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INTERGERACIONALIDADE, REDES DE APOIO E PRESTAÇÃO DE CUIDADOS AO IDOSO DO SÉC.

XXI

ANIMAÇÃO INTERGERACIONAL
MANUAL DO FORMANDO
FICHA TÉCNICA

FICHA TÉCNICA

INTERGERACIONALIDADE,
REDES DE APOIO E PRESTAÇÃO DE
CUIDADOS AO IDOSO DO SÉC. XXI

ENTIDADE PROMOTORA
Santa Casa da Misericórdia de Mértola

EQUIPA TÉCNICA
Santa Casa da Misericórdia de Mértola
IFH - Instituto de Formação para o Desenvolvimento Humano

APOIO TÉCNICO DOCUMENTAL


Associação Indiveri Colucci / Clínica Médica da Linha /
/ Casa de Repouso de Paço d’Arcos
Paradoxo Humano

AUTORIA
Cristina Coelho

GESTÃO E COORDENAÇÃO
Emília Colaço (Santa Casa da Misericórdia de Mértola)
José Silva e Sousa e Cláudia Miguel (IFH)

CONSULTORES
Cristina Coelho
Marta Simões
Ana Assunção

DESIGN, PRODUÇÃO GRÁFICA, PAGINAÇÃO


E REVISÃO
IFH / PSSdesigners

PRODUÇÃO VÍDEO
IFH - Instituto de Formação para o Desenvolvimento Humano

EDIÇÃO
IFH - Instituto de Formação para o Desenvolvimento Humano

MANUAIS TÉCNICOS
“ANIMAÇÃO INTERGERACIONAL”

CONCEPÇÃO
Marta Simões

REVISÃO E SUPERVISÃO DE CONTEÚDOS


Cristina Coelho
Santa Casa da Misericórdia de Mértola
IFH - Instituto de Formação para o Desenvolvimento Humano

DESIGN, PRODUÇÃO GRÁFICA, PAGINAÇÃO Produção apoiada pelo Programa Operacional de Emprego, Formação e
E REVISÃO Desenvolvimento Social (POEFDS)
IFH / PSSdesigners
Medida: 4.2. Desenvolvimento e Modernização das Estruturas e Serviços
de Apoio ao Emprego.

Tipologia do Projecto: 4.2.2. Desenvolvimento de Estudos e Recursos


Didácticos.

Acção Tipo:4.2.2.2. Recursos Didácticos.

Co-financiado pelo Estado Português e pela União Europeia através do


Fundo Social Europeu

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PREFÁCIO

Nos países tidos como mais desenvolvidos assistimos, presentemente, a um fenómeno curioso: o envelhe-
cimento da população idosa.

Como consequência, o sector da prestação de cuidados a idosos sofreu um incremento de actividade, mul-
tiplicando-se os serviços disponibilizados e diversificando-se o tipo de oferta dos mesmos.

A nível nacional é importante apostar no desenvolvimento de redes sociais de apoio, eficazes e eficientes,
em contexto institucional e a nível familiar.

Para que tal se verifique, é através da formação qualificada que se poderão dotar os seus intervenientes,
profissionais ou cuidadores, das competências necessárias para lidar com as problemáticas inerentes ao
aumento da esperança média de vida e à crescente dependência dos nossos idosos, potenciando e facilitan-
do o envolvimento dos familiares na tarefa.

Neste sentido, e tendo já uma vasta experiência neste ramo de actividade, não só em termos formativos
como também na intervenção diária em estruturas de prestação de cuidados, a Santa Casa da Misericórdia
de Mértola propôs-se desenvolver o projecto “INTERGERACIONALIDADE, REDES DE APOIO E
PRESTAÇÃO DE CUIDADOS AO IDOSO DO SÉC. XXI”, constituído por manuais técnicos do formador e
do formando e vídeos sobre a mesma temática a utilizar de forma integrada.

Temas:

• A alimentação do idoso
• Cuidar do idoso com demência
• Animação intergeracional
• Construção de uma rede de cuidados: Intervenção com a família e o meio social do idoso

Pretende-se, como tal, colmatar, as dificuldades que os cuidadores, profissionais de saúde ou familiares, sen-
tem diariamente, potenciando, em última consequência, o atraso da institucionalização dos idosos e con-
tribuindo para o aumento da sua qualidade de vida.

3
ÍNDICE

ÍNDICE

INTRODUÇÃO PÁG. 5 6. INTERVENÇÕES EM ÁREAS


ESPECÍFICAS ATRAVÉS DE PROGRAMAS
1. O IDOSO E A FAMÍLIA PÁG. 7 INTERGERACIONAIS PÁG. 69
Objectivos gerais Objectivos gerais
O idoso na família clássica Intergeracionalidade e saúde
A família institucional As novas tecnologias como ponte intergera-
Síntese cional
Actividades propostas Programação de eventos intergeracionais
Actividades de avaliação Síntese
Actividades propostas
2. OS INTERVENIENTES NA ANIMAÇÃO Actividades de avaliação
INTERGERACIONAL PÁG. 15
Objectivos gerais SOLUÇÕES DAS ACTIVIDADES PÁG. 81
Definição de animação e programa intergera-
cional BIBLIOGRAFIA CONSULTADA PÁG. 85
Os idosos
Crianças e jovens ANEXO 1. TEXTOS DE
Mitos e estereótipos APROFUNDAMENTO TEMÁTICO PÁG. 87
Fluxo de valores entre gerações
Síntese ANEXO 2. DIAPOSITIVOS PÁG. 93
Actividades propostas
Actividades de avaliação ANEXO 3. OUTRA INFORMAÇÃO ÚTIL PÁG. 107
Índice de quadros e figuras
3. INTERGERACIONALIDADE PÁG. 25 Bibliografia aconselhada
Objectivos gerais Outros auxiliares didácticos complementares
Os profissionais Contactos úteis
Os contextos Agradecimentos
Benefícios esperados
Cuidados em relação aos programas interge-
racionais
Síntese
Actividades propostas
Actividades de avaliação

4. PROGRAMAS INTERGERACIONAIS PÁG. 35


Objectivos gerais
Elaborar um programa intergeracional
Avaliação das necessidades
Escolha de parcerias
Definição de objectivos
Planeamento das actividades
Organização e gestão de actividades
Desenvolvimento do programa
Avaliação do programa
Síntese
Actividades propostas
Actividades de avaliação

5. ACTIVIDADES INTERGERACIONAIS PÁG. 51


Objectivos gerais
Escolha e planificação das actividades inter-
geracionais
Conceber actividades intergeracionais
Animar actividades intergeracionais
Fichas de actividade
Síntese
Actividades propostas
Actividades de avaliação

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INTRODUÇÃO
INTRODUÇÃO

A questão da intergeracionalidade surge numa altura em que o afastamento das várias gerações é cada vez
maior devido a alterações da dinâmica familiar. Muitos jovens e crianças não conhecem os seus avós, ou têm
pouca convivência com eles. De uma maneira geral o contacto entre os mais novos e os mais velhos é
limitado, o que leva a uma representação negativa e a um evitamento progressivo dos aspectos relacionados
com o envelhecimento.

Os benefícios para ambos os grupos geracionais são grandes: para os jovens e crianças, o aumento do
interesse pela aprendizagem, saber e conhecimento, através do convívio informal e a melhoria do relaciona-
mento com os mais velhos, seus parentes ou não, são exemplos de vantagens no contacto intergeracional.
Também para os mais velhos existem proveitos como a melhoria dos aspectos cognitivos e a redução do iso-
lamento social, e até a comunidade, as instituições e as empresas podem retirar dividendos destas relações.

Os animadores intergeracionais podem ter várias formações, dada a ausência de uma formação específica
académica nesta área. No entanto foi traçado um perfil de saída que indica competências nos domínios do
conhecimento, relacional e técnico. Neste manual pretende-se fornecer ferramentas que permitam construir
programas intergeracionais, tendo em conta as seguintes etapas: avaliação de necessidades, escolha de
parcerias, definição de objectivos, planeamento, organização e gestão das actividades, desenvolvimento e
avaliação do programa. Os projectos devem ser adaptados a diferentes contextos e os intervenientes per-
tencer a faixas etárias distintas. A concepção e escolha de actividades adequadas é da competência do ani-
mador intergeracional, pelo que, pretende-se abordar também aqui os passos a seguir desde a definição de
objectivos, à escolha das formas de avaliação da actividade, para que assegurar que as actividades são bem
sucedidas.

Por fim e como último propósito não sendo possível, devido à extensão dos conteúdos, a abordagem exaus-
tiva de todos os temas, é prioridade deste projecto exemplificar vários tipos de programas e actividades
intergeracionais. Com o intuito de servirem de base para adaptação a projectos que possam vir a ser cria-
dos ou como forma de diversificar os já existentes.

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O IDOSO E A FAMÍLIA 1

ANIMAÇÃO INTERGERACIONAL
MANUAL DO FORMANDO

1
1 . O IDOSO E A FAMÍLIA

O IDOSO E AFAMÍLIA

OBJECTIVOS GERAIS O IDOSO NA FAMÍLIA CLÁSSICA

• Definir velhice bem sucedida; O envelhecimento é um fenómeno dissociativo:


algumas características individuais declinam,
• Identificar alterações nas dinâmicas familiares; enquanto outras resistem à idade. A velhice bem
sucedida está associada à reunião de três grandes
• Indicar tipos e formas de relações entre gerações categorias de condições: reduzida probabilidade de
na família; doença, em especial das que causam perda de
autonomia; manutenção de um elevado nível fun-
• Reconhecer os factores relevantes na adaptação cional nos planos cognitivo e físico (velhice óptima);
do idoso à institucionalização e ao nível relacional. conservação de empenhamento social e bem-estar
subjectivo. Para que estas condições se possam
juntar, é imprescindível que o indivíduo esteja
incluído numa rede social, quer seja a família, a
instituição ou outra (Fontaine, 2000).

MODIFICAÇÕES
NA DINÂMICA FAMILIAR

Alterações profundas têm ocorrido ao nível social:


taxas de natalidade, mortalidade e esperança
média de vida, o aumento dos níveis educativos e
a massificação do consumo, bem como a vulgariza-
ção da união de facto ou da vida sozinho. Todos
estes aspectos representam o tempo social em que
as pessoas se movimentam. Para analisar a
história de uma família deve observar-se em
simultâneo não só as dimensões do tempo individual
como as do tempo familiar. O primeiro corresponde
ao desenvolvimento de cada elemento em função
da sua idade, características em termos afectivos,
cognitivos, sociais e motores. O tempo familiar diz
respeito à unidade familiar, a forma como esta se
cruza com vários sistemas informais (amigos, vizi-
nhos, colegas de trabalho) e formais (escola,
serviços de saúde, locais de emprego) e como,
apesar de todas as influências que recebe e da
evolução individual de cada um dos seus membros,
está preparada para se manter unida, sem perder a
sua identidade e continuando a articular-se com o
meio à sua volta (Sousa, 2004).

A família é encarada como um sistema que pode


incorporar elementos através do nascimento,
adopção e casamento (ou outro tipo de união), ou
perdê-los pela morte. O primeiro tipo de aconteci-
mentos corresponde às “crises de acesso” e o
segundo às “crises de desmembramento” e são
assim denominados por implicarem mudança e
estarem geralmente associados a elevados graus
de stress, mesmo que positivo.

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1 . O IDOSO E A FAMÍLIA
• “famílias no fim da vida” - é tempo de aceitar a
CRISES DE ACESSO mudança dos papéis geracionais, assumindo-se
Acontecimento familiar caracterizado pela entrada como os mais idosos e permitir que a descendência
de um ou mais elementos para a família adquiraum papel mais central na vida familiar, man-
tendo espaço no agregado familiar para a sua
sabedoria e experiência. É também o estádio em
CRISES DE DESMEMBRAMENTO que se torna necessário gerir uma série de perdas,
tais como a morte do cônjuge, irmãos, amigos e
Acontecimento no ciclo familiar caracterizado pela
fazer a preparação para a própria morte. Noutro
exclusão de um ou mais elementos da família (só
âmbito, torna-se também imprescindívellidar com a
pela morters)
perda de prestígio e poder relacionadas com o
O ciclo de vida familiar funciona como um registo abandono da vida profissional activa. Um outro tipo
biográfico, descrevendo a sua evolução e propor- de desafios prende-se com a manutenção de inte-
cionando marcos de referência (os estádios), asso- resse por si e pelo cônjuge face ao declínio físico e
ciados aos momentos de crise. De entre os vários exploração de novos papéis sociais e familiares.
modelos existentes, escolhemos o modelo de
Carter e McGoldrick (Sousa, 2004) que pressupõe Existem estruturas familiares diversas, tais como as
seis estádios: resultantes de uniões homossexuais, de divórcios
sem filhos, ou famílias monoparentais em que os
•.“entre famílias” (in-betwen) - o indivíduo já se se- estádios anteriores se aplicam só parcialmente.
parou da família de origem (física, emocional e
financeiramente) e ainda não constituiu a sua. As Em termos da dinâmica, pode ainda salientar-se
tarefas emocionais mais importantes são formular como factor de mudança o aumento do número de
objectivos de vida pessoais e adquirir uma identi- divórcios, de as monoparentais e reconstituídas.
dade antes de formar o agregado familiar; Nestas, a aparente multiplicação de possíveis presta-
dores de cuidados, não corresponde necessaria-
• “novo casal” - corresponde à composição do sis- mente a uma maior disponibilidade para assumir
tema conjugal que implica a reorganização das esse papel. De facto, juntando-se à fragilização dos
relações com pais, sogros, tios, cunhados e ami- laços com as gerações mais envelhecidas e conse-
gos, bem como os aspectos práticos da vida quente afastamento, os padrastos/madrastas, “avó-
comum (tarefas domésticas, gestão financeira…); drastos” e “bisavódrastos” são muitas vezes encara-
dos como uma responsabilidade maior da
• “tornar-se pai ou mãe” - ajustamento do sistema descendência directa, implicando uma desrespon-
conjugal para criar espaço (emocional, físico e tem- sabilização mútua por estes idosos.
poral) para os filhos, promover a complementari-
dade nas tarefas domésticas e voltar a reorganizar Mesmo enfrentando uma mudança substancial das
as relações com a família alargada, repensando o estruturas e dinâmicas familiares, dados recolhidos
balanço entre profissão, amizades e relacionamentos; evidenciam que a complexidade e diversidade das
relações intergeracionais continua sólida, o que
• “família com filhos adolescentes” - a família torna-se leva a repensar a visão da família tradicional, como
um sistema de apoio emocional, dependente de sis- propõe Litwak et al. (citado por Sousa, 2005) na
temas externos (profissionais, educacionais), em teoria da “tarefa-específica”. Certas famílias não
que a luta pela autonomia dos filhos adolescentes tradicionais, obtêm uma projecção superior às
implica o aumento da flexibilidade e das fronteiras. famílias tradicionais, pelo papel poderoso que
O casal pode reforçar a sua relação e a geração desempenham: ao invés de perder a sua função na
mais idosa atinge a velhice; rede social, a família estabeleceu parceria com as
redes formais, intervindo em várias áreas; a socia-
• “ninho vazio” - após ter cuidado, protegido e socia- lização das crianças e o suporte de adultos são
lizado os seus filhos, é altura de deixá-los partir actualmente partilhadas pelas redes formais; os
como adultos independentes. O casal terá de grupos primários (amigos, vizinhos e colegas)
redefinir a função dos seu casamento, as relações desempenham também um papel muito importante
com os seus filhos (agora adultos) e proceder ao nas vivências do dia-a-dia.
alargamento da família para incluir genros/noras e
netos;

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1 . O IDOSO E A FAMÍLIA

O IDOSO E AFAMÍLIA

RELAÇÕES ENTRE
GERAÇÕES NA FAMÍLIA

Nas famílias contemporâneas existe um entrecruzar


de gerações muito próprio. Qualquer núcleo familiar
se relaciona com outros em diferentes fases dos
seus ciclos de vida: ascendentes, descendentes,
colaterais, amigos, vizinhos. Das suas interacções
resultam influências mútuas, que estão também
marcadas pelo desenvolvimento de cada membro e
o seu contexto social (Sousa, 2006).

As relações de parentesco asseguram estabilidade


emocional e afectiva num mundo em constante
mudança. Para além do suporte afectivo, as várias
gerações interajudam-se em outros planos,
nomeadamente pelo auxílio nas tarefas domésticas,
com as crianças e até com apoio financeiro.

De acordo com Finch (citado por Pimentel, 2005) as


trocas mais frequentes na famíla são: menos valorizada, principalmente quando se trata
• O apoio económico - geralmente são os mais ve- de fazer escolhas acerca do seu futuro, ao
lhos a apoiar os mais novos. perderem a sua autonomia. Os concílios familiares
• Habitação - a coabitação acontece actualmente, acontecem quase sempre sem que o idoso “tenha
quando há necessidade por parte das gerações voto na matéria”. Muitas vezes isto deve-se a
mais novas que ainda não têm estabilidade para imposições do quotidiano, por falta de alternativas
adquirir casa própria, ou no caso de divórcio. e com a desculpa tranquilizadora de que se “está a
• Cuidados pessoais - ocorrem quando um elemen- fazer o melhor que se pode”.
to apresenta incapacidade para se bastar a si
próprio e ocupar-se das suas tarefas. Nas relações familiares, a de avós e netos é por-
• Pequenas ajudas - especialmente com crianças e ventura a menos confli-tuosa. Ser avó é um desejo
actividades domésticas. da maior das pessoas que constitui família, tendo
• Apoio emocional e moral - acontece quando há um papel diferenciado dos pais, o que lhes permite
troca de experiências, quando se pedem sugestões também uma relação diferenciada daquela que
e se tentam perspectivar alternativas para a vida. tiveram com os próprios filhos. O facto de as
responsabilidades e obrigações serem diminuídas
A tendência actual é que as várias gerações depen- deixa uma disponibilidade total para privilegiar os
dam o mínimo umas das outras, estimulando a so- afectos.
lidariedade entre elas. No mundo ocidental, deixa
de ser a obrigatoriedade, mas sim os vínculos De acordo com Neugarten e Weinstein (citado por
afectivos estabelecidos, o que liga as pessoas. Por Sousa, 2004), podem-se considerar cinco estilos de
outro lado a opinião dos mais velhos é cada vez avós:
• os formais - sabem manter a distância entre as
gerações como forma de respeito para com os mais
velhos, diferenciando-se do papel parental.
• os divertidos - a componente lúdica e recreativa é
a principal neste tipo de relacionamento que se
pauta pelo companheirismo e pela troca de expe-
riências positivas.
• substitutivos - tendem a tomar atitudes que subs-
tituem os pais na sua ausência, zelando como um
pai ou mãe e educando.
• autoritários - sobrepõe-se aos pais e colocam-nos
perante os filhos numa posição de subordinados.
• distantes - são aqueles que se encontram apenas
por ocasião das festas familiares ou nas férias.

10
1 . O IDOSO E A FAMÍLIA
A disponibilidade que a maioria dos avós tem, per-
mite-lhes investir mais nos netos e até nos bisnetos
cumprindo uma série de funções que vão muito
além do “tomar conta”. Dar afecto, fazendo von-
tades, dando tempo para realizar tarefas, realizando
programas especiais, faz parte da função mais emo-
cional da relação avós-netos. Também podem ter
um papel fundamental na promoção do desenvolvi-
mento das crianças, através da interacção, estimu-
lando aprendizagens de competências. A passagem
de saberes acumulados e aspectos da própria cul-
tura familiar para as gerações mais novas é uma
das tarefas dos avós. A integração das experiências
educativas já vividas enriquece a relação estabele-
cida com a criança e transmite segurança e firmeza.
Assegurar a continuidade de valores é para o mem-
bro da geração mais velha o passar de testemunho,
que lhe permite um sentimento de completude
(Kivnick, citado por Sousa, 2004)

A FAMÍLIA INSTITUCIONAL

A partir de meados de séc. XIX, a problemática da que em casa, sendo exemplos (Pimentel, 2005)
terceira idade começa a ser discutida, altura em • solidão;
que começam a surgir as primeiras instituições com • isolamento;
missão de acolher os idosos sem família. Após a • precariedade de condições económicas e habita-
revolução industrial, outras questões se colocam, cionais;
nomeadamente a escassez de recursos e de rede • ausência de redes de suporte;
social para apoiar os operários que terminam a sua • dependência física.
vida activa. O Estado surge enquanto cuidador e
promotor do bem-estar social. Aquilo que anterior-
mente estava tacitamente acordado, quando os A ADAPTAÇÃO
idosos cuidavam e investiam nos seus descen- DO IDOSO À INSTITUIÇÃO
dentes para que mais tarde pudessem receber o
seu apoio, continua agora presente. Actualmente, A ida para um lar é sempre uma alteração profunda
embora de forma anónima, essa lógica mantém-se, na rotina do idoso. A sua vida muda e a perspectiva
já que são os mais novos a “financiar” aquilo que os
é quase sempre definitiva e não temporária. No
mais velhos usufruem.
entanto, as reacções a esta mudança são diversifi-
cadas. Para alguns cuja entrada para uma insti-
A escassa proliferação de instituições particulares
de solidariedade social (IPSS) não acompanha as tuição não é encarada como um acontecimento
necessidades e as listas de espera para admissão positivo, a adaptação é dificultada. Nestes casos a
são grandes. No entanto dados do INE (1999, tendência é deprimir, ou reagir com agressividade,
2000) indicam que apenas 2,5% dos idosos vivem lutando contra tudo e contra todos, “disparando” em
em “famílias” institucionais, enquanto que 97,5% todos os sentidos. Para outros este acontecimento
vivem em famílias clássicas. significa uma melhoria da sua qualidade de vida,
adaptando-se de uma forma positiva e tirando par-
A decisão da família (quando esta existe) de optar tido da situação. É a incongruência entre aquilo que
pela solução institucional para o seu idoso não é, a pessoa sénior anseia e aquilo que o meio oferece
na maioria dos casos, fácil. O peso cultural e social, que é geradora de frustração e conduz a uma má
o sentimento de pertença e a péssima imagem adaptação.
divulgada das instituições ao nível das condições,
são alguns dos factores que fazem com que a As expectativas dos utentes em relação ao que con-
escolha seja adiada. Existem situações em que o sideram um bom lar/instituição passam pela
idoso pode de facto ficar melhor na instituição do existência de preenchimento dos tempos livres com

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1 . O IDOSO E A FAMÍLIA

O IDOSO E AFAMÍLIA

animação sócio-cultural, boas condições dos


equipamentos, uma equipa com técnicos diversifi-
cados que assegurem o bem-estar do idoso, esta-
bilidade e competência do pessoal, uma boa ali-
mentação e segurança.

