? - -


-"· . .. : -

r.al o aspecto racional S)ft- :Vé'-?êt\Volvido. numa ince1;


. .

teza inevi tfrvelo lf ao eonhec ímen to que se pr oceg


saem tais eondiçÕesj.o ma.is completo que se pode
,
ter das coisas criadas pela. Razão e pela'A Y c<1 K? ..
_,,

que-.Platão denomãna um saber provável, e que se


j I l I oi
exprime em um -ê.-LJ<. oro_,! /)_<;)yo?· _

·?ste caráter -e com ;;ste valor é .a


. Com ....

presentada. tdda a teoria :rÍsic_aQ, Ao


:
. '
.iniciar.
..... cada
.. -
:

uma das partes do 'dialogo, que tr.a t_am respectiva?


.: ,·.
--?
-

mente das obras da Razão e da Necessidadej .Platãó


indica e Lar-amerrte ?ste caráter; já o vimos quan- .

do termina !L .expesição ge_ral. dos ?i,tncÍpios (29 d)j -

ej-da.mesma maneirai .quando .eomeça a .relatar a. -

função da-Necessidade9-insiste em:1embrar quejpor


.

?
melhor .. que seja a sua propri? teoria,
.

que. lhe pa-


.. ""' ;Í?
' ' .

reee ser nao so.em·nada inferior.a qualquer óuà,

và?
tudo
9

.
i
tra ?as, pelo'
1: r()_v _
/
uma.explieaçao
eon trár ioj superior :,a::: tó'das ? p1J Je _
??" ôx:«, µ.cx.ÀÁ01-'.' dl (48d)-(???1 ela é con
?
provavel?
.;,
apenas a
__

,
mais.alta=
mente verossÚdJ 9. de -máxima .verossimi-
.. _Q caráter
lhança signif.íca_que se trata de uma
R
qua,
.
descri?
sendo plenamente satisfatoria na parte em que se
j
? A 11"'

refere.a Razaoj .faz sobr, o .papel dos agentes obs


euros subjacentes a hipÓ-'f;ese que permite cons ide=
rar como-máxima·ª- .influ.é?cia relativa do .Jl/ ou\
Nenhuma outra. t,oria-.pod?ria apresentar .um equili
? A
'brie mau -r.a.zoav..el .ent.re os dois fa toresº A pre=-_J
- 140 -

sente.teoria é aquela em que .sÔbre a influência da


jamais nul.a,
Necessidade, embora não a considerando .

é feita a .hipótese mais


provável, para deixá-la SJ!b
'· ( da
..,
Razao e
dom1n10 '
' .

meter-se maximamente ao •

vê-se, po í.s, que. o probabilismo da .


fisi,..
um máximo racionalismo
.

ca .. platÔnica se traq.uz por ..

?
fatos, nem particular e
t
poss (íve na explicaçao dos
' ?, '
para tÔda a.naturezaU9· 1reel lK.rJ..ôV/JY K<Xl

v11J111dirú1 Y (48 a 3) º .

supor que Platão tee;


Não. se deve. con tudo
,.
nha j simplesmente,. superposto os .. dois . fa tores e
que, .. rih .explicasão de cada acont.ecimento fisico,s.e
..
.. ..

possa separar. o aspecto nac Lona, L do irracional, a .. ... ..

t
.

pon t o. d e ser p0ss1 ve·1 " se_ quisessemas, ... r.eunir.



- .a e
.. ·

.capâ-
obra da Razão no .mundove. constituir .as s Lm um
tul.o;;- não .total .sem dÚvida, mas em si plenamente? ..

c í.ona L, da fisic:a? O que af .disséssemos não .teria


. .

s igni.ficação f:tS'íea .. r ea L, .porque a .. obra . da N ecess,!


dads .es tá. p:resente. e fundamentalmente .aas oc í.ada á ..

na tuneza mesma .c;lo.acontecimento-.naturaL, Razão .. e


Neces?idad.e cooperam. :Íntima. e. inseparàvelmente ..na
( o ... :t,solamen to
""' A
produçao de - todo .f'enomeno f1s ico., ..

dessas duas. .entidades. e sua_. instituição como fl!


tôres da or¢lem cósmica' obedecem unicamente .a .. uma
necessidade: lÓgiea, à .converrí.enc Ia de erigir em .s:(m
bolos os conceitos "Últimos? ma is gera.is $ irredu""
- .. .

tíveis entre si,que permitem a.discrimlnação oosa.f!


pee tos mÚlt 1° p l.os de- ,.., um comp 1 exo aacto ?
? =
O . que h:.I;!, . ..
,=ie
,_ • ..,.

fundamental na doutrina platônica é a distribuição

·"' """' ?- -?-.\,?• >,.'-• ....... - ... - - "' - - ., .... -·


d? todos os ?spectos da teoria rfsiea ?os campos
.cpos.tos -de--inrluência--dassas categorias causa is
super ior es ._

Razão e Necessidade funcionam como coa


í
ee tos legieos r_epresentati vos de duas espécies ..

de.--eausali?a.cle, -como.-veremo? ª--segui.ri _a causa __

que epera ém--vista- de- um fim, e a que La q,:;te. não ..


' .
. .
.

tf .... ·

?em- eu -dé que nao _e ecnhec í.da -? f'i:raa.lidad?? O m?


1
..

t-ivo .de ser exigida-esta distinção entre-duas--e§.


-
?
eausas emcontra:?se -13:0 intui to :par.t?i
.

p,ê3'?ie$- de .

q?e tem.-_!?lat?o ao -C.Qn.struir .unia ciência ·--t·Ísic?.g


.
• l
-

I
;·,·· ' •

-.
. ,· .,
- .-
tÀ,

pretend.e- que a e±?ncia ci?ve d?rcpnos. ?a --??pliea= -

i
Ç.?o das eeãsas da na tureza 9 mas em ve; q.e aãm =
tir - que ?xt,licar a Lguma eoisa.
'
'! ',
'

,p'
.simpl.esn,i,?te,
.. ... re,?
pre.sen?a?la como.submetida a corr.elaçoes ?onstall
·
·

l .
?
-

,
·. I .

te$,- j_u??a-·.q?e. explicar .é-justificar.j. ipto ·; i fa


zer .depeade r o- eenhec.íment c do -eomportq.rnen.to dê
qlguma COiSa--dO - OOnheeµiente da. SU.a raz:?©'--de - e--
;is tir? )$te ?s-pfrito.: envolve t;d? a t1stc.a..·
A
:, :,·· . . _.
•: - '
pl?
.

toni,ao
Em presença .do ser-ou de um aconnecã ==; -

!\lentof???co, _Plat.ão. n?o .eoneebe eomo -for?a-- à,e


. a?(lise -explicativa perfei??
-
senão aq_?ela-, que vj,
ê ?,..
.
. .

sa o .eneen rre da -Paza.o tinalj -e e ir EY


"" .

i
? K. °" , .a
- -

partir. de ._eujo ecnheeãmerrto. .se iluminam os de-


?
. .
?
mais aapec tos j -G defeito .d.esta. er ãenta çso e q"1e
ela faz entrar eom0 prpblema, na explicação de?
d.a coisa? o mér.ito.da .sua pr6pria.exil.stêneia;
..
in
? p t. /!I,
ser a sua exis eneza e?
-
.e..orpora a problematiea do .g_.,..
- llt2 -
me urnainterrogação. a, "ma.ia,-At--?ª ·?-<;-perde. a ..
.
,P

possibilidade de ex:plic.ar ,I dentr_oJ\ de.-?--c.j?terlct p_y_


.

__

.
'
:

ramente relacional? isto ei em t?rmos 4e wn


':
deter= .

•' •
l
. . •
'. .

min!smo .naturaljrÔ conhecimento


do cdmpoitamentp
• •
\ ...
1

 g'
.

dos ·s•re, fistaos,.


. .
_'.
Ent]:le .
a-?e?ão piat·;n1éa .e a ?r:lstoté:}.iqa . '
.. .' . ;
'
? .

daQausalida.de-firla:1, h? uma.diferença rádioal(t-P:.ã


.

.... est.á1-., .· to4e


???::flSr???;-, O C?Be?i!?-,.Q? CaUS?--?fir+?1 ?

? e?n?ido:.no. Pf?êt{piq. da
.",?ié·mpl_arida4e(l ...,.Deiqe
:;.?e,

que ,e ,a.,1;nej.ll,er_'.
,.. ·.
''
?atre os- poss1ve:ts·.c1a _,?esrba .. esp:e:e?e • ' ·..

-: 1,. :
'
- •
..
.
'

pç1.ra a. r?alizagão ª"


1 • ?

.)>aradigma ?tern(}.? - ? deve;nir.j.


·: ..
. .

':. ·- .
. '· . . . ·. - ' . \
.
.
.
: ' .
Ji
.

··stµ(.-t,t?liciiai\e.,.,,, '! eoneebãdc .. ecmo e,n,voivide


.

.
-. ?m
?i?
ú??i:,?·?ír?t?,1 ??e!t·?.t!;rl.?,:çãe tel9i??ógiea ,· Jha.s '·}k ... r?.- ..

'
$?;?r·:tnal ... q'.\;1e?. 0ad?·:·??isa. manifes.ta. não _··-?raigo·? q,le
. . .
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A
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â existe?=
.. ?: '
;

esteja; ?9mo ?qu? P:Ç fu.turczh de??:çminando


.
-
'

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· . I
? • '. • r ;

????-p?e?_?n:t.e. Õ:Q .s e1h. m?sj ·ªº c.q?trarioj a Ige q?e


. .

0 .
'!J<i

- '. •• !' "


__
•. ' ?... '
Á· f
preoed? e?ernaIQ.ente-t?da a reaJ+idade e.que,. da-?n
"" '? ·-?. ?- • • • .:: \..? ·?·· .. -- .
.

terioridade l?g?@aj.se pÕe como c?J! .qa.1suá :posição


sa.finâl:para.@. qevê?ir a...tlfa,l? 0.0bjeto, para P?!
tãe, .j, tumpriu integralmente a sua finalidade p?=
le simples fato de existirj t0do o seu:devenir já
,9
est,a in.teirament.e def"inido.ej p<.:>'r sso , não é. ne""' ã

,,
ce.ssà:rio super-nenhuma. }·?.tend;ncia!t .ou .!?ct:matus.?iP.!° -

lo qual o seu comportamentos? expliiue em vista


- 143 -

de um fim ulteriorº
.A
por isto que a fÍsica pla
?
t
tonicaj apesar do seu carater finalista que a
faz incidir no-s-d$feitos que.apontamos, não se
.e::, = .Ir
.
.
'

opoe a uma eoneepçao .matematica.da naturezaº Na


verdade, certos a,senvolvimentos .da meeinica mo=
derna têm ;ste .aspec.te !inal!stieoe ..Assim?- mui
A
tos .. dos fa tos que a - me canã
.

ca.. newtonãana .. exprime


.. ...

em e·qua.ções. -<i?f'er?neiai?j--construÍdas ·em -?---térmtbs


d???- determinismo. do, devenir fisico, .podem ·ser ...

·.
ig.lmente. exp:,;.ess.o.s na. mecánica J?.n,alf tioa, .por: ..
·

.1: .,_ -? .

·.;
-,? -.? _,;?}<!iqüa'çte:?f:. f(:)?ttl?lá:d_?ii-(?:egü;tld6_:j·c,-s ;·êi;,.âniaêlos':j,?[i?ê;f :'??:·;_:-:'.t·:-?-: ·.

··pios variaeionais; ·.
do. tif:},O. des pr:ine:Ípios· e, ·aê·. fuâ-cp _

:Jtima e mÍnitnEli.?.r po?·.-.exempl"o_o._---. »;s·te mod.?, ?nqu?n?·


·.
..
_ _ . _

. tó-a· r:!s1ca-cilâ:ssiea? - p,to 'me>dê:1ó newtonianq?·. etrr.


4 ·? .

face --de eer to fa to. pre cura.. -explicà=le . em f.Ul;lçao


- A'
das condiçoes-a?teriores_, ·a_ meeand.ca. de.;Hamilto_nj
.

. '

em. presen.ça· do mesmo -fato, .pr-ceura definir: qu.âlLQ


·
·

.qônjtmto de .-cendi<fÔes.:
'
.que_·· se. ·pôdemi abst?ata,irnente·
• . - .· '
. ¢;,
conee 'bê"T í, .para·_que 'de Las decorra, por ·uma.?ra??-º-·-.,.
.
. . • .
:-
··
.

preferencial, o aeen teeãmense .realº -Segun?t>-·is;..,\- _

ta concepção 'I a realidade .de uma coisa 011 ?é-?


.. .
/tmr?:- - -

-=·. ·: ..
'

fato- representa. um privile·gio ele que gosam'. -])ór?


.
t?_ '. .
.,

ser nes te s , .come ta í,s , que.vse dava màxirnamen"te a


= ,
condã çao neceasárda .para existirº --Como. uma ..... :ta1
' .
.

mecânica é perfei tamerrte expr-es ea em. lingua?-m-na


temáticaj a sua evidente. afinidade- com a, .teória __

r!sica de Platão.mostra não.só a v.erdadeira.moç


dernidade desta -Última, -eomo também-que a supre--
.zaaeãa. .da .eausaã.ãdade. teleológica, que· a inspira1
..
li

'

j
li

no sen.tido plato?ieoj não seria um obstáculo à?


.

?
tematizaçao da ecr aa a saca s
o
t ff ..

Já a causalidade final, no sentido ari!


totêlico, i?pede ver4adeiramente a formação de
uma.fisiea matemática.e Em Aristóteles, a causa
.
final pÕ-e<=>se cemo um ·rim--ulterior A que solicita a,
. .

cada-momento- o comportamemto--do ser-e .. cuja efic-ª.


.

-?iase-explica._pela existancia1 no-sêr.,. de - uma


A ,,.,
a .eumpm». esse fim1> A s?posi çao .. da. ª""'
À e
tendencia
.. .

- - .

A
.

xí e.tencãa,
A .

intrinseca
?
ao .cqrpo 1 de uma .. tepdencia .
.

- -
.

a .. at+ngir .o seu fim anula a. po ss fbt.Lí.dade.. de .

un1 tfatamento .ma'temát Ico.,, --C.om .e:feitO-?- nâocse po-,


"'
de conceber ... em-f'orma quantitativa· a .tendencia-- a .. '

um .. fimQ;-' Será sempre de-natureza q-qa.li ta tiva e -·d.!


.

finida por uma relação singular da coisa ao seu


fim o Ili

Fazendo.dep?nder o conhecimento de um
acontecimento -f'Ísic;_ do conhecimento de su?--razão
de ... ?xts tir.j .-_,wri defensor da. causa Lãdade fiJ;ial_j' c_g,_
·
·

..
_
'
·; ' :

: ,:;,,
. .
.
.
.
_

,I'
mo A:ristoteles por exemplo, nao .observa que, . .
so
depoã.s .de plenamente .conhe e ida em tódas as. su.a s
propriedades .ativas e passivas ., é_ que se .. poder La .

Lndagar da finalidade de .a l.guma eoãsa , pois .pode-..


ria ?conteeer que esta se revelasse só depois. de
se tornar conhecido um novp aspecto do sêr; come,
J' ... ,
poremj nao tem.sentido dizer que alguma coisa e
int?iramente eonheeida? isto.é, que foi esgotada
a -totalidade -de .. suas .relações inteligíveis poss!-
veis, não chegará nunca o momento oportuno de9 em

•" -.._. -• ....l-'1?',..'),..._ : ;.,.'-•::Z ,_-..._..,_ - - -.,,, _._, ._ - ,,,_...".,)V•.,..,.,_.,.., - ? •"' -?- ?? _.,_ ........ _ • ,.. ·??A- ..
r·J1ação a qua Lquer cdí.sa
, indagar de S1fa razâ:> de
Séro
Ade?ais, a consideração final!stica i.D.
?:t.qdJU- indeaeJà.velmerlte, no-campo da rf?ica, o
ptoblema-do.valorlt .Sob o .aspecto de ftm .ocul.ta-.
sé .uma valornoção de Uma suposta explicação ft ..

,
e>
.

, , . . .
,
nâl so e-aceita
como.satisfatoria, se o.fim al?-
gado é qua11t?1cado pôr um.va Icr positivo. q?alqmr,
?. ja de- utiifâade ,.. d? be Leza. .ou ·out;o - euj; ··;;ali
- .

',j- ? _l, jÍ t-,.. .
.'. ?. I • ., ,:·' •,.
• •

z?ção, por ser valio?f:l.-e_desejada, passa.a


i-:
<:!Ol).qi i i • • ,... • , , r 1..
• • •• •
--

e tonar entio .a.exist?ncia-da coi?a em cau?a? Com


•.:..
? ' •
• I ? .


?-
et:,

Platao? dá-se .justame)nte-esta.confu?ao que o fez


I
tJ?

A :·

c?nceber a existeneià das coisas como dependente


q.e um-valor ·de-existir,.que o Demiurgo .aprecia
.
A ,:,
no modelo-e .cuja consecuçao.e a causa que o _faz
_..,,_

..

executar- uma cÓpia-.na. na ture.za0 .O valor de- exã s


-

? I
tir e o principio de rasao suficiente de cada ooi
.
.
...,

sal)
A fisica, porém, como a e oncebemosçnâo
A
pode cogitar da existencia .eomo problemaº A exis
A P ,I' p
ten eia e dada. com o existente; e o unt.co dos
··!
- -

-
seus as pee t os que nao -Ca b e mves t a gar' ... aaacamen-
º º
-
r' ..

.pr-obâema t í.cos ,
...
tef todos os- demais .sao ,I' .

.Mas, .se o ideal.da_fisica platônicas?


ria a conclusão de .. u.rna teoria que consistisse.em
,,..,
i' o ,P
uma universal justificaçao fi11.alistica, o ?1los2
fo nos mostra que esta aspiração não é .integral=
mente realizávelº Não é possível construir-a.ff
sica supondo que t?da a realidade f?i plenamente
pela Razãoº -Se assinL_fÔ.s-se?v-?mo.a _a.
i:q.f0rmada
e?s;ncia de t?das ,s coisas e acontecimento? ser
i???gt4íraente reslü;ida aç;s modelos et?rnos ?ubsi,§_

t?nt?s-·como _F·or.mas em -·Ôra, ·a. na'tureaa si{\ rios r.!l


:· l
·

A). . ,- if' -- . ,·,- .. :.

fa tQ
..

ria· ?xiste?c?a da _IIJateria e no


_

v.?lj.a.i do fiiOVÍ""
. . .
·.
A A ç,v

m??to me???ieoj ap?rencias que ?ao poqem ter sua


· ·

qr:l.g¥1 numa- -parlicipa;ç?o ;?·?8::s Iqeias j e -não podem, - ..

PiO?s1:.: tjqm9-;:1o_iresultado ??e uma .In-


ser e;pl:!r?gas ··

ter.venção <?Fall}a .··.:


.da Râiãoo.... .a ssdm .o? ide?+ de· uma ,
-

·.: Ji i,"'·;, : ' ':


_.-.,,
-. ,: ·:-· -: .
.

.. ..

;da na ??eza_.'?t?ir?mente·
inspira.eia p?l?
.

eiencia.
. ,??t·enalffü?de.:? ,,?. ????ta tação,-?inp:Írica. do 4?v?+1ir :

impZ,e' :a :.?briigâç;o? d?-.s.?por_ que: alguma .otrtra :i?'fl,Y ..

?, redutí ve à
·?;qe:L?_,. ?ip.da 'dé-;{;?-:-
--?outr,o_?:t;at·?r;·· -?ão L. .. ::aa.-. ...
_..,·\·-··;,·· .·. QJ.''1'??1t·. ?··

?,?1 :-?per2;t. ···n? ,acpnsi?-tuiga<:r ,,;do .uní.ver so 9.. e - Q.:}le.- e


(
I} ,

.. ..

.
p:reeiso ?0$0(>b?{,.:1o -é ea.raeteri?á=?l€> s descrevendo,
na m?dida do ·pe$?Íve.l9, a .sua
·-.?
-

.. ,
iniluq!v?l eon?:1:'ibu,1
Ç?Qó·
·
-:·

Pl?tiõ:.·t:e??ç$b? ,,ti::·?01?· o uni' ver-se


-.·

.. ? : - como
,.' ,:
--· ? ·-.'' < '< -- ·,-·,-·,_'.\'.",
'.i•'.
;, • •
'

eónéur so de dois ;a-te.-re.s-es'!'""


.

s!do ger?d9. ft, '·

tEi?çlo:
,
(· '. :: ',,_'?;("
p?lq
.'·. ' - - -e,\:.:?,'.-., :· , ,. ·,
;

.

tr?nho?-:-é
'
.ant???nico?;."a
,,.•
??.R?zão e a.Necessidad?o0a2
- .
- . .
·... . ..


;' '
.
..
. ..
I+. .

mo. sabemos q-q.e toqa ccsmogonãa e .apenas um ... -mito-i


. .

..

dévem0s -Vêr fat?rês e en(tdda a análise-de .nes tes ..

seus respectfvo?. efeitos -.f ;apresentação_ de con=


- .

Qei tos - expUcativqs Qo:rno a cria= dà 0,?dem·. a t't1}alo


""'· ,;,, .· A
.

ÇBrO nao teve_.jamais 1-µgar no tempo?_ toda .

a mves=
.

tigação-do .Timeu-valê por.uma.explicação-da-cons!='


tituição -atual-do universo; como dissemos9os--c..o.s ..

ceitos .de-Razão e Necessidade são essencial?ente


é?tegorias máximasj pGntos de vista irredutlveisj
pelos quais é possível atingir uma explicação do
mundo .dado em?lricamenteº A duplicidade d?sses·
conce í, ?os superiores é fa tal numa metar!s'ica, co=.
A
mo a platoniea? que concebe a finalidade-como C!;
tegor ia. causal maxtma , a traves da qual se define .p .P

a. ·exis t·ência -e- a --inteliglb.ilidade -d?- ser , J?L dlá


.

-?
ro.ique., feita-previamente --esta -éxig·encia -de. com-
-
,
?
.

.
- .
.

pr?ensão teleológica?.. aquilo .que. é- dado. conceber-:


conio- não .cabendo .. dentro. do--tipo final:Ístieo-= .-.e
são muitas .as.coisas e.fatos de que não.-percebe-
mes desde? logo. uma plaus! vel .razão de ser obri"""' -

'Í"'

ga. a q-q.e se constitua como .e Ia sae .à' parte. o con-


- - -

junto .dos .aspee tos da realidade f:Ísiea'.7 que --S? -

vêem e?cluidos da. condição. f?al!sticaj _e. -lQgQ


lhes seja .atribuído-?. como-.fator--causal-supremo ,
-

, ?
que os -ttnifieà .s ob esta únãca determinaçao.
?
derao ..

pertencerem-ao domínio teleolÓgico, ê$te eoneei?


·

to de Necessidade
I ,
e:

se assim perfeitamente eqmp];'ée?=


.Torna. ....

sível o e-squema do. Timeuº . Desde que e?istem dua$,


- -

espécies .de fa tdres causais. -disti?tos j contribç


- ...
.
? A ,
do para a .. rorm,açao des·te uni verso j Pl?tao- -proc't1£i
Ç>!J •.

- - ..

rá indiear;?ci,s- ---em. que consiste cada um ·dê:les- .e ..

que .efeitos a-cada um, Em pr.,!


se .. devem .atribuir
meiro .Lugar , descrever? as .obras do NoiJS' (29-.d
= 47 e)
j o trabalho do Demiurgo em :fabricar um.
universo em que. se. manifeste, 11a ?aior ext.en s ?o
possfvelj- domínio-da Ra?ãoo- A- 1m11osiç?o. -- .de
.. 6
?a fi?alidade racional ej de. modo geral, de uma
- li 1.40
Q -

d
or-em !
·
in- t e li g1·
fvel '
.
sa-o levadas a efeito sÔbre um.a

r-ea'l Ldade que existia previam-ente, der


sem depe;n
do mundo das Id?ias ou da ação qe qualquer prin-
cípio r-acãona L, Tal é ·

o con teúdo do chamado re. ee


ce.ptáeulo; no qua L se encorrtra uma realidade p:r,1
mor dãa L .(a que nãq .danemos .por enquanto o. nome
de matéria.,_ ou qualquer .outeo) , .cuja natureza en
v.olve .. uma .. mobilfdade. essencial e .quej concebida
p •

'come estado pr.imitivo.j·· .e -O que... se chama caos o---E.m ..

..
º"
bora , ao se. des.cnever-em as ar t es d e?1?rg1cas.,.nao
o ""'

'

A p I '

ha?a referencia. a. esta realidade, .e e?a .que esta


.. - -

no -fundo.de tudo como o elemento recéptivo .... de

qu, se co;nsti·tuiráj pela ação do deus, o mundo


.or?ani?do o-
•. __

Na qescrição .dasobras .do .Demitftgo9... oJ2


serva-se processo de.
um enfraqueciment,o progres-
si'f,O--do P,Oder d$. Razão na sua .função criadoraje,
em sentido oposto, faz-se cada.vez mais sensível
a présença :cres?ente q.a .causa n?c?ssária!J- .É as=
?ini que s?o descritos-? em primeiro i:ugar:r a es?
trutura gera..l do umveaso, 0 corpo -? a Alma do _

mutj.d_o, .a criação dos. deuses celestes, - .es-trêlas


-
1
A .

pla11,etas e j- de .modo g?ral 9 de budo aquilo que nos


-

,
e. dado conhecer nos. céus
.. ;

É. que aqui es tames d,! CJ


.

anüe do domÍrtio, mais completo da Razãoº Assist,.!


mos? .na .construção dos céus, ao.trabalho de for-
?
maçao.ae
? A
uma ordem me.aanica.:eegular, de. uma .pe ""'·
ri0dicidade ... de movimentos que supõe -O império ur.J,
versal quase absoluto da RazãoG ? a obra prima
do Demí.ur-go, aquil-0-em.? -Lhe foi pç,ss!ve-1 -im'!!Í' .

A .

por ao caos a supre!IlaGià. da inteligenciaj c.ria.n""'


.

do na Alma,. que env$lve--o universo inteiro, .uma .

razão qe.regularida.?e mecâp.ica-e-u.m-prineÍpio-¢.le:


estruttµ'a-mediante q qual se .processa a cortcê-p'.9
ção êla-;pas$age,n .da .. Jesordem.à. ordem, A er:t-agão· .

do homem
-
' , '

-e- .dcs .anãmaãs e .aãnda. um- .trabalho-- da.-?R-tl


'

' •-
I CilllCII

zão.,- .de l.egado .. em .. parte pe Lo-Demâur-go aos .... deus?s.


cele?tes .ahteriormente-.criados'O'?--Mas as almas que··
"'° " ; r

cabe?ao aos.seres lltunanosj a0 contra?io-da .a'l.Jna


;, ? --· ?
cosmãca , nao es tazãe isentas de c omoçoe
' '

s causa -=- -

das, pen agentes- --exteriores j e ass1lm· sà intrediz-i, _

progressivamente eresaente?--º P;ªP'l das conddçées ; .


,;,,.

znateri?is'9.· 1imi tando cada vez mais a extensão da


. p
obra demiürgieae
Ao ser considerado :0 pr<;>blema da -pér =
ti
cepção :visual .. e audi va , torna'!,Ds?- .claro_ que $S'9
tamos.-em .presença vde 'Um .processo .,m. que -OS ObJe'*'
- -

tos. ma?eriais e. as .eondiçÕes do .m?io-?fÍsieo ass!!


mem tal impo:rtâ:nciaj- que .desde logo é possível di
.

zer .. q?e. aquí, .. o .pape L intelectivo da .aãma .e? .fran?


' .

aamente dependence das· .condições exterioreso-


Não- será .ma í.s possível. pr-os saguf.r na - __

exposição .da. contribuição. raci?na19 .sell'l: .proe?der--


se a. uma completa. iX}vestiga.ção- desta .. r.êalida<E CJte
,,

defronta o-plano-da RazãoG Çomeça ent?o a segtg1


da- parte do. ,diálogo (47 - e = 69 a) 9 por um nervo - . -

ponto -de partida qus., .como-bem.diz-Cornford-,.·


vem de baixq para c?aj desde o caose É então
- 150 = -

,?

introduzido .um t?rc,iro ra tçrl" ,.. at.éL.J?Lgora _i:gm)Jm_do_?


-

__
-

mas--de importáncia- decis-iva-8 o recep??culo do de-


,
'
,?

ve?i.r, que _sei,á_ depois de£inido com_o o pro:pr?o es"


-

p?çq:<, Assim- coni?"'.,na prim?!f';3:- parte.


_
ass í.s tãmqs a, -

um :d;cre.scente pÔderio da Razão,- cada vez mais en- p


: .
{· .
?. •

?
!
J •
'·_

' )

fírBr'i? cida :pel? '.fes-is.t??ia da r?al_idade necesaa"


:

.!
. .

ri? :?entra ·.a. qua+ operava-.?_-_a9.ui assistimos t??b.e-iµ.


. .
' : .

- --
prç,g?e???vo do pape I da .eàusa
-
,: ' -
i
a '.um?-ebscúreéim.e?to
I; p·
...
-
•. - - .-,,-., --
. -
- ·_·
-

..,.
-

ijetjess9.:ria1 Tr? ea?ª·---V.:ez :m,a1si?)qo?inaqa pe La --Raza??


t?1sej .de _rat9,_ }f_uni . :sô ?P??<::e?sq, v1s?.11za4o por
qo!s-_·pól.0s op;q!i,?Ç>?··;· de. t?i -m?do ,??e:j vi;sto p?r ?111 -_
- v
_
:
·
;·: , .,
:.•
, _·
?-
. I ti?·. , 3

?ª?'h aparece-nos come prim?iram?nte ;µ?xima_. a. p:re,+


.
.

V'a1?nci? da ?aZâ'9! gradati:??l!lente dimi4uid? á Jl!edÍ


dii-:que.· ere?ce ai-força da )J?c?ss_iq.ade; ---e1 -por ;ou? ..

??o;_ partimos -d?:·'?oiri:Íri?o <1?- Ne.ces.?.iq.ade pura' .e -?


.
? ,/
.
-
'-' .., . '

V?mo? iP-S? esvaecendo., _s·obrepujaqa_ pela .cla:çiqadJ


?s cenden te da in tel?·gêr+c ta ,
.-:-? -? lJ
-
.bem de veir quJ -ª? r?
C • .
• •• _I ' •
t •

?;?o,;m?dta- .e-?-.-fla-i111:'a??n1}e? ,aq?e-ia---ettl que .se. -c?.n- ? __ ..

t;a_???ançam. as dps i?:fJ.?é.tj.eià.s e .em qJ,e_ ?ão .é-?is.


'
...
;

p0.s,s?;ê1 .deserêv?r a ff?ç:ç? ?à ff?zão? --?·enf tevar _em


-. ,A. t<.: .'' .
. . -
- .

eoqta-uma influ?*çia apr,oximadamente igual d? e?u=


.

I -
, f, :
;
. ?.
. ? ,,;
p ' í

necesaàrta
:
r

sa , ..... ... _ __

· - E s +-1.1a- r.-?gia0._ -e-q-1;'.J.atorial e


-
'
o"" I'
cons ti tu f,:,i
Y1a pe-
.

'fatos.q.a. sensação humana,'. A primeira


l.o? .pa r te
termina. quande., ao procunar .eacãarecer () fat.? de .

que a ·!lma sofre· eer-tas modificações porr efei t.o -


?

de fenomeno?. que se passam no e?ter.ior e niQ d?pen


?!m?d.a -Raz;'.6, verific·a-se .que 'nes te mement o a ;in= -

flu?neia da causf lida de irracional é pelo menos tão

- •" -...,_. •• • .l•:tV-:.:.',...),\. - ?'·::."' ,..._.,._ '


,. ._..,, .-../ -. _ .,,_,.. .,- ,_,.,_..., - •'? '" ,.,,.. .... .,....,...._?..,- ,•" • -.,,A-"'
- 151-=
importante quanto a da Razão, na interpretação da
experi;ncia sens! veL, Ig1.1,0.lme?te, quando a bo:rda
-

mos j na segunda parte, o· papel da N ?c-es.siq.adeoP?


.
timos d a cond iç"?º bruta do. caos em que nao
.
-
A1 if"
·

e PO.§, _

sf vel falar. a índa de corpos primi tiv.os , .. que s,6 ...

serâo gerados p?la penetração. progressi ya da Rà


.. ....
? = ?
zao, .ãmpcndo
?
d eterminaç.oes geometricas- ao conte?#
.

do-·di??mico---do .. reaeptaculo;-. - A
vez criados- e?-
,p

?ª-
t·es .cor-pos.ieâemen.tar-es , .em -nÚme.ro-de. qua tro1pÕe-=
se --O- problema d?
A
diseriminfição
·

?
-
s? qualitativa+ ,

e?tst&Ill- .el?s, .nao .so misturados. na constr.uçáo-oos


l 1J . .,,.,
.

cô?pos ·e -sires. que nos cer cam, .mas .bambém nos ..

sio- .dados em forma pura, e--co?o tais se dis tin· -=


guem, porque- são - capazes de -:produ?ir em- nós con-
- ·

? A
.

.juntos de. sensaçee s. .disti:ntas-o.-Deste modo , .vo Lba


mos-de novo .. ao pr ob.Lema vde .. sensaçâe , _que não po-
A =
de ser tratado .. em termos de- simples- condãçoes .de-
mobi.li9ade material? mas supõe ? preaença
a.Ima , para poder- ser .exp.Lf cado ,
q.e

?
?
-S.ubimos assimj
vindo-de baixo, aquele
mesmo plano médio onde terminamos -ª :r;iarr.a tiva das. .

obras do NotÍl ---?- - observemos .. que est? regiãb mé=


dia _tLoeupada- em .geral. por- .tndo aquilo que - diz
r.es.pei to à .eons t t't1;içâo haanaº ? - por. isso· que ,
í

a. partir de. 69 a a te o fim do dialogo vemos de=


# #
.-

senvoãvez--ee .uma completa- suce ssào de- teorias a=


 I' A
na tomicas j .fisiologicas ? pa t?logicas s ter.!rp?uti=
P
·

"
.

eas.ve .higienicas, e;nfim? .um estudo. .da na ture z.a


!It.
.

corpórea do homem com todos os elementos de sua


- 152 -

eonsti tuição e fWlciona?_ento. Tudo


,P
isto q1'.e f?rma
a tereeira parte aptropologica do TimTu
parte, a ?

ou mis?a
é essencialmente a região intermediária .,

aq?ela.em que se associam.e confundem, na co:m.plic-ª.,


A ,-
.. efei tos j as influencias da Intelig?n-
.

Ç?Q dos seus


c\? e da Necessi4adee -

__ ....
_ ?Jus tamErnte,-- .o homem .s·i tua-se. na .zona de
__ _. _ ..
-

ação .ecnjunta j aprox1madamente...:e,quiva1ente-?do-s-? fa-


teres eausa í.s pelo seu .. or ganis mo,- -?le- .resume --- a
.. :
ç
- . .
.

composição geral do."Q.nive?so.materialj nos el-emen ...


tos que o.formam e nas.s?as eondiçÕes fundamentais
'I. .

de movimento; e, pela sua a Ima, gerada à imagem e -

A
se-melhança da Alma do todo" .e Le tem .a .me sma. capaej,
.

periorº
l
. ---
,
dade .de entrar--em- contato com as Ideias
:

?
.

.do .mundo su
situa-sej poisj na intersecçaodas
O homem
.
..
.. -
.

campos de.influência da Razão e qa Nec?ssidadej


A
e
A
mais que qua Lquer- outr-o ser s tem a po.2,
·

des?e·,_:modoj
sibilidade .ds .. vo:;ttar=se. para. um e para. outro- dos
dois .mundos irredut:Í veis j.. cujas inf.luê:q.cias se e- -
/
quilibram na síntese que é a sua própria na tnrreza - e-

-? f.Ísiea de Platão obriga=nos a renunciar


a .um .pon te de .v í.s ta unit,rio sóbre. o unâver so- C.o-
mo. ví.mos, a. introdução de uma .. dimensão finalÍstica
impõe uma .separação radical entre o ..que .pode e o
#
que nao pode ser considerado como integrado pela ·

Razão? Esta.separaç?o é um fato L?variável.e .per=


manente-da estrutura -do unâver-so , -e .nâo .simpleS!l:.ªR
te uma .condição inicialj desti?ada a ser progressj
vamerrte atenuada. com a melhoria. gradativa do nos so
.
r

- 153 -

modo de conhecer a realidadeo


A du,alidade de fatores causais eonsti=,
·

t?i .o esquema .a.tua L .e e4erno dentro do qual nos


devemos representar a na tur eza., e, por isso, tô-
, .
. .

da hiP,otese de interpretação do Timeu quej por


um.a ou.outra forma, ignorar ou diminuir esta di=
ví.sâo .essencial, .é ·indiscutlvel?ente infiel¢ Se=
ria destruir
... .. pela -
base a concepção pla tbnica .ad=
..

mitir ..
,
que agora ou no rubur-o , o .mundo .atinja um
A
..
.

e5:tado que.ivenha .a ser. o . termo da. evoãucao q.e-um ç,,:,

..
A
cqnflito ... de causas an'tagonã eas , ces sado pelo ..
com.
pl?to triunfo de ti.ma e aniquilamerito
=
total d?.
de
eunra, quem qao -A pareça ?atisfatorio-éste
es,o,;, ..
A

- ... J'
·

.
"'
quema -.qual,--nao e dado. supera.c;,lo por esta .forma,
.

.. ..

nem. .. dentro do. pensamento platônico é permitido· fa ..... · ·

z?=lo sem traição eviqente.v.


·

.Julgar que se.possa atingir a unifica-


ção do procesao fÍsico na linha de-??ª crescente
.

conquista da Razão j que termine por tudo .subme = . - ·.


,_

ter à.ordem do fim. justo, é '"seguir uma pista.fal


sa .. e .nutrir
, -?
.. ,
.

esperança ilusoriao. Nao ê .nesse


uma
ii'

sentido que .. foi .traçado o. caminho .do progresso da -


A A
ciencias .nem, .peos seguãndo por ele, se chegaria? .

mais a um .e squema unitário que .nos de ss s uma i,m?"::.···


gem. do. mundo. numa visão compreensiva .totaL,. Se
quisermos- s-qpenar .. o .dua Lí.smo da oausalidadELpia- ..

.tdnica1 devemos an+es ... r-enunc í.ar. ao 'tipo de expli -

cação pela. causa final e deixar-de .ve a. com iden.,= ...

tificar a ordem da razão com a ordem dos finsaAj.


- .154

por o-
sim sando9 o que 1á -é chamado Necessid??e?
racional como
posição à Razão, torna-se coisa tão
tudo o mais, e reduz-se à mesma
condiçao presente
das coisas que nus são dadas a conhecerº

A º
§ 22: - ""
A Razao como fa?or cosmogonicoo
-
O eonceito de p?rsuasao?

..ç:....
O é. o
pr.obléma.que se pÕe naturalmente
,

sas .e spec Le s causaís,


.
.
., #
q.e eara?:;er:izar o eonce í.to .des
..
•. ? •

Ha .aquã uma das mais interE;ls?antes. questoes .da iill


,
,P •
, ' ·,

terpret?ção. do<:Timeu-·e, .não nos .sendo poss Ive Lu- .

ma eomp.Ie ta discussâq. do .. proqlema .em. todOS--OS-?S


..

di_fÍQeis áspec tos s .marrtemo-nos .dentro dos limites


·

reduzidos da pr.0cura do essenciale


Ao.iniciar=se à segunda-parte da expli.,.,
A A ·

eaçao .eosmegonf.ca , P'la tac. .come ça por. dizer que e§,


·'211 A:1

te .urií.vez-so teve uma origem mí.s ta , .. que foi g,erado


por uma eombãnaçiio .2ª Bazáo e da Necessidadej }'E-
µE<.t M.fv11 rã.e oVV ToVdE ; ,oif K.óú?OV
(J'lJn:L
rivu,, H à'IJ..rK1J' t:e XoC '- 1 oií-
<fEw? Ê(EY Y? (47 e)º
..

s, O universo é. o
prod?to de uma ação eonjunta d?sses dois fatôre.s
e a frase seguinte? de importância deeisiva-nacgp
fS'1

preensao d e toda a fisica9


A ( -
·nos revela que essa a=
ção conjunta deve. ser concebida- como uma .supara -=
?
.pe Lo ·outros A estrutura?
-
çao de .umüos .. fatores
.

a natureza manifesta é uma estrutura aparentemen-


- 155 -

te uni:rormej não deixando transparecer,à primeira.


vista, a sua origem dual, graças ·justamente a es=
ta superação da oposição inicia1i· que aparece .d í.s
farçada pela v? tÓria quase. total de um. dos do ís fa
tôrese Senessa luta pré=cÓsmioa um dos fatôres
e-liminas;se ou subjuges se inteiramente o. adversá =-

rio s a ponto de qanir da obra acabada todo-ve.1st!-


g í,o de. sua açãoJ -O universo teria. uma- .estrutura-r!
-

gorosamenta uní.rorme., contrárioj .somos


Mas1 .. pelo.
obriga.dos.a.supor que, neste .com.bate das eausas,a
Razão .eonse gutu uma. vi tÓria '.ex-t;ens·a j mas pane í.aâ, .

,A causa. oposta foi subjugada tanto quanto era po.§,


.. .. ..

s!velj sem-ser contudo- destruída Esta .vit6ria ®- e.

= " ',;'
Razao , .í.s to e., .a .a çao pela qual. a .NecessLdade. --- .e.
.
""'· o

r eduzdda no .. seu dom:Ínio.j. é .defi!:l.ida :de.-maneira mtg.


.

to partieulari consiste na persuasão exercida p?


lo NoiJ? º _

O poder.fundamental da Razão,..a.açâoque
suprema.men te -lhe e ompe te é j po.í s , - - é ttnicamente s UF'?
ma influência de.órdem lÓgic0-psicoliÓgicaj que se
define pela possibilidade de .ofereci?ento -de um
_f ,p A ,?'

inteligivel, cuja unica força.coercitiva-esta no


valor do bem intrínseco-, que o próprio intelig{ =
vel.representao Em face-do-fundo primitivo dam?
-
teria .. informe,. a
J' .I'
Bazao so tem a .. capacãdade de e=
xarcer uma transformação? de oferecer.a. ordem .d?
( ?
uma-estrutura intelig1vel ao que e simplesmente a
desordem irracicmalc ...

Façamos aqui esta observação capi tal-g a.


·-.156 -

Razão movimentoº A mat? -


não cria, nem mantém o
" -
ria e o se? .movãmerrto .Lá sstao , no a b.oismo d o rEt - . .
·

e·eptâ.eulol eternamente entre?ues à lei de .sua li= _


.
= ti' A ·-
b?rdad,e mecanã ea A .Raza o na.o e; uma for?ça: cfri?d.Q
A ...,
.
(J

ra? nem.geradora do movimento, e apenas uma po?si


bilidada de organização.-? de captação do inform? D!
- ,
lo-ord,e,nado? d? intrqmissao das formas logicas no
caos amorfo e - •.... - . . .. ,


.-- __ t o.ununde das Idéi?s subs í.sA ten tes --- que
cons a.Raaao, - ti em toda .a. sua am-
"GUi
=

I
Poder ãamos.,
.o ...
.


plituqe? formular. .eonce í, to de. Razao ·llA cosmego
,
@. .....

?-
nãa pla tonica, eompneendendo que o mundo .das Ideias .

desempenha um tr:Íplice .pape l, em .tÔda a inarrativa:.;-


a .difieu.ldade que _geralmente temos.<> .de .e·salarecer
""'
os diferentes. aspectos da Razao,- .. provem de que. em
,P

cada - um. a .. mesma .. r?alidade. essencial. se apresenta


com .. um.. nome .diferente,. correspondente à. íunção.cp3
desempenha em. cada. C8rSO-ac -·-Assim. é que, em primei""?
no :·11J1garj o.imundo. Idéias. eonsti tul ou eontémo
das ...
=
eloj. o Vivo
mo dA I)erfei to, .a cuja .re í.çao foi criado
.
A '

este uní.ver so , Logo .a seguiri- é .aãnda .. o mesmo u-


..

nãver so das. Jd,,ias que se manifesta. como razão º""' -

perador-a , .agerrse ,e eausaã , .sob o nome de D:emiurgo; .

?j· por fimj nea.LLzade, a obra .câsmiea, a Idéia é o


que.. }lá de. -inteligível-nas coisas .. em .. transformaçã?
a .forma recebida. transitoriamente pela.matéria e?
tensa.ª No .. espÍri to. de . Platão .jamais 'houve 9.ao que
cremosj senão duas-Únicas realidades primordiaisi
a da? Idéias e a do caos s ens Ive L, Para compor

- ·" ,? ••• 1 .. ::?',.),\ - ,.,;-.. • ..;: .-.._ ........


o. universo, e,, pzec.í.so super; qua. as· Ideias. conqui-s_

__
.P '

tam o domínio do movimento bruto • conseguem a-tEt _:

certo ponto orde?ar e informar .a •Q?ilidade P,rim1


tiva<> A inicia tiva da o bra criadora, -evideni;?me.B
. _

te.? t·em .de. ser suposta estar .do lado .da rac1.ona11
. .. -

dade ; e, .. por isso, -Platão- desdobra a parte r:tci,g


nal em--tantos papéis distintos quantos os -nect·s·?í -
·

=
rios- para expliê13,f a eosmogenãa o-_ Sao. tres a?s:_es
..
'

-
A
.
. ,,.

A
aspectos -distintos?-- a Ideia-eqmo .. modelo, , ,
.

-a.-I:de_.;ta
como causa. efie.iente e ,a--Id?ia como .. obje to .. s?hsÍ.?
-
A ; .

velo todos esses. aspec+os , o que. se apreEJnd.e


>
.. Em . .
.
v ·"" '·

e a mesma fundamental noçao de racionalidad·e, cha


mada .nes ta passagem a Ra.zãoj que se diferencia da ..
·

reali?ade oposta o. - ? -.=' .. r: ,- .

. . Simplifiea.m"9se desta ser-te .muitos .pro=-


=
blemas de interpretaçao,j se .for ju,s ?o est, ..modo.de
A A ·

.. -

ver s.. Questões-cqmo.i por .exenp Ic , -? .das relações


entre o Demiurgo e º" mundo- das .Forma.s deixam - d$. .

,
-
\ .
?
! " .. .

ex.istirj desde-que. .. ..
.
se reconheça que ha vem .tudo tl.:ir!
.

s.iniples artifício de exposãçâo , ?is.c.riminaçió,


de pap;is,?para.1:llelhor-se perce?er o sentido-si?=
,
r , .
A A
bolico da .. presença. simultanea
,P
dos-dois.-fatorés
·

e?.
. .

plicativo.s do. unfver-so, Platão .concebe 'duas ·-rea--


lidades primordiais!» as- Idéias -?e quaís - o eaosj das _
·-

resulta .o devenã r do .mundo -f:Ísicoo Quando quere'Q


mos . expliear êste j .. temos - qµe - subor-ddnar todos os·
., .

seus aspectos a .. dois conceitos- sup?rior?S-,--Razão é


Necessidade·.,, ... que são .a . r.epresentação i .na na.tU:t..te.Zf
atual, das realidades primordiais de ,q1:1e imag?!?
riamente provém o de,venirº o Nov, 9· que se oppe à
represen t a çao
""'
#
da
nvd..r1'.'1'j- ? e.? eemo ot.Ju 1 ganos , .a
?I\ f. '
? _

própria realidade das Idéias, mas j como se t?a ta


de uma ?ova simpolizaçio?-poder!amos ser levados a
indagar ?:cõm
;-i
qual aspee to dos acima ·---apontados " tem
.
.
.• .

mais· afinidad.ao Devemos concluir que .o que -e cha ..


·. .
...

' - ? ,
. dilte
I
'. , ' :

mado a.qui genericamente Razao nao e Ui'll conceito?


.

. -

A
coincida-perfeitamente com nenhum dos tres a.spec=
.

= "'
. ? . .

tos1. e , especialmente'j .nae -e .identificavel-somen=


o
. ,p

te .cqm o -J?emiu:rgo; ? antes a soma- .dos dois pri ... __ e:>

A
.
,
V

m?irç,s.aspectos? da Ideia como.modelo e da. Ideia


:
'1'

. n ,A

como ag??te causal? da.!]-dO ?m consequéncia. o ter-=


eeirq .aspectoº Idéia.concebida simultâneame?- ta
t-e e?mo :porta.dora deum eo?teÚdo.intelig:Ível e c,g
. .

A .

JI!.O capaz de .a.gir'j para.realizar.sobre.um fundo -1!,

racional iste. eonteÚqoc, Assim se compreende a.li.ti


__

guagem des ta passagem; ecmpr-eende-vse qus.ia Razã?


s?ja .fator 1ativoj.· capaz de opera-
tratada eomo um
ção transitivaj. e que a ela .se .pos sam atribuir e?
tos verbos que ·só cabem a uma realidade operante?
..

Neste sentido'.,·ª Razã?é a figura do.Demiurgo? o


·:.-; ; ·.
.

mesmo.qu?j na.primeira parte do dialogoj conduz a


-. ?

fabricaçã,9 das. obras. racãona í.s ; . mas a Razão é ao .-


-

tnésmo t?mpc/o. próprio contEJÚdo intelig:Ível que- se


real1za9 e é por issQ que, ·quando se trata de pÔ?
la erp. f'ace da .fórça antagonista da Necessidade9a=
parece envolv?ndo numa .s.ó significação os dois.a!
pectos, o de.causa operante e o de racionalidade
transportada o
A figura do Demiurgo foi uma simbol:hr1&?
enquan t o se descrevia a .cr í.açàc?
Ça.?o u?til das- coã-.
sas r-acãona í.s., .na .pur-a .ordem da razãoj. sem fazer
j,.ntervir o mundo inferior; aí foi conveniente de.,§
, em
dobrar a Ideia , .

dois papeis dlstintos.j como mo-


dêlo. e como agente? Mas, quando começamos. ?gora
a descrever o mesmo processo cosmogÔnico ,- partin-
- - -

do. do pólo. opos to, j?-vindo. de- baixo",- será nocãv.a


..

A
a persistencia dessa dualidade
aspecto$j e-por de .

isso--é ela abolida -e .substituída. pelo _fator Úriico$


. Razão Estamos, assim, .em..presença ·de.dois pr m-,
e-

cipios originais? .ún í eos. e - Últimos principies e? -

ti
plica vos -verdadeiros de- toda A
.or dem natural e- - - -

Para penetrarmos o sen tido do .. process o


-

cosmogonã ec , -O que importa .. eI esta .dí.s tãnçao


?
A . .

fi"nal
irredutível entre-a. Razão .e. a Ne ces s í.dade., Deve=
A .

mos concebe-las.como fatores separados.que .se en-


ti'!,

R ? A
eontram só no processo de geraçao deste universoº
A.forma de mito didático.da narrativa obriga .. a
que se descrevam como ttoperàçÕes'?, e .pcr eonsegt®.
te que sejam imaginadas como provenientes de Wtr -·

?•agente''ff s asdiversas fases dês se .proces so Lmag ã»


nár í.o , pelo- qua L Pla tãó julga poder figurar a eon§.
truçio da ordem fÍsica, tal.como nos.,.dada?
Êst.e processo r-esume-ise , poas , nwna, in=
teração da Razão e da. Necessidadeo- Se procunar Q
mos -?nvesti.gar .. em que têrmos Platão se. refe:re .a
essa- .ação de um fa tor sÔbre o outiro., que. eselare?
..

4 A
cimentos nos fornece sobre as circunstancias do
- 160 -
p· A
seu e?contro e a especie de influencia que tem lu-
A = - sobre
A
toda-ª
,

gar verificamos que .a çao da Razao i..a


,
N?cessidade é-reduzida a uma só for.ma 4e .açãoj ex=
pressa pelo verQo trei BêtV e .o predomínio da RE\-
zão deve=se a esta persuasão racional iue derrotJ
a fÔrça- espontânea .da Neeessidade e a subme te a
?
.

? -
seus .f?sº .. Esta passagem dá-nos uma compreensao
·

f?da-:da solução fisieEt-o- .Textualmente-.é .dito .que


a -Ra.zâo- domina .. a .Necessidade, persuadindo-a. a con=
maioria das
duzir ao
das, yov
--melhor
.f.' ?.
? YfÁ.T)(1JS' ex eX ovroc 'o/ 1TEL
U€
a
I )/
coisas que são gera-
,. )
-v I
-
8Et.? o<.Vl?Y ?'WY r,yvoµÉYWV T? 1T.Àéctr"(«.
> , , I )I
snc '? O fi E À 1' l If 1: o Y ? Oét Y
. ( 48 a) º . .

A persuasão racional consãs te poãs , em unia crãen-. ,


-

tação _que daí por diante-é .incorporada pela Neces'!"


sãdade , pela. qual é .Lmpos ta .uma finalidade inpara-.o.
gera;ção. .da maioria .das eo í.sas , .. J? por--CQD
melhorvH __ à. .

seguinte. o--:recebimento .de . uma ordem de fins - .peão


mundo , .annes entregue .à rôrça. :Única .da .Necess.idadei
A. impo:rtância.deeisiva.desta passagem está em- q\ie

ela nos-mostra.q-q.e a estrutura .ordenada do.univer=


"' ""'
so so .deve a Raaao -O .aapec to . de ordem .e .regula.rid.!
vi

de que. apcesenta., .mas que a sua mobilidade mesma,a


·S'Q.a .tneeasanee transformação.9 .es ta .é .do domínio da

Necessidade\, que não é eliminadai mas ape:Q.as subm?


tida à .. determinação da finalidadeº A frase nos diz .

quei independentemente da ação racional? já existla


algo que se. transformava 9 . isto é j já_ existia .. a mo=
.

bilidada espontânea do eaoso A Razão não tem .. ou=


.

.• , .• ::?
, ...
... >: ,.:::_,-
.... ·------ ,
- 161 -
tr-o modo, de operar senão Necessida.d e persuadir a
vr:?v
)

( Qt } a submeter a mobilidade9 que .Lhe é sti'""


jeita.9 à uma ordem supení.or , .í.s to éj··ª deixar que
a.mobilidade passe de.então em.diante a fazerc;>se
sob a. forma de movimento .. o rgan í aado]. é a .aeeã ta- .

ção.de uma estrutura iegal para reger o fato mecâ


niCOe
A
De?te modo?--º esquema da, ?itua.çao- -e -o
<»· &fl
..

seguãrrces.... a .. mobilidade .es tá no caos e .obedece $O


mente à..lei .da .Necessidade9 .. que. .ma í.s tar.de .. mostri
remos .ser precisamente .a eond!t.ção de inércia; aí ..

ÇQ ,j) ,f) =
nao ha.finalidade? o qeslocamento e livre e ·nao
tem nenhum .sent Ldo i:n.teligivel' .ãmagãnar qual =- .
-

quer-espécie -de .aconte eãmenno , exe?to. o .. choque ----?


não .. s.e gera coisa .. alguma conceitualmente represen
?
.

tavelj.. e por conseguinte nao ... ha. .nenhuma -relaça.o


tP
..
?? "1

- .
.

logicamente definfvelo- -·Nesse. estado, .a. realidad®


-

não-.é-cbjeto de- qua Lquér espécie. de eonhecãmerrtc.,


..
;
se .. dela podemos- f'alar.j -sera .por.-uma .eapec í,e
.f'
e_ .. de
intuiçâoj--que procuraremos ... .canae terd.zan ma í.s. tar.=.-==
dee .. Nao
"" .f'
.e f estabelecer. qualquer. aspec
poss í.veã
,
ie ..

de.eorrelação .oausal ou.supor qualquer determina.p


sucessivas d? tsa.L'
= ?
çao .final ligando as iapanencãas ..

17a
?ealidade informe9 eujo. um.co aspecto imagina vel o o .f'

é o de estar .. dotada-essencialmente de movimento.o,g


a cond Lçâo inestruturada .da. realidade? é .a. ausên-
..

eia .da.leic. .É a visão ?ue poder.Íamo? tElr da. nat?


?
reza? .Lmagdnanda-a eium .es tadc .. anterior a ord-?m-j.
quando h?via ap?nas aquêle fundo eterno do ser má
{
• l
- 16l. -

terial, que. por-si .mesmc é mÓveL e livre o ter plen!.


mente,- o domínio que nos foi refer?do aeima co?o
? ? =
? I
a), Sobre essa s tuaçao f que se e""
ã
êc.r«.?Lc( '(30
xerc,rá a da Razãoº Em si 9 '- Razão. é influê:fleia
portadora de uma estrutµra ideal de objetos si?=

plesmente inteligíveis, distintos.e logicamente s?


í
bor.d?ados .entre s , formando--um s í.stema de. rela=
,.
çoes.-eternamente estaticpº - -Nela .se corrtem.o
,r;
esqll,!
. .
(;'::,
..
'
?
ma. de. uma .or dem perfei t?.., subs is tindo--imovel .entre
' .
.

..

de easene ías .pu=


A
?
'

objetos imove-is.o-
,r;
- .t!i uma .estrutura.
ras, de. uma. realidade. exclusivamente intelig:Í v eli
.

A ?
constituindo .um-modelo.perfeito.para .a-criaçao dde

um .. futuro. unãver so, .. !ste .modêlo é .em si me,mo um

mundo , .mas .não um- mundo .rísieo, .po Ls Lhe .falta- ····ª

aaraeter.{s tiea .. espeeffica.-do .t!sico ? -O fato .. mecân.!


" ,?

Para .se .ehsgar ª-· r,alizaçao de .. um- unãveeso , e


""' '
co<> - .

preciso .serem. aasocãadas . as. duas coã.sas , -?ª1! .... e


'.· ,.,
• . . ·. J>

-
. - . ?
evi?ente que o ?lemento. p;redomirtante e o racional9
"'
. -
,, . ' .
.

como alias e .. expnes samen te - dealarado ? -?eJ. QV.?OC., o


ií' -
-

Mas9 que espécie de ação .podemos imaginar. partindo


d;a Razão?- A resposta é est.a sutil noção de perSU!
,C':J

sa.oo
Julgamos que êste conceito de persuasão
envolve uma séria si?ifica.ção e que- a .escolp.a. deJ,
ta. earaeterizaçio .do tr?balho .40 .agen te.. .racional
foi ditada por uma reflexão_ profunda -s·Ôbre a.nata-
reza da - realidade fisicao observeaos dois p<;>l)to.s. .

deétsivosg a instituição de uma.estrutura sÔbreum


fundo amorfo consiste na descida das Formas e rel,!

- ' .. , .. ::?-s.,.? ........... ·- ......


--.16) -
ções ideais e na ocupação do obscuro e do desorde
nado- pelo Log í co e pelo. regular;_ eíl
? ?
pois -O rec.2 9_
= ,f)
bãmentio da--Ideia? a i+uminaça.o do caos pela .Luz
da inteligibilidadej dando em.resultado a modifi=
cação dês te._ eaos , que passa então a .ser- determ:ln?
.

do -por certos modos..e. -eondu.zido-a--certos f'ins- es<?


'
--

tranhos.a--sua-natureza(>--A analogia com. a -noçao - . .

...
de persuasao ps ieologiea -e - perfeita; ... ha- a_ propoP"!
t? ,f) ,p
...

sição de certos fins1 que. o persuadido .ignorava'Be


a sua. submissão em. vista do- e_$ciarecimento que os
.. -

motivos do-persuasor oferecemo é .agente -A.Idéia


A I
sobre a massa. cao t í.ca como sobre o espirito .do V.!,
A ?
'
cilante O. própr-ã.e da Ideia e ser. -capaz de indu. =
o-
t7 ,?
-
,if)
-
=
zir modif'icaçao
'
d\
.sobre aquí.Lo , materia ou almaí)que ,f)

fÔr sensível ao- ?eU--influxo-o A noção .de .pensua


são descreve b?m essa.ativtdade do que? em sij é
apenas claridade log.icao ,p
.

A
Em segundo lugar? sobre o sentido da peJ:
.

suadir?- corrtém-se u,ma outra reflexão; a Razão ..

não é .uma fbrça capaz .de operar .de encontro a ou-


- -

A
t:ra -força;. a. força .es ta, toda de outro Lado , estaI'
A
.

A
-
A
toda a .sarv'í.çc. .da Neeessidade-, que. e .a um.ca .t? ,p e
e?
dadeira fÔrça--mecânica existente no uruver-so , -A .. .

Razão-.não.poderia?--pois, defrontar=se-eom o .eaes .

A -?
e. -nele produzir- efeitos9- se o seu modo- -de -agir :tbs
'

se. concebido. como -O que nos. _é dado observar- no. d.Q


mÍnio .das ações--ffsieasº Deve ser , --pois, um modo
?
.

I'
de. operar .cuja deseriçao-simb?lica-sera procura da o ,f)

afinidade com os processos psicolo?ieosj e ,p


.

numa
./
- 164 -
eomo a-
que pode convenient,mente ser compreenqiâo
v' ? ""
nalogo a persuasaoo A
A Razão não podej poisj exer.cer violen=
eia-sÔbre a realidade bruta? porque são coisas ? p.e=
terogenea.s.º ..No .errtarrso, .e
A
de sua ingeren = , efeito
eia é essencialmente fÍsicoo portanto o exercÍ= t
cio.de uma ação s?bre o fÍs-ico por parte de alguma.
?

i' tca , _,?


.metafora. da per suasao
"" ? e-,,

coisa que nao e fi.s - A


be. adeq-ua.damente-, pois. indica que devemos conceber -

o caos .de movimento livre deixando-se .-estruturar.em.


universo cr garrí.aado , com a perda. da liberdade--ini=
eial e-? entraqa. no regime .de determinação-legali
fator
.., Ó<
...
pela - intromissao. somente .da um .. naq-.f'1sico;de.!
.... _d'
.

te .mod09r- não--precisamos .supor .. a .existê?cia .. de. ne=


,f'ie.âe
nhuma espec
-
?
força realmente-f1sica,
A J.
.senao a=
ff v ,:>

quela que se -contem.no pr.oprio.dominio da mobilida


de .nece ssár-ãa , Desta formaj .tÔdas as f'Ôrças que?
cóntramos.na natureza têm origem na existênaia.al.lj§
sal dessas <JV VCX.}LE?ç (52. e) que .estão no .rece,.n _ ..

,? -
taculoo
.
Nao :(oram jamais criadas nem.suprimidasoA_
A
""'
Razao nao intervem como. uma
cs,
-
I?
força .. constrict-ivajmas
como uma causa de diversificação .e de ordenaçãoº- -

Para.que se realize uma estrutura de-9!1


-

tido tele0lÓgieo? é preciso que a desordem primor=


dial desapareça tanto quanto fÔr possf val-o É pre..,_
ciso? pois9 que a mobilidade livre se transformeno
?ovimento or denado , Com a introdução da lei onde - - .

:11
havia. antes o ind$terminado9 .a formação dos -corpos
elementares e sua subsequente aglomeração na eons-

- '-- ,.t .. :•v-.:_',..),' .._.,.._ ,


ti "Quiçâo das ce í.sae ma teria is visíveis? .tem inicio .

o .qeve?i:r cósmico o Defenderemos ?\tro ca.pi tulo o.


ponto qe vis?a de que , .atrayés .dê£fse aparato mÍti.
co , pode enean trar<!"?se uma eoneepçâe fundamental que
,
.

?
e.em tud o.equivalente a .uma noçao essencial da
A ? ,
!

oiencia moderna, a.da gravit?çao? e ?e? papel na


eonceã tualização do. untver so,
""' -
-· A -_operaçao per.suas iva. da .Raza.o o ·"" ::,
nao .. e _

apenas. mencionada em f'orma.abstrataQ TÔda a .pri'ê? ..

meira parte do Timeu e mais tarde a teoria.da-geo


? p
metrizaçao.dos.eo,r.pos primarios f?i=nos.assisti?
à eriação .. das. obras pelas quais a Razão conq_uista--
?
a massa info?me-e .a reduz a diseipliµa do devenir
regularº - É especialmente a.eria,ç.ãG da; Alma .. do
'
. '

seza depois .-a .eutor-ga . das .rorma s esp?


- I? •

mundo., como
.

cÍficas-dos.cor.pos primitivosº. !?te .é.o trabalho


da.persuasão? em.que.coasiste o processo de re.du=
çã6 do. caos; -·ª .linguagem .e a figuração do D.emiUJ:
go talvez. ma te:t:1-alizam demais, ..
mas P-la tão .as jul-
ga ·urn-recurso.indispensável-para
\ '
a eylareza da qe? . •
""'
er í.çac., Contudo1,- nae ha receio de nos enganarmos,
-cf'? t,?.

pois bem @o?pr.\i:nd:emos - que tudo não .. passa de uma


-

narrativa. visualizada9
"' .
com O- fim. de nos indicar ..
'
(/
?implesmente .que davemotSl imaginar a passagem. Lt;)g!

ea da desordem à ordem como a ccnquí.s ta da NecfHl=


sida.de pela Razã"'si ou. ?ej?9 -?omo a imposição .d,
um sistema. de r.e1.,çÕes .ao .que podia. ser .concebáde
como estando antes· em ún1--estado de maior. lib.arda"'°
?
.

#
.
-'

de , Esta. transformaça(?) e efetuada pela supreaeae


.
= 16& =

da ?mobilidade inereial. .
e rettl?ea tP
sua subs tã 1hrl =

çâo?pelo.movimento circular p?riQdico; em uma pa=

lavr_a s .peãa cri.ação de uma Al1=I}a. º

. .

.A·Necessidad? eoJt!o fator


- eosmogonã ee;
I?ter_.pret,ç.ã0 da ,expres=
sao ,1) 'fêfUV íTE'f</KE,.J/
... ·..t - •. ? •

A-interpretação 4a noção de ?ecessidade


da exege se do, Timeu..o- É .corrtudo difÍcil
·

é-,\:lm .pon to. .. -

-?·\.dqdo. cap í tal-qa cosmogonia .. e torna?se .impe:tioso


qu?LJ>:reeuremos eompreendê=;l.a na. sua. qualidade. .de
-
fa_füjr antagônico á .-Razão., J.á sabemos .que a iisão
, f
• ?

, ' .
.
"""

do :pr?ee?so cosmí.co e rundada nessa inttJ,içao


.
;a tP
u-e-

uma;-:·d.'.Çlpli·e;idade--f?nal de causas agenbes , .eont:itibU\!1,


-

df' ;?1Jff.ultaneam??te para a f crma çae


. •.
• .

do up.i ver só
.,..
? ,;se>

cotititiuando a existir na estrutura da na tur eza , Am


??s )sie eausas , pois que é por- meio delq.? { J,é<.. 9
·

h7 :a)_j .. que se produzem certos.efeitosº São. es sen=


e:ta?ente ? como .dissemos f? tôr.es- explica vos sn= .
.'3 _ ti
p;re?,i).-? aos quais nos é poss! ve L r-eferir o que en'?
.

.
C??tralllOS 2:1ª _'experiê.nqia., A eompr eensjio. .ãa Razão
·c-0nÍó'· eausa Ôferece menos ãif.iculdade
1 porque
- bem ·_
-

se v:? que so pode ser. interpretada como o .ra tor que


A ,:,

det??mina a. realidade primordial a-recebex a impr?


sâo_q?s Formas.inteligíveisº -?-igualmente .claro
ser-:?$te o fa tor dominante j· -pe Lo menos na .ma í.or e?
tensiio? e que a ê.1.1.e $e deve a estrutura, logicame.s

? • • ?1 .. :.·?.. ),' - .... ..._..,_


..."-•-..


te representável, do decorrer do mundo f:Ísioo?.Po-=
#
remj q-qe_co i·sa
o
seJa a causa-oposta,-essa Necessi;:,
dade , vencida mas não- eliminada do eunso .da natu=-
li' C'$ •

reza9 e o qué nao se pode ver .com a mesma -ela.reza,


e_ a.respeito .sua essência é 11? tLtral .que
- de .. não
possamos .conseguãr nada mais seguro que uma h.ipÓ-c:;,
tese plausível-(l·-----·-- '7.-." "" .. ..

Observemos .. que se trata .. de. um.


A
termo_ ab!,
?
:

trato desde.muito.fixado na -linguagem?-frequenteçi:>


mente encontreade em Homero e nos trágicos? eottr- o ..

sen tf.de original. de fÔrça.9 cons'trição1 obrigação?


C37) Platão .deverá tê=lo tomado .nss ta ace-pg ã ?-
na tura L, .apenas dêle fazendo um .conee í to espec.Í:f!-
co do seu sristema, não t?mos se1i1.ão. que investi ·""'
gar a particular significação que assume.na narrá·.
tiva do Timeao -
Se prosseguirmos na-leitura ·Pª:.!
da.

.quaã . --e?
?
sagem ... 48 a.,- enccnbramos , apos a. frase na .. -

defini-dq:. o pr.?_e:es.s o. de persuasã.o j que ac tma. ?omen ..

tamosj uma .expÓsição. da Necessidadej ago ra apre = __

sentada. como_ sendo .. uma .•0eausa Errap.te·i? º


_' .t considerável
a obscuridade desta -pas«
sagem, nã·o só pela dif.ic·uldade da .inter_pretação ?
sentido .des te .conceãte .ãe 'ºCausa. errante·'i.9 dado ,!
A .
?

quilo- que ina frase ant·eriror .. er-a chamado Neaessid.a.·


.
, porque a _qu.estao
de , corno .tambem
- , .

e.-agrava.da- PO? .

não haver per-feito acÔrdo- nem: se quer sóbre. o meão.


de fazer a .simples tra.duçãa de periodc>-o Com efei -

to1 a. frase or±ginal. contém um elemento ebseuse .e, ....


inc.ertoj de fxando-ncs -na si·t?-Çâ:0 de ter que p,r-·o?
duzir .uma tradução que não será senão verossÍmilj
sem pretender .. uma segurança abso Luta , imperioso . t
que .investiguemos ?inuciosamente o proplema da siE
? ?
nificaçao desta passagem, porque da sua elucida?o
decor.re a posição que assumiremos na eo?cepção da
teor:la física.o -·

?
ftu
-r,, olrv
..M.€, J<.1:Éo'i
I rirovGv
Consideremos o periodo por extensog

rõ ,?,
koc.,
koc.?« ,oc.Vt-«.
11 .ÀC(.Y
óYl'W£
U1).J..,lY1Jf t l óo,
lest.,
ocirla.,, fl 'flEeE tv TrÉ°tfUXéY ...
{48 a)ó. A traduçao da primeira part? nao oferece
,,,,,
problema algum? A oraçao anterior tem por sujeito·
1!ÓÓs ro TT«.J) 'J
suas Úl t?as. palavras Q Assim
A I
este.tambem o-sujeito do perfeito 1£'{0-
,F tP
sendo , e
V? Y. ·j e a significação indubi_tàvelmente .s,rág. ?se
alguém po í.s., segundo. estes -princípios? ind?gar. eo= ,.
A
mo rrea lmerrte el? (o unãvez-so) foi gerado%·
,J'
devera
,J? ;'
incluir tambem.a-especie .da Causa Errante?ººn Mas
C()mO traduzir a parte final n - 'fÉfE!.-Y 77?<fVXSV?
Se procedermos a-uma .revista das diver?
sas e competentes versões.do Timeu9-t?remo? a ime=
d.;ta ta impressão de que -não e xis te .acêrdo na in teres=>
pretação literal do texto; verificamos entretant?
'
pe La analise compara tiva daquelas de que dispus e=
,,,

mos, qi.ie há acentuada tendência da maioria a cons!


derar a expressão 7) <f8f.SU) TrÉ<fUKE. Y come
referida a v w fL& JJ 11 a,l:l:' L ?
rr-Àr:1.. º ora , quer- .

nos parecer que aqui se nos depara um equívoco .e


devemos restaurar o que-nos parece .o senti?o .exato
do originals pois? do ponto de vista da interpret!,,
- 169 -

ção filosÓficaj a questão é de considerável rele=


A
v1!lm:na, ·senão treeno importante para. o. escla.r_! ?;
.

cimento do conceito.de Necessidadeº. Não se pode


tomar esta .discussão ?omo uma digressão filolÓgj=
?ªJ que seria.aqui inteiramente fora de propósito?
A ?
mas como um .es.rcr-ço .para chegaz= a A
?a
.

.eonclusao ?
.

bre a matéria de t?xtoj na sua. signif1?a.ção lite=! ...


"' ""'
ral? ?e onde, so-entaoj principia verdadeiramente
o c?so filosófico? (38)
Na realidadej nessa expressão há. dois
problemas a resolve:rg a) qual. o .sujeito do perr.e·1 _

to- tré <f-VKEV ? , .e·,.


b) que significaj nesta. ·i?s=
A
tancãa s .o infini VO - ti I
tpE e E LV . ? Resolvido o .p?f-d·
.
·

meiroi restasJ.lbS. ainda .a dificuldade. da. .. compreen-


ti •
! ·
re '

sao d-Gt ·1nr1n1 vo i . e esta .. e a ques tao de maior al tP ""'


·• ·

. . .

cance para a ai,.álise do 'penaamerrto fisico.o Os que


--
' .....JI ?
re l.-a.e i op.am.-·1T ê <pv,r K.ê a yausa E·rran t ej nao
""
· .
·
· . ··
se -
f".!O ·

põem de. a.cÔrdo .. na. :.significaçio. de


. .
<f lf'.&
1,y __
o-E po?
'ão ãs .serrt dos.c interl)réta?91 uns í
demos di2ier que em -

GJJínO "sup?rtar??, tiadmi tfrn_


. ii.comportari8 j ? t:razerii9 e,

outr-cs com o sentido de. ff.mover?! j q!eausar movâmen-,


? ?
toi? º Para .a exegese .. eosmologiea a ,diferença.. e -

subs tanc í.a.l , Em·. principioi pode. dí-zer-se ·qüe ... se


.

trata de. um verbo cons tu.Ído .por um,a raiz funda= ti


mental do-tronco lingu!stieo indo=,'{:;11:opeu? .
b?eT
(sânscr-ito'.31 bharati, latirni fer6)?·que.s? .diver.si
fica.em vários sentidos? sendo.legÍtimoíl em.prin.=
cÍpio a tri buf.r--Lhe qua Lquer ·a.êsses dois signifi-?
2,.
.

eados , A decisão qeverá partir de uraa análise?


...
170 =

ci?nciosa,do contextoe. Pela lista -de citações fe1


p A
tas a seguí.r , -ver-se=a que , pa.Le -manos ent:re aqu.?-
les de eufas traduções pudemos j direta·A-ou in4ire<P
'J·

tame:qte, ter t:H)n.heeimentoj· varia entre e sses dois


.

signifi?ados o modo de -verter o verbo tf E f6 £V ; COJl .

sãderando .» grape daqueles ·-tradutores p?ra_ os.quaãs


a.-.referencia -e- suposta- comoI feita a Icausa Errantej
A ,
. # ? .

TrE. 'f ir I{ v ver<Z


ê
eneonxrames a .rrase.. iJ ---'fJEfE.,v
.

tida nas seguintes- expre,sões ? . -

F-CYMo:C.ornfo:rdg
_ n1n what manner its nat?
re 1$. to Ca"Q;S.e- -motidn"
.Archer?Hin?g ?how is its natll!'e to it
set in motioli'l!
'

AoE.oT:ayl?g "so far as its own nature


admitsn
S-ta.llbamn·g
·

ftpattone qua ipsius natura


fert"
Ao. Rivaudg '•et l.,a na tu.re de son meuve-
ment propre"
?
L? Robing npar ousa nature est de po.r,_

, ,.
-E-?- Chambryg net sa proprieté de prod-q!
re du mouvemen t11
C9 Giarratanog uper quanto la natura
di essa lo comporta"
Schneiderg npro natura@ ipsius impetun
ºº ?raecarol?g "secondo chape? sua nA
tura coopera!g .

Michele Fo Seiaccag "dove sua natura


.... 171 =

la mena"
Augusto Magneg "enquanto tem ca.pacida=
A
de ingeni ta de pr.oduz11-.n
.

( 39) I!>

0 grande
_ Dicciona.rie de Oltfo?d (Lid d.e 1 -

e .Scott? 1940) cita -a -expressãc, ? manda traduz.:{ =


la- .por- _Hbea.r'! j -?endiwe?L, H_a,d?it1:u o -Verificamos tam
p '
bem q:uej--ine:lplie?velmentej t?rn sido, esta expr-ea-

=' 1

?ão.-omitida .em eertas--traduções do, Timeu.,- assiin-:f -

na a.ntiguidade-,-?por -Cfüilcid.iu_s-, {40) .que--não .a


reproduz.. na forma latina,.... embora a con tenna em
seu Comenta.rio na f.9rma literal. grega? Lgua.lmen-.
<f'

__

tei a tr_aduçâo. de. Bo- Jowettj- tão frequentementa?:m,--


fiel9 ?este caso preferiu ignorar a frase? __
,.
-Todos os autores citados perteneem -
ao
grupo-daqueles que consideram .a palavra -iJ C@ffi e
se-u._signifiea.do de 'dativo -do relativo .feminino ?
3 J •
eujo antecedente natural ser-ãa. oct.. 'rca:
- .

.Assi:m -e -·o .

,
qus , tratando-se-da Ça-g.sa Errante, o perfeite_ trs-
.

-(/VK E aJ nos inferma -que o atributoj que será adi


eionado? é alguma cois-a de essencial;_ eom ef'eit?
í A
o serrt de .des se .perfeito e .e de refer.ir. uma
,
?uali
.

da.de ou-um.atributa.essencial a-e seu-suj-eitoo Da!


ª ,
-

gravidade de que --se: r.eve_ste a.


?-
traduçao de re_
ft. LY, pois devemos ?onsiderar que , eenroeme .-9-in
terpretarmos7 estareJnoS ·eara.ete·rizande por
seus aspeesos fundamentais a--G.au.sa Errante?
.
? dos
ou S!,
jaj o conceito-de Neee?sidadee -

ei tações ae ima- se .apzeeade.


D-as que di-
ferem -êsses a:atôres ª Ym gpup? -ade ta para <féf'£lY
- 172 -

a versão .de '?caus,-r ou possuir m.ovimen-toii t.ornforã;


Archer=Hind? -E? Cp.ambry9 AGRivaud? .Schneider? Lo
Robin.-(?.).? Esta -tradução ê particularmente grave E1!ll

suas @onsequ·ência?9 .para a .eompr-eensâo ?er,J, da f,Í -

sica.do Timeu, por ela seriamos levados .a-?tribuir


à .Necessidade .e papel de causa à.o movãment.o , de f.!,
..

tor originante .da mobil?dade9 de.modo q"Q.e :pa.ver-ia.


assim-no-esp:Írito de--Platâo--o- problema da origem--<b
mo?imen.to f'Ísi?o"9 .qUe--éle- ter:ia resolvido? simboli
zando -.n.a--Causa.-Errante c, fa;tor que teria- t?azido- .a
·

__ .

mo,biliqade ao.sei0 d9 que poderia.ser suposto como


existindo.anterio?mente destituído de movimento?
Pouco importa que seja eterna.esta ação? e$tamoS-.!,
? .
?
.
quã.-em pleno mito$) .em .que so-procuramos-dist.inçoes
..

cdnceit?iso Admitida.a-Causa.Errante .eomo. causa


·a:o· movimentoíf está eonce tua.lmente deal?ra.do que - o t
movimento. tem .ea.usaº ... Ora.i esta suposição ?'! a .no§_ -

so ver.9 .decãdãdamerrte .opos-t• ao sentido. da tísica


plat?nia?·j
? '·"·
inteiramente_
A
..
·,.
?s primitivas concep- fiel
çoes dos -?filesofos joniqos 'i que .nae fazem -dis tin
. .
.
it1- i.::,,
=
ção .entr? -? realidade 'r!sicá- .e sua. caracte-r:Ística.
.
--' ·.
·4 ..,
mobilidade,º A ma teria-El eterna e o movãmen'so , sen
.

.. ..

do embora um aspecto qu? não.se conf'unde .co? o seu


«i ?. .
A

eeneeaec s e?- tao da matéria quanto. a sua- existenaiaº


Em nenhum outro ponto do-Timeu.haveria ref?rência
que nos l?va.sse a supor uma·?ausa? mesmo si?bÓlica9.
.
?
para o movimento9 a .na?'ser.aqui? e9 assim -masmo9
47
so admitindo desta. maneira o sentido do.textoe -S?9
, ?
porem? como a seg?ir defendsremos? e inexata esta
....
173 -
tradução? é
possível eonseguir.u.ma, interpretação
desta passagemi que atribui à.causalidade-nece??
/J 4:,t
fli .p .

sarka-um.a.?unçao perfeitamen?e de£inida.no-proce_!


?
so cosmogonieo.e na estrutur?çâo atual do.univ??
,ç;;,,

so , sem. in?orr>er .. no engano. de -f'?,zer dela .uma ea?.


sai. ainda. que simbblica? do que por ·essência nio
tem eausao- - . . .
Desde Stallbaum crua .etrtr-cs autores .ü\<,
.Eo--Taylor? Dicco .Cxford9 .Giarratano) se inclinam
a dar p,or tt?omport.ariJJ 9' ?Jadmiti?v! 9 mtrazer .em -sif!,o
grego '()EfêlY o ... Todos .pensam estar .ass ím carae-.
terizando .a naturezad.a.Ca.bsa.neeessá:ria?
?
já que,
? A
todos .esses .pertencem ao g:ciupo. dos. que--lhe. dao ?e!
se verbo. por .atributoº ... !sse. modo .de ver escapa?
sem dÚvida 9 1 .er·! tiea? merecida" pelos que. julgam.
qu?-haja.em.Platão.alguma-ref'erên?ia a qualquer
coisa que seja-causa-do movimento.o----,E-a.r-igo:f'9 a.
ftf-
A t
nosso. ver.9 traduzem. eon aeerto o .sentido de
.

. -

ei,J/9. mas estão .. equivocados .no ... atr.ibui=lo .. à-Causa


A • A
Errante,? Deste mode., .. sua. mter,r.-etaça.o- deste v-e1:, ·

bo 'ir em si mesma eorreta ? --fica prejudicada por nâo-


.. -

ser referida àquilo a .que. devia ser·º Por i?t©, -

set?
.
A •
esses .autores fazem em.geral traduçoes .que
formam em pro bl.ema$?- -p?r ser inadequada .a vers;oG
.

Se -correlacdonamos -®-. '!?ompor-tar!' QU. ?'ad


.. .

mitirº à Causa Errante?- que .coã.sa .temos em .. vi?."""


?

ta?-- Que .ecãsa .é, .que a natureza--da .cause Errai1te


.

,
.
'

deve--admi ti:r ,suportar?. Ap$.,rentemente so caca::


-OU .

be:ria uma r.espo?t.iu o ser rnisturad?;:?ua:loJJ_ º


ti
4'
Mas a naturErz.a. da· Causa Erral').te e ess.encialirlente a
de--uma ceneansa ( u ,J « 'el o: ) 9 âe -um fà tor·• ?ó=
.
..
I
? i
ope:ranfe na elabe>raçâo, da- ordem .natur-a.19 de mede
= ·a ?
que a sua asso?iaçao .. outr@ fator e implicada pe=
.
.

la pr6pria· definição .de.fator eoadjuvanteo A -tra=


duçâo da .passagem, .então?. pela extre:ú?ão .,?na medi='
p
da .em .que .Lhe e na tural eomportar1? .ref erinC,.o<,'?se a ..

sua mistura. ?om .. o outro-fator.? .. o?«a Ra.?ãoíl ···s·eria .? ..

? ? ., ' ç;:,

uma verdadeira .nedundancãa desnecesaar ia-o- Nao e .i,r-,g


.. .

v,vel-q?e um texto.tão-?bscúro tenha êste-desenla?


? ? A
ee tao .. pobre de .signif'iGaçat!» e. de. inter?s.s-e0, Supor:
..

- .) . ( ?
qua nae haja.e?mplemento.para.o verbo .'ffêeEt.,y e
dar a .e-?ressao era.apreço cqmo--1l!ll-apendice -·inutil
"" • t;::, ,It. ,1)

=
a. .ref?re?aia.?a. Causa ...Er.r.?nt* s e que nao transporta
.

' ? '

ri.a -nenhum sentidt0 ,de·finidOo·


As$im send?9 quer=nos .parecer que ave_£
correta. do texto ed. aquela que s ... a, nae
=
.

.tP
sae I;,?
.da a
.
'%

.
'li f.ê £,; · --0 .sentrí.do .de n causar mOVimento_tR 9 mas 0
de .!8ijOmportar11,8 ? _!?admitiru@.i - _.
.
?
b) nae nema a palavra 1) ·-COmO um relatiV09 refer!
e;, .

) I
do a .. occ..?ux. , do que resulta que-
.

? (
e) nae ?e, refere. tambem o perfeito 1t f <f li K 8 >I º
&
.

_
À. noss? ver9 o sujeito implÍcito ?-
·r:ó<fs.... r}f? 1r·?.'v. .'t e.é a .ê1e .. que-se.?reporta .toda .. a
.

e, ? Ã
expressao., Ja .ve:renu:,s -·as--conse,quencia.s-. desta?.? in=
.

terpr.e-:ta..ção; .devemos .apenas , .. r.esumidameritej justi=


ficar esta preferência.o Par?ce=nos .razoável· supor
um paralelismo entre 1rs' flfKE.V e 1É. Y8Y 9
!} f; ro
da linha imediatamente anterioro ? tendência est?=

-- ? " 1 .. ::V.:·?),'

..;? .._ _ .
# ._..,. -- p ? t-.? .. •, ? - -- '? .,. ..
175 -

1!stiea mai? ?lementar levaria o escritor a não


? ?
compor A'tu.as exp:r.essoes. .tão. ? ,
semelhantes?}_ ta.o- -Pr'O=
.

ximas9 $em-que .. tives$em a?bas .-. mesma--de.termim1=


.

.... . . .
'
,fl ti
çae , C 1aro es!a que o vocit'°bulo
<;;:,
e:

-rJ -e natural =
-
<I

mente uma f+ex?o do relativ@ .f'eminino9 mas tuz:.t=·


c-iona?ig?lmente c?mo.advérbio·à.s?melhança, -d?

? .

nieiro, ease. ?-,--esta


.?'· ''
que·: .ocor-]je com ?0-.-là.t1m? q??-;-?e-?assim-
?
come .ne
ultima,9 _,inÕrubitavelme;nte9. a
p:r!
sna
a:, ? t?
m?is .pr.ovavel? eomo. nos .indi@a a .. s?
• !
.

f'àni;aoíl .e, ..
.

colo@açâ? ?1' face. de doa pe:rf'ei tos 9 .qu? tamb,m - - .

o -s?.ja no segundoe A. repetiçi? do. pe:rte-ito. su?


re 'Rlma identidade de .. sujeitoth i_o universo que
naturalmente deve admitir
sariao
,?
ê;&:ttsalidade neces-. ? _

- O sentid@ geral-do text?-' agora .


-ma1$
clarog. se algu®m se.dispuser a dize;r_(r}como-réalrren
? ff
te? .â--luz.-destes prin?:1pio??
t,FI, .
'
.. Q-Uh,ivers? f(pi g?r? ..
.
,
do9 deve .incluir .. a .. ca'qsa-necessariaw· ?a ,medida.em
. .

p ?
que .e natural que- est.e mundo- a .ecmpor tes. E .e? na=
tural-pfl>r. que? ... Porque t do? ?ontrári?? ?e:ria SU= ..

6l> A
po?-que ele---f0sse.pr0duto.exclusivo.da.eausa ra?
cional$) o qua é eontraditadG pela .ccnstanne. exp,!
..

riéneia-f-Ísiea. {alépi- de motivos .de outra esp?cie;


?
que env0lvem eunres problema$9 .. como a .existencia ..

de mal9- por. exemplo) 9 que nos revela .. a mobilida·c;;,


·de essemeial.da-natureza ?terial-9--de
que- nessa
razã0 hão pode .eenstrm.r uma interpretaçâG 1:égit;::>
'
:
*'
ea satisfatoriao
A exist?naia de uma segtn1âa ordem de·
- 176 -
I
cii'tasas deve 9 pois i ser ac>,ei ta ( _µ,€ e. /<.. t'" SO i" ) e?

m?-àatural-n& composição dê.?te Ui,iversoo A leitu=


ra da -expo$ição $Ubsequellte ... das .obras da Nee?ssidJ;
de.ªos ?onduz9 como já a? referências anteriores
( 46 ?- q e)j-ª ver a pre?en?a dessa realid?d?-pre=
? ? ? i:;,, ?
e:tistente 0-pera.çao .da. Raza.o? - que .. nao- e - ?,n,;rn.mida
.a, -

ou.-.a.nula?.íf--·mas. envolv.ida-9 .e que. permanece-como- f,!


tor integrante .de -estrutqra de todo acabado o O pa=
....
f .

ràlelismG gramatical.entre -TrE--<{>V-K.éJI... e rê.f-OV.êV '


tt , }
e. nao .so- .natural? - estil1.stiea.mente j ?omo oorrespon
t?
·-

? ,
de me·lhor à _feiçao geral da teoria pla.tonieae
(::, &li,

Ja
, . ) ""
que desligamei -<fEeEtv de-turia relaÇàO--COm-$ Ca:tt=
-sa-Errant?9 -menos-ainda se. justifica que--O- t,aduz.1;
mos-par tB?au1-ar. movim?nto'?-<» Cornford, que O--traduz -

desta- Últ-ima tnaneira?J defe:nde .. e seu ponto de -vista .

?om-·aproxi?Ões à .. oJJ.tro$- pontos--de-Timeü.-e. a- .cer=


ta-passagem do -Ep:!ri.omis onde. .o mesmo- .ver.bo lhe paq .. ..

race ter est? s-ignifi?ação, mesmo que. seja esta a ..

? ,
llllica maneira de traduzi-lo nestes ultimos caso,9
na passagem que aqui discutimos não estamo? obrig!
A .

e?ta forma.o Tanto ..mais quanto


.

dos a. verte!=?l0 por _

esta .. dif'erença ,nã?--ne>s .afasta .grandemeníre .. do ponto


de -vista -geral-da. interpretação -·dtLCorn:Cord9 .com .o
qual concordam©S9- é ante,-uma .questão· d? r-etitiear
? -t::;I (I .p
minuei?

uma,, .ex_pres$a.09 .uma que.stào9 sem duvida? de


lll8:S- .na forma. em que
que-9 tomada pelos autcres que ,
apontamos., .. cons-t1tu1.9 -&. ncasn ve-r$) uma in_corre_ç_ão
do pensamento plat®i«J?Q .. _

Satisraz=nos verificar que a interpret.!.

- 1
..
• ! ,.::,.,..:_.- ),'
-
..-. ,.._" , -- ., ·? • -.. , , _ .. - ., ..,. ._ .,,,.1 • ._ ;.,,o ... ....._ ., _. - • ? •...,. '- ? .,,._ • • • , A • ..
- 177 -

? ?
çao .por ..nos -a.pr?e.sentada ja? foi anteriormente. admi
?
tida e9 assim como a nos,
' p
a outros tradutores -.dio
,p
Timeu ta.mbem deve ter.aparecido.como correta a. a-=
tribuição da expressão examinaqa ao sujeito ?u,ni=
ver-se" ? da frase anterior o- A tradução do Timey?
"
.

#
·Taylor, dá-nos
.

de Thomas todo .este treé·ho de .uma


forma que nos parece rigo?osamen?e exata ·-??I:fj--tbôl?
.

any .one truly aaser ts that the .unãver se was-.gene.- .

rated according these .(necessityj .wis? persua=


.to
sion as principle.a) he should also mingle with. it
the form of an erra.ti@ ca.usej which.it is natural
ly adapted to rece.i vet)?? -Hü) A tradução,. de. Ho .

Martin? da. parte disc.rutida. do. presente. trecho_ é:-g


ucomme- la nature .des .chose s lEL.comparteºn· .. Nâ-o bá
dÚvida que essa. interpretação exclui. .a-a tribuiçio-· -
?
direta de .qua l.quer- .açao ?
a Causa Err·ante; .... ela e-?
que. é an.tes, a tribuida .à "na.tur-eza. das cois·asru9fo.t
ma. elegante, e .nâo infiel, -de.exprirn+r- 11r.Óo£ .
\ ? A
To. 1TtX.Y Ainda contamos com o apoio d? tradu=
o .

ção de R º Mondolf o (42) j. que nos dá·· uma transcni'=


. .

ção.que coincide com.a orientação a.qui-defenãida?


si alguien desea explicar eçmo ha sido verdade
v1Jy

ràmente eng_endrado-aqué-1- (munde l, .debe mezclar(?n


li'
;)
su exp.Lí.eae í.on --? tambí.en esta .. espec e e l.a ea usa
mudab.Ie., que lleva en su .na turaleza '? .A eausa Lí,-.
id
,
.

..

dade errante é .. a.Inda .aquã referida .?o univerl3o9()lei


a trans por tá em sua na-tu.reza . 0 .

Por esta variada colhei? de opiniões?


vê=se que não bá unanimidade na mapeira de verter
- 178 =

êate trecho impo.rtante da teoria fisicq. ·t:::,


de Platão,
antes se dispersam ?s interpretaçoesj ?uma prova
de que a passagem é.em si mesma obscur?? Mas a h.Q
moge?eiqade das três Últimas ?raduções citadasjcojl
eideiite? com a .. convicção que t{nhamos formado9 an= .

tes- de- .ter .conhecãaente delas j· dá-nos urna certeza


'
,p
-

complementar .e .coneras na com a - variação_ das. opi =


n1Ões .dos que. interpretam--de .. ouero. modo e Em .. sumai

i .. ··?-.,f•
i) ! .

julgaD,loS que nesta .paasagem ha .apenas .. a_a.:fir-maça.o


.
t:e,
..

? , ,
fator indispensav?l
. '. . '

de.que.a causa-neeessaria e na
explic.açâo do .. univer so ,
Foi ??-eiso que ?os. alongassemo$ .nesta
-
. .
,
disc-ussão1 porqtte-a passagem d?ve.ter a sua .signi=
' • I

fieaçã.o.fi.rmada antes .de.inic?armos. qualquér desen


volviment?.:interpretativo dà .. noção. de--Causa Erran=
tei o que não poqaria ser. feito por .escolha arbi-=
trária -entre .a variedade de traduçÕe$ o- To?:nava?se
p = .

obr:igatoria-.a ?
determinaçao -de- um .sent ãdo que-j'al?
.

semos eo.rreto?-garantindopo:por. razões-plausíveisº


Desejávam;?? a!astar qualquer alusão à sobretudo?
Necess.idàde como causa do movimento observado no
mundo f:Ísicoº Procuraremos ·_demonstrar que a Nece.§. .

sidade tem decisivd.no-regime qe movimen-


uin papel
to.q.a matériaj mas dela-não se pode dizer.que seja
.
,

A =
causa cl.o _movimentoj simples?ente porque este
.

nao
tem ea.usao

§ 4,; Necessidade e ?eglllle- me.c?nico primitivo


Vimos anteriormente que, so b o nome de
- 179 ....

Neeessidade, se ·introduzia um fator da.natureza


fÍsica9 distinto
e oposto ??zioº. Mais tardei i
if ? A ;
so?os. n ormaãos que este fator e tambem
? "'
? ?
ea?saje
a ?specie secundariaj eoadjuvantej errante, da .

causa Iãdade , Há.j p,()is, no desenrz-oâar dos aeon-


.

tecimen'tos mundo--f:Ísieoi -alguns .que se- .dsvem


-à.O-

adniittr como dependentes. ?desta- .segunda espeeie


.

M .

-de .

eausa, -Or.ai .a primeira-.es,Péaie .é-.constitUÍda P.!


la eausa.Lí.dade inteligentej isto éj .. aquela .qus


proc?de .de alma ..invisivel- e -opera segundo .una
uma
fimalidade boa e bela o. .Porrtarrto , .. não--pode haver'
..

dúvida. que a.causalidàde necessária.seja. aquela


q?e-domina os aaonte?1mentos? dos quais não. nos
é possível dar. uma- .i:nterpretaçãô raeio?à:l?. fina=
1·fstica-o Sendo alheia .à--Razão? -é. ela- que s'im't>;óik
li..;a .. tÔda .a acmdi?ão do. real .. r!sieo .arrtes. .de ser
or.?anizada -ª estrutura. inteligente do .eosmos , .-e·
per sis te. mesmo depois .dassa - or-gand zaçao
'

- - -? ?

j Ja _que, - .

sabemos não ser admissível.um domínio tão eompl?


to do. /)loi, que acabasse por ?xterminá=lao Na Si
tuaçâo presente éj poã s , uma.ieausa secn.mdária.?que
p ? ;
so se manifesta- deba.í.xe do- influxo da. Bazao,« sq
'

A
perfed tamente .apresentada por alguns f'enomenosjê <f'

inferior- em dignidade por--ser privada .de inteli-


,. A ?
gene ia cp por isso G H.aqt1iele que ama a razao e a
. - .

ei-;nciaRfi .deverá invest,igar as· causas da natur.e:=


za inteligÍvel que são· primeiras, -cav óe J<oir
k.'OlL 87Tt.õ,rrJP,fl5
I -/· '/ ?fcxg-z-'?v 'ex,,JJrK1J TOCÇ
f
"" r
t
á.t,,?,
_

?,s
'>

rrew-ca.,
.>

S?'ffOVO( lf11úêwÇ
- 180 -

))-f'trf.. ótaÍ KB iv '.1


deixando a causa que
opera por necessidade para s?r investig?da em S?=
gundo Lugar , <lE.u,Ifr:AÇ (4{;) d)º ·

A
O sentido geral da cosmog-onifl, pl.aton!=
.

,fl
ca indiea=nos que? sob o nome de causa pecessari?
o .. que,. Pãa tão quer apresentar. é .um. regim? pana a
realidade -da.quilo de .que . se .vaã formar. P--murido1.,n
?
tes .. precisamentedessa .. ror.maça.o-:-•. No rea-e.pta.cuJo.cb
P.

devenir está-contida- alguma .coã sa .euja ma.tuae.s.a


.. .

não se pode .seguramen se indicar (e .Ls to por u.m a


? ?
Paza.o.que procuraremos .apontar mais-tarde ) ?que e
aquilo em que o Demiurg0
.
vai
compor um universo -Qr
ganizadoe .Mas a essa.realidade não falta uma con
-
diçáo. propr-ia; devemos . supo=la ?. -por intuiçao
t? ""' .,..

?
co'""'
mo algo dotado .de. certas condições?-. que com a· sua
.

submissão regime das Formas_inteligÍveis.


.aQ .se
,fl
torn.ara em-um universo regular-o Ora, -nem-:por-is?
.

so deixa de ter
,p Á
seu. regime pr.oprio esse .. estado-?
,fl

t?
=
eosmico? Dev.e1nos.adm1tir.que hat? uma condiçao.me?
cânica peculiar ao período.anterior à organização
e quei de modo geral? é lÍcito referirmo?nos ao
que se poderia ehamar o regime d?sse períodoº Tu?
do o que podemos.. es-ta belecer claramente a seu re.§,
peito.consiste.em saber que.nêle vigora um estado
""
mecanico?· em que os elementos materiais são suje!
tos a um de·slocamento por translação retilínea i=
nercial? como mostraremos a seguirº Neste estad?
todo elemento .que. supus.ermos j não estando. submet1
do a nenhuma. influência por parte de
outro """1 pois lí
- 181 -

?ão se-constituiu ainda o mais .leve .esbÔço de OJ:


demí) .Ls to éj de .,r?:t:êlri'.'iit:?o organizada =? .

depende de sua própria natureza e ?o que lhe é
essencial? d? modo que todo sueeãer que lhe diga
respeito-não se expliea .por relação a.algo e:xtr!n
seco? mas--deriva unicamente .de suag condições e
-
É __

.
Ai
a isto-que devemos-chamar Neeessidade9-a esta de
cor-reno ? d e -Sl.- mesmoj ao. -O·bd
.
·
O

e ecer a sua. nature-


%

za , ao-.c'Wtlprimento do -de.terminismo intr:Ínseco,qoe


fa.z.-com.q?e cada- coisa persista-em. realizar.a.eo.n
tinuação. do seu estado-a .cada-momentoj-sem- inte1:
A =
fer.encia de qu,alquer outra causaf senao a neeesi=
'
sid?de- de .man'te r..a propria nabureza , Cada coisa.
di',
_,

é? t?
?
a9 pois1 obrigada-a. realizar unicamente.a con
ser.vagão- -do seu. movimento. retil͵eo. e uniforme._,
e a manter quaisquer-outros-atributosque--porve,n
t?a tenha e Lgnor-emcs, .Não-.poderia sofrer qua_!
quer -mudança, seja-em-sua .eonstituiçãoj em suas
qualidades ou em sua .f'onma de m?vim,entoe-
. .

So.
, -
o
choque entre partes materiais
- _ é ?ntão - eonee pf vel;
mas não podemos .conceber .nsnhuma transforn,.a-ç ão 1
-

que só se poderia- produzir se fbsse determina da


po:r uma finalidade e .

O universo do. caos pr.imordial .. te-mj poã.s,


um .regime particular; pode dizer-se #lo

que nele---111!
o

per.a. uma .causa.Lãdade , se é que n?o podemos - dei=


..

xar· de ver sob a forma causal a condição de al-


g'U,ffl. processo re.a.lo ----Mas devemos deixar. claro que
esta espécie de causalidade é radiàalmente dis=
tinta .daque.Ia em qui? intervém a Razãoj porque à
primeira falta o ?entido de orde?? quer dizer, de
determ·tq.ação _a, -um--fimj e .subs í.s te capenas a obedi-
;ne.ia ao impulso irraeional de-conserva9ão-d? mo-
vi-fi!el}tO;o-
.
.Não :q.á.
A
lei- ainda.,. pqr que
é r?laçãoj. lei
medida e eonatane í.a no eur se de um pr-oces so, que .

sG·vir,á depois de organizad()·o .devenirj pelo in=


tlux?iracio??lº .Há'. mobilidade.essencial e.submi!_
= P A
sao ·trecessar1a-do._efeito mecanã co.iao estado ime q
,
dia.tam.ente precedente.ª Cada parte .ma ter-í.af esta
-
-
.

sujeita à invariabilidade d? sua determinação me-


" .
A "" :,
eanãea , obrigada. a pas saz .por. todas .as condãç o e. s
.

que decorrem de sua na'ture sá -DlateriaL? .Tuçlo que


l?e aêonbeça .. então .seráj assim? necessár.ioo . . - ·-

.. Ser necessário -Significai por.tan toj.s.er


.

·
.

tal .que,.. para que ::não fÔsse as s.ím , seria pne.eLs o


haver o que é-impensá=i
·uma.alteração-de natureza,
velj uma vez que .a natureza. do .r ea.l, primordial ... e, .

dada , --??d?i+<;>niinação d9. Necessidade- é .. expr es sãva ,


-? A
por-qua figura muito 'bem .a circunstancia.
.

de depen-
.

.• ..

den o ia ·de si mesmo ; de ser .obrigado. só per sã , sem


-

eorrelaç?o ?xteriorj a. de senveãver=se . segundo- .a


espontaneidade de sua naxurezao .t.o sentido_ pri?
mitiv:o .da palavra ?viõ.Kff). o só chamar-emcs ca .e,!
sa-ne?essida.de. pelo nome de. eausa , porque .quere =
mos referir=nos a uma sucessividade no acontecer.
A
meca.r,tico e precisamos designar com algum-têrmo a
depê?dincia indefiniqa dos ?stados ou.das posições
umas. das outras; como no mundo organizado uma tal
situaçãq, merece plena.mente o nome de causa., por
analogiaj-rnas a rj_gor em sentido bem.dif'e:rente
í 1
des gnapemes .com. é) mesmo .nome a .. derivação intrfr!
seca das determinações do ser dele-mesmoO'-
? e Laro que a causalidade necessária só
pode- vigorar -plenamente em um mundo elementa:e}foo
, £ t'
nos e-possJ..vel definir- qual a-especie de ele-men=
A ,
to?. que .monaãa..e. essa-a que se .apã.Lea.. -O regime
.

""'
da .de te rmí.naçàe ne ces sam a., - Veremos- mais - tarde
.
<f'
- . .

que -h1poteses somos -obrigados. a ,fazer i para


<f'

. que.
adquira sentido físico.a exposiçio mÍti?a de
caosº O eselareaimento preciso d;ste ponto nio
'tem a importância que pareceria ter, .desde- q?e
nos éstamos- referindo-a uma entidade-imaginária9
que .de sempenha., ,
entretanto, -O--pápel-simboliee .. 1J!-.
..

por tan te de .nes de µar compreender .o eomportar.ne1i.


?
to--do- real- obser-váve L, .De .qua.lq?er .aode, estes
-
A

e Lemerrtos devem- ter j -além dos a tri butos-.,.da ma teQ


rialidade:, a simplieidade-j :i;sto- .ê· 9 .devem -?ser con
eebidos em uma-condiç?o-anteriorj a tÔda ·estrutu
ra , Para que os possamos tomar como. estando .aob
-

A
a .dependenc í.a exclusiva da .açao neces sar ta , .e pi::e
.
;;,,

.
.
,p Ji

A
ciso que nos figuremos um -estado.distinto de .to=
da interação, em que n,ão haja-ainda-nenhum vi?
lo-entre as p?rtesj nem massas resultantes por!
grega,çãoº .. Não importam as .suas dimensões ou - a
ausen e ia.
re A
sua na tur-e sa r .' importa a declaraçao da
A .

de influep.eiaS-o.
t'
O universo que a Necessidade domina -e
- 184 -

um perfeito caos meeânicoj em que massas materiais


elementares se movem retilinea e uniformemente,(43)
e onde os Únicos efeitos que resultam da pre?ença.
simultânea da multidão das partes são os choques e
n
os desvios .aubsequerrtes , Cada massa .elementar-de..§
creve a sucessão de suas .posições .obedecendo-ex?
" " o

clusivamente aos seus determinantes.dinam1cos, e


isto? pnecã samen te , -O .que , como oulgamosj - .Platão
? = ?
con$idera ser uma especie.de.açào causal necessa=
r La , .o .. f'ato de podermos .conceber' um tal
. e-stado ..
precedendo o atual e de .sabermos que .no janãver s o
pré=estruturadQ,,há um regime de movimento retilÍ=
neo e uniforQ1e_? que é substi t1.:1Ído pelo do movimen
to.circular'8 com a .. transformaçâo do caos em cos =
" . -

mos, e precisamente o que eonstitui o conceito do


princípio de inércia() Provado que há no Timeu
? =
uma.referencia expressa a esta eondiçao do movi -
m-ento no caos primordial, podemos.afirmar, como
-
j u1 gamos·?, que, .na cosmogonia p.l.a ton í.ca , esta con=
,? ,li:.

tido.aquêle princípio fundamental-na concepção.da


teoria rísicaj embora, evidentementej Platão mes=
,,,,,

mo nao o tivesse formulado()


, ? -
A estrutura sera uma cr'Laçào da Raaao-
.

Oraj.estrutura q?er.dize:r agregação.das partes,d.§.


senvolvimento de .fôrças em ação recÍprocaj donde
a mobilidade essencial tornar=se então pr Lvada da
liberqade primordial e forçada a processarpse nos
limites impostos pela mutualidade das açõesº A
estrutura? como característica do universd atualj
;, -?
e .,.,,.,, ...:1-
..<1--.r.es.ul.11..1:2...u.v . .da_,_agrega.çao da ma teria .em .eerpcs
;,

regularmente cons t í tu:Ídos,. com p .aparecimento_(h·s


primeiras naturezas f'isicas ·-d·efin.idas o .eaos
, o -

por sij jamais p?deria origina_r .. êste nove e·stado


de coisasi pois ,a .sua fatalidade ca?sal
Q i?pe -
lia a prosse?ir. eterna?e?te na desordém tniei.al,
Não .é_ possív?l- supor uma -?voluçãp e.spontánea
que
r
_

:f?ça o ?1 ve?so pa?sar do .eaos


j
organizaç?o º _f
t
...
I

.
·


.!•

.
p?la ação- -intelige?te? pela- .pers?são i- que. o -.is=
..

pÍr.ito comunãoa .à .. mole - informe- as figuras geomJ?


trieas. que plaslllarâo-.as .primeiras estru.turas· .cer-
pÓreãs o -É pela -1supress;:? da causàlidade-antiga?
.
.

; R,
que p0r.-s1 .meema.i so produzia .a proprta-conser.va.=
.

..
.
.

? i
-?
ç?o, e p?la .. do·aç?o:.de-uma .. nova"eond?çao
'A1- .

...
caus.af
q-qe se-- processa ,e,_ -?aseimen-te do--.eqsmosº As .. --qua?
..
tro .na'ture saa. estrutu.r,adas .elementa:r.es-.forltlB,m-.sa ·

pelo recebimento -de ?? prim?ira Aeterminação -caji


saã, .a que Ia jus?amente .. que--í'?z-·?0m.que·.eerta$-
tes da massa {nfQrme venh?nL? .ser eq;nfigiµ,a$,s.
.

., de I •
..

i I
?
modo a danem .qrigem .. a tais -?lem?n.,t?s:a U?a
-
.vez ... -

r?rtliaqos êste$ elementos,- são. vetagQs ª--?e- cam-


portarem segundo outras. e
,
outras qete.rtni?a=-
·•
" (
.$is. .

?9?s? .novas. leis. q'Q.e- vão cada


.
'

... .. vErz .ma í.s ·compon?--ª


estrutura .do· unaver sc .
dentrç, do.
. '
total, .. plano? .

que. seu .Ar.t:Ífice. eopãou -e--realizou. ão m.elhor .. m,?


do possí?elo c·aq.a .ve·z mais prcpgrid?- .a ·c®mplie.?=
__

ç·ão. estrutural.j- .:por--serem cada :vez iµai? -intera .... - -

ge?ltes as- massas .. c().rpÓre&s :.é .eada --v?z -ll}?;s - sue..«


mi??ª? ? ?o deve?ir a que ?stá reduzida.a mobili-
= 186 =

dade in1cial9 a leis que são a expressão da nova


causalidade que acometeu-e venceu a ininteligivel
Necessidade9 de que a?tes tudo dependiaº
A tmposição da Alma a êsse mundo qSsim
'
,,. =
gerado nada mais e do que a ?xima domi?açao
iP
da
Razão-9 suprimindo a agi taçã? do caos e retilínea
trazendo- a êste uní.vsr so , agora estrut?ado em IIE!f

sas-1nterativas1.a-forma circ-qlar e periodica das


,p

.
revol懢es dOS- .00US-o
;
- -- --

Compreende-se .que-a ?ecessidade primi= -

tiva--possa ser chamada d?- .causa Errante-o Eossl .- .

... ...
velmente,?Platao tera-eseolllido -esta denominaçao,
. ,p ·-

aproveitando- o .duplo .aentrí.do .qtra. .tem em grego.tco?


mo aliás._em- porti+gtt.ês ,- o .verbo .. errar.,- .que signif!
Á
ca , ao mesmo .tempo-,. vagar .e--cometer. ??tQ.-o Com efei
. .

.
, . .

toi- a Necessidaq.e. -e .0 -?undarnento de .ambos., con- ..

pr eenâãdo , como ·defenqemos .aeãma; que a Necessid,!


? p -
de nao e_ eausa .de .movãmen'to., .. entretanto .de.La pode
dizer s"ê que exprime justamente o regime do- que
.... . -

se move por si ?s pon tanoa e 11 vremen te;- assim,- O§,,


A

da .por çâo .da massa mater.ia+ informe está sujeita


a uma necess í.dade que lhe é imanente e a obriga .a
cumprir inevitàvelmente, em linha r?tà invariá?e?
o seu movimento essencial;_ obriga?a? po!sj a er=
.
p
rar1 a vagar pela imensidao do receptaculoº ...
Jus-
tifiea""'?e bem a expressão nÀcxvw?lY'1J ?,1:écx._
no s?ntido de ser por _fôrça da ..Necessidade que V,!
gueiam no espaço essas v?potêneias?- .amor-r'as , que -

mais tarde serão utilizadas ·na £ormação dos cor=


187 =

pos elementaresº Mas, igualmente, a Necessidade


é ainda o fundamento da explicação do engano?
, iA
to ej do irregularj do incerto que constatam. os
A
f
por vezes no devenir f1sieoo .

Lembremo=nos que o
universo que temos diante de nós é uma eonquista
largaj- mas- não total, da .Razão;. .a Necessi.da d e.
foi vencãda, -mas.não .. extinta9 -e-é .aãnda .capaz .de
A
por vezes .. ressurgir aos-nossos. .o Lhos .nas. .apa.ren
.A
.


.. ...
1

cias-ineompreensfveis.que.nos-mostra o .eurso ?da


natureza - Quando .muí tas. vezes
A
.

o-

.,. A
elaboramos uma .. .

proposiçao. falsa --sobre .

um. acontecimento natt:tral,


isso -S?. deve .a que. tomamos. por ·racional o que .em
verdade e, uma .manifestaçao- ..
da-Necessidade irra "!!I -

cãona L,.. - É... tambem,


,
.. pois,-.
.

?
uma causa .. de erro, .. de
.

defieiência-de racionalidade.na.ordem.f{sica?-
.Qu.alquer. que ... seja o modo .como.cse. -·.pode
conceber uma multiplicida.dé na realidade -?primorca
dial, -quer .. seja uma di:Cerenciação- cor puseuã ar .. i
..

?
quer simples?énte .a multiplicidade
N
inerente a e?
.

tensaoj cada parte que nela-se. possa imaginar e?


;
por.si.mesma.movelj sem causa motriz primeira1 e
ª--ela se. pode conceber .. as soe íada .uma Causa Erra!!
te ou-neeessáriaj _que é a expressão .do seu regi=
me mecânicaº.. Havendo multiplicidade imagin_á:
uma
vel de.tais .partes,.há.também uma multiplicidade·
, ,
de .causas --Errantes .ouc seeunâar-í.as , .De fato9. ?
.

esta. a. si tu.ação que, se.idepara .ao Demiurgó 'l qu? a


i
ace ta.1 bomando.ies ta - realidade .. e .subor-dfnande c'"i/ .a
a novas condiçÕes9 que darão em resultado a for=
- 188 -
mação do melhor mundo possívelº Causa .. Errante A

passa 9 então,·. a ser uma causa Coadjuvante j a o: Y -


o..L 't'L ?- , eujos efeitos serão tão
reais= e atua+s .
?
como os que podemos atribuir a dominaçao raeiontL
centude .. é q.1:f'Ícilj a um .exame elemen -
taJ;-1 descobrir no.emar.anhado dos.fenômenos f:Ísi
-
cos a parte que cempete a uma e.outra-eaustrlidade.
f .esta a razão.:de ... que .. tanto engano possa haveri?
f'undindo-""'se -(j-inv,ertendo-se--a --hierarquia .. e;n.tre. os -
.

i:w
 • """

dois .. ge?eros causais; ...a. opi:rnao-da .maioria- -- .nao ' o

eon5fegue .formar uma compr-eensâo. e lar-a ela .causali? - -

dade ·necessária, .nâo reconhecendo o. papJ1 l


açessg. ..

A . - -

rio dessas eausas, .mas ?ulgando err.one.ar.h.ente .....que


sejam.elas as causas principais de tudo f que a.o;=

co:nteee, óo?ci? €'t"CX(, óe {rrro ?W_i Triefrr1:wv


()Í/ ev v a,?, ui. «.À_À ? í!'l', ê l JI r$. e "t' w JJ Õc.
ex. ·1

I
tr s: J) ?:()..) I)
.

(46 d)o .

Os que assim .. jul?arn, .apoãam-ae .na ob= --

? ... ?· .
I

?ervaça??m?diata que lhes -I\iostra .. por. tóda a pari=


' A.
..

te.a .na'tur-eza .. submetida a ml! dev.enir. cons tanse sem


'
A
altera=
" I

que -OS--fénomenos de mudança :de .es tado , .de ,. t


.
À
mecánfcas..e .de des l.ocamenticsvsac .. a maioria º
't:.:# c:d
.

çoes
A ? - '

Ora, qe fatq., esses--fenomenos ·podem ser. .atribui.


A

dos à causalidade .neces sár ta , secunãár ta , - Há, .ne


passagem que analisamosj breves.mas claras. indica
ções de -alguns efeitos que se .podem legitimamente
atrib?ir à Necessidade; são.as causas.acessórias
que determinam o resfriamento e- o .aquecãmerrso ,.... a
contração e a dilatação dos eorpos e os fenômenos

• •A•
• - • • .} ..,;:....:.'1-- ),<t ,.;? ,._ .. '.._ ,...._ , ._., , ·- .., • ., ,.. -.•, ,,;,v,1.., ?.,. >-r-V.., • .... - •-.. .....,...._,.,,._ ,• -. • ..... ..
da .masma e.s.,pe.cie, 1J1u.X.ov i-oc.
I'
Kou (e êf?«llloJJTrx..
I ' I

i
·

..

T , , , n
J) úJ/ 'Lê K<Xl Ó;oc .XE r«
OJ/7:°'- Kc( l O<r<X.
Tr/JI} >
7 o, <x;iÍ ,rx. °'- Tr Bf TOC '(; O fo s J) o: (idº ) ? Mais
importante ainda indieação. que eneontira mos é a
'poucas linhas abaãxo , .a qual .nes ªJ?r.eserita a ca.:g. .

salidade. seeundár-La .e?mo .. a .determi:qapte. de todos- .

os - pr-oceas os de .
interaçio mec?niea? -A transmis-
são dos· efeitos .mecânicos é ... necessária,_ istO-----é-j
..

te?--or ige?i- .nessa causaããdade primordialo- A- me-cí- . . - .

nica é,. par a Platão 9 o domínio da causalidade ;ne


: -
.

R
-ceasàr-í.a ,
.. .

A
exis ten.e.ia de- uma ordem na natureza
.A
tinha- conduzido a-supor um,regime :imaginário pa=
, ,
ra:-o-e?tadc;, pre=cosrnieo1 regido-pela causalidade
.
.

neeeesanta., .. No uní.ver-so .cónfigurado,· a .Nec,ssi?


.P
..
__

dade continua. igualmente .a ser ét--COlldiçâo .eausa l;


.

A A
de.. to?o fenomeno .. puramente .meeanãeo
·

Q A .transf?-=
À
rep.eia. ,
'

do movimento .de um corpo .cutr-o e. .essen- ·a


.

,
eialmente. necessar í.a Tal fato, eir,rbora passando
.
.

o- -
·,

A.
se-no universo-organizada,. e? .a. ocor-reneaa º
es-pec?J' ..

fiaa do mundo .eaÓtieo, cujo regime .eons í.s te ex-? -

e Ius í.vamenbe em fq.tos ães sa -categoria.; não .. pode;


poãs, ser .. explicado. pelo .. poder. da -eausa racionªlo
lf evidente que,. tan to como -na-. prlmi tiva realida-
.. - _
..

.
-
p À ?
de1 tambem ago.ra.o acontecimento mecanico ?ao d?
.

pende .da .. ordem dos f'ins Eode set- conduaãde a __ Q - .. -

uma finalidad.e- defj,nid,a pela per-suasâo da .Razã.o,


A
.ausénc.ã
.

mas .. quando .. se--processa _-_.livremente,. . ?a· a


· ·

. de qua.Lquar determi;naçâo extrínseca, restaura111- ·-


- 190 -

se as condiçÕe.s de sua primitiva espontaneidade??


to é., vigora axe Ius Ivamen te .a N?cessidade Lncona-
eienteo A transmi?são do movimento é U+DB- decor
-
- ,,
:feneia da açao causal necessaria s o cor po que se
Â

movej por ter recebido se? movimento de outro -O

ccr po , passa-o a outro j -em -virtude de uma necessj,


A
fatalo A isto e que
?
dade mecanica chama uma . .s.e ,

JI 'l '\
,

r_, ) .I
causalidade neee ssar ãa , oe»:« oe trtr oc.1v,w Y
;, Cl e.

µ.i,/ KL'Vólf}A,i.,JwY, lreerx. OE é? -&YCX. r-


« '9 S' K d () 1Í"Y'J; un) r I,
1 JI () iJ,:Z:-_fX.. l ( 46 13) O·

.O.m?do que a experiencia nos revela e


a. ci;ncia f'Ís.iea. procura compreender. é um .fluxo - -

de .acontecimentos configurados. por. uma .. determina=


- A
çao racionali-caindo.sobre um fundo.de .. tr.ansf'orml!
•· A
Tomando-o ?o seu conjunto .,.ha uma
.me eanf.cas
.

?
çoes o -·
.

evidente disposição final.,.. no sentido de máxima


perfeição ?ossível, ... mas esta ordem que envolve .,.
de modo geralj o curso natura11 não-impede.que. se
 - .

possa ..s3,preciar

a oeorrencia
.
de fatos que nao nos
parecem,caber em nenhuma disposição.intelig{velj
ou podem.ser isolados.de um conjunto visivelmente
.
'
concebidos -à. par te , .. Depara=se=n o s
or í.errtade , e.
# A
assim a.vigencia da.seg1lllda especie de causasj as
R ?
so condicionam o regime das transforma ç o e s
Q.'qe
A
meoaní.cas -e so "ª custo", f3 L
,
1
sáo. .Levadas a-.!.
eaí.tar a supremacia do Espírito dirigemteC)
. A se=
,p

i
paração-entr.e-elas.é .completa, e.não poder:J,.am-ser .

tratadas conjuntamente (46 e}-? .O que-as .torna tão


radicalmente diversas é que entre elas nada há e?

• - ' • .1 .-.::..._•'.- >:


-
.._.... •o-.'> •--_ ,...

# ? • ? •- .., • .,_.. a- •IV,., ?" ??._. • ... ? '• • ._ ..._._,..._ • • • "Y A•'"
mum; a.rigor, poderiamas dizer que-nem mesmo-ono
me de causa? E;ntre o que é dotado de inteligência
-que .devemos proclamar ser- .a AJ.nta (46 d9 5) p. e o
-
.
j

que e.privado dela9.a separaçao ', •


d/ . . CD

e tá.o completa _
I
quej se dermos .o nome de-causa às que procedem
.

A
com inteligencia9 produzi.ndo efeitos
' belos e bons,
oO-d-l #
Q
e1:' .. voã )
1<,x.?
-.,
w
,
?(X' Jx1r1.. e-
oc. wv º?J-.J'
. ··- Y__ __

_µ,1.,, 011f 1Dl.c; então as que SáO privadas de-razâo9 ·-


.-w I
)-l,OYW e 8t..a-«t.._ l
c.1 .J ##

O<F<Xl
>

<pe OY?Jõew, nae deveric;;,


am-sequer ser-.chamadas .essenome, uma .. vezque
por
seus. efeitos .escapam a ? si,
toda -d.etermina.çao e se PI.2
..

·duzem'ao aeasoi ' sem ordem? ®ada vez de modo dif,!


rente? o T-v?o,, r \ .1 .li •> C I
ocr: o<. K t: o» ê. I<. ex rr-Z-o":l:'"ê

s, E e f J ? o_Y J: 0(.£. •-- _

t$tes trechos confirmam-que a-noção. de


Gausa
;
so,compete
> A
ao que e .tocado pela Inteligen'Ç.:?
e ía; em-vista de-um.fim.valioso9 e que a-Ne.eess!
? ?
dad e .nao .. constitui verdadeiramente uma e-s p?eie de. - ,
? ô
causa senao por extensao.do-sentido da. palavra?
? ? ?
mas, e-antes.-a expr essae de .nma eondiçao--da reali
dade .. concebida de-certa-f'orma_o Na passagem-acima-
citada-se.ve-bem claro.o A §
equivoco dos que julgam-
ser o sentido .da expressao
-
º ·?causa Erranten --O de .
.
-

"causar movi?entoJ114> -O .qne af .se .êli-z é que .es ta eJ!


, .
pee í,e. -de - causa conããcãona apenas a -transmissao do . .

movimento .e faz- com- que? o.-eorpo.9. que" supomos su-


.

jeito .a ela?-_ sej.a. 114ovido e motor o.?- causa da pr,2


pagaç?o .dc -movimentoi .não .. ãe. sua gênes·e? Também- -

n?o é causa de sua leij uma vez que leis raci0 =


-
\
-192

nã:1s para (l -moviment.o? no


- de determir,.ações sentido
re'laeionais. entre .. grandezas. que variam pr opor-c í.o ...
na.1mente1 s?.aparecem.depois que ?a orqem dt e?
--
tu:ra. aria massas. ma teria.is de suficiente tamg.nho e .

de eompes1çào tal .que estabelecem entre as partes


uma ·interaç?o1.que.falta inteiramente.no regtme-1!
I .

vr.e- .do. eaos ci .Onde vigora -O .seu influxo nao hã aeon
.

? ,
teaer .. legal1 .nem interpretaçâ.e logiea.9 .uma. -Vé-z que
.

n!o desceu s?bre a .mobilidaq.e pura O- sistema.de- .FOI,


mas .intelig!veis_.,.participadas.? .de que outro s:Íntile .

e.stariC e1Itnesso esp{rito1, tor:nando?e- .as sãm poss:!?,


?· .

vel -O -_pro(le-sso- do conhecãmenbo., .ãnbes disso1 poreJ,n,


o
I
caos- e .o.regime. do
,r
.movtmenbo. sem ritmo9.cx.?:tl K..ro>'
?

.. , .ende o .aeonbeeen
, .de. or'dem. exclusivamente. i.!"l'
e.
neraial e . consiste em. part!eulas - ·que- .se deslocam-?
tilln?ament-e,? .bende por. :dn.icos .aeon?ecimentos
,.,,
os
·
choques que se processam ao acaso j T.lf? o -r º

? §;?Finalidade e acaso

aquÍ esta observação fnndamental


Façamos
par.a--a .compreensão-da. visão- grega .ão .. u.niversoiacpe
correlaciona-o aaaso-tiom-a.'.neeessidade'o.--Dentro: _. .em
poueo .veremos que aqu! está-um.-dos ... aspeetos. .mais -

eur ícses da :r·!sie,a de Platào,' e que nos par eee , em


nosso _.modo atual de eompreender9. tão estra?hoo .O !!
caso e,..a expr·e.ssao da--Neeessidade-? a ordem e, a ex.
?
pressão da Razáo-o ? bem de ver que, só porque tedo

·- ? .!•'.'?.. ),' ?
,,
... ...... •--,..-. ? '-"' , •- .., • .,.,.. ,._ ,,"1V.' .....
:..r" to .............. - •, • ..,...._?,._- • ? ? , •A??
-? 193 -
.-,.·
?
o si.atelna e, i"undad?- sêbre uma visâQ final!stiea
d a na tureza? _Ie que --se
A
apresentam deste -niod:o _
distin
tas.-as duas elass:e·s..
.de--?au.sas9 com0,--di?$eznos'()-· P.!
derlamos- dizer .. qu,e a,, -ide11tifieação entre fiµaliq
__

dade e-inteligibilidade._J levada.--a tal. extr?mo


que resulta em, .uma a(Jeitaçáo da -inc{}gnos?ibilid?
de -·racional- para a- cãasse .da .eausalidade necessí
-

. ria o .Podenemcs -cempr$9?q..er talvez--meUl,or es ta ?âi11 -

tinção., .. ana.lisanGIQ a t·eoria pr opoata no - Tee teto.?


. .Por .. ela -se
-

para-dar conta-- dos :fa tos?-da.. sensaçae., . .

? ?
ve que. a. r-ealidag.e -tnaterialw---de .que- a ?sensaça?
.
. ·' .

...
__
??#
.
? .

nos.-.aa;_ .?.onheeiinen.to1: nae pode-.ser-apr.eendida. e em


.

plenà racionalidade? Com--éfeito ,--o--dad@. emp:Íri-co9 .'


? ' ' ...
que..e .naturalmente--@--Qbjeto- da. -s?nsaçàe1--esta
.
;;,

con
diciona.do à mobilidadê .. maiver.sªl? ?i o que nos diz
' .--
-
.

A ?
uma passagem gesse dialogo {156 as ) s ?10 Tr«f
Kt,;'? rr e ç ?µ _J(OC.(_ ' Q( AA_o rr05-e? ?-_ou-e o
- .

1 ..Í.f.'J ? -p .A
__olfoE,_y__ especieg deste-
,...q. :O:ra1 à.uas-?sa.o-as .

movimento-s .de cada .uma das quais- .há,. , -alias-j


;I ?
·

. .umn]!

. mero infinito--?ª easoss a. que tem a., propriedade.


de.agir
..
. e a que
r,
' te? a preprieàade de receber

aça?9 <J' v J) <i..JA.,<. JJ oG -r --if-EJ/ trot..e_ )I
f.' ' (
a

' J? I
_ _

?, \. ?
£).OY tio -?- _1TocO")"evct-DG
.) º
.. encont:t'o e da fr1eçae
f'
.
? -

J
entre êstes dois tipos· de na0vimento0i ê K O'S . 1

,j,[ '1:0V?:WV oµ..t..Àt<X.s. TE f<CX.L

-rr.oós Ô(À).'>'JÀ<Xi· résulta a apari·?·ã·(j


1: e yr e·<.v {;
e,,.
de "rebentos",- e K. ¥ o y_.
.J ,
oc. "- .9 .em .numeee ilindta:=
/
o A
mas sempre--aos- .par-e-s,--.-destes. pares,1--um -elê@
.

do-9,
,
ment& e ª-· coisa per-e&bida1 outr<,;9- a sensaçaas- @. •. ' ' .
-

N,a
- 194 ....

ma.passagem um p0uco-mais abaixo (156 e)9 o movi=


mente é considerado ?m razâa de sua-veloeidadeo Há
o.movimento lento? q,ie se executa.no. me?mo lugar e
.P

por ?ontato com as ??isas.mais proximas9 mas que


it
gera produtos do'tades de movãmenbe mais :ra:pido-? de
I
natureza tran?lacional1J 'f 8-f E r.«l ; a é?te. mecanas
. A

mo está. ligado o pro?esso. da sensação? .. o movimento


? ?- "'
mais .Lenne nae -e- .do .tip?- das .translaçoes
-?
mecaní.cas,
R ? .)"\""\.
mas constitui a -espe?ie da t:ra:nsf'ormaçao?.<XA?O.£
I
-
(d(líj· reconhecid? em 181 d? e afeta a totalidade &s
objetos f:ÍsieosQ - - .. . - . -

,
.

A mobilidade.universal e ainda uma vez


explicitamente r.econheeida'9' .quande -se diz .. que-ª i=
?'
.

•,

m0bilidade -nae-existe-em. coisa --alguma9" -e .. enbào to=


(f/q t;;$
..

?
das as. coisas se movem sempre com t·$das as ?spéci=
es de movãmerrto , 'Co ÓS p-? Kl J) S £(J' 6 OC<..
µ 'b Ê V e
n-?u-<1..JJ
Iv?
Kt
t
V_?) ({l Y ex£ t
!
µ, tYJ St.. v J rrá.v-c-? cf?
K c._v E_l TíX. º l _

-R ?
Sem duvida9 a afirmaçae conserva=se nos-
limites do mundo r!sieo; a .intenção--de Plat;o21 ao
eens í.der-an o. problema .da sensação?--no Teeteto? é
justamente mostrar que o conhecimento não pode-?e=
duzi:r=se à sensib11idade9 .porque não poderia .poss.:g

ir os caracterês de .infalibilidade .e de objet1vida


de$l exigido$ pela República?. uma. ve.z .. que -OS ob je -=
tos-apreendidos pelos sentidos externo?- são.arras-=
tados no f'luxo-.de uma. co:qt:Ínua transformação, O- e_g
nhecãmenbe deve ter-? por objetos?, outros .que não -

estejam nestas cond1çÕe$? e são prÕpriamente as Foz:


- 195 -

,
mas imoveise Assimi o da universal. reconhecimento
?J p- A
mobilid?de e a afirmaça0 da persistencia'la Causa
Errante na Gonstituiçâo.da naturezaó g a ela qué
se deve emu"1 tima analise.referir.a
e
existência do
?

moviment?(t A -rigor só a eonhecemos i)· cemo .regim?-do


movãmen o t tr?slateriot
?
a esp?eiep .,.
da altera.çaG.
-
? ,p
·e

uma modff'icaçao que afeta .. os -corpos, ?


j? -extrut'W:!1
4ó?-? ··em .sn.as rormas·--elementares pela a:ção .. rae1Q _
.I;?

nal.9'--ma-? tem .. por f'undamento .. a .mobilid.ade--essen?i=


al .do---substratos, a. que--?ác, atribuídas ?Stas for--
mas. element__aresi- e9 .eomo .ta!,- pode dizerC?se que
se ,
reduz a? causalidade neees$ariao- . - - - -- -- -

?
Se. a mobilidade-e .o- reg·ime--da Ne?essià!,
-
.

ãà?l .e:tJ,tâo .. não é, possível o .eenhecãmenbe de .ne?e?


sári:th-TõdO- t) domÍnio da- sensaçâo,,.«J .dado .emp:Írt=
co pueo , ? em sii .irracionalQ·
.Se .a.ziossa situaçl?-
• I
..

em face .da natureza nae é .de total-ignoran(jia9.i§;


A

t() s? -d?vet.ao. rat{) .de .. existir- uma .eutra :forma mais


__

infer-ior de eonhecdmerrto, a. opL'fli?o9 cujo d©mÍ?io


? ? -

e.justamente o.medo.termo entre.o.desoonheeimen.to


?omplet? e .c. eonhecãment.e .:intelig!velo- J? --- -- asisim
que? e Iazamerrte , a ?püblicá (4.77a) apresenta. o
p:robl?ma do. conhecâment.e] há coisas que , a b!m .di
.t;;:J$it
ze--r9 sao e nae sa('.)9 "Cl
¢:, ' ?t..v«t...
oucl e ou; e"Xe. _wç; .'
__ <.. .
;)

rE Kott. µ,? sTv«l pi. per-gunfa s não deveriam .

esta?--ser situadas entre o ser pu.r@ e o não= ser


:, f_' ?, ' '1 - e csc:
absoluto ?
ou- P.,STtX..1;tr
?, '
ex>'
- KE.OlT"O
-, ?
- ,ou-
)/
KfL.v..wç ov rcc .s«:
__ te.rv r.o.u __ _
P,'Y) «J::?J o.,;roç?
E aerescentag se G eonheeãmerrtc , y·))w « c; ?tem
, ' - ?,
o J/1:l e a ign.2
por objeto o ser , E TTL ·'1:W·
' 1í >I
, , , '
rância
'
refere-se
,,
OYT"'l
ao
,?
r
não=ser é fl
preciso procurar para estes ob=
?
o(. YW <r L <X.
, .
e

}LY) , ?
jetos intermedi?rios e mistos uma outra espécie de
conhecdmen'tc que será a. epiniâo, ÓÓ t
·

º CX.

Mantida esta distinção .entre o conhecã =


men to puramente racional e- a. ordem da opinião, ... o
processo f:Ísico está .ev:l,!lanteII\ente fora do .. alcance
da. razão? SÓ-náo. ê ip.cognoscive.l absolutamente po.r
.·.
.
""
que,-,-?o-ate. cosmogcnãco , a. influencia .. daBazao fo?
À ;..

tanto .q11anto-possív.e1;.1ncorporada-à .natureza do


? que ena então- o. domínio .emp:Írico9 o r?_ceptáculo-!&n
_

__
isto .. se .cons tã tuiu um-deve1;1ir- mí.s to , que se torna .

apreensível por uma forma tampém bas tanda -


de. --co-
J/
nhecimento? que. existe em.nos'.1,por.que nao ?devemos
esquecer que também a nessa própria estrutura foi
.a seme Ihanca .da do. Vivo" unãver sa L,
? ?
eons tr-ui.da .

Poq,, . .,
.
.
.
-

q.emos figurar?nos o dqnrÍnio puno do - emp!r Lco.. como ..

?
I '
1
sen?o da matéria primordial e de suas condições;
.

ora, -- Ad?es. e .na?a


Ji
tI ,
!?
e- poss ave eonhecer, .O recep?a-cur
.
q1
·

l · ·
·

lo,- eoncebãdo na pureza.-de .sua condiç.ã,o original1é ..

um- puro-fator do .. pr.ocesso cosmcgêní.co , de que·-- -mn


espírito como. o nosso ..nã0.c pode ter nenhum conheci= .

mento rigoroso? .Percebe=se aqui .a profundeza da _

concepção platÔnica9 que descobre a exist:ncia dés


se fundo do real.que-não podemca.u tãng Lr pelo . co=
nhecãmen to'$. E por que. .nâo .. podemos? Exatamente Pol:
. _

que Th.e f'alta .. qualquer especifieação .. formal; por - .


- ? ,
que mao f0i fixado ainda pela açao demiurgiea or?
.
'

• -- • , .1 .. ::V:,::.->,
: ..._ _
'
• -.. -- , •• ..,. ,. .,o ?",..?.,., ? -? ? - -· - ? .,..? ...
.fl.ex.o .. .dc .g_ey __ j deal sÔbre a superf:Ície
--d?SS'? puro -

ti
_

semeven te, não há ainda objetos·_ cons tuÍdo? pe!-


A
lçt influencia. moqelar das Formas·._ Nada se .. pode
.

',af conhecer, porque .não . há aãnãa .


-
-
o que cenhecer e ...

"
A o
eonh Ei\Hnmen o .e o re sul +ade. da ex-is = \
. O
"1
-.
e .

t ..
.

A
tene1a? em nos, do eonceito,
.
0 ,p
e este e a eont?:m -
.
:

plação .da Idéia sua .universalidade?_ .Saberaos


.
em
entretanto. que. os objetos despertam-:essa
oont?1llry
plação.,. -revelando"'!'/se .aos nossos .. sentidos ser.em..
A
eles ,
propr.ios portadores de ... reflexo semelhante ãas
.

ld;iasc Onde ainda não há &sses. objet.osi nem p_g


.

...
#, =
demos pela .. imaginaçao supo<;»los? ;nao .há .. eonhecã
,A ,,.
"'"

merrto poss:ÍveL, ... Não. tenio ainda .possuído-a For,"7


, #
ma, nada ha no .receptaculo .que .. se ja .objeto .de -<Dn
== '

cei to0 A .. obseuridade .que .. af'e ta toda referenem.


I
?
A A. .

A
a
esse fa tor et .as sãm., esaencãaj.; -
.

Mais .tar.d.e ·discutiremos:,. em .eutmo e.aP,Í .


?
tulo j .que .razoes-? temos para. ju,lg?r que .o recepta, - _

eut,o .representa o fa tor. ?spacial; ... pedir -?tor


- - - .

.ou. -esclarecimentos e, nae


- . ?
.

caracterizaçao cotnpree!!
der. que
,
se esta.em faee-do.ptiro-nao""'ser,- a:J..em·ao ? ;,.,

?
limite da iluminaçao ?
-raeional"'-:e que, des-te modo,
. .

A 4\ "
a nossa ignorancia .. desse fator - e ine.;r.ente .a run-
.
;?

'
çâ:o que lhe·-ª tribu!mos ? -Podemos .. r·epresentiÍ:-1 e, ·j·
- -

cerno. de- fa to .. o .fazemos, -e perceber--ª- .necess-idade ..

da .sua presença n,--estrutura do .unive?sotpoçiemos


atribuir?lhe uma. denominação, suficiente para·
eonstttu!-10. em objeto. da:.. nossa .referência-o- -Estâ
...

representação r?suJ_ta da neceasãdads d.e simb.oli-


- 198 -

de=
zar uma condição de máxima generalidadej para
poisj a partir dela9 imaginarmos um processo.de e§,
truturação.progressiva, em que a cresc?nte confor=
mação.dos objetosj pela-suá dependência.de determ,!
nações.regula.res9 vai possibilitando o apa;recime11i=
to .de urna representç:1.ção eoneeitual tende.nte a .con-
fti.ndir.,.,se na. percepção a tuaã ,
com a que nos--é dada
O que Platão .enuncãa- dessa .. ma triz .. do de-
-

venir é .que consiste naquilo em que nos .devemos r!,


presentar a condição mais geral para a explica çã o
da ordem- presente Q -A?simj o regim? de movimento.

que ai concebe é.aquêle,que imagina como.sendo o


da mobilidade .Lí.vr-e do corpo lllaterial9 isto éj. a
translação in.ercialo· A Lgumas outras afirmações?
ainda se podem referir ao receptáculo, t?m a mesma
significaçãoº .o espaço e.a.realidade primord:wlcom
que se-identifica são o domfnio-da-Necessidadeo V.e
mos agora .que são por.natureza o domínio do .ilÓgi=
coi do ilegal? A Causalidade Errante-', pois, o
"" ""' A
i=
.
<' .,._

nome que Platao da? representaçao desse-estado


maginário do universo, privado do contato com o
ser inteligÍ velo
Uma vez que tenhamos-feito a representa=
= = R (
çac .ües ta condiçao inicial1 e.possivel? tomando=-ª
como fundamento9 descobrir a gênese.da .inteligibi=
lidade na natureza; .basta fazer-incidir sÔbre ?S==-
te plano amorfo as possibilidades de determinação
-

contidas nas .Idéiasº to


q?e fará o Demiurgoº t.a
entrada em cena da Razão e seu papel é dttp-log de
- 199 -

um ladoj vão começar a aparecer as eoisas conhe=


ei veis j quando. forem. tra.çadas as fi.guras elemen=
.

tares que dissociarão o.espaço?matéria primitivo,


dotando?o de.configuraç3es .específicas; de .ou?
Í
tro la.doc; vão ser constituídas as.almas indivi.q,
? .

duais. a. semelhança .os .seus


.da ?Alma do bodo , com
?
conteudos .de conceitos Lna tos., .aptos .. a.- se a tua.li
..

zarem-ao connano das percepçÕes exterioresº -?Ettr


.. . - _

um trecho- da Re.pÚbli,ea (508 e)-? relativo à Idéia


À ""'
do Bem, temos uma ãndf.eaçao deste .. duplo efeito d!t
.

R:azãoj quando diz.g Aquilo que comunica. a_ verda=


de aos objetos conheeíveis e a faculdade de co ....

nhe cer- ao espÍri to, é a Idéia do Bem, 1:o T' ,I


oc?? eê LOCY ' n(Á.e_ BJ( OY ,,oz, ;r'-r p ?(j J{O-
µ? v ot:« k?l ,rlr})?(Jl(OY!l ,<If/JI _,
J°lf J/tx.)J.,l-Y
r'
O(
'r<tJ
11"'£d<.. óoJI 1:r;v r ov: cx..0« &ov-
:1

co ê {)(JI
f 'eltA ..
>,1
-E e I ?l •
A transiçao para o tiniverso.o.rganizado
- .

? A
ej assim1 compreendida.º Com a predomina.ncia -dá
Razâo; a .. natureza ent ra em novo regime1 definido
por- uma. nova condição causa l., A .concepçáo do . -·

process O .f is Leo .a tu.al. éº a do?"i:levenir .St,1.j eito -·ª


. esta nova espécie de cattsaâ í.dade , . Urna regulari_-
dad® não .pode ser .exp Lí-cada senão .. cemc.oadenaçâo
ti-
cons tu:Íd.a em .vãs ta de .nm. fim bem.. - -De- si.9 a o? ...

? A,
dem nao tem.prior1dade-real-ou logiea sobre.a .de

sor-demj.é. a consecução dese?j-ada de um fim valio


soj que conâf ed ona .a regularização .e a submissão .

des elementos pree.rxistentes utilizados para r ea-


- 200 ....

lizar êste fim a uma restriçãó necessári?. O que


a concepção platônica admite .é que.o devenir. .rf-s!.
co.se desenvolve nes acontecimentos que ?onheee =
mos, e os objetos .materiais têem .as propriedades. .

que ne Las eqnsideramos .eomo nabura í.s , por-que o D.§.


A

miurgo teve .em vista realizar o mais p?rfeito dos


mundos ,.
!ste .. fim plana sÔb:re a - ordem na tural, pr.§.
exi.ste e g?erna. todo o - uní, v:erso.o-- .. Quà.:q.do perce -
.
- <"!1

bemos.um fe:nÔmer.i.o-particular, parece-nos.ser.a df!


n
cQ:rr_e:qeia das eenãã.çoas aneecederrtes, e a isso .11
A
.

= A
mitamos a :nóssa explicagao, ao fazermos .a ciencia
da natureza; mas j quando pensamos .. a filosofia da .

A A
natureza,.este mesmo fenomeno.aparece como um.ele
mento do plano-universal, para. cuja.realização CO,,ll

eorre a sua .êxistênciao feste .fim t.orna-s e errt à.o ..

urna razão para o que há de inteligível no fenÔme-


no ,
.corrtudo , para que tal .fim. seja a t íngãdo,
é imprescindível que a mat?ria.envolvida.no .. proc?
so.natural seja utilizada.eom-as propriedades .in.§!
rentes a.ela? Estas não são criadas especialmen?
te para servir.ao fim visado, mas $ão.expressame?
te .apr eved tadaa para chegar a .êle •. Como contri .-
buem com esta importa?te c.ooperagãoj .podem ser co.D,
sãderadas par t.é do . complexo causal final,.
mas não
a tÍt'l.llo de. causa., pe í.s que . tal .só é.. o .fim em. sã .

,
,
? ?
pore? como concausas, eau$as acess0riasj n?cessa-
rias.
Poder!amos le?brar uma interessante si-

·- •• ,.::\?\-),\
-
.......... ?.-........ • -·· ·- ... _ 4,,... .. ,,,,p .... :...- ........ ....&.. •• .-. •, ................ _ .... - ... ,,.,___ ....
- 201 -

tuação, imaginada - por Co:rnford (44), em que nos-


,e dado'
·.

... ,
..

perceb?r -ª de ?e=
o
distinçao entre.a idéia
eeas í.dade e. a
de finalidade_* Suponhamos que- j-o--
gamos uma moeda-ao ar. e-a apanhemos ràpiçlamente,
na .conhecâda prova de- '?cara-ou-coroa'?. Imagine=
mos que., - tendo - lançado a moe_da j o. .ne.sul, tado -foi-,
por- .exempão, ? cara '8 ? A .noasa mane-ira natural de
- .

t t t
_

I'
en en d er--O ra 0--e a ribu1?lo.
ç..p
a pura- e--SimpJes e?
\\,
.

sua Lí.dade , -de .vez que ..-qua.lquer dos. -dois-resu.lta?


dos tinha .a mesma pro-habilidade - que oioutrre, Pa-.
r-a o esp?rito platôntco:9
pelo _contrário, o. res'tÜ_
tado deve ser precisamenté reconhecido como- ne=
cessár-ão i,- Ambos os medos de entender quere,:m re:?
-

fer.ir?se -ª uma .masma coí.sas. a? evià.ente -indeterç:;;,-


?
mãnaçao .. do. resultado--realmente' obtido-j- a-im:pois1,
?

bilidade de .uma explic?çâo?--- --? justamente -esta -


.-

condã çào., que_?- .ncssa .eompre-ensã.o-moderna eensf;-


dera cober-ta . pela ncçâe de- pr.oba.bilidade?que aos .

olhos -dO--filÓs·bfo platônico. revela._a .ausência de


finalidadec Para nós desde -O .memsnt o .em _que -a 1
. .

.P ;
moeda. e. jogada- .ao. .ar 'I os movimentos que tera. .,.,,

sao -

de-tal-modo.eomplex?s e-imp?evisÍveis que to'?nam


impossível a -restl1:tado;- êste só po-
,predi.ção-do
dé--?er esperado dentro. de um-valor prováveL, - .o
... - -

raeiocinio do. f:Ís Leo. pla.tbnieo- .é diferente s coma


.

.não podemos. ter a compreensão racional dos movi=


merrtos da meeda, êstes- .não são dirigidos .no sen?
.
.

tido de nm_ resultado previamente d?s.e jaào, sao,


.
- ' .

portanto, unicamente depende:nte.s da /frraeionali<;m


- 202 -

dade-das condições ma.teriais9 dos impuJ;.sos, da di_!


tribtµ.ção_da massa-na peça? .das resistências do
meio9 etc$ ?e .o resultado final.foi ter a moeda e?
Ído com a "carau pa;á. eima9 isto se deve unica?en=
te.ao jÔgo dos fatbres mecâ.nieos abandonados a si
' JI,'
mesnos., de--tal .modo que-este. resultado era r.ig?r-0.-
,
.neces sánão,
,
.isto-.e1. nao .po di a d eixar d ?-ser o /;,:> o
-
sarnente . .

tal1 desde 'que .nenhuma influência diretriz.? -se fez -

sentir .que .viessemodifi@ar.as. determinaçoes 40 C.§


,
go mecanismo inerente a. mobilidade .. da materiai)
-, <l:.
-

A .f!siea de Platão.apresenta-sej .poi$9Co


, , ,. :..,
mo. uma doutrina. cosmológica .. em que ha noçoes .t:ao.r.!
dicalmente diferentes das .de nesaa. intuição moder-
na, que .se compreende. cemo tenham .podido variar? . .a
ponto se .tornarem opostos.os senti.dos d? 1lm me§.
.de
, £ J .,,
mo termo =iRnecessarioSB ô A ví.sao antiga da o( V ocrx-?
Çf#

tísica nada tem a ver com o que na-L?ter.preta=


? ,
çao determinista atual chamamos de e?necessario!8.j e
, . .

antes o oposto4) E isto .se deve a que.êste conceitp


figura em duas interpretações diferentes.da-natur-§.
za; ?j
em.que uma profunda' inspiração-vitalista
concebe .a realidade da ordem-material .como um-aná-
logo? em ponto grandei do que em miniatura é o-ser
vivo; outrai que toma a natureza como o domínio de
qi/,

forças materiais que devem ser entendidas sem.rafe


r;neia aos. fa tos e valores específicos de nossa oon
dição humana o.
No .primeiro caso? a distinção que clara-
mente descobrimos na eonduta e nas faculdades psi=

- • ?1_.::....._.... ),
-
?,,.._,. ·-- -
...
'
# -..,, ·- _. 4.,,._,. ,-,v?..., ;.,,r"'-:,.!--..L "' ... - • •• ..,...._? ... - .• ? • -..,A? ..
, ?
eologicp,s humanas entre Razao.e

?
Irracionalidade (j
projetada sÔbre-O--Vivo-u.niversal, e a teoria r!si.
ca eonstru:Ída sÔbre.essa base .tende.naturalménte
a .dar -ncs .uma imagem dos processos .nabtrra Ls em que
as. ?ategor-ia.s.explieativas-suprema?-se confundem
.

com .
.

.a:s .. que .. , mesmosG


nos - permitem explicar<;?nos a. nas.
? .. .

,. ?
A--?expl.icaçao. .do. -processo. -cos?o1ogico
.

.em termos d?-


Nebessidade? e -Razão ,_ uma decorr;nciâ da -V?iãO---?
.r

t?nica.-do .Universcf-como um.grande Animal?---criatu-


ra viv?1 animada por. uma Alma .que operou .. a. organ4
zação e dirige. o corpo material a. que .foi ligada«>;
-Com os .princÍpios.que.possulmos e.eom-
pr-sendãdas as duas grandes cr deas .de .operações qme
se passam. no mundo, as que ebedecem ae No Vç
,
_
e as que provem da ?A v o<. }(
.li,

r
, imr,orta=nos pas=
y
sar imediatamente ao estudo dos.domínio? respectj,
vos -d?s?es .dois. tatÔres ccsmogêrrteos , -e?p1£H!i:f'ica..n
da o que provém de. un e de outro9" .. ou. sejaj devil e;,_

mos entrar .no es tudc..e procurar- interpretar ..


que
são.as realidades que Platão chama de Alma e ?or=
pci do Mundo.
- 204 -
III--
?
CAPf TULO
A DO MUNDO

§ 1a - Das primitivas cosmogonias


à fÍsica do Timeue O valor do mito.

Considerada no seu conjunto si-


a cosmogo-
nia do Timeu na linha tradicional.do pen situa,,,,.se
-
sarnento gr-ego , Vale a pena que a ss ína Lenos , em ..

rápido-r?trospecto,- a significação- e a evo.Luçâ o


das teorias cosmogÔnicas para.a fase da explica -
ção racional, _'a.e_ modo a. entendermos as _ relações
que tem o mito.platônico com as formas .ant?riores
e ?o- que nêle sobrevive do espirito primitivoo- De§,
de os primeiros alvÔres da cul.tura., vemos poet as
comporem histórias da criação do universo, __ nas
quais uma multidão àe sêres divinos imaginários se
incumbe de formar, de povoar e de conduzir a naty
reza mundo ·é: o. palco em que c·ontinuam operan-
o, O
do as potências invisíveis.dos deusesj cuja vontª
, -
de ignota e a causa dos acontecimentosº Como-sac
mui tos OS deuses .-e dotados de fÔrças. des í.gua.í.s ? C.Q.

mo·--'São movidos por violentas paixões opõem-se 1


_ .e
lutam entre
si{ servindo-se dos homens e das coi?
sas naturais para realizarem os seus desejos? _o
homem assim, envolvido por uma natu-
encontra?se,
reza incerta, cujos .renêmsnos obedecem ao··capri -
eho de vontades invisÍv?is e, cercado de surprê ?

sas, interpreta todo acqntecimento natural como

•.. •
_,.:·.....:.?•):
-
.....,. ....... .._.... • -·· -- ..... ._..,. ·?., .... ;...- ... ,..-..1.. ...... - •• __ ....... _. . • ..,. ,A ....
- ·205

sendo um vaticínio, um ?uxÍlio ou uma traiç&,(45? \

Sente-se em.contato.permanente.com UÍl1 mundo de .

A
seres superiores,. que se ser.vem da natureza .eomo ..

de run meio de se manifestarem.ou.de exercerem a


N A •

sua 'a çao sobre o homem.. Evidentemente, uma vi-


.

são mágica.da natureza não permite que se consti


tua uma ciência .do mundo f:Ísico; nenhum aeon te-:
, ' ..
t •
cimen o e propriamente A
natural, nenhuma força tem
realmente sentido .físico, ei neste estado de es-
pir1to1 o homem se esforça unicamente .. por pene·.?
trar a significação que. as. coisas e fatos contêm,
eomo s:Ímbolos que são do invisível e .suprana tu -
ral, e não por investigá-los·racionalmente.
transformação radieal se opera quân
Uma ..

do, pela primeira vez, alguns filósofos da JÔnia -,

intentam.tuna explicaç.ão das eoí.sas u'ora ..


do.círcu
r A
lo magico e em termos que .exc Lusm os aspectos p? ;

A H
ticos e teogonicos das.concepçoes anteriores.Com
razão .se vê no abandono da antiga fabulaqão o
i
surg r d e uma nova era,
.
o aru c ro d a c1enc1a
• ? • .» o
do
mundoT'[s í.c o, Por mais rudimentares quevapa.r e -
çam.acs vnoss os olhos, há entre estas primeiras
concepções e ·as legendas de· Homero e de Hesiod o
um abismo <46); surpreendente trans-
deu?se uma
formação: a que assinala a descoberta da eapac.i
dade do pensamento humano. em submeter a natureza
, A .., e
as exigencias da sua compreensao , Termina .as-
sim.a primitiva atitude de espanto.e de terror e
"
inicia-se agora a procura da explicação dos fen.2.
- 206 -

menos, dando?lhes por causa alguma necessidade da


própria-·· ordem. natrura l, o Não,, conhecemos bastante as
.
.

circunstâri.cias históricas que cercam o,,.nasci?ento --

dês-tes .primeiros ensaios. científicos, nem. sabemos


como ?eriam sido .êles prepar.?dos por urna possível
..

? ti'

evoãuçao da- mentalidade anterior;. mas. o. cer to . e


- ' o '
'

..

que .representam... U!Q.a crise .de considerável .pr of'urr- .

, -
dd.dade, importando no .repudio .de ..uma .concepçacssg
e í.onada. pe l,o passado da .cuí.tura helênica? Alguns
.. -

homens eorisideram?se.--agora capazes --de .interpretar


.
.

o mundo .e· .crêem. que a razão que· .pos suem ipode con?
.. ..

,
..

f-
.

duz:1.=los a. descobe:uta dc.ides conhec ldo que. está .por


'lo o
..

trás .das apar?ncias? .. Conhecemos.. com suficiente- &


pr cxãmaçáo o teor. destas. primeiras tenta tivas ... de
..
..

interpretação .do unãver-s o.; para podermos notar -

nelas alguns t.ra.ços que importa consãde car,


...

