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Departamento de Filosofia
Rio de Janeiro
2020
Este trabalho tem como objetivo estabelecer uma reflexão acerca da relação entre
a “noção” de Corpo sem Órgãos/máquina de guerra nômade e o ensino da filosofia. A
pergunta que guiará a reflexão é: como se deve ler e estudar filosofia? A tese defendida
é: a filosofia deve ser lida e ensinada como uma máquina de guerra nômade produtora de
corpos sem órgãos.
A ideia deste trabalho surgiu da pergunta feita pelo professor Mário Porta em seu
livro de 2014: “Como se deve ler e estudar Filosofia?”, a resposta do professor é: a
filosofia deve ser lida e ensinada a partir dos seus problemas. Essa resposta é quase como
uma indicação acadêmica para estudantes de filosofia. Porém, a partir da noção de Corpos
sem Órgãos eu gostaria de complementar essa resposta com a seguinte reflexão.
O ensino da filosofia nos cursos de ensino médio pode ser entendido como um
reflexo de como nós enxergamos o papel da filosofia no meio social. Um ensino de
filosofia que simplesmente apresente os problemas filosóficos e apresente as
possibilidades téticas acerca desses problemas, tende a uma ingenuidade perante o
mundo, no sentido de manter a filosofia no lugar de uma atividade estática e meramente
sistemática. Coerente com a forma como a filosofia se mostrou desde seu nascimento, a
apresentação da filosofia a partir dos seus problemas precisa ser acompanhada de uma
prática que visa a desconstrução de toda e qualquer estrutura social que corrobora o
movimento estático da existência e, principalmente, que impede a produção de
singularidades existenciais. Se a filosofia trabalha na base, no fundamento das
concepções existenciais, então uma prática filosófica de confrontação das bases que
guiam nossa mentalidade tornará evidente que existir significa estar desde o início aberto
para a pluralidade e para a possibilidade infinita de modos de existir.
PORTA, M. A filosofia a partir dos seus problemas. São Paulo: edições Loyola, 2014.