Goldberg & Conelly (citados por Garland, 1993),


após uma vasta revisão de literatura apontam para
10 factores de adaptação construídos pela positiva:
1. Flexibilidade das políticas internas praticadas
pela direcção;
2. Individualização e autonomia dos residentes;
3. Privacidade;
4. Oportunidades de estimulação social;
5. Comunicação e integração no mundo exterior à
instituição;
6. Interacção social entre o pessoal e os utentes;
7. Máxima delegação das tomadas de decisão para
os utentes;
8. Boa comunicação;
9. O mínimo de especificação de tarefas e regras
pela instituição .

Segundo Paúl (1997), a partir do momento da insti-


tucionalização, os idosos encontram-se em risco de
dependência, perda de controlo e desânimo. No
que diz respeito ao controlo, os aspectos negativos
são atribuídos às políticas institucionais, às carac-
terísticas ambientais, e ao comportamento dos fun-
cionários.

Os modelos teóricos que procuram uma explicação RELAÇÕES COM O EXTERIOR


para os fenómenos de adaptação entre o idoso e o
meio, neste caso a instituição, indicam que existe A sua adaptação, está dependente do tipo de
uma relação estreita entre a perda de controlo e a relações que estabelece com o exterior e no inte-
quebra da auto-estima, a depressão e o aumento rior da organização. Existem “instituições tota-
da dependência, bem como o declínio cognitivo. Ao litárias” que, evido a regras rígidas, ravam a sua
assegurar o bem-estar do utente, passa também a permeabilidade, prejudicando a forma como o os
controlar a sua vida. residentes se integram. O contacto com o exterior
tende a ser limitado, mesmo que não exista uma
Alguns estudos têm sido levados a cabo para intencionalidade por parte dos responsáveis.
averiguar se a inversão desta tendência melhora o Segundo Roussel (citado por Pimentel, 2005), à
bem-estar dos idosos. Intervenções no sentido de medida que o tempo passa as visitas vão-se tor-
atribuir responsabilidades diárias como receber flo- nando mais escassas, bem como o interesse pela
res para cuidar, geram um aumento da satisfação vida para além das paredes da instituição. Este
com a própria vida. O que parece também provar afastamento significa um desmoronamento da sua
que é definitivamente chave neste processo o ele- auto-estima e é vivido com reacções depressivas
mento “pessoal técnico”. A sua preparação através que se traduzem em declínios das capacidades
de formação específica nesta área, no sentido de cognitivas e físicas.
reduzir a dependência, pode melhorar a qualidade
de vida de quem reside no meio institucional. Quando as interacções entre a família e o idoso em
regime interno são regulares e estáveis, mesmo
que não tenham uma periodicidade tão frequente
como seria desejada, conduzem à conservação de
autonomia e manutenção dos laços.

12
1 . O IDOSO E A FAMÍLIA
SÍNTESE

RELAÇÕES SÍNTESE
NO INTERIOR DA INSTITUIÇÃO
A família é sistema sujeito a transformações, que
As relações entre residentes de um determinado pode perder e ganhar membros, sendo estes sem-
equipamento são complexas e matizadas com pre por momentos de crise. As diferentes fases por
reacções emocionais amplas e variadas. A partilha do que passa um núcleo familiar exigem por parte dos
mesmo espaço diariamente com outros indivíduos membros uma adaptação específica para que as
que, na maior parte dos casos, não se conhecem é possam ultrapassar com sucesso. A última etapa, é
geradora de conflito e em alguns casos o clima que aquela em que o idoso se disponibiliza para trans-
se vive é hostil. Outra reacção possível é a apatia e mitir o seu saber e experiência, embora deixe de ter
indiferença com que os idosos lidam uns com os um papel activo na gestão e orientação da vida
outros. A heterogeneidade sócio-cultural de quem familiar.
partilha o mesmo espaço motiva a inexistência de
relacionamentos profundos. A frieza das ligações, A família tradicional tem vindo a ser alvo de modifi-
manifesta-se por exemplo, quando algum compa- cação profundas. A existência de estruturas dife-
nheiro adoece ou morre e os restantes não revelam rentes, não significa que se esteja a “perder” e o
preocupação, evidenciando desprendimento e uma recurso a outras redes de apoio disponíveis na
clara atitude defensiva. Os relatos vão no sentido comunidade, contribui para que as unidades fami-
de considerar que o contacto com os seus pares é liares se mantenham unidas. As trocas mais
pouco gratificante, queixando-se da falta de comuns dentro do núcleo familiar são a nível
afinidades que permitam partilhar momentos e económico, habitacional, dos cuidados pessoais e
manter uma conversa agradável. Existem também das ajudas nas tarefas e suporte emocional.
situações em que amizades e até namoros são ini-
ciados em lares e centros de dia, contrariando a As relações intergeracionais entre avós e netos
tendência de conflituosidade. podem adquirir vários estilos consoante a atitude
tomada pelos primeiros. São pautadas pela disponi-
As relações com os funcionários, que fazem parte bilidade e ausência de responsabilidade educativa
também da família institucional, são muitas vezes e obrigatoriedades, sendo o papel insubstituível dos
difíceis, já que a agressividade lhes é dirigida. A avós enquanto figura de afecto, sabedoria e expe-
falta de formação do pessoal técnico que lida direc- riência motivo para ocupar um lugar privilegiado na
tamente com estas situações é um dos principais vida familiar.
problemas, pois tendem a tratar os idosos de forma
paternalista, infantilizando-os. Também o respeito As famílias institucionais apresentam característi-
pela sua dignidade fica comprometido quando, por cas bem distintas. Nem sempre a integração dos
força do desgaste relacional e da repetição de tare- idosos num contexto deste tipo é tranquilo e em
fas, a privacidade, liberdade de escolha, autonomia muitos casos resistem a adaptar-se Existe quase
e dependência são esquecidas. sempre uma incongruência entre o meio e as suas
expectativas. A falta de controlo sobre o que o
rodeia e sobre a sua própria vida leva a uma quebra
da auto-estima, a um declínio do estado geral e a
um consequente aumento da dependência.

As relações dentro da instituição tendem a ser con-


flituosas e extremamente marcadas pela necessi-
dade de apoio e de suporte afectivo. Também com
o pessoal técnico as dinâmicas são geralmente ten-
sas e pouco gratificantes, devido à falta de for-
mação específica por parte destes. Os laços com o
exterior devem ser estimulados, não permitindo que
o idoso se isole.

13
1 . O IDOSO E A FAMÍLIA

ACTIVIDADES

ACTIVIDADES PROPOSTAS

1. Partindo do contexto institucional, construa um pequeno programa de formação para os funcionários,


indicando os temas a abordar, para que a relação idoso técnico seja melhorada, bem como a sua
adaptação instituição.

ACTIVIDADES DE AVALIAÇÃO

1. Dentro das famílias, quais as trocas principais entre gerações?

2. O que é um avô “divertido” e uma avó “autoritária”? Descreva as suas características.

3. Que tipo de factores podem levar à decisão de internar um familiar num lar?

4. Quais as críticas feitas ao pessoal da família institucional por parte dos utentes?

14
OS INTERVENIENTES 2
NA ACTIVIDADE INTERGERACIONAL
ANIMAÇÃO INTERGERACIONAL
MANUAL DO FORMANDO

2
2 . OS INTERVENIENTES

INTERGERACIONAL
NA ANIMAÇÃO

OS INTERVENIENTES NA ANIMAÇÃO INTERGERACIONAL

OBJECTIVOS GERAIS DEFINIÇÃO DE ANIMAÇÃO


E PROGRAMA INTERGERACIONAL
• Definir programa intergeracional e animação
intergeracional; Um programa intergeracional, segundo a
Declaração de Dortmund (1999), pretende
• Identificar características dos idosos, do enve- “Envolver múltiplas gerações tendo que incluir pelo
lhecimento e tipos de personalidade; menos duas gerações não-adjacentes ou de
parentesco.” O que significa que os intervenientes
• Reconhecer atitudes das crianças e jovens em são essencialmente crianças ou jovens e idosos.
relação aos idosos e ao envelhecimento; Neste capítulo serão apresentadas características
gerais destes dois grupos, centrando maior atenção
• Ilustrar mitos e estereótipos acerca da idade; sobre os idosos (visto ser este o âmbito do projecto),
para que melhor se possa animar e programar
• Reconhecer o tipo de trocas e de relações entre actividades que os envolvam.
as gerações.

Entende-se por “Animação intergeracional” o


desenvolvimento de actividades que aumentam a
interacção, cooperação ou intercâmbio entre, pelo
menos, duas gerações e estimulem a partilha de
competências, conhecimentos e experiências

OS IDOSOS

São sempre intervenientes quando se fala em


intergeracionalidade. Contudo podem existir duas
gerações dentro daquilo a que se chama velhice de
uma maneira geral. A geração mais nova, a quem
se chama “velhos jovens” com idades compreendi-
das entre os 60 e os 74 anos e a dos “velhos vel-
hos” com idades a partir dos 75 anos. Existem tam-
bém outras denominações como 3ª e 4ª idade, a
que correspondem etapas bastante distintas do
desenvolvimento individual, com tarefas caracterís-
ticas, indicadas no Quadro 2.1.

16
2 . OS INTERVENIENTES

INTERGERACIONAL
NA ANIMAÇÃO
QUADRO 2.1 - TAREFAS PARA O DESENVOLVIMENTO PESSOAL

“Velhos jovens” (60-74 anos) “Velhos velhos” (mais de 75 anos)

1. Preparar-se e ajustar-se à retirada da vida acti- 1. Aprender a combinar as necessidades de


va e às subsequentes mudanças de papel (parti- autonomia com as dependências.
cularmente nos homens).
2. Prever e ajustar-se a um rendimento ou a uma 2. Habituar-se a viver sozinho conservando a todo
baixa de rendimentos. o custo a autonomia.
3. Organizar um ambiente físico de maneira a 3. Encarar a possibilidade de entrada num lar ou
ajustar-se às mudanças de papel. centro de acolhimento.
4. Desenvolver novas actividades recreativas e de 4. Aprender a ser menos vulnerável ao stress físi-
tempos livres, bem como passatempos para aju- co e emotivo.
dar a aceitar as mudanças de papel.
5. Ajustar-se a uma maior demora das respostas 5. Ajustar-se ao declínio das forças físicas e da
físicas e intelectuais nas actividades quotidianas. saúde, e depois aceitar a morte.
6. Aceitar a perda dos pais, do cônjuge e dos amigos. 6. Ajustar-se às numerosas perdas: cônjuges, ami-
gos, parentes, bens materiais, autonomia, etc.
Adaptado de Berger&Mailloux-Poirier, 1995

Em ambas as fases o contacto com outras gerações


pode ter um papel fulcral, uma vez que estimula
socialmente, confirma as mudanças de papel,
devolve sentimentos de validade, e facilita a vivência
dos aspectos menos positivos do envelhecimento.

TIPOLOGIA DE PERSONALIDADE

Segundo Reichard, Levinson e Peterson (citado por “Os durões”


Berger&Mailloux-Poirier, 1995), existem 5 tipos de À semelhança dos dois estilos já descritos, também
personalidade que ajudam a compreender a forma este se adapta facilmente à velhice. Temem a
como os idosos vivem a velhice. São eles: dependência, o declínio físico e cognitivo e utilizam
mecanismos de defesa rígidos para evitar pensar
“Os maduros” demasiado no futuro. Valorizam muito a sua inde-
Aproveitam a vida, aceitam-se como são, apresen- pendência e esforçam-se por não parar as suas
tam-se sempre realistas e adaptam-se bem aos actividades. São extremamente centrados no dever
diferentes ambientes. São construtivos e têm uma e pouco no prazer, e, mesmo tendo tempo disponí-
atitude profundamente assertiva, sabendo gerir a vel, não se permitem relaxar e fazer uma vida mais
impulsividade, mas mantendo a espontaneidade. calma. São saudosistas e não gostam de intros-
São geralmente amáveis e tolerantes para os ou- pecções, evitam falar sobre eles. Tornam-se
tros. Não são saudosistas, recordam o passado, extremamente vulneráveis quando são afectados
mas não dependem dele no seu dia-a-dia, pois por algum tipo de incapacidade.
estão ligados ao presente e ao futuro.
“Os zangados”
“Os pantufinhas” Não se adaptam à velhice e reagem agressiva-
São passivos, os típicos “avózinhos” que gostam de mente com cólera e atitudes hostis. São pessoas
uma vida rotineira e descansada. Ficam contentes amargas, que não se questionam e acusam sis-
com a reforma, pois o trabalho não os satisfazia. tematicamente os outros pelos seus falhanços. São
São dependentes e pouco activos socialmente. pessimistas e desconfiados e com um baixo nível
Aceitam bem as ajudas vindas da família e da de tolerância à frustração. Mostram raiva dos jovens,
comunidade, não são conflituosos, mas têm bas- depreciando-os e desvalorizando a sua geração.
tantes queixas físicas.

17
2 . OS INTERVENIENTES

INTERGERACIONAL
NA ANIMAÇÃO

OS INTERVENIENTES NA ANIMAÇÃO INTERGERACIONAL

“Os auto-depreciadores”
Com baixa auto-estima estes idosos são extrema-
mente depressivos. Culpam-se por todos as frus-
trações e situações menos positivas. O sentimento
de impotência e inutilidade é dominante e tendem a
auto punir-se pelas opções erradas que tomaram
ao longo da vida.

Embora estas sejam definições um pouco exage-


radas, não será difícil encontrar pessoas que se
encaixem em cada uma delas. Ao trabalhar com
esta população os profissionais necessitam de
estar atentos e intervir no sentido de perceber se o
idoso está, ou não, bem adaptado à nova realidade.

OS IDOSOS E O FUTURO CRIANÇAS E JOVENS

Com as alterações da dinâmica familiar, assiste-se São os outros intervenientes nas relações intergera-
a um esvaziamento de papéis dos mais velhos. A cionais. Apresentam características próprias e em
passagem de “adulto jovem”, altura em que se con- constante nos últimos anos as alterações dentro
trola e gere tudo, se produz (trabalha) e tem outros destas gerações têm sido enormes. Em relação às
a seu cargo, para o “adulto velho”, em que tudo isto crianças as suas capacidades e potencial são agora
passa a fazer parte do passado, traz grande esforço estimulados desde muito cedo, o que faz com que
de readaptação. Apesar de tudo isto, existe um as aprendizagens se antecipem e que sejam cada
movimento de reajuste e de integração na vez mais “pequenos génios”.
sociedade que constitui um esforço para acompa-
nhar a evolução dos tempos e seguir em frente. CRIANÇAS

É crucial que a imagem social de velhice seja alte- As crianças começam a ser afastadas da sua
rada, que aos olhos do mundo passe a ser uma família biológica, durante o dia, desde os 4 meses.
fase de usufruir e transmitir e não só de perder. Esta Muitos pais por falta de recursos familiares vêm-se
figura está muito dependente da forma como esta é forçados a deixar os filhos em berçários, creches,
divulgada e abordada pelos decisores. Assim, as amas ou jardins-de-infância. Embora a oferta de
escolas e instituições com responsabilidades ao entidades corresponda ao nível de segurança e
nível da educação devem promover uma desmistifi- estimulação esperado pelos pais, a verdade é que
cação da terceira idade e uma aproximação a esta. a maior parte destes locais priva os meninos do
Também as políticas sociais poderão ser pensadas contacto com as gerações mais velhas. Mesmo a
e colocadas em prática com vista a atingir o objec- convivência com adultos é escassa e restritiva, pois
tivo de proporcionar novos papéis a esta faixa po- limita-se à prestação de cuidados o que faz com
pulacional, não os deixando cair na malha da que a função afectiva fique de lado.
solidão e invalidez a todos os níveis.
A divisão que se faz sentir entre as crianças e as
pessoas seniores, gera desconfiança e medo por
parte dos mais novos. Muitas vezes este sentimen-
to é confirmado por uma sociedade que desvaloriza
e teme a velhice. Para os mais pequenos, transfor-
ma-se num mito e torna-se cada vez mais habitual
que rejeitem as suas manifestações de carinho
(lavando a cara depois destes os beijarem, por
exemplo), que trocem das suas afirmações e das

18
2 . OS INTERVENIENTES

INTERGERACIONAL
NA ANIMAÇÃO
suas limitações físicas. A falta de envolvimento • Os “jovens adultos e recatados” (aproximada-
entre as gerações leva a uma ausência de qualquer mente 15%) são de uma faixa etária mais avança-
tipo de sentimentos ou ligação. da, não consomem drogas, valorizam o descanso e
o convívio com a família. Têm um estilo de vida
A criação deste preconceito numa idade muito pre- calmo, embora gostem de se divertir. Não fazem ta-
coce lança uma questão: como será a velhice tuagens, nem musculação, dão importância à
destes meninos? Uma criança que aprende a saúde e à alimentação.
respeitar e valorizar os idosos, está no bom camin- • Os “sedutores, cultos e precavidos” (aproxi-
ho para mais tarde se aceitar a si própria, respeitan- madamente 19%) dão grande importância ao
do-se a si e aos outros, vivendo a sua velhice de aspecto físico, têm muitos cuidados com o corpo e
forma adaptada. Quando isto não acontece é o seu gostam de seduzir. A maioria são licenciados e de
próprio desenvolvimento que fica comprometido. um estatuto sócio-cultural elevado, não consomem
drogas, e o álcool e tabaco é em moderação. Têm
JOVENS uma auto-estima elevada e gostam das coisas boas
da vida.
A faixa etária que define os jovens pode variar de • Os “hedonistas e convivialista” (aproximada-
país para país, pelo que tomaremos aqui a mente 25%) começam a trabalhar cedo, têm geral-
definição da ONU, que considera que têm idades mente comportamentos de risco no que diz respeito
compreendidas entre os 15 e os 24 anos. O a consumos e à saúde. Gostam de se divertir e
Instituto de Ciências Sociais da Universidade de dizem estar de bem com vida.
Lisboa em 2000, desenvolveu uma tipologia para • Os “rebeldes e toxicodependentes” (aproximada-
caracterizar a população jovem em Portugal: mente 9%) têm laços familiares débeis, muitos com-
• Os “alinhados e solteiros” (aproximadamente 25%) portamentos de risco e uma baixa auto-estima.
têm boa conduta, são predominantemente de uma
faixa etária mais nova (15-17 anos) e origens Os jovens, de uma maneira geral, procuram os seus
humildes. Vivem com os pais e a família é católica pares para formar grupos de amizade, tendo em
praticante. Utilizam a Internet e jogam computador, conta ideias, valores e hábitos de vida. Esta faixa
mantêm sempre os pais informados sobre onde estão. etária caracterizam-se também pela impetuosidade,
• Os “apáticos e pré-modernos” (aproximada- irreverência, pelo agir, mais do que pelo pensar e
mente 8%) situam-se essencialmente na faixa pelo questionar das regras, sendo cada membro um
etária dos 15 aos 17, têm escolaridade baixa, a caso. Encontra-se geralmente afastada da geração
maioria são filhos de pais que nunca frequentaram dos idosos, pelas características da idade e daquilo
a escola. Iniciam a vida profissional muito cedo que se valoriza (os pares). Não obstante, o respeito
(geralmente antes dos 14) e por isso o tempo livre pelos mais velhos, mesmo que as suas formas de
é escasso, acabando por não valorizar os diverti- ver o mundo sejam contestadas, deve existir e ser
mentos, saindo pouco à noite e não utilizando a estimulado.
Internet, por exemplo.
19
2 . OS INTERVENIENTES

INTERGERACIONAL
NA ANIMAÇÃO

OS INTERVENIENTES NA ANIMAÇÃO INTERGERACIONAL

MITOS E ESTEREÓTIPOS FLUXO DE VALORES ENTRE


GERAÇÕES
A representação social interfere na maneira como
as gerações mais novas lidam com a velhice em- Segundo Mead (1997), a transmissão de conheci-
bora as relações intergeracionais sejam marcadas mentos entre as gerações pode ser de três tipos:
pela experiência que cada um tem. Existem mitos Pósfigurativo em que as crianças adquirem co-
(construções sem bases reais com uma represen- nhecimentos maioritariamente com adultos;
tação simbólica) e estereótipos (chavões, ideias Configurativo em que as aprendizagens são resul-
feitas, baseadas em percepções automáticas) em tado do relacionamento com os pares, quer adultos-
relação a “ser idoso” que importa conhecer e estar adultos, quer crianças-crianças; ou Prefigurativo
preparado para abordar quando se trabalha com em que os adultos aprendem com as crianças. A
intergeracionalidade. Estes minam as relações existência de determinado modelo, depende do tipo
intergeracionais e, embora as crianças não de cultura e como tal da forma como são reconheci-
pareçam ser muito permeáveis às conotações ne- das capacidades aos intervenientes.
gativas da velhice, a insistência da sua veiculação e
a privação do contacto com este grupo acaba por Assiste-se nos dias de hoje a diferentes perspecti-
influenciar o olhar sobre as gerações mais velhas e vas no que diz respeito à passagem de valores e
gerar comportamentos gerontofóbicos no futuro. conhecimentos entre gerações. As mais novas ten-
dem a apresentar pouco interesse e disponibilidade
GERONTOFOBIA para aprender com as mais velhas, tornando-se
É o medo irracional de tudo o que se relaciona estanques e buscando influências dentro do grupo
com envelhecimento e com a velhice. dos pares (cohort). Por outro lado as mais velhas
mostram maior abertura à aprendizagem com
estes, algo que não acontecia num passado
Alguns dos estereótipos e mitos que se ouvem com recente. Exemplo disso são os avós que se moti-
frequência e têm vindo a ganhar peso actualmente vam com os netos para aprender a mexer em com-
estão representados no quadro 2.2. putadores, navegar na Internet e perceber um
pouco mais do mundo que os rodeia.