.Examinando em.conjunto.as teorias. dos


primeiros.filÓsofosi-observa=se que o.seu caráter
distintivo.9 e que .r-epne s en ta .o essencãa L da .. -nova
a tã tude , es tá conceber a , na tnrre za como unific-ª'
em .

da por um principio .eons ta tut í.vo, o primeiro -pa.[ ..

so para o abandono dos antigos mitos .deve ter si-


do o r econhecãmen to da unidade do mundo , ... Paza a
mentalidade antiga j a .na ture za .era um .caos de· ª""'
contecimentos isolados, incompreensiveis .à .inteli
A
ge1:i'oia e proces sandc-sse apenas, como a. exterioriza
,

J
..
-,, ..
,

çã_çf de um .mundo supranatural .ãnace ss Ive L, Cons.i-


der.ar agora que esta multiplicidade de.coisas ;e
fatos podia ter por fundo a realidade de um só
- 207 -
?
pr mca.p
o
i
o, .. es ta. deve ter. sido a noçao -
revoluciona.,
ria que .perm!
.,
tiu a..-ir1staur.ação ... do pensar. racional, ..

Mas.o .carater plenamente racional. da.nova fas.e


...

qompleta-se.definitivamente com.uma.segunda intui


-
çao, _ t-ao .
.
d ecas í.va ??
quanto a
.este pr1:nc?
?
pr-Lme í.r-a s
o ?

pio que unifica a .. div.ersidaq.e das aparências. nat,Y


·
..

' e ,.9 tamb'em, .na tura l ?.. .Ha.' que bus cà-d,c
?ais- .e 1 -?-1 ..
, :pe=
-

la razão-entre .as ,_coisas .natü.rais1 e não.-.mais .. en?


..
tre .sê?es .. super-í ones, inacessiv.eis à .. plena-compr? ..

ensâo .. humana Ora, a.,. idéia. que· na truna.lmen te .. .ocH:>1:,


o- ... --· ..

.re é tomar .e omo nat ura L .o que é material e sens!= .... ..

vel-c,.... :A,.ssim, trat??se de .escoãher, entre as real!


dad.es ma teria ts, qual a que .pode ser tomada. como
.. -- .. ..

prir:icipio .de tÔdas .as ou tr-as,. Ainda .. aquí , .a, in- .. --0

tuição. imediata .. conduz a es co Iher , errtr-e. os. obj e.e;>. .- ..

tos.? os .de maior extensão,... ou que existem em maier


A
abundanc La e .ze pre serrtam esta d os da ma t·"'er1a., .. sen9 0

do por. si mesmos relativamente. símp.les . e capaz es


de transformações .. percept! veis .A escolha da águaj O·· -

( I
por. Tales? e do. ar,, por Anaxâmenes ,,, como .cx.erlXl
-
.>

do universo, bem poderia ter.primordialmente obe-


-
..

" ?
decido a estas razoes, .e .s ocs ecundar-ãamen.te , .. e a -- ...

título apenas de confirmação, a motivos de ordem


bQ10 1,1'
o
o g1.ca º .. . -- -
. - .. -

Desde. que a natureza se encontre un í.r í-.


. .. ..

, '
.,.,,,

cada no_ elemento unico de sua .cons t.í.rut çao , a. com


.

.: ... ...

preensão da realidade fÍs Lea será a.tingida. agcna


.. ..

pelo .conhecâmsnto .dos . E:rocessoª-? como. co objeto .sin --

gular A
ou o fenomeno constante resul iam d o pr1.nc1=
,
t o -
- 208 -

pio·natural. unitário .. Apresent·a-se .as sãm ao


.. o
co?

nhecimento. o. verdadeiro .mundo da.,.fi?ica,. que .. é o


mundo.dos _processos, das .transformações e.dos.mo-
y-imentos que ocorrem ao a.Lcanc'e .da nossa percep =
çãoo _ .Diante do fen?rne?o, o. espÍri to será Levado a ..

procurar a sua .explicação . . .. num processo pelo .qual

seja.possível ·entend??lo e.orno derivando.natural?


mente .. da .subs:t;;ânoia pr.imo:rd-ial. Está- vencida .. a
fase. mágica, .porque .. se. instala .. a raç·ionalidade .no ..

:Íntimo das tr-ansformações .m?teriaisQI... Aos ... deuses


..

só ... res.ta ago?a uma intervenção- .exterioI' eventual;


... ..

-. /
o. mecanismo .. do fenomeno nae sera
A
o.

------- .:iamais
..
tJ
confundi ....
" >

do .com a.:.sua,.a.tivid.ade,- mas .sera procurado nas ..

(.
forças.f:1.sieas.d? que e dotado o substrato mate-
A ,

ri?l do unfver ao; .. --.· .

Por. mais radical que-de .f'a to seja .a. :tra_np


.. . ..

formação. operada ..na visão. da -realidade, .subs is tem _

contudo certos ?t,raços. do período inicial,._ que .. se


apresentam. incorporados- à .. estrutura dos sistemas.
posteriores7.ou.determinam.a forma como.a. seguir
se. construirão as, teorias .do .mundo .físico .•. .Des e ....

·
jamos indicar-.brev?mente .a Lguns .dêstes .. caraçter:i;.§.:·
tices, cuja? presença. se. assinala .na construção dos
ff?
.

, ,
a s i.ccs pre .... socra ticos .e na. propria teoria do Ii.,..
·


..

Em.primeiro.lugar, a distinção primitiva .en


tr.e\ o. plano _do visível imediato· e .o do invisível. ..

, ,
mágã.co , em que . o primeiro tem. o seu f'undamen t o , e
i
i

conservada, .muito .embora despojada de.todo.conteú


do poético ou misteriosoº É esta distin;ão pr:tmi
- 209

tiva que persiste ... em. :coda .a .

f asa.ca
( .,
.pre-soara
0
't a.ea 0

e.se.continua na meta.física platônica,, inspiran!"'1


do concepções do univer$o ?m que.sempre se enc?
.

A I

tra dualidade de planos:


.
aparencia
o da e o do
A
rundamen to , .primeiros .sí s temas jonicos se?
'

Nos
nifesta sob a.forma mais simples de uma duplici=
dade f'isica en.tré o objeto ou o fenômeno singul.ê_
r-Lzado .e o prlncipio universal de. que aquêles são
A
uma aparencia_momen tA anealt Nas teorias puralis""'
. e
l <>

tas .. mais .avançadas , como as. de. Empédocles QU de -


, -
Anaxagoras, conserva-se igualmente a .. dis tinçao fill
"

tre a ordem.empÍriea e o mundo elementar que es-


tá por baixo, só descoberto .pelo pensamento in-· -

vesti.gador. - Em .Platão, numa elaboração muito mais


- A
complexa.e.posta em termos de uma distinçao
.

met?
fÍsica, a primitiva dualidade se. reproduz.9 .na di
versidade do efêmero das coisas perceptíveis e ca
imutabilidade das Formas inteligiveisQ
Ademais, certos outros aspectos das co?
mogonias poéticas. subsistem .nas concepções da em.
filosÓficae. Assimj a separação dos. contrários por
efeito do movimento e te rno, rota tório,. e omo pro.-
cesso essencial em diversas .cosmogonias pre-ooer.!,
,, ,
·

..i
t..icas, e spec a 1men t e em A·naximan d·ro (47)
·

e cer-
·
e
,
'
tamente uma reminiscência da concepção de. Hesío""" ..

do (4B), .de um primitivo estado caÓticoj agitado


I
por espantosas tempestades .( YéÀÀCX ) e Restos tJ
do.animismo inicial encontram...,se ao lado das con
cepçÕes racionais. Aristóteles (49) nos diz que
- 210 -

Tales, sus-
êstes primeiros .jÔnicos, especialmente ,,.
todas as
tentavam que a alma estava misturada em
Bê.WY
coisas e que, assim sendo 7TtXV'l'b< 'lrÃ1Jf"J
capaz de cau -·
éZ Y6t l
• A noção da alma como algo
VJro') rxpE.lf.r,
sar movimento, K.LJ/IY)rtlKÓY -rc '1:'?Y <PvJIIJY
••

e a observação de fôrças motoras


nas coisas aparen
teriam
temente inertes, como a pedra-imã natural, ,
' Ai
levado.Tales aquela afirmaçao, da qual tambem tes-
.

temunha Diógenes Laér-cio


(50), -roí? & <f Ú.'J..Ol? J', dt-
v«L flll}lCXÇ. Uma· explicação que tenta racionalizar
a natureza .já está presente nestas .cosmogonias,mas
não se liberta inteiramente das idéias antigas?mui
tas das quais, despidas da sua aura poética,
são

incorporadas sob forma de pensamento.racional.


Í ( .

Todavia,-a mais sensivel dessas sobrevi-


o

vencias.e que perdura eomo forma geral de expos1..,.
ção .da teoria fisica, até em Demócrito e Platão, é
.i'
o proprio cara
o
't er ...
da exposiçao em forma cosmogoni?
,. o

ea. Que os grandes sistemas de interpretação· do


mundo se constituam como a narrativa de um proces-
so de desenvolvimento e tentem explicar o estado
atual pela compreensão de todo o passado, desde as
origens1 é sem dÚvida uma imposição-com que-a anti
ga forma.de pensar mitice tinha marcado o espírito
grego. O pensamento agora não é mais poético e

pro?:ura conscientemente .penetrar às razões ocultas


I
d a?/CO i A ?
sas.e-dos fenomenos; mas nao conhece outro
estilo de grupar em siste:rna as explicações, dando-.
lhes um nexo estrutural, que não seja conceber ª11!
- 211 -

tureza do mundo fÍsico. em têrmos de sua história?


g preciso conceber o que teria sido o
estado do universo no mais remoto passado, eomo
cons ti tuidode uma realidade substancial única ou.
múltipla, para depois introduzir a suposição do
processo que fa?ia derivardaquela situação ini-
eial a .. realidade que .. percebemos O'-. A .varrí.edadedcs
? N
sistemas e. grande e atesta a .extensao .e .. profunde
za do .pensamento dêsses primeiros fÍsieos, mas ·

eoineidem .. todos, como dissemos antes, em partir


de um :Principio dado eomo existente e do qual ai
rá o universo, por um processo linear, para uns?
? N A
ou c1.clico, para outrosº Uma evoluçao esponta-=
, -
nea, que so.nos compete conhecer, mas nao expli-
o

car, teria trazido o universo da eondiçio.primo1:


dial à presente; é o que pensam algunsº Outros,
porém, julgarão que se faz mister descobrir os
A ,
fatores racionais envolvidos no processo, ja.que
não é concebível que o desenvolvimento do unive?
'
li,
so se pos?a ter dado.sem a presença de forças s?
periores que o dirigissem?
A.construção da teoria fisica sob.for-
,. " ,I' ,
ma .de uma narrativa cosmogon1.ea e o estilo pro?
o

A u =
prio tradicional da eiencia gregaº Platao. nao
' A
foge a regra, e o Timeu segue, sob este ponto de
vista, a linha geral de um passado estabelecidoº
A
.

Quer-nos parecer que, .em toda a imensa exegese da


A .
.

obra platoniea, .relativamente pouco se tem acen-


tuado a importância do seu pensamento fisieo&Sem
- 212 -
mais es trudados em
dúvida, "poucos livros terão sido
não se terá
todos os tempes do que 0 Timeu, mas "'
represen?
talvez devidamente reconhecido o que ele
-
ta como culminância da evolução pessoal do pensa
< Rd .A
N
mento de Plataoc A largueza da er La çao
platoniea?

manifestando-se primeiro na. discussão das questões


de· uma metaf{s.i-
mora.is, ascendendo à constituição
ca e, simultâneamente, de uma pedagogia, de
uma S.Q.

ciologia. e de .uma política, • pode ter feito-obseur.§.


A
cer ó fio subterraneo que a travessa toda essa .. pode
- A .

rosa especulação e liga a fisiea? que .se encontra


no final,-com o conjunto da ciência grega anterior
a Sócrates, toda ela voltada para a investigação
da natureza9
Não nos parece de modo algum irrazoáv
-
el
formular a hipótese da predominância de mna inten-
ção cosmológica- na. filosofia de Platão.e. É natural
que não. possamos .a poãar=nos nos- esteios sólidos das
citações textuais (5l); o próprio caráter de .in-
tenção latente, por suposto, opõe-se a que tenha..,
mos declarações formais do filÓsofoq Mas, formul?
da como hipótese de trabalho, inegàvelmente permi-
te uma visão do platonismo que pode ser devidamen-
te justificada. Desenvolvemos aqui, com o fito de
compreender em seguida o papel do mito no pensame11
to ?isico, esta hipótese, a que já nos referimos
i ( (
no }hicio
do capitulo anteriorq
Podemos admitir que a obra de Platão não
seria mais do que uma' continuação daquela fundamen
- 213 -

tal atitude de compreender


,
a natureza do mundo em
-
que vivemose Socrates representa para Platao .o
descobridor do instrumento racional que faltar a
aos antigos, para.que pudessem ter construÍdouma.
ciência". Platão percebe que , com a utilização da
idéia geral, fixada como correspondente .a cada
f
coisa sensivel (
ou intelig1vel? estava achado o
.

elemento intermediário de que podia dispor o pen-


samento para a tingir a coisa. extérior. SÓcra tes
não soubera ver no conceito mais. do.que um meio
de.clarificar a multiplicidade indistinta das
ações humanas e f'ixar. uma escala .de va Lor es., Pla ..

- ,
tao vera nele.muito mais; .vera o meio de .inter=
,I ti\

pre tar .e definir a .mu'l tiplic.idade .. móvel, das coi"""


, , .

sas.mesmaso-- Vera sobretudo? e.isto .e o que nos


·
impor
·

·t
a ? .no .conce1 o-ou na .1·a'·
t .eia .O meio·
.. de que - ....

se pode v.aier para ?ncontrar-o caminho da con? -


trução. legitima .da ciência-,.. podendo .agora traçar .

as fronteiras entre .a.. imaginação e .. a .. na zâo .•.


A
Toda a.
..
f
antiga _f1sica '
aparecer,,...1he-a C.Q
o
...
.

, .

mo obra de visiõnarios ,que,.reunindo.,os. dados da ....

?xperiência, .pana conseguir .. dar-lhes. uma .expli.c-ª.


ção compreensiva, .nada podiam .ra ser senâo.vdeâxar.
A ,
se. levar por um. voo de ãmag í.na çao; A.o contraria,
.

..

depois- do. que .a prendeu de Sócrates., julgará cer-


tamente .que sua. posição é inteiramente nova; Pº""'
..

derá a tacar. o problema da nazureza., que .certamen .. ..

,· ..,
te e .a paãxao .. cons tan+e do. pensamente. greg0, com.
meios de que não dispuseram os seus antecessoresc


. I
- 214 -

,
Tera compreendido que os antigos .. Ls
ão ogcs çencon- f º'l
trando-se. diante da infinita diversidade e da in
-

cessante mobilidaq.e das coisas, e não dispondo de


um.meio de representar. é _de fixar o. fluxo.do ?eal,
não podiam.senão recorrer a-golpes de imagina-ção 1
para tentar-- .subme ter
à .realidade .. a um .esquema -ra-
, ? , .
..

eiona.l .•. ? JJma .vez-; ... porem, ..__que Socrates .lhe ensina-ª
.

..

plena estabilidade da Idéia e a c oãoca,.... como-con-??


... ..

tendo inteligível, .ao alcance do, espirita,. es-tá en


aontrad9, enfim, algo com que é possivel formar a
ciência.
Torna-se então necessário investigar -ª
natureza própria desta Idéia e determinar a. sua
relação com as coisas sensíveis •. Trata-se, porém,
, A -
de um arduo problema, e a ele-consagra Platao todo
À
o seu esforçoj descobrindo, quanto mais o
.

investi-
gava, quanto era:dificil e obscuroº Compreendamos
o ineditismo do problema, a necessidade de .aprofun
" u *"
dà-d,o em todos os sentidos 7 as ne Laçoes .que vao

'
surgindo-com outros .temas de interêsse humano, li-
'
gados :a conduta moralj a vida de Estado, a criaçao
..
'li,. -
art!stiea, -ªº destino do indivíduo depois da mor te,
e teremos então uma noção do que poderia. ?er sido
.
a marcha do trabalho? a qual na nossa hipÓtesej t?
ria por fim, à parte o interêsse que iriam de s per -
tanqo essas questões em si mesmas, o estabelecimeg.
to de uma ciência do mundo fisieoº
r'

Essa. investigação sÔbre a natureza da


Idéia, eert?mente intentada, ao que julgamos, com


- 2-15 -

o fim de justificar a nossa representação das


coisas e a formação de uma ciência a elas refer§!l
,
te, tera levado ao reconhecimento de uma condi. -
ção muito mais complexa do que poderia fazer pr?
ver o postulado inicial da correspondência-Idéi!_-
coisa •. , ,
A Ideia terminara por se revelar eomo-al.
go de subsistente por si e cuja dupla relação ,
eom o esp:Írito.que a pensa e-com.a coisa.em que
se.manifesta,.constitui.um dÚplice problema a. e-
xigir soluções _que serão de dif.ieil compreensã?.
São complicações e desenvolvimentos que terão S'l!!: ..

gido ao longo do caminho, mas o objetivo deve


ter sido sempre o mesmos repr.esentar-se rac í,c -
nalmente a realidade r!sica.
Platão poderá .ter tido a convicção de·
que se distingue dos pensadores que o-precederam,
pe.Lo fato de não estar fazendo. obra de .ãma g í.na -
? , .

çao •. Podera permanecer-obscuro .ou vacilante em


, .....
,
certos pontos, pod?ra- recorrer .a hipotese, o que
/ " . .. ,
e legitimo, mas sua intençao sera sempre a -der-ª.
c Lona Lã.zar , Seus predeeessores não dispuseram. de.
um meio de distinguir-o exerefcio racional do.pen
sarnento da atividade simplesmente fantasista;não
puderam definir a natureza exata do. plano em que
se deveria exercer a função---representativa e lo?
__

gificadora do espirito? !le agora o possui: é


. ., , ,, ..
-
.,
utilizar a ideia que esta em nos, que e univer -
, '
sal e apreensiva do multiple das eoisas eoncre -
I

' _.,.
tas e que nos conduz a Ideia que.!. por si,a qua?
., .
216

eom as demais Idéias, compõe o plano


da investiga-
domínio na-
ção dialética, onde.a razão encontra o
? .

tural d o seu exercicio.


-
O mundo fisico não poderá ser imediata
, ? , co-
menbe representado pela ideia que esta em nos,
<> 4

pois a
mo teria sido talvez a primeira hipótese,
.

·coisa de in-
análise da Idéia a revelá. como alguma
suspeitàvelmente .ma Ls comp.Iexa? , a que- .é preciso
. í'
car
subs í.s tenc ãa ãndependen'ta- .Mas, essa. mesma analise
A .

,
tera servido para mostrar que e preciso, ao mesmo
tempo, considerar a realidade da ordem física eomo
muito mais complexa também, e que, por fim,sua :,., .,
co?
A .;'
respondeneia·com a realidade das Ideias nao e to-
o .

tal; deverá ser en tendida como con_sotituindo ape ""


nas um máximo de racionalidadell Tudo isto são já
resultados avançados de uma investigação que teria
partido de um ponto muito .simples, a saber: .como

podemos construir a ciência .. do mundo físico com as


idéias que.temos dêleº O Timeu virá dar-nos os r?
sultados finais dessa longa e árdua elaboração,e- R?
trata o passado do espirita que o pensou, e .cada

uma de suas .conce pçôes pode. _ter sido gerada .bem .a,n.
..

tes-, aomesmo tempo em que se edifieava.m as teor:iaS


"
que apareeem em outras obras anteriores sobre
metafisica, a ética ou a polÍticae
\ Se Platão está segur o da. racionalidade de
'
sua/f1s1.ca,
i1 o
come .se explica que tivess.e usado , .pa-
A P
ra expo?la, o mesmo metodo e o mesmo.estilo - om_!
to cosmogÔnico -que
assinalavam no passado as coll
- 217 ...

""
eepçoes de pura fantasia? A resposta. a esta que.2,
- nos fara, compreender o sentido -da fa, bula .na e?
tao
.

posição da teoria f'Ísicae Em primeiro lugar, Pla


? '*" ,
tao. teria dado expansao a. sua. 1ncl1na.çao poetica,
" <!, o _,.
. o

, H
aceitando a forma elassica de apresentaçao das
concepções do não a ·ter.ia usado ç se
unfver so, Mas
não estivesse certo de fazê-lo de forma .inédita?
..
pondo-a ao serviço da .. especulação racional e não
deixando que nela se manifestasse.o ca.prieho dai
N ? A
magãnaçao , A f'abu'l.açao cosmogonãca .-parece"""lhe .um
.

meio legítimo: de veicular algumas noções lÓgicas·,·


n .

supremas na exp.l í.caçao qo unãver so , que nae se. po


IM-

dem.apresentar na exatidâo de uma exposição ra.eiQ .. ..

'nal9 justamente. porque .o mundo .que assas noções 00 , l


.

""' .
.;,
vem reger nae.e, ele proprio, raciona? -?s:e e -O
A o e -A
t ?

ponto capital, pelo q-q.al tudo.se pode esclarecere


'Se a natureza fisica não se enquadra.na ordem do
pensamerrte conce.l tual, não é pos s I vel exigir exa-. .

o.?· A
na .exposa.çac Lóg í.ca da caenca,a que nem este
-, oA.
tidao o F:# o . o ?
-

mundo por objetoe Não podemos senão conberrtar-mo- -

nos com um raciocinio aproximado, com explicações


ii'
,provavei·s?. e· isso
"
e .repe·tid o incessantemente
I?
·.
·.
...
em

todo-o curso da narrativae


Se não é possivel uma dissertação rigo=
rasamente lÓgica, então nada impede .que apelemos .

. para. -as imagens e as person:ificaç-Ões, desde que


não lhes demos outro sentido que.o de veicularem
um pensamente ·racional; as al.e?;?dem?er·m:t!n
der um gr-upo<de ·

idéias essenciais -e de processos


.... 218 -
fundamentaisj com que se venha a construir uma fie
definiti=
ção o mais lÓgica possívelº A distinção
va entre os pensadores científicos anteriores ? -

Platão é :que os primeiros criam na realidade


f'Ísi=

ea do processo cosmogÔnieo" tal como a sua imagin-ª.


gão lhes dava criam que o nas câmen to
a entender; _

do cosmos se tivesse-· realmente dado como- o des.ere=


,
viam9 enquanto Platao sabe que .nada do .que .. c esta?.

rando teve jamais lugar; o que.a sua intuição.re


....

almente admite é que a realidade .do mun-do fisica -

foi sempre .. esta que aqui está agora. e _que se trata - __ .

de compreenderº A fantasia-mitopoiétiea não.é uma


forma de eonhecãmen to, .mas .um simples recurso did!,
cer=
tic99 de.que é-legítimo usar, .para figurar um
to· nÚmero de conceitos .. lógicosº
A distinção é completa 9 e .permi-te=nos .cem

preender por .que motivo Platão se decide a .compor


uma cosmogonia alegÓricag desde .que o mundo fisi-
co não pode ser objeto da dialética? mas? por ou=
tro. Laão, não é também totalmente irracional, a
lhe diz respeito e de.certo modo intez
A ,
eiencia que.
,p - ,:,
mediaria; nao e puramente--imaginosaj.-nem plename,!!
te conceã.tuaã, A rábula parece"'i'lhe- .ser um- bom re=
curso literário para apresentação de .sua coneepçã?
pois .que.ise presta.a visualizar-a-intuição confusa
AT -
contato entre.o.logioo e o ilogico9 o ,vou,e
A ., ,p
deste __

a 3Av'?d K<rj j cuja incompreensível mistura dá. em


- -

?
resultado.este universo .que per-ce bemos , Ja quenao
,.. ,p

.
, I
lhe e dado ·penetrar- no intimo
A
desse encontro incon
-- 219 -

cebÍvelj apela para a fantasia, clara no seu prQ


prio terreno, e para lá transporta os .conteúdos
logicos f'aaendo-oa epar-e cer sob- uma personif'ie-ª.
,:?

ção nominal, ou apresentando=os sob forma de pr,2


eessos imaginários; .com issoj em nada lhes ti=
.

?
ra o seu carater de conceitos.explicativos.da o?
dem natural9-ao mesmo .tempo.que se. torna .possÍ-=
vel fi / A o
gurar.o irracionalj que e a existenc1a me.2,
ma do devenir materialo .

Quando descreve. a. formação da .a Lma .e do .

I\
do .mundo , .Platao-?indica=nos .que este. e ml
"" #
ecr po
dos processos que-nos podemos figurar, para ehe=
- (
garmos a compreensao da ordem f1sica pr.esente;de
?

vemos aceitar que. tudo .se .pas sa atualmente como ...

se se tivesse .dado--outr.ora êsse proeesso--criador


do cosmos, Acrescentemos. que a .ficção da gênese
.

do .universo,--especia.lmente a teoria da .compos I -=


ção. dos.elementos-fundamentaisj .por.ser .a-Única

forma como.podemos chegar a um conhecimen.to .da

estrutura fisica .. das coisas e .da s transformações


, p
que nelas.se tambem-?-sentido
passam, .tem .prati
e-o decisivo.; pe:rmite .de'la -del"ivarem as ciências
.

particulares. dos _fatos naturais, que.iabnangem nio


sómente a meteorologiaj .a Ótiaaj a teoria. dos e_! ?
#
:tados da materiaj. mas se prolongam .pela f'orma.çao
...

de uma .fisiologia,. de .. uma patologiaj de uma ter'ª- '


A
peutiea e de uma .higieneº A. parte do terceira - ,

f
.. -

Timeu. e
. p
.o . desenvolvimento .. regular de sua f1sica º

Não podemos ver nela a .finalidade primordial do


- 220 -

diç{logdj como "faz Rivaud (5Z), uma vez que nos


parece uma aplicação natural dos conhecimen ?
':Ser

tos 'g'erà-=t?s sÔbre: a natureza a. uma material série


de problemás de grande significação para a vida hu
mana,
Nossa hipótese da existência de uma di-
·

A A
fisica constante em toda.a obra plat0n1caj
0
.
(
r?.triz-
sendo vàF·dadeiraj opoe=se a certa. apresent açao.,l'llg
..., ... o

to-habitualj .da .evolução do pensàmento grego, que


eonsidéra o aparecimento.de Platão,.por assim-di=
HA
,,.,
sal to na-sequencia
·

zêr9· como ··-uma aubaçao , corno .um

histÓri-ea9 caracterizado.pela f.ormação_sÚbita do


gnande ·sistema--filQsÓfieo.1 -no estilo. do .. que - .nos
A ,I'
. , ,

tem1:,0s .. modernos
.

-tem este nome , --.Sem-duvidaj .com a


obra· de· Plà. tão .. se produz .a Lgo .a - .de incomparável. -
.

tudo. que se .eonhe cãa anteriormente, pelo volume .

dos. p;roolémas de .que se ocupa-e. pela .. origina.lida,.. .

de
·
e· ten
'pr-of'undãdade de .suas e specu Lacóe s , Mas'» ..

do.'tido, ·eomo·nos .par-e ce., um interêsse-final .. pela


teor1.a f:Ísiea., .sua obra .não quebra a .continuidade .

da trà.di'çãó ante-socrática; apenas· representa .um ... _

impr?es·sionant·e· enr.í.quecdmerrto , em que a investiga


çáó inédita dera spec to s .es sene í.e í.stá .resolução .do
problema:·_:fÍsico' dá .or-Lgem à. eons tã tuição dessas .di
versas- teorias;. que 'I pelas .nos sas .d í, visões de ho-
.. ( í.ca na #
logica1 na. psi
' ' '

je? '_'se enquadram-na me taf'Ls ,


cologia·j· :e·tc º T:udo Ls to , porém, visando o objeti
.

·:'
_
,. --?--
vo.-ultimo
.,

',.
de ·eoriipreender
. .

0 mundo .natural,. da" .a PJ.a


,
-?- .. -?
tao uma
-' ,p·os·içao
.

na linha dos pensadores .eosmolegi


- 221 -

A
cos que, desde_Tales,.vinham formando a .ciencia
gre?aª De Sócrates? de.fato1 sairá uma nova li?
nha do pensamento, que se config?rará de inicio
nas escolas chamadas pequeno=socráticas9 e poste
riormente.melhor se expandirá nos sistemas estÓi
co e .epãeur í.s ta , e?raeterizada pela preocupa ç.ã o
dominante de investigar.a vida humana e seus va-
lores j suas relações .e seu des trí.no , A.Mas j em
- - P'Ia
= ;
tao? tudo quanto s.e encontra neste genero. =
- e. e
muito e digno do.mais completo estudo,-= são ape
nas .. frutos. pendentes- de- .ga Lhos laterais; o tron -

,,?

co e .formado pelo pensamento que aspira a compr!,


ender a naturezaº

§ za ? A alma e a teoria do movãment o,


Definição da almalt A alma máº

Importa agora- que- passemos .. ao .e s tudo dos


pontos especificos.principais- da cosmologia pla-
t
tÔnica9 par-a i que. po saamos i a Lng í.r , por .. fim,. a-dis
= A
cuss.ao do.problema meeanicoº -Importa-nos inicial
mente. compreender que é isto a que Platão denomi
na. aJ_ma do mundo.,
A- noção de- uma alma .unj;versal pr oce -d-e
das.profu.ndezas.do.animismo.primitivo1. por. uma
projeção sÔbre o todo .da- concepção explica tiva do
e º

,
-

d Oo- - O aniffl:a 1"e .move por si mesm?


ser vivo am.mac
º
,.
. -
"l o.

e parece tirar. de .. si proprio as. forças. que. expli


-

cam os seus movimentos e os fen0menos de que é


=- 222 -
A
sedee Concebida como um centro de força, a alma
é o que confere a vida e a individualidade ao ani
male Neste se dão numerosas transformações? atos
os mais diversos? que, entretantoj encontram- uma
unidade de explicação no conceito de almaº A exis
? ?
te?cia individual, e portanto a forma de que e do
tado cada vivo, funda=se na posse da alma parti=
A =
cularj deste modoj ao lado da-intuiçao_original
da alma eómo-princÍpio dinâmico, .aparece a da al-
ma .como principio. formal -OU plástico ? 53) ? O hil.Q
zo!smo-primitivo deve ter iido .por origem _ esta
teruiêneia a encontrar um principio.unificador dos
A ;Í
fator
ó\ .

f'enomenos .na í
tura s e a supo-Leccomo um anJ:.=
mico,? incorporado- ao mundo material, de sempenhan-.
_,
"" ..

do , quanto a- totalidade do untver-so , as .me smas :tun


- #
tinha
.... ....

çoes-de razao dinamiea -e-plastica que em r?


lação ao ser vivo particularG
Que primitivamente esta concepçao tive?
se existido sob forma de asserção religiosa., c0mo
se conserva em certa? dqutrinas Órficas? é_natu. ?
ral; mas o certo é que com os primeiros .jÔni e os
se in troquz eomo eonee í, to rae LonaImen te e.Labor-ado,
por exemplo em.Anaxímenes _(54) i para o qual .. o uni
verso respira uma atmosfera exterior? e-assim con
serva sua vida como todoº Em Anaxágoras ??5), .a
presença de um
- No v-ç
como principio motor s
9 na -

geração do cosmos, revela.a mesma tendência a-CO,!!


eeber a mobilidade e o. devenir. presentes, no .eon?
..

j"Unto da natureza1 co'mo tendo origem no Espirito


- 223 -

que pervadi·u a mole informe da matériaº Em .De-


mócrito (56)? a alma é concebida como constituí?
da por &tomos mais sutis1 mais mÓveisj que o ani
mal aspira do meio natural e que, quando no seu
6\
interior? lhe conferem a existencia viva singu=
lar, e quando fora,.permeando.a.multitude infi=
nita das.outras espécies de átomosj dão ao.uni=
,f'
ver?o a vida total, que e o devenir que observa=
mos e
cosmologia de Platão sã tus -ee nes te,
.A .

A :11•;

eomo em outros. pontos, na .. e ontrí.nuaçao da cãene í.a


I'
t
an í.ga , Mas . um.a. transformaça.o- radical. e-. trazida
.
... o

pelo seu conee í.to vde .. alma 'do.mundoi .pode dizer-


- p
.partir
do Timeu e .. que .se e í.aboea .no pen
.

se. que .a ...

sarnento antigo .rsssa. doutrina.da alma é;Ósmiea1que


prosseguirá pelas .. escolas. posteriores j. apresen,s?.
;t

tand0-se embora com aspectos específicos difereg


t·es Do pensamento. anterior conserva .Platão . um
o· .

esquema- geral, que.o faz.ver .na. natureza uma uni


dade .comparável.à. de um.animal singularº Perce-
be. que o.-hilozoismo antigo não. se.enganava em ..

pensar ser necessário um. principio .. anímico, para


explicar a exí,s t.encia regular do devenir o Ela bo
A
.. - .

ra .. assim -ª. d.ou.trina da. alma do mundo, um.a_ das nQ. __ ..

ções mais compãexas e. difíceis- da sua filosofiaº


A .noçâo de alma .do mundo desempenha uma função
culminante . na metafÍs Lea, na.
. ca .e na gnose o=
-
- fis i
logia p Ia tónãcas ,. .Nela .eneontrra P1atao
A
a possi-
bilidade de solucionar dois problemasg umj fisi
- 2.24 -
COf-º da regularidade do devenir na tura Lj .
outr.o9
I'
?pistemolÓgico, o de conhecimento quer das Ideias,
quer dos fatos naturais.
A dificuldade? para nós, de compor at?
ria geral da almaj em Platão, provém de que deve=
mos reconstituÍ?la com indieaçõ?s esparsas em di=
ver sosdiálogos e., ainda .ma í.s de que a doutrina. d3.
.

alma humana individual precede-a da alma .univer -=


sal, e, no entanto9 deve ser concebida.em concor=
diqc? eom esta? -T?das as exposiç?es s?bre a al-
..

n
ma , que? frequentemente .scb o veu do mito,se .
en""'
contram nos. diálogos .pré=timaieos1 recebem- _ .um-a
completa e inteligível explicação depois.que .se
ati?J?e o substancial da doutir-Lna da .ps í.que, dada
no --Timeue eonheeida-a fun?-?o-que desempenha a-ª.!
ma .eósmãca , a suaier-La çào pé,lo-Demiurgo.e, espe--=
ef.aLmen te., - a sua composiçãojtorna ... se -eompreens:f,...
vel a existência- das almas particulares.,- e podem
ser tratados os .pr ob.l.emas que a estas se. referem?.
_

como o da sua relação com os cGrposj da sua-pre.?


xí s teneta
? A
, da sua sobrevivencia? da sua .Lmputabã,-,
lidade mo:ralj. etcº Somente a.eireunstâneia-de
s?
rem êstes aspectos individuais.tratados antes de ..

co?heeida a-natu.r.eza da alma.do todo é que-compl!


aa- os problemas e.deixa em dÚvida
certas questões
anberd or-as , :if .necessário-'assinalar ainda- que- a. -

doutrina .do Timeu apresenta .. outras dificuldades 1


A
que provem da necessidade.de-ser.posta em coneor-
A
dane ía eom as passagens do décimo livro das Leis?
- 225 -
onde o problema da. existência da alma é trata d o
com finalidade apologética.e
De qualquer modo, porém,· cremos exis =
tirem Platão um pensamento fundamental na dou=
trina da alma, as exposições.fragmentárias que
A
A
dele. temos,
,
as .vezes claras, outras. vezes A
em for_ /
ma de mitoi-e nem sempre concordantesi .na.apar.ên
e:ta, sãoas pee tos que se .des ínam ao tratamento t
de certas questões especiaisj.de caráter psicolÓ
gico9 fiSiCO-OU étiCOe Êste pensamento -fu.ndamen
tal é de natureza. cosmo.Lóg í.eas .é. a necessidade
de tratar a realidade do movimentoe
movimento e um dado geral e cons tan-
"'
. . .. O .
.

te .da.. nossa .per-cepçâo do .mundo exterior .;' A -vida . :

que manifestam os animais .e .o homem.é apenas. um


caso .par t í.cuâar- dessa. mobilidade uni 1,ersal'ô,. aquê
le.em-que.o ser parece .ter.em si. a causa - -do seu
movâmerrto, Poder .eompr-eendé-d,o na sua .. essência
seria atingir de um relance.a explicação do.pro= .
F
cesso natural e . Mas, como .se - podera compr een de .r
o que é o movimento? .De.todos os modos de eom=
A
preensao? .o ... mais .. perfei to .seria .. aque l.e que .... nos
Ç4' ·.o
o

pudesse .raaer .. a ting:C,?10 na .. sua causa e E .. as sim a e. . ..

pergunta. sÔbrea.essência .do .movimento.se.trans=


portaria ...
a investiga.çao da causa
.(N
do- movimento-?F.re ·

c?samente neste.pontol' a meditação platónica de-


ve-ter-se.representado a verdadeira.face. da.que.2,
tão e adquirido uma primeira posição dogmática,.
que lhe servira de fundamento para
?
toda
A
a sua
- 226 -

concepção fÍsicag a questão é ininteligível; não


se pÕe? quanto à mobilidade total do universoj o
pr.Q'blema de sua gênese? ou por dizer em forma si?
plificada? o movimento não tem causaº O movimen=
? ?
to sua realidade nao se di-ª.
e dado com o movente,
ttngue da realidade -entitativa do ser que o exibeo
A-mobilidade não se-separa da materialidade senão
quanto ao nosso modo de. perceber; são ambos as?
-

peetos do-todo-realj -cuja exist;ncia não se pode


conceber _como-precedida-de-um nâo=existir'3 _ pois
êste -Último conceito não .tem sentido fÍsicoj- mas
? ? ?
e apenas uma operaçao logica posteriori de nega.'=?

ção do dadoe Assim, a questão-da causa da-mobil1


ti
dade .-é des tUÍda de sen tido que a cons tua como
_
_ ti
problema filosófico-o
Es ta primeira posição s Pla tão--a compar=
tilha com tóda a tradição cientifiea..que o prece=
de; sua visão mais geral do vpr-oces so universal .

=- .;? I'
nao diferira da dos fisiologosj para os quais tam
?
bem o mundo aparecia como um dado a .ser- tomado com
os caracteres imedia tos, Últimos :t de ma teria.lida=
de e de mutabilidadeo
' , k>
Aristoteles representa.a posiçao opost&
sua f:ÍSica é fundada- sÔbre -ª supos í çào. da possibi
lidade-de -eompreensão causal-do-movimento; have?
ria uma --disposição. intrínseea_ do móve L, constitui
da por uma apetição imanente. em relação às pos í, =
ções futuras j .até O- têrmo.
I' -.
do nepouso , que é final
apropria causa do movimento pelo qual essas posi
- 227 -
çÕes são per-eor-r í.das , A meeânã ca moderna . ado t a
A
integralmente o postulado platonico e repudia a
presunção aristotélicaº
Veremos mais .tarde que
é possível admitir que a não=descoberta do prin?
cÍpio de inéreiaj entre.os gregosi e sua formula
= t I;,!; "l,,

çaoi no inicio.da era moderna, estao ligadas as


vicissitudes- históricas que .. denam à . f'Ísica ar ã a-
,P '· A "'
totelica um papel.preponderante.sobre .a platoni-
ca no periodo antigo e? posteriormente, durante
,P
a Idade Mediao.
_ .Fixada_ esta primeira .at í.tude.,
.. .Platão te
ria percebido. a
-- - compreender - o
possibilidade. de_
movimento. pelo .seu-as pe e tc legal.O' Uma vez. -- que -

nos .é inten?dito.investigar a veausa- da mobã Lí.dade,


..

devemos .ocupar=-nos da sua descrição.o-- Po.d e.m.o.s


constituir -a .f'Ísica- sÔbre o- conhec ímenbc das- re=
gularidades surpreendidas no .cuns o da mutabilida ..

A
de9 que .se
o
mostra ass1m.aeess1vel?
(
.por.este lado,
ao império da razãoº Desêobrimos então que.a.mQ
bilidade cósmica não- é algo .que -O- .ncss o espfrito
deva para.sempre.renunciar a compreender1 -pois
quej se sob o aspecto.causal não.a podemos .cap·?
tar9 outros aspec tos a.presenta .que se--deixam sub
' '
.

meter a. nossa- apr eensac raciona.lo- Pode , .. po.í.s , .a


.e.:,

fisi?a ser.constituÍdaj desde.que indague unica=


mente-dos .. tipos e lei"s do movfmen to .Tendo-eli= ,
#
minado a. noçao- de-causaj a f?ãs í.ca .p 1a·tAon1.co-mo-
o
-- . -
o

derna. conquistou como .frutos.as -leis do .movime:p:c;,


, ....
to, que a aristotelica deixou passarj na ilusao
- 228 -

de uma explicação causala


A
Estamos aqui falando-em termos-simplif!
cados? referindo o essencial de um processo?_ Pl?
tão? não concebendo a simplicidade de uma exposi=
çâo plana? didática, utiliza o mito e os símbolos
como.substitutos de conceitos e de _i eX!, teoriasª
tamente esta a razão de que , para -O pr_obl?
- tratar
ma mecânico9 Platão recorra a esta alegoria, a a];
ma do mundos a •

J' ""'
A marcha do pensamento a te a formaçao- do
_

conceito de alma do mundo poderia ter sido a .se= - -

guinteg _acaba.mos de .ver-que não se pode assina=


lar uma causa.eficiente para o movimento univer-=
salj -?1 com Ls to, termina
negativamente-ª- pr-i.me L-
ra .e .maãs natural Lndaga çâo , Con tudo , não resta
dúvida- .que esta era a pergunta- que .cor-r-eaponde ao
nosso modo mais natural-de -compreende? pelo _qual
nos.. parece que atingimos_ melhor a essência de al-
guma. .coãsa , j não satisfeito j mas
Permanece,•. pois _ _

premerrte , o desejo deiuma .compr-eensâo causa Lora ,


nada impede que se erija um símbolo, que -ocupará-
º lugar da causa.suposta e -verificada inexistent?
desde que para isso.haja.razões plaus.iveise .Bs tas
razões-existemj dizem principalmente com o nos=
e
so modo de compreender.g primeiramente9 .a satisf?
ção de entender as coisas. -sub specie causalitatis;
-

demaisj. a-possibilidade-de correlacionar _êste sím


bolo com .. outros sÍmbolosj originados. de igual .aa-
ne_ira9 de modo a eonstruir um processo genético ck
- 229 -

A ?
natureza; no curso desse processo podarao ser apre-
sent ados , como resultado das opera9ões das figu= /
.ras s tmbo Lã zadas.; os. diversos aspectos.. racionais
ca natureza, de rorma que a represent.em f:tnalmente tal ..

eomo nos é dada. Ainda uma vez. insistimos em .que êste


···- r
, ? ""'
.e 4eviQo. a. conzícçao. de. que
' ,P
,I.,,.
:recurso ao mí.to genetic.o O ·

. .. ..

uma irractonall da:ã.e .. e ssencãal não ,permite ?, natureza, . .

s?r enquadr-ada. d ent r-o. de .uma t.eor ãa. 1ó·gica exata.


.... .O recurso .ao mito .é·.portanto legÍtim.o.
t
neste-do:rr1mio do .saber-, Ass.im. sendo) .. associemos
a.o-fato .Lnexp.Lâcáve I do movãmen.be...uma .represent!_ ..

- ,
ça,o causal simbolica, que chamaremos alma., Pass?
. :
.

mos então. a .. formar,. a respeito. desta. alma, a. hi,ã


tÓr-ia imaginária. da .. ?ua. cr í.açâo , atribuindo -lhe
... ..
-
N- ,I'
e. ,-f!Ulçoes, .tudo., porem, de,,tfil .mo-
? .
"'""? o ft#
um?:--c??;PQs1çao ..
,, .. .r
do· que aij: f'im tenhamosj por esse mito,. vindo ao en
.. ,.
·. .
"'·
.
.

contro do. que desde o inÍeio nos era dado


. .
i?:ce.=,
' - 1:0:JJ
" . .
A
ber na( exper í.enc í.a , Teremos. as sãm, Kot-r? - .

I
.i e K orc:??I. À º1 ov , um tipo de explicação fÍsi
.,

.. .. ...

ea , .o único. cabível n?s coisas déste gêneroª N?o


queremos dizer que.tenha.sido.esta necessar1.amen
, - '
- ,
..

. . ? .

A ,I' ,/'

te .. a. mancha da .1nt:uiçao platonica, ;nos,. porem9. e


.. .. o

que. podemos recó11struir neste esquema os elementos


de s ta teoria,. guí.ando-vnos em. par tie .pe La interpr?
·? "
taçao pe s soa I de .a Lguns deles .Plata.o poderia
: '
Pt#

A
ter . e-

uma sensibilidade. d í.ver sa no tratamento ?este PI;.Q .


..

blema, h? Um aspscto religios?;el).volvido nesta cp,es ...

tão, que não ·p?de ser .deaprezado, A sua conví c-


? A I

çao da ?xistenei? da alma individual humana,como


. .
.
- 230 -

com
princípio vital e centro da personalidade.faz
A
- A
sobre a totali=
que? pela projeçao deste conceito ? ' .

dade do cosmos,
'

se encontre? associadas a noçaode


alma do mundo certas tonalidades ético=religiosasj
¢<,

que se superpoem ao esquema pu.ramen e


l,P
ogico que
?
t o

?
apresentamos., Parece-n?s, .por em, ser sustentave?
esta interpretação, eom a ressalva de que repre
=

senta apenas um esquema genético possível da teo-


riae
A partir do momento em que verifica a
impossibilidade-de conceituar o movimento?-Plat?o
,
o declara devido a uma. a Lma , A causa .s Lmbo Lãca OJa.
tra coisa não.é senão a.simples afirmação da-eXiA
tência do. fa to , Es ta eonví,c ção. ter-se
deve .
produ
zido bem cedo , .muí.to. antes de ser es cri to o
Timeu'j
e .pon ela se orientam todos os desenvolvimentos ca
teoria da.alma que .se-encontram no Fédon, na
p A p
?-
publica9 no.Menon e no Gorgiaso--
A
Podemos agora.compreender .os termos tez
tuais com que Platão .procura definir a alma em
,I'
?
ral, antes de .aplicar .êste conceito ao todo cosmi.
eo , Verificar.emos que, ao longo de tÔda a .sua _

obraj do Fedro às !&1.§.j êste conceito.não varioui


A
ª--alma e - o - que se .move .. a_ si mesmo-o-- Em ambos es=
,
.

ses diálogos, assinalando os extremos histÓrie o.s.


..

da evolução do.seu pan?amento, Platão.define.a al


ma da mesma manei?a9 como um princípio de_movt?eB,
) , '
to.:1 l(L')).ffj(Ji'ú/Ç(Fedro? -24-5 d; l&llj896.b)o
?e?IY)
Mas o caráter· especifico do principio de moviman?
- 231 -

to é ser aquilo que se move a si mesmo? enquanto


as coisas movidas de fora devem- receber dêsse pri,!1
cÍpio o seu movimentoº Oraj-O princ:Ípio.do movi?
?
mento e declarado sempre como a alma; por isso a
- ,
sua definiçao e sempre a mesmaj como se pode verj
co!¥parand? es t_,a pa saagem do Fed_:o 9
8l JJ<Xl To C:XJr't"O ?()( ut» J{ lY01f:J)
?,"ÀO "tl
f'Vf"JJ/(245 e),
tr
1?
com esta outra das Leiª-4 z?>' d11Jl<XjVt.£'i9JP ?frr:r;v
57) À vis ta do que
0<.111:
? J) K :cYêl y K Í>'lfjtr t))( I
dissemosi julgamos estar em condiçÕe$ de compreen
der .o sentido- profundo-dêstes Que signi= .text os ,. ..

A = .

ficam eles senao-o recol;lhecimento-da espontaneida


de do .movãment;o .como tal?- Que. significa -dizer que
a a.Ima é o - principio do movimento- -e que êste .é o
- -

poder de mover. a si-mesmo? senão .erigir-um. sÍmbo-°"'

lo sÔbre a suposição.da-originalidade.essencial ca
,' A
mobilidade? E por que se constrpi.esse simbolo ?
f
-
=
.

senao porque a mobilidade 'mesma escapa a. _a preen '?


<:\,.
,,
-

- ? • A
sao-racional, nao nos deixando-senao.esse recurso
.

?
para estabelecermos. contato entre ope!];
.

alegorico
sarnento e o objeto.-indominável? - -

Platão-mesmo indiea?nos .ser êste.o-mec.!!


nismo da sua fabula窺' numa-passagem um.pouco a=
diante, .do Fe?!º (246 -e)9 quando, a. -P_ropÓsito. das
almas .que-anâmam os -s?res -imortais ._e os tornam-de?
ses , explica-que? visto nae podermos conceber por
;;..,

tun re.cioeiniÔ-, 01/ô' if. t"))OÇ. ÀÓJ'OU ÀFJ -r=.pÉvo? ..


., ?
nada podemos fazerj mas ·apenas for-jar,- ja. .que nao
A
,
ter exper-í.enc ta , nem suficiente co.m
.

nos e dado nem


QO
232 CZ

I 1,,<JO,Y't'8?
,t
O'lJ''Ce
.

.a ri M
()7/TE
e
,Ko<-
preensão$ Tf  fÃ"t''<Of"EY,
v o efrroc.?l'CE, º Esta frase final é de capã tal
')l,;Jç
conformer?
importância e poderia servir, ela só,
conhece Le Robin
(58?, a. deixar?nos entrever 0 fU,B
do da metafisica platÔnica9
surpreenqendo nela o
sentido logilicador .de suas alegorias.?. -

É impressionante a .aproximação dêstes


compoaã,»
textosj.-tão distantes pelo tempo de?sua

?ão.? _po-rque nos dá um .. apÔio .sÓJ,.ido para .aa consi=


deraqões. que temos.?feito. e .. as que a seguir-desen-
volveremos e Não resta .dúvida q??-Platão aceita a
espontaneidade do movtmerrto e a impossibilidade de
·
t?rmos .dêle uma explicação j po ís nada podemos _fa=
- .. -

zer senão .. forjar. uma .entidade. simbÓlica e. -atribui ..

la a9 movente como?princÍpio causal d.é sua mobil:i


dade , .Mas esta atitude fundamental,.. s tmp l.es- .. e,.d§,
.
'
fini tiva1 deve desdobrar·00se. nsce s sárfament e-em uma
.

teoria .da .a Ima de-grande complexidaqe; porquejpor


rnn lado1 como dissemos., devendo a alma dar conta
da mob:ilidade. dos sêres v:i vos e., .deri vadamente 1de
..

? .

A
exist?ncia e natur.?
.

suas,açoes, encontra9se a S'q.a

za eri:volvida.em problemas ético?religiosos1e ain=


da por que , por. outro .Lado, a .mobilidade f.Ísica eOIJ§
tatada .nos corpos oferece uma. grande variedade. ·de
aspectos j que sã:o outros tantos problem.as a pÔ:r em

causa a natureza e as funções da alma.e


Deixando de lado as questões êti.co?r.eli_
g í.osas , que .nâo dizem respeito às nossas pr.eocup-ª
çÕes do momento, con?ideremos'1 na ordem natural,
= 233 =

A
a multiplicidade das condâ çoe s meeam cas que os
li'<' ?

corpos nos apr-e serrtam, .·A distinção mais e l.emen-


tar e,, a que separa os e-0rpos -0otad9s de movimen,,:,
A
to esponta;neo, per-manentie, como o dos as tr-os, o do
;

Â
mar, o dos ven tos , .ou even tuaã ; como o dos ser es
\

:vi vos, .. dos corpos,... chamados .. inert?s, --- nos .. qua.í.sco


/ # '
mov1J!tento,.,e .._.sempre ,...:um., acidente, .. que .:J._hes advêm.. p? ·1

+ª. açãc>.Ae outr-o corpo .. em .. movã.mento ,


, A ?.tra:r;is 1"!!'
ção da concepção da alma individual" do .... ser·. vãvo ..

- I .

para a.-:11oçao,,de. uma.-aãma. ccsmí.ca.,.. abrangendo a.t.2_


. ,

...

tali.dada dá .nã tureaa.,.. :é feita.,qtià.ndo.; ,.reconheci


-
A
do que a existencia-.?dôs corpos .em repouso nao .. os
..... .. ?. .i .. . . • ow,

.. .. ...

ext.me de se ..... encontrarem


'
.sob..o domãrrí,o deruma
.
.

f al?
maº .Parece ser.pelas alturas da composição .dp
Fedr_o chegado à plena elabora=
que. Platão teria
ção do conceito de .a Ima .do mundo, de que depots
o .Ti.meu dará. a .. teoria .comp Le ta , --?, .embora não· te
.. ..

nhamo s .conhe câmerrto de que ?e .. tenha atnda as s tng, ..

.I!,. , ·- ,li)
lado este .f,atoj. e no-?:Fedro .que se encontra a ge=
R1 Q'

n?se noçao de alma. cosnn.ca º


da ..
Q

, ,.,
Se os corpos inertes tambem sao abran-
.

f o , entao
gidos pelo .poder aní.mt.c
? ?
.toda a .na tureza .e
.A

animada .pon. uma .a Lma, .ora, o Fedro (246 b) nos


diz claramente esta passagem tão conhecida ('59?,
' - \ .,
1
ETr<..?ef\'-'-
-
"' ., "
1:«.L .. :e-o-u ?'fU.XolJ -As-
f!t11-9] Tr?a-<X ."TT0<.>noç

sim, nada. esc?pa. à .domina?ão anímica, ou seja'1na


- mov!mento.e.lµliver.-
?
sua significaçao profunda,. o
J' A ""
sal,-o repouso. e. uma apar-enc í.a , uma eondf.çao me-
..

"'
ramenta relativa. Se nada esta em verdadeiro re-
.... 234 =

pousoj _se há sempre uma alma que dirige, que tem


a seu cargo ( lrr
'-f'A-EÂ.f..t.-"CfXl ) todo corpo inerte,a
mobilidade universal que essa afirmação defines?
A
gere a existéneia de uma alma cosmicao De a o9
.P o
ft
é di t·o a seguir que ela circunda todo o ceu?7>'"«>',oc
ot?rx Yo)' rr?e'- rroÀll o Os aspectos par-cãa í.s , que
são as almas dos deuses9 dos homens e .as que im-
·pulsionam .a . mobilidade. essencial dos elementos. da
matéria, são outras tantas variações de forma de_!

sa psãque , ?).Âoo-E lv
eZ<Jiõl 1L'f-J/oµ,É>'o/j &)..Ào,?
dela que 7T«>'z« c:Õy KÓ(f' ,,u.-o)J - J',ot..1<eZ0É ela quem
'
desce a terra, toma um- pouco de ma teria corpo r e a
., .I'

e transforma-a num corpo vivo,. parecendo dotam.de


movimento pr.Óprio'i .quando , ..na vendade, sua- mo bi-li
dade lhe vem do poder da alma que nêle a, habit
<rw?tJ.. o<. V'C?
(.1((),1 o<.Ú"lo <fo KO'UY
Àrx.;:3ov<rrx ,
.-
1'I
(/,. \ r:_I' ?
KlJJêlY 'T?')JI ?l(êlJl.tl'}Ç- o?IrtX.P.,lY
t.oc (246 e),
Aqui terminam. os elementos orne e idos pé f -

lo Fedroe- Devemos .esperar-pelo- T-imeu? .para ter =


mos a. elaboração. final da doutrina da alma .eésmí,-
ca., Outros desenvcãvãment os, .como. os do. Fédon9do
- -

Mênon.. e- .da. RepÚbl:icaj. concernem .especiaimente aos


aspec os ep·1t
.

t
p ? p
s. emologicos e- as_ questoes .. eticaso ---
' -

Julgamos indispensável estabelecer .uma


distinção entre a noção .. de alma. na sua acepção.rrms
geralj e .a de. alma do mundoct Esta distinção. não
.
,p
e claramente .expos ta por Platão j mas par-ece -n o. s
- .

p A
que? so depois de a termos -desentranhado do eon= '
,; A
teudo dos dialogos,
q>

se pode fazer alguma luz s??


- 235 -
-
A A A
bre a mecanica platonica ej em particular? sobre
um embaraçoso problema9 a respeito do qual tanto
- p
se tem disputadoj a questao da alma mai de que
nos fala o livro X das?º tP
Acabamos de ver que o movimento e fun-
damentalmente irracionalj pois não nos é poss!=
vel ter uma representa.ção nocãcnaL. adequada de -

um. objeto. em .transformação?- Por. outro. lado,. po:-

rémj observamos.a regularidade .de certos mov.1men ·

tos j como a periodicidade das .revoãuçóes. celes -


-

tas ou a determinação da trajetória de um grave j


..

que nos .revela a possibilidade.de atingir racio-


A
na lmerrte, neste aspecto, o fato mecanãco , - Pode- .

riamos então.dizer.que à.concepção .da mobilidade


pura , não especãf í.cada ,
corresponder.ia .a .noçào.da
alma. em ger'a.L, - Quando concebida a mobilidade ?-es
pacificada do caos.jâ é---poss:Ível .f'Lgunar' uma _al=
animando-a ( 60) .i sera. .a alma. ma,quan
º ? ?
propr La.
.P
ma - ..

do concebida a mobílidade .especificada do uniYe.!!,


so ordenado, pode .dizerc;,se-que a alma.que o dom.!,
na.é racionalº Na cosmogonia do Timeu, a distil!
ção fundamental entre .a s. .duas .ordens , a da-Razão
e a da.Necessidade, sup?rpÕe-se a.esta distinção
que .a quí, fazemos quarrtc- a moçao vdo moví.men tc , .. A
.... ....

alma do .. mundo aparece como uma da Bazão1 criação.


para.dar .ao cosmos .a regularidade do devenir.me=
A ""
eanã co, mas nae para - lhe dar a mobd Lí.dade mesma,
que, esta, já a possui o estado caótico .anterioz;
onde reina a Necessidaqee Plat?oi no Timeuj não
dos elementos de
faz referência a uma mobilização
caos por uma alma, e é êste o.motivo
de se terem
"" ,. .

Masj eQ
criado tantas confusoes sobre o problemaº
mo .sabemos1 no livro X das Léis
estabelece .clara=
"
.a ma, .co-
mente uma duplicidade de almasj , a ,I\ boa e
mo regendo o urrí.ver so- .Or a ,
.he toda a r-a za o ç como
,,
abaixo assinalaremosl para c:eer .que a alma boa. e
, , ,
apropria alma do mundo; a ma e apenas a. figtir?
ção animadora da mobilidade essencial da maté r.ia-e
. " ,
A diferença .eµtre os dois dialogas esta apenas em
,,
que, no-Timeu<» esta mobilidade e tomada como.dada
, A
no .reeeptaculo, .sem referencia a qualquer fator
animieój e
,
nas?
é refeTida a _uma alma má, isto
,,., ? ' •

e, irraeional1 por oposa.çao a que pres ide a ordem


<>

A
mecanica"
-Com efeito, diz Platão (Leisj 897.c)i se
o mundo apresenta nos.ieéus o espetáculo .de uma .r e-
voluçé'.o.perfeita,.semelhante em natureza à revolu ...

ção e aos raciocínios da.inteligência, .


é forçoso
dizer_q?e.é a alma boa que tem a seu cargo (de-no-
vo , como no .Fedro? érrLµ,EÀ.E-7.<rBor..1,) o todo do uni-.
verso;. se não houvesse tal regularidade do movi=
mento circular celeste1 se o mundo andasse)A--?Yt-
KW? ,€ K""' ?Tex K,w., então seria evidente
.
que se
deveria dizer ser a alma má, 't° ?'Y Kt( K.1'P 1 - que
dominaria (Leisj 897 b-d)º Está portanto clara-
mente definido que a situação a que presidiria por
dire:,_.to a alma má era.a do caos meeànico, em q_ue
não existisse a circularidade do movimento, em que
- 237 ...

s.Ó houvesse a .. translação inercialj e essa si tua-


ção é aquela.mesma descrita no Timeu como sendo o
caos que .preeede a recepção da alma boao Observ§,
ti' A
mos que .hà a'b? pe:rf.ei ta eoneor-dane í.a nas expr es-.
,p
.. -
? : ?
soes, sendo equí.va Lenües os- adver bf.os que .figuram
. .

em ambas, Ô<.TiK ?w?


, , ' , .,
, nas Lei? (897 .d)íl
O( í\ 07wç k.rx..t_ --?,ALE."Cews,1 no-Timeu (53- a)o

A alma.má-é apenas .o .s:Ímbolo da.trans-


latividade es sencf.aã da matéria; sob 9 seu domi-=- ..

nã,o existiriam apenas movimentos retJ.lÍneos, ãn-. .

definidosj ateR que pelo choque .de um elemento com


outro va?iasse .em direção ou em grandeza a.sua?
A
Locãdade.,.. .Estamost .como se vs , .em-plena cencep-
? " .,
ça.o d a ?1nerc1a11 O ea.os que o ..Ti meu d escreve e e§.
º · e
·.
. ·

ta situação .inercial. de.pura mobilipade desorga=


nã zada ,.. Ora, no .Timeu é esta .situação .ccncebãda
? ? If?
comoJsendo o.dorru.nio da Necessidade9-dom1nio es--
se que_ será supâanüado . quase.. totalmente pela ãm-
posição da .Razão, que .o . faz receber uma. alma rac;,
eã ona L, .Somos levados., asaãm., pela identidade
? ' ,
das .ccndã çées descritas em ambos os .dialogos,, a ·

concluir que a.alma.ma,


'· ,? -
se.fala.no 11=
de-que-nao
'
'
.!!!!t9:-e .a qual so,
,; À
ha referencia .nas?, -e a mes-
tP o

ma coisa.que no primeir.o-dêsses diálogos é cham_ã


da Necessidade? Por. algum.motivo não .declarado?-
? ? J
Platao nao a, quis meneionar .com o nome de. alma ma,
no seu tratado de cesmcgcnãaj mas, sob o nome de
'A Yd. K.
r
? , e que aí tigura .é A.a mesma
eoã sa,
A
Para expliear esta ausencia da refere.n
eia alma.má ne .Timeu?- seja=nos lÍcito .razer .a s?
!
gufnbe suposição.? nas ?9
em meio a. uma discus=
·con.vi=
são.µe finalidade essencialmente religiosa9
:nha estabelecer a distinção entre a? duas almas9?
to?, entre os deis estados ?oncebÍveis do tmiver= .
t::fl "' tP

s?1 eara@tarizandó=as por esta valorãça© ?ti?a?paIS


' ? ! 4'
da demon$traçào d® q?e e de fato a alma benfazeja
( éVEe;É. 'l:l[oç ? 896 e)? sábia e cheia de virtu =
I \
i\"°' EÇ ?· 8 97 b ) 9
tr
'í:"
s ...,.

des ( 'ff?)) l<.OCL «eê?:'t/'JÇ ?'Jf


melh?r { rxe art: ?J 'Y -9 ól, 896 e) que conduz o un,i ver= .

so, .:eonelui=se ·a- exí.s tencãa dos deuses· imortais()No


Timeu.1 ·onde há apenas a exposição de uma doutrina
f:Ísica., sem intenções religiosas 9 basta que figure
.

com o nome. de alma aquela que de rato preside a si


? ?
tuaçao.real que se deseja eompreender; figurara 9
portanto9 com o nome de .Necessidade o fator simbÓ=
lico da eondição-me?àni?a logicamente primordial0
-----. -
·_

. Assim. sendo , enemos que. a alusão das Leis


\ /
ª::?sta-. K9'.K.'IJ 'fV/.fJJ-' longe de-criar o embaraço
-

que .tantas .. disputas .tem Levarrtado , contribui9. antes,


l
para es<? anecer --O pensamento de P-lataoo? ,
Hà apenas .

uma.diferença-de terminologia9 segundo cremo?j Pª:


los-motivos.que.acima apontamos? Não-vemos9.pois?
eomo.se.possa.-levantar .. um problema e perder ·tantas
espee?laçÕes.em-indagar a significação aêste con=
ceitO-e.-· -Não .. podemos fazer uma .revisão das opiniões
t.?orno desta ?
em -
questào9. mas, de modo g$:ra:t- basta?
zer i:i.ue!" entre a existên;'lia da dupla. Le? a?)das
e o silencio do Timeu à ;sse respeito9 as atitudes
- 239 -
""
dos comentadores. podiam enquadrarQse unicamente
nas três seguintes hipÓtesesi.a) ou a mobilidade
dos elementos.do caos não decorre de nenhuma al,;=,

ma? só havendo portanto uma psique? a úni?a que


é tratada no Timeu; ou b) a alma do mundo deve OC!l
- . -

ter-uma fração irracional, -OU.G) .os .conceã'eos.õas


duas almas .das .Leis .figuram
.
.no Timeu9 sÓ.;-havendo
'

I;.,:,

uma variaçao na nomenclatura de uma delas? que a


faz aparecer-com outro nome? -

A hipótese a) criaria-?.conflito real


entre textos -dos-dois di,logo? ei -al,m disso9
-os

.não-se poderia harmQnizar .eom a .passagem doFedro


(245 e) que .faz expressamente-depénder tÔda_mobi
lidade da.presença de run princípio psÍqui.c.o? Não
( ?{
permitiria que se .consüí.tuí.sse uma concepçao ge=
neralizada da.almaj .como a que.anteriormente ex=
pusemos? de modo que ©.problema.do.moviment© re=
?eberia uma solu.ção.in?ompleta e incoerente& .A
hi})Ótese b)9 que é a de Cornford(6Z) s levanta mais\
interrogações do que as que reso1VEfo-- Na deseri=-
çâo da confecção-da alma.do.mundo? nenhuma expr?
são autoriza a-julgar que no resultado final ha?
ja uma parte racional e-outra- parte irracional;a
esta objeção concreta aerescentec::::ise.que a admisi;::;,
?
sao da .hipotese redundaria .em tornar obscura e in
,:?

eompr-eensdve L a função essencialmente lÓgica da


..

alma cósmicaj obrigando9nos .a dividi=la?· de .mo4o


inexplicáveli na sua prÓpria.finalidade?.que é a
A
de trazer a legalidade ao dévenir mecanico e a
comunicação intelectiva entre o espírito e os obj?
tos do conhecimentoo .A:final, não promoveria a aon
cordru;,.cia--Emtre o texto-?das- -?-- e--?--do Timeu& Re§;
ta--a-hipÓtese-""?) que nos parece ser admiss:Ível º Por
ela como o fizemosi .sem quebra da
pode explicar-se, .

unid?de do Timeu, a sua aparente diferença com as


!,eis?

§ 32 Natureza e tunçÕes da alma cósmica


Relações com o corpo

-Esclarecida por esta discução. preliminar?


ao ...nosso .. modo de .ver, certas qu.e.stões de ordem ga-
ral1 podemos considerar, tal oomo nos q.á o textooo
. ,
natureza dessa alma cósmí.ea , Ao
p
contra
Timé:B-, a """

rio da .. alma .. máf -que se pode- imed-iatamente. i_dentifi


?
ear com a Nece·ssidade .r e í.narrte no caos, poderia a
.

primeira.vista parecer.difÍail iden?ificar a alma


,li "' -?
cosmaca eom a Razao , .pee que .na des cr Lçac detalhada
o •

do trabalho .psicepoiétieo do Demiurgo intervêm as


essêneias.divis!veis e .indivis:Íveiso Todo êste a=
pará.to mitolGgico .. poder Ia fa?er=nos perder d.a vis=
ta?que nesta parte.está sendo tratada.a.contribui?
ção da Razão. ao .es tedc do mundo s. Ora, vimos que o
Demiurgo mesmo- .é uma simples eonf'igu.raçào de um a=
gente p'Lasmadcz , .que operaria de foraj fornecendo- ..

aspectos r.aeionais .a.o.-universoo Na verdade., o que


..
. _

Platão quer exprimir é a Razão Lmaaen te na_.na.tur.e=


za , Do mesmo modo , a ação do Demãurgo ecnreccí.c-
,

- • " ?,.? • _, ... t:_,>::.,",..),'


- ..•
,,.,., .::__
,I'
nando uma .alma para o mundo, e apenas uma outra
maneira de dizer que existe1 imanente ao univer=
so1 esta espécie de racionalidade que nos revela
? A
a pereepçao da regularidade me?anicao A figura.
do Demiurgo e seu produto.animico são apenas p?
pectivas mitolÓgieas1_para significar1 .no fundo,
? o ? N
a-existencia.da RazaoG Jamais houve para Platao
senão dois fatores Últimos na. na.tur eza s .a . Razão
e.a Necessidade; o mais é apenas.aparato .simbÓlj,
co, são personificações e emanações :variáveis -,
nas.quais.transparece ora-um ora outro daqueles
? -
f'atores9 por qualquer de sua? facesô .A .criaçao
da- figura .. do. Demiurgo e. a. enscenaçâo do ?seu ,tra-
balho -gerador da alma universal são.rect1rso?- de
representação da .muã tiplieidade de funçÕ:es da R,ã

_ / . Par-eca-nos perfeitamente .legitimo. SU=


-

por a_"identidade .final-Emtre -a alma do .mundo .. e.a ..

Razão.o .Des ta -identificação. decor-re imediatamen=


te que a presença .do fator racional .se .. manifesta
? •

natureza atiraves
.
q,,
na .es tr-trtura da .úní.eamerrte .da-.
-

queãas funções .. que sã:o atribuídas _à, alma .cósmica.e


De fato, em relação.ao universo9
A
.a racionalidade
eonsiste na existencia-de.u.m devenir-regular que
lhe é conferido. por essa. psique que o .anãma , e em
re!laçã.o ao .homera, .a racionalidade .está na .capaej;
dade -de conhecer .as coisas sensf v.eis--na sua manu
...
e=
?
.

, .

tençao e as-Ideias.na sua .invariabilidade?


Guiados por estas int?rpretaçÕes gerais, -
i,t.

poderemos eom mais facilidade


penetrar no enredo da
o seu conteÚdoG
rábula e eselarecer de algum-modo.
A6. começar a da-.alma do mundo , (34 b) ?. Pla =
falar ã

táo? .antes .mesme de informar sÔbre a sua compos


=

ção e funções? apresentac:;,a como uma entidade que_ en


volve-a totalidade do-universoo- Deseja? pois9 di=
=
=
zer=?os de
tf
inicio a sua situaçao em.relaçao ao co?
po-do mundo , e mais adiante- (36 d) repetirá. as me!,
mas -afirmações-o ..Em-resumo'9 diz?nos que a. alma foi
eolocada .no eentro do mundo e depois distendida a=
través tÔda a massa -material9 até-as extrémida=
(1.e

des-? .de .mcdo a--envclver.-por fora todo o .cor pcs. Ge?


,? o
i f,f' l"tv' o
ra=se? ass m9 um oeu un1coíl es er co9 so-1 .ario e i
capaz de .se bastar? de se-conhecer e. de se amar- -a
si proprioo Coineidem. o centro da alma e o do .COI,
t?
.
..

Que .afirmações positivas _se podem des co l)rir


·
- -
po.Q -

nesta alegoria? ?Dei-de logo9.. a -Íntima :fusão espaci-


al .da a,lma, e. .de. eenpe., ·na .ver.dade9 .a co<=?extensão
__ __ J:3e

aabas., - A--alma penetra?to.talmente- a .matéria9 -e. só


-
nao exer.ee integralmente-a
-
sua.funçao racionaliza=-
dora porque a--iss? -se-. opêe. um- res:Íduo-da primitiva
-

Necessidade? não de. todo extinta,? Masi quanto .-SJ)/


= A ?
V? 1 ume, a açao da alma atinge toda a porçao de ma=
·"'
teria o
Ademais9 a alma? sendo aplieada ao ?orp?
exerce uma imediata-e importante açãog dá-lhe a foI,
ma que tem.o Distendida-.em tÔdas as direções . .á,? ·

Cl.

' ? .

·rr«,rroç,. £=1:£.t. vev. 'j, e envolvendo=o por fora9 a al=


ma configura o universo em form.a esférieaQ t· à al
ma que se deve a limitação do unãver so , Antes· o
I
espaço e infinito9 e a exbensao ilimitada da xw-
P I? ,,,,,.

efJ.. 9 carente
de forma e na qua.19 por conseguinteí)
é possível o regime inereial? podendo uma parti=
eul.a. deslocar-se·' indefinidamente em linha .. reta 9
em .uma mesma direçãoQ Jsse dado -é de .grande im=
A ' .

portancia noalicerçamento da. nossa tese9 relati


..

va ao pr.ine:Ípio .do inércia.e ---Estamo? .vendo .que é


com a.intromissão-da alma que -se .mod?fica a cond1
ção--do receptáculo .e que de:txa de ser - possível-a
t:?-i.u1·s1la·_çio ?definidaº .munde .as sume uma no»
O
? f'
va .conr tgur-açae , que .s a a tu.al? .em que, .com a de -

limi-tação .das?
superfície esféri?a9 -Se-introchlz
• ,?
a eunva+uea e tambem.9 como. veremos a .saguí.r, a?
cularidade do movimento1--?oisas inexistentes na
fase anteriorº .A alma representa9.por consegu?
te? - um. causa formal? tanto Po!
fator plástico? uma. -

ô todo eomo s por emanações sucee se í.vas 9 par a


:

r-a
? ? ?
seres
.

cada. um .des @?:r_p©$ que o .compoem, Nao se


.e
? .I'
.
" .

eneontram-alusoes.mais.expl1.eitas9 nem f'requen =


= p
\ln
tesj a essa f'unçao? .mas pareee=nos ser ela ine&§,
velo .Considera.mos .ãmpcr-tanbe. esta observação,- .

Platãoi .antes de dizer=nos que modificações.a in


tromissão da.alma traz.ao regime.de movimento9in
diea=nos qual a transformação que impÕ?.ao espaQ
Çôo
Por fim-9 esta passagem refere=nos .que a
alma-confere ao- UJ:).iverso- o que s? .poderia ehamar.
"
uma personalidadeº Da=lhe uma virtude particular
e _fa?_ eonheeer""se _e_ amar-ise a Indiea?nos isso qµ.e
O

a fase pré-anÍmi?a é 11.?.per{odo


de indiseerniment?
de il'u!ons-tituição, e que é pela pes se da
alma q?e o _

mundo .se ap:t"esenta como .-um.a .co Lsa or-ganã aadaj. .capaz
de ser -objeto. de ??tmheciment?e-- .A -informe. do
massa
eaos--não--consti tui .aâge .de def?nido., -isto- -é, rio. se
dã0-af as condições-de ,um todo fisicamente organi=
?a.do-,- que- .como tal
só aparece depoi.s que é envolvi
do pela almao
A seguirj Platão--procnra dar=nos a .ente!l
der C-34- .c) , .na sua linguàgem alegÓri?a, uma impo:r= -

tante feição da noção da alma, quando .nos diz que


.

o-:Pemiurgo-não-fo:rmou a alma. posteriormente-ao-cor,


po,_ e alega, ?omo argumento,-a-inconv.eniência de.
que o.elemento mais antigo rôsse submisso ao mais
jovemo Assim,- o que deve comandar terá sido cria-
do primei?0; at alma é, .poã s , rre O -rf e?y KOC?-· - -

1tflê.<if3'Jf'Cê.erxv em -relação-- ao corpo, tanto .na ordem


do .nasc tmenbe .. como-da importâneiaa Observemos que
..

exa.s t e .uma cornespondencãa intencional _entre aqua=


o ? ?
..

Les qualificativos e OS--dativos de relação -reJJé-


{f£(. e 'çj_es,/?- ( 63), sendo a alma prime ir? na or=
dem da ge:raçio- e mais .considerável, na ordem do V_! -

lor-e-- .Esta. noção .. da .prioridade da. alma. sÔb:re o .co,t


po.deve corresponder a-um pensamento-mais importa.n
te,_ pois Platão nela insiste. no. livro X das --Leis,..__.,_..
( 896 e), repetindo-a e .de.la . ser-ví.ndo-ae para uma d?
mgnstra?io-da .sua teoria mecânica.
SA , ?
obre um ponte ha perfeito acordo entre
.
os intérpretesg a anteridridade de que aqui se .

fala é de caráter unicamente lÓgico e não signifi


ca uma precedência real do ato criador da alma em
= #
relaçao ao.do corpo() Para nosj para quem todo o
Timeu é a simbolização mítica de um pensamento lÓ ..

gico, que se julga inadequado ao seu objeto, esta


noção é evidente? Contudo ela.encobre alguma coi
sa de ma Ls importante. e que desejamos as sãna , lar.
Pela leitura desta. passagem do Timeu .nâo se pode= ..

ria resolver plenamente a inten·ção do autor em de


finir es ta prioridade,. mas com o .aux:Ílio do tex= 1
-

to afim, _das Leis (896. c)j é possível perceber e.§.


sa Lntiençào , é d í.t.o .que a alma .. ·é o . :?e:,3se·. texto .

primeiro mot?r -? .a origem .nâo .·ori.gina.da do,· movi =- ·

..
mento; so na a lma. ô movimento pode ter começojsen
.P A
-

ter .s Ido
;
causado por alguma. outira. coí sa.. exteriorº
' ·.
·.
-
·P ""'· .. ., tf'
ja dãs semos , iL_no,ao:da··a1ma> e
. . : .

De vmodo vque , como..-.


. . . . . . . . • . .
:
..

.
?
a .da propria. eaponbaneãdade .. do .. movimento ·risico
• . I
f.
. .
. i

0-
..
.

·.
=
. .
·. . .
.
;

Ora j - is to e .justamente .o que Pla ta:o quer defender·


· .
·
,I' .. • .
.
. .
-

sob o manto mítico da anterioridade da.al?-em. r?


J'.

quer.dizer
.

lação ao .conpoj -- o .que .. e?que o. ?ovimen


to na matéria sempre_existiu; sendo a .al?a.a ori, -

gem mítica da mobilidade da matéria, dec'larando-a


anterior. a esta, .e que quer significar é que,seja
qual fÔr a .antiguidade passada em .. que. se .supon.h a
a ma teria. e se pergunté pela .cr í.gem .do seu movi
tf'
.. ....

merrt o , .êste já existia arrter-í.er-menbe,. pois .a alma


que -O causa é anterior .a o corpo .em sua- totalidadeº
Dizer que alma é anterior ao corpo éj portanto.juna
reafirmação da espontaneidade do movimento9 e tem
por sentido oculto excluir a possibilidade
de ind?
gação de sua orá gem, Por outras paâavras , a alma
" "
,r;
e o motor?· o eorpo o movel;
..
o move 1 rece b ej pqr
'W'D.a ação necessária e constante, o movimento-do-?o
t,9r; dizer que ê"s?e é .anterior é--dizer que o. cor=
?9 móvel eJÇI.ste e existiu
sempre-dotado-de movinià]l
t?, pois que êste ?e .vem de--algo que o.precedeoSen
do de caráter lqgico esta p?ioridadej o qu,e -Platão
quer é def?nir uma implicação- nocionalg a existên-
eta da matéria-iciplicét a sua mobilidadea
.s
A alma definida no Timeu.
prioriqade da
-
-

tem um caráter ma í.s restrito .qua-no caso .das ?,.


mas conduz à uma .ccncãusâo. de não menor import?ncia
Neste Último diá?ogo se .cons âde ra, - COll'\O mcs tramoe,
e;>
problema da .mobí.Lí.dade no .seu aspecto mais-.ger?
nó Timeuj refere-se-o problema-ao-mundo organiza?b
do devenir º .Preceder a. alma do mundo o corpo.
·

- o.o - - -

mundo -significa que_ a.ordem mecânica atual .sempre


exí.s tãu, O --raciocfuio é o mesmo que---O apresentaqo
acima relativamente_às Leis, '.se a alma cósmica 'é
O fator.causal .simbÓlico da ordem mecânica -9 Stl,a
#e " , ,,.
açao e necassar-ía e cons tanbe , sua prioridade-· so.?-

bre o eor po , que manifesta essa or dem, signif:ica Q.'lE


If/I.

este--sempre a-possuiu?. ou se ja, que , se recuarmos


a.questão-da sua origem,; referindo"'é'a ao mais remo=
t? passadoj ainda aí ela se apresenta como ?....xplic!
da por algo que a precede; numa palavra, que é e.?
terna o

_J
- 247 =

A
A dignidade evidente da alma sobre am?
"' - ..,,

teria advem=lhe das funçoes que lhe sao assinala=


,p

das a seguiro .Competindo-lhe servir de interme =


diária entre as Formas inteligíveis e a mobilida=
.
#
de a taxi ea do caos, .. e de ra tor or gani zadce .
q u ...e .

A ; ú'
transforma-.este-ultimo na .o rdem-que vemos, .e evi-
dente .que.se encontra acima do caos inercial- e
lhe cabe o papel. de ds
0-7TÓ.7: LY.do cor po , que se
lhe .torna submí.sso, .. Realizar esta .submissão .. da
ºt"" .;
ma er1a a .a 1 ma e precisamen
º
t e.aqui l o.em
que con-?
siste o trabalho persuasivo do Demiurgo; .. a .per?
,.. p ...
suasao.e
"'"
a aceitaçao, pela materiaj de um regime
mecânico regular, simbolizado .na alma .univers a.I, º
A
.. A .anterioridade. da alma .scbre o corp o
tem, pois l um duplo se:ntidog 1Óg1eq9 .ãs to -?iqua,n
a.
to à or.igemj re?e'õê.l ' si?nifiea, eternidais .do
movimento regular; hierárquieo1 istç,-ét .. quanto à
, ....
dignidade, <X-e 8-7:1} --, significa a supremacia das
IdeÍas sÔbre o caos indefin!velo

... :
,
-- eompos Lçao da .. alma .eosmí.ca ,
.

§ 41 A
Critica .
de algumas. in terpretaç Õ e s º
- A
Divisao harmonica da almaQ

? ? ?
A-questao que se apresenta logo apos e
a da .cempos í çáo da alma .. do mundo, Atingimos aquã
? A
o .. ponto mais delicado de todo o dialogo-e- 'l'oda.s as
- .

dificuldades parecem concentrar-se .nes ta ram.os a


passagem 35 a 1 - b 3$ Trata=se de uma questão
·
= 248 -
=
para a compreensao da teoria
?
de grande.importancia A

como-para a-da filo$ofia platonica em ge-


r{sica,
Da decisão que a seu respe1ito
tomar a nossa
ral0
interpretação resultará um aspect.o
definido para a

teoria fÍsica e para a psicologi?i em Platãoº Daí·

compreender=se o interêsse vivis?imo dêste


#
tema em
u
A
tod? diseussao do platonismoG
A alma e uma reali?
dade central da. de.Platãoº - Desgraçada = filosofia
mente, porém? .ao definir a composição
da almaj Pl!
tão o faz em têrmos que constituem um enigma?
ain-

da hoje não decifraóo de modo pacÍficoo- Todos


.os

historiadores modernos. reconhecem si tiua çâo. de pa'! a


,plex.idade em q,u? .nos encontramos e. são ?â.nimes E!ID

considerar esta passagem como.a mais .obscura e in=


A ""' ;
certa toda_a.obra de Platao. Assilll e que Gom?
?e
(_? 4) ;diz. s?r esta W!den ?àbst_ractesten1 man
p?rz 310s
dàrf-wohl ?uchcsagen:.den' abs trruses ten Teil d-?r. Pl!
(65) a
.
-?oris?hén Phil?sophie1io,. Lgua Lmérrte laylo?
'. .
.
.
.

considera 111the .mos t perp'Lexãng and d·i:fficult passg


. . .
; .
'
? ,.;: .

ge. of the whole d í.a'l.ogue" º Ri vaud ( 66) a declara


·

u'Q.Ú. '.·text.e
·

dJfficile'1 º
é .velado por uma .ob§,
eom efeito-, o texto
euridade impenetrável que provém não só da profun
_deza da expressão simbÓliea como., juntando um fa= j
tor pu.rame?te material ao dado filosÓfico1 já de
si tão dificilj .de .uma incerteza quanto à prÓpria
red?gáo? não se trata-de.detalh? de .somenos impo.!
M,
t;ancia; antes,. de coisa. conside:rável .e .de . que po? -

de acaso vir a p?ssibilidade de uma de?isâo sÔbre


- 249 =

o assuntoº Não nos é possível, a êste propósito?


entrar em uma plena discussão da questão; ela ep.
- - ?
giria uma exposiçao tao ampla da historia das in
terpretações antigas que lhe foram dadas e? en -
treas
.

modernas9 das investigaçoes sobre o


? A
seu
significadoj que teríamos de consumir longas pá=
ginas? se.quizessemos fazer.uma r-ecapitulação e-
?
desta noçao e do seu esta d o
?
rudi ta. das ana Lí.ses o

atual; tudo isso, porémj escaparia ao.fim espe-


cífico desta.dissertaçãoQ Não é .possivelj contu
doj a quem comente .a filosofia r!sica de Platãoj
deixar de ter neste assunto uma .idéia clara? o
que podemos .fazer1 portanto, é apresentar.. a .que
formamosj como resultado de um. trabalho de crÍti
ca.e escolha.de uma .posição finalj sem nos dete1:
mos em uma longa fundamentação G . -

No .pr obâ ema da interpretação da .n.oçâ o


de .a Lma do mundo , a tarefa iniciBr,l é_ conse g u.ã r.
uma. tradução do t.ext o Orai .de sde esta primeira
, .

ins târic ia as dificuldades são ãmensas , Do con?


. .. ..
? A
fronto de 15 traduçoes deste texto em linguas m.Q
dernas que pudemos
'.J
reunir sobressai, imedia ta.?
7
.

=
- A
a impressao.de discordancia autoresQNao entre os
existe um acÔrdo definitivo sóbre a redação. ·-ª· a
pontuação do .trecho., dês te modo, são. possive is
variações que inclinam a diversas formas de tra=
duçâo, donde .r-e su'l tam .f'ormas dif.erentes .de com-
preensão e Assim, a presença ela expressão ct·if
.

uie, , em 35 aª'
pode c?astituir urn fator deci
= 250 =

sivo na interpretaçãoj como


bem o julga Cornfordº
A ( 67)
t a contem
e

sabido que.todos os manuscritos ;

Plutar cc s Proclus Eusébio s Es to beu a consign a m l


(6 à )? porémj a omite; cícero não
Sexto Empírico
a traduz? e os editores mod?rnos? como Burnet A
e

Rivaudj a-apresentam isolada do texto? entre


paren
(691
tesesG Os comentadores modernos? como Taylor
e N-o
q
nao -a - a d miºt em-1 po s. a JU gam u""
=
Almoerg (70).. 9
-
º·l · i
ma repetição. da expressão .aeme Ihant e de .35 a .. 2.ºCon
.f' .,.

s arvando-a, comomos parece razoa vel9 nao.vemos ...


e"º

mo não.acei?arj com pequena-modificação? o esquema

Proclus-.Cornford .como uma solução possivelmente si


tisfatÓria da questãoº -

Alguma coisa pode q.esde .logo .considerar,.,


se eómo certa9 no meio de tanta incertezaf>Para Pl!
tão? a alma do mundo?é um composto em que os eomp,Q
nerrtes são misturados uns aos out.ros, A fi.eção da
mistura é certamente a intenção predominante?- pois
assim o indicam os verbos que definem a operaçio
, I I
fol
.

psieopoietiea 0-1.l'f KE eo<.. 'Y'Y U),U, e {Y?f)J,t, e . A na=


t ureza da alma
, '.t

cósmã p
ea e a de um mí.s to , isto ?
e., de
algo que participa de. uma diversidade de ordens di.§.
tintasº Assim? a noção de mistura é apenas o meio
de estabelecer a posição intermediária da-alma en-
tre as ordens dos seus fatô:res componentes; _.stgn! .

fica.atingir sim?ltâneamente as duas categorias de


entidades Gomponentes0
da alma cósmica é. destinado,,pois9
O mito
a veicular a idéia de uma conjunção de ordens dis-
= 251 -

tintas, sendo atribuído à psique aquelas funções


que torna? possível transpor o abismo entre as
realidades extremas.e separadas que.figuram na
sua composiçãoº tum
mito destinado a nos indi=
car que a separação dos planos que se estabele =
cem na. estr1,1turá metafisica não tem um signlfic-ª
? - '

do f'Ls í.co , sena o .. que na. ordem


[ fisica
se encontram
os dois intimamente as socf.ados ? Tal as socãa.ç ão -

é .. justamente expressa pelo símbolo da alma uni =

versalo
Quais sâo , poré?j os. elementos .de s ta
mistura? Como d í.s semos , a. resposta depende. da
interpretação dos .·têrmos dessa famosa passagem 9
-

mas? numa breve exposição das principais inter.=


pretações9 podemos encóntrar duas que são segur?
mente as mais prováveis? entre as quais se divi=
dem as opiniões dos críticos.Segundo alguns auto
res Taylor, .n, Alrrlberg), a a Lma do. mundo
(AG E$ i

é produzida por .uma dupla operação. doiDemf ur-g o .


9

uma dupla misturaG A primeira mistura teri? si=


., I
do feita da OV6 C.(){ indivisível e. sempre invari.Í
velj e daoú-trt'tX .divisível e que sofre .. trans = ..

formação nos e onpos , Resultaria. de s ta. prim.eira


-

? ; I
oper-açao uma terceira. Q'Vd' l.OC e Es ta. prime.:t.ra mis
.

tura é clara.e não oferece difieuldade.a identi"?


ficação dos seus e Lemerrt os., Já o prosseguimento
.

da operação é duvãdosot para. uns , como _Rivaud(7J},


?I ?
a .terceira 0.'210-Lll?- intermediaria? que .compr-eende
a natureza do Mesmo e a. do Outro, seria m:tstura-
duas espécies originais a OV<l'tOC indivisi=
da às '.1

da massa finalº
vele a divisivel? paraA a- formação (72) a
Segundo out ros, entre estes N º Almberg s
l I seria misturadaj na segunda
o 1f(! e. ex intermediária
A

fase da operaçao? as proprias essencias do Mesmo e


.,, .tf' <i:,

completoº
do Outroj dando então o produto
Estas interpretações são, .sem. dúvida, as
que recolhem maior número = de adesões entre-.os. ãn-.
# A
" nao ha acordo na maneira de
o

terpretes modernosj
f
.mas
:, I
compreender o que sejam as_ Aou a: co:c , que aa fj_gumm,
.A
.. acordo em traduzir o
= ter"" o

como tambem na o estao


,p
de
"'°

mo lJ'irx?, com- o resultado final da


que é definido
composiçãoe-? AI maioria dos tradutores aceita o se?
tido de 01f(JUX. como ·uessência'i j .entre outros ,Fr-ª
ecar oâã , Jowett, Martin, ·Giarri tano , A.cri., .àug,
Hct-

Magne9 .Bobãn , -B e .Mandolfo j No- Almberg-o .Mas outros


-?

traduzem- vocábulo. grego .por •Jsubstância!ff, •.•Ri=


-O-
00?

vaud e Chambry .. Outros .a índa o vertem por "exis


=
,

tência'B' como Cornford e Moreauo cícero-· o traduz


por '-'matérian e Por fimj Aº F o Taylor- o trasladl por
ser " (being)?- Quer=nos par-ecer , discordando-?- ne.§.
11

te ponto, da opinião de Cornford, que nada impede


que admitamos uma tradução sincrética para aquilo
a que se refere Platão? Observemos que a questão
' t
so exis e do nosso ponto de .vista atual-e nos ter!?
o
A

mos das nossas linguas modernas, só d,epois de fe!


ta
-
a separaçao conceitual e termin.ologica
, entreª'ª-
sência, existência e-substânciaj se pÕe a questão
da escolha entre êstes têrmoso Para Platãoj para

li
- 253 -
quem não há tal distinção, o têrmo o 'if O' l (1. en-
g Lcba-e.s num conceito comum; . mas, como. não pode
mos iludir a divisio metafÍ?ica entre ess?ncia e
existênciaj seria de.admitir que se impõe para a
nossa compr-eensâo , .que façamos uma es co Iha , or-a ,
A ""'
par-ece=nos .que devemos tomar o termo na acep ç a o
.

que tem para quem o.emprega? .Se Platão não faz


a distinção entre essência .e e1istência, o mais
;,
razoavel
,P
sera ;>
que nos. tambem
tP
nao
PIO

a façamos?e nos
coloquemos .. na. forma de pens.ar original. do .autor e,

Assimi devemos .conservar=-lhe a .significação. co-


mum d e,essenc1a=ex1s tA
A
A " J'
enc a e d esigna= 1a9 por eon
O

=
i O

vení.enc ía , sem traduçao.l .como .ous ta.,


Importa?nos então entender ... o .que . sã.o
estas .duas espécies. de ousiai, a divisÍv?l e a :hi
divisivel& As palavras do. texto apontam-nos que
.

a esp?cie indivisível ?t evidentemente, da .ordem


d as Id'º
. e1as. (73)
, --
, .. pois. t em .. os mesmos carac tveres. u;;
.. Ar-..

perenidade, de invariabilidade.e de.relatividade


a si .mesma ( X o<'.,? TJ;<.i.rr&. ) que. sâo . específicos ? __

da realidade das Idéias A indivisibilidade e .é -

um caráter que não tinha sido expllci tamente de=


..

finido nas Idéias? na concepção primi t í.va . .des sa


teoria0 .Trata-se-j com efeito, de -um-caráter que ..

-
,
diz-- respeito a uma opera çao ma tema tico-mee.anica,
,,,_ . A

-
a de dividirj .de .que .nao se cogitara ate
, enta.o .

..
....

·, "
que tivesse sentido em relaçao as. Ideias. dist-in-
....

tas e imutáveis. O fa to de ser agora concebi d a


.
R
uma ousia com os caracteres gerais das Ideias e
= 254 =

,I'

da da-nos uma important e


indivisibilidade,
ma í,s o .

indicação, a nosso verg é que,


na altura em que o
do pensamento re
Timeu é eseritoj a evolução intima =
novas concepçoes
Platão já o tinha levado a .certas
relativamente .à natureza .de .,.. eadaé' Idéia'.? que se re=
fletem agora na sua concepçao f1sicao t? ,,.,, ,p-

Depois do Filebo? a.concepç?o da Ideia e


algo. em que conjuaam, como. fa tôre s enti ta ti-
a . de _g,? _

da proporção em que
vos? o .. ilimitado e .o limite;
-
.

cada limite determina ... a ? ilimitado


?
do pequeno e
J1
A
do
essen?
grande resulta.a configuraçao da Ideia como
eiae Cada.Idéia é? assim? um misto do ilimitado.e
ii' oo ,It

de limitadoº O que ha .nesta proporçao e_uma.pu=


? ,,
ra correlaçao? que -e- suposta preceder .o aspecto-?
titativo; o.limite não defi?e uma maior ou-menor
quantidade mensurável do ilimitado envolvido den.=
,,. ,?
*"'
tro dele, mas e apenas uma pura .composiçao meta.fl.e:;,
l
sicaj capaz de definir.uma multiplicidade.distinta
A
de. Desta.composição resultarão.igual=
essenciasº

-
,4' -·
me?te essencias qualitativas-e quantitativasc Pla-
tãoj sem dÚvida? desejava.superar a fase
? -?··· d• -Fé= ·

don (74) ? em que os nÚmeros matemáticos se expli


.

eam pela pa?ticipação nas essências qualitativa


mente dist'1-ntas de _quantidades .inva.riáveisg a mÔn.!
d?9 a dÍadas> .a .tr:Íada? .et-Co .. Pela .teor'ia do-Filem
a qualidade e.a quantidada resultam.como caracte.?
res distintivos para umas. ou .pana .outreas Idéias ·j· -

por uma simples -correlação .do .limite sÔbre. a .. exte,n


são do indefintdo. Certa correlação determinaráum.
- 255 CD

misto que será puramente qualitativo ou substan=


.
?
cial? como as Ideias .de .v8brancoi8 ou .de 1Jmesaw?, o.:g
?
tra proporçao. determinar.ap outro .mã s to que .sera# a
.
.. ...

RijtrÍadai8 isto é? a Idéia de ·que parti?ipa o nÚ=


9
?
mero matematico 3o
Parece.ser .esta.doutrina que9 numa Úl=
-

tima: e tapa 9 se .apr esenba com aquela :forma


,
- -

?
-
referi
da por- Aristoteles como .. sendo a doutrina .esoterj,
ca do
e
filosofo em sua fase .. finalj e conhecãda e.2
I'
mo a .doutrina dos nu.meros .ideais?--tdiante a con
sideraremos? quando. se tratar.de especificar as -

funções da alma .do .mundo e Por .ora.? - basta-nos. a=


censuar que 0 .pensamenno .de .Platão .pr-ogr ãde num
..

sentido.de crescente.admissão dos aspectos quan=


titativos,.n;::t determinação do ser; não nos. pare<=?
? .? .

ee duvidoso.que essa evoluçao.e condicionada por


sua progressiva. .. aproximação .aos .pr ob.l.emas ... de. or-
dem f'Ísiea. e que .. a .. teoria Idéias .se vai. modi= das
A
ficando? eonsequencãa .. dos .ensa tos .feitos -PA
.

como
A
ra
<;:. • _.,,,

po?la em.forma .de.servir.a elueidaçao.do dev?


.

nir ,A
meeaní.co, Platao .nao .nos da a .conheeer .asaa
.p t;:!) Ir,$

evoluçãoj mas apenas o. resultado dela.o - Quando e§.


' J' .

crave .o .Timeu? ja. a .deve-- ter e Ianamenbe _fixado-na


,
sua fase ultima .e definitiva? e e deãa que se se.r,
.p .

..

ve sua teoria .da alma do .mundo;


para a -

Tem sido um.ponto.difieil de explicar


- -? hipote
e que constituiria. uma.possivel-objeçao
_( d'
.a
se de uma transformação da teoria da Idéia1.na.f'.!
-
-

,
se ultima do pensamento de Platao9 o fato de que
- 256 -

de supor que fosse e§. seria


1ft.

no curso do Timeu,. onde ?


- apresentada, as .re r er-enc ?
1 at as I=
tà--nova concepçao
déias não fazem suspeitar.diferença à
primeira .co?
cepçâo'(D O .ar gumento contudo nada - tem de decisivo,.
" e "
se se supoe que, .por .r-ascas 1mposs1ve1s d e conh eeer
Ç$
e;;,

segur.amente,-fôssem socãaâ s ou m{s ticas ,- Platão de?


liberadamente se .nacusava a. exporv.em sua .obra e?
ta o- .seu. pensamento -esotérieoo .Se tal- foi .o .caso , -

a composição do Timeu.é.plenamente ?compreensível j


em tudo que-diz respeito à, __ visão .fisica, -ª- signifi
• p ;
caçao transcenqente-da.ordem matematica e -Plenamen
ó\
te afirmada o Tudo o que . poderia ser eonsequéncãa
da nova concepção da Idéia, -
de fato .apar see , Se ftil
-
.

,
.
.

ta-amen:çao explicita do-novo conceito das Formas,


, .
? ?
e. -porque Plata.o quis .r-eservà-To para o ... seu- ensino
-

passoa L restrito., Não-só a au.sêneia de contradiçãc,


como.a verdàdeira eoneordância dos-detalhes--da .. te;.2.

ria f:Ísica. .de Timeu eom a·_ teoria dos ·--NÚmeros - ideais
é.reveladora de que.já estava presente no .espírito
do
,
fi losofo ..
I',
este segundo conceito-da.Ideia, .e
?
-
que
? A
so.por conveniencia-eonserva.no livro .a antiga veI,

são? . Observamos, por .fim?. que as. referências em e.!


t?lo clássico -_ás--Idéias (51-d) nenhum impedimento.
trazem à
compreensão.da natureza1que Platão quer _

ensinar,desde que-o.sistema geral apresentado -no ..

Timeu.é construído sÔbre as consequ?ncias da segun


da eon?epçâoo
Esta.digressão visava-fornecer-nos elemE:!1
'tos para a compreensão da expressão "ousia indivi,...
= 257 =
sível'i._.que figura-na-composição-da .. psique .cósmica.o
,
As Ideiass· concebidas agora. como uma determinaçao,,.
?
_

do ilim1tado9 .admí.tem a indivisibilidade.como um·


caráter especÍfieo? .. eon tudo., .a sua .nova concepção
daria sentido à.questão da sua.po?sível partição?
e .por?isso-' neaess,rio1 logo a sejµir,.definÍ d_
Lasveomo não- sendo., de' --fato.9 :divis!veisc0 . A1rtes ?
nà __ fase .. de concepção puramente .qualitativa .das-I=--
,
deias.i
?
.na o
?
tinha sentido a ques tao da sua divisi=
-

bilidadee
.indivis:Ível é'1 pois.9 esta eâi
A. ousia
,
eia mistas, que .e uma qualidade.resultante.de- uma
.

proporç·ão. na relação limite!'?ili?i tad·o.?. .Na noção. -

M ? ,
dessa .. praporçao nae .serrtãdc .quan
.

se contem nenhum
.

..

·=
titativo A .

ti.ao,. estes.?resultarao .des ta pr,g,,



,p
.
ou- .matemá -
? .

por.çao?.-do mesmo .mO'dO-'Como,_,resultam as. qua Lãdadee,


.

Por esta noção .. da- -Pr?porção? .Platão. -procura tran!_ -

eenden .. a diferença entre. ;qualidade a .. quantidade .. ?


e. _gerar a .ambas , - .Assim. sendo , a ous ia A? realmen-=-
. . . -9
. - -

te .indivis!vel, .pcd.sc.esta prop,orção dos .f'atÔre?no


misto não pode ser desfe-ita9 porque êste é eterno?
' ,
«.Et
De antro lado? a ousia divisível é a=
' ' ,
queãa .que tem lugar 1TGt(Jt. 't"<X _()"' WP--OC.--CCX... a·

Quel's.,.é ela? .Não podtLser a quant ãdade , nem.a ?o?


figuraça.o
·{/>/I ,
geometrica
& •

.ou.mecanica.que.os corpos a"?


(i1, COIi

presentam no seu-devenir9pois que estes lhes.sao


preéisamente .. dados. pela. alma.e Não é. o .. aspecto ffl!l ..

, ? ,
tematico_regulax_n do u.niverso9 pois este so se ma-
·

nifesta. deppis de eonstitu.{da a alma o SÓ pode ser,


dimensi?na.1. do
ao.que nos par.aee,a multip?icidade
espaço=maté;r1a9 da 7-<fieOl j .que precede a,_,for?
çã0 .do .mundo, -N?--domÍnio .primordial. da extensão 9
-

a .divisibilidade .é um- cará?er tão as sencãa o-qsi? l,


quanto a .. in¢iivisibil:tdade no das .Idéiaso Asousiat -·-

?
? que.-ai .se .dao , sao-possivelmente Aas .co.a
-, t;,!> '&
.ff.
div1s1.ve.is9.
?·, ? .

figuraçoes .geometricas ou as-quantidades-mecanicas


oonstitu:Ídas
·

ao -a?aso?- no -caos informe'9' .como .. -li=


nhas9 .superfÍ?ie$, .triângulos? poliedrO$j velocidA
des, eteo? -?- que .se .podem pensar pa.esando-ae tranl""' '
? ; ,p
s:1tóriamente nele de forma ataxiea9 incoordenada ?
11:,,

por não esta.r.ainda-eriada.a.alma,G .Podemos supor


que estas figuras,et;;)nf'ormando-se.e desaparecendo
?
pelo .. pmrg jogo caB.ual-de dis?r:tbuiçao das. parte·$
A .

e o ,p

ma t eria 1·síl nem por 1 sso d eix,m. d e .ser .pensaveis--Jª


·.
o
o o -
·
- .

em. têrm@?-_.ma temá:tieose Esta .. eusãa -divisível será -

justamente fixada num deven,irregular pela p:resen=


<;a da alma,o -

Assim, .deasas duas .espéeies. de 6usia1 con§.


ti tui-se .uma
.
I
..

terceira?- .inter.mediària?-EY. fo£ü.'-'f


tR ;)
·j
entre.ambas? .que-.é--o--primeire, ingrediente da alma
do .nnmdo, Evidentemente?- .a expressão •?intermedi?=
rian é uma -maneir? simbólica de .falar"' Não pode.
haver? log;tcamente9 mistura E¥ntre O .que .é .essenci=
a:t.mente ipdivisÍvel e .outra.?oisa divis:Ívelo
.. Há .a .

qv.! apenas. ummí to quej eomo .sempz-e, veicula um con


cei to .def.inidQo No .casoç paneee-nes que :Pla.tãe.
quer repr?senta.r a concepção de uma terceira ordem
- 259 -
de entidades9 distintas do puro inteligível imÓ=
t'
ve 1 e d o sens rve. 0.P
l =
l
var-rave j e que s ao as grande= r··
zas e figuras matemáticasº
Com efeito, o nú.mero e as figuras geo=
me,9t ricas
o t?em ,
uma na tu·reza 1n erme d ia:r a entre e_§,
o
t o
i
tas ordensj sendo inteligíveis -enquanto repr.esen
tados à. pura intuição lÓgica s e ?empíricos enqu.a.n
to reállzados na.eonfigur?ção-dos corpose Se-es"'-"
ta mesa tem umvcompr-ãmen'to de 150-eentÍmetros.j e.ê,
- ""' ,, ?
ta dimensa.o nao lhe provem da Ideia.mesma dé
(
meê=?
, ? A
?:
sa, que e uma pura ,.-unidade de es sene í.a, e- nao con
.

tém entre as suas notas lÓgi?as qualquer parti=


cul.ar t.zaçâo .dãmens Lona L, Masj. de .out ro Lado, a
""' , .

grandeza .linear 150 nao esta exclusiva e indiss.,2


.

l'uvelmente ligada à realidade -fisica desta mesa;


tanto que-se-pode-realizar muitíssimas vêzes --em
mui tíssimos ob j et os , Esta grandeza é., portanto,al
.

guma coisa que. podemos destacar. da mesa, -e algo


IP
:

de natureza nova-e que deve ocupar um plano inter


R ?
o
me d.Lár-Lo Para poderem. ser pensados j os numeros

e as figuras geométricas devem estar em correla-


ção com a ordem. dos -
inteligíveis,
-e, .a sstm,.. os .

correlacionaremos com os nÚmeros e figuras ideais;


e-para poderem ser sensivelmente percebidos9 ?a
contagem ou na .mensuraçâo , devem. ter .reali s.a.çâo.
? (!ti ,?
no eorporeoº É este plano intermedio, de ordem
·

? --
matematicaj que Platao faz entrar para a Alma do
mundo o
Efu relagio a esta primeira mistura das
= 260 =

ii
ous a 'I na O Pa?e?e haver dificuldades
ra:r na--tradução; há apenas , como
=
.
.L-

v ímos , as difi=
"
\,;.,
a conside
611
=

inerentes a conceituaçao do termoo Ja st,

euldades
quanto ao prosseguimento do processoj acumulam=se
as incertez.as º A que coisa é esta
ousia intermé-
dia9 por sua vez , misturada? Poderia ser aos seus
p:rÓprios componentes .em estado pur o , como pens am
Ao Eo--'faylor-, Fraccaroli- e-
.Rivaud?----Assim-9 Ae Eº -

Taylor-???) explicai .na .. forma sintética seguinte9 -

o .seu.. pansamerrto s .bomando i o Demiurgo-dois


ingre= ..

dientes, .! e ?,. mistura-os e forma um interme. = - -

?
diario, -.ÇJ .em seguãda , .mí.s tura A91 ? eA .. C1 forman=
, .

do um-todo uniformej _que-sera-? substancia-da al-

?9 depois I dividida ? em porçõesº Neste_ modo


e , ... 1
de
- ?-Utrlt; -roc1.n:ove a rpvtTL<; To.V E.TE.{)OU -se
v.?r? a .. ,I.. - .

confundiriam .eom as ousiai-indivisivel·e divisÍ ?


f ";
seria es te o significado da part1eula <Xll -Q
A ;

vel.-, .
-

É e_sta a razão .. por _que .a Lguns autores .conserv m a


« ir_ embora zecnsando. 77se,- (Zeller? .apud Fra.s

__

caroãâ ) G ·- As Outro-seriam
.na'tur-ezas do .Mesmo- e do
identificadas.-àquelas ousiai e entrariam-para-- .. a
mistura?-por ma Lsi que .. fÔssem rebeldes-a.uma uniã?
o bi fo a usar
r gando o /rtifice .
.
I
de violencia {/1 ''f-
J>.
)?

para acomoda-las na alma.º


A d!fie?ldade que há em aceitar esta in
ter.pr.atação é j?stam?n'te a.improbabilidade das
A
ccnsequene ãas derivadas desta identifica.ção; nada
nos a utorizq. a pensar que _as noções de- _Mesmo.- .e- O.:g
troj introduzidas no Sof:lsta para a compreen.?ão da
- 261 -

estrutura do mundo das Idéias e sua investiga?ão


,. .I'
pela ciencia dialetica9 tenham de ser identifie? .:
das a estas QYSiai; com efei toj por esta inter= Ji

pretação? a ous;ia divisível viria a ser igualada


? ,t?. = ,f'
do Outro9 o que nao
.

a totalidade. da_ Ideia .esta


- ,?
"'de-acordo com o sentido.geral da doutrina do So?
;(is?.,.C!o-_ Além d o-ma í.s í}
esta hipótese. obriga a su=.
por. que-Platão-tenha recorrido à repetição-da .de·

ela.ração. dos .componerrte s - apresentando=-=os.lporém? 1

na.i segunda vez, sob os aspectos de. Mesmo .. e Outra,


Fraecaroli?-contudo, admite esta eonclusão ej-in
.

e 1 usive? a. JUS. .1ca ...( 7-·


., º ,: ·
6) cons1.
·
ºe
ti f
d eran d O=-a .. j - uma.
8'fftautologia -natur.alis?1ma?1l s: com o fim. de ... melhor
apresentar .. um .eonceã to. difÍa:\:llY Mas. o .que pare= ,. ..

ce mais estranho .. á a composição da a Lma , que te.R


ría.mo_s-- de .adnü tirj·· .dada esta. hipqteseo- ..Como .oo,m
pre.ender .. que figurepi.-eomo elementos .da mis.tura?
na L um .pae de, fa tôres e. ma.í,s. um fator .t'crmado p?
la. mistura prévia d?stes.- .mesmos?.. Se .a .segun da
mistura realmente mt s tura os ihgr,edientes,. .as .. .

ousiaiindivisÍvel· e. divisive). ver=se=ão-total =


ment e misttiradas .. urna à.
'
outra, ou sejaj reduzidas
? .

ao estado intermedi?rio1 que era.o resultado -da.


.

..

- , .

pr_imáira opera çacj.. ej .a ss í.m sendo, a .al?a so .. se-


.

.. ..

ria.na verdade.co:rnppsta déste intermediário;-mas<J


neste ca?o? para _que .. então .a. segunda .. mistura??a?
taria dizer que na. .primeira teria sido torqada a
totalidade dos ingredientes.º
.

Talvez levando em consideração estes


- 262 -

motivos é que outros intérpretes· consideram a er?


de .outro modoa1!-!
se geradora da,a..lm,a efetuando?se
(770 recusa-se a identificar as
sim, No Al.mberg
ousiai com as de Mesmo e do Outro'>
naturezas . e .

considera que a segunda mistura se faz da ,vterce.1


za especie de es?encia'?, intermediaria entre
,p
,. A . as

essências. indivisível. e .divis:Ívelj. mais o. Mesmo .

e o .out:rJo?· . istes dois. ?ltimos ratóres .. não. seriam


' , A
identificados ?s du.ase.species .de essencias-, mas
seriam f'a ?b?es independE?ntes, _que . viriam .a figu = _

rar na.filistura fina.lo Neste e.squema,.eutam== se


, os :inconvenientes .aporrtados quanto
-?

s.? ,dúvida
di-
?pÓtese
'anterior-, .mas eontµ1ua? vivas certas
.fi?dades refere?tes ?s noçoes. do
....
Mesmo... e .do -Ou"!"
..

tr.oº -?e estas .ncçêes .figuram ?tegralmente na ---e?


-

t?tura .da a lma ; .que sentido ?se. lhes -de.ve ... dar? -_É
sabâdo que.se-trata-de .Id?ias que. desempenham .. :om
papel d?eis.ivo .na compneensào do.jaundo cdae .}!'ormas
e .não_.representám .outra coisa .senãç, a intuição .do
princÍpio .de --identidade, em Platão-e..- A Única. jus?
ti.fica tiva .que terfámos,- -talvezj dest? .aagunda h.!
pÓtese,--seria, admitir q?e Platão .quí.ses se , .. com a
sua.dncâusâo .na alma, ,,indicar?nos .que podemos .... e,.
devemos ter ,;ima intuição-" particularmente: v!vida?
. - . ..

se pr:tncÍpiOc-. Mas.,. sendo elas Idéias. como .as deco


__

ma í.s , já e s.tavam represe?tadas na ous .ia indivisí-


. ... .

vel que entra na composiição da intermediária A ej


? ?
a nao. ser .por .uma .ra aae particular de insistencia,
.

..

- .

feito fig_y
.

nao se percebe por que as teria Platão


- 263 -

rar isoladamente conteúdo d.a a tma ,


no
Estas duas maneiras de compreender
o /.,-"
processo psicopoiético dão margem a tódas estas:
incertezas., t.possfvel.dizer que os autores que
adotam uma ou outra, assim se orientam por terem
·---
rejeitado o
2? a Mó segundo.
Alegam Q(Q '!TÉet de
tratar-se de simples ditogratia, que deve ser
da
..

... '
por .interpolaçao.inabil.de.copistao--
.
..

.

ti
A verda-
, .,
dej.. po rem , e .que figura .nos manuscritos ... e em. ex
. ....

eelent??--comentadores antigos'1 ... Se o admiti:rm.@ s


na .feição original--d? frase.,. nova luz .. pode. proj,2
.

A
tar -se .sobne
. .
( . '

o --texto? Assim o .fizeram Grube. e


.Cornford,. seguindo,.. allas, , ..a --liçao
-

de Broelus (78)
.
... ? .
J

..
.
...

.
. .

.. :

De f a to j a part.Icula, cxl, .. traduz :uma id,ia de re?


.: .. .. _

petição. e1; podendo .ser v;er-.tida .por l'de? novot, ?a1? .


..

da uma vez , indicaria que .o processo .de aon?tr.,g


.. 9.
..

çto da. alma, .,depois .da primeira .mí.s bura, pr case ....

gue com novas mis.turaso-11seL, .posposto_.ao.::genit!


' -
vo-.fJ 11..r,:efJJç,, --?e presenta .uma .. extr?ma .. eoncãsao na .

exposição das novas misturas, que seriam,. igual--


mente, .?-3:-.,, .de novo , feitas da mesma iµaneir?,-, ..
.
I .

C()ID OS. C omponenbes indicados por íTEec


. A-

I -' I
Ora,
- e-ª,,
,· .,., .
O'
·e
tes são a p v ? L ? 7:<X1!-C0,1l e. a <f uo:« $ 't°Q.1! ?xep()/£
...
_
..
·

Assim sendo, -a.primitiva .operaçâo seria repeti qa,


-
. ..

A
com estes novos .ma ter Ia ãs , de .modo que oc.v..... eq;gt
?
valeria, numa forma eonc isa, aos qualifica ti vos de
. .. .

indivisível e .divisível e,- .aãnda , o produto. in .. ? ..

termediário.resultante.teria-sido1.como no?primE9
ro caso j colocado no meio das duas e A expressa o ...,
- 264 -

''
.,,, , - t/J1f(J'?W?
I
seria' a condensaçao
""
i
?tn? rs Td'l/7:0U T '
'?
I
'_.
., ..
de 't?) <Xµ_,êearrov Kett
por ser suben?endida,
' , I
._
uro: ê;x. o V ??')Ç K oft -rp 5 'll'éel To(
&é{ K« T<X. 1:<X

õÚJ f-d.. ti. ft rv- D p,ÉJl'JJ ç


-
TOlf
JJ-Ef
,
t.ü't'-fç
e.re eov s sr-La a ' forma ' Suben=
e.

, '
T:O< irz-oV if /;lflllliJo me!!,

mo modo, 7:'?')5
- ., ' :,
Ol).l,êe<-<J'L OU K«. e «El
.>
Ko<.?fX. '1:0CU''ZlX
tendida de ??JÇ -
:> I ,
l<.ri.l T?J? ·.11ept
,- \ \
Tex (TµJA,Ut.Td.
I
ílfYO-
e;xolfõ7)5
,µ,h'IJ? JUe 1,, nj 'J 'to ii Ê'l;É. e P 'IS' f Tant o , P-ª
Ja;eec/Ç.

a .do Outro,.. eon-


na a natureza. do Mesmo. como .par-a
..
.

tinuaria valendo a declaração do ato compositor


· I
(J' U-Yê><.êf<Xü_«TO E(
? J -
<:x.µ,,y;oc:J/ e'J)
·,

µ,Eõ"/
I :,
.
re=:
, IJ. ?- r

f'IÍ 6':£ w E t. o O t;; f o • . -


. . . . ..
.

Neste nosso .esquema? a .. fabricação da .al


·
·

.
'

._ ma do mundo resultaria .de uma síntese final em (!Ue


entrariam1 como elementos, os re sul tad os de tj,iS
misturas. préparatÓrias, .Ls to .. é, asespécies- 1nte£
'
m(;)diarias resultantes da erase das formas .indivi=
·

JP
..

sível e divisível, r-espect:j.vamente.? da. o:Usiar- .da


..

Identidade -e da .Alteridade?. '"Q - esquema .de ... Cor:;n.-


·

f or d (79) esclarece-? .eompos í.çao] da?mo-la.9 .alt!,


d\
·
_
. -

rando apenas a tradução RExistenc?®·j e deixando o · ·

têrmo ousia;
Ousia indivisível]':
··
·

Ousia divisível Qusia intermediária


:-
-

Identid?de :l.ndivisi.vel] Iqérttidaâ? Alma


:çdentidade divis:Ível ..
intermediaria
Alteridade indivisível] AlteridafüJ
intermediaria
.. ·

A_lteridade. divisivel .

\
- 265 ....

A A
Inclinamo=nos a aceitar este ,
·

ultimo m.Q
A
de Lo , porque melhor se coaduna com a compzeen s ão_(
que temos da na t uneaa e do papel da alma c9 s mi=
ca (SO)º No primeiro esquemaj(Aº Ea Taylor)? as
noçÕep de Identidade e à.e Alteridade eram identi=
Gadasj,respectivamentej às variedades· indivisível
f
e diVi$:tVel
""'
da ,óusiaj o qua nao parece-aceitavel-c>
R
..

No segundo ,(Almberg), o. Mesmo e. o Outro- ser í.am de.s


tacados , sem razão p lausf vel, do mundo da.s Idéi'a s
.

li e. postos, ao. lado dà .ous ía intermediária.,- .a.pe s a.n


de tudo .fazer,,crer--,que. já· deveriam estar represen
tados.na p?rte. indfvisÍv.el d?-ousiae .Nesta nova
..

, ..,
11] interpretaçao as. proprias.-noçoes ...de Mes?o. e. de Ou
,.,

tro passam.à.ser divididas em variedades :1.ndivis:Í


vele divisÍvelG

,
... TÔda, .a .
dúvida .rra ace?ta_çã-o cJ.êste .
esq?
ma .. esta justamente na. nece ss í.dade , em. que se . encsi ..

fl On tram os. que G adm:1 tem; de ter de expã.í.car o que . . ..

$âo estas fo.rmas indivisível e.div;isfvel..das n.e »


..

ções do Me?mo e. do .. Outro, que sabemos serem ape =


nas .Idéias Lembremo-nos qua .do -?ofista .ao
há .uma

certa.distânciaj.,e.,nesse interval9..
T?
.deve
ter-se processado. uma.acentuada modif.icação?da te& .. ..

ria. das Idéias., no rumo ma tematã.zan te , ... A:o. pensar


.. ..

a noçâo .doNesmo e outnc , quando eaer eveu O- Ti.:..


do
?? Platão deve?lhes =
.es tan .dande. uma projeção fl.
..

? R
.

aí.ca., que ainda nae. se observa. num. dialogo unã ca-


.,
mente-.dif:t,l.etico como O-.-·??? .• Conserva ne.ssa.s
..

..

; - ?
_Ideias o mesmo papel _de definiçao logica da iden-
= 266 ""

tidade e da diferença 9
- mas agora acrescenta= lhes
um sentido fÍsico,i.isto éj pereebe que., assim
co=

mo as demais Formas se projetam na


or-dem sensível
·e .af se representam na variedade de formas e qua""

lidades do s co rpos., igualmente se dá um tipQ sen=


s!vel9 empÍricoj.d9 identidade e de diferençajque
nos é manifestado no fluxo do deveniro-
,p
A. J;dent·idade em.-si e uma Id.eia
i?
. .de que
participam.todas
A
as outras ea ?
qual-devem a sua
auto-=identidade<S) .. Na ordem .. fisieaj
J'
porem j nada .. e
.p tP

realmente. idêntico .. a si mesmo? uma .. vez que _,.todos ..

os- objetos .desta ordem _,e??ão a cada instant_e. -- .em ..

processo de transforma.ção.o- Mas .nâo. é. memos ver.d,.!·


... .. ..
...

, \ ? .
de- que nos os vemos" perdurar .como sensivelmente s.e
.

...

me Ihanbes a si me smo s., .e esta formaj embora em:,{'?


.... .. ..

tf .. ,

r-í.ca , dox?ticaj ! bas tazda 9,. de içlentidade merece


-

.. ..

conside?aç.ão-e sugere .que s .de algum modo , os con= _, : ..

oeitos de.Mesmo-e ôutro .têm uma.represen?ação .rf?


..

sica .no .mundo do ... devenãn or-gan.l.zado , Trataao;,se de ..

saber .como -vieram .a ê?$e mundo E justamente. es.!= o- -

= A
?
.
.

ta parece ser a . intenção de ..PJatao? ao faze=los


..

gressar na composição da a Lma , __ .

Com efeitoj-·?abemos,.que a .organiza?.do


mundo se deve à. presença da alma; .sabemos., - ma.isj .. .

que .. esta umacerrt í.dade intermediária entre prin=


:é ..

cÍpios extremos-o Por .conseguãrrte ç.. todos os .cara_£ .

teres que o devenir.orga.nizado recebe da .alma.de= ..

vem ter. uma .ne tureza intermed$ária? e por isso d.! ..

vem resultar de uma ·mistura dêsses mesmos caract.!,

' I
res em duas formas ex.tremas? aqui chamadas indivi
sível e_ divis{velo ora , e. a
, como a. identidade .

giferença são caracteres predominantes. na percep=


ção do dado sensível? devem ter sido recebidas da
alma e nela.figurar em.forma intermediária9J isto
é? .por mistura.dos .seus tipos indivis:Ível.e.divi=
{ A
siv?lº Resta-nos entender o que sejam esses ti=·
poso
Parece nos que a explicação dada em. r?
-- ....
"'° ?-
laçao _a. ous.Ja. aqui .. se apli?a com o mesmo valoro O
.

..

tipo indi:vis:Ível .da Identidade e da Al ter idade .. é .. ..

aqu;le que figura entre .as .Idéias; . o .tipo .. divis:Í


.

,rel é aquela. .mesma ?qss:fvel .-Produção de. seme Ihan«


ças e .de dissemelhanças entre .as. configurações,q.ue
.. ..

a?sume.a.?realidade-,?constitutiva do eaos , e. qu?-?o


dusãndo-ae. ao .. acaso,. sem razão nem lei?... nem P,or .. ,

isso .. deixam de .poder ser .. pensadas , Assim?. para


.

figurar um exemplo, .. se na mobilidadELcasual das


partes .. do caos alguns. elementos se .configur.am9., e!, ...

pontânea e .. irracionalmente, em forma de doi.s seg=


- ..

mentos-do.mesmo eompr í.merrto , .ou si.tuam.-.se a. dis.?


.. ..

tâncias: quevos c oâocam como ... vertices de dois trl&


gulos Lgua.í.s, esta mcmen tânea .Lgua Ldade deve ser . .

,
admitida como. pensave l , embora .roase
A
absurdo supo ..
.
A.

la.em correspondência com.a.Idéia.mesma da .Igual=


# A
dade º O propr.io fa to .da exí,s tencia das partes .do
..

caos - indica um, tipo de identidade .. e de .. diferen ç .a .

associadas .ao .irracional, .po s .cada .par te do .. caos í

_ primitivo é sempre id?ntica a si mesma e diferen=


= 268 =

te de outra qualquerç ?ssim, reconhecendo a ex,!s


tência dêsses tipos de Identidade e Alteridade it
1?aciprtais1 anteriores ao. estado o rganá.zado , . é que
Platio julga:rá necessário fa·za""los incluir .nas Jpi?
tura? pre?r?tÓrias?. para que a .a íma os transpor=
te.e .os faça aparec?r no,,mundo organizado; ?goral
porépi, . não mais: na sua forma a ea e totalmente
. .
táxi
i:i,r.acienal.9-?,qias .. na.. sua .rcrma r,eguJ_ar e capaz
.

de
ser compreendida inteliglv-elmente.°' , . -

.... Esta?ma.:q.eira .. de, compreender. incide n.?""'


- - .

, p e º ,

quilo.que antes apr.es?ntavamos.a.titulo d? obJe -


.

..

.. / ? ?o
çao;-. isto e, a separaçao das .·Ideias do: Me?mo .e do
ev o -
·
·.

. .. -

Out?o do-?mundo· geral.,da.-eusiaj em que .. já figura.·-""



, , '

vamo. Mas nesta.interpretaçao ha uma.r.azao ..... para


'
.

.
&V
...
Q.u

assim ser , :Pla tao tera. .pr opos i tadam?nte des taca-
,. .
6*0 " _.,...??/

de-estas .duas Jdéias? pela eons.idercação,.de sua


significaçã'o. e apecãa.l., .. Acabamos, .de dizer. .que , .no
oaos,-primitivo,, .a existência mesma das partes ºdi! ....

tintas as :.faz dotadas .de uma penmanerrte . condã.ç ã.o


irracional' de identidade .. e diferença.e, .ora , .de t9. ..

e.lo -
o .mundo .das .-.Idétas j·· sâo. estas duas as .... únieas·
das quais· há permanentemente um 'análogo .,irracio 9

nal no caqs; algwnas .outras.Idéfas podem ou-não


estar - casualmente representad?s no receptácu.l 01
pelo. .puzo acaso das configUl?agÕes. assumidas. pelas
partes no seu movimento incessante e desordenado;
mas.o,que cada par.tíeula. sempre s?rá é idêntica.a
?L própria· e ... diferente das. demaã s, .Na interpret! .

ção õ.e A,lmberg, não se vê por que razão aparecem

,.

--
= 269 =

?.las em situação_proeminente; no nosso.esquema1p,g


a sua condição justifica=se? porque delas se
:r:rém?. ·

pode dizer que há os ti.pos indivisível e divisive"L,


Por conseguânt e , as Ideias, •

. .

de Mesmo e de Outro tem


t!'>
..

,pna significação es pee í.a.l , privilegiada? e é por .


.

+sso .que .sa o t omadas ?· parte das demais .Ideias


... .I' "" .

que .

figuram na ousia., e .cons í.deracas como ingredien = ..

?
tes espec1ficos,
' ,
da alma .cesmãca ; , ". ,. .. ?
,
. ...

-
_

?Esta .ultima inte:rpretaça<;> parece?nc.,s ..


..
.

mais .s.atisfatÓria que as... pnãmeãr-as, ..Não. está ev:á,


den temerrte .livre .de objeções. e, em particular ª.! .
,
ta?vm.culad? a uma definida ace1 baçao
I ?
.. das paãavras
.
1

0 Q \ •
:J

do texto, .que pode não. ser. .achada .. veross:Ímilt, Mas


... ... ..

julgamos a?e-por. .es ta f'orma melhor pode atingir.-;?·


..
"" ?- .

....
-
se a intençao pla.t.çniGa e a oompreensao dos de ba- . ..

lhes. de sua. t eor La, .cen tudo desejé!mosLdeixar ela


ro que esta .cU,.scu.ssãoj .importante. quanto seja em .....

si .mesmaj não é condição_nece9sá:ria. ,para .a c.ompr?


- .... ..

' "" .A ·,

ensao do pensamerrto de Fla.tao.?, Seja,.qual for


.,,,.
a.hl ..

pÓtese admí, tida,- há felizmente. um ponto .comum .em .

que. todos concordamj e.este e, ;justam?nte.o essen=


' A .·

c í.aã , .t .a aceitação. comum da pr es ença , na-... alma ·j·


·

º º
d as ,ousia.J..,- n divisive 1 e dºavaº save
.,....i ? e
1 'j qua 1 quer. .que
"R
..

A
seja ..,
-

o modo como .s.e ? traduzamG Todos es tao .de aco?


..

..

do. em que .a na tur.eza da alma .e, .a.Lgo de. intermedi,!!,


.

o
...
r-10 (81) e. que, .... com .. o .nu
?· ?
Dtso d-ia sua .co.mpoo1çaoi Pl .

-ª.
tão quer indiear
. in termedi.edade do . o .. caráter de .
. ?

mundo.-organizado,. colocado. entre .duas. ordens, uma.


de total e outra de nula inteligibilidadeº Desde
=- 270 -
que.reconheçamos que na.mistura.figuram as duas

..---.'J é isto
ousiai 0-bastan?e para compreendermos o
.....

sfmbolo da alma cÓsmicaa


O prosseguimento da.narrativa.indica=
nos .. o. tr.ab?lho do D?miurgo com .a substáncia .anÍmi -

ca. recém""er.iada-o- no .diálogo uma parte de inestj_ t


ur,vel valor?para--o-éonhecimento·--da obra cient{fi=
ea. de Platão ?e .mna?im-portan,te fonte de.,info:rmação. .. ..
? . -

'. -
. ·.
'gl
s·obre a-astronómia. ,antiga<O-·· contudo , .nao nos .e· p?
-
d';,
...

s.:Ívei..aeompanhá?-la'9'- por ser.-,,ma téria que_ di:f


=
ere .. da .. ..
., -·
que e .. a _razao .. p:cimo:rdial- desta d1sser.taçao?- Bas-
-
. o
..
""'
ta-nos .que tiremos as implioaçoes gerais contidas ... , ..

nessa narra.t?:va e .examãnemos o .. aãcance que têm P-ª


.... -
? A
ra a elueidagao.da.teoria.mecani·ca?--
.
.

CQnstituida?f apes a mistura final?-ª·?


., - .

..
.

.?. ? ?
??l:).cia .da .alma.? o Demiurgo .vaã
'
aplica?la. a. organ!
.,

..

z?gâo .. do .. mundo ,. --? _important!ssimo .o .. estudo, des .


..,

tas passagens.; porque .aq.ui .nos _i_ dado ... descobrir .e


? ?
.ãe. pensamento. cosmoãógâco
fun.de> . de .. 1?4,atao j -ao.- as=
.

..

sistirmos .ao desenrolar dessas .oper.açÕesi. pelas., .. ..

quais'"? alm? se .a possa da massª- informe e 'es. trut.:g


, .. ..

ra . .-o., cosmos e .....Embo:r.a nio acompanhemos. detalhada


.. .. ..
.,.,,

mente esta parte. do .diálogo? devemos tirar. .dela.as


.. .....

maifLdeeisiv.as conc Iusêes !ara que a .aãma . se a- r


e,- .. ..

posse .. do. co:cpo:·.ma ter.ial. do uni verso e nêle pnodu- ... ..

za.efeitos.-est:r.uturantes9 é preciso .que ela mesma


seja, .organizada .de tal .modo que. venha ... a ser .a,.cay ..

sa .da -regularidadeO' .,TrS:tà-se então de .di.zer .como


, , '' .

e a propria alma constitUÍda5J segundo que relações


- 2.71 =

é ela .organizap.a em uma estrutura raciona.lo ?:ra1


?.regular.idade se exprime? .para Platâo9 .em.rela-?
çÕes matemátiefls; a alma dev?rá, ?ois, t;er na sua
na trur.eza uma ordem de proporções ( 2? para que. PºA
.
.

sa em seguida. eonfer·Í=las ao universo o A alma é


A ?
Ill]
p.a sua
es senc í.a .uma .harmonãa] .e o que .textualmen=
UI,
.te nos diz. a pa.s aa.gem. :-?{{a'! .. quando
...
refere que? '

IR.sendo eompos sa peãa


..
?
. mis tura ... das partes .dos .tres
'

'
?
?ngredi??tes?- o Mesmo-? o .. ?utro .. e a Q,1,!s?.sb e ela 1!
p.ida e dividida matemáticamenten ocyo< Ãóroi
µ,epluOG,tr(J( xoc-<. u-v-,id£-BEZ?e1,. .- :
..:?,
.

_
I" ·GO
A 'V' .A,
.Nao sc.jicrem na .sua easenc ía., mas .em to ..

da --a. serie de atos pel®ls. quais. e. imaginada .a? sua


,f' '
(? -


-

disposiça.o .em. relaçao ao corpo do mundo, .há, o.,.pen


_
= '

?amen to .. predommante .de que. toda. harmonia e ;pro ==;


di:,
..

p
ror.cionalida?e.numer.1??.exist;entes,na na:bureza ..
.de
çorr..em da .. aLma.Iqus a.inf.ormao, Igualmente? -linhas ..

If aeãma , a a lma ?ê decãarada. j:nvis{ve.lj mas t?I:)artic1


... ..

pande do cálcUlõ e da, harm?:nia_Vft? Àorl(1j.,,l0lf


f' I '
os ?êt:êJ(olF<r<t- .J<.oc.t.. /
OC(J.,,U..,o')) c a.ç ..
e;

?37a)ç, É o. que nos .quer .suger í.r .flatão.9. '.dizendo':'?


..

..
?. ,
JflOS que ... a substancia da .. a Ima . sofre. uma sérí,e d3 q! . ...

visões partes -desiguais?. que.determinam tnter=


em ..

va.Los ma temá.tico·s entr? as partas divididas? . -- ..

Tendo feito.a
total da,almaj.·º De massa
?
ip.iurgo a divide em tantas .?rtes quanto. eenvsm;
, a -
µ.Ol()<!..<;. O(TtJ.G ?rf o tr? Jlt'Y ... ? Q.uer .. isto úi?
?
. ,-em .partes e.? feita .. segundo um r
- ..
:

fer que .a divisa.o


'

... ..

.
? ,
?riterio de utilidade? e o numero de partes e
,
o
? 272 CD

que convém a um plan.o intelig:Ível9 que a Razão o=


p,eradora possuiacÓ . S,entimos- a presença de um pen= ,

sarnento teleQlÓgico?-. que concebe a existência de


uma organização .no _mu.n.do1 para
que se cumpram ce,t,
t{;)S fins rae:tonais? Isto mostra que a divisão e=
f
,11·

atuada e a. que, s·e. ajus.ts.i a um cm, er o d e. zazao


...
ºt' i
'. ,
,e .. o da .. proporcionalid!
.

que.?- .como .de .rato .. veremosj


de·
'
,
matemati.cac,---?inda .. uma v.ez
.
. . p
declarado que .ea"!!!
.e
da., uma dessas .par tes ._é um misto da. Alteridade? da
Ide_ntidade e da .2,usiaj É KrJ.õ'r'>'J Y óe EK. i:e t:« Ú-.
TO iÍ KO(<- fJ«_1::ieo1r ?o{{. ri? airuLa.? )'£}d'- r;Uf.Y1)Ye
·' - - ?
Esta declaraç?o. final f.ixa a, .nos sa .compr-eensac S.Q.
??e ?a composição da alma .. e- supera .as .d:_iscussÕes
? ..
..

pr-ecedenbes 9. dando-nos .um porrtc aeguzo., .. O. Mesmo


e .o Out'ro. figuram em .. cada parte .da alma, e o. papel.
que: lhes·. vai .ser . dadc , -logo-a seguir si. como, carae-
ter!stico. dos primeiros c:frculos em. que.é dividi=
..
·

da a substâneta. da .-alma·, & indica .do decisivo sen=


tido fisico.qúe.,os ·olhos.de _Platão,deveriam con-
ter estas .. noções e._ Tal observação .conr í.rma a-n?sp
.. .. ...

aa hipótese? ailterd.or i sendo ês te sentido f'isieo ! .

A '

que Le que apontamos quando discutimos a composi =


·

..

çio da alma .. c. . • .

A massa.total.da.alma.é div;idida em.s?<?


te porções. diferentes? de acÔrdo com.aima. razão.que ..

faz, a. segunda dupla. .da primeira,i a. te:r?eira tripla .

da ,primeira, .a .quar ta duplà da se gunda , _·a. quinta ..


tr1·p1a _.da terceira, a sexta igual a. oi·to vêzes a
..

primeira e a sétima ·igua1 a vinte e s?te vêzes a


= 273 ..,.

primeiraº .fstes
intervalos.são ainda preenchidos
por novas porções da massa primit1va1 sendo .colo=
cadas em cada.intervalo duas porções que formam
,
duas medias entre os extremos? O conjunto repre=
R
senta agora uma serie de valores dispostos em uma
proporção definidaº .Sob-a metáfora des ta disposi
ção das -por.ções -re.tiradas .da massa origi:nal:J .Pla=
tão quer manifestar o pensamento .de_que uma harlll.Q
,
ní.a matematica rege .. toda
?
a na tur-eza ,
.. Com esta. mass?-$ ja, agora
..
' .

.transportando- ..
,
em .. suas. partes .. uma relaçao numer í.ca , o Demiurgo
Es>

prepara 9.. cor bando-ea. no .sentãdo .do .compr ímerrto , du


as longas .raãxas e ligando em- .cada- uma .as pontas,
.

constituirá .doã s e:Írenllos.9- -que .. dispÕe. em pãanos.ín


v,

olinados? fazendo9os tocar?se-nas.dúas.extremida=


des de-um diametro
?
A-
•. Preparados-assim
,
os
.
?
cirau1os
animicosj dos qua.is .o exterior sera .chamado o ci??

cul,o do .Mesmo e? o interior o .do o.ut?o9 chega=se


ao momento em que se apreende .a- funçãq .supr ema da
alma .na .es trutura do universo g .o Demiurgo da, .. a e,2.
?

ses. círculos_ da , alma o . movãmerrto _ circular 9 unifo.r_


me e que se processa no mesmo logar, T/l) K«,?
"" '
:, , :, ? ._ I I
Td..'l.f'Z<X êY <0<.1F1:<f 'Trêft..rx.roµ,e,y'!J KlY'l'J?G,

1iÉf ,? « zrr?G ?À«f _é v (36c2') e


- I'
.
Esta afirmaçao e decisiva para a nossa
dissertaçãoê Fica assim definidQi inequlvooamen=
tej que à alma se deve a introdução?- no mundo9 do
movimento circular(83)& ?esta primeira revolução
dos círculos do Mesmo e do Outro? o movimento cir
CD
274 e:>

euãar a natureza a qual just!;


comunã ca+se a. tÔda ..
í!
-.

mente passa a ser um. todo eons titUÍdo em. razão .do
.. ..

apa.recim?nto desta.forma de.movimento?-arites.ine=


:x:istente?. O c.!rculo intern_ç,_ê ern.?eguida. cl.ividi':"
__

do ém sete c-Íreulos .desiguais; êstes constituirão


..

as-Órbitas .dos . .p1anêtas-? sendo cada qual dotado de -

, .·

seu, movimento .proprio:, diferindo uns dos outros


.

...

em velocidade e em sentidoo

§ 50 = A,. função .. supr.ema . da .. alma i. intr·o;,..


duzir. .o movimento .. circular<>.
-e
A alma e o plano m?tematico?

.. pr.os seguir nqs det?ª


-?
.

?-
?os e .possivel
.
N{o
. ..

lhes .da ?exposição da astronomia. .platônica., ... O .que ..

,
.. ,
vimQs"" ja nos ?da Q essencial .. para .. a .. nossa:- demons A
.

.. ....
·.

tração de-.existir .ne·sta..,teç,ria f:Ísica.?o .. pensanen-


..

to d?--pr,iri.cÍpio, da.-,in?raia? .o.. que rias ãmpor ta . ,é


... .

déixar .. bem eiaro -é.st? fato?_- a.alma .. é ?--ficção que


r.epr_ese:r:i.ta. à introduçã·o do .. mov.imento .. cir.oular ,.pe-=
..

,. ? .,,_
.

riodic.o., .. --Na? .e ela que conrene. a .. simples-mobili1=


.

.. ..

dade , .. pois, esta já:.existe ·;anteriormente .no r-ecep-: ..

táauloo da-alma.,?--os .-ele-=


?A_penas com.ia -.impos.i?ão ..

men tos., .que ... annes s? moviam segundo .. a. pura trans!'-9 ..

ti
la vidade iner.ciai.9 .. tornam-sé .. a.g9ra capazes de !,·
..
_

xecutar uma. tràjetÓria. curvil:Íne·aº .. A imposi-çãó da ..

Log Lcc, .e tem .. o


.

p ? p
a lmª- ao .. cor:p_o -e.·.um. mero .. simb.olo .

va.lol! .de definir uma ... eoncapçâo .da .na ture za. do mop ..

vimento em que está refletido o princípio de iné?


= 275 -

A .presença da alma é uma restrição dali


berdade da mobilidade9.e a vsua submí ssào -?as .Le í.s , ca,


...

mecânicasº.. A e. invés do des Locamen to retilíneo j o


__
.

moyime?to periódico é o próprio ao·todo organi?a=


do·<> .Platão .eorrcebe c um as tado de máxima.liberdade
·. ? ? -
!lleoaniea e tera.tido-·a .intuiçao.de -que.-tal.estado .

,é. o. A
. .

do puro .movimento es ponbàneo retil:meo?


··
f__ .
.;..,
..
.e nae
'\· .
...
compor ta a existen,.cia- de -aç.oes mecaní.cas entre a.s
' ' ,A
.. ..

massa.so: .Organizaçã·o regular e .pneaença. dG>-movi-= ... ..

men to
.
.;p
pe?iodico ilti>

conceitos

.
'I.
?sao -implicam mu"1"
...
que se ... ..

tuamen t.e e- . A alma de .mundo é, ... portanto j - .e s!mbolo


. ...
?

que ... indiea a. transição de-um- regime. de mobilidade ..

irr.eg-g.ia.r j .livre "inercial-? para outro .de .. trans.


9-
.. - 'C>

:f'o?ma.çÕes e des Iocamen'tos .. sujei tos. à .lei ma temáti


.

·, .,,,. ?
.e:riaçao:.e Uln--mito--e nae .. envolve
.. .

Q.&o, -<lomo---a -??u .. .a I

', -?· A:
ça.aruraa .real .. suceasao . t,empora.l .déssos r.egimes·i. s?-
. . ·, .

, ,.
gue!':?se,.. que?.ha ... a.pena.s ,o .reoonhecimento,,,logico , -<J.Et
.

.
.

...
. '

A, . .

dois estados .mecaaí.cos , sendo. um concebido como


mais geral .que o .outro1 .e que.,, par?. pass.ar de .... um
... -

A -
a outro? .basta que se .dem
.. .. as, condãçoes
... ....
qu?--re? :

gem·.a. liberdade do .maã,s geral& w. Orà9 .. o'oaràeterís


tic ·.. .. -?- º.
o. da ... liberda.de maca.nica .. uma ..par.tieula
d.e . .. ,p
.. e ..
.
· f.. ... o
seu.pod?r demover?serindefinidamente.nwna, mesma
direçãoc .. ? meio de conceber vuma restrição dessa. ..

liberdade, fazi?la?perd?? ?ssa possibilid?de sem


,
lhe. tirar .a mobilidade; e?. ?
por.tantoj obriga,;c,la .. a·
voltar.a mamesmo pont o , ou seja1 faze=l? mover=
.

4',,

se circularment•?
Assim?. o movimento circular representa
para-a partícula.a. perda da liberdade
de d.esloca =
tempo re=
mento retilineo indefinido? mas a.o mes.mo
presenta para o.universe posse de uma organiza,= a
çâch Com o retôrno das mesaos porrtos ,« massas aos
universo- deixa .de .ser. um?... compos tro .de, partes,
h
que -fQ
get!i-ind.ef'inid.amente em. todas. as dire<;oes. a trans À .. .. ..

fo-rma?se ,.em·. a.Lgc. unãdo., een jugado e o??igado ..... por


,
..

?.
,nec.ess,id?de. de. r.azao?. que .. e. a .. lei que nele. agg,
.

.
..
uma
ra .,impera.? .:Ma:sr cone,omitantemente., com. a. passagem ..

das massas. pelos .mesmos :pentos? surge outra coisa ..

a.te-.. entaQ,.inexistente.g. o... tempoó _Sem a per.iodicid,!


? H .
... .

..
I'
de /lo.-mmriment© nao ha:veria a .nççao de temp.o1 e e.
• (;>!) •

º· - -e;,, .

..

por .í.sse ?qUEL o tem_po e uma cr-La çao .que surge_. para
-? . .,;,,,

..

o .unãver se com. a aâma que o,>vai .anãmar, A .mobilif;?


dade tra...'tlslacional .de eaos- é irracional_ e inintel!
. . ..

g{vel ...justamente porque.9. sendo iner.cial.-? -n?O con-


..

porta:n:to9 assim. o. retbr.no às· mesmas posições j 'não


..
.,.·
"" R
se.. passa .no, tempo,-: e.9 .nac havendo .. tempo? nae .há d?
.
.

r;?ição raci.ona_l de nenhuma . grandeza dil).âmicao Dej


xamos para mais tarde .aâ.gumas. considerações sÔbre
.. .....

?s.te tema$ depois de termos tratado par td cuf.armen-


,,.,,,

te do problema. me?ânico?
.. As funções f:Ísiéas da alma. estio9 .. ?s_sim,
bem. eompr-eendádas g a a.lma ? o princípio do movime.n ..

to ..éir.eu.lar e .. Na definição da sua ess ênc?a j J'la tão


deel?a _expressamente se? .essa.a sua funçãoi. ela é ...

aquilo. .que se move. sÔbre si nesma, no mesmo Lugar , ..

conforme é ditp em 22-.-U «-in:& Êv O(u-?'9 .


= 277 -

(T?fEfO?£Y9J I , e repet:tdo em 37 a 5?0li??


' ,
.,

,
"'-''I'. /\1 o li),l..E
1:£ ? >'ct.. K.a >'?J tr
Como as o:r,bi ta? dos planetas sao eons ti.tuidas
...
?
?
oe O( V''l:o/'JI
f c:éffl. f .

__
G

?
a.sua substancia.e todo .universo encontra=se en=
voivido pelas -·linhas celestes cio equador e da. é<?
el{ tiéa que s?o os o!rculos .. do Mesmo.. e. do Outra;
.?
. .. .

todo movãmenbo .eur.vi1:Íneo tem a sua. origem E:L po? . ..

, A
sihilidade -na ... aãma côsmí.ea , -?as,com? este movi&;?
, .
.
.

.. ..

merrto .eireular-se funda--na composição da .alma.,. ..

que-?envolve1. como. sabemca , a esp;cie intelig:Ível .

da .oúsia? .da :tdent!dade .. e da--A.lteridade? e .como


.. ...

o .movãmerrto retilíneo prirpordial nio .. tem relação


.. ?

a.Igumá . com o mun?o--da .r.a,za:oj segue?se que- so, ... em


?
. . *"'·
.. .. ..

r?laçã9 ao .. univer so. .. atual? :é Pº? sível


..
.. -?-1ênc·ia
do. ób.1eto em. movi.ment/Q1 .. umiLmecâ.nic?-? .que.. pr0euA;=>.
rará ... justa.mente desco'.Qrir .cemo:9 e? cada pr9:t>Ie?j ..

se. revela a participaç?o- .. do, r?cional.?. .De .. outro


.. .. .. :,

lado.? .como,.a ..almai depois· de compos ta e al:l.tes.-?·e ..

ser dadac ao mundo., .serr-euum.jrrecesso .de multi,=


..
.
, ? . .

pãas. d.ivisÕes.7.. .peãas .quaã s suas, partes., .se .g.ispu=


sera.m numa .-harmmnia. q.ue se .. exprãme, em relações ...
ma temá'.ticas, ..segue igualmente que. esta..-ei:&n - .... se.- ..

eia. j. ao .. pnocuzar' ... descobrir .. o rac:!ó:na.l ..pr.es ente .. ...


,
,
i
no .. devenir j·--. r.a. :p,eeessar.:uamen.t e .en eon t rar. a reg.:g
,
1
<:::,

laridade expressa .. ,e.m for.mulas .ma tematicas? ..

-?e. quí.sermos. relacionar .asta .doutr-ína .

da .a Lma com .. o quadr-c.ima í.s geral da doutrina das· .. ..

i
.
.

"
Ic:reias.?, especialmente "na .sua ult ma. ver-sao , .e.n
ç;,·
,? .

.. ,-=-

ccntz-aremos aspectos significativos$ Bem sabe=


3 uei des e os primeiros passos de sua
...
so= fil
f'ia 3 Platão a t:ri ._<a aos n"' · er-os u.ma realidade in
te:r ediária, :fazendo dê1es a ?uilo que s e situa en=
tre, 1:t( .,U,E?oc?V1 o .inteligÍvel e o sensível.o Se
A /. :;i

gundo a nossa interpretaçao? este plano matemati=


-c::rc,

co., ?oncebido na teoria


metafísica, é a mesma co1
saque no mito eosmogÓnieo se apresenta como alma
do mundo ?84? e A finalidade -é a me sma ; apenas ,no
Timeu':J êsse conceito se acha enriqueeido
de nume=
rosos detalhes simbÓlicos, destinados-ª desenvol-
ver o pensamento de que uma inteligibilidadé.mat?
mática preside à ordem.física? Como a alma do·mun
do_é_que dá ao universo a totalidade-dos seus.as=-
pectos- organizados, .a_ ciência da natureza resolv,!
se.no plano que essa alma simboliza, ou seja, .de=
-
?
·
si,. o
t a A "ta
e
c1enc1a .materna icaº
vera necessar1amene ser uma
?
Assimj .é perfeitamente verdadeiro dizer que Pla-
t?ao .,
e. o fundador
.

da
t
f1sica-ma tema t í.ca
,.
_ pela .e on=
,

eordância do.espírito que impregna a_ sua ciência


da natureza com o que preside ao domÍnio que para
nós é hoje.a fÍsica matemática (S5) 9

Os componentes da.alma,
q?ando 1se mift?
ramj assumem uma.situação intermediáriajE? _)li,E?<fj
I
"".
'.-<
,(T •
A
e ?inonim? do ,,,.u,-é-roc.t ;'"
p_erfei tament: em 8ue_ ??

t
esta o plano ma tema í.eo definido pela Republic.a ( ?
Têm plena razão Gomperz e Robin (B7)quando de:ren=
dem êste ponto de vã s ta , e não compreendemos por
que Cornford se recusa a eónsiderá=lo, julgando-o
tttoo speculátive to be here pursued"º Mesmo em
= 279 -
relaca?o
:, - Id'º s -nu.merest d
a' teoria da?
? A
eia #

?
auFlti ma .

f.?
se do pensamento platonico, a distinçao entre nu=
meros ideais e números matemáticos indica?nos que
a alma é a sede do quantitativo matemático(SB) e
, ?
f
que atraves dela e que O· mundo sensivel o recebeº
Aristóteles ( ?9) .j por quem conhecemos es tas dou
- ?
.tr tnas , exp Lí.ea-mos que -Platão teria. reconheci d o .

A A
a .exãs tencã,a dos .seres ma-tema tic os como algo-inter
?
·

º
:i • ,,. ,
mea1ar10 en t re as Id e ias. e as co..J..sas ? º
.. 4'I
r 4 .

sens1ve1s,nao
.

podiam.confundir?se com nenhum dêstes, pois se


t ? .4 ' , ? .. ,
dos s ens Ive í.s .,w C!Lo c.ot KOlt oc t<.lr'11'0(
- r
-
distinguem
' 'l
£êycx1, e dos inteligíveis
Cl 'i"
.J
.
,õc. 1lolJ.,ól-r1""cx. r;;' µst
,
()J,Lota.. s cvac ,--e?quanto que as Ideias sao
""
uma
?
so de ca d a
,
especie?.
o

Pos ter í.or-mente, teria


reconheci= Platão
do .que as próprias -Idéias admitem uma .compo s í.çào e
que .seriam seus.elementos. o Um e-a DÍada do gran=
de e do pequenoº Por esta.eoncepçãoj_que o-colo?
ea-em discordincia com o pitagorismo cl,ssico, s?
gundo julga Aristóteles, Platão transforma aidéia
em um Número ideal,- isto é,-faz o Um figurar como
A ,,.,
. .1

uma essencia limitante .da dupla.extensao .indef.ini


da do grande e do pequeno, de modo a especificar
, - ( .

cada Ideia pela-correlaçao-metafisica .do Um com o


quantum de magnitude e pequenez .que recebe? Não
A
nos podemos estender em uma-digressao sobr.e
'""'

esta
teoria, que se. si tua entre- os .ma s apa íxon an
,_ A
í
t .. ·e- s
problemas investiga çac pla t.onãca
.da Importa-nos g· .

apenas, segundo o testemunho de Aristótelesj veri


? 280 =

origem dessa trans?


ficar qual poderia ter sido a A
quais as suas consequencias para a te?
formação e
ria r{sicae -

Não pareee absurdo julgar que teria si=


_do a evo.lu.çãG de um
pens amen o , que pro+ura ca d.at
vez_.mais penetrar na compreensão .da. na tureza , que
teria determinado .essa modificação da - teoria - das
i
..
? N
Ide·iaso- Poderia ... ter .par-ec í.do a .Pãa tao que
.

.. na o
basta o- reconhecimento-- de uma- categoria intermédia
de· s·êres matemáticos, .. para explicar .a regularida-
de quantitativa _do .devenirº Não estaria plename?
te explicada a-investidura da qualidade .na quant!
dade por esta.simples ficção de uma ordem de. en=
tes ma temáticos interpostos.º O. caráter quanti ta=
?
tivo e
,,
carater logico do mundo.fi-
de tal forma o
,? 11 o

"•1 gado necessario faze"?le-- d er1.var9


s i eo , que tera--JU
J' .A o

por alguma maneira f do ..próprio plano do -inteligí-


-
-

velº E?- .as sãm, t?ria sido-levado a .con ceben .ago ...

ra.a Idéia como o qualitativo que se eonst.itui(OOm


e sÔbre 6 quantitatiVOc Resulta a Idéia comogra?
deza a que o Um dá-essê?ciao ... Cada Idéia teriajen
tãoj o caráter de ura.Númer o. ideal-o -Mas logo a s?
guir reconhece P'La tão_ que es tas mesmas __ I déA ia s
nao.. se eon fundem .. com os numer os ma tema tic os; estes
""' :f' t?
.

Últimos são adicionáveis j e aquêles não-o Os nÚm-ª. _

ros_ ideais são. um só de cada esp?cie e não t-ê m -

propriedades opera tÓrias; .. são realmente_ I.détas s


' ?
em que o aspecto quantitativo foi incorporado-. a
noção de essênci?o A quantidade que nêles figura
= 281 =

tornou=se qualidade, e por isso e,, que, para in=


"
gressar no sensivelj se torna necessar10 atraves
,fl ?

saro plano do propriamente matemático? a fim de


que a quantidade, que há na Idéia., r-eas suma o se.n
tido operacionalº
A teoria I? ,,,
Ideias-nume-ros, suposta fa
das
se final da metafisica das-Idéias j não modifi e.a
o sen tido do. plano matemático
...
intermediário .... en=
tre -O inteligivel .e o .sensível;- .. não -o eliminai
antesj ao contrário1 afirma a sua posição indis-
"' ,I'
pensavel para o.recebimento9.pela materia, das
determinações forrna í.s , .Por conseguinte 9mesm9 ne?
=
ta nova. ver sao da m"?tafisica .. p La bcnd
A f , ,
ca., e .razoa=
vel.interpretar a alma .do mundo .como sendo a-po?
tadora. dessa ordem de entes 1Ógieos9 pelos quais
# p
o devenir se torna contavel e mensuravelº
.

§ 6Q - A alma e o conhecimento dos ob-


jetos físicos e .dos objetos inte
ligÍveisº Teoria da consciência,

alma do mood o, por fazer ingressar no


A
d í.sconf'ortne cda realidade primordial a forma. e as
relaç3es inteligÍ?eis, ? tamb?m a causa .de t;da
cognoscibilidade (37 a= e)º. Todo ato.de conhe=
eer tem sua.sede.na almaº Qualquer que seja. a
espécie de conhecimento, seja o do devenir con=
t
cr-e o , que gera apenas .. Ô.Ó?ac.t K«t. 7TlfrZ-Et, (37
b 8), seja o do inteligÍ vel racional, de que se
- 282 =

dá ioifç lrrrurz:?µ,'l'J TE (37 e 2);} é na alma em,


la alma que se pcodua- ºAquilo em que se geram ê£.
t'
ses dois modos de conhecer? se alguem disser que

é outra coisa que não a almaj pod?rá


dizer tudojm?
I
u T 011' 'l'{A)
(', .) (
't WY
JJ
o tz-w '))
-
nos a var-dad e , o E e.')) <f1
«V1:õ ?.Mo
f/
'i:rrJ,.,,ea-/)o,;) ift,' m,1:É Tl.?

".
J..'Yp' v 'Y/ ,; d n-11 , 17Õi:.,; ft,d. ?').. o Y ? x-i<'A
?J
&E ç

E
f El (37--e)
º
t
esta .uma be se de grande importâre:ia na
filosofia de .Plàtãoo Por issoj procuramos investj
gar que razões t?riam conduzido a esta conclusão,
julgamos que, pos'-slvelmente, três vias conduaã r am
a esta.afirmação, a fazer da alma a sede d? conhe=
eãmerrto, .

admissão de que-t?
Em primeiro lugar, a
i' o ,;, _(
do objeto fisico so transporta valores conhecivei?
porque -OS recebe- da .a Ima -Com efeitoj. cada objeto o-

sÓ-se constitui pela incorporação de urna conforma=


,,,. "'° . ,I' , g'
çaoj so b relaçoes metricasG A alma e o simbolo.de?
sa cons ta tuí.çâo , _e,, - portanto, .aquilo que pr-ópr ía . "!"

mente objetiva as coisas da percepçãoº .Dêste mod?


.? t
t ud o que há .de conhecivel no-objeto provem da alma,
ó'

que o organiza como talo Assim, é ),e?! timo supor .

que o.conhecimentoj que não é- ?enão·o .proferir o?


conhecimento do conhecível? seja próprio, exelusi?
vo da a Lna , Verificamos j com efei to.j que Platão
emprega expressamente o verbo? ÉrEtpara exprimir
em que consiste a execução do conhecimentoG Consi?
te no enunciarj no dizer a alma a si mesma o dado
= 283 =

conhecível que ela mesma trouxe ao objetoG


=
Esta concepçao do conhecimento como urn
verbo interior que a alma profere para si mesmaj
,f' - o ,f'
e uma convicçao firmada de ha muito e enco?trada
em.diálogos anterioresº No TeetetQ (189 e)j en=
contra=se esta definição do pensamento cognoscen
t.. ej na .qua 1 se--reve 1 a um p 1 eno sen tcd .pf o &'
1 o zas aco s f? e- .

um discurso que a alma profere para si prÓpria:i::g


lativamente aos objetos que observanj"'.i\.óroy l)))
(X Vt? rrt·º,,v O( t-1:?v ? <f1v?;,. i,£.fé'ex.£ t(X e 717f'.
.

z. 1\
« "Y P
w1' O pensamento e um dialogo da al=
tP
O- l<01'r7Jo

ma consigo mesma? que se passa ora mais rápida,


ora mais lentamenteº Ainda não há aqui nenhuma
refer?ncia aos círculos an::Ímicos j mas o emprê go
destas -expres_?_Ões é um pnsnúncã o significa :v o , ti
No .Sof'Ls ta _(263 e) está escri o.ique O- pensamento t
é_a mesma coisa que um diálogo interior da alma
e ' ., , "" "'\. '
consigo )lEY é V tDq "r?'JS ,pv"' ?7, írpos
') ' r,,
mesma j
«-lf'l'?'JY 0£«.AOll){º
o
Para mais acentuar a semelhança
entre estas passagens e a do Timeu? revelando.u-
oe A
ma preocupaçao uniforme,. observe?se a referencia o

comum-ao fato .de que êsse diálogo interior? .de


que .por sua vez o Filebo (38 cj s s ) nos fornece
um interessante .exemp Lo , é sempre s í.Lencf.oao aõom
efeito, no Teeteto.9 (190 a 6) êste verbo interior
..... , e r
a alma o diz ô'rtJ 1rf0? ?vroj)? _no Sofista(263
e 4) j ?s te d í.á Logo é YGV' ?
ff(.I) 'Jl(fJ? ; no Timeu
(37 b 6)j êste ato de pensamento passa=se ?veu
f º!JT!º u Kett J;Jf? o
= 284 =

A "'
conse quenc.La da d í.sper sao
o

Apenas em das

almas _individuais? desligadas aparentemente da al


ma universal, pode êsse verboj proferido
pela al=
tP

ma pensante parecer perder o seu carater de


loeu=

ção Lmanerrte , Quando eada alma, como indivÍ d uo.,


eonhece--a-lguma co Lsa , de fato .conh ece. apenas _aqui
lo. que.ia a Lma, como- todo-, constitui em. dado- 0011.h?
cível num obje·to; .po r tarrto , .em.-relação·
a à psique
unãver sa L, todos os. atos de intelecção.,
.
que cada

alma part;cular executa? lhe.são imanentes.e con""'

sistem no reconh?cimento da. sua .própria ope r-a.çâo


\
p'lasmadora , t
mitural., .po í.s que o conhecimento ,

seja um processo anfmicoo


Em segundo lugar1 o conhecimento é. um
encontro, uma conexão entre as partes conhecente
t

e conhecida, e deve ter


por agente aquilo que. na
natureza representa o fator de união universal e
de correlação o- Ora, êste é a alma· cósmfca , a quem
se deve a estrutura geral do mundoj isto é? a po-
sição relativa que cada coisa ocupa, que a torna
( A = .

susceptivel de.por?se em relaçao-com outra coisa1


.

para conhecer ou ser-conhecida por esta outra-0Se11


do o conhecimento essencialmente-um-fato relacio?
# A
na 1 s a a 1 ma? .que .e a origem e. a .se de de todas as
relações, é o ÚI:iico agente concebivel capaz de
t er essa funçaoo
?
Auniversalidade da alma-cosmi"!"
?

ca.,de que pendemj-c?mo elementos destacados'1 as


almas de cada um ?Gs deU:ses e de cada homem? con-=
fere?lhe êste poder de ligar tÔdas as coisasj de
285 -
associar, pelo contato sensível ou pela represen
tação inteligÍvelj um ser conhecente a outro co-
? A •
nhecivelj e desse modo torna-se a eondição ceto
do conhecimento.
Por fim, no que se refere à ordem fÍsi
ca, os .objetos a conhecer são realidades que se
encontram em plena mobilidade; qualquer dos seus
aspectos conhecíveis tem por fun.damento um fato
dinâmicoº Portanto, em Última análise, .o.que há
verdadeiramente a conhecer na natureza é o movi=
merrto , suas .diversas. espécies. e suas Le Is ,
.

.
Ora.,
para .conhe ce r., e .. preciso identificar-se; por con
...

segu írrte , somente SY T? Kl'POUJ)..,i i'fl úy/' ocÜ'rofr,


como ainda uma vez é di to. (?7 b .5), pode. -dar-se_
esta condiçio essencial?do processo cognoscitivoº
, A
So a a Lma ç. sendo por .. es.sencia um .movãmenbe.i que se
move. a si mesmo, pode ser concebida como. identi=
...

ficandp?se, pelo.movimento dos-seus. cÍrculosjcom


o movimento .. que .e s tá .nos objetos sens Iveã,s , .. - -
... .

ti' ?
.Bs ta ultima r-azao .r-e sume .todo - o concej,o
o

to .. que Platão se. f'az do .mecanã smo Íntimo do co -


- - .

nhec Lmen bo, A tingimos -aqui uma doutrina- -de gran


de profundeza, pela qual.Platão renova, em funda
mentos--diferentes1 uma velha. idéia que, desde Em
pédocles _(90), .é uma.das noções comuns da-ciên=
eia gr ega, a.rde que. o-conhecimento .se .. dá .pe l,o -en
centro dos. semelhantes •. Uma fisica de pura.qua-
lidade., como era a. dos quatro elementos, .não .pu-
dera ir além da simples aproximação qualitativa
- 296 -

,
na explicação do processo duvid? intelectivoº Sem
( .

já havia a! uma intuição poderosa: esta, em sint§.


?
se, consistia em admitir que o.conhecimento e mna
representação do objeto no s.uj?itoj com o. senti d o
que melhor se poderia exprimir escrevendo re-pre -
sentaçâo9 istoé, uma repetição da presença do ob-:-
jeto, .dada pelo. fato. de constituir-se no sujeito
wn·segunqo-objeto, formado com os mesmos elemento?
na mesma disposiçãee.
A concepção do eonhecãmentc como dupla
existência do eenheeãde , .. em si no conheceg
·mesmo.e
-
..

, \
Empedooles a
.
definir a .oeasi?o de. sua o-
te, levoi+
corrência. no encontro . dos .elementos. semelha.ntesc,-Pl.a.
...... , .·,·
.

# .· .

desenvolvera .. es ta ideia, dando lhe um. sentido


.
. .

nae
·
. ... ....

qua.lita.tivo.-e dinâmico() ·.Para a. fÍsica qualitativa ..

de Empédocles9 .o objeto. compõe-se. de .elementos-.fun


damerrta í.s .. em certa proporção reciproca? Na ... fÍsi? .

A
.
.
A
ca pla.toniea,. para la desses. elementos e forman de
,?

o. fundo Último da . realidade. matier-La L, há apenas t.1


pos de.movimento agitando as .partes .da matéria$ A!, ..

sim1 conhecer a. na tur-eaa , . para Platãoj -é conhecer,·


.. ..

J'
em sua ultima realidadej o movimento-que.á. faz.ex.!
.•
o
..

bir um.. devenir reg;.ular e Por" Ls so, aeei ta?.á _.funda.=


mentalmente.a hipótese. emp?doc?iana.do.conhecimen?
to.como encontro de s:melhante$} mas êstes serao
agora semelhantes.dinamicos (9? º .

Mas nao sÓ transforma j por ês te ladoj .a


teoria tradicional) como .. ainda a áp:rofunda- e ?ampllao
Sua intuição leva-o a conceber o encontro dos sem?
- 287 -
lhantes do objeto conhecido e do sujeito.conheci!l
te como acontecimento .mecânicoj que tem lugar-
um
quando a revolução do círculo do Outro, que há em
cada alma, se torna idêntica à mobilidade intrín
seca do objeto (92) e -?ste tem .o seu regime de
,
mobil'idade propria, cujas d:\,versas -modal idades
formam.os aspeetos-sens:Íveis apreeiáve.is; a m0-
bilidade -do circulo -do-Outro. pode .. assumir as- .ca--
racterísticas - dinâmieas .dessa mobilidade ... part.i-
cular; d !gamos,. para f'i gurar na linguagem m9de.£
. - .
A
na a· imagem. .p.Lationâea , que passa a ter--o
.

mesmo .

perÍodoi a .mesma amplitude.,. -Desta-maneira, pro-


dua-ae 0 que Platãd--imagina ·-·ser o .. -.e.on tato,
.:, I
E.'fOCir"t'.1j-'<rl..l, da aâma.ieom.a eo ísa , -e .estabeleee-
se a .. condição de .. apreensâo , Quando-ª alma -está
-
.

girando. nesta eond í çao ,


, esta .. reproduzindo-se ne-
1? aquilo que. no .. objeto é a -essênaia .de cada ias-.
A
pecto.,;de. .sua .ccgnosed.bd Lãdaâe o- .Des te. modo, -O .ob
jeto. pode ?ser-dito estar na aIma , pois tudo .e. que
o.constitui como objeto. singularizadoj .. no curso
do devenfr , acha-se reproduzido.,_ idêntico,.-na al
..

ma , A idep.tidade dinâmica refaz_ o ob.jeto de?tro


-

da a lma , .. Não .. tendo o dado apreensível de .. c?d?


objeto nenhuma realidade fora de uma certa es= ...

tru tura de ma ter ia animada de certo. es tado--d?na=


, A
.

.. .

= A
mieoj a repetiçao desse-estado-por um.ser em mo-
A
vimento. duplica-a exí.s tencã a. do .dado e o faz --e=
.

xistir.não s0 .no objeto, .. ondeies tava. naturalmen-


te, como agora, também, na alma, onde passa .a e_!
R .
- 288 -

tar enquanto durar esta reprodução da sua mobilid?


def,
Mas o conhecimento é.essencialmente a

consciência do eonhecido. Assi?, nesta equipara -


ção de condições dinâmicas, produzida pelo eneon -
.P

tro da alma e do objeto, a alma intervem eom uma


estrutura .e com.propriedade? que.a fazem verdadei-
ramente ser.:o sujei t.o. preponderante do pnoces so , e
o.outro elemento o dado passivo da apreensão?É.que
sómen.te .. na alma há. consciência. do dado apreendido;
só.ela é .capaz de representar.e saber que é aquilo
que r-epr-e senta , ·:Embora no. a to que os põe em con=
taeto e.iguala as suas revoluções haja semelhança
f ?
total entre a alma. e o ob je to , .. so a alma humana e ..

A
dotada .. de0.eonscienciae-- Por que .. ã.s to, se .afinal t.Y,.

do.depende de .um regime de mobilidad'e.-e êste9 .na


"'t
o
b.1po:1ese,
;'
e
A
1 dentico no ser que conhece e no. ser
conhecido'? porque? .embora os.regimes e caracte=
?
A
res dinamicos dos movimentos sejam os mesmos, ª- !lã
tu.reza dêles não o éi_- na alma humana , o movimento
If' Â
e eaporrtaneoj no objeto material, o movãmentio .or=-
.

ganizado é conferido., é recebido de outro. A alma


individualj movendo?se a si .me?ma, tem o poder de
modificar o seu prÓprio movimen.to1 de modo a fazê-
lo assumir as espécies.que.desejar e fazê-lojassi?
A A
por?se em consonancia.com os movimentos exterioresº
Já ·O objetoj· não pos sumdo, como forma de mobilid?
de racionalmente apreensivel,senão aquela que lhe
- 289 -

é conferida pela a?a do todo, não pode deixar de


executar indefinidamente, enquanto dura cada. um
dos seus aspectos sensíveis, a mobilidade que o
determina a possuir êsses aspectos; não pode por
si ,,
mesmo varia-los?
Assim, na mobilidade independente d? aj
ma individual está a sua poss ãbã.Lí.dade de refle -
tiro mundo fÍsico, e na sua capacidade de.variar
está .a .ord.gem da cons.cf,-.
a .. sua. forma de movimento
ênciao. Para.exemplificarj consideremos a.superfi
cie branca ou o.contacto frio de alguma coisa; e?
ta.brancura esta frialdade são o resultado .de
.e.

uma .forma.particular de mobilidade.das.J)ar.tes.ma?


_teriais do objeto,- são,.pois'j um.certo.regime.di
nâmico.º .A través dos. sentidos j a. alma. humana j co=
. _

muní.eando-s e.. com êsse .. obje to imprime .a o seu .cÍr=


,

cul,o da A1teridade .êsse .mesmo .regime .ej - pondo-se .

A = A
assim em ccns onane La. com.us con d Lçce s meeam.cas e.z o

teri0res 9 .conhece o branco. e o .frio? Mas 1 .no ob=


jeto, esta. sorte de movimen.to .existe .por-que .. lhe
foi comunicado, direta ou indiretamentej pela.al=
ma cósmica, .no ato em rque o .objeto
se constituiu; .

.i' A ,
na alma individua-1-, porem, esse mesmo movimento.e
,

o resultado .de .um ato .interiorj que tem.nela mes=


ma a-sua origem e a faz realizar .ativamentej por.
? A A
uma especie de esforçoj o trabalho de por-se - em
tal estado de movimento? !ste ?to imitativo,êste
A - A
it
esforço de .e oap ta.çao d.ínamí.ca, .fe o. expr es samen-.
0

.,
te com o fim de gerar ·o conhecimento, e o que se
- 290 -

chama consciênciaº Visto consistir na modificação


da própria mobã.Lí.dade , .
sem intervenção exteriorjs·Ó
pode dar-se naquele dos dois membro-s da relação do
conhecimento que é capaz de tirar de si mesiijD a
sua modificação, ou seja, naquele que tem o poder
de, mover=se a si Esta pode modif.1
mesmoj na. almaº
car a sua mobilidade e-fazê-la coincidir, em segu,!
A
da com· o .regime que determina noutro corpo a cor
, .
,
vermelha ou. o estado de calor; passara a ter ag.o-
ra a_ consciência dessas novas sensações .enquant o
- 1
? -
os. corpos· .nao .se .podendo modificar por si sos j nao
-
.

..

. A /
sao capazes de .gerar-uma conseiencia das suas pro=
prias qualidades.e só podem fi?urar como dados pa_!
sivos no ato .. cegnoscã tdve ,."
Em relação aos
objetos inteligiveisj o
conhecâmentro if'azwse pelo .. mesmo.ipr-oces so, .t sempre
o.encontro. dos semelhantes a lei-da -intelecçãoc,Ser
,
oonhecido e .ser-pensado, e.ser pensado e; estar re=
presentado no sujeito o Neste caso,. porémj o. obje.,.. ..

'
t ,
O racional, "to .i\ ort,<Jt:, K. 01', é. imovel9. e nao .d?
? ,,. ...

veria admitir.aquela explicação do seu conhecimen-


t opor ,;,, A
uma eq·ui paraçao dinamica? Contudo, e? ainda
por uma forma.de revolução que a alma.deve.apossa.r,
se dessa .ela ase .de ob je tos , Para .Ls so '.1. é o círcu-
lo do.Mesmo.quem deve0executar. as necessárias ro-
tações que .o ponham em situação. de .conhecer , .k pr,!
meira vã s ta, encorrtr-aráos .a quf .uma evidente difieu,l
da.dede .compreensãoi- como.entender que.possa.haver
identificação de um movimento a um objeto imóvel?
- 291 -

Não sabemos decidir se haverá alguma explicação s


que Lgnor-amos , para as r0ta.çÕes do círculo do Me..§.
_

mo de que aqui se
eontudo,.oeorre=nos
.fala; ?a
interpretação que nos parece admissivelg os obje
to?s :?e que· se trata não são os.
...
·inteligíveis puros,
·e observemos ·que por isso, no
texto, não são cha=
'I
mados 'V ô 17,rx , mas os inteligíveis de algum modo
ma tema tãzados , .. que, justamente por êsse .motivo,r?
cabem .o nome de -À Dr L rt:« KC)( (93); oz-a , já vi?
dêstes. inteligíveis investidos .de
mos. que .o. .Lugan
,,,
;
quantidade, como numeros1 figuras-e -relaçoes, e.a ...

-
alma. do mnndo , As sãm sendo .as rotações do cÍrc_y- 9
"
lo do Mesmo, .a que aqui .se faz referencia., ser íam
particularmente .a s individual e esta en
da alma =-

tão? para conhecer os. intelig:Íveis .quantificados.9.


.

,,
-
transportados.-pela alma eosmí.ca , deveria a jus t a.r
a.rotação do seu-círculo da.Identidade ao da alma
universal, e assim teria a consciência dêsses ob=
jetoso
quer se trate dos objetos sensíveis?quer
dos inteligÍveis1 o_resultado.do contato com os
círculos da alma é
-
- que ela profere j.
.
;\sr ê (. 'para
si mesma o conjunto de-relaçoes em.que esta.envol
?

vido. o objeto conhecd.do, .. Estas -


palavras, que ex=
primem a .sua tomada de.posse cognoscitiva, a alma
I
as d í.z , movendo-se na sua totalidade, Âê'j'é£
.

- -

rr&:.<rrr;, !oeu? O .importante !·P.Q


K.,l-'YO 1í ?É >'9) d<.±--
Platao nos declara em .que consiste es!",>
_

rernj e que..
.

te dizer· -da alma, ou seja, na ve!dade, em que eo.n


- 2:92 -
sis te, a seu ver9 _ o conhecimento? no ato de apre ...

ensão de um objetoj a alma manifestaA


o seu-conheci
-'
)'
mento dizendo ao que ela e identic_a e do que e di-
1:> :f<y. t:« ?:o<1f'CO'Y Koc.t Õro1r Q(y'
ferente fr:w ' ' . »
ETGf OY o

Temos nesta frase uma declaração .essen?


(
cial--que .nos r.eaf'irma os pr í.nc í.pã.os ·da teoria do
conhecimento .exposta no Sofista (252-e ss.,.)?. A e_2£
? A A
pressao desse estado- de consciencia .cognosca .v a 9
o
ti
q1e_sepr·ottcrz na alma?- á. um. juÍ.z.o_ e__a res..pac·ti.'\ra pro."?
?
- A A
Ora, s?bemos .que toda ciencia se .com p o.e
í
pos çao ,
de juizos afirmativos e-negativos? No.domÍnio di?
lético -puro?-ª afirmação ou a negação cons tr-oem-se
com o aux:Ílio das Formas t',;. Ú rÓ 'i e a,;_ Z E P o Yi -pe- -

R
las-quais se estabel.ece? em relaçao.,,.
a cada-Ideia
.

j
,
e-igual.ou.de.que O eonheei?
aquilo a.que dif'ere&
mento .das Idéias const.rÓi=se s pois, com- proposiçÕes-
-

- A
de identidade e.i de di.fel!ença;- estas propos:içoes.:tell
seu fundamento própria constituição do mundo i!!
na·

teligÍvel?-peis as Idéias estão tÔdas em correla =


ção--umas. com.as outras ,
-med í.ant.e as Idéias do -Mes=
mo e do Outro, que se distribuem a tÔdas.as demais
Id,eaas
.
o
e
A .,. , (
-Toda afirmaçao verdadeira e um jltlzo de !
dentidade? .na .medida em_que afirmaj pela Idéia do
? ?
M e smo , a correlaçao de uma Ideia consigo mes ma-, ou.
_

( =
.,
um Ju1ze> d e exclusaoj quandoj por.intermedio
o
da
Ide{a do.Outro,.retira.de uma Idéia.tÔda referên-?
eia ident.ificadora-a --outra-Idéia?_ mundo .dialét,!
º
co esta, assim,
, A
estruturado, de modo que nele.
O
se
- 293 -

"'
encontram pre-formadasj .no estado de um entrela-
çamento ideal de relações, simultâneamente meta=
fisicas.e lÓgicasj tÔdas as proposições verdadei
ras.possiveisG espírito não fará mais do que
O -

A ,
reconhece=las e enuncia?las? -
-As .proposiçoes fal
sas .resultarão da substituição de .uma Idéia por
outra, em uma proposição verdadeira .•
Esta doutrina do Sofista encontra no
-
__

Timeu a sua confirmaçãoi --ao mesmo tempo se enri


w (
quecej pela.sua e?tensao-ao.mundo fisico_e pela
,...,
- ...
/
descriçao do me canã smo de sua. nea Lt zaçao., J.a nos
.

referimos ao- reconhecimen.to que Platão -deve ter


feito9 de que as Idéias de Identidade e de Alte?
ridade -?dmitem'.? .ademaí.s do seu sentido dialétie?
um-outroj fÍsico; .até na condição bruta .do re-=
.f'
ceptaculo)), .an tes

- qualquer- ordem
de estabelecida
de mobilidade,--pode .da?-se. o pensamento .de uma..
s eme Lhan ça e-q.issemelhançac- --No mundo f:Ísicojco1l-

figurado em um deverrí.r regular., essas- noçoes .sao ... "ô

ess enc í.a í.s , e, para êste fim,, devem .e Las expnes -
...

sàmente ter sido.incorporadas a·? natureza da aln?


. "' o ?
cosmical> A verdade. sobre o mundo f1s1eo f .deve j e
.

pois, formular-se em. juízos de Ldent tdade..a. dife


A
rança?. que tendem a .se moldar sobre os que se fa.
zem relativamente âs . Idéias o-- - ·- -·

t-claroj porém, que.a mobilidade do de


venir,. .em que se dão os objetos fÍsicosj não pe.r_
mi te senão em grau aproximado. e por .. simples .ana-
logia o enunciado de afirmações de igualdade e
- 294 -

desig'l\aldadeo O objeto fisico, a rigorj não admi-


,..

te identidade.eonsigo mesmo, de modo que toda afi?


mação .que o correlaciona9 sob forma dep igualdade,a
um certo predicado, tem um valor 1nstavel,
o
liga=
- ,p ,p
Ld o naquele vali
do as condã çoes da apreensao , e so
(l>t1
...

momento; éj portanto, precária e transitÓriao Mas


a eiêneia .. que para êsses objetos se constitui ej
.) I I?
po:r,isso mesmo, nae e
i,., ,r,

ê.Tft;r?'Yj,IJ,'YJ, ,. mas .apenas Ó4D-;cx.j

procura contudo.proferir .as.suas proposições e os


seus raciocínios prováveis no.mesmo molde dos. da -

dialética-? isto ;?· faz uso igualmente de


<,
pr.oposi -
çÕes afirmativas e.negativasº
,
Pela teoria que o Timeu nos esta ensi-=
.
....

nando , tudo se resume 1 em relaçao ao. .mundo 1s1coI' 9


.

.
ff o

A .., (
em uma consonancia de revoluçoes animicas e corpo=
,p = .,, <:,,

rease- Como, poremj a alma.nae e.formada unicamen=


A
te com as substancias puras do Mesmo e do Outro .. r-ª
.
.

cionais,--isto. éj ·indivis;Íveisj mas .admite .igualme,!1


te o Mesmo e o.-Outro irracionais ou-divisiveis, o
A
erro pode, do. mesmo mod o, .Lns ta Lar=ae no conheci -
manto do objeto físico, pela falsa consci;ncia de
ó'\ *"' -
uma eonsonaneia de r.evoluçoes que de fato nao tem
lugar. Esta consciência errônea tem a sua explie?
? A
çao na. presença desse fundo irracional na.identid'ª
de e na diferen<;a?-
t o que parece ser o pensamento de fla-
tãQj pois justamente :nos.assinala, .pou.co adiante.,
que .em cer t as. condiçoes podem perturbar=se .. e s.s.e.s
? A ·

t;;. movimentos dos eíreulos da alma humana, dando cau-


;.. 295 -
sa a julgamentos falsos$ Assim, diz-nos.que9qu_an
do o corpo de um indivíduo se encontra submet1do1
por parte dos corpos exteriores, a uma ação vio?
lenta? resultam sensações fortes9 que causam as
mais fundas perturbações a aãma , Sob a ação de um
alimento· abundante ou de intensas .sensaçõesj a
a,l
.ma sofre movimentos insólitos·, que abalam
granda-
men te as suas revoluções periódicas fJ o w,
1
<f <f;;
{í£l ou a« e -z-?ç "''?ri '/' u,1,?, 1Tê 1, Ó óOU-!; (43 d2).
p
O círculo do Mesmo perde a sua supremacia e tem o
"seu cur-so Lnver-t Ldo , Tgua.Imen te os intervalos har
?
..

u
,
?
monicos que compoem a substancia da alma encontram
se alterados? os círculos quebram-se e deformam=
See
,
.

A
interesse em conhecer as consequen -
.Ha
cias desse estado de alteraçaog e, que a alma tor=
? ?

na-sse mentirosa .e .Louca , quando


..
, encontrando em al
gum sujeito exterior uma identidade ou uma dife 9
rença? it-«,' li
r '!) ·rwv É?w BeJJ To1F co(Vl"OV
fÉYolfr; ? 1:oif &«-,ipou. rrtpcrú-?wõt'J)
1) denomina ao que é idêntico ou diferente
(lu.i. a
, ' '
,
com nomes contrarios à verdade , 'l07:E
, ,
,rxv,o;'
l}il.'ttp?Y rou
?'t'
<XÀ 8w Y
"J
1<..:?
o »» r=r
17:d..Y<Xn[a.
ope.u ?võtlt: .Qua?do1 el1m1.nac;;:,
1:êid
•.
das as causas de perturbaçao, e possivel restaba=
lecer=pe o regime normal das revoluções dos c!re_y
los-anÍmicos9 .a.alma.readquire a .capacidade- justa
de pensar e, .nestas condiçÕe.s normaã s, .. torna.a dar .

ao idêntico e ao diferente os seus nomes verdade,!


- 296 -

I £11 \
t:o
' .J ,

r cs , TO re l7o('C800'))
t «sec 7:'<:I..VZ-o'Y
I
I
«er J oevo y /J
.J

rrpo<r«-7ºfê-1í01frT<f..,l (44 b 7L, -

Observe-se? como detalhe importante9 que, nas duas


passagens.; quem dá os nomes .de Mesmo e de Outroji.§.
é9 quem profere esta- espécie de
to julgamentos, é
expressamente .dito serem as revoluções anÍmicasi e
por isso o verbo est? no plural, tendo por sujeito
? I
(X£ Tr8f'·fºf<X.l o

__ indica"õ'nos em que
.Esta .exposição.?--pois.,-
consiste .o .êrro.$.. qual. o mecarrí.smo de sua .pr-cduçào ,
e. algumas. de suas causas de fato? Uma perturbação . ..

, ;
N
do .. giro dos .ed.r cukos da alma faz com que. nao s e ja
o
-

mais .reconhecida a.identidade e a diferença que eA


tão .nas eoã.sas, .. Portanto, .a verdade .cons s te no ?
ã

xa to reconhecimento delas. e deve-se a regular .no ta


.
-, o:,
..

ção dês ses cir.culos .Assim, a. teoria .da proposi =- l> .

? ?
çào verdadeira., fo?mulada inicialmente .em termos de
..

uma. estrutura. lÓgico=me-tafis'ica do plano intel:!g!-"?


v.elí'- .rião. se 11m1 ta a valer par-a as realidades supe .

rí.or-es , .mas encontra .. 'Q.ma expressão análoga .na or<? .

t o
dem--f"1s1ca.o Tambem .aqui a verdade e .o erro se dao
.
.R
__ ff .. A ""

• A
.

em termos do reconhecimento de identidades e dife=


renças; a alma que .conhece realizaj-num e noutro
- ,
p 1 ano9 as suas .operaçoes por.eondiçoes analogaso
fW

Temos então9 mais uma vezj motivos de eo.n


siderar quão profunda é a intenção de Platão, de
conduzir tÔda a .sua .meditação para o.fim de· cons -
truir .uma .ci?ncia-.fÍsicac; .Na .sua teoria do eonne-
cimento do mundo natural9 como o Timeu nos refere,
- 297 -
A ,
vem .depositar-se todas .as aquisiçoes.dos dialogas
A N

""
anteriores; ha uma unanimidade.de vistas rar.ame,n
" .,.
te conseguida, a te nas expressoes verbais 1 entre
.

A -
todas as concepçoes anteriores e esta, que e? ago
ra estabelecidaº. Isto nos confirma na suposição
de que9 desde.muito1 .já estivesse f'ormado êste
pensamento e .que tÔda .a estrutura .dialética. do
mundo. das Idéias -tivesse .. sido cencebfda .como .de-
vendo9 -nm dia? ser aplicada ao mundo das coisas -

naturais?

, § 7A
¥ ? A f?1s i ea eomo 0? 0
c1enc1a d as.re la goes
-

Os corpos ?elesteso Os deuses ,

Contudo"J quando se trata de .conhecen um


? A
objeto f1.s1.co? nao e somente em. termos-. de -ident.1o'
j1 o i:>.t- .P
..

dade e .diferença que .a .a Lma. pronuncia os· seus ju:Í


..,
zos; . tambem pode apreender. o conjun'to de relaçoes
,I>
.

que .se nef'enem .a cada .ser natuxal e, .demaã s as. ...


,
= ·, I

açces que exercem ou sofrem$! quer. errtr e si.j. quEr::r


da-parte das.realidades inteligiveiso tste-com=
plemento informação? sÔbre.a.capaeidade cog?
.de

citiva. da ?lma1 é de suma importância para a teQ


ria fÍstcae
Platão enumera.as seguintes relações
que dizem respeito ao objeto imerso no.devenirg
1) 7f1JOG Õ,l Õ1rp ; 3) _õrrw, ; 4) btrá t:s ;
; 2)
é, e, I :, , I
<:I
r

5J rrpo? GKd..(f''COY s s ea c « e<.,'))_a,l J<O(.(. TT«_ <r?s,>';


6)
f
1'r
\
O? ·

Z'rx.
'
K ri...
'
't" oc '7:'rx
J \
trt: <X
JI
E/- O 1' 'lrJ..
.J
0< e t •
( 31 b) •
298 -
H - , /'
i
Tôdas estas relaçoes sao dados .de carater f1s eo?
A
que .a alma ·pode per ceber , A fisica, como cãenc í.a ,
,
.

constitui?se justamente. pela .sua-descobertaj e9 e.m


?
bora se encontrem no objeto em forma variavel_ e
, , A ,
transitoria? -e sobre o seu conh ec men o que se er= i t
gue a ciência danaturezao -Temos nestas indicaçôes
uma .diretriz e-um ind:Íoio.do-que deveria ser a rí.""'
sica9 para-Platão. -Indica-nos que o quadro da.fÍ-
A
í
s ca .
,
.
,
e mais .Lar'go que .o da. dialetieaj. pois nele se -

incluem ordens de relaçõesj como as espaço=tempor?


is j acima aporrtadas , que não. existem no domínio das
.

entidades invari?veiso A fÍsica constituir""'se9á 9


A
pois 9 como uma cã.encãa que absorve no seu__ plano a
influência de ordem inteligível (relação 6) e? a
mais?,- .contém. outras. categorias de questões .queThe
são própriasº Assim? tÔda -espécie de determinação
t
quantd ta Iva , a medida de .uma grandeza ou de- uma in
-

tensidade.? .supôe a relação .de comparação (relação-


.
1), a necessidade de definir si tuaçÕes no es paço ..Q
briga .a estabelecer relações -de distância e de ca-
.,. N
f># A -

racterizaçao de posiçoes- (relaçao 2); -da existen?


eia do objeto .e dos fenÔmenos.que.nêle. se passám1
só podemos ter explicação pelo conhecimento da can
? ?
sa de sua genesej -do mecanismo de sua- constituiçao
e das recíprocas em que se enconta-a com os d?
-ações- .

mais objetos (relações 3 e 5), a percepção da sao9.§.


sividade- do .acon tecer j· designando a . cada fato uma -

certa duração .e uma determinada situação-temporali


"".:·
forma uma outra categoria de relações, específica
- 299 -

da ordem natural9 o quando (relação 4)o


Com.razão observa H. Martin(?4? que.nas
ta lista.estão incluídas quase tÔdas as categori
as de Aristót?les(95)º Com estas indicaçÕesj t?
o • A
mos a visao de uma cieneia abrangendo.racional=
mente o universoj numa perspectiva tão.amplaj V,ã
riada .. eprofundai como até .. então -não .. se conhecãa,
,
_

""' ?
A-visao. .da .. fisica
.

.que .Platao?descortina9 -a parttr


do conhecimento das
cognoscitivas da al? funções
P A N .

ma, e a de. uma eiencia .. que investiga as .ne Laçoe s <>

de.cada.objeto e os.fenômenos-que nêle se passam;


" ál,
e .. a de uma cienc1a orientada. para a. deseoberta de
o .

A
dependencias eausais e.de proporcionalidades quan
ti tati va.s ó . Como sabemos .. que tÔda· es trutu.ra .rela
-

cãcnaã repousa9 enr ím, .em correlações matemáti =-


ó\ ,!' ?
cas9 .este?carater da.f1.s1ea de Platao revela<J em
fo ·

.
.

- "' "
estrita oposã çàe a .aristotelioaj uma. completa oon
·-

cordânoia com.os prina:Ípios .de u.ma.visão.moder:nst,


A alma cósmica j erdada pelo Demãur-go l.
. ,

envolve o universo-e representa um-princípio .de


forma .recebido pele, que antes.era .. informeo--A na.r,
rativa do Timeu pnossegue, .indieandoc;,no-s como a=
gora_deeorre da presença.da.alma a organização?
A ,
tual? A primeira eonsequencia e a criaçaq.de um
--

tempo como forma. da. duração para. o .unã verso .. con.§.


titUÍdo? Mas_ o.tempo eria=se juntamente.com .o
céu (38 b),,.isto é-?- quando aparecem.os corpos.pla
netários dotados .. ·de -revoluções .. periódicas-a- A er.!
,
-

111dA A
açao desses planetas e obra imediata do Dem 1 urgo,
- 300 -

que os possuir uma rotação derivada do c!reulo


faz í' ? A
da.iaâma em que .. cada qual .e eeloeadoj. eãr-cuãos es -
ses.que se originam de uma divisão do cí? ulterior
culo do Outr.oa -

Tendo feito os corpos de cada um dos se-


te.planêtas, o A?t{fiee os distribui nas sete Órbi
tas da revolução .. do.Outro'O Seguee;,,sei _entãoj .. a .. de_!
cri?io de .. uma. concepção. astronÔmi.ca9. que .. apresenta ..

A ,
particular. .interesse e .zem sido .objeto deU numerosos
,

. ..

N ?
estudos j .mas .. que nae nos pede ocupar , .Nao ha nela

. .

nenhum esclarecimento essencial à compreensão da


filosofia.da.f:Ísiea, representa .um grupo de.eonhe=
- A
cimentos positivos .de .er í.açae .original platonica. 9
..

ou .connen tes .. nos .meã.es .pitagÓrieoso. Platão .julga.


conveniente deserevê<?los .. aqui? pois 9 .com efeito j .. o . .

lugar e" adequado. 9 por .. se. tratar .de explicar .a. con§.
,
.

tit .
=
o
ua çae
A
rae-1.onal do universo,que
e
e.9. nos termo$ d a
n.a?rativa m!tica1. um resultado .da .. alma .cÓsmieae Os
co?eci.mentos--da .ciência astronômica posã tãva , as=
sim como .as fisiolÓgicas que se-
teorias tísicas e ..

rão. descritas .mad s tarde.? são co Loeados neste qua-


. .

droj. .em que. se .mí.s turam .mí, tos e saber. exaté. .. Tr.! 9

ta?se sempre de conjugar o dado positivo eom uma.in


terpretação teorica geral9 GU seja.9" .de .razer a-Ci=
..


6\, c;:o
o
encia que fornece explicaçoes concretas dos ceus ?
á.a terra e dos.sêres vivos, harmonizada e .explica=
da por uma .filosofia .da natureza; .apenas esta .Últ1
ma, pelas razões já referidas,-.não podendo.ser.nm.a
doutrina de caráter racional pure9 deve revesti?
- 301 -

A
da aparenc 1 a a 1 egoricao ,p .o
_ .

Os-corpos-celestes9 estrêlas e planêtas,


formam em. conjunto O-- oÚ'_prx.i/.o?,) &G?Jl 19i'>'oç
(39 e 10)$ Esta esp?cie celeste dos deuses deve
existir necessàriamente.no universo9 pois que su=
as Formas figuram .no Vivo-modêloo Para êsses-as=·
tr.os--divinizados é constituído um eonpo mais per=
feito e .mais belo1-mais brilhantej sendo por isso
feito .de .. fogo na .sua.maior par te, .de cmodo .a serem
as- coisas mais- .be Las, São circulares s .pa.r?--tereifi
a figura que se iguala a' do urrí.ver-so, .e possuem .

..
I
uma. íffºY'lJO-l?-. que .os-faz acompanhar .o -todooAs
ai. u
estrelas sao dotadas a.penas .de-dois -111oviment6s:
? A
uma rotaçao em .borno de um eixo9. que .. passa. pelo
:

seu centiro , e um movimento ºpar.a. a frentefB ? _£,ç


. ;)

To 1Tpó?B£Y , eausado .peâa revolução do c ír-cu-


lo I = ?
do-Mesmo e-que -e .a sua revoluçao-.diurna'<»' -- Nao
?

deixemos-de assinalar que há'.-ref.erência a cinco.


t' "
outros pos sãve í.s .movãnent.cs , .que de fato? porem?.
o . . . .
.

- ?-
nao .Lhes .sae .dadosç veremos.,em caj»,, tu.lo posterior, _
-

a signifieação-dêsses ..movãmenzos , ... - - -

A ? ?
Estrelas,? planetas.
'

e- a .Terra sao .conce-.


-

? ,
bidos -por.?Platao como deuses? forman d o a espee e i
dos deuses visíveis
e ger ados , .&ê?i. Of<X.7:WY ..
K o: ? r e» y 6 rw)) (40 d 5) º .Mas há tam-
bém deuses. de. outra espécie9· os -invis:Íveisj -que
só eventualmente se tornam. pe:rceb:Íveis
. .. •·tqUp.ndo a_§,

sim o desejam'' :o---.-São .os .deusas da tradição -gr·ega-9


dos quais se constitui a religi;o oficial e popu?
- 302 -

, Ã
lar? A respeito desta .especie .de ºdemonios" ( 4O d
.
.

6)9_Platão não se.interessa por criar-uma ciência9


como o.faz para eom os deuses vis!veiso Não chega A
a. compor o que seria a sua teologia9 como fe.z a sma
astronomia e a-sua fÍsieaC). Sem-dúvida? não deixa
de·
A
.mencãonan este genero d e·
.<I»
.
·
.
lº, ,
d eusesj a ias os. un = i
cos que o pÚblico .reconheceria .eomo - tais 1 porque
.
.. _9_

ao.?fa.zer .uma .. genealogia universal .. dos .deuses 9 .... não


de_sejaria. evidentemente .ãncor-ner na. acusação. de. i.m
,
pf.edade , O. caso .de.-Soerates .er a .aãnda .bem .r ecente,
_

" ,
Nao-ha
A
motivo para supo=lo tao superior.a condiçao
-? ? . '1'>

do - seu tempo que recusasse. a uma .aceitação pacÍ


_jse .. -

rf°ca .de .er-enças correntesr tanto.,mais quanto lhe-.,2


corre .dar aos .deuses. tradicionais .uma função·. digna
da-sua..categoria? fazendo-os juntamente .com.os deu
ses as traãs , colaboradores do Demãur'ge no trabalho
de
? A
cr íaçao dos .ser es .vãvos , ....
- , Contudo9.tem sido sempre assinalada.am?

neira.cautelosa ?e visivelmente irônica ?orno .evita


- I'
uma. do1scussao seria .do assuntoj-que. envolveria- o -

tratamento.de problema de.alta. complexidade1. como


a .. justificação .. do .politeísmo?. preferindo-deixar?se
levar pela tradição .derivada do-mais remoto passa=
.,
do , e e assim que. se descul.pa , .dã zendo. que. ?'-se .de-
ve erer9 segundo o uso geral19.nessas ºhistórias de
fam!lia" (96) dos- deuses ç mesmo .qne delas não haja
h
t , ,
d emons raçao rigorosa .nem provavel.$ Ha claramente
·

nesta passagemuma atitude?para. com a religião .of'!


eial7 que não é de crença<-97)9 mas de irônico res-
- 303 -

peito o
Obs er-vemos., pcr tanbo , que a geraçio dos
deuses9 expressamente declarada como sendo· obra
, ?
do Demiurgo, e -somente .a que se-refere-aos astro?
deuses9-justamente aquêles de que é.possível in-
ventar .uma constituição -e.funções que lhes permj,
A ?
tam -ser--fatores de urna ,explicaçao .do mundo; Quan
to-,aos 'deuses da-religiao eomum.l sao9
""' '- .,'
.. .. .eomo -diss£
IDOS9 .. apenas. incluidOSi mas não .é espeeifieada a. ..
.....
_

sua .ger-açao, sendo adotadas ?-sem _discussão as OP.i


niÕes conrerrtes , -Vemosi pois9 .que Platão-s6. -se
interessa pelos .deuses -as ta-os. que ê1e .. pr0prio.crf.
-
? ,
ou, porque sao os- uni cos .que pode fazer' ta.is eo?
- .
.

. ..

mo .o .exí.ge -a .sua ·fantasia fabuladora9 .pat-a. veic-ú


lar as:?í.déias. que .tem'..ein merrte.s.. Quanto acs-de .e:,_

ma í.s., .nio os ignora.9 nem os .elimina9- e1 talvez m


ra nao criar.um.problema .teologieo,
#,,I , ?
.nao lhes a9
'
t:ribui ·particularmente- nenhuma .runçae , mas os tr-ª I;:,

.
ta em .conjunto .com os deuaes vas tr-a Ls, Dai? em.di
arrte , .em tÔda a narrati va.9 quando. :fala dos .deu-
- -

t'
. tem .em vista natural ..=
.

ses? .e o faz de continuo,


·. .
. o
. .

,
mente os .deuses .de sua pnepm.a .rabní.eaçae., ?
agen» o

tes figurados de.ações inexistentes,. pelas quais


quer dar a entender a sua .eoncepção das eoisa.s«t

§ Sa A .criação das almas· :humanas.e


Relação.entre a alma cósmica e a
individual o
_ Aos deuses r?cém-criados dirige então o
Demiurgo--uma--oração--de .grande beleza poética e a-
tribui-lhes a,missão_de cooperar no.complemento.da
criaçãoº lf .que falta. ainda criar .as três , outr as eg
de .ser es vi vos 1 os que ha bºt
" A
1 am as aguas.,
pecies ' ,
o -

ar e a.terra. Particularmente quanto-a especie hu


o

mana.9 incluída entre -estes Últimos? os .deuses são


.incumbi.dos- .de -importante tarefa.
Compete.=-J.hes .uma
, ? -lhes -e,,
-

- do.homem.e so.nao
larga. parte-na.c:riaçao d,ã
do o direi to de criá-lo L"l.teiramente1 porque -há no
homem uma alma imortali que só o-De.mim-go, pessoa];
merrte , pode fabricar.. Com efeito, tudo .o que é o-
- -

bra .do Art:!?i-ce supremo é .imortal.i e para que as


-

espécies geradas-não?sejam-tÔdas iguais aos. deuses


, que
e,
A -I º
.estes-ultimos-sao 1.nemnbidos de
. .
,.. - " ,-
.c:r:ia=laso _Q

que faz a .superioridade especificidade do 1}.o=.e.a.

memj entre os vivos.terrestres, é que possui uma


alma.imortal; -O-Demiurgo-assim. o quis? e paraiss?
criou com .suas -P?Óprias mãos tantas a'lmasvquarrtos
serão .os .indivíduos que irão nascer' em todos os tem
A
pos , e. distribuiuc;,as pelas -estrelas, .. uma alma, em
cada astro9.como n-µm.Hcarro" .que a.transporta.-<> .
Os deuses apoderam-se dessas almas (69 .e)
.

e confeccionarão. .cor pos .mcr taãs; a. que .as ligarão o


- ,
M as? ao mesmo .tempo9 formarao .uma segunda especie
de almal de natureza mor?alj na qual terão sua se=
de paixões terríveis e inevitáveis? ÍEr. voe.
\ :) I
?(X.' T)( v« KCX lO( r
1T<X. B? N-,<X11)(.o,
ra colocada na cabeça e a mortal, para
A. alma imortal s?
ficar afas-
- 305 -
tada da outra, sera alojada no troncoº_ A
,
alma
mortalj aliás, será dividida em duas partes? uma
ocupando o torax e a segunda. o ventree
Como desejamos investigar as relações
entre a alma pessoal e a do todoi importac:onos
deixar de lado a massa de detalhes fabulosos não
diretamente relativos ao problema9 e fixar a. a-
tenção particularmente na alma humana -imortal. O
A
o
Dremaur go reserva-se esse -
trabalho, para que o pr?
duto tenha- natureza imorta.L> Be toma a , taça. em
-
_a, _

que.rtãnha misturado os-.elementos de. que compuse-


ra. a. .aãma .do .mundo., -lança-lhe os -restes .das subs .

tâneias de .que -formara. aquela,.primeira .aãma , mi§.


- . ,
tu.ra-os ''à.e certo medo , da mesma- maneira,_! 'f "t"e º-?
'I I
rro» faEY ? ,JI«. 'to,,1.) (1..V'C'OY,
a
e assim. compoe.eg,
__ ..

Ent1tetanto8'- esta mistura nao .vem .a .ser


Iii>
-
da alma? ..

d? .mesma qualidade- .que .a. prtmi tiva-; e, .. inferior em


grandeza e- f'alta.,..;lhe -a ·:tnvariab:j.lidade .que,joar.a.!>· : ··.<:
., e 98)
· -
.

cósmfea ? inferioridafül
1,
teriza a alma ,_

-- .• Esta
i
1
-

.,. '-
L

? em .relaça.o a alma perfeita,/ admite, mesmo


do s .
·

_r I \
graus, a·Ell''T'E-poc Krxl TelZ.o( • -Assim-,-- os -

processos e os ingrediente.s_ .da composição da al-


ma. humana imortal .são os· mesmos que os da alma do
todo; são ambas -eonstitµ:Ídas pela-ousit&, pela I?
A ,
dentidade e pela e sua substancia e
.

Alteridade1
dividida.igualmente-nos- c:!rculos do Mesmo e -
do
Outro7 que comportam a mesma harmonia, entre as
partes mat.emàticamente d!vididas j -
(43 d) que a §.
.,
xistente na alma eósmí.cav
- 306 -
·Na descrição das funções cognoscitivas,
por'isso? são elas apresentadas sem-distinção das
, ,
espécies de -alma? m?s visando ja o conhecimento P§.
.

la .aãma humana-e Esta? pela identidade de sua com-


posição, está incluida naquela descrição e deve ser
entendida como tendo-aquelas faeuldadesa. Sua infe
rioridade?deve-se não só a ser ela associada a um
corpo .maã s imperfeito. do .que o unãvensoj em que -Pr_!
dominam os .e Lementios .. mais pssados, mas ainda ao fa
to de que só.parcialmente lhe cabei. a direção do
, ,
corpo? .Com efeito9 há uma outra aspecie de alma-?.
perecível? que domina a estrutura cor-pér-ea , .e , por
mais .que os.deuses fabricadores tivess?m querido?
vitar a aproximação-das duas almas? separando?as
pelo '8istmo do .pescoçonÇ69e) ? sempre o .corrta to com
, , ?
a e spec í,e mortal e urna causa de. Lmper-f'e í.çao , .. As
diferenças -nos graus de- imper.feição podem refer-ir-
e::.

se-as diferenças entre as almas masculina e femi=


ni1'ae(99)
ó!,
-De todo essemito9 devemos conservar. a.!!
lusão .furidamentalg a identidade .de natureza-entre_
.,
a alma cósmí.ca e a de cada homem. Para levar ... ao
extremo a semelhança? assim oomo .a almà do mundo
foi dada ao mais perfeito dos corpos-sÓlidos9-a e?
fera? para fundir=se nêle e criar o cosmos visÍ vel9
assim também a alma humana foi alojada. pelos deu=
ses -em um corpo.de forma esfériea, a cabeçaj e ai
desenvolve
- as suas revoluções 9 'to 1:0Ú' '/TO(. ),IT()Ç

I ? •'
<r;-17?« (X1TO ))-,'-fo?<T<X).,l,e'YOl
7TEfL <tEféÇ sv,
- 307 -
Et> er i
p ri. I, e o e e Óê s o-W)J.,c:J.. t' >' ó'? era$ I 'To ir'C ()
Ô )}!"'Jl. :,.e(fd-À?'I €1T0Yo t,1-Pl.to).H>' (4li. d).
_
Se nao tem ambas.o mesmo grau de perfeiçaoj ist9
se deve a que.o univer?o.como todoj sendo únieo?
não sofre.comoção exteriori não tem desejos nem
paixões? .velhice ou -doença (33 aJ) enquanto a al
ma. do homem está: ass ee.í.ada a um cor-po que. se .. agi
ta,'?--se mrtr e , se choca :e,1 de todo .modoj se rela-
-
.

I
ciona oom outros corpos que.lhe cansam--distúrb:tê;;,
·1
?-
QS e de pre d açoes e
;;,, à#
A.s suas revoluçoes sao ?- como
- .. .

M
vímcs, frequentem?nte conturbadas pelas .sensaçêes
violentas e? justamente por isso, é de .supcr=ee .

que .a alma capaz de modif_icar=se e des:·equilibra.r,


se-sob o .influxo de c?usas materiais? não tem 0
mesmo grau de perfeiç.ão que ? qt:te vive em perma.-
nente tranquilidadec,, .

semelhança. e.? -
_ A
?
contudo tao completa que?
sendo iguais os ingredientes e .e .pr-oces soiger-a =
dor? tudo o.que de '1Jlla.se disse entende=se tam -
bém .de outra •... Tbda- a .psicologia humana e .. a aná-
lise das.,funçÕes intelectivas estão referidas no
que antes examinamos.,.
A questão que9 por.Último9 poderia ain
da. ser Levannada , era a de .saber que cor-r eãa 0·:_ -
ção real se estabelece .entre-as-almas indivtduais
e. alma .do todo. - Com razão indica. AoE? Taylor(?OO)
.

que.Platão.não pode ser considerado um panteísta


ou um emanan.tistao.
A alma humana não é uma emanação da a].
- 308 -

ma cósmica, pois nao é a alma do mundo, já compos-


A
.a

taj que cede uma parte de sua substancia para


formação das almas individuais; tàl seria a fabu-
lação necessária, se de fato Platão quisesse indi-
H , .

car a derivaçao de umas da outraº Ao inves disso,


a alegoria representa o Demiurgo como voltando de
' t
novo a taça em que mí.s turar'a os ingre d"a en esj 'f!d.,/\, Y.
• ,,
£1Tt. 'Z"DY 7Tetf1ree()" Kf«T'fetA (41 d 4)' para dar
inicio a nova e igual oper açáo , Com .Lss o , indi e a
que se trata de uma nova fabricação e que os resu].
tados desta são independentes da-primeira; isto é
confirmado' pela justa interpretação do que-poderia
parecer uma dificuldade: saber em que consistem
' t '1 - I
't"C( V.1'TOl\.()C..7rd... 'l"WY rreo.<r f)..EY r
' os estcsvde que
se fazem, pela nova mistura, as almas humanas , Mui,
.

, li. .fV
tos ·interpretes tem visto nesta expressao uma-c f'La ...

grahte contr_adiç_ão com o que- é di to numa passagem


_

-anterior ( 36 --"b 6), --ná: .qual está .escr to que o De"'!"


í
- - -

miurgo empnegou toda


I\
a A
substancia, composta da .mi,!
tura da cus.ia, do Mesmo e do Outrro ; na composição
da alma do mundo.-. Com9 então há restos?. Em nossa
opinião, não há contradição alguma, justamente .po,r
que os restos de que aqui se, trata não são os res-
tos da primeira mistura, não são os residues daJ2!:k'

.§.!!,- do Mesmo do Outro já destacados para a com=


e
posição da alma do mundo, mas novas .porções da-£1!?
.2.!!, do Mesmo e do Outro, que tinham ficado sem .s?
rem utilizadas na fabricação da alma cósmicaº Des,!
parece assim ·a contradição aparente (muito embora
- 309 -

não esteja de acÔrdo um critico como


li (lOl)> e confirma-se que a
alma humana
Fraccaro?
tem
uma origem idêntica à da alma do t odo mas
; Lnde-.
pendente delaº Uma e outra são geradas por atos
criadores distintosj a partir dos mesmos princi=
I' -
pios como materia; nao ha" descendencta
Ã

N
ou eman?
A
analogia- e-correspondencia&
o
çao9 e sim, apenas,.
A alma humana assim formada tem um a
personalidade moral e. um. destino pessoa l , -Platão,
em outras obras, tomou-por-temas- estas?aitas co-
gitações (J No Fedro.? no Fédon. e na .Re.pública j ? a
alma humana é considerada - em sua natureza. ética
? A
sua
,.
e. c onddçao e s ca bo Log Lca., e .es ses temas estao
'1t'4'

entre .o s mais belos ... e profundos da filosofia pla


-

"' -
tonica? -Estao-entre.tanto fora do terreno do no?
so estudo e não podemos , portanto, levantar .. os
problemas j alguns dos mais -difieeis ? que sur g.e.m .. .

quando-se .procura .estabelecer .. a .a de quaçâo da que=


las doutrinas mais antigas a essas- .que o. Tim eu
apr-eserrta, Mui tos autores ja o t"'em -fe1ºt o, e S'llI,
.
,,-
.

pr-eendem-cs e com dificuldades .de harmonizar os di


.

versos aspectos das concepções anteriores com e?


tas do diálogo científico$
Não levantaremos
o ãebate1 mas não po-
deremos deixar-de indicar quanto as .duas -ordens
t
de cogitações .. são .d í s trrtas, .Lembnemo-cio s que ,
no Timeu, a'alma.é .um artifício metafórico, para
veicular noções cientificas preeisas-sÔbre a na-
turezaº Assim, entre o que, no mundo f:Ísico, r.i
- 310 -

quer .uma.alma para te? uma razão de ser e para ser


conhecido, e o que , no mundo ético=religioso, s.e

diz dessa mesma alma, há a diferença que separa cbis


planos diferentes de investigação() Cremos que, se
levarmos na devida c?nsideração o aspecto puramen?
te mÍ ti.co das referência à a Lma , tanto do diálo g o
fÍ?ico como dos diálogos éticosj .a.maioriaj senão
a totalidade, das.contradições discutidas-aparece-
rão. como o que são realmente s apenas pseudo-pro =
blemase

CAPÍTULO IV
O CORPO DO MUN DO
,I
§ 1? - _Que-e.o corpo do mundo?-De ...

venir quantitativo e devenir quall


ta ti VO;,

mundo de que .a :rísiea .se ocupa .é


O um
composto de alma e de corpo? A racionalidade. que
a noção de alma. simboliza não nos é dada a conhe -
cer senão na observação dos fenômenos da .ordem.ma=
terial? nêste modo1 o mundo, como natureza ?eno?
,
na L, e o que Platão chama o corpo do--mundo .Tem a o-

p •
mataria, ou o que se poderia .hoje interpretar como
matéria, por base, mas é essencialmente a sua es?
trutura organizada que representa para Platão o
corpo do mundo?
Assim, desde o inicio, deve estabelecer-
- 311 -

se a diferença entre o corpo do mundo e a sim-


ples corporeidadeº Esta é um caráter mais gera?
associado à condição do ·receptáculo; é o funda=
mento da ·realidade que ocupa a extensão indefini
I
da da ?wprx e se encontra num estado mecânico i=
-
ner c La L, Não devemos chamá-lo de matéria,= têr=
..

mo-inexistente na cosmologia platônica? pelas


'

Imp.Lí.cacoes
. ""
a f
poder-âamos
.que -
'

ser levados; .. a ma- .


' /1

p , '

teria-, a rigor 1 so aparece quando .se estruturam


as quatro espécies elementares da na ture za , . Mas
estas. sãa9 como sabemos, precedidas .de uma cond.! ..

ção amorfa, não.constituida.em.forma,de elemen =


tosi a que.se pode cha?ar de.corporeidadee-
0 corpo .do mundo .constitui-se-? partir
desta corp.ore idade primordial, quando se geram
as. formas especificas .da matéria, .os elementos • -

Posteriormente procuraremos ver se ?- .poss Ive.l Jan


A ?
çar alguma .luz sobre.esta .fase tao.alta da.gera"?
AC

O.que precisamos .compreen d er


,P
çao das coisasº.
O

e
·o
que , para Platão., corpo do .mundo é a rea._lidade
f:ÍSicado universo atual;. nêle-se dão.simultâ .=
neamente a alma que o .configurou e a corporeida?
de .primitiva em .que.ise conr í gur ou, Na verdade , o
corpo do mundo é a natureza sensÍvelj com sua c,gn
A
plexa ordem de f'enomenos. O mito da alma. do mun
do} comoj a seguir, a exposição da fabricação dos
,
elementos, e um recurso para nos conduzir a inte
'
lecção do devenir fenomenalº
- 312 -

O corpo do mundo constitui?se por uma


limitação da corporeidade difusa anterior, efetua?
da pela Razão, que progressivamente penetra o domÍ=
nio do caos e o submete ao seu poderº Quando as=
sistimos, no Timeu, à justificação da existên eia
dos quatro elementos e ao processo de sua geraçãoj
nawe rdade é .a .r-ac í.ona Lí.dade do universo que nos
está sendo apr e sen tada A .. teoria do corpq .do mun=
..
- ..

do é9 poisi em Platão., um novo aspecto da .explica=


ç?o da ordem a tua.l., É um complemento da teoria dà
..

almaj propositalmen:te destacado em outra secção do


diálogo, a fim.de que sobressaissem as caracterís-
A.

ticas da .alma como fator organizador da ordem din?


miea e de agente do conhecimento& M?sj na.realid,2;
de, ambas as teorias, são complemen tanes., pois -Se
fundem.na teoria geral.da .Razão presente na naturj!
aa ,
eom efeitoj não.devemos··-perder-de .vã.s ba. que ,
para Platão, s6 há dois princípios supremos na .ex?
plicação da natureza: a Razão .. e. a .Irracionalidadeº
O irracional é dado-como uma condição. original de
Á A
IP
maxima
O

liberdade .mecanãca , e
,I'
dele so. podemos . - ter
um conheê:llilento. Lmpnecã so , _ .t do- lado .do outro. fa=
tor que está.a .possibilidade.da ciência; o conhe-
cimento acompanha a marcha invasora da Razão .sÔbre
o caos e tem.por. objeto descobrir as estruturasqu.e
a razao vai impondo, no seu gradativo predom1ni o
Á
sobre a Necessidadeº
.A fabricaçãoi separadamentej de uma alma
e de um corpo é um artificio didático, para deixar
COD
313 -

bem distiptos dois aspectos essenciais. da ordem


racionalg o devenir quantitativo· e o deve:nir
q?
litativoG Os
elementos em que ·se resolve a matá
ria dos corpos são essencialmente entidades qua=
litativas j e como tais j é que foram pensados pe= ..

los fisiólogos arrtez-Lot-as , São êles que . . .compÕ.em


a na trure za na .medida em que é possível reduzir
,

a fundamentos ul timos o complexo .. de qua Lf.dades.e-


({I

xi bidas. pelos cor pos , Asqim., send-o perfei.tamen=


te legitima uma visão.qualitativa da .naturezaj ·é
A
neles que se da .a possibilidade
tP
o o
ultima.de funda=
({I

= ?
ment a çao das qualidades. e .ne Les se resol.ve a exc:;>
= ? A A
plicaçao de.numerosissimos f"enomenos da experien
eia cor-nen te e São-portanto uma ,doação da Ra.z ão
e r-epre sen tam , .no seujrLano , uma ordem de expli=
= f =
caçao que a fisiea nao.pode abandon.aro
..

Como. o. devenf.r qualitativo é o que mais ..

imediatamente .nos é dado ·perceberj porque ma.ünr.i


vamente impressiona a. nossa.sensibilidade1 e ele ,f' A

o .. que mais. diretamente nos transmite a impressão


de um corpo do universo; é por ê1e que mais pro
A,
priamente temos a c onscã enc í.avde es tan .em run mt'.l!l
.. c

dó materiale Por .isso? Platão julga conveniente


constituir.a teori? aa·existência dos corpos ele
men tar-es , ou sej? realidade da .or'dem .qualita
da
tí.va, como parte dis.tinta .da teoria da alma, que
é essencialmente a. explicação.do devenir quanti;.. ..

tativo, formando ambos., em conjunto, a- teoria da


Ra-zão ª
- 314 -

§ 22 --
Precedência da-alma
A r A
sobre o corpoº Fases do ?ito cosmogonico

Embora distinta, a teoria do corpo do


,
mundo e evidentemente submetida à da alma cosmicaº
,P
' o

to que Platão nos. indicaj quando dizj no Timeu e


nas Leis j que a alma é mais antiga e- mais elevada.
em- dd.gnãdade, comen tánãos .fel tos .anterjg'
-Além. dos·

mente em relação-a esta noçãoj estamos agora em

condições.de qompreender um novo aspecto do senti-


do dessa precedénciaq Já referimos que a priorid?
t
de assinalada não tem sentido empor a.L, mas, caro é
geralmente .reconhecido, tem.o sentido .de uma prec§l
A
dencãa
.
A
ti'•
.Log Lcaj
A
. ti
oral es te. sen ºd o po d emos agora CQ!r!·
-

preende=lo .como-significando o envolvimento do q;ga.


.

litativo pelo quantitativo.,. .-S?mente .a alma tran;,'="


por.ta determinações numéricas e figurativas;-se .os.

elementos, como-fundamento d.a qualidade, consti?


se mediante configurações geométricas, .significa-?-
" ;
.,
so que , em ultima .ané l.í.se , e na a Lma isto ej. na
o

A
o

?
s ,P
-

ordem quanta tativaj. que .repousa toda fundamentaçao


da inteligibilidade da naturezaG
A
Deste modo , compreende=se perfei tamen be
.

A ?
a precedenc ía da alma em relaça.o ao ccr po , embora

N A
ia ogo a formaçao deste seja.represen
no. curso d o dº?l
tada em primeiro lugaro .só uma coisa precede log!
camente a alma: é o caos da corporeidade espacia?
informe e ilegalº Mas êste é apenas um determinan
te principal, que, juntamente com o forma ?"
- 315 -

as ca tegori&s. supremas do processo eosmogÔnie o º


?
Se quisessemos tentar uma sucessao logica
- ?
do mi=
to da gênese cÓsmicaj segundo Platãoj esta seria
distribuída nas seguintes fasesg inicialmente,
por uma duração indefinida pregressa, defrontar=
se=iam9. como princípios Últimos. e irredutiveis,a
A
Inte Lí.genc o
a
La e - o a bisr;.o .da eor.poreidade Lrr-acão-
.

nal ;- na segunda. fase,. a Inteligencia "


.
prepar.a9oom
o nome de a Lma., o sis tema de .determinações .ma te.=--.
-

ma,Pt a.cas
o
que po d em.
o
..
t
vir .a ter realizaçao f1si·cajqU[!l
..,,

do impostas ao caos corpóreo; ej na terceira fa


A A
se, ve=se este eaos submeter=se a almai
' receben=
do em si as r?lações quantitativasº
Nesta terceira ser í.a possível d?
fase,
er ever doã s momentos lÓgicos dist in tos, que Pãa-.
tão? de fato, distingueg aqu?le em que as mais
profundas e gerais determinações
quantitativ?s9
"
de ordem geométrieaj constituem os elementos pri
mordiaisj e aquêle(representante do estado fi:ool.
A
.

de todo o processo) em que ?sses elementosj de=


pois de gerados1 passam a desenvolver um devenir
f:Ísico regularo
.., A ,
.Portanto, a noçao de preeedencia e uma
ficção admiss·ivel em tun mi to que descreve um pr.Q
cesso 16gicoº Podemos dizer que o traço assen=
ciaJ. da filosofia cosmolÓgica do Timeu é o se=
guintei em tÔda a sua eoS#logonia1 o que Platão
faz é tirar o real do lÓgico e deduzir o atual
do imaginário.
- 316 -

o corpo do mundoj entãoj -só poàerià ter


sido gerado depois que a alma o tivesse s í.do, t· ·

= ,? .
.,?

a partir das determinaçoes nurnericas e geometri =


cas contidas na substância da alma ·que ficá·defigl
da a necessidade do nÚmero de elementos que ·devem, .
A .

existir? para que se estabeleça entré eles unia-Jl!P


porção? como também dela decrorre o processo mesmo
da geração de cada espécie qualitativa?· O princi
pio de máxima racionalidade'.1 que orienta a cosmo=
A ""' . . A·
genese de Platao9 o conduz a procurar em toda ma=
=
nifestaçao naturalj simplesmente perceptivel em
t .

têrmos qualitativos9 um fundamento de valor lÓgi-


coj que transponha para o plano de razão o fato
percebido e lhe permita aí. receber a solução mai?
A = I .

perfeitaº Ora? este plano de razao e o das puras


= ? ,? =
correlaçoes dialeticas? que so podem ter projeçao
física através de caracteres quantitativosº A cr:ia
ção da alma impÕe=se como o meio de transmissão do
racional ao mundo a ser construido;f este so os?
A ,fl'

"
ra na medida em que receber da alma os seus efei=
A
tos eonf'Lgur-ador e s , De tres modos pode dizer= s e
que o mundo se encontra na dependência lÓgica da
alma.i na determinação do nÚmero de elementos
1)
que devem vir a existir; 2) no modo de forI'.llação
,..
desses elementos; 3) no regime legal que rece =
bem constitui a natureza visívelº Para ês=
e que
A ? A ,fl'
ses tres efeitosj e da substancia logica quantifi
cada da alma que derivam os meios formais de que
se serve a Razão demiÚrgica, para construir um
..
317 -

mundo f:Ísieo regul?r. '- >:i

-
mito da formação material do mundo é
.O

o de um processo que tem o seu ponto de parti d a


no estado extremo oposto ao da racionalidade e
se.desenvolve como uma_ tomada de contato e uma
progressiva-extensão dessa comunicação entre a
corporeidade inicial e a almae Platão poderia
ter.- .descrito a teo_r.ia. fisica nestes lineamentos,
começando pela apresentação do caos; se não o
A R ; -
f'ez"j e .. porque considera que ha uma divisao mais
aita9.?que1a. que-aertne o Noüç, e a'AyJ..r,er; c,2
mo, princÍpios supnemos., - e porque a. es ta di visão
devia .. conformar-se a. exposição da teor í a, Como
decide de.ser.ever na primeira parte do diálogo a
..

? "" ,li
funçaoda Ra.zaoj. e obrigado a nao iniciar a a.na=
(/00
;> '

lise da estrutura do universo pelo estudo da co.n


-
diçao ·primordial do caos 9 mas, sim, a começar ja,
pelo pri?eiro contato entre ó corpóreo informe e·
a alma; é o momento em que é suposta recebida da
alma.a mais geral das suas determinaçõesj a que
- " ,
dispoe sobre o numero de elementos materiais que
devem vir a existirct Por êsse primeiro problema
é. abor dada a questão da geração materiql do cos-
" '
, ,p
mos , So na segunda parte do dialogo, quando ·

e
tratada a obra da Necessidadej teremos conheci -
mento do receptáculo e dos seus constituinte?p?
seguirá entã·o a descrição do processo de forma -
ção do mundo, agora com a explicação ma.origemãas
espécies elementares e, posteriormentej com- o e?
- 318 -

tudo dos principais fenomenes da na tur-eza ,


A
inerte
e vivaº Sofr? assim a descrição da geração do co?
""' A
po do mundo ruq.a pequena inversao ?a sua sequencia?
para eonformá=ila ao quadro mafs g?ral do diálogo 9
que tudo subordina à divisão entr? Razão e Neeessi
daâe.,

§ 3g = Da.-fÍsica qualitativa à quant í ta-


tiva?--'Qnidade.-do. Unive:rsoo A descrição-9;
em duas. partes9-da.teoria do corpo do
mundo ,

ccncapçao ·pla t onãca 9 es ta teoria do


(;;,; ,J<:.

Na
A
ccr pc mundo tem a mais .aã ta importancia repre=
.

de . g

senta 9 com efeito? a justificação da ordem renome=


I
.

.

A
nalo. A atitude objetiva? que e a natural-em- toda
investigação da natur.eza9 .diz=nos .que .estamos .cer9
cados de corpos diversamente .eont'Lgurados 9. manifec2
tando uns a eondição vital de espontaneidade moto=
ra9 e outros não? e .que .nesses corpos se dão tran.§,
formações e ações· reeÍ.procas que constatamos ao prj, .

meiro olharº Em conjunto? forma ?udo isto o plano


-

? .
= .

da experiencia? de que temos.percepçao imediata e


em que .a nossa capacid?de .cognoscttiv.a encontra as
suas .primeiras e.mais. fáceis possibilidades de. e=
xercÍcioj ao denominar os .seres.e fatos. e?-mais a=
puradamente? .na .verificação de .uma. constância en=
tre condições determinantes e resultados determin.ã
doso Há portanto9 já9 todo um domínio de exetc!-
- 319 -

cio da Razãoj na percepção dos aspectos qualita=


tivos formais9 .que precede-e independe do conhe=
cimento de determinações quantitativasº Já é
-C.Q
nhecida uma grande.cópia.de dados positivos rela
tivos aos fenômenos fÍsieos? antes de descobrir=
, ? ?
se que ha leis regendo esses fenomenos? semprese
soube que .há-uma relação-causal necessária.entre
a .pr e sença vde nuvens no -eeu
,p A
e o fenomeno eonsee.:g ..

ti?© .da chuva , .antes que -Se .<deseobrisse .. que. há.


.

certas condições. de temperatura. e de pressão .. at=


mosférieasj. exprimíveis por valores numéricos . .·<i

que se devem realizar para. se .pr.cduzí,» a -precipj,


,:;:,, ti>.
=
ba çào , -Deste modo, a-interpr.etaçao da .na.tur-eza .

pl,
em termos o ,::;
de .de scr-Lçao e.
¢"1

c.orrela.çao d os .da.uus-q? .,.:s,,,,.

litativos .ena a mais slmples--e?-historicàmentejfbi


a mais antiga forma de compreensão da f.Ísicao -

- Os .pr ímeãr-os .pensaâor-e s 9 antecessores


-
? ? "' -
de Pla:tào27 excetuando-se a escola pitagor.iea9nao
fizeram outra coisao- A escolha de um corpo de=
?
terminadoj como. entre os jc.micos? ou- .de um grupo
.

,
limitado de ccr pcs , eomo em Empedocles-9 .

.par a fun
.

damento da.constituição do.mundo? representa uma


""" ? ""'
so.Iuçao desse. tipo? que-nao se eleva· ac ma do p_1"ª i ·
·

no-qua.litati;vo().. O cor.po ou .o s .. corpos escolhidos


são -essencialmente- complexos irredutíveis de q?
Lí.dade s g' são considerados como eapaaes de gerar .

os fenômenos conhecidos s .muí te embora interwmham


condições.de quantidade para explicar comoj-. do
corpo ou dos corpos primordi?isj se passa aos d§.
- 320 -
A ,
mais .e aos seus
Justamentej o merito da .fenomenos.o-

revolução platônica reside em ter percebido que. a


,
visão qualitativa do universo.esta fundada na per=
eepção sensÍvel9 que é o seu critério final9 para
A A
definir a existencia e a vsr-dade , Ora j se a eã err-
eia há-de ser uma construção.màximamente racional?
êste .modo-de-fundá-la-é inconveniente9 pois se re.§.
.P

tringe a captar. poucos ' e .insuficientes-aspectos.l.,2


'. IA .

na sua expre.,§,
.

g í.eos , .Com efeitoi -O que o fenómeno


.

,. ,
_

Àr
sà.o qualitativa apresenta .de lógico-e pouca-coisa1

e .superfieialo .Se o espirito devesse exclusivameil


te dirigir=se pelas .vãaa dos. sentidos externos j pa ..

ra extrair da-natureza.os segredos.de sua.estrutu=


ra r.acionalj o que.viesse-a obter .seria quase .nada;
..

. , ,
e necessario.abandonar .a ordem imediata das sensa= ..
? ,
çoes e inves t_igar a na tur?za j pnocurando explica=
?-
? -
la em numer os-,,
figuras e .relaçoes.
que a qualidade é o relJà.
.:Pl?tão .descobre
tivo a-nós9 o-··eonhecido em .função do .conhecenbs , t
,. N ,
O- fatico da .apreensao imediata..? e. o .exã s tenc í.a Lt ao
. .

inves.j a quantidade .e, o independente. de nos , o .Lo-


, ,
. .

,
g í.co da intuiç_ão inteligível, o e ssene taã., <Sua .r.! - .

sica seráj portanto9 uma .ciéncia que se.construirá


A e ·>llil

sobre a-intuiçao de uma estrutura.logieo-.matemati-


, ,
ea, na justificação primordial das eoisas; por-essa
-

.., '- I
.natureza uma extensao do campo!!!;
.
o ·Ft>

visao descobre .na


cional incomparàvelmente màis.vasta-que a atingida
N
por v a empiricao Nao i, f
A
sera, contudo, uma ciencia
que se perde numa pura especulação logicizante,mas
...
321

pr ocur apelo contrário, pÔr=se constantemente em


,

contato com o plano da sensibilidade? para ser=


vir como luz explicativa do que se encontra nesse
plano o
Esta preocupação objetiva é que faz a
grandeza .dá_ :fisica de Platão; é ela, que o faz
não
se perder--no misticismo pi tagÓric.rn
9 mas f1.mdir 9
numa síntese .mais rica? a-intui?ão
de uma legali
dade quantitativa-com.a apreensão.da
fenomenali=
dade -empÍricao sua. doutrinaj unern=se --a fÍsi=
- .Na
, ,
ca tica de--Pi tagoras
matema e a teoria dos quatro
.

elementos de.Empedocles? Certamente-devera,


R

ter
reconhecido o mérito desta Última especulação.?
,
que e de fa to grande -e por 1.sso a
.

, Q

s: adotara 9 .sob .

- .

a condição de- tirar=lhe a pretensão de ser uma ez


plicação Última das .cor.saa,
Assim.? oor;npreende=se .pcr que tÔda
A.
sãca platoniea .se -expr,ime em-linguagem_
.
a fi
empedocli
anae .o mundo material tem .por limite? na- ordem
da ,explicaçãoempírica ·.corrente? a realidade dos
corpos elementaresj que são admitidos como ·e?s
;,,q
"'1·
sao da sua composiçaoo .
,P A
Vai=se alem deles.quando
se trata
de explicar .como.se dá a sua.própria -e=
A
xistencia e_ quando se - procura a explieaçaoN
- de CE'£
-

tos fenômenos? como os de mudança de


estado fÍsi
co? em que se processam transformaçoesS,t
= perdas e -

aquisições .que af'etam asvqua Lfdade s .associadas


.O?

aos elementos o-- lf então que se descobre. uma. ra.=


.
H
,
zao mais profunda na estrutura geometrica o
des.e-
- 322 -

N
lementos e qµe explica as .. suas tn-ansmutaçoes ,
A teoria dos quatro elementos temj por?
A ? A
tanto9 um relevo especial na f1s.ica platonicao A
sua. doutrina .do corpo do mundo des enr-o.La=se no sen
, ?
tido de justifica=la eomo interpretaçao va'lºd 1 a p?
ra a fundamentação do conhecimento da.naturezaº
I
Mais· tarde9 em outro .capitulo? desenvolveremos a
êste respeito cons âde raçêes , nas quais deixamos e.!
?osta uma hipótese explicativa que formulamos? em
vista-de.compreender o papel dos quatro elementos
na teoria .fÍsicao Julgamos que a teoria.do corpo
do mundo é formulada com base na intuição de que
sio estados físicos, s6lido, .l!quidot .gasoso e
.os

Ígn.eoj que constituem.o plano do fundamento? Com?


, ? ?
porem9 estes estados .poderao_ser simbolizados nos
quatro elementos empedoclianos9 Platão 0s .conser=
va .e .os trataj
em tudo? .como .se os .considerasse as
realidades Últimas da -matériaº
- Sem dÚvida1 Platão
.

"" A A ""
ere na existehcia desses elementos? mas -nao preci
sa defender -a-sua substancialidade exclusiva? po?
A , ?
que para ele o problema da .materia nao. tem a mes=
ma significação que tem para Empédoclese
Platão julga ter encontrado o meio de jt§
tificar a existência dos quatro- elementos-e Se in
tenta expliear .a sua.gênesej é porque? como na e?
plicação das demais coisas e fenômenos, que são o
real objetivo? .recorre ao mito eomo a .uma possibi
lidade de explicação causale Não.quer partir do
empiricoj cuja existência é· evidente e imediata?
- 323 -
porquei como dissemos acima, o empírico
? não-rev?
la? a uma percepçao necessariamente qualitativaj
'ii.

todo o-racional que nêle se contém$ .t


preciso
recorrer ao mito genético? para incluir
no dado
experimen?al o máximo de determinações lÓgicas
j
e isto é justamente .fazê-lo.depender
de uma es=
tr-utura 'quantitativa que é suposta
presidir a oi:
dem empÍricél..
Por outro lado1 .Platão trata os quatro
elementos como a. realidade da natureza ma.terialo-
Quando .procura fundamentar a diversidade .e
os C!;
racteres-.de cada elemento .em. uma razao.
,,.. ,
geometri=
? /
A
caí> nao .pretende transferir .para esse plano_tral'.\§,
elementar .o fundamento .da sua explicação.-fÍsicaj
mas deseja. apenas .repres·entar
adiwrsidade .. limita
R A
da .dos corpos .ultimosi para.eom eles poder conti
A
nuar -ª .fazer a ene í.a do mundo material o Lem=
.cã .

..
.
?
bremo=nos que a justificaçao. ,
do .numero dos ele --
mentos e a maneira da sua?geração fazem parte do
R
o A J' r
m? to logic o, a sua ex1stencia? pozem, e o pr.oprio
li'

dado considerado .como. original.e indiscutível


j
-que Platão desejaj vindo do alto9 atingir e fun=
damentaro
Não parece duvidoso. que a convicção da
,.
utilidade das-quatro formas unitarias, na cons= a

trução das ,explicações sÔbre a natureza tisica


1
se .deva largamente ao aparente sucesso dessa do?
o A
trina na compreensao dos fenomenos ·1 s10 1?
og cos f o
i
e nas correlativas aplicações práticas ao dom!-
... 324 -
, . ? ,
nio medico? tanto na interpretaçao patologicaj CO=
.

mo-na. de.cisã.o- terapêutica<>- -A teoria-q.e Empédocles


encontrara desde cedo9 e inclusive por obra do pró
prio um campo fecundo de aplic9-çÕes na medi
auto;r?
cinaíl originando um conjunto de idéia? com o cará=
ter de uma .interpretação .cient:Ífica? que íl per sis=
tindo--quase- até os nosacs -dã.as , .conba-ese entre .as -

que maior predomínio exerceram no.espírito hurnanoQ


(lOZ) A escola siciliana as sume , desde .o inÍeioíl
e
uma .superioridade inegável sÔbre qualquer.outrado,Y
trina médica_eíl sem dÚvida? até pelos seus conta=
- ,
tos pessoais? Elatao deve ter-?se-aonvencido do me=
rito dessa.interpretação dos fatosº Áparece=lhe
como a palavra ma.is avançada-da,ci;n@ia.? e adota=a
quando.pressente que-lhe é.possível justificá=la
= A
por .mna extensao da sua doutrina da predominancia.
o A o A
do-racional sobre o materia19 fazendo a existencia
M ,
mesma dos elementos depender de uma condã çao .gene-
.

..

toa.ca , -?or
n A ? A
este modo) a ad.missao da sua. genese ilu=
mina a doutrina- doo elementos .com uma .inteligibili=
dade9.que .a-simples.aceitação. por utilidade fenom?
nolÓgica não. pos sufa, . Inegàvelmentej. todos os de=
lo t , o
senvo vimen os psicologicos? patologicos, .terapeu.
A ,;?

ticos .e higiênicos da terceira parte do Timéu são


expostos como resultadosi em grande parte .já conh?
cidosj de uma doutrina que acaba de receber? nas
partes an?eriores da obral pela primeira .vez , a sra
confirmaçao mais completa l03)º Assim se explica
A ,
a presença destes assuntos no dialogo ( /'
fisico;e que
- 325 -
A -
eles sao o fruto imediato da teoria da natureza
anteriormente desenvolvidaº Platão não quis dei
? A
xar de apresenta-los? mostrando-deste modo que a
sua fÍsica não revogavaj antes incorporava? por
A ?
concordancia e justificaçao? o que era9 no tempo?
a mais adiantada ciência do funcionamento normal
e patolÓgico do ser-vivOo- _

O conceito de corpo do mundo represen=


ta a -natureza circunstanteo A noção de unidade
do universo leva Platão a estabelecer uma teoria
fÍsica válida para qualquer ?egião
-
do es paço, Ês
te traço, importante, porque distingue a tísica
platonica da -de Aristoteles, esteíl como-e, sabido?
úl>
A .ti'

dividia o universo em duas grandes regiÕesj -a.SJ;!


pra lunar e a sub lunar? de composição diferent?
onde reinam-regimes fÍsicos-distintos(l04)º Pla
tão-tem? mais que-qualquer outro pensador do seu
tempo9 a convicção-da unidade -do-todo côsmico9 e
; -
e esta noçao que j'Çl.stamente sintetiza na.cexpnes-,
'

são £2!:PO do mundo ,... Êste -é o conjunto fenomenal


que nos ?-dado perceber,--? a-realidade fÍsica na
sua totalidade o O que se .pas sa ao-alcance-da noc2,
A
sa experiencia terrestre e o que podemos conjec=
turar da realidade dos cel!ls.
e .. dos .as
-
,,
ós
? que o tr -

compÕemj tem id&ntica-ordem de realidade -e exige


""' ? ;
o-mesmo-tipo de explicaçao; nao-so porque-
A
este

.
,
corpo deve conter tudo aquilo que esta contidono
A .

modelo Vivo unã.co , a


, ?
vista .do qual foi ger adcçnas
-
la
tf' ...
tambem em razao de melhor eonservaçao? nada ha?
- 326 -

A A A
ve?do de fora que possa sobre ele agir e eorrompe?
loe
O fundamento Último da idéia de unidade
º· ?
i ,
teleologico
.
,
do universo repousa no princip o de lllâ,
xima perfeição possível9 conforme de fato é dito9•
&.I Cl ') l I
lY<X.. 0./\0Y or, µou\l<T,d..
Cl '· ')P
":>wo>J
' ?EÀfoY
.J

EK Tê-
À w J)i're w y ?£ ew-v Et?') I n-eo,' -J} TOUTOLf, -'{.,;
(32 d)e o mundo é., a.ssimj um vivo perfeito9 com-
posto de--pa.rtes perfeitas ej além dãs to , é único.
Observemos .aquÍ a.definição da unicidade em aorre?
o e , t ""
t
pon dAeneia e ime d"1a amen e.apos.a concepçao d a com-
posição perfeitae Explica-se isto admitindo que9
sendo .a .aâma uma alegoria
com que .Platão procura.f,ã
zer presente na.na.tureza a participàção da. Razão9
? , ..,. , o de racio=
nao e dado .conceber senao a forma maxima
na'Lãdade, não tem sentido conceber uma segunda a.J..
e
ma , .menos .raeional que a perfeita., para animar um
segundo uni verse , Assim1 pod s , da noção de uma. al ..

, "
ma que·d eve ser un1ea$ para po d er.ser a mas rac12 i o

nalizadora$ segue-se a de um Único corpoj a ela a?


sociadoe
A denominação dada ao todo mat?
de corpo
rial do mundo.provém? evidentemente9 da analogia
fundamental com o.ser vivo. Esta analogia.tem sua
..
r azao de ser .na espontaneidade 'do movãmentro, No. ser
vãvo., a. capacidade de .tirar
de si mesmo os seus .. m.Q
vimentos é a característica mais .salientej .. aquela
justamente pela. qual .se. distingue dos inertes.; pa- .

ra propositalmente definir quei também no conjunto


- 327 -
da-realidade f:Ísiea, o movimento não tem causa,
, , ' ,
mas e uma propriedade original da materia,-e que
foi escolhida a imagem do Animal vivoj como a
mais adequada a representar aquela intuição fun?
damental.
A
,

H
A-importaI1cia desta aoncepçao do corpo
do
A
mundo é gr ande ; porque mostra que a fÍsiaa
,.. " , '
toniea nao e unicamente .uma.teoria abstrata. que
.
·,
?
define um caráter ma.temático ms e?Sà.S? ?suma VS!.
A A , ,e i\ ·A
da.dein.? dench aos-ten4ín? ar g&m.eos.--se inergani.e?,-s.
, . _

..

? N
A ordem das aparencias tem a sua situaçao reco=
N I
nhec í.da , e de La nae e feita .. abs tr açao, .l!i? esta .:g
?"-

ma diretiva emJ:,irista. da .e1·ência. platônica, .Ls to


é9 o reconhecimento de que a eiên.eia se constitui.,
em Última análise9 .. para nos fazer en tender .como e
por.que as coisas nos aparecem da forma como as
vemos.
O mundo de Platão é.o mundo da r?alida
de j_mediatamente. percebida; apenas, esta realid,!!
de. não .pode encontrar a sua justificação nac í,o =
A ,
na I final nos .t ermos. qualitativos .emique cncs ..e éJ!!
da, na sua maior extensão. SÓ.por isto -se torna
imperiosa a ascenção a um -plano superior de rea-
""
lidades esseneiaisj capazes de.satisfazer a an"'"
sãa de explicação .r-acd ona l , não preendtlda pe Lcs
.

dados qua1i ta ti vos. Mas que, sempre e em. todo .o


tempo.? o .mundo a que Pla:tão
se .refere s e o seu . .

verdadeiro €, único- objetivo,. seja êste que nos


cerca, tal? como o percebemos, disto não pode ha?
- 328 -

ver dÚvidaC).
Os conhecimentos relativos à composição
e estrutura material do universo são descritos nas
duas partes diferentes do diálogoíl como obra da Ra
zão? -OU no· dom:Ínio da Necessida?eº Examinando=se
o que contém- uma e outra par te , compneendevae o 11!2
= A ?
tivo da-separaçao? Como obra.da Inteligencia? e
.

revelado.o por.quê da existência dos .princípios mA


' .

teriais elementares? .na. parte relativa.a Necessi=


'
, descrito como
dade , e
?
o da sua ger-açao , -Par-a o
primeiro caso , tudo deriva da Razãoíl e.9 como- se
trata da mais geral.das afirmações.sóbre.o unive?
, , ?
so., .isto .e , da propoaí.çàc que enuncia .o .numer-o
.

e
- .,.
a natureza.do.que .o compoeíJ e-evidentemente numa
determinação imediata. da Razão .que ... deve ter a sua
completa justificaçioo Todo?os aspectos .. de .or=.
dem fÍsi?a9 que têm .. um caráter. de alta -genera.lida
A
de e podem ser entendidos sem.referencia obrigato,
.

ria .à mobilidade.primordial do.corpÓreo9 sâo.apr?


sentados .na descrição das .obnas diretas do Nous ;-
- .

desde que 9 .porémjse trate. da constituição Íntima


.

de .cada.elemento ou das ações que exercem-uns sÔ=


bre os outrosj .há que.citar a.participação da A<?
nanke??oferecendo a corpore.idade bruta do caos ao
influxo da Razão-organizadora? .

Assim se compreende que a teoria da al=


ma seja descri ta integralmente como obra .da .Razão9
e .que a do .ccr po , se .. apresente dividida entre .os
dois fatÔres cosmogÔnicoso Na construção ·do mite

. - . ... ... - .. ?
. ._.. ' .. ·- , ... - . ,.,.. ,. ,. ... . - . -. ? ·- . - "' -
- 329 -
,
genetico? ha que levar em conta que a realidade
,
fis1ca9 em sua .totalidade9 .é màximamente racioma.?
mas não totalmente? pelas razões já expostas; há
como que uma gradação de racionalidade?·de modo
que haveria uma. zona alta?. da qual poder=se=ia di
zer que representa .tão completament? a .persuasão
da ..Ra.zão.21- que. os .seus aspectos podem .explicar=se
.

- ' ?
por .. uma ineorporaçao
?
total da .intençao :ra.cional4.
-

?
zadora? praticament? sem obstaculos opostos pela
-
Necessidade-o. Sao estes os.àaàos de grande .gene= ..
,f.).

ralidade9 envolvendo de tal.modo.a mobilidade n.!,


p ""' .., A
cessaria que .ela nao se .torna manif?sta?. Sao-es .

t?s justamente?
9 os aspec tos que podem ser des=-
cri tos como obra.imediata.da.Razão; pois9 na .ve.r,
dad e , conseguindo o principio intelig:Íve11 .nes ?
tes eaaos., uma .r.ealização completa dos. seus de =
.
-

signios não há.-referir o fator opos to , que- .. foi


z1-

inteiramente .absor-ví.do., :A? medãda , .por em,


?
.que de.§ .

A ?
cemos em generalidade.e .nos aproximamos .dos fen,.2
menos 11a sua singularidade$) .é.indispensável.a ri!!
a con t riLbn. 1 çao. raciona 1 isso e,
A
ferencia o
_
',:, '&;:I
. o
,11 e .. por. o

deixado o .tratamento. das .questões desta esp;ci? ..


A
para .a parte que estuda a influencia
o
d a causa no!!,
?
cessàriao

§ 4Q = Os efeitos produzidos pela Razio


'

!11

N
Esta exp'ILeaçao ,
, se e exa ta , permite =
.

··- -

110s anali?a:r trecho do Timeu, onde é definida a


.@
.

. :· ..
,.?,
- 330 c:a

eonstruçã·o do corpo do- universo pelo PE ó, (31 b


= 34 b) .e nêle .descebr fr quais os efeitos que P.Q
·I)
·

dem considerar-?se. como um triunfo completo da InQ·


... -

teligência sÔbre o ?a.osc, Sãoi como dissemos9 os


de
,
ca.ra.ter-mais.gera.19
.

Encontramos.na re:fer 1 da
passagem -os ..--seguintes?---que. podemos. -isolar e enum_! -

?!ar:?i ?-1) .existência .. singula·r; a) composição? .Ls to .

-é,. númeno e. natureza.. das pa.r.tes constituintes; 3) .

forma,-4) integrid?de; 5) independência; 6) movi=


mento eircular?-
• ? #
Sá.o estes os efeitos que a Razào operou,
.
\ .
' .) /
para dar ao mundo nascd tur-e,.. ·,o)) 1ro,t Eô()µsvo'JI
t9E Ó>'- , a sua conformação mais geralo são e,=
- . .

feitos plenos da Bazão , no sentido de que estas de·


?-
-

.. .,
terminaçoes legicas mais gerais encontram.. total I!i
alização. Assimj é.uma.disposição de pura racio-
nalidade, ,
.come ja .veremos? .que . deva -haver qua tro1.
-
..

? A
e. so .quatr-09- e.lamentos .e _que estes .. sejam .. ou taisj
que .e f'orma .. do universo seja. esférica; ora..1. essas
{
determinações foram integralmente cumpridas?. Já
= I ? .

na.oh? poremi à mesma racionalidade.qua,ndo se trj!


ta .de determinações .menos gerais; as sãm é que, por
exemplo.?. o. fogo. ou a água 9 que efeti vamenbe se .r.§.
alizaram9 jaI nae , plena-
.
? •
sao mais . o .Fogo ou a s.gua
.

mente racionais, que -estão. somente no .Mod;lo.j po.r,


que os.que no mundo .se concretizam .necessitam .do
fundamento .da . corporeidade neeessária., e essa co,n
trib?ição impbem-lhes uma degradaçãG de racionali
dadeo

•••••1" • -?- .. • ·---?-- • __. .... ·- .. - """''" .,,,01-:.., --- ••• .;;;;; ...... h ......... , -_
.. •• - .....
? 331 -

Observemos--,?e, na-compreensão de todos


êsses aspectos, justamenteLporqutL são .urr1-resulta=
do da racionalidadej Platão se esforça por-fazer=
nos participantes da Razão executora1 dando=nos a
conhecer-os motivos que.determinam o aparecimento
de cada .um, ]:>or estarmos no .. plano da mais .al:tii
teligibilidade
.

., ' -
e que ex:plicar. uma -cleterminaçao
' ?
, .. a?
or.d em ..d a
..
__.. t·""
enc :t·a ,
e justifica-la.e
.

t:::.A.1.S ..
..
.
Pas semos bri
ve revista .. aos ·.efeitos acima enumer-ados ,
l) ?x1st;ne1a singular - A existência
do.mundo como corpo s1ngula.r7
'
.
com exclusao de ou'?
tro da mesma es})ée1e, é a primeira e maãs .geral-:t:!,
? ?
alizaçao da Razao. Ja., em ?
cap1tulo anterior. disc]!
times este assunto? e .. ainda hã, pouco ref er.imos a
?
.

un1c1 d a d e como cara?t er necessar·o


o o

? A
"
?
4'
d-o que e o mais i .,

perfeito-dos seres.o .t!i uma determinaçao da Razào


?
,-

de euJa justifieaçâo temos - pleno cenheeãmenro., - .e


, de fato um. corpo uní.ee
- .
-

universo e. , .

, .e esta a.firma.=
. .

ção tem.j no pensamento de Platãoj uma-.amplitude


..

mais larga do que o poderia .fazer .crer.a sua sig=


? 4
nifieaçao A
literal,. Ha uma riqueza de.consequencj
A
as que certamente explicam a insistência do pensA
.

menno , t que o earáter de unãe í.dade .r esume -e. li=


_

ga .entre .si.outros-aspectos decisivos da cosmolo<?


gia?. Uma-£Ísica que .interpreta o universo como o
Í A
dom nio.de -um devenir mecanieo submetido-a? lei1 e
portanto menos geral9 logicamente, que outro est?
? A
do que .o precede,- deve necessariamente .concebe?lo
, ,
,I'
como unico na sua especie9 pois esta reduçao lofG.
N
i
C2
332 -
ea somenie.pode processar-se numa direção e só p?
de dar Ull1· único resultadoj o existente .de fato? É
isto o que supomos estar no fundo do argumento de
, (;,I 4' -
maxima perfeiçao? com que e apresentado este mes=
&;b

me pensamentio , Não cabem nos .dãver sos mundos , S];


t t' "
s s dºf
61,

pos os possavea 1 er-en +,A!S regimes mecana.cos :r?


o o
.

gula:resi .pof,s dêles deveria neces sar-Lamen te ser


um
o mais perfeito; é. claro que uma f'ilosofia..j que
faz dêste principio .axiolÓgico Uiiia determinação
-
cardinal para .a ordem da naturezaj nao pode de:J..Xaf'
v ?
de estabelecer que so este deveria ter sido reali
zadoo
A demais 9 a singularidade é uma eondi""'
?
.

çao preliminar para a posse dos restantes caraot?


res _geraiso_ Assim? a admissão de uma forma1 qual
quer que seja? está condicionada. pela unf.cãdade ].
"
º
para possuir r orma9 o corpo do mundo? que .e supo§.
to proceder de um e?tado de corporeidade errante.
?m tÔdas as direções e identificada com o prÓpr.io
espaço? deve abranger dentro de tÔda a rea..lid=9; si
de precedente e possuir um únieo contÔrno limita,n
te? de11e9 po.í.s , ser singular e- Corn efeito? se SU=
,
pusessemas existirem do í.s, deveria haver 9 a sepa-
,
ra=los ? partes daquele ,
mesmo receptaeulo em que se
teriam ambos gerado, e assim a noção de forma uni
versal como .t;otalidade_de limite não se teria re,2;
lizado .em nenhum.d!lae;,0 D·a .mesma sor ,®.i pa.r a ser t
"t v "?
id ,
i.n egro e n e.pendente? e_ preciso. -ser. um so.o
·
.
. ....

, .. Me§.
1:110 para ter uma composição de elementos definidos
' .
. ---- - - --- - - -

....
333 -
em numero e qualidadej a unicidade e" condiçao
"'
...
i?=
posta; de fato, se se admite uma determinação
ge.,.Q
métricaj qua conduz à formação de elementosje que
A
estes sao dotados de afinidade para se reunir em
""'

aos elementos da mesma espécie, é necessário que


A
esse processo seja concebido como se passando de?
tro de um Único universoº Outras implicações de
natureza. ética podem vir somar-se a estas, corro?
borando o princípio da singularidade do cosmos vi
vo.
P9demos aji.mtar aindaj para o mesmo fi?
esta outra razãog a visão da natureza como um
""' A p
processo linear -obriga.Plata.o a ve=la como tmica;
nem .a multiplieidade--dos .mundo s .ãnumer-áve í.s de De
móerito ou de Anaximandro9 .nem a_existência cicli
caj os c í.Ian.ta entre a o?ganizaçâo e a déstruiçãoj
-

p - p
como em Empedocles? sao aeeitaveis, porque se O=
pÕem ao seu objetivo de descobrir e compreender .a
regularidade da ordem .fÍsieao Se a natureza de= .

flui .como um rio


eterno, .d eve correr dentro de .um
sÓ-leito,
,
isto é, deve ser a natureza de um mundo
o
U!l1COo
2)
Compo-s-ição inteligÍvel- - A se guír,
trata-se de estudar a composição do eosmo?j quer
dizerj der"inir quantas e qua.is são as espécies de
corpos que entram na sua cons.ti tuiçãoe- Temos ne.2,
? A
tas.paginas um belo. exemplo do racionalismo plato
nico e da atitude.de .quem sente que a.razão hwna ...

.JP 90 R
na e afim da Razao divina e se faz interprete da
... 334 =

obra dem!Úrgiea? A nossa racionalidade deve ser


congênere da que construiu a natureza? para a po=
dermes reconhecer nos seus resultadosº Os motivos

que aceitamos e as causas que reconhecemosj devem


ser os .me smos que inspiraram o divino fabricador e
= ? ?
A :razao9 que e unaj esta presente .nas co.isas$) eomo
critério de eons t ruçâo., como causa de sua existên=
eia e lei do. seu compor tamen'to , ej em nós , como erj.
tério de reconstrução, na A·medida em que somos cap?
,Iii

,?ieS de.re-presenta=las e sobre elas fundar o siste=


A o
ma da c í.ene í.a.,
O apriorismo da justificaçao platon 1 o a.
"" A

não revela nenhum-traço .de.artificialismo9 mas re=


sulta desta.convicção profunda de que.tÔda-indagá=
ção causal Última supõe? para sua simples possibi-
Lí.dade , a identidade da Ra.zão operadora .e da inqu1
ridoraº é.possível perguntar pelo porquê Últi=

mo de alguma coisa-que deriva imediatamente da ln=
timidade da Razão construtora? se se imagina.que a
intelig:encia indagante tem acesso a essa intimida=
db

de inteligivel? a fim de a.poderar=se da-resposta.e


reconhecê=la? Num sistema em que a natureza.é-con
cebida.como um.artefato do Intelecto? se a nossa?
? ? À
zao nao .:participa das e:x:igencias da Razão universal
e não. tem as mesmas condições de sa.tisf'açãoijamais
chegaremos a compreendê-la; .e j Lnver-sameribe., se
, A
n.os e d ado compreende=la # f
j sera licri to então reoo ?
·

nhecer como motivo-e causa, na ordem empírica, .o


,
que a nos ·parece ser tal 9 pois não poderiam ter s,!
CD
335 -

A
do diferentes destes os motivos que levaram o Ar=
tÍfice a fazê?la como nos aparece? testa a ati=
tude que explica o apriorismo da teoria dos ele -
mentosº Em outro capítulo procuraremos penetrar
a análise do pensamento a priori., que teria leva=
do Platão a dar -ª essa teoria a forma particular
encontrada no seu sistemaº .Esta atitude implicag
a) o reconhecimento do dado emp{r?co; b). a le=
, gi:tirnidade da Lndagaçào da causa Últimaj--de um d?
do concreto existente, para efeito
da representa=
ção lÓgica dêsse dado em um esquema cientÍfico9e)
a possibilidade de uma. resposta, pela identidade
de condições .de .aa tisf"ação. para a Razão uni ve.rsal
e
º
para a 1.nte-lºa.gencz.a
A º
_,flumanadl

. .
t necessário
.

I
que o que foi gerado :rôsse
material.j Q"flJft.;«'t:oe,d',r 9 (31--b? 5)j_ isto é? -- que
tivesse natureza .físicaº É .esta de fato.a. exi-q
gência básica para a realização de .um mundo._. que
se distingu.isse -da ordem dos inteligíveis .incorpÓ
r eos e se constituísse com os materiais informes
preexistentesº Cuidadosamente .temos notado .a di?
- , A
tinçao ent?e material e corporeo ao longo de toda
esta análise; sem.dÚvidaj é uma simples distin =
ção verbal9-mas é o meio de conservar dois concei
tos distintos? cuja.separação é indispen?ável pa=
ra a boa compreensão do mito eosmogÔnicoº Area=
lidada fisica atual é concebida como gerada de um
estado anterior que1 só por .não -possuir ainda es?
pécies de cor-pos. .di.stintament.e definidos nem leis
- 336 -

mecânicas regularesj se distingue do presenteº Mas


a continuidade-fundamental da sua
realidade com a
do deve=
atual e sua incorporação integral à ordem
nir éj justamente, o pensamento que o mito
se es=
força-per sugeriro- Oraj.no estado atual, a natur.!à
za encontra-se regularmente constituída por quatro
espécies de elementos, mas êstes devem estar emuma
continuidade de fundo com -ª· condição r.!sica prece»
dente o li:. -O- .eoneaã to des ta continuidade .que .desejá
.

mos fortemente acen.tuaro- O Demiurgo .utiliza o já


-
..

, para
existentej mas .amorfo, ataxico e irracionalj -

impo?-lhe determinações racionais e convertê-lo em


A N
substancias para a construçao do mun.doo
o

continuidad?
Importa'!"nosj assimj .fixar a
mas ao mesmo tempo? bem distinguir.as duas fasee do
processo. imaginárioº Como no sentido corrente (e
assim o rêz a filosofia natural depois de Aristót?
Le s ) costumamos chamar de matéria ao cons tuin te ti
da realidade fisiea
do- uní.ver so , .podemos , por cone;,
- reservar o nome de materia ,
ao que forma .a
vençao.,
composição do mundo atual, suposto. já_ eonr í.gurado-
Para a realidade anteriorj pela mesma convenção.,r?
servaremos o nome de corporeidade; por ê1e, dese"'!'

jamos designar a condição mais geral de que se ori


gina a natureza dos cor pos a pressuposta mat:rizj?
,

definida em todos os sentidos, exceto no de ser n?


la que os corpos encontram .o fundamento para a sua
realidade materialº i
sabido que Platão.não empr,2
ga nune? palavra que se possa traduzir por nm.até-
...
337 -
rian; aoscorpos elementares chama-os sim
qua1:,;o
plesmente de ITW)l-?T<Xº Isto porque, para Platão,
,
nada ha que corresponda realmente ao nosso concei
to de matériaº Para ?le, o prineÍpio de existên-
cia fisica já_ se dá, desde o início, como pensado
na diversidade de suas quatro espécies, para re=
presentar uma comunidade entre êles, não há ne?
nhum-conceito que se possa tomar-como-tendo senti
do. fisicoo- Não pode-ser tal a corporeidade -de .

A
que- todos procedem, porque- justamente- este estado
é imaginado· como.desprovido de-tÔda inteligibili?
{
dade. fisicaº
-
Igualmente, nao pode ser o fat-o_ de
serem todos formados de triângulos,-porque?em pr:i
, -
meiro .Lugar, e .as ta uma determinaçao somente-for=
'
mal, e? além dissp,-há duas espécies.irredutíveis
A
de triangulos cons ti tu ti vos , -- De modo que, para
Platão,.não existe, com sentido fisico atuall na=
da que constitua um fundo comumç que pudessem es
,
chamar deHmatéria", entre os. e Lemerrtos , Os quatro
"" A r
corpos sao , por ban to, os .t er-mos ul tãmos
,#'
o

A '
, e e a sua .

existeneia precisa ser estudada; .tudo preci=


.que
sa .ser entendido, desde o motivo.de serem justa -
.,
mente quatro, ate a razao das qualidades que pos?
suemo
Sendo dada a cend í.çâc.ide .exí.s t í.r- ma te..-,
rialmente, as-exí.genc í.as da nossa apr eensao sensj,f
A

vel devem c?prir-se, para.podermos ter conheci--


menta dessa .existênciaº Assim, o mundo mate ria 1
deverá realizar na sua estrutura os meios que lhe
Oraj o
permitam ser objeto da nossa Sensibilidadeºf
; , ?
carater de materialidade e para nos o que e propr.io
do visÍirel e tangi,uü? essas condições devem, po í.s, ?
necessàriamente realizar=seQ A existencia da luz
?
-?·
, ?

e da soliqez.sao portanto indispensaveis


num 1.:1:ni ? .

verso material-o.. Não· se .eonhe ce out ra forma de con -

ceber. a existência da luz senão domo .um re sul ta d o .

"'
do fogo, nem-a solidez pode estar senao nas.s?bs?
.,.;

e í.as te:r:rosas. Dês te mede , começa o Demiurgo a e?


trução do cor-po do mundo, _fazendo-o.-de f'ogo e de
terraº São.êstes1.. r.igorasamente, os dois Únicos.
elementos cuja exist;ncia ? exi?ida por raz;es de
ordem empÍriéao- ?

O .dois obedece .a
aparecimento de. outros
A A P
outro tipo de exigencia, a.exigencia de ordem log!
ca, e-A andºr.ea que e mesmo um I ntelecto O pai e., -Cr !,,
?
·
.,,
.

i
der deste mundo, .e .. tudo eonforma .. a.o seu .er í,, terio
.. de
t'. A
harmonãa 1ntelig1 ve L, Nao poderia haver so .esbes
o
ç,. 0

"'
dois e Lemerrtos , embora .s e. estes sejam requeridos.-:m
,P .

A A
ra possi?ilitar a.experieneia, porque sobre a. con?
'Í,..

dição empírica., e domãnando-a , pairam .. os . ?direitos.


da. ardem légica, que. devem ser.satisfeit.os$.A idéia
central.da.cosmologia é a-de.que? criação.do.mun-
do é .essene;;ialmente.tm1a .eomposiçã?,· _é isso que ez
prime o verbo sempre usado.para.definÍ-lara,t?rr-"' o

,Q trabalho inicial eonsistiu em neompor"j


A J ' '
em "por juntos" o foga e a terra, e« 1TVeo? J<«l
ri> To 'l:9oÜ 1T«'Y?o5 «ef- Ó).C..SYOS'?VYlU-'Cd-Y«L
?
awu:«
?
o /)'Bog I
E1roLE.L
,
(31 b , 8)c, Esta ecmpo-
-
-- --- -·
= 339 -
sição não passaria, porém1 de urn estado de justa-
posiçio e nio se realizaria uma verdadeira 1mião,
p
se não houvesse um liame que os reunisse num so
,
todoº Raj pois, necessidade de um elo entre os
dois primeiros elementosº Êste elo será descobe?
to, se conhecermos o princípio que confere a máxi
ma perf'eição,- >< ? ÀÀ L("''t'oç, a .uma reunião de três
têrmosº o .cr t tér í.o de.·máxima rae í.ona Lí.da-,
.Assim,
de nos.conduz.à justificação.da cexistência -de-?
i t /
n.erme di arioo
,
.

,
0 I
0 ra, es t e .principie
.,..

e.conh eei d o.e O O


,,,
O

declarado: e o que da. mais perfeita unidade aos


a reunir •.
A
termos
E neon t za d o o pr1ne1pio, res t a .sa b er co- o?.. 1

me se r-ea.LLza , .or-a dois têrmos reiinem se na mais.


-
,
....

per re t.ta unidade quando os .vãneu.la um tereeir?que


A
com eles forma uma pPoporçao.geometrica continua?
.., ,- '
t o_que Platão explica,.dizendo.que, 19quando_ de
três têrmos ,.que representam planes ou- volumes j -- -O
primeiro está para como êste .es..,:
o do me í.o., assim
ti
.

para o ?ltimo, e aindej inversamente9 o &1t1m0


está para o do.meioj com0.êste está .para o primei
ro, então.o .médio.tornando?se primeiro e Últimoj
e. o .. Último e" o primeiro podendo igualm_e:nte ser mé
""'
d í.es , acont eee necessariamente. que. todos sao a mE:1§
ma .coisa e.relacionam?se, assim? uns com outros?
mando um todo - uni tár1.ou. ___

Esta passagem tem dado origem a comple=


.
-

xos e er.?ditos oomentártos, sobretudo porque a


expressão,ê??E i,(K (J)°V tí'rE ól.f Yd.p.,E (())) , ad-
... 340 -

mi te uma de serrtã.dos que tem sido amm


diversidade
mente debatidaº O problema prende=se à histÓr:ia éa
?
?
matematica grega9 aos conhecimentos e a terminolo=
gia do tempoº de interpretação dos as=
Num ensaio
A
peetos gerais da cosmo'Logâa platcmiea, como o _pre-
sante.,· não podemos .entrar no exame des tas part:icu.J.ã
ridades., por mais interessante e valioso- que seja -

em si.mesmo.o. Contentamo-nos em desentranhar.o se;ll


tido _geral,· em vista. da interpretação que nos par.§!.
;p
ee mais razoavelo
- ; $
geometriea continua realiza.a
..A pr-oporçao
.
A ,
mais_ perfeita unidade entre-tr.es numeras, porque _

funde-os numa unidade-funcional, eliminando as di-


ferenças. rela tivas ;. posição; o fa tç de poder qual .

quer dêles ocupar qualquer das posições s ignifi e a


= A.
que se -lhes impoe uma unidade de essenciaj forma
mais perfeita da urrí.dade ; e por isso?&>' .,,.?,n:"- Ínoc<º
Se supusermos, por exemplo a ._proporção geométrica
1 __
·

de razão 2 formada por 3. 6 ? 6 i 12j a pro pr.I.?


g g .

da de de poder ser convertida em 12 s 6 ? i 6 s 3 ou


6 3 ?: 12
s i 6 ou 6 .s 12 : ? 3 i 6 indica que t.,2
A A
d os os seus componentes tem a mesma-essencia e-que
só acidentalmente ocupam uma-tal posição; por essa
disposição. racãcna t , constitui-se entre êles a mais
perfeita unidadeo
Na construção· do universoj porémj a ass.2.

eiação d? dois elementos extremos não poderá. ser


feita de forma Não bastará um só tê.r.
tão e í.mp.Les,
1110 intermediário para, na proporção devida, reduzÍ.
- 341 -

?
los a unidade;
-
sao precisos dois, e isto em vir?
tude da natureza sólida do corpo do mundoº Com
efeito, se o universo fÔsse constituído por um p.J.a
no sem espessuraj uma so" mediedade bastaria a uni
.

.ficá=lo ; m?s1 sendo sólido, exigem-se duas para


..

,' - j
que se conserve a proporçao matematica que-repre-
senta a Razão und.f'Lcador-a, Era uma proprie d a d- e
bem _conhecida que os números sólidos, .í.s to
- A ?
é, os
que sao produtos de tres numerosj podem ser liga-
,
do?"por duas medias proporcionais,.enquanto.
R .
os
planos, isto ej .resultantes -de um produto de dois
.

J*
numeros1
p
-
º

)'
t
-so a d mi em uma .me "ai a proporcional
---
º
o E-S a t
propriedade esta.cond-icion.ada-ao.caso das figuras
cujos lados são semelhantes-,- .como ?são .as figur-as .
_

regulares? .Quando se referem ao univer-soj.as ex?


? p
pressoes rvplano'' e ,,wsolidoº devem corresp9nderjc.Q
mo o explica Th?. He?th. _(l05) ,1 a quadrados e cubos,
para os quais se realizá. a propriedade .de
.. sempre- .

poderem .. ser ligados por duas médias proporcionais(>


As expressões lir-Ltr£do< e a-1:seEd. .devem cor-re s-.
? s: I'
ponder aos ºT-Kot. e uVJ/ot.µ.,e,5 -- de algumas li-
nhas acima, sendo mesmo uma explicação para .a pr?
..

- f
-

A A
sença des ses termos 1 que sa o da. dificil interprê·.;.,
-

ta?ão quando tomados como gêneros de Ô( e L (j )A_ wÇJ-06? -

"' ti'
Para que o corpo do mundo seja .solido,e
A
preeiso que se deem.duas Illediedades entre os seus
elementos .componentes .extremosº Por.isso,o-Demi-
,
urgo, entre .o fogo e a-terra, colocou o ar e a a-
,,.
gua, e entre esses quatro elementos estabeleceu a
... 342 -
proporção cont:ín.ua mrifieadora g fogo g ar ? g ar s
" ? R
aguaj e ar g agua _gg agu.a ? t,rraº
.

A º
Explieª=$e assim a existenc1a das duas
outras espécies intermediárias de corpos, que com=
pletam a unidade?esseneial de mp. mundo tridimensiQ
na L, tste- racioeÍnio
.. .. mes tr-a-nos que-?. enquanto .o
.
A ? ;,,.

fogo e a terra.tem sua-justificq.çao como condiçoes


de possibilidade.da expertência sensível, a reali-
dade .da água e do ar é fundada qpenas em.uma exi -
gênci? lÓgiea (l07); são apenaq elos introduzidos
por-uma necessidade.racional, para assegurar a un.1
/
dada do todo.cosmieoº Portantoj se a -proporciona-
lidade e, lei .N
.a
o
da cons trruçao. dos quatro elementos,
em que sentido deve ser entendida? .Não .se trata
'
? . 4 ;·
do processo de sua .formaçaoj pois-este e .o de uma
? ? ?
, pura conf'crraa çae .geometricaj .sem eons í.de ra çao por
- propor-e í.ona í.s
relaçoes.
?
t deve, pois j referir"='se. as . .

quantidades totais dos- qua t:ro cor pos e Lementar-es ,


-
A .e oncepçao p l a t"
om.ea representa aqui um
o o
__

avanço sÔbre- a teoria -original de _Empédocles-? que


considerava os elementos.iguais em quantidade ?lO?
Platão descobre que,nâo sendo a igualdade uma pro-
? A A
porçao harmonica, .. se os corpos fossem iguais em
quantidade., não.apresentariam uma-harmonia nas stte.s
...
relaçoes reciprocasº
i .,,,

Se, poremj no total,as massas


respectivas-se acharem numa composição proporcio.=
na L, isto sugere. .que as ações fisicas es táo domin,ã
-

das pela-lei da harmonia-e da perfeiçãoº A dispo-


?
.

A ?
siçao dos termos na propofçao dos elementos tndiea

! -

....
343 -
,
que o fogo e o mais abundante e a terra o mais
r?
roo Esta conclusão estaria de acÔrdo com· a expe=
A
rienciaj pois sendo os corpos celestes numerosos
e maiores do que a terra, como ja# se acreditavano
tempo (l09)j e eonstituÍdos de fogo9, claro ser
A
esse o elemento.mais .ex'tenso , Lgua Imerrte a n o ;-
,

ção de que a massa de arj


que envolve o globo.te£
restrej é maior do.que a das suas partes liquida?
e. que estas são ma Ls 4xtensas que as secas, é., tu
do istoj coisa ratificada pela experiência imedia
tao
.Esta visão da unidade harm0niosa da na-
,..
tureza conduz a concebe?la como dotada de uma du-
ração indefinidaº .se nessa c omposd.çâo se .. reali =--

sou .a mais perfeita das misturas, nenhuma


de existir para a. sua diss
-
-

o Luçao o A .na trureza


.na .zão.

?
?
- . ª·j·
portanto9. um curso retil:Íneo ao .longo do .tempo .e
não há a hipótese empedocliana
que aceitar dos
, -
.

ciclos cosmicoso Por isso Platao alude1.neste ID£


men to -apenas a À, t\.

, ,
- fD' toe. (32 e, 2) da cosmogonia de
,
-?mpedocles e nao se- refere ao .fator corrtrár-í.o, No
mundo reina a harmonia.das partes divinamente co.m
postas e a Amizade éj por conseguinte o Único sim
bolo do regime fisieo que nêle vigoraº
.3) Forma Outro dos caracteres ge=
í
r-a s que .. o universo recebe do Demiurgo e de que
... .,
pode conhecer-se a .ju?tifieaçaoj e o que lhe da a
.,

; A ,
forma.esfericaº De todas as formas, esta e. a mais ...

racional (llO)º _É a que convém ao .todo perfei t.oj


que deve conter em si tÔdas as coisasj por ser a

fignra que contém -em -·si tÔdas as figuras (31 b), E?


ta analogia já é-·iem ·s.i uma forte presunção a favor
desta formaj mas olitros argumentos ainda mais ar£
bustecem? A esfera é de tÔdas as .figuras a mais
perfeitaj porque todos-os seus pontos são equidis?'
tantes .do centro;- isto .suger e um .serrtãdo de or-dem,
de igualdade .e .de beleza, que fazem dessa f.orma,-de
todas j a .ma Ls adequada ao- que e a mais perfeita das
A ,::,

obras eriadaso
Mas
_.- -
'
a razão decisiva encontra=se na teo--

..,
ria do movãmentios . a or-ganf zaçae do
. uni verso-
o
dp
-
a=se
pela- introduçãodo .movãmen to circular-; as.s Lm , .o ..

corpo do mundo deve-poder realizar de-maneira..per-


A
feita esse movimento ej para. Lsso, e ne ces sáríc que
...
/

d'
.
,

-
seja esferico? De f'a to., sendo ele unico -e nao hs.-
,::, o

vendo um vazio externo em-que se desloque, deve n?


"
?
cessariamente-ser esferico1 para poder a realizar
/unica forma de movimento que ? acarreta
.
- altera
n?o
ção de lugár g a rotação axí.at , Com efeito, ·e. Pr.Q
clus (lll) bem o compreendeu9 qualquer outra forma
que tivesse.obrigaria a aceitação do espaçô vazio
exteriorj que seria o deixado pelas partes salien-
tes no seu movimento circularG

? figura ·esférica tem igualmente apÔio


'1 ;- -nossa visao do universo
o
da ºtº""
1n uiçao sensive
..., "
e a
de um hemisférioj em cujo int?rior nos encontramo?
limitado pela abóbada .celesteG Todos os· poliedros
·

regulares são in?erit!veis na esfera, que dá- assim


--?---

- 3?-5 -
a idéia de forma privilegiada, capaz de abranger
À
todas as outras formas regulares e
Como verem os
mais tarde que a razão de serem diversos os cor-
pos elementares está em que cada qual é consti coo

tuÍdo por um tipo de poliedro regular, a id?ia


da esfera apresenta-se naturalmente como conti -
nente universal das formas para o mundo1 que é o
con tinente uni ver sal dos eorpos •.

A idéia da esfera é igualmente encon -


trada em Parménides (ll2) como sendo a forma do
todo Único: o ser é semelhante? massa de uma.
eJfera bem redonda$ .A definiçio eleitica deve
ter-se apresentado como a mais racional e justi=
ficada por todos ;stes
indícios. Platio.adota-a
e apresenta-nos-o Demiurgo configurando o unive1:
so nesta forma perfei ta pela qual adquire a con,.
,

dição de poder receber todos os demais efeitos da


influência organizadora Mesm.o. quando se
G .
trata
? . ?
da a çao da Necessidade, na segunda par-be do dia=
. .

logo (58 a), a esfericidade é dada como urn cará=


ter de. razão, com. importante ?função na dinâmica
'
...
do universo, uma vez que a construçao em formac:ir
eular se deve-a ,manutenção.de um estado de desi-
gua Ldade , que entretém .o movimento das partículas.o
Depois .constatá-la na perspectiva quotidiana,
.de
A =
nodos estes motivos conduzem .a nossa ra zao a uni
'
dade com a Razão criadora e nos fazem penetrar
a determinação que conferiu ao corpo do mundo a
forma de uma esfera perfei ta , À-ti o V SA J"?
? 346 -
Kt! KÀW
I
(113) ·••

4) ·Integr idad?- Outro aspecto da su-


';

,
racionalidade ·ao universo a
.
.

prema e o que chamamos

,
, sua integridadeº ta qua?idade de nêle estar con=
tida a totalidade dos elementos, I
tornando,-o assim
Íntegro ou comp Ie to , O tP,)xto nos diz, com efeito.,
·

que a composição do unive;rso absorveuCl a tota:J..idade


C\ &I \ ,..
de cada es pàc Le de corpo, E-Y OAO')I E K?(J"'to.,,. nao
_,

porção de qualquer elemento,


deixando .. fora nenhuma
nem.qualidade nenhuma, dÚ>'«µcç. -.iste é o.fato.!
.
, .
?
maginario de que vemos imediatamente as razoes e
.

qA ,
as consequenoi?s. e· omo sempre, e o pr nc { pio

de ·.
i 0

máxima .perf'eiçio que condiciona .. esta nova intuição


? ? ?
haver a po? para
.

da teoria
-
.do mundo.f1sico; -
é nao
A
sibilidéfde da .coexí.s tene ta de .. mundos, gerados a. :r,a.r _

tir das .porções. restantes, que o. Demí.ur go.. emprega -

tÔda a realidade elementar na. composição do .corp.o


do .universo.-
, .

Da-lhe.assim a garantia· de sua.perpe


.
,
tua s íngu'lar ãdade , eomo condição de durabilidade de .

S'Q.a perfeiçâo.
,
Sem duvida, Platao imagina que, para.que
o.,

.... ""'
se possa d.ar-a proporçao harmonica-entre as massas
l ,· ; t ,
d os eemen os, e 1ndispensavel incorpora-los em
o

sua totalidade, já que é em relação â geração. da


massa total de cada um--que--fo.i definida a. necessi-
dade da proporç?oº É-evidente que, se essas mas ....
°" A
sas nao fossem ap?oveitadas integralmentej o corpo
do .mundo não manteria a proporção .que lhe assegura
a racionalidadeº Com esta metáfora, Platão visa

- ..... ...... ?,-·""-#·


-.. .......... ? ·---- . ._ ..... -? ... - ..
. - ? "'• -
'· .
---.
- 347 -

ainda superar as velhas concepções jÔnicas, que


imaginavam o universo respirando uma atmosfera e.z
terior e envolvido por um meio de que retiraria
constantemente materiais, para reparar o próprio
desgaste. Esta idéia parece-lhe reduzir a natu-
reza á condição de um-vivo imperfeito, dependen-
te, perecível. Ao contrário,.se.o cosmos conti?
ver .em si a totalidade de todos os corpos eonsti-
tu?ntes, __E>loc ÕÃ OY ÕÀw>' Ê? &7ie( Y,WY, ·não s.2,
, ? . ,
frera açoes exteriores e estara isento.de corru1f
çâo. O pensamento eleátieo já tinha reconhecido
como um cara'"t er 1 og1co
-
º ,
d o ser un co. a sua in e _.,.
-
º 'i t
gridade, de que-resulta .a .sua .invulnerabilidade.
(111:iJ ·... ,.
Uma argumentaçao .em. termos quase semeJh?'.
.

.....
-

?-.
•.. ?
...
tes aos· de PLa tao sera desenvolvida .por. Ar.istot?-
,P , . '

les (ll5):
,, o emprêgo, por duas.vêzes, da-expre.2.;
são ouJ/G(µ..t?,-neste .bex to, indica-nos a sua .afi-?
\

..

·nidade com a .passagem 52 d, do Timeu,. onde igual.


mente se trata da cf Ú Yd.µtJ da. corporeidade iní-;
eial. É par-a indicar que o estado atáxico foi
definitivamente superado,que Platão faz-incluir·
À
no corpo do mundo a totalidade desses poderes?
litativos.
Indepena"'enc1a
?
·?
,)·
,;
"?
e onsequenc a 1m?
,
i ..

diata da-integridade e o carater logico de auto-


sufieiência. O mundo tem fisicamente a estrutu-
,.
na necessária para sustentar a ordem que nele-rei:
.

A ,
na , A doutrina platoniea e, a-inda neste ponto,
- 348--

:a
::::::n?:?rt?fi1!?:?:??=:?::?iª::?:?!?::i
faziam do mundo ·um organismo que se teria desen ?

vÓlvido a partir de um ovo. Refere a cosmogonia


õrfica_(ll6? que.a Noite engendrou um ovo_que, f,g
I\
cmndado pelos-ventos, deu.origem a Erosj e este9
unindo.,.,se a outro principio incriado, o -Caos, dá
origem ao céu. e .à Terra<>· O primitivo pitagoris =-,

mo _(ll7)_ adnrí, tia igualmente que o .mundo nascera de


uma semente e leva a,vida-de um animal'.? nutrindo=
se-de partes que retira do· meio exterior. Os eleá
tlees, .de sde Xenóf'ane s j def end em a concepção
.

A
de
um universo independente é rejeitam toda necessi=
A
dad? de intercambio com o exterior, seja para re?
pirar,· seja para se.. nutrir o Parm?nides (llB)
j e
do mesmo modo Empédocles (ll9.)j
concebem o cosmos
come suficiente em si mesmo -e .não precisandoj pa-
ra .manter=se, de ambiente externoG
Platão concebe maneira o uni -
da mesma
verso como um odo t Íntegro-? envolvendo em si a t$2
talidade do que existe, e portanto supremamentedg
?
de penden te, ? serie de riega çoe s que faz nesta P8£?
p •

sagem (33 e, d),


com refer?ncia .ao cosmos,-? sem-
pre a -refutação de algm?a doutrina anterior que,
não compreendendo que a analogia entre o cosmos
e o vivo tem apenas o caráter de um mí.tc.crac tone>
Lí.aador , tomava ao. pé da letra. esta aproxima .ç_ã o·
J'
poetica e, -sendo levada a conceder ao-universo u-
- 349 -
ma situaçãoj em face de um meio externo? como a
que tem o animal para com o ambiente, admiti.a pa
·' ? All
?a o cosmos orgaos de percep?ao, de locomoçaoj a Ç!'/0

necessidade de reparar o seu desgaste pela ali?


mentação, e de manter a sua vida pela respiraçã0c
As negações que.são explicitamente de=
e Lar-adas nesta passagem podem ser"'vir para. indi -
ear=nos dentro de que limites Platão considera J.Í
cita a imaginação fabuladora,. só quando serve a
veicular um conceito lÓgico é possível admitÍ=lac
O orfismo e o pitagorismoj ?endo da gênese· do
i -
A
t a.ea o "
un ver so uma no çao mis t" Â
, Lnc Ldem no erro
fYA ?
de
qtiere? tirar todas as.consequencias do que e ape
nas .uma metáfora?. A cr:Ítica desta pa s sagem tem -

êst? valor. importante? aerve . para mes an-nos CC? tr


mo Platão maneja o instrumento do .mito'.1 reçusan-
do=ae lf .aceitar
as e?'tensões das suas alê.g<Q'11.las·que
u.ão transportem um .serrt í.de lÓgieo., .ou que possam
ser interpretadas de modo incoerente com as in?
tuiçÕes leg{timasj que justamente o mito deves?
gerir.,
No caso aqui-considerado, a .necessida?
A A
de de sustentar a Lndependenc ía e suf"iciencia. do
organismo-un?versal:é impos:ta pela concepção. ge-
ral a? .f:Ísica. platônica De fa to, para. que o mtm

do possa adquirir o grau máximo de racionalidade


que lhe é permitido, é necessário. que os efeitos
_ A A
da .Razao organizadora se faç?m .sentir sobre toda
a realidade preexistentej incorporando-a na sua
- 350 -
totalidade ao novo regimeº Nada pode existir fo=
A ?

ra, nem mesmo o vazio? O cosmos platonico e a

plenitude do ser fi?ieo·, e nenhum earáter r{sic o


pode conceder-se ao que .fÔr.excluÍdo do mundo or-
ganizadoj nem mesmo a título de antitese do ser,
de nada, 'f)líÓE r'rJe. (33 e 7L. Platão não só jv
exclui .tÔda espécie de trato do mundo eom.um su-
; A
posto meio envolvente1 .como nega at? a existencia
/ .

de qualquer ambi?nte pericosmicoo


Não há- 'duas r ea.Lí.dades ," ignorando-se,ma.s
/ ..

coexistindo, o universo. e o.seu envoltorio;· era


·essá uma idéia-da cosmologia de Hesiodo. (l20)jque
Â
concebia o caos como persistindo em torno do uni-
. - ' .

verso, percorrido de violentas .tempestades, que .

ameaçavam a cada instante destruir o mundo .criad?


testa idéia que Platão déseja especialmente re-
,.
chaçar; o caos platonico.foi integralmente subj.:g
.. N A ,,..

gado pela a?ao da .Razao, .e dele nada resta senao .

A
-
í

o.grau de irracionalidade que afeta toda ordemfe


N Â
nomenal, mas- nao tem mais existencia independenteo
- ; .

uni ver-
A suposiçao con traria .az-r-uí.nar ta. tudo., -
O

so
;
e uma totalidade natural .. f'echada
A
sobre si mes ....

A
.

?
.

N
.

,
ma; todas as suas .a çoes e pa í.xoe s , isto e., todos
os efeitos· e causas, dão-se nêle e tênÍ nêle a sua
-
razao de ser,
I , e , e
1Y°'>'<o<. E Y S. <X.-l/7:W Kr1-.1. .u e
......
<Eot.trr.ov
,e -
I \ . f <.

1'fd.<rfoY KOCl ôfwv(33e)o. Esta vale pela ·dafin1 frase


ção de.um ve:rdadeiro principio cosmolÓgico, o da
unidade da ordem'fÍsicaº Todo acontecer natural
/ .
, - A
e da mesma espeeie; nao existem planos ou angu -
- 351 -

los diferentes, nem se admitem classes diferen -


tes de explicação. Tudo se compreende de uma só
maneiraj como efeito de uma Razão que construiu
A

A
M

"
?I Jj
o mundo para que fosse o melhor j tt.p.,£LY()Y E?Ea-orx l,
a si pr op r ã o,
,.

e para isso o fez bastando-se


" ?,
o<V?:o<.eKE,. DY •
6) Movimento. circular
Finalmente,
o Último efeito dos enumerados como causados pe-
la .Razão na construção do corpo do .mundo.é a. ou-
torga do movimento circular o- .i
ê1e .evidentemen-
te a po sse cp.Lena da alma. End ãca-eros a sua men
ção em Último lugar.que devemos ?oncebê-10 como
a etapa final do processo de fabricação do mun.d?
A - -
Todas as fases da ge raçao .. do. mundo .sao. efeitos da
.

alma que o anãma., são momentos da recepção de S.Ja


- ? , ?
oessivas determinaçoes. logico'!9matematicas,q.ue so
a alma transporta e que tem justamente por fun-
ção .trazer ao universo. Assimj de fato, a alma
deve .existir antecedentemente., para.poder ser
causa; mas, .por.outro lado, só se conhecem as
espécies de sua. causalidade nos efeitos que. vão
surgindo, de modo que há o que .se poderia chamar
um paralelismo-psicossomático no.desenrolar. do
A ? ,
mito cosmogonicoº Desta. evoluçao.fabulosa a
.

ul!""

tima etapa é o aparecimento do movimento .periÓdi


coo t·
o sinal de estar completa. a construção dos
corpos materiais ,e de que.se inicia então o dev?
nir mecinico.regularo É ·o efeito capital e fi-
?al da alma e, desde o momento em que se produz,
- 352 -
o universo é realmente uma ordem fÍsica inteligi-
A
esse
'

ve l., Instala:-se movimento no corpo do mundo


; ?
rotatório? com a supressao do antigo regime trall.,ê,
Lacãona L, e esta passagem é de tal modo decisiva
- ( A .

para a eompreensao da fisiea platonica que a ela


capaI tulo pos t er í.or t
a·"" . A
dedã.car-emos .um
o
·.
és e ensaio;nJã
le procuraremos demonstrar
-
que as suas .pa.lavrasj
,
quando interpretadas no conjunto do mi to cosm_ico j
. .

.. - .

dão-nos a primeira visão do princípio de .in?rciEto .. ..

A
Todos estes caracteres nos levam.a com-
·

preender o tip0.de obra racional que o Demiurgo?


? ?
como uma manifestaçao .personalizada que e .da Ra-
zão cósmt.ca, criou. para ..
ser um vivo .material des-
....
tinado .a conter.todos os outros vivosº Sao entr?
?
tanto .car-ac tene s gerais apenas, e por isso .. n ao
nos indicam ainda o -detalhe do trabalho estrutur-ª. ..

dori nem nos dizem até que profundeza-atingiu o


poder da Razão or-ganã zadona , A obra da criação do
cosmos é muito .mais extensa do que nos faria su?
?
por somente o enunciado do trabalho de .f'or-maçao do
- '

corpo do. mundo, que at-é- aqui nos foi narrado.


Falta-nos ver ag;ora como se process ou . ,

realmente a.operação construtoraº Assimj já nos


foi dada a conhecer a-necessidade de haver quatro
, .

especies distintas de corpos na natureza, e que, o


Demiurgo toma a si o trabalho de realizá=lOSo- Mão
.,
e
f
possivel?
"
poremj passar imediatamente a d?scre=
ver essas operações de e Labor-açáo dos corpos pr.1-
ti
mi vos, e particularmente da ordem dos fenÔm?nos

?? .... : ... ? - - ... _ .. .._. .. ?. _ _,, ... - ... .,. ,.. .,. , -
- 353 -

no mundo já nas c í.do , porque para tanto há que


eontar com o papel decisivo representado pelo fa
tor irracional., que se situa em face do poder de
miÚrgico como uma realidade informe, sÔbre a qual
I' -
se exercera a açao organizadora. Nao e, mais po?
...

sível prosseguir na narrativa da construção do


corpo do mundo, como obra que é da Razão, semnos
ser dado a.i conhe cer- primeiro a natureza e os ca-
racteres .dessa outra realidade, de que depende -1
gualmente a sua formação •. Platão de fato suspen
A
de.a-narrativa, -para examinar a. realidade .desse
, ,
receptaculo e do seu.contendo, em que se formam
os corpos elementar.es.
É indispensável .examinarmos.primeiro o
que. pensa.Platão sÔbre esta coisa obscura, caÓti
.,
ca e. irracional, que e capaz .. entretanto de rece?
ber o .influxo.da-Razão.e deixar que no seu seio
Á
se.gerem os corpos definidos e a ordem dos feno-
menoso
? 354

CAPÍTULO V

A CONCEPÇÍO- DO MOVIMENTOE A
TEORIA DO RECEPTÁ CUL Oº

§ 1a - O movimen.to como característica


__ uni
..., A
ver sa L, A negaçao da subs bancf.a,

A teoria do urrtve r so em Platão, já o·di?


semos, tem como intuição-fundamental a de que a
. natureza não pode- -ser. compr-eend í.da , -Se -a quiser. -
mos consiqerar.como um dominio de plena racional,!
dadeo Par-mais que-entendamos e aprofundemos -O

contato. do espirita investigador com a realidade


A ? À
dos fenomeno?-, nao conseguiremos formar uma -cien-
eia que responda tntegralmente às exigências da
no ssa inteligibilidade,_ mas .Lr emos .sempr'e de en-
.

contro a uma inadequação Última, irremediável, do


( ' ...
dado f1sico a sua representaçao conceitual,- que -

A N
.
.

determina para a.ciencia da natureza-uma condiçao


de menor valia epistemolÓgicaº O espírito não se
satisfaz senão na frui--ção contempla tiva, clara e
continua de um objeto, e não concebe como forma
perfeita de. saber senão a que apreende rela ç õ .es
imutáveis entre objetos imutáveis? O mundo.fisi-
co, sendo uma realidade em constante transforma -
.... - .P

çao, nae esta nestas condições; contudo' é êle o

objeto para o qual nos dirigimos, espontânea en?


- ? '

cessàriamente e, se nao e o primeiro na ordem da


inteligibilidade, é certamente o primeiro na or-
- 355 -

,.
dem do in?eresse.
A inadequação constatada entre a coisa
fisica e a possibilidade de concebê-la racional
'
...

,t;, ? N
mente nae pode ser um obstaculo investiga ç a o a
da natureza, mas apenas -nos indica·que há mais
complexidade no .acontecer natural do que a que
poderíamos à primeira vist? esperar. A- decepção
transfotma-.se em-eompr?ensão.mais profunda e nos
faz descobrir a presença insuspeitada de um con?
ti irracional no devenir
tuinte·.
?
Torna?se então
?
()

indispensavel elaborar o esquema de fundaçao da


A
ciencia natural, levando em conta esta duplieida
de irredutível de fatôres, e é assim que Platão
o faz, separando cuidadosamente, no curso da na?
rativa,.o que se -pode considerar como obra da'Ra
zâo, e o .que.deve ser concebido como essencial -
.. :

mente irracionalº
Se a natureza é, .no conjunto de .seus
aspectos, um incessante .gerar?se e extinguir-se
de sêres e fato?j um variar-de lugar, de intensi
? / ,.
dade e de qualidades, e necessario que a ·ciencia
que .pretende apreendê-la se processe pela atitu?
de inicial .de tomar posição .em face do problema
do movãmen to , .Platão.- constrói tÔda a sua f:Ísica,
-

fundando-a sÔbre uma poderosa intuição da reali-


•• A
dade do movimento e das eonsequencias que decGr-
rem da afirmação.da mobilidade como caracterÍsti
ca do mundo c í r cuns tan te"' .. - -

Sua concepção consiste na intuição. de


- 356 -

que o movimento no universo é u.ma realidade que


se caracteriza pelos quatro seguintes atributos ;
1) fundamental; 2) universal; 3) eterno9 4)
irracionale A análise destas quatro caracteristi
cas dá-nos a possibilidade de colocar o problema
r!sico em tGda a sua generalidade e de descobrir
.., I'
por que motivos e por que meios Platao e levado a
A .

elaborar o mito do caos primordial, e dele- fazer


sair o cosmos acabadoº Igualmente1 teremos os
A
recursos para elucidar alguns-dos problemas meca ...

nicos que essa cosmogonia fabulosa apresenta e

que, sendo traduzidos em linguagem prosaica, _nos


6¥ o A
deixam ver curiosas antecipaçoes da e í.eno í.a mode.r_

nao
O movimento éj para Platão9 o que há de
fundamental no mundo fisieo. A natureza só se
distingue, na ordem da existência, das Idéias- e-
ternas, porqu?-? o domínio da mobilidade? Todo o
; ? ,li
seu ser Esta afirma.çao, que e- -ª
e o seu .deven í.r ,

A•
primeira e suprema palavra sobre o mundo, tem por
o

tlA
consequencia, para Platão, o estabelecimento de
um plano de realidade ,diverso do que definia o
mundo das essências -inteligfveis; mas, pelo fato
de que os desenvolvimentos metaf:Ísicos e epistem.Q
logicos de
,
sua
este
- A
cogitaçao o levam a colocar
mundo de fundamental mobilidade em condições inf?
riores ao outro, não.devemos julgar que isso re-
presente. sincero desprêzo pelo saber natur-a.Lj mui
,
to ao contrario, somos cada vez mais levados a

.......... - .!-··---??· ?":.·-.· ·-- - . .._. ..... - ... - ... ,,.. n, ·*'·? .... - . . ... -- ...... ,. --
? - ?., .. ? .? ...
.. 357 -
crer que, para Platão, a mobilidade não consti -
tui uma qualidade pejorativa·, um defeito do obj?
to que a possui, mas é preci$amente aquilo para
A N
que se volta toda a sua .atençaoj .é para cuja_co.m
preensão convergem as precedentes cogitaçÕese
A mobilidade, como essência do real fÍ-
º
sico ( 121)
, uniº ica
º
.

f t
a na ureza na posse desta ca-
racter:Ística. fundamental. Por isso, a teoria da
natureza inieia se e apoia-se na análise e
....
nas
H A
conclusoes deste problemaº
Reconhecer o movimento como essência
da realidade fisica-é dizer que a natureza senos
apresenta não como um todo definitivamente ofer£
cido ao nosso conhecimento,.mas como um processoj
,' N
perpetuo r

e geralo, Esta conce pçao determina uma


forma muito particular de.encarar a constituição
º"' o ,
., • A
de .. uma ca.ene i.a .f'Ls ãca r .e que o as pe e to .dãnamã e.o
• ?
pre d omanana so""b re a procura d e
J'I, o
.es senc aas e ?:
,;i,...
arbJi
t?ncias;.a tendência.a descobrir em primeiro lu@
gar a regularidade do .suceder vence a considera-
N ?
çáo de investigar .a ordem dos fundamentos, a pr£
cura. de invariantes estáticose Postulada a fun=
damentalidade do devenir,.nada.há de invariante
t
a ser de scober o, ou antes, -O- Único invariante
, , ?
que a natureza exibe e a sua propria continua v?
riação. Esta concepção impulsiona o espírito em
uma direção que q faz visar, antes de tudoj o en
centro da regularidade.no seio mesmo da mobilid.§.
de e o afasta de inclinar-se às análises do dev.,2
- 358 ...

nir j que procuram descobrir uma. ,?.e?trutura o


amove
;
l
subjacente o
Na concepção platbnica, o espÍ-rito9 na
sua atitude mais geral em face da natureza, já e?
,
ta-disposto
N
a nao procurar
-
senao as leis dos
. .
A
fen,2
A "'
menosj a renuneiar naturalmente a toda propensao,
por mais espontânea que esta seja, de encontrar..
qualquer coisa como .supor te
abso Iufamen te. .imóvel,
? , A
da mobilidade.. Nao ha permanencia sob a-.transfo,I;
,

- ,
maçao; nada .ha qual.verdadeiramente $e censervejnae
N

, A A •.
ha substancia suportando o f' enomenoo p·or mais ac:;,,
-

parentemente ilÓgico que seja, o que. Platão nos en.


sina é que devemos.renunciar a esta noçâo9 tão-?-
A
.

tural do sentido comum, de que. em toda transform-ª


..

ção ou em.todo movimento haja algo que não varia,


.
e .que isto deva.ser admitido1-para que o .ser pos-
sa atravessar-dois.momentos sucessivos da trans -
formação ou do deslocamento .. sem que o movimento S§.
ja suposto uma série indefinida ?e aniquilações e
N A .

criaçoes instantaneaso- O sentido comum de fato


r-econnsceque .o movimento implica a exis-tência- de
,
algo imove17 em que tenha lugar ou ao qual se po?
sa referir.
_Platão· aponta-nos,-segundo a intuição
dos antigos jÔnicos9 a concepção, "dificilmente.-
cr:!vel"9 JA,,Ó4t? n-1..q-1:Ó>' <122) (52 b 3), de-não
haver tal fundamento imóvel sob a variação ·e de que,
no fundo do movãmenbo , -O que há é ainda moví.merrto, ..

Este é de fato o seu pensamento, pois diz-nos que


- 359 -

o devenir fÍsico organizado teve por origem a


m,2
bilidade primordial
do receptáculo e continua a
,
pa.ssar-se nesse receptaculo nao destruido? mas in
"<>
f
corporado, e cuja movimentação essencial não foi
extinta,.-mas submetida a novas condições mecâni?
caso Desta forma, não há. substância por trás dos
A
?
fenomenos, mas apenas .. graus e. tipos de condiçoes
A
dãnamãcas , diferenciando?.se.-um primeiro plano,de
imediata percepção .da .mobilidade., de. outro .rnaã s
baixo que o explica, sendo. êste .s egunde .. composto
de realidades mÓveis, tal Como ·O primeiro-0
Com efeito, como veremos a seguãr , ae?
plicação da-variabilidade do devenir não.termina
ao serem--reeonhecidas as quatro .na tur-e zas defini
das dos corpos .. simples; .por-que. o pensamento pode
I A
ir.alem e.procurar .saber como estes .corpos mesmos
.

são constituidosj e, embora Platão.tenha a.cons ..


A
ciencia de ser ele o-primeiro
O A I
filosofo a aventu-
_

rar-se -ª tão temerária emprêsa (48 b) 1 não a jul


f
..

ga impossivel e consegue realiza""'lªº


., ,
.
.Mas.ira en
N A
tao descobrir que na es sene La. dos elementos su
.

...

postos definidos e fixos há apenas a mobilidade


primitiva do .receptáculo, dominada pela configu-
..,
raçao raeional.-
-Se,
portanto, a.mobilidade dada no pla
no da percepção sensível só tem ne seu fundo OU=
br o plano,. também--de mobã Lãdade , a explicação .da
A , /
primeira em termos
.
da. segunda so .podera consistir
--, A
em definir eomo as eondiçoes dinamicas dadas no
plano sensível decorrem das que vigoram nas profuri
dezaso
A explicação do devenir assume,portanto,
o aspecto de um problema de dedução de certas con
diçÕes dadas de outras mais geraisj que devem ser
supostas para tornar poss:!veis as primeirasº A f.Í
s.í.ca. do devenir atual tende .. verdadeiramente a to..,.
mar a feição de urna.eosmogonia1 pois se trata de
expliear o real.como o possível realizado1 como o
têrmo de uma evolu.Ção i?aginária1 partida de .
um e.ê,
A ,
Este car
.

tado de-.maior generalidade .• à


ter de abdu-
tividade do m?do fÍsieo .regular de um estado de
maior generalidade dinâmica nos é claramente indi
A
cado na. expr es sao pl,-toniea que. d Lz ser o recept-ª;,
. C'!f .

cul o não !);;QUi??c ?.e .p.e, se formou . o mundo, mas ,!!-


.

quilo ?m;,·uú?;f:,j , ..(49 e 7), .o universo .foi ge-


J?·?
?.
perfeitamente
.

F?ca ass í.m


"'

r-ado , definida. a ideia


de que .a natureza é .a.Lgo .de .. inclu:Ído em oucro , de
que.,. portanto, as. suas condições .. podem .deduz í.r--ee .

das primeiras, desde conheça que


que se ordem de
determinações restritivas estas receberam para. .

daw'ô. resultado real observado , Ora, é evidente (gµe


.

só na ordem lÓgtco=matemática.pode dar-se tal ti ...

po de transi?·ão; é pr-e·eiso? pois, que-' a mo-bilida?


de seja int_erpretada em linguagem ar.itmo-geométri=
ca e.que os regimes vigor.antes, tanto no caos co-
mo.no mundo.organizado .se concebam como tendo sua
expressão inteligente em t;rmos quantitativos, P-ª
ra que se torne possível constituir aquela cosmo-
- 361 -

gonia? que deve ser a teor?a da natu.rezaG O mito


da. alma do mundo, em Últimq análise, como vimos?
? ,
nao e 9utra coisa senao o ?squema dessa
N
dedução
lÓgieae
N.,.
ao
, f
ha portanto na fisica
A
platoniea a
I' A
ideia de substancia,.nem nenhum dos problemas que
' f I A
a metafisica .posterior. .conhecera a esse .respeitoe
f .Artstóteles- quera, .seguãndo
, ,
inelinação do. se!!
. a
tid o .
comum, cons1.d erara necessar1a. a exí.st enc í.a
o Q
A.

de um substrato invariável, para dar apÔio às


transformações (lZ3); exige a presença de uma subs
tancia para .exp.LLean a variabilidade fenomenal ,
44

porque pensa encontrar .nesta nova concepção apo.§,


sibilidade de racionalizar inteiramente a nature
za, permitindo.a integração de todos os seus as=-
pectos.em um quadro de categorias lÓgicasc Mas
a conquista desta racionalidade, .gr-aças ? dis-tin
..
çao entre a subst?ncia
""
.e os-aciden es, t ,
so d
po-e ,,2
fetuar?se à?custa da-negação da essencialidade,db
movimento-f{sico, e por isso .a teoria aristoté11
, ., o
ca da natureza considerara a matéria como uma r?
alidade imóvel em princípio, dotada.uniéamente de
uma pura disposição passiva para receber o movi-
mento. Esta éuma tese fundamental da fisica de
, .... ' ' '\ ' e::,

?,? p,,ê'I 'roce, V A/Yjf -


Aris,toteles' T-o
\
71"« o-;x,Gt Y £0-7:t ICrt.._l -ro I( LY êlfi/J(l..l
{l24). Dêste modo, o mundo r{sico pode ser inte
, A
grado no campo logico, porque, desde que toda v?.
.

N , A
riaçao exige um invariavel em que se de, torna-se
A
possível definir urna perfeita equivalencia entre a
relaçio r{sica?do acidentei substincia e a rela
çio 16gica _do predicado ao sujeitoº
Negando a primordialidade do movimentona
matéria, Aristóteles consegue conq?istar o mundo
para a lÓgicaj mas para isso terá de colocar no
fundamento da natureza uma. realidade subs tanc:ial i.n
variávelj na qual o movimento sobrevenha como um ...

, , -
carater acidentalº O preço desta conquista e ape?
da do caráter ma temático da explicação da natureza,
pois t.qdas as determinações quantitativas ineren
'
tesa for?a e a transformaçao passam a ser agora
? N
....

·a
simples tributos 1 arrolados sob a categoria. a e = i
dental da quantidadeo -

Uma r!sica que reconhece a matéria como


por. si mesma dotada de mobilidade , ,..

j considerara -_es=
, "
te carater como primaria,
.,, Al ,
e nela nao havera lugar
para a idéia .de subs tâncãa invariável;
gida.necessariamente para a procura das relaçoes
'
será diri-=
.
-

de nÚmero e figura, e terminará por constituir =. se


em uma fÍsica matemáticaº. A outra concepçâo, que,
, ,
pelo .contrario, negara a variabilidade .essenclal da
.

. t, ,
ma er aa , .constituir?se-a pelo reconhecimento de
A
.
.

urna diversidade radical de substancias pri?ordiai?


, - À
que so poderao distinguir-se pelo que tem de espe=
cÍfico qualitativamente; essa concepção dará ori=
-
gem? uma visao dà .natureza que-se exprimira, na d_ o

i
visão fundamental entre substância e acidenteº
Não é possível haver maior diferença do

- ._.,. ., ....... -- 4• ?1--,.,...,.,.,•'"}, ,-,:-:, ... ·-- -


... • -·-- _ __, ..,. - ............... ,,,.,_.., - •• •"' --? • -· ............. - __ • •
- 363 -
que entre a teoria fÍsiea de Platão e a de Aristó
teles;
, ...
e o que as.separa e a concepçao que cada
uma faz da significação do movimento? Ambas rec£
nhecem o estado de aparente transformação da nat_B
r?za; mas uma o considera como ess?ncial, outra
como acidentalº ! primeira vista,-a fisica de
"
A
Aristoteles-parece.ter evidente superiorida?e so-
bre a de Platão., pois. oferece a possibilidade .. de
A ?
·

por a natureza sob a dominaçao imediata e -comple-


ta da lÓgica; na realidade,. sabemos a que falsas
conseq?ências aonduzs t
que a 1Ógica9 que ela dá
,
como vencedora da natureza, e a logica que so, co?
,,

nhece uma forma de definir a propos·ição, a da in?


rência do predicado ao sujeito, e que é levada .a
concebera inteligibilidade do ser como dada uni- '
camente na medida em que é possível a distribui -
ção de todos os ?êus aspectos em categorias irre-
··

dutíveis., Absorve a quantidade. entre os a tr-fbu -.

tos do su?ei to e., portanto, o movimento entre os


; ,
acidentes.da.materiao Sera uma .fisica ? .,
que tomara
?
o qualitativo como explicaçao final satisfatoria
,
e, por- isso, dará por -resolvida a complexidade dos
A
fenomenos, desde que se-encontrem dados sensiveis I
bas tan te .s í.mp.les , para poderem ser tomados como
qualidades primeiras e ser imediatamente referi?
A a '!i. A
dosj na instancia final da explicaçao, a substan-
cia que os suporta.
Ora, como as qualidades- são definidas per
referência às formas da sensibilidade humana, a fÍ
- 364 -
sica de Aristóteles toma a feição de uma teoria
das condições lÓgicas da percepçãoª Coloca,assim,
A -
o mundo na dependencia da razao hu.mana9 mas esta,
por si mesmaj está na depend;ncia da sensibilida=
deg .o mundo depende da razão na mediqa em que é
sentido I>

Na concepção platbnicaj igualmentej o


mundo ·depende .da razão humana; mas Platão pre ten
. .

de supezar-.o antropoc.entrismo_de sua. pos í.çâo , -fa?


zendo da Razão urq_principio cósmico? de que_ cada
razão individual -
par t í.c í.pa., - ·.Projeta sÔbre o pla"""

no universal aquelas exigências que.a sua razão


lhe impõe, e em seguida as recolhe como recebidas
A
de um Intelecto que tudo condã.c í.ona, Des te modo ,
-

Platão procura des pers ona Lã za.r o pensamento .


cosm,.2

lÓgico? transcendendo a superfÍcie.humana,para.e-


r·igir em um simbolo impessoal a racionalidade pa-
tente na naturezaª O contato com essa Razão tr?
cena.ente é feito. por uma intuição puraj em que o
pensamento imagina estar subordinando=se às dete?
minaçÕes de um principio racional absoluto,quando
em verdade impõe as suas necessidades à estrutura
interpretativa do mundo.fisico; o mundo depende
da Razã·o na medida-em que._é pensado ,
Esta diferença entre o espirito aristo=
? A ?
telico e o platonico explica que ?ristoteles pu?
desse ter construído a lÓgica que.construiu,e Pla
tão não .o tivesse feito? .:É que, para Aristóteles,
?
a logica represeQta o r?sultado do tratamento di-
reto dos dados empíricos pela razão individual C..Q
, ?
gitante9 ha como que uma centralizaçao do unive.r,
A .