Um dos objectivos das actividades intergeracionais


é precisamente fomentar a passagem de valores
entre gerações e não propriamente promover
amizades que nestas idades se criam por excelên-
cia com os pares, nem ensinar (no sentido estrito).
Estas dinâmicas pretendem incorporar novas reali-
dades e experiências passíveis de serem transferi-
das para fora do grupo, com um efeito benéfico.

QUADRO 2.2 - REPRESENTAÇÕES EM RELAÇÃO AOS IDOSOS

Estereótipos Temem o futuro.


Gostam de conversar e de contar as suas recordações.
Gostam de depender dos filhos.
São pessoas doentes e tomam muitos medicamentos.
Fazem raciocínios senis;
São muito religiosos e rezam muito;
São muito sensíveis e inseguros.

Mitos A maioria dos idosos ou é senil ou é doente.


A maior parte dos idosos é infeliz.
Os mais velhos não são tão produtivos como os mais novos.
A maior parte dos idosos está doente e precisa de ajuda para a sua vida quotidiana.
São conservadores e incapazes de mudar os seus hábitos de vida.
São todos iguais, ou pelo menos muito parecidos.
Estão isolados e sentem-se muito sós.
20
2 . OS INTERVENIENTES

INTERGERACIONAL
NA ANIMAÇÃO
RELAÇÕES ENTRE
AS GERAÇÕES NA FAMÍLIA

Dentro das famílias os relacionamentos intergera-


cionais podem ser condicionados por vários
motivos: estarem geograficamente longe, impedin-
do visitas regulares, haver pouco contacto devido à
vida profissional intensa de pelo menos uma das
gerações (ex.: avós que estão na vida activa), sur-
gir o afastamento devido a falta de partilha de inte-
resses e o distanciamento devido divergências
familiares.

A representação que as crianças fazem dos avós


difere muito tendo em conta o tipo de intervenção
que estes têm junto do núcleo familiar. Para os
netos, eles assumem diferentes papéis, sendo mais
reconhecidos e apreciados por alguns (Quadro 2.3).
Embora nem sempre se conheçam, a imagem que muito possivelmente os netos terão para com ele o
é feita através das conversas que os pais e o resto mesmo tipo de atitude. Mais do que isso, tenderão
da família têm acerca deles serve para povoar o a repetir esse comportamento com os idosos de
seu imaginário. uma maneira geral, considerando-os incapazes,
limitados e até patéticos. O que também é impor-
Os diferentes papéis desempenhados pelos avós tante referir, é que aqueles que agora são pais e
na vida de uma criança são importantíssimos para adoptam esse comportamento, muito provavel-
o seu desenvolvimento: o que conta histórias, a que mente irão obter a mesma resposta dos seus filhos
ensina a fazer tricô e a dizer uma cantilena, vêm e dos netos, passados uns anos.
enriquecer e tornar mais fortes os laços familiares,
para além da transmissão de valores, experiências, Alguns programas intergeracionais visam também o
conhecimentos e sobretudo de afecto. desenvolvimento das relações entre avós e netos,
criando acções que facilitam a partilha e diversi-
É importante não perder nunca de vista a forma fiquem as actividades feitas em conjunto, estimulan-
como os filhos consideram, estimam e valorizam os do o interesse de ambas as partes. Em alguns paí-
pais pois condiciona muito o tipo de relação que os ses, têm o objectivo de os preparar para criarem os
avós têm com os netos. Se a pessoa sénior for seus netos, em situações temporárias ou definitivas,
tratada pelos seus filhos como uma criança, sendo por ausência dos pais, ou quando são quem passa
as suas atitudes e comportamentos ridicularizadas, a maior parte do tempo diário com as crianças.

QUADRO 2.3 - PAPEIS DOS AVÓS

Historiador São os avós que contam histórias de outros tempos, que explicam como se vivia, que
da família contam aventuras, num mundo bem diferente do habitual.
Professor Tem sempre algo para ensinar, (fazer um bolo, fazer um apito, fazer colecções).
Mentor Mais do que ensinar promove e assegura que o neto triunfe, apoiando-o sempre.
Estudante Os avós que, influenciados pelos netos, vão à procura de novos conhecimentos
dispondo-se também eles a aprender são valorizados.
Parceiro Os avós companheiros, de quem os netos são cúmplices, que trocam segredos e em
quem confiam.
Génio Os avós perfeitos capazes de, através de um passo de mágica, realizar os desejos dos
mais novos.
Herói Os verdadeiros heróis de carne e osso, que tudo vencem e continuam de pé resistindo
a tudo e a todos.
Modelo Os avós enquanto exemplos de vida a seguir.
Guia Os avós como pessoas experientes e vividas.
espiritual
Kornhaber (1996) (citado por Sousa 2004) 21
2 . OS INTERVENIENTES

INTERGERACIONAL
NA ANIMAÇÃO

SÍNTESE

A definição de programa intergeracional coloca


como intervenientes na relação pelo menos duas
gerações não adjacentes, ou de parentesco
envolvidas. Logo, os envolvidos são o grupo das
crianças, jovens e idosos, sendo que dentro
destes 3 grandes grupos, existe mais do que uma
geração.

A geração dos mais velhos (idosos), pode-se


dividir em duas (“velhice jovem” e “velhice velha”),
tendo cada uma delas, etapas e metas distintas de
desenvolvimento pessoal, com tarefas e objec-
tivos diferentes. Embora não existam duas pes-
soas iguais, alguns tipos de personalidade foram
traçados para caracterizar a forma como os idosos
de uma maneira geral de adaptam ao envelheci-
mento. As adaptadas: “os maduros”, “os pantufi-
nhas”, “os durões”s e as mal adaptadas: “os zan-
gados” e “os que se auto-depreciam”.

As crianças estão cada vez mais afastadas das


gerações mais velhas, o que faz com que a repre-
sentação seja aquela que é culturalmente veicula-
da, correspondendo a uma perspectiva negativa e
baseada na funcionalidade. Os jovens, que tam-
bém já cresceram neste distanciamento intergera-
cional, e que por características das próprias eta-
pas do desenvolvimento, procuram apenas os
seus pares, tornam a falha relacional ainda maior.

Quando se exerce a função de animador inter-


geracional é importante não desprezar mitos e
estereótipos enraizados. Eles condicionam a
forma como se pensa e sente o envelhecimento e
enviesam as relações. O fluxo de valores entre as
gerações é comprometido por ideias ou crenças
falsas. Dentro das famílias modernas a passagem
de valores entre avós e netos nem sempre é pos-
sível devido a factores como a distância geográfi-
ca. Também os diferentes papéis que eles podem
desempenhar no imaginário dos netos influencia a
troca entre os dois grupos.

22
2 . OS INTERVENIENTES

INTERGERACIONAL
NA ANIMAÇÃO
ACTIVIDADES

ACTIVIDADES PROPOSTAS

1. Tendo em conta os 5 tipos de personalidade que os idosos podem apresentar, encontre para cada um
deles exemplos no seu mundo relacional, que os ilustrem e lhes dêem vida.

2. Faça uma pesquisa pelos seus familiares e amigos sobre o que eles pensam acerca do envelhecimento
e verifique se encaixam nos mitos e estereótipos abordados no capítulo.

ACTIVIDADES DE AVALIAÇÃO

1. Defina animação intergeracional.

2. Indique três diferenças importantes entre os “velhos jovens” e os “velhos velhos”?

3. Indique, pelo menos, 3 tipos de reacções e comportamentos das crianças e jovens que indicam afas-
tamento entre as gerações.

4. Que tipos de trocas podem ocorrer entre idosos e jovens e crianças?

23
24
INTERGERACIONALIDADE 3

ANIMAÇÃO INTERGERACIONAL
MANUAL DO FORMANDO

3
3. INTERGERACIONALIDADE

INTERGERACIONALIDADE

OBJECTIVOS GERAIS OS PROFISSONAIS

• Identificar o perfil do profissional intergeracional, Os profissionais da intergeracionalidade devem


bem como aspectos facilitadores para o desen- possuir características que se incluam num deter-
volvimento de actividades; minado perfil, para que as relações entre gerações
sejam verdadeiramente facilitadas. Não existe
• Definir a função do animador enquanto coorde- neste momento em Portugal uma formação supe-
nador e reconhecer as próprias atitudes em rior específica nesta área, daí que seja ainda mais
relação ao envelhecimento; importante definir que tipos de competências
devem existir e ser desenvolvidas para um bom
• Exemplificar diferentes contextos de intervenção desempenho da função. Os animadores ou facilita-
intergeracional; dores intergeracionais podem ter diferentes profis-
sões, mas convém que tenham uma base sólida na
• Nomear benefícios dos programas intergera- área das relações humanas.
cionais para: os idosos, crianças e jovens, comu-
As interacções entre os indivíduos de gerações
nidade, instituições e empresas;
diferentes não acontecem por si só, é necessário
haver uma preparação prévia. Por outro lado o nível
• Listar alguns cuidados a ter para realizar activi-
de intervenção de um animador, não deve ir além
dades intergeracionais bem sucedidas.
da vontade dos intervenientes. As relações não
devem ser forçadas e é importante que o animador
actue enquanto “facilitador” e não como “ profes-
sor”, ou “director”.
De acordo com Larkin & Rosebrook aqueles que
lidam com intergeracionalidade devem seguir algu-
mas directivas que constam no Quadro 3.1.
O Programa VIVER definiu um conjunto de com-
petências dos três domínios do saber: saber-saber,
saber-fazer e saber-estar que definem um perfil ini-
cial dos profissionais na área da intergeracionali-
dade, onde se inclui o animador intergeracional:
Domínio dos conhecimentos (saber-saber)
- Dominar conhecimentos teóricos e instrumentos
de várias áreas relevantes do exercício cabal das
suas funções, incluindo a Psicologia, Sociologia,
Serviço Social, História, Literatura;
- Dominar as Artes entre outras, para desenvolver
programas ou acções de Animação sócio-cultural
Intergeracional;
- Seleccionar e aplicar os saberes científicos e téc-
nicos para compreender a totalidade sócio-cultural
das questões intergeracionais, nomeadamente
considerando os diversos grupos etários, contextos
institucionais e dinâmicas comunitárias abrangidas;
- Identificar e caracterizar elementos constitutivos
das situações problemáticas, designadamente dis-
torções perceptivas nas quais os sujeitos podem
incorrer podendo estar na base dos conflitos, e
escolher as estratégias adequadas para os prevenir
ou resolver.
Domínio Relacional (saber-estar)
- Ser um profissional reflexivo, com capacidades
auto-críticas, de qualificação contínua do desem-
penho, de clareza e segurança em relação ao seu
perfil funcional:
- Respeitar e viabilizar a autonomia, as responsabi-
26
3 . INTERGERACIONALIDADE
lidades pessoais, a diversidade cultural, religiosa, mento do programa ou da acção intergeracional,
sexual, entre outras, tendo por orientações a bem como abordar, minorar ou resolver dificuldades
Declaração Universal dos Direitos Humanos, a quotidianas daí emergentes;
Carta Europeia dos Direitos Fundamentais e a - Aplicar estratégias de gestão e resolução de con-
Constituição da Republica Portuguesa em vigor; flitos, com avaliação prévia e sistematizada dos
- Reconhecer a centralidade dos utentes/cidadãos, mesmos, explicitando, debatendo e relacionando a
indo ao encontro das suas necessidades e capaci- pertinência das soluções encontradas em relação
dades, empregando uma comunicação eficaz que aos problemas e às estratégias adoptadas;
suporte o desenvolvimento das relações intergera- - Resolver dificuldades ou enriquecer o relaciona-
cionais; mento intergeracional através da comunicação não
- Ser um profissional atento e construtivo, verbal e de suportes comunicativos inovadores
orientando-se para a criação ou rentabilização de (como os digitais), aplicando técnicas e códigos
espaços e momentos onde indivíduos de várias apropriados;
ideias, com interesses comuns, possam estabele- - Saber trabalhar em equipa, formar parcerias,
cer relações mutuamente benéficas e satisfatórias. redes e colaborar com os demais, de acordo com a
sua área de competência.
Domínio Técnico (saber-fazer)
- Estabelecer uma metodologia de projecto no tra- O animador intergeracional pode acumular o desem-
balho, nomeadamente estruturando-o por objec- penho das funções de coordenação e desenvolvi-
tivos e metas e pesquisando, organizando e pro- mento de actividades ou, em programas de maior
duzindo informação em função das necessidades. dimensão, ser realizada por técnicos em separado.
- Utilizar técnicas de intervenção e avaliação social No Quadro 3.2 são apresentadas algumas das tare-
adequadas para informar eficazmente o desenvolvi- fas necessárias para coordenar um projecto.

QUADRO 3.1 - DIRECTIVAS PARA O DESENVOLVIMENTO DA ANIMAÇÃO INTERGERACIONAL

Usar conhecimentos sobre desenvolvimento humano para planear e implementar programas eficazes na
aproximação de gerações, de forma a que lhes traga benefício mútuo;
Reconhecer as necessidades e empregar uma comunicação eficaz que suporte o desenvolvimento de
relações intergeracionais;
Compreender e demonstrar empenho em colaborar e estabelecer parcerias;
Integrar conhecimentos teóricos e instrumentos de várias áreas relevantes, incluindo psicologia, história,
animação sócio-cultural, literatura e artes para desenvolver programas;
Aplicar técnicas de avaliação dos campos da educação e ciências sociais para analisar o desenvolvimento
do programa;
Ser profissional reflexivo e atento às pessoas, cujo propósito é criar espaços e momentos onde as pessoas
de várias idades, com interesses comuns possam estabelecer relações mutuamente benéficas e satisfatórias.

QUADRO 3.2 - PAPEL DO COORDENADOR DE PROGRAMAS INTERGERACIONAIS


1. Preparar os programas, criar uma agenda de reuniões com os técnicos envolvidos, e organizações par-
ceiras, para fazer um levantamento de ideias e recolher contributos.
2. Recrutar intervenientes, por exemplo jovens, para visitar idosos no domicílio, ou idosos para ajudar as
famílias com necessidade.
3. Desenvolver e programar actividades em conjunto com outros intervenientes.
4. Organizar sessões de treino/formação para os técnicos intervenientes e para os elementos das gerações
em causa (se for caso disso).
5. Desenvolver um cronograma e um quadro resumo, com as programações semanais.
6. Observar e acompanhar esporadicamente para avaliar o decorrer das sessões intergeracionais.
7. Promover reuniões periódicas para avaliar o programa, fazer o levantamento de necessidades e suporte
emocional.
8. Fazer a cobertura dos eventos, para futuramente divulgar. Fotos, pequenas notícias são materiais que
podem ser recolhidos e integrar um dossier do programa.
9.Coordenar todos os elementos, e mediar no caso de haver situações de conflitos.
27
3. INTERGERACIONALIDADE

INTERGERACIONALIDADE

ATITUDES DOS PROFISSIONAIS


FACE À VELHICE

Convém ainda salientar que as atitudes em relação


aos idosos são influenciadas por aspectos como a
perda de aparência física, a proximidade da morte,
aumento da dependência, lentidão de movimentos
e declínio físico e cognitivo. É importante que os
profissionais que lidam com esta população, princi-
palmente quando trabalham com gerações com
características tão diferentes, estejam atentos e
conheçam as suas próprias atitudes em relação à
terceira idade e à forma como perspectivam a sua.

Não só comportamentos gerontofóbicos (anterior-


mente já descritas) podem aparecer e por vezes
até de forma encapotada, no desempenho da
profissional. O “agisme” que corresponde a uma
atitude de descriminação pela idade, surge no dia-
a-dia das sociedades actuais, sendo por vezes difí-
cil tomar consciência e fazer com que não interfira le-vadas pelas crianças, à leitura de poemas, ou
na relação com os idosos. Também a “infantiliza- distribuição de desenhos feitos por elas.
ção”, que se caracteriza por tratar os idosos como
bebés, fazendo uso de expressões infantis, simpli- Com os jovens, outro tipo de actividades é possí-
ficando demasiado as actividades e adoptando vel, como arranjar canções e filmes para apresen-
comportamentos desadequados em relação às tar aos mais velhos. Podem também preparar
capacidades dos indivíduos. Para quem é tratado actividades (levar jogos, ou trabalhos manuais) que
desta forma, faz com que se sinta, ridicularizado e requeiram a sua interacção, em vez de um mero
mais dependente ainda. papel de espectador. Nestes casos é mais adequa-
do que já exista um contacto prévio e que as
sessões tenham já sido iniciadas.
OS CONTEXTOS
Visitas de idosos a instituições infantis e juvenis
Os programas intergeracionais podem ser levados Neste caso é a geração mais velha que se organi-
a cabo em diferentes contextos: crianças ou jovens za para ir ao encontro dos mais novos, aos locais
a visitar idosos nas suas instituições, os mais ve- onde estes se encontram diariamente: escolas,
lhos a prestar apoio no domicílio, ou a visitar infantários, creches, atl's, ou associações. Os
crianças em escolas ou em outros locais. Ainda idosos podem ser voluntários ou em alguns casos
numa terceira hipótese ambas as gerações se serem remunerados por estas tarefas, embora esta
encontram em equipamentos com as diferentes situação seja muito pouco frequente no cenário
valências interagindo e partilham o mesmo espaço. intergeracional português.

CONTEXTO INSTITUCIONAL - PROJECTOS Idosos e crianças e jovens interagem na mesma


INTERGERACIONAIS COM CRIANÇAS/JOVENS instituição
E IDOSOS Muitos equipamentos sociais são destinados a
crianças e idosos, estando facilitada a sua inte-
Visitas de crianças e/ou jovens a instituições de gração e interacção. Assiste-se agora à aplicação
acolhimento de idosos de programas intergeracionais, ainda que em
Uma das possibilidades existentes são as visitas muitos casos, resultem apenas em actividades
sistemáticas a instituições, devidamente planeadas esporádicas. No entanto existe um enorme poten-
e programadas pelos animadores intergeracionais, cial nestes contextos para projectar um conjunto de
que visam uma aproximação da geração mais nova dinâmicas com carácter regular, devidamente
com o objectivo de dar afecto e apoio aos mais ve- estruturadas, que aproximem os elementos das
lhos. As actividades poderão ser de diferentes faixas etárias diferentes. Este tipo de actividades
tipos, desde a participação conjunta em actividades acontece essencialmente com crianças, visto que

28
3 . INTERGERACIONALIDADE
existem menos instituições comuns a jovens e
idosos.

OUTROS CONTEXTOS

Programas de apoio comunitário


Este tipo de projectos são geralmente organizados
por várias entidades e visam prestar apoio a situa-
ções particulares, devidamente diagnosticadas. Por
exemplo, numa determinada comunidade pode
observar-se que existe um problema de grande
solidão por parte dos idosos. Um programa de vo-
luntariado jovem que compreenda visitas domici-
liárias com carácter sistemático, e pequenas aju-
das, como auxílio em deslocações programadas
(idas ao médico, à farmácia, passeios), pode solu-
cionar alguns casos limite, em que o isolamento
compromete a qualidade de vida dos mais velhos.
Nestes casos o estabelecimento de parcerias entre
várias entidades da comunidade (paróquias, asso-
ciações de jovens, centro de saúde, segurança
social, entre outros), e uma equipa de coordenação
pode gerir os vários participantes no processo.

Programas para avós e netos BENEFÍCIOS ESPERADOS


Podem ser organizados por associações de pais,
ou familiares, paróquias, ou outras, e têm como BENEFÍCIOS PARA AS CRIANÇAS E JOVENS
objectivo estimular e promover as relações dentro
das famílias. Também os avós podem receber for- A falta de oportunidade das crianças para lidarem
mação para desenvolver actividades de forma com gerações de adultos mais velhos, faz com que
autónoma. Outra possibilidade é, como já foi dito, a exista uma lacuna a esse nível no seu desenvolvi-
elaboração de programas para avós que têm como mento. A sua participação em actividades intergera-
missão criar os seus netos, por ausência ou impos- cionais, para além de fazer a ponte, é pedagógica
sibilidade dos pais. Neste caso os objectivos são no sentido de os aproximar daquilo que é ser idoso.
fornecer à geração mais velha ferramentas para
enfrentar os desafios de educar novamente De acordo com o descrito no programa VIVER, ou-
uma criança, principalmente aprofundar quais as tros benefícios são:
alte-rações existentes entre o “tempo dos filhos” e o • Aumento do interesse pela aprendizagem, saber e
“tempo dos netos”. conhecimento, através do convívio informal com os
idosos;
No quadro 3.3 são apresentados exemplos de pro- • Melhoria do relacionamento com os mais velhos,
gramas em diferentes contextos. seus parentes ou não;
• Criação e incremento de respeito, responsabili-
dade e estima pelos mais velhos;
• Incentivo à criação de modelos de vida pelo con-
tacto directo com os mais velhos;
• Aumento da motivação para aprender de uma
forma informal e lúdica;
• Desmistificação e incutir comportamentos de to-
lerância para com algumas das atitudes e preferên-
cias dos idosos;
• Aumento do conhecimento e capacidade para aju-
dar os mais velhos;
• Melhor aceitação do próprio envelhecimento num
futuro distante.

29
3. INTERGERACIONALIDADE

INTERGERACIONALIDADE

QUADRO 3.3 - EXEMPLOS DE TIPOS DE PROGRAMAS QUE PODEM SER REALIZADOS


NOS DIFERENTES CONTEXTOS

CONTEXTO INSTITUCIONAL
Envolvendo jovens de escolas do 1º ciclo e secundárias e idosos institucionalizados.
Jovens de universidades visitam idosos institucionalizados.
Crianças e jovens das paróquias fazem actividades com idosos institucionalizados.
Netos e avós institucionalizados integram iniciativas várias.
Idosos e crianças da mesma instituição integram iniciativas várias.
Idosos de universidades da terceira idade ou outras associações culturais visitam creches ou jardins-de-infância.
Idosos de universidades da terceira idade ou outras associações culturais visitam escolas primárias ou secundárias.
Idosos como tutores escolares dos jovens e crianças.
Organização de programas de apoio a crianças no domicílio.
Idosos da comunidade asseguram a companhia das crianças depois das aulas.
Idosos partilham actividades, ensinando a fazer artesanato, jardinagem, leitura, histórias.
Crianças de escolas primárias ou creches visitam idosos nas instituições de acolhimento, levando peque-
nas actividades preparadas (peças de teatro, fantoches).
Programas de levantamento e gravação da cultura oral (lendas, histórias locais, canções, poesias), com-
pilando e publicando e mostrando os resultados.
Programas de ensino de novas tecnologias (informática, navegação na Internet, envio de mails, conver-
sação em chats).
OUTROS CONTEXTOS
Visitas de jovens da comunidade a idosos em contexto de domicílio.
Actividades para avós e netos não institucionalizados.
Idosos visitam crianças desfavorecidas no domicilio.
Programas de babysitting feito por idosos a crianças no domicílio.
Programas de “Avósitting” feito por jovens, para fazer companhia aos idosos dependentes apoiando os
cuidadores
Jovens adolescentes visitam idosos carenciados, levando refeições, ajudando nas compras, fazendo
pequenas reparações, limpando o jardim, entre outras tarefas deste tipo.
Jovens e crianças preparam eventos (desportivos, concursos musicais, passagens de modelos e outros)
em conjunto com os idosos.
Projectos de jardinagem dos espaços comunitários com jovens, crianças e idosos.
Ciclos de debates sobre temas variados, fazendo cenários de antes e depois.
Programas de culinária, cujas refeições são dadas para as pessoas mais carenciadas.
Programas de apoio das gerações mais velhas às famílias jovens (pais e mães adolescentes).
Intervenção em programas de promoção de saúde.

30
3 . INTERGERACIONALIDADE
BENEFÍCIOS PARA OS IDOSOS

Como é evidenciado no quadro 3.4 onde estão


representados os comportamentos esperados ao
nível físico, psicológico e social para uma velhice
bem sucedida, os encontros intergeracionais,
potenciam uma velhice óptima, já que ao participar
muitos destes comportamentos são activados.
Ao nível cognitivo as actividades intergeracionais
funcionam como um promotor da saúde mental, e
os grandes objectivos a este nível são:
• Permitir e encorajar que o idoso mantenha o con-
tacto com outras gerações e desta forma se sinta
inserido na sociedade;
• Favorecer a solução de problemas, através de
actividades apropriadas;
• Encorajar as actividades criativas;
• Estimular a memória com actividades variadas, con-
cretas e interactivas;
• Estimular a autonomia e sentido de responsabili-
dade sobre a sua própria vida, conferindo uma mis- • Reduzir o isolamento e promover um estilo de vida
são social (Projecto VIVER). mais saudável e estimulante.
De uma maneira geral as vantagens dos contactos
intergeracionais para um sénior são: BENEFÍCIOS PARA AS INSTITUIÇÕES DE
• Promover novos relacionamentos, positivos e ACOLHIMENTO, EMPRESAS E COMUNIDADE
estimulantes com as crianças, profissionais e
comunidade em geral; Numa altura em que a produtividade e o lucro estão
• Sensibilizar para a aceitação e compreensão das sempre em primeiro plano, é importante realçar às
atitudes e formas de estar, dos jovens; instituições que acolhem crianças e idosos (princi-
• Promover a educação ao longo da vida; palmente às privadas), às empresas e à comu-
• Aumentar a auto-estima e perspectivas de vida; nidade em geral (associações, clubes, entidades
• Aumentar a auto-satisfação e realização pessoal; estabelecimentos de saúde, entre outros), quais os
• Criar oportunidades que lhes permitem transferir a proveitos que podem alcançar, intervindo neste tipo
sua experiência de vida, valor acumulado e afectivi- de projectos.
dade;

QUADRO 3.4 - COMPORTAMENTOS ESPERADOS PARA UM EVELHECIMENTO BEM SUCEDIDO

Plano físico Praticar actividades múltiplas e variadas


Trabalhar e ter um papel social
Conservar a mobilidade física
Manter ou modificar a actividade física

Plano Querer aprender e evoluir, adaptar-se e modificar-se


Psicológico Apelar à criatividade e à invenção

Plano social Criar novas e significativas relações


Empenhar-se numa causa e alargar o campo de experiências sociais
Evitar o isolamento e ter um ou dois bons amigos
Poder conservar a capacidade sexual ou emocional
Adaptar-se à evolução social
Conservar as crenças religiosas
Adaptado de Berger&Mailloux-Poirier, 1995

31
3. INTERGERACIONALIDADE

INTERGERACIONALIDADE

Empresas Também é importante que todos os participantes


Maior respeito pela pessoa, e enriquecimento do tenham a noção do quanto estão a contribuir e qual
trabalho com sabedoria e experiência acumulada. o valor das suas contribuições. A falta de noção
Maior envolvimento por parte dos mais novos, que acerca da sua prestação gera muitas vezes desmo-
são motivados e integrados pelos mais velhos, tivação e leva à desistência. A adequação das
assegurando assim a continuidade dos saberes. Por expectativas entre aquilo que é esperado e a reali-
seu turno, o inverso também é verdadeiro, dada a dade é outro aspecto a ter em conta.
rápida evolução tecnológica, os mais novos podem
ter um papel preponderante na actualização dos Existem alguns perigos a que os profissionais
conhecimentos seniores, permitindo assim uma devem estar atentos, nomeadamente, a forma
troca de conhecimentos que em muito pode benefi- como se tratam os intervenientes, por exemplo evi-
ciar a produtividade, do ponto vista da quantidade e tar alcunhas (velhinhos, menininhos), e tratar sem-
qualidade. Aumentando o envolvimento de todos, o pre todos pelo nome. É também de evitar que o pro-
absentismo e falta de pontualidade diminuem. grama intergeracional pertença a uma só pessoa,
um único promotor que recolhe os louros. Nestes
Instituição de crianças e idosos casos quando surgem as dificuldades o programa
Ao promover a convivência intergeracional está a tende a acabar, pois estava personalizado em
ser feito um investimento nas relações humanas, demasiada, e o insucesso de uma pessoa é confun-
na transmissão de valores e património de determi- dido com o do grupo.
nada cultura. Confere à instituição um rótulo de
criatividade e abertura, desenvolvendo também a
solidariedade e respeito pelos outros. Melhora a
forma como a instituição se relaciona com a comu-
nidade e com as famílias.

Comunidade
O fomento das relações intergeracionais, permite
criar crianças mais equilibradas e com uma ligação
ao passado. Também aumenta a rede de suporte
desenvolvendo sinergias e em algumas situações a
família pode até ser directamente apoiada por
“avós emprestados” que ajudam a cuidar os seus
filhos.

CUIDADOS EM RELAÇÃO AOS PROGRAMAS


INTERGERACIONAIS

Existe o mito de que a associação das crianças


com idosos, vai produzir um instante mágico de
partilha intergeracional e a falsa crença de que
ambas as gerações imediatamente se integraram e
os laços surgirão de forma automática. No entanto,
na prática, o sucesso das relações exige planea-
mento e organização. É necessário preparar ambos
os grupos etários para que se sintam confortáveis
uns com os outros.

Outra ideia falsa é que a idade dos idosos é o me-


lhor predictor do sucesso dos programas, mas exis-
tem outros factores que influenciam a forma como
os intervenientes actuam. O estatuto (professor,
voluntário, avô) com que cada um se apresenta,
interfere na forma como se comporta e no papel
que desempenha. Daí que seja necessário clarificar
que tipo de função é que se espera que realizem.

32
3 . INTERGERACIONALIDADE
SÍNTESE

O profissional de animação intergeracional pode


ter diferentes profissões e vir de percursos diver-
sos. Para o desempenho das suas funções deve
adquirir competências específicas no domínio téc-
nico, relacional e de conhecimentos. O animador
pode ainda ter outros papéis, nomeadamente o de
coordenador, que comporta tarefas específicas
para as quais deve estar preparado. O auto-
-conhecimento é um aspecto essencial para
actuar nesta área profissional, a consciência das
suas próprias atitudes face ao envelhecimento
pode ser a chave do sucesso.

Os contextos onde podem ser levados a cabo pro-


gramas intergeracionais, são vários: instituições,
comunidade, família, entre outros. Os conteúdos das
actividades diferem consoante o contexto e a neces-
sidade que levou à sua elaboração. No que diz
respeito aos benefícios que se esperam obter, eles
são vários e todos os envolvidos ficam a ganhar.

Para as crianças e jovens, é uma excelente opor-


tunidade de aprendizagem, troca de experiências
e envolvimento afectivo, para além do facto de
contribuir para desmistificar crenças falsas sobre a
velhice. Para os idosos, tem como grande van-
tagem reduzir o isolamento social, proporcionando
o contacto com jovens e crianças. É também fonte
de motivação para aprender, actualizar-se e para
se dar e receber afecto.

A comunidade encontra neste tipo de programas


mais uma forma de fortalecer a rede informal de
apoio, prevenindo a desvinculação entre ge-
rações. As instituições podem tirar dividendos já
que aumenta a coesão entre os utentes e melhora
a forma como se relaciona com a comunidade e
com as famílias.

33
3. INTERGERACIONALIDADE

ACTIVIDADES

ACTIVIDADES PROPOSTAS

1. Pesquise na sua área de residência quais os contextos em que existem programas intergeracionais a
funcionar. Elabore uma lista de locais que beneficiariam com projectos deste tipo.

ACTIVIDADES DE AVALIAÇÃO

1. Classifique como verdadeiras ou falsas as seguintes afirmações:

1.1. O animador deve ser um profissional reflexivo, com capacidades autocríticas.

1.2. O animador não tem que saber de outras áreas para além da dele pois isso não faz dele um profis-
sional melhor.

1.3 Conceber um projecto e coordená-lo não faz parte das competências do animador intergeracional.

1.4. Ser um profissional atento e construtivo, orientando-se para a criação ou rentabilização de


espaços e momentos onde indivíduos de várias ideias, com interesses comuns, possam estabelecer
relações mutuamente benéficas e satisfatórias.

2. Atente na seguinte situação:


“O Sr. Miguel de 93 anos dirige-se ao médico, queixando-se de dores no joelho direito. O médico manda-o
entrar e questiona-o acerca do motivo da sua ida. Imediatamente após o Sr. Miguel apresentar a sua
queixa, o médico diz: “Pois é… são os noventas, já não vai para novo, até a mim me doem os joelhos e
sou mais novo.” Ao que o Sr. Miguel responde: “Então e como é que explica que o meu joelho direito esteja
velho e o outro não?”

2.1. Analise a atitude deste médico.

3. Leia o seguinte texto.


“A Joana tem 12 anos e segundo os seus pais está numa fase muito má. Acha que não tem nada a apren-
der com os mais velhos. Nunca conheceu os seus avós, mas se ser velho é aquilo que se vê na televisão,
ela não quer sequer ouvir falar da velhice.”

3.1. Indique pelo menos 3 vantagens que a Joana podia retirar de fazer parte de um programa inter-
geracional.

4. Indique, do ponto de vista cognitivo, que vantagens as actividades intergeracionais podem trazer.

34
PROGRAMAS INTERGERACIONAIS 4

ANIMAÇÃO INTERGERACIONAL
MANUAL DO FORMANDO

4
INTERGERACIONAIS
4 . PROGRAMAS

PROGRAMAS INTERGERACIONAIS

OBJECTIVOS GERAIS

• Reconhecer características essenciais para


tornar um projecto intergeracional bem sucedido,
avaliar necessidades e escolher parcerias ade-
quadas ao tipo de programa em causa;

• Definir objectivos do programa e planear activi-


dades utilizando um cronograma;

• Indicar formas de recrutamento e aspectos


importantes na formação dos participantes nos
programas e de profissionais;

• Descrever as tarefas de organização e gestão do


funcionamento dos programas, bem como as que ELABORAR
estão ligadas ao seu desenvolvimento; UM PROGRAMA INTERGERACIONAL
• Aplicar formas de avaliação de projectos. Um programa intergeracional corresponde a um
conjunto de actividades planeadas, com determina-
da sequência e periodicidade, com objectivos a
atingir e para serem colocadas em prática por técni-
cos. O animador intergeracional é quem mais está
habilitado a trabalhar fazendo a ponte entre várias
gerações. Por isso, mais do que dinamizar as activi-
dades o animador intergeracional deve estar
preparado para conceber e desenhar um programa
para um determinado público, num contexto especí-
fico. Os animadores intergeracionais podem ser
técnicos de várias áreas, dada a ausência de uma
formação académica nesta área.

CARACTERÍSTICAS ESSENCIAIS PARA


PROJECTOS INTERGERACIONAIS BEM
SUCEDIDOS

• Fazer face a necessidades diagnosticadas em


cada um dos grupos geracionais;
• Demonstrar benefícios mútuos para os partici-
pantes das várias idades;
• Estabelecer novos papéis sociais e/ou novas pers-
pectivas para os participantes jovens e idosos;
• Envolver múltiplas gerações tendo que incluir pelo
menos duas gerações não-adjacentes ou de pa-
rentesco;
• Promover consciencialização crescente e com-
preensão entre gerações mais novas e mais velhas
e os aumentam a auto-estima para ambas;
• Abordar temáticas sociais e políticas relevantes
para as gerações envolvidas;
• Incluir elementos que estão envolvidos no planea-
mento de programas;
• Desenvolver relações intergeracionais.

36
INTERGERACIONAIS
4 . PROGRAMAS
AVALIAÇÃO DAS NECESSIDADES

É importante que ao avançar para uma intervenção associações recreativas, universidades da terceira
intergeracional os contextos de partida sejam ana- idade, centros de saúde, hospitais, entre outros.
lisados e sejam diagnosticadas, não só as necessi- Será então possível construir a partir daqui um pro-
dades ao nível das gerações, mas também a oferta grama integrado.
disponível por parte dos grupos etários. Para a
fazer a avaliação de necessidades deverão ser Para algumas das necessidades mais vulgarmente
analisados dados de relatórios locais ou regionais, encontradas são apresentadas sugestões de
sobre temas como a terceira idade, infância, juven- actuação nos quadros 4.1, 4.2 e 4.3.
tude, saúde, ocupação de tempos livres e família.
Podem também ser feitas entrevistas com o intuito
de indagar a pertinência de projectos deste tipo a
instituições cuidadoras e a entidades responsáveis
pela educação e por esta população, como escolas,
creches, infantários, atl's, lares, centros de dia,

QUADRO 4.1 - ACTUAÇÃO COM CRIANÇAS OU JOVENS COM POUCO CONTACTO COM
GERAÇÕES MAIS VELHAS (AVÓS), QUE BENEFICIARÃO CULTURAL E EMOCIONALMENTE

Idosos como tutores escolares dos jovens e crianças;


Organização de programas de apoio a crianças, no domicílio;
Idosos asseguram na comunidade programas de acompanhamento das crianças depois das aulas;
Partilha de actividades com os idosos a ensinar artesanato, jardinagem, leitura, histórias;
Programas de apoio às gerações mais velhas, às famílias jovens de pais e mães adolescentes;
Intervenção em programas de promoção de saúde, como os de vacinação das crianças, por exemplo.

QUADRO 4. 2 - ACTUAÇÃO COM IDOSOS ISOLADOS OU INSTITUCIONALIZADOS


COM NECESSIDADE DE AFECTO E INTEGRAÇÃO SOCIAL

Crianças de escolas primárias ou creches visitam os idosos nas instituições de acolhimento, levando
pequenas actividades preparadas (peças de teatro, fantoches);
Jovens adolescentes visitam idosos carenciados, levando refeições, ajudando nas compras, fazendo
pequenas reparações, limpando o jardim, entre outras tarefas deste tipo;
Programas de levantamento e gravação da cultura oral (lendas, histórias locais, canções, poesias), com-
pilando e publicando;
Programas de ensino de novas tecnologias (informática, navegação na Internet, envio de mails, conver-
sação em chats).

QUADRO 4. 3 - ACTUAÇÃO PERANTE A NECESSIDADE AO NÍVEL DA COMUNIDADE


PARA CONSERVAR A SUA CULTURA, HÁBITOS E COSTUMES

Jovens e crianças preparam eventos (concursos musicais, desportivos, passagens de modelos e outros);
Projectos de jardinagem dos espaços comunitários com jovens, crianças e idosos;
Ciclos de debates sobre temas variados, fazendo cenários de antes e depois;
Programas de culinária, cujas refeições são dadas para as pessoas mais carenciadas.

37
INTERGERACIONAIS
4 . PROGRAMAS

PROGRAMAS INTERGERACIONAIS

ESCOLHA DE PARCERIAS

A escolha de parceiros é um passo importante, pois


dele depende em grande parte o sucesso do pro-
grama intergeracional. O papel que dos interve-
nientes difere: pode-se esperar a cedência de
espaço para a realização de actividades, suporte
técnico ou participantes de uma das gerações. Ao
procurar um contacto deste tipo com outra entidade,
já existe uma ideia clara, sobre que tipo de colabo-
ração se espera que venha a ser estabelecida.

Jardins de infância, creches, atl's, escolas, acade-


mias, universidades, universidades seniores, asso-
ciações de estudantes, associações recreativas,
câmaras municipais, juntas de freguesia, asso-
ciações de reformados, IPSS's ligadas à comu-
nidade, centros de saúde, hospitais, paróquias,
empresas ou outras que se possam manifestar
interessadas e tenham algum tipo de contributo a
dar, podem actuar em conjunto ou promover progra-
mas intergeracionais. DEFINIÇÃO DE OBJECTIVOS

Neste processo, alguns critérios devem ser tidos Os objectivos gerais do projecto devem responder
em conta: à questão: o que se pretende com este programa?
• A proximidade física dos locais facilita a organiza- Devem ser abrangentes, mas concisos e indica-
ção e desenvolvimento das actividades; tivos daquilo que se pode esperar com a inter-
• Os valores, objectivos e metas devem comple- venção. A sua definição ajuda na operacionalização
mentares; do programa e permite também verificar a sua
• É possível articular os diferentes olhares sobre a “saúde”. Apresentamos no quadro seguinte (4.4)
intergeracionalidade; exemplos de alguns objectivos gerais de um pro-
• Devem ser clarificados os papéis e responsabili- grama intergeracional com jovens e idosos.
dades que cada entidade vai desempenhar no pro-
jecto;
• A formalização dos compromissos assumidos é
importante para salvaguardar posições.

As entidades que são contactadas devem poder


ficar com um esboço do projecto, o mais completo
possível para ser analisado pela direcção, e/ou ao
resto da equipa.

QUADRO 4.4 - EXEMPLO DE OBJECTIVOS GERAIS DE UM PROGRAMA INTERGERACIONAL


Aproximar jovens e idosos através da partilha de valores, saberes e experiências;
Criar, junto dos jovens, apetência para lidar com as gerações mais velhas, tornando-os responsáveis e sen-
síveis às problemáticas próprias dessa geração;
Reduzir o isolamento dos idosos da população abrangida pelo programa, através de visitas regulares de
jovens com actividades para desempenhar;
Desmistificar as ideias preconcebidas acerca dos idosos e dos jovens, reduzindo a falha intergeracional;
Proporcionar aos jovens compromissos conscientes de relação de ajuda, tornando clara a sua contribuição
para a melhoria das condições do próximo;

38
INTERGERACIONAIS
4 . PROGRAMAS
PLANEAMENTO DAS ACTIVIDADES

O planeamento de actividades implica uma pre-


visão do tempo que vai demorar o projecto. Para
isso é fundamental a existência de um cronograma
(cujo o exemplo se apresenta na figura 1) onde
podem ser preenchidos os dias e ter uma visão
geral do ano ou do mês. Para além do planeamen-
to anual, outros tipos de instrumentos devem ser
produzidos como o plano semanal e o plano/Ficha
de actividade. Ambos serão abordados no próximo
capítulo, com vários exemplos e instrumentos para
planificação das actividades.

O plano anual das actividades deve ser feito tendo


em conta:

• Época do ano - As férias dos jovens e crianças,


devem ser devidamente identificadas para que se
possa prever a suspensão das actividades habi-
tuais e/ou planear dinâmicas extraordinárias;
Também é importante ter em conta as condições
climatéricas e a probabilidade do tempo permitir, ou
não, actividades ao ar livre. Nestes casos deve
haver sempre uma alternativa.

• Calendário das datas festivas - Existem muitos


dias comemorativos (dia da criança, dos avós, da
terceira idade, da juventude, da árvore, entre ou-
tros) que podem ser o centro de actividades e que
devem ser assinaladas logo de início.