A
so em torno de cada inteligencia pessoalº Ora, e?
, ( -
ta atitude e impossivel
.
.

em Platao, que tudo faz


por superá=la, considerando cada inteligência co=
mo um ponto do circulo .de uma.Razão mais altaoDaÍ,
em Platão, -não ser a ordem suprema da ra?ionalida
de constituída .peLa lÓgica, mas pela -d-ialétimol?or
isso Platão não cuidou de construir uma
,.
.. lógica
que ., se
. f'osse feita? o
.seria apenas. a doutrina da
inteligibilidade .!!Y nós; mas.procurou.investigar
;P
o .pr opr ao
e ., ,
conteudo da. Baza o . cosmica
-
e cons tz-uí.n a o

dialética. comodoutrina da inteligibilidade J!l sio


Dêste modoj o reconhecimento do caráter essenc?al
da mobilidade na natureza determina todo o desen=
volvimento subsequente da teoria fisieao

§ 22 ? A universalidade do movimentoe

Uma-outra face da essencialidade do mo-


vimento é .a sua universalidadeº .A natureza é uma
incessante transformação,no seu conjunto e em to-
dos os de ta Lhe sj.não é poss:! vel ·admitir a noção
de verdadeiro r-e pouso , seja na pcs í.çâo , seJj.a no
..., A
sere Vale a pena indicarmos a relaçao deste .pon-
to do pensamento platÔn1.co com os seus anteceden=
tes históricos, porque desta sorte mais urna vez
se divisa a sua aceitação dos conheeimentos tradi
.

cionais de f'ilosofia naturalº


O dinamismo fundamental e universal da
- A F
concepçao platonica e uma velha doutrina que vem
mesmo de antes, da formação das primeiras intuições
A N
racionais da natureza? Os mitos teogonicos exJX)em
uma .cosmogênese em que, em nenhum momento, se con
, ,
sidera uma ma.teria inanimada; antes, ao contrãr.io,

o caos, segundo já
dissemos, é imaginado como pe1:
corrido por furiosàs tormentas, em HesÍodoO' Hom-2 -

ro (l25?, cantando.o Oceano como gerador dos deu-


,.
ses e, portanto, como o meio primitivo de to d a
H -

a geraçaó, revela, na escolha do mais movel


,
dos
elementos, o sentido da universalidade primordial
da mo bã.Lâ dade , A cosmogonia Órfica coloca no pri,n
cipio do universo o Tempo,- como Único inengendra-
;
do; segundo Proclus, Orfeu chama Crones o primei
A A
rode todos os seres, a primeira causa de todas
as coisas, de que se geram .o tter e .o caos, sem li.
mite e sem fundo, onde há apenas uma realidade a ....

gitada por-imensos turbilhões (lZ6)º A idéia do


Tempo indica-nos justamente.a figuração de um flu
xo , de algo em transformação, sÔbre o qual corr e
o t empo., e revela-nos que a cosmogonia de or-r e u ,
longe de representar um principio material estáti
coj supõe um dinamismo original, que se. descobre
nessa idéia.do Caos nascido do Tempo eternoe
Ao iniciar-se a
fase propr_iamente refl.§
xiva da filo·sofia grega, o reconhecimento do per
,
....

,,
í
petuo mobilismo da realidade f sica· e.igualm.ente,
:.;1·
um traço comum a ·vários perrsador-e s , Os jÔnicos
concebem a natureza como uma constante transformA
ção, embora procurem a substância idêntica, exigi
da como suporte da variaçãoº Por isso julgamos Ú
til distinguir os caracteres de fundamentalidade
e .universalidade no conceito do movimento da natu
, - - A
reza; e-que nao sao identicos; o primeiro impli
ea o.segun¢lo, mas não vice?versa., É assim que os
0
A • ,
Jonicos,. no dizer. de .. Aristoteles (127) , procuram
. .. . .
·

um principio elementar de que são constituídos to


A /JI. A
dos os seres, dele se gerando e-ª ele revertendo1
A
como a substancia permanente, .de que variam as a-
fecçõesº Esta concepção.representa o reconheci -
mento da universalidade do movimento como fato fÍ
s í.co , mas nã·o o da sua e.ss eneãa.Lã dade , po í,s a subs
A ., , ·' o
tancia como tal e definida e e. imovel na sua auto
.

identidadej pela .necessidade de. ser o fund.amen t..o


A .., -
de. todas as .transformaçoes •... Assim., a. cone epçao JjJi
A , _f
tonica so tem um precedente .na metafisica.de
,
Her-ª
elito, .na admissão simultânea do. movimento fÍsico
como fundamental .e universal na matériaº
Heráclito, com efeito, diverge da .cor=
rente j_Ônica precisamente por não aceitar nenhuma
forma de substância e .. sô admitir a motilidade pu-
raº Falta?nos um conhecimento suficiente da fÍsi
ca de .Heráclito, para podermos julgar se fazia do
din?mismo universal o caráter essencial de alguma
, "' ,,
Empedoeles e AnaxagQ
forma .. primitiva de ma ter í.a ,
,
ras .reconhecem, ambos, o earater universal do de-
venir sens{vel; mas, enquanto o primeiro segura-
- 368 ?

mente considera a realidade resolvida nas for mas


;
substanciais imutaveis dos quatro elementos e,po.r,
tanto, recusa a essencialidade mo movimento fisi=
co, o filósofo de Clazômenas, pela sua estranha
concepção das homeomerias j supõe um pr oces's o de
implicação-infinita das qualidades.umas nas ou=
tras j que conduz .ao desaparecimento do conceito de
A ?
substancia. j mas na o nos permite afirmar o cara? ter
quantitativo essencial do devenir; tanto mais
quanto julga que foi preciso. o. influxo exterior do
EspÍritoj para conferir o movimento à. mole mate=
rial!>
A visão da natureza como um perpétuo de
-venir_é recebida por Platão como um dado.comum da
concepção científica do seu tempoº Incluiu=o na
sua fÍsicaj mas será o primeiro a ter concã.én e ia
do que representava essa .admã s sâo , e .a
A ?
construir
sobre ela uma doutrina-coerenteº A admissao
o
da
.

universalidade total do devenir impõe a necessida


de de rever a opinião corrente de que há objetos
A
em repouso, e 1mpl1ca·toda uma doutrina que pr o »
o O

mulga.a separação entre a ordem das aparências e


a da verdade atingida pelo pensamentoº Se acei -
tarmos o testemunho .imediato dos sentidos, somos
levados a. crer que existem igualmente na natureza
tanto o movimento como o repouso0 A noção de re=-
pouso, na sua maior amplitude, admite, tal como a
do movimentoj um duplo sentido? a .invariabilida-
de da posição no espaço e a inalterabilidade da
- 369 -

constituição no ser. A observação empirica indi-


ca, aparentemente, que o repouso existe na natur?
a
o , ,
d a pra'toica so e poss1vel
vi (
na base
za; dessa
.., ,,
suposiçaoo Sera, portanto, uma.atitude de espe-
culação pura opor-se a essa constatação tão sim -
ples e mostrar .o seu caráter ilusórto"
;
Talvez tera sido esta a primeira afir??
ção abstrata, na tentativa de.transcender as apa-
r;ncias1 de julg,-las .e de descobrir.como te.jus-
tificamo Terá sido talvez a mais antiga descobe.r
ta da razão investigadora, que toma. os dados .. con=
eretos e os submete as
' -
condiçoes.de conheci-
s'!las

mento$ É o inicio do divórcio.entre o plano da


apreensão sensível e os direitos do pensamento?
.,
crutadoro Tera sido percebido9 pelos.primeircs?
,, .

sadores, que as coisas .nos.parecem-estaveis na


sua natureza e na poss.e das .suas qualidades. Par?
ce1 .as s ãm , gerações e .·pereci-
que. transformações,
mentos podem dar-se, mas.que.igualmente pode ha-
ver--a-permanéncia na exist?neia possÚ:Ída. É .. jas-
tamente esta constatação do .sentrí.do .. comum que é
agora.denunciada como ilusão. É evidente que o
( .
esp1r1to
'-
,e .levad.o a convicçao da muta b 1. lid.a d e un_
o
i
u ,
versal, por generalizaçao de.algumas analises .e-
xercidas sÔbre.certos .aspectos da natureza; a uma
observação mais profundaj o que antes pareei? es-
, .,
tatico se apresenta como realmente mutavel.
.

-É possível que .a Lgum pensador, antes. de


,
Platão, tivesse concebido que o repouso e apenas
- 370 -
A
urna confusão com o mui to lento;
..,
mas em Pla tao e.§.
te pensamento seg?amen te existe 12 8 )
(
e é ê1e que,
tomando vulto com algumas novas confirmações fo·i

projetado sÔbre a totalidade do universo. Esta?


meira intuição representou a subversão da crençano
poder representativo dos sentidos, que se revelam
agora capazes de ser instrumentos de ilusão, e .pr?
cisam.da correção do pensamento9 para nos darem a
compreensão da realidade?
A
Recônhecida a inexistencia do repouso na
ordem do ser, segue-se logo, na·cosmologia de Pla=
tão, a admissão da inexistência, .também, da imobi-
lidade no espaçoº Com efeito, se o movimento e,, da
essência do corpo, o repouso é um engano dos senti
A ?
dos, que veem massas cons1derave1s e nao podem da?
o e Pt#"

-
nos a percepçao da agitaçao que haI' no fundo de to-
,,,_ A -

da a realidade. Na fÍsica platônica, o movimentoé


universal e, por isso, 'é necessàriamente relativo.
Com effeito, negada a existência de .qualquer· ·estab.!
lidade substancial_,. sendo a mobilidade um cará te r
intrínseco da corporeidade, pelo qual a cada ins-
tante as partes constituintes do receptáculo se e?
tão deslocando, é evidente que não há nesse estado
A A A
termos absolutos de referencia e que toda determi?
naçao cinema"toiea tem urn carater simplesmente rela-
<!Oô
o 19

tivo? Uma mesma partícula estará imóvel em rela -


-
çao a outra que casualmente se desloque paralela -
mente a ela com a mesma velocidade, e em movimento
em relação a qualquer outra fora destas condições.
- 371 -

Ao constituir-se o universo, sendo incorpora.ca e?


ta realidade com os seus e_aracteres essenciais ,
não se-modificam os postulados da teoria mecâni-
,..
ca; apenas surge agora a ordem da aparencia, i?
to e,
"
passa a have? massas corpóreas, constitui-
li' f
das em volumes consideráveis, coisa que antes não
havia 7 e pode então desaparecer da vis ·ta a mobi-
lidade primordial,. substituída por uma ilusória
impressão de- imobilidade. Por isso, mesmo no u-
A - ,

n1verso organico a determinaçao do movimento
e
sempre.relativaº O repou?o do ponto de reparo é
pr.odu to de um engano e cons is te., na verdade, em -

N • ? e
urna decisao arbitraria.
, -
So uma concepçao do universo que nega
A
a existencia da mobilidade fundamental9 como a
de Aristóteles, é compatível com a afirmação de
um movimento e de.um repouso absolutos. De fat?
se movimento é uma condição acidental do
o ser
material, deve cessar em algum momento, pois o que
é acidente não pode perdurar indefinidamente na
substânciaº Deve haver, pois, corpos que ?ão e?
,
tejam absolutamente em movimento; e o que, em ·

verdadej acontece a qualquer corpo quando encon-


tra o seu lugar na tura l., A doutrina dos lugares
naturais é a negação da relativ.idade do movimen=·
to; quando um grave atinge a superficie da Ter-
"
imovel, a sua condição e a do re pouso
,,
ra .

abso Lut o ,
- 372 -
§ 3Q ? A eternidade do movimento.

Como terce i ro
cara"t er d o mov1men o 1s1-
( Q

t f o

co, Platão o concebe inengendradoº Ainda aqui,era


essa a concepção dos primitivos pensadores, para os
quais os principies que suportam a natureza eram
as Únicas realidadesº Mesmo que fizessem-a distin
ção entre a substância primordial e sua -continua
"'
mobilidade? sempre aceitavam a inexistencia de qual
A ; ""
quer começo assinalavel para o devenire Platao_ in-
-

corpora estas idéias, mas submete=as a uma-formul!,


ção mais apurada. A eternidade do. movimento __ é di=
ta concebida em dois sentidos? porque nada hou-
e
ve que tivesse passado da imobilidade ao moviment?
e porque o tempo é concomitante com a organizaçãoª
No primeiro sentido, a precedência do
caos informe,.mas agitado, é a definição de uma m2
A
bilidade sem começoº A passagem do repouso a' mobj
lidade tem sàmente urn sentido relativo e só pode
""
constatar-se na ordem das aparenc1as; o
mas a apa -
;
rencia e o proprio do mundo organizado e so; se da,I
A • ,I' -

?
no devenir sens tvs L, ,
No mundo pre-formado nao ha
- -
,,
A N
aparencias, pois ainda nao ha,I' formas algum a
.£.Q1!!Q
coisa possa aparecer. Não existe, pois, ai perce?
ção de coisa alguma e, assim, não tem lugar a pas-
sagemj mesmo relativa, do repouso ao movimento. No
mundo primordial do receptáculo-não há duração as-

sinalável; tempo será expressamente criado com
a ordem, como a mais perfeita manifestação da
org?
- 373 -
- - , (
nizaçao. Assim, nao sera possivel dar-se um co-
,.. .
t (
meço d e mov1men o que, para ser discernivel, pr?
cisaria ser imaginado como ocupando um determin-ª
do instante de um contínuo duraeional, a fim de
que se distinguisse a fase anterior? em que nao
haviaj da posterior, em que já existeº Se, po=
,I "" •,I' A A
:rem1nao ha tempo vigorando sobre a existencta do
..., A A ;F

caos informe, nao ha nele começo de movimento;ou


o primeiro movimento seria introduzido com a pró


pria origem do tempoj o que é contrário ao pens?
men to do iautor, ou não há primeiro moví.men to.quer
A ;
dizer, este-e eternoº
Caberia aqui investigar a questão, pe-
., ' .
I\.
culiar a hipotese.platonica, de saber que coisa
deve entender-se como sendo um movimento que se
processa fora do tempo e ?em, contudo, significª
ção fÍsicao Quando mais ta?de abordarmos o pro-
blema da origem do tempo, procuraremos apr e sen
=

tar o nosso pensamento a êsse respeito" A fisi-


ca platônica, ainda aqui, é o oposto da aristoté A
Pill
Ail

Para Platao, o movimento nao tem c ome ç o ,


.

Lí.ca ,
., , / '
porque e essencial a materia, e universal e relª
I
.

A
tive; para Aristoteles, o movimento tem começo
pelas razões opostas* Com efeito, na fÍsica de ;
, ;
Aristoteles, o movimento sobrevem ao movel emA r?
pouso como um acidente e tem, assim, um começo
\
o

que
absoluto, assinalável no tempo; uma pedra
cai ou um fogo que se acende são cria?Ões absolu
tas de movimento,para baixo e para cimaº Ora, o
movimento que·assim tem
origem deve ter, como tudo
que-começa. a existir, uma causaº Dêste modoj a fi=
sica de Arist6teles obriga a introduçio da id,ia
de causa do movimento(' a f'Ôrça motriz apareceoclhe
como verdadeira causa geradora do movimento e, co=
"
mo causa que e? deve atuar constantemente para man
ter existente o efeitoe
Para Aristóteles? a comu=
nicação do movimento só pode ter lugar no mesmo
tem
po e por contato imediato entre o motor e o movelj "'

't"o Ji rr??roy Kl v o f;y • • • fx?cX 't"(f


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K. y o 11',A,<, É )J <T"C' (.
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)J.,E'C'<X.5? º Esta condição
e universalmente vigente, a ela se submetendo tocasA

as espécies d? mov í.merrto, -C-ôfl,o -V-0(1) KOlYDY


? ' ' I ,I i I
etr: n-o<vroç ""
Kl'IOlf),l.êYOl[ /(IÃL KLYOUV'tOÇ
itr't'1.,)l
(ru,º, 243 a? 4) (l29) o Sabemos que a essa
imposição se prende a
,
contraria ' =
a intuiçao
sua teoria dos projetisj tão
.

imedia ta. e mantida pertinaztnfil).


ttA ,
.

tej como con.sequencia obr Lga tór-Ia dos postulados :fàl


sos de sua metafisica(J
? = =
Ao Lnve s Platao nao pensag
,f'
,
do uma causa para o movimento,concebê=lo=á
como um
estado?sujeito à variação, mas sem orfgem? nem té.t
minoj colocançlo assim a í""Ísica
nos seus verdadei =
ros fundamentosº
No curso de tÔdas as exposições cr{ticas
que temos feito ao longo des ta nossa dã saer ta çâo, te
mos sempre assumida, na concepção
da natureza do m2
vimento, a sua caracterização como um por
estado,
oposição à doutrina que o tomasse
como um process?
- 375 -

Quando ?utro capÍtulo,.particularmente


tratarmos, em
do. problema da lei de inércia, serão, apresentadas por
extenso estas idéiasº Queremos desde logo assinalar
A
aqui que empregamos estes dois concertos com o senti
que lhes da A .Koyr e nos seus É tu.des Ga.l í Leennes"
,I' ,I' "'
do -- rs
-
' "'
(Ga?-?e?ee et .la

J.oi d? inerti?j pag
,f'
º 3)o o movimento- ou ·

O reP00USO e concebido como estado quando se


,I?

admit e
que o mÓve 1 é por si indiferente a um e a outro, ou seja,
que se pode dizer que o corpo está em movimento, sem
significar que por estar em movimento, algo tenha o=
eor-r-Ldo no corpo me smo , O movimento ou o repou s o
são situações de estado em que o corpo é suposto en
eontrar=se'.1 são situações de atualidade em que não há
A
referencia ao que era ou acontecera ao corpojantes
.

de ser suposto atualmente em movimento ouem repou=


sooAssim9 não há que introduzir no conceito do mo=
vimento ou do repouso d3 um corpo nem uma_causaj que
A =
o levasse a esse estado, nem uma disposiçao ou qual
quer outra 0Corrênc1a intrínseca ªº móve I , pela qua1 t!Q

labora ou resiste,ao achar-se em tal estadooO con=


ceito movimento como estado s í.gnf.f'Lea justamente?
do
A= A
cluir toca cons íõaraçao de musa, assim r-ono de tenden.;,
eia ao movíment o , Se um corpo, que estava em repouso ,
agora está em movimento, o conceito de estado
signifiea que, na interpretação da passa=
gem outra condição,
de uma a nao pode=
mos fazer intervir nenhuma expli ?
caça o que importe em conceberuma
""'

di fer en ç a de realidade do corpo do re pouso


- 376-
para o moviment.?" Por conseguinte, se o movimento
e o repouso não ·.dizem respeito à realidade abso lu-
ta do
""' '
corpoj sao necessariamente conceitos relati-
vosº corpo só pode ser dito em movimento ou em
Um
repouso em relação a outro corpo, já que.nêle me_§,
mo nenhuma modificação tem lugar pelo fato ca acha£
se num ou noutro es tado , A rela-1Úvidade da movi ?
mento está implicada '-.no conceito do estadoº Cremos
.

que de nenhuma· outra maneira se pode deixar .tão


""' .a.
claras as concepçoes fundamentais da teoria .mecalll::. o

( = / .

ca e fazer a critica.
'•

da sua evoluçao .historica co-


mo conservando esta distinção entre estado e.pro ....

cesso; d,,. r
este modo, torna-se sens1vel a diof erença
entre a concepção aristotélica do movimento como
·
A A' A <-.
processo? e a platonieaj identica a da mecanica m.Q
derna,do movimento como estadoº Com efeitoj como
diz Ao Koyré ? 11C "es t
justement parce que le repos
et le mouvement poss?dent pour la science elassi ?
A
que le meme status ontologique? celui awun etat,
?

que le mouvement peut être conçu cornme perdura n t


, .

eternellement'- comme le reposj sans modification et


sans causeo" {l30)
., .,
Anteriormente ao estudo de Koyre, outros
filósofos t?ham conduzido a critica histórica e a
conceituação dos fundamentos do principio da inér-
cia, partindo da distinção entre estado e processo
-
na concepçao do movimento. Assim, Eo Meyerson ( 131)
diz: "'Nous avons vu qu1à lBorigine le concept de
la vitesse nªest qu9un rapport entre deux termes
- 377 -
limites, et que le rnouvement apparait comme un
changement, analogue au changement de couleuroil
n'en est plus ainsi pour nous:le mouvement nous
A , ,
apparait comrne un etat, analogue par consequent
non au·changement de couleur, mais à la couleur
elle-meme." ''Par consequent, si le mouvement est
A , . .

,
t:- h so 1
-

ue , .en
,
,
un etat nous pouvons 11-enoncer sous une forme
e• ,
f'ia re un prmca.pe
... sans
•'
avoa.r a •
crain
d.re l'inte.rventi n d'aucun agent mys t.er-Leux ,"

§ 4a - A irracionalidade do movimento.

Por fim, Platão considera o movime o nt


como Ut?a realidade estranha à Razão. Já o diss?
socráti
mos, a .construção da ciência pelo modêlo
.
HA -
co acarreta naturalmente esta consequencia. Nao
pode. haver correspondencia
;. .

representativa entre
o conceito, invariável no espaço e no tempo,
e a

coisa, submetida à .transformação constante. OB..§.


pÍrito não pode apreender nas suas representaçÕ3s
-
conceituais a mobilidade pura de cada coisa e

nem mesmo, dirá Platão, poderá, a rigor, dar


o

nome definido de "isto" ou de "aquil?" a_ coisa


alguma - e estaria. condenado a t'Otal cegueira e.m
embora tô
pÍrica, se não se desse o caso de que,
essas
das as coisas nontlnuamente se modifiquem,
modificações são diferentes quanto à velocidade,
. ?
"'
de modo que ha as que sao tao_rapidas que
as pe? """ .,.,,,

que
cebemos distintamente, e outras tão lentas
- 378 -
- A
nos dão a impressao de É , pois, uma parmanenc í.a , __

simples questã?',,de velocidade no processo do deve-


nir que faz com que possamos figurar-nos a existên
, .
- .

eia de coisas estaveis que , na verdade, .sao apenas


, '

suficientemente estaveis, para permitirem uma im-


-
perfeita correlaçao do conceito a sua realidade e
.
'
A física e a metafísica de Platão estão
fundadas nesta convicção de que o objeto do conhe ..._

,, ,, ""' ,
cimento racional e o Lmutave l., e de que onde nao bá

imutabiliàade não há racj_onalidade; o-domínio do


devenir é adverso ao da Razão& Esta separação é
evidentemente uma aceitação da atitude eleática e
t.ern os mais sólidos fundamentos lÓgicos º Plat ão 9
._,,.

poremj preocupado primordialmente em conhecer an-ª


tureza, incorpora-a num sistema- do mundo naturalj
M .

- ,
numa côncepçao quej nao sendo integralmente logic?
; ,.
e a que mais se aproxima desse idea1e
-
Nao abando-
"na-.a ordem da mobilidade a uma condição de tal re-
-
-

A ? N -
pugnancia a Razao? que resulte como que um nao-ser
ininteligível, mas, ao.contr?rio, considerando a
sua pr-Lmor-dâa Lâ.dade corno fato fisico, constituirá
a mobilidade como um plano definido, sob o dom:Ínio
"
de um princípio supremo, que chamar-a.rde N ecess id'ª
deo
Dêste modoj o campo adverso ao da Razão
não se confunde com o nada ini-nteligÍ-vel'1 mas pas=
sa a ter o seu reg1me privado, e dêle podemos sa°'"
. /
ber precisamente o -suficiente para entender· .como e
,.
_esse regime abolido pelo ingresso no novo regime,
- 379 -
racionalº Platão erige a Ananke em principio su-
premo, defrontando o Nous,justamente para dar fun
damente de existência à realidade empírica da mo-
bilidadeº Vale a pena agora que analisemos esta
intenção, porque ela nos descobrirá certas partes
origiuais do pensamento platônico? Se houvesse
apena::; um principio supremo, o da rac1onalidade j
- A A
tudo que nao fosse subentendido por ele seria por
-defL1ição absur-d o , Assim, o movimento físico cai
,,
ria na total irracionalidade do absurdoº Ora, e
A
esta conclusão que Platão quer evitar; para ele,
- ,,
absur do mas um mi t.o ,
o caos nao e um ,

Podemos entrever a importante distinção


A I .

que o pensamento platqnico devera.ter fetto.entre


a noção do mito relativa aos mitos c?smogÔnicos e
as
'
teogonias dos poetas arcaicos, e a relativa
suas próprias criações metafóricas? As teogonias
certamente lhe aparecem como um absurdoj mas os
-
seus mitos naoo Entre o .totalmente racional e o
;
totalmente irracional ou absurdo, ha lugar para um
intermediário, o mito 16gicoo A Necessidade como
£ator supremo é a privação da Razão, mas não ai!!
versio da Razãoº Entre o seu mito do cao? e ou-
tros congêneres dos poetas antigos, há a diferen=
ça que êstes Últimos são absurdos, porque foram
julgaqos reais, enquanto a sua concepção tem ape-
nas o sen tido de uma. exigência
Lóg í.ca , No plan o
,..
(; do mi-to, o pensamento não se desenvolve numa ope?
ração racional, mas são aprésentadas as condições
- 380 -

;
da possibilidade da racionalidade. O movimento e,
pois, irracional, mas não é absurdo; é esta a con
clusão a que Platão quer chegar, separando-se do
( ,,
espirito eleatico.
Para Parmênides, entre o ·ser, que é 1Óg1
? N , A
co, e a natureza, que e absurda, nao ha meio termo.
Platão, visando o conhecimento. real do mundo- -f:Ísi-
co, não poderá considerar o movimento-como a.bsur-
A
do em si, porque, se o fosse, jamais poderia rece--
ber uma direção racional. Ora, o que lhe .importa
' t
e mos rar na sua t eoria
· ·
r'
isica que h'
·
a uma regu 1 ar?
·

dade mecânica no urrí.ve r so e que esta pode ser obj?


to de conhecimento, de modo que deverá construir a
sua explicação a partir de uma condição tal que PQS
sa ser transformada no real observável. Percebe ª1
,,., , .A , •
_,,,.

tao que o que esta em Jogo e a questao da causali-


dade. Verifica a possibilidade de introduzir ao
lado da causalidade racional de sentido finalista,
que dispõe o efeito para a realização de um valor
positivo, outra forma de causalidade, não teleoló-
gica, e, racional, mas que não cai no
como tal, não
domínio do absurdo. A causa necessária domina um
campo particular, o da mobilidade, e esta não pode
? ,
entao ser confundida com o absurdo, pois nela ha,
de qualquer forma, u.? tipo de causalidade. Vamos
; #Ill#

-
ver em-breve que e e.xatamente esta noçao da irra
cionalidade, mas não da absurdidade do movimento,
que leva Platão a uma concepção que para nós repr?
senta o princípio de ?n?rcia.
- 381 -

Somos legados inconscientemente a iden-


tificar o irracional com o absurdo. Platão mos?
• A A A
tra-nos ter sido este o erro ?e Parmenides, e que
êsse caminho conduz? impossihilidade de uma .ciên
I
? #
eia .. da na t-qreza e

O absurdo nao se podera jamais


- A
.

deixar permear pela Razao e, desse modo, a inclu?


são da mobilidade no domínio do absurdo seria a
impossibilidade de construir a fisica? :f tanto
mais falsa essa atitude? quanto-? mobilida?e pura
possui uma forma peculiar de causalida.dei enquan-
to??no plano .do.absurdo, nio se pode admitir ne-
nhuma. espécie .de causa Lí.dade ?? fÍs!ca platônica
,
j
éj portanto, uma tentativa de conciliação do eleª'
tismo com as exigências da experiência.. aens or ãa L, i

Do ponto de vista de uma razão que se quer reali-


zar integralmente, o movimento é irractonal.? por-
que.viola o principio de identidade; era o bas -
tante para ?arm?nides o eliminar da ordem inteli-
r ?
g1vel e das preocupa?oes do pensamento'°'
=
Plataoj
porém'.? julga que o princÍpio de Lden Idade, sendo t
embora o mais alto dos princ:Ípios da razão, não é
o único; há também o princ?pio de realização do
maior bem, que é igualmente uma diretriz suprem a
da Razãoº Ora9 é evidente que pela mo?ilidade fÍ
sica se geram sêres e se atingem situações quer?
pr esen tam um incremento de perfeição na or-d?m do
ser. Logo, e?ta mobilidade revela-se capaz de e?
tar a s?rviço da Razão, deixando?se conduzir para
a produção de efeitos racionais.
- 382 -
N
Platao considerara entao que, se-do ?on-
/ -
to de vista do principio de identidade o movimento
.
' -
de fato repugna a Razao, quando entretanto consid.§.
rado à luz do princípio de finalidad?, é claramen-
te penetrado pela Ra záo ,Temos de aceitar que, de
qualquer modo, a Razão se realiza na mobilida.de,p;r
"" A , da identidade
que, se nao pode f'aae=Lc a tra;ves
.

,.con
segue-o através da finalidade? .O movimento,enquan
to tal, não possui nenhum conteúdo racional,-por....
que é a negação
pura da identidade, mas j enquan o
"" A
t ..

considerado no seu curso e na sua pr-oduçao , so.b r.e


A A
ele se manifesta este aspecto.novo e plenamente r-ª
., . -

cional, que fa sua determinação a uma finalidadêc,


Esta concepção encontra-se perfeitamente sintetiza
da numa frase concisa do Profº Plínio SoRocha(l3Z?
+:'d ? ti' A
em uma de suas liçoesg •
"Nao ha urna cienc1a
.

da mo=
bilidade:t há uma ciência ill!,,
mobilidadeº"
Há portanto uma situação impreci$a e in?
completa e de difícil esclarecimento, qu? se pode=
ria traduzir na af'Lrmaçao de que e, tao
Cl ?- ? "
ilegi m o ti
considerar o movimento como racional, quanto consi
?
dera-lo absurdo , Deve haver, pois, uma condi aN o
ç
intermediária, e parece-nos que esta corresponde
precisamente ao resultado obtido por aquela "per - -

suasão":J de que fêz uso o Demiurgo para criar esta


cond í.çâo , que Platão qualifica ·de '<x:YÓ'Yj'TOÇe habi-
t?almente chamamos de irracional, mas, a rigorj d?
veríamos trad.uzir por "ar-rao í.ona I n, para fazer va?
ler o prefixo " ol u privativo I) Para não criar po

L-- -- ........... ? -- .. ? . .. '"' ...


- 383 -
,
rem um neologismo chocante, continuaremos a usar
a expressão irracional, com o sentido definido por
esta dmscussão?
Estas observações não devem fazer dimi-
nuir a certeza, que temos, de que Platão conside-
ra.o :qiovimento como fundamentalmente irracionaloA
- , -
privaçao da plena racionalidade e uma condiçaogr..s,
"" / ( A
ve. e. nao e pos s í.ve l atenuar-lhe .a ãmpor tancf.a] a
o

para dar
'
larga. submissão que o Demiurgo realiza
a
( /
fisica o carater de um saber aproxima=
é bastante

do,.. suficientemente va l.í.oso , mas não esconde a sua

f -
natureza essencialmente privada do Lnt'Luxo int e=
gral do N OUÇ º Dai o fato de que a sua
,
(
si ca fi
, " •
tera de a paga r=se a esse cara ter, que e o una.co
t?
-
,!\ • ,/'

?
lo qual a Razão invade a mobilidade, para torná=
la inteligÍvelg a finalidadeº
?ste nosso conceito pode ser defendi d o
co? pleno apÔio no textoº Com efeito, no inicio
da teoria cosmológica, Platão diz que o Demiurgo
.
A A A
quis que todas as coisas fossem boas e que fosse
(
exc l.uí.da o-
da obra futura toda Lmper-f'e Lçao (_.30
A-
a) o
.

Mas na mesm? frase em que afirma isso também diz


- A
que a operaçao do Demiurgo se exerceu sobre uma
massa material visível, que se encontrava .em esta
do di agitação mecinicaj deslocando-se sem medida
e sem ordem K.lVOll_tlE)/())) TrÀ'>'j/J.,P,êÀW? Ko<t
J I
ol'l"'oC.K7:w,, ou seja, que estava na condã çâo de
,..
pura mobilidade, portanto de ausencia de identida
deo Ora,ainda na mesma frase é dito que nessa?
- 384 -

sa o deus introduz a ordem, porque a considera ab.:..

solutamente melhor do que a de s or-dem Mas como


liza .essa ordem? Dando ao .cor po do mundo uma a Lma,
, .

?
Precisamente ao dizer isso, Platão declara que a
alma foi intr<;>duzida,-ª -fim de que o mundo se tor-
nasse a mais bela e a melhor das obras, 'f V'L7JP ó>
? I
E y crw)J,- (J. 7: (.
\ \ - I
a: (J JI' 0-T o( t; To rlol 'Y ?{/,,, e re K. TC( L-
//
JI ETO 1 .t>17T<.,vÇ Ó?"l l(cxÀÀ_urroY El?J .KOC'T? úrcv
I 'f
:,I
<Xp l0-7:oY
I
re
?I
êf
.>

tf
roY <X77e TOt (T,A,,l-E"Y o> .. .. .

C3o b)e
y?-se, pois, que? racionalidade existente
,
.
.?
no universo e _aquela que a.Alma representa, isto?
a que se exprime pelo principio de finalidade,_. im-
.
-
A ""'° o,
plantado sobre o elemento que a Razao nao pode-su-
bordinar por meio da identidade? uma vez quej sen?
do a absoluta transformação, era por naturez? oi-
"
nidenticoo
Ainda em o?tra passagem (52 a, b) temos
-
a demonstraçao do mesmo conce í.bo , Ai( esta
?
to di
que1 antes da formação do mundo, tudo estava .em con
diçÕes irracionais e sem medidaº -É então.que o -

, ?
d eus mtervem e--? por meio das Ideias e dos Numer cs,
-<> ,p

compõe um unfver so , nara .9..u? seja o mais belo e o


melhor, ?'
·J<fi..À.À l (rl:oc 'X L a-t: o(
e ,,
?€ l? O Y";x.
Cl ? I \ f1\
OifTWÇ êj(o>'rf.JJY 1:0Y CíêOY ocu c« õUJ/ltrTOCY<Xl I
o

Ainda aqui se percebe que o aparecimento da orden-ª


ção racional é feito ·em função do princípio de fi-
,.
nalidade, sobre uma realidade que se encontrava em
condições de não-identidadeº
Por fim, ao· explicar que a Razão triunfa

?"' ..... " .. __ .. - - .. '"' ....


I>,'
? -? - - - -

da Necessidade pela pers-gasão(4S a)j Platão está


confirmando esta proposição que defendemo$; .pois,
?
se o regime da Necessidade e o.da translaçao ir=
' ,
se o re=
r-ac í.ona.l , e portanto da não=lildentidade re

0 '•
'
gime- da Razao
A A
N
definido pela ordem.finaltsta9 a
"'*
vitoria deste sobre.o?outro-e a demonstraçao do
,
e
·, ·

que afirmamos ·,no .nosso textoº ·

.. . . . A r!s'ica .de .Platão tem .esta orientação


? A .

teleologicaj porque lhe parece ser este. o ?odoc.2,


mo.a Raz.âo,se manifestano devenir"natural,? Ou..

não será possfvel-.a pelo conflito da mo- fisica,.


bilidade com .a identidade.? ou se .constituirá co=
mo uma,procu.:ra,das .regular.idades reveladoras das
inten?Ões rat:donais? ·A .. ord??: .(tconc.ebida primo.r,
.
? .
?
dia+mente? nao como um fato, mas como- um désig -
.

nioe
.Tud.o
. isto
nos êxpli,ca _ porque .a. fÍsica.
tl
.

'-·
p·1.a tN ? d.
.. ;,
d. e.? ... "'· /1 ,ft:,
ao.,?- ê- eo 1-ogica, e por.g,us? esse .me d o ·&J;.£r'
: ,
.,Q "jj'i,;.,:;;;:,

pare?e poss:Ív?l salta? o obstá?·u10. que o princÍ= ·

pio de.identidade.opunha.à: compreensio-da :datur!l


za; o movimento nã'o tem em ... si uma razão de inte=
.. ,

ligibilid?dej .mas a . tem



.rora .. de .sã, no destino a
.
,
..

""' """

que serve .Por a.s tg e que fla tao nao t.entara J'ª o o
1t .

mais. dar uma def.inição do movimento; par ecer--Lhg


....

ia a suprema temeridadeo
§ 50 e;:> .A,"teoria aristotélicc:}. do .moví.merrto

e sua critica á.de .}?latão.º


A
A r es pos ta dc
ponto de vista platonico.
386 -

_Aristóteles .o f'a z . tranquilamente; Na F_!


?1 Tov em duas passagensj (201 a9 10; 202 a? 7)
JJ<X)Lêl J YT:OÇ É>ITE ÀÉ? e « ,
__

I 1,- rot oJuu- t:o


'n
I
Y , K. L tr
,
str t: cJI · ?
c

'I e? e mais >' 'YJ

adiante e ?l µ tr; <Tl ç I:, Y rel E,,;r. E co( To tr


/
?

?
?J t
?l Y' ?o if , t_ '- 1To ê :. na1 Metafi
K.. J-117
JJ

T11 Y 7:()11' dV r'ol..p.-€c. (rJ 'lOl o 1f't"OY


:,I JI
6.-0-Z-l >' é)) E() Y.£ JI /\ê rw J( l Ytfj (Jl J/
I
<.,o(.
l'
(1065 b.,16)(l33')f o movimento nada tem de irraci.Q
nalj desde que se resolve em principios metafisi-
t
eos totalmente inteligiveis,a
A
potencia e o ato. ?Ja
?

:
, ?
observamos que Aristoteles?
.

..
movimento .nao
, _em o
tem- a significação. de uma real.idade continua. essen
e_ial .ao ser o -·º movimento. e, .eterno (134) .,. como .e, ?
.
o •
.

- , A
..

t.e:rno o ser nao , por em, por. e saenc


9- í.a , masi por ea.u
sao -Com efeito1
4epois de dizer que-o movimento·-
,,. A
nao pode ter começo nem acabar9 explica.que essa
eternidade se-deve a que ha, uma causa motora efi=
.

ctente1 que esta , 'l


continuamente ''\' '
em a to , «/\A\X fl?Y
;,, ·

:I/ ' /
EO-Z-l."' )( l Yr? e K oY
s .,, \
e Z-<. Ko??
? 1J 1:º e
µrr;
é JI é r O V Y á{ 't: e J o tr I( E 0-7:o( e. /( JI? (Tl Ç (Metªj
?'J

f
.

C.

107!1 b,J.2M. existencia de uma causa movendo atual -


.

, ..

- ,
_

mente-@-). pois .condiçao necessaria da eternidade


1
do movimento f':Ísico; mas não é condição suficien•
..

te, h? que considerar.que exista um principio tal


que o ato (de mover) seja a sua essência, tfe,
,t ';- .,
El VcXl
' .

?o, I C :, ,· - .

?e? o<eJ.,Y .
<X 157:ff)Jf
rJG ? o utrco;
Eve erElÃo (Met., 1 071 b , 19).
t, pois, porque o primeiro motor move?
- 387 -
ternamente que sempre houve movimento no univer-
I N
so; nessa causa .extr1.nseca esta a sua razao_de ?
'
xistir,_e não em ser da essência da matériaº A
comparação da doutrina aristotélica com a platô-
.
,
nica.esta feita pelo proprio Aristoteles na 11Me-
, ,
tafisica" \13?).. onde reafirma
·a
impossibilidade
de o movimento existir sem uma causa que esteja
em a to 9 frik
5 '>"Olf Kl
>Ith{)-..'fTE. e« e , E£ fo'1J
1?1 7 º•
EIJ"T«t EYERTEl..f ?"l _<XlT'lDY; (130)
,1/ ,.....!',__,__
. . Opõe-se
·então.decididamente ?q?eles quej como.Leucipo ou
- A
Platao, admitem a existencia eterna do movimentoj

jul,.gando haver uma contínua. atualidade o A sua P..Q

1sição é definida na rejeição absoluta da .possibi


, A
·lidade õ.e o movimento existir espontaneamente na
,- .:, \ Cl
-

t:/ '} I \ '


ou. pê
-

materia: r()(.e ?J V-11..?'j #<LY?<TEl Of.lfT'9


C'V'. /,
?"' 1h..... f,? ( 137)
, ·?. . -
o
t
R eJel._ tt 1gua 1 men e a exis.tA
o o
enc a .
t '°
i
do movimento livrej ca.sual, processando-se sem
lei ou sem causaj pois exige que sempre haja al=
,
guma causa presente no movel, que o ponha em moca
vimento de uma forma de ter-mãnada , O lf E Y rti.lJ
? , -
? .,

"(r r- l
J'
et: Ul-, E K. l )I é e 'l"-<X. L J OlA1À'CÁ a 6 e 'C" O( El
?
W'
.)

V'rr.c1.p t£t<;-38). Tomando particularmente à disCU.§.


são a. teoria p'la t·ônica j quer :Aristóteles mos tra.1:
nos q. .. sua incoerência, pondo em confronto contrª-
ditÓrio as passagens-de Fedro, 245 ej e das Leis,
894 e.,. com a do, Timeu, 34. b , A-eÓntradição re=- _

sultaria de afirmar Platã'o, naquelas definições,


ser a alma aquilo que se move a-si mesmo e ser a
fonte de todo o movimento, e depois fazê-la ser
- 388 -

A
qriada postertormente? como. contemporanea da ger-ª
ção do cosmos , A.. incompreensão de .Aristóteles vem
de que o seu.sistema não lhe permite representar
o .movãmerrto senão como uma realidade r-ac í.ona.I o Por ..

isso é que censura a Platão não dizer por " que , J',k
1
.

se da o movãmerrto nem o que seja ele em sí,


? '

Tl
1
:?
, , .
,

e e V()( , ou se , se da desta ou daquela mane í.ra, E<.


e <'' ? ,,
e: º º ª
w t£.< -.E m sumaj .e a .1rrac1ona 1 1 d a d e
.

WO( $
'/"
.

mesma do movimento que.Aristóteles se recusa a a=


, '
ceitarj porque sua propria.doutrina lhe parecer-?
.

solverj ?m têrmos.int?ligive?S9 O problema da IDO=

bilidade.º Na composição. mesmaI do ser está a sua


l -
' ?I
di visão em A
potencia e a to j /'-E d é i.-oc e ?o () Y • • • •

To
' Í'
oe K. cc ?:ex
' .
\ I '
ô u-v(1....µA.Y It<« e
.>

EYr£Á.£JecocJJ s
I (139)
.

que. são princípios enti ta ti vos , nos quais se re =


so Lvem os problemas da sua mobã Lí.dade, das suas l!
? .· .

? A .

çoes e pa ixoes , Por eles$ a r-ac'í.ona Lf.dade pene


.

.. <;'>.

, .

realidade.e
.

tr.a ate o fundo da o ser se torna pc;,r


A A
toda a parte o ob je tc cona'tur aâ da inteligencia?
· •

?· ,
Nao h?.lugar. para.o reconhecimento de uma irraci.Q
..
. '

nalidade irredutível; esta suposta ir.racionalidac:=>


de dissipa=-se? quando se descobre que não é s?m·en
te o .que o ser e?ibe de reali de feito9 de
?. ,p
atual
I'
.

A A
que na nelej mas,tambem a mesma
..
se .de?
,.·
existencia
.

A ""
ve conceder ao que.e apenas potenciaf e.nao.reali
zado ? e que ambos concçrrem, a de princÍ - ..
tftulo
pios? para a constituição do ser determinadoº ?
o que A.ristóteles diz nesta frase .de alta importân
eia. para a compreensão aa,. sua doutrina: n todas as eo.1
L_. -
.
-

- 389 -

sas têm anllogamente os mesmos princ{pios, quais


A ? ('1Jt'\'\
sejam o ato e a potencia",Er, o «AAO?
1:pt51ro)) -rt» &v«Ào?oy ÔCLJ?cx? oct.
:,
«o rec , I ?
tJlOY
I (/
.J L·, ('I
&J/EfrBl<X.?} Ko<<. OlfYcX.Jl,l?,
(?? 1071 aj 3). ·

.Ora9.se o.movimento se define como .. a


- A .

transiçao de potencia.a ato,1nisso.consistindo a


sua ess;ncia,-e se ;sses doi?-?rinc?ios sio da?
dos na constituição.do ser?l?O j então o.movimen
to se resolve na própria estrutura interna dose?
,p
neste .esta tudo aquilo" de que precisa para real!
zar=se e para ser compreendidoe
:It evidente que esta doutrina .dá solução,
.. ...

A .
,
em.termos perf'eitament;e.logicos'i .ao.prqblema do
movimento, .ma s em função de uma concepção .. parti- .

cular da composição metaf:Ísica. do .aer 9 .que colo= ..

éa o possível .e o. real em condiç?o .de certo modo .. ..

A
semelhante, para comporem ambos a exist?ncia do
ser.,
Platao, ao eontrar101 nao ve no ser fi-
.
N° • , 0 - A ,
sico senão os seus.aspectos atuais; a possibili-
dade.não pqde ser cont?da como elemento presente
de explicação racional? Se precisarmos introdu=
zÍ-la_na teoria cientifica? temos de dar-lhe ,:µna
condição diferente da que concedemos ao q-qe tem
- ,
existencia atual, e devemos entao.coloca-la nodo
o ,,..

mÍnio da narrativa .mítica. ·Platão consideraria


, A ,

certamente a teoria aristotelica da potencia co?


.
, ,
mo coisa mitica, no sentido que da a essa quali-
- 390 -

ficaçãoj e julgaria que a e?plicação de Aristóte=


les resulta de ur.ia indistinção entre o racionaldo
xático = o atual= e o mítico= o potencial., Se=
r í,s., pois 9 uma ilusória racionalização. da mobí.Lí.;
dade a que se conseguiria. pela declaração ..
da po =
t;ncia e do ato como princípios entitativos.
Para Aristótelesj se o movimento? int?
ligÍvel em si mesmo, essa -inteligibilidade se es-
tende a todos os seus aspectosz A?simj a distin=
ção entre o movimento na tura.19 x.ocr ? cp Ú<rLY.
antina tural9 ' (
V c:c Y -
e 11<Xfo<.
'f j nae envolve
para es ta Última espécie nenhum. sentido .de irra=
cionalidade? já que?
se .um corpo está realizando
urn m9vimento contrário à sua -?aturezaj em virtude
.

I . .

da ação de um motor que o f'or ça , l<f a isto 9


N , /3 ?

nao e menos verdade que o motor mesmo esta, seguin


, .

do a sua propria natureza? ge modo que a distin?


ção acima tem uma significação simplesmente aci =
dent.a.l ,
E n t re a -?
f a sa.ca
-? º
ar1.s
º
t o t e'1 a ca
º
e a p 1 a t on1,
-
&I,
º

ca não pode-haver um terreno comumíl desde que .s?


separam na concepção da inteligência do deveniro
A metafisica de Ari.stóteles tem a seu serviço uma
1,ogica9 docil
o ,p ?
?s .suas exigenciaso Se a realidade
o A

do movimento se. resolve na intimidade mesma do ser,


a sua inteligibilidade se exprim? ràcilmente no?
nunciado das proposições
fisicas e A lÓgica con =
ceitual não encontra.embaraço em apoderar=se do
real em transformação, e julga poder represent?lo
- 391 ..

adequadamente, capt?ndo na proposição a realida ...

l?
de do fato dinâmicoº Se .o conceito de um ser q_Q
mo tal é incapaz de referir outra coisa que não a
Jj,

sua .essência inteligível intemporalj há contudo


outra espécie de atividade 1Ógica9 o julgamento9
, I

qu? e perfeitamente.capaz-de.nos da:r a represen=


tação.da mobilidade, O que o conceito não pÔde
,.
?azer ? far a o verbo quando penso
.

& o conceito upe


dra ii nao .há, nele .nada que indique
. .

N A ?
9
.
O

o, fa to fisico
de estar a pedra em movimento; mas quando digo a
proposição "a pedra caf," 9 o real fÍsico está in?
tegralmente representadoº É que .o verbo traz um
alargamento do campo lÓgfcoj introduzindo a pos=
sibilidade de r?presentação do aspecto temporal
N '
que a cons Lder-açao unicamente do conceãtc .nao
·

mitia vero Assim, o espírito esti.construÍdo de


N
?
modo a captar.a mobt Lf.dade , não. nas .auas simples
representaçõesj mas em atos ?ompostos em.que pro
duz.ligações entre as idéiase O julgamento é.u=
ma ?tividade lÓgica tão legitima qu?nto a coneei
tuação_ej se por .esta segunda.operação se conse=
? ? ,
gue o que. a primeira por. si so nao fazia, e uma
questão de economia interna do espiri o, mas de t
qualquer forma pode dizer=s? que o espÍrito9 co=
mo todo? pensa a mobilidadee
Tal foi. sempre a.doutrina.que.desde A=
, .

ristotelesj passando por s? Tomas de Aquinoj ate


.I' ,
a .neo-escolástica,<14l) tem sido oposta pelos de
q,.
fensores do realismo racionalista as filosofias
- 392 -
que proclamam o mobilismo anti=-intelectualista, de
Platão a Bergson$

§ 62 - _A posição plá.tÔnica·no problema do


conhecimento da mobilidade,,

Contra o logicismo.aristotélico? aati=


A
tuqe pla tonica 9 em todas .as suas di versas manif e.§;
A
.
· ·

... . .

taçÕ.e? ao longo _.da :histÓria9 não .é menos claraicpi]Q


.. ..

do .. Aristóteles e os. continuadores do seu realismo


pensam poder .abnanger logicamente o. mov ímentío , com
...

N A'
esta doutrina da realizaçao desse?intuito-em:dois N
..
atos distintos e suce ss ívcs do .es pã.r
,
í.to , estao sen .

do v:Ítim?s de wna ilusão; esquecem que o julgamen


., N r
to e uma oper-açao do e spí.rí, to, que se comp.l.Lca com
' .

o problema da ver dade., Ou a mobilidade é r-epr e e;!>

senbada no conceito mesmo do. ob je to , .ou, se o .não ..

, ·,;, I
e? nao podemos dizer .que .somos . capazes de .atingi.""'
. •
..

la .dir.etament·e9 uma. vez .que .a proposição que. a. ez


pr1m1r i t'
"·º a es a na de pendenc í.a
• A
.de toda uma t.eor ia 1
.
A o

que define .as c_ondiçÕes de verdade de qualquer .a?


to judica ti VO& Contra J\ristóteles j os adversários
. ..

do realismo proclamam que o ju:Ízo não pode.obviar


a deficiência do conceitoº Dividindo em.dois co?
ce í tos , 11pedran -? ºcair"-, o f'a to objetivo da que -.
da da pedra, a sua recomposiç;o no julgamento «a
Q N
pe d ra ca í," nao tem mais a significaçao de imedia'"!'
ta a.preensão .do .. real, mas encontra-se .na dependên.
eia das condições exigidas para se tornar verd?1
-=-
393 -
ra uma pr-opos çáo ,
Não há, por.tan to , captação di
ã

reta do objeto móvel? pois intervêm condições que


à A ,
nada tem a.ver com ele, sendo proprias do ?to de
A ., ""
julgarº Com este s-gbterfugio de decomposiçao ccn
eeã tua l, e, recomposição pr-opo aí.cãonaã , .a lÓgica
.
!!
ristotélica.não nos-indica um meio:ver!gico de.?
tingir a essên?i? móvel da ordem fÍsicao Conti=
nuamosj pois,assim o.julgari?-Platão9 a não -PO=
der ter da mobilidade uma noção racional; a fÍsi
ca não serâ.a ciência racional.do devenirj mas o
conhecimento.doxático de um.mundo9 em que tanto
- , ,
a Razao cosmica como a nossa podem so incompletª
mente penetrarº
A f:Ísiea platônica tem portanto de r.e=.
construir o mundo sob êste postulado de uma irr,11,
cionalidade fundawental; mas a r?zão. humanaj.em=
·
N A
bor.a sofra limitaçoes pela sua contingencia cor?,
,. ?
.

poeea , .e contudo plenamente .r-acã.ona I .na sua na tu


!

. ? .· .

reza; sua? exig,ncias sao as.mesmas que as da.R§


zão. em s L, ?.não temos, outro recurso senâo con-
. ..

.jeturar. a respeito .. dessa realidade tra.nsracional ..

e faz;=la.i?gressar'no?ststema.fÍsico? m?diante
À ?
.

?
um mito do genero logico? Sob o mito esta. conti=
..

da a intuição
de uma realidade .indizível em for= ...

ma racional, màs tão necessária e tão perfeita.men


te imagtnada que.é a sua inclusão que permite a
- ,
construçao da teoria fisicas
.

'
Para passar à consideraçao do devenir
- o

concreto, Platão inaugura uma segunda parte do seu


- 394 -
livro, onde nos indica que duas condições devem
ser considerada$ para que ingressemos realmente
na ordem fisica? uma nova noção de causalidaq.e .e
.

, N
wn sustentaculo materialº Com estas duas noçoes,
podemos da.? verdadeira. significação fÍsica aos .f?

tos que iremos_consideraro Com elasj torna."'!'se·I)C§.

sível a.aplicação da metafisica. e chega-se a.uma.


?. ,.
' ?
ccmpreensao.cque A! .apenas pr ováve.l , mas a mais pr52. .

,
vavelj da natureza.eircunstante?

A
t
preciso. evidentemente introduzir um nQ
,
vo gener o de causalidade 9 porque a úrrí.ca causa. a?
.

..

tê.então reconhecida? aquela que produz o.efeito


para s?r melhor em vista. do seu fim9 supõe. uma
o.

determinaç?o. que deriva da ·Razão. e. é pos ter í.ormej;


-
....

?
te .tmpos ta ao mundo,
'
I

havendo cr-ãaçao ab- ora9-.nao


,
so Iuta , +sto e? se .a corporeidade pr-eexí.s te a sua
organizaçao'.1
o
.,.. ,
forçoso que se estabeleça alguma
e
forma-de determinação que seja para aquela fase
, ?-. ,
pre-cosmiea
.

o que e a causalidade racional no do?


mÍnio da ordemo ? êste?.portanto9 o.motivo.de ser
criado-o.conceito .de .Neces s í.dade ... com o valor-de um
determinante causal não teleolÔgico,
.. .. Já em ca pie:;,
tulo anterior dissemos o que nos parece ser.o se,!1
__

tido desta noç.ão,. e não pr?çisa.mos desenvolvê...,.l-a,


resta-nos apenas vê-la. em açãoj na_plena produção
dos efeitos 4ue.lhe sic peculiaresº

_
Emsegundo.lugar9. para.que.uma.realida.!?.
de. assuma valor .f:Ísico, .é preciso que seja ma.ter.i ..

alo Em Platãof o problema pÕe-se com a mesma ex.!


- 395 -
" .., ,
gencia de uma deduçao a prtorij que e o carater
,
geral.de tÔda a sua teoria() g que urna filosofia
que pÕe na ordem do puro inteligível a objetivi
dade adequada ao conceito e constrói a sua teo-
ria da verdade na altura do plano dialético, só
pode.ir ao.encontro do mundo fÍsieo? que é am?
ta, sem.contradição interna, se preparar a prio
ri.j .. para. a apreensão .de ssa ondem, um. conjunto de
conceitos.supremos categoriais e de .outros eom.
A A
..
eles .r e l.acãonados ou deles der t.vadosç. que venham
a a justa-r,se j embora de forma imperfeita, mas em
todo 6 casp ? mais provávelj ao domínio que de=
vem explicarº
A causalidade racional e a necessária
são dois.conceit9s.a.priori dêste gênero; a teQ
ria da constituição dos corposj concebida.a pri
ori com o fim de nos dar a. explicação da_.natur?
?
za da materialidade9.vai conduzir a descoberta
de. mais alguns conceitos ca. tegoriais .do mesmo
- A
ti
po , .Sera:o .es tes , ? sua natureza e os efeitos
..
º
que
se lhes atribuem, que devemos .estudar agora ,
Platãç, deseja, em primeiro.lugarj cha=
mar-nos a atenção para a ilusão natural em que
I\
se encontra a nossa inteligencia, referindo-se
às.coisas ma.teria.is.e.a.os.seus elementos consti
tutivos, e delas falando como se soubessemos o
, rI 'e,
que em verdade sao , wt, éL o o <roJ 7Tvp or e
N e ._.

I J \ e' I ._ I
110,E .E<rrcy .Kr,.,£ À GrofoGY.·
El<...?(T'C())I. CXV'CWY
(48 b)o. Tratar das coisas materiais, como se CQ
"" 396 00

nheeêssemos a sua natureza,? uma atitude natura},


.
, -
ditada pelas necessidades praticas, mas o que nao
se justifica.? que os fil6sofos procedam do mesmo
modo e procurem .·da.r=nos a compreender a natureza
do mundo? partindo dessas realidades elementares,
como se um simples nome , atribuido a conjuntos -di- .

versos .qua.ILdades exibidas pela. matéria$) basta,§,


de
se como exp.l í.caçào da natureza Pia tão po s tu'Ia a e- .

necessidade de expiicar pela origem, temos de nos


d?r o modo da. geração? se queremos atingir a com=
.
.

pr-e ensâo de qualquer co í.sa, Esta atitude pa:rticy


Lar da teoria pla t9niaa f'unda=se, como já disse 9 - -

mos?_:n&sua .cenví.cçâo de vque a s Lmp'l.e s e pura con§, i ..

tatação da existência .não' tem. valor- ci?ntifico,,-vis


to.como a existência não.tem significação iritelid
vel1 sendo dada inteira
.na realidade eterna da oor, ..

pore Ldade , Desde t.odo o. tempo? no passado -,infini


.
:

..... ,
ja, esta.
""'' -

to. que pr e cede .a .formaçao do mundo , . posta


.

a.fundamentação existencialde tÔdas as_coisas?


pois já .. está dada ,a .materialifü?.de que constitui a
..

causa. d e sua exis tAenc1a r· l'


-
e o
1s1.ca.e M as., --como nesse
.
o
. ·

, • "
es tado pre-cosmic o nao ha. ainda a menor luz de r_!
;? .,,.; • -

- ..

cionalidade1 vê=se que a corporeidade? para exis=


tir? prescinde da Razio e, assim, o reconhecimen=
? •
to da existencia da coisa material como tal nao
N

N A
constitui um dado do saber , Nao e a. exí.s tenc ía ,P .

si?plesmente constatada q?e forma para Platão uma


- ? ?
1 ica; so começa a haver c í.enc í.a quan-
·noç8:o ca en t?fº
o
..

do se pode dar a geração da coisa a partir das coll


-- 397 -
diçÕes em que a Inteligência a concebeº
Por isso, a fisica platônica tem de e?
,..
primir ·sobre cada coisa o seu saber em forma de .

uma teoria da sua gêneseg é o meio de ligá-1.a a


alguma.essência e_de superar a mera constatação
da sua,existênciao .É o q?e se dá quando se tra=
ta do problema da matériaº ..

Desde mui to .se sabia que a variedade des


aspectos fisicos materiais of'enec í.a quatro tipos.
salientes, representando grupos extremos_ çJ.e pr-o-
pried?des, .aparentemente opostos entre sí?. A.di
., /
ferença dos estados da materia e por demais acen
o

?
tuada para que nao fosse uma natural. tende? n eia
1
,..

erigir cada um dos .s eus, e s tado s., .sólido,. -liquido


..

e. ga s os o; tão."diversos. pelas suas ?propriedades ,


numa f orrna elementar de constitui çao da. ma ter:1.a,
= "
...

atribuindo a cada qual um tipo r e pr e sen ta tâvo e a


terrá,. a 4gua ,e .o ara ;uanto ao fogo,. a mesma
consideração leva a considerá-lo como. uma quar.ta .

. realidade, tão particular .é a sua.tnatiureza e não


con.forme a qua quer das
,
l
tres arrter ãor-es , Uma q_u:in
, -
A
.

ta-especie foi pensada , o eter, mas inao vcaã .. na


nossa .ordem de percepção, como as outras, sendo __
-
uma simples necessidade de. certas construçoes te'O
.

-d'

r Lcas , Os primitivos fisiólogos, .reconhecencb nos


seus sistemas essa diversidade fundamental, ape-
laram ora .para um, ora para outro corpo, a. fim
A I
de .faz.erem deles .a exp f.,,'Yj que procurava?? Em to.-.
?
.

dos entretanto, embora se decidam por este ou par


.
- 398 -
A ,
aquele elemento, a atitude. e a mesma: reconhecem
. '

simplesmente a sua existência e dela partem como


de uma origem absolutaº
É exatamente esta atitude que _Platão quer
comba ter-, Ela inco?re, a seu. verj· no êrro, que a-
cima .apontamos, de fazer de .algo ?xistente 'um pon-
ft A
to de partida;. em consequencia,-qualquer.que.seja
.

o desenvolvimento da.tedria-fÍsica, el? resolyer;


a natureza de cada coisa singular e .a explicação de
.

A ,' , •0.
seus f'enomenos , em ultima analise, A
.
na refer?ncia aos
elementos .e suas qualidades primárias·; .em suma?
_às .

no fato real1 mas inexplicado, qe existirem. estas


na tur-e zas elementaresº. É justamente esta, para Pl-ª.
tão, o tipo .de explicação' insatisfatÓria,. ..aquela
que trata as. coisas, .no seu modo de dã ze r como s.e
,
-
.

soubessemas o que sao e .por-que existem? .Por exem-


- .
,

ploj Empédocles considera sufictentemente raciónal


" .
" . .

saber que .exí.s tem estes quatro elementos.na es.tru"""'


o
.

tura do mundo.físico; Platão nao se contentará S.§l


-?
nao em saber por que.existemo
Mas?
crítica de Platão vai mais ao fun=
doo Na concepçaç dos antigos nao ha,' apenas o v - f
""' CV

cio dessa resolução d? realidade no plano da exis-


A - -
t':3ncia, sem consideraçao da razao geradora, mas_ a
atitude mesma de declarar o mundo ffs ico '? composto"
A
desses elementos
.

por analogia com a palavra) que


;
e
.I' o .I'
CJ

""'
.

composta de letras, e Ja uma afirmaçao.gratuita7


qesde que não seja ditada por qualquer justifica -
ção racionalº ? que, no seu afã de unificar a mul
- 399 -

tiplicidade da realidade, na descoberta de um pr.in


c:Ípio ou alguns poucos principies comtms, ªPi!
de
lam para uma ou para um pequeno numero
?
de exis-
tênc1a..s simples, como se, fazendo repousar nesses
elementos a complexidade da realidade, estives=
se.satisfeita a curiosidade.racional?
No domi -
, , "
na o da linguagem, esta f.ormu,la. e-- valida; sem du""°
o
., •

o
.
" ·" , . no .uso
ví.da , ha um Jogo de expressao vo luntár-í.o Al
o

do vocábulo (;T'OlfEL?" que , significando pr-Imí,-.


tivamente as letras do alfabeto, .. foi depois· usa=
do para designar os elementos.fm:idamentais (l42?
Para Platão e's ta solução não faz se=
51

nao transferir para os corpos elementar?s o pro-


Ad

blema genérico .da posse .dos .aspectos .inteligiw:ise


O que .Lhe importa .é. saber como, em sentido.
gera? ..

uma e oã sa qualquer possui caracteres inteligive:I.$j


..

seja uma coisa or-ganí zada ou um corpo e Lemen ta.r,


.

qe não se define o meio. como as ess?ncias intel!


( í ...
ga ve s sac representadas nos objetos, jamais .se=
-
..

?
ra so.Luçào o saber. que estas .c oa sas se.resolvem o

.?m outras mais simples, porque também para est?s


se.põe o mesmo prob+ema de saber como são .disce1:
níveis na sua condição de existentes e como pos-
suem essa inteligibilidade, pela qual podemos. CQ
.. -

nhecê -Las, .ss, portanto, um .tratamento comp Le tg


""'.
mente novo pode dar-nos .. esperanças de s oluçao; ,.
e .

,
o que empreendera a narra ti va subs equerrte.; segu-
tt

ramente mais digna de aceitação, por .sar mais pr..g


vável que qualquer outra té então apresentada(uB ?)º
é+
- 400 -
Em que consistirá essa s o Luçáo diss? ç já
mos? primeiramente, em destacar o problema, até
então não percebido; d_epois j em tentar descrever
A ? .

a genese logica dos elementos, no estilo geral da


A ?
teoria p.Ia tond ca , em que explicar e ver nascer ,
·Em relação à geração do devenir sensível
e dos seus elementos, o prop6sito de faz??los re?
solver o que possuem de inteligi ve L no plano das e..,ã
A "" ,· -

sencias puras nao e reálizavel Lmed í.a tamen te j. por=


.f? ..
A .
-
que se perceb? que nem t?da a sua composiçao feno=
menal é feita de aspectos inteligÍvei?; .êstes se
encontram como que Lnc Lu'[dos numa exis,tência que
A "" .,,
de Les nao depende e que eles nae _explicam" A si=
,A· .
·

N- Ptf1 ,,. .
'
t;::i, •

tuaçao nao-e, poisj t?o simples._como poderia pare=


cer; o fato do devenirrepresenta um obstaculo a
, ?

absor çào do ser material na ordem dos inteligiveis


e indica que e stamos em pres?nça de uma nova reali

dade, independente9 cuja natureza não tem valor de


essência, a que Platão chama o receptáculo do dev_!
nirj)

§ 70. -
o terceiro fator
cosmogÔnico o receptá ·e u 1 o ,
g

Se levarmos em consideração ?ste :ra tor


que agora surge? poderemos conservar o mesmo esti-
lo de explicação genética, embora nâo possamos dar
à racionalidade de antecessor único do uni
o papel
verso, mas tenhamos que dividir entre ela e ·esta
- 401 -

terceira realidade a responsabili_dade de ter ger.2,


do êste mundo. Platão se compraz nesta metáfora,
que.repete.e varia;
- ·" .
.

sao frequentes nestas passa=


gens as expressões usuais net ocorrência do nasci-
mento humano. tste
fator vem completar t erce í.r-o

a analogia com.a geração dos vivos, sendo comoque


a, mãe) que, juntamente com o mod&lo inteligÍ v e 1,
no papel de pai, gerou como rebento o mundo orga=
I I
nizado 7T forre Kd 0-<1-l
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1

oE;x..oJ.A;E vo))

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µ,??
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1
<J
E,>'
·tKY()Yff)
n,« 1:/J e 1
'r b Y
(50 dl ?
c:f£ µ.s- -c P( -J
?
As diversas
denominaç3es recebidas pelo ?ecepticulo do deve -
'
A A .,
nir.revelam? todijs, este intuito analogico com os
fatos da geração? a mais freq?ente,v1rolo_,,x.j
'
com o sentido geral de rsreserva tÓrion, 18recipien=
,I' ,I' .

ten, e empregada por A.ristoteles com o sentido e.2,


pecÍfico de núteron (l43);_ noutra comparação fan
., ?
tas í s ta o receptaculo e. comparado a !8ama0 do de-
"li

.r
,

ve.nir c f)f 'Y?) (c omparaçâo empregada duas vêze s


,
49 a-9 7 e 52 d, 5)Q
vê?se que a idéia de definir µ.m proces?
so genético, como forma perfeita de trazer a com=
preensão ao dado investigado, está sempre presen=
a.; I'd ?
te; estas expressoesj que sao adequadas a gera -
ção dos s?res, o demonstram. É na tentativa dede
.., .
A A
finiçao do de?enirj em termos da sua genesej que
se nos depara esta realidade antes não conhecida,
o re?êptáculo ou a matriz de-mundo, que importa
agora estudar, pois, desde que se trata àe uma g?
- 402 -
- - A
raçao, nao por simples decorrencia, mas por vei:'da!-
deira conjugação, a sua natureza é tão
import a n te
como a do -ºpai", o modêlo do '[ivo
eterna.; .nâo po ....

deremos prosseguir na investigação da


origem dos
elementos sem te? pr?viamente investigado,
até o
limite das possibilidades, que realidade
.,..A
e.que .com
posiçao tem este recipiente e de que modo
contri __
bui1 com a sua existência, para a do mundo que de-
le nasceraº
.,

A teoria do receptáculo constitui um


?os
pontos mais delicados e difíceis da interpreta
ç ã.o
da fisiea platÔnica(t É que Platão mesmoj
pelas.r'ª-
zões que a seguir pr_ocuraremos aduzir, não
dispõe
de meios de dar a entender claramente o seu pensa""'
menta e contenta-se em indicar indiretamente como
,..
o devemos compreender, cercando tb?as as explica -
çÕes de constantes avisos de que se trata de
_algo
de dificil ou quase impossfvel a pr-eensâo , A ques-
t;o, realmente, é difÍcii, porque na verdade, em
tÔda essa teoria, Platão quer tratar d?is proble.-
A ..,
mas, que nele nao aparecem inteiramente com a dis-
tinção com que os conceb?mosg o proplema da .mate?
.
.,

-
ria e o problema do espaçoº Em re+açao '
a percep -
ção empírica certamente estas noções são diver -
sase O que criaj porém, a dificuldade de compreéB
-são do pensamento exposto no di?logo é que esta
d_i
ferença não é decididamente acentuada, embora a
n_gf
rativa se desdobre em duas fases e so,, na
segunda
s?ja introàuzido o conceito de espaçoº
- 403
Matéria e espaço não são dois conceitos
idênticos, mas estabelecer exatamente em que con-
/ ( N
siste ca d a um e coisa impossivelo Isto nao impe-
de que seja abordada a natureza· do receptáculo,ora.
__

considerando-o como um fundo de corporeidade eni


que-se formam as estruturas materiais, ora conn um
mei9 espacial em que se travam processos dinâmi -
COS o

A atitude inicial consiste simplesmente


em. reconhecer a sua e xis tênc ia, o que até en ã o
.
t
não. tinha sido fei toe A descrição do universo não
pode continuar. a .aer feita, levando -
em conta ape-
nas as duas espécie·s anteriormente mencionadas, o
.A
modelo.e o devenir, mas necessita-se agora· de um
novo ponto de partida, para introduzir .esta ter -

,,,
. e _r f
caí.ra .es pecie que e chamada 1/' rr o o o f.rJ. Bem se
A , I
ve que a estrutura do dialogo obedece a um plano
definido: primeiramente, o estudo dos fatores que
contribuem para dar racionalidade ao curso da na-
tureza; em·seguida, a introdução dos fundamentos
irracionais que se supunha existirem, mas não eram
mencionados na narrativa da-primeira parteº Platão
deixa ao leitor o trabalho de fazer no seu esp:Íri
to a interpenetração das duas ordens, não como u-
ma mistura homogênea e neutra, mas como um proces
so ativo, em que imaginemos o caos sendo progres-
sivamente dominado pela Razão. O devenir, a que
, - .
.

ate agora se aludiu, nao teria realmente coeren -


A

eia, se não estivesse suposta a existência do re-


- 404 ...

ceptáculo; foi possível falar do devenir,.relaci.,9,


nando-o com o Modêlo das Formas_fixas,
como wn si.m
ples recurso para destacar a I?-oção da
racionalida-
de parcial de tôda transformaçãoe
A
Mas é evidente
que em toda a narrativa estava
.

,
.suposta a especie
cor pér-ea , que lhe- dá significação
fis·ica 0

§ 8? Dificuldade de conceber o espa?


ÇOo O raciocÍnio b a S tardo e

Ag9raj que se trata de, entrar,diretamen?


te na descrição desta espéciej é
que podemos ,-dar..,-"'"'
nos c'onta da dificuldade do
problemaº Vale a pena
apontarmos em detalhe as
expressões que manifestam
o sentimento dessa
dificuldade, porque nio ? ela
decorrente de uma deficiência
individualj mas há
uma verdadeira conjun.tura
metafisica a _considerarº
Assim é que, pelo me:r:ios
- em quatro passagens, Pla?
tao declara o embaraço A
da inteligencia investigado
.

ra em face da realidade do
receptáculog a)':VO -Cl\!:
so mesmo da narrativa
parece obrigar=nos a empree,B
der 6 trabalho de
tl'0
uma espee1e
eselareeerj por meio de palavrasj
-?
que e d1fie11
e'<a-o< JI
e obscura", o 110 ,1
fº'i_ EDtXeJJ
,P
•)f
a.; 1<« ?Eo' .,X«À£1r? Y KQ\L ix.µ.v dp D v EÍÓoç
Êrrt.J(&L f'£l >' ÀÓ i'"t; l/A-f (
1' (:<XL
do se trata de definir a); b) quan <1,.
(49
.
a relação desta realid.ace
a can
das Formas, a pérplexidade
é completa s o modo co
mo v?m a se
imprimir no receptáculo é
difÍeil de exprimir, -Cf Ó17'oY To1lic maravilhoso e
á'Vtrfj'IJ(rtoJJ

-,? - - ?"' '- , ..... , ... , .... ? ?· ... _ . .__


- hos -

Koel B(J,.up..r1.?1:;,x..50 e_); e) em outra :frase, pouco a?


diante?. repete a afirmaçio da mesma dificuldade:?
que recept?culo participa das Idé:f,.as de uma ma-
o
neira embaraçosa de dizer e dificílima de compre=
enderc,JJ-ETfXAri..JJ-fo<Y..tDY ;; «7ropwi-??<X 1TtJ ,oil
.:ior;r:.ov Kcxt.. _
<JYtroeÀw?ó,oc.,o>'(51 a); d) ·o
quar-.
to Loca l , em .que alude à mesma dificuldade, é aqµj
le .. em
que apela. para uma forma especial de racio-
cínio? -independente da sensação? para esta tratar
incompreensível e quase inacredi táv?l realidade
o r-ae
?.
í.ocânf,o bas tardo 9
s
?'
trt: o (',
OE
1 >
-va c tr
-<? ,ALEr se

&'>')a-/?ç &rrroJJ Ào'(,trJA,'f TL>h JJ!JBt} ?órtr


-;rurz:o)) (52 b) e
Al
É impossível que tanta insistência nao
represente uma sincera situação de embar?ço e que
esta não tenha uma razão de serj que, embora não
'dec Lar ada , eumpr-e -nos esclarecer, numa indagação
,/? ,p""' A
provavelº O nucleo da questao e a origem de toda
.
,
dificuldade esta em que, ao penetrar no recepta =
,
=r
-

cuí.o , Platão é obrigado_( ei.«:« Kcxte lJI da pri


meira frase.acima) a deixar para trás a claridade
da.Razãoº. O discurso deve continuar agora em uma
atmosfera em que a inteligência não penetra e que
. .
(
cria 9 .para o es piri t0) a
"'
si tuaça o ..,
ter
.

de de dizer
de-forma vaga, incerta e incomp?eensível? o pouco
que pode intuir a respeito dessa região privadads
racionalidadeº O receptáculo é como uma dessas
·cois?s que vemos em sonho,
/Àt'rrov_,e, (52 b); a imagem
Ó Y£L
f o 'fro À oufoi Y
é das mais sugesti-
- 406 -
vas Platão acre seen ta que a situação em que
e
:J
se ....

encontra o filósofo, que o quer descrever, é.


idên- ..

tica à·ao homem que, no.estado de


vigilia,quert:raris
mi tir viu no sonho , Com efei to9 o sonho fi-
o que
" ....
..

gura um estado de ausenci? da ?azao? em


tudo seme?
lhante ao do investigador que se embrenha .na ..
repr.?
sen taçâo dessa realidade primordial e se
.encontra
privado da ?ensibilidade, em que se
apoie, e --da . ---

claridade do r ac í.ocfnão , para guiá"'."10& Se


.proo?
mosi através do mito e das comparaç;es,
-' A .
analisar o
conteudo de todas estas indicaçoes,""'
.. iremos pence ""9

ber que Platão se ciá conta .que a


- irracionalidade
,
..

que afeta a descriçao


.

do receptaculor; nao? , .
9

e de mo""'
do algum a sua natureza absurda;
é apenas o fato
da privação da Razãoj no sentido
em que esta é fi=
nalidade e leij pois é evidente que
nossa raz?o n?
.

?
da pode encontrar desta especie ,
no receptact1looC_on
tudo podemos n·ê1e descobrir
A o estado próprio .da a:g
-
sencia da Razao; somos capazes de no=lo represen-
tar e mesmo de?iniro
.,
?laro que isto faz supor que nao e., so-ª do#

,
nossa razao o unico
""' .

meio de que dispomosj para nos


representarmos as coisas; é forçoso introduzir um
alargamento do conceito do
raci_oc!nio, consideran-
do que somos dotados de
uma capacidade marginal.pª
ra o tratamento dos objetos
tidos como irracionais
(ou, a rigor, ,''arracionais",
como dissemos). Não
pode haver dúvida que
Platão teria reconhecido a
necessidade de imaginar uma
forma especial de ati-
- 407 -

vi1ade pensante, cem_o valor de produzir represen


taçóes legítimas, e que, um pouco perturbado por
te;rf de- declarar. isto, que lhe parece uma
anomall.a
nas linhas do seu sistema, chama-o de "racioc! =
n í,o bastardo". ? que terá descoberto o caráter
de particularidade representado ·pela existênc:ia. ra
?
cã ona L, .O ser racional e, um caso
.

...
particular de
uma.ví.nf'fndtamen te m?.is vasta esfera de po9sibili-
dades. de extst?ncia_; a ordem é uma condição par=
tiçular-do q?e pode ser concebido como desordena=
doe· 9ue o mundo seja uma estrutura racionalmente
-

, ., ? o
organizada, e um car a te.r .empã.r-Lcamen to constatado
o

e pela intelecçio apréendemos quanto podemos,


.que
mas sqmos levados a reconhecer que constitui uma
condição deri va da , ac í.derrtaj., _da realidade que lhe
dá existência f:Ísica? Ora, se para o conhecimen-
to
)
do mundo organizado_dispomos da atividade .dam
zão servida pela sensação, agora que- descobrimos
A
a necessidade de representar-nos uma existencia
fÍsica muito mais geral, anterior e, portanto?prj
vada de .tudo que ê obra da racionalidade no uni -
,
.
ver-so , que e spe c r.e i
de capacidade intelect va ter?
"'
mos de admitir para conhece-Ia? A:_lguma deve ha=
ver, sem dÚvida, pois do contr?rio nem mesmo pode
ríamos reconhecer esta diferença; nio pode ser a
.Yór;rr,ç (51 b 1), nem a «lri?J;-tç(52 b 2); de=
ve portanto ser uma nova forma de conhecer, um nQ
vo tipo de raciocínio, que é denominado "bastar -
dou.
- 408 -
Se nos ap?ofundarmos em indagar que sen?
tido realmente Platão atribui a esta expressão e
por que a escolheu, por vários modos poderemos ten
tar interpretar a sua significaçãoº Desde logo?
?
parece=nos licito afastar a hipotese de que a pal.!
,
vra sir-v-a apenas para qualificar., de forma vaga .e
t
ho s í.L, um rac.iocÍnio que .se processa fora dos .di':"
tames da razão e a que-seríamos compelidosj.simpl?
A.
merrte para encobrir a nossa Lgnor anc Iac de uma .coá
,

sa que precisamos 'I de todo modo, supor. como exãs:


.
- _,..,_

tient e , Tudo il)dicaj pelo. contr-ár í o , que há uma 1P'4;


Al ,
dadeira concepçao do que seJa essaespecie de"ra o o
....

c í.oc Ínâo não será


,
e inútil
Ó.trabalho de ... inten ,"" .. ..

.
? R
tar descobri=la? visto como podera abrir-nos pers-
.

pectivas novas e fecundas para o entendimento dafi-(


s í ca pla tonica o
'A

Par-ece -nos podermos imaginar duas outras


,· .

- ?
hipotesesj diferentes entre si, mas nao m1+tuamente
exclusivas, o que permite supor que pudessem ter
ambas concorrido para a concepção dessa forma der..s,
í
c oc ínão , Obse.rvemos, em primeiro lugar, que o r'ª'
c í.oc Ín í,o
bastardo é unicamente aqvêle. pelo qual ._C.Q

nhecemos o receptáculo, ou o e spaço, como exí.s ten- .

te e como sede de acontecimentos mecaní.cosj. nao. e


A ç,,, ,P

o que se refere ao mundo já organizado, pois para


A ? ?

esse dispomos da sensaçao e da razaq, que se devem


cons iderar como operações da alma ·já constituí d.a º
Temos ·de im;lginar uma nova forma de conhecimento,,
que a teoria da alma por si mesma não· faria s u Por
- 409 -
que. possuíssemos e .A prime ira hip_Ótese seria que
a expressão .. ttbastardo" tivesse. o
sentido lite seu
r.al de ser.nascido de um conÚbio1 heterÓclito, e
que .as s í.m _o fÔsse êste raciocÍn:io'.7 por conjugar
(
classes dispares de elementose Tratar=se-ia aqui
do fa to. de pensar a pura espacia_lidade e a f'enomg
.

nalidade mecânica inercial em ?êrmos con?eituais,


dando?lhes nomesj descrevençlo-as e tom?nd.o-as em
A "
. ,

tudo vcomo se f.9ssem coisa ccns í.tuí.da , e s quec í.dos t


de. que. se trata do irracional pur o] aí.nda mais,
,
.
_-
.

somos. levados a pensar. o conteudo


.
.
.,p. ·"'
desse recepta=
cul.o. como. poasuãnd o de algum modo , propriedad e-s
,

ou poderes ..( .d'V >' fJ. p.,G L' _) quali ta vos s o que
..
é ti
abusivo antes de se haverem gerado as coisas reg,B
lares, dotadas de qualidades que recebem das Fer=
masº Have?ia neste tipo de raciocÍriio de fato u-
ma .con juga çao
espúria do qualitativo inteligi v el
ti
com o quan tat i vo puro, conjuga ç.ã o bas tarda, po.r,
q?e suposta antes da união regular efetuada pela
= "
açao demiurgica?
/
Se o receptaculo nao e apenas um
... J'
nome
"- .
A
dado a exigehcia de uma coisa que ignoramos com=
pletamente, se dêle podemos falar com certa segu-
rança, conhecendo o seu conteúdo e o modo como eon
tribui para a sua transf"ormação em cosmos ordena=
do, é claro que não? um vazio inteligível; mas,
em ?Ôdas essas operações, estamos supondo, sem o
perceber, uma uniao da essencia
""
extensao, que
·A '
q
. ,..

, N
tem positivamente o carater de uma ligaçao basta?
. .
- 410

da. No mundo constituído, a coisa não é a .mesma,


pois af supomos uma intervenção formadora ?ireta_ da
Razão, e é na
marcha dessa Razãq conquistadora que
caminha a nossa; mas, na condição de pura primor-
dialidade, o raciocínio qu? associa a essência à
existência1 sem a intervenção da Razão, pratica
?erdadeiramente um conÚbio hibridoG
.,
segunda hí.pó tes s , con tudo , pode· .tam-,
Uma
bem dar o motivo dessa apelaçãoº Poderíamos.
crer
que Platão considera bastardo não mais no sentado. .

li:teralj masempr-egando apenas o matiz de-va Lor que ..

a palavra comporta: um .raciocínio de .natureza pu-


;
ramente imaginaria, em que figura um estado
..

incon?
ceb:Ível como domínio da Razão, mas que quer dar CQ.
mo condição antecedente necessária
para o exerc?c:io
da ação racionalº Seria uma extensão da
concepQão
geral do mito lÓgico; levando-o ao
domínio da pura
irracionalidadeº Seria bastardo êsse raciocí
porque pretende dar-nos o conhecimento
n .o i
dessa gene=
ralidade de que decorre a particularidade
ff o -t4
as rco , ?- .
(
do real
supor que possuamos uma via de acesso
ª: êsse domínio da generalidade irracional, quando
?
nao temos nenhum meio que A
justifique a posse desse
direito? fabulação$ o mito l?gico se
coloca ain-
da no domínio da imaginação
t
ract ona , na medid? em
que procura explicar a
cooperação da razão. e "do_i?
racionalj como, por exemplo,
no caso da composição
da alma; mas o racioeÍnio
bastardo é una. explora?
ção do irracional
puro com o auxílio de uma imagi-
- 411 -

""
na ça o cr Lado ra.,
que procura representar-se um a
certa.classe de coisas, de modo a poder ligá-las,
em-seguida,? parte propriamente lÓgica do mito,
' , ""'
aquela em que e imaginada a plen?·intervençao da
Razãoc No mito bastardo, o pensador passa por ci
A I' -
ma da incoerenc1a, que. e pensar o que nao tem
o

con
teÚdo inteligível; mas o faz por uma intuição de
que a.ordem do devenir não poderia provir da in-
f'lu;ncia do .. inteligivelj se êste não encontrasse
; .

-
j.a. dadas inuma realidade anterior, as. condiçoes e=
t , - '
xis en.cãa í.s .neces sar-í as a trànsformaçao da desor-
.

dem .em or dem, Ora, ou diremos .. que não conhecemos


nada da .extensão material informej o que equivale
a. declaráca:-la absurda como objeto do conhecimento e,
ao mesmo tempo9 a não podermos constituir ateo='
( A
ria fisica em forma cosmogonica, ou teremos de ad
.

mi tir um ingresso do rac iocini·o no campo do irra-


cional espacial, p?ra trata-lo imaginariamentec
, ? .

-
A tríplice função de fundamenta?
§
- 9Q " -
çao do receptaculoo ..A compreensao das
leis dinâmicasº

,
A teoria do receptaculo desempenha um
papel decisivo porque1 como dissemos, nela se fun
demo problema da matéria do espaçoº Não há e o
uma distinção especifica estabelecida entre essas
duas _noções, mas são pensadas como coisas distin-
tas quanto ao nosso modo de conceber, embora fisi
- 412 -
,
camente se identifiquem na realidade do recepta.cubº
A I\
Platão introduz esse terceiro genero como uma exi?
A O ti'
.gencia teor1ca,
0
(
para d ar sen tid.o 1s1co f
ao d e?eni?• 0

?stej na primeira parte do diálogo, era


simplesmen
=
te concebido em correlaçao A
com o plano das essen -
cias, de modo a nos dar a sua explicação de direi-
A
too Mas faltava qualquer referencia (
a.base .fisic?
-...

que, quando acrescentada, ·proporciona ºuma


= represen
taçao concreta e atualº Esta base .e, uma so, .e .

? A .
cons
tituida por esse recipiente, em que se
processa o
?
.

curso da naturezaº É necessariamente ?


uma so, pois
A
trata=se de um novo genero supremot uma .

no:v.a .e.a-te<;;!>

geria, representada eómo eonstituindo o


fundamento
da natureza fÍsicaº
Que coisa faltava a.o devenãr concebido
,
na primeira parte do Timeu? Faltava A
I?"'°""'
existencia,pqr
tantoj a razao ultima que traz
o A o
existenc1a ao deve=
nir deve ser·um gênero extremo e
Úniéo0 A êstefun
damente de exist??cia é que Platão
,
chama de recep=
A
taculo? Masj de outro ladoj este ,
.

fundamento, uni=
co como realidade, apresenta se
conceitualmente.c.,2
.....

mo distinto, podendo ser


concebido quer como funda
mente do que há de sensível no
devenir, quer como
fundamento do que há de mecânicoº Com
efeito, se
vejo uin corpo em movimento,
-estou diante de um fa=
to do devenir; tudo o que nêle constitui
a reali=
dade fÍsica do seu estado
deve ter, em Última-aná-
lise, a sua fundamentação na
existência do reeeptÍ
cu101 como gênero explicativo
finai que é, para to
- 413 -

do o devend r , Contudo, no fa.to simples "cor po.,


em-movimentou posso distinguir as condições que
dão realidade
ao aspecto "cor pov das que dão re=
a.Lí.da de ao aspecto "movtmen to» e Como determina=
çÕes para os respectivos-efeitos? não sao' idênt1
cas essas condições,.. no entanto originam-se e fqg
dem-s e na mesma realidade urrí.ca
? ,
c do r ecepbàcuto
.

,
Observemos que em .nenhum .momen to .Pla.tão diz que

?
t;, .
º
o recep?acu.1 o .seJa uma ma eria oilº

,
;
primor dºia l j analo t'
ga-a .que imaginaram os primitivos fisiologos,.con
tra êsse modo de ver ·é
que constrÓij pr.eci?amen=
? ? ?
tej toda a-sua fisica& .O que Plata.o tem em vis=
.p
ta ,I' o
dar-nos a descriçao de uma-genese logicaicpe
e
ç,;, A

âamais .teve.lugar de fato no .espaço e -no temp?9e


$"'1

por isso n?o quer d e11n1r nenhuma


o !'!)O .O
t"
ma eria
O

como?
xiste:nte primordialmente? o que lhe daria.a fal=
sa significação de.ser arché para o deveniro ?a
Quer.definir apenas que conceitos gerais é neoe?
sár í c .eo.Loear na base de .uma teoria da natnrreza , ,

para que adquira significação concretas


A imagem.do ,
receptaculo parece=lhe ade
quada., porque define simul tâneamenteg. l) a exí s -
tincia; .2} a materialidader 3) a .extensio. lstes
três eonceitosj que são apenas determinações .do
real.fisico atual<J-parecem=lhe suficientes para
d\ .,,, ,
servirem eomo termop de 'Q.nla eonstruçao logica;Jt)r
isso não quer atribui=los, nem mesmo por metáfo .....
raj a. uma substância primordial, com .r ece í.c de
..

que insenslvelmente se viesse a dar realidade a


= 414 -

A
tal subs tàncã.a , Se refletirmos constantemente qµe
tudo é apenas t
um quadro conee í, uaã , ccmpr-e ender-s ...

mos?por que Platão procura eliminar tÔda idéia de


substrato material posi tivo9 de. q?euasqualidades SE!!
síveis e a extensão fÔssem atributosª Não haven=
, ,
do tal substrato, a ideia do receptaeulo nao pode
-
,
chegar a concretizar=seg tem sempre o cárater do
que é imprecisamente Lmag.í.nado.,
? A N
Nao sendo uma sustancia? nao pode compo£
, A
tar=se como uma mater1.a para os corpos que dele
o

surgirão;-mas9 de outro ladoi deve ser tal que nos


A A A
de a entender a genese desses mesmos corposº Or?
N ,
Platao so pode cometer o paradoxo de querer exp11
A ,;w
car a origem dos corposj dizendo que eles nao prQ
A
vem de-alguma coisa9 mas apenas se geram algu=
-.fil!!
ma co í.sa., porque tem bem claro que não se trata de
A A
uma.genese.real; desse modoj pode tranquilamente
construir o seu mito9 .sem.se preocupar de questces
I' A .r
que so tem cabimento na hipotese de um processo?
fetivamente havidoº Explica=nos isso por que fi=
cam sem resposta tantos problemas que levantamos
-
na da cosmologia p.La tonã caj e, que j
in t erpretaçao
o A

A
em geralj em todos elesj
? pergunta dirige=se a
uma face do problema, que só teria sentido se- o
processo tivesse consistência históricaº
•ssimj não há necessidade de explicar de
A
que provem os corpos 9 porque de fa. to na= o provem
A
de
coisa alguma1 são_e sempre !'oram como.são, de mo ....

do que a pergunta pelo fundamento de sua existen-. A


aia diversificada,(à qual nec?ssàriamentese
deve
ria responder ou pela hipótese de uma criação e;
nihilo ou pela indicação de.sua proveniência de
- -
A -

uma subs ta.ncia primordial) pode ser sa


, tisfe.ita
encarando-se apenas um aspecto lÓgico da sua gê?
nesei o da realidade e?.que teriam sido gerados0
? -
,
Nao tem nenhum sentido f1sico
. o

tentar descobrir.
.

,•
qua L a. suposta es pec í,e de- substancia de que .der í,
'1\

varam os corpos, mas tem.pleno.sentido dizer por t

l
que processo mítico se.pode supor que tenham ad=
quirido a espacialidade?
Esta Última atitude é f'ecundaj enquan?
to a primeira.a nada conduziap Pela concepçãodo
, "
receptaculo? podemos figurar.como reais as condi
ç;es 16gioas.que.exprimem a inteligibilidade- da
diferenciação material e.da.extensão-o O fato de
não serj desde o primeiro momentoj declarado que
o receptáculo se confunde com o e spaço , é expli=
cado pelo interêsse em apresentá-lo inicialmente
""'
o
como a- condiçao.necessaria
,
para a genese das es=
A

pécies. materiaise, só depois desta expl?cada9con


siderá-lo como um fator exd.s tencãa L, A .razão at? -

to é quej como será dito mais adiantej a espeei=


ficidade das formas elementares da materia
, tem
, -
por ultimo fundamento uma diversa compos1çao ge..Q o

" o _, , ,,,,
metricaj-1sto e7 um cara.ter da-extensao.espac1a..1.e .
o,
? , ,
Oraj .a conc epçao do receptaculo .como espaço..e o
-
A A ""
fundamento de toda. .a teoria mecan í.ca de Platao;- .

a introdução do conceito desta matriz do devenir


- lt.16 -
tem por fim levar?nos a compreender os aspectos?
d\ A o "
canicos desse mesmo deveniro
Para Ls so , é preciso que o receptáculo?
jaconcebido como tendo um conteúdo próprio e urn
A .

regime mecanico tal que9 quando transformado pelo


n A
influxo da .. Raza o j de em r-e sul tad
.
o a ordem Lega ,
-
l
Estamos convencidos de que Platão visa essencial=
= A
mente .a compreensao_das-leis dinamicas da nature=
,1/1; -
,, ,I'
za; .para chegar a_.esse ponto?percebera .que e pr?
ciso partir do fundo e explicar os fatores queª!! ,?:,

""' ""
tram no processo mecanicoº
o
-Ora5i estes sao evide,n
d!I,

temente-a massa material e o seu movimentoj ou s?


=
t
o

Jaj a sua velocidadeº Como esta se-decompoe ·na U=


r ""' ?
a.Imen'te em extensao e dur-açao
.
e ' A
, e que os te.r claro
mos simples do problema são a massa$ o espaço e o
tempo&
A oi>
ó\\
Entre esses tres fatores ha-contudoj.pa= .11

ra Platão? uma h?terogeneidade .essencialg é que


?
nao a d miºt e para o d os tres
vi,
t ,?
o mesmo.estatuto logi= o

co fundamentalº Enquanto-a ma.ssa e o .espaço são


coisas irracionais j o tempo é_ eminentemente um pr,,Q
duto da Razãoº Esta distinção é capital ej embo=
ra-represente. uma grande complicação na teoria
? ? m?
?
caní.ca p.La torrí ea , e t.endo-ea sempre em vista
deremas esclarecer=lhe o significado?
que a teoria do recept;eulo só corresponde
que po
por isto i
a uma
t A
par e d os fundamentos da mecanica ?
de Platao? .aqu?
"o,

la que nos dá a possibilidade de conceber a aspa?


cialidade e a gênese das espécies corpÓreaso No

-- - ?"' .. "I.__. .. ? •• ?l ..
- 417 -

seu conjunto, esta teoria indica apenas a prepa-


raçio da realidade fÍsica para o recebimento- do
_.,i( ,
? que so entao o mundo atinge a sua pre=
.,.,
tempoº
sente condição e se completa a obra do úç 6 No
Portanto-e; deixando de lado o tempo,dio2
pÕe=se Platão a construir- a. noção dos outros do=
..
.

 .

is
·. . • -,;e,
.fatores(tComo am.seu.pensamen.to na.o existe a
idéia .de?u.i?-inieio do .movimentei-há que tomar a
mat?ria como já dotada dessa faculdade o Oraj. o
" '
que e a d missive 1 e que a.o. t"1po de estado de movi
e ?
..

ment o, .que se deve supor para dêle nos servirmos


... ""' .
? ..,,
na construçao da noçao de massa mecanicaj nao se
precisa atribuir9 como condição ?e cognoscibili=
- - ,
dade , .sena o o e spaço., e nao e? neces sàr í.e , .nem se
pode!ia faz;-10, incluir o tempo? Somos obriga-
dos a supor um tipo de regime mecânico que será
descrito como.sendo o caos, em.que sÕmente o es-
paço seja a noção fundamental e que se .proces se .

na ausência do tempo;- é .eãar o que tal r eg íme, por


.

isso mesmo, nao t em exis t"'encna f 1.siea a t ua 1 , mas


6 F,f
.
o
·
o .? ..

é apenas o precedente lÓgieo .exigido para?- eom a


recepção po?terior
da determinação temporal, eo?
verter=se no processo mecânico r.ea:lo -

Assim, resumidamente, podemos dizer que


a teoria do.receptáculo é:.a) diretamentej o fun
damento da concepção da massa mater-ial e da: no=
çio de espaço; .e b) 'indiretamen?e? pois exige O-
concurso da teoria. do_tempo, o fundamento da con
.. "' .
ce pçao do deverrí. mecam.co regu 1 ar , r
418 -

A narrativa mesma do Timeu1 se soubermos


distinguir e acompanhar as fases do seu desenro =
lar9 indica nos a marcha do pensamento de Platãoº
....

Em r esumo , é a se.gutrrte s pois que se· de de= trata


, .

A
finir uma realidade que e o fundamento de toda e=
A o ? o ,.N
o
x1stenc1a f1s1caj a primeira questao concernente
o o

" . .

.,
º
e .a-de saber que coisa 1
e9 qua ./a sua.qua ·1ºd d
ou
1 a.·e l
propriedade essenciale ?A essa questao respondera,
....

Platão dizendo=nos-que o distintivo da-sua natu:r.e,


,
za e o de ser.receptiva para a.ordem.do devenir
j
de ser o continente em que se processa a gera.ção .

do universoº Sendo um continente9 o problema irr?


diato é o de saber qual-a
natureza do seu corrteú-
,.. A
doo Na consideraçao deste problemaj vamos desco=
brir uma espécie singular e inesperada de ·conteÚ=
dog o que é formado pelas potências
qualitativas?
as ô ir v &...)LE'S ? que enchem êsse to do de lei
venire
Como da consideração dessas qualidades e
da. correlação com ?s?ssu?Lrespeétlvos
,,..,,
modelos eternos
,R
'
e que se chegara a construçao t'o
das massas .f1s1cas
AO

dos corpos elementares, torna=se-necessário


defi=
nir a sua relaçãp com o prÓprio continentej
,, 6$
o que
da oeas íae a que seja explicada um. pouco mais a I¥!
tureza do receptáculoº Por .fimj como essas qua.li
dades sâo._os elementos sujeitos a um estado de m2
vimentação? é introduzida a noção de.espaço-e es=
tudado .o regime dessa mobf Lã.dade
"' - , SÓ depois de ..

toda essa explanaçao .I'


sera re?omada, como ex- ?a
- 419 -

tensão particular, a questão da formação das


espé
cies materiais e então,. aí,
tratada em detalhe a
A
sua genese, referindo-se ao que fora A
anteriorme,a
·.
te estabelecidoº Seguindo esse A
roteiro1 iremos
e11tâ·o -tratar as segu írrte s questões g
1) natureza_
do receptáculo;. 2) .seu .. conteÚdo; 3) a noção do.e?
paço; 4) o caos e seu regime.mecânico; 5) a COil..§.
tr-ução dos corpos elementares-$-· Desejamos deixar.
61aro que a divisio no tratamento destas ques??s
não - quebra a unidade geral da teoria do receptá=
cul,o es pacãa L, mas e., apenas um meio de introd'tlZir ·

di?tinçÕes esélarecedoraso

.
.,
§ lOQ = A natureza do Reeeptaculo

Procuramos anteriormente definir a si=- ·

.,,. = ,
tuaça.o da noçao do .recep?a.culo g'
na f1.si_ea "'º
plato!l]_
.

ea, mas não nos ocupamos em coligirj no texto do


'? ?
dialogoj as.informaçoes que podemos ter e que nos
-

permitem representa.r=nos? enquanto nos é lÍcito


pela forma .imperfeita e bastarda.como o temos de
A
fazer, a r·ealidade desse A
fator. cosmogona.co.,
. o
Dº1§,
··

semos que é preciso admitir a


possibilidade de ,:g
,,,.. ?
ma via de acesso por uma intuiçao especial a na=
bur e aa dês se eon tinente do-- ser
_
fisico;
algo do .

que é. possível ·extrair .do mistério da sua primo?


d í.a Lãdade nos .é .. oferecido por. Platão, em forma ,
sem dÚvida, difÍeil.e obscurae
Assinalemos, desde o inicio, que a es-'
- 420 ?

cassez e a.obscuridade das. informaçÕes.sÔbre a sua


natureza devem-se à
sua .condição de absoluta prec?
dênciao Sendo um fator imaginário? Platão só in=
I

clui na exposição sÔbre a sua,natureza o mínimo de j·


'

referências, pois deseja in?i?ar que todo referí =


p " :

ja
.,,.
vel conceitual e produto .d? or.ganizaçao, que a=

.
quela nature?a é suposta permiyira t claro que, a
,
menos .que façamos .dele um simples nome, e, preciso
indicar o. que representa pos í, í.vament.e ;-
.. t .. mas, para
que seja coloea?o em situação a mais original pos=
sÍyel, é preciso aceitá=lo com o mínimo de determi
nações assinaláveisº· A maneira mais simples de
realiza? esia primitividade da noçio.? tomá?1a co-
mo res:Íq.uo do d?s·pojamento do maior .nÚmero .. de de=
terminações do devenir atual, que possam.ser su9
postas como derivadase É êste processo que nos
? - ?
faz chegar a. conc epçao do receptaculo .como .algo que
se ..pode conhecer, .em grande .parte , .pon exeLusáo , .O
A
a?pecto.positivo que de?e podemos supremamente a-
firmar é a extensividadeº
·. .,
Veremos 1 porem, .que nae cor r espcnde.
""'
.ao
pensamento de Platão a identificação"pura e .sim=
ples do receptáculo ao espaçoj mas que na doutrina
,,..' OC. esta, contido um e on jun to de outras no-
f
.

ela I-.W
N A
çoes, especialment;e a de. um regime me canã co, que
A - .

tem o valor de noçoes primitiva9?. Compete-nos en-


tão indagar quais são as afirmações.que.podemos.fa
z.er a seu respeito?
-
É.exatam?nte comq.uma"indaga-
A
çao geral sobre a sua natureza que Platão se dis-
- 421 -

-
pee a tratar dessa r?aliqade; de fato, formula
uma.pergl.ll1ta precisa: nqual a função que devemos
concebé-To tendo por natureza?º (49 a) A respb,s,
ta imediata? "acima de tudo, oc oc r.J (?E p.4/\urél(,
P'
e
I, 1 I
r.

f I
devemos atribuir=lhe a seguinte funç?og a de ser
o receptáculo, o.recipiente e, por assim dizer, a
ama de todo o devenir º u .. ..
.Ó: > ,

.. Vemos) po í.s , que esta resposta, .de prin


cÍpio,. estabelece o receptáculo
como um meio. esps.;
cial e? embora uma afirmação nominal dessa quali-
,f'
dade so mais tarde s e ja
-?
ú'
e evidente ser es=
? ' R
o
feita, o

ta a sua significaçao e o-

supremaª Nao e a unica,-CQ o

mo veremos, e por isso Pl?tão diz .ser tal a -sua


função máxãma , ;Jl'v-? >it rr7:o(. º O .recipiente,. como, fa
tor 1'6gico, é apenas a .Lndd ca çao da necessidade.da
extensividade, pa?a-dar sentido deveni? fÍiico.?o
? Q.fundamento que .permitirá a introdução de rela
ções métricas na .. representação do devsní.r , t:ste
poderia ser ccncebã.do , .
de modo. in teirame;ni;;e ger?
como uma transiçâ9 no estado de participação. de
algo 91:!l uma Idéia.º A ,rigor.,. a pura. teoria. da pa,t
N A.·
tici:raçao pode def'enderc-s e em ter.mos .absoãutamen- .

te gerais, -sem se especificar -, a natur-e za. do .parti


ti' A ;
so .quando es te e reconheci=
o
c í.pan.te ,
de .modo que ç
do como um objeto. material c oncr e o., temos o caso t
do devenir .f:ÍSico e É j po í s , para permitir a
·

al-
gum objeto constituir-se.materialmente.e.dar as -
sim.sentido fisic? ao devenir, que se torna nece.§.
sário introduzir a extensão como qualidade a mais
= 422 =

geral da ordem naturalº Mas a espacialidade não é


uma Idéia, nem é um elemento do mnndo-inteligÍvel;
...
nao pode? por conseguintej ser conferida pela Ra-
zão plasmadora àquilo que deseja ordenarº Peve,
pois, exí.s t í.r: tão primordialmente como o
próprio
mundo inteligfvel, é um .fatorirredut:Ível.e dife=
-
rente do que.e" representado pela Razao, ., '

e que sera
chamado espaçoº
Assimj devemos reconhecer que.o dominio
da .Neces sã.dade é, de certo modo, .um antecedente ?e
? ?
disposto a racionalidade; que;nele se.realiza a
condição fundamental.para a concretização do inte?
ligivelj que. é a posse da ex tensâo º Jt a extensâo
que fixará objetivamente a
relação de participaçã6º
/ -
O .mundo do. caos e a a us enc ia da Raza o, mas na o
"" AI'
e ..

de modo algum o domínio do absurdos Quando dize -? ..

, "
mos que o receptaculo e .o recipiente do dev.enir e.2, '.?

ta .afirmação é verdadeira em vir.tude de ser .


u ma .

exigência da pensabilidade da ordem f:Ísicao


E_la .1.:9
fere-se -?quele residua do despojamento de qualida-
<:;,,
?

des, que .nos deixa. em .face da pura espacialidade ,


depois de extraídas tÔdas as.qualidades.secund?
De tÔdas· estas
qualidades .poderíamos encontrar -CO?
r-es pQndênc ia .com Formas in teligÍ veis; .mas , como -do·
- ,

A
espaço nao se da,I' essa correspondencia, t
.
<,,1 .

.
emos de egJ.
?
s.idera=lo ua fator final, Lndependenbe ,
l;>izendo que. a
rece.12 natureza suprema do
-
..

? ,I'
taculo era .extensao, .como esta e a qualidade essen
-?

cial do corpóreo, _Platão vê-se imediatamente obri-


= 423 -
gado a considerar o probletna da matéria e. a exam.!
nar que relaçao ha" entre o corpo e o e spa ço., Se
....

a extensão s? identifica.com a materialidadej en-


tão a definição de um fator Últimoj cuj'a natureza
fundamental é a .extensividade? significa por ou?
nras.. palavras. definir a existência de uma matéria
, .

primordialo Ora .isto e?·


.

part.icularmente j o que
.

Platão não, quer admi tirs A .ext ensjio não se pode


.. ..

,
confundir com a ma-ceria, ... ,, .
.
:
o. espaço nao e aquilo?
.

gue os corpos são feitos, mas aquilo 2--9Uq se @


-

ramo Dêste. modo torna-se obscura. e diffc.il a qu?


-
.

..; 't" .
.
.

ó'
tao? mas nao ha outra maneira de considera-.lao o

= A
Como Platao nao admite a existencia de
.
_.,.
..

uma .só espéc í e materialj- mas de quatro .. di5-tintas,,


,I' ?
e isso uma razao-a-mais ,para-nao -deixar .que ...... se,
o aa
o

_identifique.o receptáculo a uma matéria. primitiva ..

Por que. ou teríamos de identificá=lo a uma espécie


-
.. ,

de matêria. de que se gerariam.as· quatro outras, .e


então e s tas não seriam mais primitivas, ou tería-
mos de identificá-lo a uma dentre
A
estas, e .então
as tres outras nao
.,,,
seriam f'undamen ta Ls , ..
-

-
,p
Alem q.i.§.
S01 "a teoria ccsmog Snãca comporta uma explicação
·.
- ..

A A
- .

particular. d1:l- gene se desses quatro corpos,


-
pela
qual ficamos .í.nr ormados que. o, seu .aparecimento se
,
.

N
da em. virtude de condã çoes geome: r i.cas , . Mas .-Q r?
'to
qeptáculo é a .ext ensáo. pura, .é apenas .a _condição
'
necessária p?ra a recepção das estruturas figura-
dasº
Platão pas sa em seguida, no curso da
... 424 -
narrativa, a procurar explicar a relação do espaço
.
" I\ " •
o
com a materiaj mas, como ele mesmo o diz, isto e

difÍcil, por muitas razÕe,s, sobretudo porque surge


.

? '
uma dificuldade inicial? que diz respeito _a propr.ia
natureza do fogo, do ar e dos outros corpos sim -

ples o- É que, .sendo ê_sses corpos. r ea Lí.dadas


perten
centes .ao devenir (embora na cat?goria de.elemen ?
tos f'undamerrtaã s L, são realidades.
A
transi tÓrias., -C.Q
=
A
mo todas as coisas que deles se compoem, e como tal
- ;
nae.podemos toma-los como fundamento de.um.proces=
so em que êl?s se acham emrol vidos º É preciso jpc,is,
que estabeleçamos de aLguma maneira .una distinção
,,.
entre o devenir? que poderiamos chamar de primor=
exã.s t enc í.a simples dos corp o s
A
.

dial.?_ que afeta a


por. eles
A
e Lemerrta re s , e o que arrasta as coa.sasº

constituidasº Platão vê claramente que não se,po=


j,
de resolver.o problema da natureza do receptaculoj
enquanto não .tivermos.elucidado o da natureza. dos
corpos primordiais.,. pois e xis te sempre o co de ris
confundirmos .a materialidade? que possuem, com .o
caráter de extensividade- pura .que queremos çl.efiniro
A = =
Com.esse fim.,.Platao .empreende .uma dissertaçao .re':
lativamente longa, para nos dar a entender a, trani
sitoriedade da naturezaj que chamamos de fogo,? ou ..

de água, ou de outro modo qualquerj e a distinção


que se deve necessàriamente estabelecer entre .. es-
tas naturezas transitórias e a do r?cipiente imutá
vel,que as contém tÔdaso
- h25 -

§ llP - tJma_hipÓtese simplificadora-


_A distinção entre o receptáculo e o
caos o

Desejamos aqui apresentar uma hipótese


que nos parece essencial para a eom?reensio da _

.
""
cosmogoru.a. p 1a t,Aom ca ., J u Lgamos , ate, que nao s_?
º
" ,p

;
.

.
A
("
ra poas í.ve L. por ordem. no emar anhadc do mito cos-
'.P
..

mico9 se nio se recorrer Besta hip6tese-simpl1=


ficad.ora; .adema í.s i é perfeitamente justifica da
= ;
na o so pelo. sentido geral da teoria?- como se. a=
..

po í.a em passagens do texto cujo s ent í.do apenas


= A
fora
,

nao devidamente asc Lanec í.do , .Referimo_ «nos


? ' -
a_.n_ecessidad.e,de es tabe Lecer uma dupla .ger-açao no
"o .? ,
pr-ocesso cosmogonac o , Nao .e uma novidade entre
.

os comen tador-es ••. Fraccaroli


(l44) já tinha sen":'.'
ç

tido essa neces sãdade., Parece ...nos contudo que a _

nossa interpretação será mais condizente com o


espírito.do sistema.e nos.permitirá.resolver com
- "'
clareza certos pontos incompreendidosº
Nao-. b.a
exagêro em assinalar a importância"". des ta .hipÓteS'
se;_ torna?se impossível ajustar.as diversas P?-.2
sagens desta segunda par te do diálogo} sem um .. . --

quadro geral que.nos permita imaginarclaramente


como se pr-oce ss ou o trabalho- de
..
.r ormaçâo do unã-. ...

ver so ; de r f'a to , há um
Como, fundo de-irracion.5t
lidada .em todo_o processo,- os-comentadores. -?om
. If A ... A
:Çrequencialanç?m-a-conta deste -fundo.as dificul
dades de ajustamento dos trechos que encontram ,
- 426 -
sem perceber.que talvez uma recomposição geral êbs
e?ement?s, fornecidos pelo texto9 em um novo es=
, quema venha a dar solução a. muitos· problemas -de in
terpr.etação e harmonizar certas pas sagens j que ?a
..

recem con tr-ad í.zer=-se.,


, .

O ponto fundamen.tal. e .. que devemos fazer


.. .
.
.

?ê- distinç.ão decisiva. entme o r?C$ptáculo e o CJ!


·

... ..

cs,. A .. falta expl:Ícita no texto


.de ... uma.cdeo Lar-açào
pode· fazer perder de vista .. esta distinção? que não
obstante é capital, e sem ela.não é poss{yel com=
A
.
.,

preender a genese do.unlversoo- A diferença esta


.
.?

em que o cá.os-?. um es tado., enquanto que .o receptá


,
..

'.
-
.

cul.e e um fator.o, Temos de .estabelecer. esta.dis-.,..


.

tinçã·o .de maneira a mais n:Ítida.j por que, a nós so ....

ver1 _dela depende o vesc Lar-ecãmen to devmuã tas queA


-
toes e ?_uando. dizemos que houve um. estado ancer t.-
....

or ...ao do mundo. or.gandzado.; é ao caos que nos. ref..51


.

·
·, A· A I'
rimos; s_o .e Le tem um. regime mecaní.co.
. ·.

de f'Lrrí.do e so
nele se encontram parrtd, cu.Las materiais ja, cons tã-.
A. . .
. .

..

tuidás?. capazes. de se moverem Lner-cf.a Imentie ,.. o re


, , .

eeptaculo.e.um fator de esp?c:t.alidadej indispens-ª?


- ,
vel-,- sem duvida j para a f ormaçao .do mundo, .mas na.o
..
- . .

- ..
.

..
.

é um r'eg í.me e não tem-as características. de um e.2 -;


.

ta.do Í'. ? A
exigencia,no.que
. .

f.isicoó. l!i daq.o?como.uma .

se
refere? participação do devenirno inteligivel,e
tem de-fato p?imordialidade absoluta? pois. sem a
exnensâo não se poderiam. gerar figuras j para se -= ·

rem as matrizes dos corpos -elementarese


No caos encontramos já um estado fÍsic?
- 427 -
onde há os quatro corpos já constituídos, embora
em estado li
vr? e submetidos apenas à sua .mobil_j
dads es sencãa L, -No. receptáculo não há cor pcs 1 .
.

A A
mas apenas potencias. qualitativas, dinameis,. que
são_reflexos das Formas e.entram e saem, numa fln
tuação constante; por.isso não se pode assinalar
..
"
a qualquer das . apar-encãas , q1,1e a1., surgemj o e_sta
.

-

- . ..

do. de s?r. 'Jis to'-'· ou.-"'?aquilo!? e SÓ o. receptáculo


. , ' .

pro;pniamente. "teIQ es ta bilida de;. so, .ele


" .
""' .

pode aha = ..

A
mar"'."'se realmente '':is to''
.

numa . referencia .invari.s,


.

º, . *"*. compostos.
vel.c ·No. caos Ja.-.estarao , .
1

os .cor-pos , ja
.

.
.. .

poderemos ?t:çaibÚirci.olhes realidade f:Í.sica·e eOndi


..

N A
çao mecarrí ca;
, feita a tr.ansiçao.

..
-
- .
.

Como e
,
do necejrtàcu- .
. .

lo ao caos , pode ser .ebscuno .de entender, mas não·


,.
sofre_ duvida que .e, .uma pas sagem determinada pela. ..

execução do, pr oceaso descri to mais tarde," .pelo


..
, A
qual .um. certo númeno de. triangulos
'
.

se .. grupam,r-P.!
. .

,
r-a. dar, .origem aos .conpcs. geometricos regula.res. 9.
.

.
.
.
.

...
- .. . .

A r
que vem a - ser, as part í.cul.as constituintes .das Irla:..§.
·

..

sas=qualitativa.s e-macroscópicamente percebidas


como sendo. _fogo,
,
.ar, .agua
.

e. terra.º
.
? ,
Nao ha
.

ref e
.

A
..
,
r snc ..,
·.

í,a a. um ato de, geraçao especial. da .par te .de


Demí.ur go , .mas é .. .indiscutível que a génese. do uni
,
v.erso.e.um.processo que1
f
continuo.e portantoj o
-
..

?
H
receptaculo .e.o.9a:os.?a0 figuraçoes
.

fases.di.§. de
A
t.intas desse· pnoces so , _Basta.,,..nos .oompar ar as ?r?
.

,
.

·•
,,.
ferencias. ao. con+eudo., respectiv_amentej .do rece.12
táculo e d? caos, para ver que são ficções dife-
- LJ.28

r en te s , .. t admirável que assim se ja, , .. o que .r e pne-


senta uma profundeza. extrema na. aná Lí se dos ele -
.

..

mentos lÓgicos do processo eosmogÔnteo?


- , -
Platão mostra=nosj na ficçao do recepta
.

cul,o , a ne?essidade. de introduzir a extensãoj .pa=


ra que. tenhamos a possibilidade. de compr-eendar -OS
.. ..

aapac tos.i quarrtd ta tdvos dos corpd?_, mas , ao mesmo ..

tempoj- devemos supor. o. receptá?ulo como. algo. mais


do que.a.extensãoj como.sençlo.também o fundamento
da materialidade? uma condição que chamamos de.co17,
poreidade e que será aquilo que permitirá o apare
cimento .da s qualidades .sens [veâ s nos corpos. ele =
mentares? qua?do'as.formas geo?,tricas vierem a ·

.ser Lmpnes sass. É isso indubi tàvelmente o que nos .. --

revela ·ª. ãmagem.ríc lKJ,A,rJ...p-6l O.Y , .do r ecep-


táculo concebido como. uma matéria plástica.j, .capaz
de r ece ber em si todas as formas ,i sem ter. nenhuma
A

I
f
própria o A -;( w «. fornece ao a to 'cons tuti ve das I
ti
espécies materiais uma ampla .. ajuda , .dando-dhe -a .

sua extensividade e.í.dade t .. uma-· e ou-


- ?. e a sua cor-por -· ,
tra poder ao nao ser distintas senao a titulo.

,de
.

. .. -

coneeitos-supórtes dos conceitos distintos de ex=


,.,, ,
tensào de .ma têr-í.a ,
.

.
_e

As9imj temos de supor que, }?latão imagi"'?


. . .

na uma si tua.çãq imediatamente .arrt er í.on ao a to .que


termina a geração do cosmos? .. na· qual situação.o d.e ..

miurgo se defronta com .unia.mas?a material çl.iversi


ficada e constituída em espécies regulares. A al
ma
, ª
cosmica
o
A
vem impor um regime ordenado a esse c.s
- 429 -
os ?e matéria-informe e inerci?l& Mas isso repr:e
senta apenas.o.ato finai., o acabamento do.proces- A.
N
so cosmogonãco , Embora nao seja. di to?--êste pr o.»
A ·

cesso. tem um primeiro ato de .suma importância,que


., - ?
e .. a compos1.çao mesma d as .. espec1es .corporeas e que
.. 'º .

representa. o es eabe Lecãmenbo do. primeiro .. regime :fÍ


-, .

sãcc def'Lnã.do i o caos., .O. receptáculo .e. requerido


come condição .arrter tor mesmo a . esta primei.ra ger].
o,;,·. A
çaoj contudo nao e ele por si um es tado , mas. ape=
,..· ,li. .

nas .um fator para a compreensão ?de um e s tado , .De


..
.

vemos compr-eendar tÔq.a a descrição do rec.eptá.culoj ..

-
por vrazes tiao , embaraçosa de entender 1 como sendo

A.
..

uma. ·deta.lhação da. concepção dê?s tê ,f a;tor ? pela ..qual


·

- ?
Fla tao. procura- definir. que. relaço.es se podem esta
'
.

paço·. puro o
be Lecer -en.tr.e o, puro in telig{ ve L e o. es .

É.a.cQncepção dó -mundo sem o devenir? poderíamos


dizer o

. seguí,r , o deverrí.r começa a.


Mas1 Logo a ?
A
ser introduzido sob a forma de referencias aos co?
pos ?elem.en?ares; -sÓ.,a falta de uma explici ta .. qis= ..

tinção cria estas dificul_da.des de - ccmpreensào , O .

,
receptaculo
.

subsiste sempre .. no eacs , .e omo. subs í.s»


te aliás no cosmosº Po;r" .t sso j talvez j a pas sagem
·

. _ .

.,. .

expressamE?nte .declaradaº Te


£,o

de um ao outro.nae e
r emos o direi to· .de chamar geração a esta primeira -

criaç·ão. das esp?cies .corpórea.??. distinguindoC?a de


- A
uma segunda que seria .a .formaçao do. corpo. o:rgani-
'

...
;
.. .

co do .mundoê.. Sim, pois _ha, .de fatoj, um conjunto-


. .

..

de atos formadores, graças aos quais se eonstit:m.-


= 430 =

em os corpos.regulares? partindo da associação de


,· A
especies diferentes de trianguloso
A questão mais delieada está em saber se
devemos atributr à alma do mundo ?ste primeiro e0
feito f'orrnadot-; 0· De- -um lado 9 pode parecer que is=
,
.. -
.
.

to 'seja

. ' .
.

uma vez.que? tr.atando=se de. u.m


razoavelíl
a to formad,or s no. qual se imprimem ftguras geomé =
.

tricas 9 e sendo. ja, portanto um começo


A
.
.

de .domãna =
ç?Q racional? só a alma é qualificada. para fazê=
Lo , Mas9 .. de outro Lado, podemos Pla.tã?·-não ??·J,l?
tenha querido fazer a alma cósmica responsável
p?
la primeira.: ge:raçãoj .que r.esul ta. num estado irra=
cãona.l -? caÓt:icoG Seria ;sse talvez o motivo : da
-
·

dup.Lí.caçào .das... aãmas , .. a. que ja, nos refer i mos e qae


o -?
...

o texto .da s ·1.ill nos .revela, .haver í.a uma alma .,


ma, -

inferior? .pr.ê?>racionalj com .a .me sma. possib:i.lidade


de ser .fonte de movimento? .mas incapaz de conferir
A ' .

regularidade.a,esse movimentoe
H
?
Nao nos e poss1vel
,
. contudo. ascender que
há,, aquÍ uma. profunda e evident? contradição no .sís
A w
tema,,cosmogonico; se Platao procurou resolver es=
ta con.âun.tur a pela hipótese das duas .a Imas deve=
.

, -

mos convir em que de fato não ficou ela ne.so.Lvfda,


?
A alma ma explica a possibilidade
.

de? regime de
.

movimento irracional?_ mas nâo é poss:Ível. fazê?la


transportat determiriaçaes tio altamente.racionai?
? ,
como sao as f'iguras geometrieas N
? assim. como nao po_
.

demos atribuir?lhe
i isso,
a capacid?de d? configurar - a
corporeidade em· sÓlidos r egu'lar-es, . emi =
= 431 -

nentementej um trabalho da alma racionalº Masj


como oompreender então que esta viesse a ope.rar
êste efeito configurante,no caos e não lhe tiv?
se conferido desde logo o.seu regime racional?
.Aqui se oferece uma real dificuldade,
.

parece-nos que. afeta apenas a Lóg


.
,
í.ca da. en=
.

mas ..

cenaçào , não a .c l.ar eza . dos conceí tos , -O que jul ..

gamos--indiseut{vel é quemâo podemos conceber o


A
r eeeptacuão
,
como identico conceãtua.lmen te ao -C,ã
.
,

=
9s; em caso con tr-ar í.o , nao .eneonta-ar-emos defin!
JI' '

ção exa ta do estado que precede a organização do


uní.ve r so., Somos. fçrrç·ados .a supor que es ta , co=
.

mo ver dade í.r-a geração racionalt _é não ob?tante


segunda 9 pois. .houve antes um .a to· da ?B:azão .que de
terminou a .cor-pcneí.dade a .·.ser .fixada nas. espéci
, -?· •
(
es geometr;cas; .em 5 6·. e, e atr1.bu1do expr-es sameg;
o
·
e

,
te ao, Demiurgo -O pape.l , de .determinar. o .numer-oi,
os movimentos e .as prop?ie?ades? em geralj dos
corpos elementanesj como um complemento.ao seu
a. to configurante das formas. geomé.tricas G •

É claro .que não pr e tendemos fazer luz


_ ..

sÔb:re todos os-aspectos. da cosmologia plat'9n?ca.


e que esta .distinção não representa,. a solução .de -

todos os enigmas do. texto o. É _.perfeitamente .legÍ


timo admitir que. ee!teg Ímpetos imaginativoS--tJ!
nham.gerado .. detalhes da- ficção.que,sendo no es!=
p:Írito do autor. ...punes . ornamentos .poéticos., .qua.n
do vistos
.. .errtne tan to pela
.
critica, qUEfL:t11do ... pr.;o.
cura esclarecer, resultem em contradições COJtL O.Y
- 432. -
tros aspectos imaginativos j mas cheios de s ent ído
lÓgico? Assim, haverá sempre obscuridade; mas a
R .,-,
nossa opiniao e que1 se mantivermos bem em vista a
distinçio entre os conceitos do recepticulo, como
fator espacial, e o do caos, como estado fisico?yt.
tas coisas pode.remos en tender, que antes talvez f.!,
cassem confund1dasG
A hipótese dessa primeira gera.tão, envo],
, .
vendo a pa?sagem do conceito de receptaculo ao de
caos? pode $er firmada, com satisfatórios motivos,
sÔbre a análise do textoº Com efeitoj observemos
A A ' -
quej por duqs vezes9 na referencia a relaçao .

dos
O

= ...
corpos elementares com o receptaculo, Platao usa
express;es que sugerem claramente atos formadores
das espécies materiaisº Assim, em 51 b diz=nos que
"a parte do receptácu"lo que foi inflamada (l45)nos
I
ro\ 7iStrVfW.,U,,évoY
I
aparece como fogon, ,M,E ? o ç
aº gua 1 men t e, '
para a agua na
·

parte que
'
e fe1 ta 1'i
º
;
=
s
q;,lidaj aparece=nos como água" ,-rd
c>e 'IÍ-rf«Y &e)I
V<JGJf; e assim mesmo para as outras duas espé=
c í.es e Esta indicação é va Lí.osa , pois r-eve La-nos que
de fa to há uma oper-açâo, O fa to de as referências
,
ao receptaculo serem feitas com os verbos na voz
passiva significa que e;' suposta uma açao ? ,.
em que e?
se recipiente figura passivamente, dizer que uma
"" -' .
F ,ç

'
por çao ? feita fogo, ou outra .aguaj
A A
e exercida sobre ele a operaçao.,.
e indicar que
geradora dessas e?
pécieso Significa isto que o receptáculo não é
tomado como tendo êsses caracteres, mas que êles
- 433 -
são_ feitos j vêm a ser gerados nêle; t3 a parte que
?
e feita fogo que aparece como fogo, se o rece? ej
táculo é tornado fogo, é justamente porque não o
era por si mesmo , S_Ó por urna operação formado r-a
podemos supo-lo recebendo em si estas especiesº
A ,

Em outra passagem nais abaixoj temos a


- .
,
repetiçao do mesmo pensamento; em 52 d e ditog'?a
ama.id o. devent r tendo sido liquefeita e inflamada
,

e tendo recebido as formas da terra e do ar º º º .n


r?'J_i'
& s? T,E JI so:e (.J? 7:? º1 "?J? *rfd.?Yl)f'/?JJ
f
s;« e ,1rll () 1f}kf. ?1JP I{ c<t 't'O( 5 71/JÇ T£ «« e ó<?ft>G
fo-ºf 'f-« ?. bEJO?EY")JJ e e e _A. mesma repetição d os
( t" "d,?º
par toac i.pacs pas,..srvos con em a 1 eia d e uma opera=
-? e

çao exercida sobre o receptaeulo para torna= 1 o in


.., ., ,I' o

flamado, de modo
.#
a aparecer o fogo, liquefe it o ,
para surgir a agua, igualmente para as outras
e
?uas espécieso rarece=nos claro que estas opera=
ções concebidas como meios de fixar uma frcm-
são
teira concei tual entre duas fie ções Poder {amos
·

portanto figurar as du?s fases consecutivas das?


guinte maneirai a) o reaeptáculo, por si mesmo,
não é ainda inflamadp, mas apenas reflete as po-
À
tencias qualitativas do fogo sem as fixar, e por
A
isso elas entram e saem dele como imagens num es-
pelho; b) quando .coneebemos a sua fixaçãojé po?
que jt
demos materialização a essas espécies e, a
A -
partir desse momento, nao estamos mais no puro r?
cipiente? mas Já no estado fisico do caosº
Por isso a descrição do caos e do seu
- 434 -
reglme, que precisamente começa a ser feita com-as
frases que acabamos de citar (52 d)9 inicia-se com
a declaração de que o receptáculo passa a receber
estas espécies como efeito das operações de infla-
" ,
rnar9 liquefazer1 vaporizar e solidificarº Apos es=
tas operações é que estarão prontos os corpos ele-
mentares, para serem sujeitos ao dominio da.Neces-
- R
s í.dade , Fundada portanto nestes textos, .nao--?--de=
, N
masiadamente aventurosa a hipotese de q?? Plat.ao te
'

nha realmente concebido um duplo ato criador? .embo


ra não o diga expressamente e não pudesse talvez .sí,
tuar o pr Lme í.r o , claramente. e sem cont nadã çào., den
tro da teoria da alma cósmicaº Mas é.indubitável1
,ao que julgamosj que assim o tivesse pensadri, tan-
to'-mais que por essa hipótese se resolvem·
certas
contradições apontadas no textoº Por exBmplo,tem-
se afigurado dificil a certos comentadores conci -
liar as passagens ?-
e .2.Uº Na primeira de--
clara Platão que o Demiurgo, desejando criar o mUQ
do tão livre, quanto possível, de imper:r:eição, to-
"
mou tudo o que era visivel,
- d e
sr« Y o(fo)I ?Y ºf«roy 9
,
'rj
e que se movia desordenadamentej e o trouxe a um
estado de ordem. Mas no segundo texto diz que o·
receptáculo é ?VÓe«1:oY ElÔÓ£ re. Ko<( ?f'ºffO>',
Existe realmente uma contradição, se se assume que
.

A -
ambas as referencias sao feitas a uma mesma reali-
- .
A .

dade; entao, sim, se toda a primordialidade se e!!,


, ,
globa sob ·um·so ·conceito, se o receptaculo e o caos
são expressões que se referem ao mesmo estado, não
- 435 -
A
se compreende que este seja ao mesmo- tempo vis1( -
vel e invisívelº Mas a pseudoeontradição é na ve?
dade um precioso indicio de que se trata de coi=
sas diferentesª O recept?culo é de fato invisÍ -
vel, pois é um puro fator sem significação fisica;
, ? , ? (
o caos e visivel, porque e ja um estado fisicojem
.

que se encontram os elementos já-constituÍdosj en


tr.e êles o fogo, ou seja, a luz, que torna visi=
vel-tÔda a massa caóticaº É então a esta que o
Demiurgo toma quando começa a fabricar o corpo do
., ,
mundo , como e di to em 2L]2;_ ai? esta declarado que
o.deus.inicia a eonstruçio do corpo c6smico, to-
mando o .f'ogo e. a terrai, Mas não poderia tomar o
.

"' , -
fogo, se esteja nao estivesse presente; e, se
ê1e está pres en te 9 a coisa que o contém é visível;
logo, o receptáculo, que não é visível, não é o
caos. ,.,.
Por todos estes motivos nos parece cla-
ro que devemos estabelecer uma distinção entre o
conceito de extensão, c1erinido pe.1a '.X-werÁ. e o
do regime fÍsico7 que deve ser suposto como prec?
dendo o a tua lo
A
Di to is to, podemos procurar no
-
t?
to colher os elementos de informaçao que nos per-
-
t' /
mitamj quanto possivel, caracterizar o receptaculo
"
e o seu Gonteudo.
436 -

§ 12 - A distinção entre o receptáculo


e as espécies materiaisº O conteÚ-
.,
do do recepta e u1o º

A leitura da parte do diálogoj a qual e?


= ,
poe a teoria do receptaculo? mostra?nos que Platao
-
percebe .a necessidade de estabelecer urna - distin
ção entre o recipiente e as transformaç9es que nê?
le se passamo Quando anunciou a presença de tm te?
ceiro gênero supremo no processo cosmogÔnico, pode
ria julgar-se que este fosse
If/I, A ,? -

uma especie de mate- ?


J'
..

.
.
A
ria primeira9 de que se gerassem-todas as demaisº
Oraj para eliminar esta suposição é que começa (49
b) por indicar-nos que distinção se deve.fazer en=
tre o receptáculo e as espécies materiais? Obser=
vemos., diz Platão?· que nenhum corpo elementar r e =
.

,p
presenta uma realidade permanente e estavelo Vemos
que se transformam uns nos outrosj de forma cicli=
R
que a aguaj quando se condensa, torna-se ter-
.

ca;
ra e pedraj ou, quando se raref?z, vento e ar() Ês?
tej por sua vez, inflamando-se, torna-se fogojque,
·

extinguindo-se, volta à forma de ar; e êste me smo,


condensando=se em nuvens, retorna ao estado lÍqui=
do, de que passa depois ao estado sÓlidoo Como ê?
.

,p f I '\ \
te processo e cãc l í.co , J< u s; A O)) º ,. " "'"l JI re.I YE.rl'y ,
a realidade de cada fase é transitória
N
e, assim sen
À
do, nao se pode corretamente designar qualquer de.§.
tes corpo?, o fogo, por exemplo, com a designaçio
, -
estavel de "isto", 1:'0lf,O , mas apenas como "o que
= 437 -
tem tal qualidade",
, "" ? ?
?o TOl oii ov t e o mesmo se
da em relaçao a agua e aos demais corposº Para
A ""' ,,..
estes, nao devemos usar a expressao "coisa", como
.
, ?
se representassem algo estavel? pois estao sempre
fugindo? no momento mesmo em que pretendemos dar=
lhes .a estabilidade de uma designação nominalº A
J? -
unica expressao que lhes convem e a que os desig=
R .;

ne como- no que tem tal qualidade sempre retornan


' '
'

-
do ciclicamente semelhante" 1:o rot. 01/"?(f)J) <XE.l
?
,--
I d
7TE.f '-f e OfoE v o v
.

E" IJJA.,OLOY º O f'ogo , por exe m =


pIo nâo é, coisa definida por uma existência está
vel1 mas aquilo que no curso das transformações a=
parece como tal, 1,;;f ro J',? 7ro())toç T()t..()V,OY Q

Se estas espécies não podem ser chamadas


de "Ls ton s o receptáculo, porém, pode e deve ter
"" ?
Somente falando daquilo ':9em q1.en
essa. d es í.gnaçao ,
A ,
todas as especies aparecem e de onde se esvaem, -e/
.

que devemos usar as palavras ,oü-,o e ._rÓóe-, e


f'- ""' ""'
a ele nao devemos aplicar nenhuma das designaçoes
qualitativas, como quente ou branco, ou os seus
opostos, por exemplo, nem nenhuma das qualidades
que se compõem com aquêles, ÉK. 7:o ÜrúJ Y e
w A
Temos nesta passagem uma rica liçao so-
u
.
,
bre a concepçao do receptaculoo Importa-nos per-
A A
vi
.

ceber que todo este esforço explicativo apenas


sa estabelecer a distinção entre a noção do rece.12
-ticulo, como espacialidade, e a da mobilidade fÍ-
" .... ,
sica, que nele se desenrola?
jeito a variação;
' O espaço nao esta s_y
, A ,.
e ele o unice permanente,o fun
- 438 -
do imóvel e passivo que condiciona todo processo 1ª
""' A ,p
º
tural? O fogo e a agua sao aparenc1as que surgem
.) I
cada ve z , tBKfttrr:O,€ , no ciclo das geraçoes e que
""'

?
nao tem a menor f'Lxação , A distinçao entre ºisto'ª
,A# A G:,

ii
e ''taPR_j -r o t:o e 7:'0l oiiroY, é coisa muito .pro=
fundaº É uma das mais claras indicações do senti?
-
do que Platao atribui a relaçao da ordem f1sicacom
I'
'I, e,,

o mundo Lóg.í.cc , Com e re í.to , se alguma coisa po de


,;, A
ser designada com um nome e s tave L, neste nome" 9 '!1.2, .
o

.
,p ? p .
ton? e sinal que? como objetoj esta em.relaçao com
urn conceito Lnvar-Láve L, Onde a coisa objetiva .não
A
pode ser posta nesta corresponden?ia com um concei
.

... p
to Log í.co , na o se lhe pode aplicar nome e stave
,,, .

L e
só lhe cabe a designação puramente qualificativa de
tttal co í.sa" º Assim, o fato de podermos chamar o
receptáculo de "Ls to" indica que se trata de um oo.n
ceita ej na verdade, de um conceito supremo, que?
só por s"êr de natureza espacial, e:x:tensiva, é de
supor- que não deva ser incluído no mundo das Idéia?
Já as coisas, como o fogo ou a água, da na tur e z a
não podem ser os extremos objetivos de uma correla
ção. conceitual; não é a êles, como aparências do
devenir, que se relacionam os conceitos de fogo e
, , '
de aguaj mas as Ideias respectivas, que gozam da
.

estabilidade requerida para serem chamadas de "is=


tonº
A - a-
Deste modo, o fogo e a agua que vemos sao
,,

penas qualidades presentes? nossa percepçio; sio


participantes, de algum modo obscuro e difícil de
,,
dizer, das verdadeiras realidades do fogo e da a-
- 439 -
gua; _ mas, enquanto considerados na ordem da a pa-
A ""
rencia j nao designam .co í.sa alguma que se represe.n
te concei tualment?l?? da explicação j ape
·

O esfôrço
Lando para as compacaçóes que abaixo se seguem
.:I>:,.

'1

é_ destinado a dar-no$, claramente a distinção no-.


c í.ona.I entre o recepta:culo e a transformaçao ma te
e .,,,.. ""'

A
rial? .. Sendo esta uma ocorrencia pensada como jaí'
se processando no: ·4,pntÍnio do caos, todo êsse ra=
c.ioc:Ínio é. mais uma C':'<m:firmação j e porventura a
mais eYplÍci ta, de q?tt?: para Platão, o receptácu=
-

lo e o caos são noções ?iferentesº


? -
O espaço e urna entidade de razao, que de
-

ve ser concebida como não modificada pelo deveni?


O.fundamento da sua :uivariabilidade e,, que, preci= .

A
samentej eR ele inqu.alificadoj incaracterizadoº ??
aquilo que,· não possuãndo
nenhuma qualidade, tem
apenas a _significação da extensão pura;
..

como ex=
,.. ;I A ""1
tensao, e homogeneo e -nao apresenta diversidade de
estruturaº É esta uma noção da moderna teoria do
.

A .

-
espaçoj que com surpresa encontramos em Plataop?
feitamente definida (51 a)º Não tem caráter al=
gum próprio, e em_ ra sâo disto
oferecer ao de -pode
A A
venirj para conte-lo, a permanencia informe da
-.
"
sua nomogene tdade , Cerno no çao , o rec.eptaculo
.,.

' A
cede logicamente o caos; aparece este
pr§.
regime qua.n
do se supõe que na espacialidade foram corporifi-
cadas as qualidades flutuantes que nela se refle-
temº
Em nenhum momento Platão considera or?
- W+o -
ceptáculo como um meio vazio; por conseguintej _ca
be indagar qual a natureza que o enche? É eví.den-
te que na atmosfera mitica, em que nos movemos'.1não
é oportuno pedir demasiada precisão, mas podem-os
sob o véu da alegoria distinguir um pensamento su-
ficientemente definidoº Devemos observar que, de?
= ., /
de que começa a falar do espaço9 Platao ja o da -C.Q
mo envolvido numa relação com a matéria, represen?
tada pelos quatro corpos fundamentais, .e?bora para
dizer que não podemos confundir as duas-coisasoC"o-
? ""' ...
mo noçao pura, anterior a do caos? o receptaculo .e
, ,
como um espelho; nêle se refletem as Idéias, no
que têm de qualitativo? As Idéias não imergem no
ç., A ,
e s pa ço , mas sac capazes de nele deixar eo p ã a s 9

'f-4,lJA..1/'A,?"'C?, que transitam na,sua superfície como


imagens num plano refletor() Assim, o receptá cul o
não tem forma própria, não tem caráter seu, mas
aparece com diferentes qualidades a cada !Ilomen to j
l I
>' E 7:«,
'\ '\
.11 .> -
oc ÀÀ o to>'
,:a, b<../\AO ?:'£ º Que as coisas que
A F ""
nele se refletem sejam qualidades, e evidente nao
J.
d
·

·só pela expressão


mesma empregada, Yo<.)J.,L;, como
pelo sentido geral da teoriaº que, não tendoain t
da entrado em cena a alma cÓsmica,sÓ se defrontam,
. ...
.
I' A A
por enquanto, duas espeeies de fa tores-g
.
o Moàelo
.
., .

das Ideias e a espacialidade; falta ainda a almaj


de onde virá o terceiro fatGr1 o devenir regularº
Assim1 o espaço é uma pura extensionali-
dade, em que podemos imaginar virem refletir-se as
t
.Por mas qua Lí.ta í.vas , Esta apresentação' ganha um
A
pouco mais de coerenciaj quando nos lembramos de
... r tP
que o reeeptaculo nao e apenas o fator fundamen =
=
tal da extensao? mas transporta tambem o
, o
sentido
de um fundamento de materialidade j em condã ç Õ e s
muito obscuras de dizer? É isto quej posslvelmen
, f -
te, -esta presente ao de Platao e lhe pe.r, espirita
mite referir=se desta forma nebulosa a qualidades
do fogo? do arj etc?
Seriam estasj talvezj aqui=
lo que mais tarde reconhecerá como nvestigiosºdos
corpos ( lJ:_ Y7) 53 b) j e que constitui .expre s s a- o
?
í
das mais en gmá t:tcas º D?ste modp , o receptá eu lo
- , , .

nao -e -O va zd o , mas e algo que pode ser ocupado por


fugazes reflexos de qualidadesº Percebe=se que
A ""' P
o esf'or-ço de Platao e por· imaginar alguma co í s a ,
""' -·
- J'
<I, A
nao-vazia, como anterior a mataria, que para ele
,?, ·"'
so se da Ja cons
,p
ti t f
uí.da nas es pee ies f'undamei ta í,s,
.... "'
o

Q_uer conceber um fundamento, mas na o quer que es=


te seja puramente o espaço, porque como tal seria
vazioº Cria, assim, a noção do receptáculoj que
,I'
e
• A
simultaneamente espaço? na medida em que e o
,
fundamento de determinações de quantidade, e cor-
?
poreidade vaga , na medida em que e o fundamento da
materialidade o
Para não figurar o receptáculo como um
espaço vazio é que Platão o faz conter,numa fie=
ção absolutamente primordialj reflexos das Idéiasº
"" " ,. p
.

Nao sao9 porem, reflexos sobre a mataria, pois i?


,...

so seria já o próprio devenir, mas, por assim di-


A
zer, o antecedente eoneeitua.l desse processoº
= W-J.2 =

Como se d? esta reflexio do inteligível


A ;
sobre a espacialidade pura j e coisa que nem o au=
tor sabe dizer; bem compreende a dif"i eu d a de , l
rl/1rW
.•J
·BÉ·"Y
, :,
?O( 0(7,- O( V'l"'W y
:) /
1tPY cv«
'- "fº r
' L)
.....
I
r r
(Jtr(rf.f(Ã « o v t<d.t udvprx<T,o,,•> (50 e 5)'.1 embora
,I' = .
prometa explica-la em outra ocasiao, a promessa,ao
""' p t?
que parecej nao se cumpriraº O conteudo do recep?
.? t? A ºA
taculo ej poisj este Jogo fugitivoo •
e
de reflexosj e?
A .

te puro aparecer e desaparecer de imagens imitati=


vas das coisas eternas Poderá. causar estranhe .z a
G _

A #
qu?j tratando-se de fatores ambos imoveis, ?efron-
tando=se eternamente j não sejam f'Lxa s as Lma; e.n s
das Formas na superfície do receptáculoº Mas
pod?
remos talvez explicar a alegoria. das imagens flu-
tuantes e transitÓriasj à parte o que possa haver
-
de simples visao poetica, ? -
por uma razao que imagi-
,,,
namos e nos parece aceitavelg """
para nao criar uma
.

falsa noção de estabilidade? que só compete ao re=


cipiente mesmo, estas imagens são ditas entrar
' I e \ ,?
sa í r , 'ê"O( El/Tl ov r«
>
numa mo bili Kou. E? lo r ro: j
?

dade fantasmagÓricaj que percebemos no estado onÍ-


"'
rico por que todo este tecido de alegorias nos e"
dadoº Esta mobilidade dos reflexos precede a do
caos, que ja tem sentido mecanico definido;aqui se
.,.
,..

trata de pura fantasia, destinada a não criar a


idéia de que pudéssemos conceber alguma imobilida-
de na or í.gem , mas a fazer-nos considerar, por mais
que recuemos a visão imaginária do primordial, al-
go já investido de mobilidadeº SÓ o receptáculo ,
= W+3 -
como conceito' que é, goza da invariabilidadeº
Esta imobilidade contudo não impede que
o receptáculo aceite as imagens variáveis das coi
sas que entram e saem, é invariável como noçãoj
como f'undamerrt o ,mas desempenha no mi to o papel
A
de uma aparencia que pode variar e assumir diver=
sas configurações? conforme as impressões que nê=

}O' C '
I

""'
/
le entram, )< < Jlo 'V)kE v á y ?-E KtJ(t\ o,otQ'?1'j).(.<t-r,
I
.r -
1: to JJ E. a: e o JJ tltlJJ ( 5 o e 2) mas nu nca
?
_._, oµ,e JI o Y uvr o
'1

perde o seu caráter9 pois njamais, de modo algumj


A
toma-a semelhança das Formas que entram nelenº Es
ta veemente afirmaçãoj
OYdêYl
l"'ºf ?'rj J)
t:'wy ê..ltrlÓY,(A))) ?o,?)) êtÀ1Jf8Y ?V-
oúJ'e;u-[r,_y ffcrt:E

t)l;-o<.f6t"' (50 b 10) é a ressalva do caráter C.!


JfÁ.JA-;f
tegorial? primário e supremo da noção de espaço
1
e destina=se a não deixar que o mi.to dêstes refle
xos possa conduzir a uma falsa compreensão do re=
ceptáculo, perdendo-se o seu sentido de puro fun-
damento da quantitatividade.,
As comparações famosas, que Platão em -
prega, contêm o mesmo serrtf.do , Para indicar que o
, .tp

receptaculo e um suporte de formas, compara=o a


,
uma ma teria pâá? ?
t -
s Lca , ?K?tl.r?,o)) j que se deixa
A
moldar em diferentes rigurasG Seria esse um modo
de imaginarmos a presença das imagens das Ideiasº ,:?

Variando continuamente as impressões que a maté=


ria plástica recebej nenhuma das figuras que nela
se descubram tem realidade permanente, nenhuma e,
nisto", mas apenas uma aparência transitóriaº Se
- W-1-4 -
a matéria os triângulos ou os círculos
é o ouro,
que COID O metal Se possam fazer' não são istoU WR

'

são apenas qualidades ntais" do que é permanente


?
e
,f'
invariave19 o ouroº Assim o receptaculo =
nao a.ssu=
mej mas apenas recebe as formas que nele
d\
se impri?
,P·
""' A
mem, Alem disso, nao tem éle proprio f'crma. alguma,
tP -

como nos indica a sua comparação com o excipien


t?e-
das misturas de perfumesj que não deve ser
por. si
mesmo odor ít rar-o , O receptaculo nao
,,. .... .

tem qualidades;
o
__

pois, se as tivessej estas interfeririam na sua


função receptiva e não deixariam que fÔsse
uma SU=
e -
perficie perfeita de reflexa.oº
Êste fugaz conteúdo do receptáculo é de=
-

clarado constituído de qualidades


(49 e);estas s?o
mesmo exemplificadas? citando-se o
/)E OY
?
Àev-1<.ÓY (50 a) como tipos de determinações qual.!
f?
tativas que refulgem no recipienteº
Podemos inda=
gar por que motivo são as qualidades
as espécies
que vêm refletir-se no receptáculoº
Imaginamos que
Platão, desejando introduzir, como
fundamento da
sua teoria fÍsica do mundo
atual, as quatro varie=
dades da natureza material, procura
A defini-las nô
que tem de qualitativo, como -
representaçoes de_qu?
tro estados gerais diferentesj
que colhemos pela
percepção? Assimj os quatro corpos
são essencial-
mente corporificações de quatro
espécies de sensa=
çÕes, de qualidades que? desde os mais
remotos pen
sadores, se manifestavam como supremas
na concep -
ção fisica? Havendo, ao que parece, nesta fase fi
- 445 -
nal do seu.pensamento, um duplo aspecto na Idéia,
o qualitativo e o quantitativoj e;? contudo a quali
,
A
dade que desempenha o papel de essenciaº Desejan
do apresentar no receptáculo o precursor do esta?
do caótico, fará yagar na extensividade primordial
as imitações das qualidades, porque estas já não
representam talvez, a seu ver nessa época, a inte
? I'\
.,
gridade da Ideia, e deste modo o receptaculo
.

pode
ter conteúdo sem ter ainda sentido fisicoe Somen-
te .quando as Idéias se refletirem com
o seu duplo
aspectoj qualita?ivo e quantitativo? então já es-
"
taremos em face de uma verdadeira materia determi
nada, e precisamente isto co:nsti tui a passa g e m
ao estado do caosº
Platão pode usar a alegoria das qualida
des enchendo o recipiente, porque com isso não de
fine nenhum estado fÍsico. A qualidade nio é a
totalidade da Idéia, mas é a sua parte essenciaL
O.que vê na matriz do devenir são de fato resickos
ou vestígios do ser inteligível, e são contud? a
essência; prepara, assim, conceitualme?te a noção
de caos, bastando supor mais tarde integralmen t e
operada a mimetização da Idtiae Falta ainda que
" Çd
um outro fator, este obra da Razao, se revele, pa
ra que possa tornar compreens1vel
e
a presença da
-
,
quantidade mensuravel?
/ ? -
Se e legitima esta exp.l í.caçao , podemos
compreender por que motivo Platao enche o recepta,
N

culo só com qualidades; embora na descrição do


- 446 -

caos figurem referências às dinâmeis? que bem pod?


...
mos interpretar como qualidades, estas ja .terao si
ti'

do determinadas qu?ntitativamente pela geração das


, ; -
fi.guras geometric as 9 o que da ao caos nao mais a
condição de conceito de fatorj m?s de conceito .de
estadoº Se é justa esta explicação, ela permiti -
- .P
ria igualmente resolver urna objeça? que Aristote =
les formula (l46)em outros têrmosa?nsiste em ind§
"" R "'° e,
gar por que nao e eterna a geraçao peas1 Id eias?se
{
existem face a face o mundo intelig1vel e o recep?
táculo1 que déve conter o devenirº Agora podemos
compreender que Platão distingue os dois as ps e tos·
das Idéias e1 por querer atribuir a geração .compl?
' À
ta do cosmos a influencia ?
da Razao, muito proposi-
talmente separa a face quantitativa e a faz ser r?
c?bida indiretamente.por meio do instrumento que
a veiculaj que é a almae Assim, no conceito mais
primitivo defrontam=se apenas as Idéias e uma ex=
tensão em que os reflexos das primeiras não são C,!
pazes, por si sos, de determinar o aparecimento de
?

? ?
corpos definidos? Como, porem, as qualidades sao
- A
o principal para o processo da percepçao, tem
(;tit,

ant?
rioridadej e por isso elas somente se refletem na
superfície da extensãoº
A objeção de Aristóteles procede ·de um
desconhecimento desta dualidadeº Esta iriterpreta-
ção confirma a distinção que vimos acentuando en?
tre o receptáculo e o caosó As qualidades que se
miram no espelho da eJatensão, principalmente, são
- 447 -
,.
as quatro clássicas; o quente, o frioj o seco e
o Ú.mido3 Não é possível, porém, definir que se=
jam essas as Únicasj pois a passagem (50 a)em que
Platão alude ;s combinações qualitativas em que
Cl , I
figuram? O<rO'- EK z:ourüJy., tanto pode referir-se
a elas, como elementos da formação dos corpos co:m
? ,
pos tos., .. como as Ideias mesmas dos e Lemen tos que; ,

admitiriamj além destas quatro principaisj outras


qualidades na sua definição (o fogo1 amarelo; a
água1 clara9 por exemplo)º
De qualquer modo, as Id?ias de fogo,ar9
terra-e água são tomadas aqui essencialmente como
qualidades, e são elas"
ou as que representam as
r sensações correspon?entes, que entram e saem do
âmbito dó receptáculoº É es ta uma ocastâo oport.:g
na para retomar o problema da sua natureza e·rela
ção com o devenirº É esta a razão do breve inte1.:
lÚdio metaf:Ísico-epistemolÓgico (5i b - e)j qu?
num excelente resumo reafirma doutrinas fundamen-
A ? /
tais da filosofia platonicaº A exposiçao e limi? .::,.

tada ao que era a causa da questão: as es.péc es i


do fogo, do ar, da terra e da águaº É delas que
Platão afirma constituirem Formas inteligiveisj?e
aj_mente existentes, e não apenas conceitos do es-
pirito ou simples
nome?; é o que indica a perg'll!!
.
A
ta da segunda parte da alternativa sobre a sua nª

fdo
.

tr À?>' Àr/7 Dí
1
?
ture za , ?o â o/ufeY ;..f Y
;
A primeira noção receptáculo, que R-ª.
- ,
"
tao nos da, e, pois, a de um continente em que se
- Ll-48 -
manifestam imitações fugazes das.Idéias de fogo1ar,
;P
terra e aguaº Isto.sabemos textualmente; o mais
? conjetura que pode?os livrementa fazer, num es?
A
forço por desvendar o que esta por tras do mito?on
,li' ,P

de se encontra certamente muito das verdadeiras -in·


tenções do fil6sofo? Mêisj numa primeira aproxima"""
.,,. A ,li'
çaoj apenas somos informados deste carater .recepti
vo da matriz do deven í r j e só' mais ad Lan e. é que t
será declarada a sua identificação com º?-:espaço.,?
A A
tão procede a um balanço dos fatores cosmogonicos
de alta A
Lmpor-t.ane í,a. para o esclarecimento
. •

.do seu
- A
pensamento9 e diz-nos que (52 a - e) sao tres as
realidades Ú.ltimas? sendo cada qual uma classe de
objetos a que se refere um tipo especifico de co -
t
nhec í.men o , Eis o que nos diz esta pas s agem sa pr1
rneiraé a. Forma imutável, incriada e indestrutíve?
quej na sua invariabilidadej nada. pode receber em
si, de fora, nem pode entrar em qualquer coisa,-in
· '
· (
visive.1 e 1nsens1ve,
"
1 ape=
1 e so po d e ser apreen d Ld
lo intelectoG
Outra coisa é a realidade sensível,
que tem o mesmo nome que as Idéias, mas é gerada e
sujeita ao movimento, aparecendo e desaparecendo,e
R
e percebida pela sensaçâo ,
.

I
Por fim, o es paço, 'J.Wf«,
agora pela primeira vez assim dec Lar-ado que é ete.,.r
,

no e não admite destruiçãoj que oferece uma sede?


fófO(Y , a tÔdas as coisas que se geram, e não é
apreendido pela sensação, mas por um rac toc In o ba.§.
tardo, diflcilmente crível?
/ -
Tal e o resumo das noçoes relativas
.
'
as
- 449 -
três espécies de f'a tôres do processo rfsico, 'a pri-
?eira e ·a segunda sio caracterizadas nos t;rmos CQ
nhecidos e consoantes à doutrina anteriormente es=
tabelecidaº A designação de espaço? agora dada ao
que anteriormente foi
chamado V7T o 1:, . traz a
resolução do sentido que se continha em tÔda a ex=
º tx
= A A
posiçao precedente sobre esse fatorº

§ 13 A noção do espaço como inte?


mediário,,

A introdução da noção de espaço represe.n


ta a descoberta de um intermediário que não figu?
ra na fase anterior do pensamento platônicoº O es=
R o?
paço. e de fato intermediario, porque nae e? nem in=
r "" o

teli?Ível como as Formas, nem sensível como ?o dev?


nir, é eterno como -as Idéias, mas não é uma essên
c í.a , nem é apreendido pelo intelecto; é ext en so
.
- ? ? ?
como as coisas, mas nao e destrutlvelj nem e apre=
endido.pelos sentidoss Tem a situação original de
? - - A
um fator que ate entao nao fora consideradoº É es- o ·

sencialmente o lugar que permite às coisas gerar=


se
= , A
Ora j es ta eoncepçao e de al ta relevanc ia
º
o-
j po.r,
que mostra que no Timeu a metafísica platônica su-
perou a fase em que se apresenta na Repúblicaº Com
vemos na longa exposição da teoria do co=
efeito'.t
·""'
nheciment?j dada no livro V (476 e? ss)j que sao
A ,
distintas a ciencia, que e o verdadeiro sa b er? en
o
t
do por objeto as essências imutáveis, e a opinião,
- 450 -
que se refere ao mundo da mutabilidade material; e?
por fora destas duas espécies de conhecimentoj há
A .
=
apenas a Lgnor anc La , que diz respeito ao nao- ser º
Há nesta doutrina uma simetria entre o saber e a
iE
norânciaj? cada qual tendo objetos definidos.g o ser
e o nio-sere t
evidente que o pensamento de Platão
estáj nesta altura, ainda lntimamente moldado sÔbre
o esquema eleático1 e que nesta atribuição de __ .uma
condição estável ao não-ser há uma visÍyel repeti?
ção de Parmênideso A ignorância e o seu ·objeto? o·
""' .
'I' #
nao?serj funcionam como antiteses slmetricas do pr?
cesso de conhecerj e dêste modo lhes é atribuída u-
ma condição onto=epistemolÓgicaj que dá
.

ao não= ser
a mesma posição categorial de conceito
supremo? que
tem o ser?
Neste esquema da República? só é ?econhe=
cida realidade a duas ordens ontolÓ?icasg
ff e'
g1vel e o sensivel;
o
""=
o inteli -
fora delesj tudo o mais e ine=
.
o ,:P

í =
xiss tent t'
,,,
en?e, e o dominio ,f'
do nao=ser impensavel? de que
temos unicamente a ignorânciaº Platão deverá ter
reconhecido mais tarde, com o progresso da sua con=
ce pçào , que um tal
esquema. não poderia servir par a
a elaboração de uma teoria
fisicaº O reconhecimen-
to apenas das Idéias e "do devenir não basta para
que haja uma explicação mais
provável e _o mais com=
pleta possível de como êsse devenir
se realiza sen=
sivelmente e de como participa das
realidades inte=
ligÍveis()
A introdução do conceito de espaço e
,p
a
? 451 -

- "'
correçao desse esquemaj transformando?o de
maneira
a ser aplicável à teoria fÍsicaº Platão
,-. A
elimina
""' ?
agora toda referencia ao nao=ser A
e a ignoranciajp:;r
ver que não lhes cabe qualquer papel na construção
I
f
d a 1s1ca,
o
t
R
an esj ao contrario? Ao
a sua permanencia
,, ? 'I, ..,
e uma constante seduçao as eonclusoes ?
eleaticasoDe
fa to j .
ràcilmente se. tende a
e alocá-las no fun d o
do. deverrí.r , com isso arriscando-se a tornar Lmpos-,
t
sivel o reconhecimento da verdadeira condiçao - .

real
do mundo fisicoº A noção do espaço é a superação
definitiva do eleatismo e a inclinação decisiva ao
pitagorismoº O nio-ser ? banido das preocupaç3es
fÍsicas e em seu lugar é reconhecido o espaço como
,p a,;
um fator ate entao desconsiderado'.? mas que tem uma
si truacao atrtonoma
Ã
fl>!J

, ,. Colocando=o no fundo do deve =


nirj desaparece o perigo de fazer da mobilidade um
aspecto do nio-serº Platio introduzj assimt ;sse
terceiro fator no lugar em que anteriormente reco=
nhecia o não=serº Há agora algo que, se bem não
seja pensável como uma Idéia'.r nem sensível como o
ii, ,,
que se toca e se vej ·e contudo realj eterno e inv?
riável j e pode ser a tingido por uma via de aceas o
especial, de natureza intuitivaj de que so agora
.1'

A
começamos a ter eonscienciae Limitando o devenir
pelo não=ser, arriscava-se a negar realidade fÍsi=
ca ao· mundo sensível; introduzindo=o no receptácu
lo espacialj garante e explica essa· realidade(l47i
Pela consideração do lugar, o devenir en
eon tra a sua explicação q uanti. ta tiva; a gera ção
- 45? -
das coisas nio pode ser compreendida s?mente- como
uma participação nas Formas in teJ.:_igi veis mas.
j j _
para
que assuma earater
:P
fe1s1cot
Q

imaginar-se.um
"
e f orçoso e o

lugar em que se realize essa participaçãoG O lugar


da geração n?9 é um dado inteligível que acompanha
as determinações que descem do mundo das.Idéiasj ·

P.§;
ra assumirem realidade no fluxo das transformações,
tem de ser um dado independentej uma existencia
A
au=
tônoma, que defronta a do mundo super-Lo sendo tão r,
eterna e invariável quanto ?steº Pelo reeonheoimen.
A
.
.

to -
da independ?ncia do espaçoj Platao conquista
.

.a .

pos·sibilidade de fundar o mundo fÍ.s Leo, No temos que,·


par? conseguir êsse resultadoj basta?lhe o espaço,
""' "'
nao e preciso o tempo? Entre o espaço e o temponao -
existe nenhuma comunidade de condição on tolÓgicae O
# oo
tempo e um produto da Razaoj que se faz sentir q1ian
.
o

q.o o cosmos atingiu o seu estado final de organiza?


? "' .

ça o , O espaço e uma realidade primordial ·e


e terna,
que precede, e persiste no mundo organizadoª .,
A.lera
dissoj o tempoi como duração do
.
mu3:do sensívelj. tem
JI>

um modelo na eternidacJ.e; como duração


li t'
do mundo int?
give 1 e Par-a o espa ço , porem, nao ha nada na or=
,p .;' ,,.,

dem inteligível que lhe corresponda()


Em outro.capÍ
turo , maisadiante, trà.taremos de formá um p ou é o
·4'\
mais ampla este paraleloQ
A necessidade do espaço como uma condição
para a exí.s t""enc La e
o ,p
ainda definida ãns í e terrtemente.,
nas obscuras linhas que se
seguem na exposição de
Timeu (52 b), mas cujo sentido
geral é suficiente?
- 453 -
,. ....
mente claro; e uma repetiçao do. que foi visto
a.n
teriormente, a definição do espaç0 como um fator
existencialB O nosso conhecimento do mundo do?
venir.j quando comparado ao do. mundo intE?ligive l 9
assemel?a=se ao estado d? sono, em relação ao de
vigÍlia? ?emas .a pres?nça das coisas e yercebe -
mos as suas transformações? mas somos incapazes
j
..

mesmo supondo-nos fora do sonoj de dizer a verda=


de a seu respe.ito; con tudo , essa verdade c ons Ls-.
te em compreender .·que a imagem, que é como o ran- .

tasma de outra c cí sa , não poder ía man te r-cs s na .


exãs tene ãa a nao ser gerando-se
A>

co is
.2m a Lguma a
diferente dela, sob pena de ser Ulll puro nada1Í£?
-r,c<.fi" '«X

T/J'Y€rr6t1..l)
Í)) £'7:éf 'f,
Olf(Fl(J..Ç
f
-rr
D< o-'ef KU. ?
<XJA-,WffrE'frWf O<YTéXO
E [ K Ó? ,) t: e JI {
-
pi >'7)>', ? ?1') fiv To '"n'ot.fd.rrrXr ç1.1h-1')JJ êlJJa, o mundo
_

físico tem de adquirir existência nQ espaçoj para


ser real (é conveniente notar a fÔrça da expres=
são ?. _µ>r;Jsy 70
1rcx.fX- -rrccv o<V1:?Y EÍY<X e ) (t
O espaço é_ o .fundamento da existência e nêle o·de
yenir encontra um apÔio, que 0,não deixa ser lan-
çado à superficie do não-ser?
.A
Ligando agora o conceito de espaço a to_
- A• ,I'
das as anterióres explanaçoes sobre o reeeptacuJ..o,
.

encontramos uma perfeita concord?ncia(t O concei-


to é sempre o mesmo; apenas o .nome inicialmente
usado, de receptáculo, .permitiu desenvolver me-
lhor a representação de um. meio refletor' não -?

vazio, mas ocupado por imagens fugazes; por isso


- 454 -
If? ""' "
e esta representaçao preferida nQ começo da explic?
ção? Chegando, porém9 a explicação ao ?eu fim, de...,
pois de desenvolvidas aq?elas consideraçõesj Platão·
pode revelar que a intuição da extensão era o prin-
cipalj mas não o totalj do que continhaaquê?e con...,
I "" .f' -? ..
ce í.to , A XWf(}.. nae e urrí.camen te a extensividade
""' A
p?
ra , identica recep.ta ?
.
,?
pela simples r-asao de ser ao
-
cuão , que nae e, so, = .. ,
ext ensao j mas tambem fundamento
.

da corporeidadeº
Na ocasião em que toma o nome de espaço?
• ""'
nao ha que referir este segundo aspectoj porque.es=
tP . ""

ta implicado na 1magt?m anterior1 a? qual esta nova e,


p e

seme Ihanüe Se a noção da V1í0 ôOX


,
1 podia. fazer =
. ·. A
nos correr o risco de ver nela apenas a substancia
.

o , -
primordial? ignorando o seu cara.ter de extensaoj a
I
da XW/J°'- pode fazer=nos correr o risco opos to
/ , , o .

de só ·ver o .espaço? onde há também a corporeidade-?


Na verdade1 para Plat?o? nenhum dos dois riscos?
te? porque as duas noções são sinÔnimas9_ mas apenas?
como correspondem a dois aspectos diferentes da in=
tuição de uma mesma cof.sa , são dã s cer-nã.das ora com
s

um? ora com outro nomeº De tÔda esta discussão re.§


salta? como conclusão da maior importância?? cert?
za de que não é
tP
poss! ve í identi.ficar à condição irng
o ·º oa - .ú'
ginar:ia9 represent?da pelanoçao do receptaculo?com
aquela outra condição imagináriaj a_do estado _caÓt!
co , Tendo em vista· .es ta s considerações 1
podemos. ill
vestigar então a natureza dêste caos e do seu regi=
A e
me mecanicoG
- 455 -

CAPfTULO VI

O PRINCiPIO DE
nt1faCIA NA COSMOLOGIA PLATÔNICA

§ 12 = Anoção do caos e a primor


diàlidade do fa to me e an 1 e o
;..
,

Temos de considerar agora o mais sério


dos--problemas da cosmologia platônica, mas também
O-mais importanteº Na_noção do caos reúnem=se os
A
fios-de todas as grandes teses precedentes, comoe#
a sua- compreensão que comanda a ?isão do uní.vez-so
""' ,?
organizadoº Plátao e certamente o primeiro pens?
= ,f' Ir
dor que teve a concepçao da fisica matematica9po,Y
co importante que tenham sido tão rudimentares os
avanços conseguidosº A teoria do caos é uma pode
rosa intuição de ordem fÍsico?matemáticaj que de=
ve ser estudada em
;,
=
si
mesma pelo alto mérito de
sua concepçao e examinada? a seguir? nas suas C(!l
n
l
sequ;ncias para o sistema fisicoº Considerada no
c1.1.rso da história do pensamento antigo? logo se
verá que não teve o fruto que deveria dar , por cir
cunstâncias que devemos analisarº Trata=se contu
do de um ponto de interpretação extremamente deli
cado , porqueo clima do mi to não favorece o esta=
belecimento de pontos de vista claros e? de outra
parte, a necessidade de recolher em passagens di?
versas, e por vêzes distantes os pensamentos? pa=
- 456 -
ra e?cadeá-los, representa um risco de confusão e
de arbitrariedade de que ninguém está isento? ?ev?
A
mos desde logo aceitar, com animo resignado, a-po?
sição de que· nem tudo será dev ídamentie esclaracid0; ·

nem deixará de haver lacunas e contradições, masj


iembrando=nos que a narrativa não tem o cunho .de
uma expos1çao
º ""
i
1"og ca d·e que "
aujor mesmo varias
e o t "

vêzes nos avisou das incertezas do seu pensamento?


4
,,
devemos con terrtar=nos com adquirir o que e so Lfd.o
'
?
, . .._ .

e claroj não consid?rando as sombras e as.passagens


, ? -
enigmaticas como impedimento a compreensao dos as=
pectos positivos4 .

(8
Platão percebe que a antiquíssima idáia
de um caos na origem do universo, idéia pre se n.te
sempre nas cosmogonias tradicionaisj pode ser aprQ
í
ve tada para transportar um sentido completam ente
novo? que lhe
dará uma significação diferente na
teo!ia cosmogÔnicaº Descobre que o caos é essen =
cialmente um mi to e que os primitivos poetas o cri-ª.
ram num vôo de imaginação1 quando meditavam sÔbre
as origens cósmicas, apoiados embora em certas apa
A A
rencias muito gerais da naturezatt ,Mas o que neles
era obra de uma intuição arrebatada foi tomado,tal
A
vez por eles mesmos, mas seguramente pelas g e r a «
ções posteriores j como a descrição de um· estado ra:il
que precedeu a ordem atualmente vigorante no cos=
mos o-
Platão compreende que a primeira coisa a
fazer? restabelecer a verdade sabre esta noçio,
- 457 -
que ela é obra de pura fantasia e não a revelação
de um .es tado alguma vez exí.s ten te , Assim, sente
, A
que tambem-ele pode criar o mito de um estado
, im?
.

,
g-inario, com a diferença1 porem, de que, tendo a
exata compreensão da sua significação imaginária,
, , /
podera dar-lhe-por conteudo urna verdadeira intui=
ção-1Ógicaº Por isso o adota e o faz tão rico de
"" ,
noçoes. Podera estender-se em detalhes e descre-
ver a sua estrutura e o seu regime, porque não
?
r?
ceia que alguem jamais tome na conta de real o
p
que
N
esta dizendo; em compensaçao? quer que se compr_§,
enda o valor da-síntese fisica que tem em vista?
;I' A º
j,nntando o plano_ do imaginario mecanico
-
ao da res
lidade percebida& Sua atitude-fundamental pode
reduzir-se à seguinte? sua visão da natureza é,
como a de Héráclitoj a de um perpétuo devenir;
?
ra uma coisa, ser real fisicamente é ?star em uma
- '
condiçao especial, a de dar-se a nossa percep a- o
ç
sob uma variedade de aspectos e de relações que,
na sua acepção mais geral, designamos com os no -
mes na.transformação ou movimento. A análise fi-
losófica descobre que mesmo as coisas que tomamos
como mais estáveis sofrem um processo de mutação,
que variam com o tempo, e que portanto a visão
da mobilidade é a característica essencial da or-
dem fisica. Imediatamente descobre também que a
mobilidade é um têrmo demasiadamente geral, na
verdade havendo duas esp?cies distintas de varia-
-
çao que nos compete separari a que afeta a rela-
1
·11·

'I I

I - 458 -

ção espacial entre as coisas e a que conserva es-


tas relaçõesj mas importa em desaparecimento de
aspectos quantitativos e figurativos e em aparec1,
mento de outros no mesmo corpoº
O têrmo u movimen ton- os abrange a ambos,
/
mas devemos sempre distingui=los como X LY?trt? .e
<X:ÀÀo{ WO-{,ç j embora Platão mesmo- se ja pouco -<:mi
dadoso em conservar a sua própria terminologiaº ?A
fÍsica platônica, como.de resto.a ?ristotélica'.,en
globou as d\las espécies na designação .geral de
"' / A
t? transformaçao@8 s j1tL e 1:'«f' O{ 0- e Ç ?
porque ambas tem
a mesma característica_ de i?passagem de um a outrdl
A ?
seja de posiçao a posiçao, seja de aparencia a a-
r;:,,4 ..
o

parênciaG Mas, para Platão= e isto é a sua .ati=


tude decisiva a que acima aludimos= na ordem da
explicação Última, as duas espécies não são iguaisg
a f\l'.,r ")<ít5 e a f'undamen ta L, a o( /\./\.Oltv{""LÇ
::, /'
a ela
,}' 1 "\

pode reduzir=seG ? a descoberta da primordialid?


de do fato mecinico a grande concepção da física
-
?
p.La'tónf.ea e .? J<. l/ Jl'ljtrt; ..
#
e anterior. e independente
e &.esta concepçio que gerar? a noçio de caosº O
movimento mecânico tem precedência s9bre a varia=
ção qualitativaíl porque porlP ser concebido sem a
intervenção do murido inteligÍvelj enquanto que?p?
;
ra a explicação da transformação qualitativa, e
indispensáVel a referência às Idéiasº ·.nêste mo=
do? o movimento é algo de mais primitivo? que po-
de ser concebido como livre? autônomo e indepen ?
·dente das Idéiasj e
po? isso o estado q?e se pode
- 459 -
imaginar como precedenqo o
A
atual ..,
e o de um puro r?
mecanã c o .., .,
para
.

gime.
?
, o ..
qual nae oi'

e necessaria a in ""

ter.ferencia das R
IdeiasQ marcha do pensamento de
A
.

Plàtão pode ter sido estag a) o m?do atual é um


todo ordenado, em virtude da sua participação no
mundo. das ?ormas in teligi veis; P) por Lss o ,
-. as
transformações qualitativas podem ?er interpreta=
dàs metaf'ls.icamente como uma y?_riação .na particip.§,
?.ão. das Formas, e) mas a t:ra.n$forma,ç?o quali ta
? ti" R ?
.
ti
va .nao e a um ca forma de var ãa çao;
o
ha tambem a
.cP
J"

variação espacial, ch?mada:1 de modo geralj movime.n


to; ... d) a. Interpretação ô.CJ movimento pode f'azer_=se
? .
.

em termos excl?sivamente quantitativos? sem A


apelo
as ..Id"º
?
eias; e ) "1 ogoj se queremos imaginar um esta
.

do .antier í.o r a o atnaL, há de ser que se conceba tal


iP .P
sem a presença das +deias; ha de ser portanto o
.

de uma pura mobilidade mecânica? pois esta é a ún1


"'
ca .das apar-enc í as do mundo real que se pode descr?
ver sem a interrerência do inteligÍvelo
? noção do caos gera=se j por conseguinte,
de urna rigorosa investigação? que procura descobrir
no in trincado da ordem fenomenal o aspecto Log í.ca-. ·S,.

mente mais primitivo; a teoria fisica consistirá


em tomá=lo por fundamento e sÔbre ê1e const ruã r a
estrutura da realidadeº !ste aspecto, a análi s e
que imagin?mos vai descobrÍ?lo no movimento primo?
dial'.r condiç_ão existente inexplicada, porque ant? '.J

r.ior. à: introdução da Razãó que tudo· explica; e ªA


sim vai ao encontro dê um velho principio de tódas
- l-1-60 -
as cosmcgoní.as , mas agora descobrindo-o por .fÔr ç a
- ,
de uma intuiçao Lóg í.ca , .A. partir des te momento,Pl-ª
A

? , N ,
tao se tera dado conta de que a noçao do-caos e-i-
" , ,
i
.

, ,.. ;'
maginariaj mas nao e ar b í.t
irar ae Ha um_conteudo.Q
briga tório a definir nesse estado Ldea Ls
reg1 .é O- ..

me de mobilidade que ai r eãna $ , precisamente is=


.

to que constituirá a grande afí.rmaçâo positiva que


podemos colher do mito do caos$
Se o movimento cinético é o aspecto pri- ..

mordial, o movimento aloiÓtico n?le deve ter-o-seu =-


?
fundamento Esta eo uma concepçao qe grande ousa_?
dia, porque importa em uma degradação. on tolÓgica da
.qua Lí.dade , fazendo-a de algum modo depender ,e-apaia:r.

se no quantitativo., Mas não seria errôneo admitir


que Platão tenha percebido uma duplicidade de ex?
cação para as transformações aloiÓticas, metafisi-
ca e fisica., ·Me_tar.tsicamente, a variação qua+it-ª
tiva explica-se como uma variação de participação.;
mas, fisicamente, há um fator mecânãc o ?a,base
da ..

transformação? podemos ver o aeon tecimen to - por


qualquer dos dois aspectosi ou como uma transfer
...

mação explicada pela retirada de cer tas Fórmas e

aquisição de o?tras, ou como um processo em que.os


elementos geométricos, constitutivos dos corp o s
elementares, sofreram deslocamentos que importam na
uma
perda da estrutura anterior e na formação de
nova , j\.ssim, se um pedaço de ferro se funde, pod.£,
metafl
mos conceber.esta transformação aloi6ticaj
....

"
sicamente, como uma pérda de contato eom as Ideias
- 461 -

d,e solidez, negrura ,


as per-eza , .frieza, etc o·, ma_s 9
I
1
rlsicamente? a mesma transformação pode ser cone§.
!I,
bida.como um processo de fratura e desmoronamento
A p
dos triangulos constitutivos ,do estado solido e
arranjo em estruturas próprias do estado lÍquidoa
Esta duplicidade na ordem da explicação correspo.n
..

de para Platão a algo de r ea í.,


9 1
·.

Acredita certamente que ambas as coisas


se dão no fenômeno da ·rusão_, O mundo , como um
imenso processo de devenir, ? coisa suspensa en=
tre. o intelig:Ível e o caÓtiqoj e resultante? aº-ª
Gia .momen to ;
?
da interpenetração dos do s ,
-
Platão
A
i
con s.i?erara. que se dao simultaneamente os dois
processos? no plano metafísico e no plano· fÍsico;
; ?
e considerara que a realçao ?ntre os dois proc?s=
sos.é precisa.mente aqui+o em que consiste a ação
demiÚrgica, é a penetração do irracional pela P?t
? A A&J

.suasao da Razaoº Deste modo1 o esquema do mundo


? !'
fisico esta c?mpleto e
,?
claro: tudo e transforma=
ção.;, mas des tas 1 umas .sâo qua li ta tivas, oubr-as ,
quantitativas_; as se resolvem quantitativas
no
seu .pr ópr ão p.Lano]
as qualitativas se expli e am
quer pelas 1.déias? quer por redução às quantitat.!,
. vas e
O ·caráter fundamenta]_ do movimento ciné._
tico dá i .

f:Ísica platônica um colorido mecanicis-


taº Nenhuma transformação se opera no mundo fisi
A
e?? sem que haja no fundo um fatp mecanicoº O que
.

o mito do caos revela é que o mundo, como totali=


- 462 -
dade organizada, procede de um estado de.puro aco?
A A ""' ,p o
tecer mecanico, e este nao e abolidoj mas s1mp4es':"
o

mente absorvido, na formação do estado que chama ..,


mos de atualº
.,,
Assim, e sempr? egi imo? na inves=l 'tº
tigação da naturezaj a indagação do fundamento me?
cânico de todos os seus fenômenos; a fisicaj como
6"
t
,f'
c í.encãa doxa í.ca j so se pode
e ,f'
constituir
na medi d a
em que os descobre e determina as suas leis0

§ 2a = A primordialtdade do movimento
? """ .
retil1neo e a oposiçao
o
entre as con=
cepçÕes platônica.e aristotélica a ê?
te res.peito()

Na construção do mito do caosJ a anális?


que acima empreendemos? pode permitir ainda um Úl-
?º A
a
.

camo pa sso , e este nos conduz uma descoberta de


valor decisivo para a construção da teoria naturaL
Acabamos de estabelecer o movimento cinético como
o fato primordial da ordem fÍsica?
Mas o .movimen=
to se processa aos nossos olhos em duas especies
,? o -

distintasg retilínea e ct1rvilÍneaº Como o estado


caótico deverá·ser dotado das características .que
definem a mais absoluta primordialidade? é preciso
investigar qual dessas. espécies é a pr fmor df.a.L, P,§;
A
ra faze<x,la'.J S\.
e somente a ela, figurar no regime me°"'
A •

can1.co do
o
caos?·
Podemos supor que esta analise e ,p ?

que te.rá levado Platão ? descoberta da primordi_all


dade do movimento retilíneo? ·ou
seja, á concepção
,
da inercia o·-
Em primeiro lugar, e evidente tratar=se
,
de.formas distintas de movimento; a queda de um
grave e o giro de urna roda nada têm de comum, Mas
-
--

a questão que se pÕe i.mediatamente é a de saber se


são irredutíveisº Podará -
o movimento circular ser
deduzido do retilÍne9 (ou vã.ce-ver-sa) j numa ana.Lo
gia com a transformação qua Lã'ta triva , que se pode
? =
reduzir
'

a variaçao quantitativa? A resposta de


= .I'
.
""' ?
_-P.latao e que sac especies irredutiveis o Deveriam
-

então ser ambas?tomadas.no mesmo grau de primiti=


:v:idade e figurarem ambas no. caos ? Nãoj porque U=
..

A
ma, .de Las, .a._.circular, so. tem ex í.s tenc ía no
. , ú'
mundo
..

plenamente cons ti tuido sob o influxo da Razãoj e11


--

quanto a outra, a .retilínea;. pode ser pensada na.


A ""' A
ausencia de qualquer determinaçao racio?alº Deste
mod o , embora sejam e irredutíveis? só distintas
uma é primordi?lº A_ outr-a., o movimento circular,
não decorre da primeira? nem pode ser jamais red?
?
estaj {
zida a
=
mas e um produto especifico?uma
? =
cria
çao devida exclusivamente a Razao e que p mundo
adquire_ uni<?amente na medida erp que se constitui
racionalmente()
Assim, devemos reconhecer que, na condi
ção a tualj. se .dão as duas espécies de movimento j
mas somos ·obrigados a atribuir=lhes condições ori
ginárias radicalmente diversasº Temos de reconhe
cer que só o movimento retilíneo tem exí,s tên eia
por sij enquanto o circular e? secun dpar10 e resu 1 = ·
- 464 -
tanteG Veremos, pelo desenvolv!mento da$ qon$1óe?
raçõ.es subsequentesj como Platão chegou a esta
di?
tinção;_ o que aqui assinalamos é que tendo=a. ad., ,
quiri?oj só reconhece o movimento retilíneo
"º d'.
m11co autono?o e livre,
e ? ?
como
,?
sómente ?le tem o carater
'

de primordialidade& Portanto, na yis;o ideal. do


caos? tem a.gora a Última determinação de.que nece_!
si taria9 para compÔ=la º Pode então imaginar 1:1Jll- e,2
tad; de movimento constituido unicamente por uma
translação retilínea e lmiformeº
Quisemos assim defi?ir_a possív?l g;nese
da idéia de ca os e aproveã tamento de uma idéia
co1:
.

rente e primitiva; sua investidura de novo sentic;e


.

R ?
doj como veiculo de um pensamento logico?
.

e a prQ
cura de um con teudo para essa ficçao'.#· mAdiante a
, . ? D

análise da ordem fenomenal presente e E?tração dos


seus aspectos de absoluta p?imordialidade$
Dissemos que a afirmação da primordiali=
.
A ,ç ""
dade do fato mecanico e a grande concepçao !'o
da-f1s1
- A
ca de .Platao; agora podemos especificar melhor es.
te pensamento, dizendo que a sua tese fundamental e?
"

a ?oncepção do movimento retilineo como o movimen9


to na tura t , O movimento circular não compe te, por
natureza,? matéria? A física aristotélica repre=
senta exatamente os postul??os opostosg q movimeB
to circular é o mais natural e primordial dos.movi
mentos? sendo recebido eternamente do primeiro mo-
t or, o movimento retil1neo. e um mova.men
enquanto º
o
R ,ç
t
de recuperação do lugar natural pelo corpo que se
viu af?stado.delec A ,
?ristot?les explica no 1-ivro
'

VIII da Fisica as razões pelas quais lhe parece


·

evidente que o movirp.ento circular ·é a forma pri a,


mordial das translações' ·Õ,, Jf ,w)) fop?,;
IJ .. «tr K. À o po fl()( 1rpw ''>/ J !'17il o V (265 a , 13) i
a?rotação é mais ger?l que a translaç?o retilÍne?
po:t°qm,d ...
&n-}j /'«f Koc£ -d.Ã_Eto5. ),l-aJ).0))0•
Esta razão geral apoia=se no? caracteres dtstinti
vos .de cada forma .de movãment o, A translação re=
tilinea é.necessàriamente incom:pleta e perecfvel,
po í,s não tem. sentido fisico um moviment. infinito
s?bre uma l?npa reta infinita;
assim, l?eÀ8e,y
r

ç-,
--C7.E
' .,/
·""J·Y· ,,O(Jr.Et
.
r ? /
fºY o<.ovf«.roiº _Admitir que çao
.

£iro .de .. certo- tempo.j, a direção .. do movimento $eja


, ?
invertid8:, .e Os--IDOVel continue· indefinidamente SO= .

bre .a mesma reta,, não é mais falar do mesmo movi=


mentio retfl:Íneo'.1 ma? de uma mul tipli?idade de movi
mentos? Oraj o movimento eireular D:ão sofre essa
limitação;
chado . sÔbre .. si
pode ser e ompãe te e contínuo sendo ?
.
me smo , A.l?trt do mais, um movimento
que.ipede ser: eterno e? anterior a outro que o nae ?

pode ser; mas, r&JJ µ,sv olUv){.À<t) _Êy_{ÉXE.IPc..l


!xtE, oJJ el JJ?t .1 ,ii>' J '&)>t«JJI tJÚ1:'E fºfrJY
ôt11.'j ÔC).A?>' oÚ-[£pÍ?)) (265 aj 25), pois em tô·--
das .as .formas de movimento que não a circular o
.

, ?-
repouso.sobrevem necess?riamente,
. .


com o repouso

o. movimento perece e Um outro aapec t o dis tin ti v o


ainda do movimento circular é ser singular e con-
I ' .._
t:!n?o? _fot.OCY. 1<:«t a-viê;x? ; enquanto
a t:ranslação retil:Ínea_não t?m éste caráter .de
..
unj,
dade e continuidade; com efeitoíl no deslocamento ..

,
em linha reta. ha sempre um ponto de par í.da um t
. .

, pqn
to médio .e tun.ponto Há portanto diferença :finalo
A
de .natureza.entre 9s pontos-desse.movimentoil o que
,
.
.

lhe tira a .. urrí.dade, Já -O movimento e ircular. _ . não


reconhece.nenhuma diversidade entre os seus pontos;
Por coriseguí.rrto , %-r:-, óE Ko<t: ?µ..«.lvf }yJ/- ·

;-s rel, Gl_Y()(L .. Kv X.Àf µ. ÓY?J>' ..


??>' .

(265 b? 11) º A ..
.conc Iusâo final desta demonstração
de que o movimento o mais. priJ'.!lordial dos circular é
tipos de ?ovimentos.locais? é que a rotação é a me
dlida de todos os outros movãment os
.
/ I r
\1
, o,ort.. 'lrf'-tl- - «AAWJ>
er r TfAJV
? """'
c
T?., foE?:"eoJJ (265 b910),
.
Na Ji?tafÍsica9 Aristóteles reafirma a pri
mordialidade da .transla.ção circular .e decãara e,c-
pllci tamente que.o.movimento circular
pelo ,primeiro _motor ? ' 'é produzido
e
'f:fd. r?f ? Lmóve'l ,
-rr W 7: T(A) ))" ).J--êZ-ot..f> ô À WV V 'l:' r-:
oc
e 7 1 7:CX. Ç
r:« if--cr;JJ ifi ?o ir-ro ( Tc.
'?

17
K J À? 1<.

K.lYoü)) .o(J-z-? ex J<..lv17ro')) J 1<.1..JIEl


(1072 b? 8)c
t
decisiva esta diferença de, concap-
tã·o

çÕesj que ela condiciona .a radical diferença entre


a.física
- de Platão e a de Aristótelesº ·Não há con
i' .
p
.
-
poss1vel en.tre.as teses.basicas;
f>4 .

ciliaçao duas
o
as
, .
?-
doutrinas eosmo.Iogâcas que?.-delas .. .der ã
vam. s?o .. runda
mentalmente opostase Veremos que a concepção arij,
- 467 -
totélica, com t?do o que tem de aparentemente.
, ?
mais logic o , e f'a Lsa e. que. o pos'tul.ado. platonic
.
Á
o
representa uma,indi.scutível aproximação com. as
idéias modernas? dando a Platão o_lugar de verda
deiro precursor da ciência f':Ísicac

§ 32 = Como se originou cada concepção

Poder emos perguntar .eomo. se geraram uma


..

-
outra conce pçao, ,J> " ,
e ..
...?- de ?ristoteles e f'á cf.L. de
""' .
J>
compreender.go movimento nao e .concebido como
1,n
causadoíl.mas como .um.acident? em que se encontra
,I'
o serj ou-qµe .. sobr evem a ele.". Nenhum ser tem em
,l'I,
..

si mesmo uma r.azão absoluta de .. mobã.Lf dade , mas


deve.haver sempre .uma caus?j um principio que g§.
na . no .ser .o movamsn o (148) º s e.
Q
t . cons
.

i
Cd
?

erarmos o
sua. totalidade j .compcsto como é. ..de
uni.ver-so .em .

.A
esferas que se. contem umas. nas. outr-as, o movimen
to universal exp.lá.ca-sse ..pela. transmissão .que se
faz.?- de uma a outra esfera do-imp,;tlso et@rno que ..

recebe .a primeira do motor imÓvele· No .conceí.to ..

de causa-do movimento confundem°"'se as .noções de


= 0
.
Ai
tmansmí.s sao mecan ca e d e nenedA?ncia. ... manen. e, am
. .
, O
i t
bas_são causas
de movimentação<, Tanto a mão que
lança um.corpo no-espaçoj eomç, .a potência.inter= ..

na. que procura a sua. a tualização.i são causas de


. . . .

mcvãmerrto ;. -?sta grave conrusâo é um v!cio pro.= ..

fundo.da f:Ísica aristotéliaa, ela impede a devi?


= t'' . A
dos fatos mecarrí ces ? que
.

da separaçao do domí.nf,o
- 468 -
se vêm envolvidos na mesma aoncepçâometafÍsica j
A
pela--.qual. se. explica.o r.etorn.o dos .cor pcs .ao
.
--
seu
?
lugar na turalé- -? primeira esfera .. e mov.ída pelo
primeiro motor, pelo desejo.de perfeiçioe
o primeiro motor move por ser. aquilo. que
,-· ,
ELdes.e-javel?
J I,,
o ()l)t! ICt{), s move como objeto r- -
'

ril /
Ef co)LE.>' o,,, ?
-? ?
de amor 9 I< e Y£1. o 'IJ co ç enquan
A
to,- todas as outras coisas porque sao movã :»
.

movem
da S :, T & À À o( I(_ l Y S
J( L J) 0 Y}A,£ _)fo(
(149)• óÊ [
A .. esf'era extrema 1 sendo de matéria eté
. .. . .. .
e;:,.

nea pur1.ss1ma.1cLmGV.!ment.o qu? lhe compete por na tJ!


? •
o
-

?
r-eza e o movimento c í.r-cuãar , ...
.
.

. . .No temos então esta posiçã·o de. eapf t?1 im


. - . .. ....

portãncia .na·.concepção f.isica ?de _Aristó-telesg ... o . ,


• '
,ti!,
"
·i.mico movimento- que pode ser .um e s tado .em um cor»
..
,-·
po - e o movimento e ircular . nos ceus
·,
ii' A . .
,p·

º Mas es te . ., ?-
. -
.. .. . .. ·
. -

,
causado .eternamente pelo Lnf'Luxo do ..motor. imovel-o.
--

.. ..
.
. ·.
'

'

No .. mundo .sublunar? .o movimento e,- vsempre ac í.derrtaã,


. .
. . ' ·,

a. tíendencãa .. a
.

Porque cada .. corpo .trg.nsporta si A .


?

em
vol tan . ao seu lugar natural e,. que se processa .o
.

..
.
'
- ,
_
·In..Q

vimentoj. quando .a Lguma coisa e,. retirada do lugar


. '
.

absoluto que lhe.compete,.


_Deixando de lado. a.questã·o da causa., ·que ..

abstráida
-

e
.
...
pode
. -·
-
ser .. por ser .uma causaçao e terna, e .

considerando.apenas o movimento .como existente, a ..

:r_!sica .aristoté'itea postula .a naturalidade do .. mo'?


vãmenbo circular.o- Sabemos hoje .que nes ta base .

imposs:fvel construir a. teoria mecânã.ca.,


_Se quisermos indagar da gênese dessa co.n
- 469 -
cepçã·o 9 não par eee duvfdcso qu? _Aristóteles
? t;1 .
.
·

vesse ado tado , eeden??-? sua natural inclinação


de confiar no sentido comumo .

da .Metafísica. (107? aj 22) de ..


.
Uma frase
clara O--fu:ndamento.empirico da concepção.d?, natu
rali.dade. do .. movimento circmlar ? .. assim mesmo. con-,
firmado .pelo. racioc!nio; !Jexiste .a.Lguma .eo í sa .
que
,
a .movãda sempre em um
.

o
movimento .Lnces sanbe , .e que
.
.

A.
este .movtmen'tc . e o cir,cular.? isto· e; evidente nae
.,
.

= ·,

só pelo raciocinioj mas também pela experiéncia9


t
o ii t:o ov
J\óy'f µ,dvc)) &ÀÀ
?
lfr<::
ójÀoY • .

.
?
.,,,
. f claro .que
·,
â
.,
lmpressão.que.rtos dá a 0.2
e.a
. .

seavaçac.ida .natameza . .. ,de. que o moví.mentio cir-?


.. ..

•,? . ' ?
cul.an .. dos .. eeus se pr.ocessa ... contdnuamen te 9 ?em- .ca]! .

... .. ...

sa .imediata.mente perceptível? .enquanbo todo .movj, .. ....

men to .. r??:;.lineo. que, percebemos ?-é .aempne lim:l bade


-? " t' ·, ..
em dura çao.,e. a t:r1.bu1vel .a .. uma , ea uaa, pnoxíma, .. Jttl
ga Aristóteles quej ... se quenemos-constarufr .. a. teoç<>
ria?fÍsiea,-temos de .par?ir.?a0Dealidade tal-CO=
mo .se apne senna e .. conrãar no .. testemunho dos sen""! .. ..

A
.

tidos j q?e com tamanha evidencia. nos indi ?ª-· a ll,! -


.

H ,
tural1dade das. revoluçoes. dos_- .ceus, ... -Temos de ..t o
"

má=lo. como .um .. dado seguro, para. em seguida anal,! ...

, '
.,
sa-Lo, Ora.j analise .de .Aristoteles .confir?a o ,.a
°.?

,
. - ...

?- .. ' . .

cara ter de .na tura Hdade .do gir.o celeste·;_ a--unica ..

·,;.,
A "
intuiçao que.-funda.sobre.ela.e,
.
.
.,,_

a .de nao se,r'.:'Vê°T"-9.'


dadeira.a impressão de esponttà.Jmi'il+dade que.temos
..

desse movimento,- pois devemos encóntrar--uma cau.l;o


- 470 e:a

í ? ". ?
sa .que o. exp'l que.,.. Peste mode 9, Ar.istoteles nao -

põe.?? dÚvida a impressão de naturalidade? mas a-


penas a de ineausalidade que t'emos.do movimento
,
dos ceusê .Desde que encontra u..ma causa que o ex=
plique? e como
,
esta.causa atua?eterna e invaria_b o?

supremacia -
circu=
.

velmente? esta justificada a da


lariqade$
- Egua.Lmenbe , f'undando-ese .. na noção. empÍ:riR
- ,
_

.
'
?
..

ca de ..
que "º movimento. retil1.neo .na o se man tem por
si.mesmo é.que.lhe atribui.o.caráter .acidental e
constrói as teorias dos .lugares naturais e da
? , ?
.

«.JJt??TE'f lô'rd.<J'lÇ? para exp Lãear i a sua exí.s tenc í.a.,


.

A-fisiea.aristotéliea-é portanto,.coerente.com.oe&
tilo geral .de tÔda. a .s-ga. filosofiao-. Estàva seguF.'
-

- ?
r.a de que- a sua concepça.o tinha a .. maã.s so.Lãda
.

-
. das
,A
bases-?- rundanãcvss .na. evid?ncia mesma. do .cunso da
.

natur.eza., embora n? .verdade .se ja .indiscutível. que ..

-, "' _,·
assim.vemosas,coisas? e erro toma=la como pr in·c1:,
ç ,P

pio de explicação?
A -PO
__
t_tf!J,. -,, ?o
enc1a.cr1adora do-rac1oc1n10.p a q?
o o·

lt A

nãco .. esta. precisamente em ter?se. contraposto .à ia?-


vidênc ia .do :sentido comum e ter. pr-ocur-ado., nas. 0011 .

diçÕe.s de . p·ensabilidade .. da .na tur-aza 1 .o .f'undamen to


.

que. Aristóteles prE?tendeu retirar imedia tam?nte .....


do mundo _como- dado o. Cada -
1.lma .. dessas concepções-e,§,
tá --incluída no âmbito mais geral dos respectivos
..
·

sistemas s -de .modo que. as f:Ísicas--de Platão. e· de


,I>

ristoteles se distinguem,, -como -se distinguem- as.


...
!
filosofias idealista e realista e correm a sua so.I,
- 471...,
,.
teo . __ P orquej .em A ristoteles1 a natureza e, o .únã-. ·i?

,
__

co.real .objetiv?
.
?
e que se ha de partir necessa-
. ·.,
?
tit
riamente.do que .nos e imediatamente dado na per=
? ';
cepçao para .expliea"'?la; ..
:er ainda devemos aceitar .

·,
o .que nela e unãvsr-saj, e ecns tantia como .o mais?
;;,,
... ..

ral. e .pr.inoipa.L,.- ?inda. .ma í.s, .Bm Aristóteles.9>- a ..

natureza .. não? pode .. ser.-.tra tada .por ?meio--de um mi- ..

A
to .. cosmogoní.coj pr.imeir.o' porque e. ? '

indevid.o r .fé;=; ' .


.••
"
ser uso
.....
.

6(5· imagina:r:io quando estamos em presença


1(150) o:;·º
.....,.o .. maganar t o se con f undº:iria nes i
·.,_

d o .-rea. .
. .
te
. ha? qua?
o
.

caso .com o.cabsur-do) ;- segundo , porque ?ao .

dno. ma í.s. geral. donde parti1? .. do que o .. oferecido P£


la pr.Óp:ria.-na.tureza; . tere.eiro.r porque(J par.a int?
..
..

preta.r a na tureza; .. dispomos ?de. um r?organon'! ade-


.,
quadoj a Lõg í.ca, de que se serve o pensamento ab,!
:

tratiVOo

A .A·
§ 4a ? Particulariq.a?es. sobr e a gene se ..

N· A
da soluçao platonicalJ
.

A ? ?
.,.-, platçmiea
.. A pelo .contrario-defi
pos í.çae. ...

ne.l?'se pelo seu,. idealismo j pe La. atitude de. eonca- .

A
ber o. real ... co_mo submetido -.às ... exí.genc í.as do. pens!,,
.. .
..

ment o , .Para· J'lt;ltâo1 .... a ine tureza .é de .fato exí.s .,


tente e dada1-?rna,.é-.o espÍ:ri to .. quem .. d:t ta as condã-.
? A
.

çÕes. do_ seu conhecimento; .. pesde? en tao... o renome=


.

no goza,apenas do pr.ivilégio-de
. ? ?
.masj
ra .. o .a to do -conhécãmerrtc., nao e e81 e .o - pon t o , d e
..

.. -
existiri ?
partida_? e ·sim o pontt? de ehegada; não se trata
- 472 -
de assumÍ.-lo primeiro1 para depois o incluir em um
sistemaj que depois torne possível assumi=loc .O e?
pÍ?ito disp?e de um infinito de possibilidades de
? ,, -
construçoes imaginarias1 mas nao pode escolher por
-'
r' º t/7 ,,
arbitrio, o mun a o 1s1co e real e provarajpor fi? º

? realidade das concepçõesº A escolha de um.a -de=


las deve , pois j ser ditada pelo cri terio
t/7 ?
de. maxa-. o
.

aplicabilidade; a teoria explica tiva devera .ser


.R
ma
construida de tal modo que9 quando posta de encon-
? = =
troa realidade exterior, nao gere· incompreensao e
ineoerênciaj mas ao contrário a absorva na i?da
de do sistemao
Para Platâoj o universo existe como dado.;
= t/7
f
mas a sua explicaçao e obra do espirito9 que tem
a liberdade de construÍ=la e de projetá=la sÔbre a
face das coisasº Um segundo critério ainda impõe
? = A
tambem a escolha de uma concepçao entre todas as
que se poderiam imaginar, é o que seria lÍcitocha
mar o critério de máxima generalidade original e
que pode ser assim estabelecidog todo existente é
particular, todo geral é essencial? Oraj explicar
é definir como de um geral pensável se passa a um
particular observávelº A generalidade só se dá na
atividade do pensamento; por conseguintej a com=
preensão do universo deve ter o seu fundamento em.
um sistema de generalidades a que se possam refer.ir
os sêres e os fatosº fste sistema será constitui=·
do por conceitos, como pensamento de essências uni
versais, e estruturado de forma a conter de cada
- 473 -
ser e de cada fato o seu aspeeto mais geral? Para
os $êres1 individua,lmente, e para as suas qualida
des, isoladamente, êste aspecto é a própria·· essê.!!
eia ideal que Platão objetiva; mas, para os fenÔ
menos, é mJster pensar a. sua forma mai? geral.,don
de possamos ir
ao particular existenteº
ftste crit?rio ? a razio de ser do mito
cos?og&nicos Desde o momento em que. a explicação
.
r
da patureza deve ser construida
.
.

pelo pensamento e9
maã s., deve .se r
feita em forma de generalizações ,
, A
e,claro que o estabelecimento deste quadro geral
puramente pensado, antes do contato com a nature-
za,-? precisamente o que se chama. um mi to cosmo@
nicoº O car,ter do mito ser! portanto o de esta-
belecer que condições gerais podem ser pensadas91!1
ra qus , quando as particularizemos, se encontre ?
rem a realidade que obs ervamo s , Trata-se então de
A
colocar na origem ideal de cada fenomeno o seuª-ª-
pecto mais geral. Ora, é justamente esta orienta
ção que e.onduz Platão a decidir-se no problema do
movimento.
O mundo fisico oferece-nos o movimento
como existente em duas modalidades distintas; co.m
preendê-10 é representar,.no mito do estado origj_
nal, a forma mais geral em que pode ser pensadoeA
' _, A i'
grandeza da intuiçao platónica esta em ter perce- I

bido que a forma retilínea é a mais geral, e ter


então investido a mobilidade primordial imaginá -
ria da condição de uniformidade e retilineidade$
47?. -
Se quiséssemos indagar como terá chegado.a essa
in
tuição, teríamos de encontrar na sua atitude idea=
lista o motivo que explica não se ter deixado es-
cravizar pelo sentido comurnj e ter assim a liberd?
.I' ;'
de de recusar ao movimento dos ceus o carater de
mobilidaàe naturalº De outro ladoj uma outra in=
tuição mais anterior lhe tinha mostrado na nature=
za a presença de dois fatôres causais opostos, a -

Razão e a NecessidadeG Ora é evidente que9 -das


,
d uas e s pec í as d.
o
? e movamen o
o
t
, o circular e o mais ª""'
o R

dequado ? Raz?o, como nos diz .(34 a}, pois tem. as


características de ?initudej regularidade e perio-
d í.c í dade , que são essencialmente racionais, .canac-.
terfsticas essas que faltam ao movimento retilin?
Ao compor o mito de um estado precedente ao da Ra-
zão, a mobilidade assumida deverá ser a uniforme e
retil:Ínea()

§ 5g - Considerações conceituais sÔ-


bre o princípio de inércia()

ff"'
A consequencia imediata desta intuiçao e
- ,
que podemos afirmar que ?xiste em Platão a concep?
ção do princípio de inérciae Preliminarmente, se-
ja-nos permitido deixar explicito o ponto de vista
em que nos colocamosª Não pretendemos, evidente -
mente, declarar que Platão enunciou o principio de
inércia tal como o conhecemos desde Galileu, Des-
cartes e Newton; é claro que, se o tivesse feito,
... 475 -
ij!
I
I
t.odo o. mundo o saber La , O que defendemos é a afi.r
mação de que a sua concepção cosmogÔnica implica
a noção do princípio de inércia e, ainda mais,que
é -legitimo-supor tivesse alcançado uma intuição
A
i?
i
desse pr nca p o, pois no T imeu se encontram tex-
o ·.

tos que, quando aproximados, Lndf.cam que pens ou.


i
uma t eor a me cana ca f'undada $\Ob;re
A O A,
o reconhec·imen
todo princípio de inérciaº
t
êste o ponto central desta disserta=
ção-e .a sua verdadeira razão de ser? Confessamos
sinceramente.são saber compreender por que motivo
não se encontra assinalado êsse fato em nenhum dos
comentadores -modernos do diálogo, dos quais pude=
mos ter.conhecimento (l5l)? Pareee=nos contudo
ana'1 isej que empreeneremos ?
e
que .a_ d a seguir, e SU=
o

ficiente para demonstrar que alguma coisa ha, na


cosmologi? platônica a êste respeito e que eonvi-
A...

nha chamarmos a atençao para este aspecto da teo-


ria fÍsica de Platão.
Conforme dissemos na introdução, a nos=
sa atitude consiste em examinar que coisa do tex-
A
to platonico pode ser interpretada a' luz dos nos-
-sos conhecimentos atuais como uma antecipação.
O principio de inércia é fundamental na
concepção da natureza? Para dizer da maneira ma.is
geral o que é a sua signific?çâo, podemos valer -
nos de uma distinção conceitu.al empregada por AG
Koyr?, a que já nos referimos a_nteriormente: si_g
nifica que o movimento é um estado em que se pode
- 476 -
encontrar um corpo material, e não um processo que
A
o af'eta ,

A diferença entre esses dois modos de ver

e radicalimporta em duas filosofias da natureza
e
diferentesº Conceber o movimento como um processo
, A .

e supo-lo um acontecimento causado no ser e que


unicamente se sustenta enquanto permaneceª- causa
que o processaº e once bAe-loj ao contrario,
?
como um
o

estado é assumi-lo como um dos aspectos do real fÍ


sicoj urn estado entre os outros estados em que se
t
nos manifesta a ma er La , A_ êste segundo modo -· de
yérj a pergunta pela causa constante do movimento
não tem sentidoº Justamente o principio de inér--
cia exprime esta concepção do movimento como esta-
doj e por isso diz que o corpo que possui tal esta
à ?
.

-
do nele se mantem indefinida.mente? a nao ser que
A
alguma influencia externa o modifiqueª Por sij o
corpo movimento conservará o movimento:, quer
em.
, -
di
?
zerj deslocar-se-a em uma translaçao retilinea e
uniforme e
Se não há uma causa para o movimentoj a
À , -
mecanica so pode ocupar-se de causas de variaçaodo
movimentoº um corpo de massa 1!! podemos defi-
Em
nir o seu estado de movimento pela velocidade _.
?,
que lh assoc amos, como sendo a quantidade de mo-
que possui m 1; perguntar pela varia-
m im to procurar o modo geral de varia=
1 tst é variável em grandeza
'
e
"" .,,
v r ao, sim, e um processo qu?
e modo que se expri-
- 477 -
....

! r ; dele
d V -+ A ?
me como. .= e que devemos procurar
.

d
uma causa?-- Esta variação é a aceleração, e· não
, .

e mais um estado,
mas um processo9 para a compre=
.

ensão do qpal -se exige U!l18, causa; e ·a esta


chamo!
remos '-'.fÔ:vça'' º Por eonseguinte 9 a fÔrça não é
dada comó causa do movimento, mas da·aeeleração
1
conforme o principio fundamental da mecânica new=
?-
t oní.ana ?
1:-= !!!-f º Ora, a segunda lei de Newton?
·

fine. não somente a proporcionalidade da variação


' ,,..
do-movâment o a ?o.rça motriz impressa, mas, ainda
.

, - j
estavariaçao ,..-., . .

que e feita na direça? em que a foJ:


,A

ça.é -impressa9-?h caráter vetorial da noção de


À A N .""' .

força determina que_ toda? variaçao de direçáo


"
do
o

movimento é uma aceleraçãoj e como tal deve ser


e A A
atribuid? a uma forçaº Deste modo , no movimento
·

i .,
.

retilineo R aceleraçao so pode ter por-?f?ito au-


,,,.. - .

mentar ou.retardar a velocidade, mas todo.'movirilen


to curvilíneo 9mesmo quando de -velociâ.a?? ?;df-?=
me? é.ne?essà?iamente um movimento aeelerado
A . . . - .

e?
cessita-wna eausaj uma forç?, para_ ser explicado()
Para que.
í
mude a SU? direção de movim_eritor
um cerpe • '
• .

e, em particular, para qu? ? mude a ca?a instante, .


-' .. ,A
..

circular,
.-

como no movãmen to e pr·ec?so que uma fo,t


ça atue oonstantemente, par? em cada ponto da trª
jetÓria fmpedi-lo de prosseguir· ·na .di?e-çã? tangen
'"
c ía'l ,
f ! .

D.esta maneira, entre o movim?nt?-retilÍ


neo e o-c--urvilineo, na· visao·?a .•
me;â;g.ica

·-
newtonãa
- - <. .•
., - .
-:-_
::
-

na, ha a diferença decisiva de que o primeiro ·po-


- 478 -
de ser um estado de movimento e o segundo nao pod?
-
sendo necessàriamente um.processo causado pela pre
sença de fÔrças impressas ao mÓvelo A rotação de
A
um astro em torno de putro e?ige o conce7-to de uma
A
.

?
força que mantenha a cada instante a variaçao de
?
.

, A
direçao de sua trajetoriao Esta força poqe ser cha.
.

mada9 generalizadamentei de gravitaçãoº Mas o movi


·

A ,
mento de um astro em torno. de .. outro e um. fa to que
,
so-pode ter lugar na imagem de um universo organi=
- ?
zadoj.em.que ha massas constitu1.das; a gravitaçao
' ?
,
e a
-e:,
noçao que imaginamos9 para cobrir a constata=
ú A
çae de. que m 'Uni verso as_ massas atuam umas sobre as
outraso fste dado é de reeonhecimento imediato; a
natureza aparece=nos aomo existindo em forma
?
-

?
de? ?
sas que $e atraem mutuamente? mas nao podemos torr@
lo como '1ID fato logicamente primordial, .pois não
podemos construir um modêlo verdadeiro da naturez?
em que o movimento circular venha a figurar como
primordial o

§ 6 '2
. . - - O conceito de inercia
.

_
, J'
na _f1sica
platÔnieao Alma cósmica e gravitaçãoº

Temos? assim? criado uma situação que foi


A
.

precisamente a.que considerou o idealismo platonic;>


coo universo como dado? a Única realidade exis
O
tentej masj para explieá-109 há que conceber un Q.'tlã
...
,.
dro logieo mais ge:ra.11 t€mosde definir leis de p]:
ra validade abstrata, que não-encontram na nature-
- 479 -
za sua completa realização9 a fim de a partir da
generalidade eoneebida (;!. por restrições que in á
troduzirmosi-chegar a acÔrdo com.o observável0S0
mos obrigados a conceber a lei de inércia como o
prine:Ípio mecânico mais geral da natureza, e no
entanto
, ?
esta lei so tem significaçao abstrata e
jamais se realizaº Nunca percebemos, emplrica.Q
rnentei- run .cor pe abandonado a si
mesme, conservar
indefinidamente o seu-estado de mobilidade reti?
f
l1nea .e uniforme; no entanto dizemos que e preci I
so que isso se.devesse .darj para que possamos co.m
?- .,
preender por que de fato .nao se da , Uma concep-.
ção que se apoiasse no sentido e0mrunj nos levarla
singelamente.a considerar.a fÔrça como a causa<t>
A I'
movimento; no entantoj e modelo logico idealj qt2
A
nos eompomo? de um mundo meeanieo-abstrat? consi
dera . o movimento como . .-existente -OU .ãnexã s tent.e.,
e9 quando existente, como uma condição inerente
ao sero
Parece-nos que o movimento circular traz
em si.um sentido-de .perfeição e.de harmonia, que
lhe confere um.caráter de superioridade intelig{
í' A
vel; e na verdade_e a ele que preeisamos .expli -
I'
car.por uma eausa? A lei de inercia refere=se a
um universó idealj em que seja possível a eonsi=
deração de um ponto material isolado; só nest?s
condições vigera o.principio? Mas a condição r?
t
al é_a de massas cons í.tufdas ej quando estas se
dão, formam-se-campos de f·Ôrças atrativas9 que
- 480 -
serão consideradas como determinando.a curvili -
neidade dos movimentos que essas massa$ assumem
- ? ,
umas em relaçao as outrasº Assim9 ? fisiea nel{
o .

toniana9 tal como a platônica, post?la um caso


A
ideal,. mais geral? e dele se serve para a com?
.

ensão do.particular-existente •. Na natureza.não


existem .as condições exigidas pela lei de .inér=
e í.a, para que se ver Lf'Lque ; mas ias que existem
só se explicam pela subordinação a essa pu= lei
ramente ideal?
A fÍsica de Platão tem uma visão seme=
lhante da na tur eza , .A forma em que se encontra
a real existente é concebida. como .produto de uma
intervenção racional9 que se processa sÔbre. um
estado ideal de liberdade mecàn í.ea No mundo , ?
ganizado existem corpos definidos e massas volu
A
mos as 1 como a Terra e os astros; nele se .dà o mg
-
'-
-

vimento circular.com.una regularidade perfeitae


uma .aparente espontaneidade9 enquanto o movimen
.
···:.
·

to- retilineo
·. ··.
tem um .·
caráter acãden ta.L,. causado-e
=
·;tini to •. Orai ja
.
.
·
- . fl,.· .
di>

vimos que a intuiçao p.la.tonf ca,

quando procurava-o est?do de mobilidade_que de-


·via _atribuir ao caos primi tivoj decidiu-se pela ·
-

retilineidadef por.ver_que e movimento circular


é. consequência .da ordem existente na .na tur-eaa-,e
,
que esta e o resultado fabuloso de uma-inte.rven-
.
'
.

? ? ,
ti
çao extranha, a da Bazào,
º
d om1n o d o movimenl,o re-1.1.1:neo,-que e assirq .&. tº,?
. PortEillto o caos e
F- º
.

re'="
o

conhecido como o movimento que existe por si,c_g


- 481 -

mo .. es tado ,
sem necessidade de explicaçãoº
É?
pois, claramente, o reconhecimento da lei
da ing_r
ciao No caos, por falta absoluta de organização,
'
so ha par t?a.o u 1 as m1croscopicas,
" . "' -
que na o chegam a
constituir massas organizadas; estas partes mo-
vem=se retilínea e uniformemente; Platão reconhe
ce_que o.movimento que se pode conceber como es-
>- , (
tado.espontaneo e o retilineo e uniformeº E da
mesma .sorte reconhece que ha, necessidade de um
.

• t º ,,
pr1nc1p10 novoj que sera a A lma do mundo, doada
.

pelo-- Demí.ur-g o, para fazer passar o uni verse


do
estado de caos ao de cosmos, princípio êsse que
determina., com a
- ?
geraçao dos corpos planetarios,
.

envolvidos por essa Almaj o aparecimento do movi


mente circularo
Tocamos aqui o ponto verdadeiramente e?
sencial da concepção do principio de inércia? a
necessidade de um novo principio par.a se conce-
ber a transição de um a outro estadot) Sem a cla-
ra representação de um prineÍpio tal, não há ve.r,
dadeira intuiçã0 da lei de inérciaº Não se pode
interpretar a passagem da mobilidade retilínea à
circular por nenhuma concepção evolutiva, que rQ
presente o segundo estado surgindo do primeiro
por uma transição corrt ínua , A idéia que a lei de
inércia exprime é a de que ·se torna indispensá=
vel figurar um postulado novo,, caracterizando a
descontinuidade entre o estado de mobilidade CUJ:
vilÍnea e o de mobilidade retilÍneae É um postu-
- 482 -
lado desta espécie que e;xdste tmto·m?.f:ÍSica.
newtónia
na como na platônica: na primeiraj é a noção de
.
?
·gravitaçao.; na. seguneda-,·· a· a-legor a- ?:-'a:·:·-"ª
.

d" '
1.ma. ?eosm.1 i
..
w

ca ,
?
Assim sendo, se trans-pu.ser?os os, termos
A
e t1'\)aduzirmos o mi to p1a tonic-c>" .no mito newtonãa-.
. .
.

no, o que Platão chamou.de Alma do mundo? ?ão s_g


,
ria .. senáo .» que Newton chamou de gravi-pação"IJ Com
efeitoj que é a gravitação senão um mi?o lbgico,
um: esquema. racional, uma imagem. inteligível, .de-2,
tinada preci-samente a ·nos exp-iiear rea-1 ..como._um ·:ti>·
·

caso derivado ,>?·,de.:: uma generalidade ideal, a ?r


__

mitir a passagem imaginária do universo inercial


inverificado. ao univer·so rotaci=ona1 periódico ?
·

que observamos? gravitação exprime o conceito


A
de um aspecto ·empírico da realidade fisioaj que
prscã.sa ser .introduzi-do imaginà:riamente como po.§.
terior, porque ·os postula.dos da.teori-a mecânica.
não· ·são compatrfve í,s .. com .a aeei-taçãtf da primordi,2 -

,.
-
·oo-· -?-.. .

lida.de das r-evoluçoes si·derais? A·.-·noçáo de gra-


. . .
·

··vita-ção é -portanto· ,correlata- ã -dê ·:o:r?dem da. nasu-


:.<.. -srê'Za':;".,??-se-·'<t'.maêb'ê,ssemos •·o--un?velí*:sio·:_'·?hi·ta.mêhte-· .£J.:e:s; --·
- .-.-· ;

provido -das. massas volumosas .. que -o constituem .. é


o.fizéssemos .retornar .ao estado de um enxame de.Í
tomos materiais, .cessaria a possibilidade de coll
cebermos um campo de gravitação e seriamos obri=
gados a figurar cada um dêsses átomos como deslo
cando .... se inercialmente em linha r e ta , ora , é Pr..ê.
cisamente isto que constitui o caos pla tÔnico-i,Da
mesma mane í.raj, a: ?,alma cós mí.ea é· o s{mbolo
da o?
dem real vigente, e como lhe"'é· atribuída
não s'f;
a causa da_ .organização dos -conpos eel-este$:J,.-0mas,.
expilcitamente, a introdução do movimento circu-
lar, temos tod9? os motivos para supor
que? an,2:
logia entre os dois ·grandes sí,s temas cosmolÓgi -
eos é bastante sensível para justificar
a.aprox_!
mação .que fazemos entre a noção de alma do mundo
e a de gravitaçãoº

.
,p
§ 7? -?-- -Analise dos
-
textos que .. de- :

monstram a concepção da inérciaº


Como dissemos antes, a convãcçâo de que
_

Platão concebeu a lei de inércia não é resultan=


te apenas da análise geral do seu sistemaj eomo
acabamos de fazer, mas funda-se nas e xpr-a s s-õ,e s
mais ãnequfvoeas do ·-texto"' Passaremos a demons=·
.
trar , pelo confronto_,.principalmente, de duas
..
pa;_§,

sag ens capitais' a nossa à firmação o


-

Para·?cüare.za da demonstração, podemos - ·


··

deeemporc-a ·tes:e-.;-geraa:.'-·em ãuas ···.:pr..@p<:i>s!:cçÕ.e?h_.<:t":Pa-r?,':


·
.
:f: ,,,;::,
cãa s , .suees sãvas e aomplementares, e pnova-ãas.
í p

paradamente: a) .que no estado primordial, des=


?
provido_ do influxo da Razão, .Platão concebe a
realidade material movendo-se retilinea e unifor
memen ts, b) ·que é a introdução da alma como ptjp
·

cipio novo que suprime o estado inercial e con-


/
fere o movimenta circular periódico ao universo?
- 484 -

b) a
' 34, I J< [JJ 1)0-tV 1?
l -

'
«7r:_YB.LJA;£)) uzw? oC •

r?J.µ e o u'
""I / O'(.())k "() O(.

? "" e ,
()? I( Et..«)) -riov sirt»:
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f
.a

,:.1r ,d. )) s ? rx "7 rr1. O-«Z-o


EK Et >'W)) •
"desta maneira, o "assim atribuiu-lhe
ser vivo inteiro movia- um movimento adequado ao
se, deslocando-se para a corpo, dos sete movimen-
"
frente sem ordem1 ao aca tos aquele que mais se r.§1

so e irracionalmente,ten laciona com a Razão e a


A
do todos os seis movimen Inteligencia; por conse-
tos; po is avançavam [as guinte, fazendo-o girar
partes] para a frente e un íf'ormemerrte no mesmo
, .- o
para tras, para a direi-
o
lugar e sobre
A
si º
mesmo,
ta para a esquerda, e
e ê1e [9 Demiurgi) o fez .!!P
ainda para baixo e para ver?se circularmentej rQ
- 485 -
A
cima, por toda a parte darido , aboliu todos cs
e
I\
errando segundo as seis seis movimentos e o fez
q.ireçÕes'' º não mais errar segundo
A
estes"$
primeiro lugar, examinemos separada-
Em
mente um e outro textoo
a) -A_mbas estas.passagens referem-se à
criação do corpo do.mundoc- Na primeira? descri-
to o estado em que se encontrava a realidade .cor.-
.,,
poreaj quando o Demiurgo lhe junta a Alma que a
vai organizar4 tum estado de mobilidade-casual,
?
desordenada; e irracional, porque a Razão ainda
""
na o foi add c í.onada , Ora, neste es tgdo de priva =
ção do inteligivel se verificam unicamente (<X7T«O"'«S?
.

- A -
seis tipos de movimentos<) E quais sao eles?. Sao
as translações retilíneas, para a f'nerrte j para trás,
para a direi ta, .para a
esquerda, para .e íma e para
baixoG São as seis.direções em que se dividia o
espaço, na concepção antiga, na qual_nâo se dis=
tingue a diferença de sentido numa mesma direçãoG
t, claramente apre?entada, a mobilidade indefini-
da das partes do .urríver-so primordial, que , quando
entregues a .s í, mesmas, sem a coe.çâo da Ra.zâo , não
A ..
""
tem.ordem nem lei? e nada mais real?zam senao a
,
inercialidade da sua condição?
i:Í
Esta mobilidade é concebida como abran=
gendo todo o ser v í.vo ro õJ..oy __
; quer di- ?'ftp,
zer? não existem partes em .repouso neste estado
Tudo se acha submetido
'
a
=
mesma condiçao de tra.ns-
.?
- 486 -
la ti vida de Quando, mais tarde, fÔr tra
retilíneaº
tado de novo o estado do caos primitivoj não· será
repetida esta declaração? por já ter sido .estabel?
cida anteriormente; mas tudo o que al1. se diz con
firma inteiramente a noção da retilineidade .dos IDQ
vimentos das partes do caos$ Não pode haver d?vi=
da que Platão concebe o estado do corpóreo, antes
de ter contato com a Razão que o Demiurgo lhe .ou-
tor ga , como u regime
111
...
o ,.,
me carri co ãner-c í.aj ,
o
Observe0
"'
mos que o verbo q11e especifica esse mov í.men tojdnas
A , r .
(
.

vezes empr-egado çe 1r(lOEt}Lt.? com o sentido inequ1v.9,


.

"" ?
co de uma translaçao retilinea para a frenteº
DA
este mo d o? se tAd
.
f
o as as particu 1 as_
,

se
deslocam em linha re ta e .o podem fazer A
em todas as
direções e em sentidos opostos? é evidente que o
Único acontecimento que pode ocorrer neste estado
é o choque entre as partesº Mals tarde se veráque
= "'
a conce pçao do caos e urn pouco mais complexa e que
Platão deseja introduzir uma possibilidade de se?a
ração :trracional entre os corpos de diversas quali
dadesj pesados e leves; à medida que vão sendo g?
" ?
O receptaculo do caos e agitado por movi=
o
rados.
mentes semelhantes aos de uma peneira de joeirarje
criam-se direç5es de translaçio preferenciaisj mas
= ó'
nao ha jamais nenhum movimento circular antes que
a Alma cÓ?mica se integre no universoº
o problema d.e saber a que espécie de re-ª
lida des aÍude Platão com o descrever os seis movi-
mentos, pocte ser resolvido com o proprio exame d a.
, o
- 487 -
proposiçio ª); com efeitoj nela comete Platio u-
ma irregularidade ·gramatical, que intriga
Fracca-
roli (l5Z) e que seria de fato inexplicável,
se
não fÔsse, como julgamos? altamente expressiva
do
pensamento do autor; é quej sem sujeito decla.:Pa-
doj .a segunda parte da proposição tem o sentido
plural, especialmente o particÍpio Jr.À«J.IWfoi.YoC. º
Como explicar o aparecimento de um particípio
no
plural, se naç,. o haj; neste numero
,,
su jeãto que The e01:
responda'? Anteriormente? º?sujeito tratado é o
vãvc ma sua totalidadej ?o, 0.AOY
c11 )0-
'-J?O)) , e, sem
razão.aparente1 Platão passa a definir as seis di
re.çÕes-do mqvimento com relação a algo pluraL,Que
remos - crer que s por menos que se possa def en d e r
ts; li' .,,
esta construçao como metodo sintatico1 o que o
autor tem em mente é a multiplicidade das partes
que enchem o caos primordial ej no seu espiritoj
se identificam de tal modo com a noção do ser
.

f'Í-
A
sieo antes da existencia ra?ional, que passa de
uma coisa a outra sem transição declarada* Masj
para quAm faz a análise filosófica do textoj esta
?
ancor-r açao mesma e? expressiva; ela mostra
o
o
que
Platão pensa, nesse momento, naquele mundo desor-
ganizado de partes mieroscÓpieasj como são os qu?
tro corpos antes de se gruparem em massas visivei?
já por efeito da Inteligência organizadora?4 suas
,, .

partes, como a sujeito intencional, e que se refe


rem os seis movimentos?
?gualmente, são elas que erram pelava.§_
= 488

tidão do caosº A idéia que o verbo errar ou vagar


t , (
compor aj Jª o dºissemos, e caracteristica
. .I'
da con -
cepção cosmogÔnica de Platão() É a expressão de um
estado de irracionalidade e da sua causalidade pri
"
vativao Por isso, a causa que e suposta reger o?
gime inercial primordial é chamada. de causa erran-
I
P-Ào< ))wµ,Ei7J «er e»; j e encontramos, como, um
3 ,

te,
indicio da perfdita coerência do pensamento, o em=
prêgo da mesma expressão nas duas proposições que
agora confrontamosº Aqui, de novo) as partes do
oaos são di tas estar errando ou vagando,1rÀcx.v.<.iJµ>1oe.,
quando se deslocavam em translação retilínea e.un_!
forme, ou seja, quando estavam sob o domínio aa?a,.11
sa erranteº t
também êste mesmo verbo que é repe?
1. .> I
tido na proposição b) , 0(17 /\o( )) é G para exprimir o
e,

fim do regime da Neces s dade Par ece-nos , poi s ,


í
,
re I .
N
nao haver duvida que a concepçao a que se refere a
proposição a) é bem a do caos primordialj e portan
to a atribuição dos seis movimentos retilíneos às
partes que a! estão constitui uma formulação da
inércia0
Acrescentemos não h?_ver em- .nenhum .momen=
to referência à possibilidade de uma parte modifi-
car espontâneamente o seu estado de movimentai pa..2,
sando a outra-direção diferente da _que tinha? Êste
silêncio tem grande significação, porque mostra qu?
= A {
embora nao nos de tantos detalhes quanto gos aria= t
mos de ter, Platão nunca faz referência a um des?
vio da trajetória retilinea, nada no gênero do cli=
- 489 -
namen de Epicuro (l53). Certamente, na desordem
de.um nÚmero imenso de_partes, movendo=se em tÔ-
das as. direçÕesj os choques são fatais? mas Pla?
tão não.se detém.em considerar êsse aspec?, que
pa:ç,a ê1e.não desempenha nenhuma função cosmogôni

ca, À noção do choque é indis pensáve I para um


A
sistema .como o atomista,.porque nele os encontros
d.os.átomos são .a condição mesma da possibilidade
de vir
a nascer um mundo o Ma s , como em Platao
ç,. A
to
da. esta descrição do caos é imaginária e não tem.
nenhuma .significação concreta? não lhe importa
·

e -
""'

'
descer.a descriçao.de aspectos que, mesmo decor-
.

rendo.necessariamente do estabelecido, seriam um


.
<e.;

conhecimento sem nenhuma utilidade na sua repre= .·

sentação idealº Os choques das partículas certa


mente se dão no caos, mas não desempenham nenhum
A A =
papel na cosmogonia platoniea, que deles nao pr?
cí.sa , porque

nao precisa

d e ne nh.urna açao
·
.....
f?a.s rea
o

real para fazer o mundo -gerar-se do estado ante?


r í.cr , uma vez que nunca houve realmente tal ger-ª
ção e tudo não passa de um.mito, com a miss?o de
·- ,
transportar uma distinçao logica.
Não teríamos o
A
direito
de concluir pe?
la existencia da concepçao .., ,p ""-

º
da 1nere1a em Platao?
<>

se - po ssut? s semos ?- por exemp.Lo , somente


? ·?
a proposicao
ção ,£) ? Não bastaria proclamar que o movimento
circular é causado p?la Razão, mas era. indisp?n-
, , i
savel que o filosofo tivesse pensado e dito qual
A
era o estado do uni verso quando dele se suprime
- 490

a eircularidadeo A posse dessa informaçio s3bre--O


A
que acontece no caosj. sobre qual seja o seu regime
.

..

meeânicoj é que ·nos dá o direito de julgar eqm- a


mais a?a verossimilhança9 que Platão teve a visão
da. ·primeira lei
de Newtonº
Observemos ainda que na noção de movime?
to retilíneo, segundo Platãoj nada há de comum com
? .

a retilineidade com que Aristo-teles concebe .os co1:

pos simples deslocando=se para os-seus


,
lugares.na-
.r
turais0 Com.efeito, aqui .o-deslocamento e reali'Z!;
A
do em virtude de uma tendeneia imanente ao corpoj
que funciona como causa do seu movãmen to 1 desde cµe
desapareçam as :resistências exteriores qµe o.mant!,
nham fora da sua posição na tura L, Em Platão9 ao
contrário 9 como mui to bem acentua JI) Bo Skemp (l54_)j
'''retilinear is used as the contrary of e eu ir lar
and implies no specific ndirectionnº
·

b) Examinemos agorá o que contém a -se-


gunda proposição, para, a seguir'3 .cons í.der-á-da s. em -

conjuntoº Essa proposição acha=se incluida-na par


te final da narrativa que nos relata como se cons=
ti tuiu o corpo do mundo , Pouco antes vimos que o
Demiurgo, depois de o ter feito eomo um vivo -qua
contém todos os vivosj incorporando a totalidade dos
materiais existentes, deu-lhe a forma esférica e
si
A
tudo dispog para que se bastasse a mesmo? Como
por fora nada mais havia, não lhe deu Ór?ãos de
percepção ou de ação, que seriam inÚteiso Mas'i de
pois de o ter feito, assim, tão completo quan to pos
- 491 -

sivel, seu desejo de que tudo fósse disposto em


vista do melhor vai fazê-lo dar ainda, além da
forma mais perfeita, a esférica, o movimento mais
perfeito, o c í.r cutar E é então
que }?la tão nos
,
?
clara como se instala o movimento circular1 com
a supressão dos seis movimentos retilíneos ante=
r í.cres ?·Demiurgo confere j enfim, ao corpo
O
do
mundo o movimento que lhe sera, o mais convenient?
.

A =
·jus tamente aquele .que diz respeito a? Razao
. o

e ao
• A ,!' ?
Intelectoe Or.a1 este e um setimo tipo de movimen
to.j de vez que caberiam apenas outros seis9os que
foram descri tos na proposição 1&) o tste novo movi
mento é .carae ter-í zado como send) de ordem racio =
na I e descri to como cf.r-cul.ar-, Entre a condição de
ser o movimento próprio da Razão e o fato de ser
,

? .
,
circula.r,, implicaçao material; o que expri= e
me a propos içâo b)} quando emprega a conjimçâo Ji ó,
indicando assim que há uma relação de decorrência
do movimento circular, da condição de racionalida
deo
movimento circular é definido com SU=
O
A ?
perabundancia de expressoes? De fatoj nada menos
A -
de tres verbos convergem para dar ideia,
da rota=
ção do corpo do un í.ver so e um, geraij k.VK.À<f
KLYeZõ8«, , e dois outros indicando particular=
mente a rotação, com a diferença que no primeiro,
r
rrse,«rcx.r(,c)J) ' a forma -verbal ativa destina= se
a visualizar o trabalho do Demiurgo fazendo girar
o mundo; e no segundo, o partic:Ípio médio-passi-
- 492 -
; '
f I .

Ir', e
º
J} contem mais pr?pr1amente a
,J
VO E. O?& YO ·--i?
dJia da ação acabada e do estado a que foi levacbo
unãver-s o- Mas o serrt Ldo .culminante da proposição é
o ·expresso na sua parte finali que, no conferir o
movimento circular ao universo, Demiurgo supri= o

miu os outros seis movimentos e- nã'o mais permitiu


que as partes que compunham a realidade fisica fi-
?
cassem entregues a Necessidadej que as fazia errar
segundo aquêles seis movimentosG
Observemos desde logo a identidade. _das
expressões que se r-epe tem , embora a -dis.tância con-
s-iderável; em -ª) e em b) figura Lgua.Lmen te a - ex-
pressão rocç !'? ?7r?O-d.t:; J<.lY'17<Tt:.i.ÇQ são por
tanto os mesmos os seis movimentos referidos? An?
A
tes1 estes se í.s as
movimentos
.

arrastavam part es
corporeas pelo _influxo de um.a causalidade inercial,
.?

agora, para que se instale o domínio da causa ord?


-
na d ora, e pr eca so , numa transiçao de s con tdnua s el_!
,., . 6' o

minar o regime de translatividade inercial e intrQ


duzir em seu lugar as revoluções sideraisº É o-Úl
timo acabamento que recebe o corpo .do mundo em--sua
fabricação, e simultâneamente com.êle tem origem o
tempo; é.
que, já anteriormente, o mito nos fazia
4. o I\ A
imaginar que uma Alma fora composta para esse murt-
do que ia ser gerado pela providência do deus .. Es-
sa Alma, que vai envolver todo o universo, tem por
A ? '
es senc í.a , como vimos, o movãmerrt o circular, tX vt:71
:, f I
sv C
<X.Y'"t't)
._
a-?fE.fOJA-E.Y'l'J (36 e, 4), <Xtr'C'IJ
J

lxY«.><.v1<Àolf?£Jl'1 7TfD5 o(l/'1:'?Y(37 a, 5)? Pode-
- 493 -
mos dizerj com mais propriedade? que ela
mesma é
o movimento-circular& Com efeito? a alma e, um mi
to que exprime a presença da rotação nos céus .,..,e
nos permite supor o movimento circular
não eomo
original e inexplicávelj mas como derivado
e atri
bu!vel a ?m fatoro
A concepção da in?rcia fica assim defi=
nidag_ o movimento circular não é o
movimento es-
ppntâneo primordial, é o resultante da

-i
organizaçãa
do córpodo mundo? um movimento de rotação no
:,
mesmo lugar, -EY ?w áv1:w
.:, - º uní.ca
p
? ? forma de movi
?
?
mento- que o corpo esférico do mundo
?ode receberº
Lembr-emc-rios , com efe i.to
-
que, quando Platã.o nos
·

diz .. que. o conpo . de mundo foi formado esf'ér?eo por


"" .,
= ;-· j
razoes de pe_rfeiçao
-
,f'
u.1 tima., .. d?z também. que foi .fêi
__
p .

to sem pes ou_qualquer outro meio de locpmoçao(33 ?-

·d)'()·- .t
que não há possibilidade de movimento tr.?
Lac.í.ona l .do universo como t odo , pois não existe?
paço -em que - possa mover=s-e e Todo o espaço est a"
contido.no universo-e nada resta fora? O corpo
do mundo n&o pode portanto ser sujei to a nenh u m
deslocamento, -e lhe cabe (é êste o sentido de

. O ZK E. [,x J) ) mever--e s numa revôluçâo s?bre si mes
rno , .?"
Esta resroluçao e nao soI' a un
·= - (
,I'
-
Lca ·poss1vel pa-
ra o universo organizadoj mas ainda.indispensavel ,.

para que haja a.regularidade do deveniro É que1


?omo veremos, a ela está ligada a origem do temp?
que começa a fluir quando começa o movimento cir=
cular; e sem o tempo não pode haver ordem fen9m?
I. I

I
- 494 -
nal definida?
A justaposiç?o de_ssas duas pa saagens ç erg
mosj é por si bastante rica de significaçãoº Dela
ressaltaj ao que nos parece1 a possibilidade de a-
firmar que Platão concebeu o seu sistema em forma
.tal.4ue compreende o que aos nossos olhos represe.n
ta a lei de inérciaG Não a formulou evidentementej
.-
,.,,,

eomo nae a formulou de forma estritamente exata.G-ª.


A ? '
-.?

lileu, e contudo não se diz que este filosofo- nao


,?

a tivesse clara.mente concebidoe So a Newton se de


ve seu atual enunciado e a sua inclusão entre os
o
axiomas de um modêlo mecânico da naturezaº Em Pla-
tão? ·a
falta de enunciado científico direto não nos
?
deve i?pedir de aceitar quej a seu modo, a.traves

da apar e Lhagem 'mÍ tica de que se va Le, o conceito .de


inércia está claramente apontadoG Ademais, o prÓ=
prio esquema de todo o seu sistema fisico só pode
A
ser entendido recorrendo-se a esse fundamentoº Mui
.

tas-das dificuldades de interpretaçio da cosmogo-


" '
nia platoniea, que os historiadores discutemj pro=
-
.

A
vem do não-reconhecimento do qu.e significa essa con
? .
,?
cepçao, .que na nossa linguagem chamamos de ip?roia,
na estrutura d0 pensamento natural de Platão? Não
foi devidamente notado que o caráter simb6lieo de
todo o diâlogo é o meio de que Platão se serve pa=
A
. .

ra descrever uma genese Ldea L; e que portanto a SJ!


cessão dos dois grandes estadosj em que imaginàri?
mente concebe a existência da realidade fisicajtem
o valor de introduzir o conceito de ordem eomo uma
- 495 -
condição restritiva do regime mecânico
mais li=
vreo O que importaj para têrmos o direito de
afirmar a concepção da inércia, é que
possamos,
apoiados nos textos j definir o regime
mecânico do
caos como o da mobilidade retilínea
espontâneaje
o do universo organizado como o das
rotações pe-
riódicas condicionadas pelo próprio estado
q.e
or-ganãza çào , - No bemos , eom .efei to que na pr-opo-.
,
siçio ?)?- como de .resto em todo o di,logo,
nio
há referência a-uma origem dêsses seis movimen-
tos9 e-isto simplesmente porque não a têmo
ires
são a.pr?pria mobilidade eterna que se
confunde
com os demais aspectos existenciais do ser
corpÓ
reo, que não tem origem nem terá fimº São ê1es
que formamj neutra imagem imediatamente anterior
à proposição?)? o que é chamado um rio de cor-
pos que afluem e se escoam, no qual o Demiurgo
introduziu o movimento periódico da alma imorta?

·
T·;ç T"nç « IJ« J/<t 7:'0U
I .r/ , I V 'Y-n5
'fJ /'-I""=s
sve o ou» ElÇ E1Tlf flrl:b')) sia):« KoCt l I
? :,_

'
e Ó Óous-

OOTOffVZ-OY.
(43 a, 5) º Esta pas sagem, que se refere à fabrj
-1
cação--dos corpos dos vivos pelos deuses já cr í.a-. ·1

dos,. é evidentemente válida para a concepção ge-


ral do universo; o sentido e, o mesmo?
Assume esta passagem o valor de um te?
A '\.
ta.que fornece absoluto apoio a nossa tese, por-
que nela se encontra esta declaração expl{cita,
de que no mundo da mobllidade ilÓgicà. e deso'r·de-
nada foram introduzidos os movimentos circulares
- 496 -
periódicos da alma imortalº
Há uma outra passagem do Timeu (40 a, ss.)
discussão; por ela
que interessa igualmente a esta
a contraprQ
podemos ter uma eonfirmação e como que
passagem.em
va do que até aqui temos expostoº É a
que Platão descreve a natureza dos
deuses celestes,
"
os astros<) Sao eles formados de fogo ej
...
da mesma
maneira que o uní.ver so an te í.ro , são perfeitamente
redondosº Oraj a seguir passa Platão a explicar o
que pensa sÔbre os seus movimentosº E diz que- .a __ _

·
cada astros=deuses foram a tribuidos--dois
um d?sses
sobre si mesmof
?- A
movimentos, um de rotaçao uniforme
' ' E)) ' :,·-
r
:, ·'
s outro
t pa=
:,
? foE)) To< 1F 1.u K « 'C"()(. ,Z-0( U?"<X

ra
'1)

a f'r-en te , T?Y Ji êl{ 'l""O 7rfÓtrt9£Y .


, sub
metid0 à translação uniforme do Mesmoº A frases?
=
guinte é que tem para nós neste momento importân
eia imensa; é quando Platão acrescenta quej em r?
os astros são
lação aos cinco outros movimentos?
·

I I
\ ('' 1TBYT£. Kl,,1)ôll5
"J
1;TI1ov?is. e par'ados , ?oc,; 10€
. .P
1

« te e J/'r) ,OY ««« e oc ar


(40 bi, 2) e
Daqui se depreende? pois? quei 1) os mQ
vimentos· considerados são em nÚmero de sete, dos

quais· um é a rotação sÔbre mesmo; 2) que, dos si


seis outrosj um é expressamente declarado ser o- mQ
-
vimento npara a frente?-? o que nos leva imediata
A
mente a identificar o conjunto formado por este
A

mais os outros cinco, a seguir referidos, com aqu?


les seis·movimentos translacionais retilÍn-eos de
:·43' b, i?
= 497 -
?ste trecho confirma=nos quej na sua
cosmogonia? Platão faz intervir unicamente sete
movimentos i seis retilíneos· e um sétimoj de ro?
w A
taçao do-corpo sobre si mesmo, ou em torno de um
A

eixo.ideal exteriorº Não poderá ser con.siderada


= ' ""'
uma objeçao a nossa afirrnaçao da inerciaj o fato
,?

de que o movimento tBpara diante•? especialmente


referido no pres en te br echo
seja uma translação
'.t

curvil:Ínea? a rotação diurna dos céusj pela sim=


ples razão de que aqui já estamos em pleno uni -
verso constituído e essa
rotação é efetivamente,
já, a.que o círculo do Mesmo da Alma do mundo e=
fetuao- Não buscamos neste trecho nenhuma confir
? N ?
maçao para a noçao da inereiaj mas apenas a pro=
V9- de identificação dos seis movimentos de 43 b9
/J
i. ?
lo - Como , porem, em Lt-3 b , 1 estamos no estado ca..;.9
tico, temos todo o direito de admitir que os seds
movimentos ai descritos sejam retilíneos e uni=
forinese
Da-comparação das proposições?) e b)
resulta, ?m conclusão, que Platão inequivoeamen=
te figura um estado ideal de mobilidade retilÍ -
nea., que desaparece quando o Demiurgo impõe ao
universo a?_alma, que não é senão o s:imbolo da O!:
ganização das determinações quantitativas, entre
,-
estas o movimento periodicoo dos _pelos giros
círculos da alma são postos em movimento os pla-
nêtas, e tudo o que se desloca curvilineamente tem
a·explicação do seu movimento, em Última análise,
- 498 -
., o
na alma cosrm.ca ,

§ 80 ? A inexistência do conceito de
inércia na cosmologia do Demócrito$

De todos os pensadores-4a antiguidad?P.l.â


tão foi o único que teve a concepção da validade ca
lei de inércia (l55)
Aristóteles? como veremos. .a
!)

seguir9 chega a conceber um estado .inercial9 mas


rejeita=o por absurdo e não reconhece a sua signi?
ficaçãoa O problema histó'rico .interessante .é. o .

= -
sao do pr ncip o d e inerciae
o

?
ti
de examinar se.se pode atribuir a.Demócrito-uma.vi
i ,f>
p rocuraremos d emons=
!'
o

e? maisj que e perfeitamente legiti


,,_..,
o
trar que nao;
mo supor que, precisamente9 Platão o encontrou na
sua atitude de oposição ao sistema atomistas Uma
rápida e superficial noção do sistema de Demócrito
poderia induzir a crer que no universo do atomismo
ã
se possa enconta-ar uma fórmula da primeira .Le de .

,
Newton; logo1 poremj que procuramos dar=nos·cons=
ciência do que representa em conjunto a concepção
..., Â
atomista? verificamos que nela nao ?abe esse pens?
'?. .,,..

mentoj que somente Platao teveº


""' /
Conhecemos, pela descriçao dos doxogra ?
fos? em que consiste a concepção cosmogÔnica de.De
,,. - ,I' ,I' ""
mocrito? Nao e necessario recordar senao as suas
linhas essenciaise Os átomos são os constituintes
·reais de tÔda a natureza; são o p'Leno , sólido e .

insecável; existem em um nú.mero infinito e em fo?


- 499 -
;
mas 1numerave1s, movendo-se no espaço vazio? que
o o

é assim um fator cosmogÔnico, designado como um


não=?ero Não conhecemos nenhum testemunho que
contenha a afirmação explicita do movima1to reti
lineo dos átomosj mas temos tÔda razão de supor
A .I'
que esta fosse a hipotese admitida$ Seu movimen
, ãncausado
to--e -

, e neste
coincidem os ponto teste
? -
munhos t e a essa af-irmaçao que justamente se
? 156) a quem repugna
.

opoe Aristoteles ( aceitar


o R
, a
A
ausE?3ncia-de uma causa para expliGar o movimento:
Neste es paço va aí.o, onde tun infinito número de
.P ""'
ator.aos se des1ocamj produzem-se colisoesj de que
? ,
re sul ta a f'or maçao de centros turbi.lhonarios que
serão a origem dos diversos mundosº A pluralida
=
, ft A
de dos mundos formados e cons equenc í,a forçosa dos
postulados do sistemaº Onde não existe plano r'ª
cional e só o acaso é lei1 havendo quantidade i!l
finita de material a tÔmicoj nada impede .que o cho
que, que por acaso se deu em um ponto do espaço
-
- jl. ,j
.

e de que resultara a formaçao de um vortice co?=


mogÔnico, -se repita infinitas vêzes em infinitos
?
pontos do espaço e Por isso diz. J:?ioge ne s
.

outros
Laércio que,admitindo Demócrito um universo infj
nito? julga que o universo, sendo formado de
A
uma parte plena e de outra vazia, nele se geram
mundos infinitos que de novo nêle se d í.s so lve m ,
\ \ ""' ?I I ,
f'fr{,)) , Wf. 1:f OêLfé?:'D<.l•
<:

1:0 ))vêY 7TooJ íX1télf.OY


ToÚrov- óe ' To )LEY rrXi'fêÇ El v a c ) Tc ó£
/ - I /
KEJJOV. l(cxl 0-?:0t.Xêl<X 'f?(Íl1 KO<T?OllÇ Z e«
> >
= 500 -
&.11efov-ç é2JJrxt 1<_ot.t Óc.O(ÀVt,!f"l}_,«t Elç
São êsses turbilhões que, formados ini_"'='
,p ee
eialmente por um pequeno grupo de atomos, vao=se-!!'
crescendo de um nÚmero cada vez maior de ou tr-os _á.,,,
A
nomos , que vem a ficar presos nas ma Lha s da r-e de
A À

turbilhonária ou aa·mem?rana envolvente que fo?ma?


se?undo a expressão empregada por Diógenes Laérci?
,()l ov lr/.L€ ? rJ. o O t·orvelinho é gerado aspen tâne.§;,
ú' .,

mente pelo puro acaso dos choques de atamos de co?


..

figurações capazes de permitirem o seu nengancha =


mento" uns nos outrose
Formado o núcleo turbilhonário inicialjé
ainda o mesmo acaso que vai determinando a capta -
? ? ? .

çao de outros atomos? ate se formar a massa total


de um universoº Em outros pontos do espaço?outros
processos do mesmo tipo9 em quantidade infinita,ec2,
= A
tao em curso, em todas as fases do seu desenvolvi? o

men so , -Pelos testemunhos de Aristóteles_, de DiÓg?


nes Latrcio (l57)? de Alexandre (l5B)i de SimplÍ -
cio (l59)i de A&cio (l60), que neste sentido con=
cordam s íngu.lar-ment e , somos .Leva dos a ter do- siste
?t.
ma d emocri 1.co uma segura 1.mpressao;
? ""' ,;?

e uma cosmo-
A
,

gonia que pretende descrever em termos puramente?


cânicosj e servindo=se da Única lei do aca;c<)o-na?
.
.

cimento de um universo em particular, embora. para


isso tenha de admitir a coexistência de um nú.mero
infinito de_ outros mundos seme lharrtes,
?
A vista desta breve expos í -
çào , Levan d.o
ainda em cónsideração os demais detalhes a que não
- 501 -
aludimosj mas que são suficientemente conhecidosj
e do que sabemos da cosmogonia platÔnicaj não po?
demos compreender como se possa considerar a exis
tência de um prenúncio da lei de inércia no siste
.
-
ma atomistae Tudo se opõe a essa cnncepção ej pa
ra .resumir o nosso pensamentoj baste=nos apresen-
"' ""
tar as tres razoes seguintes:
·

1) Lugar , jama"is poderiam


em primeiro
ver a concepção da inércia ria fÍsica de Leucipo e
Dem6critoj desde que o processo cosmog?nico que
aí-é descrito tem a significação de acontecimento
real9 que teve lugar realmente no espaço e no tem
poº Não se trata de.um modêlo idealj mas de uma
-

.,, ,p '
geraçao que e dada como tendo acontecido de verda
de e em cuja.veracidade fisica os autores crêemº
A .

Para. eles,-houve realmente um tempo em que o nos=


so universo não existia, e começou a gerar=se pe= .

lo fato real de que, em certo momen to, alguns ato


,I

mos se reuniram e entraram a girar? captandq mas=


sas materiais cada vez maiores. O·fato de ser to
mada com.um significado fÍsico real tira a essa
concepção tÔda possibilidade de enunciar o princÍ
pio de inérciac Com efeitoj o que é essencial na
concepção dêste principio é o seu caráter idealj
, , .

e o reconhecimento de que sua validade so tem lu-


gar num universo em que não haja massas organiza--
?as? onde um ponto material possa ser tomado como
.

A .

livre de forças exteriores impressas? Ora?no co?


-' - ;' , A
mos de Democrito tal nao se da. Ha a coexisten -
- 502 -
eia do organizado e do caóticoº Enquanto um mundo
, ?
-esta ja constituido, outro, em outra parte do esp_!
,p

,p
Al es ain d a ha um in?
çoj se esta gerandoj e entre e O ,tf'
0
f 0

nito de átomos livres? Do ponto de vista do nosso


conceito atualj esta imagem não pode.conter a lei
, A ,p ""'
de inercia, porque estes atemos estao-sujeitos .. a
campos de fÔrças e não poderiam deslocar-se ?mais
retilineamenteo Não temos nenhuma .expressão clara
de que êsses átomos tenham uma translação_retili =
neaj
,...
mas, mesmo que .assim f'o s s e , isso nao basta. = .
-
ria para definir a inércia, pois.não_existe_em_De=
mÓcri to a noção de um estado definido pr ecedenõo...o
de ordema A transição entre-um-e .outro-modo deoo!i
ceber o universo se faz contfnua-e.incausadamentea
Não há um estado uniforme de caos at?mico preceden
A A
do o universo organizadoº O jogo de forças
-

A
pura=
mente mecanicas deve explicar a passagem insensi? =
vel de uma a outra etapaQ Ao contrário disso? em -
... ,,
Fla bao , .... ?
o caos e uma noçao logica uní.ror-me ; .os .seís
(
movimentos retilineos
=
sac claramente enunciados?De
= "' tf' "'
comum com a visao platonica a de Democrito so-con-
? - .

tem a afirmaçao da espontaneidade do movimentoº Se


supusermos que ;ste é retilÍneoj bastará isso para
definir a lei de inércia? Julgamos que .nãoj por?
que não basta o reconhecimento da retilineidade do
(
movimento da par-t í.cula tf' ,P
ma teriaL, mas e nece saa r--io o
A
que simultaneamente se conceba a idealidade des sa
condã çâo , Foi o que fêz ?latãoi atravé·s da ma f'or
º A
de um mito cosmogon1.eoº A cosmogonia de Demoerito ,!?
- 503 -

não contém o pensamento da inércia., justamie-rrt


= ,fj ('
te
porque nae e m1ticaº Reconhecendo a espontanei-
dade do movimentoj os atomistas não se elevam a=
cima do plano tradicional dos fisiólogos anteric2
res; sua novidade é a introdução dos átomos e a
criação de um esquema rigorosamente meeanieistaj
= '- A
em-que nao ha lugar para nenhuma influencia ra=
cional'3 em q?e ó acaso-a tudo presideº
-- 2) Al?m
concepção de DemÓcr1 disso, a
to retira da na?ureza a-noção de ordem<> O esta=
do de. cada universo, o nosso, por exemploj em_ ca
/
fortuita
.

da .momento .dado? e a resultante de uma


,;,,,,

agregaçao a tomica que .


A A
forças mecarrí.cas
-
A
fizer a m
juntar=se? más .que se conservam sempre em um es=
tado de-instabilidade es senc Ia L, Cada universo
est? a cada momento sujeito a desfazer=se pelo
mesmo jÔgo de fôrças casuais que.operaram a sua
composição? Po4em d??atarcm,se os nós que prendem
os
"""
grupos atomico?,
e
I' "
u ovo 1 tara ao vazio e a
?
.

td
mobilidade livre primitivaj conforme bem declara
I' -' A ""' o o
Diogenes L?erc10º Deste modo? nao existe em De-
, - .
mocrito a noçao de mundo organizado ou de ordem
... .,,
da natureza? A rigorj nao ha nem mesmo na tur-eza,
? # ? o 4' o
e tudo nao e senao o estado trans1tor10 por que
; ?
esta _passando certo grupo a tomos, em virtude
de
A
do-acaso que os fez chocarem-se e prenderem-se uns
aos outrosº
Nao há um princÍpio de estabilidade
""
A
neste aglomeradoi e nada garante que ele nao ve=
, ?
nha a dissolver=se pelo acrescimo de outros ato=
.
mos, que rompam o e qu r 1 1(b rio agora o b s er-vauo,
o o
ri

Rigorosamente falando, é incompreensível


a regularidade da natureza no sistema atomista8De?
de que não há causa racional que nela tenha influi
doj não se pode falar em ordem; e igualmente -não
-
tem sentido esta noçao A
de ordem quando este supos.-
to estado se acha a cada instante -ameaçàdo de des?
parecimentoe A noção de ordem perdej assim1 tÔda
= # #
significaçao ontologica e so pode ser-tomada como
- ?
uma impressao subjetiva? resultante1 -provavelment?
_

do fato de que? para uma vida tão breve como a_no2,


saj não nos é dado apreciar a variação de
orgaDiz.st
ção que se processa na mole imensa .d o urrí.ver-s o , -Se
a idéia de ordem nãe tem fundamento racionalt
como
conceber o principio de inércia? ?ste principio?
com efeito? define a distinção entre dois estados
imaginários? um de desordem9 outro de ordem& ,Como
A A
concebe=lo? se falta um desses estados? De fatojo
-que a cosmogonia de Demócrito reconhece é um só e?
tadoj o da mobilidade atÔmicaj suscetível de
passar
por infinita gradação, desde o de liberdade singu-
,,
lar ate o de um universo no estado em que se
enco_,B
tra o nosso? Dêste modo, a lei
de inércia, mesmo
que tivesse sido encontrada, não tem nenhuma signi
ficação na fÍsica de Demócritoº Dela não se pode=
A
ria jamais passar ao conceito de forças
regulares, -

,,
operando de .forma estavel em um universo tornado
.

r2
cionalo A cada instante pode desfazer-se a combi?
nação que agora gera tal efeito mecânico, e êstê
deixará de processar=se? Não pode haver determi
nismo num universo democr:Íticoº
Ao con t rar10?
,? º
de Platao atua= a·r"1s1ca
e -
liza o conceito de inércia que descobriu1 porque
dêle se serve para distinguir e caracterizar ca=
' ,
da.rum dos estados Lmag í.nár-Los em que concebe a
realidade. materialº A cosmogonia democrÍtica?p!'J_r
mais que explique a formação de um mundo tão e o.m
plexo9 como, por exempão , o no sso , considerada do l
'
I

ponto de.vista da teoria platÔnicaj não .sa.i ja= j

ma í.svdo pr í.meã.r-o e s tado , o do caos. Lrrí.c Ia L, Nes? l

te? e om- .efeito?- .Platão reconhece que tudo se. Pªc!


-

, ?
sa segundo a lei unáca do acas o , 01r?J '?'I/Y()t; ej
I
.

,IP " (.
/L
atêj-isto e.que -lhe.permite obedecer a uma espe= ,IP

cí,e pr-irni tiva de causa.Líd ade j a .. Necess:ldade º Mas


o cosmos é- produto .de uma.Inteligência ordenado=
ra? qué vence-e aniquila a condição caÓtieaj e
não que evoãut de La , . Uma evolução que trouxess?
de forma contdnua , o uní.ver so do estado caótico
a.o de.ordem não significaria, para ?latãoj a SU=
""' A ,
peraçao desse estadoº Ora? -isto e o gue faz De= o

?
mócr â
to -
Confia a .uma . evoluçao
.
?
, cega a ger-a ç a o
.
, .

dos mundos, contando? para forma=losj com as me.§,

mas fÔrças que existiam antes dessa formaçãoº O


resultado dessa visão é que nada impede entãoqµe
essas mesmas fôrças retornem ao seu estado primi
tivo e se dissolva a ordem suposta fundadaº Não
havendo um eonceito9 um principio novoj que dis-
tinga radicalmente os dois estados, o caos, fºr
- 506 -
assim dizerj continua presentej e a lei de inércia
deveria ter vigencia atualº
A

Para Platãoj faz-se mister a introdução


d e Lí.ber-ada. de um fa tor
nov o , a Razão j que concede.
uma alma ao universoj para que se constitua
,
ma estavel a ordem da na ture ea ,
em fo?
Se j Lóg í.camerrtaça
. '
ordem é um caráter acidental} restritivoj manifes=
tado pela existência material, que .pode ser
conce?
bida em outro estado mais geralj fisicamente .. -é o
Único estado real e invariávelj e nenhuma. doutri?
na poderá ser verdadeira; se não lhe.reconhecer-??
, A
se carater de permanencia de fato e_se o deixar -? a
A f
merce de uma possivel
·
""'
desintegraçaoº
3) Em terceiro Luga r , .o sistema a tomis=
-
ta nao concebe claramente a origem e a significa=
ção do movimento circularº Julga que o.movimento
curvilíneo tem uma origem acidental no curso de um
.,..
processo de translaçao retilineaº
s'
Em nenhum dos
doxÓgrafos encontramos uma concepção definida da
origem do movimento turbilhonárioo Diógenes Laér=
cio diz somente que, separando-se do infinito uma
? A =
grande massa de atemos de todas as figuras9 sao le o

vades a um grande vácuo e que aíj re'rmindo=se em


??
uma massa compac ta , formam um tiorve Lmho , ?11£f
<X
9f
o c« !i,n« J/y'lj Y ,
':x.1rê f
P pf. err é?rxt
·

;da))
(IXj 31)º Aristóteles (l6l) refere que, para os
atomistas j o turbilhão tem uma origem espont?ne aj
r;t.TTo To<.lft:Ojlll()(rou T<Xf 71.7))£rífJt1.1. rb;) ·:
<ÍcJJ?J-Y.
É de crer que êsse movimento rotatório se origine
.,..
507 -
,,
pe±o choque tangencial dos atamos, pois sabemos
. I

(l62?que o choque, seguido do i

salto, é aconteci-.
,?
mente natural entre os a-tomos que se movem deso.r.
denadamenteo Nenhuma :r:assagem nos indica expll=
citamente que seja essa a causa do turbilhãojmas
não. é difícil aceitá=lao Assim, Demócrito não
A t
ve.no movimento circular o simbolo de uma condi=
º ·

=
çao nova , mas o toma como algo casualmente gera=
..

.,
d? pelo propr10 moviménto retilineo?
o
_(
O apa?eci-
.
= A =
mento da revoluçao mecanica nao representa para
A -

ele o conceito de um n?vo estado do universojnem


à.ordem que vemos na natureza tem relação com a
circunvecção dos.corposº Foi um puro fato caSlBl
p
que .determinou que um grupo de atamos se pusesse
a girar e enclausurasse outros e mais outros?até
que viesse a formar=se a massa rotatória gigan =
. ? ?
tesca? que e o nosso cosmos() Mas nao existe mn
princípio do movimento circular; não é atribuí?
do·a uma causa simbÓlica? seja a alma do mundo
j
seja algo que se assemelhe ao que chamamos deg?
vitaçãoº Compreende-se perfeitamente por que no
sistema atomista não há êsse principiog é

por
? "" \ ú' 1

nao ser necessario; a rigorj nao ha o que expli o

1.
carº O movimento circular é apenas um acidentej
?ma perturbação da translação retilínea, e, sen=
do tão espontâneo quanto estaj não requer nenhu=
ma explicação especialº Não form$. uma nova con-
dição de mobilidade para os corposº ?stes so-
frem apenas uma coação ac í.den ta I , ao serem forç.§!:
- 508 -
dos a-girarj mas não existe a noção de que.o .?uni=
ver-so , em que se passam as revoluções periÓdic as
,
seja um·universo diferentej que adquiriu uma
condj
ção nova, a posse de uma estrutura
ordenada,
O signo da casualidade acompanha sempre
A
todo o devenir mecanico de Democrito; <P
A
= para ele?
nao existe jamais ordem na natureza; ha.apenas.
? -

o
acidente de estarem as partes materiais d í.spo s as.
do modo real que pe?cebemos;; mas podendo a
f
qualqi..E:
momento., pelo mesmo acaso por que se geraram? des=
fazer=seo Ora, nio havenAo .a noçio de .estrutura-?.
não pode haver clara compreensão da lei
de-inérciac
Não estando o urrí.ver-so subordinado a uma
condição
ordenada j que prime pelos movimentos c í.r-cu-.
se ex
=
lares dos ceus j nae "
.

tY

ha o reconhecimento de um es ta:
do caótico distinto;e nem mesmo se pode definir
, A #
um
A
regime mecanico comq proprio a esse estado primiti
,I' •
vo? Para Democrito? dada uma massa corporea t?

? em.r.2
#
taçao? a qualquer momento um ·dos seus atomos
.poda
escapar do aglomerado e retomar a liberdade
de :tm2s
seguir em movimento retilíneo, a f?rça que
o ret1
nha era simplesmente a existencia dos nelosu
Ao

e R1lgaJ].
chos " quej pela pura casualidade do encontro das
liências de um com as reentrâncias de outro,
?
o man
? ""
tinham ligado a moleº Nao se pode conceber nada
A
que se assemelhe a um campo de ?orças? =
porque nao
existe uma determinaçao r-ea.l , uma razao.
= -
de ser- lo=
, .

giea ou ma.temática, que nos·conduza a.


"'
pensar, em
=
carater estavelj a ligaçao
,f'
o ti'
de um atamo a uma massac
= 509 -
No modêlo democrÍtico, podemos imaginar um átomo
passando em movimento retilíneo na proximidade de
uma massa ingente em rotação, sem que por isso·
a sua mobilidade sofra qualquer influência da?
te. da massa continuará no seu· ea m í, nho ,
maior;
sem qualquer inflexão, o que mostra que é supos-
ta coexistir a autonomí.a do movimento de cada?
t:Ícula.com a presença de massas enormes em rota=
?
t If
çao?-· ona , es a arnagem e de todo incompativel
Q
?
eon
o conceito de i?ércia?
A possibilidade de os átomos se desli-
garem de todo em rotação e readquirirem a retili
neidade é expressamente concebida por Demócrito?
Com efeito9 Diógenes Laércio refere que, forma=
.

- ttA
do-o primeiro turbtlhao, em consequencia da mul-
... , "" .,.
tida.o de atomos, este nao podia girar equilibra=
"' .,.
damente '.7. e en tao os a tomos leves e scapam para o
exterior, Íq-"ffÓ7rwJJ fl dtÕ( 'To 1r)...jio?
?7 K.É\ ,,
é
ô.U,; ? WY 11'"Ep,te'f er/)c1.1.,) T?
\
OCJA-
' L,, I
êl? t» e. w K£Jlo)1cEsta con-
1 .,
?EJ) t\ETr-ro( x_w p E ZY
"" / { /
cepçao e incompativel com a ideia
e
de um estado
ordenado', .defini tivamen te .
cons ti( tufdoC)
No pensamento democritic? o movimento
circular nao tem, poisj nenhum cara"t er especi"r 1-
N G

cio, e nenhum átomo ou corpo composto que o exibe


est? realmente determinado a ?over-se dessa for-
ma; é sempre possível pensar que se desfaça a
revolução periódica, porque esta não é concebida·
como representando um· estado racional que não po
= 510 -

de de sapar-e car , f
justamente o realizado-. a ter
significação do movimento circular,·como expressão
da ordem racional da naturezaj que permite-a
Pla=
tao pensar uma teoria mecânica que
compreende-ver'?
dadeiramente o principio de inércia? -Para Platãoj
a hipótese de Demócrito? da espontaneidade
do movi
mento curvilíneo? representaria a eliminação
da
causa r ac í.ona L, do Noüç
-

que realiza
j um-cosmos
ordenado? seria
e a suposição de que .a nat?reza ej
tivesse ainda sob o domínio da Necessidade o-Vê .que
nessa hipÓ,tese o movimento circular não é explica=
do , mas tomi?t;,=se como algo derivado
do estado anbe
rior de maior generalidade
j segundo um. .mo Lvo de= t .

clarado; apelar para o_acasoj como A


"
?endo esse mo?
""'
,?·
tivo e;y para PLa táo , procurar sair do ilogicoo
com
t
_
_.

o auxílio do ilÓgieoº poãs


£iear-? , em. uma si tuá
ção de irracionalidade permanente? que_
Jus.tamerrt é-
a doutrina física deve superarº
Das duas espécies
de movimento, tem caráter de primordialida?
s.Ó uma
de; Demócrito, ao corrtr-ár-í o , sem dar uma r a-z-.ã o
plausível que permita superar a primeira
""'
co?diçáoj
considerara tao primordial
,P

uma como a outra$ Mas?
dêste modo:, não há distinção entre
estados da.natu
reza g um, imaginário? o desordenado primitivo.;-
OJ!
troj realj o ordenado atualº Ej não havendo esta
distinçãoj ?ão há definição da inérciaº
Por isso dissemos que julgamos licito can
jecturar que foi
para refutar o sistema democrf ti.,., ··

eo que Platão se pÔs em posição de conceber


a lei ···?
- 511 =

;
de inerciac A
t
O a omismo e para ele o grande erro
o , A

filosófico? êrro que, na terminologia vulgar CO!,


rente, se cos tuna.'. chamar o '8materialismo mecani
c.í.s ta" o- .A pretensão de tudo explicar em t?rmos
da-mobilidade irracional parece=lhe vâj a dis?
ção e:r:it.re racional e irracional, ou se ja , entre
duas formas de causalidade, -?, a seu ver9 impre.§
cri tivel?
porque se trata de categorias supremas,
necessárias para a compreensão da realidadeqJl fÍ
s í.ca .atomista Lgno'ra a causalidade rac í.one I fin-ª
,
lista? isto-e, tem da .na tur-s za uma - ?
vi-sp.o_nao a-
.

p ?
xiologica? o que r?presenta para Platao a perda
da inteligibilidade? A alrp.aj que na teoria pla=
A.o ? ?
tonica e o simbolo e o veiculo
JI- '-
da Razaoi, ? redu=
-
zida_ .por DemÓcri to à mesma condição material que
o corpo;
= , .

sao atomos,.apenas mais roliçosj


.

mais
sut í.s , que f'ormam, e o ser v í.vo , ,
a. se_ a possuf.,«
porque de contínuo aspira do meio ambiente êsses
,rPt
a.
1:
omos anamacº º
oe que, .poro serem mais eves i,
..

l º
anva-
dem e -mobilizam o corpoº .Demócrito pretende ex?
&\
plicar a mobilidade autonomica do ser vivo. como
resultado· da mobilidade da Alma? A Alma seria,
assim.j um principio de movimento· para o eorpo a
, ·? #
que. esta. Lã gada , conforme depoe A.ristoteles (163)s
segundo o qual DemÓcrito·teria dito que a Alma
.R ,
era formada de ?tomos esfericos e que, devido ao
si
,·.
'.
,p
seu incessante movimento, arrastaria atras de
o corpo ej desta forma, seria a causa do seu mo-
vimentoº
- 512 -
Esta simples aceitação da existência da
alma não cria para o sistema democritico nenhuma.
aproximação com o pensamento platónicO·i ao contrá -

rioj serve até para separá-los mais ainda9


""
pois,
,p
em primeiro lugarj nào existe em Democrito .,
a idei
a de uma Alma cósmica e além do mais9 a alma
de
que ê1e dota o ser vãvo , Platão não a .julgaria
r"ª
cionalj porque não é definida por nenhuma propor?
? -
çao imanente e nao
·
.,
e tomada como um vetor .de de -
terminações matemáticase A necessidade de imag;i-
nar uma Alma para o universo é, imperativa-1 do
.

---

A po,n
to de vista platoriico,
-

se quisermos superar -o.do?


mÍnio ilógico do- cacs , Para Platão? Demócrito co.
mete o erro de ignorar que o universo e, um
A
-e

A
cosmos;
o que equivale a concebe-lo
- ·

ainda como um caos,por


mais absurdo que possa parecer, um caos
d af'a r çada f ·

se quisermos j mas ainda um caos ?


, porque nao h' a pr.m.
Q

cÍpio de ordem racional que o


distinga<>
Por tÔdas essa! razões julgamos não
·

ser
táo seguro9 como poderia alguém
supor, existir em
Demócrito a-concepção da inérciaQ
A simples reti
lineidade· da mobilidade
espontânea dos átomos-não
basta para cb.nstituir uma
antevisão do principioe
Falta-lhe o i?ntido, que tem
Platão, de discrimi-
nar a ímagem ideal do caos
do quadro real da ordem
·universalº t curioso constatar que um sistema-e?
clusivamente mecanicista como
o atomismo, aparen-
temente tão simples, não podia conduzir
à forma -
ção da ciência mecânica;
faltavam-lhe as noções de
.

-? --
..-- .

- 513 -
quantificação do fato fÍsico e de
regularidade
do deveniro O de Platão) pelo
contrário, tão?
volvido nas nebulosidades da
fábula e da poesiaj
era r-í.co de um conte-Údo que
viria a dar origem à
ci;ncia modernaº t
que reconhecia o prima?o
da
Razão e estabelecia um regime
de movimento dela
dependente e

§ 9º - Arist6teles e o princípio de
inércia$

Quanto a Ar:tstóteles já dissemos


a .sua ft'1s1ca e, ra d"aca.unen t e 1.ncapélZ
o
que 1

dº" ºlº
·· "'l ...

- d e concJ?. 1-
arpse com a .noçao .e 1nerc i ªº º -
Aº1nadm1ssao da
espontaneidade do movimento corta tbda
possibi=
lid.ade .de vir a ser reconhecido esse·
A
<
·i_)rincipio e
Más o que é indispensável
assina:fpr? qoo r.ão só n?
podia ter lugar na fÍsica
aristot?lica, como A=
ristóteles enuncia o princÍpio para
_, - rejeitá=lo.
(
E da?se entao esta curios1ss1ma o .,,,.

, situaçao na h?? o

,
toria da lei de inerciai Platao,-
que a compreen
deu, não a enunciou9 e Aristóteles1
que a enm1= ·

ciou, não a comproendeue


IV da FÍsica9 Aristóteles9 a
No livio
propósito do problema da existência do
vazio?dis
cute.os argumentos que o levam a
concluir pela
impossibilidade do vácuo absolutoº Considera
que mui tos fÍsicos ace í tam a noção do va aí o co-
mo condição necessária do
movimento; mas9 a seu
verj a admissão do vazio viriaj precisamentej to1:
nar impossível a existência do movimentoº Tendo
tid.o a visãoíl que não soube aproveitar?-da d.istin
ção entre o movimento e o repouso como estados?
procede a demonstrar que a hipotese do vacu.o tor=
tJ ,
nar í.a imposs!vel tanto um como o oubr o , O movi =
mento? quer natmalíl quer forçadoj seria impossÍ=
velj porque,> par a o primeiro tipo1 não haveria d?
terminações precisas de lugar a que se dirigir s ·

num meio homogêneamente nulo? e? para os projeti? ·


•.
N
nao haveria resisteneia do ar que originasse a
.
cf!:.

?., I I
()(v,{.7T£f'tr'Z-tXõl? ea Lcarrte , Mas e ao demonstrar a
impossibilidade do repouso que lhe acode, sob a
,
torma, de argumento por absurdoj a formula do prin
, caa n ,
a 1'
e º
em dºa ss o, rn.nguem po d er aa dº
º
c1p10 d e aner s
o ·
º º
l.
?
zer por que o movel parara ,fl
em algum lugar; por que .

haveria de ser aqud, de prefer?ncia a outro ponto?


de modo que ou estará em e pouso , ou nece ssâr-La = r
mente se deslocará para o infinitoj se algo mais
' ,,
Er, atrorecç
?/ :, .,,
r orte
.. oo .

o nao Lmped Lr-" ? E.,xot


W->'
e?1TelY .ft<( 1;/ /(LJ/?j &eY <rZ-1/TETrtÍ 7rOV • -r/
t,«f }L-?Á?O)) Êvz-«v?? ÊYrcxu6o< j tiJo-z-'
f)i,'jlf,-?
/ I
11
)\
f
>
,,
f
?\ .:, s I I
% ,? O-Et
1J Et?, «tr é e J).- O( Y <XJI K?
o ? (?Eõ?t¥-l,
!,
"3

E «JJ trc el'-fr,º 215a,19).


«n Kf,,u r,z-o)l(Fis.
Verbalmentej a formula contem a expressão da reti
lineidade necessária de um movimento a que nada
obsta? Apenas no sistema de Aristóteles é essa.
uma simples imagem absurdaj que.se destina a ser
rejeitada9 uma vez formulada$ A noção de inércia
= 515 =

é totalmente incompatível com o sistema


A aristoté
Lí.cc , embora nele figure a formula
?

nunc.í.a ,
J
t ,
vazia que a e
possível portanto dizer
?
que em Platão"'"'"'
ha o conteudo? sem a formula; em ? #
p .
Aristoteles ha
?
a formula.9 sem o eonteudo(>

§ 10º = Crítica de uma


referência modernag:..

.... .. Não-.pudemos encontrar? entre os comsn-,


-

tag.ores. modernos da f'Ísica do Timeu? nenhum


que
faça especial menção da concepção
da inércia em
?latão9 exceto? p?ssagem secundária9
e em tom
quasi indiretoj de.uma obra de So Milhaua<164):
,..
contudo nao A
achamos que este autor esteja apon ?
tando, corretamente o
prineÍpio de inércia em Pla
tão? Não encontrou certamente os trech0s
essen-
c í.a í.s, mas parece que está já referindo=se
A à eç,
xistencia da lei apenas em_uma de suas A
c?nseque?
eias? De :ra.to9 discutindo Milhaud
a questão da
natureza da 7-d.J o ó( s f'ica impressionado? como
e evidentej pela Lsemelhança da concepçao
$'
= A e

t
platoru.,,
ca 'com .a cartesiana@. sabido que essa semelha!!
,
ça e real e que uma das solidas
,P ,,,,
interpretaçoes?
, ,
.

que se pode dar da natureza do receptaculoj e eon,


.,,,
? o
c.eitua=lo como a mataria extensa.o ;
Nosj pessoal=
.

mente? preferimos não partilhar dessa


concepção?
pelas razões que expuzemos, porque pareceu=nos
que a noção do receptáculo é antes
de tudo um fbn
damento imaginário de dois conceitos
distintos,
o da extensio e o da corporeidadeª R
So o fato de
.... c,i' -
ser tomada em accpçao •
ra.s i.ca concr-e tt: a
.. a .noçao dt&.

,<..we(Â. é que obriga a fusão dos' dois concei =.


tos , Em Milhaud, porém, não sendo devidamente coo
? ,
eebido·este aspeeto abstrato do receptaculoj mas
antes admitido com demasiado car á ter fÍs Leo 1 é r-!ê.

tural que f!,S duas noções se fundam e delas resul


A
te o conceito de substancia extensa, em tudo se?
melhante ao de Descartes" A serae Ihança a.inda se
acentua porque ambos os sistemas são mecanãc í stas,
Em. Platão? como em Descartes? não ex:lste a noção
A "'* A
de :torça; tudo se explica por açoes mecanica.s en
O

tre as partes ma te r La.Ls 9 de modo que fa tos entre


-
si tao diversos? como por exemp.Io , a manut ençao
@

- ,;\
da respiraçao no? seres vivos e o movimento dos
.

projetis9 se explicam pela mesma concepção-da


I ?
fr£[) lWfTl? s que Aristoteles recebe e aplica
A
em maã.or eacaLa , Ao defender o mecanicismo plato
nico é que Milhaud? para manter a analogia com a
fisiea cartesiana? se esforça por mostrar que um
segundo principio que encorrtr a na. dinâmica do .=
Ti=
meu,= o da tendência das partículas semelhantes
t,
d a ma eria a se reunirem em um mesmo lugar= nao
o o r-<>

constitui uma derrogação das concepções mecarrícíg -

tas E diz então = i8Il s I agi t 1à pour Pla ton cfiJ:le


G

proprieté inhérente aux corps, dffun état de natu=


re qui? loin de se produire et anexercer son ac-
tion dans tel ou tel cas aéterminéj fait partie
in

t' ?
egrante de la rnatiere elle-memeo C'est
A
une
- 517 -

tendence qu ' il est permis


de ?approche1? de 1' ... i
nertie de Descartes, laquelle est la tendence de
e"
la matiere
... / ? ,'
a perseverer dans son etat
.

de repos
ou de mouvement0•
A ·,
Bem sabemos que de fato ha este prine?
(

pio na fÍsica. platônica, parte da herança empedo


clina que Platão recolhe com? formando os conhe-
cãmennos
º
u eis
. ?
't t ,.. , A
.

d o seu empo; mas nao e ne Le , de


.

modo algum, que está contido o pensamento do pr.iJ!


cÍpio.de inércia que reconhecemos e?istir na co?
mogonia do Timeu. O principio da convergência
dos semelhantes não define expllcitamente a reti
lineidade dos movimentos das part!cu+as, e dêle
não se pode tirar nenhuma das demais implicações
necessárias para formar o quadro da concepção da
inércia, sendo ademais complica.doj como o reconhe
ce Milhaud, pela noção de lugar absoluto comotêr
mo da tendência do movimento& Havendo no diáloª
N
go uma concepçao inequi? voca do pr mc
• ?o .f
a.pao de ine1:
eia? como a que resulta da comparação das propo=
siçÕes a) e b), na forma em que acima fizemos,
não se compreende que uma declaração se apoiene?
?
se detalhe da fisica do caos, que, a 1' em do mais,
o

segundo nos parece j não tem a significação pre - .

tendida por Milhaude .Com efeito, a concepção da


• , º ,
?inercia e a de uma lei de natureza exc 1usivamen-
·

te.dinâmica, inteiramente alheia a quaisquer re-


fer?ncias qualitativas e incompatível com noções
como as de tend?ncia, finalidade, etco Se Pla-
- 518 -

tão concebe t
a mobilidade da s par e s Semelhantes
como dirigida para um lugar comum9 e, de crer
que
isso já represente um estado ulterior .na
evolução
do seu conceito de puro caos9 porque neste nao...
se
podem dar determinações rinal!sticas como a
que
compele os semelhantes a se agruparem. Além
di.§.
so? no caos originalj onde as partículas se
mo -
vem seg1mdo as seis direçÕest é claro que
uma pa?
t!culaj que casualmente se deslocasse em
sentido
oposto ao do lugar que lhe estaria
assinalado1sÓ
poderia atingÍ-lo, na hip6tese mais
simples9 por
uma trajetória curviiínea; oraj isto
seria a ne-
gação da lei da inérciaº
f possível que
Platão tenha procurado,na
teoria empedócliana da eonvergênciá
dos semelha,n
te?, um intermediário entre o estado
caótico pu-
roj de exclusiva mobilidade
inercial? e a orden?
ção da natureza. ?apresentaria esta noção nova.
A -
começo de organizaçaoj -
l'.illi
pela recepçao das dete?
minaçÕes de lugares finais na
massa. informe; mas
por ser uma direção definida
em vista de uma fin?
lidade, não se pode deixar de
identificá-la como
j& sendo;; de um certo modo.não
declarado, um co?
mêço de influxo racional.
E se as partículas se
projetam para o lugar dos
seus semelhantes por
uma translação retilinea
o que pode ser perfei-·
?-

tamente admitidoj não é


- aquÍ que se nos depara a
expressa.o e o fundamento ? ?
do principio de inercia1
mas antes 9 porque a
mobilida·ae espontânea dessas
....
519 -
partículas já
era anteriormente concebida como 1
nercial? quando ainda não havia determinações dos
,
seus lugares naturais, e quej quando estas apar,.2
.

A
cem9 aquelas se transportam para eles com a reti
lineidade que já possuiamo Julgamos? pois? que
Milhaud se apoia no que é um eventual aspecto.oo,a
servado de uma concepção precedente? quej esta
sim?_cont?m de fato a noção da lei de inérciaº O
paralelo entre Platão e Descartes é leg:Ítimo;. em
ambos. se encontra a concepção da primeira lei da
, ,
À N
dinamica; mas em Platao e preciso ir
busca-10,ao
que nos parece, nos trechos que indicamos, quan-
do ?xaminados à luz de sua teoria eosmogÔnica ge
ra:1.

*'
* *
- 520 -
CAPfrru10 VII
A TEORIA PLATÔNICA DOS CORPOS
ELEMENTARES

§ 1? - A teoria do caoso Necessidade de


....
(
coneeber,uma evoluçao nesse periodo.

O princípioda convergência dos-semelhan


te$ proporciona-nos a ocas rao
' o.., ,
"lit armos a? ana-
d e vo1.
_
·.
.

lise do textoj na parte em que prossegue na


des?
crição ào estado caótico? e de averiguarmos.como
se podem interpretar algumas de suas.expressõesº
Segundo o nosso modo de ver, já exposto,
o' caos -

,,
ao contrario do que se da., com o
,--
?
receptaculo1 que
t
é UJn simples concs í o , tem o valor de um estado
fl
sico ideal? precedendo o da organizaçãoº
Masj na
descriçio do caos, Platio J levado,
pela atmosfe-
ra do mito em que se envolvej a perder a imagem
A
diuamica rigorosamente inercial9 de que par-t e .e -

,
a introduzir um inicio de
organizaçãoj caracteri-
"'
zada pelas tendencias .

dos corpos semelhantes a -se


grupareme Tudo nos leva a crer
que nessa descri-
ção do caos, Platão associa
imagens representati-
vas de estados'de complexidade
crescente, de modo
1 izer que o c?os e, o termo
a ser passiveI' dº A
gera 1 p?
rc3;. um período de evoluçã·o
imaginária.21 em que se P.Q
deriam descrever graus de
complexidade e que se
caracteri.za? em conju:r.1.to9 A .

pelo fato da ausenc í.ade


racionalidade. O caos vai sendo
concebido'com?o
521

gressiva complicação - complicação, não


que termina justamente quando, um grau a
o o ,
adquirisse, seria Ja supor a posse plena
..
zao ,
Todo o período ·do caos é sem dÚvida iL
-
racional, mas nao e isento de uma possibilidade
, o

.de preparação para a recepção da alma organizado


ra{j .
Por .e s ta hipótese desfazem-se mui tas da.s qees
tões embaraçosas que se nos deparam quando anali
, f
samos O- textoe Nao e possivel
tr,d .

conceber tudo que


Platão. .nos diz do estado cao ãco, enquanto
A
,I'
t con?
',

tttihdb aspectos simultaneos de ·uma mesma realida=-


.

deo Sentimos a necessidade de introduzir uma s.:g


º , ,
cessa viºd a d e cr ono 1,1'og rca
e ·
e.

, amag mar aa , e e aro, pa.


º ,,
l
ra distinguir como etapas as diferentes represe.,n
- ? - u "
taçoes que nos sao dadase :Plata.o nao o declara,
mas é indis.cutivel que nos podemos representar 1
de forma muito mais eoerente9 o mito do caos, se
o .tomarmos como um per'iodo gera11 aaraeterizado
pela condição ·Única de estar ainda sob o signoda
Necessidadeº Podemos suspeitar que,eertas razões
teriam-levado Platão a pensar o caos como avan-
çando para um estado de ordemº
Em primeiro lugar, para estabelecer
mais rigorosa a distinção entre a sua concepção
e.a-de Demócrito? Ambos concebem algo desorden?
N A
do na origem; mas Platao deseja dotar esse esta-
do, ainda na vig?ncia da irracionalidade, de uma
cer ta disposição·. precursora da :fase ordenada fu-
- 522 -
desde logoSl a sua concepção do
·caos poderia distinguir-se dq atomista9 que nunca
se eleva a uma determinação racionai.· Além
·. do
mais? a tendência do-seu espírito a não estabele?
car gradaç5es violentas, mas a intercalar
sempre
intermediários entre estados diferentes, o leva -
ria a pensar uma preparação para a recepção
?os
efeitos plenos e ?ltimos da alma, po? meio
do que
A
poderiamos chamar de influencias
• •
organizadorasp?
liminares. Parece-nos que o dificil da questão
,
esta· e
em determinar H
o momento da recepçao da alma,
ou seja, em definir qual estado é o do caos
quan-
do a alma lhe é imposta; ora? julgamos
que a essa
questão se responde, declarando que a
alma encon-
tra o caos da pura mobilidade
inercial, onde a.s
partes se movem em linha reta e
uniformemente.Mas
Platão reconheeerá que se encontra
em situação con
traditÓria, porque de um 1ado não pode
definir u-
.ma cone
N
ai çao e ?
que possua Ja um cer o sen 1· •
t t f,

d o a.s i.co
e um regime inercial, sem
partes materiais a SE:.&!!
Locar- e, de outro lado, não quer dar índa
a . como
realizados corpos definido?, uma
vez que só a al-
ma traz as
determinações que os compõem, e esta
ainda. não chegou. No embaraço, imagina
então es-
ta coisa imprecisa que são os ''vestígios" ?
(53 b 2) do
l Y1J JC
fogos do ar, da água e da terra, como
uma
to
realidade já definida
de poder ser-lhe atribuida
li t
'qua ta í.vamen te , a po.n
A uma determinação?
?
u
.

canica, mas nao ainda completa, por nao. ter sido


- r::23 -
ainda constituída materialmente pela ação
na.I.,t evidente que a imprecisão que nos esfo1:
gamos por .reduzir a uma noção clara não pode ser
ràcilmente eliminada da nebulosa platônica.
O resto da teoria do caos prosseguene.§.
ta mesma base de imprecisão e de.incoerência 9
porque o caos vai sendo progressivamente imagi-
n:a.do e om detalhes que, com todo o direi to, dev.,2
? ,
riamos supor que so·ª a 1 ma poderia ter criado.
Poderfamos imaginar wna destas duas hipóteses;
ou admitir que a alma má, que rege a mobilidade
, , A
do caoss e tambem capaz de produzir fenomenosde
organização e de introduzir certas determinações
" ,- e d
ordenadoras, como o principio
A
e convergencia
dos semelhantes, ou supor qu.e os efeitos da al-
?
ma racional nao se estabelecem de uma so
,
vez,
mas podem ser supostos instalando-se progressi-
vamente7 e que, só ao ser recebido o mais impo?
tante deles, o movimento periódico dos eeus9 se
pode dizer plenamente organizada a natureza. A
não aceitar nenhuma destas hipóteses, temos de
N ,
confessar que a contradiçao esta no amago
Â
da?
,

rativa e que é uma ·veleidade da nossa mentalida


·

de racionalista querer levar a exegese a distin


,
guir e esclarecer, ponto por ponto, o que e ape
nas um amplo entrelaçamento de mitos.
A primeira hipótese merece ser rejeita
,
da , a nosso ver , Nada indica que a alma ma , da
qual não se ?ala no Timeu e é a antítese da psi
... : ,.
.

- 524 -

que cÓsmica1 possa ser dotada de ação organizado


ra pré=racional; seria destruir um dos poucos ?n
tos seguros -
.interpretaçao If.
da platonicaj a disti!!
ção entre as categorias opostas de N oils e
"Av rJ1 •
.

K'}J
A segunda hipótese 9 sob mui tos aspectos
mais plausível que a primeira,$) não é contudo in=
teiramente admiss!vel9 porque destruiria a .noção
do caos irracional; permitiria explicar o apare?
cimento dos corpos na fase· caó í- ca , mas nao e, con
(?
t IS#

dizente com o conjunto do sistema e terminaria


por fazer desaparecer a demarcação entre o .caos
e
a ordem; levaria a crer que o universo teria: sur
gido de uma evolução concretaí' no sentido de ser
reconhecido o valor d.e processo9 embora imaginá-
r í.o ,
ao mecanã smo que ·permi ti:ria a dedução da
_O,!
dem do caoso Temos ent&o de tomar uma
atitude,
que outra não pode ser senão a seguinteg
o nosso
.

A A
conhecimento sobre o caos permite decompo-lo em
pelo menos dois momentos diferentes,
mas? apesar
de o. segundo fazer supor um pr enúnc í.o de
organi-
zação, por conter aspectos que deveríam exigir
&\ _y.
ma influencia racional, nada
nos permite dizer qQ
mo
A -
- de-
aparecem esses aspectosj a que causas sao
ví.dos , Contentemo-nos em conhecer os diversos es
,
tadios do caos e aceitemos de bom
grado a impos=
sibilidade de solucionar certas questõesº
- 525 -
§ 2º - O aparecimento. dos corpos
simples
e a imagem do caos

O principal problema, como dissemos? é


o de situar o aparecimento dos corpos simples0No
primeiro estado do caos? a definição do regime
• • 1,
meean1co inercia e.o mo t•ivo principal e e, féita
A º .

A À
sem referencia a exã.stene ía de corpos o
-

no
Mas
segundo estado, que agora nos ocupaj já se eneon
tra definida uma situação pré-organizadaj que é
? A
concebida como uma condiçao vestigial da existé,!l
eia dos corpos elementare_s ª :t a· partir desta que
o Demiurgo, tomando em mãos o existente, trans=
forma?o em um terceiro estado, ê:ste já racional,
pelo ato com que configura os corpos primitivos
em númer-o , forma e pr opor-çâo ,: festa a primeira
geração, antes aludida, que é já a raciona?idade
da constituição da matéria, mas ainda não é ger?
ção da ordem universal, que só se faz dando a pr.!
meira por suposta.
Neste segundo estado do caos, a imagem
apresentada é a do espaço já diversificado pela
presença das qualidades que definem as quatro e?
péc·ies cor pór easDissemos antes que isto supõe
,

a passagem do conceito de receptáculo ao de caos


fÍsico; ?ste com?ço de geraçio dos co?pos compl&
..

ta-se na fixação;definitiva das espécies pela ac,


ção do Demãur go , O espaço apresenta
r-ac Lona L e,n
N A
tao a mais completa diversidade de aparencia,
- 526

'/lo<.J/7:o <Joe 7T b;)


conteúdo são
)l£V t de'ZY cc Í J) e tr?o< l

qua Lí dade s ÓvJJ?E.tf, que nem


,
rº o seu
são
semelhantes nem equilibradasº Nesta primeira ima=
= ?
gem (52 e)j portanto, Platao considera as especies
pelo seu aspecto qua Lí.te tüvo
Para isso bastou. que ,
Â
supusesse9 como fez na frase anterior9 que o rece?
, ?
taculo foi tornado liquido, t .

igneo, terroso e gaso?


so, porque dêste modo já transpõe os limites que
separam a concepção do receptáculo como fator e-in
gressa na natureza fis'i::!ao Mas abor-da-a apenas pe=
lo seu lado qualitativo; vé a princípio só a exi..2
tência das qualidades do fogo ou da água; imagina -
A
.

A
como se tivesse adquirido um começo de exãs ten
·

eia
, .
fisica o que ante? era concebido como simples re=
.

·""' ,,,
flexo no espelho da extensaoº Agora Jae poss1vel { o .,.

falar de algum modo , com sentido fÍ.sico'j do fogo ou


da terra e j? se podem conceber as primeiras. li-
nhas da teoria da natureza como aplicadas a algo
que tem a capacidade de apresentá=laso
Assim, não serão ainda os corpos comple=
tosj mas as suas representações qualitativas que
vão figurar nesta descriçãof} Com isto não se per=
de o sentido ( fisico A
do concei bo , porque no am bet
1 o
A
dessa imagem podem ser definidos os fatos mecani =
.

cos? Como Platão está prêso à duplicidade de.fatô


res cosmogÔnicos e a criação dos corpos é evidente
mente um produto da Razão1 vê-se obrigado .a não po
der fazer figurar na imagem do caos os corpos " o
Ja
constituídos; para evitar a contradição que seria
? 527 -
sup or tun efeito da Razão antes que esta se a=
? =
presente e que se gera esta complicaçao ?
de s1mb2
los e -de image?s quej a nossos olhos, longe de
contribuirem para o esclarecimentoj servem ·ape=
nas para agravar a nossa dificuldade de conceber
o estado eaÓticoô
.

p ?
que importa? porem? e que9 seja qual
O
A .!' 0 A
for a ideia que formemos sobre os aspectos par=
.

tieulare_s- do estado do caos , ou a respeito da sua


situação. com relação ao, a to criador dos corpos .

9
há. u.maimagem geral em todo o caso satisfatoria=

mente. clara? estamos em presença de uma multi=


plicidade.diversificada e diviscio O conteúdo é
dãver so , 'po í.s aí estão representadas
tÔdas as qq,a
lidades que mais tarde serão exibidas paLos eor=
pos. ej ademais9 há um estado de divisão que nos
permite falar partes
ou partículas no :inter:ior
de
do e spa çc , .!ste Último aspecto poderia induzir
- -

"
a.uma aproximaçao com a noçao de atomo democriti

"
coj.mas nada seria mais improprio? º
A r gorj o
.,.

i
caos platônico é o oposto do concebido no siste=
ma . a tomí.s ta ,
Para e omeçar , em Platão 1 o es paço
. .
J'
baoticoj na fase em que ja sao_supostos os cor= ,iP A,

pos .elementares, é um plenum, nêle não há vazios


ou interstícios,; ora, o vazio é um componenta eg
?
sencial da imagem democr1ticao
,
.

Alem disso? a SJ;!


pormos uma fase.anterior, as partes que existem
no caos platônico não são atómicas, n_o sentt d o
et1mo1Ógico, pela simples razão de que são uniC-ª.
- 528 -
mente concebidas na ordem da qualidade? e, não e-
xistindo determinação dimensional, não há como su-
.,.. " ,, ,,,
po-las nem secaveis1 nem insecaveis; o atomo
o
de
"
Democrito ej pelo conta-ár í,o
di'
.I' • • ,,
Lns ecave L em
-
zaz a o
,

de ser uma unidade quantitativa? Justamente1- se=


gundo julgamosj para fugir a uma aproximação com.o
materialismo atomista é que Platão s? decide-a de=-
finir um caos de qualidades móveisº Platão-prefe"!'
re permanecer nesta noção abstrata a. eompr.ometer_.o
seu idealismo num modêlo que-fàcilmente se prest?=
ria a ser tomado como de inspiração materialistaoA
diversidade qualitativa. é perfeitamente-representá
ve1--e,-quanto à multiplicidade exigida
para a-veri
ficação do movimentoj podemos formar dela um con -
ceito satisfatÓrioc Sem pretender resolver todos
os problemas que se pÕem a respeit9 da natureza que

"
. i...,.

se agita no caos primordial1 podemo s+eorrtudo e Labo .

rar modêlo pelo qual é possível aludir a certos


um-
fatos mecânicos e tornar representáveis certos pr:iJ1
c:Ípios fisicos º.
§ 3g - Dois novos aspectos da teoria do
caos\)

A concepção seguinte, relativa ao recep-


,, ""
taculo e as partes que o enchem, deve ser entendi=
da como uma fabulação que não revoga a imagem ante
rior do esta?o im.cialj mas representa um passo a-
vante na evolução do mi to do caos , g que-_há novos
.
?---

- 529 -

conceitos a apontar, e por isso são necessárias


essas novas imagens? Mas em caso algum pode es
I
ta passagem aer tomada como uma o.bjeção ao E"?St.s;
111

belecido anteriormente. É que estamos avançan?


do na aquisição de conhecimentosj e o que a pri
?I
mitiva imagem do caos retilínea não deixava en-
trever pode .agora ser sugerido pela representa-
ção artificiosa de novos modelosº Na verdade,
, ?
ha uma.. importante tese que Platao tem em vista
e precisa apresentar desde o inÍciog a da con?
gência dos elementos em lugares naturais; sendo

(
ela -ineompat1vel
.
?
com a descriçao primeira do
caos 9 é agora introduzida por uma ·modificação do
·

modêloj sem contudo deixar o domínio da Necess,1


dadeo
A essa tese se aerescenta outra não meaD
nos importante e que nao
? ,
·frequentemente estu=
e
p
dada na ?nalise da f1sica pla tAon1ca; a d a nece§_
< o

sidade ·da heterogeneidade para a manutenção do.


movãmerrto ,Platão .reserva a apresentação desta
Última doutrina para uma passagem ulterior 57 d
·

. (

= 58 e), mas desde logo quer fazer constar domQ


dêlo a condição de heterogeneidade que, transpqt
tada para o mundo organizado, será a causa da
permanência das transformaçÕesG Prepara então
êste segundo modêlo do caosj de modo que nêle?
gorem desde já as condições que exprimam os prin
cÍpios fÍsicos contidos naquelas teses?
Para isso1 imaginará (52 d - e) o re-
- 530 -
, -
ceptaculo -como nao equilibrado? em virtude da des
o

f
.,

semelhança e do desequilibrio das partes que o e.n ,


A é?

chemo Deste modo'.? o espaço todo sera sacudido iJ;:


.
.

A -
:regularmente em todas as direçoes,, e? abalado por
?
esses poderes e pelo seu movimento, abala-os por
sua vez o As partes s que s·ão assim postas em movi
efei=
mento, separam-se umas das outras, como por
to de uma peneira de joeirar ou de outro instru=
men to usado na depuração dos cereais g as ·partes le
ves separam?se das mais pesadas, as que são
den-
sas e pesadas vão para. um ladoj as _leves e
rare=
feitas vão para outroo É isto que se dá no caso.
do recip:tenteg as quàtro espécies são sacudidaspe
,
lo receptaculoj as dessemelhantes separam-se o

mais possível urnas das outras e as semelhantes se


,
uma so massa , cada qual ocupando urn lu
agrupam em
gar diferente., A
?
Nao
?
resta duvida o
que toda esta expos í, ....

ção tem uma finalidade prescrita? a de introduzir


o principio da atração dos semelhantesj- a que Pla
ç,. , ( e o

tao dara valor no detalhe das explicaçoes f1s1casº


?ste principio ·é tomado sempre como evidente.j poís
.n ,. ? A
nao so aquij como em todas as ocasioes em que apa
=

rece? não há nenhuma tentativa de jus?ificá-looOb


servemos contudo que êsse prlnc:Ípio não é um p:rin
c{plo racional; subsiste no universo organizadoj.

mas nao e produto da ordem trazida pela alma; taQ
#"1

to assim que o encontramos vigorando no universo


caóticoº Como essa· procura das partes semelhante?
= 531 =

de umas pelas outras9 implica em deslocamentos?


para indicar que se trata de um princípio
primo£
doia 1 e an er1ort
e ? ,
a or d em racional e que Platao
o =
o
N A If' ,e,, A
poe em jogo so em condiçoes dinamicas pre=racio= ,
naiso Por isso far{ constar da imagem do caos a
A e A
ocorrencia dessa convergencia dos semelhantesº
A .,. A
Ma.s, para que seja posto em açao esse
princípios é preciso que haja em primeiro lugar
a diversidade das partesj o que ficou assegurado
pela presença dos npoderesn das quatro espécies?
e, ademais9 que seja retilíneo o movimento com
que se aproximam. Para se_poder conceber o regi
me d4\
o
esse movimen.0:1 t , -
e enta.o introduzida a imagem
- ' ' ,
dos aba.los do recepta.cu.loo De fato, no puro es=
paço não se poderia compreender como se process?
ria tal separaçao; por isso e, entao acrescentada
N N


nesta segunda imagem$ a noçao dos movimentos do
recipientej para representar um novo regime din£·
mico capaz de pÔr em jÔgo o princípio de afluên=
eia dos semelhantesº Mas, como estamos de qual=
quer modo dentro da mesma concepção geral do csos,
sempre ausente a ação racionai, os movimentos i=
maginados para o recipiente são do· tipo que não
implica-a idéia de rotação ou de turbilhão? .Corn
ford (l65) chama a atenção, com tÔda a justeza 9
para. ;sse fatoº Os movimentos atribuídos ao re?
eipiente são os de uma peneira de joeirar s em qoo
os grãos e as impurezas se separam por efeito de
A
serem jogados ao ar, sendo aqueles mais pesados
- 532 -

- ?
e estas mais leves. Mas nao ha nesse ato nenhum
movimento de rotação ou.de torvelinhoe A A penei?
ra e levantada e abaixada - sucessivas vezes e o
?
.

' ,,..

contendo separa-se em razao da diferença de peso1


?

isto éj por uma diferença que, na fisica pla?Ôni


ca 9 é puramente qua ta tivaº li '

A analogia com a imagem da peneira? que


também se encontra em DemÓcri to (l66), é .a pena s sy
.
q ? ..
perficial; em tudo mais a? cOncepçoes sào disti!!
, ,
Democrito9 os atemos diferentes se .sepa
.

taso ?m
ram e os semelhantes se reúnemj mas a diferença
considerada é a que se dá entre formas e figura?
, u p
Ao inves dissoj em Plataoj a diferença.atinge so
os aspectos qualitativosi I o denso e o pesa.do9
r \ rro /( Y« «« L' '
[i,0< IJ £o<. j e o raro e o Leve,
'
o<.
' ' ,J
?o( f<,O< VO( Krxt K OV-f« , são qua Lãdade s , e
sob êste aspecto é que os abalos do reeipienteos
"" , "
separ-am- Nao ha ainda realidades cor-pcr eas com-
o

ti
pletamente eons tu_idas, nem se trata, como em De
·

mÓcrito, de átomos materiais que se desligamoCon,


, ? .

tudo o principio de aglomeraçao dos semelhantes e


? A
comum oo.os dois sistemas? como alias a toda a a.n=
o

tiga téo:ria fÍsicas Mas9 ?esmo aceitando êste


princípio que lhe parece ser uma verdade indisc.:g
?
( ? oposiçao
tivel? Platao insiste em colocar=se em

ao a tomfsmo , A Única real.ida.de presente a esta


altura no receptáculo são aquelas 1rrx8?J e (jl.r-
1 ,
elas ·e que se refere o
V«J,tEt? qualitativas, e a
princÍpioo Temos o direito de julgar que' Platão
? 533 -

JJ

considera valido para os corpos organizados e


o
o
( que na natureza se fazem sentir os seus efeitos;
masj eomo se trata de um principio que não é im-
I ""' c:\, , A .,...

puta.do a açao da Razao? e preciso? para faze=lo


.
( ?
valer no caos, defini=lo como se exercendo sobre
o conteúdo qualitativo do estado eaÓtieoo Para
li' Á .p "''
explica.=lo dinamicamente, e entao introduzida a
hipótese dos abalos retilÍneos do recipiente9jul
gando Platão que por êsse modo pode encontrar no
A
.
,; ,I' .
o
proprio caos uma formula de um regime 1mecanico
tornaria compr-eensa( vel a execuçao daquele pr:[!
...

que
c:Ípio? sem apelar para qualquer tipo de movimen=
tação curvi1Ínea$ Assimj êsses primeiros :traços
( :,/ ç,,

ou .ves t1gios, , do ?ue ser ao mais- tarcl.e OS


»» ... 1
J/
4J
corpos elementares, na ausencia ainda de qualquer
imposição racional? já processam. a sua mobilida=
de sob a determinação de um principio? mesmo qUB!l
t
.

do êste seja assumido como não racional., evi=

dente que Platão leva tão a peito a necessidade


A -
.r .. de definir esse
.

postulado, que nao cuida das po.§.


·
;-.
síveis e plausíveis objeções e dificuldades li?
da$ a essa fabulação; não se importaj porque

,I'

·lhe ,·interessa o resultado final, que e fazer fi-


,· .... g:urâr. no- caos , para poder tê-lo depois no cosmos,
·o de associação dos semelhantesº
principio
Sem poder.examinar a significação dessa
·idéia em tÔda a cosmologia antiga? basta reter

quej em Plàtão, ela desempenha um importante pa-


pel& É a atra?ão dos semelhantes que1
associada
• 534 -
a outro fenômeno, o da transformação- dos
corpos?
., A
lamentares, mantem a existencia daquela heteroge- •

neidade, que é a condição da mobilidadeº De


fato,
,
por efeito dos abalos do receptaculo as qualida -
des iriam separando-se ate., terminarem por
.

grupar=
se em massas homogêneas distintas, quando
nada
mais houvesse a separar; ora, tal estado
equival?
ria? cessaçio da heterogeneidade e, portantoj de
todo o movimênto, se não interviesse outro
IP
.procei
soj de que so tomaremos conhecimento
mais tarde,a
propósito dos corpos já organizadosi o
da.trans-
formação dos elementosº É claro que
devemos su-
por passando-se no caos uma coisa
parecida a iss?
entre as. qualidades mesmas do que -
serao mais tar-
de os corpos elementaresº
Em relação a êstes a doutrina
p é indubi"!"
tatJel: podem transformar-se uns nos outros, A.
e e.ê_
te ·processo de· fat.o ocorre
con$tantemente no uni-
ver-so , nunca pode haver ·uma massa que a-
Assirq_,_
tinja de homogeneidade, po í s no seu seio
·o estado·

há sempr-a partes ·que .se estão


transformando- ·em
Outras ?s?éd?? .e, em ?:irtude .do p:t:indpi?0dé C-OJ! ·
·
·

·vergência dos semelhantes,


estas tendem a escapar
da região em que se originam
seus semelhantesº Graças '
e a procurar a dos
.
a mobilidade do·recepts.
,
culo, essas partes distintas,
recém-criadas, são
transportadas para o seu lugar·
próprio e, ass-im ,
conserva-se- constante a
heterogeneidade do caos.
A heterogeneidade não
é a causa do movimento, mas
- 535 -

, ?xpressao da sua eternidade.


e a

§ 4Q A heterogeneidade como condi-


ção de .manutençáo do moví.men t o ,

I' u
Esta doutrina e frequentemente silenci?
ca-
da na crítica da fisica platônica; contudo é
pitalº Platão concebe o movimento como espontâ = .

I'
neo e eterno; masj ja que estamos fazendo
um mo-
dêlo fisico, devemos dar-nos a descrição
de um e.§.
o da mo bilida de natural' eterna' e
das con-
tad o, e
"
"" . e com-
diçoes pelas quais aparece como necessaria
.

preensível a inextinguibilidade do movimentoofsse


N
e sua
estado e o da heterogeneidade de composiçao
,I'

conservação tem por condiçÕesi _a) a agitação Il-ª.


A

tural do recipiente; b) a tendencia imanente ms l


espécies a se reunirem às suas semelhantes;
e) a
transformação das espécies em outras diferentesº
t
.. A - ,
mutuamente
e saotQ_
..,. A

Estas tres .condiçoes apoiam-se .• I


ii'
das indispensaveis; a falta de uma delaS redunda--
1-
ria em um estado de repousoo
Em uma passagem do di?logo (51.e)
·encon. t.
- -;

A - "as massas de
trames reunidas todas essas noçoes:
do reci?n t
eada espécie separam-se pelo movimento
tej ocupando cada qual um lugar
próprio, e então
tornando d1
as partes, que a c?da instante se v?o I
a outras
ferentes de si mesmas e assemelhando-se
pelo ab-ª.
espécies (condição.£.), são transportad?s
lo (condição?) para o lugar em que se.eneontram
essas espécies, a que se tornam semelhap_tes
( con=
?iç?o.!l)", dt./<Tr'JK.,S.JI JA,Ev,r;;..f '<oíi ?iY01r?
s K « a'Z-- otr TO(. tr Ar; Or; Ko<.7:<X -r()"lrv)v 1
L ?o J?

f-« 'l:?Y
'f'>J? ÓE
_{º JA,--Í Yt')f K ?1J!t)(it ? 1 'SO(
Ji
o; J) () ?Ol ou??))"' £ KfX(TTOT E. Eo<U-'cOlÇ 1 OCÀÀ oe ?
tFi ô)A,ot. oúfa--eJJrt. , <pi fE?o<, ó,? To)) li?ta--µoJ)
1T1JÕ, ,O JJ É K EÍ JJ w JJ of, ? J)
Í/ 1JjL o e co Off
'
TO lTOJJ º
A
Assim, o modelo primi t:.t vo simples
do
éa.osinercial vai=se enriquecendo com Á
todos estes
acréscimos, que exigem uma constante
evolução da
imagem que;dele f'a zemos , ·Em todas
A
ih.

elas Platao qu? . ""'

transportar um a'specto diverso da sua concepção


sicaQ
f.Í
Estamosj eomo semprej no mundo
A
da Necessi-
dade? e todas estas sucessivas =
in.formaçoes repre-
sentam os resultados da exploraçao= ?
da naturezaj a
busca. do que nela há de pensável
como independen?,
te das determinaç3es racionaisº
Essas ima?ens do
caos representam sempre condiçoes
.
- ?
imaginarias
,=·
réál fi:sico, quando o tomamos sem o reflexo .da do
' R,2:
., ·
zão úU,· como diz Ji teralmente
Platão;, na própria
dêtseri·ção do caos, Wtr'/TEI) Et.
; Ô'tt,t,. Y ,&:rrij K?, SYêLJ) ?1roc.v
re Yoç IJE o'/ {.... Or
. · ( 5 3 b, 3 a , os Úl-
?1:d:md's 'i'Ioncei tos que Platão introduz
'"da· na apreciação
teof'ia do caos são precisamente
êsses de homo-
genéidade e de heterogeneidade.
'
A: ·.
.
Diremos já a que
vem,
i ... ,:...
Trata?se, ..
com ·efeito1 não de explicar a or.!'
g;em do movimento, porque A
'. ':: '·· .
este ,r
e
A
ingeni to, mas de·
explicar o estado que ,Ç
entretem perenemente um re?
- 537 -

g?me dinâmicoº Julga Platão que é necessário es-


tabelecer como e em que condiç?es se geram o movi
I ";' I -
men to e o repouso j X, V? U-E caç
I.
ou>' fir'«liê<N;
TE TrÉf e n'u« reó1roJ1 K1Ú ),t.E tJ>,'t'l]) <,))} /'
r'r ])eo--80>1 I
1
el A'i 7:'tf J', oµ o À or? r« (, ... ri
(57 d)º Êste estado é o de dessemelhança quali?
tativaº Platão retira essa idéia da análi?e ele!.
"'
tiea do conceito de serº Parmenides tinha mostrg,
do que os diferentes atributos, que analitieámen=
te se descobrem na idéia de ser, se implicam reel
procarnente e que portanto a homogeneidade. conduzi.
ria à imobilidade() Convenci-do por êste argurnen-to,

Platão julgará necessário? para que a suâ>éoncep-


ção>da mobilidade do caos esteja ao abrigo' desta
,'·'invê·stida lÓgica-? dotá-lo dos a tributos de multi=

plieidade e des í guaãdaôe , A proposição ·em que o -

··declara ?- categórica? ;,não pode haver movimento


no essado de· uniformidade" ÍJ/ }'--S-,, D)La.ÀÓ't''hI 't''-
, -
·

,osiro 7: e l. UE
,
·
., I
IJ'íl E,)) J(. ,y? Õl Y esse JI «e oA fra-
..
'

)/v?
ii? ?J?úinte' -'m?·r?ce essencial atenção: .ne Ia se de
..

clara ·\iue ? difieil, ou melhor impossi;el, haver


· ·

al?o. <iui venha à. ser movido sem um n'foto;··, ou


' ha-
'
'
vé'r "um·-·motbr·-
.

I
sem coisa a ser moví.da', 'pó,:
·11'°«
.1\ (/
"

' f
,1
/(CJ/.? '(["O),L8·-J):"/) )l!: -·
O( JJé1íriiK L JI 1J
-,

r» )l'COÇ:
.

,. TD
.

K?)lf?t>)L ?Pl! 1, ,""/ ,K tl'?J õo°:P-fJ)w ,X «ÀE-


rrov-, fo·-?Â.Â;ov·· óe o<.cfvvoc,o>J/i-lJJ«l.
·

; ro mov1inento não pode ter···,;lugar, fal +an-


..
• ··- .?· , :-

do -um :,dêi·tês:·,termos, e não é I pos s vel haver'


.!" \
janáis
?k
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·' i, erltre: ê'les >:t,.orfr6:g·eneidade, Kl Y'Y) trt Ç
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- 538 -
" I ' -
ê tr, e V Z-o trt: WY o<.7T o>' 't'úl J), TO<. '
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'i" I ) ('I
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o.
e
«r«
Dµ.ocÂO(
EL J) « e 7T()'!"E 0< o UY tX "ºJI e Ao contrario
-'
do que P.Q
deria alguem pensar, esta frase representa tuna
d_g,
fesa da noção de espontaneidade do movimento;
o
que Platão quer dizer é que, na simples
concepção
do movimento, a distinção entre motor e móvel
se
apresenta imedia tamente, A A
esses dois termos ?
'
necessariamente dessemelhantes, o que e? por
e sac
si s_y
ficlente para cons tui:r o estado de não-tmi.forr.'lá
,
ti
t para? poss i?b1e 1?i_aueao
? " • ? "" •
aade, exigiao teoricamen.e
0

d ?
·

.,

À
movimento? Seria erro essencial julgar .que ..

a di?
11.-.,
/' A
tinçao entre motor e movel e
seja identica, no seu
.

espÍrito, a distinçio entre causa e


efeitoº Isto
Platão não diz,tie seria fatal ao
seu sistema onde
o movimento nio tem causa?
A distinção entre motor e
móvel é indi..§.
pensável9 pois tinha anteriormente
A . declarado(57a)
que entre termos semelhantes IV ..
-, ' q ' nao pode haver açao?
, -
TO
I roce t:f }Lot.() Y K
O > e
()(., .TO<. u-t: OJ/ OC VZ-W
·

;,.,
f,êY()Ç l1<.oa:;-z-0Y t>vr:-e Tolo< \ ' ,
p,Ex-°'f3ºÀ1JY
Ê)A-,1fiº' 'h <t:«L , sv v« ?º-jl tJV"T'ê re
- I \ o£z»
\ \e I ·,
tr«
,,
mr;,
?r() ç
,,7
'C()U.:JCJ<O('C"d;;u; Toe U't'O( o,µ.ot.c.>ç ?:£
£)( o •
O movimento- ,.é .sempre atribuível a um
.ii' motor, que s.,2
ra, na n_a?u.reza
organizada, ou um corpo que obri-
ga outr-o a se mover, ..