• As datas festivas como Natal, Páscoa, Carnaval,


são também momentos especiais, que exigem uma
preparação com algum tempo de antecedência
(geralmente pelo menos um mês anterior).

• A elaboração de um mapa de aniversários pode


servir também para realizar actividades. Outra
opção é comemorar simbolicamente no final de
cada mês os aniversários dos vários intervenientes
que fizeram anos ao longo do mês.

• Situações pontuais, dignas de registo ou festejo


como o centenário de um idoso, celebração de
datas importantes para a instituição, entre outras.

Torna-se ainda importante, chamar a atenção para o


perigo dos planos serem demasiado rígidos. Muitos
imponderáveis podem surgir, devido às disponibili-
dades dos intervenientes e aos constrangimentos
do funcionamento das entidades, que podem com-
prometer o sucesso das actividades. É essencial
que os animadores tenham uma visão flexível o sufi-
ciente para poderem moldar e encontrar alternativas
em função das circunstâncias.

39
Cronograma das Actividades Geracionais
Ano Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
23
24
25
26
27
28
29
30
31
Figura 1
Exemplo de Cronograma de Actividades

40
INTERGERACIONAIS
4 . PROGRAMAS
ORGANIZAÇÃO - as condições de participação (caso existam, ex.:
idade, disponibilidade; necessidade de experiência)
E GESTÃO DAS ACTIVIDADES - fotografias apelativas alusivas ao teor do programa;
As tarefas que esta etapa compreende são assegu- Os locais escolhidos são os mais frequentados
rar que estão escolhidos, ou identificados os inter- pelos grupos etários que se pretende seleccionar.
venientes pertencentes às diferentes gerações, Se o voluntariado for jovem, escolas, cafés,
seleccionar e formar os profissionais intergera- paróquias, associações recreativas; centros comer-
cionais, bem como tratar da logística das activi- ciais, junto aos cinemas e em locais públicos desti-
dades e pedidos de autorização. nados a esta população, anúncios na Internet, ou
através de mail serão boas hipóteses. Para recrutar
idosos o mais adequado serão as paróquias, cen-
tros de dia ou de convívio, farmácias, supermerca-
RECRUTAMENTO DE PARTICIPANTES dos ou mercearias, pastelarias, padarias frequen-
tadas pelos mais velhos, centro de saúde e jardins
Alguns projectos intergeracionais podem necessitar públicos. As acções de sensibilização junto das
de recrutamento de voluntários de pelo menos um associações, escolas ou outras entidades que reú-
dos grupos geracionais (jovens ou idosos, uma vez nam os grupos geracionais, os jornais e rádios
que as crianças não têm autonomia para aderir regionais e locais são também uma forma de divul-
espontaneamente a estes movimentos). Quando é gar o projecto. Também com intenção de dar a
feito o recrutamento é necessário pensar desde a conhecer os objectivos dos projectos, podem ser
divulgação à forma de selecção. rea-lizados eventos, com a participação de diversos
parceiros, ou de múltiplos intervenientes. Exemplo:
Depois de o programa estar desenhado, pode-se cafés-concerto, “chás” e coktails.
traçar também perfis de características para os par-
ticipantes a integrar naquele plano específico, como Relativamente à selecção, esta depende do tipo de
o exemplo do Quadro 4.5. projecto e dos seus objectivos, traduzidos pela
metodologia, que pode não ser de carácter elimi-
A esta lista podem ser acrescentadas ou retiradas natório mas que deve dar aos animadores intergera-
competências/características de acordo com a cionais e/ou os coordenadores do programa infor-
necessidade do público a que se destina. mações completas de quem vai integrar o grupo. Os
seus interesses, as suas competências e expectati-
Após ter sido definido o perfil de competências, vas, podem ser registadas em questionários, que
deve passar-se à difusão do programa para que se posteriormente serão analisados. Apresenta-se em
possa dar início ao recrutamento. Uma das formas seguida um exemplo do questionário a aplicar que
é através de cartazes, onde conste: pode e deve ser alvo de adaptações, em virtude das
- uma mensagem apelativa que “chame” o público a especificidades de cada caso.
que se destina;
- o nome e o objectivo do programa;
- responsabilidades, tarefas e actividades;
- os locais e dados para inscrição;

QUADRO 4.5 - EXEMPLO DE PERFIL DE VOLUNTÁRIOS JOVENS PARA INTEGRAR UM PROGRAMA


DE ACOMPANHAMENTO DE IDOSOS ISOLADOS

Facilidade de relacionamento com idosos;


Capacidade para planear e realizar actividades que motivem e animem os idosos;
Competência para assumir responsabilidades e compreender a importância da sua tarefa juntos dos
idosos;
Disponibilidade para realizar as actividades a que se propõe, bem como frequentar as reuniões de equipa
com assiduidade e pontualidade;
Motivação pela ajuda ao outro, sem qualquer contrapartida que não seja a da relação de ajuda;
Interesse pela temática da geriatria e relação de ajuda e pelo aprofundamento dos conhecimentos

41
INTERGERACIONAIS
4 . PROGRAMAS

PROGRAMAS INTERGERACIONAIS

FICHA DE INSCRIÇÃO

Nome:________________________________________________________________________________________
Data:________/________/________

Morada:_______________________________________________________________________________________
Código Postal:_________-____________ Localidade:________________-_______________________________
Telefone:__________________________ Telemóvel:___________________ E-mail:_______________________

Data de nascimento:________/________/________
Nível de Escolaridade: Ensino Primário 2º e 3º Ciclo Ens. Secundário Ens. Superior
Curso:_______________________________ Profissão:__________________________________________

O que o trouxe a este projecto?___________________________________________________________________


______________________________________________________________________________________________
Que tarefas gostaria de desempenhar?____________________________________________________________
______________________________________________________________________________________________
O que é que os jovens têm de melhor e de pior?____________________________________________________
______________________________________________________________________________________________
O que é para si um idoso?_______________________________________________________________________

Qual a disponibilidade para participar no projecto?__________________________________________________


Diariamente Semanalmente Quinzenalmente Mensalmente

Que dia(s) destina ao projecto?


Segunda Terça Quarta Quinta Sexta Sábado Domingo

E que parte do dia?


Manhã Tarde Das _____________ às _____________

Por que período de tempo prevê poder colaborar no projecto?________________________________________

Que tipo de limitações ou barreiras podem constituir dificuldades para a participação no projecto?
(físicas, emocionais, técnicas)
______________________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________________
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42
INTERGERACIONAIS
4 . PROGRAMAS
A entrevista é uma das formas que permite FORMAÇÃO DE VOLUNTÁRIOS
conhecer melhor os candidatos, explorar interesses
e temas que tenham ficado por esclarecer no ques- A formação em programas intergeracionais pode
tionário. ser uma mais valia importante, principalmente
quando se trata de projectos de apoio a determina-
Outra estratégia de recrutamento é definida por do grupo etário. É importante que se proporcione
Kaplan (1993) e consiste num contacto progressivo oportunidades para adquirir conhecimentos técni-
com a outra geração, até ao compromisso ser fir- cos e teóricos, e onde se possa reforçar quais as
mado. Começando com uma sessão de infor- tarefas que se esperam que desempenhe. Aspectos
mação, os candidatos podem ser convidados a vi- relacionados com a intergeracionalidade também
sitar o local e os intervenientes do projecto. podem ser abordados, apontando as vantagens da
Mediante a receptividade dos voluntários, pode ser partilha de experiências e alguns cuidados a ter na
agendada nova sessão em que integrem já activi- relação.
dades intergeracionais. Nesta altura existirá uma
reflexão e envolvimento que permite o comprometi- Apresentamos a título de exemplo, no quadro 4.6,
mento mais consciente e com menor risco de se um pequeno programa de formação de pessoas
tornar num caso de abandono. séniores, para iniciarem visitas a instituições infan-
tis, num projecto que junta crianças e idosos.

No quadro 4.7 estão presentes alguns temas a


explorar numa formação para jovens que vão
prestar apoio a idosos.

QUADRO 4.6 - EXEMPLO DE PROGRAMA DE FORMAÇÃO PARA UM PROJECTO


INTERGERACIONAL COM CRIANÇAS E IDOSOS (16 HORAS)

Aspectos do desenvolvimento infantil 6 Horas


O papel do idoso na vida das crianças 2 Horas
A comunicação intergeracional 4 Horas
Objectivos e tarefas do projecto intergeracional 4 Horas

QUADRO 4.7 - EXEMPLO DE PROGRAMA DE FORMAÇÃO PARA UM PROJECTO


INTERGERACIONAL COM JOVENS A PRESTAR APOIO A IDOSOS (16 HORAS)

O envelhecimento físico e psicológico 4 Horas


Solidão e isolamento, o idoso na sociedade 2 Horas
O papel dos jovens na vida dos idosos 2 Horas
A comunicação com o idoso 4 Horas
O idoso no domicílio 2 Horas
Objectivos e tarefas do projecto intergeracional 2 Horas

43
INTERGERACIONAIS
4 . PROGRAMAS

PROGRAMAS INTERGERACIONAIS

RECRUTAMENTO E FORMAÇÃO DE
ANIMADORES INTERGERCAIONAIS

O recrutamento de animadores intergeracionais


pode ser feito recorrendo ao perfil já definido, indi-
cado anteriormente. A escolha deve basear-se nas
características consideradas mais importantes para
o animador ser bem sucedido nas actividades.
Sugere-se como forma de verificação a utilização
de um guião semi-estruturado de entrevista e, even-
tualmente, um questionário. Outra hipótese é pedir
que planeiem e desenvolvam uma actividade,
durante um determinado tempo limite. Neste teste,
consegue-se ter a noção daquilo que ele poderá
fazer nas sessões, bem como da capacidade para
lidar com o imprevisto. Constam no quadro 4.8 algu-
mas questões que podem ser colocadas para que
fiquem registadas as ideias dos candidatos sobre a
intergeracionalidade.

É importante que o animador se sinta confortável


com as gerações com quem vai trabalhar. Para isso
é necessária a formação específica para o progra-
ma em causa e aprofundamento de conhecimentos
que os animadores devem ter a possibilidade de
frequentar.

QUADRO 4.8 - QUESTIONÁRIO PARA ANIMADORES INTERGERACIONAIS


Qual o papel dos idosos/jovens/crianças no desenvolvimento das actividades?
Que actividades podem servir melhor a população a quem se dirige o programa?
Do que conhece dos grupos intergeracionais, que tipo de constrangimentos espera encontrar em relação
ao desenvolvimento do programa?
O que é que os idosos podem contribuir a mais do que os adultos jovens?
O melhor e o pior de ser criança?
O melhor e o pior de ser idoso?
O melhor e o pior de ser jovem?

44
INTERGERACIONAIS
4 . PROGRAMAS
ORGANIZAR E GERIR O A necessidade de apresentar propostas de activi-
FUNCIONAMENTO DOS PROGRAMAS dades que envolvem custos e para os quais são
precisas autorizações especiais, é uma realidade. O
Para além do recrutamento do pessoal, outras tare- animador é responsável por elaborar um documen-
fas de organização e gestão dos programas são to próprio com os elementos relevantes para quem
necessárias como definir os locais e assegurar que vai aprovar:
existe sempre disponibilidade logística para a rea- • Nome da actividade;
lização das actividades. Por vezes é necessário • Data prevista da realização;
confirmar as condições do espaço e zelar para que • Local, número de participantes;
sejam adequadas à participação de idosos, • Explicação sintética da actividade;
crianças e jovens. A análise de alguns detalhes • Material necessário;
como a acessibilidade e a existência de mobiliário • Necessidade de transporte;
confortável para todas as gerações são im- • Despesas que podem surgir (refeições, bebidas);
prescindíveis para que os perigos sejam eliminados • Outros custos;
(Ex.: janelas sem protecção, tapetes, objectos de • Orçamento geral (se necessário, detalhado);
vidro ou outros objectos cortantes). • Autorizações especiais;
• Recursos mobilizados;
A gestão das actividades em termos dos materiais • Impacto esperado para a instituição.
e equipamentos necessários para o seu desenvolvi-
mento é tarefa do animador. Mediante a planifi- Existem procedimentos específicos que o animador
cação, uma boa medida para que nada falhe é fazer deve pôr em prática quando organiza actividades
uma agenda de recursos necessários, com o tempo com crianças, jovens e idosos residentes em insti-
suficiente para que não sejam esquecidos. Por tuições. Por uma questão de salvaguarda dos par-
exemplo, se na semana 6 está prevista uma activi- ticipantes, os pais e familiares, devem ter sempre
dade de olaria, em que avós e netos vão construir conhecimento das actividades em que os seus par-
uma aldeia em barro, é importante que os materiais ticipam. Quando se tratam de saídas, verificar os
sejam comprados com antecedência. Na calen- seguros necessários e a cobertura dos existentes.
darização especial para os recursos a adquirir, na No caso das crianças e jovens pedir sempre a per-
semana 4 consta a indicação para comprar barro, missão aos pais devidamente assinada, no caso
aventais, e alugar bancadas ou construí-las. Pre- dos idosos dar conhecimento aos familiares para
vê-se que duas semanas sejam suficientes, mas o que estes também se possam pronunciar acerca
próprio animador poderá ajustar o tempo que pensa dos acontecimentos. As acessibilidades devem ser
necessário. A elaboração de fichas de recursos e também averiguadas e os hipotéticos riscos (pre-
materiais, como é exemplificada na Figura 2, é tam- sentes nos locais onde ser desenrolam as activi-
bém uma alternativa, principalmente quando é dades) analisados e solucionados.
necessário especificar os custos e orçamentar as
actividades.

FIGURA 2 SEMANA ___ ___/___ A ___/___

Actividade Construir uma aldeia em barro


Nº de 14 (avós e netos)
Participantes Animador intergeracional
Materiais 7 pacotes de barro
Instrumentos para trabalhar o barro (1 por grupo)
Luvas -18 pares de luvas (opcional)
15 aventais de plástico
14 recipientes de água (por exemplo pacotes de leite cortados ao meio).
Recursos Protecções de plástico para as mesas
no Local Mesas de trabalho amplas e uma para colocar as obras
Torneira próxima do local para lavar as mãos se não houver luvas
Cadeiras

45
INTERGERACIONAIS
4 . PROGRAMAS

PROGRAMAS INTERGERACIONAIS

DESENVOLVIMENTO DO PROGRAMA
Para o desenvolvimento do programa intergera- que se espera de quem está a trabalhar. No quadro
cional, é necessário que exista um esforço para 4.9 é dado um exemplo de regulamento de um pro-
manter a equipa unida e motivada. A construção de grama intergeracional de voluntariado jovem em lar
um regulamento para os voluntários e outros inter- e centro de dia.
venientes é importante já que estrutura e define o

QUADRO 4.9 - EXEMPLO DE REGULAMENTO

1) Os Voluntários da ENTIDADE, são todas as pessoas maiores de dezoito anos ou, sendo menores,
autorizadas por escrito pelo seu Encarregado de Educação, que, após terem frequentado o Curso de
Formação Interna para Voluntários e obtido classificação positiva, desenvolvem, anualmente, actividades
de voluntariado junto dos utentes de Lar e de Centro de Dia;

2) Os Voluntários da ENTIDADE têm por princípio a promoção do respeito pela pessoa humana e pela sua
dignidade, para além de todos os princípios enquadradores do voluntariado: solidariedade, participação,
cooperação, complementaridade, gratuitidade, responsabilidade e convergência:
1) Os Voluntários da ENTIDADE têm como principal objectivo proporcionar um acompanhamento
mais pessoal e directo aos utentes durante o dia;
2) Os Voluntários da ENTIDADE terão um cartão de Identificação, que deverão usar sempre e de
forma visível, durante o desenrolar da sua actividade;
3) Os voluntários da ENTIDADE desenvolvem a sua actividade num horário definido de acordo com
a sua disponibilidade e o dia-a-dia da própria Instituição, nunca antes das 10h00 nem depois das
17h00;
4) Os voluntários da ENTIDADE podem desenvolver a sua actividade noutro horário, em datas como
o Natal, o Carnaval, a Páscoa, as Férias, ou outras, pontualmente, em que sejam dinamizadas
iniciativas especiais. Nestes casos, os Encarregados de Educação dos Voluntários menores terão
de, para cada uma, assinar um documento de autorização;
5) As actividades dos voluntários da ENTIDADE, de acordo com o seu horário, o Plano de
Actividades, e as necessidades diárias, podem passar por:
a. Participação nas actividades manuais;
b. Participação nas actividades físicas;
c. Ajuda na administração do almoço e do lanche;
d. Participação em festas, passeios, férias organizadas e outras actividades pontuais,
mesmo fora do horário definido e sempre que exista disponibilidade;
e. Participação na Planificação das actividades;
f. Participação nas Acções de Formação promovidas pela ENTIDADE;
6) Os Voluntários da ENTIDADE exercem a sua actividade na Sala de Convívio, no Refeitório ou no
exterior (no caso de saídas, passeios, etc;Não é permitido aos Voluntários da ENTIDADE o
acesso à cave, à cozinha, ou aos pisos do edifício (quartos e Salas de Estar), salvo autorização
pontual da Direcção ou da Assistente Social, nem às restantes áreas de acesso restrito;
7) Os Voluntários da ENTIDADE são coordenados directamente pela Assistente Social e pela Chefe
de Turno de serviço e, em última instância, pela Direcção;
8) No caso de algum conflito, dúvida ou qualquer tipo de problema com que se deparem os
Voluntários da ENTIDADE, a sua resolução ou esclarecimento passará forçosamente pela
Assistente Social ou, na ausência desta, pela Chefe de Turno de serviço;
9) Os Voluntários que iniciam a sua actividade ao abrigo de algum protocolo específico
enquadram-se também neste regulamento, sem prejuízo da especificidade da sua actuação;
10) Os casos omissos a este Regulamento serão analisados e resolvidos pela Direcção;

46
INTERGERACIONAIS
4 . PROGRAMAS
A definição de tarefas tal como aparece no exem-
plo anterior, é uma medida que permite aos volun-
tários saber sempre o que fazer, não correndo o
risco de haver um permanente desajuste entre a
sua prestação e aquilo que os outros esperam de
si, que pode levar à desmotivação, conflitos e difi-
culdade de gestão.
Quando uma das gerações se voluntaria para inte-
grar o programa e participar nas tarefas propostas
existe uma necessidade acrescida de coordenação
de todos os envolvidos. Mesmo não sendo muitos
participantes é importante a realização de reuniões
e acções em conjunto para avaliar o decorrer dos
trabalhos.
O trabalho do animador intergeracional que coorde-
na as actividades, é também o de envolver quem
participa, principalmente quem está a prestar um
serviço voluntário. Nestes casos algumas medidas
apontadas por Kaplan et al. constituem formas de
motivar, mostrar reconhecimento pelo trabalho
prestado e envolver todos os participantes:
• Sessões de entrega de certificados, pins, placas
com o nome dos voluntários, ou outro tipo de
prémio, elaborado pelos grupos geracionais.
Quadros, poemas, versos, pequenas medalhas
entre muitas outras.
• Jornais, newsletters, jornais de parede, elabo-
ração de um site ou de um blog, para que sejam
divulgadas as diferentes actividades, notícias rela-
cionadas com a intergeracionalidade e acções de
formação. Iniciativas como entrevistas a partici-
pantes no projecto, para que exponham as suas
motivações e partilhem as dificuldades. Outros arti-
gos de interesse como anedotas, actividades,
reportagens fotográficas, que podem ser fornecidas
pelos intervenientes.
• Chás ou galas anuais abertos à comunidade que
englobem os vários grupos geracionais e outros
envolvidos (ex.: pais das crianças, acompanhantes)
onde podem ocorrer apresentações preparadas,
música, teatro e exposições de artesanato feito
pelos participantes.
• Intervenções informais, através de pequenos elo-
gios sinceros na hora certa como: “Os idosos ado-
raram as canções que preparam para eles.”.
Mostrar que cada elemento faz falta e que a sua
ausência é notada: “os meninos, perguntaram pela
D. Luísa uma porção de vezes e ficaram preocupa-
dos, quando disse que estava doente.”
• Envio nos aniversários, em caso de doença, ou por
comemoração do aniversário da entrada do partici-
pante para o projecto, um postal de felicitação.

47
INTERGERACIONAIS
4 . PROGRAMAS

PROGRAMAS INTERGERACIONAIS

AVALIAÇÃO DO PROGRAMA

A avaliação do programa é essencial para a credi- Existem formas de medir o impacto que as activi-
bilidade do trabalho desenvolvido e para a melhoria dades intergeracionais produzem ao nível dos par-
contínua baseada do diagnóstico dos problemas e ticipantes. A utilização de escalas de desenvolvi-
procura de soluções, que parte de objectivos mento infantil permite, por exemplo, averiguar se o
definidos (quer gerais, quer específicos de cada contacto intergeracional está a contribuir para o
actividade). É possível recorrer à entrevista a todos desenvolvimento cognitivo, afectivo e social.
os intervenientes no processo, utilizar uma Também nos idosos é possível utilizar escalas de
metodologia de estudo de caso, observações sis- avaliação da depressão antes e depois dos progra-
temáticas, entre outros. Os mais comummente uti- mas, ou outras que traduzam a integração social ou
lizados são os questionários e a entrevista, para os a qualidade de vida. Para os jovens existem ques-
quais são apresentadas sugestões de perguntas no tionários de avaliação de comportamentos de risco,
quadro 4.10. Devem ser dirigidos quer aos partici- que também podem ter interesse. É necessária
pantes quer aos profissionais, podendo também ser muita disponibilidade para efectuar este tipo de
inquiridas as instituições e os parceiros. avaliação mas só com estes resultados se pode
inferir acerca das relações intergeracionais e assim
Outra possibilidade é estabelecer parcerias ao nível desenvolver as suas potencialidades.
de escolas, institutos e universidades, com inte-
resse em fazer investigação na área do projecto.
Uma avaliação estruturada e sistematizada, é um
instrumento precioso que envolve esforço, disponi-
bilidade e imparcialidade.