/ ou, quanto à rotação dos céus,


a alma cosmica, e, no estado primitivo, a .a Ima que
aí impera; mas essa relação, para
Platão, nãotem
o sen:tiq,o de uma
relação causal.. Na verdade, o
que !1latão quer significar é çâ
que, se a eoncep o
? 539 -

mesma do movimento envolve já a discriminação en-


.ii!> ,, .., A
tre os termos ••motor-movel", entao às tes form am
.

um plano de desigualdade muito mais profunda,ain-


da mais primordial do que aquêle que tínhamos fi-
? '.
g?rado de um receptaeulo apenas cheio de qualida-
des dessemelhantes? É na própria idéia do movi -
mento que vamos encontrar ja, a desigualdade que o
torna. poss{veli de modo que, para definir a exi§.
A ' ? N
tencia do-movJ.mento no universo caotico'.1 na.o ficj!
. o

r
, A
mos na de pendenc a da multipla diverrsidade quali=t
•·
F "" ,'
tativa, mas podemos funda-la numa situaçao logi=
ca ainda mais anterior, a da simples presença de
l
objetos mov:Íveis num domínio submetido à alma, que
por sua essencia e mo tora ,A
A ? -
c once pçao da alma
cósmica ou, anteriormente, da alma má, já basta
- '
?
para constituir a correlaçao "motor-movel'', que,
.#
como heterogeneidade permanente, man?em o movimen
toe ·ora, como não há origem para a_alma do caos
(e a própria alma do mundo é gerada, mas intempo-
.
A ., •
ralmente), toda esta argumentaçao nao representa
.., , Â I

outra coisa senao dizer que o movimento e espanta


.

, '

neo e eterno. O repouso portanto so pode existir


I ? ?
em estado de uniformidade, (T'l'«<rlY £Y oµocÃóry,t.

§ 5g - A manutenção da heterogeneidade eo-


mo meio de conserva çâo do movãmenbo,

Na imagem do caos qualitativo; inicial-


.
., ·"' '?
heterog)eneldade estã:·assag-tttadat· e
. '

mente. a ,apr_g
,
das·. quatra es?e 1 e.s.. '?'I.
.

A It
pria existencia 1•J.aS e· 1
prec__
- 540 -
so conceber
de sua o sistema manutençãoe Em vir-
tude ·ao-principio de atração dos semelhantes, que
a! predominam, há, como vimos, o risco de uma se-
paraç·ão total, que conduziria à formação de qua-
distintas e a' cessaçao
-
.

tro -massas homogeneas


À
da
mobilidade? Platão tem certamente em vista, nes=
te moment o, aquela fase do ciclo cosmogonico
A
de
Empédocles, em que os quatro elementos se en:con =
tram separados pela -
,

influência vitoriosa do ))£LJ<..Of9


e só retomam o estado de conglomeração.dos seme?
lhantes quando a {(Jll\01:1J? volta a Lmpar-ar , Nao "\ I .,,.

exí.s t tnde embor-a , para. Pla bao


- A A
esses fa tores
-

- -

.,ext? ,

riores-, não' deixa de haver contudo o problema: in=


dicàdo2?or Emp?doóleso Para remediar essa·ev?n ?
tuaiidade'( nâo- r.iá outra solução a não ser admitir
a>âútôdiferericiação dos elementos e sua transfo?-
. :.,
maç?o em. espécies diversas' como
Único r'ecur-so pa;
ra ·imped.tr O apa.r?cimento de massas uní
..-.·,
;::.
-
rormes,
_.,,
'*
.
.._: J, ··

P.ôte:rn. mesmo a qut Pla tao nao


-
Q:1

se limita a
-

.; •, ,
defihirt 5,::,pr.oc·é?so,._, ma_s procura fabulizá ...
10 l9gi-
e'iúne'ri:te,' '?btôpoftdo..:lhe uma explicação
v-·-.· em i'unÇâ o
·dos p;'in?·{°i)fos·ge:ra'.is
do Sistemaº Ora,?;,0'1"·fato.
que :podê ·p·à:reéér>es;tranho' e
·., j· mesmo con tribur para
udeáenêáinl'.tlhâ.·r à/ic0mpreensão é
'· j que esta explica .,;..

ção \f: dáa'.?, en1· :têrmõS característicos, \fo:


cosmos 1já
dotádo= dbsc:.?-frcuiõs·;que
o envolvem e o': arras tam
no?- :fnçiv:1m.e:r;ité'1 {ctr-êuiar
e :
Por incoeren tê·=· que pareça,
·

éstacafirina:çã?Té',·riéade sentido. El:a Lnd Lca ç com -. ·

::.eThi t'ofa ±hd?Vs-pen:sã>bilidade 1

da or-gan í.za ção do uni.;,::, , ·


- 541 -

versoº Indica que somos obrigados a supor o uni?


'
verso como d?vendo necessariamente organizar-se,.
e que a imagem do caos é inconsistentej pois con-
... ; - -
duz a sua propria negaçao se nao supusermos a sua
.., "
evoluçao logiea para outro estado, o de ordem() O
caos, fisicamente, não se poderia manter e a est
intuição é das mais belas e profundas do pensamen
to platônico; não se manteria, porque o regime
dinâmico que ai vigora acarretaria a separação to
tal? a homogeneidade final e, portanto, a cessa -
::.o A # .
.F
çao de toda mobilidadej o que e contraditoriooPor
.
""' -
?
istoj a soluçao 40 problema so pode ser estabele-
.,.
cida em t?rmos do estado superiorj mas aplicando-
se artificialmente, por uma espécie de retroaçãoj
·

à-situação imaginada no caos , Suponhamos dad as


as qu??ro espéciesj cada uma já com a sua configy
ração_geométricaj e imaginemos que estivessem eJ.as
A ,

na imineneia de se separarem totalmentej em virtu


t .
? -
de do principio da atraçao dos semelhantes?Platao
? ? A
nos ensina que possivel construir um modelo do
e
caos em que isto não poderia acontecer;· tal se=
, (
ria, se supusessemos ja presentes os circulos da
;?

alma cósmica que, envolvendo a massa material lhe


A
assinala um espaço fechado e, mais, que esse esp?
ço tende a se tornar mínimo ?or efeito da revolu-
ção dos cÍrculosj o que dete?mina serem as quatro
espécies constantemente comprimidas, sem dei:xarn?
nhum espaço vaz í.o , Ora, como os elementos são de
,
tamanhos diferentes e permanentemente moveis, prQ
- 542 -

duz-se um estado de constrição, de expressao e de


atrito entre os corpos7 passando os mais pequeno?
especialmente o fogo e o ar, pelos espaços forma-
dos ocasionalmente entre os maioresº Nestas con=
diçÕes, produzem-se naturalmente fraturas dos co?
pos maioresj que se desintegram pela ação dos me=
nores, e? inversamente, a pressão dos maiores con
duz à combinação de vários menores entre sie .

ã
Temos j assim, a concepção de um c e 1 o
de transmutações em que cada corpo pode desinte =
,A

grar=se nos seus triangulos constitutivosj que IJ;!S


sarao a ter existência em outras espécies menores
o ,F

ou, por um processo ascendente j podem reunir-se v-ª


rios triângulos dos corpos menores e formar tunoor
po maioro Uma vez transformado o corpo recém-s?
.
gido procurará o lugar dos seus semelhantes; sen=
( A .

A .

qo o processo ciclico e simultaneo em todas as ma?


sas distintas, na realidade nunca é atingido o e?
tado final de uniformidade; mas, ao contrário,e-
xiste sempre o estado médio, o definido pela pro?
porção que liga entre si
as quantidades de cada?
t
Lemen o,
A , A
"Por- esse meio e assegurada a genese e-

terna da heterogeneidade, a que determina conti ?


nuamente o movimento eterno dêsses corpos, agora
e sempr-ev , dt.Õl r « u,<f< re
1 rfç fÁYúJ),lMÓT1)-
Z-t)Ç dl <X.<Tff};o?i Yr; [É. Y s õtÇ <X El T?>' ctÚ KÍJ/1) -
?t)I ,o lf'l'<JJ Y oÍf q-,x.J) 'êo» J)r;>' 'CE }y 6£ Í\?WÇ
f'-Í
"/rfX.f Áí(G.1:CCt ?58 e 2).
·

Platao soluciona assim o problema, mas


- 543 -

à custa da intromissão, na mecânica do caos,


de

condições representativas do estado superiorº I?


dica-nos assim que se impõe a passagem ao estado
ordenado, como recurso para impedir a autodestrui
ção do estado irregularº Indica?nos que o con=
.
,,
ceito de caos desemboca no de ordem e so se
sal-

va .da negação de si mesmo transportando o


pensa?·

mento .interpretativo a um estado que o incorpora:.


A idéia do mundo desorganizado é contraditória;
?
l
.
º
,,.

po=- a e ana 1ºisa- 1a e cone 1 uir pela sua



impossibi
lidade como regime fisico real e exigir a sua
,P
,.,
transformaçao no estado dê ordem, unico que tem

durab"ilidade?
,..

A passagem a esse estado de ord?m se


,
- necessaria
faz pela introduçao dos dois aspectos
que ti
vemos de supor, para re sol ver o problema do
- , .

elementos e
caos? a configuraçao geometrica dos
- ,P
Desta maneira, Pla-
a rotaçao da alma cosmicao
tão deduz, por assim dizer, a ordem
do próprio ?
torna im?
tado caóticoº A ordem é aquilo que se
o regi-
perioso supor, a fim de podermos superar
me da mobilidade sob o império
da inércia e da
os fatÔ=
atração dos semelhantesº Apelando para
.

f a situa -
res do mundo construido, para resolver
o concei-
ção de ininteligibilidade a que conduz
to do caos? o que Platão em verdade exprime é
a
Dos
eternidade do estado presente do universoº
de um? da al-
dois fatÔres para os quais apelou,
resta-nos agora
ma, já dissemos alguma coisa;
- 54h ....

investigar como se organizaram os corpos em forma


geométrica, para que se cumpra assim a superação
do irracional\)

...
§ 6Q - A geraçao dos corpos elementares
e as transformações introduzidas
por Plat;o na teoria dos.elemen-
F
de Empedo e 1 e s ,

...,
A teoria das geraçoes dos corpos elemen
,,,
f
tares e uma das mais salientes da fisica
A
platont=,
caº É sabido que inúmeros são os problemas que
se levantam em tôrno de sua interpretaçâ.o·e situá
N R ?
çao h í.s tór-Lca , Nao podemos con tudo , _10 .p.lano de
um ensaio sÔbre as linhas gerais da fi.-3i?a platô?
nica, deter-nos na discuss;o de todos os interes-
santes e controvertidos aspectos suscitados por
essa teoria, bastando=nos considerá=la em suas fa
ces significativas e compreender sua posição na
A
fabula cosmogonicao A doutrina eI' norteada por um
.:,·

postu Iado gera-I., o de que a realidade das ·.espécies


materiais é parte da contribuição da Razão à es=
A
trutura do universoº Assimj vimos que a existen-
cia mesma das quatro espécies e sua discriminação
fundam-se no princípio de razão suficiente, que de-
termina que sejam de tal número e de tal natureza,
Mas a racionalidade da existência d?sses elemen -
tos adquire a sua expressio suprema.na teoria da
estrutura de cada uma dessas realidadesº
- 545 -

Vimo? que o corpo do mundo deve conter


necessàriamente essas quatro espécies? mas que a
? •
, s,,o6

razao de ser nao e a mesma em relaçao a cada um


l't;.-

, '

dos elementosg num caso, terra e fogo, e de or=


.

dem empírica, é a necessidade de ser sólido e vi


s:Ível o universo a ser criado; em outro? água e 11

ar? é de ordem inteligível, é representada pela


exigência de duas mediedadesj para unir os têrrros
extremoso Mas Platão quer fazer=nos compreender
- ,
que- a obra da Ra za.o se estende ainda alemº De see
e

' '

as profundezas do caos e vai apoderar=se da pos=


sibil.idade. da materialidade que a{ existe,e con.,2
tituir? em forma de realidades sujeitas a um de-
venir o mais possfvel regular, os fundamentos da
cor por-e í.dade , .

eoncebida como necessária a·exist;ncia


dos quatro cor pos , é pr ee Lso que 'a mesma Razão,
que condiciona .essa necessidad·e providencie tam=
? - " ,
bem a formaçao desses cor pos, Isso,_ porem, dev?
rá ser feito 'de tal maneira que recebàm uma de ...

ter.minação de orde.m r ací.ona L, que torne compr'eeg


s-Íveis as -condições pelas quais é definida a na=
tureza dos corpos o Sera nas determinações· de C.§f
,, . ' , . ... " .

rater geometrico que se afigura a Platao poss1 =


.

vela satisfação do seu intuitoº Por isto enco,n


tramos no Tim?u toda uma teoria da constituição
dos corpos simplesj diferenciados graças à sua
formação com triângulosº Julgamos que 11.á com e?
-

teza um objetivo bem claro em tÔda essa constru-


- 546 -
ção: o de introduzir a ordem quantitativa na na-
tureza. Mas a originalidade da visão platÔni e a
( .

consiste em introduzi-la na estrutura mesma


da m_ê:
téria1 de modo que o mais fundamental dos aspec -
aparente das espe,
-
tos do devenirj a transformaçao
cies umas nas outras, possa ser interpretado
como
a face quali ta tiva de um fenomeno
A
es sencialmen te
geométrico? A ascenção a um estado racional
não
poderia cifrar-se exclusivamente na
obtenção do1!!2
vimento circmlar; com ef'ei,tos para uma descrição
em linhas g,3rais
? bas tar ia que Platão descrevesse
a formação de massas sem especificar a na
- "' tur e za
destas; mas? como a sua intençao e construir uma
fisica verdadeiramente capaz de
interpretar o uni
verso, é preciso levar o influxo
ordenador da.Ra-
zão até o Íntimo da estrutura
dos corpos. No caos,
a linguagem usada é cuidadosa
no evitar a referên
eia direta às partículas
materiais e restringe-se
"
a definir o regime dinamico .

'
com o minimo de refe-
rência às realidades a que se
aplica. É que, no
espírito do Filósofo, a especificação
dos quatro
elementos e sua relativa fixação
decorrem de um
efeito particular da alma e
podem ser considera -
dos como de uma outra
categoria que os efeitos di
nâmicos. É a alma, em Última
.

A
análise, que traz
ao universo todas -
as condiçoes r ac í ona í s., mas po-
de ser c_onsiderado à
parte o efeito da determina-
ção dos corpos elementares.
A solução platônica é
evidentemente uma
- 547 -
extensão da doutrina de Empédoclesº Êste, fixa?
do em espécies primitivas os estados da matéria,
julga que supera o monismo jÔnico, e resolve com
isso muitos dos problemas que a concepção unitá-
ria da .natureza deixara sem explicação. Mas
.. a
sua admissão de uma multiplicidade
, fundamentalnan
?
teve"!"'se -no plano do fenomenal qualitativoj como
.
A ""
se fosse ja uma soluçao integral do problema ao
.I'

devenir.a.suposição d€ que e?tre as espécies ele


mentares se dão processos de agrupamento e de S!ir
paração e9 de modo geral? interaçõesj que formam
em conjun to o desenrolar da na tur-eza , Assim, pa
ra Empedocles, a natureza conteria os quatro co?
.P

pos elementares em estado puroj e todos os demais


corpos seriam compostos por combinações daquele?
Como cada corpo simples é o suporte de um certo
nÚmero ·de qualidades especificas' as qualidades
mistas, que encontramos nos corpos compostos, se
explicam pela presença, em sua estrutura, de prQ
porções variáveis dos corpos simples.
, ;
A teoria de Empedocles tem todo o car?
ter de uma interpretação cientifica. Com efeito,
oferece um modêlo-em que se faz possível a tran?
'
A A . ,_, 4
ferencia do dado percebido a uma ocorrenc1a nao
percebida, que o explica. Tudo, porém, deve pas
sar-se no plano qualitativo, sendo unicamente in
troduzidas relações quantitativas para def in ir
as proporções dos elementos nas misturas. O que
forma a essência da indagação fÍsica é o aspecto
fenomenal qualitativo; F
a quantidade e mencionada
para determinar, pela proporção das
qualidades i.n
-

gredientes, as qualidades resultantes e Nao .,


ha 1
pois, um senso próprio da significação do
quanti-
tativo na or?em fÍsicaº Emp?docles, e
a fÍsica
que dêle se aproveita, vê a
possibilidade de com?
-
preensao da natureza na apreensao - .,
do maximo de a?
pectos qualitativosº Há ·a idéia de
que as quali=
dades reagem diretamente umas com
as.outras, a e=
0 A
xa.genc
?
i
a d a proporciona LLd OA /
1 a d e quan tºa.ca e um ª-YO?.
+ f
ti'
sem duvida? mas secunaario e .,., e

imprecisamente cone?
bidoo
A contribuição decisiva de Platão
foi
mostrar que9 muito ao contrário,
a.quantidade .dos
componentes simples desempenha
um papel--preponde.=
rante. É, poisj uma transformação da teoria
p
?-
de
Empedocles ,_ .nao a sua derrogaçao.,
A#
""'
:.
Ad

Pl? tao jamais _

pretende destruir
doutrina j que lhe par e e e
essa
satisfatória: quer- apenas·. introduzir
,·- ; ..
'uma modifi-
caçaoj mas e no interior
do sistema empedocliano
que se situa o seu
.Pensamento? Contudo Plauio pe?
cebe imediatamente que não
seria suficiente o pr2
gresso que consistisse na
determinação da propor=
ção d?s el?mentos em cada
mistura de que resulta
11111 corpo

por
compos to , Seria isso uma ma
assim dizer extrínseca, que
tema ti z ação
, . não atingiria a-i.,n
da o ultimo plano em que .

se processam as transfo?
mações da. natureza, e não
-
bastaria para esclare ?
cer completamente as
reaçoes entre os corposº Ha, , .
- 549 -
de fatoj uma _proporcionalidade, que merece ser e?
tudada e conhecida na composição de cada co í.sa.ãas
não é tudoº Quando se considera em conjunto o de
- ,, "\
vern.r
..
j nao ha somente as mudanças que consistem em
combinações, dispersões e reuniões dos elementos;
? -
ha que cop.siderar ainda a transformaçao mesma dos
elementos uns nos outrosº É esta a segunda radi=
cal .modificação efetuada por Platão no sistema de
Empédoclesº tste havia considerado os elementos
I
"
como fixos na sua es pee í.e , T«.lf,/J o «cev
f") .>\
'' :, I \
Grx.<rlY ()(.K.t..Y?J'C()Y l<o<.,0<.
/I
l(lJ'/(ÀOY ( 167) º
Platão mostrará que os elementos estão
"" "" ""'
sujeitos a transformaçao e por isso nao podem ser
chamados ou "aquilot? ... A noção de
'?isto'' Platão
sÔbre_ .o que. chama n corpo simplestf é mui to mais a=
. .

... t
tual- e- tem muito mais.significaçao f1sica que a
"
de .Empedocles º Cada corpo elementar re pres en ta
primordialmente-um estado fisico; sua doutrinada
composição -dos corpos funda-se muito mais na intui
çio do que significam as condiç3es fÍsicas,liga -
das ao estado definido por cada-elemento ·dos que
se entrelaçam para dar o corpo resultante, do que
na consideração dos caracteres individuais. de ca=
da um dos corpos elementares$
"'
Em Empedocles, embora cada corpo repre?
sen tas se um estado natural, a teoria não ia além
de uma vaga simbolização, pobre de significadooOs
corpos elementares eram tomados ·como os componen-
tes das ·coisas, por isso possuindo uma realidade
- 550 -
estávelº A visão de Platão é muito mais dinâm!ca;
o processo do devenir abrange tudoj até a distin?
ção das espécies materiaisº Recusa=se a conceber
os corpos simples como definitivosj porque julga
quej se o admitisse? não poderia jamais conseguir
uma verdadeira matematização da naturezaº Com e=
feito, se as esp?cies f?ssem fixas, as qualidades
que as distinguem teriam um valor Último irredutí
velo A quantidade não poderia ser introduzidas?
não com o valor accessÓrio de uma proporção entre
#'
ingredientes9 mas seria sempre um fator secunda=
rio em relaçio ao das qualidades, pois seriam es?
A f
tas que, na sua existencia 1rredut1.vel
e
e absolut?
estariam em primeiro_plano na interpretação doofe
A
nomenosº Por mais que se fizesse ressaltar a inl=
portância e ·a significação do quantum na composi-
ção? não se poderia modificar a impressão de que
as qualidades subsistem por si e de que delas afi
? A
nal e que resultaria a existencia observada:; Para
que se torne sensível a significação suprema do
?
numero e da medida na ordem da natureza, e preci-
? o

so ser retirado da qualidade o valor absoluto que


- ,
tem? como expressao de uma especie ,
material imuta
vel e se lhe dê a significação de dado fenome
na 1
r e La t Lvo
Para isso, é preciso desligar a qua l.í,»
,

dade de qualquer substancialidade


especÍ_fica sub=
jacente, deixando=a com o caráter de dado da apa=
,,.
rencia, rela ti
vo ao percipiente º Servindo embora
para a composição dos aspectos da naturezaj?
não
- 551 -
- ? ?
sao as qua lida des os termos ultimes em que es taF
?
crita a sua explicaçãoº
A
Para despojar as qualidades desse papel
indevido de fat;res absolutos, Plat?o iri abalar
o seu fundamentoº Na doutrina de Empédocles? a
qualidade podia ser absolutaj porque era a expre?
são de u?a existência absoluta, a dos corpos ele=
merrtar es ,porém9 negarmos que tais corpos se
.
Se,
jam algo. permanente e tnvar íávej , as qualidade s
;?

que se supunha lhes serem inerentes passam a ser


agora flutuantes e imprecisas9 sem relação abso=
luta. a um substrato e terno , SÓ Platão pode fazer
esta reforma da teoria empedocliana, porque o seu
sistema metafisico lhe fornece uma outra concep =
ção do valor e do papel das qualidades como dados
da experi.ê11cia; pode desligá=las da subst á n Ci a
material? porque tem aonde prendê=lasj às Idéias?
t .como reflexos da inteligibilidade primordialmeJ1
te qua li ta tiva das Id é ias que as e oã sas fÍsi e a s
possuem qualidades, não porque estas br:0tem por
si do fundo material de que são compostas as coi=
A =
sas? As qualidades, na sua essencia, sao, portaB
to duplamente relativasg porque se relacionam
,
• JI'
com um substrato material constantemente variave?
e porque o fundamento que têm no domínio das I=
déias não lhes permite ser senão uma expressao r£
·
lati va d es tas e

----?-
- 552 -
§ 7Q - A significação dos quatro elemen-
tos para Platão., Uma teoria esquemática
sÔbre a doutrina dos corpos e Iemerrtar es ,

E?ta modificação é indispensável par a se


poder construir a fisica em bases matemáticasoPla
-
tao , , ?
conservara de Empedocles a noçao e - os nomes ..
.

dos corpos e.Lemen tar as, mas lhes dara R


uma sig:nifi
cação bem diversaº
Não lhe importa a sua substa?
A A ,
cialidade? mas neles ve estados fisicos ,
da mate=
r La , As qualidades que possuem não lhes per ten e,
cem por dil'lleito exclusivo de sujeito? mas s.ãoaex
pressão das condições do respectivo es tado , A ma=
téria 9 para êzt_e j no sentido que lhe damos vulgar-
men te não tem importânciaº Para compreender -
em
1
, p
forma generiea o sustentaculo
da naturezaj.basta
= .

I
a suposiçao de um fundamento logico
de corporeida
ó,\
?
de? e es te e dado pela noçao do
-?
.,
reeeptaculo
º .Quan
..

to a conceber fisicamente êsse sustentáculo, oque


de mais geral podemos repràsentar=nos
são.os seus
estados SÓ a ê_stes se refere, o· que· descrevemos na
e.
·

natureza?. TodÓ dado empÍricoj todo fenómeno ?,an


tes de tudo, relativo ao estado fÍsico do .corpo
em que· se
entendê-lee
passa? i em função
dêste·que temos. de
---

há, pois, necessidade nem vanta-


Não
gem em introduzir o conceito de
A matéria Única, pa
ra sobre ela construir a teoria dos processos na-
turaisº que tomar como
Há fator
Último e mais ge
ral de compreensio da natu;eza
os seus estados;
- 553 -

..., A
sao eles que verdadeiramente transportam qualid?
des?'de modo que, se devemos descrever o muDdo
·
tal como nos parece = e isto evidentemente
se aá
em forma predominantemente qualitativa? devemos
? A ?
tambem resolve-lo em termos dos seus esta.doso
Os estados ,
f1sicos ? ?
= solidoj liquido
9
gasoso e Ígneo apenas as f'ormas cu'lmãnan e»
.... s·ão

tes como se processa a natureza. Em cada uma de


las se manifesta um certo nÚmero de qualidades,e
estas serão tomadas essencialmente como expréssão
ãos respeçtivos estadosº Cada estado conside=
,
a
? p
?ado ?orno um carater mais ou men?s estavel9 eom

-
.,.
que .se per-eabem conjuntos d? aparene í.as ?aturai?
? , um corpo elementar como
A cada um e atribuido
.

l".,§t
presentante para o respectivo estado$ Forma=se
A ?
deste modo a noçao dos quatro corpo??.$1 cada um deA
é.
lês atribuido o conjunto de qualidactes que de?
finem cada estado? e mais um nome de corpo9 para
,p
simbolizar o que na verdade e um estado da natu=
r eza , Assimj conhecemos a existencia de 11.qui
? 63\

=-

dos mais ou menos viscosos? gozando em graus di=


ferentes as proprieàades do estado lÍquido; como
tipo representativo é escolhida a água9 porque de
fa to nela se encontra a maãor-í.a dos caracteres da
estado liquido? A água será, pois, o corpo médio
? ?
.

do seu estado e passara a representa=lo por intel


re? tornando-se o seu s!mboloo Nela se faz inc:in
dir as qualidades que derinem todo o estado liqui
do e que se ·eneontram distribuidasj em graus mais
- 554 -
ou menos intensosj .
os l:Íquidos; depois9
em todos
A
por uma inversao do processai todas as vezes que
i,r,,
A

encontrarmos em um corpo a presença de uma dessas


qualidades9 diremos que a água faz parte.de sua
compos fçâo , Os quatro corpos nao
-
.

N í
sao, po s , se ç:,,
não símbolos de quatro estados ffsi?os da nature-
zao
, ,
Como, por em, a natureza e um
<X!! fluir
tfnuo? êsses quatro estados não sãO fixos, mas e=
vo luem de un1 para outro o Por consegu.in te j .os - sí'm
bolos que os representami ou sejam os quatro-cor=
pos? devem ser concebidos como podendo transfer=
mar-se .uns nos outzros 9 A transforJ11ação dos ele ..
.':!'_- _

mentos ê um puro processo simbÓlieo? pelo que


Pl?
tão nos sugere a noção da continuidade da
nature=
?
zao Orai como as qualidades nao w A
s?o fatores que
admitam.uma distribuição contínua?
é.evidente que
o processo simbÓlico de transformação
dos elemen-
'fm·tem·da_;Ser1 concebido em têrmos
de transformações
quantitativas_.,., Mas para isso é preciso
que se d§.
fina cada símbolo corpóreo simples
em têrmos qua.!!
titativos, por exemplo, por figuras geométricas
9.
que permitam a descrição de um
e;,'
processo de conve_!
sao de um em outroº
Foi por ter chegado a essa cone Lusàeçqte
Platão sentiu a necessidade de
revogar a fÍsieade
Empédoclesº PÔde conservar os eorpos
A simples.que
este introduzira, porque na ?
" interpretaçao
.--
nova,
que lhes da, cabem
perfeit?mente como tipos mate-
- 555 -

a. serem escolhidos para símbolos


rJ.aitr
dos estJ!
dos.fÍsicose Mas não poderá concebê-los
maisnem
como suportes de qualidades, nem como
est?veiso
A noção da continuidade e eternidade ·do
processo de transformação na natureza é um dos
A -
marcos do pensamento platonicoo Esta intuiçaoda
Heráclito ê1e a considera-essencial a tÔda a fÍ-
sj_ca; incorpora-a ao seu sistema9 e para
P A
. dar-lhe
lugar e que se ve obrigado a refundir a teoria
/,
elementos de.Empedocleso Anaxagoras tinha tenta
das
,P

do a hipótese original do panqualitativismo?


pr£
curando.fundar inteligivelmente.o conceito de um
contínuo. qualitativo? mas Platão -a -reje:i ta por __

absurda , Nao lhe. resta. senao


e,., ...
enconta-ar-, a fim de
A
por em paralelo com a continuidade fenomenal do
múndoj a continuidade ideal da quantidade$
Des?jamos apresentar a seguir uma teori
a que nos parece permitir construir uma moldura?
dentro da qual poderemos situar, de forma esque-
mática7 o pensamento de Platão na doutrina dos
?
quatro elementos? Trata-se de uma h1potese
.
pela
,..

A
qual procuramos estruturar todos aqueles difere,n .

tes aspectos da cosmologia, declarados ou press.:g


..

postosj que contribuem para a fundamentação ecaq§,


truçãe.da teoria dos corpos simplesº Somos nós
, o
...
que tentamos esta reduçao a um esquema 1mag nano ..
i
coerente dos dados da r!siea platônica, e por is
so assumimos a palavra na exposição a seguiroJul
gamos q p_od·er introduzir, de forma mais compl_!,
-. _. ?:
- 556 -
ta, a inteligibilidade da solução platônica? se
partirmos da c?nsideração inicial dos planos su-
per pos tos , com que é construída a explicação da n.!
tu.reza dos corposº Temos então que distinguir?na
estruturação da teoria fÍsica do mundo.organizad?
&li

t
es es cinco p.anos
o
] e o
essenc1a1sg 1) o eon 1n.uo. empi(' t' .

rico do fluir
da natureza eeme dado imediato da
pef
eepção, 2) os seus es tados f:Ísieos eomunj_cando
j <=!-

se entre si sem transição br usca em cada u..111 ..


, dos
quais9 como por exemplo no estado liquido9 dando=
A
se muitos cor pos , entre eles
.

neste. .aso a ? , agua,


3) ·os corpos elementares9 comei no nosso.exemplo?
a água? escolhida agora corno .representante do es=
tado líquido e fixada9 juntamente com
os tr;s re=
? l?ºt
presentant?s dos outros estados? para tornar
s1ve a in erpre açao
*" A
t f
aquele fluxo cont1nuo9
,
aae?
e
ine?
paz de ser ·trabalhado na sua condí.çao
""' A,

aut en t teae
h) as figuras geométricas que podemos assinalar a
óh
cada um d.esses corpos
elementares9 o icosaedro ?
por exemplo? de que imaginamos eonstituida
a águ?
5) e? por fim, as Idéias inteligíveis do
, fogoj da
agua, da terra
e do ar , que supomos existirem no.
modêlo eterno de que foi
copiado êste universoº
Esta é a estràtura da fÍsiea platÔnieao
Em baixo9 e como dado
original, aquilo mesmo que
se trata
de· explicar s o evolver
constante do.imun-
do fÍsicoo Como êste se
faz com regularidade e
t w
por ransfermaçoes ,
uniformes, e pr?ciso impor wna
superestrutura racional, que
proceda a uma redu--
- 557 -
ção dêsse dado às condições da nossa inteligibi=
lidadeo Os três planos que serão apontados ems?
guida não são senão a? etapas dessa redução, em
que partimos da seleção das formas ou estadosllRis
salientes em que se manifesta o fluxo do deverrí.r,
os quais nos parecem ser quatro, para depois pr£
eurar1 entre os corpos que se encontram em cada
estado? qual o que possui a média das qualidades
A
do seu e?tado? e faze-lo seu representante; em s,,2
guida9 atribuir uma configuração geométrica invi
s:Ível a. cada eorpo; e9 por fim, reduzi-lo à inte

i
ligibilidade pura de uma Idéiao

0ã01? um artifieio ?
verdade:tramente um processo de redu-
permitir-o domfmo <io deve:n.:Ir· r,,a
ciGool?· ?Ja primflira reduçâo;·??icortam ?, se, no cont!
nu.o indefinível do real quatro situações prepon=
der arrtes , cada qual reunindo um con jun to de quali
dade s que existem mais intensamente nesse es tado,
mas-podem igualmente ?m outro.,
encontra.r""'se
?
simplificação efetuada por esta primeira redução
é imensa o Permite visualizar a mu.1 tiplicidade in
finita das
coisas como colocada unicamente em qt.lã
tro situações rfsicas? ao invés de estar sobre um
de s l.í.zarrte e
.
(
Lnapr-eensdve.l f
con t í.nuo,
?
Sao quatro
cortes dados no real? para estabilizar na imagem
de quatro estados o conjunto das condições flutu
antes que percebemos? A concepção do fluxoj que
esta reduçao
? ,
e des tºina d a
p
a d ominar, e seme?JRn
h
Q

e
...
t
iquela da primeira imagem do caos, com as suas
- 558 -
qualidades vagandc, sÔbre a superf:Ície d.o receptá-
culoe são na verdade concepções que confinam uma
com outra; o mundo presente9 se o imaginarmos co=
mo despojado dessa estrutura de reduções
que ELle
vantam ao plano supremo das Idéiasj eonfundir=se=
ia com a condição descrita como caosº Uma vez1p.,2
r.émj fixados
êsses quatro estados j a mobilidade
passa a ser concebida como a se .processar
dentro.
d;les1 e p6rtanto dentro de limites impostos
pela
...,
Raza.oº
.,.A ?
A escolha aesses esta.dos nao e arbitraria,
º ./!' d?

mas regulada com base na experianc·ia; são as con=


diçóes mais separadas entre si e rela ti vamente ma:i.?
.,
estaveis que percebemos?
Persiste contudo a in.diferenciação no
seio de cada estado; há mui tas matérias. sólidas
?
como há muitos líquidos. O deslocamento
das qua=
lidades àentro de cada· estado fÍsico
é como que
um devenf.r em ponto menor que
, se trata
de redu =-
zirj para compreenderº
duçãoj com a eleição de
I
o que fará a segunda ré

?
corpo?sÍmbolo? Neste co?
&
po supoem-as representadas todas
? .
as qualidades .. e
condiçoes do respectivo estado,
de modo quej de=
pois de completada a estrutura
da teoriaj quando
se trata de aplicá=la? seja
somente necessárioclis
tribuir em cada estado, pelos diversos corpos que
nele encontramos9 as suposições
explicativas fei-
tas relação ao seu tipo representativoo; Deste
em
ponto de vista? Platão poderia sem
dÚvida ter j'Ul
gado os quatro estados como
abrangendo um. número
- 559. -
desigual d.e corpos; assimj o estado sólido
,;,
.
a.bran
geria claramente um numero maior de corpos que o
.

cf ól, .P
liquido; este9 maior numero que o dos gases ou
? .

f
vapores j e j por fim? o r.gne "o ,
o e provavel que o
_considerasse eontendo um só corpo9 o fogoº
A escolha dos quatro eorpos=s:Ímbolos não
é arbitrária, mas ditada por uma intuição
empÍri
ca ricil de compreender,. A segunda redução ope-
ra uma nova simpli£icaçao
? A
de alta importancia i
.

por ela podemos agora tratar a natureza na


A
= lin
guagem empedocliana? em que certas ciencias par-
'ti.culares9 como por exemplo a medieina.9 tinham
eonseguido bons resultados? e que mostrava mere.,,,.
cer ser conservada? apenas retirando=Se=lhe o

ráter que lhe dava Empédoclesj ao concebê-la co=
=
mo .a r eduçao ,?
ultimac Plata.o ....
Justa.mente mostrarap
.
o

p
que e preciso ir R =
alem e proceder a novas reduçoes,.
para se chegar à inteligibilidade máximaº Feita
a .s.egunda redução 9 a natureza pode agora ser
deci
erita eomo um jÔgo entre quatro elementos que se
misturam9 se separam e.se transformam ej em cada
?
lugar onde estao presentes9 fazem presentes as
qualidades que simbolizam; a intensidadEL?·· com
" ""'
que
se manifestarao ?
essas qualidades d?pendera da?
porção em que figuramo Ao invés de dirigir=se a
uma multiplicidade- imensa de corpos? o fÍsieo
pode agora definir apenas quatro e explicar to=
dos os demais em t;rmos de sua interaçioº g o
que a -
seguir farali' Pâa táo , Com efeito? julga q.iej
- 560 -
no detalhe d as t eorias f 1s1cas
e {' o
ou meRd 1cas,
O N
nao s?
ri necessirio ir al?m deste plano, estabeiecendo
que nêle se resolvem de direito as indagações fi=
na í s das ,ciências na tur-a í.e e
ta ?ste fato
que se deve responsabili?
zar pelo sucesso secular da teoria dos.quatro.el?
t A
men os , as s í.m como pela ignorancia do ver dade í r o
espÍ:ri.to da ffs Lea platônica? Claro está. que ,q'U§!l
ão se trata de explicar a fusão dos metais
ou a
,:,
causa das molestias9 nao "" "' " "
e necessario recorrer
o
. a
=
d,., ? "
d.e pen _eneia nas Td
-\. e ias;
o .,.
I\
o pr o pr-ro ,.d as c i.enc.ías
o ·O
o o


turais tratar. o mundo na linguagem. :resultante d??
é
ta
.

-
segunda r eduçào ,
Mas9 para o filosofo da natB
.

,
A
rezaj este plano de corpos-símbolos?
?
destinados a
unificar conjuntos
?
li
qua ta ti·vos? não é s uí'Lc í.en'te,
Ha que descer mais e pr ocurar-, por meio de uma nQ
va redução? aumentar o alcance da
nossa inteligi=
bilidadea
A terceira redução não poderá mais ope=
rar=se no dominio da qualidade?
pois êste já se
acha completamente reduzido; há,
passar as fronteiras da qualidade
pois, que ultr?
e .:tngressar .na
ordem quan.titativa? Por efei.to da -
segunda redu
ti
ção:, ficavam cons tuidos os quatro cor
pos , mas de
cada ainda um volume ou massa imensaoHa,
um existe
:

uma grande quantidade


de água , de ar de terra e 1
de fogo na na tu.reza;
para que seja possível red.}.!
zir esta quantidade a um conceito simples, é pre?
ciso definir a constituição
mesma de cada corpoo
Oraj_a 9rdem qualitativa não pode fornecer nenhu-
- A
ma so l.uçao a esta exigencia; há í .;P

po s , -que pro=
,

curar fundar sÔbre determinações quantitativas a


existência das ?ubstâncias elementaresº É o que
Platão?fará? imaginando uma estrutuxa geométrica
no ír.1tfrn.o de. cada corpo s Lmp Le s , pela qual será?
·

te conce bãdo , Essa estrutura será formada por


tr-iângulos elementares.de duas espécies, dispos?
tos.de maneira a construirem quatro sólidos geom.f
tricos. regulares, sendo a tribu:Ído a cada corpo si.fil
ples _
um dêss·es sólidos?
A necessidade dessa trans
posição.para o plano quantitativo é parte da vi-
são ma.is geral.d? natureza, que percebe a conve =
niência de interpretar matemàticamente a realida-
deª
A intenção platônica é fazer a natureza
,' A
ingressar no plano matematico; atinge esse obl?

tivo fazendo a ordem natural as cender , por dois


pontos -diferentes, ao reino da quantidade g pela
expressao do devenir na t ura.l em forma q.e leis nu-
, e
mericas
,ru Al pl
e pela introduçao de configuraçoes g?ome-
tricas no fundamento das distinções qualitativas?
t
Desta maneira, a o ta Lãdads da água existente no
mundo, ao invés de ser concebida como uma multi -
plicidade imensa, irredutível a qualquer unidade?
.P
e t?l d o
agora representada pela figura de um soi o
ge.Q
métrico, o icosaedro? As.propriedades das figuras
geométricas são inteiramente acessíveis à razãoj
de modo que a terceira redução pÕe-nos em presen-
,'
ça de quatro especies de so"1 1 d os geomeJricos,.
O
,?t a

que
o

podemos perfeitamente conhecer; e isto é tudo. a


que ficou reduzido o espetaculo desnorteante do de
venir fisiCOo
A (
Por este artificio,
""' .I'
a razao e agora ca-
paz de conceber como propriedades da na ture.za o que
,I'
dos solidas geome,#'t ricos?
,I'
e apenas propriedade o
Pd-
demos então encontrar, no fundo da na.turezaj um jÔ
go de fQn3menos extremamente simples e gerais, que
se explicam imediatamente pelas propriedades ,9
geom?
tricas dos constituintes e Lemerrtar-e s de cada corpo;
todos os demais fenómenos devem ser relaciona d
,li,.

? .•
os
aqueles? para receber o fundamento da sua. possibf=
lidadec
Poderia parecer esta a ultima r-eduça o PQp <f' .
""'

-sível? e de fato o seria? se a ordem matemátwafÔs


A o
f
se o termo final da ascençao intelig1.vel; es,

mas ha
#

tôaa· uma me tar Is Lea preliminarmente


constituída, pa
ra explicar as raz?es finais da ordem.físicaº. Por
essa teoria? o plano matemático é algo
intermediá?
rio? e não finale Acim?, dêle há ainda a região
do ..

(
pleno inteligi?elj A j, '
que tem sobre o ser matematico
a superioridade racional da
absoluta unãtar-í.edade ,
,I'
Pode haver um numero "
infinito de tria.ngulos dife -
rentesj o que é ainda uma forma de
multiplicidade;
embora seja esta uma multiplicidade
puramente ra=
cional? a Razão? no seu anseio de
o A
unidade:, deseja= .

ria ve-la reduzida a algo .I'


absolutamente umº Isto e
i'
possive.J."'I
fazer-se ""' ,I'?
concebendo entao o triangnlo-id?
cA
- 56?
.ef
- ••

A
que send o a pura essencia intelig1vel ( A
nt·riangulo';
não admite.como pensável qualquer m?ltiplicidade
de tipos congêneresº É esta a redução a final
que pode aspirar.a razioº ?Por ela nos ser? dado
acesso .a.um mundo de essênci?s inteligÍveisj que
se sobrepõe.ao.da ma.temáticaº
No.caso da (
natureza f1sica? quando aca=
bamos.de reduzir a existência do devenir à de
qu.ã
tro corpos geométricos regularesj seria de espe ?
rar que a redução final fÔsse aquela que se pra=
·
tea ca neces sar aamen
"
ce
'I,.
,e..
para qua.rquer e 1 smen t·o do cam
"ll

;==>

po.matemático e pela qual


damos a Idéia corr? nos.
lativaº Assimj deveríamos esperar que a qu?rta
e Última redução nos conduzisse imediatamente à:s·
"'
Ideias de
.
/? .

pd.ramã de , cubo , ·octaedro e icosaedrCb?



,,;. ,fJ
/? ""' =
nao e ?isso que se daº Platao nao nos coloca em
face das Idéias dos corpos regulares (que sabemos
serem componentes do mundo inteligi vel) ,,' mas levê
nos a considerar as Idéias de terra? água, ar e
f'ogo ,
?ara que possamos compreender o motivo
desta inesperada transiçãoj seja=nos licito suge=
rir duas h.í.pó, te s as , embora nos pareça
.
i de= dificil
í
c d í.r entre elas j não s endo impossível contudo
que ambas pesassem no espírito do Filósofo?
a) ? mais simples é? talvezj supor que
Platao concebesse, ?
vista ? ,
.
em
-
na
, .
c omunã caçao dial?-
tica, uma participaçao das Ideias dos corpos nas
Idéias dos sólidos geométricos correlativosc As-
- 564 -
sim, a ra,1a do fogo, por exemplo, existirianQ
mundo inteligível como uma essência participante da
Idéia. de t
e tr-aedr-o Haver-La segura vantagem nesta
,

concepção? pois dêste modo seria possível .conceber


a Idéia fogo como partic1.pando ao mesmo, tempo das
Id?ias icalor'j &luzª, ªamarelo?, etcº D;ste .mod?
a Idéia f'ogo resumiria a totalidade .dos aciden
( "
tes
do fogo f'Ls Loo e conteria tambem
.

, .
a sua .compo s í.ça.o....

geometrica3 de tal forma quej ao chegarmos ao pon=


-to culminante da ascenção redutora? ·quando
nos fÔs
se dado apreender a essência da figura sólida
que .

acabtvamos de descobrir, juntamente com ela nos


se
ria dado todo o cortejo de_ qua Lt.dadas e ac í.den t es
que o devenir apre serrte , _Ao chegar ao.puro.intel'i
gi ve19 retomaríamos com surprêsa a multiplicidade
de aspectos do dado original, apenas com a
difere,n
ça? é claro9 de lhe faltar a pluralidade e a
mobi-
lidadeº ?- redução final? longe de nos levar? po=
breza das supremas unidades sintéticas,
nos desdo-
braria de repente aos olhos a riqueza
e o colorido
do dado fÍsicoj reencontrado na sua
?
clareza inteli
g1velG
b) Outra hipótese seria supor que Pla-
tão tivesse receio que a sua
fisica terminasse por
tuna dissolução do mundo empiricamente
percebido e
quej pela exclusão do qualitativo;
no ato final da
interpretação inteligível, desaparecesse todo o
sentido do fenomenal de que partira, substituí do
por uma abstrata constituição
poliédrica? O encon
tro das Idéias dos quatro corpos, qualitativame.n
·te defin'ldos, não perturbaria a formação de uma
f:Ísica na temática e daria plena satisfação ao no.§.
se instintivo desejo de na o perder contato com o
mundo do devenir real.
Como quer que seja , es ta ultima
d'
redu
= A ?
çao f'or-a previamente ?
preparada com a inclusao das
,
.

/
Iàeias de fogo, ar, agua e terra no modelo.dou-
.

ni verso. Aquêles qua tro corpos de que se compõe


o devenir encontram, assim, nos seus modelos in-
teligiveis a explicação de sua_realidade e, ao
.
mesmo t.empo , aquelas Idéias assumem um conta to di
.

reto com o mundo fÍsicoº E podemos visualizar i


mediatamente o contato do plano do devenir, por r
e -' •o ( •
i
espec res s ens ave s d os seus e 1 emen os
me i.o d as t
mais salientes, com o plano inteligível, onde e?
tão as respectivas Idéiaslt Sem prejudicar a Pº'ª-
stbilidade de uma explicação matemática da natu-.
, -
reza, esta ultima requçao tem a vantagem de nos
fazer sentir mais ao vivo as relações entre o?
Í ( A A
s vele o inteligivel, e de por em evidencia o
....
.
papel da interpretaçao metafisicaº'
§ 8Q - Interpretação geométricaj e não
aritmética, dos quatro elementosª O
momento da construção dos elementos no
curso do mito cosmo go"" n 1 e o ,
o

Compreendemos agora a significaçio da


- 566 -
teoria geométrica do ?i?<[Y.? A fÍsica deverá nece?
? ?
sariamente apelar para uma const1tu1çao , o
matemat1ca
o o

dos corpos? como


? ? A
jl
tinha apelado para uma confor?
maçao matematica do devenir mecanicoo A natureza
nos oferece a cada passo a visão de transformações
que dão origem a novos corpos? e de variações de
estado em um mesmo corpoº É para a interpretação
de fatos desta ordem que se faz necessário atribuir
..,,. ,:?
uma configuraçao matematica a ca.d.a elementoº
Pode
riamos indagar por que motivo esta interpretação
, A .fJ d'
matematica se fara em termos geometricos e nae ""'
aaj
o o

? ""
meticoso Por que nao dizer que ha um numerop ,;? .

espe=
cifico para cada elemento ej em seguida? utilizar
as combinações e .divisões a que se .pr es tam as
qua.n
tidades numéricas, para simbolizar os processos
que
"
se passam entre os corpos? A empresa -

seria perfei
tamente realizávelj mas duas ra?Õesj uma filosÓfi=
ca, outra pessoal, afastam Pla?ão d?ste •
?aminho?
? que ê1e acaba de descobrir a signific?
ção do ·espaço ou da extensão na compreensão.do
uni
verso; percebe que o espaço é um fator novo-e .ir=
redut.Ível da ordem fÍsiea.
Não pode ser reduzido-
ª uma Idéia, nem tampouco privado de sentidp
fisi
CO o Não se confunde com o devenã.r a

possibilitaG
t ,:?
o "
mas ao con r-ar-a o e"' o receptaculo
, J) £ (r (. Ç

que o acolhe e. o
, r'
Ora, a extensão é mensurável e confi
"' -
guravel? mas nae se identifica com o puro .,

"
numero;
tem uma realidade propria e independente9 que jus=
A
tamente a torna um terceiro genero A
entre os fato -
- 567 -
res do universoº Por eonseguintet nao há conve=
.;.
niencia, antesj seria uma perda de contato com a
ordem r!sicaj que se trata de explicarj interpr?
A ,;
tar a estrutura dos elementos em termos numeri -
,p
cos , Havendo a possibilidade de interpreta =los
geométricamente, é preferível adotá-la, porque
conserva e precisa a unidade da materialidade e
da extensãoº O espaço assume desta forma a plena
significaçio de fator r{sico, deixando d? ser
I? "" "- ""'
e
um fator indispensavel somente a concepçao do
caos 9 mas ingressando na estrutura do univ?,rso Ql"
ganizadoo O espaço concebido como reeeptáeulo é
a extensão pura indimensionada; definindo csco?
pos como figur_as geométricas, Platão introduz. a
?f
r

noçao de forma e de métrica no domínio da· exten-


.sao , Liga, aas ím , a estrutura dos elementos a
um fator sempre presente da realidade fisicaj o
que não aconteceria se a inte?pretasse em sÍmbo=
los numéricosª Por outro ladoj como as transfo£
- ? A
maçoes dos corpos sao processos que tem lugar no
- ·,.
espaçoj a melhor interpretaçao dos fenomenos se=
? A
ra aquela que se faz em termos puramente espa
eiaiso De modo quej -simbolo por símbolo, as fi=
guras geométricas têm maior significação fisicaº
Uma razão de ordem pessoal poderi? ain
H o ?
da ser invocadaº A concepçao das coisas como n.:g
o

meros era particular da doutrina pi tagÓrica.o Se


-

alguns fatos naturais? como as harmonias mus:ica.isj


podiam ter satisfatória explanaçãoj em tal funda
mento9 pouco mais do que isso podia ser conseguid?
ademais) havia o risco de fazer a ffstca perder=-se
nas especulações de um vão misticismo ardtmo Lóg í.co ,
Platão .recusa-se a seguir esta infecunda direção.
"" " .

Volta-se para a interpretaçao geometrica, com ta?-


to maior predileção quanto nesse dom:Ínio se proce?.
savaj na sua própria escola, um rico desenvolvime?
to de conhecimentos. Sabemos hoje que a teoria-eta
f ó'
o :rm· a çao dos poliedros regulares nae
... ,;
e unia
criação da ·escola pitagóricaº Houve a êste respei
t l í t"' ?
.o um curioso equivoco
? .

h is t
or i.co , que so" zecent e .-
mente os trabalhos de Vogt, e principalmente de.Eva.
.Sachs, vieram esclarecerº Conhecem-se <168)9 com
efeito? testemunhos de Espeusipoj Aécio, Alexandre
Polihistor? Ocelus, Iâmblico, PorfÍrioj Simplicio,
o ºTheologoumenon ari thmeticum'' e Proc íus que for
,
A -
ma.m uma numerosa convergencia de afirmaçoes
em fa-
vor da tese de que a teoria dos sólidos geométri· -
t
cos remon a a P"t./'
1 agoras, ou .
f ""o ?
01 criaçao d o seu cir
Especialmente um fragmento de Proclus (l69"Y
·

culo.
, ' -
nos afiança que Pi tagoras "C1>;/ 't"?
-
I I I - Y /(orµ,, KfAJ)}
u? JJ,4,« TWP «oa-r« 0-t Y rlr.vaVftN Tinha sido jul
.,
gado ate aqui. que Pr'oc Lus se base ava em Budemo
pa
ra essa sua afirmação, o que lhe daria a segurança
de um contato original com a escola pitagórica.Mas
Eva Sachs pÔde mostrar9 de maneira a não
deixar dÚ
vidasj que Proclus não se fundamenta
diretamente-em
"'
Eudemo, mas talvez em Iamblicoj o que tira ao
seu
depoimento a. fÔrçà. de demonstração que parecia
ter,
PÔde .a autora mostrar que a criação dos corp os
regulares foi uma descoberta de Teeteto e que era
coisa recente quando Platão escreveu o TimeuoPla
tão mesmo indica claramente que? até a sua época,
ninguém tinha revelado a origem dêsses corp o s s
ozJd&/? tr co
7ÉV€ÕlY cxu-Té:JJJ ftl"}A,1JYV-1<eY
(48 b)o Há, pois, todo o direito de julgar que
a teoria dos corpos elementares seja uma cria=
ção original do platonismo e que, tendo?se origi
- , A
nado no circulo de relaçoes do Filosofo, f?:p:ir
£

e l,e ado tada , pela possibilidade de encontrar Lu-


?\

,. .
gar no seu esquema cosmologicoº
Fundando a natureza dos corpos na ex-
tensão figurada e não na quantidade num.erada,Pla
?
tao procede
'
a
N
transiçao entre o que chamamos
o
a
corporeidade do estado original e a materialida-
de do uni verso cons
I
ti tuÍdo. Vimos no conceito d3.
;Xf.JJ fCX. um fundamento de
corporeidade, uma r-ª
"' , , A
zao primaria para a existencia posterior da mate
. •

ria.
A.
.
Agora encontramcs ainda este fundamento na
matéria corporificada, ao concebê-la como dividi
A A
da e esquematizada em triangulos. Deste modo!I o
mundo fÍsico é subtraído a um in-Ó.til sirnoollsmo num?
an vez ?sso, a exp l í.ca çao das suas trans -
/i .
?
:r<'_J_ogiro;
formações se fará como processo de divisão e a=
grupamento de figuras geométricasª Simbolismo é
isto também? pois Platão bemsabe que não tem
signlficação real
J'
e
/o/_.(
a sua composição dos. cor pos.mas
daquela especie util de simbolos, os que tran_§,
cs 570 -
portam um sentido lÓgico definido e são
constit-qÍ .:.'

dos unicamente com o fim de forjar um


esquema ra=.
cional? destinado a reduzir a multiplicidade
a que
se aplicamo Tratando cada elemento
R
como um sÓli=
Jt.
do geometrico? e este como uma construçao,,..
.,,,

QI,
de tri=
angulo_s planos s Pla tao
""'
quer dar-cios uma v saoí ""' ·-·'
ma=;··;--
_

tema.tizada da na tureza9 traduzindo o decurso . ??


.

mul-,
..
··

tirário dos acontecime?tos na linguagem


racio:na11·
zada dos teoremas geométricosº
Não podendo entrar na análise
dos de ta = .

A
lhes da concepçao platonicai
""'
A
por nos termos ape=
nas proposto um comentário
interpretativo sÔbreos
seus aspectos geraisi ?ntes
.

,?
de considera=la dire= -

ta.menteíl convém que


investiguE..rrros a posição do e11
tabelecimento dessas determinações
geométricas no
desenrolar do mi to cosmogÔnico e A recepção ·.?f
das
?iguras triangulares deve
ser concebida como o
meiro ato demiÚrgico para pr:!
a formação do mundoo-Na
visão mais primitiva do
caos não há figuras? nem
? ;
formas; ha apenas reflexos .

?
de qualidades? ?obre a
?-·

face cont:Ínua da extensão


uni.forme. A Razãój que
agora vaiA operar a transformaçao- A
.de s se estado. no.
de ordem? começará
por fazer ingressar no espaço
estas configurações qµe preexistem logicamente. 110
plano intermediário
das coisas matemáticas., Ora.$
-
sa b emos que a noçao ? ? -
de alma cosmica .,,
nao e senao a
incorporação a um símbolo
dessas determinações q,EJ.l
titativas; portanto9 devemos atribuir à
alma.ar?
alização da constituição
figurada dos corpos. Não
= 571 -

existe wna expressão atribuindo-a explicitamente


a um efeito da alma9 mas estamos convencidos que
.P f
e-poss1vel
A
faze-lo sem temeridade; observemos9
com efeito? que. a ação que os constrói é declar?
da do Demiurgo (56 c)9 e? como entre esta figura
?
e a .almase da apenas a diferença que se concebe

entre Razão operante- e a. Razão r-esuf.tarrte , é
uma atitude .. per.feitamente razoável compreender qg,
mo.um.efeito da alma cósmica a ordenação e esql-1£
matização dos elementos-o Assim sendo , podemos ?
.,, A
ceitar? com- forte presunçaoj ser esse o primeiro
A
efeito da aãma .aque Le pelo qual começa a emer =
;
.

gir. do-caos a ordem·ruturao Torna=se um tanto


obscura e não de. todo livre .. de incoerência? a con.
cat?na?ão.do mito9 porque9 não tendo sido esta?
alizada por Platão?tenDS ·e dirigir o nosso esfÔ?
ço à procura.de urna reconstituição que nos sati?
faça plenamente; mas são muitas as·dificuldades
em ajustar os gjferentes momentos e? sobretudo?
em .esclarecer?:a enigmática relação porventura exi?
.
,.
tente entre a alma cosmica e aquela outra alma
.

ma
, que impera na desordemº
Na descrição do .caos encontramosj. na
sua versão mais compt.eta , a presença dos ''pode=
A -
resn dos quatro elementos; esses sao tratados c2
mo j.á submetidos a um regime dinâmieo e capazes
,
·*"' ? d\>

de estar em transformaçoes, que so tem pleno sen


tido quando se trata de corpos constituÍdoss Tu=
do nos leva a crer que devemos situar neste mo =
- 572 -
mento a entrada em cena da alma_racional. O Demi
ur-go utiliza-se dêsses 18vestigiosn que boiam
na
superfície do espaço e configura=os definitivamen
te em corpos j dando=Lhes as medidas e as formas 6§.
tabelecidas pela Razão como melhores? e que estª
? 0 e ;
vam a narte no mun d o in erme d 1ar100L'az
,

t
T:i
.ass m b"""'-?-
sÔbre o espa,go o ccnjU.niD das I'(?laçÕes geométricas? e
e O

?-
desde então é possível considerar verdadeiramente
A
eomo corpos aqueles vest1giose r ·

A alma? pela sua


natureza bipolar, participante do alto inteligivel
e das profundezes do irracional, é o símbolo des?
- o u ç e a ?A
correlaçao entre
I
M- ?
?a o K1J º .c.i a Y?f
ela portanto que devemos considerar como a porta=
dora das especificações geométricas, e sua influ-
A e
(
enc1a deve ser concebida como tendo inicio a par-
tir do momento em que houver referencias aos cor-
,i?

pos simples, como existentesº

§ 9º - Aspectos gerais da teoria dos ele-


mentos: seu apriorismo.
?
A noçao essencial da teoria dos elementos
em Platão é a de
que a cada corpo simples pode ser
atribuida a figura de um sólido geométrico, sendo
esta constituída a partir de
superfícies triangu?
Lar-e s , Esta é a tese fundamentalf;t
Reve La-rios gµe
t A
a ecr í.a platoniea .

se empenha· em um plano mats pr,2


fundo do que o da simples atribuição
,, o a cada de um s:Ímbo-
1 o so.Lido elementor,
;,o.
Para Platao'J deve ha-
- 573 -
ver1 além dos motivos que declara? uma razão Úl=
tima que o leva a pensar·que9 êstes corpos sejam
formados de coisas mais simplesj e que estas se=
jam superfieiesc Ao que nos parecej a razão prQ
fu.:r1da desta redução das figuras sólidas às figu=
ra s p Lana s pode ser talvez que , atra?\lés da noção
de superfície nos seria dad.a com mais clareza a
relação com a extensão espacial.(l70)
Em seu con jun to , esta teoria é um ex=
ce Lente exemplo do a prior ismo platônico 9 de seu
espirito de ·aedutividade1 procurando partir de
razões mais gerais9 para ir
de encontro ao dado
realo Sua é explicar a trans
.

particular intenção
formação dos corpos uns nos outroso Desde o in{
cio lhe dever.á ter apàrecido a compos:tção de .SU=
perfÍctes por meio de triângulos como o modo mais
simples de realizar a comunicação entre as espé-
cies. elementares? Par a isso bastará reduzir to.,,.
A #' N A
do corpo a fatores ultimos que serao triangulos,
e em seguida? ?ela possibilidade de agrupamento
?
dos triangulos, definir a transmutaçao dos ele ""
A

mentoso Contudo,para chegar ao que deseja decla


rar, isto é, que os corpos são compostos de tri-
A = , =
angulos? nao o fara por uma afirmaça.o pura e Sil!];.
p'l.e s s mas procurará deduzir de razões mais gerais9
a necessidade de assim sero .A_ argumentação de =
senvolvida tem por fundamento? ao que julgamos,
aquela intenc?ão? a que aludimos há pouco , de a.=
,

A
poiar a realidade material dos corpos sobre a ez
- 574 -
tensão planaj A
como um meio de por em relevo a fun=
A

damentalidade do tf
receptaculo? fator
.Seu raciocinio (53 e) atravessa
as seg"lrln
tes etapasi 1) o fogoj o ar, a terra e a
água são
corpos, 2) todo corpo tem profundidade, 3) todaA
# ?
profundidade e necessariamente limitada por super-= '

r!eies; 4) tÔda superficie retilínea é compost a


I\ .;
de tr:langulos; 5) todos os triangulos sao ""
deriva"="
dos de dois tipos? cada qual tendo u.m A ,

A
angulo reto
e os outros angulos agudosº
Por esta série de razõesj
eis=nos-con(\.?
zidos da consideração inicial dos
"-
quatro corpos-e=
lementares a de duas especies de
/? A A
tr:tangulos -r.etan=
guloso Está feita a redução desejadaj
a transpos1
.....
f
çao do qualitativo emp1rico if'
para o geometrico ra=
cionalº Dai em diantej a teoria
prosseguej sem=
pre no plano ideal das
construções geométrica.soOb=
""
servemos
. .
""' ff A
que 'P'La tao nao faz nesta
sequencia de ra=
.

Pel ""
(
zoes mençao explicita
'
,f' •

dos corpos solidos porque


s .

visa deixar a sua construção


"" para ser um dado de
razaoº A
Passa por cima deste
·-·

aspecto91 qualificando
com o têrmo gerai
1poc Ooç a espessura dos cor p o s
sÓlidosj que descreverá
em seguidae Tem pressa de
chegar? em um só impulso
dedutivoj aos triângulos
Últimos? de que pre.cisa para o
desenvolvimento da
sua teoriao
e;,, A
A razao deste
trução dos elementos
ap:t·iorismo da teoria da C().Q§
está em que, sendo a obra um
produto dà Inteligência,
todos os seus aspectos
= 575 -

devem ser subordinados ao principio supremo do· .

que é racional, isto éj ao princípio finalistico


de máxima perfeiçãoº Por isso, tanto na escolha
dos triângulos fundamentais, como na dos sólidos
que .serão distribuídos a cada corpo elementar?vi
gor.a--sempre a consideração a?iolÓgica do me lhor ,

É .apenas um caso particular de aplicação do gran


de principio ge:ral'.1 pelo qual se define a causa=
lidade racion.alo
.ç,,J À
Platao coloca em t?rmos gerais a ques=
tão da gênese dos corpos e a , submete a uma dupla
condã çaoj :esses cor pos , em numero de quatro e di
? A .

ferentes entre sij deverão serã a) os mais per=


feitos, e b)capazes de se gerarem uns dos ou=
tros? O principio de perfeição como determinan=
te da realidade futuraj manifestando-se por es=
tas duas e ond í.cóes s é bem demonstrado quando diz g
cf;£ J1} ?ÉféL? 7T0t..OC, K,Ó(X)..Lff(){, Ú?).t-oCr?
dr? >-' o Lr ,
o<)) r ETZ"()(frx. , O( >10)Á-'o e o: µ,G JJ s« ueocç,
? li ))O( roe óE 1 ( Óc.í\ J.1 ÀWY cxÍ!?:? v êf(,z:,z-0(
.

tv<X À'tf<͵,1:Y« 7fr)lé<J"P()(t (53 e).


§ lOQ.,,. Os triângulos elementaresº A tran?
formação não universal dos elementosª

A teoria de construção dos corpos sim- ·

ples tinha reduzido j na sua afirmação final Cnº5,


Â
acima), a dois tipos de triangulosos elementos
necessários para a construção das espécies fÍsi-

- -
- 576 -
ca.so
Resta agora definir quais sejam êsses
triân
gulos$ A mesma conslderação de perfeição
determi
nará·a escolhaº O problema
consistirá? poisj em
A =
encontrar os triangulos que serao os melho:resoFo-A

ra estabelecido em princípio que todos os


triâng:g
los podem reduzir-se a dois tiposg
o is6sceles e
o escaleno retangularº A A
Ora, os triangulos retan-
? ?
gulos isosceles f°ormam um so
tipo, sen d o odos s,g
o

t
melhantes? enquanto dos escalenos ha,
uma varieda=
de
A
infinita, conf'o.rme sejam diferentes Os lados do
angulo retoe Para A

original?·,,.,o
escolher entre• estes um
o o
e ainda foo?
o principio de perfe.içao
e. ,.,
tipo
quem
0
guia a d ec1sao p_a
1 t'\onica;
O
""
ff

trata-se d e escolher o
"m?lhor; 1Tf OCXlfE<--(oY oÍ}? o(J z-WY ?1rs/..er,;))
Z-0 koc.:\:.\ urrov $ .Este s e r-a tal
A
.
que dois juntos
formem um triangulo equilãteroº VO .,.

Temos então a considerar


e A
dois tipos de
tr1angulos elementaresg o A .P
retangulo isosceles
o

o S"enniquadrado e o retângulo escaleno


rf .,,
.f'.
o
semi-eqtiilàtero. Com estes d'
.

,?
dois tipos e que se
""
processara a formaçao ,?
dos corpos geometricoso
Chegad() a êste pon to , porém$ Platão sen
te-se na .necessidade
de desfazer um equÍvocoj at-é
aqui constantemente ""
cometidoº Nas alusoes a tr?
....

formação dos elementos


uns nos outros\:I fato essen
cial do devenir fisico
e para cuja explicação é
construída a teoria, tem
sido assmnido ticitamen=
te que essa transformação
'
se pode dar d.ireta e r?
c1procamente entre dois
-

A
quaisquer desses elemen =
- 577 -
, , -
toso Ora, isso e falso e so agora Platao se dec1
de a denunciar o seu pensamento. Dos quatro cor=
A
pos , um deles, a terra, não pode transformar - se
nos demais; só os outros três se transformam eB
í
tre s ,
Para entender ;ste estranho particular
da doutrina, fomos levados a fazer duas hipÓte-
ses1 opostas entre sig a) ou ?latão parte de
uma. base emp:Ír.ica e-. julga, por razões que ignor-ª .. .

- ;
ha
transformaçao dos mineráis em o.:g
?
mos, que nao
tros .el?mentos e, justamente por isso, atribui à
terra uma figura sÓlidaj o cubo1 formada de tri-
A -
angulos que
'
nao podem compor nenhum dos polied? .

dos outros elementos; b) ou seria por razões a


priori9 em virtude. de ter feito ?sta distribui=
ção dos poliedros pelos corpos elementares, que
resultaria a impossibilidade de transformação da
terra o
o,
A primeira hã po te se nao e ar-raaoave 1 ;
o cw'º .,,

...
poderia perfeitamente dar-se o caso de que, a
observação superficial, Platão t_ivesse cons í.derg,
do impossível um ciclo de transformações que le-
vasse o elemento terra até o estado de fogo,e vi
ce -ver sa e Teria. vis to mui tas vezes f'und em- se
I+.
Ir
os minerais,, que parecem assumir o estado definj
do pela água, mas nunca terá visto a transforma=
"" 1ft,

çao desses mesmos minerais fundidos em vapor? e


)' f
por isso a. julgara impassive,
)'
assim como nunca
o
l o

tera visto fundirem=se as pedras, a argila? ?a


- 57Q
'-'

ar-e í.a , e t c , estado


de fusão o mineral r?
Como do
? , .
verte necessariamente ao de solidoj pelo abaixa=
mento da temperatura, percebe que uma mudança de
esta.do pode não significar uma estável transform3!
çio de elementos9 pois neste caso haveria de con-
serva.r=se o estado líquido definitivamente9 o que
? .# A ? ?
nao se daº Como o fenomeno da fusao nao tem lu=
gar senão para um pequeno grupo de corpos mtneraís,
#
os m?tais, considerara que, entre os corpos soli-
o F

des? os metais não são formados do elemento terr?


,fJ
e sim do elemento aguaº Como a maioria dos mine=
= e
rais nao lhe parece rusivel? teria concluidoe
que
.

?
a terra na.o se transforma.ª /)
Assimj nao ha nem me?
6lt!!

mo o ciclo terra-igua-terraº A fusio dos corpos


minerais deve ser entendida como uma simples d:ts=
solução dos seus elementos componentes" sem a
for,
mação definitiva de configurações caracte?Ísticas
de outro estadoc ? isso que nos diz em
jQ d,quan
do explica que a terra pode ser dissolvida
an suas
partes pelo f'ogo , ..._ ' I \
J,,xÀv&Et<rtX.
r? fo£Y ITU J) 'Clí'()(o<. 'JIOVITfX. 1rVfJt.
Z-G 'frrrt>
estas partes ficam vagando sÔltas,, até
rfç J(vz:'l'jroç o<:vroii, mas
se recomb1
nar-sm novamente em rcrma de terra
j pois não pod(!= , '
ff
º'
:riam JamaJ.s
o o
passar a outra ror-ma , IJV o<
?
ft?
Ô<.ÃÀo lF sl<f ºG .f ·).J)ol trot: '«JJ.
A
Seria, pois, sobre a base
desta observ?
N -
çao que Platao teria construido a teoria dos
,
.

po-
liedrosj partindo de duas esp?cies
de triingulos,
de propósito, para que, dando
à terra a forma do
- 579 -

cubo? não fÔsse possível a composição dos outros


7 sólidos com os triângulos que a compõem; dêste
modoj o elemento terra receberia urna Interpreta=
çio em ac;rdo com os dados da observagioo
Esta afirmação da teoria platônica. pa=
receu absurda aos autores antigos, que nio viram
razio para excluir a terra das possibilidades de
(l7l)
transformaçãoº Assim, Aristóteles acusa
veemen.tem,?mte Pla tao? julgando que? se todos os
- e
cor pos sa o formados de s upe rf'Lc í.es $ nada jus
.

tifi
ca. nâo poder haver a sua total intertransforma =
? º º ; , " re
çaoe primeiro lugar, e absurdo que nao
Em se
' ? ....,

possam gEn·ar uns elos outr-os , rrewroY )l£,Y ri.1:01(0))


ro 1rCXY?o<. rE y J)ã:_y
fo'J <XÀÀ?ÀWY • Além t(
o.o mais,
:.t
- ,?
t J'
e con,rario ao que nos e dado na perce12
e t?

çâo'J oõ re <{Jcxl?ér()(t KtxT? rbJJ rxfrr611criJJ ;


e , por f'im 9 explica, em tom de censura 1 que a caJa
A A ..? A o o e
sa.Õ:este erro e o desorezo pelos primeiros prin-
=
t C).
cipios e a vontade de reduzir tudo a opinioes tr?
..
- .
o

I r> :,/
r
\ \ '\'""
concebãda.s , rr o u o tr o <XL TLO')J r» p.,17 .kOCI\WÇ
'C?!, 7Tfd>'t"o((; &tx(}(.'s I Ô().)i(X' 1TfXY<<X.
Àot..i3Ú'Y
l!º?ÀEa-Bo(l 7ifÓ? TlJ/IXÇ <Íó(o<.ç Je,rp,i>laç
O( YIXrll>''o
Como dissemos há pouco , esta primeira
hipÓt?se explicativa da exclusão da terra do ci-
elo. d?·· mudança dos corpos nada tem de inveross i=
mil,, .?latão não nos refere nenhuma observação a
êsse respeitoj mas é aceitável que considerassea
fusão dos minerais como uma falsa transform a ?o
- 580 -
no estado lÍquido, daí a infra-estrutura geom?-
e
trica ser concebida de modo a vir concordar com
?
esse dado experimentalº
? .,..
Contutl?, a segunda hipotese nao nos pa=
(
rece desprezivel;
?
antes, ao contrario, achamos
.

que, num sistema essencialmente apr:tor!stico, é


ela que melhor explica o fato da exceção relativa
à terraº testa
a hipótese preferida por Corn-
ford (l7Z); mas a razão que
aponta, julgamos-jnão
é decisiva e cremos poder, em lugar dela, aprese?
tar a verdadeira razaoo Segundo Cor:nford-"'the elf
clusion of earth from the cycle of transformation
is simply a consequence of the decision to assi.gn
the cube to earth"ª Seria o fato de terem sido
tomados de inicio dois tipos diferentes de triân-
gulos que condicionaria a formação do c?bo eanoum
sólido intransformável nos demais; desta maneira,
seria o arbitrário da escolha inicial das-duas e?
, A ttA
pee Les de triangulos que teria aquela conseqtien
·

.
-
ciao
não nos parece razoável supor que Pla =
tão não tivesse cuidadosamente preparado os seus
A ?
triangulos em vista do uso que· deles ia fazer?Jul
.
-
gamos que a exclusao feita para a terra e/ de fato
.

fiA
uma consequencia forçosa da teoria e tem todo o
sentido de urn dado a priori\t Mas imaginamos que
a situação com que Platão se· defrontou foi out ra s
A J\
conhecia e1.e·a existencia dos cinco poliedros re=
gularesj e era seu desejo atribuir um a cada cor=
- 581 -

po elementar; ora, êstes são em n{unero de qua-


tro no mundo fisicoj e, ass ím, um deveria sobran
Para saber qual dêles, guiou-se por um principio
de economia, o que é ainda uma forma do- princ:Í ?
pio de perfeição. A atribuição do dodecaedro a
urn dos corpos simples o obrigaria ou a admitir
três espécies de triángulos elementares, caso o
cubo fÔsse atribu:Ído a algum corpo (pois as fa-
ces
. -
dodecaedro sao pentagonos que
do.
,
se po-
-
nao
dem constituir com nenhum dos dois tipos defini-
,.. ,
dos, mas se constroem com triangulos isosce 1 e s
A - A
vert1
·

çujos angulos da base sào duplos do a.ngulo


• A (
cal;
) ou, caso fosse o cubo o excluido, a admi-
tir dois tipos elementares de triângulos isÓsce=
Les ,.. isto é, dois tipos da mesma e La s se , o que
seria contrário ao princípio de perfeição9 pois,
evidentemente, d?sses sb um poderia ser o nme=
figurando o outro então como inferior<> C.Q
_lhor'',

mo só o-melhor deve ser escolhido, não caberia a


exist?ncia de dois tipos de isósceles& Logo , não
pode o dodecaedro ser dado a nenhum corpoº Assim,
a situação é clara; só há quatro poliedros dis-
poníveis, os que podem ser formados com triângu-
los que são os melhores; de ondejem conclusão?
ht que tomar dois tipos de triângulos diferente?
? A ? p
para atender as exigencias da construçao geomeoc:,
trica(> Como conseq?iência da impossibilidade de
tudo construir com um s9 triinguloj como ser?a
= A
o idealj resulta a ex.clusao do corpo ao qual for
A
atribuído o cubo do ciclo de transformaçaoº Deste
/ A
f
modo , a f'Lsf.ca platonica con .es sa uma certa ass:t=
.
.

metria no devenir fÍsico? Ao mesmo tempo, essa


declaraçio vem opor-se ao que com todo o direito
deveríamos estar pensandoj em vista das passagens
an ter Lor-e s , pela leitura das qua is julgaríamos q.1e
fÔsse universal a transformação dos elementosº

§ 11º - A construção dos po Lf.edr-os, - Por


; ? A
que ha maior nu.mero de triangulos oo_m

ponenteso

Escolhidos entio dois tipos _primo?.-


·os
A
diais de triangulos, a teoria prosseguir?, em duas•

fasesi a construção dos quatro poliedros9 a par-


tir dêstes triângulos, e a atribuição dêstes.sÓ11
"· (. -
d os a cada es peca,e f'Ls í.ca , A construçao
, .dos po
liedros1 já é obra do grupo platÔnic?
o dissemdsj
ao que sabemos hoje, especialmente de Teeteto;a&Q
raj a atribuição de uma :figura geométrica- a cada
um daqueles corpos que figuravam desde Empédocles
na explicação da natureza, é obra do próprio .Pla-
tão enão tinha sldo antecipada por nenhum pensa-
dor (l73)e A escolha dos dois tipos de triingu -
t
1 os irredutiveis oferece a? ,
exegese um certo nume=
rode problemas dos mais delicados? que infeliz- -
mente nio poderemos abordar& Desde
logo, pode.a-
presentar-se como uma indagação das mais embara -
çantes o saber por que motivo não são utiliza das
as faces dos poliedros inteiras, mas é feita a
- A A
sua divisao em triangulos componentesº Tres dos
s61idos, o tetraedro, o octaedro e o isocaedro,
A A ff p
tem por faces triangulos equilateros e, se a fi=
nalidade do simbolismo é permitir a sua recípro-
ca transformaçio, esta poderia diretamente pro-
n ,
cessar=se da mesma maneira
e
entre os equilate
.

ro s
que .. f'oz-mam as.if'aces t ... não. poderiam transformar ...

I
se.no cubo, mas entretanto o mesmo se dá com a
admissão de triângulos re sul tan tes da di visão das
faces Não pode, poiS9 ser essa a razãoo
..
!
. ?
O fato e que, em vez de tomar o cami =-
··
_

:nho aparentemente mais simples e compor os sÓli=


.,- ( i' A
dos geometricos com o minimo numero de triangu =
los, Piatão recorre a tipos componentes mais ele
men tares e obriga-se a usar um nÚmero maior e di.2,
posições mais complexas para a elaboração dos po
liedros, com visível violação do principio de e=
Es ta ·transgressão de um principio tão
conomí.a o·
marcante sugere-nor1 que deve haver uma poderosa
"" ,, ,
razao para assim fazerº Contudoj ate ha pouco
nenhum comentador tinha apresentado uma explica-
- ( ,
Parece fora de duvi d a que
çao plausivel do fatoº
a hipótese de Cornford resolve a questãoi sere=
mos. informados mais tarde que j em relação a. cada
corpo s tmp Les , há vários graus de tamanho para os
poliedros que o constituem; justamente para Pº"""
·• - A N -

der dar ra zao deste aspecto da sua. e once p ç a o ,


.
n
M A ?
Platao recorre aos triangulos semi-equilatero e
- 584 -

semiquadradoj ao invés de usan as faces completas


das figuras? E sabemosj por fim, que essa conce?
ção da diferença de tamanho dos poliedros está li
gada i idéia de dar a maior amplitude às transfer,
maç?es entre os e Lemen o s , t
Assim? os dois triângulos escolhidosraog
ti , A -
o semi-equilatero, cujos lados tem por dimensao-1,
2, e o· semãquadr-ado , tendo por medida dos .. la-
tff,
dos 1, 1, V2º Com. as superfícies·· triangulares as·
.
- '\ iv
sim definidas, procede Platao à construçao dos
sÓlidos poliédricOSo
Preliminarmentej porém, uma questão -se
pÕej sÔbre a qual muito têm discutido os intérpr?
tes do Timeu? Desde o momento em que são tomadas
,I' A ,I'
as duas especies de triangulos como elementos ul-
timas, de que maneira Platão imagina constituidos
QS
/ 0 A
.

A
solidas eom esses triangulos? Por.meio sõmen-
,
te ,
de superf1cies
,I' ...,. '
como podera Platao constituir a
solidez dos corpos reg?lares? Se devemos dar a
A ? ?
?
esses solidos o sentido de realidades fisicas, e
preciso supÔ?los dotados de macicez; mas neste
caso o problema consiste precisamente em saber co
? ? "
mo se ha de construir algo maciço9 por meio un1c?
mente de superfíciesº Alguns autores? como Zel-
ler (l74)? vêem no caso a prova evidente de que
?
Plata.o considera I ,p
sob o nome de ?lVf <X. a mate ria
extensa; assimj quando compõe os poliedros, os
triângulos que utiliza são alzo material e dotado
de espessuraº Thº Ho Martin l75) admite que as
superficies triangulares são ligeiramente espês-
A
sasj sa.o como folhas delgadas de materia corpo=
""" /?

ra19 e que os corpos formados por elas são estry


turas sÓlidas., mas necessàriamente
Ôcas e Ev a
( l 76,)
Sachs .def'ende uma opini;o aná.l.oga s as su=
geome'to
f( - 1º
per 1c1es apenas o imite do CO!:,
o
ricas sao
.... p
po, nao so em face do espaço circunstante, mas
igualmente em rel?ção ao seu interiorj que seria
A ff H ii
assim .oco s .. uals ware die Oberflache des Korpers
n
.

eine unsichtbare, unstoffliehej u.nenàliche dunne


n u
Hautj um es krass auszudrucken als hatte ein ma-
u
:thema tischer Korper ãm Innern ein Loch''º Paree?
nos que a questão não tem exatamente 0 sen tido .

t?:
que lhe querem dar estes autores?
A a tr;l. buâ.çao
o - das figuras ?
poliedr ie a s
aos corpos simplesj como tudo o mais da teoriaj
"'to /.
exceto os puros dados materna 1cos? e apenas um
mi to .. e tem? como vãmos , o sentido de reduzir a
multiplicidade variável e confusa do devenir real
a um esquema inteligivelo Não tem nenhuma sign1
f. ...
icaçao rea;
1
" l.f' º
e apenas um ar ·1 1c10 og1co para
º
tºf1
fins de submissão do fluxo do devenir à ordem da
razãoº Não há'j que discutir o valor real das
pois '3

afirmações aí visto contidas j sabermos de ant e =


? = A
mao que nao tem esse valoro As figuras geomept r?
A o

eas são um recurso de representação para aquisi-


ção de inteligibilidade e jamais foram pensadas
como verdadeiramente existentesº Como muito bem
imagina Cornford (l77)1 nu.ma viva expressãojquan
- 586 -
do olhamos fogo e dizemos· "eis aqui fogoJ!,
para o
. jamais teria sentido dizer, em vez dis soi Heis a-
A
qui piramides"G
.Po .Po
Os solides geometr1cos tem ape_-
A .

,? o .I'
nas o seu valor matemat:ico proprio e por issoj-na
presente teoria, não são concebidos como condici.Q
nados a qualqu?r aspecto fisicoj não são nem maci
?
ços nem ocos j pois que tal que s tao .nao -se poe
?
.
A Ç:;t)' •

qtran
do os tomamos como puros símbolos abstratos de qua
LA t'
tro subs tanct.as reais por sua vez ja sim b o __ zan-
O O

:1

A
o 0
li
tes de quatro estados da natureza? em que -simult=ª.
.

, da=
neamente se encontram outras substancias·alem
d\

.quelaso
O papel dos poliedros é. pr-Lne Lpa Lmenüa
permitir que se compreenda a transformação-dos e=
... ,,
lementos j com o fim'., nao so de satisfazer._ um dado -

F
observavelj como o principio (
a priori da conver =
gência dos semelhantes; isto fazem,, desde- que-se
_
orne
t.or
pos31vee ,t!'
ld A
esmontra-Tos e r'ecompo-d.os. por.meio o

.de seus elementos cons tü tuãnties , Mas, como o .pro


cesso em que devem figurar e, puramente abstra?oje,
. .

o simples modêlo ideal de um processo fisico aná?


logo? abstratas são também as figuras formadas e
os seus constituintesº Não há, poisj que indagar
do sentido fÍsico que se contenha ?m todos -?sses
atos" As figuras geométricas são e spe c í.a.Lmenbs os
representantes daquela ordem·racional que a Inte-
ligência introduz no mundoj por meio das relações
" ..
numer1cas que a alma cosmica transnortaQ .P

..

Fraccaroli (178) teve do a:ssunto urna e- ·


xa.ta compreensão:1 quando dizj referindo-se aos
;*=o-
't; ricos: ?le sue
solictos geome·
• O

superfici pertanto
non sono superfici materiate, ma semplici delim1
tazioni .matematiche, non sono contenenti? ma mi=
sure e i solid_i geometrici ehe esse c í.r-cos cr-Ivo.,
no non sono solidi ma.terialii corrispondono a ma
quei numeri che abbiamo vedu.to essere como media
tori tra le idea e le cose"º
? ,; =
Es ta conce poao e essencial a Pla tao??
,?
que e por. me Lo .de La que evita
cair no que ser-ta ,
a seu- ver 9 o mais grave dos er-r-os , o a tomí.s mo e
Ccm,efeito, .. se os s?lidos geom?tricos fªssem al- t

go ·de .r-ea L na .. na tur-eza , sendo os elementos Úl.ti=


..

í
mos-das espécies naturais, seriam verdadeiros cqr
pÚsculos microsc6picos constituintes dos demais
corpos visíveis
e? embora pudessem ser cortados
ern triângulos? como ;stes não têm significaçãoff
s í.ca atual '.1
de fa to CQ
os po Lí.edr-os funcionariam
mo os átomos dernocrfticos para os efeitos de
constituição dos corposº Oraj isto ê o que Pla-
A
.
.

tão mais quer evitarº Não existe para éle o pr.,2


blema da matéria e de sua composiçâog o que há
no fundo da realidade fÍsica é o fluxo do deve=
? A
nir ininterruptoj e_neste somente vemos aparen =
cias distinguíveis pelas formas assumidas, e de.§.
truiçÕes1 que são o desaparecimento de um aspec=
to realj dado \
sensivelmente pela forma que pos=
siría , Assim7· o problema mais profundo que se po
-
( • "' i' • I
de
..,,
por em relaçao ao mundo f'Ls í.c o nao e indagar
as 588 -
pelos elementos rÚl tlmos de sua constituição ma te=
rial? mas pelos Últimos elementos que constitue-m
as formas percebidasº É o que dó mesmo modo1com
t?da a clareza viu Fraccaroli
fi79)1 "Egli per-
"
tanto non e intento propriamente a cercara i pri=
mí, elementi della materia, gli a tomí., gli indivi=
sibili9 ma i primi elementi delle forme"*
? A N
Deste modo, os triangulos elementaressao
, .
. ..

atemos formais que se encarregam de compor.as fo?


mas mais complexas dos sólidos poliédricosº Isto
é tudo quanto Platão precisa.para realizar o seu
objetivo de traduzir o devenir em t?rmos matemáti
- , , . .
,
cos, Nao ha contar com a ma teria s porque- a ma te-=
ria não existe como dado inteligivel3 _Q plano?
""
teria19 obscuro e abissal, nao·e aquilo que
,.
se?
cisa incorporar a.o esquema explicativo9 masj ao
cont:rário9 o simples ponto de partidaj que se. a-
bandona desde que começa a construção que sÔbre
ê1e se erigeo O que importa é o curso sensível
? - p
da natur-e za , e esse nae nos revela jamais a mate-
ria em geral? mas sempre .formas de coisas, que se
manifestam como qualidades quantificadas.
Uma vez definidas as duas formas Últi =
mas un.í versais 9 os dois triingulos irredut:f ve í s , o
...

.,. p t'
problema seguinte e o de compor os solides geome=
trices com o seu grupamentoº Encontramos de-novo
aqui um problema embaraçanteg é que Platão ut:tl.1
za9 para a .formação das faces ãe cada poliedrojum
# A
numero de triangulos elementares maior do que se=
-? . '

-
,... ?
. .

...
-- ....__...... ? -- - :...?

,
ria necessarioo Assim? embora defina o semi-eqgj. "
,
latero como urn tipo do qual dois juntos produzem
n "
um equilatero, e as races do tetraedro9 do dode-
"' ff "'
caedro.e. do octaedro sejam triangulos equilate =
nos , no a to de construir os volumes e lemen ta res
estas faces não serão compostas de dois semi- e=
n "'
quilateros acoladosj como seria de esperar, mas
u "
de seis semi-equilateros, os que resultam da di-
visão de um eq?ilátero pelas suas bissetrizes$?s
te aspecto é um dos que mais têm intrigado os in
vestigadoresj e numerosas são as hipóteses para
explicá-loo Assimj para H? Martin (lSO), Platão
A
teria empregado seis em vez de dois triangulos
A -
j
porque desse modo a divisao de cada face em seus
"
elementos constitutivos so pode ser feita de uma
;
,p º º
unica .maneira, A
enquan o que ha tres de t maneiras
dividir cada eq?ilátero nos seus semi-eq?iláteros
e ainda porque Platão quer atingir os elementos
mais simpleso
A ?uposição de raylor (lBl), de que se
trata d$ definir o centro de gravidadej e; funda-
.

da na admissão de -que os triângulos sejam pelf.,_,


A
culas materiais1 com peso definido, o que e? inv?
º

rossÍmil e inadmissível à vista do sentido geral


da teoriao
Há aqui uma evidente violação do prin=
cÍpio de economia e, como dissemos acima9 Platão
não a poderia ter cometido senão em forma apare,n
te e para justamente ressaltar êste mesmo princÍ
- 590 -
pioj que parece postergado(I Cornford? ao que jul
gamos 9 dá a mais completa explicação que conhece=
Como vamos saber mais tarde que h;
,p
i=º o
mosº a varios ·'i!,
pos de triingulos e Lemen tar-es , diferentes quanto
ao tamanho1 esta composição das faces poliédrica?
?
.

,
por um numero de elementos superabundantes, e de.§.
tina.da a permitir que as transformações entre as.
p .-:cf' ,f'
especies risicas possam d ar=se nao so en re po 1¢l.ê,
e ?

A
""6

t
dros form.ados de triangulos do mesmo tipo1 mas
, A
tambem entre os que tem faces de tamanhos dlfere.n
bes , A1ém do ma í.s , ?ste exce s so de componentes .en
cada face perini te a recomposição de espécies dife
rentes? quando se da, a ·dtssoluçao
.
- ,
de um solid o j
porque é libertado um maior número de tri.âng u los
.elementaresc Assimj a. dissolução de u.m têtraedr?
.

? ? ti
ao rnves
O
de 11. bertar- somente 8 equí.La uer os ? 11 be1:,
O t '
C ,1J
Q O

taria 24 tri?ngu.los e Lemerrtar-e s , Pla tãoj tendo em


vista estender a possibilidade das transmutaçÕesj
teria admitido a exist?ncia de diferentes tama =
. nhos para cada sólido$
É por .Lss o que embora OOJ-d '.1

bes se que a composição das f'a ces dos poliedros pó


-

deria ser feita por um Único par de triingulos,te


ria definido uma composição mais abundante, para
que esta pudesse considerar-se como origem de ti-
.,,
pos po.Lí.edrí.cos mais pequenos , As.sim, a defini ?
ção dos s qlidos s?ria feita por um número médio de
Â
componentes, mas ?stesj quando libertos1 poderiam
I'
grupar-se em numero menor, dando a mesma figu r a
" , ?
triangular equilatera e permitindo a constituiça?
-- -- --
. ,. . .

..
.
- - -·-- .
.

= 591 =

j11ntamente com ou tr-as faces semelhantes, de· figJ.1


ras menores do que as descritasº Por·exemplo? a
- A A
dissoluçao.de uma piramide, se esta fosse compo.ê,
ta. de 8 elementos básicos, só permitiria a reco.m
= n A
binaçao destes dando uma nova piramide do mesmo
bananho-da que se . desagregara; se j porém9 a pi-
:vâmide. contiver 2Li elementos básicos em suas fa=

u A
eos j aparece aumentado .o ambi to das r-ecombãnaçoss
.

pos s Íve í s j pois, admitindo· que as faces dos pô=


liedros menores se f'or mam agora por dois triangu ,;'.I,

los sÕ:mente9 daquela pirâmide destruída poderiam


.
A. •

gerar-se 3 piramides inferiores, ou 1 octaedro e


mals 1 pirâmide? Temos ainda mais sensível êsse
fatoj consideranc1o o icosaedro, que Platão des=
er eve como tendo as 20 faces. compostas .de 120 e=
lementos ao todúo A sua dissolução põe em libe?
dade um número muito maior de elementos do que
se houvesse apenas 40 triângulos .. c omponen be s , o
í
que per-mí.be , supond o a sua recombinação não ma s
em grupos de 6, mas em pares, dando figuras de?
manha inferiorj a geraçio de 15 pir;mides,· ou 6
A
octaedros e 3 piramides, ou 3 icosaedros de
.

me=
nor volume.,

§ 122 - A inf?nita variedade de tamanhos


para cada poliedro.

"1açao
v10
A
· • fo d e ec ononn a s?
Nd o principio ·
o

ve a urn ?1
( • i o
l
ue s gnao mais a t o. Pla t-ao quer d ar-nos ·
- 592 -
a visão do devenir como um processo de infinita ri
queza , mui to mais dãver-so e variado do que poder!
amos julgarº Não nos devemos limitar a 's'upor um
Único tamanho para cada tipo de poliedro represe,g
,
tativo d e uma especie f?'.
o
1s1ca, o que con d uz1r1a a
.

o o

uma visão demasiado restrita do processo de sua


intertransformação; pois neste caso só se poderi-
am trarisformar segundo uma Única série? A conce?
ção platônica é a de um processo muito mais ricoj
em que 't
os corpos geome ricos possam gerar-se
o
em ·

séries divergentes j compondo-ae em volumes di.feren


tes com u..? nÚmero diverso de elementosº A possi=
bilidade das transformações fica assim aumentada
ao inf"initoj ou seja? adquirimos com isso uma imJ!
gem em que os ciclos de transformação se produzem
À N
em todas as direções, passando=se de grau em gra?
"" ?
de modo que nao ha apenas a transformaçao-.

das _es-
péciesj mas ainda? simultâneamentei a possibilida
de de infinitas variações de volume4l Na composic:o
.4\7 ,
çao da agua? por exemplo9 pode haver numerosos ta
manhos de icosaedros quej quando se desfazem, po-
dem dar origem não s6 a outros elementos diferen-
tes? mas a infinitas variedades do mesmo elemento
, - e, des-
aguaº Vemos claramente que esta suposiçao
tinada a f'undar- /
aquilo que , segundo a nossa h í.po-,
.

tese? esta no
; ? o -
E>9.

esp1r1to de Plataoj a admissao de


que cada corpo simples é apenas o símbolo de um
c.onjunto de corpos do mesmo estado fÍsicoo
, A'águ?
? .,
que e apenas o simoo ?
1 o do esta.do liquidoj seria
' .....
- --?- -- -------
- 593 -

formada de icosaedros; quando, porém? é declara?


do que há um nÚmero infinito de variedades de ca
da tipo geométricoj t:?>' rr o c K LÀÍcx)) Ê'()rt,;
)/
r:i.7TEt-fot.. (57 a, 5)? estamos percebendo clarf!
mente que se trata de restaurar a multiplicida-
de dos corpos existentes em cada estado fÍsicoo
Esta exposição da mul?iplicidade infi-
nita·dé graus de cada poliedro; evidentemente a
maneira de estabelecer idealmente a correspondên
,. ,,
eia com aquele numero largo de corpos de cada e?
tado r!sico? que fÔra reduzido simbolicamente a
um soº
, N , , " N
Nao ha uma expressa declaraçao nesse sen
tido, pois de fato há apenas urna correspondência
ideal; do contrário Platão teria de revogar.a êbn
trina dos quatro elementos& Mas em todo o caso,
sob esta forma!J restaura no domínio ideal de ea-
da espécie geométrica a multiplicidade percebida
no domínio real de cada estado fÍsicoo Todos os
lÍquidos são grupados sob o signo da água9 mas a
diversidade de tipos de icosaedros não é destin?
da a explicar a existê_ncia de cada lÍquido em ?
ticular? o que seria negar a doutrina dos quatro
elementos, mas a representar idealmente aquela
multiplicidade?
Desta maneira? a inspiração que apare-
ce em Último lugar na exposição da teoria da ge.Q
metrização·dos corpos elementares serve ao duplo
fim de enriquecer a nossa visão do deveni:r geomé
trico9 como imagem do fantástico devenir fÍsico1
- 594 .,,.

e? ademais? d.e compensar a simplificação arbitrá=


ria da ordem fÍsica reduzida aos corpos elementa-
r es , fazendo os respectivos s:Ímbolo:? desdobrarem-
se em tuna variedade inf?ini ta 6 Não nos é possível
? A
entrar em reflexoes detalhadas sobre os aspectos
que sugere e as· problemas que levanta esta admissão
Jf
tardia da var:ledade de volume de cada solido ele=
merrtar , Esta.mos certos de que o estudo de Corn"""
ford a êste respeito representa o que de mais pe,r,
feito se podia conjeturar e d.if1'1cilmente pode -ser
compreendido de outra forma? a coneepção geométri
ca que apr esen ba para os di versos tipos de polie=
dr os ? f'a zendo-sos ter volumes mÚl uns dos . ou· tiplos
nros , resolve as dif'tculd'a:d?s anteriormente encon
tradas no curso da teoria.

H
Resta=nos apenas acrescentar as refle -
?
xoes que nos parecem revelar o intento.ultimo de
Platâo9 ao introduzir ?ste aspecto fina-1 na- t eo -
:r·:tae Em primeiro lugar í) o f'atc
mesmo de ser ele
A
.

declarado apenas no Último momerrno , depois de. con


e 1ui?d a a exposaçao , in d aca que sua an t
E"? 4'8
ençao era 9
o o o e

como ae íma d í.asemos , reconduzir de a.Lgum modo o e_s


pÍrito á. consideração da variedade infinita das
coisas do devenir reali met?dicamente reduzido ?-
simplicidade dos quatro s:Ímbolos ? M3,s reo deve -eSC.,ã
par=nos um aspecto mais profundo dessa informação
,
final? e que tudo indica que se deve ligar esta
? ?
concepçao à do Fileboj pela qual a realidade se
dá como uma correlação do
ffE{:r:1..c; ao iÍ<.7Té'fºy.
e
.
--- ? .

-
. ?
? . .
.

-----------
e,-
595 -
SÔbre a inf'ini tude do espaço os triângulos funda
mentais representam o limite definidoº Mas há
um infinito de possibilldades de limitação do
?TrElfOY ? e portanto há um inf'inito de espécies
limitantes<, Por isso não são definidas as dime1a
? o«\. "e
soes de nenhum triangulo9 mas o que importa e a=
,fé

penas a correlação entre as suas grandezas e a. do


infinito em que são r ecor tadas , SÓ importa a for
ma , pois só-estaé elemento ·Último, e? como de
cada. :rorma pode dar=se uma infinita variedade de
A "" ?
casos seme Lharrbe s , estes sao considerados poss:1.=
vei? e introduzidos· como causa , ót « Tot ov-r(i)'))
Ci. L 7: lW Y (57 e , 7L0 da di;ersidade dos poli
edros elementaresº
Por fim? a distinção entre diversos ti
pos de cada espécie sÓlida explica a razão ?lti=
ma de escolha dos dois triângulos? o semi=equilá
tero e o semiquadradojc011l(i). as-formas fundamenta=
isº Cornford encontrou esta exp Lfcaçao . que nos
40,

revela por que eram eles·os ttmelhoresn para a


.
"" .
.,'> A
construçao dos eorposg e que cada um d?les pode
ser dividido indefinidamente em partes do mesmo
tipo? Esta propriedade recomenda-os ao título
de elemento, por torná-los tun símbolo perfeito?
?a representar aquilo cuja divisão não gera di=
versidadej mas conserva a auto=identidadeo Com
efeitoj o semiquadrado pode ser dividido9 pela
- À A
bissecçao do angulo reto? em dois outros triang',11
lÓs também semiquadradosj num processo sem fim;
- 596 -
, A
o semi-equilatero pode ser dividido em tres semi
equiláterosj bissectando o ângulo formado.pelo?
centro da hipotenusa e do menor cateto e baixan-
do uma perpendicular à hipotenusa do ponto em que
esta bissetriz encontra o maior catetoo

§ 13º - A atribuição dos poliedros aos


corpos simples. A transformação dos
elementos geométricos?

Conhecendo a doutrina dos cinco polie-


dros inscritiveis na esfera1 Platão passa a atri
bu
-
ir a ca d a
,
espec1e
o
f,1sica
-
o
t.ur1

desses so 'lid os
-

ge,.Q
.

métricosº A distribuição será feita procurando-


se acomodar , bant o quanto poss!vel9 as qualida -
des dos poliedros com as propriedades grosseira=
mente consideradas dos cor pos , Com os triângulos
Semi=equiláteros construirá, reunindO=OS em gru-
pos de seis9 as faces equiláteras do tetraedro,
de octaedro e do icosaedroo Para formar o cubo,
reunirá seis faces quadradas, eada uma das quais
composta de quatro semiquadradose Apoiando-se an
?
uma vaga aproximaçao entre as própriedades dos?Q
,
lidos e as dos elementos? atribuirá à terra o
cubo? porque? sendo a terra o mais plástico dos
corpos e o mais difícil de ser movidoj natural-
mente isto sugere que é formada do sÓlido mais
... À ,fl'
estavel; ora este e o cubo? porque tem bases qu.,ê;-
?
dradaso Quanto ?os outros tres corpos? a distri
- 597 =
N , /
buiçao.e feita depois de coloca-los ,
em uma serie
decrescente sob o ponto de vista da mobilidadee
A , A
em seguida9 por esta serie1 em correspondencia
com a série dos poliedros coordenada segundo a
,.
grandeza e agudeza dos anguloso Ao f'ogo , como o
, ., ,
mais movel, eonvem o menor solido A o
e de angulos
mais agudos, e por isso recebe a figura do te-
, ' , ,.
traedro, a agua, como o menos movel?sera:àadcf>·e
A
mev?:? -obtuso··?e·:de,:angulo.?t-mai?
, , A
sGiJ.ido :menos rom,?
mdost o icesaeâroti1Como .1ntérmediário:,?_:-em i ,mo bfildad?c
ar ·

recebe .iq oota?, ?bém :inte:rnred:fu? entre· ·OS outa-os


d? N A
ao tamanho e agudeza dos angulos$
em relaçao
, .

?uanto ao quinto solidoj o dodecaedro?


L Fla tão não descreve a sua composição j pois bem
sabe que .não o poderia .fazer com os tipos de tri
A
angul.os que tomoucomo e Lemen'tar-e s , Limita-se a
.
A
dizer que o Demiurgo dele_se serviu para o todo,
A :,
tendo pintado este todo comp.Le tamerrte , E'KE.l vo
-
álOC..?<.cJõf? f[;;y .e Não é bem compreensível o
que pretende fazer com esta expressão1 nem sabe
mos ao certo como se deve traduzirº Cornford a
traduz 'pe Lo sentido estritamente etimolÓgieo,cQ
mo ''making a pattern of animal .figures thereon'v;
f
as t.gur as animais
eo

N
?
seriam os sim b o 1 os d o zo d<
o o
1.a-
? ?
.

co e as constelaçoes.do ceu, em que sao repre?


tados animais$ Há.evidentemente mna ·correlação
entre o nú.mero 12? de faces do sólido? e os 12
signos do zodíacoº T?lvez seja essa a razio de
i ter sido o dodecaedro dedicado ao universo como
- 598 ...

todo0 Outra razão seriaj apoiada aliás-em um tez


to do Fédon (110 b)? a maior aproximação entreI?
a
f'.igura do dodecaedro e a esferaº A verdade e que
Platão encontrava diante de uma figura r egu'Lar,
se
para a qual não acha imediata aplicação4) No EpÍ=
pomisi ? ela atribuída ao ?ter? mas esta asserç?o
es-tá em conflito com o que diz o Timeu (58 d)? on
J
de o e?t er e e once 1oa d o um.camem.. e como a par t e nais
o
'ls o o
.
¥,o

alta e mais pura do ar 9 e não como um qutrrto ele=


mente o
.P ,
Assinalado a cada corpo um solido geome
?-
trico? Platao o processo simb,?"'ilº
?
-
concebe "'0..LlCO das o

-
transformaçoes que ocorrem no mundo fisico
. R
como
""' o ?- o f!!!.!I

uma operaçao de cecompcsiçao


d e recomposiçao dos
poiiedros em seus tri?ngulos constitutivosº O pa=
r-a Ie l.Lsmo entre os dois processos é de caráter pu
?
ramente ideal e o esquema das transformações en=
tre os corpos geométricos tem o v:üor apenas de in=
traduzir um quadro inteligível representativo9 ?
lhor do que qualquer outro? do real? em si.mesmo
impenetrávelº Por isso9 ao iniciar=se a apresen=
tação da teoria dos fundamentos geométricos dos
p
fl o
corpos 1s1.eos9 e expressamente declarado que- se
t ra t a te de ; "
"
<;::,

um.camen teoria prova.vel a um.cao

I
que e capaz de se acomodar a ordem da necessidade
uma
' ?

d:,s c?rrelaç?es ?eomf1tricas? TO( Jj e 7rVfO?


r-
úr;?JJ
O(
f 7-'>J
&i.1;e.PtX
y K ex e TW V o( À Àw v
k?r'tx -r;;,y )L£1:, ?Y(ÃrK1'J? ?tf(/xz·O(
(T(AJj)v«. T(;.) y l/71 o e

?O,DY 7TOfEVOf-£YOl (53 d)o


.
'

= 599 -
,.
e a d a po?iedro
a
,
esta suJeií t.o
ecompo=
o

'd
sição? pelo desmembramento' de suas faces
e dos
triângulos elementares que as compõem.o
A ? Êstes
triangulos sao imaginados podendo continuar
xistir em estado livre9 como átomos livres
a?
des-
tacados de.um conjunto molecular? .Na
'
caos e a pr-e aen: a d a a exaº s t"'enc í,a
º t
imagem do
l"
avr-e estes w:?"
d,11,.
·
+<>,

â.ngulosíl sempre prontos a se recombinarem


ao a=-
caso e formarem a mesma figura sÓlidaj
ou outra,
Esta· imagem revela o
caráter simbÓlico de tÔdaa
teoria o Se Platão acreditas se
doo na exlstência
so?l 1 d os geome?r1cos so b as aparencias
,...
O
A "i,. 0
"
-

d as espe=
?
c í.es f1s1cas e Lemerrtar es , e evidente que ?
o ,, .o .

nao p..9
deria conceber a existência· d.e triânguloss
que
são superfícies sem espessuraj em estado
da li=
berdadeo Esta existência livre dos triângulos
,p li'
dº "
e? pore;m9 1.n·1spensave
o ?
a eor1aj sem o que nao - l t o

R
seria possivel estabelecer a concepçao ?
da tra?
mutação das figurasº Logo? o processo é uma
pu
ra imagemj sem nenhuma realidade fisicao
?
O grande agente das decomposiçoes
-
,
e o
;
tetraedroi porque dos solidos regulares sendo o
mais móvel, mais leve e o de ângulos mais
,
e-o.mais capaz de penetrar a massa dos
aguxs?
outros
corpos; agtndo pelos seus vértices pontiagudosj
dissocia as outras figuras mais pesadas em seus
triángulos? Por isso o tetraedro foi dado como
símbolo do fogo9 para conservar o paralelismo
geom?trico-fÍsico, pois na ordem empírica o fogo
= 600 ....

,
e o agente mais comum das mudanças de estadoe
? -
Mas as transformaçoes nao ocorrem somen
' .

? .

A .

te por dissociaçao dos corpos em triangulos elemen


? ,? ?
tares; .dao-cse bambem em forma ãnver-sa , Pela açaoA
. compres siva ext er-Lor de corpos de grande massa s.2,
A
bre ontros de massa menor9 podem estes vir a fun-
dir? ·emlml uru.eo so'1°1 d o , g er-ancd o-se assim uma esp_!!
.
.
,. o o JI'

e í,e diferente e mais· comp'Lexa s O processo de trans


formação dá=se, poisj em dois sentidosg d@scen.de,n
te e ascendenteº Como.exemplo do primeiro (56 d)?
tomemos a água, que, quando dividida pelo fogo ou
pelo ar (o tetraedro e o octaedro são mais móveis
que o ieosaedro)i gera uma partícula de fogo e-du
as de ar; ou o prcSprio ar, quando dissolvido9 poc;:;,

de gerar· duas part:Ículas de f'ogo, Como processo


ascendente 9 citemos o que é descri to quando urn Pa.!!
co de fogo é envolvido em uma larga ?assa de ar,
,
de agua ou de terra; devido ao movimento dessas.
massas 9 os tetraedros são comprimidos uns de encon
tro aos outros e podem soldar-se dois? gerando a?
f
sim· uma par-t í.cul,a de ar, igualmente o ar , sob a
pressão da água ou da terra pode ter duas e meia
f
de suas part1culas soldadas? formando-se mna par-
.

tícula de água? A possibilidade da exist?nciadc:$


A ,

triangulos elementares em numerosos graus.de tam'ª


nho estende? pois 1 ao infinito a possibilidade das
dissociações e recombinações? quer nas transmuta-
ções ascendentes? quer nas descendentes&
. ' ,._
. . ?

. .

= 601 -

? § lܺ = A invisibilidade das figuras


geome?t ricas? A realidade das rela
o

geome?t ricasº
I
e;,,
o
çoes

A
Contudoj em todo.o curso desses proc?
?· A
sos ha um ponto de doutrina de importancia deci=
, .

sivag e que devemos pensar esses solides como in


A d?

visíveis? em virtude da pequenez de suas dimen-


?Õe??/i.? O-),'.,?_Kf01Tr;rrx. OV-óGY óerlJp,í))oy
Yf 1J µ,w Y (56 e j 2); só quando grandes massas
-
.

se gr-upam é que se tornam vis:fveis9 auv«


Be o e
õ?É">'i-úJV JE 1toÀÀw'Y ro?t; tr1<.ort; D(ÍfTWJJ
JeJ:..a-&rt.l º
Es ta passagem é que poderia servir a al
gum eomentadorj para fazer crer que Platão atrip
buÍsse realidade aos corpos geométricos; seria o
fato de julgar que as massas reunidas dariam ori
gem.às impressões sens:Íveiso Haveria assim a e?
plicação·do aparecimento dos corpos simples que
A
percebemos1 fundando=os na existencia verdadeira
de partículas geom,tricas microsc6picaso Estas
seriam então concebidas como tendo realidade fi=
sicaj estando somente abaixo do limtar de perce?
çãoj tanto que9 quando reunidas em-volume sufic,1
ente9 produziriam os corpos que conhecemosº
Oraj quer parecer-nos que a afirmação
da invisivel pequenez ·da? particulas? longe de
prestar=se a esta interpretaçãoj que conferiria
a estas caráter f{sico, é justamente a defesa do
- 602 -

ponto de vista oposto;? a defesa da irrealidade


com que sio imaginadas? Dizendo que as partícu-
o,.
anva s i.ve i s
, ""'·
, P'Lata.o conserva-ulh es o cara-
çv
las sa o
-? o""
o o

ter de pura criaçao.1mag1nar1a? apresen an d o=a? t


como coisas que jamais poderão ser percebidas e
Q?
comprovadas diretamente pela experienciao s e de
• o

?
se r eunem em grande nu.""'
?
declara que , quando
po.í.s
,
mero? torna-se visivel o
,
volume formado? e isto .

apenas urna í""Eülz conclusão do seu esquema Lmag í,-.


nirio9 pois lhe permite9 com esta suposiçio1 re-
tornar ao mundo reals Pensar o contrário seria
?
introduzir na cosmogonia pâa tcrrí.ca
.

um t.r aço car?


i' "
ter1.stico do sistema atomistico, e isvo_e o que ºt ,p

Platão mais quer- evã tar , Está seguro de que não


pode ser tomada como democrftica, a sua imagem s
p
porque e ela puramente irrealj enquanto a do ato
, , =
mismo e suposta ser a expressao mesma da verdade
materialo
A geometrização da natu?eza é inteira-
mente rn:Ítiea e, se Platão admite essas partículas
.
, , , Ias
neces sár
...
nu" er-oscopt.cas o
1.1· e porque elas sao ''!I.

a
compreensão do seu esquema ideal$ e não porque de
sejei ao fim, declarar que elas comp?em realmen-
te os corpos fÍsicoso Al?m do maisi a admissio
das partículas com o caráter de invisibilidade?
ra exigida para dar clareza ao mito do caos; era
(
poss1vel? por este
,
d'.
modo falar da presença dos coz:
pea no receptaculo e suger í.r a sua mobilidade9de§..
g;,
de que fosse permitido figurar vaga.mente a. rea11
- 603 -

dade do conteúdo do caosº Por êste artificio Pl.a

tão dificuldade de descrever o


obvia um pouco à
?
contendo do caos; podemos figurar=nos que os
nvestÍgiosr8 dos corpos que lá existem passam a
ser as figuras definitivas dos corpos quando a
Razão intervém;
masj como uns e outros são as -
pactos invfsÍveis, podemos representar=nos'.? como
A
f { .

t
se o s sem par a cu 1 as ma .er aa i.s
e
t o A
nu cr'oscopacas j e11
o ' 0

ses ele men tos submetidos ao regime eaó t í.co ,

Concluindo estas considerações sÔbre a


- ?
geometrizaçao da natureza, convem que nos repor=
temos a páginas anteriores do diálogoj ondej ao
introdttzir a realidade do re cep tácuj,o , Platão in
s í.ste sÔbre a transitoriedade dos elementos e O
( ...
que ehamamos fogo nao e a 1 go real
,;>

e
,
duravelj mas
A
uma apar-eno La sempre renovada , so tem na. qual ?

realidade o processo mesmo de renovação? Não o


podemos designar com um demonstrativo defini do j
objetivamente, como "is tot? ou naquilo'i, mas ape=
nas como ff
A
tal",
como conjunto de quaLí.dades, Es=
ta apar-ene.La contudo so? pode
. .

existirj mesmo como


aparência,·se aparece em alguma coisa o O fun d o
que permite aos elementos aparecerem1 que os aeQ
? A / e ? ,·
lhe e lhes.da sustento, este e 1nvariave1, e in=
.

qualificado, é realo
Agora estamos em condições de entender
o sentido destas palavrasº Depois de visto ter
tP ,p
que o nascimento dos corpos so nos e dado a com-
preender através da suposição de uma geometriza-
- 604 =

ção de sua estruturaj entendemos a que alude Pla-


.P ,I'
tão quando define a estabilidade do receptaculoge
a invariabilidade das relações geométricas aquilo
que é estável e definitivoº Os elementos passam,
fundem-se e desfazem=se, mas a estrutura inteliKÍ
vel que supomos estar no fundo de sua noção'.? essa
= , A ,
passa nem se altera, e sempre identica, e a-
º
nao
quilo, portantoj a que convém plenamente o desig=
"" ,,
nativo de Nao e puramente o e s paço , como
nreal'ff·º

extensão vazia e uniforme; é a infinita multipli


cidade de figuras e de relações geométricas que
A
d? A l t
nele se ao,? ?sse eci o in e 1g1ve 1 que se ex-
ºd O
t lª
prime em nÚmeros e formas, = que tem realidade wr
manante aos .olhos da inteligênciaº Por isso é ê1e
o ?nico invariante da natureza, ej como talj há
que supÔ=lo subjacente ao devenir que tudo arras-
taº
Compreendemos, assim, que a noção der?
lidadej palavra que não e?iste para Platão, figu=
ra no seu sistema como um conceito relativo e de=
pendente do modo de conhecer s do ponto de v Lst a
ó/1:, ""
da existencia e quanto ao modo de apreensao empi= t
rica j t-Breal'8 é o fluxo d o d even1r
.
1s1c9; as co?
e
r" e

A ti' "" tf>


sas que temos em torno de nos sao as unicas
o
eve?
dadeiras 'irealidadesn; mas, do ponto de vista da
A
e s sene í.a e quanto a
'I. "" t'
eompre ensao intelig1vel, 11reali8
,. o ;
e o 1mu?avel, o que subsiste inalterado no curso
das alteraçõesj o que podemos atingir sempre idên
ticamente e que se revela como a condição imóvel
- 605 -
da mobilidade, e outra coisa não é senão o con=
junto de relações matemáticas exigidas para ex=
plicar a presença da quantidade na naturezaG
É uma doação da Razão que traz ao mun=
do esta segunda espécie qe realidadeº É a alma
' ?
do mundo que procede a o::>mposiçao
e
dos elementos?
fundando na extensividade vazia do espaço os con
tornos das figuras sólidasº O espaço é um mero
conceito que assume o sentido de imagem fisica,
A
"" A
quando se supoe que sobre ele baixaram as rela-
- ? - ;
çoes matematicas e as configuraçoes geometricasº
A alma cósmica transporta portanto, além da pri-
meira determinação, a de organ, zar- o. movimento
t
dos céus em um regime racional, e s a- s egunda ,
a de organizar a realidade empírica dos corp o s
sob o modêlo da realidade inteligível das figu -
raso
Com estas duas operaçoes completa=se a
organização do universoº A alma que as realizou
deu origem então a um cosmos verdadeiramente be?
lo e bom, em que a Razão encontra, até o limite
máximo que lhe era permitido atingir a plenitu=
de dos seus efei toso- Ora, estando' assim comple-
to o uni verso e· por motivo mesmo da termina ç ã o
do seu·rabrico, surge a Última das coisas quefal.
A
tava criar, para que fosse o traço final de per=-
feição da obra demiÚrgicag o tempoº
***
- 606 -
CAPÍTULO VIII
A TEORIA QQ.. TEMPO

§ 10 - O tempo como realidade criadaº

A teoria platônica do tempo distingue?se


A = A A
entre todas as concepçoes anti.gas sobre esse tema,
como bem o assinala Aristóteles
(lBZ) por uma de=
s
finição originalg a de que o tempo é uma realida-
de criadaº Não possuímos nenhuma indicação sÔbre
se os primitivos filósofos e astrônomos especula.?
ram diretamente o problema do tempoj indagando de
sua essênciaj ou se apenas consideraram a sua defi
nição prática, estabelecendo os meios de contar o
seu decursoº A primeira teoria segura que encon -

tramos é a de Platão, e esta é imedi?tamente.depe_!!


A
dente do seu esquema eosmogonico e dos seus postu=
lados metafisieoso O tempo é o resultado do pre-
sente estado da natureza, organizada sob o regime
de um devenir regularº
,?
O tempo e conferido ao mundo por vontade
expressa do Demiurgo, que, orientando, como sem--""'
A = -
pre? toda a sua açao em vista do melhor, nao quis
que a obra acabada ficasse privada de uma forma de
duração que fÔsse a mais adequada à sua categoria.
Platão aponta-nos como um ato específico da Razão
esta criação do durar temporal e quer que nela ve=
jamos o acabamento final da operação demiÚrgicaja-
- 607 -
A
quele pelo qual o universo adquire a perfeiçãoª
tual e entra a existir na condição em que o ve-
,,
mosº Ha contudo, como para todos os demais atos
criadores? uma finalidade diretriz que se expri-
""' ?
me por uma razao ultimaº
Assim como a criação do corpo do uni -
verso :foi dirigida constantemente para que des=
se em resultado e mais belo dos vivos, e para is
to bastou que o Artífice se eon rermas se , sem va=·
= A
cilaçoesj ao modelo ideal que tinha diante des?
.

foi também a necessidade de conferir ao univers?


Â'
a ponto de ser acabado, uma espeeie qualquer de
duração que resultou na produção do tempoc

§ 20 - Umá interpretação da teoria


A
platoniea do temp o,

Para compreender a teoria platônica do


tempoj julgamos que poderíamos talvez penetrar:tJ'!!
.
?
lhor a profundidade de pensamento que eontemj se
procurássemos representar-nos em um esquema abs=
trato a gênese dêsse pensamerrt e, Chegamos então
·
a '(1rna interpretação do conceito do t.empo em Pla-
- - A
tao que nos
permite, se for justa, a brange.r nu-
ma visão a mais larga todo o sentido geral d.o
"
processo cosmogonico, mostrando que? para poder
·

ser entendida, há que incluir


a intuição da. -bem-
poralidade r{sica em um quadro a priori de exi=
A #
geneias logicaso
- 608 -
Platão coloca claramente
duração na sua o problema
perspectiva mais geral. da
"'
ra ê1e, um aspecto da Durar e,P.ià
inteligibilidade do
o que·é, sob ser.Tudo
qualquer forma, contém
de ser1 entre os na sua razão
demais aspectos
que o definem in-
telidvelmente, um que é
o resultante da
ção consigo mesmo compara -
sob o ponto de
vista da identid?
de; e dêste é que
decorreri gen?rica?nte
de duração. a noção
Quando concebo a
ser, tenho apenas
realidade de algum
um dado; se, agora, tomo "
dado à luz do esse
princípio de identidade,
ou seja, se
ponho a questao "eRAele 1dentico
0,\
,,.,

a si mesmo?",o
sultado sera? a ? A re-
atribuiçao, a esse
forma de duraçao. - dado, de alguma
Com efeito, para ,
lo consigo mesmo poder compara-
(verifique-se ou não
de),? que duplic?-lo e a identida -
rias de sujeito distribuí-lo nas catego -
e predicado
de uma proposição.Esta
duplicidade de posição
lÓgica é a noção
que podemos ter mais geral
de "momento".
do sob o ponto O ser que, analisa-
de vista da
to a figurar num identidade, isto "" A
juízo
e, pol!.
do tipo A=
sa relaçao,... ,'
e concebido
A, verifica e?
em uma dualidade
tos, e como, de momen-
pela hipótese,
foi encontrado
co, diremos·que idênti-
nidade. se,
do comparado
a duração que
porém, considerarmos
lhe compete
um ser que,
é a? qua.n
A consigo mesmo,
dentico, mas,
porque na sua
não se conceba
A
como i-
contida a nota essencia mesma esteja
de transformação,
sado como tenha de ser
inidêntico, diremos pe,n
que a duração
que lhe
- 609 -
?
compete e o tempo.
Assim, as realidades inteligÍ ve í.s ? PºJ:
que são idênticas a si mesmas9 são eternasje não
ao contrário. É a .forma de inteligibilidade que
define a de duração., Não é primeiro a eternida=
de? para depois ser verificada a identidade?masj
, '
' I t
ao corrtr-ar-í,o , a au to-dden tdade , a «ur n I<.(;( 8
> >
..

e
ti
.
? ""
·
rx U"'t"'f} e a nota cons
'.1
tuti va da essencia do
., -
in.,
. {'
tel1g1velj e dela e que decorre, como duraçaopr£
??.) ,·
pr La , o a e GcJ r
Por isso o mundo das Ideias e
o das Formas matemáticas é verdadeiramente o ún1
co que possui a duração eterna9 porque ·semen te
da Idéia se pode dizer que satisfaz positivamen?
te o principio de identidade., Os objetos f:Ísi ?
cos , por que são
concebidos como, por essênciaª
ferentes dos inteligíveis, são necessàriamenteez
? ? -
clu1dos da condiçao de identidade., Na visao plª
tônica? o sens:Ível físico é por definiçã·o o opo'ª'

to do inteligível; há de ser, ?or conseq;ência?


A A '

privado de todas as notas constitutivas da essen


eia do inteligível
de que difere.. Os obj e os t
sensíveis hão de serj poisj inidênticos a si pró
pr í.ose isto como condição puramente a priori ,
j'
,

de que a noçio de devenir ser, o correlativo


" o
emp1r1co.
Somente por que estamos habituados a
ver o universo
do nosso ponto de vista experime.n
tal é que a variação nos parece ser primordial;
mas num processo metafísico, que tudo quer justi
- 610 -

ficar por razões a priori e tirar o real .físico


,
das condições de sua apreensibilidade, e da dife=
rença para com o inteligível que resulta a inideB
tidade essencial dos objetos materiais@ A esta
eondição associa-se, como forma de duração corre-
la ta j o tempo o.
,:,
Contudo, ha que fazer.aqui uma distin=
ção decisivag o mito cosmogÔnieo veio
mostrar -
nos a possibilidade de ser pensada? para a reali?
dade que conhecemos como distinta do inteligivelj
uma multiplicidade de estados que de fato se re=
duz a uma dualidadei o estado desorganizado e o
estado organizadoº O caos e o cosmos sãoj ambosj
estados pensáveis como diferentes do inteligivel
-A
identico ej por issoj eternoº Pelo que acabamos
de dizerj deveria competir-lhes igualmente a dur?
ção Ora, é jus tamente aqui
-

temporalº que precisá


mos indicar eomo o pensamento platônico se des-
via para uma concepção parcial, e por que o fazo
Quando chamamos de tempo _a forma de du-
ração do que não é auto-idêntico, estávamos _fazen
..
.

no nosso esquema abstrato, uma reduçao


.

do, que a=
qui precisamos assinalar? na verdadej o tempo é
a forma de duração do que não tem identidade.den-
tro do mundo organizadoº O universoj concebido cô
mo pré=organizadoj no estado caótico, tem também
a priori uma forma de duração que não é a eterni-
dadej mas forma? juntamente com o tempoj as· duas
, o A
especies de um genero comum de duração? o que se
- 611 -

opõe à eternidade, por ser a duração própria, em


- , ? -
geral, do que nao e identico a si mssmo , Mas na.o
há palavra para definir esta forma de duração a-
tribuível ao universo anteriormente à sua estru=
turação, e isto pela simples razão de que êsse
estado, não tendo.realidade empírica, não saindo
' ,, ...
do- .domân í,o do pensave L, nao .de sempenha para a
,

compreensão.da natureza, nenhum papel em que in-


tervenha a sua duração; por isso não houve ne =
cessidade de dar-lhe um nome declarado? Como se
trata de um estado definido por run outro regime
""
dinamico? haveria que denominar de algum modo a
duràção concebida como própria dêlej ej como es=
? ta
""' , ,, '
nao pode ser o tempo,que so e concebido para
.

o regime do mundo organizado? só lhe seria dado


? A ,
um nome, se para a descriçao desse regime caoti-
co ou para qualquer outro fim de sua compreensão
tivesse de ser f?ita referência sua duração e i
Oraj Platão mostrá-nos que a descrição do eaos
pode fazer-se sem referência a· qua Lquer- espécie
de duração , ou;
....,,, .

paradoxalmente falando, que nos


basta conceber o regime de mobilidade1 que nêle
vigora, como se processando fora da eternidade e
do tempo4 Por isso não figuram no esquema do
? - A
conceito de duraçàoj como divisoes do genera? s?
não a eternidade e o tempoº Se o fim da nossa
investigação é o conhecimento da naturezaj pode=
mos abrir mão do inidêntico representado pelo
regime eaÓtico, e restringir-nos ao que é dado
- 612 -

no devenir regularº
Para êsse, então, há que definir a for=
N ? ?
ma de duraçao, que lhe advem da sua condiçao dedi
ferente do inteligÍvelc, Aqui estamos em pr-es en-
ça do ser que, por definição? se transforma; mas
'
- #
a inidentidade que aqui se processa nao e mais a
absolutamente geral ou indeterminaãa; tomado em
?..

dois momentos distintos, este ser se revela, por


A
cara?
;,

definição9 diferente? mas, agoraj com este


ter pa.rticularg no segundo mo=
o aspecto que tem
mento? embora não idêntico ao primeiro? é contudo
.... - ,,. ,,
uma relaçao determinada; nao e
'liga.do a este por
?
mais qualquer? ao acaso, mas aquele que a lei do
processo do devenir? que o envolve9 lhe determina
que possuaº Não estamos mais no caosj onde impe=
ra o acaso? mas no mundo· organizado, onde o deve=
nir tudo arrasta e .onde cada aspecto decorre do
anterior por uma razão determinante?
Assim? a inidentidade que agora se veri
F
fica e uma inidentidade regular; o segundo aspe.Q
to acontece como ligado ao primeiro por uma lei
que é, generalizando=se j a própria ordem do uni -
A -
versoº Deste modoj nesta forma de duraçao, a ca-
racterística que a evidencia é a previsibilidade?
Desde que, na inidentidade essencial do ser fÍsi-
co, cada aspecto est, ligado ao precedente por u-
m? relação necessária:, o conhecimento de qualquer
aspecto, mais o da lei do seu deven í.r dá-nos , o?
nhecimento de todos os aspectos seguintesº A natu
?
"
·? '
.,, o -.
'.;
Y..
?
J •
.. -
:: ?l
?I
I'•
:
", ,

I. ? •

'l, ?
' •

613 - '
À J
'. : ?

• (
reza passa a ser um d even1r prev1s1ve,
o
1 e isso
graças ao seu processar=se no tempoº
O que
.P
bade
.P
(
ultimo no mundo fisico
?
e a
- A
intuiçao do seu deveniro Para este definimos U=
ma forma de duração, o tempoº Desde que consi?
remos o devenir como organizado pela Razãojo tem
po em que se vai processar passa a ser a condi =
ção diferencial de dois aspectos quaisquer do
sero Como, pela ordenação da natureza racionali
zada?-um segundo aspecto pode ser dito conhecido
pelo conhecimento de um primeiro'.; a previsibili=
dade torna?se uma função exclusiva do tempo?Ora.j
A I -
toda lei natural e a expressao de uma previsibi-
lidade; por isso as leis fundamentais da natur£
za se exprimem por equações. diferenciais em rel'ª
=
ça o ao t.empo ,

§ 3º - Por que não há tempo no ea os,

O tempo não tem, pois, existência nem


definição à parte do devenir organizadoº Se o
A
concebessemos como regendo um estado de transla=
tividade irracionalj não estaríamos definindo a
A
sua verdadeira essenciaj nem dando-lhe o pape 1
que, como conceito, deve ter na descrição da na-
turezaº Se o fizéssemos vigorar no caos) tirar=
(' ;
lhe-iamos o carater de ser o fundamento da previ
sibilidade, pois, nesta hipótese, o faríamos do-
, ...
minar um mundo onde necessariamente nao pode ha-
=-
614 -

ver previsibilidade? porque não há determinação?


cionalo Por isso,Platão não concebe.o tempo ?no
caoso- Sem dÚv-ida? para êste estado poderia ser
"" "" ,f'
pensada uma forma de duraçaoj mas tal nao e nece.,2,
# A
sario9 uma vez que nada haveria a fazer com esse
conceito? que não serviria para nenhum aumento de
N ,
compreensao do regime caoticoº Seria, se o qui=
séssemos imaginarj á duração correlata do acaso?
como o tempo é a duração correlata da ordem e da
previsão? seria? por assim dizer? uma forma de
duração tal quej se imaginássemos poder intuÍ=la?
seriamos capazes de nos representar positivamente
o casualj o indetermtnado (de fatoj só concebemos
a indeterminação pela negação da determinaçãojque
é o concreto de que partimos)º Como não podemos
fazê=lo, não haveria utilidade em construir o con
ceito de duração para o caosº Basta iso+ar o con
1

ce í.bo de tempoj negando-o ao mundo desorganiza d o


e privado da Razão o t
o que faz Platão) quando
A
considera o tempo como gerado smmultaneamente com
o universo.constituÍdoo
Ora, esta doutrina pÕe 'o problema de S-ª.
ber como é possível então definir o regime mecâni
co do caos , se nêle não introduzimos o cone eito
de tempoº Dissemos que o caráter essencial da mQ
bilidade ca6tica ? a sua inércia; que, se conce-
t
bermos U.11na partícula aí exã s en te , como o movimen
to lhe compete por natureza, sua realização se fa

,.,
!
- 615 -

,. - ?
ra em linha reta e uniformemente? Ora, nao e
pos s lve'L definir uma velocidade constante s em
A .

introduzir os parametros da vélocidadej o espaço


e o-tempoª O espáço está presente no caos, é o
,' t.t? A
proprio recep acuo
o
1 em que se processa esse regj,
me, .ha , poã s , a extensividade requerida para a
,p

definição do movimento; ma s de outro Lado , é ,

recusada ao tempo? a outra variável1 a vigência


nesse domínioº Tornar=se-ia então aparentemente
impossível a definição da velocidadej e portanto
,Po o ,f'
a d o proprio pru1c1p10 d e inerciaº
fo o o

Tal se dá efetivamente quando interpr?


tamos o regime caótico à luz de nossas categór:ias
,P ..,., . . :,A
cinematicas? Mas Plata.o pensa o problema em te1:
mos. completamente estranhos aos que f'undamen t am
a nossa coneepção? o que não o impede de, por e.2,
.... ... ,I?

sa forma? chegar a mesma conclusaoj ao que e pa=


ra É que, para ê1ej a uni
nós a lei de inérciao
formidade do movimento não é uma earaeterÍsti e a
quantitativa, mas qualitativa? No movimento uni
forme a velocidade é um aspecto qualitativo, é
, , ??
uma das qualidades do movel, e e tal porque nao
- A
tem definiçao mecanicao
= ·

Platao julgaria imposs?


. t
vel estabelecer a velocidade de uma partícula no
eaos , justamente porque es ta_ velocidade é um pu""'
r o caráter d et'Ln í.do em relação com a sua intui=
.

= ?
çao dos lugares naturais'.? e nao coisa que pudes=
se ser medidao Com efeito, nio há meios de com-
- 616 -

parar entre si
duas velocidades no caos, pois nao
N

há nenhuma determinação mecânica ainda presenteº


Par-a Platão:, a mecân í ca ,
tal como hoje a en tende
mos? é uma ciência-só possível no mundo organiz?
do; só começa a exí.s tãr , se introduzirmos-.a-hipÓ
tese da ordem e da quantidadeº Isso não imped?
que possa ser definido o regime do caos t e que í1

pelos meios qualitativos de que se utllizaj che=-


gue a um resultado que coincide com o da nossa
N A v'
<
concepçao mecanica; pois nos da as caracteristi=
cas essenciais de retllineida.de e de uniformida=
de? o que basta para identificar o seu conceito
I\
da inercia ?om o nosso, A ausencia do tempo no
• ra A .

?aos nao impede que concebamos nele alguma coisa


movendo=se retilínea e uniformementeº SÓ seria
impedimento a que medíssemos a sua ve Loc í.dade e
Ma.s 1 para Platão
9 esta medida s supos ta realizada,
não desempenharia nenhuma função na teoria fisi=-
" i>,,
,
ca; logoj nao ha que procura-laa
O tempo
não existe no caosj e é isto um
meio de distinguir do ordenado êsse regime? -Po-
demos intuir a mobilidade do caos em têrmos-pur-ª
mente qualitativos; e de .fato é o que Platão faz
quando a concebe como espontânea, retilínea eu-
niforme. Para Platão a espontaneidade e a reti=
lineidade são caracteres qualitativos do movime?
to; e não têm definição mecânicaj porque são in?
rentes ao seu conceito? Assim, nada impede que
consideremos a uniformidade de uma velocidade CQ

-s: :::
... 617 CD

mo definida qualitativamente9 desde que não pre=


tendamos medi-la?
, ,?
So no mundo organizadoj onde
-
ha pad.roes de comparaçao, podera, ter lugar a me=
p "'

did.a de uma velocidadeº Mas já. existe o tem= ai


po como condição indispensá·vel para essa med Lda ,
Existe contudo uma segunda razão para
excluir do caos a possibilidade do tempog a reti
lineidade do movimento que aí vigora? A concep=
ção de Platão revela-se agora mui to mais amp Ia
do que a princ{pio poderia parecer-noso Pel?pri
- A
meira razao1 vimos que a existencia da uniformi=
? A .
dade nao implica a existencia do tempoº Mas ag_Q
A
ra vamos ver algo mais profundo: a e?istencia da
- A
retilineidade implica a nao-existencia do tempoe
A primeira razão tornava suficiente a ausência
do tempo; a segunda a torna necessária.
De fato, Platão quer dizer=nos que num
universo em que só existissem movimentos retilí-
neos não poderia haver tempo., Com efeito, consi
(
. .
. .

_daremos uma particula deslocando?se em_linha re-


ta, indefinidamente; na sua_ trajetór_ia_, ela ri?o
·

passará .duas vêzes pelo mesmo porrto; o que dete.r.


- I A
·
.

mina nao ser poss1vel fazer desse movimento am?


didade um tempo? i
que tÔda·medida de tempo se
faz-por nÚmeros sucessivos, ouj como dirá Platã?
o tempo progride segundo a lei dos números? Ora,
,I'
o numero se faz pela adjunçao de unidades umasas
- o '
outrasº Assim, o número ·que mede o ?ovimento d?
verá fazer-se pela adjunção (ou também pelo fra-
- 618 -

eionamento) de partes do movimento1.tomadas como


unidades9 umas às outras? Ora, isso supõe-que se
possam reconhecer essa? partes do·movimento9 ou
'
43<

seja9 que estas se d?e:m ·:repetidamente no curso do


movimentoº Mas num movimento retilineo absoluto
não há meios de definir partes de movimento reco?
nhec:Íveis, pois o deslocamento é incara.cterfstica;
? A - ?
qualqu.er divisao que nele introduzamos nao provem
dêle mesmo? é apenas um aparato arbitrário que I.re
impomos o Não podemos defil1ir uma posição como. O<=>
rLgem no percurso de uma partícula em mov ímerrto.re
tiiíneo e unifo:rme9 e vê=la depois voltar a.essa
N A N O
posiçaoe Deste modo? a intuiçao que temos do pros
seguimento do seu movimento ass?e o caráter de
uma intuição de duraçãoj mas não permite a reali=
zação da medida de uma velocidade. Para que pos-
samos ter a intuição de uma duração mensurável,ou
seja? do tempo? t
preciso que nos seja dado perc.£,
bér unidades ou partes do movimento1 reproduzindp-
A ,

se i'dentieas, para que as possamos contar, juntan


d·o-as ou subdividindo-as; para que seja mensura, -
, ".
vel, e necessario que percebamos ciclos no movinen
to, ou ainda, que ;ste seja peri6diaoe
SÓ o movimento periÓdico pode introduz1r
a medida do movimento; ej assimj só ê1e gera a nQ
.,.,,
-
,
çao de ?empoo Ora, como o movimento periodico .,
e

lt
aquilo que-a alma do mundo introduz quando se com
f ?
Pe a a ormaçao da natureza, so., entao
.e,,,

começa
xistir o tempo. No caos? onde não h; periodicida
a?
- 619 -

- , N -
dej nao so nao ha' tempo como nao poderia hayer.
A.intuição de uma duração correspondente a êsse
estado há de ser necessàriamente diferente da
que .temos para o mundo organizado? onde acham?
mos tempo, pela razão evidente de só aquÍ haver
N ? ?
na rotaçao dos ceusj um me:i.o de tornar contavel
a duração que lhe eompeteo
Rea?mente1 para que apliquemos a lei
,
numeros
.

e

preciso que façamos a contagem de
dos 9

partes. que se
,
t ínguem,
Ora,as partes do mo=
dã.s

vimento so se distinguem se podemos estabelecer o

entre elas limites definidos na. bura í.s ·? O mais


A ,
natural desses limites e a volta ao mesmo pont0s
o que faz· reconhecer como encerrada uma parte do
. A -

percurso e recomeçada outraj sobre a mesma tra?


" -
jetoriae Podemos entao aplicar a essa repetiçao
,J'

( ; .
,
distinguivel a lei dos numeros e contar o mune ....
A
rode vezes que se processa a passagem pelo me?
mo porrto , Temosj assim, um r·elÓgio-, ou sejaium
movimento periÓdico regular em que se torna po°'ª-
? ...
s1vel a adiçao das unidades e, igualmente, a sua
...
subdãvd sáo .., , - p
, O relogio natural e a rotaçao do eeu,
-
,
Como esta e resultado da organizaçao do universo,
o tempo9 a que dá origemj só terá existênciaquan
do o Demiurgoj completando a feitura das esfer?:
,.
lhes der o movimento circular, aquele que mais
..

se aproxima do das operações racionaiso


A - ?
Deste modo9 no caos nao ha nem poderia
haver tempo s as características do movimento CO.B
- 620 -
·?
cebido nesse estado a isso se o poe m , Isto fll:II

nao im
pede contudo que a lei de inércda possa ser defi
nida como intuição intemporal que é; pois1 não
"
sendo um regime que tenha tido jamais existencia
N - ., ... -
reàl? na sua definiçao nao intervem necessaria
mente o fator tempoe

§ 42 -
Definiçio do tempoº Comparaçio
com a eternidade& A medida do tempoº
?
O tempo e- o numer o ,

?
Vemos assim que o tempo e um coro 1'
ario
o

A
da ordem9 e não da e.xistencia materialº Por is=
, ,
A
so o Demiurgo so o concede ao mundo quando este
? . --
esta acabado na_ sua composição ordenada? O t' em=
po começa então a existir em substituição à dur?
ção? que se poderia conceber valendo para o caose
Esta nova espécie de duração será tal que repre=
sente, na ordem da duraçãoj o que representa na
ordem do ser o devenir organizadog o que de mais
per.feito pode haver na sua ca tegor í.a, O princf?
pio de máxima perfeição, isto éj de máxima apro=
f!W A
, como em tudo o mais,
ximaçao do modelo j rege aqui,
-

?ª elaboração do universo.
Demiurgo regózija-se com a criaçaoate
O
·
' ? ,
agora feita e pensa nos meios de torn?-la o ?ais
?
poss í.veã semelhante ao seu par aüí.gma ? ,
?a ç 7r0(1:'>Jf, ,rtXtrd'>J
,
O J)

TE l<P<t EVff«Y IJ?'t?


reJ) r-
E-Ct J? pÔ<Ãl" )I tif'-OL ())) -rreO? ró =e:
-621 -

?El r#<X f I
?
l
r .,
etrs v o ?tr£ «7T £fr«
a:« (T ?IX
(37 c)o Ve que alguma forma de dura=
çio lhe ter? de ser atribuída? Naturalmente, a
mais perfeita e a que ocorreria imediatamente pa
ra ser conferida ao mundo é a própria eternidade
( A ?
em que dura o modelo intellg1vel? que serviu aftt
""' f)I 7
br-Lcaçao deste un í.ver so , k:« a « 7rEf oov
a.. ;,
«ur»
'
"urx_J v s c J;qo)) «.Í<ft.o)} Ó>'
1
KQ't 7:Óóe
ro 7r«Y ôÚt:úJÇ €lÇ ó VY()(.;U,LY lrr? xet'-
l/)J,(TE
/ TDLOY?O))
Verifica?
?1TO?:E
q'
./\E.LY.
i'
poremj que era 1mposs1ve 1 a=
e

? ., t'
plicar este carater ao ser que sofre um continuo
devenir, porque seria supor o regime pr6prio da
- existe
identidade onde ela nao ?
·"/
'
µ,e))
-
e ou
9

swov cpJcrtç lz-úrx<XYEY oltnx Of.lWYlO')


1<;l -coVz-o JÚY ?? -r<Ç T£?)}"l",'f
7To()IT€ÀWÇ 7TfO(J'Ol7r't'?l)) OV'K 1JY
á 11 JJo<TÓV e O Demiurgo teria então decidido fa=
? r-> '
eternidaden_9 El K..W
,p
zer numa imagem movel da o
) I I'
t J) r; r: o -,; Tl v <X. ex e w )) o s
?- -
7r" e (Fat
e trE ')) o e L K. 1J
(37 d)? que chamamos o tempoo É imagem da eter-
nidade, como o devenir ? imagem do inteligível;?
aquilo que na ordem da duração melhor imita o r2
gime da eternidadeº Esta? a primeira qualidade
,I' A "°
do tempo, a de ser·º analogoj no genero "duraçad;
do que é a eternidade para o ser das Lde í.a s ,
Mas entre o tempo e a eternidade o tez
to ãnô í.ca-nos que há1 pelo menos, as seguintes di
I
ferenças: o tempo é uma mobilidade, Kl V'YJ ?"O Y ,
- 622 ....

/!
a eternidade é uma in var ia b í.Lãdade , ?€ J) o Y caç e

t' uma - as partes


mobt Lí.dade , porque ' ?que n;le pode-
"º' ?; ""
mos distinguir 1
o e o Z-o tE(T'Z"?{ s nao
nos aparecem como idênticos; significa isto que
não se pode delxar de concebê-las como distintas?
o que obriga a compreender a·passagem de uma aº!!
,
·tra? como uma mobd.Lí.dade , Ao conta-àr ã.o, na eter-=
'

A
rrí.dade , se qtrl s as s emos conceber "momen to s" 1 eles
'
?

seriam todos idênticosíl o que significa dizer que


I' o ,
ha apenas um "moment!,, o' urnco? rmpas save e A ss im,
V
o ,e
.. l
·

a eternidade? im6vel9 e.o tempo progrideº


Ora? a distinção dos infinitos momentos
? ,
que compoem a mobil:tdade do tempo permite pensa=
?
los como uma sucessao? que pode ser posta em par?
11
e o com a suce s sao aa serie numer aca , a gua ..1 men ?ce
?- º 'º 'º
A
infini tao Produa-se assim urna cor-r-e s pcndénc í.a u-
nívoca? que é o fundamento da medida da duração.
bempor-a.l , Por isso diz Platão que o tempo t?corre
' - ,
?
<l'
segundo o númer ov , Kriz- ex l1
17
)', o Y lo u a'« Y
3

O nÚmero relaciona-se com o tempo pela possibili=


;>

fl ..
()

A -
dade de relacionar a consciencia da sucessao car-
dinal -eom a das partes iguais reconhecíveis no flu.
xo do deven,ir e O númer-o torna-se? as s í.m , a med í,«
da do tempo; mas? para que se dê o reconhecimento
A ,p ç,p
d a correspondencia
o
entre as duas sucessoes? e pr?
ciso que seja escolhida no devenirj para serem as
ti\ J' .A
partes sobre as quais se fara cair a corresponde?
o ., f
eia com os numeres? partes repetiveis?
. .

isto ej f?
J1 ,

nÔmenos cÍclieos periÓdicosi a fim de serem toma=


das como as unidades que serao postas em correla
-
ção com .as unidades da série numér-Lea , A rela =-

ção ent1?e a periodicidade e a numer-abd Lí.dade , c.32


A º ;,
mo e ss enc i.a da medida do bempo , e expressamente
I ?
definida por Platao, «''1"\'
"'"
/\?o( Xf o>' ou i-av,o<.
(X l?
Y o; _fal)LO 1ffa É)) o 1.1 K-dC t K oC'Z-, « pt &_µ,?Y
KV l<t-..o'lfµ,É>lo?r 7Jyo YEY £ldf
(38 aj 7)o Em outra passagem
mai.s adiante (39 c)j Platão exprime de forma? se
possível? ainda mais clara esta mesma relação;ao
dã scut í.r outro aspecto da eor-La , examiná=la=erroso t
Seja a passagem do sol pelo meridianos
seja a de um ponteiro por uma certa posição nape
riferia de um quadrante de re1Ógio 9 é pr ecí.so que .

se repita essa passagemj para que seja poss!vel


isolarj no contínuo do movimento circular., cada
urna destas voltas à mesma posição, cada ciclo1c..Q
mo uma urrí.dade , que será então uma unidade do ? .

so temporal, run dia1 num casoj ?ma horaj noutro


ca so, Fixada a correspondência com êste movimen
, .
to periodieo9 existe agora a escala de tempojeom
a qual pode medir-se qualquer outro movimento()
Mas não seria possível jamais estabelecer a cor=
respond?ncia entre a" série numerica e a tempora?
• = .I'

se? ao invés
,R'
de ser considerada a r obacao dos cem,
que é cíclica? fÔsse considerado o fluir de urn ri?
R A "'°
g'
que e retilineo? Ambos estes movimentos sao con
·

f
t1.nuos
/7 A
mas so o que e periodico pode ser posto
t? - ,{)

em correspondência com a série dos nÚmeros? por-


- 624 -
,- A
que so nele pode dar=se o reconhecimen-o de
o
t par=
tes distintaso
? .I' ,p o A
A continuidade e o carater propr10 des=
se tluir? Por issoi pode ser p3sto em correl?çio
p
t serie ;f' .

com a eon anuacane d os numer os e


? o
,'., ,i
na o o
Platão
"'º ""
ere 9 com a ar a.rmaçao d' e que o "tempo mare.h a segun-
,fa, t-
·

co
a os nu mer os s
?
... in d t car=ncs
e o . ,
rruao
(1 o que pensa soAbor e
-

,I' ? A •

o seu carator continuoª A correspondenci.a estab&,


Lece -se entre quaisquer ciclos regulares i que. con
e( ,'
0:"1
s:iaeremos? e as uniLd a d es ?o continuo numericoº
d
O

Pouco importa que t omemos como unãdades o ano ou


o dia; definida a correspond;ncia, seguem-se como
múltiplos e submúltiplos da unidade tÔdas as divi
sões do bempo ,

§ 5º = Que significa dizer que o tempo


é eternoe O conceito fisico e o con
,,
ceito logico do tempoº

Na comparação do tempo com a e er-rrí.dade, t


há no texto uma questão terminolÓgica que tem pe1:,

turbado certos comentadores9 como Archer=Hindo É


que Platão declara que esta imagem móvel da eter-
.
? p
nidade? que corre segundo o numeros,
' I I
e, ela mesma?
e t.erna, <X W Y o Y
.)
e e K o Y ct.l l ( 37 d j 8) _ e

Ora, se justamente o que quer é distinguir o te:m.-


po da eternidade, como formas de duração, que se?
tido tem declarar eterno o tempo?
Fraccaroli(lS3) julga que'j se a imagem
- 625 -
deve representar o paradigma na qu í Lo que lhe é
subs tanc í.a L, UciO Che nel paradimma é sos ta n z a
nell9imagine sarà fenomeno e qualità, ma non po-
trà mancar-e ma L" j eterno como qua=
o tempo seria.
"" oh
Lí.dade , e nao como substancia" Outras expli e a=
? A ?
çoes tem sido Levan tadas por outros comentadores,

mas não vemos por que criar um problema ondej ao


que nos.parece, não existe; há de fato aí o que
é uma nova e instrutiva informação a incorporar à
teoria geral do tempo?
, I
O tempo é di to ex úJ Vt o)) , e realmente l
o éº Precisamos lembrar=nos que há no fundo do
- A
pensamento de Platao.a certeza de que este mundo
sempre existiu e sempre existiráº É de importân
eia capital, não só para a teoria do tempo? como
para a filosofia da natureza? a afirmação explf=
cita A
desse pensamento, o
e
J> r; {',
.

Ci.V Ol<X.
/")
re /\OVt;
\ ?I I
7:0Y, cx.1roc.y r-, xe,"Yf y ,1rtJ'YúJÇ ,€
t

Kou. WY /(()(.l erro Jt,EI?? (38 cj2)o


Observemos quej na definição dos princ:Ípios da
fisica9 o devenir é explicitamente declarado ser
, ' I 1 ? /
perpetuo, ?o rYOf""éYOY _µ,.Ev IXEl
(27 d, 6) º
T'
fazer-nos
SÓ o drama cosmogÔnico pode
crer que houve uma geração do universo, mas es-
ta cosmogênese é um puro artificio lÓgico, sem
valor histórico realo O mundo sempre existiu, e
A o
por isso o tempo, que com ele flui, sempre exis-
/ / - t .
tiu tambemo O tempo e tao eterno como a e erni-
- 626 -

dade? de modo que a distinção entre êles não está

emove 1
a momento,
1
í.s t o ej
is 'f
na sua dimensãoj mas na sua natureza& a do tempo
""" orma d a d e passagens d e momen
;
a da eternidade e imovelj formada
,
to
de
um só momento
(l84)
É em função do princÍpio de

identidadej como pensamos, que se distinguem •


Além do mats j mesmo no seio do mi o , o
.
t
mundo é concebido como gerado, mas como não deveu
do ser destruído ó(ÀVi-o>I (32 c , 3); se não há U=
ma duração temporal infinita para trás? pois a g,.2
- A ?
raçao figurada poria um termo a. essa extensao?ela
? . - .

se da para a frentej nao devendo nunca desapare-=


cer o universo o Seria então. melhor que traduz:fs.,
semos a expressão <X Í ?)) l ov
, quando ligada ao tein
po (37 d, 8), por ''perpetuidadeu j e não por e ter -
nidadeº É perpétuo o que teve comêço e não te-
rá fimª' tal é o caso do universo no mito
? I
-
eosmogÔ
nã co, Se refletirmos que a expressão o<LW Y lO?_
pode conter indi.ferentemente os dois sentidos (a
l:Íngua greganão possuía t;rmos fixos para distin
guÍ-los)j é natural supor que seja no sentido de
perpetuidade que a
linguagem do mito define aqui=
lo que de fato é concebido fisicamente como.eter ...

nidadeo Platão pode usar a mesma palavra? porque


está seguro que a distinção entre as duas form as
de duração provém do fundo da natureza de cada e
que não poderão jamais ser confundidas a eternidà
de móvel do tempo com a eternidade imóvel da ete?
nidade?
- 627 -
Nesse fluxo perpetuo do tempo e que o
, ?

devenir se realiza. Nêle dão-se as relações de


anterioridade e posterioridade e tÔdas as demais
relações temporais?
SÓ no mundo fis
t.co pode dizer-se que as
coisas se tornam mais novas ou mais velhasjenqugt
to que no mundo do ser :i.nteligÍvel não penetra
nenhuma dessas relações? (Simpo, 211 a)
A ?
No Parmenides9 Platao consagra um es tu
o

do eonsiderável à discussão da correspond;ncia ª1-


• A
.


tre a noçao do Um e da existencia no tempoº Nao
nos e poss a?ve 1 en
?
t rar na ama"1 r.se dAesse exer c ac ao
° e
·.
0

, ? A .

dialetic.o que, como toda a segunda parte desse


.

diálogo, é apenas o estudo do.conjunto das rela-


ções que se podem estabe.lecer para a noção de ·

uma unidade abs o Iuba , sob todos os as pee tos em

que seja concebí.da , Importa apenas notar que Pl'ª-


-?1tão ai def Ine , sob uma forma que à mui tos parece
toda ara-
.

(185)
·· A
que Cornf"Ord com
·

sofisticaj mas
·

zão considera legítima, ª?.


..

relàçÕes temporais?em
uma rRremarkably .Lue ãd and sound analysis11.,
A finalidade geral dessa análise é in...,
dicar-nos que devemos estabelecer uma distinção
f'undamerrta.L entre o conceito fÍsico de tempoj. C£
mo um fluir interminávelj e o conceito lÓgico de
bempo , ·como um quadro em que nos figuramos conti
da a totalidade do processo do devenir? No pri-
?
meiro sentido, o tempo realmente passa1 e o sen=
tido do devenir -puro; no segundo s en td do , o tem.
/
' po nao pa?sa, mas e apenas um continente duracio-
nal para completar o esquema da naturezaG
( .
/
No conceito fisico9 ha os aspectos de
passado e f'ubur-o e não se pode definir a noção de
(
e o d om1n10 ver d a d e1ro d·o d even1r e ai
,P e o . ?
presente;
.
A
tudo é 8:itornar=sei8 ou mais velho ou mais moço shas,
no conceito lÓgico? o tempo é uma estrutura indi.2,
pensável à representação do universo e, como talj
, , .

e verdadeiramente um imutavel presenteº Nestes?