QUADRO 4.10 - EXEMPLO DE QUESTIONÁRIO DE AVALIAÇÃO


Para aplicação aos animadores
Com que frequência os participantes faltam às actividades?
Pensa que a frequência das sessões é suficiente?
Pensa que o programa tem algum tipo de impacto na geração mais velha? E na mais nova?
Que tipo de impacto? Positivo ou negativo?
Em que se traduz esse impacto?
Os objectivos estão a ser cumpridos?
Evidencie a obtenção dos resultados.
O que limita as actividades?
O que não resulta? A relação entre os grupos? A postura da instituição?
O que pode melhorar?
O que fazer para melhorar?

Para os participantes
O melhor e pior de participar no projecto?
Está satisfeito com a sua participação?
O que gosta mais?
O que retira de melhor do contacto com a outra faixa etária?
Que melhorias sugere?
Outras sugestões.

48
INTERGERACIONAIS
4 . PROGRAMAS
SÍNTESE

Elaborar um programa intergeracional é uma das


tarefas que pode ter que ser realizada pelo ani-
mador. A sua dimensão varia muito, de pequenos
programas de quatro sessões a projectos prolon-
gados com vários parceiros, envolvendo muitos
intervenientes.

As fases para conceber um projecto são: ava-


liação de necessidades, altura em que é feito o le-
vantamento na comunidade de situações
passíveis de melhorar com uma intervenção
intergeracional; a escolha de parceiros, onde são
verificadas todas as possibilidades de eventuais
entidades que possam beneficiar com inter-
venções deste tipo; a definição de objectivos,
passo essencial para traçar qualquer projecto,
ajuda manter fio condutor e serve de ponto de par-
tida para avaliação; planeamento de actividades,
que faz a calendarização das actividades e con-
cretiza em datas as possíveis actividades; a orga-
nização e gestão de actividades, corresponde a
uma etapa em que são recrutados e formados,
tanto os participantes (se for caso disso) como os
profissionais e são tratados aspectos relacionados
com a logística; o desenvolvimento do programa,
altura em que é colocado em prática; e por fim a
avaliação do programa, tendo por base os objec-
tivos traçados inicialmente.

49
INTERGERACIONAIS
4 . PROGRAMAS

ACTIVIDADES

ACTIVIDADES PROPOSTAS

1. Elabore um programa intergeracional no papel, prevendo todas as fases e fazendo a sua contextualização.

ACTIVIDADES DE AVALIAÇÃO

1. Indique 6 características essenciais para que os projectos intergeracionais sejam bem sucedidos.

2. Para as seguintes necessidades: “Crianças ou jovens com pouco contacto com gerações mais velhas
(avós), que beneficiarão culturalmente e emocionalmente com a aproximação” aponte pelo menos dois
tipos programas intergeracionais adequados que colmatem as falhas.

3. Defina 2 objectivos para um programa de aprendizagem de informática com jovens e idosos.

4. O que é uma “agenda de recursos”, no contexto da logística das actividades?

50
ACTIVIDADES INTERGERACIONAIS 5

ANIMAÇÃO INTERGERACIONAL
MANUAL DO FORMANDO

5
INTERGERACIONAIS
5 . ACTIVIDADES

ACTIVIDADES INTERGERACIONAIS

OBJECTIVOS GERAIS ESCOLHA E PLANIFICAÇÃO DAS


ACTIVIDADES INTERGERACIONAIS
• Escolher e planificar actividades intergeracionais;
Têm sempre como principal objectivo as trocas
• Conceber actividades intergeracionais devida- emocionais e sociais, sendo adaptadas às necessi-
mente sistematizadas; dades por quem planeia. Nem sempre é preciso
construir actividades para um programa intergera-
• Identificar aspectos importantes na animação cional, principalmente quando se trata de prestar
das actividades; apoio a uma das gerações,

• Classificar fichas de actividade de acordo com o A escolha das actividades deve ser feita tendo em
contexto a aplicar e os aspectos a abordar; conta alguns factores, para que as capacidades e
potencialidades dos intervenientes das várias ge-
rações possam ser desenvolvidas. No quadro 5.1.
são apresentadas algumas questões a considerar.

ELABORAR PLANOS SEMANAIS

A elaboração de programas semanais ou mensais


não substitui a planificação anual. Alguns cenários
podem alt er ar - s e, daí que s eja nec es s ár io
confirmá-la e adequá-la. Ao planificar com uma
semana ou mês de antecedência, é possível acres-
centar alguns pormenores enriquecedores.
Apresenta-se no quadro 5.2 um exemplo de planifi-
cação sema-nal, onde devem constar as activi-
dades, os res-pectivos objectivos, as metodologias,
os materiais e recursos necessários, a avaliação e
os aspectos a modificar.

Caso a programação seja diária e com o mesmo


público alvo, será importante criar algumas rotinas
como, por exemplo, fixar os dias de determinadas
actividades: à segunda realizar a actividade física,
à terça o atelier de teatro e cinema, na quarta o
atelier de música, à quinta o desenvolvimento pes-
soal e à sexta os trabalhos manuais. Vulgarmente,
os programas intergeracionais comportam uma ou
duas actividades semanais, ou até eventos únicos,
pelo que as planificações podem ser mensais.

52
INTERGERACIONAIS
5 . ACTIVIDADES
QUADRO 5.1 - ALGUMAS QUESTÕES QUE ORIENTAM NA ESCOLHA DE ACTIVIDADES
De que forma poderão ser organizadas as actividades relacionadas com trabalhos manuais, aproveitando
o interesse das gerações mais velhas para estimular a criatividade das gerações mais novas?
Que tipo de estratégias se poderá utilizar para envolver idosos, crianças e jovens em actividades físicas?
Será possível aproximar crianças que sofreram a perda de alguém próximo com idosos com capacidade
de criar laços e de conter as angústias?
Como é que podem ser desenvolvidas as actividades de contar histórias de forma a potenciar a curiosi-
dade das crianças e a aptidão dos idosos para as contar de forma a fazer sonhar?
Que tipo de actividades podem ser desenvolvidas para reduzir a solidão dos idosos e melhorar a capaci-
dade de comunicação dos jovens?

QUADRO 5. 2 - EXEMPLO DE PLANIFICAÇÃO SEMANAL ___/ ___ A ___/ ___

Dias Actividades Objectivos Metodologias Materiais Avaliação Aspectos


a modificar

Segunda

Terça

Quarta

Quinta

Sexta

Sábado

Domingo

53
INTERGERACIONAIS
5 . ACTIVIDADES

ACTIVIDADES INTERGERACIONAIS

CONCEBER
ACTIVIDADES INTERGERACIONAIS

Apesar de existirem já actividades estruturadas, Em seguida será abordada uma sequência de eta-
concebidas e até testadas, a necessidade de adap- pas para a criação de actividades estruturadas. Por
tar ou criar dinâmicas geracionais surge à medida vezes as ideias podem ser excelentes mas a falta
que se vai aprofundando o conhecimento de deter- de operacionalização vota-as ao fracasso devido à
minada população, sendo muitas vezes concebidas desorganização do procedimento ou à falta de
com base nos conhecimentos ou experiências dos planeamento logístico. Assim, seguindo uma
participantes. Por exemplo, se num grupo de jovens sequência de etapas que podem depois ser resu-
que visita um lar de idosos, houver quem frequente midas numa ficha, o animador define os objectivos,
aulas de teatro, é natural que tome a iniciativa de faz a descrição do procedimento, materiais e recur-
preparar uma peça com os colegas e com os sos e indica os intervenientes e avaliação.
idosos. Se num grupo de idosos que frequenta um
infantário ou escola primária, houver pelo menos
um jardineiro, uma boa hipótese é arranjar um can-
OBJECTIVOS
teiro no jardim e fazer uma sementeira de flores.
A definição de objectivos é feita para que as activi-
Dado que os próprios intervenientes são um ma-
dades possam corresponder às necessidades sen-
nancial de recursos, o papel do animador intergera-
tidas e se adaptem ao público a que se destinam. A
cional é justamente captá-los e verificar aquilo que
avaliação posterior do que se realizou, é facilitada
desperta mais interesse, curiosidade e abertura por
pois existe um critério que possibilita verificar se as
parte do outro grupo geracional, estimulando a sua
metas definidas foram ou não atingidas. É essen-
participação na concepção de actividades. Para
cial que sejam definidos de uma forma operacional,
isso, os participantes têm que se sentir envolvidos
para que não sejam demasiados gerais, tal como é
e estar conscientes que o seu contributo e atenção
exemplificado no quadro 5.3.
é extraordinariamente importante. Embora deva
existir um planeamento feito, assim que houver
maior familiaridade, o animador pode propor a su-
gestão dos participantes.

QUADRO 5.3 - EXEMPLO DE OBJECTIVO GERAL E OPERACIONAL


Objectivo geral Promover a integração entre idosos e crianças.
Objectivo operacional Os idosos realizam pelo menos uma actividade em conjunto com uma ou
mais crianças, sem ser necessária a intervenção do animador.

QUADRO 5.4 - ACTIVIDADES FACILITADORAS DA APROXIMAÇÃO INTERGERACIONAL


As actividades devem fazer com que ambas as gerações interajam no sentido de se aproximarem indivi-
dualmente e trocarem aspectos pessoais.
As actividades devem-se basear em experiências da vida real comuns a idosos e às crianças.
A linguagem deve ser explorada para melhorar o entendimento intergeracional.
Os momentos proporcionados pelas crianças através de perguntas sobre o envelhecimento devem ser
aprofundados.

54
INTERGERACIONAIS
5 . ACTIVIDADES
GUIA DE PROCEDIMENTO,
INTERVENIENTES E RECURSOS

Ao conceber uma actividade, o seu procedimento


deve ser descrito de forma clara e pormenorizada,
para que outros a possam utilizar. É necessário
definir quem participa, estimar o número de interve-
nientes, bem como descrever os materiais e recur-
sos envolvidos, indicar que condições e meios são
essenciais para a sua execução. Tal como já foi indi-
cado para o planeamento de um programa inter-
geracional, a definição dos materiais permite fazer
um orçamento e reunir tudo o que se necessita.

AVALIAÇÃO DA ACTIVIDADE

Deve ser feita no final das actividades, sendo esta


mais produtiva se não tiver passado muito tempo.
Nos planos semanais, tal como aparece no exem-
plo anterior, podem constar logo na grelha espaços
para avaliar (como positivo, negativo) e indicar Relativamente às experiências e à aprendizagem
sucintamente aspectos a melhorar. Este é apenas que se pretende que ocorra, é essencial que o ani-
um registo breve, podendo também ser elaborado mador se certifique que os objectivos das activi-
um pequeno relatório, onde o animador pode com dades são interiorizados por parte dos grupos gera-
maior detalhe analisar o que sucedeu. Estes são cionais e que estes os compreendem. Destinar
alguns pontos que podem constar: algum tempo no final das sessões para reflectir
• Nº de participantes e a sua identificação (nome); sobre o que se aprendeu, estar atento às limitações
• Duração da actividade; de quem participa e adaptar as actividades e o
• Estado motivacional geral dos envolvidos local, são outras das preocupações que quem
(descrição de todas as gerações); dinamiza as sessões intergeracionais deve ter.
• Qualidade do relacionamento intergeracional;
• Quantidade de interacções; Também é importante que este parta de uma sensi-
• Proximidade (à vontade a falar, contacto físico); bilização prévia dos grupos, para as diferenças
• Procura de ambas as gerações em relação à outra; entre as gerações. Discutir estereótipos e familia-
• Aspectos positivos; rizar os intervenientes com instrumentos, adereços
• Aspectos negativos; usados pelas outras gerações: mostrar por exem-
• Dificuldades encontradas; plo às crianças que vão visitar um lar ou centro de
• Comentários. dia, cadeiras de rodas, bengalas, imagens de
idosos, para que possam estar preparados para
aquilo que vão encontrar.
ANIMAR
A diversão é essencial, as actividades devem sem-
ACTIVIDADES INTERGERACIONAIS pre assegurar que velhos e novos retiram partido e
apreciam os momentos. Os quebra-gelo ajudam a
Para animar, ou facilitar uma actividade intergera- um conhecimento mútuo e à criação de um am-
cional, o profissional pode adoptar várias posturas: biente propício à troca de experiências. Acções que
mais ou menos participativa, directiva, de mediação envolvam comida (uma merenda, almoço ou jantar)
entre outras. Kaplan (2003) sugere alguns aspectos são também uma fonte de motivação.
importantes na animação de actividades:
• Promover a formulação de questões;
• Encorajar a discussão sobre as semelhanças e
diferenças das repostas dadas pelos participantes;
• Desenvolver esforços para que os membros das
diferentes gerações reflictam e partilhem o que
aprenderam ou ganharam com a actividade inter-
geracional.
55
INTERGERACIONAIS
5 . ACTIVIDADES

ACTIVIDADES INTERGERACIONAIS

FICHAS DE ACTIVIDADE

As fichas de actividade podem ter várias configu-


rações e estruturas. O formato adoptado neste
manual representa apenas uma hipótese, podendo
facilmente o animador alterá-lo e personalizá-lo.
Seguidamente ilustram-se as diferentes classifi-
cações que podem ser escolhidas: tendo em conta
os intervenientes que participam; os diferentes con-
textos onde são realizadas as actividades, ou aqui-
lo que pretendem abordar.

ACTIVIDADES
DE INICIAÇÃO INTERGERACIONAL

Existem actividades indicadas para começar um Fields (1990) (citado por Kaplan et al., 2003) refere
programa intergeracional. A preparação da ligação algumas dinâmicas específicas com crianças de
entre as gerações pode ser feita pelos animadores um infantário para introduzir o conceito de enve-
antes do contacto, ou por outros técnicos que tra- lhecimento e antecipar o contacto com os idosos,
balham com os grupos isoladamente. Alguns tópi- de maneira a fazer com que possam ser retirados
cos podem ser trabalhados com os mais novos e os os proveitos máximos da relação intergeracional.
mais velhos antes do início das actividades, tal
como consta no quadro 5.5.

QUADRO 5.5 - TÓPICOS DE DISCUSSÃO PARA PREPARAÇÃO DAS ACTIVIDADES INTERGERACIONAIS

Jovens Idosos

Qual o interesse de interagir com indivíduos de O que vai acontecer no primeiro encontro? (quan-
gerações mais velhas? tos jovens envolvidos e quem os vai acompanhar)
Onde é que os idosos vivem na comunidade e o Quais as preocupações e medos em relação ao
que fazem? comportamentos dos jovens?
Quem faz parte da sua rede social? Os amigos, Como é que preferem ser tratados? (formalmente:
a família? Sr./a ou em informalmente pelo primeiro nome)
Quais são os aspectos positivos da idade? Que tipo de conduta, gostariam que os jovens
A experiência? Mais tempo livre? adoptassem nas actividades? (proximidade física,
atitudes)
Qual o valor das suas contribuições, domínio e Como pensam transmitir aos jovens que a sua
experiência dos temas em causa? (exemplo curso experiência de vida tem valor, independente-
de informática) mente?
Qual a percepção do estereótipo que ambas as gerações têm uma da outra?
Qual será o formato das actividades/encontros? Onde, quando, quanto tempo, o que se vai fazer e quais
as expectativas?
O que sugerem para actividades intergeracionais interessantes?

56
INTERGERACIONAIS
5 . ACTIVIDADES
FICHAS DE ACTIVIDADES

FICHA DE ACTIVIDADE 1 - CONSTRUÇÃO DE MÓBILES


CRIANÇAS (5 AOS 10 ANOS)

OBJECTIVOS RECURSOS

Desenvolver o conceito de família e de gerações, e da passagem Revistas, tesouras, cola, cartoli-


de valores; nas, cordel e canetas
Facilitar a compreensão do envelhecimento e sentimentos de afi-
liação;
Estimular a criatividade e destreza manual.

PROCEDIMENTO

A actividade consiste no seguinte: as crianças fazem uma lista das pessoas (avós e tios) que com elas
vivem, ou que vivem noutros locais. Depois pede-se que recortem duma revista pessoas parecidas ou que
os façam representar e colem em círculos de cartolina que são pendurados com cordéis e atados num
pedaço de cartolina cortado num formato escolhido. Pode ainda optar-se por escrever os nomes dos
familiares que estão representados. Constrói-se assim um móbil que pode ser pendurado na sala de
actividades.

FICHA DE ACTIVIDADE 2 - ÁLBUM FOTOGRAFIAS


CRIANÇAS (5 AOS 10 ANOS) E IDOSOS

OBJECTIVOS RECURSOS

Desenvolver o conceito envelhecimento e a noção de que os Fotografias e objectos dos pais e


adultos de e velhos de agora já foram crianças; avós quando eram crianças (pedir
Aproximar as gerações, detectando elementos comuns. aos pais para trazerem cópias);
Expositores (quadro) com bostik.

PROCEDIMENTO

A educadora ou o animador intergeracional pede às crianças que tragam fotografias dos seus pais e avós
quando eram pequenos e objectos como sapatos de bebé ou rocas que foram seus. Os próprios
dinamizadores podem trazer fotos suas, para mostrar às crianças. As fotografias podem ser expostas num
quadro, ou colocadas em árvores genealógicas feitas especificamente para o efeito e onde podem ser
coladas. No final, os pais e avós podem ser convidados para ver a exposição.

57
INTERGERACIONAIS
5 . ACTIVIDADES

FICHAS DE ACTIVIDADES

A escolha dos materiais que representam os idosos idênticas às das mães.


requer alguns cuidados. As imagens ou os materiais Para utilizar com jovens de uma faixa etária supe-
devem ser realistas e não omitir as características rior apresentamos actividades para aproximar as
nem exagerar as limitações. Devem também repre- gerações e trabalhar os aspectos relacionados com
sentar a diversidade existente e acompanhar a mitos e estereótipos sobre o envelhecimento.
evolução. Actualmente grande parte das avós já
não tem o cabelo branco e usa roupas modernas,

FICHA DE ACTIVIDADE 3 - CÍRCULOS DE VIDA


JOVENS (14 AOS 24) E IDOSOS

OBJECTIVOS RECURSOS

Estabelecer o diálogo entre jovens e idosos, de forma a encon- Cadeiras para todos os partici-
trarem pontos em comum; pantes;
Desenvolver a capacidade de ouvir as experiências dos outros e Sala ampla e arranjada de forma a
apreciá-las. poderem fazer dois círculos com
todas as cadeiras.

PROCEDIMENTO

O animador descreve um círculo de cadeiras voltadas para fora e outro idêntico à frente. Frente a frente,
os idosos ficam sentados no interior, enquanto que os jovens se instalam no de fora. É dada uma questão
para que cada par (que está sentado à frente um do outro) discuta durante 4 minutos. Depois os jovens
sentam-se na cadeira à sua direita, formando um novo par. Repetir durante 3 a 4 vezes. Exemplos de
questões: o melhor e o pior de ter a idade que tem? O que faz com que tenha orgulho em pertencer ao
grupo cultural a que pertence? Qual foi a coisa mais importante que um idoso lhe disse? Qual é a sua
memória de infância favorita? Qual é o tipo de música que gosta mais?

FICHA DE ACTIVIDADE 4 - DANÇAR AO ESPELHO


JOVENS OU CRIANÇAS E IDOSOS

OBJECTIVOS RECURSOS

Proporcionar um momento de relaxamento e movimento sin- Cadeira (uma para cada partici-
cronizado com o outro; pante)
Aproximar gerações, centrando-se nas semelhanças e não nas
diferenças.

PROCEDIMENTO

O animador forma pares de idosos/jovens ou crianças, que se sentam frente a frente e com os joelhos a
tocar uns nos outros. Um dos dois é destacado para ser o líder e inicia movimentos lentos e ritmados que
têm que ser seguidos pelo outro membro do grupo, como se estivesse em frente ao espelho. Passado
algum tempo troca-se de líder. Idosos e jovens entram em sintonia, sincronizando os movimentos e expe-
rimentando a sensação de proximidade.

58
INTERGERACIONAIS
5 . ACTIVIDADES
FICHAS DE ACTIVIDADES

FICHA DE ACTIVIDADE 5 - QUEM DISSE O QUÊ?


JOVENS (14 AOS 18 ANOS)

OBJECTIVOS RECURSOS

Proporcionar uma reflexão sobre os estereótipos em relação ao Quadro com marcadores ou folhas
envelhecimento; grandes de papel.
Desenvolver uma consciência crítica acerca das falsas crenças
acerca da idade.

PROCEDIMENTO

A tarefa consiste em colocar no quadro as seguintes frases, para que depois possam ser submetidas a
votação (mão no ar).
Eles geralmente mantêm-se juntos e mantêm a distância de outros grupos geracionais.
Estão sempre a receber e nunca a dar, pensam que o mundo lhes deve muito.
Estão sempre a opinar, pensam que sabem tudo.
Nunca estão satisfeitos, estão-se sempre a queixar de qualquer coisa.
Será que não têm mais nada para fazer? Andam sempre nos parques e nos shoppings.
Estão sempre a esquecer-se de tudo.
Quem me dera ter tanto tempo livre como eles.
Porque é que não se comportam como pessoas da sua idade?
Pede-se então que depois de ler em voz alta, os participantes votem em quem acham que proferiu a frase:
se idosos ou jovens? Pretende-se que o animador explore o facto de as frases corresponderem a
estereótipos que são atribuídos a ambas as faixas etárias. Pode ainda perguntar ao grupo se alguma vez
se sentiu descriminado pela idade e se já ouviu alguma daquelas frases. Para concluir deve encaminhar
no sentido de reflectirem acerca daquilo que pode ser feito em conjunto para diminuir o preconceito em
relação às duas gerações.

59
INTERGERACIONAIS
5 . ACTIVIDADES

FICHAS DE ACTIVIDADES

FICHA DE ACTIVIDADE 6 - O PREÇO CERTO: O ANTIGO E O ACTUAL


CRIANÇAS A PARTIR DOS 9 ANOS, JOVENS E IDOSOS

OBJECTIVOS RECURSOS

Estimular o raciocínio, e a flexibilidade mental e a memória para Produtos, ou imagens de produtos,


fazer contas e recordar os preços antigos; dos quais se pretende comparar os
Transmitir aos jovens as alterações existentes entre o passado e preços: rebuçados, chocolates,
arroz, açúcar, vinho, água, maçãs,
o presente, ao nível sobretudo da inflação.
batata, cebola, fósforos, 1 ramo de
salsa, um lápis, uma caneta.
Depois imagens de uma casa,
carro, electrodomésticos, bicicleta,
viagem de comboio, comer no
restaurante, entre outros.

PROCEDIMENTO

O animador tem duas opções, para desenvolver a actividade: pode arranjar uma “montra” com os dife-
rentes produtos e com os preços tapados, ou imagens de todos eles e fixar num painel. Tornar-se-á mais
apelativa a primeira hipótese, podendo inclusive, distribuir alguns dos produtos, como os rebuçados, os
chocolates, etc. O animador deve preparar a actividade, pesquisando os preços antigos e os actuais. Vai
também promovendo a discussão sobre os preços antigos.

FICHA DE ACTIVIDADE 7 - BRINCAR COM AS PALAVRAS


JOVENS OU CRIANÇAS E IDOSOS

OBJECTIVOS RECURSOS

Desenvolver a cognição, estimulando a fluência verbal e a Canetas, marcadores, folha gran-


memória; de papel e folhas de rascunho.
Promover a aprendizagem e a partilha de sentimentos e ideias, Quadro ou painel para apresentar
sobre cada uma das gerações, num ambiente divertido. a folha grande.

PROCEDIMENTO

O animador junta os participantes em grupo de 4 pessoas (preferencialmente de gerações diferentes).


Começa por pedir aos grupos que façam uma lista sobre os temas que lhes interessam e sobre os quais
têm algo a dizer. Pede-se que escolham apenas um. Em seguida devem falar sobre ele e escrever algu-
mas ideias. O animador pode fazer perguntas sobre o tema, se houver dificuldade em o desenvolver. O
passo seguinte é mostrar como se faz um acrónimo (escrever a palavra na vertical e depois utilizar cada
uma das suas iniciais para escrever palavras relacionadas). Os participantes têm então que fazer um
acrónimo com o tema escolhido, com palavras, ou frases com ele relacionadas.

60
INTERGERACIONAIS
5 . ACTIVIDADES
FICHAS DE ACTIVIDADES

FICHA DE ACTIVIDADE 8 - SEMENTEIRA DE VALORES


JOVENS OU CRIANÇAS E IDOSOS

OBJECTIVOS RECURSOS

Desenvolver o sentimento de continuidade e de prestabilidade; Vasos de barro (1 por cada dois


Criar laços entre as gerações produzindo coisas boas juntos; participantes), sementes de flores,
Melhorar a comunicação e partilhar experiências. terra, regadores, tintas e pincéis.
Recipiente com água.
Mesa grande de trabalho e ca-
deiras.

PROCEDIMENTO

Esta actividade ganha se for feita na rua, num pequeno pátio ou jardim, sendo a altura ideal a primavera.
No entanto pode ser adaptada a um espaço interior, desde que amplo. O animador forma grupos inter-
geracionais de dois e atribui a cada, um vaso e um pincel. A primeira tarefa é decorar os vasos de maneira
a que fiquem bonitos e originais. Podem conter o nome dos “donos” ou um símbolo escolhido por estes.
Depois do vaso personalizado, é dada a terra e as sementes, para que possam semear as flores. No final
regam e organizam um plano de cuidados para a sua planta: quem fica com ela, onde e quando cuidam
dela. Esta é uma actividade óptima para quando crianças e idosos partilham a mesma instituição. O ani-
mador pode ainda estimular o interesse acerca da actividade, perguntando se a semente já germinou e
celebrando quando nasce a primeira flor.

61
INTERGERACIONAIS
5 . ACTIVIDADES

FICHAS DE ACTIVIDADES

FICHA DE ACTIVIDADE 9 - KITS DE REALIZADOR


JOVENS OU CRIANÇAS E IDOSOS

OBJECTIVOS RECURSOS

Desenvolver a criatividade e a memória; Câmara de filmar, cassete, má-


Estimular a partilha entre os grupos intergeracionais e o trabalho quina fotográfica uma por grupo
em equipa. de 6 participantes); Adereços con-
forme as histórias escolhidas e
um saco grande.

PROCEDIMENTO

Esta actividade pode ser realizada por grupos de 6 participantes e ser dividida, em pelo menos quatro
sessões. Na primeira o animador forma os grupos e pede que escolham uma história para servir de enre-
do a um filme. Pode ser a recriação de uma cena de um filme antigo (Ex.: Pátio das Cantigas), de uma
história infantil, de uma lenda ou história popular local. Nessa sessão o guião fica feito (o filme não deve
exceder os 10 minutos), bem como uma lista de material a requisitar. Os participantes devem ficar enca-
rregues de trazer alguns adereços que acharem convenientes. O animador fica com os guiões, prepara um
kit, colocando num saco o material necessário para realizar o filme, incluindo maquilhagem se necessário,
alguns adereços e uma máquina fotográfica descartável, para fazerem uma reportagem sobre o filme.
Na 2ª sessão são feitas as filmagens, na 3ª é feita a montagem do filme e escolhida uma banda sonora
(com ajuda do animador) e na última sessão são visualizados os filmes.

Variante
Outra forma possível de realizar esta actividade é dar um saco com o material necessário (adereços,
câmara de filmar, elementos para o cenário e o guião), para um filme específico. Por exemplo para re-
presentarem uma cena de um filme conhecido.

62
INTERGERACIONAIS
5 . ACTIVIDADES
FICHAS DE ACTIVIDADES

FICHA DE ACTIVIDADE 10 - MARATONA FOTOGRÁFICA


JOVENS (12 AOS 20 ANOS) E IDOSOS

OBJECTIVOS RECURSOS

Partilhar visões e formas de percepcionar o mundo, independen- Máquinas fotográficas - 1 por


temente da idade; cada grupo de 4 participantes;
Valorizar as características pessoais de cada um, não descrimi- Cartolinas e Marcadores;
nando pela idade; Cola;
Aproximar jovens e idosos, detectando pontos de interesse Álbuns fotográficos.
comuns.

PROCEDIMENTO

Os participantes, organizados em grupos de 4 (2 jovens e 2 idosos) recebem uma máquina fotográfica e


1 rolo de 24 fotografias. E a tarefa consiste em tirar fotografias que ilustrem um determinado tema que é
sugerido no início. Têm 2 horas (pode variar) para fotografarem de vários pontos de vista, sendo que
todos os elementos do grupo têm que ter uma foto, que represente o seu ponto de vista. No final, as
fotografias são coladas em cartolinas e os grupos têm que denominar cada uma delas. Todos são convi-
dados a observar os trabalhos dos outros.

FICHA DE ACTIVIDADE 11 - FAZER UM INVENTÁRIO DE ACESSIBILIDADES


JOVENS E IDOSOS

OBJECTIVOS RECURSOS

Aumentar o conhecimento que ambas as gerações têm da sua Mapa da localidade;


comunidade; Canetas de ponta fina;
Motivar para o trabalho em equipa e partilha de conhecimentos. Máquina fotográfica.

PROCEDIMENTO

Esta actividade consiste em fazer um levantamento das acessibilidades de uma determinada localidade.
São constituídas equipas intergeracionais por zonas (previamente definidas). Cada equipa desloca-se ao
terreno para no local verificar o tipo e acessos e os constrangimentos existentes. Podem ser preparadas
perguntas para fazer aos residentes do local. Ex.:”Esta passadeira é muito utilizada? Por quem? Já houve
algum acidente aqui?”. São registadas as anotações e no mapa é assinalado as figuras correspondentes
na legenda previamente criada. Ex.: prédio é um rectângulo. É importante que, mais do que fazer uma boa
representação gráfica, as equipas se mobilizem e pesquisem as dificuldades que podem ser encontradas.

63
INTERGERACIONAIS
5 . ACTIVIDADES

FICHAS DE ACTIVIDADES

FICHA DE ACTIVIDADE 12 - FAZER COMPRAS NA INTERNET


JOVENS OU CRIANÇAS E IDOSOS

OBJECTIVOS RECURSOS

Estimular a aprendizagem das novas tecnologias por parte das Computador / Internet
gerações mais velhas;
Aproximar gerações, centrando-se nas trocas e partilha de
saberes.

PROCEDIMENTO

As compras online são cada vez mais utilizadas. A aprendizagem por parte dos idosos deste tipo de com-
pras, pode facilitar-lhes a vida quando, por exemplo, tiverem dificuldade em deslocar-se, ou pontualmente
não tiverem transporte. Os mais novos ensinam os procedimentos explicando o conceito de carrinho de
compras virtual e esclarecendo tudo em relação às formas de pagamento.

FICHA DE ACTIVIDADE 13 - NÃO DEIXAR MORRER AS LENDAS


JOVENS OU CRIANÇAS E IDOSOS

OBJECTIVOS RECURSOS

Permitir que os valores se perpetuem e que sejam transmitidos Folhas de papel,


de geração em geração; máquina fotográfica / de filmar.
Aproximar gerações, gerando afecto.

PROCEDIMENTO

A actividade pode ser também feita com crianças, precisando nesse caso de maior apoio por parte do ani-
mador intergeracional. A ideia central é recolher as lendas locais, histórias que se ouvem contar, rela-
cionadas com os sítios especiais, ou pessoas da terra. Resulta igualmente com cantilenas, poesias,
quadras tradicionais, usos e costumes, que os mais antigos sabem. O objectivo é realizar documentários
áudio ou vídeo, ou serem compilados num livro, que poderá depois ser editado com o apoio das entidades
locais.

64
INTERGERACIONAIS
5 . ACTIVIDADES
FICHAS DE ACTIVIDADES

FICHA DE ACTIVIDADE 14 - ORGANIZAR UM MUSEU DA HISTÓRIA FAMILIAR


JOVENS OU CRIANÇAS E IDOSOS

OBJECTIVOS RECURSOS

Enriquecer a participação familiar através da partilha da história Objectos recolhidos pela família,
da família. pedaços de papel, caneta.

PROCEDIMENTO

A organização da exposição fica a cargo de grupos de dois ou três. Por exemplo: o avô e a neta fazem
uma parte da exposição e a avó e o neto fazem a outra parte. Os grupos vão recolhendo
objectos/peças/documentos, ligados à história da família: fotografias, certidão de casamento dos avós;
chucha do primeiro bebé da família, etc. Os objectos são devidamente registado e pequenos pedaços de
papel indicam o seu nome e a sua importância. A exposição pode ser realizada em casa ou noutro local,
dependendo de quem está a promovê-la. Outros membros da família, vizinhos e amigos podem ser con-
vidados.

FICHA DE ACTIVIDADE 15 - CONSTRUIR A ÁRVORE DA FAMÍLIA


JOVENS OU CRIANÇAS E IDOSOS

OBJECTIVOS RECURSOS

Proporcionar maior consciência do tamanho da família, bem Folhas A3 ou papel de cenário (se
como das alterações que têm vindo a ocorrer; houver espaço suficiente), cane-
Aproximar avós e netos e outras gerações. tas, lápis, fita cola (caso se uti-
lizem as A3).

PROCEDIMENTO

A árvore genealógica deve ser construída tendo como base o nome do jovem ou criança que está a fazer
a actividade. A partir dai vai recuando para os pais e avós, indicando também irmãos. Com os nomes
devem ser apontadas as datas de nascimento se tiverem acesso a essa informação. Pode ainda comple-
mentar-se a actividade acrescentando as profissões.

65
INTERGERACIONAIS
5 . ACTIVIDADES

FICHAS DE ACTIVIDADES

FICHA DE ACTIVIDADE 16 - FAZER BOLINHOS


JOVENS OU CRIANÇAS E IDOSOS

OBJECTIVOS RECURSOS

Partilha de conhecimentos e afectos; Material para fazer a receita.


Estimulação do paladar e da memória.

PROCEDIMENTO

Todas as avós sabem fazer uma especialidade (bolos, rissóis, croquetes, um prato especial). É importante
que esses conhecimentos vão sendo transmitidos ao longo do tempo. A escolha da receita é feita por
ambos (avós e netos) e sugere-se que a compra dos ingredientes, seja feita também em conjunto. Se
ambos organizarem um livro de receitas de família, este pode ser uma excelente prenda de Natal, feita
em parceria. Estas actividades são propícias num contexto institucional, com jovens e/ou crianças e
idosos, realizando-se pequenos filmes culinários, para oferecer ou vender numa festa.

66
INTERGERACIONAIS
5 . ACTIVIDADES
SÍNTESE

As actividades intergeracionais são a base de tra-


balho do animador. A sua escolha é o início de um
processo de planificação, realização e avaliação.
No entanto nem sempre é necessária, uma vez
que existem programas que estão desde logo
orientados para o desempenho de determinadas
funções. A planificação semanal ou mensal é uma
forma eficaz de assegurar que o trabalho está
bem estruturado e de adaptar as actividades caso
tenham sido alvo de uma programação anual.

A concepção de actividades intergeracionais


envolve um esforço de sistematização de ideias,
para que nenhum pormenor falte e para que pos-
teriormente possa ser avaliada e repetida por ou-
tros, caso obtenha sucesso. Assim, devem ser
estabelecidos objectivos, descritos os procedi-
mentos, intervenientes e materiais e, no final, ser
prevista a avaliação. A animação de uma activi-
dade terá de ter em conta as características dos
participantes e partir sempre de uma sensibiliza-
ção para o trabalho entre gerações.

A ficha de actividade é uma forma sintética e rápi-


da de registar as que podem ser organizadas
tendo em conta os diferentes contextos em que
vão ser utilizadas: institucional, familiar, comu-
nitário e outros.

67
INTERGERACIONAIS
5 . ACTIVIDADES

ACTIVIDADES

ACTIVIDADES PROPOSTAS

1. Construa um modelo próprio de ficha de actividade, com aspectos que considere importante constar,
com uma apresentação apelativa e devidamente personalizado.

ACTIVIDADES DE AVALIAÇÃO

1. Elabore uma planificação semanal, para uma casa de repouso onde são realizadas actividades inter-
geracionais, 2 dias por semana.

2. Será correcto o animador “explorar” os participantes no sentido destes darem ideias e sugestões acer-
ca de novas actividades? Não será uma forma de colocar quem participa a fazer o trabalho do animador?

3. Quais são as etapas do processo de concepção?

4. Classifique como verdadeiras e falsas as seguintes afirmações:

4.1. O animador deve estimular o diálogo;

4.2. Não é correcto fazer perguntas, para não invadir o espaço dos participantes;

4.3. Encorajar a discussão sobre as semelhanças e diferenças das repostas dadas pelos participantes
é adequado;

4.4. Não se deve falar de intergeracionalidade antes das actividades e durante as actividades, pois os
participantes podem desistir ou cansar-se do tema;

4.5. Não é recomendável que os intervenientes nas actividades conheçam os objectivos destas. Quem
os deve dominar é o animador;

4.6. O animador deve fazer um esforço de adaptação ao local e às limitações dos participantes.

68
INTERVENÇÕES EM ÁREAS ESPECÍFICAS 6
ATRAVÉS DE PROGRAMAS INTERGERACIONAIS
ANIMAÇÃO INTERGERACIONAL
MANUAL DO FORMANDO

6
6 . NTERVENÇÕES EM ÁREAS

ATRAVÉS DE PROGRAMAS
INTERGERACIONAIS
ESPECÍFICAS

INTERVENÇÕES EM ÁREAS ESPECÍFICAS


ATRAVÉS DE PROGRAMAS INTERGERACIONAIS

OBJECTIVOS GERAIS

• Indicar tipos de programas intergeracionais para


a divulgação das novas tecnologias, para a pro-
moção da saúde e de estímulo à participação na
comunidade;

• Especificar os benefícios para as diferentes ge-


rações envolvidas, de integrar programas em
diversas áreas;

• Extrair dos programas intergeracionais, na área


da saúde, novas tecnologias e eventos pontuais
na comunidade apresentados, ideias e conheci-
mento para adaptar a outros contextos.

INTERGERACIONALIDADE E SAÚDE

As relações intergeracionais podem facilitar a pro-


moção de hábitos de vida saudáveis e a diminuição
dos comportamentos de risco. A saúde é algo que
não se encontra em igualdade e os idosos, de uma
maneira geral, têm mais problemas que os mais
novos. Os programas podem ter diferentes
funções, ser genéricos ou muito específicos,
dependendo do objectivo. O conceito de percepção
da saúde que pode determinar a forma como cada
um encara as suas doenças e como lida com elas,
é um dos que se pode trabalhar ao nível de grupos
intergeracionais. O contacto directo entre as ge-
rações ajuda a desmistificar ideias e crenças falsas,
aproveitando a oportunidade para treinar com-
petências em conjunto. Ao confrontar a percepção
que cada um tem sobre a sua saúde com a dos ou-
tros (de outras gerações), facilita a reflexão sobre o
tema. Para os idosos constitui um factor de descen-
tralização das suas próprias doenças, desviando as
atenções para aspectos mais positivos. Para os
mais jovens é uma oportunidade de contactarem
com uma realidade diferente e ouvirem falar a sério
sobre saúde e doença, num contexto diferente do
escolar. A partilha entre as gerações motiva e facili-
ta a aprendizagem e a reflexão.

Alguns exemplos de programas intergeracionais


que pretendem promover a saúde e hábitos de vida
saudável:
• Abordam uma doença específica: formas de pre-
venção e competências para lidar com a doença. Por
exemplo: diabetes, osteoporose, sida entre outras;

70
6 . NTERVENÇÕES EM ÁREAS

ATRAVÉS DE PROGRAMAS
INTERGERACIONAIS
ESPECÍFICAS
• Para idosos e crianças (4/5 anos) nas instituições, No quadro 6.1 é apresentado um exemplo de progra-
em que os idosos ensinam hábitos saudáveis e pro- ma intergeracional na área da saúde, que pode ter
motores de saúde (Ex.: lavar bem as mãos antes e como intervenientes jovens dos 14 aos 18 anos e
depois de comer; escovar os dentes depois das idosos. Pode ser aplicado em contexto institucional,
refeições, comer verduras, sopa e fruta, etc.); em escolas ou em outros locais da comunidade.
• Genéricos com grupos intergeracionais de dis-
cussão sobre o que se pode fazer para prevenir as
doenças que vão aparecendo com a idade;

QUADRO 6.1 - PROGRAMA DE FORMAÇÃO INTERGERACIONAL


“SAÚDE EM TODAS AS IDADES”

Materiais
Diversos, estão indicados para cada sessão.
Objectivos
Desenvolver competências nos idosos na área das novas tecnologias;
Melhorar a coesão social, aumentar a auto-percepção de saúde dos idosos,
Reduzir os estereótipos em relação às gerações;
Aproximar as gerações valorizando os recursos de cada um.
Sessões Conteúdos Metodologia

Sessão 1 Discussão sobre o conceito de saúde e Analisar excertos de textos sobre a saúde
bem-estar: nos jovens e nos idosos;
- Conceito de saúde e doenças (para os Estimular a discussão e opinião de cada
velhos e para os novos); um;
- Principais doenças que afectam os novos Resumir as ideias dos velhos e dos novos
e os velhos; e evidenciar as semelhanças.

Sessão 2 Auto e hetero percepção de saúde e de Utilizar questionários de percepção da


doença: saúde;
- Quem é que se considera doente? Partilhar os resultados dos questionários;
- Quem do grupo é que consideram doen- Fazer o levantamento das doenças que
tes? “afectam os membros do grupo”;
Quais as doenças que afectam o grupo? Analisar as diferenças e semelhanças entre
Principais características (mitos, crenças aquilo que cada geração perspectiva sobre
pessoais) sobre elas. a saúde e doença dentro da sua e na outra
geração.

Sessão 3 Características das doenças mais fre- Distribuir brochuras com as principais ca-
quentes nos idosos e nos velhos (aproveitar racterísticas das doenças;
os resultados da sessão anterior). Trabalhar em grupo sobre cada uma delas.
Explorar um pouco o tema: causas; sin-
tomas; consequências; Expor em cartolinas
ou de outra forma criativa.

71
6 . NTERVENÇÕES EM ÁREAS

ATRAVÉS DE PROGRAMAS
INTERGERACIONAIS
ESPECÍFICAS

INTERVENÇÕES EM ÁREAS ESPECÍFICAS


ATRAVÉS DE PROGRAMAS INTERGERACIONAIS

Sessões Conteúdos Metodologia

Sessão 4 Promoção de hábitos de vida saudáveis Utilizar um poster com a roda dos alimentos;
Alimentação; Fazer um brainstorming acerca das dife-
Roda dos alimentos; renças entre as gerações e o que cada
Diferenças entre as necessidades ali- uma precisa. Pedir que os grupos inter-
mentares dos jovens e idosos; geracionais procurem frases ou ditados
Doenças decorrentes da má alimentação. populares que ilustrem os estereótipos.
Analisar slides sobre as doenças provo-
cadas pela má alimentação.