'tido nae devení.r , pois j como diz pr'of'undamerrte
l1cÍ

Platãoj ao ir do passado para o f'u tur-c nenhum a_ ,

coisa ultrapassa o presente; por-tan to , quando cdfn


e ide com o pres en te cessa o devem.r ? e a coisa dej
.:ica de i8tornar=se18 mais velha, para rasern mais ve=
,
lhas Da=se ? -
a .fixaçao das r-e Ia çoes t.empor aãs , que
.

perdem então todo significado fÍsico., para se a=


" .,.;,
presentarem como um entrelaçamento de relaçoes lQ
í í
g cas imutáveis,, A relação "ma s velho que" ? que
poderíamos chamar de u
é, no
presbi teridade'' j es=
quema lÓgico do tempo? um invariável9 isto é, não
se torna ela prÓpria mais velha, não aumenta a
sua "presbiteridade"Q
Já no sentido fisico, a fluência do tem
?
e o seu oarater
,I'
po distintivo, e neste sentido as
Á ,.,,.
.,
relaçoes que nele concebemos sao variaveis, elas ""'

J'
propriase Assim, no mundo do devenir cada coisa
r1torna-sen a cada instante maisvelha que outra ,
tomada como ponto de referência; mas, reclproca-
Â
mente, esta segunda torna-se igualmente mais moça,
- 629 -

com o mesmo passar do tempoº Se considerar m os


os dois têrmos destas relações como representadcs
pelo mesmo ser fisico? chegamos a êste aparente
paradoxo, que pode ser, como diz Cornford,um mo-
do de falar "?familiar, but not fallacious", a
"
saberj que, a medida que o -tempo passa5 cada co1
A A
sa se torna simultaneamente mais moça e mais ,re=
lha do que ela própria? Com efeito, diz Platão,
. ,I'
110 que envelhece esta=se tornando mais velho do .
,I'
que alguma outra e oí.sa que esta tornando-se mais
mÔçaf! (Parm., 52 a) , Quando digo que um homem
.
A I
envelhece, digo que a criança, que ele foi, esta
se tornando cada vez mais mÔça? pois está cada
vez mais distante do velho? o que vem a ser tor=
nar-ise cada vez mais mÔçaº A Lnver sáo das rela=
N N /
çoes temporais? Platao so a concebe quando as
pensamos para o tempo em sentido fisieo; quando
·o.concebemos como urna moldura da ordem criada9:pcm
sames a ver a natureza num eterno presente, e as
""' - , ,
relaçoes temporais adquirem entao um earater lo-
gico, definido por uma direção, e passam a ser
.... e •
pensadas como nao invers1ve1s.

§ 6Q - O tempo gerado pelo movimento pe-


riódicoº A pluralidade dos tempos.
o tempo absolutoo

.
A
O traço essencial da doutrina platoni-
ca do tempo é a concepção de que esta espécie de
- 630 -

duração começa a existir juntamente com a formação


do céu, J.f ó))_OÇ S' o:J.)) p..€,, C>V-flX.JJOÜ
p ? ?
rove)) ri o

S? pod.era acabar, se acabar tambem ª?,natureza orga


nizada de que é expressão suprema j O<.flc<. K«i
.íl118Wõo', <J<y )...Úrru;
" "
n,
0<.Ú'l"iiN rtpieTo<l .
Oraj a natureza so e organizada na medida em que
manifesta a influencia da Razao; mas9 na ordem f1(
A ""'

.,..
sica, o mais alto ef'eito dessa inspiraçao raei?nal
foi a criação do regime de mobilidade circular pe=
riÓdica e O tempo sur g e , por consegu írrte , da inst-ª
lação dessa mobilidade?
A
Chegado a este ponto1 porem9 Platao de=
; ,,..J

- ?
geral em uma derivaçao al
1

senvoãve a sua conce pçao


;'
tamente interessantei desde que o tempo e gerado
juntamente com o movimento _circular, conclui que a
inversa é ver dade ãr-a , isto é? que todo movimento
circular gera um tempo prÓprioo
N ..., ,if'
Nao serao sem duvida os movimentos circ?
Lar-es acidentais, como os que provocamos nas rodas
·

I? o .A "" A
,por nos fabrieadasj porque estes nao se mantem por
'si mesmos, quer dizer, não são a expressão .de um
efeito da Razão unãver-sa l., Mas, na vastidão dos
? A {
ceus, vemos que cada planeta descreve um c1rculo_11Jr
ticulari círculo êsse que sabemos ser um dos que
resultam da divisão do circulo do Outro da alma có?
mica? quandoj por ocasião da criação do universo?
nestes círculos internos foram distribu:Ídos os as=
'tros pr Lnc Lpa Ls , Há? po í.s , um tempo especifico P-ª.
ra cada rotação planetáriaº
Contudo, observa Platão,'por falta de
atenção da maior parte dos homens não foram da-
dos nomes aos giros de cada um dêsses astrosjco-
mo foi feito para a luaj cujo ciclo completo ch?
A = =
mames de mesj e para o sol, cujas revoluçoes sao
o anoº SÓ por falta dessa conveniente observa=
"" o .., ;t iP .,.
ça.o denominaçao e que ate agora nao foi reco -
e
# I\
nhecida a realidade dos tempos proprlos desses p1a
A
netasº E1 ao indicar=nos o que deveriam ter fei
to os homensj se observassem essas revoluções9Pla
tão-deixa bem explicada a sua concepção da cor.,..
respondência unívoca entre a série da· duração
temporal j definida por suas unidades cíclicas j. e
.f' A A
a serie dos numeres cardinaisg
JI'

o erro desses de
satentos -foi não ter visto que deveriam comensu?
rar errtr-e si A
movimentos e po-Tos ' em rela -
esses
A

- #; J/ .)/í\i\
ça o com a serie dos numeres, QV,e 7rf0Ç oG "') í\O(
({'U_foJLE"fºff)J'C<X.l 0-1<.0'lrOUYZ-E? ?f>l?Ot5(39 e ) ,
Temos aqui claramente indicado o modo
como é concebida a existência do tempo como cor-
relato do devenir$ tstes homens que não aplicam -

A ? A
a correspondencia numerica ao curso dos planetas
- A -
sao aqueles que, por assim dizerj nao sabem que
também a revolução dos planêtas constitui_ tempo
Cl C ?I > :, .1/
toe re w, E7rOÇ E,t.'lrELJ) CUI( lÕ(){(TL,y
-
I J/ \ I ).I
J(fOYOY OYT<X. T0(5 7l)VTúJY n/\«Yd5(39 e)() e ada
plan;ta gera portanto um tempo particular, aqu?--
=
le que esta? ligado as suas revoluçoes; como es=
- '
tas são ordenadas pela mesma regularidade que al
- 632 -

i'\
Razão universal conferlu ao todo, esses tempos po=
F
deria.m ser tomados por nos como con'tinentesj- par.a
nêles situar e por êles medir a mobilidade aciden-
tal do devenir que observamosº Se não se faz cor=
"" .,
ej
,f'
rentementej apenas porque nao ha vantagemj vis- o

to que as revoluções do sol e da lua são bem mais


impressivas aos nossos olhos e com mais clareza-se
""' ""' F
prestam a essa funçaoº Nao ha contudo nenhuma pri
oridade especial do movimento do sol ou da lua, pa
ra que representem as medidas do tempoe
Dentro da natureza há, por con segu írrte ?
..

tantos tempos como revoluções periódicas.regulares


e espontâneas seja dado observar (lB6).,Êsses tem
pos fluem paralelamente e podem ser postos em cor=
"" ,· J/"\'-
r-e La çao entr-e s í., trpo ç <X/\
"\.
AJ A<X.,, e todos em con=
junto, ou cada qual separadamentej com a.série dos
rx.e L- )A.,, Ol£ • São todos tempos da mesma
números, ,(}
? =
eapecí,e , mas podemos conceber que nao representam
o mesmo regime de fluência; dai resulta que, qua?
do postos em correlação uns com os outros, aparec?
rão como fluindo mais ou menos ràpidamente, segun-·
do a medida numérica aplicada? É por pura razão
de comodidade que tomamos a revolução solar como
ciclo de referência e, associando-a originalmente ·

ao continuo ari tméticoi fazemos todos os demais teJ!l


pos serem considerados do ponto de vista dêste que
J ?
nos e mais acess1velo
o

- /
Esta concepçao e um desenvolvimento eSS§!l
cial da teoria platônica do tempo e tem por coroai-.
- 633 =

mento uma Última intuição, em que se revela a vi,


sao geral da. periodicidade universal e Sabem o s
que cada circulo planetário correspónde a uma
das divis3es· do círculo do Outro feitas pelo De-
miurgoª Estas Órbi?as planetárias giram em sen=
tidos diferentes, e a êste respeito Platão indi=
ca=nos1 em forma extremamente concisaj a hipÓte=
se que ado ta , Os comentadores puderam cont u d o
=
descobrir o sentido das suas expressoes e resta=
belecer a sua concepçao astronômicaº Não nos po
demos desviar para essas cog Lt açóes., mas basta
considerar em têrmos gerais o espírito do siste=
maº O circulo do Outro foi dividido em sete cir
cul.os 1 que prosseguem eternamente nos seus giros;
mas por fora d;sses continua a haver o cir?ulo do
Me?moj cujo movimento prossegue e dominajKe?rôif-
fot Y? ? s o movimento dos círculos menor es , Como
A ( - ,
a este circulo externo nao esta ligado nenhum
astro, o seu movimento rotacional é inteiramente
# A
Contudo ele existe, e, a=
.

despercebido por nos ,


té, é· o mais importante de todos; sendo um movi
men to regular, produz um tempo, mas neste ca so <1

tratando=se do movimento supremamente regular do


.,
universo, o tempo que gera tem o carater de um
tempo abso Iu to ,
Todos os outros tempos estão COJ].
A ii" A,
tidos nele? como as orbitas de todos os planetas
estão contidas na sua Órbita. ?le é a medida CQ
mum e absoluta dos demais cursos temporais, que
A A
a sua referencia.,.
A. 0
nele tem
.... 634 -

Não dispomosj porémj de nenhum meio -de


definir e medir êsse tempo absoluto;1 pois não po=
demos produzir a contagem de suas unidades? Os -Ci
= - ?
elos de rotaçap do Mesmo sao imperceptiveis?
.

mas
nem por isso menos exf s terrte s , Es ta extensão - .da
teoria a.o tempo obriga=nos a considerar como real
um tempo absolutoj embora só nos possamos utili =

zar das formas relativas do tempoº

§ 7º - o ano perfeitoo

Temosj assim, um conjunto de oito revo=


- ;?· .....
(
luçoes heterofasicas, das quais sete sao visiveis
e ealculáveiso tste conjunto determina1 por fimj
o :conceito de uma Última intuição referente ao
tempo j aquilo a que Platão chama de uano perfeitorJ
Seria êste o período de tempo que separaria -duas
""' A =
situaçoes identicas das posiçoes relativas-de-to"!>
dos os círculos celestesº Sendo periódicas as r?
voâucêas , há um período envolvente, ao .fini do qual
A - ?
todas elas se encontrarao nas mesmas posiçoes re-
la tivas. ? êsse lJerÍodo, que devemos supor ãmsn-
(l
:

sarnente grande 7)j


que será chamado o ano per=
fei toe tie envolve todos os demais anos, isto é.j
todos os períodos internos e representa a restau=
ração do universo a um idêntico estado cósmicoª
Êsse ano se cumpre quando as oito revo-
luções? tendo levado ao fim as suas velocidades
relativas, voltam à mesma posição medidas pelo cir
? 635 -

cul.o
1
do Mesmo, que g_!ra uniformemente, 8 a c >'
.,,
r
J Õµ.. Wt; oJ.tfi.,; 1J,,oY K<1-.r<X Yofr-« e óznJo<,dY
?t; õ ,r? r{À.?oç_ ?eJ/)?ºJ xp?»ov -rJ)) rÉÃio>'
?JJt«1(roy rrA,rJfºl r=«. oz:,o<v :1nx<rwY ?"?))
O I<. TW '1T£ e1., o J"wv Toe
7Tf O<; ? ÀÀJ'J À«
er
rr 7r re« v
?
!n? ?
X7 <i/-i, 1< e 'f t;7'.; rp , >1

-ro zr 1T« trrov J(<XL o).LOl wç l. oY'l"'O? C'Ã.))<X.)J,E?f?BeJJ-


,ro( K li K.À<f (39 d).
,;, A
O ano perfeito e aquele intervalo que
contém todos os ciclos temporais que possam ser
contados relativamente a cada uma das revoluções
dos p.lane tas,
? .
o
A
Representa o retorno da
..,
....
A
.
esfera
cosmica a mesma posiçaoo Era geralmente admitido
pelas teorias anteriores, que concebiam o unive?
so como sujeito a um ritmo eterno<J que ao f1.m de
um ano perfeito a natureza retomaria o mesmo as=
peeto e recomeçaria a desenvolver o conjunto do
seu devenir de forma semelhanteº
A inclusão desta noção na cosmogonia
platônica é uma sobrevivência de velhas idéiasór
ficas, sem dÚvida correntes ainda no t_empo de
Platão j que se referiam a urn ''Grande Ano'' e tste
seria o período ·de tempo que ajustaria as revolu
çÕes solar e lunarj de tal modo que o Grande Ano
conteria um número de anos comuns que coincidi -
ria com um número inteiro de meses? Havia9 liga
da a essa idéia, várias crenças nas cosmologia s
Órficas e poéticas, que particularmente se refe-
riam ao retÔrno eterno das coisas ao seu ponto
Ln'l e í.a L, Cada Grande Ano seria urn
?
per Ledo un i.ver-
sal? ao fim do qual a natureza reassumiria o mes=
mo per cur s o , e, assim, quem conhecesse o valor
dês se Anoj coisa que mui to era especulada e inve,2,
A ( tº
cer-t.a o ma i.s in
.tigada pelos astronomos c onne
't
amo 9
? o

segrêdo do universo, a lei do seu ritmo essenciaL


= ?
dizer=se que a concepçao pla tonica
.

Pode do ano PE!:


feito é apenas uma extensão da concepção anterior
do Grande Ano, incluindo as demais revoluções pla
ne ti?
arias
...
e
a 1,,,em das do sol e ata Lua , para que o r"""'
e;
?
·
it
mo periodic o de todas as e sf'er-as seja igualmente
,I' -

considera.do4)
!

= - ,f> ""'
Mas a sua concepçao nao e somente mai$
A ,
rica que a antiga por.este fato, e tambem
,?
mais
profunda e descobre na noção do Grande Ano um as=
N ,
'

pecto nao pressentido pelos pitagori?os3 De f"a.t?


o ano perfeito de FLa tão dis tingu.e=se do conceito
análogo dos antigos porque é um ciclo idealJ no
? ? tP
qua L nae ha posiçao definida de reparo 0 O ano pe?
feito de Platão está começando a qualquer instan=
ti'
,,., ·F<O

tej nao ha. posiçao inicial definida; e isso gra=


ças ao carater de
,f'
total
relatividade dos movimen=
tos componentes do cit::J.o cósmico" Ao contrário,a
concepção Órfico=pitagÓrica era fundada na idéia
d e que advento (
ão inicio desse periodo
f A
o supremo
fÔsse assinalado por um estado catastrÓficoj em
que a natureza retomasse rlsica.mente a sua condi
ção primordial. Ora, para Platão, jamais houve
A
começo do mundo atual; por isso o ano perfeito
- 6? 7 ...

não é aquêle que começa por um estado caótico ou


assinala-se por algum tremendo cataclismo; é ap?
nas um conce íto Ld e a L, que resulta da composição
(!
de movimentos period.icos diferentes e tem um pu.=
? ?
ro carater abstrato., Nao representa nenhum ci=
elo da na tur e za flslcamente definido9 porque
<:I

o
"" , ? ?
e.urso da natureza, para Platao9 nao e ciclicoo E
...

apenas uma noção resultante da aceitação da regg


laridade dos ciclos planetários e não envolve nj!
nhum estado definido do cosmos; que ao fim dês=
# ?
se periodo a natureza retornasse ao caos, e o que
lhe poderia parecer de mais absurdoj pois nunca
houve realmente o _caos nem a natureza se origi=
9
? # ?
nou jamais., fi-sicamente? da .de sor-d em .c ao tâ ca , E
absurdo igualmente supor que os acontecimentos se
#
repitam na mesma ordem9 dentro de cada periodo p?
não tem nenhum sentido·· tisi-
fei t o , porque êste
co concreto j não pode ser medido; nem. e s tabe La-
reconhecer o seu ini?ioº
.,
cido o modo de
Sendo o conceito de um ciclo idealj o
ano perfeito não define nenhuma espécie própria
de tempo; de fato1 não ? gerado pela revolução
de nenhum sideral, mas o .. re sultan te da re6
corpo
volução de t.od o s , A r í.gor , o ano perfeito nâo
= , ?
pode ter definiçao fisicaj pois nao e ac e ss 1 vel
t ?

" ... ""


efeito? nele
Cl,

a contagem; com nao ha o que con=


tar? visto nesse suposto tempo não haver ciclos
-
reconheciveis, de vez que nao e .possivel definir
.,
( ,f •

?
uma posiçao tal que os ciclos de retorno a essa
?
posição sejam tomados como unidadesº O ano perfei-
to não se confundej pois? com a noção do tempo ab=
!1 ()

soluto; e um numero ideal do tempo?.ouíl como lhe


chama Platã.oíl um numero
!1

perfeito do tempo 9 7:P-.Aeor;


1.1.

?fl Jy,? t; XO Ó_Y OU º


? '-{ .
() / ?
O tempo absoluto, poremj e algo de fisi-
1
camente realo E o tempo que decorre pelo movimen?
to uniforme da esfera do Mesmo9 e o fato de não
, "" ,l
ser por nos definive1 nao lhe tira o carater fisi=
tP 11
0

? () , ?
co; nao. e ideal, e ignoradoº A revoluçao do Mes=
11

mo e um movimento privilegiado;
porque abrange t.Q
dos os outros 9 mas, embora concebido como reallda=
de fisica9 nãó pode-ser utilizado fisicamenteº TÔ?
= . .

!1
da a mensur-a çao de-tempo que podemos fazer e9 as=
'
simj.nacessariamente relativa9 porque devemos to=
..

' .... .
.. = '

mar. por referencia9 na medida, a rotaçao de um COL


!1 = ? j

po p Lane tàr-í,o , mas esta. r-c taçao e apenas uma entre,


outras igualmente reaisº

§ SQ o tempo e o espaçoº

Vemos? assim9 que a teoria platônica do


tempo atinge .uma ext en sào e profundeza que a situam
entre as grandes especulações sÔbre ?.sse- ema , De t
essencial o que h? ? a sua concepçio da distin.çio
radical entre o tempo e o espaço como conceitos do
universo fisicoo Nio existe em Platão nenhuma e=
..
qui valencia ou simetria entre o tempo e o espa ço º
Estamos habituados a pensar a natureza como proee?l
= 639 =

sando o seu
devenir no espaço e no tempo? e por
?
isto insensivelmente somos levados a estabelecer
A, ""'
entre eles uma correlaçao natural? uma correspon
dência ou ana Logí.aj dessa intuição -? que parti=
mos" quando cons t Ltuãrnos os nossos. eixos de re=
t9

presentação ana l:Í t.Lca dos fenômenosº


Para Platão, as semelhanças entre o e§.
paço e o tempo são apenas exbe rf.or-e s , como o fa=
- t9

to. de serem ambos- cont Lnuo s º. .Mas nao pretenda = -

mos? com essas analogias$ ter encon


superf'iciais
...
trado algo de comum no fundo desses conceã tos;pQI
"" • ,?

que sao essencialmente diferent_es º. O espaço e?


como vimos, um fator da natureza, coisa tão ori=
, .

ginal e inengendrada quanto o ser inteligivel9que


A iJ
uni verso; nao e cra açac ,. nem
t:'3 lit:,

serve de modelo ao
O

• • A
r e s ul.t an te da cr-í.açao , Tem"'existencia auto n e ma
.
.

•.
e. pr-Lmor-dã a L, ,sendo o receptaculo
t9

em que se vai
compor o devenir legal o O Demiurgo não. o conce?
beu nem produziu? apenas o modificou com a impo=
;
sição de formas geometricas, que a, sua na u r.e za t
era apta a receberº Por isso.tem pleno sentido
p
conceber um estado fisico
d
em que

so existisse. o
espaço;. e de. fato Platão o concebe sob o nome
li
.

de cao s . ê s te estado só The falta rea


A d a de
?
concreta, mas nao e inadmissivel fisicamenteº
"" t9 ,?

Ê S=
, '*'
se conceito dô caos revela a independencia do ec2,
existir
.
....
paço em rel?ção ao tempo; pode sem este
.. ? '
.se r supo s to , Claro que, em tal caso j nao havera
possibilidade de definir uma duração do tipo que
- 640 -

chamamos de t empo , ma s não deixa de haver uma ou=


tra forma· de duração 9· que lhe compete naturalmente,
"'°'
desde que nele se imagina existir mobilidade do ti
po inercialo
Assim? o espaço que medimos no mundo a=
tual .eassociamos ao t.empo , para compor o conceito
- ? ""' (J

de velocidade, nao e homogeneo com a duraçaoº Exi?


te por si e por si mesmo se concebe 9 enquanto o tej!l·
"
?o? para existir9 necessita haverem sido constitui
das as condições que lhe darão origemº O espaço
? (J

e um fator da natureza; o tempo e um produto delaº


? ""' A,
essencia da_concepçao platonica e este
.,e. (J

A
'·· (J

éarater· .gerado do empo , A ordem que o Demiurgo :mi t


poe.a natureza tem a t empo,
'lo
Q#
"" (J

sua expressao maxima no


Desdé que o universo se constitui segundo a lei1 da
? ?
Ra zao , que o pens tr-ou,
.

o decurso de sua existencia


.
. (J
?
sera medido por esta nova forma de duraçaoo Pla=
tão9 ao dizer=nos que o tempo foi gerado juntamen=
?
te com os ce us , quer Lnd í.earc-no s que o tempo e(I a
(J

propria oràemº Tempo e ordem distinguem=se como


c onc ed to s , mas implicam=se mutuamente,
? (I p
e porque ha
um devenir organizado que o posso med?r, mas igual
(J (J (J
mente so posso medi=lo porque e organizadoº Ass?
(J
(I
o tempo e o remate final da obra demiurgica e por
? R
ele e que o tmiverso mais perfeitamente se aproxi=
ma do seu modê.10 divinoº
Podámos ver na ·concepção do ano perfeito
ti
-
um ultimo aspecto, que alias· eR apontado por P'la t.aos
t?

o de conduzir=nos à pensarj mesmo


na duração temp£
a, 641 =

r a L, uma quase perfeita imitação da eternidade do


modêloº O conceito de um ci?lo ideal de extensão
imensamente grande, como o que é exigido para a
recomposição das posições relativas dos planêta?7
leva=nos a conceber a forma.ideal de um tempo
que nos parece infinito? envolvendo os tempos
r eads que conhe c emo s Par e ca-no s assim, o uni=
,
,
. ""' ?
verso envolvido em uma duraçao ultima e que9 de
tão grande, imaginamos quase como imóvel; com
Ls so, conseguimos dar ao mundo gerado a mais al=
ta aproximação ao seu modêlo eterno, i))o< ro'<fE
w? Jµ,o,ó'T:"o<'l'"o>'
?'f? 1rfà' iv
f
,f.'Aiw }(O(L JJo,,w r?
?ff? 'ô,cx.,?v!oCt; ;t;i-ptrt>' fll;.E<,Jç
(39 e)o

,
§ 9Q - A teoria aristotelica do tempoº

....
A concepçao platonica do tempo distin=
, .

gue-se radicalmente da aristotelicao Ambas con=


,
sideram o tempo como resultado do movimento fis!
J ? o

co, mas ha entre as duas concepçoes .diferenças?


.,
d í.ca'í s . no
A .teoria que Aristoteles de.senvolve
livro IV da Fisica ? uma das maisprofundas con =
? ?
cepçoes da sua filosofia e nela, visivelmente in.§.
pirando=se em Platão, pretende corrigir o que lhe
parece ser o êrro -da doutrina antecessora·(lSS) º
Sua análise, extensa e claraj constitui um tratª
, •
,., I?
-
mento metodico .d a que s tao , sem o veu das alego
..

....
rias platonicaso
Para iniciar, começa por dar?nos conta
= 642 -

das dificuldades do assuntoº Como não podemos em=


preender úma disquisição completa sÔbre a doutrina
aristotélica, teremos de renunciar a acompanhar o
desenvolvimento de-todos os seus aspectos? limitan
do-nos somente a aludir ao essencial dessa teoria,
,? - ,:,.

com o fito de compara=la a de Plataoº As-dificul?


A
dades sobre a natureza do tempo dizem respeib),pri?
cipalmente1 à noção de partes da duraçãoº Sendo
um con t?
?
t
inuo, o empo e dº1v1s1,ve 1 e o dº1v1s1ve 1 e
º (; º e
,
,?
_

divisível em suas partes; mas as partes do tempo


não têm existênciaj pois são umas já passadas, ou?
tras ainda futurasº -Não podemos dizer que seja o
presentej o agora, o instante, a parte existente do
.
? ?
tempo; com efeito, o tempo nao e composto de ins.,.;
tantes1 porque a parte é a medida do todo, mas o in.2,
tante nio, a medida do tempoº
Estas e outras dificuldades criam um prl
meiro estado de perplexidade quando queremos inves
tigar a natureza do A tradição dos conhecl
tempoº
A A
mentos sobre este problema pouco valej porque par?
ce a Aristóteles que os seus antecessores nada. co11
ceber am que esclarecesse a ess?ncia do empo , As=\ t
sim é que , numa frase que os cri ticos am; interpret
como uma alusãoj primeiro a Platão e depois aos Pi!
tagÓricos 1 diz que alguns (Platão) acham que o te]!!'
po é o movimento do todo? outros, porém? (pitagÓri
<:
' , :

eos) o confundem com a prÓprJa esfera, Ot flêY


r7Y '<oir ÕÀo u KLv17n Y .!l Yrx.( f<XõtY, ot .SE '7'JJ r1.
- J I
<rfrxtpa..?.J O(l/T1JY.. )
{
(Fis o? 218 a, 34) <)
? 643 -
Em t;rno dessa definição plat3nica do
tempo, desenvolve Aristóteles as duas eri t ícas s?
guintes? 1)
Não pode ser verdadeira a sujeição
do tempo ao movimento do todo? porque êste é mo=
vimen.to cãr-cu Lar , Ora, na parte do movimento cii.:
cular é ainda um tempo? e contudo não é mais mo-
' ,._ -
'
vimento circularn, J<11.1.,,o, z7ç TN'f." ºf<XÇ KtX t <f
ro µ,!po? Xf ÓYoç 'l""lÇ Êtrct., 7TEfcpo f? áé ye of.
(218 b l)o
Encpntramos aqui-a bifurcação das duas
=,? A ""
concepçoes; e em torno da questao do movimento
circular que a doutrina aristotélica se opõe à
de Platãoº Descontando o aparato mitice, a dou=
A .

trina platonica consistia muito simplesmente em


considerar o conceito de tempo como esseneialmen;
te ligado, e portanto definido, pelo movimeni:or£
tacional periÓdicoo Ora, julga Aristóteles que
Platão comete em sua doutrina uma restrição des=
,'? ,I' ..,. o ?
neeessaria, que resultara em uma concepçao 1leg?
.
o

tima da noçio do tempoº Ale nio v? por que seja


pzec í so restringir a uma só espécie de mobilida=
·

de a propriedade de definir o tempo e julgaj as=


sim? que a definição da duração temporal deve ser
libertada da referência exclusiva à mobilidaàeclr
cu.lar?mas definida em correlação com o movimen=
= p
to em geraL A o pos Lçao entre as duas teorias e?
assim? absoluta, pois em Platão? como vimos, OI!!,9
vimento retilineo não pode defi?ir o tempo?
Para Aristóteles, o tempo é produzido
644.,.,
""
pelo movimento em geral, de ordem
.f'
e so por razoes
pr?tica serio utilizadas para definÍ=lo, entre as
espécies de movimentoj as translações? e entre as
"" ?-o
,p
tra.nslaçoes, a circular., e onsiderara que9 pratic°ª'
o

0("? • If'
mente, o movimento circular un1Iorme e a principal O O

I
medida de todos os outros mov.í.men os , _faE?'foY t
,,
_,))-,«./\Ur,or... (223 b , 20 )
""'
mas na o
"
lhe cabe esse privi
9

légio por essência; qualquer outro movimento pode


ria-também ser tomado como medida.,
É nestes têrmos que se faz a. sua primei=
ra crítica.? teoria plat3nica; se, para Plat;o9 o
tempo só tem existência pela rotação do todo? em
que tempo então se processa uma parte dessa rota -
..,
çao? por exemplo, o deslocamento de um
.

sobre
,
movel
A

uma trajetória constituída por um arco de 180º? Se


-dissermos que há tempo, como pode ser, se não hou=
ve uma rotação completa, mas apenas a metade? Se
.... .,
dissermos que nao ha tempo, como pode processar=se
UJn movimento fora do tempo? Nos dois ea sos i; a con
c Lusâo I nva.L Lda a teseª
Algumas páginas adiante mostraremos que
esta objeçã.o re sul ta de uma incompreensão da teo -
ria platônica 1 da qual é justa1fü:mte um , confirma =
- ,A
çao , Por este primelro ar gumerrt o parece-lhe nece§_
sár-Lo re j el tar a doutrina pla t?nica ? ou melhor, co1:,
.
r1g1- '
1a, lºavr-anuo=a ae uma par tºa cu1ar .i zaçao 1nC1ev.1;
..:, .. ... • o ., o

., n I\ (
da, que e uma corisequenc La do esquema miti-
apenas
, N
co a.traves do qual se propoe ver o mundoº
;
2).. I'. •
uma segun d a critica e. eita nestes f o •
- 645
,
t,.ermos: fl se exi s t em •
var i.os ceus , o movimento de
o I'

A -
I'
qualquer um deles sera igualmente o tempo, de m..9.
d o que c oexa.s t·.i.r-ao muacos
-? ,
. ...

I
?t:
? I
empos j '", e, ·rr/\£',otr?
e
'\.
I
t -
J<r<Á.Y oc ovfo<.Yol,, ()foOtA,ü$ «Y Id
e :, J\
'l'
o xt>o'foç
e < - , r -e/ .,
, /'L
º;ollozrJ/e1 octr't'"(A)? J(... c.,JJ")âlf ., QJ??ê Jr?ÂÁo,
1'/ ..

-J(fOYOl ocµ,O( (218 b, 4)" Esta crítica só


,
e o'b vi.o
,
aos olhos de Aris tot.ê_
tem valor se 9 como
o

,.
mesma absur da O mesmo
I/til

le:3, a
e
concl usao e por s-1 ,
... ,
para Platao, que? como vimos 1 afir m a
da
--
nao se
.
t
.1.." •
precisamen,e a coex1s?enc1a de v?rios temposº O
?

que é urn argumento negativo paraAristÓteles foi


exatamente afirmado por Platão como uma cons e--
., "
.
.
quencaa 1 eg ?t.
sa.ma e ace
º
i 1
ave.i1 dos seus pr Lnc í.pd
.

os, i t'
Para Aristóteles, porém, que já tem preconcebida
- , ...

a sua c once pçao , essa e ono Lusa o e absurda, por-


que no seu sistema, como todo movimento pode ge-
• .... A A I'
rar um tempo, se nao fosse este declarado ·un1co
e atribuída a sua medida a um só movimento defi-

nido, haveria completa confusão, dando cada moví,


men t o, por mais s Lmp 1
·
Le s que
· r"esse, ·
origem a uma .

duração temporal.
1 vista destas dificuldades, Ari?tóte-
les propõe-se reencetar o estudo do pr ob.Lema , a-
tacando-o no seu aspecto essencial, a correlação
do tempo e Aparece-lhe, de inÍci?
do movimento.
como evidente que o tempo é algo que não pode 13-
? é>¥
xistir Sem O movimento, ou» o( vsu TE f£,E,o<.j!JO/l1)Ç
)-
(218 bj 21). Quando não percebemos modificações
no nosso pensamento, ou fora, nas coisas circun.§.
= 646 =

""
ta.ntesj nao nos parece ter passado tempoº Masc; de

outro lado, o tempo nio se identifica com o movi=


er \ I _,>/ I I
men to? 07:'l p.-GY Tot.V VY ()'VK £??t. l(l,Y?õt? J 'fo<.YEfJO >'
(218 b , lB)G É naces sár-Lo , po í.s , já que o tempo
nem é m?vimentoj nem pode exlstir fora do moví.men- -
,1 I >

t.o , que seja alguma coisa do movãmerrt.o , o<r?."f «n


"/ rys
I / ? I
KLVJ')ôG'úJÇ 1:, E.L)/<X.l ocu ár
';"
r
(219 a:J 9) º .

Conduzindo por esta forma rigorosa ·a in=


vestigaçâo do problema<; Aristóteles procura .entio
descobrir9 na análise do movimento? qual o. fator
que condiciona a realidade do tempoº Ora o movi -
mente? concebido como· transporte, é uma grandezajé
acompanhado de uma gr-and eza , &·t< o-?ot18eZ -rf
A t? {.
Bu.µti
t:19 a-? 12 ) , e, como toda grandeza ,e corrt lnua ,
(,.. o

movimento é também continuo er por fim, o t.em p o


t"
,

que o movimento imp.1ºica, e amb' t


"'
em con 1nuoo Mas em
e • e

tÔda a grandeza há as diferenciações espaciais do


anterior e posterior o Com efei bo , estas dist = in
= ? A v'
çoes sao proprias do espaço e nele e que existem
,.., o

primordialmente; a grandeza as assume por ser uma


\ (, \\ I \
existencia no as paço , tO as 0')'} írf)O'l:f,eOV
cl
A

e I .._ I ,I [.
"". -

lJtr'C& po>' E Y T01T<t) 1rfW rDP GõrtY (219 a, 14) º ?ste


detalhe tem a maior importância na compreensão. da
teoria aristotélica do tempoº Aristóteles concebe
a relação anterior°"posteriar como transmitida do E;W
paço ao tempo? por intermédio dos conceitos inter=
postos de grandeza e de movimentoº A grandeza1por
estar no espaço, adquire a relação anterior-poste=
·

rior e o movimento, por ser uma grandeza, a adqui=


= 647 =

"
re tambemo E como o tempo e o movimento impli =
cam=se um ao outro? ? anterior e o posterior pà?
' ç>? "'
t
.,
sam a exã.s Lr , ass Lm , no t.empo , G1Tê( o EY ?"4>"
J:&r,EBE, rO Ê'7l? K«l ,11-a··u p?J,
., »r =e-:
tXY?r:J /(.di, ey .?l-Y?a-?, ,élYd.l 'r? 7Tf[>'EfOY
«« l tf<rCEfOY .••. <XÀÀo< fU?Y KCXl ?y oP<-t)
;tf
' ' I ' <,I I ' ' .,
sat:c 7: o "P Ol:EfOY «ac tr<r'CEfoY b'-<:l: ro ? Ko)oú'-
.,

?eLY «â. fJ<1.-z:&f'f B?rE.fº)) (){1/TWY(219 a , 16) º Em


,
virtude.desta serie de impl1caçoesj a relaçao ªB
o
? o
.
-rd

terior-posteriorj que é _originalmente? fffWrOYCJ


propriedade do espaço1 encontra=se agora trans=
A
portada para a: essencia do t.empo , As s tm, mediaQ
..
• , Pd ...

te essa relaçao? nos e dada a intuiçao da·divi =


(/0$

s?o do tempo em passado e futuroº


Mas não podemos satisfazer=nos com des
cobrir esta relação no continuo temporal; para
ter a sua verdadeira definição, é necessirio p?,r.
ceber .o aspecto quanti ta vo que esta relação
A
ti ·

ill
troduz no tempoº Com a correspondencia ao espa=
A
ço? tempo adquire imediatamente toda a quanti=
o
ficação peculiar ao que é espacialº. Introduz=se9
/ A
assim, o numero na es seno ia do tempo e, como • a
• •

entidade a que o tempo· está imediatamente ligado


é o movimento (ao espaço só através da noção de
grandeza), pode então o tempo ser definido com
plena satisfaçãog o nÚmero do movimento? segun-
, , 4:
do O anterior e O posteriorj?CU?C E?rL y O
.....

r«p
XfÓ>'oç/<fL?Ó7. KtYfl'cWr, ?J((X'W.
TO 1rpóup?>' Klfl lhmpoi>
(219 b, l).Esta definiçao famosa Aristoteles acoQ§
- 648 ·-

t r o, i. . "]
por essa clara e rigorosa ana __ ise.
.
O tempo ad

quire? assim, o sentido f:Ísico de um processo .:, de


- " , ,
mensuraçao; o tempo e uma especie de numero,O(ft-
t .JI C I\) ,
xoo,?(219
vfoO? «pr:,.. Z-lS o /'l
J:J
b , 5) s Part:icularmente,e
\ , I
, , rJ
ro ,
<Xplfl,#O'll)J,-E.YOY Kftt
a especie numerada e numer-áve l.,
T? ?pd),J,1,,Z-ÍJ JI , e não a numerante ,otà ? &ptb)Lo1Íji,e-;

(219 Vemos, pois, que Aristóteles termina


b, 7). "' . ?
por estabelecer a correspondencia entre o continuo
temporal e a série numérica
H
•.
Contudo, em relação
, estabelece esta corresponden-
A
a Platao, que tambem
" .....

eia, a sua concepçao e radicalmente diferente.

• A r
§ 10º -A correspondencia entre o continuo
" o - • ,
numerico e o tempo, em Platao e Aristo-
, ,
teles. De que movimento o tempo e o n.:g
mero, na concepção ar isto t éli ca.
- A •

Com efeito, em Platao, a correspondenc1a


numérico-temporal se estabelece sÔbre o fund?mento
- . ,
da noçao de ordem; em Aristoteles, ela se cons -
trÓi sÔbre a noção de espaçQ. É esta uma excelen-
te ôcas ião de percebermos a diferença entre os dois
sistemas.
Para Platão, a idéia de ordem da nature-
za, como produto da Razão construtora, ?ssume siggl
ficação figurada ria realidade da alma do mundo;por
meio desta a natureza recebe as determinações mat.§.
't· ,
ma icas que a alma contem e, como entre estas se
acha a série numér-Lca , a extensão primitiva passa a
- 649 -
ser então numerada e numerávelº Mas igualmente?
como a alma humana é constituida por analogia com
a alma cósmica e contém as mesmas determinaçõ?s da
Razãoj também em nós existe como pensável o contí
,
nuo numer-a.co , Ainda maí s , com à recepção da alma
o

,
i
cosm ca? o universo recebe as condições da mobil1
o

dade periÓdica que gerarão o tempo, e por isso a


correspondência entre a ordem de sucessão e os ni
meros _se faz no seio mesmo do mundo ma temá tico,sem
<:s

necessariamente depender do movimento materialº .ID._

nossa a Lma a reconhece pela simples participação


na a Lma universal, sem precisar ver .na natureza o
refle.xo dessa c or-r es pondenc ía , o motivo pe É êste
lo qua L, para Platão, o espaço não intervém na ·de
?
t
f.inição do empo ; basta o movimento, :Lsto
-
é, o
devenir, mas este, concebido a priori, nao faz a-
"" 'ls, - ,
si mesmo um dos
pelo a noçao de espaço pois e por
.,- A A 0
tres fatores cosmogonicose
Aristóteles, ao contrário? a viva i?
Em
tuição da realidade fÍsica do movimento faz com .
A º
J>

que a correspondencia entre o tempo e os numeres


? A
nao possa deixar de ser fundada sobre o espaçooNa
extensão está o fundamento da numerabilidade; no
( H J' o

espirito,- apenas a representaçao da serie numeran


te?
no tempo a numerabilidade que possui pelo seu de.?
senvolver-se no espaçoº A ss1m1 o numero es t"'
o t?
a na
"" "
essencia do tempoj mas o numero capaz. d e me dº?rUQ:!.
'\:.

"'
camente o movimentoº Como a correspondencia num_§,
,
rico-temporal não foi estabelecida no plano puro

do inteligível, mas ?m função da mobilidade fÍsi=


t? t?
.caj o tempo como numero so tem sentido .quando con
cebido como função do espaçoº Eis o resultado a
que chega Aristóteles: a sua concepção do tempo
é, na realidadej uma espacializa?ão do tempoº
? .,
Nao ha em Ar Ls tó te Les a ãn tut.çao da ex:Jê
All All
o o o

tênc ia autônoma do t empo aquilo que o define por


A - ;

essencia, a relaçao anterior-posterior, foi reti-


rada do espaço, onde é orig:malo No tempo se en-
contra por uma série de implicaçõesj através das
quais se assiste gradativamente à transformaçro do
A
espaço em tempoº Por isso a correspondencia en-
? - .
tre nmnero e duraçao se faz transitivamente atra-
vés do espaçoo· É claro então que o nÚmero que é
o tempo seja o n{1mero numerável; com efeitoj o
tempo encontra-se na mesma condição do espaço, CQ
( A N
mo um continuo que espera ser posto em correlaçao
" .
com a serie
, ,
dos numerosj so existente em nosso e.ê,
( í
t
p1r1 o, para ser numerado;- , " "
esta serie e o numero
numerante, que o espírito aplica, no ato da cont?
gem, a qualquer grandezaº· Como o tempo e o espa?
ço são indiferentemente grandeiasj podem ser num?
A
rados desse modoº
Em Platão, porém, como a correspondên -
= 651 -

eia entre tempo e númer o se processa no domínio do


inteligivel, ela_se faz no interior do espírito e
f "" A
,:P

dai entao e projetada sobre o espaçoº


A
Deste modq
o tempo já está relacionado ao nÚmero antes de vír
a medir o movimento fisico, o que nos leva a di-
zer-que? em Platãoj ao contrário de Aristóteles,o
; " "" A
tempo e o. numero numerante º Na e once pçao pla ton1.
ca? o tempo flui em função de um movimento etern?
disposto pela Razão, e por isso mesmo desde sem-
pre.identificado com o contínuo cardinal, que es?
tá na ordem racionalº Quando o fazemos medir al-
• ( • / •' ,' A
gum movimento f1s1co, o numero Jª esta nele, como
integrado na sua essencial função ?e ordem; o te.m
po não é, pois, aquilo que vamos numerar com o InQ
,.
vimento, mas, em virtude de sua preeminencia como
? ? , '
expressao da Razao? e aquilo com que numeramos o
o

movãmen o , t
Aristóteles examina o papel da alma na
percepção do tempoº Reconhece que somente a alma,
e nela a inteligência, é capaz de operar o ato de

numeração, mas apenas para executar aquela conta-


gem? e isso com o mesmo fundamento na noçao de
A,
grandeza com que a poderia igualmente executar SQ
(lB9)
bre o espaço º
,,
Outra questão que examina a seguir e a
/ ,, "
de saber de que movimento o tempo e o numero& Ha,
com efeito, vári?s espécies de movimento, como a
geração, a·destruição, o aumento, a diminuição, a
alteração, e a translaçãoº A definição de tempo
não faz referência a nenhuma e$péci? em particular;
e por isso temos de convir que o .tempo é o nÚmero
de qualquer movimento contínuo? Mas as diversas
? ""' A
especies de movimento sao simultaneas e haveria en
tão que saber se cada uma de las define tun tempo
? ?
particularº A isto Aristoteles responde enfatica
... - ,IJ

mente que nao; e a razao e que? se com o desenr.Q


lar do tempo se desdobra igualmente a série numé=
rica9 o mesmo numero pode medir uma quantidade in

,IJ
o

fin:lta de estados de movimento de qualquer natur..§,


A
za a saber, aqueles que coincidem no instante com
,

êleo É o que dizg o tempo é? pois9 o mesmo.,. vi12,


A ,IJ

to qtie e tambem
.?
s ãrnuâ taneo 9 o I numeroe da
,IJ ·

o mesmo e
= e I
translaçao, o ),t,?'lrot ,X..,/OYO? o
...,
a Lber-a çao e da
o(V-7:ÓÇ I efffEf
J ·

KO(? ?l /)µos frroç, KOCl ÔCµ«)


,z-fs rs &ÀÀ()tc);(J£wç Koe? Tjí fº/>?ç (223 b9
8 L?
e importante?porque por
Este r ac i.oc ana.o
,A • {." .

êle Aristóteles estabelece o principio de indife-


rença do tempo em relação aos tipos de movimento;
não.há um movimento privilegiado ou qualificado em
principio? para servir de medida do tempoº A que?
.... d\ -
tao da correspondencia entre tempo e movimento,nao
tendo exig?ncias teÓricas,.fica aberta ao crit? -
rio prático? Devemos escolher como medida aquêle
movimento que recolh? o mais completo nú.mero de
vantagens; entre estas, Aristóteles estabelece
duas que lhe servirão para· preferir o movimentocir
cular como medida do t?mpo? a uniformidade e a
? 653 -

" o
evidencia.
Tendo de escolher entre as espécies de
movimento, julga desde logo que não poderia medir
o.. tempo pela alteração? pelo aumento ou pela gera
çã.o.?- pois ?ste_s são movimentos não uniforme?? "i
.

, - .

claro- .. que so a translaçao pode servir de medi d a


.

, ?.. t' ,
a .unica .continuaº Desta e preciso esco
.
9
=
pois e
lher-.o.tipo que oferece a ma.is perfeita uniformi=
. .
? ?
dade?-e sem duvida a rotaçao dos ceus é a mais u-
fli! R

A ?
niforme de todas e Mas e p rec í.s o tambem que seja
?

conhecida por todos os homensj para explicar9 as?


Ainda
,.. -
_
s ím, por que todos tem a no çao do tempo&
aqui nenhum movimento é tão conhecido como o do
firmamentoº Por isso9 e não por outro motivo? é
que definirá o movimento circular como aquêle a I

• \.,. (? o
que corresponde o numero do tempo; as condiçoes
que fixaram esta escoiha são, poisg.
a) ,? t<lfKÀ.D ;oflol.. ? o??À?<; µ! -
ip o v )I--«. À "a- Z-o(

.

«-ptl).µ.Õç
J>)
Õu ô Ó T:'<i. Jr-'Pç
-r»wfc,JA'WX'(l..1:0Ç (223 b, 19).,
Subordinada a escolha a estas condiçÕe?
I'
o movimento circular da esfera e claramente o que
"
convem ser o definidor do empo , Porem, e is o e
I' I'
t o
t
capital, Aristóteles não nos diz jamais que o te.,m
po dependa da esfera ou que lhe esteja essencial=
A
mente ligado, mas apenas que npor todas essas ra-
zões? o tempo parece ser o movimento daesferaºtt"
Ó,? K« l So KEZ ô J(f ?>'o ç elJJou
f '<'9s O-fa.Íf'ç
= 654 =

/? conce pçoes p Ia tcn í.ca e ar-Ls t o-


A
§ 11º =
p ?
telica da relaçao entre o tempo
e o movimento dos e eu s º
,I?

A concepç;o aristot?licai pois, como a


p?a tA t Ob o ?empo ao movimen t o·d os ceus?
.., ' 0 .f'
-oni?a, a?r1-u1
O O

? ? =
mas entre elas nada ha de comum quanto- a ra z a o
ç,, .
,f'
·de assim procederº Para Platao, o tempo esta li=
? = =
gado a esfera por ser uma determinaçao da Razao_e
só poder existir quando definido pelo movimento pe
"'
riodicoc
- ,?
Para Aristoteles? nao existe nenhuma de
terminaç.9'.o racional que imponha a conjunção do tem
po e da circularidadej mas apenas as vahtagensprá
t í.casdecorrentes da nossa. condição de
'.1

=
assisti!,
?
A
mos com evidencia a r-ans Iaçao d f.urna o t
É verdade que Aristóteles procura uma
" ""' ""
especie de justificaçao teorica para essa admis
o

são? quando introduz as distinções entre Ho que é


A
pr í.me Lr-o" e "o que e de seu generon? as s í.mç po.i.s ,
,?

define que uo primordial é medida para todos


A '
congener-esv , t:» 1Y'f(J)?:ov JLE"fºY
- os
I I
1roc))'l:c.JY 'l"'Q))
-
<rUTfE vwv (223 b? 18) Or-a , o () movãmen to circ11
lar é primeiro em relação a tÔdas as outras espé=
cies de movimento; logoj deve ser a sua comum m?
didaº Neste raciocínio nio existe mais do que o
desejo de enquadrar em uma concordância teórica o
valor prático da escolha do movimento das esferaS,
= 655 =

""' A
Nada ha de comum com a c onc e pçao platonica da ci1:,
,P .

cularidade como efeito da ordem r-ac í.ona L, Para


Arist6teles, o mov?mento rotacional do c?u ? o
primeiro dos movimentos?> por ser o que o mundo r?
cebe diretamente do motor imóvel; mas não há ne=
= ?
nhuma cor-r-e La çao
?
logica entre esse fato e a condj,
ç;o de melhor prestar=se a definir o tempoº Nio
,I'
e por dº.ireiºt o 1n r1nseco
{o
t que compete a esfera ce=
....

leste .ma.rear a duração9 tanto assim que na frase


seguinte diz que o tempo apenas parece ser o movi
rnento dos céuso
Em Platio, ao contr?rioi o tempo ? o

movimento cíclico do céuj porque tanto um como o_y


tro se identifi.cam com uma terceira coisa? a or=
dem da na tur eza , A diferença entre a concepção -ª
ristotélica e a platônica é j pois s s ubs banc í.a Lfas
conclusões práticas se acordam9 mas na intuição
teórica são radicalmente diferentesº
Compreende-se claro que Aristóteles pr?
tende corrigir Platãoº Viu que da teoria d? Ti-
, - (
era legitima a conclusao f isica,
o
a de que o
11!.§],
? - ,
tempo e regido pela revoluçao do ceuo Mas? como
rejeita o a par-e Lho mítico do d:i.álogoj que por si
mesmo tem seu fundamento na síntese geral da dia=
lética platÔnica9 intenta construir uma nova es=
i? A
trutura teórica que tenha como consequencias aquQ
las IIBSmas conclusões que lhe parecem válidasº CQ
A
?
.

meça então por inverter os valores da dinamica


tÔnicag em lugar de tomar o movimento retilÍne o
A
como a forma espontaneà. e primordial .do movimento,
considera a revolução como a mais simples e orig!
A
na I exi.stencia do movãmen to , aquela que, justamen
te por isso; é dada ao mundo celeste pelo motor
, ? = .,
Lmóve L, Comoj:- porem; nao existe para .Aristoteles
a noção de in?rcia ,. esta
primordialidade do .movd «
mento circular não está de modo algum ligada ao
cbnc?ito axiol6gico de ordem; por .isso,t?das as
esp?cies de movimento,·tanto mec?nico com6-?loi6-
tico? lhe parecem ser simplesmente .fa.tos do mundo
a tua I , a respeito dos quais não há que discutir
a noção de ordem o Para Aristóteles, a .or-dem. é.. o
estado atual dado da natureza? o que tambem pensa
,.fl

Platão; mas acha que não tem sentido, como o faz


a hipótese platÔnicaj procurar derivá-lo deu.me?
tado imaginário mais gera19 que o precedesseaComq,
no presente estado, todos os movimentos se proce.2,
sam no tempo, todos têm igualmente o direito de
medir a quraçâo? Não existe
Aristbteles nenhu
em
.
ma referência ao privilégio essencial do movimen=
to periódico de ser o Único pelo qual se pode re=
·. conhecer o escoamento da dura çâo, Ao cont'rá r ã o ,
pens? ê1e que qualquer mobilidade poderia gerar o
tempoª Na primeira das cr:Íticas que faz direta=
mente à. teoria de Platão argumenta. que, se cons í,»
I'd
deram.os uma parte do movimento circular, que nao
/ { -
e aan
Lnd a um per Lodo t J\
comp.Le o , este deslocamen o neo t
poderia gerar o tempoe
dessa conclusão uma objeção ao pri.n
- 657 -
,
cipio.platÔnico9 sem perceber que o esta confir-
mandoº Platão seria o primeiro a concordar com a
justeza dessa conclusão, que é de fato uma decor=
rência da sua doutrina, mas certamente não compre
enderia por que poderia ser apresentada contra o
seu pensamentoº É ?làro que é preciso haver pe-
ríodos completos, para que se-tenham justamente?
. é reconhecido o decor
quelas unidades pelas quais -
rer do t empo , fra?ão de per iodo não geraria o
Urna

tempo? com efeito; masj de outro lado? a noção


= t - a t
de fraçao de periodo supoe de um per1odo intei=
tt
r o e por esta já seria cons tu Ído o· fundamento
,
= " ,f' A.

da geraçao do tempoº Da=se com Aristoteles este


curioso êrro de tirar de um sistema as conclusões
certas e dizer que estã erradas? dentro do siste
maº Temos,,neste caso wn exemplo de como AristÓ=
teles interpretou incorretamente, ao nosso modo de
ver, o pensamento de Platãoº

§ 12º - Considerações finais spbre as do.:g


trinas platônica e aristotélica do
tempo.

A teoria de Aristóteles? pretendendo a.m


pliar a concepção platônica, libertando-a da res-
trição ao-movimento ciclico da correspondência can
a série numérica, resultouj como vim9s, numa con-
cepç;o espacializada do tempo? Na vis;o plat;ni-
- A
ca? tempo e espaço sao essencialmente heteroger.eos,
entre êles não há substancialmente nada de comum,
mas apena.so fat;o empirico de se darem ambos no
mundo atualº São tão radicalmente diferentes1que
nenhuma teoria que os conceba como aspectos homo-

.
A =
f( ,?0 <:
gene os d o mundo a s i.co po d era ser va.í l d ªº A r i.s tp'
e
i .£
.I' A
teles pensa exatamente o contrario; .
para ele? .
e..§,

paço e tempo s;o aspectos complementares d6 deve-


{ p fid\
nir fisicoº Vimos que,, a.traves da sequencia nes-
paço=grandeza.-continuida.de=movimento-temporv, a· re
lação anterior-posterior transita e que por inte1:,
,1· .i' A J?

medio dela e recebida a correspondencia numeri e a


A p
por todos esses continuosº
(
Oraj o movimento e fa
to empfrico primordial e? estando situado no es?
quema acima entre o espaço e .o tempo9 corno que os
? A <
funde numa homogeneidade de fatores f1sicos e os
faz aparecer corno aspectos complementaresº
A concepção platônica quer evitar justa
mente esta espacializaç?o do tempo; quer aproxi-
mar a sua essência muito mai.s da natureza da alma
do que do fato ernpÍricoo tem tudo concorde com
o espírito idealista do sistema.? como a_de Aristó
teles revela bem o seu sentido reali.staº Para Pla
t?o, compreende-se a presença do tempo na nature-
t
º 'º º
d o principio a priori e maxima per:e1çaoº ºd 'º
za por urna pura necessidade de r'a za o , em ví.r u d e
em- fº"" Ot
t., .i'

po es· a no mundo e e a. prova da raciona ida d e ma.=
::i º '
xima da naturezaj mas não pertence por necessida=
de ao plano natural" Êste pode existir com a sua
mobilidade própria? sem a existência da duração
- 659 -
r-ae í.ona L, Veio ao mundo como uma pura exigência
""' ,I\
de imi taçao do modelo supr emo , para ser a mais
perfe:i.ta forma de duração que lhe podia ser atri=
buÍdaº Éj pois? essencialmente divin1 na sua ori
gem na sua cont agem, feita pela série numéri e a
e
que está na alma o "Des pojada da roupagem alegÓri=
..
Ç'.:!J Ç::::, J'
ca? a intençao de Platao e dizer que? tendo cone?
bido. duas formas de movimento fÍsico., uma i:ma.gin§
º º
ria e mais gera,1
?
a necessqr1a:men e re tºl?
º
1 inea1 ou t
tra real e mais restrita, à circular? o tempo tem
por .medLda es ta ·Últimaº Aristóteles quer dizer a
mesma c oã sa , ma s ; para rejeitar o envoltório mfti
coj é levado a postular a igualdade das espécies
de movimento, o que o faz perder o conceito de
o " o
inercia o
A
? este um dos motivos? entre outros9 de
.,.(

que a fÍsica·aristotélica? mais realistaj mais em


pirista? sem mitos ou imagensj não tenha podido
gerar uma mecânica racionalº A teoria platônica
poderia tê=lo feitoj se tivesse sido levada às
UA
.P o
suas ultimas consequenciaso
Q
A simplicidadej
o o o
o a=
A
parente rigor e concordancia com os fatos fizeram
a fortuna da conce pça o ar eí s bot.eJ'l 1ca; a especU.L&.-
fr'-J
., o

ção platônica não neve a contém mesma sor be ,


mas
em germe muitos dos desenvolvimentos .futuros- e,
Lnc Ius Lve , dos mais modernos da t eor ãa do t e m p c ,
Associando esta a almai Plat;o
o tempo? ordem e

coloca na alma a intuição do tempo; não é da vi-


=
sao do espaço que a tiramos? mas Jª a temos cono?
·'
- 660 -
( 17

co? porque na a.lma que possuimos ha aquela mesma


regularidade circular e aquela mesma possibilida=
de de pensar o contínuo infinito dos números? com
as quais nos é dada a noção de empo , .É a alma t
A ? ?
por essencia1 e nao por ato acidental e em cara=
ter simplesmente executivo, como em Arist6t?les,
que nos faz chegar ao conhecimento do tempooO-que
em cada alma individual é conhecimento, é$ pela
l ., o
a ma cosmica? para o universo?
o
pro d uçaoº
.,,,
O tempo
?
algo de essencialmente causado e a sua causa e
(J'

e
#
uo?t e 1 es s ao e orrtr-ar 10 9
ris
o ., ' o

a alma do mundo o P ar-a A .

não se pÕe o problema da causa do tempoº


JI,.
E· aqui encontramos9 ao fim deste parale

decã s l.vas , este


,A

lo entre estas duas doutrinas


= . .
c1.IT1.o
R
so cruzamento de posiçoesg enquarto para Aristo-
teles o movimento? causado e o tempo incausado,
para Platão o movimento é incausado e o tempo ca.:g
sado?

Temos? assim, ao que nos parece, exami=


nado , em alguns dos seus aspectos mais gerais, .os
A ""

problemas mecanicos e questoes correlatas postos


""' f - ·

Foram eles bas=


A
pela concepçao fisica de Plataoº
tantes· para fazerem ressaltar o valor fundamental
do pensamento da lei de inércia, que. ai julgamos
encontrarº Como corolário dessa concepção essen=
- 661 -

.,
cial e que se desenvolveram as noç?es de espaço e
de tempoº O desenvolver da-teoria fÍsica proces-
sa-se de forma que a mecânica do mundo atual apa-
reça como um domínio naturalmente matematizá º vel
A noção do movimento, a teoria do espaço? a daCOJ.11.
H ,

po s í.ça o. geometrica dos corpos elementares e,. por


fim,-o conceito do tempo, são todos aspectos de
urna visão que reconheceu a significação do mundo
, .

ideal dos numeras e das. figuras para a interpret.§;


ção d?ste devenir emp!rico em que passamos, - nós
. "
e o mundo em torno c?e nos ,
,,-A . ' ·"
.óS t e J_ d ea__1 d e_ uma cien

eia da natureza expr es sa em linguagem matemática,


Platão n;o só o concebeu, como º?realizo?e Bem s?
be que não rêz senão descobrir um-c?,mthho,
-
ensa:ian
A • A
do.nele os primeiros passos; muitas vezes sente
a insegurança do er ia dor original e apela para os
deuses e para os homens, a fim de que pros si g am
H A .,

na construçao deste saber supremo, que e desven -


dar as intenções divinas incluídas pela Razão na
sua obrao
-A
.l:!iSSe ape
'
"1 o sera ouviLd o, e epoca e "
vira
'
em que, pela ins:piração do seu pensamento, os fi-
, - ... , .
losofos procurarao de novo as razoe? matematicas
das coisas. Apenas, ·esta época estará distante oo
,
quem a sonhou vinte seculos.

***
- 6.,,,.,..,
Oc.. -

CONCLUSÃO

/
Procuramos nesta analise de-alguns dos
principais aspectos da fisica platônica descobrir
o sentido.do pensamento cientifico-que se esconde
A .

sob a face do mitoº Para melhor compreende-lo,ti


., rt ., .

vemos de confronta-lo frequentemente com as idei3s


.

A
dos seus precursores, dos contemporaneos ou do seu
imediato sucessor, Arist6teles. Procuramos dessa
análise destacar o que de especifico tem a sfnte-
, - A ( ,.,.

se fisica de Platao e, embora nao nos fosse possd


vel seguir em tÔdos os seus detalhes a doutrina
cosmo16gica, quisemos que os mais caracter!sticos
A ,.. .

aspectos fossem tratadosº Essa excursao pelo pe.n


sarnento cosmogÔnico de Platão tinha como objetivo
final evidenciar o que nos parece ser mn fato di£
A
no de registro, a existencia, nessa teoria, da
concepção da intrcià e Julgando ter reconhecido na
·
-
concepçao do caos e no quadro geral da estrutura
do universo, tal como os pensou Platão, um indicio·
de que teve a visão da lei de inércia, não quise-
mos limitar nos a uma simples exposição do
....
fato9
pela apresentação das passagens do diálogo que o

demonstram, mas julgamos imprescindível que fÔsse


feita uma revisão, ao menos nos seus t?rmos mais
• ( I\ .

gerais, da teoria fisica, dentro da qual surge e?


se conceito essencial da concepção mecânicae Fomes
assim obrigados a.repassar os postulados do siste
- 663 -

ma; ai tivemos ocaslão de mostrar como a f:Ísica


- , ')
de Platao esta intimamente dependente da sua in-
tuição de que a natureza não é a realidade absol,11
tamente perfeita que o esp:Írito poderia conceber,
,
mas algo que so pode ser compreendido se nos fig,11
o
A A
rarmos a presença derdois fatores antagonibosjsob
os quais venhamos a catalogar os fatos naturais.
são dois conceitos supremos, duas categorias da
explicação física, e, somente distribuindo entre
?les os aspectos do real físico, é.possível con-
ceituar a natureza.
?ste é o quadro màis geral que Platão
formula a respeito da naturezaº Aqui nada há de
mi t·ie o; há a certeza intuitiva de que a nos sa ·

razão não chegará jamáis a captar tudo o que con-


tém cada aparência na tura1,, pois entre o modo do
seu exercício - o conhecer por conceitos - e are-ª
lidade a que se vota - a coisa constantemente mó-
vel - há uma inadequação que a razão não pode eli
minar, mas deve incorporar, reconhecendo a exis -
tência irredutível de um fator oposto e atribuin-
do a êsse fator os efeitos que não se deixam si-
tuar no-seu próprio domínio. O mito, que parece
ser o obstáculo à inteligência,da fÍsica platôni-
ca, torna-se, quando desvendado e compreendida a
.... ( , ,.
t
sua funçao, o veiculo necessario desse pensamen o.
Não nos encontramos em posição indife -
A A
rente entre esses dois fatores; estamos vendo a
...
realidade pelo lado da razao. Por mais que pro-
- 664 ?

curemos despersonalizar a
·
r<1s1ca ·
pa
1 t""onica,
·
o an-
tropocentrismo é um dos seus aspectos evidentes?
- º ""
Platao reconheco que a c1enc1a e cons rui'a.a pelo
• ' t
homem e para. o homem e que na razão humana está o
poder de decretar, ou não, a racionalidade das
coisas. Os ecos das liç3es de Prot?goras não es-
tão extintos-">
, ¢
Sem duvida, a razao nao se confunde com
"' N

a logicidade da- intelig?ncia clara; na razio h?


também todo o obscuro das intuições intelectuaisj
, t.. . o que o pensa -
e por estas e que panemos au1ng1r ::i

menta exato nio conquistaº A atividade da razio


que perscru tia o mune
do
I\
f{'a.s i co
.
cons i
.
s t;e o
pr-ame r-amej; i
o

te em traçar a cons c Lenc í.a do ··seD: campo e j


..
em se-
guida, separai,. no empfrico o que pode ser integr-ª
do nesse campo; por fim, preparar para o conjun-.
t.o dos dados colhidos um quadro de explicações fi
na Ls a pr í or-Ls :

",.Para se deflnir a si mesma, a razão eri



ge pr-a.nca.pa.os pe 1 os quais conce b e a sua es sen e 1. a
A•
e os limites do seu domÍnioo Êstes princ:Ípios são
• A •
os de identidade e de finalidade? Pela ex1genc1a
de identidade, a razão se dá a noção do ser e ela
bora a concepçio do que seja a priori ó objeto a-
..,
dequado das suas operaçoes. A identidade torna?
se então um principio dtvisor da realidad.e,já que,
?ista sob essa exig?ncia, a realidade fÍsica não
pode ser considerada como coisa adequada a Razao.
' ...

Em face desta constatação e sob pena de ter que


- 665 -
renunciar-a conceber=se a si
mesma como uma faclJl
dade capaz de repetir os seus próprios atos inte=
( .,,, ,
ligiveis, a Razao sera levada a constituirj fora
e sÔbre o mundo fisicoj outro plano de objeto?
urn

em que se verifique a exigência de identidadeº O


mundo das Formas surge9 poisj como uma necessida=
de para conciliar o exercício da razão9 sob o pri11
cÍpio de identidadej com o aspecto fenomenal do
mundo fÍsicoo
Uma vez estabelecida a posição das Idéia?
o mundo fÍsico decai de dignidade ontolÓgica, mas?
por outro lado, esta mesma teoria permite=lhe dej
xar-se penetrar indiretamente pela razãoº O prin
cÍpio de identidade condicionará não apenas a con
I ? 4\ '

cepçao das essencias das coisas, mas ainda a da


j
1
sua ãuração º 1? por êle que a razão virá atribuir
a eternidade ao ser que satisfaz a identidade, e
a duração temporal ao que não a cumpre rigorosa=
mente o
=
Pelo segundo pr mca( pao
o o
,
a r-aza o se apr.§?.

senta êomo definidora da ordemº Em lugar de acei


tar a causalidad? empÍrica9 a simples iteração do
conjugado causa-efeito, a razão concebe=se a si
í A
me sma como possuindo? imanentes, certas ex genc í.as,
que generalizadamente se podem chamar de esté"ti =
cas9 que só se cumprem quando o conjunto das coi0
sas consideradas manã re s tacertas qualidades de
- ?
Quando tal se da , a ra-
estrutura e dis po s Lça o ,
zio sente satisfeitas essas exig?ncias e declara
- 666
-
que a coisa que apresenta disposiçao e perfei tal ,I'

tac A perfeição é uma necessidade imanente dar?


zão? e não tem outra lei senão a que a razão se
prescreve a si
mesma? a prioriº
De maneira mais geralj a perfeição é con
,,
cebida como o acabamento do ser; e o que indica
o sentido de.sua expressão latina e também da gr£
I
ga, T£À£ o ç º É concebida como .acabamento do A ""' ·-

ser'1porque j de modo g er-a L, a Inteligencia nao cem,


sidera plenamente realizado o seu objeto senão
quando nêle vê tudo o que podia desejarº Mas o ser
não se manifesta por um único aspecto9 nem.o con?
A .I' A
jn.nto dos seres se realiza numa so aparencia; por
isso9 a condição que satisfaz plenamente a razão
, A o

e9 antes de tudo? uma confluencia. de aspectos da.,.

dos de uma certa maneira" aquela precisamente que.


,
vale como perfeitaº A esta certa maneira e que
se denomina ardemo
Quando todos os aspectos do ser se di?
põem de forma a produzirem aquela impressão ideal
de acabamento, com que a inteligeneia se declara
&I\

,.. ;'
ela dira? que esses. aspectos sao
.;l,
con ten "te j
• o
.

pr-opruos
de urna realidade ordenada.o A razão não pode re=
A
nunc ra r a ver as coisas sob a exigencia da perfei
- .,
çao; do contrario? seria renunciar a estender o
{' ? ( , .,
=
seu dom1n10 ate onde lhe e possivelº Por conse
guinte, o que mais proeurará descobrir, no campo
que investiga, ?er? a ordem que existaº Ora7 o a{
A
enunciado de um termo, de um ?EA.OÇ 9 como repre?
/\
- 667 -
11?
sentando a condição de sua plena satisfação, defi
l?
ne a. possibilidade de uma escala infinita de gram
A1 A A
de aproximaç?o a esse termoº
A atribuição à qualquer eoisa de uma PQ
sição nessa escala resulta em uma definição de
grau de perfeição e na .transformação daquela escj!
? -'
la em uma ..
. serie axf.o Log fca e - Para definir o maior
ou menor afastamento do Platão usará têrnio ideal,-
as expressões correntes que def'Lnem, de maneira in
distinta a maior ou menor satisfação? com que as
coisas se dão aos nossos desejoso Assim'1 expres=
sões como ''bqm'J "me.l.hor " ? "mau'", ingressam na te..Q
ria do conhecimento, para significarem a simples
situaçio das coisas em face das exigincias dara=
...
zaoo
Não nos parece que fÔsse primordialmen=
te por via ética que os conceitos de valor se i11=
A
traduziram na fisica platonica;
o (.,
A
eles revelam un.,1
o
..,. o

A •
in
.
.

carnente o grau de cumprimento de uma exf.g encí.a


telectualo São primeiramente determinações dar?
zâo , e só s ecundár-Lamerrt e se projetam na esfera
ética ou estéticaº A rigor, a perfeição estética
se acha mais próxima da pura exigência raciona 1
do que a ?tica; por isso as noç;es de ordem e de
beleza na natureza se identificam na palavra que
,
as exprime a ambas j I< O trfo D Ç •
O principio de perfeição imprime à nat?
reza o sentido de uma valoração determinada para
cada aspecto do seu devenir, e êste é o moti.vo que
- 668 -
A
conduz Platão a conceber sob o angulo da finalida
de a noção da causalidade racional o Se uni cert o
fenômeno se repete regularmente sempre que um ou=
tro se produz anteriormentej Platão estabelecerá
uma distinção entre a sucessão pura dos dois . fa=.
tos a regular idade dessa suce s sào , Como simples
e
.. .

.
.., ,?
=
sucessao9 nada ha que mereça atençao para-a.inte=?-
A #
e:
mas por sero
regular e que a suoessao se
l1genc1?;
torna um dado do conhecimento rfsicoo É que na rs =
gularidade ha um con teu.do de va or , que a ra zao I?.9
17 ,f'
l
de apreciar como sendo urna forma de cumprir a
?
sua mais alta exigencia? a de identidadeº
A
Deste
reco=
modo? na regularidade a intelfg€ncia poderá
_t
nhe ce r um dos seus principio; definid?res e? sen <»

.., ,f'
.

do a regularidade da transformaçao o maximo que

uma transformação pode de afim à identidade do


-
Lmóve L, a r a za.o declarara. que sera tanto ma i.s pe!,
,F
ter
, ,, o

feita ·a
série das transformações quanto mais con.§,
A A
extensa for a sua regularidadeº É por e?
·

tante e
te motivo que no mundo a regularidade se fisico .

constitui como o mais sensível indicio da ordemº


Mas o conceito de regularidade tem por suposto mJi
tafÍsico que o encadeamento dos fenômenos perdeu
totalmente a liberdade de acontecer? de que pode-
riamos justamente, -se
pensá-lo dotado; para que?.
i A
s ga tal segundo fenomeno, e nao outro? do primei
p
=

ro? e preciso supor que o estado do universo,onde


- , (
se apresenta essa regularidade, na.o e o estado f1
.

sico mais geral que nos é dado pensar, mas um es-


tado constituído já
de tal modo que a razão descQ
d.I,

bre como realiza.das nele, pelo menos na maior par


o

A
te? as exigenc1as que formularia, se tivesse
o
de
conduzir a construção de um mundoº
Nada mais natural9 pois? do que descre=
ver o dado.que assim nos aparece como criado por
uma Razão semelhante àquela com que o pe r-cebemos ,
Daí à fabulação cosmogÔnica a transição é insensf
vele coerenteº Mas a atribuição de valor à reg?
laridade al tera inteira.mente a noção que podíamos
fazer de uma determinação naturalº Concebido um
par de.fenômenos sucessivos? o condicionamento do
segundo não deve ser tomado em função do primeirc;
mas em função da regularidade mesma. que é suposta
regê=los.a ambosº Assim? o que se deve ver 110
( = ,!'
segunco fe
proces so da suces sa o f'Ls í.ca nae e que
""""

-o

nÔmeno resulta do primeiro? mas que resulta para


If' =
a regularidade da prbpria sucessao de ambosº
A noção da regularidadej quando· tomada
.como condição a priori de contentamento da razão?
li.A, .

tem por consequencia substituir o. determinismo ca?


sal empírico pelo finalismo inteligivelo A fisi=
ea platônica conduzida pelo rigor-? seu raciona=
s
lismo? conclui por definir a causalidade racional
pela finalidade? ao mesmo tempo que deixa infec?
?
A =
da a poderosa força de sua intuiçao de uma cien =
eia matemática da. na tur-eza , Será preciso esperar
,,
jnde , (190) "
por De scar.tes que , como diz Eo Brehier
,
,
gage la physique de la hantise du Cosmos helleni-.
- 670 -

-
que'', para vir a dar fruto a concepçao do mundo -I!.§.

gido pelo nÚmero e liberto da obsessão das causas

finais?
A razão humana, que assim encontrou a de
finição do seu exercicio, intui a sua auto-identi?
dade e concebe-se como unidade universalº Deixa de
ser pessoal e transcende a uma unidade em que se
identifica à razão de todos os demais individuas e
se pÕe como Razão do universoº A partir dêste mo-
A /
a
-

mento,o processo cosmogonico esta estabelecido


- nele
, tal que a razao I\
veja represent.§;
priorig sera
das màximamente as suas próprias exigências de
in?

teligibilidadeº Esta diretriz extremamente geral


orienta a construção de tÔda a fisica platÔnicao É
,. .... -

a ela que se devera a introduçao do conceito do e?


A '
paçoº No seu esforço de tudo configurar as suas
- A
condiçoes, a inteligencia topa- com um fundo indom1
/ ' - (
navel que escapa a intuiçao finalistica: e a exi?
,.

? N
tAenc1a t
0

d a ex ensao no ser f1sicoº Nao po d en d o 1n-


"""

.,
,. ( ....

corpora-la ao seu dom1nio, a razao usa do ultimo


lº '
recurso para raciona 1za- 1 a: er1ge=a em a or or?
.

.
"
ft·

A A
Desse modo, sem te-la tomado diret:amente
g í.na L,
,
sob si, consegue defronta-la, desde que a conside-
"'
ra como conceito autonomoo
A extensão aparece como irracionalizável?
porque é o fundamento da exist?ncia materialº A
-

- ?
razao esta preparada para dominar tudo o que no
ser corpóreo é qualitativo e quantitativo, tudo o
que o configura em aspectos traduzíveis em conce1
- 671-
"
toso Mas a existencia mesma do ser fisico é in-
conc?ituável, pois a Razão sÓ dispõe de meios de
A A ,
atingir essencias; a existencia material e de to
?
( , .
,
do incompreensivelo E e tal, porque e a negação
do princípio de identidade; a exist?ncia é a mo-
bilidade, é o ser deixando de ser, é a inidentida
- " /
Ora, a razao e por si auto-identica, e so po
• Ã
dee
de ter por objeto o que direta ou participadamen-
" , .
te tem esse caraterº No existente, tudo pode ser
.

compreendido pela razão, exceto o existiro


. , t" ,
D es d e que a exis encia so se da na mobj
/ A
lidadet-sera a existencia o abismo primordial que
'
-
faz frente a razao*
-c : < ,
Dai surge a ideia de conce -
ber o existente como um domínio de mobilidade pu-
" -
ra, de que estejam ausentes todas as determinaçoos
da razãoº Esta idéia será apresentada no drama
A .

cosmogonico sob o nome de caos primitivoº Com el?


- - "
Pla tao coloca no seu lugar a ncça o de existen eia
e prepara ao mesmo tempo o papel que lhe compet?
nos futuros desenvolvimentos da narrativa cosmol2
""'
'!.
?
gica. na sua concepçao mais simples, e _o
O caos,
domínio da total irracionalidade, porque é a re-
gião da. pura mobilidade ex í.s tencãa L, Não seria?
- , .

? "
nao declaravel, e jamais conhecivel no seu conte?
do, na sua função e nas suas propriedades, se não
fÔsse o fato de que Platão preclsa especificá- lo
. , A I

. de algum modo, pois vai servir-sé dele para prep?


raro trabalho construtivo da Razão. De um caos l
rigorosamente irracional jamais poderia partir P-ª
.,,, 672 -
A
r-a desenvolver um mi to oos mogon r.c o t
o
a sua comple.

ta irracionalidade não o deixaria ter contato-com


a Razão o Mas? na verdade·1 Platão concebe o caos
sob um aspecto- preparatório a.o descobrimento da Q
peraçio racionalizante, e o faz, segundo nos pa=
recei por um motivo muito profu.nd o , que de s e.Ia =
. -

mos deixar claroº É que acaba de dar=se conta


A
quej no p1ano mecanico, a mobilidade se apresenta
em duas espéciesj· diferent?s sob o ponto de vista
da razãog movimento mec?nico pode ser curvilÍ=
o
tºlf
neo e re 1 ineo, e ai d is tº1nçao e
t "' í °"' 0'
1 s em
,ti'
capitaº
dÚvidaj para a r-a zâo , que a s pdra à identidade?qml
quer forma de movimento é ;_m?-negação de raciona= ,.

lidade, nenhum movimento pode ser essencialmente


r-ac Lona L] mas entre as duas espécies mecâni e a s
Platão_ descobre esta diferer!ça d ac Ls i.va i que uma
pode ser dominada pela Razão9 e a·outra nio podeº
Uma pode ser expressão da atividade organizador a
da Ba zâo , e a outra é necessà.riamente o regime do
simples irracionalº
O movimento· circular pode, portanto,ser
concebido como proveniente da Razão? desde que s?
jamos capazes de dar as condições inteligiveisqu.e
o gerem; enquanto o movimento retilíneo nio pode
ser assumido corno derivado ouj de qualquer modo?
r e Lac.í.onado com a Razãoº Tendo chegado a es ta CO]];
clusão, o problema do caos revela=s? a Platão com
? -
tun novo aspectoº O caos ej
por definiçaoj o cam-
po do irracional, e deveria, a rigorj ser um sim-
- 673 -
ples nome sem representação discernível? Mas ag£
ra, quando acaba de descobrir que, das duas for -
"'
movimento mecanico, uma pode e a outra não
mas .de
"" '
pode ser associada a Razaoj nada o impede de lan-
çar no caos a espécie da mobilidade irracionalizá
vel, dando desse modo.um conteúdo ao que parecia
dever ficar como um nome apenas?
Platão encontra nesta possibilidade o
principio que lhe vai permitir desenvolver a sua
.,,
f( .,(
o
concepçao 1s1cao ? que acaba de atingir a natu=
reza num dos seus segredos: essenciais1 descobri,!l
do entre o racional e o'irracional uma nova cate?
geria, o racionalizável? O movimento circular é
º '
r-ac r ona 1·a zave 1 s is t o e, conce b'ave 1 como atribui
e ., ' ....

q,. N AO
vel Razao na o enquanto moví.ment o mas enquanto
<?, ,

se apresenta como periÓ?icoº Assimj o caos, que


de outro modo serla um puro símbolo negativo? a_§,
s?e o papel de visão primordial do unãver sor se-
rl um estado imaginário em que é. co.l.ocada a mcbâ=
lidade reb?lde ao imp,rio do espírito? O Último
,
poremj
t i\·
neste esque?.da possivel g?nese da
.

passo,
teGria platônica é dectsivo? da compreensão quej
das. duas formas de movimento meeârrí.co , uma pode
ser racionalizada9 Platão salta? idéia de que en
tre. elas-existe uma diferença de grau de generali
dadeo Pode agora conceber o devenir circular co-
mo .. resultantej por restriçio, da mo?ilidade reti-
1:ineao_ Está feita., assim, a transição do caos ao
cosmos o
- 674 -
em
Concretamentej o problema cifra-se
-

restritivas -?xi-
definir quais sejam as condições
retilínea.em
gidas para a conversão da mobilidade
o . ca=
Ora Platão vê na periodicidade
c í.r cul.ar , :1

do .retilÍ -
ráter que distingue o regime .circular
neoo Como a periodicidade.s? associa à
regulari?

dade nada mais natural do .que ver


numa - operação .

5J

restritivas9
da Razão o recebimento das condições
retilineidade oE quad's
que implicam na cessação da
segundo.a
serão estas condições .que irão modelar,
bruta? S?rão
Razão, o que antes era a mobilidade
a ·imposição da ordem matemática? o aparecimento
da causalidade finalo
Nó caos9 onde est?a mobilidade ,,. retilÍ-
neaj passamos a ver agora a ausencia do numero -e
o ,,,._

daque-
da forma espacial e dê·1e fazemos o dom:Ínio
la causalidade oposta à Razão; será então o con=
Te=
ceito de causa necess,ria, de causa erranteº
como o do=
mos? assim? a imagem do caos concebida
mÍnio preparatório da obra demiúrgicao
Pela distinção dos dois estados? um im?
_ginârio e mais geral, outro real e mais particularj
em
e pelo fato capital de fazer esta distinção
.
• .

eonsequencia dos regimes cinemáticos? que atribui


IR,,._

respectivamente a cada estado? chegou Platão a


uma concepção e? que julgamos reconhecer9 pela pr.!
meira vez9 a lei de in?rcia?
Aquelas duas condições restritivas da
generalidade mecânica e casual do estado primiti-
- 675 -
vo9 Platão as concretiza numa alegoria, a Alma
do mundoo- Esta é destinada a ser o símbolo de tu
do. o .que se fazia .necassár-í.o para converter o caos
_ em.ondemj .. por Lsso, car-r ega-a de essências numé=
ricas e -geométricas j ,institui-a como um efrcul o
imenso- .a envolver todo o un í.ver-s o , girando sbbre
si mesmo, e Lncumbe-sa de transportar do e$u à te.r
A C4
ra .as . imi taçoes das essencias e arnas e Na ma t Al
cósmica-patenteiam-se aquelas .condições restriti?
vas e por. ela a Razão se concebe como dirigindo o
"
devenir universalº Claro esta que a Alma determi
na.o-aparecimento das leis da naturezaº São es=
tas a mais alta' expressão da soberania raeion a 1
no mundo; são a manifestação de um determinism o
A
completo; _mas es te , por ser tomado como obra q8;1_
Ra záo , é visto .em direç?o finalistaº_ Como a alma
,
e
?
o simbolo da organizaçao, a supe?açao do regime
- -
de inércia é o resultado da concepção do universo
_atual como um.conjunto exp. interação reeÍprocao No
,.,, .p- = -A J!>

caos ... nao ha a çao nem forças a distancia,


o
pelas
I\ o? ,

quais uma re.rte afete outraº A existencia de fo?


ças :na natureza é_uma característica essencial da
ordem e da presença de grandes massasº
D?ste modo, o que hoje chamamos gravita
ção é-verdadeiramente o conceito dessa ordem en=
tr.e.oscorpos celestes? qúe os faz prosseguir em
?eus.giros segundo Órbitas definidas: Uma intui-
ção s?melhante é traduzid? na imagem da Alma do
mundo 7 :: com os Seus e Írculos ocupados pelos planê--
- 676 -
tas o

A distinção entre os dois estados e a :i,,..


negável concepção da retilineidade uniforme da.mo
- -
bilida de do caos sac s ao nosso ver, uma expr-es.sao
de conceito de inérciao Ora, ti?hamos dito em!Q§
,. ?
so prefacio que9 ao indagarmos.por que motivo nao
foi constitu:Ída na cultura grega a mecânica racio
na L, encontramos como. resposta, principalmente 1 o .

fato do não-reconhecimento da lei de inércia, sem


a qual não se pode elaborar essa ciênciaº Com ef'ei
, ...
bo , sem o conceito de inercia nao se podem defL =
·

A
. .

,
nir os postulados da mecanica em forma matematicao
Mas acabamos de ver que na teoria cosmogónãca. .do
Timeti. existe implfcito 'êsse "conce
í
to , Por conse-
guintej a i?dagação que acim? fizemos conve?te=se
nesta outrag por que o conceito de inércia,.per?
cebido por .Platão, não foi reconhecido, nem o sis
tema que o incorpora e que contém uma vtsão mate-
, -
matica da natureza conduziu a cons tuiçao .da di--
' ti
A
namica? .A
.

questao
- j
e
?
emãnen temen te hd.st or
.
?
í.ca .e so ,
. ., .
,I'
pod?ra ser resolvida por uma-analise das circuns?
t?ncias· que cercaram o momento de Platão· e ... dás
-?-
fases proximas, na evoluçao do pensamento grego.;
-
,... ,? (
como nao nos e possivel
A
faze-lo por extenso, .sen-
do um ponto que exigiria por si só um estudo com?
pletoj contentamo-nos em apontar os elementos que
poderão servir para esclarecer esta questãoº
Em primeiro- lugar, pode atribuir-se -ª
Platão ter énvolvido a concepção da inércia em
- 677 -
condições menos favoráveis ao reconhecimento do
A
papel decisivo desse conceito na construção da
A
teoria mecan í.ca
Apesar de ter sido o primeiro
,
; . ? -
filosofo a elevar-se a visao da possibilidade de
p E,$
f
uma cómpreensao matematica do mundo fisico, quer
'

porque a forma demasiado alegÓr:tca em que a decla_


r ou tivesse feito perder o valor concr e to da que La
pensamentoj quer porque? sua concepção da causa=
lidade finalj mal Ln ber-pr-e tada., pudesse apresen "'!'
tar=se em conflito
o A f
com esse designio.,
?
o que nao
par ece duvidoso é .. que· Platão não :inspirou aos ho?
mens d? s?a cultura que fizessem frutificar a si?
nificaçãoºda A?
do mundo como criadora da ordem
matemática; do contrário? tudo leva a crerj êsse
povo de geômetras teria criado a análise matemáti
ca.do movimentoº Os gregos fizeram apenas a aná=
lise da imobilidade não conceberam que o espÍr,!
e
to pudesse representar=se_senão figuras nem medir
outra coisa s enao as relações imanentes a essas
ftguras,o
Podemos considerar quej ao lado do des-
e?.nh:.®@imento da lei de inércia1 um segundo fàto;
não menos decisivo, contribuiu para tornar impos-
sível o surto
da mecânica r-ao í.ona Ls a atitude
t e
t º º '
carac eris ica d o esp1r1to grego d e co 1 ocar

o do t
ponto de refer?ncia do movimento no intetior mes-
mo do móvelº Não se encontra na mate?tica anti-
ga.a id?ia de reierir- o movimento a pontos ou,ei-
A ;
xos. de referencia exteriores ao movel e procurar
- 678 - ·

dêste m9do descrever urna trajetória em têrmos


-de
If'
.uma função espacialº O movimento_e concebido co?
,mo algo de Íntimo, de essencial ao móvel, e por
isso .: todo esfôrço de e om preensão_ de sua nature
.
.z a.
é dirig-?do a
descobrir nas condiçõe? interior-es do
_

ser a sua causa e as suas determinações-o.


Bem --O
Al ,I'
referir a um sistema exterior, nao ?-
e possivel.li?
bertar-se completamente da atitude quantitativts-
ta e assumir uma verdadeira atitude descri-tiva? .Ir.
mecânica racional torna-se.existente quango_
Des-
cartes concebe a idéia de uma exteriorização
abs?
iuta na análise -do movime?to, fazendo-o
uma fun -
çâo da distância das posições do móvel
a um repa-
ro fiXOc
Esta atitude falta inteiramente na-dina"' .

mí ca de Platãoº -r'
Quer no ponto livre em transl a=.
çi? retil?ea no caos, por ser
privado da Razio,
quer nos corpo? celestes, por terem
imanente. em
si a determinação d? Razãoj em nenhum dos casosbá
a idéia de uma relação
racional, a de uma verda -
deira função cinemáticaº
A -
-,,
Contrudo , a ignorancia da ···inercia
parece-
nos ser a condição mais
profunda e decisiva que
impediu o desenvolvimento da
mecânica racional en
tre os gr egos , t
De fa o , para te?tar a aná 1 e is
matemática do movimento, a
,I' A
condição indispensável
e concebe=lo em ,I'
igualdade logica com o repouso9is
to éj como estadoº Foi esta idéia
que_faltou a9s
sábios gregos_e foi esta
errcinea situação queAris
- 679 -
/
to teles defini ti vamen te con sagr-on , s·e o repouso
é concebido como um estado movimento como um e o
processo, a desigualdade entre os dois se revela
..

""' ,
no fato de .que para o primeiro nao ha necessidade
.

,.
de .eausa , e para o segundo há , Assim, _enquanto o
....

mo.vimento é. concebí.do como


..
pr oces so , uma causa que
o explique. pr.ecisa estar incluída na sua
..

essênc?
e ... nenhuma forma de descrever o seu decur so,
exd.s te
sem .que nêle se faça figurar a cada instante a cau
sa.que o produzo claro que neste sentido

-
não
haverá matematização da mobilidade, pois não
..

se
v:ê .. como expressar ma terq.àt_icamente a causa do movi
m,entoo Por.isso, a lei de inércia, declarando a
..

mobilidade um estado, tal como o repouso, ê o co?


po9 que estejanum ou noutroj por si mesmo indife
,;,
rente a ?mbos, e indispensavel para_produzir e??a
,
- - -' A (
equipar?çaoj sem a qual nao ha.cemeço poss1vel de
A A
eons truçao da e iene ia mecanã ca º
.,.,

Com efeito, o valor fundamental do p?i?


d:pio de inércia é· que por ê1e se produz a liber=
tação do movimento da noção de processo e conjm1=
tament·e da exigência de uma causa, colocando-o em
idêntica situação lÓgica com a noção de repouso º
Reconhecida. a le:t de-inércia, rãcilmente se esta=
b.elece a corr?lação entre os parâmetros do movt =

mento,.o espaço e o tempo, para construir a no?io


de ve Loc í.dade , $em a inércia'.i, a velocidade adqui
rida.por um corpo no seu ?ovimento só se explica
h A .

por uma causa exterior atuante durante toda a du-


- 680 -

? , o o

raçao da mobilidadeº Com a ir;i.ercia? a velocidade


é concebida como simples relação e torna?se mate=
matizável? o que não era na hipótese = precedent e e
Da noçao de ?elocidade a de aceleraçao e desta a
""' ..,,
..,

de f?rça, sio etapas que o espÍrito grego poderia


natmr-a Imerrte ter par eor-r Ldo , do mesmo modo como.?
no domínio geométricoj eLevou-ae às mais abs tr atss
generalizações j desde que tivesse por condições i=
riiciais aquelas indispensáveis ao .,f' desenvolvimento
= ""
,I\ o
A.

des9es conceitosº Se nao o fez? e porque


·.

nao.re9
conheceu a igualdade do repouso e.do.movimento C.Q
mo estados? expressa na lei de inérciaº
·Mas, como na cosmologia platônica figu=
A //
raj conforme nos parece ter mostrado? esse pensa=

menta, h? que atribuir a causas hist6ricas impe p


dientes a atuação des-sa iq.éia f'undamerrta L, Platão
mesmo não viu a significação da ideia que tivera;
? - t
nao viu que, dada a noçao do .moví.merrt o retiline.o.
.
. o

e uniforme do cao s , era imediata .a possibilidade


de expressão matemática? mediante a simples refe9"
·.,., . ,f'
.if!;
rencia a pósiçoes fixas exterioresc AQ inves di?
o o

so , fiel
à mística de uma falsa concepção da .rà? .. -

zão<J) considera a expressão matemática como. .s Lna.L

de alguma coisa superior, é só a julga poss lv.e 1-


naquilo em que a natureza se apresentacomo ordem
à medida da intelig?:nciaj isto é 9 no dom.ln í,o da
causalidade finalº
Esta concepçàoide que a t
ma tema í.zaçao do
real está a serviço da finalidade r ac í.ona Lcem vi.§.·
= 681 a,6

tade uma perfetção Última, foi o principal enga=


no de Platãoº Gorn isso? a matemática não teve a-
A
ce s so a toda a natureza 51
,
mas so aque La s
?
partes e
processos que no devenir podem ser concebidos co=
mo ordenados pe.la Razão; e ordena? quer dizer
destinados a um fim? construção
de uma es tr-utu-
à,

r-a perfeitaº Assim'.1 a matemática foi expulsa do


caos .e o.movimento retilíneo e uniforme? embora
concel;>ido como um_estado, não teve a imediata as=
• .:
accãaçao ?
a descr OÇ:# t
í.çâo ma'temàP'Cí
oa , que podia ter1se O

A
esta nao fosse? em obed1enc1a a um principio
""'
o.A ? -
fa?=
o o

reservada exclusivamente para o domínio da oi:,:


so.j.

demo É lamentável que Platão não tives$e perceb,!


do a imediata possibilidad? de tra?scriçio da mo=
bilidade retilÍnea em relações cinemáticas0 Dês=
te .modo , teve a noça? o da inercia?
,p1 .e:::t;,

mas na o soube
desta.cá=la e fazer dela a primeira lei da mecâni=
ca racional? por não ter atingido a noção das suas
"""
consequenciasa
Esta pode ser considerada a primeira
sa d a i gnoranc a d?
,ft,
iº t
?sse pr1nc1p10º M as
uma segun=
e
ca.:g

da.9ausa pode ainda ser imputada ao próprio Pla=


tãoº A sua extremada oposição ao atomismo demo=
crí tic9
impediu-o de dar lugar em sua fÍsica a uma
concepção em que figurassem? claramente expr assas,
as massas naturais submetidas ao regime de inér p·
eiaº Bem sabemos que9 dada a Índole do seu siste
=
ma9 nao poderia deixar de fazer como fez9 procur?
o A

do fugir ao problema da matéria., para só investi=


- 682 -
,.
gar na natureza9 como
elemento_ultimo9 a formaº
extensiv-ida
Bastava=lhe o conceito de espaço como
formas geométri=
de pura? para nêle se recortarem
·" para a sua dou=
cas0 isto e tudo_quanto precisava
'1

.trina dos cor pos s


Não estamos discutindo o mérito A.dessa-
R
.

= como este.as'='
concepçaol o que queremos e.apontar
desconhecimento
pecto do sistema contribui para o
o -.conteúdo do
do princ{pio de inércia o Como vimos 9
definido como
caos em nenhum momento é claramente
qualquer seme=
material? sem dÚvida para fugir a
lhança com DemÓcritoo_ O regime dinâmico.é .defini
das coisas. a
do9 mas não? bem n:Ítida a natureza ,
que se aplica? ficando tudo envolto em wna nevoa.
'

dé um
de especulação alegÓricao Ora? na criação l
conceito de tao al ta impor tan e ta era Lmpr ,e:? cindi
r:-'J
A o

(;,:) 6\,

vel que a.clareza _de sua intuiçao fosse apoiada?


la exposição; sobretudo? que rôsse Rerfeitamente
percebida a natureza material da realidade imagi=
nada como sujeita à condição caÓticao .com isso?
a lei assumiria uma completa significação fisica;
sendo expressamente atribuido o movimento inerci=
al a alguma coisa de caráter material9 uma partÍ=
a
cula? por exemplo$ haverta imediata tendência
proceder=se à matematização dêste fato indiscuti=
velmente fÍsico? e m?is? por ?Í se introduziria!à
cilmente a consideração da noção de ma.ssa? igual=
mente indispensável à dinâmicaº Tendo, pelo co:g= '

trárioj deixado na penumbra do símbolo a definição


- 683 -

da coisa que sofre o estado inercial? Platão con=


tribui9 por esta s?gunda formaj para a infecundi=
·=
dade da sua concepçaoo
Estas são .as que poderÍámos chamarp· as
p • e,,
causas endogenas do naq-reconhecimento historico
do. princípio de inérci? na teoria platônica e da
,t'.· ,p ,I'
perda dos seus benef'Lc í.os , Mas ha causas exoge =
nas .seguramente mais importantes, que contribuem
li A O 0A
i A
para exp .ear a ausenc1a. d e uma cienc a mecan1.ca
,
0

racional entre os gregosº Estas cifram-se no a=


·parecimento da fÍsie.a aristotélica.e nas circun.§.
tâncias que favoreceram a implantação desta Últi
ma no pensamento ocidentalo
Aristót.eles apresenta a sua visão da !lã.
tureza com a evidente intenção de substituir a de
Platio9rque lhe parece falsa em conjunto? embora
queira ?alva.roque considera legítimo do siste=
ma anterior9 interpretando?o numa nova sfnteseo
Ora, na concepção aristot?lica a lei de inércia
,I' ""' ? .,..( ?
e nao somente falsaj mas absurdaº? uma afirmaçao
A
que , ?e fo_sse tomada como ver-dade í.r-a, impediria a
admissão do determinismo no processo da naturezaº
Seria uma ruptura de equilíbrio no cosmos conce=
bido como o domínio de uma causalidade perfeita,
seria a suposição de que algurra coisaj e precis?
mente a coisa mais comum e importante? não teria
cau?a e poderia sustentar=se por si mes:mao A re=
jeição da concep9ão do movimento como estado de=
cretou a morte da lei de inérciaº
.- 684 -

Simultâneamente com a eliminação da :rr.ér


matematização
cia9 a física aristotélica renega_a { o o

da
.
natureza; ri
nos-qua?ros que os seus pr1ncip1ose?
tabelecem não tem cabimento a expressão matemáti=
ca do real e9 mesmo que esta viesse a ser tentada?
como o_foi modernamente por Po Duhem9 por exempl?
não poderia conduzir a nenhum resultado verdadei=
{ o e ·? e •
?
r-o º A f1s1ca ar í.s tote 1... a.ca nae so
I' "",
$fl
©Jse:feCf.f_
,Jneios
-li
?- ·

=
de ser tentáda a transposição do devenir univer
? , =
impede
termos ma?ema ticos 9 como se opoe
.

sal em e

que isso faça (l9l)


se º·

Historicamente? a ?miç·ão Platão=Arisc,=


toteles representa urn dilema apresentado ae cur.so

do penaament.o , uma encruzilhada s em que a escolha


de tun dos caminhos decide da poss fb í.Lí.dade , ou m.o;j
? ?
de ser eons caet ui"da a ca encaa mecarn.ca º
' " e :-

A escol.ha efetiva da . direcão aristotéli ;,


= '
ca censer-vou a renuncia a cr í.açao ca I a.sa.ca ma:te=
(I'' " _,.,,t
"' o <:::,,

?t-aca , T.en d o d e apontar as razoes externas aes=


e,:,
, .• :'.I

ma.
sa decisãoj não seria difícil compreender que a

doutrina de Aristóteles tinha sÔbre a platônica?


videntes condiç?es de superioridade que a torna=
ram preferidaº Nada há de mais inveridico do que
julgar a fÍsica de Aristóteles? agora que a sabep
mos falsa9 uma concepção simplista e puerilj que ·

nos admiramos de ter sido tão longamente aceita.CQ


mo ver-dade í.r-a , Há na teoria de ?ristóteles um po,,ê,
sante pensamento perscrutador da realidade e uma
eapacidade de englobar e classificar os fatos num

esquema explicativo sup?emo? que seduzem e se i.m
põem pela grandiosidadeº Mas o que9 para nÓs9 é
o.vicio do sistema foi justamente o quej para os
-
.

A -

seus contemporaneos e para. a9 geraçoes durante


o R ? A o
vinte secuLosj fez a sua forçag o seu realismo?
a admissão do dado empírico no seu aspecto qua=
litativoo A?rscente-se a isto a construção de
um quadro metár.!_sico lÚcido e fácil, em que o fa
to.fundamental do .movimento encontra uma expre.§.
sio?clara.na doutrina de pot;ncia e ato, e ain-
da.o rigor de um pensamento talhado nos moldes
lÓgiços:, servido por uma_forma literária de ex-
posição cursiva e diretae
Por tÔdas essas razões a teoria de- Aris
tóteles suplantou a fábula platÔnicae A satis-
fação que dava ao sentido comum? fazendo-ver no
fenômeno nat?ral aquilo que de fato se percebe-
ª transformação das aparências - e descrevendo-
º nos têrmos qualitativos com que é apreendido
A A
diretamentej devia faze=?a adquirir uma preferen
eia que não lhe podia disputar a nebulosidade
. .

poética no ?ito platônicoº A fÍsica aristotéli


ca apresentava-se como muito mais sériaj rigorQ
,.
sa e clara do que a platonicao Podia. perfeita=
/ - .
?
mente supera=la. porque nao so aparecia como dan
A - -
do resposta a todas as questoes que a de Platao
solucionava? mas além d:tssoj satisfazia muitas
outras possíveis indagações a que a teoria do
Timeu não dava suficiente esclarecimentoº.
- 686 -

Observe-se,· .adema í.s , que .a obra .fÍsiêa.

e natural
de Aristóteles é imensamente ?ais vasta
que a de,P?atãe9 eobrindo um campo deinvestiga.=
çÕes mui to mais· ex?enso$ COIY;l uma .ca pac Ldade de o.§ ..

servaçâo , de análise-9 de _classificaç?o


expl,1 .e de
caçãó que faltam na s sumán í.a s .,.descrições da- t er »
ceira parte do Timeud t
evidente que Plat;o .se
limita a si mesmo e se contenta9 ?o seu diálogona
tural?- em Só tratar dos problemas biolqgicos e m?
teoro1cS·gicos 9 por exemplo 9 ... em têrmos demas Ladamej;
te Mas não é menos evidente - que .1\,rist.9.
cenc Lsos ,
teles se em grande parte das concepçóes do
utiliza Â
seu mestr? e quei pelo seu g?nio pessoal, as .ex.=
pande? acrescent?ndo=lhes um nÚmero imensamente·
maior de fatos observadosº Seu esp-Íritó é essen=
cia.lmente o de um natmalista?
---
não o de um matemá
·· ·
--
·

tic,? (l9Z) º,
? , ·o
Nao resta dirví.da , por em, que a va s Ldao
,p
t o
e,,·

..

impónente desta obra de ciência naturalj que aos


nósso? olhos ·t i?dépendente da teori? r{siea, de=
vé ter exercido grande influência entre os homens j

-
da sua eultura9 levando-os a associ??la natural
mente ao seu sistema metafísico e r!sicoo Certa=·
ment e, esta obra.natural contribuiu pára_atra.ir a
t
.
. .
<!\
preferencia para a f1.sica do mesmo autorº Ora9
A
a mec?nica _aristotelica funda=se primordialmeX?,te
.p

na distinção dos movimentos em violentos e natu.=


r?is(l93)º Nada pode parecer mais simples do que
esta distinçãoi que se torna difícil de ser reje_!
- 687 -
tadao . .Contudoj ela condiciona uma teoria dinâ-
,
mica .que.nunca podera conduzirá compreensao da
? ?

natur?zao i
"isto o que há de paradoxal na físi-
ca aristotéliGa; por partir da 9-parência imedi-ª.
ta, vem a ser .incapaz de dar a explicação verd?
deira.desta mesma aparincia, ao passo que a de
Pla tã'o:? por partir do abstrato esquema de um e,1
tad.o .de generaliç.a.de imagin!r.ia (l94) 5>
possui os
A
meios de faze-loo
Aquela distinção entre os movimentos 9
= R -
se nao permitira a constit?içao da verdadeira di
A
namãca,
·t;;, ,p
nao impedira que se eons tua uma meca» ti ,JJ,,·

nica? e mesmo uma .teoria q-q.e? considerada em si


mesma? é satisfatória e coerenteó Esta mecárii=.
ca tem entretanto? mesmo para o homem do seu tem
po , "dod.s evidentes pontos f'r-acos, .Um9 que tal
vez não tivesse sido percebido senão por algum
raro pensadori o de n;o se prestar a conferir?
ma medida matemática ao devenir fÍsico, outro?
mais grave e mais evidente9 o de ser desmentida
const?ntemente pela realidade do projetilo
Para Aristóteles9 o movimento não só
precisa de uma causaj como precisa dela contlnu?
men te , ? o efeito de um motor permauentamente a=
'I
tuante por. contaee Lmed í.ato,
Na9 ha açao a d12,
- , = o

'.i:

.tância; mas a totalidade das fôrças mecânicas se


reduz apenas a traçÕes e pressõesº O projetil?
.
corrtudo , .aparece ao senti.do comum move:q.doc=se?me§..
.,,..

mo depois de separado da mao que o lançouº Para


- 688 -

A.

cobrir esta inconsequencia na.estrut?ra do I seu si.§.


t ? ,., A º
ema , recorrer? a noçao p'La'tonãca da
5"o
t.wrr,ç, rr£f
assim é que explicará por uma reação·do_meio não=
.

(l95) º Mas o
vazio a continuação da ação motora .

que tinha esta ,:?-solução de insuficiente .e d? con=


tradit?ria, em si e com os dados da observaç?o ?-
= ., º (196) e. É me§,
nae deixara
º º
Jamais
º
d e ser recon h e ca d o
mo surpreendente que uma tão grave lacuna no sis?
tema não o ?ivesse ar-rumado, .Podemos indagar j
com surprêsa? por que motivo só em plena Idade
Média tomarão verdadeiramente.corpo teorias que ..
pretenderão resolver esta grave·= discorçtância na r!
sica
, .

aristotélica, e por que não chegou ela a ser


A
causa da reforma deste sistema em pleno pensamen=
to gr ego , com o aparecimento de uma nova sin tese ..

fÍ?icao Se tivesse sido considerado o que repre=


A
sentava esta discordancia a va Lí.dade geral-da
.

para
fÍsica aristotél?éa? não teria esta gozado dop:m?
t{gio hist?rico que tevee De qualquer modo,? i=
negável que foi o_excepcional favor histÓ?ico con
cedido à especulação natural_de Aristóteles qu.e

impediu o espirito da sfntese fisica contida no


Timeu, de chegar aos seus frutos pos í.t í.voa. e9 pa.r,
ticularmente, a um possível isolamento da noção de
inércia(l96 a)º
Sem_o t?;unfo completo de ?ristóteles e
a total absorção da natureza no quadro do.seu-si..§.
tema, talvez outros pensadores acaba s sem por ex
--
trair o conceito.de in?rcia do mito plàtÔnico9· 11
- 689 -

.ç,,, "
ber bando+o das cond í.çoe s desfavo:raveis que o pr,2
"o
prio.Platão criarao Teria existido assimj uma
das condições essenciais para que houvesse na
G.récia. uma . ciência
mecânica j como houve uma ge=2
me.triao Os mesmos matemáticos que souberam pe.n
...

sar .coisas tão abstratas como a passagem ao


li=

mi te-? para definir a circunferência pela perife


ria. do polÍgom ln ser :L to de 1:1.m número infinito
? A
de
.

co=
lados? por exemplo? ou a teoria das secçoes
niça.s? teriam sem dÚvida estabelecido os concei
tos fundamentais -da cinemat;ica e da dinâmica?se
lhes tivesse sido acessÍ?el a noção do movimento
como astado , A verdade his.tÓrica j porémj é que
isto não ocorreu? não houve quem criticasse tão
profundamente os defeitos da doutrina aristoté=
Lã.ca que a tivesse tornado inaceitável9 como não
houve. quem desprendesse do Timeu o significado
do pensamento que ai
se continhaº Em consequên
a
cia9 a cultura grega não conseguiu constituir
(ii,. o
"" o J't o
t
mecan1ca como 1.nterpre ,açao m.a ema ica d o equi= t
t· A
librio do movimento na n?turezao Da mecanica
e
conheceu apenas algumas noções da teoria da es=
tática e outras9 que formam o que· chamaríamos ho
je de mecânica aplic?dao
No?sa intenção era procurar e?tabele09r
.

a situação de conflito entre as concepções


que
""' .

surgiram na cultura antiga como simultaneas? a


plat3nica e a aristotglicao Havia que escolher -?1·

entre elas um rumo; e o fato e que pela quase


totalidade da ciência antiga9 e continuandç-se-p?
,
Aristoteles. ?sta
1? medieval,foi preferida a de
escolha uma das t
mais decisivas que ·se .conhacem A
,
na historia do pensamento? e
.

sua influencia tera ,

uma duração tmensa., Preferindo Arist6teles?-ª- cul


tura ocidental fechou=se ·.à. possibilidade de _un vet
..
·

dadeir·o eonhecãmen'to da na trur eza , A aceitação-da

fÍsica aristqtélica foi a causa-que mais_poderos.ã


mente para a-demora da constituição da ci
influiu
encia natura19 na forma.em que a concebemos-mode?
··!'<,

namente(l97)º Foi preciso que. quase.vinte sécu=


? A
los se escoassem? para que o erro desse sistema
-

vi?sse a ser universalmente reconhecidoo Foi .pr?


ciso esperar pelo inÍcioda época modernaj para
que fósse sacudida_a obsessão da dinâmica aristo?
telica e dado espaço ao reconhecimento.de uma lei
.p

que Platâo9 ?tes dela? tinha concebidoº


·?

Contudo? nas proximidades ga epoca mo?.


. ·.p· .
o

derna? em plena Idade Media9 se esboça uma primej


.

ra reação contra a fÍsica escolástica e condu? a


uma modifica9ão importante da teoria mecânica?Des
de todos os tempos? a teoria aristot?lica do pro=
ó\
jetil fora criticada e apresentada como insusten?
,. ,
tavelo Entre os gregos? Hiparco ej no VI seco?J.Q
ão Filopon tinham·mostrado a sua insuficiência e
A
o desacordo flagrante eom os fatoso No seco XIV9
aLguns pensador es , como Bur Ldan , N.icolau d8.0resme
e Alberto de Saxe? conceberam uma teoria explica=
tiva que? conservando-se embora dentro do quadro
-- -

antigo maior par e dos seus


e .ut.Ll.Lzando ainda. a t
í tcs
representa a completa rejeição da no-
çcnce ,

ção-de an"t;iperfstaseo O projetil não seria movi


do pela.ação.do meios.m?s pelo Ímpeto que adqui=
re do moto.r que.o lançao O conceito do Ímpeto Q
briga a uma reforma completa da dinâmica? Esta
escola 9. chamada .ri_parisiense" s teve sua mais com=
.
.

pl.eta J
elaboração na obra de .0B0- Benedettiíl pre=.
curso? imediato de Galtleuo
= ,
Fundada na noçao de impeto9 uma nova d'i
.

n?mica pÔde constituir?se9 mas µifelizmente éela


? ?
tao.falsa.qua:t).to a aristotelicao Representa co.n
um esforço importante no sentido de libêrt,,ã
A .
'

tu.do
ção dos quadros aristotélicosíl e teve o papel de
cisivo.de servir para despe?tar em Galileu as i=
déias que o levaram à formação da nova ciênciao
A0 Koy:r.??(l9B) pÔda mostrar o fato curioso de que
- ?
uma repetj
? evoluçao do pensamento de Galileu e
ção abreviada da hist.Ória do desenvolvimento da
mecânica? atravessou ê1e, na sua juventude9 uma
fase aristotélica; sob a influência de Bonamico?
seu mestre, foi ?arttd,?io da fÍsica do {mpetoe9
por fim, pela eonce pçâo do seu gênio próprio? e,n
controu as primeiras leis da mecânica, expressas
matemàticamenteo
Não nos é possível rever a história das
concepções do movimento no período medieval e na
,,.._
,f' o
epoca do Renascimento, para faze-lo9 um longo e
' ,, .

complexo estudo 'ser-La nao es sár-Lo , que , por mais


.
- 692 -

A
instrutivo importante que- fosse.j .ultrapassar.ia·
e
completamente o quadr o do nosso .t.r-aba.Lho , .. Par.ti=
euf.ar-merrte na elaboraç,ao e na gene se d o concea t o
""' ,?,, o
.

de in?rci.a9 haveria que analisar a obra de.-.Galileu


e de Descartesº E sera curioso e revelador da ex
trema dificuldade com.que-o esp:Írito humano.atin=
·.?
giu es$e conceito9 contudo essencial9 notarmos ?£t
mo Galileu não chega·ainda a uma completa
conscic:;>
t t
0':, .
?
énc í.a da 1nercia9
o
por conservar urn ves í.g l,o do ?n
sarnento aristotéj,,ico = a no.ção da gravidade como-
t e como fonte_ de L1Q
um cara,, ter in tr1.nseco ao corpo
if' """
?
S era Descartes quem d ara a concepçao
-

vimentoo e

formulação claras da. inércia(l99)º


. ?. ,p
(fl, , o

Para chegar a este termo e necessario y


ma transfLJrmação tão radical no nosso modo natural
de compreender a natureza? que o próprio Galileu
? A &' o
"" o

nao ousou faze=la; e preciso nao apenas explicar o


real pelo idealíl.mas ainda-explicá<"?lo pelo imp.os=
sivele m preciso definir o movimento-de um corpo
Lso.lado , quando a noção mesma de corpo isolado - ?é

con+r aãã tor ia o É pre e t so as sumí.r essa a ti tude$pcr


assim dizer mítica e fabuladora9 que se revela C;,Q
mo uma clara afinidade com o estilo do pensar fi=
º
-=· ,p º " ? 1 penetrar
. .

s1eo de Plataoo M as so assim e passive_


o da Lner-c í.a.Lâdade e achar a expressão que
sentido
darâ a concepção fundamental d? teoria.do movimen
too GalÍleu, pr;so ainda? noçio do cosmos anti=
go e de um espaço limitad9j foi, como bem expltca
.
Koyré? até o limiar da noção de inércia? mas não o
- 693 -

, .

Sua obra e contudo o marco decdsi-=


a tr-aves sou,
vo na história dêste princ:Ípio essencial à filo
sofia da naturezaº
f
um caráter da mais alta importância?
para .. a tese .que defendemos neste trabalho$ rec.Q.
.
.

toda a obra galileiana


A
es:çiri
,
to
.
.

nhecer .que
.

.. em o
predominante e_. a influência inspiradora são pr?
cisamente os de Platãoº Não. constitui nenhuma
novidade? acentuar.o decisivo ·caráter platônico
da obra de Galileuº Platão é a grande influ;n=
, .

eia que .. penetra ate· o fundo o seu pensamento e


cuja forma iiterária? o diálogo9 toma por modê=
lo. na compos í.çâo .dos pr6p:rios es toso Nos Dis= cri
corsa há masmo , no inicio? coisa como um mito?
.Ili,, . ""'
mogçnico? e sao frequentes as referencias a Pla
efl,

tãoo Os historiadores do pensamento ga Lí.Le Lano,


como Eo s tr-auss , E.J- Gassirer9 L? 0-lschkL, AoKoz., .
.A
?· "'4

re.? todos 9 assinalam a apr oxf.maçac e preponderan

ciá do pensamento plat3nicoo


De Platão2 Galileu retira o ideal de
A , , Agora
-

uma ciencia natural em base matematiea.o


que.aqabamos de ver que no Timeu está contida a
intuição da inércia2 por que não julgar que Gà=
A
lileu a tivesse pressentido na obra p'l.at orrí.ca e
refletido sbl;)re a sua decisiva significação pa=
A
ra a construçao da eiencia da natureza? A ssim
"" o

poderia ter .s í.do , .Em todo o ca so, é preciosa _e..§.

' A
A
ta .coincidencia? que fosse na obra de um pensa?
,
A
dor platonico, como Galileu, que despontou à e
....
- 694 -
poca de transformação que conduz do aristotelismo
ao nascimento da ciência modernaº Podemos snspe:L
tar que Galileu tivesse percebido a idéia fund? ..

tal cont í.da no caos do diálogo. cosmogÔnico e? tiv?


"
se sentido o quanto podia el?. valer 9. desde que foA -

se separada das restantes noções que a abismavamc,



Teria sido esse um poderoso estimulante da cria=
ção ·galileianao A obra de Galileu não teria sido
poss!vel se não tivesse importado na ruptura com
_
o espiri to aristotélicoj mas s par a .r eaLí.zar esta .

revolução9 era necess?rio voltar.se.para.o siste?


t
ma que conce boia a na ureza como.o d om1n10 d o num?
.
? ,? o

ro e da figura, era Lmpr-es c Lnd'[ve.L _voltar a. Pla -


tão5; para realizar essa renovação que conduziu a ..

A o
? A -
uma nova cienciao Galileu mesmo nao o fez.senao

t º " '
de forma incompleta? e por tsso não atingiu clar"ª
men e o concei o d e inerciaº M as e•1 e? e com- .e?l e
t º
_

t (' A
o d o o movimento de grandes espiritos desse per12
(
do do Renascimentoj deixa dirigir=se pela inspir'ª-
,,.. A .

çao platonica e por isto súpera a infecundidade ·

u .
,
da visao arist?telica?
""', .

Somente.na epoca renascentista? quan


? A ?
do1 por um acumulo de fatores historicos dos mais
diversos caractere$9 a filosofia de Plat;o voltou
a ser conhecida e cultivada? esgotou?se o poder da
fisica arist9télica e foi ela subs tuida por- .um ti
novo e squema , Na cultura grega e pelo .longo pe =
r!odo medievál9 a fÍsica aristot?lica predominou
como um obstáculo á descoberta dos verdadeiros fun
- 695 -
damentas da ciência da naturezaº TÔda a riqueza
potencial da teoria platônica permaneceu estéril
enqua:r:ito durou a opressão do espírito de AristÓ=

teleso Por .Ls so , não é uma coincidência fortui=


.
,.

ta9 mas.necessaria? que no momento em que se ªPâ


ga a visão aristotéltca, se plantem os princÍpios
, A··
o
?
da fisica matematicao Entre. esses dois fatosnao
há apenas coincidência9 mas , ·a rigor, _implicaçaa,
Era .preciso que fÔsse abandona?a a noção de um ,:g
niverso dividido em .duas regiÕes9 celeste e sub-
lunar9.que fÔsse abolida a d?utrina causal do mQ
vimento9 que se introduzisse :a lei matemát"ica C.Q
mo forma.para.a lei natural? mas $Obretudo que se
concebesse q papel das generalizaçbes imaginári?
as na formação de modelos abstratos para os con?
ceipos fÍsicosi numa palav.ra, era necessário que
se restabelecesse o espírito da ci;ncia plat;ni=
ca, para que viesse a nascer a qiência novao
A importância da posição de Galileu e?
tá pr ecâ samerrte em que marca historicamente e saa
transiçãó e a caracteriza filosoficamente como
um retôrno ao platonismo(200)º SÔbre êste ponto
não pode haver dÚvi.d.ao Olschki(20l)revela a e=
xistência de uma 91platonische Na tur-ansd.ch't" Ç:pág.,
define o caráter essen
·e
?50.)·na obra galileiana
, u
cial do pensamento ai contido como uma nubertra=-
.

gung mathematischer Denkmethoden auf die Erfas-


sung der.Naturvorgãngen (págº 360)c Que a ciên=
eia fÍsica moderna foi criada pelo espfrito pla-
.
,
t ond co,
A
verdade e Lemerrtar ,
e uma
? , ?
O que desejamos nao e repetir coisa-tao.

conheo í.da , mas chamar a atenção para um aspecto de


de taãhe dessa ver-dade , É que, se o aparecimento da
,.-
. .,.
.
,
so teve lugar quando s? eviden-
.

meeanica_classie:a
?
como acabamos --de
,.
eia
º
a noçao q.e 1nereia9 m?s. se 9
o e
.

ver? a·intuiçâo dessa lei está contida na -obrapla


tÔniea? podemos concluir que? apesar do imensosal
·to de vinte séculos? a continuidad·? histórica
A
é
restabelecida por Galileuc O ideal platonico ._da
.
.

ciência inspira e anima a nova épocaº A.natureza


ser.á agora vista. como possuindo em si aquilo .que .

? ?- ?
era para Platao a expressao inequivoca da obra da
? p N ,
Ra·zao? o deverrí.r' regulado pelos numer os , Nao so
o

··a é expressa por grandezas quantzí tativas men=


lei " ?
suravea.s mas a pr-ópr La forma das coisas cor per a-
,? .
<>
o

as será concebida como repousando em formas geomé


tricas pr ec í sas , só infinitamente mais comp.l í.ca «.
das que a de uma esfera ou de um poliedro r-egu.Iar,
(202) o
N? , ?
ao so o esp1.r1 o em gera??
1 mas os ?r,ã o
t
.

t
ços mais caracteristicos do sistema platônico são
revividoso g todo o pensamento do Reriascimento
?
f .,.
que so re essa 1n uenc1.aíl que deslocara a cul.tu=
o
fl o
.

ra ocidental para um novo cicloo É ainda Ga:J_,ileu


quem proclama o que se pode chamar a.declaraçãode
• f e *"' ºA o
pr1nc1p1os d a nova concepçao d a ciencia? quan d o
nos diz, numa frase tantas vêzes citadag ºLa fil..Q
sofia e scritta in_questo grandissimo libro1 che
697 -
?
continuamente .ci sta aperto innanzi a gli occhi
.

ma non si puo intendere


( io dico p uní.ve r so l ,
si prima non siimpara a intender la lingua9 ecQ
·noscer.i caratterii ne qualli ? scritto? Egli;
scritto in lingua matematica9 e
son i car?tteri
·- .tr.i?ngoli ? .. e er chi
ed al figure geometriche ? tre
senza i qualli. me szã
(203) 0
e·. impossibile a intenderne
unamente par-o.Lé" ,

Esta lÍngua mate·m?tica é aquela em que •

·U. ,. .

expressa
desde entao nao cessar?, jamais de ser
. ç;,

a regularidade do curso da naturezao Mas não é


?
N bà na
ela .outrra coisa senao aquilo mesmo que es
.

..

a ?azão
essência da intuição platónica, isto é,
que· se. rêz nÚmero_. a lÓgica da quantidadejque
r

t
encontramos na extensão dos corpos r{sicos e na
mobilidade do s seus aspectos,__ como um reflexo do
puro intelig:Í vel? que só pode
A
exteriorizar .
a?
nicabilidade das suas essencias ao plano
da exi.§.
.

tência neste mundo intermediário


rE:?f°ratando=as
das rela?é'es quantitativas j para queA adquiram e? .
.
.

A
pressão aqueles "cara tteri s os t1?iangulos s, os
.
.

rv
.

, A
circules e todas as demais grandezas
matemati -

caso
A ciência moderna cons ti tuiu se
.... num ll1Q.

mento em quej pode dizer-se, se pÔs pela segun=


da vez no curso da liistÓ-ria o dilema Platão-Ar?
a escolhafei
tóteleso Mas_agora não se repetiu
se-
ta no passadoo ?o inÍcio da época moderna,
rá· ·sob-La. ins-piração platônica que se processarà'
a construção da teoria f:Ísicao Na frasa final do
seu livro, Eva. Sa·chs reafirma9 sintetinndo?os$.os
principais pontos de vista desta nossa disserta?
ção g fffB1?t?s G,??i?htskreis is t wei ter a.Ls der ôss _ ..

Aristotelese Der moderrien Natur\irissenschaf't:D.. ?is.t


seine Aúf?assung viel.nãher .als-die seines.grõssen
SchÜlergo Als die neue Physik geschaf'fen.. wur de ?
geachah das 9 indem man von dtm?zum Teil freilich.
missyerstandenen ,e;,, A:ristoteles sich zu ·p1aton.zu=
rückwandteo Auf Platon hat Galilei sich gestfltzt?
a Ls er seine eigene Methode schureu (Z04) I)

A finalidade principal dêste trabalho


êra chamar a atenção para a existência? até.agar?
ao que nos parece 9 passada em silenci.@ pelos, @© ¢, <91,

mentadores9 de uma intuição do principio .de inér?


eia da cosmologia platÔnicao Para chega? ao pone;:,
?
to em que pudessemos ?
produzir a aproximaçao dos
textos que a manifestam era contudo necessário que
imrestigásse!fns :B. configuração geral do sistema a
'
a:,,
? e:,'
que es-se p:cincipio se acha Lncor-por-edo , Nao era
(I ?
possrvel f'aze=lo" "t'
sem que pr ocur-as semos des-cobrir
a estrutura dessa visão cosmolÓgica examinandoc;:,a
nos seus pr'Lne Lpad s a spec tos, Para Ls so , tiYemos _

de nos deter :na análise dos fatô:res causais da . re


(
cc:)
J, ? .

a.Lí.dade na tur-a'L, Era tambl.?Jm indispensa1rel


A
_
que
#
teoria alegorica
,

percorre.ssemos a da Alma do mun"?


do? para descobrir na trama poética os motivos l.,2
gi'cos su.bentendidoso l\Ia teoria do receptáculo e.§.
elementares
pacial e.da .formação dos corpos
conhecimento re-
nos detivemos2 para que- do seu
,
tirassemos a eonf í.rmaçao do ponto essencial e ™
dessemos melhçr compreender? nas suas
ti' linhas?
rais.9 a in tuiçã·o da :f':tsica
pla tÔnicao Per fi?
era imprescindível
o ,debate do problema do tempo
para dar complemento ao sistema_ e levar=nos a en
êste aspec=
tender9 na sua Última significação?
to decisivo da teoria mecânicao A
.
isso resultou termos passado em
Se com
re"rista quase todos os temas gerais da cc smo Lo« e,:,

o
l
gia p a,onica9t,$; o queremos contud o declarar quenâo
central
desejamos nunca perder da vista o po?to .,,,,
(::!)-. 1,1-· ""'
dissertaçaoo Se a
o

e razao ultima de ?oda esta


pensamento platô
lei de inércia está contida no o o
o &:;.t
?se dad
a o parece=nos ser uma nova aqu1s1=
?ico?
Platãoº Ao mes=
çâo na· exegese da filosofia de
de apreciar?em
mo tempo9 dá?nos a.possibilidade
do platoniA
um detalhe ponder?vel? a influência .,. ·?
ideias na epoca do Re=
-¢:>
(ii:,

mo sobre a_renovaçao das =


? questao neces=
nascimentoº Esta ultima face da
.

si so,
=
uma longa explanaçao .que nos
.

sita??.por
demasiadamen=
privamos de fazer para não tornar
às bre=
te extenso_êste trabalho9 limitando=nos
conclu.sao,relativas ao fun
.,;,,,
.r;;:,.

ve?- indicaçoes desta


do platônico do pensamento de
Galileuo
como , ce
A hist??,a da lei de inércia9
espírito para se
modo geralj das t?tativas do
na lingua -
representar logicamente o movimento
- 700 =

gem matemática, é uma das mais a?miráveis .aventu?


ras da inteligência no seu esfôrço-por dar leis ao
mundoo Fla.tão foi o p?imeiro filósofo-a conceber
- Â
pr-of'undanierrte esta f'unçao da inteligencia e? se -O
/ rêz na ?orma de um mito po?tico? não-diminuiu com
isso esta intuição fundamental? antes deu-lhe aba
. I e
leza por acrescimoo

***
- 701 -

NOT AS

l = )ª.;L?

.
expose des
·:·?la ton q.u\up.e accomoda t í.on popu;laire de
I
J?

? .
.. n.11 est. certainement
·
. .
pour'
sa
doct·ririen = JG
'
Moreau?

L:R;&me t
. .,
du Monde? pág'O -84º
.

2 = S?ates pr oc Iamava .?
;enofonte exp'l.Lca que·
?

. l c,?usi?mente o conhecãmenbo de si próprio e • • #. •


• • • ,_,. ?

ne?essidade de bas bar=ae a si mesmo nas eo·isas


J • •

a . .. . .
.
.,.

p?áticasº ?a ciéneia via ?l.? apenas o ·lado p?áti


J!??· ass í.m na geometria a po?sib?lidade de rorns
=

cer elementos para a medição-e div1são das terra?


Já:'J porém9 o estudo dos difÍ_®éis
:teon]llá·s?····repro-
A
vava=o , por-que nao via qual fo.sse a sua ut í.Lãdade,
.
.., .

t;l, JE f'.,Éx_pL rWY Jl/,rtrvJJh:ú)'y _()c.-rr?p.ol'l"(,J,i


"ff,<,) JA- s f/-, o(.'y '
Ô ?:-(.
r
j,A-E.Y
Y?f
fW·fEÀOL1J
}A-"'- JIJ r J/ (., ))
1
Ô(,'Tf e[0 /(, L

,?lf"t_CX.9 OVK.
f<-.C( l;?}'
E'f")
,

ºf?Y e P.?,rticularmente1 ? investigação eosmol.Ó"."


repudiada por .Sócrates por julgar que ??
.

g í.ca é 9

homens. nad? ·poçlem ene;ntra.r nesse do?Íl?io e? atsj


q?e tal indagação tem um sentido Ímpio? não agr?=
d?ndo aos deuses? o).wc; Ei T?y
OVf<XVl ?y')_

f,Y/Y>'8?/)rx'-. <x1f?Tf":fY
!
e'K«d'"'l:'d e,1:C/ç f'->J.Xcl. J/JT«L { ov;,urcJ;J) ff tu/f;r-«,
r?
.

01/"Z-é
.:
<X. V Bf (À) 'fr D e t; o( VT o{ oµ. t.. ?E y El y «t. o 1/T"E
E. V

x« f
.

Í. s&a-6« '- ªE Oz, (:C,V, t 7 j 6).o li§.me· ?·?Y ,' 1,· 1?

§'.§)
- ...?
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.... 702 ...

Jf1 ' I
1

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'
17

rrpqJA,rx.uvo?liYw
' n-Epl ¢€ ?:ij<; iÀ.?ç p11"t-£wç
'
o« BGJ) (Me? <{,r ? 1.) º s rr 'c 1--w Kfd.T'OV? ..... 'ro'
·

8P.P
., 1

cf
f 't;ere ?y -z-.:C fr?r 2 r.JrrE w\ by f E ) lrf O> ?E
·:?'J-V; Xf ?.l ?o))c «f E?'f)Y KOl.?
'f) n-o).._crcx.")f '"t'1J.Y
flÀ O?O 'f oirv t: re (Arist?teies
.

Of.'(7·€ K. ÀL Y « Y o_? ?
dS/ifla?t G· Anime- 6J;ig_ a 27) '°

# .= ?3'Óera. te? ,.?.h;.£ ·vide tur; id quod ceris:?.?t in= ·

ter omnes, primus a rebus occul.tzí s ..et ab ips9:


natura involutis1
• I
'• ' , ,>
in quibus ?mnes ante euro•'
>


philos,,2 •

pb.i oecupa tã
', ',

f??rS:nt, ?.vocayisse :philoso.P.?i.am et


a;d eommunsm ví.tam adduxas se , ut de vi.rtui:;_ibus alt· ' .
.
, .

vitiis omninoq'U,e de bonis rebus et malis q-qaerere?


.
. ,,.
. ....
' , . ·,' . .

cae-lestia au tem Yel procul esse a nos tr'a cognf tio.º - .

ne cens er-e t , vel.,-si maxí.me eogní.ta easen t, nihil


tamen a_d bene v?tvendumo (OÍ-cero\), AC!!Qo :eo?t,G -r?- 4?
-1.5) ,o>

Heinrich Bar-th (Die Philosophd.e der .Erschéi_?


.5 ?
?)
compr-eende claro a exist?ncia. d? ?i
.
..

iR-osmischen B?w-tlsstsei?iU' '.9ª onto=!.ogüt pla tÔniaao ?-


? assim que lhe parece que a evoluçã:o da Ç)bra der1?
t·ã:o
(G.?rgias" 5,08 ??. Re71G ?616 b ss (t, E?e:ln 9fJ7 a).
se afirma com o caráter de uma visão do unive?s o
, . . Q
. - .

der Vision des Weltganzes hat die. spatef?


H
. . :

'?:t.n .. 4?1S=
.

u
et?i?se_tzung des Phd Los ophen mí.t. dem Phanomane
.
-

ihren bedentisamen Untergrund?. = in eliner Visi.Ol'f s


die das pla toní.sens De?lten aur setnsm ganzen Tjfege
- 703 -

beg lei tet º ",


))entro dessa concepção da significação do
problema
,,' fÍsico1 na filosofia, ne.?latãoj é que
. ?
Jhe
.

o?or;re dize?,.. ??m. tçda a verdade2 .iºq.ie Ausmtmdung


..

der. ;t:.deenlehre ?1# die Kosmo.Log í.e von ?Y.Tirµ?eusv,


{págQ: 10ª)_?

6 ? $.em dÚ1(i.dai intê.:rê_sse· P.latão demon strra um


? ... es·peculat.ivo.pelo
_
mundo. fÍ?icoo
- O que lhe .. '
i . .
. .
.

importa ant es de tudo e construir um sd.s.t ema da


.
'· .I'

.
.
•, .. . ·,

na tu.reza? CJ:Ue sã rva para a eompr-eensâo geral


.
. I
da
·é
re?lidad?o Neste se?tido qÚe dizemos que o seu
. t?. .·. .. '
. .
.
.

intere·s.s? pela or-dam natural e predominante e con


?
.

'.

·tfuuoo Mão é
um.
fÍsiç? experimental? nem admã ti=·
ria. que ?evesse partir da. experi;ncia_, cientÍfi
?·EL
·-d ·eve-
ca par? pro?uz.i? um esquema ?eór.ico; ?ste
P:receder a obra da, investiga.9io? como expressão
. .
1
"'·.
.
.

plano mat.!
' ,,.. .

m?dié,l,ta da s'upr-emac La da r-azao ?o?bre o


ria?;°- J?lga que A ·é suficiente ter como ponto .de
p?rtida· 8: ex_pe? ie11,c?a ,ipiedia ta j no s?ntido de Silr!
.. ,

Pf?? reunião ?le sensa çêes , par?_ produzir a ·e?pli=


,
.

caçao teórica f· que deve snquadr-ar 9 realo ,-?J1tre=-


·? .

t?t?, desta ·p9siç?o9 A evidentemente ? inde.fens_ável9


. .
.

ha Ui?
é'
.

a concluir pelo des?rezo ao mundo f1sico9


?

enganoº Platão não despreza o mundo materialjape


o ?eu ?on??i to do valor· aientftieo'?da exper
í,»
nas
"iná.??ssívelo Ass í.m, parece=nos que
menta?ão é'
as expressões, que em uma oo? duas pa.s sa.gens ca ·
?;
obra manifestam a sua incompreensão· da experiê'.m?
- 704 -
não devem ser interpretadas co?o ·r?prese:ptando um
desinteresse pelo estudo do unãverso , N9 ? i meu
A .

(68 d),·ao es?udar o problema da composição das


A
qó_?e.s·j a p?rtir dB:·$ neve eoz-es fund_ament9'19.,
.
. .
·,A ... .

q tr®?
conservar o
.

de ra.ciona)..ida?e, a J?riori, .de


,
cara ter
.
. . t


·

t?do que expó'S j e por iéã.o d:1;? que·· só a ??t?reza


- .
, ' ' .·. . .. - . . . .

divina pode conhecer a tet,ri_a des tas misturas Lna-.


.
. I

.
..

ces?·rve:is. à na tur?z? 11umari?º Aóha=se aí- a. passa := .. . .

..
.
. . - '
;· ' : ' - ·'. .
.

> :·:
.

gem que motiva es ta nota g ?8se a Lguem puser'


.
- . .
-??-

a; pro=
.
.

• '
' •· •
r t

va , examí.nando exper:t,mentalmentej estas ·-coisas<,de?


conh?p?ri? a diferença ?ntre a natureza htiri:ta?a e a
' . .

I
. . . .

r
. .
-

diviria El ÓÉ t:c > To1.n:f.AJ Y êf


.
. '
.JI .

ff) G" J< o rrot/,JL<-E. Y 05


i.8

j1«Cír>.Y·OY ·Àoc?-,?rf<->101., J ?o Z-'hS Ô(y/)fo.;7rlY1'JÇ


·

K« l
' ll I / I ' ,,
?f ))_o? que a natureza
:,
oe c« ? 'f trae ca« Kú.>Ç
cl\
oc Y ·

e"l1J.
Ól6<</)0fo·Y(68 d. 2L ?ulga?(?S d1v1
?a?- de que aqui .se fala, e ?implesmente a ordem
,p i

da ?ntuição inteléctu.alj que o )filé·sofo mane ja , e


na quaL a sua razão individual se põe em cemunãda-,
de com a Razao unãver sa L que e o pr-ópr? """ .,,.

ãamerrt e divi
no do universe>c, ,§6 o e·stilo é s!,mbÔ1_??<?9 mas não
_,p ,?. A, .

ha mistiaismo a l.gum, O repudio


.

. ·., :»ij_eontr·o1e?ti_ expe


do ···, . ·. ? .. .
.· ·, ·'

rim·ental? ao que cr emcs,.. n?ó- representa uma a.ti tru-


'.
.

•.• ·. ·;
de geral? mas e des tãnado , pelo menos na·. pres_ente
.
,:? . .

ques tâo ; a p?eservar a superioridade da intui ·ç ã o


da· ':i,azão mostrando que onde_ ?s
, ?a pode éxerce1: ple
'.)

namente a sua ati?idade cognoscitiva9 seria desne=


eessário, e até ridÍeulo? que se sub?etesse ao do-
mínio da material.idade 13'raoiona1. Na Re-pública
(5:30 dj e) 1n?a ref?r?ncia ?-$ e.xperiênc ias acús ti-
- 705 -
cas dos pitagóricos, pode verpse .
o mesmo espírito
'

de de? interês se pel.a verifipação emp:Írica e Cre =


mos que as mesmas, consideraç?es ac??a podem cab>é»··
ti
rela vamen te a es ta ne>va. pas sag em,
7 = G.onsti tui do pans'ª- certamente.? expressão
. , \ .

menta origtnal de Socrates o que refere uma


r
• • ' • •

passagem do Menon<» em. que se. trata de définir


••
;,.
aq?
, , . .
' .
.
-?
lo que da a t?d?s as virtudes a natureza de virt:g
.

.
p If'
. A
deo S.ocrates e,xplica que ha em tôdas um certo O,!
, , A .

rater formalj unico? que a todas faz serem


.

vil:rtu=

des, acreseént-?. que é êste cará-te_r que se. deve


E
.
ter em mí.ra quando quis?? ga._r. :µma resposta exa-
'
. .
' d .
. - . . . .

ta: a quem perguntar em que consiste a vir_tude g ê'Y -,

[£ reoi\ ElS""oç 1:"01..Ú-roY &1rolcrot, i;xovtr, YJ J','


o euro> o(.f «r«c , Elç
C\ '\._ ?
o Ko<.AWÇ trou: ?t't
I' :a e,
l
&7ro_,8Àli'fd..YTo( 1:"?Y &rroKfl ))ô?ê))OP 1:iJ.
êp OJ'(; e« v 7:'í- é Ke z J) () S17 Àwff Of.
- 1? /
? -z-vrx&.. ??l l
\
olf(í<X «fErr; ÇMen;, 9 72 e) -, ,e,·

8 = .A.rtstóteles ? ?? j 987 b , 18 = 25? C:f ? W <> D º

?oss.? ;:JiristÓ:ti.ê.·?-s -Me?ipliys?cs 9 vol?.


.
I,
.µtV'IÍ9 ·s·aº

9 = ?r e ?einrich Bar th« iu_die Ldee trotz 1i1rer·


begrifflidh = eidetischen Bedeutun? darau.t.·

angelegt U ist1 in die Erscheiníin1©' su treteneWese;i '


i9

tliche Zuge
. ?
der platonischen J?hilosophie k.o n n e n ..

nur dann v???tan?en werdenj we? die Idee nicht


nur im Be?riffe, sondern aueh im r1y{esen" der Din=
- 706-=
ge wahrgenommen wird9 das will sagens in der Welt
der.Erscheinungenj
'
sofern sie durch_Begriffe, For=
.
·Ji .

)?rinzipien 'ubers, innliche? Ordnung ges tal te t


.

men, ..

?d
p .
bestimmt istó: (?hilosoph_ie der .?rsc,b.E:)_in·un g ?

pag ? 12?). ?
-
10 ?-A. atitude d-e Platao9 a· julgar pelo que o.-.??
,?

don revéla:- é a. de que, ria. teoria das ?_d:éias :


.

.· -?
ponto e saguno e a existencia
• . . ·,p ,f' .

se·paradas?· so., um ...... de


. .

·".. ?
.
·. .
.

- qualidade funcia=se na es séncãa ideal corr??pon


.

-??
dente-?-<Quanto ao modo como deve ser concebida a
. .
•'

? ?-
cor-re Laçao entre ambas, Pla tao suger e di versas po?
.

·
· ·

?,

?ibiliéiades; diz (100 -?) que poder Ia se:r ·Et1:E. . .

??«f\ 1J1zJr;-j E'[ 'C? KOl)) (A) J) /« J El'-C-E.. ?'lrlJ ó?


CX.

eI I
««: o 7rWÇ 1Tj) o a-r£YO fLE"Y
.

:? coní'es sa por
.

a-
'YJ

fim2 iia, êste r?speitoj até agora nada, posso afi,.t


.

fd(f h? Toii-z-o Óu.{J-


.

mar co? segur-ançat'., olr

J-
tr fl (OJJ-,fi.L.

11 = Cf$ qornf'ç,rd? Plato .,,


gs _q?Jsmology? págº 83º
>
,f'

).? = .A_r,ist.qt??e?,21 _IvJ,etº 987 b , 130


•.

1'.5 .i?tst-õt?Ies Frag e l88 -? Metº 1 q38 b, 30:,


_-?- e,- -?1

.?opho .:n?, 178 b, 36·o

14 = ?·p º Cornford?- Plato s g=2,smolo gz, ? págº 90


· 8
G

15 = Cornford ?lato·B s C_osmologz_?


pág , 98 ?,-
'.1

16 = T:<1.YT<A. )...iroyr(Ã (j()?E,(Y ''Ce re }.Ér?lY


{135 a)? Não podemos concordar a
-
çao dada por Coll? Budé) nor
'
A,º _Di?s., (Pa.rme?ide?1
.
c"Gm.
tradu°"!

d_é
,
telles objections sont spee teusesv é a pronome-
-

. . .
- 707 -

i_ndefinido re
nesta pa s sagem , tem claramente a= .,
qu&le.sentido enfático que também tem o latino 9a=
li.güid de .representar '?a?go justo$ cer-ro , impo.r,
8
<J

·tante .,.- s í.gnâf'Lca't í.vo" ?


. Eneontra?s? nos poeta? 9
por exemp.l.o ; em TeÓcrito
.. (ll?_ 79), ? em Eur:Ípe d e s,
(i8JtiectráR9 939) 1 iJ,-J..?c?. ,t? R?Yti.t j em .Xena.fonte,
ifi.Ciropediav8 (3<J. 3.9. 12) id?? 1?. 4? 1TOt.EZ»
l ' ?1.. .& -?-

201 ,,_ .!lErêlr._-;,-.. em Pla tao mesmo ,sao muí.bo freqtien_


IR
? ""
.
,;,:,

t.es as-oco?rêricias .do indefinia.o nesta acepção


.

particularº ?i tames ? entre outras as s eguãn t e s


.
\.,I

pas sagens i Gorgias ? 1.+72 ,,


a? Protagoras 9 339 e
t? /?
·

?edr_o? .260. a9 .242 e_; Fédon7) 72 .b() Não vemos ra=


zão_para ser. admitido .aqui. o outro sentido? depr?
ciativ.0.9 que também tem O mesmo. indefinido;, quan-
do. signif'ica fi8alguma coisaf.11-? como equivalente a
B8.pquca coisaw?'° O sentido cabível no contexto é
manifestamentej a nosso ver9 o que apontamose

17 = Em uma passagem da f\epÚ?lica ? Platão expri=


me=se de modo a fazer=nos pensar que disttn
gue .a existência da essências
,.,
em 2º2,_ b? quando, t
ao querer mostrar a transeendencia absoluta da ·

Idéia 4o Bem9 diz que as coisas conhecíveis de=


vem ao Bem não só a possibilidade de serem conhe=
' .

ess?nciaj.K?l
r-
cidas9 como ainda a existência e a
..., I / \ I .

cocç rvw<f «o JA-,EYOlÇ


T' ?:-olVtfY » f<:OYOY
\
1:°0 Yi
I
r
fl
Y W (Y KE (íUCY.
I
'f<1t Y?
C
u tro
\
l l
?
cOY «yo< 01.f
·
o-
'r? E[))ál TE K«l
fl"?l)ElY<Xl
/. / .J
&?.À?
e >
Ko<c
f ? - O u -
IJ(V,Ol5 1'rf o<íEl YOU&
:t

.
1

'l"JY ouirc« y 'V'/7'


.>
êKBC. You
- 708 -
,_
Com tÔda a razão podemos ver. neste .é (_Yd l e na __

? I
01f{í(. of. uma distlnção entre .esse .e. essentiá,, .con .. ?

tudo ·esta distinção não foi explorada e nã9. desem-


penha nenhum ·papel na metafisica.platÔnicaºA. Idéia
? A
,
-

é pensada primorqia1:,mentecomo. essencn,a:t .mas .. nessa


, ,
.
.
o -
.

qualidade é tomad? a:o mesmo tempo como existenteº


.
? ,-
cli-?:tinçao entre es senc ta e ext s tenc ía ... -e
.
A "'9
18 =e
·
A
-'talvez a mais profunda das intuiçÕes-me,taff-
$iqas d? Aristóteles; a e La se prende a melhor... par
te do que é indestrutível de sua .obr a o É-- scbr-e tu-
do no livre:, II
das An.ali tiea Po?t?1:ii'ora que .se en""' .. ..

eon+ra o mais importante .do seu. pensament;o n e-SJ- .t?a. ' . .


.

questão? Ao fazer a_teoria da definiçãoj _Aristóte


- , ? ,
':,
.
·-
les diz que a definiçao e a expressao do que.it
'
cois??º- )LEY -
'
ºfl<Fp.,oç trov 'l'? e a-rev
d:'
a
,. <=: -
r" =
t=r
El,ci.l o o cs e
'3",J
(90 b 2) o .A. def'Ln.l çao nao expnã-.
ea

= ?
me se ja , apenas a es senc.í.a .da co tsa,
senao Lss o , ou
... ?· """.
Nao e.,?- mesmo que uma demons tr-açao ? porque j entr-e
A
:...-,---""--·

-Ou-t".ras razoes j toda def'Ln.l çao e. unãver-sa.L. e .a,rirm!i


""' "'°' ;P .

tiva? enquanto que


e
ha demons tr-açao de pr-opos í.ç oe s
ti' (;::3 Ç::::J •

singulares e negativas(ll Depois de examinat a po2,


/
sibilidade de provar a essência pela d?finiçãoj.lr.la
toteles
_.,
formula. esta pergunta dec ís í.va s se a defi
o t;,# A-
niçao pode provar a essencia de uma coisa? pode
também provar· a sua existência? 8L dEL?El_ ec -

? ' C/ :ti'
E.d"""'cl J KrJ. L o?:t E<r"' ( 92 b 7)" Desde que a. de .

;
finiçãoj assim como a demo4straçãq? faz??_conh?ce?
" ., . ...
uma so e unica coisa, segue?se que a proposiçao de
- 709 -

finidora não pode referir senão a ess&ncia? Eis o


momento em que A.ristóteles atinge a separação con
ceitual entre essência e existênciaº São dÓisccn -
_,, .

ceitos distintos? porque correspondem a duas per= ,


.,,. I >I i'
e, El
n e- 'ªse
gun tas d í.s üãrrtas g '!que e., "t"t. E(T'l:C
en t re ?-S_;::;e_s concei t os
-;
"õ?'l ti e - A separ.a?ao. A . A
... º -
'
_e., _ . ·

.
·
·

e? -
·
·.... ·

eomp.la ta; po í.s 1 em ve r-dade, uma coisa. é aquilo que


_

..
·.

' .

Q .homem-. e.? .. e ...oubna , bem dife71·ente 9 é o fa to


.
j?'
de
' I ?,
que o homem existe?- To as re £4""7: LY Of:Y upwrror,
, ?I L) .. ,, .

K?l To ..
lt
Y_OCl_. }J.Y {)pwrro?
-
&À).o
,
(92 b 10.) º
.

.Fundado , nes ta distinçao ... e. que enuncia o se=


.

-V

guãnte . princÍpi09- .que po.de ser chamado .um prine.!= -- ..

pi:o:--ca:pital da .me.taf:Ísieag a .de1,,in,ição , ÓJ


t1âo de?
monstra que a coisa definida exista., ov' _£.e. J( rlf-
, .
... )

ov ac Y or Pfl/;?p.,EYOl iz--t Ê4:"TlY (_92 b 20) e A de


_

finição é portanto uma proposiçã0 sem aleance e=


xistencialo ?Mésmo depois de ple?amente c?nc?bida
a co í.sa , a sua existê·:n·cia _permanece problemática?
A clareza do pensamento de ,Aris tótele:$, é aqui CO]!
pleta ,.quando &.qnsidera que a definição só
.
e= ·

ref
A = A
re.a essencia e nao implica a existenciaj quer e?
cluir tanto a existsncia ·1tg1caj (a ausência de
?ncompati.bilidade) como a existênci,9- f:Ísicaj
,:/ (" ' ;) . ' ''
em:i;:J

o t:c O'V)l(X?OV ecr«: To


.
?,
rí.ca , 01f1:'ê reir
.?£'ftJf-'BfO))
8.KE. l YO
17oãÓi).0ÍfflY
oir 'f?.r.roJ El Yo(, l
oi< %fol J -i=
07:{; O
j) {. Õf'-- oc
(92 b 23) º
A A ,
existençia Aristpteles e o
Entre a essencia e a

estabelece, u.nicamente9 uma-distinção lÓgieao É


""! 710 =

....
enquanto que modos de pensar o objeto .que sao di,!
tintas'.? mas considerada a realidade mesma do ser
individuallY desaparece a possibilidade de distin ? ..
= ,? ? ,:,:;

çao; isto significa que nao ha. 9ntolQgicamente_di


ferença entre a essência e o existir do objeto<>-?-· -

o que explica inequl:vooamente na Metafísica?.. quan-


do se propõe a ques tâo s iwa essência e o indivíduo
real
, são idênticos
"
·
cl ou
\
não?t >s
7TÓ_!'Bf. ov <ÍE ?"otÚ-c:-óY
.:, <I
£trZ'lY G1:G "CO 'l"t fOY 1JY El Yett. «««
·.\
s t<;..?<rz-o>'
?') .

(1 031 a 15)º E a resposta.que dá é_que1 se ex""'


c Luâr-mos o ser que é dito po:r .. acãdent.s, . para todo ..

?
o ser a realidade da. exí.atene í.a individual .. e ... a es= .
IA,
senc ía .,,,,,
º
sao unia so e mesma co i.sa.,.. do
,? .
.

mesmo .modo .eo=


A ?
mo o conhecer a existenc1a do ser individual o

e o
mesmo que
?
conhecer a sua eseyência,j
?
de tal maneira
que , tambem por. exemplificaçao ?
J necessariamente - a,m
··
""'
bas sao uma so cof.sa , £K 7:'E º"I
:if .p ("' Totí-Z-W))
I
'cCuY
Ãóywv tY l<01.l to<ln:;;, oV I(«?«
, cl <i'Yf1-J3EA{. KtJ'
/-. e/
.,
O( U''l'o
\
s 1< « cr o v K« l ?"
) I
,
t er
\ r

1
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11 y ?
7
l Y ex l ) Ka
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ore ,t
rG\ ?" O £7T ló"
Jo< a-&« L e «« <rTo Y
? J
't:« tr TO s tr(' e 1
r ', I
l We/ ÕZ-E ««:,
? :,
To ?"c. 'Y>Y . El Yd e ê7Tltr?cJ.d"'va..J:L.
\ (\ .J
J/
s K.
/) :, I e? J l
?
<XTfX T?1Y ClE. a-LY of. Y
? r K? Ey Z-t SL ))(X

<X}L'f w (1 031 b 18) 0 .

:,/
Pouco adiante d í.z s i?a absurdidade,• «zottov;
da separação da coisa e da sua essê·nciaº º º iw 03.1 (l. ·

a 28)º A essência é idêntica à realidad? da cois?


-
e sa o ambas abraçadas pela mesma - ?,,,
definiçaoj
·

CX/V\0<
)'?>' o Y- _µ,Ó-YoY ÉY [oúa-L,1.. ró , -e-é l>' elYrx<],
;;(ÃÀà ««] cf À.Óro? l, o<'lf?:?ç O(l/'Tc:5Y
- 711 -

(1 031 b.32)o
Não pode haver dúvida que a doutrina. de
·a
?s
t.óteles ensina apenas distinção de razão entre
A
exí.s t?nc ia e e ssencâa º Tra ta=S e de uma profunda
.
di:.

intuição pela qual lhe parecia possível resolver


"" ? .e!,

a .ar-gument açao .elea'tica.? e escapar a cbr Lgaçao de


,!/>

conceder.exist;ncia ao ser.cujas exig;naias de


pensabilidade .. o .apr-e serrtem OO!Jl tal e s sénc La , Ari§,
' A
(

totele_s-es.tabelece as sãm, de uma vez para sempre


,:>
- - 9

a -vJ:q&o .de todo .ar-gumenbo orrt o'Lógâ co , que ,


. sob
o , pretexto de que alguma coisa se conceba com tais
A
notas e ssencãaãs , .... queira. por a existencia
&'I. ,

dessa
coisa com essas. mesmas notas, sua expressão «8-a
definição não demonstra.a existência da coisa de=

finid??n. =. e o fundamento da
A
a toda ar-gu = 'I
critica
merrtaçâo on tologizan te-?
.Uma das transformações decisivas na evolu =
ção do pensamento metafísico foi a que sofreu es=
ta distinção entre essência e existênciaj que9
=
in
#
#
ff
tuida por. Aristoteles
como simples distinçao lo=
gica1 foi concebida por muitos filósofos escolás=
ti?os medievais como uma distinção ontolÓgica? de
tal modo que essência e existência passam à condi
ção de princípios da composição do ser? de_ que
resulta a necessidade de admitir uma distinção real
entre a.essência e a existência de cada serº São
#
mui to numerosas as passagens em que S º Tornas nos
ensina a distinção real entre essência e existên=
ciao Bas t.a-rios citar as seguintes V9in 2 omnibus
...
712 -

aliis sunt entià per partic1pationem? .oportet


qut:e
quod sit a Lãnd esse et quiddi tas e?t:tsR0 (in-- Anal:
P?fto II9 VI)J tvest considerandum quod s Lcut .es? ..

se et quod est differunt in s Lmp Lf c fbus .sacundum --

int"én:tione1n? it, in .compos tis· .difter.un? rea.li terJ?


í ..

(in Boetii de .hebdom .II);.. n.omn.e quod ... es t. JJl o


.. . lj - ...

gene re eubstant ãae est_ ccmposd.tum .reali?c??pqstt;ió


ne1. eQ .qucd id: quod .est .ãn. p:r;;edicamentb-.substân,-=
:ti? es t in suo esse subs t s te?s ,. et opor-tet-.j. quo õ..
esse suum s?t a1iud quarn Lpsum" (de _Veritat?; qº
27 r a º 19 ad 8 )o . _ .. _ . ... .. __ .. .. ..

nos e, .poss íve.l.,


_ . _ _

.
e.. ( . . -?
Nao .nem .mesmo .. super..ficialmen
.

te<,,-
.
aludir
longa e importante _·controvérsia .a qµ$
..

d':,··... .
·. .
. .
-
.,

deu ?uga1? esse pr ob Lema; n?- filosofia .. med_?? v.a 1. 9



.

er;{stã:? ju?aica: ou árabe·? bas ta-rios . ind_iaar o V:º'7


Lumos o estudo que lhe consagrou Lo Roügier,,?:.(La ..
_-lastigue_ et le !_homisme) ? onde o autor pretende que
?
a. distinção r.ê?l-j não concebida. na .obra -original.de
.?ristóteles1 foi Lntrr oduz.Lda como um.me í.c.de per= .. -

m; ?_ir .
.a- interpretaç.ão filosÓfioa
.
de certos pr-ob'l.e-
·j)
.

. .

mas teologico:::r ?

19 ""'Numa passagem em que não está discutindo.pal:


I
ticularmente o probi?ma? em Platão, E?Gilson
. .

analisa claramente_esta noçâo s na vrai-di:re.1lie-


xistence ainsi conçue est un s canda Le on'bo Log fqn e
?totalement injustifieable aux yeux de. la raison º .
la
...

PJelle-même pensée pure n'en-concevrait _ jamais


la possibili té et c-'J est ?ême pourquo í., partout oú
- 713 -

elle cons ta te emp?uement .


?vexistenceíl avec l?in·
"' "' A.
et
.

comprehensible melange de meme en dºautre qui


est i?séparàble? ?lle i\1 réruse lgêtre veritable
étre et "'l essencej
(L?
..
7
/"
.. .
ij

..._
-
...
pg? --25.ç);
-

,Ar:Lstotelesj· Meto 1 071


J!-
20 =
.

a9· 3º

21 ?a ReEÚblica ?
= Sendo uma do??rina explícita

.,;
• H I

na o há. necessidade de r-ecensear- a do?o?a


......

??
-......:.
....
<fl • - ,

que a confirma.? para assegurar=se da sua caract?


rização como um. ponto autên?i?o do pensamento de
Piha.,tãoº, .Bas ta acentuar e:p.tretanto que esta dou-
t;?ina se ma:r;tténi invariáv?? e que mesmo no per:Íodo
. :final da ,metafÍsi_c? 'pla t'qnica f na f??e ?? composj,
ção dó._J?9 vã.gor-a p1enamente? haja embora OU=
tros e mui to,· importantes aspec tos intr?duzido$ na
?tão
- (9
das Idéia·s j e particularmente das
? i' e
Idéias
6\
ctos nu.meros e grandezas(!) Ar1stoteles a ·este
.
da'.1
.
' . .

res pei bo , testemti;n.ho fidedÍg:ho frequénte 1rd. fd. e


r-
ci

T? <.r:r/)lf/1:"d..
<X /<rx.i -Z-ó<7 élf1) ?"6<
º1?? ?l-1<0(
rov frpoc ? « T co Y 8tYd.l I/ ?rrt f t:« ?lf (?e
1

?outra paasagem, oc
e /". Ç°'_/
o tro
987 :o; 14.); em f(-'l Y
'tct.Y-'Ccx YÉ>''ll
I
tro c oii«c rJç Z-£
J
!di<X.r; Kett
1/J , 1
exp l up.,01.Jç
, ., £J.
rove; flrl.. u7 µ.,rx. 'Cl Ko trç Q4.§.Ío ,1 076 a,
1-9) º

22 Verificamos que um pensad?r·aristotélico


QD

tomista de primeira grandezaj como Jo Mari=


ta?n, .compreende exatamente a justeza desta afir?
m?ção g ''Il (Aristote). n'j 11 pas lVt1 aus sã bien que
- 714 -
, ?
Platon la part d8 idealite necessairement
.P .P
deten·u
.

e
par la connaãasance ma théma tique des phenoménes de
la

nature en tant même que science exacte19
?'
'i'I.>

t'
·?
(Les
degres ,s!Y savoir? pago 320? ).··º

ª' - /f o ?lutarco s o¥ r?f É!<. z-oíi )l? ty?oç


1J- r? Y s a: l ? (? ?imo Procr º j 1 01;4º 1?) º
24 - Cfo tº yilson eng °Cette formule de la créa?
t í.en ? t
nihilo étai du ailleurs elle=m ê m e
·
di originebiblique (II Maccho ? VII? _28) et de=
vait devenir le terme technique usité par tO'tl9 les
écrivains chrétiens pour désigner le fait même de
la création (La Philosophie ? Moyen Age? P?yot ?

Paris, 1947, págº 16) ?:


A
25 = Numa das mais penetrantes paginas sobre
tJ
a
teoria do eonheeimento da moderna,J física o·

Maritain assinala a affr:lidade entre a fisiea mat.§.


,;, = //li ..
matica atual e a concepçao platbnica expressa em
mi toe,, Para ê1e j o conhecimento do real f:Ísico t.gr
na-se simbólico na medida ern que? aceitando uma •
re ó' A
regulaçao matematicaj se ve obrigado a dar uma eÃ
plicação quant í.ta tdva , t :este conhecimento do
mundo fÍsico tis 11
n
est permis d employer
8
ici un
vieux mot platonicien&oo une connaissance du réel
physique par voie
voirj págo 318)0
de mythes (Çro L,es degrés .m ?
26 - Desde o. Fileboi, Platão tem cãar-amerrte :fixa-
- ,.
da a noçao da exí.genc í,a de uma causa orga.n.! ..
zadora da eondição presente do universo,sendo que
R ? ?
tal causa so pode ser uma Ra zao cosmãca j nunca. o
acasoº Com essa afirmação é que censuraj numa a=
lusão ?visl-velmente dirigida aos a tomí.s tas , aquêles

l ''
que julgam que o 1.miverso seja. regido pela. \ ??Y
- , "\ I \
l l' - \I
:? V «.,1-º OV
r
I<. E.
1\"J Ou Y. ) «j,A.,.l r.) lúX. 'Co
<1.

,.O'lr// £'t' VXfY (28 d) o sue concepção, ao con tr{ .


.

rioj é perfeitamente definida; ó espetáculo que .


.
A
=
o mundo oferece indica que a !nteligencia tudo or· .

denou, ró be Yo VY r,r}y"'"tr« ó, O( f( o õ lLE"lY r


, I , ,1 _.: ?
«u r« ro<Yri.l
.>
d, ««c 1:?<; _ºfEW(, T'OV' l(Oãj.LOlf
Kc(\ ?{-lou- K? crú?.,'l'J' 1?o<} }nipwY,
K d.. e tr« ?115
'T?S? '(J()Io« ? rr £"'f_ l
C(? ( o YI K«
-
l
À·? ., ,, ' ?
r
.) JI
o V' K. o( AW? Eyw (X'Y 7To,? 'TrEft d.1fTCJJ))

tf 7TOlf<,l OV'Ó CXY óofJ..Õ<X. lf<,l


>
.(28 e)o
""' =
27 = flutarco julga que a geraçao do universo nao
se realizou _a partir
do nada , J¥ªS apenas co.,n
sistiu na introdução ,da ordem em uma matéria de.?
denada e sem composiçãoº Concebe o processo como
tendo significação concretaj de modo que o estado
A f
anterior e Jassumido Icomo \tendo7' tido \ existencia
.

,
f'1
=
.

-
'
si e:_ re a? j d. K o qJ'-, lri. , ro( 1J Y r« 1T ? T??
.

t» u K {)(T)ló V ,?)) s « EúJÇ • o( I( o au. Lot. dG


f .J
f
OVIC Ôtõ""v5 J.Lrx. t: or; J & J<.())1lror; .J ôlfd'
ov-ó'
lJ.. (ÍJIJ yo
• Ô(ÀÀ, (/)()Y )LEY /( O( L
/
.

, IUA)f 1 Tc , Y s:,I /'-11


«:
:, r ,
-- e;

f',d. Ko ")
·1 I< 't"oY
.

o; o: zr<rTd... T:'o Y 1:0 0-ú.J


r ' '
()£ K«' 0C/'-0TOY
?, \ ' )k__1T
?
tro KlYY)TlKO>' é.;{_()lfõr.i..
'
1

<-ª..E! AJJ1mº Procr º, 1 014, 18) ?-


- 716 -

28 = ttticos.º F'ragmento..§.? Edo J? Baudr-y , Collº Go

Budé? 80?e e SSo


A..
29 ? Fracearoli compreende igualmente este.a?pes
. .
? ·:
. .
. .

A
to de q.egr?daçao do sêr que a teoria plate?
.

nãca impliea
?:
g
eu
.
il mondo pla t onãco r appr-eaen ta un
.
?
. .

p:r;i?cess? degenerativo in proporzione dal s?o allgp


t?narsi· dall? e·ss$.re?? (Timeos pg , 114) .Corrtudo ju.], ?·

ga·
que a diminuiçã? d? ?er ;eja causada pel?·- pr.e?
.

sença de um elemento mau, que .ser í.a o --???léM errto


de Lla nece s s í, t?iB i aas im, parece que . concebe sob
, = ru
asp??to etico a degradaçao do ser9 com o que nao
cone or damos-

·30 = Observemos que 1 quando (30 b-c ) define o C§;,


.
,
rater
. ·.
?·.
vi?al do universo? stia,convieçao e ab
.
. .

,
.
....,.
.lÀ I ?
L}
refer:_=se a.fenas_-a ex_pr,; s sao
<'>Ó

so?uta;-rlJ, o( "1)?£t.tf-
ro>'d£ rov K.OrT).A.,OY scro» s j-LfJU' ;(oY sv-«.
Yo 11 Y Tf
palavras in;tciáis da frase? ex=
; as
primindo uma incerteza· fundamental:,· K« 7:i,<. À./,yoY
\ ,,
ro, I
Ell<.ol'"q ,? visam a parte final do p?r?odo?
..:,
ff ·

?-
relativa a: origem do universo como gerado pela pr.2,_
v'id?neia do deus()

A
31 = .A_ teo?ia
do modeLo que o Timeu _a:presenta9d!.
A
fine a natureza d?sse Vivo=em?$'i no estilo
da_ primeira teoria das I?éias ? como de r¢sto ., . se
p A 4\ ,? ?
daj nas demais re.ferenciás desse mesmo dialogo,à_.s
!çl:éiasº Contudo sabemos que, nessa .fase. final da
evolução do seu pensamerrto , P?a tão eoneebãa as.
.. 7?7 -
, ,
·+deias corpo N?eros?ide.a?rs?? Embora esta doutrina
..
. . ?
? ,
nao.iapar-eça no 'timeu, ccnserva-ae em cara ter eso-
, ' ,
te?icq .ensino oralno filosof'oo· tal se de= do . ?e
I'.

ve aceã tar , segundo o testemunho de .. ;A_ristotele sj


pedemos encontrar quej mesmo n$. questão do modêlo
40 universo9_Platão possuiria um pensamento que

ga,:Idéia ?
não publieá no seu diâ:1og_o f'Ísicoo Assim como e_!
seria constituída pela determinã
çã? _ fórma; ·do· Ulilt -li?i ta.ndo a I?,i?da do Grande. e dJ
..
..

Paqueno , igualmente o Vivo em si, no mesmo esp:fr?


I?
to.desta.doutrina esotérica, seria concebido eomo
r.esultado da. ação da ?déia: do Um ;s?bre o qompri-
me?to9 _a.,La?gura e. a Profundidade
'
. '
primeirasº --? o ..

? .

qu$ nos diz ,A.p-:t.stoteles? no .?.Anima? referindo o


q_ue seria a. liçã·o. C,le Platão, posslvelmente em suas '
,

obras nao eser I tas


?
g
) '
J,O""
1dlu?:o foêY TO '? t.uDY £ 5
\ ,?
álf',?5 rf{ tou' ÊJlo? t..ÓÉ.d? KrXt ;,ov ff/JfD-
t
r.o 1./
1 ,
fl? 77) r,.. OV<; K °" e 13 «'e o li ç (12!
1(. ?11"{' 1< «. {, ..
,
r ,

Ani?a? 404 b , 18) ,; Pode dizer-se que a grande mai.9,


ria· dos comentadores antigos e mode?nos (excetu.an

do-ae R.pdier) como ,S.implicius ? 29 !I 15 ? Temistiu?


mj ?réndelemburg1 R__ob1:n, Ji_ T.ri?? W:oDJ3.oss9
12:1 ..
identif Lcam, e com razão, ?:·s.te V-ivo em si com o
mod?tp, do Universo?. para ô:;-? Platão usa no n?
?
meu -(30 d)
feito"
a· mesma
..

expressão
, ,.
de ,vv1vo
.
:• .. ii.nico e pe.,t

?

...... l)iz Robin •tii sembã,e que le V_ivant


.. _ se :l _

constitué·par 19action de l'-P'n sur la iongçr1 la ' •\I

?arge? d:: la frofond?ur p:l;'emi?·res f ce soi t


. ·.

,·,.l:'e
Co_!
- 718 -
À ?
ideal?
PUnivers des Idees'8 (Robãn , ...
.

mos Luí.-meme ,
lá Pensée Grecque et les origines de 18esprit se?
tifique? pgo 255)0
A <\:.'

32 =
Façamos aqui referencia. a passagem 55 e 7=
55 d 6º Nela Platão reafirma inequlvocamen
= v
t A
e a sua convicçao d a ex1stencia de um so univer-
O O

soc Mas o que ha ai! enigmati'coj e a mença o


? e ? ?
de
t I
lt
\ <I J\
.

r:
uma es ranhia a e:rna tiva 1TO t:E..po v o£ tBJJo<. r;
. 0

7TE>1Z-6
I
o<
,
U'Z:O'U'Ç
'
\
(
I
Koõµ,o7fç
'1

):,li)
(Xf\.") El<f.
I I
'1Tt£y>l/l(ôt:((Ç
? I t ?
/\E.r€LY 7TOZ-E íTf O(TE «ec • A hipotese .da exi,2
A
tencia de uma pluralidade infinita de mundosj co
mo admitida pelos atomistasj é excluÍda9 como só
admissível pelos ignorantesº Mas esta inesperada
A A
"'s

referencia a alternativa da existencia de urn ou


cinco mundos que significa? N_ão nos parece que
seja possível dar resposta satisfatória a estaq1.;e?
tãoº Desde os mais antigos eomentadores aos mais
recentes, ?ste trecho tem=se apresentado como um
EtDigm.a ª Nada há , ncuasunbo discutido nas pá_=
A
ginas anteriores, que conduza a por o problema .da
=
unicidade do unãver-so , Nao se ve? po í s, que. ra=
""'

zões teria I?latão para retomar a que s tào , - -A.s so=


luções aventadas, especialmente a que procura re?
Lac í.onar' os cinco possíveis mundos com os e in e.o
sólidos geométricosS1 não oferecem nenhuma plausi?
bilidade ? como be111 d,iz Aº Eº Taylor {Corn., .
Pl º.
·

TimG pgº 0.it is not quite clear ·wha tt the


378) i
pr-ec í.se connexion of thought is'?.9:,-· Outra solução,
- 719 -
I
como seja a suposiç_ão de que neste passo K. orrµ,oç
significasse ''regiÕes•v_ do universo, não resiste à
críticaº Cornford9 que discute a passagemjconclui
por julgá.,.,1a "ª puzzle18 o pg 220) e
""
(Uo Cosmo O

que 1mportaj porem9 e que a conclusao de Platao


,f? ,f? e., .
,f?
o
e

uma reafirmação de que ?ste universo é Únicoº


A t? "'
unico
<I' o

33 = Para Parm?nides'1 o ser e necessariame.n

., . te ... finito.9 porquej sendo o ?ico axí.s terrte ?


- -
,
tem as dimensoes .da sua propria realidade9 ou seja,
é limit?do por si mesmoº ?demais$ como não exis=
te espaço vazio exteriorj não existe o lugar em que
pudesse estender=se lndefinidamenteo ? sendoj por00
e,.J A r
que

tanto? obrigado a A
torne iden=
ter a dim?nsao
·""
o

tieo a si mesmoj podemos c0ncebe-=lo como tao gran?


de quanto quisermos? mas essas dimensões, que ll;le
supusermos serã.o um limite fini too Com ·efei t?diz
(, ? I
ro\
<J

A ?
Par-merrí.de s s OI.IV£Ke)) DYi<. rx.z:eÀ£lf7:"j1:()Y
I ?
.,
E.OY
, LI
<7EJ""l' av«: CQf:elsj frago s, 3?_)Q
_
-?e1issoj porém? interpretando por outro modo
a idéia da inexistência do vazio, (fragº 7) conclní,
que o ser deve ser infinitoj já que, se rôsse fin,!
toj limftado pelo vazio sxt erno , Por Lsso ,
seria I
£o-rt.V «t
_

t:/ .>f .>

concebe
cl
o ser como devendo·
\ , f ?
ca
,1 :, ,
«cec
ec ,
\ rrrrek /
q_lfTW ««; t:o )l,E_(O( tra ç 0(1 lfOY /f'JJ
El v«« (_J?iels, frag e 3) º
.

34 .... .A_ºE;Taylor, Commentary .Q!1 ?Platons· Timaeus ,


,,
pag_Ç) 59º
-= 720 ?-

35 = :f)z,oelus, -?n :!?la to- __ Timo -?-:o/gmm:?:_


? I.j págº 345. ?

Die:tJ,lo -· · - ,

·
,, .t a repetição? com as mesmas palavras 9 . ?o
que tinha, di tq em 29 e o·

37 ?- Cfº H?meroj
154; Qgó ? 19$) 156;
Qg°:_ 9 1;1, .

5? 633.? l:k?-9 109 41,8? llo·? 24? 667t 'É.squil6;


Sup:p;L,? s l ?? ?.Ó,focles j _f_h".. ? 215 ? J!!lo ? .?38c

38 ,= _Apalisando. o que cha? o w1va1or. paidên.ti?o6.R.da


lingua gr-ega , E/·'çfra:i"si9 -depois.de. assinalar
as ?àracter:Ísticas que dão a. essa linguagem a esp§.
cial possibilidade de expressio d6 pensamento.abs=
tr?to? mostra o fntimo_.contato que.a.filblogia:.po?
de filosofia.º Tendo. em vista parti?ular
ter cem a .

.men te ClS problemas da m,t?ffsiea platónica? .a$?J,11l_ -

se ?xprime ?Ôbre as questões de interpretação.,. do


textog _.r?ogni termine d í.venta in .Pãa bone un pFoblj
ma e ?1 obbliga a non predeterminarei
___
.
.
suo signi
. '·'· . . -·
il
. ,. .

ficato eon una ?ftrettata soluzione? a -l?seiarlo


ri trovarne
.,!

perto per la sua f'econda originariet:1rn- º


(11 problem?·
•,.,,
gella metafis.ica 111atonica?
.
.· . . .
..
·
-:.
págo·215·l'o . .

39 = Agr,?decemos ao
. .
ilustre colega Profº ... .
:Pe ?A.ttgus.
.. '."!'P
... ·.,.·· .

a gentileza com que r-e spondeu 1 eon


.
to Ma,gne _

.. sul.ba que fizemos à· sua notória erudiçã··o filo16gi=


ºªº
40 = ·A_tradução que di _Calc-Ídio dessa ?-???ge??4?
a 5 ?- 7) é a seguinte s ''·?1 quis igitur v:ê? z
- 721 -

juxtaque meram fidem mundi hujus institutionem,in


s:tn?turus erit? hunc oportet erraticaé..- queque?
s?? speciem demons trrar-e" (ap , Mullr,rJh9 F:rago:g_hi=bo
grae,q_º GGIJÇvÇ, vol II :1
pág C) 239) º

41. = Plato_, T? Ti?aeu:s·,_i'.and ther Q;ri tias __ 9 Thoml$


'l;'_aylor transl Pantheon Books ew
o 9 1'f Yorkcil9h4Q
pág o 165 o·

42 .,;,, Ro Mondolfo? ID, vensamiento é!.ntiguo? Vol?I·j


págº 2.4L

43 er, .r , .s... .Skempg r?111 physicalY..U KÀo'fof-ÚA


is organised by Y?V<;. there can be no-
'
g .

I ? I
K??.ADJ)_O r'": anywhere?arising fr?m o(Yrxy K1J."'iº
_
..

('J!,;heo_ry of m·otiq,n JJl .na tog ? la tEz!, dialogues? page


?

82)0

45 = Cfº Gº Kafka g
ii
?wneshalb ist lede primitive
Naturerklarung animistisch und anthropomor=
.

phisch.9 weil sie die Naturereignisse nur als Wil=


.
tt
lenshandlungen oder a Ls Ausdrucksbewegungen ubar-«
"
.

naturlicher ?ber vermensehlichter -Wesen zu ?eu=


ten vermag" ÇDie: .Y.2,t2i,Q,?ra tik?r ? págº .8) º
A,
46 = G cs _K;?Jka diferencia a fase cosmogonãce da
fase cosmolÓgica do pensamento gr-ago , pe 1 a
natureza da indagação que.representa a atitude de
cada uma em face do uni verso g
.
n e 41 e gerade dar ín ,
= 722 -
ãas s ·

der Grieclte an Stelle der Frage g iWer. hat


d_ie Welt gemacht?U die Frage aufwirftg _nwas _ fst
n
die Welt?119 enthullt sich die Eigenart der kosmolo
ii
gisehen gegenuber der kosmogonischen Weltbetrach =
tung1ff (Die Vorsokratiker21 pág, 9) º
l)?:
47 = Simpí:têio9 Physica? 24cg 13? 150? 20? Do
=.
48 = Hes:Íodo 1feog º 9 742º

49 ? Aristóteles? de Anima? 411 a? 7º ' ,


50 = Diogenes
?
Laer
.!)'
e ão I
, 9 24; I 9 27,
.

roY KOõ- .

)A, o -1 1'P:
o Y Koc t ó Oa
y v;x. ó v co » .,,.)\.1/17 • fl
51 =Nos-diálogos anteriores frequentemente se.en
contram referências ao conceito do tmiverso9

'I
concebido ora como totalidade da realidade fisica?
<"f'\
To OI\OV ,
tr ro
roo£
\ -
Tro(.r) ..

j ora como natureza or'!='


I ?-
Platao faz uso desta ulti
V
ganã.zada , /(Otf/.,J,()Ç o

_ma··?a:!avraíJ que parece ter sido usada a pr í.m et ra


vez com êste sentido. por Pitágoras (PlutareojPlae.º.
12,,,hilé II? l)j e dá=nos? no Gorgias (508 a)9 uma e?
= A -

plicaçào do emprego ··da palavra H·eosmosii para desiE,


ú' .
if'
nar o universog e que segundo diz, o ceu, a ter=
ra9 os deuses e os homens são unidos numa comunidà
de9 pela amizade mais ordenada; pelo mais justo ..e
qUilÍbrioj e por isso é que os· sápios d'o à totalj,
dade da realidade o nome qe cosmos"'? <'Ào y .-e-ouro
ó? ?ocv?oc J<,óõ)A.oY K?ÀOlft.rtY O No Pol:Íti.,ú,
se encontra a conhecida. alegêria da involução - do
unãver-so , quando o deus que o governa se ausen t a
e o deixa ao abandono; Para designar o estado real
=723 =

= A I
presente9 Plata?· usa duas vezes a palavra.Koõ)lo?
(272 e 5j 273 b=c) tomada no sentido d® natureza
= .· ,
ordenada9 que se opoe ao estado de desordem caoti
ca ,em que o ?u?do cairia na ausência do )Clrf3 e r:
Y?J Z"ê? TOV- 7To<. Y z-dç.
No Filebo é justificado Õ conceito de corpo
do mundo , porque o uní.ver so é formado dos mes mos
elementos que constituem o corpo humano (29 e)º

52 = erº Ao Rivaudg i?.Pour Platon'zl sans a UC un


doute , la partie ma.!tresse de 18 ouvrage est
ce Ll,e qui- est relative à Phommeo C9 est en vue
de cette partia? pour la preparer et l?annoncer 9
que tout Le reste a êté rédigén e (Pla tonj Timée ?
.
·.,
.

Bud?j Notice? pagb 7)º


.
o l{1'

Colla

53 = A? Franck? DiCG.o 2£0 Philo? ar t , u,Âme du


Monden 0
.

No>unieo fragmeI].to segúram?nte autentiÇ;o
,?.

54 = que
·

possuímos de AnàxÍmen!sj (Plutarcoj de Placº


e e I r.1
L, 3) , esta? esc:rit_9g o,o)) 7/ ,pia-l,J
,r,
Philo 'JJVJ.'>1
e
">')
I(?,
e:

'
E 7: E.
12?-
,
f
o U trá. li Y K
<1..

rf
1: 1)
ko µ,o)) 1'(JIE. trµ.« KrA, "-1/f 7f£fl£7.E.l
o')o>' ,ov
..
1

"'(T f, ?;?
L
e
?

'Jk ? 1
?

Assim o unâver so tal_ como o cor po ani_mal.9m?_ntem=


,

?e vivo porque respira o ar exteriorº A eorrela=


ção entre pneuma e espírito? ou alma? é coisa na=
turalo Esta mesma doutrina encontra-se rta ·esço-
la pitagÓricaCI Arist.Óteles diz (Fisº 9 213 b 22)
quej para Pitágoras, existia um vazio externo e

que o universo aí respirava o A presença d e st a.


idéia nessa escola é. sem dúvida uma sobrevivência
em· ·tan-=
do orfismo9 com o qua.).o pitagorismo tem?
tos pontos? Íntimas relaçõesº Um opositor da dou=
trina da respiração do cosmosj entre os primeiros
pensadores s foi XenÓfanes (DiÓg e Laer o ? _IX? 19) o

55 - Anax?g@ras (f'7ag. 13? Diels) g Ê'lTé?


?/ ?o('Z""d
b '>'D"Ç Kl)IEEl>'.

56 Cfo Aristóteles, de Anima.1 404 a 19 SSct

57 = ?ristóteles (De Animaj 405 b 31 e sso) elabo


ra uma longa argumentação? para mostrar a in
A = A .

consistencia da definiçao platonica ·aa alma.como?


quilo que· se move a si mesmoo ·são numerosas as r?
zÕes que apresenta, mas de nenhum efeito? desde que
A ? ? R
todas tem por raiz a compr-eensao ao pe da letra das
,f'
""' , •

expressoes de Plataoo Aristoteles argumelJ.ta- cen=


i::.,

tra a teoria- abstrata de Platãoj em _uma ?tic.a. que


supõe a realidade fisica
da alma e dos seus .moví, =
mentoso Cremos que todos os eomentadores são con=
- ?
cordas em reconhecer a incompreensao de Aristote .-
=
les? o que faz ruir a sua longa série de racioci
nios º Assim, $ e .Tomá's percebe o ?rro dessa er{ ti=
, .

ca? quando explicaj no seu comentario ao de Anima?


q?e o vicio da argumentação aristotélica foi tomar
14teralmente o texto? não percebendo o seu caráter
-
pl" ,.

a Legór Lco s '8non e°' e .quarrtum ad intentionem Plato=


nã s sad quantum ad
,
s,®1nw?i verborum ejus'' (Commº
42, 167 j cf. Jº ?ric?tj de PÂme9 trado .pgo 33, no-
ta)o-. -Ho Cherniss diz com justezag -".Aristotle9 s
criticism.of the moving soul in the Timaeus has
n.o.-validity? however , he his mistaken in his .if
basi? contention that sç?l is there meant to be a
magnitude the motion or which is rotation in spa=
cetB.º. adeante diz corretamente "11Such ar= -
E_ ma í.s g

guments--do not touch ?lato11s self=moving sm1L.,sln


ce it
is not a magnitude and is not a subs er at e
it
...

• r

di?tinguishable ?rom the motion which affects


but is identieal with its mo tãon, In verbal strict
ness
.. ?
that is .
'.1
it
is not i?a thing whieh eauses m.,2 .

tion- in itselfta but is just 11self=moving motd on" o


·
,,

Há Ch?s 411,y
"'
= Qllo eite pág,,
-
Para Aristotelesj nao so e completamente im t? ,1'

- .

t ,A

poss1vel que a alma seja uma substancia capaz de


.

.-
cl
move r=se a si mesma , como ainda GY Z-<.OY ,,
&.5'u))/J.,z-QJJ. !? Üird.f7,E.L-Y <:Xll'Cff KLY1Jü'tY
(de Anima9 406 a 3) º alma não pode ser concebi _A

da nem mesmo eomo podendo ter movimento? a não?


em sen tido impróprio.? por acidente? se se admite
?
que., movendo-se o corpo9 a a Ima , que nele habã ta ,
pode ser dita, por isso, estar em movimentoº (?
Anima? 405 b, 32; 408 ?j 30)º

? " .!'

5_8
· - -Pla ton, Phedre 9 _Coll o- Bude, pag o -3 6 jnota 3?
·

59 =Na.for.ma.como Platão esereve esta passagemj


cjl lfJ..
rr«s»: tt« v t: ;,ç l1r1.p,e >...e. Zr:«1., -coii
?
, ,
certa per-
o<<IJ1.rJ.Olf, a tradução oferece motivo a
plexidade? ?arece-nos que, pel? menbs9 as seguin
- 726 -
l

tes versões s;o cab!veisg


1) '?há sempre uma alma que dirige tudo que é
inanimadowa º
.

2) ª u?é a alma inteira qua dirige tudo que e


?/

inanimadog8 º
3) _Qija alma do mundo , tÔda? dirige o que
inanimadown o
A diferença entre essas traduções é ponderá=
velí) e tem importância para o conhecimento das ori
gens do conceito da alma cósmica? no espírito d?
Platãoº Se aceitarmos a terceira tradução? serem:>s
levados a crer que desde o Fedro já está pensada.a
,
teoria timaica da alma cosmicao Nesta hipotesej?
, .
.

tão estaria referindo=se aqui ao universo constí =


tuÍdo? em que tudo está sob o domÍnio2 mais ou me=
A fl,.
nos completoí) da almaº Ficaria sem o apoio deste
treeho? -?ó?it.a ver-sâo , a idéia da alma má, reinante
, e.,
no caoso A· segunda traduçao e.adotada pela maio=
ria tal vez dos tradutores (Jowêtt9 por
A
exemp.Io.) ;-

mas cremos ser de todas a mais ine?pressivaº A pri


.

"""
me í.ra ver-sao e a de Lo Robãn , _e parece-noe. a

d?

que
mais probabilidade tem de estar interpretando a in
tenção verdadeira do FilÓ$?foo Acrescentemos?-po=
rém? que qualquer que seja· o ponto de vista .adota'?
.

? ? ? ,
do sobre a questao da traduçao? os comentarios do
nos se texto não são attngidos? uma vez que? .sm q1'?
A
quer dás hipotesesj a universal predominaneia da?
I
(7 o

ma sÔbre a mobilidade rfsiea é claramente estab?lf


cidao
= 727 -

?
60 = A eonveniência de identificar a alma má das
com o movimento desordenado do
pré=cÓsmiõo foi reconhecida por Plutarco (de an!=
e a os

? "?
mo
'
,· y 1 014 e)9 quando 'interpreta
proero9
>7
'
e«r« K r o ,>
ex o
:,
e «rov, Ol irco xc
I
1<«
'
\'I
a_alma CQ
ro»
"'
., IJ) I J I
>Ir;
s: Ko<c.
K'-_Y'YJ'c?l<.1J? ?f/.,'YJY,1 ?K.E.t.>'/JY, ?y
1To À Àrx X o tr fLE-; o(Y<kTJ<.1'l Y, sv S'E To??
,, ' ?, I
N o u.o c ç <:x.;t:LKJJVÇ 'f'{f1JY o<rrtK,oJJ
.,,..

£Jf 1'JKE" Kti e _ KO( Ko troe o J) • Contudo? esta


interpretação assume a seguir uma feição que.nos
parece indevida? quando Plutareo imagina que esta
mesma-alma-como que sofre uma evolução e? passan=
A
do-ª particip?r da inteligencia e -da harmonia??
forma?se na alma do mundof- com efeito9 diz logo
em seguida g o( v r"J >' lr s:« I) .,
[ix!f :) 'f ;{?
Êo<irr,,;Y,
./ I voil,t ói Kocl ÀoyLõf(,oíi ««]
fl£ ri õJ_l.Y,
, <:f
C
exp ))v o y e « ç
f<; 'fj)
E º/ oç e YtX

KdU-fo01f '/)UX?'J r[Y'Y)T<Xl ·• ·Faltou a Pl?=


tarco o re.conhecimento de que as duas almas sao
apenas símbolos de dois regimes mecânieos9 e não
realidades que possam ser tomadas em sentido ·lit?
ralo- .Entre os comentadores modernos9 Wilamowi?i?
Moellendorf (Pla ton rr , 314=22 apud Ho Cher:n i?-9
illo 445) considera igualmente o movimento

-
.Ql?o s

desordenado do caos como atribuível à alma má -d?


que fala o livro das Leiso

61 = Na realidadej ádmite=se a existência de mui


tas ( 1r)..eÍolf'ç ), das quais apenas duas· são
- 728 -
.eonsideradas (?9 896 e)o
62 = Cfo Cornford9 Platous Cosmology? págo 570

63 Nenhuma das traduções que consultamos.salien


00

ta? ou sequer deixa perceber? o que nos par!l


ce ser uma correspond ene í.a intencionalj a maã.oría
&à>

dos tradutores tomam 11'(> o f«)) e írf E. "13 u t:ÉftJ.>'eomo


t>:. =-
"j
s inonimos j e nao revelam o duplo par de correspon=
o

.
f , _.
A
dene ía que fazem com >' E. ITEl e e r?•
=r r'l/
64 = ThG Gomper-z , II, pá·go 487 ? apud Nº Almberg íl

illo- ?
,1'
pag , 1190
.

J!nc

?
67 = Consignam=na os seguintes eodãces s .l)Codo .Pa
risinus graeeus 1 807; 2) codo Vindobonen =
sis 21, 3) codo Vindobonensis 54; h) cedo.Vindo=
bonens í.s 55; 5) cod, Palatinus Vatieanus 1 7 3 ;
_6) eod , Par í.s ínus graecus 1 8120

68 = ?extus Empiricus, ?l!t ?º I1 301-º


69 = AoEoTaylor julga que a expressão de.v.e ser_ O=
( .

mitida como intraduzivel? -'?they make .no-.in = .


telligible sense and- seem to_have got fn by-inad.?


I
vertence from the .otlr 1TEf' ef 35 a a&n º (op-o ai to .

pgo 107)õ
ft
70 - Cf? No Almbergg har f'or-modats
= 729

vara an dittografi pâ grund a? det fõregâende


otJ 7rêpL 'J e (Platons Vãrldssjâl
Gudsbegrepp? pgº 119)"
Aristoteles ?
I
71 ? A? Rivaud9 Timée9 Oollo·Budé? Notice? pagp --

4L>
I
12 lg Ne Almberg9 .QPl) illo pag 1190

73 = Nenb:uma perturbação pode trazer aos pontos


__ --·--·.de vista -que aqu:Í temos defendido sÔb:re a
A ? . .

teoria- mecarrí.ca.. em- :Plataoj o fa to ·de ser declar?


.
.
.

da a- inclusãóti. no mundo das Id?ias ? de uma Idéia


do-movimento e outra do repousoô 9om efeito9 o
·
fi.of'ista (_25-4 d.) apresenta. as Por mas movimento e
?pouso como .componentes do mundo inteligÍvel?Já
anteriormentej_ no Parmênides (129 d= e)9 estas
.

duas Formas aae contadas como podendo ser toma =


?-

das à-parte ÃO universo das Idéias? indiseut! ·t


·, ? ,
vel? pois9 que para Platao. existe uma Ideia·
.

c!J,o

movimento? assim como uma Idé+a do rep?uso? ,Que


significam elas? Já mostramos que não é poss:!=
v,1 considerá?las eom0 id?nticas às Idéias doMe? ,
Da sua presença no p?ano das Idéi.
i

m? e-do Outroo
as Robin conelui pela necessidade de ser concebi
da _cada Idéia como mÓveli pois a Idéia Movimento =
?
comunica=se a todas a? demaiso Na. sua concepçaoj
?
n1e-mouvement est dans Les Idees •1n.1isqu1 elles
li alteri'te
.

? L ?
eomportent le Nonc:::,étre de et que ena-
que Idée j prise em· elle-même s, es<t un armêt dans la.
730 -

comunica. tion incessante das genres entre eux1,1 ? - _

(Idtes ?
Nombres 9 pág , 593) º Esta passagem .de.
"?.ofista tem dado motivo a que outr··?? érÍ ticb,S: .aãn
--

·da vejam no mundo das Idéias u.m movimento di?l?ti


ce , concebido éste diferenteme:t;1te segundo- os .. aut?
·=
nosso ver? eontudo9 nao ha razao para SU=
,;,,:, ,p
res.oc :?
por esta· grave modificação do pensamento. de Fla =
tã·o? no seu tema mais importante? a na tur eza --da.s

Idéias? Basta notar que? se tal (ósseo seu in=


tui to9 deveria. ser mais explÍci to ? texto do ªlkf =
# ? .

fista? quei ao contrário? na.o especula nem faz."'-


q?lquer mençã(!) a um desenvolvimento completamen=-
te nov!? da teoria dialética? ?orno ?eria éste<> ?in
da9 o Sofista, seguido de outros a1,i9g6s,
.
entre .
. ·. .
,
A · - ç,, -? ""' Ill A 0 ·

eles o Timeu? onde nao so nao ha refer?neia a esp


:
0

- ? .

sa suposta eoneepçao? como e vigorosamente deten=


dida posição tradicional; no Timeu? as Idéias_
a
'
corrtãnuam a ser chamadas 'to k?'r«,- 'l:ot.11",?'
..

-
:a

t!l óôt; (52 a 1 j , Uma coisa" portanto nos par éee .

e?rtâ.g a declaração da·existencia da Idéia do mo-·


vimento não implica numa concepçâo evolutiva .da
déia. em geral, para ;plat?oi pelo menos , na sua -te.2
.... .

l
ria -exo,tériea ? as Idéia.s sã<;> Formas fixa?, exis =
tentes enquanto têrmos int?ligÍveis da nossa Ln» '
·

·= ,?
tu;çao .neeticao Gomo objetos de pensamentoj
(;"1.
o
sao
imrariáveis9 justamente para poderem servir de m..9..-- .

) '
A., ;pc ,p .e::,

?elo ao que. e variavelq- A interpretaçao de HoCh_gr


at:ss (J1,Po S,!!o ·pág.º 438)' s que concorda com a fixi,_
'. . . ,

nos parece atingir o ponto&P.§!


-?
·dez das Forma.si nao
- 731 ....

N'
ra
.,.,
ele9_Platao quér most:raP aos "amigos das Fo.r,
mas"j que negavam a existência d@ movimento fÍ=
sico? que? m?smo aceitando que tivessem razão i
há que considerar o movimento mental
?
do espÍri=
p
to.no ato do raciocinio9 e que este e executado
?

pela alma quando passa de uma Idéia a outra; a


Idé;ia. de ?ovimento seria então Hthe model? the
EY llT'? 7ToÀÀ.w y ?
only of positiv:e mo=
t-ions,--and, such positive motions are only the
self= li).Oti6ns which· are souâ s" 4) A _
relação 11?
Idéia? do Movimento para a alma é eoneebida'eo=
mo ??-thê .Ldea _cam?e of phen,2
of mot í.on; G)
?
is the
menal chan?e only indi:rectly through the soul
which is self =motionil o-

A nosso ver9 o movimento e o repouso


;, ?
f'?guram no manda das _Idéias pelas mesmas razoes
.

. -
JI! .

por que figuram as demais ?deiasg para explicar


o fato de que temos 9 conhecimento empÍrieo da
do movimento e em si
A
-

I .

mobilidadeº .A·existeneia
; ?
irracional? como e em si irracionalj de mode?
R "

'A
r-al a exis tencia ól_e qualquer ser ou aspecto do
9

mundo tornam=se racionais na medi?-


f:Ísieo? .Mas

da 7? que são apreendidos por uma inteligência


que nêles descobre uma participação de uma rea=
lidade em si plenamente r-ac Lona L, .Ora9 assim c.2
mo se diz que9 para o conhecimento do h?mem ou
?
do braneoj e preciso supor as Formas Homem eBran-
éu.rà9 para o simples eonhecimento (não a compr.§..
- , indispe:n:s1ivel
?, ,
a Ideia de
ensae ) do mcvãmenbo e
.... 732 -.

, ? - l'
movimento; do contrario? nos nao saberiamos que
- ,
ha movimento no mundo? A Ideia de Movimento de=
ve ser suposta ingressar na constituição da alm?
por ser membro da. ousia indivis:fvel que figura
-?
?
mo ingrediente psicogonico? nao para que nela se
t?t,

veja um fator movente da alma9 como julgaram Xe


nócrates e muitos críticos modernosi mas unica =
mente em igualdade de condições com as demais I=
déiasj para que possa.n:cit? a simples noção da
?obilidade empÍricao

75 e::, A tt E o .Taylor? A Comm, on Plc .Timo? Pãg o·109 e

76 = Fraacaroli ? 'fimeo j not a , págº .182?-

77 #.> Eis o esquema de Almberg g ·

Fôrsta '.51:andnin= _

gen s l? Det odelbara e.eh alltid enahanda vã


sendet9 2o .Det i relation till kropparna _vardan
de och delbara.vãsandeto Resultat av blandningeng
t
3o l)et tredje s Lage vãsen = ,Alndra b'landnãngen s
4o, ·ªºDet ?mma??º .3? Det tredje· s.laget vãsenc 5&??
andr a" = ll?esultat av b.Landnãngen s Vãrldssjãlens
subs tans , = ·?-º- Almperg? Platons Vãrldssjãl och A= ·

ristoteles.n· Qttt?:íiib"egrepp9 p:lg. 12Gõ?


""733 -
,.
78 ? O.eomentario de Proclus parece=nos de ca.pi
A - N
tal importancia para a compreensao da composiçao
,
da alma? e mais necessario para o esclarecimento
qo problema do que as demais interpretações ant!
gas o
Ih
ve·..,.se.. cãar-o , como assinala Cornford9 que
.
. ?
frase pãa torrí.ea dando a o<t.r
Proclus compreende a ?
I ? ?
:rrept .a .s ignifieaçao que o interpreta. como indi=
cio.da repetição do proeesso da fabricação de um
,
intermsdiario1 agora para a natureza da Identid?
.

A
de e.da Alteridade9 como anteriormente fora fei=
A
te- para ..a óus í.a , Se examinarmos, em tioda a sua
. .

" ,
longa extensao, o seu.comentario9 veremos qu? SQ
fre a distorsão que lhe impõe a sua visão teolÓ=
da de Platão. Mas? na questão e.§.
g Lea , diferente
trita da composição da alma eÓsmiaai sua análise
parece-nos ser a expressão do verdadeiro pensa=
mento.de Platão? O essencial da sua crítica é
que mostra que a mist?a fina19 de que resulta
pronta-a almaj é feita com três espécies interm.!sl
; •..
da-.ousia.9 da Identidade e da Diferença.,
. .

diarias g
Diz· Pr-oc Lus, que certos platÔnieos e?
si.ficam a Identidade entre os indivisíveis, e a
Altéridade entre os divisíveis, e julgam que de
ambas é que a alma teria sido feitao Mas o que
- ,
Platao mesmo disse é que faz entrar na eomposi -
"' , ,.
çao da alma tambem os intermedia.ric,s relativos a
estas1 (i?eo, Identidade e Alteridade)? entre as
suas espé'cies 1n?1vtdua1 e a1v1síve1i 'ôtX). 'o<?J.zoii
- 734 =
ToiJ n T'WYO çÀ.o<
I
o VW
I
À£. ro)' ,o
.J
oc K. r I
Y Ç
<:'
, () c
K«t. êJtt T'DlfrWY ,o µ_,ÉõoY &rro oÉS'w Kt
rn roü re c}.;.,,c.,EpoiJ<; Krx l
"
li '( xrn
1/Ju
--
roi7 .JA,E.f to-rov. seu modo proprio de compre= O
OCY ,Z-WY
I?

ender é claramente exposto? quando diz que o gêne=


ro (.que chama demi'Úrgico) -da Identidade tem por eaê,
pécies a Identidade indivisÍve11 a Identidade divi
sível e a intermediária entre ambásj e que do mes=
mo modo a Alteridade tem por espécies a Alteridade
indivisivel9 a Alteridade divisível e a intermediá
'<, ti?

assim sendo9 atribui a alma as especies in=


Q

ria,
, , -

term?diarias de ambasj que9. juntamente com a espe=


cie intermediária da ousiaj são entrelaçadas ou
misturadasj para darem com? resultado final a exi?
tência da almaj' IfJwµEY ' tYfrY -.lrr6µ' ..e»OLI 'LOlS
trf. ri..I JLd. ? e
f {t
YO Ç ))-,£ Y T"fJÇ Z-<:i. ir e o Z:'f) To Ç

7:6
t:e
:, I I
rX-J).. E
f
f
ó'h fl:,<) Y
e
(l K o'Y 1 El doç
'
(T?:o Y
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I<« e
Z-o<lír6r:nz-oç ró
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fl foçõ
E
I
e
Ji
Z'O Y /( q_ l z-o )LE. a.o Y

&j.Lcpo lY I K<:;(i 1r?Àl V [É v ).Lt Y . t9o<,éf o o:


Jj
_

'Lb Ó'rJµ,_lOlíf(?t<cfYJ !t'd1J To ?P,Ífl(f"Tó"Y-'


I ' ' I
f ,
,o I
"".
\
),l,ê \Ô?:'DY _»-eã? >' J l(<X I} ?V
'ºe, r'_ ?
_f> lFZWÇ 0(1Toài;;_µ.,£y rn </JY,X]J rd; ))-,EQd.. ..

-Ka? )ÁE?? ToiJ ))-,£00\r T'7Ç o'V'?t«Ç tl1dQ2FÇ


õu-fo tr Àe ? (À),,u.,e >", ê.'r'ci.. S'h t-o v« e T'l)ç tl
IrJ_ 'Ç J.1T o Z-E }\ lfn,.;ft.E. Y •
'f'
Confirma ainda uma vez a mesma interpretação,
quando atribui a Platão dizer que? assim como se
deu com a ousia? assim tambémj no ?aso da Identid?
de e da Alterid?dej o Demiurgo compôs uma terceira
espécie destas formad? ,
segundo o mesmo modo , e?
= 735 -

assim como no primeiro caso o composto resulta.n=


te era uma (terceira)espécie da ousia? assim igual
mente9 em relação ao Mesmo e ao Outro9 o interm?
I' v' v'o A
diario e tambem uma ( terceira ) espec1e deste?9
,?

/\.£"(£<.,
- ?
rr;ç o'lírrt..d?
[nAd'Z"wY]
I \)err:
f<..rx.t
yrlf -01,l
rr;;
\
J Ko(6dtrEf (
J..,.
T<1.2r1:oz.r
f
'lf'ôe{A)ç
i'lrl

_Ko< t Z-fç &<X z-J o


I \
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cru YE KE. f?õ? o KtX {.,
f ?f«ar«lroY
tr
\
l?
Z-«1F'l:'"? .I
OLY
- <X),(,'f \ Ká I.
.

I<« G<kff£R £1(EZ Z-b __ 1? <Xfa<-'fDiY t)'lf(TldÇ


Elóo? f >') oiJ,w /(at £Y rozrZ-OlÇ
r,,oc
lri:oif K« l Oa Époir Tà u.érov d.fóç
£.tTt:( • (Proc lus j in Pla. tonis Tima.eum commen-

taria? edc Diehl, volº IIj pág0 155, 156)º

79 = FoMoCornford<» Plato0s Cosmology2 págº 61º

80 = Num dos mais eruditos e profundos estudos

A
A
publicados r-s cerrtemerrbe sobre a ques tao
.
.
,J>,.
,,,.

?
tonica9 Ho Cherniss apoia completamente este mo=
v'
do-de verº A alma e realmente composta por uma
A ,

dupla ordem de-misturas? de acordo com o esquema.


de Procluso Acrescenta Cherniss esta penetrante
observação? que a mistura das ousiai_divisÍvel e
indivisivel, e igualm?nte da Identidade e da Al=
teridadej é a representação típica do pensamento
A
platonico de uma media entre dois extremoso ?the
I? º

soul is of
various faetor?i
a unity e?ch of
which is-a mean between the extremes ·of_ the ideal

and the phenomena L'"; - cherrrí.ss , Aristotle s


Ho
u

.I'
criticism .Qf Plato? the Academy? volo I? pago
409e
- 736 -

.
'7
81 = Aristoteles1 contudoi aqui como em tantos -OJa
tros pontos decisivos do Tirneu? não soube com.
preen.der o pensamento de Platãoº uAristotleus di.!,
regard o:t this !t intermedia'Cyn of souf has resulted
in a fundamental misuriderstanding or misrepresenta
tion of
Plato?s theory? with the inevitable conse=
quence that his criticism of the theory is largely
irrelevan-tr? = -Ho· Cherniss = -Aristotle Os. cri ti e is·m
of Plato arid. the.Academy;? vol.I9-págo 409º
_.-Nia podemos-entrar na ap;eeiaçio geral .da

critica aristotélica à ·te.ori?. platônica da _alma1li


mitando-nos às breves.indicaçõesj que consignara=
mos em nota últerior? sÔbre a teoria do conhecimel!
too
A -
Sobre.ª decisiva importancia
J\i
82 =
; o
da noçao de?-pr.,2
"
·,;,# ...,I'
porçao geometrica nao so na cosmologia9 como
o ..

em outras partes do pen-??mento de Platâo1-vejamc;;>se


as considerações do
la formation ?
Prof,, Schu.hl (Essa.i
P., Mo
la pensée grecgue., págº 376).'"!
que
?
salienta a influência que teria exercido sÔbre o
espírito de Platão a obra matemática e política de
Arquitas de Tarentoo

83 - Observemos que na eomposição da alma não fi-


guram as noções do Movimento e do Be pouseçque,
juntamente com a ousia9 a Identidade e a Alterida?
de, aparecem no Sofista (254 a),
as quais 9 impro =
priamente, foram entendidas como as cinco "catego-
,,.
riasn platonicas (Cf4) Fo Cornford? Plato11s Theory
- 737 -
.of .Knowled@2pg 274 ss , )
º.
Na ant í.gutdade ,
e> al-
guns comentadores? como Xenócrates (fragó 68) ou
Timeu Locr-us , tentaram incorporar à construção
da alma. as noções.de Movimento e Repousoj por

•<I
meio de sua identificaçãoj respectivamente?
'fV-<TUj ro» £7:"Ef>OV'
r ""
e a
I
à
cáVCOlf,,As= fl/{j(,í
I""
sim disseram, sem dÚvida com o fim de melhor fa?
zer eompreender a função da alma como principio
A A
de-movimentoº Mas-esse zelo demasiado resulta
A '* :nti

numa erronea interpretaçao da noçao de alma, eo11


º

?
tra- a qual j com razão j argumenta Plutarco ( de
- '
?'
Ariirn.Proén9 1 024 d) que ?Y "E 1:0 I)'o<.r&fCY
O li J<. i )I l
? q- ? ,
<fJ tr 1T' E
f
O v ói ?'"oqr t: Ô V o-z-J «-e ?,
d ,À).:, &. P 1- ? Ó c« 'f Op ?Ç. K<Xt &_Yo)LOl Ó 7:l)Z-OÇ.
Muitos autores modernos? de forma mais ou
menos indireta? vêm procurar na composição da
alma uma justificação da sua f"unção?motoraf) As=
simj Zeller (PhiLGriech.II9 pgo 774 n 2" apud lj
Ho Cherniss? .212.!, SU:!º pg.432) deriva o movimen=
to da alma da sua-composiçãoº Ao Rivaud (Le Pro-
bleme du Devenir pg.313) igualmente admite que
neRest parce quªelle contient la nature de l'au-
"
tre. que l âme .du monde necessairement se meut
9 e

Ainda1 Lo Robin1 do mesmo ponto de vistaj pensa


A
t
que ''Xenocra te a vai raison de dire que le Meme
et l8Autre correspondent à la motricité de l'IÂm e.
{?º de _la Physº em 1ª, Bensée hell?nigue? pg.e,

290)a A
Todos êsses comentadores julgam, por es-
- 738 -

te encontro ¢le uma razão motora na intimida


de ser
de da estrutura anfmt ca , estar tornando mais claro
o papel .dinâmico da alma.o Mas'! em primeiro -lugarj

não nada po texto que suporte qualquer des tas


J:iá
,;s,, ,P

interpretaçoes? ej alem do mais? sao desnecessar1a?


cc ,P

J\. nos?o ver , é


errôn.eo ·e in-6.til introduzir um prili
cÍpio de movimento no- interior da a Lma , por que -- -a
alma mesma é o principio .do mov Lmen t o , - pr-ec í.se __ t -·

compreende? o caráter simbÓlieo do conceito-de al=


ma? que representa apenas um determinado regime de
movãmentro, mas nâo o causa o Flsica.mente ? o movi-

e:;>

menta não tem causa; e será tomar em sentido.-deII@;


.s+ado literal o que visivelmente Platão-quer- sómen
te simboliza;r, julgar que·seja necessário .incluir
na alma um fator causal real do-movimento-na .natu= )
r-eza , P or as
o ·
o
t t
so , a en at8,,i va d?esses an .er-pr e es an
t?
t t
,
tigos eI'. modernos e descabida ejl) longe de ser
"
um e?
forço util de eselarecimentoj e uma violaçao da in
A ""' . o

tenção original de Platão que<» não se referindo às


idéias do. J?vimento e do ijqapOUSO na- -Construção da
,
.
.
. I
alma? quer conservar o seu valor simbolieoo
#
Alem do ma í.s , como observa Ho charnâs s. -(.Ql2-o-
.
.
.

aito pgo 433) esta inelusão.,na a Ima , .de um .. fat.or


causai do movimento equivale a dividÍ=la em ._duas
partes? wna. motoraj outra movidaí! o que destrói o
? t' '-"' .

seu· carater autocinetieo,; nessa situaçao? passa=


.

? - ? ·

ria a ser valida a argumentaçao de Aristoteles CO!l


A .

I .

tra a. doutrina platonica da alma'.y sendo ao contra=


.

rio 9ompletamente inócua? quando restituída a essa


? 739 -

doutrina o seu verdadeiro sentidoº

84 = A rigorj a mistura das ousiai é que repre-


senta o plano matemáticoj mas? como é ela
o ingrediente mais significativo? podemos? de T:I@,
neira corrente, identificá=la ao conjunto da al=
mao

85 = É o-que pode ser confirmado por estas pala


vras: de um filósofo tomista? Jo Maritainj
nas quais mostra uma compreer1:são da significação
dos mitos? ..na r!sica. platônica, em tudo semelhan
? .
te- .a que vimos desenvolvendo g ºLa methode pro =
pr.e de la cohnaissance mathématique de la natu?
• ,? ?
re a ete vue dU.une façon tres claire par Fla.tono

Il a .vu de
.

A I
et avee .une egale pr ot'ondeurçque
meme, .
la cr,ation de mythes scientifiques = la plus n?
ble espece.d8êtres de raison fondés in ll, = est
mêI
,p •
thode , Les
JI>

une- .eonsoquence necessaire de cette


mythes.du Timée ont pu vietllirj ee n8est JBS par
un aveu dllimpuissance ou par une.-ffuite dans la
, ,
pees ie que le Time e use de mythes j es _est en ver=
.

t? d9une admirable intuition ?es conditions pro=


pres de la connaissance physico-mathématique êt
de ce quson appelle les seiences exactes, quand
cessant d9être mathématiques puras entre= elles
t
pr-ennen afexpliquer le monde de 1-9 expérienee o?
(Les dégrés du savoir, pàgo 319)º
- 740 -

/t)vó' ÓOJ<..ELÇ ,?)) t"WY rE.wµ,,E.r:plK.CJP


'
xe l(oc.£ r?,, i-Wy Toloih:(,Jv r'?LY, J.u
..

f'I? \
?)(; fot' t" O( Sf
) .- C I
re I( rA e
O 11' )) O 11 .,J.
, ? ?:" L O O ? "JS

y O if T? y ó e J Yo e « Y O li() tX Y,
;
pag? 51º

88 ? Que o caráter intermediário da alma nos con=


duz a ver nela a sede das entidades matemáti
cas? é uma suposição que pode receber uma co?firma
ção indireta pela' famosa definicão
' l da alma da.da por
'
/
Xenocra tes ? 4' v"'-'YJ
?pl
:, õ.
v ? o ç e« ll"? o
.

V K. ))-
cav __ <-

(Mullach? frage 29)º Bem sabemos que muito- se tem ..

discutido sÔbre a.significação aêste .conceito da


alma como nÚmero semoven te , Desde Plutarco.- -(M,
Reis k;e X? 205) S-tobaeus (E erº.
fil.!lmº proç;i;> ed, ? 9

Phys I? 41? 3217J e_do Gaisford)? MacrÓbio


o ( Lp. - ...
,

Sornnº Sci:gº 9 14, 6) ? TemÍstio (Parapho Posto .Arià:L,


Aristº II s 10? a) j esta noção vem sendo debati d a ,
Das interpretações modernasj citemos a de PoMerlan
(Philologus , LXXXIX<, 1934? pg? 204? apud Cher =
Ho
nisso opo cito pgo 399)? para o qual XenÓcrates te
·

ria considerado a alma ndie sich sur Gestalt er·ze_y


n
gende Zahl" uaie zahlen.massige bestimmte ·Fi=
9
ou.
gur'ic, o que concor-dar-ía, pràticamente, com a antiga.
interpretação de Bs peus í.po , A .êste modo de ver já
·

se opunha CÍcer_o (I1!;§,£,$ Dispo I? 10? 20) g f'Xeno?


tes animi figuram et quasi corp?s negavit esse ul-
lum., numerum dixit esse, CUjUS ViSooo in natura m?
xima esset$n Para outros autores, o número a que
- 741 -
, - "'
se refere Xénocrates
nao teria um carater figur?
do? mas seria o estatuto ideal de um sistema de
= "' .?
relaçoes matematicaso Assim pensa JoMoreau(Vame
du monde? 52j 3)j que considera a definição xen,,2

cr-ática-como "expression parfaite de l8ontologie


A A
platoniciennenj n1Rame en effet ne peut etre re-
, ,
la la
.

pr.esent?e que sous forme de totalite orga=


n í.qus, e omme sys teme autonome de relations on (ct?
igualmente. "La construction de 1uidéalisme plate=
niêier1'] pgo.400) o A esta concepção opÕe=se
- He

Cherniss? que a-considera nutterly allien to the


thought of Xenocrates'J e Para Lo Rob ín , a defini-
= p ?
çao r.efere=se ao numero como eorrelaçao entre a
,

inteligência e. o movãmerrto , Aristóteles debate


longamente a_definição de Xenócr abes , (? Ardma9
404 bi 27; 408 b , 32) que lhe 'parece
>
ser
I ,
de t.Q
das as definiçoes da a Ima , -ffOAV <X Àoyw ,ocro V ;
""' '\

pensa, com esp!rito? que.os defensores de tal o=


pinião outra coisa não fazem senão somar as difi,·
p, # ? .

culdades da defmiçao da alma com.o movel as que


.
C)

decorrem do conceito da alma como nÚrneroo Como


sempre9 por?m, a sua crítica é viciada pela in-
- A
compreensao fundamental do pensamep.to platonicoº
.

Estas flutuações e incertezas de opinião dos an=


tigos e modernos, a respeito dessa definição? 1?
varam Ho Chernis_s a condiuir s "the posi.tive se,B
se in whieh.Xenocrates meant the soul to be num-
ber.is not certain"º (opo cite p?º 399)º
Sem pret_e1;1der entrar no debate de tão-.çlifÍ
·
- 742 -
e í.L probãema , podemos contudo ter corno e Laza. uma I?§?·
.,,.
s í.çao , a dEl que a alma e um numero
"' ;,
.
em
/J
º
movimen
À
to n...:

· ..
º?
eo importa o que possa estar por tras deste eoncei
=
to; a sua.expressao literal ?
suficiente para nos
.
.

e
Q!t.
·""' /J =
mostrar que ele e o fruto da coneepçao platonica.?
=
teria
.
.
A . •
que se eonservado na tradiçao academie?j .so=
frendo um processo elaboraç.ão tendente ·ª pre-e.i?
de
p =
t? bem_c 1? ?
sa= 1·ªº definiçao de Xenocra t es es.ao
.
,,,
Na
r-es os dois ?aracteres de número -e de movimentooS.e
a considerarmos independente de. qualquer ..trans.for-
? j
maçao que Xenoerat-es lhe pretendes-se .ãraper , ela ms
'

repr:e?enta a alma como o plano .dos .entes . e .relaçÔes.


matemáticasj concebãdo na .aua imediata apliqação de
prineÍpio de movimento circµlar para o unãver-so , & ..
? ,?
. '
i
JP ,?
alma na0 e$ portantoj apenas ·numeroi mas e o nume? ,11

r-o concebido como projetado no movimento fÍsie? -?


ra reg.ê=lo ca ex:primÍ=loo ?p definição - - de X.e-nó.ara.
tesj a nosso verj nao conte?
.
? -
nenhuma_criaçaq.or.ig?
.

nal autor , mas é apenas


do uma elaboração verbal do
coace i to pla tonieo
A
.
.

de a lma

?
,

89 - A.ristóteles, 987 -bj J.4?L

90 - Cfº Empédocles (frag e 109, Biels, Aris.t·o, dé


?nima?
.
I
b 13\g, ):?£,'?
\ \ - . . .....-
1 , 4?,?
fJ1rw 'lrOC)J.,êY, V'o<X'C(. o 1/'owf
fl,?YIJ1ry <',r«:>l:r
J
IXL OE-fl a Of.L í7Ef_f¥.
J'z o,>., ?,7:?,. rr_vpl n-?p
«Ló???.v?.
º'
o; "'°I riL
E'<oprr)l)' NêL K óe re '!UK et. À Vf
Apesar de receber o assentimento -da maioria
<t' •
d os
f
pensadores 1 es ta doutrina. não deitou nunca de ser
.. 743 -
criticadaº No momento mesmo em que aparece?Ana-
,
xagoras constroi a sua teoria de percepção funda
,p

da.no ponto de vista opostoj o de que o conheci-


mento só se pode produzir pelo encontro dos con=
?A
,p
trarios o Cfº Te.ofrasto (de sensu:, 27 ss ) g n v«-
? ocYÓ o u ç óE r? ))E.a-B<iL?, rol? lY«ir:cotç.
-
,IJ !, er , t e
utro rov ou.oc ou ,
> e
t» frl..f ou.oco v a.:rro< B .eç

91 = 'Difere.a opinião dos comentadores sÔbre o


·?--- .papeL do ·pr.inc:Ípio do conhecimento
_ - pelos
A
s eme.Ihanbes, .na determinaçao da génese da a Ima ,
ç,o

Julgam alguns.que a eomposição da.alma_foi eoncs


e. ?
b-ida do .mode como .nos e declarada, expr-es samerrte;
... ? f
para Jse?vir- ..a- .aplicaçao de sae principio Arist,,2
o
... .

o
,p

teles (de Aiiimaj 404 b 16) dizg TT -Ào(t"CAJ>' ivI


- ·--=
.r w Tlµ
\ \ ,
T'J1Y lÍJ li X y EK Z-GJ)) aroc l-l e
.

d.. LGc) C.VY


( "" • e ,1 T r; , _ <: ,
<.vô"' /(£,Ô- 8 CÁ'- yrxp O)J-0 lct'
1\{)ltS?1 x-» _
T_<f
1:o O)LOl ôY • Moderna.men
l '»
Brochard (,.r5tudes de Philosophi-e Aneienne j pago_
.,4;
te?
100) é da mesma opinião g "s. 1 Pla ton compose Pâ=
. '
tn? du monde a l8aide du meme et de lºautrejc8est
-

paur obéir aú fámeux prinàipe admis par 'tant de


phi.losophes aneiens que le semb'l.ab Ie , seul, peut

?
.
. ,

A
le semblable" º Entretantoj H?Cb.erniss
.

.e.onnai.tre
"
(2.];to pg 4H> nota)· mos ra , com ·razão? que ? t
quando ·Platão diz que o conheaimepto dos objetos
sensíveis tem lugar por meio do circulo do Dife=
ren?e, e o dos objetos inteligíveis por meio do
c!rcule da Identidade, não se está referindo ao
744 -
Mesmo e ao Outro que entram na composição gª alrria,

pois êstes figuram igualmente am ambos os cireuloSt


Sugere então Cherniss9 aceitando um ponto de vista
já formulado por Zeller (PhiloGriecho II1 1, 770 j
nota)9.que os nomes de Mesmo e Outrorg dados aos
círculos em que fo:i._d.ividida. a alma9 nada tê? a
ver com e.s cons tã tumt·$s. da a.Lma , mas seriam ref'e=
rentes ;s
possíveis di?eções das revoluções .anÍmi=
\
I

cas o Julgamos que a nossa mane ira de ver r esoãv e


a dificuldadej admitindo que? de.modo.geral9 é pre
A A
ciso compreender teoria psã ccgon'í.ca ·

t-oda a pelo la
.

? "" ' A S,,


.

do dinamico? e nao estaticamentej como o fazem es=


-1
tes autor-es , Da:Í resulta que s 1) de fato9 Pla
tão eoncebe a constituição .da alma. .de rmodo .a poder ..

definir o eonheeimento pelo contato dos semelhan=


tes; contudo? 2) não é no sentido primitivo da
dout?ina que se desenvolve o seu pensamento, .. mas

conta to dinamieoº ter


J\ . A
em termos de um Par-e ca-nos
faltadó a Cherniss esta noçi6 da superaçio da.tao=
ria ,?
de Bmpedoc Les , que , quando admitida, assoc ãa cs
p?ntos de vista divergentesº
"'
92 =Acrítica de Aristóteles a teoria do conheci
men+o , como resultado das ··rotações dos ci?cu
los da .a.Lma j é f'undada na incompreensão
·.' do. aeu ca-
;., ú' .

rater simbolico? Os argumentos que inutilme?te de


! .

senvoãve corrtna a doutrina mal errtendãda , são Lon-


gamenbe expostos em. um capítulo inteiro do De?An;?
?- (l
·

1,.- 3_) º _Se. pr ocur-armos resum:Í.-los a um sumá?ip __


cu 745 -

de afirmações? são os seguintesg


1) ?Ú KIXÀC::Í? rb ÂÉ.fêo' rf;
'fU'J..'Y j,A,/rebo?
ElY?l (407 a 2)? pois o que o Timeu quer
? ? .

dizer e que a alma do mundo e run intelectoje


·ê·s te . de qualquer modo· que se cons Lder e , não
i
pode ser concebido como possuindo a espécie
de eontinuida.de necessária. para ser uma gran.
deza
2) rr?ç r?F ó? l<<X? vo/crE, fL£fE Bo<; d,y j
'
.

v=r
flção
, ,
o v K? I)
-
WYi?,o<'lf.'lOZfJ
ó'). DV .I.\ o,ttJoY)) x-wY µo-
'l
( 4 07 a 11) esta segunda obje-
a .impossibilidade de um contato
.expr-ãme
intelectivo entre o psnsamerrto e a exbenA
sã Oct
-
Nem pela. totalida.de de sua circun.ferencla_.,?m...__ ?,--- ----
.pelas suas par be s, ??-j.am ..es-ta:s-·1fomãéfás··-- como

- -
____ a:rco-s--ou--redlizid?? a pont os , o círculo an!mi
--· •. -·
pode apreender o objeto pensável? sem coQ
L.
_co
tradição interna;
3) &ú O& b? T<- J)tJ fJuEt. (407 a 22} o
·

Se a
rotação anÍmiea é eterna.,· o pensamento deve
pensar eternamente o seu objeto; ora todo
ato?de pensamento, quer teÓrico9 quer práti=
co,? n?eess?riarnente finito no tempoº
> e ? , , 1 t <' ,
ét, 'f} ?1í't"9 tre p__ upoprx rro /\/\.o<. I<. l? 1 as ? arc
1

4)
n-0?1.).«. 1<t5 JJoeZY 1:0 o<Vt:ó (407 a 30)oA
periodicidade da rotação implicaria a repeti,
ção ciclica indefinida dos mesmos pensamen -
'
5) re Yt
=, 746 =
Ktit irtl<T'l:"<X. rec fa?À.ÀOY ? /f.lYef rec
(407 a 33 ) e Em outra parte (Phys e 9 247 b ? 10) ?
,
Ari?t?teles
.

mostra que e ato do pensamento nao


=

está sujeito ao devenir? mas que o eonhecimen=


?
to se da pele repousoo
6} trrL tro v o >' Ji t<oct fo£JA.,tX?rxt -e-fl
z-t>

.
awµ,d.," fo? J'v>1J._p-£ v ov &n-oÀ.u fJfj>1cx1:·
(407 2) º ?eria
melhor para o intelecto.?- se
b
; ? .
M =
a sua condiçao. fosse a de separaçaa do corpoº
7) '&-J11.ílo? Si K'X'i Toii 1(1Jt<.À'f' !.PtpE"a-B<tt·..
, ,I , e , r
t:o JJ o vp« 'Yo Y 'f) tX -rc«
I h
(407 b ·; lo l
.

- , .

Julia que a alma nao e a causa do movimentocnr


.

cuãar , mas que assim se move por acãderrte, C-o=


,
·mo tampeueo e o corpo a causa da rotaçao? nao
= = .

se compreende que seja e Ia ,


8) {T1/:Y «'fr'Cé>V(it.
Y?f KtYi Z-£.6/<Xô"l.Y EÍç
rrfa?« Z-?Y <pv?1y} .,() ú8e., 1ij)O<Td, () p,-
va-. Y Z-8
'<':I.

roç
t
'Cõir
'(' \
a c«
ÕWfo t: cJ..
I

º''
'
re Y ol l r coc V., /<<i. l trcaç ex» ))-
> "-

(407 b 15). .Arist.52


J/

teles refere=se
.

ne?essidade de constru=
,
aqui a_
.

ir =
uma doutrina da alrna9 . que explique a sua U=
.
I .

niao ao corpo e diga de que modo um é agente e


,? outro paciente? um mova e o outro é movido?
;:ei A
A coneepçao platonica parece=lhe ser uma mera
?
justaposiçao9
. ? ,
que nao da uma. imagem da v.-erda =
deira eorrelação psico r!sica9 antes admite(}le
as relaçbes entre a. alma e o corpo sejam como
que _eà.suais? T()Z? TVJtovcrt..Y o.

Verifica-se que a orftiea de Aristóteles


= 747 e:»

? J A
e uma exaustiva analise exercida sobre uma falsa
noção da alma? em Platãoº A maestria dos seusdi.
lemas fica sem efeito9 porque se dirige a um con
ceito assumido na sua significação literal9 quan
?
?
do e9. em var-dade , eminentemente alegoricoo
?
93 = Rivaud traduz a axpr-es aao por nobjet de cal
J'
cul ss
e e£ Timee .e

94 = er, H? Martin? ttu.des sur ie Timée$)vol II'9


págo 490

?95 = Aristóteles9 Tcop? 103 b? 22?

96 = Assim traduzem Rivaud e Cornford a expres=


? -
sac o" K.E.l«
::,
de 40 e '? e

97 = Cf-o Fraccaroli g !8Sebbene Pla tone non pa


ja
credere alla religione popoláre? egli pero
intende rispettarlatt_ (Timeo9 págG 215) e

98 = Não consagutmos compreender a significação


da tradução que faz Rivaud desta passag?;
-

parece.êle sugerir que, na composição da alma h:g


. , . '

mana? falte a essencia invariave19 que tudo indi


ea seria a ousia indivisível? não se sabendo o

que sejam a segunda e a terceir? essênciasº Se

assim f'Ôsse? destruída a igualdade de oo.m


estaria
posição·. que o prÓprio tradutor admã te , como se vê
p
i ?
s nor? 1 element immortel de
?
na Noticia preliminar
1 i ame humaine est9 de tout point? semblable à 1 g!
.... 748 -

I
99 = Cf'o Fo Mo Cornford? Fla.tows Cosmologyj pago
11.r;?

100 = c.-r o A.oEóTaylor s of R?:He regards the souls


individual men as·inferior :ln quality to
( ?
the soul of the ov?o< YOÇ or those -Of the planets
and star$? just as the soul of one man may be -in=
ferior to the soul of another o But. our. .souã.s .ane
irl.t:her'parts» of the cosmie soul-nor'emanantionsb
from i te, { A ?om.e on.& Plo T,im? í) págº 255) o

101 = Fraecarôli? Timeo5' pág., 2190


e?

102 = Empedocles deve ser considerado o fundador


da escola médica itálica, segundo o teste-
munho de Galeno (?]hº?º Ij 1-) ,; . Por intermédio --
FilÍstitm.? Platão --recebe
de as--·------
'teg_rJ.as---mé-d:telis ----de-
---- -
.. . . - ,., ..

,- A .--.---si,--- \
Empedq.9.J§UL.e.---i-n-eoTl)ói:;a=as a su? o bra,
-

Com toda . .

..-;:.? -?----·
- r-azao - .

, portanto, diz J 'Burne t s '?the medical scl'ml


.. --
- ---
()

he founded l]:mpedoclei! was still" living in the


days of Plato? and had eonside-rable influence on
hãm , andst:i.ll more on Ar.istotl.e u E acrescenta, o

em no ta , esta incisiva dec Lar açâo s t'(lt is Lmpoa-.


sible understand-the htstory of philosophy.from
to
this point onwards without. keeping the -his.tory. .cf'
medecine eons tan+Iy in viewf1-o (Earl_x Greek J:h11º
pg 201)0
Da mesma forma conclui Po Tanneryg ttJe vo:y
- 749 -

drais seulément insister sur ee point- quej si la


dootrine des quatre .é1éments à triomphé dans L'an
tiqu:tté.l. e's t sur t.oub grâce Paccueil favor?= c11 ?,.

ble qu' elle .a réçu. dans les éColes médicales, el-


..

le se.- pretai t bsaueoup mieux, soi t que Les doc =


.

A .

..

trines mÓnistes .ãonã e nn es, soi t 'que les hypo=


. ,- l

thes·es vraãmerrt .sc.í.entrlf'Lques au f'end , mais trop


·?
vagues, comme for.me, d ?An?xagore. ou de Leuc L pp e s ..

don t
.
' , . . •·.

_aux.-tentatitJes de eoor-d Lna't Lons theoriques


. .
. ... . .
_ .,.
. .
·

.·. .
;:- .

Part diAsclepios commença í.t sentir le


:'I,'
besoãn" -

(Póttr l 1:EÜstoire. de Scien?'.e ?ell?nej _pág'<r329J ? :- .


'·:-

·103 rp l'.)l??ão explia?,.na ter,eeirª' parte.do?e?. - ...

,, ,, ·ce2 aj ,concepçõ'es sÔbre. à. pa-


, ..
ss)', ,,..
._as .suas . .
',
.
, ,,. À . •

-togenia" Por. elas se ve que t9da$ .. as doenças


' tem - ...
.
r
? I•

como. r-azao ultima- uma perturbaçao· relativa ?- com


., • .· • • •
N;.?
..
.? .· .
.
.

pos í.çao do corpo. pelos quatro· elementos


·.v: '

?)Çpl-1.-
. .
o .

. I)

.. A ... .. .
..,
citamente .cons ãder-a. as ... tr?s .segutn te s condi ç o.s s
.
. .

, ,
etio-patql.ogicas
,
L .1) .,.excesso.-ou falta .ant ína'cu-
. ? . .
.
'
.

rais .de qualquer dos e Lemerrt os t 2? 'a mudança. de


.. .

lugar. de um elemento. que, deixando a sua pos;ção


na tura L, vai ocupar outra estranha; .3) a possi=
..
..

bilidade.de .um elemento adquirir um comp?rtamen-


to inconvenienteo
104 - Para -Aristóteles., entre a região sideral. e
. .,.

?ª .subl1ID.ar :ha? mais .completa das diferen=


.

ça s ?- natureza" A esfera das


que é .. a diferença. da ·

..,.

estrelas fixas e os corpos dos planetas sao con.§.


·A, •
. '9\ ·.•
... .

ti tuides por um quinto e.lamento, o éter_, dis tin?


= 750 -
to dos quatro que compõem a esfera abaixo da luaº
(Meteor$j 339 b, 17)º Os corpos planetários são
A ?
formados deste elemento1 que nao pode sofrer nenhy
'


ma nem em quantidade nem .em qua.LLda.d e '9
alteraçaoj
mas apenas é passível de movãmerrto .aapaeãa.L @i?=
lo? zro a., 26, 24) () .
Por isso s.e .distinguem., .....êles
dos corpos terrestres j por serem. s:!,mples ""
'
j eternos
" ., . ..

'
.

nao gerados nem sujei tos .a destruiçao, por-badones.


"lo.
"I!'
..

A ·.

Do ponto de. vista .mecant co., ,-êLdisti,!;


...,
.

q.e uma a Ima ,


ção ê nf tidaº Os corpos planetários, cons tituÍdos . .,

... ··. e: .
IP.
.
,

de e ter 1. mov.em--se
:

naturalmen.te.?.em Cl.l!OUlO j sem;0-qUe


.
·.·
·. . .
.
.,
.

...
. .

j!' ' '

haja contrariedade .nesae movimento, .que ."e .. ,.o . mais


'
>

perfefto dos movãmen tos,. .A àemonstra.çâo ·de que,pã


ra Arist?teles, .e movimento. -cireular _é .ma ss ?o:rigi?
na.l , ou anteriorj do que o ?retilirteo, 'é ·.decisiva.pj
ra a nossa teseº !ste movimento circular perteno?
por natureza s ao eozpo de que são: .formados .os as.= .

tre>s, o racioe!nio d? Ar·+stóteles,, d?senvoive º se


'' ? ' '

pro posã çoes i 1) ·£l1T£f


,,,,,..

nas seguintes
I I I -. ?)I
)).,,£'>'

1Tf D re frl.. I( L V"Jâl' 7Tf O'l:£ otr 't7) 'f u a ec


Ôt' V I< Àú>
f 1: E1 C 'T'hÇ
<f"(A))A,Ol
J
'l'D?
I
2.)
?
'Y)
S
,
I<.
il
Ttf'O
/ ,< .1:.
cJ....
/
E/U' o ece.ç
1 .,

?v '1£ :_ «ç
I:!,,
3.) ?' o t. >'
n: '"-/ :, ,
fívJ ),t, d.. TWY ? 0-T, 4) t
Y /( '>')
o<. 1T.ÀW Y t;:I. Ye( /(<X

1:?Y K zf KÀ'f K. 'L â/dç / YrJõt? riíY IX'.7TÃWJJ .

EÍJJ« l owµ,J..i'wi.
A,
conclusão é, pois, que
ó h  D V W Ç G 1,? <:l JJ 7: e (í;;))-oc 7: ;;; Y « 77
' ?))
I' W c cov
C'I ' ,,,.
w
Cl
7/J
K? 77,,f J,
o ?TTE
'f}! Kev,' {J'ff/f _
"ff lff
o<. v-» K d. l ?') r'n
Ko<'t"(A) , I £Ket. >' o l«ccr«\
I
I( 1f KÀ'f) 'f e
I
f e ?íTr;(L
J1
'f tr a:c Y
·
(De Caelo9 269 a j 22=269 bj 6)o
;,
105 = Cfº Cornford? Plato's £.Qfilno pago 46()
,
106 = Cf <Y Cornford? PlatoBs QQ.filyo page- 470
#. A
107 = A-deduç&o
,.,;,
logica da existencia dois dos
de
•• -· elêm$r:rbos.,se?1f:?. J>ara
-«Ó,
.a pcãar a nossa teo?i?
revela o
que .ma í.s.. adiante apr-es en'tar-emos , e bem . A·
quanto há.ide simbolico na doutrina pla tonica dos
p . ,;, .

quatro elementosº A.liberdade do tratamento a


pnio:ri s que : ês e t aspecto. demoiistra j
. é. 'Qlll _ibdÍoio
de que toda_a.q.outrina.tem·par,a Platao o.. sentido
.
A .; ""

dé .. uma ... c?nstrução .s:tmbolizador.aj. que


j?.
com.=
A
falta
""'.
pletamente" .. a .conví.eçao. de Empedocles da .ext.s teu-
. ""

Gia v:erdade:Írament?
.. primordial e elementar das

quatro substanciasº
"'< ...... ...... ... • • ; ..
,?· " - •
·;

108 = ?rnpédocles,.concebe os quatro elementos .. . e


... ·., dois princ:Íp'ios,. o Amor e o Ódio?
.. .ma Ls ·GS,
que· .com ê1es compõem o universo, como quanti tati
vamente iguais!>· NefKt/ç ,, t'lrÀó?eyo)) E?o<
__

,i.Jy 1 & rJ)..o1. >'?o>' á7r<icY rn


ii 1 Kttt ? lÀó rnç
/ É?
.- I I
TOUTlY .J.l/F"j fl?'JKD' t:e p-}..ó(.To) re , (frge
,_ ?I

17? v? 19? Die1s) e noutro verso I


adiante acres=
"-. \ , t .

cerrta e c« 7!"7:c( 'f?f ca« ?"E 7Tct.YT'c( (frag.,17 j


V:tt 28)º Tem sido uma questã9 explicar a evide??
_

te discorqância.desta afirm?ção com a observação


sãmp'Le s, que mostra diferenças tão sensíveis co=
mo entre o volume qa terra e o do0ar ou do fogoj
- 752 -

por exemplo; a solução de Po Tannery parece enc??

raro problema? ao mostrar que, pela sua teoriados


Empédocles deveria ·certamente _admitir que
,i.po:p?s?\?
do ar e do f.2·
A
.

a prepondera.ncia aparente dos volumes


.
.

A
go se explicaria. por que os poros destes ele1mentos
.

i ,
i
?
-
'
o ºd
seriam mu to mais eonsi·erave s d-o que os d.a aguae
o P'

da terraº ter, T; Tanne:ryj l11Histoire 1à. ?


?Se?ence ?elléne, _págº 315)º

109 ? Na épaea de Platãoj as antigas id?ias da.que


·

es- -cafpos:
.

celestes_ eram
.

in.feri ores- -a-·


' .

T.e--1?.r a-

em tamanho estão abandonadaso Com efeito9 diz o

Epfuomis (983 a)? z-Jy -


r?f ?À( o>' ?).oP ,?5' J?Ç
ó'')vnç fo"tLf(A) dlol. YD 1'J I)? r« e I ó 1/Yo('l""D'Y óefJúJÇ ?
/? I -
.C , ? ,1
º"l Tei' cpepoftEYo<. ottrZ-{)°"'
_ .

/(O((, 1To(.>'Z-o<.

?<X.11f"-<X tF -rt>' r c µÉ re/JD<; ?il .' ·

110 ?A.relação entre_a forma esférica e a raeioflã


Lí.ãa de é um tra'5o eleátieo incorporado ao-s?
..
? , , .

tema de Platao? Sendo o unã.ee dos. corpos geometri


.

oos que tem todos os seus pontos equidista:11tes. do


cen tzc , é o que melhor figura a identidade .na. ide_n
. I
,,.
todos re=
tidade de distaneia de
la.çao
....
ao eentroo
,A ,
os
.ci$Se earater e que levou Parmen.1.
,
.seu.s pontos em.

,,
des a conceber a esfera como forma do ser v.n1 .e-o.-,
A ,' .

pois o atributo essencial deste e igualmente a idea


"'
tidadeº Parmenides desereve a forma do
' serI eomo ··

I :, I
7;;« ">' e,o () ev eu 1<. KÀ e ir er d t "I?
1... '\

E Y o: .t\.CfK. t o v
f f
f
{) I<? (£rag e 8, 42 Die ls)º
- 753 -

lll = Pr-oe Lus , 161 Eo Cfº Fraccaroli?Timª-Q9págol76o


112 = Parmênides, fragmo 89 420
113 = Cfo a argumentação de Aristoteles, ? Cae =
lo9 286 b9 lOo
114 = Melissoj fragm., 7 = ParmênideS9 fragmo Be
115 = Aristételes j de Phil$ fragm.º 19 (Cf oCorn =

fordj Plato's Cosmo pág., 53) º __

116 =Aristófanes??? 693 sso


117 = Aécio? .II9 59 lo.
118 = Parmên ides 9 8 9 6 rrn De V I){;
a -TT I> >'e? (X ? e ? , j g
:,
p
119 = Empedoe Le s , 17j 3zg TOV-co o ?1To(llf'J<TEl€
To 7rJ)) Tc «e K.o<2 rtô&EJJ Í}t,/}/;-,; J
_. r'
oE
, ,
«« e ot 11 o A Q l
I( E
" ?
o 7: E)
TrlJ - .

120 ..
o= Hesiodo? Teogº 736 ss , 9

- , .aomo
121 = ?ue Platao-çoncebe a realidade_fisiea
.

,
sen d o por si mesma movelj e o que nos pa?e
.P ,
o
-
? A ?
nao poder ser posto em dúvf.da , O que forma a na=
/' A
tureza mat?rial do mundo e9 por ele, algo a cuja
.

representação deve associar=se inseparàvelmente a


capacidade imanente da mobilidadeº Assim é que
Platão.não concebe uma eausa do movimento fisieo9
no .sentido de exigência deJ motricidadeº A exí.s =
A º ,
tencia do movimento e um dado imediato e simplesj
inexplicado e incausado; agora? que o movimento se
processe de ou de tal modo j é taljá outro isto ?
pectoj par.a o qual Platão verá a necessidade de
\ I
definir uma otp
J
I<_ l r,J <T£ (i.)
P
ç, que s e'ra sempre o
l-'YJ 1J

que chamará uma almaj seja a do caosj seja a do


- 754 -

mundo constituídoº Mas parece=nos que há uni.


grave

engano por parte de cer tcs autores que , talvez .de!_


peroebidamente, são levados a tomar ao pé da
P
letra
A
"'°
a expressao
-

platoniea, e
R
eonfund1=la com a ideia
de causa de movimentoº Noiíç e :,A v«r1<.r; são prmcí
pios de movimento ou "' melhor? são expressões .simbÓ-
lieas de regimes dinamicos; nada significam
como
' I I
causas r ea i.s s A s id" e ras d e l 1:'lo( ou d e o( ;x?'J f
?
o
.
-;? o
"' -
VI. -

.de uma
têm apenas o valor principial de elementos
estrutura 1Ógiea9·representativa de um certo-esta?
? .

do do universo? e nao pretendem apresentar=se ?omo


o

antecedentes rfsicos no curso de um. processo ..do--de


- ?
forma desse. pro ees so s Em. res,B
venir; sae antes a __

moj segundo o nosso ponto de vista1 o


movimento9em
Platão9 por ser essencial e univ?rsal
na.naturaza9
.éj o .mo=
não tem eausaj mas apenas prineÍpio9 isto
viment.oj ao ser_ e oncebãdc , já o é em um determina=
cada
do ?egime mecânicoº A expressão simbÓlica.de
moti
regime é o seu princÍpioj e isso tería sido o
vo de uma indevida compreensão causalº
Se modo de ·ver aproxima a cosmologia ?a
tal
tónie.a da dos mais antigos jinieos 9 é coisa que .de
·

pende da compreensão que tiver.mos do que signifi e


a-

assume
o primitivo hilozoÍsmoo N-ai medida em que ..

a mobilidade física como ineausada,


isto éj em que
admite que para o ser corpóreo do universoj
na sua
anteeeden=
totalidade9 não se põe O problema de Ulll
te mo tor , Platão é- hilozoísta, como os primeiros
;' ? a sua
fisiologos º Se j por-em, levarmos em conta que
= 755 -
visão é muito mais profunda e que só concebe o

movimento através da noção de um princípio der?


·
ft ? •

gime mecanf co, .sua concepçao supera o hilozoismo.,


'

sem nega=loo
Assim9 quando um comentador? dos mais re=
centesj da mecânica·platÔnica? como JoBoSkempjad
mite que, os corpos s Imp'Ies não têm
para. Platão?
u fonte18 dos seus movimentos j mas
em s í.. mesmos a
que-estes procedem de nseparate moving causes of
?

.
,
a-psychic order?? esta deixando de perceber que
não existe em Platão o problema de "fonte de mo-
vimento'! que a causa ps{quiea j a que se refer?
e
- t:.. v'l
a ea , euao va or e
-

l ,?
v'
apenas uma expre s sao .samoo
o e o

e.
unicamente o de permitir traçar um esquema lÓgi=
p ? A
coo Todos os- interpretes modernos es tao d-e aeo.r,
do .em que aapec tes como o da ccmpos í.çâo d-a a.lma ,
-

a sua d.ivtsão em duas faixas'} os eírcu.lo:S forma=


dos com êstasj et-eo. sâcr?rações alegÓ:rica?,por
que entao não reconhecem que a alma eomo tal é9
, e que , portanto??ta=
!' . if'
.f
toda ela, um so s Imbe.Lo
A.

/lfà-Cónro cà fhndJy?(iGrAtmd??sigrífflmt?eBt:? que O mo=_


vimento· é simplesmente eterno e imanente ao ser
.= v'
fisico? Tanto mais de estranhar e esta confusao
g'

de Skempj quanto compreende excelentemente> a I si?


nificaçao puramente Lógãea da noçao de rX 7:l()( ,,
""' P ._.

,
l
ao dizer g 18We
.

musf remember that <X. l t: I


coç never
means a previous event related causally to a sub
sequsnt , but an aetive agency of a higher order
of reality whieh is literally "responsible for''·
- 756 -

the physical eventº.u (Cfa Ji, Bo Skemp?_The


.theo.rY .

motion
.Q.!: ln
Plato8s later dialogues? págº 56? 71)=

122 = Parece=nes ser esta a· explicação dessa. famo= -

sa e tão discutida expressão da teoria dor£


?
ceptaeuloo

123 =
.,

Aristoteles
tf'
?º 83 .

178 «ec oo<f El


9 b?
.> \ \ '1' .

v«c
I

f
9
I ,, ?'/ " I
TT"ÀEl OY? _µ.1,a( Ç
"'-
_!l /lc( V(To/ P;_Lat >'

r-rr=« '<&'.ÀÀI( (iW?fJ).',t:.Y'r)Ç


'Y)
,
iJ ?JI
£1<.E.t vr;ç e

124 = Aristóteles, de Gano il QQrr,o 335 b9 30?

125 = Homer e , Iliad.a j XIV? 2012 302 s


;,
Kt? YÓ)) fl
re, &e? v r I. a- l v, Ko< l ft 'f)?ti pof. T e J (•_
JJ É: 1-J.

126 = Damáscio? de primc,_prineo? 123; in Kern9?


f'ragm? 9 fragmo 60; Proelus ? in Pa rmen , ? 23;
ido i?
S1W.? 64$J 69? ide) lJ! Rempü.blieo? IIjl38? 8·;
Simplicio? Ph;vso 528o

128 - Em Platãoj_esta concepção do repouso


pcrle.sar
-?
757 -

encontradaº Ao apresentar no Teeteto (155 d) a


da percepção sensível? parte da cone?
sua teoria
=
.
\ I - -
çao de que 7:0 rr« v ..t' t ))?J{Jl ? I;>' • Mas o movim!!}
to se apresenta em dois tipos? como sendo a pos=
sibilidade de a de receber a ação, iJ ))at
agir e - ·

' -., ,1 \ f', I


(' ,
)L?Y 'lTOlE. er E_;toY :J t» oe 1Ta.CT;x_EtY •.
t
),UY OE 7:D
,p'

Ao explicar como do encontro déssas. especies de


movimento se gera a sensaçioi diz-nos que ;sses
movimentos podem ser mais lentos ou mais rápidos9
T?í(O_( se l<.<i.? /J/d.. Su1:fa> ?lJ Kt rrjq-Et ht
o<ui:evr ,. ora , os movimentos mais lentos são os que
se produzem no mesmo lugar e? precisamente9 con?
â
tituem os objetos fisico.s que geram a sensa ç o
_
,

Por- isso.Cornford comenta eom tÔda a razão que

!?the- physical objects which our sensations ?eld


and.perceptions are described as actually being
18slow mo't Lons " o· (Cornf'or'd , Pla to11 s Theory
?
?
Knowledge? pago 49)o

aristÓ=
129 = ?ste traço espeeffieo da concepção
if'
telica do.movimento e interpretado por We
rP

W1.mdt como uma prova de que a teoria fÍsica


de
d( Aristóteles se decalcava sÔbre a sua eoncep ção
lÓgica do processo dedutivoº A relação metaf:í'si=
ea causa-efeito? que se exprime no domínio
fÍsi=
? '

co pela relaçao motor=movelj tem por fundamento


.,,,-

a relação lÓgiea premissas-conclusão() A série de


moventes móveis, que por contato imediato trans=
mitem entre si o movimento, assemelha=se à série
premissas para
das eonelusões que funcionam como
die Kõrper
novas conelusÕesG nAuch der Satz9 dass
nur wenn aí.en bet>Ü.."lren auf e ínander wir:tenl) e o
sie
hat einen logischen -rundo Das hiom9 das s Ursa=
ehe und W?!kung9 Bewegindes tmd·Bewegtes9
nicht-
durch Raum 'unô Zei t V'011 einander getrennt se ín. kô
·?. "'

nnen , ?1:l;Jítzt sic:h u:nvertrennbar. auf den Zusammen.


hang von Grund. und Falge im Schlusse??., -= Wo-Wund\


Die P,hY.sikalischen Axiome J!!lQ; ihre Beziehung ?
Ca.nsalP,rin?ip() Br-Langen , 1866 9 pág.º 25 e

130 = A$ Koyrá? Galih?e et 1ª loi d R


inert?9 págº
39 nota lo
,,p ,
Ident-ite et Realite9 pago
.P . . .

131 = Eo Meyerson-9 1579


1580

132 = PlÍnio Se Rocha9 Notas de?º


13?'?,Tem=se julgado que Aristóteles não .teve .a .

intenção de apresentar u.ma verdadeira defi


nição do movimentoe A.ssim9 Jo B.audry (Le.problema
de 1 ° origine et de l ?terni tê. du
u
mond__§ 9. pcfg.o -135)
ar gumerrta que a expressão npassagem de potência a
aton não pode ser mais que uma tau.t.ologia?·pois .a
, ·.

id?ia de passagem equivale de movimento? Alem


'
a
. ,
ari.stotélica da definição9 ?
do maã s , pela teoriit
mov.imento só poderia ser definido com relação ao
? ? ?
seu genero proximo? que nao existe,,, Contudo? para
; . =
nos? seg?do o consenso geral dos comentadores91B)
c;:t
759 -
pode haver dÚvida que Aristóteles pretende dar
uma definição do moví.men to , A alegada tautolo =
gia.não e?isteo Com efeito? observ?mos que nas
duas passagens da F:Ísiea (201 a9 9; 202 a9 7)?em
que.se encontram aquelas _definições? não há refe
-
?
rencia a nenhuma v?passagem? 9 que seja tomada em

sentido físico? mas ao_eoneeito met?rfsico de a=


tualização .da pot?neiac
=
bem uma definição que

i .,;;,.

nao exprim? claramente a inelusao do definido em


á\
f'ei ta
,p·

um genero , porque
JI:,
.. termos me taf'Ls Leos
e
o
em
-R

de uma intuição.dos principios ·Últimos do ser9 a.


enteléquia_e .a poténcia? Que as proposições-??
' .... ç;>
,,._,
totelicas que -?itamos sao verdadeiras definig?e?
é coã.sa ·comum.ente: ad?i tida: por t.ida a tradição?
oolástica?.que9 justamente9 se ufana de possuir ?
iP
na frase- de Aristoteles9 o.que lhe parece ser a
Única.definição possível do movimentot) assim t
que So T-omá'.s .de quí.no dizg '80mnino impossibile

est .ali ter .definire mo tum, º'º nt sã s í.cut Ptrí.Loao-


phus hie defini tw8 .(In .fsY.!? III 19 Leetº 29n() 9 í)

3)o .cr. r., .(lredt.9 .Oo.s?·Bo-9- Elementa. philosophia.e


aristotelic6=?Stieae? 19.pág? 234?.igualmenta .

I "1

P? H_oenen9 S&J º Cosmolegia9 page 207 e


9>

134 = C-f e AristÓteles9 Met? 1071 b9. 7 &óÚYof.t"/JY


í).

!5LY')q-lY iJ Y£>'ltr8ca 1J tf O« ?id.l, ô<it


Igualmente na. !.i§,o ? 252 b9 6 .,ex=
r
Yd<.f ?>! o

prime a convicção da eternidade do movimento s ?fz-,


f','i? oiY o.J-Jelç ?JI ;<.fÓYor; o i},5
1
ifn:cx,
.e;::,,
760 c::,s

-
l
' ,, J JI
I E<rTrx e
cf
ot:e K(Y"r)ât.S {)1/ I{ '-r 'YJ
0111< o

135 = Aristoteles Hilo


,f)

9 $J
1071 b9 32?

136 = Aristóteles 9 ?º9 1071 b9 280

137 =
di
)lristc»teles 9 ?º9 1071 b9 29$

·138 = li.tl? 1071 b , 34ó Não passe sem reparo an];


< I
ança do verbo Uffc<.f
sentido que tem J-ElY.-? o
significando tiexistir anteriorroenteitº, ?sta be alre!;
dy in existencei8 (Greek= Engl,ish Lexicim Liddel e
Scott? Oxford)? Se tal foi a intenção do filÓso=
fo9 a sua expressão eonteria a indicação da prec£
dêneia neeessâr í.a da eausa, er, :tsquilo9 A@!!!o
1656, Píndaro? .Paeanes 4?205; Heródoto$) 7 ol44oXe
n?fonte? C:v:to 19 5$) 50'
9

140 = Veja=se a lÚcida exposição do pensament0 ?


ristotélieo=tomi'sta sÔbre a definição e A!-
-
visão dos princ(pios, no livro de Gredt? -Lembra êi
te autor que Aristóteles entendia por princípio -?

para todos os sêres9 aquilo S8eJJ y} É<!'Tt. Y


.J\
l «ee « e-,
rlI rv e t'O(.l 17JI y e y ai« ( ??
.

>1
7J
1013 a? 17)? De forma mais oompacta9 a definiçao
dada por S $ Tomás de Aquino é a mesma g iiid. a quo
a.liquid proeedit quoeumque modo" (Sumo theolo j· -I j
339· l)o SÔbr.e a questão aqu:Í discutida. 9 diz Gre-dtg
?Prineipia.metaph7sica su:nt ea9 quibus intrinseeus
- 761 -

constituitur omne ens creatum? haec sunt poten -


tia.-$t açtius" (C:fo-Jlt Gredt9 c,a,a., Elem. ?hi:to
ariso ??9
I?- pJg. 207)0
, , í -
de Aristoteles'p a d strínçâo en?
141 = Na--logica
tre o nome e o verbo funda=se essencial=
"'
mente.em-que- ?o nome e o som que possui uma sig6
.

? -
""
nificaçao eonvenc Lone.L, sem referencia ao ?emP,d9?
8-voµc1. _µ,i,; olv Ê<ri-t' <pwv? õn),l,? -,
v 'l"lK1i
·1
' lJ I >l I Peri
?po YO?
.

-Krx t:«. -<rv, 111') K1JY ix'YElf (


?c"9
__

.16 a 18), enquanto o ver be e "aquilo que


f
,
signifi?a âdêmais ,g teÍnp£1.U 1· 'µ, o/. S'l irr,t.
.t: 'o --- trp o a er17
,,M--ct t)) o )) .
X r ó v o )) .
(19. º 9

16 b9 .. 5) e .. O nome., sendo a simples representação


in.temporalmente e;? por is=
de . uma- cod sa , ·?t.(}ma.=a
so9 a-primeira operação do espírito? pela qual

se .pnoduzem os ccnce í, tos 9 não nos pode dar a re.=


presé:ntação adequada da realidade em transforma= I
'
,. ?
?
çaoe Mas .o verbo e capaz de ajuntar a signifie?
ção da coisa e da sua transformação no tempoé -?
junçâo9 pois9 do nome ao verboi :na segunda oper"ª
ção-do esp-Írito9 de que resulta o enunciado pro=
JPSÍCional9 é entâe eapaz de nos dar uma apreen=
À
? na
.

sao integral da realidade9 na·sua essencia e


sua mebilidade,
,
,
doütrina aristotalieo? ,__
Que tal e a genull'la

tomista? pode ser provado pelo testemunho de Jo


Maritaing tiAinsi le Langage , ne peuvarrt expr ímer'
' , -
a la fois la stabilite des essences et le .:riux
- 762

parler une
du mou.vement9 se décharge pour a.insi
= le Norn.= du soin-
fois pour toutes sur un terme
d'exprimer la et sur un autre = le Ver?
<l:,

premiere?
= par la mani?
be du soãn du exprimer le second ,
.ç:,

e" (J e Mari9
re d()nt n:? signifient 1 nun. et 111 aubr o-

tainíl :if 1éments Philosophie ? ? Petite 1,Qg_!gue9 Il (}

pàgo 70)o

142 º A teoria apresentada


por SÓcra tes-9 .no Têêf.e,.,
Jii9 (201 e)? segunde ia qual nada.ipcdenãa
?
.a natureza .do s.ie'Lemen tos -?
-

ser dito relatiV,amente


'· - ?

que seriam simplesmente nomes e nada maã s , na1Ji?!!?


. .

. . .

presenta t) pensamento de Plataoà .Nào. se eonhece


. .
.
·

qual seja o autor da deuür ína, mas .. o -fa to- .de--SÓ._ê


?rates apresentá=la1 come se a tivesse concebido
em sonho 9 Leva Co?nf or-d a conjeturar que .d aver ia -
ter sido· 1Jf!à·-eiia1ão posterior· à morte de- 'SÓ'craws
(Cfo Cornford9 PL, Tho Knowlo? pãge 144)ô

141+ -? ·!ufióJ(??ê?-âbol?:i. ·:ti Jri'.mêif.;a ,?r:a?? ·setr:i,?ó).· t·

!?í,jji???,L.P9i-olapà.??eeiment? da- matériano


!J}'!:-9º·" .?u, ccme ehama , n1a feeondazione della
'f.Ji'rif fT ·Ila?-'.:? par eee-The que est&. primeira geração
_. , A
nao e9 em esseneia9 diferente da segunda9 o que
.• . ? , 41,

nao JU 1 gamos exato? Com toda razào9 porem9 per e?


í n si elim!
be--? q:1e cem a aee tação ?esta hipótese?
nan.o? si at?a.no anchê delle altre gravi diffi "

I
·a"? (._Il Timeo? pago
co lt' 101) o
.
- 763 -

145 """ ?which has been made fiery11 (Cornford9Els=


tons Co?mo, p4go 187?)

146 = Cr_i tieando a doutrina exposta no Fédon


.(96 a= 99
____ e)? segundo a qual a causa
do
aparecimentq e desaparecimento das coisas seria
a participação da.s Formas9 Aristóteles perguntag
, ' r '
eo-r cr
?
«crt , ,, r
« r« ?t.or;.,
r
at.ill
Et )LEY folf
ti ' 'Jt, T' v\ >' ? ) rr11>1
li
o ,c
,,
E.X C>ç , cfc)..Àà
,, ' .
.

170t'E fo£Y TroTE ó ou J oYrwJJ /(«.£ '

t:wv ilb?Y Jâ Ket£ rwi> µE.IJE. K'l"lKW>p j


?de Geno et Conti>? 335 b? 18).

14.7 - er-It Cornford& up1atovs purpose is preeis.§?


ly
to.introduce space9 as an eternally r?·
al object9 to fill
the -ib.lª1Xk-' left by the totally
noxi=existent in Parmenides11 ·seheme? which conse=
quently provided no?pport for any world of appa

r ences" {P1? Cosmo pÍg. 193) .o


148 = Quando Aristóteles (?o 1015 aj 17) in=
·terpreta o sentido da palavra 'f V-5""l? I ?
,ultima ae epçao K. l 'Y1J-
? J ?
.

na sua como uma, Oí.f J-YJ


tr E co Ç 1 não
devemos supor que es te ja ref erin=
do=se a uma espontaneidade do movimento no ser 11!!
teria.lo A <ptltrl n.11?presenta apenas a natureza mÓ=
'1 O
t
.

ve 1 d o corpo, 1.s o e? a sua 1spos1çao
e

;
,#
n rinse=
e
··
it-

ea de existir em movãmen to, Aristoteles quer in


.

d:leai:??10 simplesmente que na essência mesma do


o
corpo está o princ:Ípio que torna inteligÍ??-
- 764 -
seu movãment-o- mas n.ão que êste pr1.ncipio bastem
ra determiná=lo realmente9 dispensando uma-causa
exterior f'ra.se e? ao corrtr-ar: Cl i uma. .axc.e.lente-
"
o- A
.. >-tf!
i
oc_asião de vermos repetida a doutrina .pe:r..manem?:-
ta de Arist&teles, de que a mobilidade rfsica ?
º ? I
pois sao imanentes a 'f u acç
o ti,§ ·

p'Lenamerrte rac1onal£i
,.

) ' -- I
?".
do corpo os principios explicativos de súa mobil:t
dade , a ponenc í.a e o a o , como d ec 1 arai Krxl 7J
I ,,
t .
'?
l Y' a e vJ y u as L O>' TW)J
CXf 1'J J.
'i'Y)Ç I< Ç TfAJ
'f '
et
.a V t: 1;/ E:flZ-
ó u >' « }A-E{.I ?.
.>

l ,Y ;
f
o
/ )/ u tr«I
A iden tifiCj!
e )Fi E. À s x_1:.
f ;x.?
(.
11' CFCX

of.
I
7T(A}Ç
J\
?7

"'COID O prine1.p10 d e mov1men t o ...


º
?
·
e
.,.,_
//)
ça? -?a. 1 urt'°Ç
11
-

não constitui por tarrto uma revogação das doubr mas,


que antes comerrtamos , da exigência de uma causa Pcªl
?
.ra o movãmerrto , .A causa e suposta vir ao encontro
i·os princípios que existem Lmanentie sj como sendo a
-?
natureza do _corpo1 para que des se modo se produza
o movãmen to•

150 ""':If curioso observar que Aristóteles? apesar


,dê repudiar e rêcursó_ :i ·metá?ora tt?mdi;me±@
ç4;é,.explicação nas eoisa.s natu;ais? faz frequente-
mente isso mesmo que condena em Platão. Assim,
quando considera o primeiro motor9 como causa fá
na l, objeto
de amor., ?pwµ...£.YOY
um (Meto1072
, I

b1 3), que forma de linguagem é esta senão uma m?


,
tafora? ou, quando diz (Fis O 9 188. a, 18) que a ID.!
,
teria deseja a forma I por ser da sua natureza que
-
'
tCÁ u
:>

assim acc:onteçaíi ô E-(


rov'-
f rur
<j>Y<rlY 9 que e
,
fJ«. e o{ 'lf?:O'lf
"
t
lúi1:'d.
senão umaisto
??>'
fÓ:rmula sem fundo? Não SEJ_ compreende í! pois 9 a
sua-crítica à noção platônica da participação 9
quando acha que considerar as Idéias como para=
digmas de que as coisas participam Kê v o ÀDTêl>'
Âfr't"l ,t"o(t ft,lTcx.fófol..Ç ÀÉJllY 1TOl'>')T:ll(d{{?
991 a9. 21) o

151 = A_ não ser a vaga -e incerta i?dicação de


G? Milhaud9 qú? mais tarde· discutiremos?

15Ia%' Eis o enunciado das duas primeiras leis


' "
da.dinamica newtoniana&
Lex I=
Corpus omne perseverara in statu
suo quiescendi vel movendi u.nifor?iter in
directum? nisi quatenus illud a ví.r íbus im
p,?essis ?ogitur statum suum mutareo
Lex II--=- Muta.tionem tus proportionalem
mo
esse.vi motriei impressae., et fieri $eC'll!l
dum lineam rectam qua
vis imprimiturtll illa
(I? Newton9 Philosophie Naturalis
Princi=
pia Mathematioa)-e
1/
,
pago .227 1t /"
- -

152 = Cf' e .F:ra.ccaroli e -,, I. 1 Timeo e


-,,
,/

/
155 = Dec:tdidamenteí) o consenso da maã cr í,a --dó?- .

?
historiadores da meearrí.ea e .da filosofia da
natureza é concorde em que 6 princ:Ípio de inércia
nae foi pensado por nenhum filosofo ou
?.:, t? ,p
ma üemá trí.ce
da antiguidade o As sugestões que .poder-i.am. ser.fei=p
.

tas9 tentando encon'tr-ar no sistema de Demócrito ah


de Epicuro9 assim como. numa .casua L passagem .. de .Plf!
bar co , um prenÚ,.11tdo dessa lei9 são .desapr-cvados
.
-

P A A
por analise mais detidaº .Sobre a existencia?da-i
.p r;0 .
•. , ?-,
nér-o í.a na coneepçao atomista9 E •. Meyerson. mostrou
o
A
de tal
suposição s q8nulle part.9 nâ cllez
infundado
un phf.Losophe atomã s+e , ni meme chez aucun ecrL=
.
.
.

vain anc í.en , n" appar-a.í.tr. une allusio?· .Indãquarrt que


18-on croyait au mouvemenf indefini en ligne. dro1=
te9 ver tu d.ll?e impulsion r eçue et sans 117-aC--=
en
tion ccntrtnue Lí,e dºU;."'le force?? (Iden.tité et :.Réali=
pág , 113)0- Faltou a Meyerson ter cons í.der-ado
té$)
-

com ?io1? atençâ:o o conteúdo do Tim?9- sendo aliás


estranho que nao - seja mencionado o nome -·
de Platao
- -

no seu estudo sÔbre a história da lei de inércia&


Igualmente? Ee .Mach considera insignifican
-,

tesos conhecimentos dos fundamentos da dinâmica


entre os gregos (? Mecanique5i
.
? .
trad? fra.ncºíJ··Pªgº . ?

ll9)o Ainda na opinião de Ao Koyré? o princ:Ípio-


p
de inercia ttinconnu des ancd.ens" s que nos parece
.

íl

completamente evidente9 para os gregos? assim co?


me os pensadores medievais apresent.ava-ue
para 'd ?
mo afetado por uma evidente e irremediável.absur=
i ? ,
didadeo (:§.io Gal;Q., ? l8aube de la?º .Classo,pago
, ?
. 8 Jc Tal. pareee·- ser. tambem a opãnãao de Paul Tan
nery (Galilée et- les prineipes de la dy.nam1que9
Rev o .Géno .S.ci ? XII? 1-901? pãg ti 333) e
-Podemos concluir da apreciação dos teste=
mrmhos .. d;stes .respeitáveis historiadores um fato
importante para. o.nosso estudog é.que não assina
lam. em.nenhum>,?JJlSador antigo uma antecipação do
prineipiG inereialíl .de modo que , para· ·??ti? que
queremos mostrar a sua presença na teoria platô=
nica..íl ba s tavan,
·.
'·· a defesa de aspecto positivo da
nossa.tese? .sem.neeessidade de.debater a questão
Masj assim
·®

em referencia a outros .s i.s tema s , CH)?,-


- -
mo. julgamo? que .. se equivoearrL em nao .r-aconhecer
#
n?
A
um eonceito de lei de ir.tercia1
.
.

meeanic? do Timeu ?
estar enganados sobre a sua·? 9
• .

•.• ,R

poderiam. também
sên<&ia noutro s.istema ffsieo<> Por isso julgamos
indispensável examinar o problema9; relativamente
t·ôni=
ao atomismo 9 já que fora da à esmo logia p'La í)· .'
p A
ea 9 e ·ele o
,?
uni co esquema s em que haveria a pos - .

?
si??:idade de estar contido esse pensamentoo Noc.2
. . .
,.

so .estuio·? porérn21 confirmará ?.m??té11cia


de uma
" ; º
=
eoneepçae r ea.1 UGf.
.::i....
1·· º
ner ea.a na d ou r.ma d e D smocrj,
º
t ·
·

too
SÔbre Epicuro? er? .Lucrécio? de R.,erum Nat11=
n-?· livro II
e passim; sÔbre Plutareos @f? .de ±à=
eie in o?·be lunae?- VI? 9?
Se9 sÔbre a inércia do movimento9
par-ece in
a Platão
.discutível que nenhum filósofo anterior
- P
A
A iner -
suspeitou desse eonceito,sobre a noçao de
- 768 -
?ia do repouso é possivel aonsiderar como.um ante
@edente a concepção de Anaximandro sÔbre a posição
da terra no centro do universo0 Com.efeito? jul
gava que a ..
íi?rra deveria necessàriamente estar no
centro do mundoíl por não haver mais razões .para
que se movesse para o alto do que para baixei ou
ainda para qualquer outra direçãoº Diz Aristóteé
Les re:ferindo=se a essa t eor-La s ??ÂÀo» )Le->'
-' fl ' I
\ JI J' I
«« TW ? El, S -r«\ -rr)..rx,-
r'f 'f Í ô 11 UE Y

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To EYo<.Yt"lO)) T??r
c:f tr, ' Êf /x Y<Í T K 1')Ç »-,É))£ /J) . { De ·

Caeloi 295 bi 12)o Hip?lito (Ref? .Haerºi I9 6)


j} ?
testemunha tambem ser esse o ponto de vista de A=
naximandroo
Segundo Gomperz (ape .Ro Mondolfo) ? haveria
aqu? uma aplicação.do princípio de inérciao Con-
tra êSse .modc de ver argúi contudo Ro Mondolfo .(?
Pensamiente Antlg!!Q? I9 45) que se trata apenas oo
coneeã to de equi.lÍbrio de fÔrças j mutuamente opo?
tasb
?entimo=nos inclinados a pensar numa ante=
cipação da idéia de in,'reia do repouso, porque?a.®
b =
menos pelo que se depreende da eitaçao de Aristo?
;
teles? não há referência a fÔrças exteriores.apli
.
,, .
J'
aadas? e dito simplesmente que a Terra esta·colo?
cada no centro do unãver se, e dessa situação· ex «
- 769 -

clusivamente decorre a sua imobilidadej por au-


sênc La , portanto, de fÔrças externas solicitante?
O intumto
da presente nota é assinalar que
o conceito da inércia do repouso se encontrai=
gualrnente em Platãoº eom efeito9num diálogo bem
distante ainda do Timeu como é o Fédonj em sua
parte final?depara=se=nos um dos mais interessan
.
I . ? A
tas mí, tos escatalogicos da produçao platonicajma.s
t?
no.qual.transparecemj· alem da finalidade simples
mente-moral e religiosa da encenaçãojas bases da
ooncepção.-geográfiea de Platãoº t uma vasta dis=
ser-taçâo que se encontra não só a descrição da
.em

superfÍcie-da.Terraj.eomo a do seu interior? ex=


plicando=nos como são formados os imensos abis=
mos telÚricosj até o mais profundo de todos, o

Tártaroº Mas? no.início, ocupa=se Platão do pro


blema? que sabia ter sido tão debatido pelos fi=
, =
losofos antigos9 da forma e posiçao da Terra no
.
.

universoº t
quando entã0 estabelece estes dois
t? .I'

pontos do seu sistemag a) a Terra e esferica,


b) ocupa o @entro do universoc
É ao declarar estas duas concepções que se
nos depara o conceito da inércia do repouso (108
- ?
e 4) g ?(.
:, 'I
E tr'<L Y
:,
E JI
I
J).-£ãff 'l"f OV fCX
,_
?'f 1fEf L fl-
Jcl,;_ JJ-1T'£ &lpoç rrt,O>
p?ç oiro-11.., Jl?dEr r1..Vrff
rO µ.?TíffEiY ,Jl'}'</
ÍXÂÀ>Jf JvlXr!YJÇ ,,U'>}d£-
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l/l"JE.lY_ 'l'JJ? ou oc 'TO"lf O"!_ Q'lffô1f


tr« >' 't'lJ Y
E. g V-Tlf K ri. t. 7:? ç 7
Ç of. 'VTrJ Ç '1'J
= 770 =

., I J I \ ,._
£tºff!ôff£fl..'Y: u;oppo1;0)1 rrx1: I '17l?Yf4-rJ..,}
ou o 01.r rel o ç , Yr ' ?ê.õfAJ
e
,. ' E. 7:£ '/}£v
' , ()'V X
&/ '\ ' '< (' ,
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...,

_E
?
5E! /\-/\.0: º1;º 1')",??y ?é ()?OCX.)A-0
KJ,.l e;vrJ.l} O)A.,olfAJÇ ó (ltl)Y rtK.ÀlYEÇ
)Iv£ Y f.t. O 1'i)epouso da Terra é o resultado da - sua
situação centralíl a igual dist?11cia dos limites.do
espaço, 'e da não=solici t.açào em direção a Lguma , por
f'Ôrças externasº É? como vemos71 a mesma.concepção
que acabamos de assinalar em Anaximandro? Tudo faz
A
·crer que a sua presença no livro .platonico indique
simplesmente a in?orporação do ensinamento -de-. . um
fÍsico anterio:r9 onde Platão teria visto .uma.verdã
de indubitávelo Não há razão para julgar que. se
trate de uma elaboração pessoal Platã·oº Contudo
de
a coneepçâo de ânaxãmandr-o é firmemente recebi d a
por Platão9 que·a exprime com a convieção

de repr?
sentar 1lnl dado cientifico seguroº mesmo pon- fste
tõ de vi?ta é o de Lo Robãn , ao comerrtaz esta .. pas=
sagem na sua introdução aó Fédon9 quando9 referin=
do-sse ao conjunto do mí.to , dizg iijil faut bien - se
. .
,
garder dºy voir la
fantaisie dºune imagination po?
tiqueg c11est au contraira une tentative treS Sé=
rieuse pour donner d.81.L"'l probleme physique une so lu
tion autre que celle des eosmologies naturalistas
et pour dépasser d8autre part les· traVaUX de- la
? ?
geographie purement descriptivei,8 (Fedon? noticejlXV9 .

Cello Budé)º
Não incluimos a discussão aêste trecho .no
oorpe do nosso capítulo s3bre a teoria da in?rcia
= 771 =

A
da cosmologia platonica pelos motivos seguinte?g
em primeiro lugar,'o que tem realmente importân=
eia para a fundamentaç.ão da teoria mecânica é o
co?ceito de inér?ia do movimento? pois é êste par
tiqularmente que· diz respeito ao problema da di=
A
nalflica; oraj havendo aqui a possibilidade de d?
moristrar o encontro dêsté Último conceito na :t'Í.=
siea de Platão? foi nêle que pusemos todo o nos=
A
so interesseº Ademais 9 como d í.s semos , julgam© s =
que .a- ..
=
es tà í.ca do Fedon nao
concepçao .da inerciao ..P ..P

t d'

é-criação original de Platão? mas uma noção a.@ei


ta da r:í'sica anteriorº 0 fato de sua assimila=
= ro ?
çao pelo _pensamento de Pla.tao e alt?mente auspi=
?ioso para a nossa tese? e manifesta assim uma
= d'
eompleta-representaçao da lei de inercial) Contu=
'

doj parece=nos que esta presença das duas part?s


da lei na obra platÔniea não significa que Pl?=
tão mesmo se tivesse dado conta da sua m?tua co?
relaçãoº O que há de significativo no seu pens!1, .,f
,p

mento? isso so nos detivemos na analisede§.


e por
I
te aspectoj foi ter concebido uma teoria f1si?a
.

em que figura claramente uma intuição da


inéreia
dinâmicaº Mas o Timeu está muito distante do
?
Fedon e? embora a presença da discussao de temas
? .

geográficos e astronômicos no diálogo mais remo=


A
to confirme a nossa tese da existeneia de Ut?a
intenção cosmolÓgiéa na evolução da obra platÔni
I' .{It
eaj do conceito de inercia esta icaj que
A #
1
o
se o
ai
eneontraj a de inercia dinamieaj do dialogo ul-
;
- 772 ex,

t er í.or ,
há intervalo que não ousamos justa pÔ =
tal
los e afirmar que Platão tivesse concebido as no=
,li
çoes que para nos representam a lei e nerc1ajs1=
,:,a, di" o o

multâne_amente nas suas duas faces-o


Seria uma derivação demasiada levantar aqui o
problema j tão dis cu tido 9 da imo bllidade ou da rot=ª-
gão da Terra? o que depende· da interpretação a dar
à .pa ssagem 40 ,boce do. Timeu? Entretanto.? para a .fun -

? #
damentaçao do conceito de inercia do repouso basta=
nos a declaração expressa da posição eentral-da.?
ra lse_j ademais j. é a Terra im0vel - ou se. g?ratem. .tô,i:
,li - ó' :

no_de um eixo que passa pelos polos:1 s.ao-hipoteses


. ç;; .
A p
que nao afetam aquele conceitoº Observe=se,porem?
p :A, ? d' i;s,;

que no mito do Fedon este aspecto da questao nao e


tratado e que nenhuma expressão do trecho citado
nos obriga a supor a imobilidade absoluta da Terra;
I
a is o ppo1rui. de que a í, se
?
l
tanto pode ser esta
?
fala
tica como dinâmicaº Para conhecer o pensamento de
ir
.
""' A
Platao a esse respeitoj ,/J
ha que
tf'
buscá=Lo no Time?

156 =· Em dois lugaresj pelo menos?


Aristóteles cen
, .

sura a Democrito conceber o movimento sem


causa e deixar ao acaso a geração do univers0º Na
Meta?Ísica (985 b, 5, sso) expie a teoria-atomist?
do ser e do vazio e da diversidade.dos tipos -de

átomos; e conclui com esta observação cri tic a s

mpf. O,\ Kl r ? re 4J,<; ) () {)£ y


ro,s o 1T?l J
1T;;;<;
1<.rx,
1f17o!. ?
ee
oÕ-ro,
f
'ffd.fo< TTÀ,õtúJÇ
f
TDê's ?).Àot,; f{ 'fÚrro<.Y (985 b,
{xt 8&-,µ.c,;,;
....
773 -

19)? Na Física (196 a 24)9 referindo=se indubi=


tàvelmente aos atomistas? estranha que se possa
julgar universo cons üí.tufdo pelo étca?o que dá
o
origem. aos turbilhões pelos quais os elemento ts '3

são separados e a ordem do todo estabelecida;£1?,


á/ rc12j' ,í.' Koet ,DY-f«.>'o ii ,ov<Íé Ko<t .

?wv K.ôrp,(A)'i 'Trd.Yt:w.-v


, \
o<t.rli3ir?L
I
,
r I \

/
\ •
To(V'Z"ofofl.Tôlr l«/
·

o rxuro))-«'é?Y
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ol7T'O
«« r rf' I
T
'C?Y
/ y rt.(){To fll Y«T?«« cl.
e d. I(.
I
)I
Y
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J<.o( L
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K. «r« a-« azc»
(r?"?
JJ'l)õt'Y

·ilt
.

r«Ú-f:r/Y T'?Y ro<f,r·· Z-ô rf«.Y. .


.
-?

.P

? 7j
.

157 = Diog? Lae:oGiO? IX? 3lo


158 __ Alexandrer?:- ado: 1? 47 º
159 = Simp1Ício9 M Caelo? 110; Physº? 257 b , ..

lÓO = Aé?io9 5j 4º Ij
A:ristótele? ? fhys o ? 196 a 26º
161
162
=
e:,
.
Alexandrej
..
Netn
'. .
?
r, 47, Simpztfeioj
1

?
?eloj llOo
? ?
163 = É interessante.a argumentaçao de Aristote=
·

les sÔbre a teoria demoeritica da alma.o Se


os átomos anímicos s que- são por si mesmos dota =

dos de incessapte movimentoj é que comunicam a

mobilidade ao co rpo, poderia admi tir=se que por


esse modo fiaass? explicado o movime:q.to; mas ?ne.§.
,A

=
te caso? o que se tornaria impossível ?e expli
ea? era o repouso dos seres vivos
?
o Cfo ? Animá9

406 bj 200
? 774 =

164 - Go .Milhaud9 Les Philosophes Geometres d.e


... ' ..


? .R
Gree e 9 page .29 8 e .

165 = C6?nford9 Pla.tov s Cosmology9 págº -2020


166 = De?qcrito9 fragº 164º
167
168
=
=
Empédocles j frago -17 9 Diels o
Cf? Eva Sachs9
,
paga; 99.ss
'

e
?? - - --
? ....
,12lato:qi§ehen Korper9
%u
- - -

.
- .

.
- .

169 Pr-oc Lus , in


= ?Q.
edo Friedl-Oj· _págo 659---l?? -

.
N A
170 = Notemos que a uma 1n 1.n.çao 1ngenua. a,_ id'ie a o
to o
.

da extensão nos é dada mais imediatamente pe


la imaginação do plano indefinido do q?e pela do
espaço tri=dimensionalo
171 = ·Aristótel?sj de CI?elo? 306 a , lo
?
172 = Cfº F oMoqornford; Pla to9 s pago 2160
; .QMmo 9-

173 = Cfo FoMoC_ornford? Plato11 s Cosmo? pago 210º


174
175 =
176 =
e::>

er, Ho Martin? Éto


EvaSáchs? die? ?
-Zeller·j opo eito? II? l? págo -8.00 SSo
le Timée? .rr , págo24,L
iij RR JI
platG Korper9 pag? 217º
"
_
-

177 = Fe Mo cornrorõ , PlatoUs Cosmo-? pªgº 1900


178 ? or, .Fraecaroli? li
Timeo9 págº .2_6._8e
179 =·Cfo Fraccarol19
180
181
= Ho
= Ao
MartiI1j ?to
:Eo Taylor?
?

.ll Timeo? págº
].!t Timée1 II? pág ,
'

Plº !!me? pago 374º


2690

(P .
-
2390

182 = Cfo Aristótelesj =y--" FÍsoj 251 b? l4g fl£D! ,, rE


I & t: ...-
.JI?
'YOoYOV J £,;60 i>'OÇ, ó)LO YO?J'l:ll((.,)Ç eÃo>''l"'£Ç
I /'f I 3 r \ ,._..

r» >' -C-«.l 1r?Y, EÇ. of. re Y?'l:'DY ráf> el>'« e


·

f
'f...d.
-
_

Àf yoll"<ro>. !
exceção a que se refere aqui é reve-
lada j quando diz mais ad?ante (251 b , 17) s rf)..._/i.,wv
tf1d.Ífl"OY yt))Yf ?O}'ôf.
= 775-=

183 = Fraecaroli9 11 Timeo9 págº 2010

185 = FoMoCornford? Plato and Parmenides9págo192o

18P· d· ?esde que Platão concebe o tempo eomo geFã


?di
do pelo movimento circular perio eo e nao
o
e,:,

lhe atribui n?nhuma ·iignificaÇão como objeto de


p.
vemes que di.f?ul:.dadJa
.•
oa

intuiçao psicplogicai nae


•1
o (;::.1 o

possa.haver para alguns autores., como HoCherniss


(.Q:Q.1 .. cito 9
pág o 4189 nota) 9 em reconhecer a exi?
.tência de uma multiplicidade r{siea. de tempos no
pensamento platÔnieoo Sem dÚvida., cada revolu =
ção lfim?tir ia ·.''ê uma n,mi of temporal measur.ement1
..

A
t
mas isso pelo fato
.

mesmo de ser uma flueneia te.m

poral independente o

187 comentário de A,f' E?:\· Taflor a este respei-


= O
,. "'

to expõe uma opinião concorde com o nosso
POI\ to de vis ta º Tudo
:
nos leva a ju?gar que Pla= "?\ ?--.
·,
= 776 -

tão não pensava em nenhuma extensão definida .qe tan


po aonstituindo o período do ano pe:rfeitoonTimaeus
need not be supposed to have any theory about .. the
actual number of days in the period o He does n.e t
p1"dofess the length of the -"eomP+e t-e_
that he knows ..

year'i but only that 1 t is possible: to determjp.e- i-ffl1


:1

Entr?. os astrônomos que, vinham investigand?- .es ta


>
• .'.•
-

ques.tão? as opiniões var-Lavam; Uns ã:avam_a··_dm"l>a./?


·

·
.
·
I :, I
çã© de 8 anos ao t: £ À.£ oç EY, o<.1/,oÇ ,. outzos, de __ _ ..

..1_9, e outr-os , a tnda , de 59 ''anoso Mttito tem sido .


.
·? . . .
. .
I ,
:?
', l '.· . . .
: .
?

·diseutida a relação que possa haver entre esta.no-


·
çâo e ? contida na enigmátiqa passagem da RepÚbli=
?baria (£17£?.
.

_<.546 a)? onde Platão se refere ao modo como ao,!

r£YOµ.-€,l''f Tr«>',2 /()/)O/IX. £(Jl"(.Y )


o regime político perfeito que a sua eonstituitio
=
estabeleeeo Ai fala 4
de um periodo para a
?
geraçao
divina:, cl?finido por um númer-o perfeitoe Tayi"or a=
ceita a solução.dada por Adam (Re:eublic of .Plato?
II? -301) à interpretação dêsse ?p,()Aõç }t--.,;.1? __

Z'f_'K. tfç qe 3 6oo?jistoe que lhe atribui o valor


-/l ú'
e? o numero de dias de um cielo de 36 000 anos de
360 dias cada um, iste valor ainda relaç ã.e>,. teria
eom uma outra indicação da RepÚblicag é que ... .na
narrativa eseatolÓgica de Er (615 b)? há uma frase
que diz ser de 100 anos a duração máxima da .vida
h.uma.naQ Ora?J 36 000 = 360 x 100? e signif'ie-ª. isto
ria que a suposta duração do ano perfeito seria tal,
que óada vida humana fÔsse como que um dia na vida
- 777 -

do universo?
De resto? acentua Taylorj como já tínhamos
feito9 que não se pode atribuir a idéia
a-Platão
de uma verdadeira existência cÍtitt..oa para a nabu-
r.eza?
.
que os acontecimentos se repitam
em ?
na mes -
ma ·ordemg 19There is no suggestion thát the end of
the. period. is .marked by any cosmic ca taelysm, ·,··?;
\

that the .events ef' the eyéleí?.?e .repeated in the


n.ext cycle'''º Assim1nenhumà ··razão existe para jul
,
gar que- estes .. trechos da ?publica sejam a so'l.u-
A

? 4'
.
- '

çao do problema do ciclo cosmie9 funq?mental? Pa


t? ,i,. ,p
'

f\

apenas um periodo
ranos9 como dissemosj este e
imaginárioj da eompos í.çâo mat.emática.
resultante
t,a. rtl<'Nl.mento$ periÓdieos? e não tem qualquer s ig=
nificação r!s_ica o mesmo que pensa Taylor ?
o- t
''There is no sufficient ev Ldenee , so far asI know9
that Plato attaches any astronomical significan=
ce to tl').is per ãod" o (ã, E o Taylor i Comm.o on Plo
Tim·? 9 pág 216) o

188
/
,
a:?traria.das
. /.
e:,

disposiçoes.
.
A atitude
'
de

.
Aristóteles
lÓit??\i'i',iD'.tttri:@jr,??. ,.: ?llntil?i?n.aêa
' .,.
_Sua
:êln.
?
relação

simpatia para com


.aos
mau?
fi

-; , p
Anaxagoras e Democrito transparece atraves mesmo
das- er!-tieas que lhes fa.z9 contrastando com o tb,m
e·m. :. que quase sempre se refere a Parménides e
Platãoº Suas alusões não podem ser tomadas se=
? ?- , o o

nao com cuidado? poisj quando nao e por 1neapae?


dade de compreender os traços distjntivos das i-
I I -

deias antií.ga s , é deliberadamente que as .altera--p?


.

..

la interpretação abusiva que lhes dá? pr ocurando


apt®séntá=las em têrmos. de sua .própria- doutrina-ó
Por Lsao , .?·?m ra?zã·(® RÔbin cens ur-a os i?parti pr'Ls" _

.
,:1·

que compr(?metem o julgamento de Aristoteles e SO=


br e tudo ·?la facili té avec Laque l.Le il déforme?dans
ses traits? les plus essentiels? la doctrine .. de
ses· pr?décesseursi? (Le Robin\j'· la Théorie plat?-des
,.
Idees et
.

des Nombres9 pago 582)?


/ Particularmente
a .. filosofia ele?tica é objeto .da sua iimauvaise hÜ
if} ",....... ,. ----- .•.•

et Methode chez
. . --

meur?? ? como diz Lª- Blond (I&g1qu9


?ris tote pág.o 256) e
í)

Em de Platãoj sua
relação. ao pensamento ati-
tude é a de qu?? está seguro da superioridade do --
seu próprio sistema em face do dêsses dia.?etas??
, não??. podem libertar da obscuridade dos.mitos?"
Cont?do9 a crÍtiea aristotélica da obra platônica
? -

revela quase por toda a parte uma eompleta incom9


? ?
preensaoe O exaustivo estudo de Ho Cherntss a.e?
se respeito nâ'o deixa dúvida que Aristóteles nãó- -

soube entender o verdadeiro sentido-do pensamento .

t"""" f'
ue p lavao? o que tira às criticas que faz ao seu
t:;:,
o
· ..;:i

mestre todo o valor que parecessem tero Isto se


afigura urn ponto pae If'Lco , Quase todos os estudj, __ ..

osos modernos de algum ponto da filosofia aristo-


télica acentuam-lhe a ignorância do justo sentido
das doutrinas platÔnieaso Ássim? Le Blond julga
que '?Aristote est même souvent plus sévere et plus· .. ?

i:rijuste pour lui (Platon) que pour les autres"(?


c:o
779 -
?09 pàgo 256)0
.S-oA?re
? a teoria r'sina
? ? do Timeu? en t=ao9 as
incompreensões são
de tal monta que o juizo a ?
zer sÔbre a sua representação da r!siea platÔni
ca não pode ser out?,o s?nã.o o de Fracearoli g'?gli
errori di Aristotele nel riferire le dettrinece1.
maestro mm sono ne rar.1 né piccoli? e .speeda.L =
I;\, I;\,

..

mente ·sul-Timeon (il Timeoj págc 75)?


A apr-eciação geral? que fazemos da atitu9
de.de Aristót.eles·com relação ao platonismo? é

a. qu.e--exp:ressamos - ao dizer que. nos


-
·

p3::rece haver
am.Aristóteles a.intenção constante de corrigir
adeturpação.fi1osÓfiea e cient:Ífica que julga'

ser o sistema de Platãoº Encontramos a confir-


Robãn s tiil (!
·
·

mação dês te. nosso aulgam?nto em L&

ristote) veut toujouÍ· av?ir 1 i air""·. de r-epr endr-e


la ehaine diune traditi@n philesophique qui auq
,p, ,?
rait ete r-ompue par Le s d:lvagations de Platon"' o·
(2,p; cit;? p?g0. 5829 nota 550)e

189 = Cf's Hit intervient dans


·cartereng n1n â:me n 9

la position du temps quià ?itre secondaj,


rej f'a í.san t du temps un nombre ac tue L, e est -a
·<t,,
8

dire.apportant une détermination cenventionelle


et artificielle'?
(Rev? Philo?. - Jutllet? 1929 :1

La notion du temps ehez Aris tote s ?·po J º ·Baudry?


op .. cito págo 142).

190 - Cfº lfoBréhiert1 lfDe·scartes d.égage la


, phj'.,,. .

sique de la hantise du Cosmos helleniqué?


' .
- 780 -
' de 1 ii image d i un e er' aan e a ..... pri:v.1 1-
tl' estc::itacodilfe t o
't t
.
o

.P
o

.
?
gi' des choses qui satisfait nos besoins-astheti=
ques s,, Il n?y a pas dªétat privilegiá .puí.sque ....
tcrus les é,ats sont équivalents-o Il n?y a doneai!
cune pla.?e en phtiique la reehl.3rche des caj
pour
ses ?inale$ et pour la consideration du meilleurtt
(?ist.? de la Phil? .t? II fas?Ql? pâg,, 95) º
191 - tives se _procurado re j_uvenecer
Mui to embora
os fundamentos da f:Ísica aristotélica-? P,
Duhea , mesmo querendo dar feição matemática ao.s ..
-

eonoeites da dinâmica de Aristbtelesj é o .primei-·


r ? ? 4
re a reeonheeer que nao ha lugar para o prtnc1pio
. .

de
,
inercia em um tal
sistema da na tur eaa , Assim
e que dizg ?'-Pour f'or mu'Ler' le pr-í.ncâ pe de la ·se?en
# .

ee du mouveraerrt , on doit? par abstratt?ion? consi=


derer un mobf.Le, qui sous 1 action du une f'oree 11.? u

rrí.que , se ment dans le ví.de , Or? dans sa Dynamí.«


·

quej Aristote va jusqu8à conclure qu9un tel mou=


vement est inconcs?v.a_.bleeu .(? systême gy?-Monde ?-
<>

, ·. -?
vol? I? pag 195) ? No mesmo sent í.do , diz Ao Koyres
_fiLa phyãique aristotelicienne est essentiellement-
non ma.thématique et on ne peut la math?matiser (en
la présentant? par exemple9 comme fondée sur. le
principe& vitesse proportionelle à la force et in ..

jêrsement pr-opor ta.one l.Ie á la r es í.atance, pr-opor--


tionali te, qui n nest qu une suite des principes
r
.

8 a-=.

ristotélicien?) sans en fausse:a 1 ? espri tuº .(Eto -· ?


l_ilo - i
l9aube de la --
--- ._.. .....-, pêÍg. ll)o
Sc? Clas. .
= 781 =.

192 = Cf? Lo Brunschví.cg e Au Lycéej la Mmagie


!u

?ante se. sllb.stitue· à la mathematique ?.ne· 1,


?trale9 âont' procedent
d.'!Scipln:le Les généralisa tions
I'
de la philosophie1m (Le etapes de la philo Ma theo
Si

págo 74)o
ct ..,.

193 = Aristoteles? lh.sica?


_{
215 a? lg oz e 1Td.a-tJ.

K.Í)! ? 0-lÇ ? p lf ? /(o{7: d. pÚtrl)) ?

194 = Sejac;;,nos lÍcito citar9 a propósito? estas


belas palavras de Gilson g .i?Pla ton êtai t à
il
__ . __

la fois un philosophe et un artisteg parla.it

concretement de notions abstraiteso ?ristote ?


tel du le conna í.s sons , n i étai t pas
mo ins que nous
un artiste? mais plu.tbt un phã Los ophe et; un sa =
vantg il
parlait abstraitement de choses conere=
tes@?º (Éo Gilsoní) 1uftre et lí1Essence9 p?g 46)f),

proje =
196 = Contra a doutrina aristotélica do
til, sabe-se quej mesmo na antiguidade?ti
expli-
nham sido levantadas criticas e que outra
cação foi formulada por HiparcQ.'¢. .
? uma· doutrina
A
- no movel9 do
impulso p re?
supoe a permanencia9
que
este impulso seria a causa de ;;,.
.

ceb1do do projetor; o te.m


reti1Íneo9 que decresceria com
um movimento
Temos nessa teoria a mais antiga versão ãal!l,.
po»
:l,,mpetus9 defendida pelos fÍsicos do.seç,,
p6tese do
(Cf. É.Meyerso:n9
Identité et Real:i..té, pAgll6
XIVo
Contudo9 a doutrina de Hiparco nâo.reprj
e 516)., uma influencia
capaz ui;

pensa?ento antigo
sentou no Aristoteleso
. ' ,;,!)·
t>
.
.,

concepçao da
de destruir a
Brun.schvicg& ."Et ce
systéme (d'Al'i.§.
196a= Cf •. Lo
tentatives an·ex =
coupant court aux
tot?)9 ,
Democrite et .chez
.

chez
plication qui attestaient méthodes scientifi<µe?
.

des
Platon le pressentiment 1e cadre
de vingt siàcles
aéterminera pendant plus des philosophes et des
' la rJr1exion
oU. s enfermara
.
e:x:périence hu.maine et la causal:iF
théoiogiensw e '(L'
149)•
té p,!lyfil,que9 3ª' ed. 19499 pitg
?
'
praticamente, nada
Da oPra
.

de
.
Aristoteles,
.
.

197·=
ser ainda hoje defendido
existe que poS1:l3..
·.

to que a anima. ê
espÍri
no domínio cient:Íf'ico.
O
mode;nae
ciéncia
·.

inconciliável com a atitude da .

que parecia Slilr' a pa.rte


pe= .
-

, a
-

sua logica?
.
d'

.!\ te mesmo
criaçâo9 está presentemente superadao
rene· da sua
et le Thomis?i11En
·· ·

ee, Lo Rougier9 .La Scolastique


philosophie de la !lature l'AristoteliSme
tant que' , , º ."De la philosophie na tur£'
.

echone"
a completement peut dire qu'il ne suPsiste
·lle du Stagirit.ell' on
descri1}tion de certains faits
·

aujourii' hui que la


, __
,, i

l
biologiques ? plus ou moins bien interpretés.ri 0

(Preface? pd.go XX)o fiUQn peut dire sans exagérac;,


?
t:ion.9 ... que t.ous 1 es pr-ogres de la scien?e? de=
"

puis dynamique nouvelle qu8esquissaient le?


i1a.

Maitr·es .nominalistas de 1uuniversité de Paris au


x:rvª siecle jusqu.u_à, Einstein orrt consãs té à sg a=
-
,
la science per.ipa.tetieiennevH
.

e (Pref 0
.

.rranchir de
I Et? Galil<>
··
-
.
:

I .XXXV!)o er, Ae .Koyre? rase , I . .

page
. .

ã. 18aube de la Seo .Cla.sa{l pig llh .9VLa physique


ari?tcotelieienne. est fausse nous le savons biano
• ..P

.
, ,
9

Irremediablement perimeetB-$'

198 = Cf'cQ Koyr?9 A? ttudes GaÍileennes? fa.seoI9.


p}go 10?

199 = E? Macho 9. la M?caniqM- (trado :franc&'


Cf-&:
Paris? 1901:tJ pt!go 132g !!il;Lll·?tude tres. ãn-
t?ressante de Wohlwill montre que Galilée lui=mê '

?
me nºarrive pas a une conception parfaitement
?
elaire des principes fondamentau.x quºil a pose?
.

:
de la science
I .
. .

et qui .ont permis la developpment


et quºil est sujet a de frequents ratou.rs aux: i=
?-
-
?

., . .
.

'
dees ancier.mes9 ca qui n9est dRailleurs que tres .
' .
-

voir a 1° ex= reste


. .

na.turel.o Le lecteur peut du


-

posé que j en ai fai t que O ne m la loi du iner·tie


ssedaã s point 9 dans 1 es-pri t de Galilée 9 la clai: u
·

tê et la gén?rali té qui elle acquí, ? plus tard'ij e


·

200 = -Contra a atitude de Rocco que defendia o.

empirismo qualitativista da rÍsica de Ar.I§.


= 784

t6telesi escreve Galileug "ridottovi a memoria 11


de bot del Filosofo? che ignora. to motu ignora tur- .:qª'
tu.ra9 giudicate con g í.us ta Lanze sigo Rocc.o9 qual
deu dua modi di f:llosofa.re camsnrrí.. pih a. se gno ? o -

il vos trro , fisieo pure e semplice bene , .o .il mio.3


condito com qualqu? spruzzo di matematica? e ne11?
istesso tempo considerate chi piu giustamente dis?
eorreva? o Platone9 nel. dire ehe senzala materna=
ti?a non si poteva apprendez la filosofia5> o Aris-
totele5: :nel tassare 11 medesimo Platone per troppo
studio della geome trr La" e (Eserci tazioni filosof'i=-:
eh? di Antonio Rocco 9 Qpere s VII 9 pcig e 744; .apud º
A.el. Koyré ? "QPo eito fase.o III p'g 124) o
9

201 = Mo Lo Ols6hki? Galilei u.nd seine Zeit9 Lei=


. ??

pzã.g , 1927• ... , .

202
.
= Galileo Galilei? Dialog? .·dei due assiim.i ::..m;..

sistemi del mtmdo9 (Edo,·?Nazionale) ?pág23??º


203 = Galileo Galilei9
I
Il Saggiatore (Ed(> .Nazio= ·

nale) Volo II, pago 232?

204 = Cfo Eva Sachs9 die· f'Ün? platonischen KÕrp?


p!g$ 2340

*
* *
a) Textos e traduç3es completas das obras
de Platãoº
Platonis Opera9 rec9gnovit Ioa.:nnes Burnetj5 volo
Oxford? 1941º
'
Oeuvres Completes? Collº de PAssoeiat:k>n
Guillaume Budé o NotÍ.cia.
= introdutória a

?
?
cada dialogo traduçao por diversos a.11
e.

toresº So c , illLes Belles Lettres'" j Pards,=


(Nao publica.das ainda as e Ep:Íno
?) .

P'la tonis Opera 9 ex r ecens ione R B Hirsehig s e

grae ce et Lat.Lne , 2 ?rol? ed , Firmin=Di=


o ii ·

dot9 Paris, 19?5º


?
Platon Oeuvres Completes9 Classiques Garnier?Trad,
?f ?t notes a, Chambry
vo l ,11
Lib Garnier9
o
et
Par-Ls ,
Ro BacCOU9 8

b·y Jowett,Ran
The Dialogues of Plato9 translo BQ
dom House , New York, 1937 º
? .,?

b) O Timen; '-traduçoes e comentartoso

Mondadori
Acri, Francesco = Pla.tonej Timeoj Ao
roe<a

194L?
text et
Albinos9 Abrégé des doctrines de Platon9
trado par Pierre Louis, Soco "Les Bellm
Lettres"2 Paris, 1945º

Chalcidii in Platonis Tiniaeum Commentarius ? in


FºGºAº Mullaehius Fragmenta Philosopho=
l
rum Graecorum? vo , II'8 ed , Firmin-Diàat?
·

Paris9 1865º
do ?rotigoras de
cicero, Fragmentos do Timeu e
= 786 =

...

Pla?ãoj in Mo Nisard? Oeuvres Completes-d3


Ciceron? vole IV9 edo Firmin=Didot51Pariso

Cornford? Francis Macdonald= Platogs Cosmology9Ke


gan Paul Coo London , 1937 º Í1

Fracca.roli9 Giuseppe= Platone, 11 Timeo9 Frat0Boa9.


ca edo, Torino, 1906º
Giarratano? Cesare= P?atone? Dialoghi, vol -vr 9
Timeo=Crizia.=Minosseo Zil edo? Laterza9Ba=
ri, 1928º

Martin9 Tho Henri= :Études sur le Timée9 2 volo 9


Ladrange edo? Paris? 1841º
in P'lationã.s Tima:eum Cornmen ta rãa':
Procli Diadochi Eo. 9
edidi t Diehl ed , Teu1?ner1 L:l.ps:i.a?l??
o

Rivaud9 Ac= Timée? Tradº et Notice? inOeuvres Com


plétes de Pâa con , voL, X9 Co I l., Budé?Soe7
·

nLes Belles Lettres", P?ris9 1925º

Taylor9 Ao_ -Eo Commentary on Plato9 s TimaeusjCla


= A
rendem Pr-e ss , Oxford9 1928º .

Taylor 9 Thomas =i Plat? 1 The Timaeus 9 Pantheon 1?oúks'.1


New Yorkj·194Liº -

e) Textos e fontes da filosofia antigaº

AristÓ.fanes = Les Nuéesi text par Vo Coulôn? 2 e?


·

edo ? Collo Bude? Soco ttLes Belles LettresR\


Paris 9 19340 ,
·· ·

Aristóteles= Opera omnia = edo Bussemaker? 5 volo9


·

Firmin=Didot, Par í,s , ·

- The Work$ of Aristotle, •do WoDoRos?


11 vol o 9 Oxford.? 1937 º
Aristóteles= Aristotle2s Metaphysiesi revo text
by Wo D-o. Ross 1 2 vol o? Oxf'or-d , 1924º
P ? De Cá?l·o9 FàéOgnQrlt lhJ' ti AlleJ'i 9
Oxfordi 1936º
= Physique9 texte établi par Ho Car=
teron, 2 volo9 Collº Bud,9 Soc??Les Bel
=
les Lettresª, Paris? 19260
-
Organon (6 volo) ., de l?Íme9 Méta =
·
-?
physique· (2 volº} trado J º Tricot, Vri?
Par í.s ,
lÍtticos =·Fragments deson-oeuvre, text et trado
par J e Baudry 9 Socº _illLes Belles Lett?es'j
?a1?is9 ?93lo
Aulo Géllio = Les Nuits Attiques9 text et trado
par Mo Mignon? Classo Garnier9 Parisº
?
Clemente de Die Teppiche 9 u.bersatzo
ã
Lexandr í.a =
Fe Over-beck , Benno Schwabe? Basel, 1936º

Diógenes Laércio = d.? Clarorum Philosophorum Vi=


tis9 Dogmatibus etApophtegmatfbu.s9 ed()
Co Go Gobet9 Firmin=Didotj Paris9 19290

Fil?â = Omnia quae extant opera9 Lutetiae .Parisio


?ru,m? 16hO..;
·
·

HesÍodo - Théogonie, Les Trava.mt et Les Jon r?9


text et trado par Bude,
Po.Mazon, Colle
Soe o .ntes Belles Lettresn ? Paris, 19Wío
Hipólito de Roma? Philosophoumena ou Réfutation
de· toutes Réresies1
lês A; Siou=·
trade
ville, 2 vol o 9 Rieder? Par-í.s , 1928º
Homero ..,, Carminaj ed , Firmin=Didotj Paris, 19300,
·-
Justino Abrégé des Histoires Philii.ppiques j text
- 788 -

et trado par Eo Chambry5J 2 vol?? Class o


Garnier? Parisº

Lucrécio = de Rerum Natura? r ecognovt. I .Bernay t . e,


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ll
pagso

PREFÁCIO e o º º º º º º º º o º º º º º l= 37

CAPÍTULO I = O? PRINCÍPIOS DA Ff SICA PLA=


TONICAº º º º º º º º º º º 38=136
?Aposição da teoria fisica no
§ l
·

e2njunto
tao º º
da filosofia de
? º º º º º º º
? º 38
,1

§ 2 = Enunciado dos
principios º º 43
§ 3 = O primeiro principioº
As duas
ordens da ;ealidadao A tao=
ria das Ideiasº A origem
do Universo º º º º º º º º 48
= O segundo principigg o co=
§ 4
nhecimento das Ideias e o
conhecimento do devenir º º 78

§ terceiro principiog o mi=


5 = O
to do Demiu.rgo º º º º º º 87

§ 6 O quarto prJnêipiog a teo =


ri
a d o mod e lo º º º º º º º 101
o Vivo
§ 7 = O quihto principiog
exemplarº Unicidade e fin!
112
tude do mundo º º t)º º º º º
§ 8 = O ?robabilismo
da fisica pl!,
tonic a º º ·
º º º º o º ·
125

CAPÍTULO II = RAZÃO.E NECESSIDADE o o o o 137=203

l

§ = A dualidade de fatores cau = ,JIJ-

..
o o o o o 137
sais o o o o o o
A>

§ 2 = A Razão como fator cosmogoni


COo o conceito de per sua
"" o o 154
sao o o o o o o o o o o
§ 3 - A Necessidade como fator cosmo
A . .

=
ter,pre baçao
.
-
go:nico? º .In
? . /da ex =
pres sao l} 'fEfêtY íTe?ul(e)).. .

166
§ ?. = Necessidade e regime mecanico
primitivoºº º º º ª º & º º 178
§ 5 = Finalidade e acaso º e e e º 192

CAPfTULO III = A ALMA DO MUNDO o o o & o 2.04=310


§ 1 - Das primitivas cosmogorrí.as ·a ·
"'

fisica do Timeu º O valor do


mi to ó e '° e e º e º e º. --o () - -- 204
§ 2 = A alma e?a teoria do movinien?o9
Definiçao da alma oA alma. ma -
o- 221
§ 3 Natureza e f'uncóe s da aLna -e.os
micaº Relações com o corpo: 240
§ 4 ""A compos1.çâo da alma ·cósmica?
_
Cr:Ítiea de algumas i?terpre:..:
taçõeso Divisao harmónica da
alma Q. e o e o o () o -
() o o- e 247
§ 5 = A funç_ã? suprema da a Lma s in=
·

troduzir
o movimen.to cãr-cu.lar.
A a lma e o plano matemáticoº? 274
§ 6 = A alma e o conhecimento doo ob
jetos fÍsicos e. dos objetos-=
inkelig1veiso Teoria da con11
eiencia ? º º.
º º º º º º 281
§ 7 ? A fÍsica como ciência das· re=
·1aç?eso Os corpos celesteso
Os deusesº º º º º º. º. 297
§ 8 = A cria£ão das almas humanasº
Relaçao entre a alma cósmica
e a individual º e e e· e º • 303
cas
799 ea ?
Pagso
CAPÍTULO IV - O CORPO DO MUNDO e e e º ª 310=353

§
1·= Que e.p o corpo do mqndoe Deve
nir quantitativo e devenir?
qualitativo? º º º º Q º º 310
A ,li:,

§ 2 = Precedencia da alma
sobre o
c2rpoo Fases do mito cosmo=
gonieo e e e e ? e º º º .£) 314
( ?
§ 3 = Da fisica
qualitativa a qua,n
titativab Unidade do duas
Univer
so; A descriçãoi em PaJ:
tes? da teoria do corpo do
mundo O
·e g O O O O O ? O· e 318

§ 4 <;a> Os.,.,éfeitos produzidos pela?


zao º º º º º º º ?· ? º º • 329

V.·- E
CAPf TULO A CONCE_PÇÃO DO MOVIMENTO
.

A TEORIA DO RECEPTÍCUtO º ? 354=454


1

§ l = O movimento eomo caracterÍs=


tica l'.mtyersalo- A negação
da substanciaº º º º & • ? 354 I

,§ 2 = A universalidade do movimen= 365


toº º ? º º & º º º º º º
movimento o 0 372
§ 3 = A eternidade do
§ 4 = A irracionalidade do movimen
to O O o O O O O O O O O G 377
§ 5 = A teoria aristotélica d? mo=
1tº
·
a de t
vimen o e sua.
o
a.ca cri .

Platãoº A res?osta do ponto


de. vi$ta platonico e º o· 4)

4\
=
pos iça o p La tonica no pro
&,#

§ 6 = A da
·b1ema do ·conhecimento m.,2

bilidade º ó? º º ? • A º º 392
§ 7 = O terceiro,
fator eosmogonicog
400
o receptaculo e o ? o o o o

o e?
§ 8 - Dificuldade de conceber
paço. O. raciocinio bastardo
= 800 =
;?

pagso
§ 9 = A triplice funçã9 de ftmdamén=
taçao do receptaculoo?A Côfil=
preensio das leis dinamicas º 411
t' ,.

§10 = A natureza do receptaculo º º 419


§11 =·- Uma hipótese simplificado;ag a
distinção entre o receptaculo
e o caos º º º º º º º º º º 425
? t'
§ 12 = A dã st Lnçao entre o r-e cep taculo
e éjS e species m9tériais º O COlJ. ...
s:
t.eudo do recap tac ul,o º o º - - -o 436
§13 = A n9ção do espaço ?orno interm?
diario º º º º º º º º º 449

CAPÍTULO VI O PRINCÍPIO DE INÉRCIA NA COS


-

MOLOGIA PLATÔNICA º º º º .; 7 455=519


.

§ l A noç?o do caos e a?primordia=


lidade do fato mecanico º º -o 455
§ 2 A prim9rdialidade dó-wovimento
retilineo a oposiçaó !entre
as congepçoes ?latoniéa·e -a?
ri stote lie a a este respeito
-
º 462
§ 3 = Co?o se originou cada concep/ =
çao º º º º º º º º º º º º 467
§ 4 = Particularidfdes s??re a gine=
se da soluçao platonica º º º 471
§ ' = ConsideraçÕe§ conceitu?is sÔ=
bre o principio de inerciaº-º 474
(/ (7
§ 6 = O_concei?o de inercia 9a fisi=
ca platonicaº Alma cosmica e
gravitação º º º º º º º º 478
a
§ 7 = Analise dos textos que gemons=
tram a concepção da inerciaº
§ 8 = A i:tJexistência do conceito d?
inercia na cosmologia de Demo
crito º º º º º º º º º º º: 498
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pagse

§ 9 = Ar;stóteles e o prineÍpi0 de
inerciaº º ? º º º º º º º 513

§10 = Qrftica de uma referência m.2


derna ? • º º ª º º º º º º 515

VII= A TEORIA .PLATÔNICA DOS


CAPÍTULO
CORPOS ELEMENTARES ·O O O

§ l = A teoria do eaoso Necessida=


ae·de éoneebér úma evolu?ão
f
periodo
'S

·º º º o º º 520
nesse b

dos eorpossim
§ 2 = O apareeimento 525
ples e a imagem do caosº ¢
§ 3 = Dois nóvos
aspectos da teo=
ria do-eaes. º e º e •••condição 528

§ 4 = A heterogeneidade eemo
de manutenção do movimento e 535
da heterogenei=
§ 5 = A manutenção de eenserva=
dade eomo meio
ção do movimento e º Q º ? 539

§ 6 = A geração dos
eorpos elemen=
tares e as in transformações
troduzidas por Platão na ?ã;
ria dos e_lementosa(l de Empe= º ?.bl.
.; t
i
doe Le s º º º e e o o e º o .

§ 7 = ? signifieação
dos_qua tir.o e=
1ementos p?ra PlakaoQ Uma t?
ria esquematica sobre a dou=
trina dos corpos élementL?
.
552
e
§ 8 = Interpretagão geométriea9
quatro
nao aritmetica? dos cong
elementos o O momento da
trução dos elementos no cur ao=
5 65
<I\

cosmogonieo º º
so do mito
§ 9 = Aspectos
gerais da teoria doo 572
elementosg seu apriorismo .o
elementareso A
§10 = OB trigngulos
transformação não universal
- 802 =
(!
pagso
dos a le men to s º ., º o º º º
.
.o
575
§11 = A cons?rução ·ao, po·11edr0S0fo1:
que ha maior numero de trian=
gulos componentesº º º º b º
582
§12 A infinita variedade de tama =
.nho s para
cada poliedro º º º
591
§13 A atribuição dos poliedros
aos
c?rpos simplesº A tràn§forma?
çao dos elementos geométricos
596
§14 = A inv;sibilidade das :figuras -

geometrieaso
relações ! realidade
geometricas º º
das
º º 601

CAPITULO VIII= A TEORIA DO TEMPO o o o

§ l = O tampo como
realidade criadaº 606
§ 2 = u?.interpretação da
teoria p]a
tonica
'
do tempo º º º o o º . .
-O _
607
§ 3 = Porque nae ha tempo
e:, (!
no caos" o 613
§ 4 = Definição do tempoº
Comparação
com a eternidadeº A 9edid?
tempoº O tempo e o numeroº do
º 620
§ 5 = Que §ignifica dizer que o
po e eternoº, O c9nceito t?m=
co· e o e oncei-.to fisi
logic
po º º º º º º º º º º º
· o do te.m
e º 624
§ 6 = O tem:go gerado pa lo
movimen o
periodicoo A pluralidade dos
t
tempos" O tempo abscãuro , º e
629
§ 7 = O ano pe r:f eito º
º º º º e o e ·

6 34
§ a. = ·º tempo
e o espaço º ; º º
º º 638
§ 9 = A teoria aristotelica
do tempo 641
§10 90-rr?spol)d·ência
tinu2 nume-rico"e oentre .o con-
.A

t
P.latao _e Aristotelóso
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§11 = As conc?pçoes platoni?a e en=
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§12 ? Consid.eraçõe s f;tnais


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o o o o o o o 662=700.·
CONCLUSÃO_ º o o· o o o o o o

o o o o o o o o o o 701=784
NOTAS º e o o o o· o o

o o o o o o
BIBLIOGRAFIA o o o o o o o o
• •
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