Sessão 5 Promoção de hábitos de vida saudáveis


Alimentação saudável; Sessão culinária para confeccionar as
Confecção de receitas. receitas saudáveis

Sessão 6 Promoção de hábitos de vida saudáveis


Cuidados em relação ao sono e descanso Dinamização de um debate em que são for-
- Diferenças intergeracionais; madas duas equipas (por gerações).
- Mitos e estereótipos; Os jovens organizam uma exposição sobre
- Medidas a implementar. as necessidades de descanso dos mais
velhos e vice versa. Depois das apresen-
tações é deixado algum tempo para o
grupo que se vê retratado contraponha e
diga de sua justiça, o que concorda e o que
não concorda.

Sessão 7 Promoção de hábitos de vida saudáveis


Prevenção de acidentes O animador mostra algumas estatísticas
- Principais fontes de perigo para as dife- sobre as principais causas de acidentes
rentes gerações e formas de evitar. domésticos;
Os grupos organizam-se indicando formas
de os prevenir e evitar.

Sessão 8 Promoção de hábitos de vida saudáveis


Benefícios do exercício físico São preparados exercícios físicos simples
- Avaliação das crenças em relação às adequados às capacidades de ambos.
capacidades das diferentes gerações para Desenvolvidos ao ar livre de preferência.
o exercício físico. No final, os grupos trocam experiências
sobre o tipo de expectativas que tinham em
relação à capacidade física de cada ge-
ração a ao que constataram na realidade.

Sessão 9 Avaliação do programa; Fazer uma avaliação do programa em que


Apresentação à comunidade. se pede que cada um se pronuncie em
relação aos seguintes aspectos:
- Se aprenderam alguma coisa com o pro-
grama? o que aprenderam?
- O que aprenderam com os idosos/jovens?
- O que gostaram mais e menos?
A apresentação à comunidade pode ser
feita através de um debate organizado por
todo o grupo, que é aqui planeado.
72
6 . NTERVENÇÕES EM ÁREAS

ATRAVÉS DE PROGRAMAS
INTERGERACIONAIS
ESPECÍFICAS
AS NOVAS TECNOLOGIAS
COMO PONTE INTERGERACIONAL

A evolução das tecnologias de informação e comu-


nicação é permanente e vertiginosa, basta observar
em quanto tempo um modelo de equipamento infor-
mático se torna desactualizado. A criação da
Internet representa o nascimento de um “mundo
novo”, cheio de potencialidades e áreas por explo-
rar. No entanto, tudo se desenvolveu em poucos
anos, o que fez com que existam gerações de “adul-
tos velhos”, que não têm qualquer contacto com o
conceito. Muitos desconhecem por completo, ao
contrário dos jovens, que dado a facilidade e rapi-
dez de aprendizagem absorvem rapidamente todos
os conhecimentos necessários para dominar as
novas tecnologias. Não é raro encontrar crianças de
5 anos que sabem utilizar um computador, abrindo
e fechando aplicações, jogando, e fazendo dese-
nhos em programas próprios.
PROGRAMAÇÃO
Aquilo que separa de forma tão radical estas ge- DE EVENTOS INTERGERACIONAIS
rações, paradoxalmente pode também aproximar, já
que os idosos demonstram interesse e curiosidade A programação de eventos na comunidade pode
por aprender e saber sobre este mundo cativante ser um catalizador das relações intergeracionais.
que tanto capta a atenção dos mais novos. Por Nem sempre as crianças, jovens e idosos têm pos-
outro lado, estes também se mostram com disponi- sibilidade de participar activamente na comunidade.
bilidade para partilhar as suas aprendizagens e A organização de eventos pontuais, mas com algu-
experiências com os mais velhos. Este é um exce- ma periodicidade servem para quebrar a monotonia
lente elemento de ligação intergeracional, que con- e imprimir dinamismo aos dias dos mais velhos.
vém não perder de vista e aproveitar, tanto quanto Para os mais novos é uma oportunidade de experi-
possível. mentar o contacto com outras gerações com activi-
dades construtivas e divertidas. Exemplo de even-
Alguns programas que podem ser delineados de tos deste tipo são:
forma a criar pontes e promover a utilização das
• Passagens de modelo, com criações dos próprios,
novas tecnologias pelos idosos:
onde os grupos geracionais participam lado a lado;
• Iniciação na Internet em instituições para idosos:
• Festivais com actividades diversas, acampamen-
criação de e-mail e pesquisa nos motores de busca;
tos ou “acantonamentos” também com actividades
• Cursos de informática, dados por jovens (dos 14 programadas;
aos 20 anos) nas instituições para idosos ou nas • Jornadas ambientais em que se desenvolvem
escolas e associações a que se podem deslocar; actividades em defesa do ambiente;
• Programas para os idosos aprenderem a utilizar • Eventos em que se revive o passado com determi-
os telemóveis. Os jovens disponibilizam-se para nados hábitos ligados à comunidade e à região
ajudar os mais velhos a utilizar telemóveis, tele- onde vivem: um dia na lavoura, vindimas, um
fones fixos portáteis, e outros sistemas de teleco- piquenique entre outras iniciativas.
municações.
Será apresentado em seguida um exemplo de uma
Um exemplo de programa na área das novas tecno- programação de evento intergeracional, desenvolvi-
logias é apresentado no quadro 6.2., que pode ter do por Kaplan (2001) com os diferentes passos,
como participantes jovens e idosos. que poderá servir de base à realização de eventos
idênticos.

73
6 . NTERVENÇÕES EM ÁREAS

ATRAVÉS DE PROGRAMAS
INTERGERACIONAIS
ESPECÍFICAS

INTERVENÇÕES EM ÁREAS ESPECÍFICAS


ATRAVÉS DE PROGRAMAS INTERGERACIONAIS

QUADRO 6.2 - PROGRAMA DE FORMAÇÃO INTERGERACIONAL


“FORMAR EXPERTS EM INFORMÁTICA”

Materiais
Computadores (pelo menos um, por cada dois formandos), impressora, papel branco
Objectivos
Desenvolver competências nos idosos na área das novas tecnologias;
Aproximar as gerações valorizando os recursos de cada um.
Sessões Conteúdos Avaliação

Sessão 1 Introdução à terminologia (monitor, cpu, rato);


Aprender a ligar o computador e a impressora;
Abrir uma pasta;
Treinar a escrever o próprio nome no processador de texto;
Mudar o tipo e tamanho de letra;
Guardar e imprimir documentos e fechar o ficheiro;
Desligar o computador e a impressora.
Sessão 2 Ligar o computador sozinho;
Procurar e abrir o seu documento;
Escrever o nome com letras maiúsculas, centrá-lo e destacar;
Escrever por baixo um texto sobre si (4 linhas);
Deixar espaço entre o título e o resto do texto;
Guardar e imprimir as alterações ao documento;
Desligar o computador.
Sessão 3 Ligar o computador e a impressora;
Procurar e abrir o ficheiro;
Abrir o documento;
Escrever uma pequena carta, e utilizar o que já se aprendeu sobre alterar
o tamanho e tipo de letra;
Corrigir o texto escrito antes de imprimir;
Guardar e imprimir o documento;
Fechar o documento.
Sessão 4 Ligar o computador e a impressora;
Abrir o documento;
Utilizar o Word Art e Clip Art;
Guardar e imprimir o documento;
Ligar o computador;
Abrir o Internet Explorer;
Abrir os motores de busca e procurar sites como jornais, e outros assun-
tos do interesse dos idosos;
Imprimir uma página resultante da busca;
Fechar os programas e sair da Internet;
Desligar o computador e a impressora;
Sessão 5 Ligar o computador
Conectar a Internet
Aprender a enviar um mail
Terminar a sessão
Desligar o computador e a impressora

74
6 . NTERVENÇÕES EM ÁREAS

ATRAVÉS DE PROGRAMAS
INTERGERACIONAIS
ESPECÍFICAS
“FESTIVAL DOS FUTUROS”

Objectivos
Dar a oportunidade de os participantes compreen-
derem o processo que leva às tomadas de decisão
ao nível local;
Aumentar o entendimento dos participantes acerca
da sua comunidade e necessidades dos seus resi-
dentes;
Estimular o envolvimento, participação e respon-
sabilidade cívica;
Fornecer aos líderes e decisores, elementos sobre
as expectativas da comunidade;
Proporcionar oportunidade para o contacto inter-
geracional.

Competências a desenvolver
Pensamento crítico acerca da partilha do mesmo
espaço;
Capacidade para trabalhar em grupo;
Comunicação e planificação;
Reconhecer e analisar perspectivas alternativas;
Habilidade para falar em público. As apresentações e exibições que se pretende que
preparem devem ter como base os seguintes
Etapa 1 aspectos:
Organizar a equipa de coordenação do evento • Estimular uma atmosfera de descoberta onde
Reunir uma equipa para colaborar na organização. quem intervém contacta com várias formas de pen-
Os respectivos elementos terão tarefas atribuídas, sar a comunidade;
nomeadamente a de gerir e angariar recursos
humanos para participar. Escolas, organismos da • Criar oportunidades para a participação dando a
administração local, organizações cívicas, organi- sua opinião e expondo os seus pontos de vista
zações da juventude, de idosos; universidades, gru- acerca dos planos oficiais para o desenvolvimento
pos de voluntários, entre outros. local;
• Estimular o diálogo intergeracional deve ser uma
Etapa 2 das prioridades das apresentações, de forma a dar
Determinar o local e data um papel activo a crianças, jovens e idosos.
O local deve ter boa acessibilidade, ser espaçoso e
com boas condições. A data escolhida deve privile- • Confirmar actividades, apresentações e exibições
giar a presença de familiares e outros visitantes. possíveis, que podem ser escolhidas para um
Este evento deverá ser realizado durante um dia. evento deste tipo.
Etapa 3
Divulgar o evento e recrutar participantes
Elaborar uma brochura que possa ser distribuída
pelos locais previamente definidos, onde se espera
encontrar participantes. Para além da brochura
podem ser utilizados os meios de comunicação
local (jornal, rádio).

Etapa 4
Assistir os participantes durante a preparação
do evento
Entusiasmar os potenciais participantes no Festival
a preparar apresentações e exibições, dando apoio
logístico e encorajando a não desistir.

75
6 . NTERVENÇÕES EM ÁREAS

ATRAVÉS DE PROGRAMAS
INTERGERACIONAIS
ESPECÍFICAS

FICHAS DE ACTIVIDADES

FICHA DE ACTIVIDADE 17 - PINTURA EM MURAIS


CRIANÇAS, JOVENS E IDOSOS

OBJECTIVOS RECURSOS

Desenvolver a capacidade para trabalhar em equipa e respeitar Parede branca ou papel de


mutuamente as opiniões; cenário grande pendurado; Tintas
Melhorar a comunicação intergeracional. e pincéis, recipientes (baldes com
água).

PROCEDIMENTO

O animador forma grupos intergeracionais de 4 a 6 pessoas e são convidados a pensar no tema da activi-
dade: A comunidade do futuro. O animador estimula o exercício criativo de cada um expor a sua opinião
sobre aquilo que espera, que gostaria e que precisa que mude. Podem ser sugeridos tópicos: espaços
recreativos, escolas, serviços. Os participantes devem elaborar um plano detalhado, e só depois começar
a pintar. O animador deve ainda assegurar que todos participam de igual forma.

FICHA DE ACTIVIDADE 18 - JOGOS TRADICIONAIS


CRIANÇAS, JOVENS E IDOSOS

OBJECTIVOS RECURSOS

Valorizar os conhecimentos e as experiências dos mais velhos; Depende do levantamento feito.


Estimular o interesse dos mais novos pelo passado e sobre aqui- Vulgarmente surgem: piões, cor-
lo que os mais velhos têm para transmitir; das, sacos de sarapilheira.
Desenvolver a comunicação e os relacionamentos intergera-
cionais.

PROCEDIMENTO

O animador pode inquirir no momento os idosos presentes acerca dos jogos tradicionais do seu tempo,
ou pode ter feito esse levantamento previamente. Certamente serão focados a malha, partir as cantari-
nhas, corridas de sacos, pião, saltar à corda, subir ao cimo do pau, entre outros.

76
6 . NTERVENÇÕES EM ÁREAS

ATRAVÉS DE PROGRAMAS
INTERGERACIONAIS
ESPECÍFICAS
FICHA DE ACTIVIDADE 19 - MUDAR O MAPA DA NOSSA TERRA
CRIANÇAS, JOVENS E IDOSOS

OBJECTIVOS RECURSOS

Projectar no futuro a comunidade e a forma como ele se pode Mapas da cidade, aldeia, ou vila,
alterar; com alguns pontos de referência.
Tomar consciência do poder de intervenção, antecipando trans- Marcadores de várias cores;
formações planeadas pelos próprios; Quadro para expor os mapas.
Proporcionar ao idosos o sentimento de continuidade.

PROCEDIMENTO

Os participantes são convidados a projectar a sua vida no futuro, podendo fazer as alterações que pen-
sam que seriam mais adequadas. Criando novos espaços, identificando os actuais e mostrando as
mudanças que sugerem. No final os mapas são expostos.

Avaliação e divulgação dos resultados do evento

A avaliação pode ser feita através de algumas Devem ainda ser registados juntamente com os
questões breves aos participantes: dados das entrevistas, quais foram os participantes,
quem foram os parceiros, quais as actividades
- o que aprenderam com as experiências de hoje? desenvolvidas. Quanto à divulgação de resultados,
- o que aprenderam sobre a comunidade? esta deve ser feita, ventilando para a comunidade
- como é que se sentiram com o papel desempe- através da imprensa e de outros meios, para que as
nhado? expectativas dos participantes se tornem públicas.

77
6 . NTERVENÇÕES EM ÁREAS

ATRAVÉS DE PROGRAMAS
INTERGERACIONAIS
ESPECÍFICAS

SÍNTESE

Os encontros intergeracionais, para além de pro-


moverem o contacto e melhorarem a comunicação
entre gerações, desmistificando algumas ideias,
são excelentes veículos de transmissão de va-
lores e divulgação de conhecimentos.

A saúde, as novas tecnologias e a participação


comunitária/cidadania, são áreas que têm indi-
cação para ser trabalhadas do ponto de vista
intergeracional.

Na área da promoção da saúde podem serem uti-


lizados grupos intergeracionais, com benefícios,
não só a nível do aumento da coesão social, mas
também da adopção de hábitos de vida mais
saudáveis. Também com as novas tecnologias se
verifica grandes vantagens em juntar grupos de
faixas etárias tão distantes como jovens e idosos.
O facto de haver pouco acompanhamento da
evolução tecnológica, faz com que os mais velhos
fiquem arredados de um grande número de ino-
vações que podem facilitar e contribuir para a me-
lhoria da qualidade de vida, como é o caso dos
telemóveis, informática e Internet.

Ao nível da participação na comunidade as expe-


riências intergeracionais estabelecem laços, esti-
mulam o sentimento de pertença a um lugar, a
uma cultura, às gentes. Aos jovens e aos idosos,
permite-lhes encontrar formas de intervir e de não
se sentirem marginalizados, podendo inclusive
criar sinergias e ajudar grupos desfavorecidos.

78
6 . NTERVENÇÕES EM ÁREAS

ATRAVÉS DE PROGRAMAS
INTERGERACIONAIS
ESPECÍFICAS
ACTIVIDADES

ACTIVIDADES PROPOSTAS

1. Apresente um programa intergeracional que compreenda as três áreas apresentadas ao longo do capí-
tulo: saúde, novas tecnologias e programação de eventos de âmbito comunitário. Seja criativo.

ACTIVIDADES DE AVALIAÇÃO

1. Indique 3 tipos de programas que podem ser traçados para promover hábitos de vida saudáveis.

2. Leia a seguinte frase:


“As novas tecnologias são simultaneamente a ponte e o abismo entre as gerações de avós e de netos”.

2.1. Concorda com a frase?

2.2. O que significa em termos intergeracionais?

3. Indique a ordem das seguintes etapas da programação de eventos intergeracionais.

Etapa ___ - Assistir os participantes durante a preparação do evento

Etapa ___ - Divulgar o evento e recrutar participantes

Etapa ___ - Organizar a equipa de coordenação do evento

Etapa ___ - Determinar o local e data

4. Segundo os resultados de um estudo feito em Lanterninhas de Baixo, existe um elevado número de


jovens com comportamentos de risco para a sua saúde: alimentação inadequada, maus hábitos de sono
e descanso entre outros. Outro aspecto que também constataram foi a dificuldade dos idosos em si-
tuações de necessidade de chegarem até aos telefones, visto que andam na maior parte do dia fora de
casa. Esta situação gera instabilidade nas famílias que não sabem nada deles e ponderam mais rapida-
mente a hipótese de os internar num lar. A utilização dos telefones sem fios nas suas residências é uma
hipótese, mas a maior parte não sabe funcionar com eles;

4.1. De que forma ajudaria as gentes de Lanterninhas de Baixo a solucionar o problema?

79
80
SOLUÇÕES
SOLUÇÕES DAS ACTIVIDADES

ANIMAÇÃO INTERGERACIONAL
MANUAL DO FORMANDO

s
SOLIUÇÕES

SOLUÇÕES DAS ACTIVIDADES

CAPÍTULO 1 Enquanto que os “velhos jovens” se ajustam a uma maior


O IDOSO E A FAMÍLIA demora das respostas físicas e intelectuais nas activi-
dades quotidianas, os “velhos velhos” têm que se ajustar
1. Principais trocas: ao declínio das forças físicas e da saúde e depois aceitar
• Apoio económico - geralmente são as gerações mais a morte.
velhas a apoiar as gerações mais novas.
• Habitação - por vezes a coabitação acontece, quando há 3. Nas crianças por exemplo atitudes como limpar a cara
necessidade por parte das gerações mais novas que depois dos idosos as beijarem, ou chorarem quando vêm
ainda não têm estabilidade para adquirir casa própria, ou um idoso. Nos jovens a falta de sensibilidade quando
no caso de divórcio. vêm um idoso em apuros ou com dificuldades, e não o
• Cuidados pessoais - ocorrem quando um elemento ajudam.
apresenta incapacidade para se bastar a si próprio e ocu-
par-se das suas tarefas. 4. As gerações mais velhas mostram maior abertura à
• Pequenas ajudas - especialmente com crianças e activi- aprendizagem com os mais novos, algo que não aconte-
dades domésticas. cia num passado recente. Os avós motivam-se para
• Apoio emocional e moral - acontece quando há troca de aprender por exemplo a mexer em computadores, nave-
experiências, quando se pedem sugestões e se tentam gar na Internet e perceber um pouco mais do mundo que
perspectivar alternativas para a vida. os rodeia.

2. A relação com um avô divertido tem principalmente


uma componente lúdica e recreativa, pautando-se pelo CAPÍTULO 3
companheirismo e pela troca de experiências. Uma avó INTERGERACIONALIDADE
autoritária sobrepõe-se aos pais e coloca-os perante os
filhos numa posição de subordinados. 1.1. V; 1.2. F; 1.3. F; 1.4. V

3. Devem ser mencionadas: 2.1. O médico reduziu a queixa à idade, sem querer ana-
• Solidão; lisar mais profundamente o que de anormal se pudesse
• Isolamento; estar a passar. Este médico descriminou o Sr. Miguel
• Precariedade de condições económicas e habitacionais; pela idade (“agisme”).
• Ausência de redes de suporte;
• Dependência física (Pimentel, 2005). 3.1. Vantagens para jovens:
• Aumento do interesse pela aprendizagem, saber e co-
4. A falta de formação do pessoal técnico que lida directa- nhecimento, através do convívio informal com os idosos;
mente com estas situações é um dos principais proble- • Aumento da motivação para aprender de uma forma
mas, pois tendem a tratar os idosos de forma paternalista, informal e lúdica;
infantilizando-os. Também o respeito pela sua dignidade • Melhor aceitação do próprio envelhecimento num futuro
fica comprometido quando, por força do desgaste rela- distante;
cional e da repetição de tarefas, a privacidade, liberdade • Aumento do conhecimento e capacidade para ajudar os
de escolha, autonomia e dependência são esquecidas. mais velhos;
• Criação e incremento de respeito, responsabilidade e
estima pelos mais velhos;
CAPÍTULO 2 • Incentivo à criação de modelos de vida pelo contacto
OS INTERVENIENTES directo com os mais velhos;
NA ANIMAÇÃO INTERGERACIONAL
4. Devem ser mencionadas:
1. Entende-se por “Animação intergeracional” o desen- • Permitir e encorajar que o idoso mantenha o contacto
volvimento de actividades que aumentam a interacção, com outras gerações e desta forma se sinta inserido na
cooperação ou intercâmbio entre pelo menos duas ge- sociedade;
rações e estimulem a partilha de competências, conheci- • Favorecer a solução de problemas, através de activi-
mentos e experiências. dades apropriadas;
• Encorajar as actividades criativas;
2. As principais diferenças residem nos seguintes aspectos: • Estimular a memória com actividades variadas, concre-
Enquanto que os “velhos jovens” se prepararam e ajus- tas e interactivas;
tam à retirada da vida activa e às subsequentes • Estimular a autonomia e sentido de responsabilidade
mudanças de papel (particularmente nos homens), os sobre a sua própria vida, conferindo uma missão social.
“velhos velhos” aprendem a combinar as necessidades de
autonomia com as dependências.
Enquanto que os “velhos jovens” prevêem e ajustam-se e
a um rendimento ou a uma baixa de rendimentos, os “ve-
lhos velhos” têm que se habituar a viver sozinhos conser-
vando a autonomia.

82
SOLIUÇÕES
CAPÍTULO 4 2. Alguns exemplos:
PROGRAMAS INTERGERACIONAIS Idosos como tutores escolares dos jovens e crianças;
Organização de programas de apoio a crianças, no
1. Devem ser referidas: domicílio;
• Fazer face a necessidades diagnosticadas em cada um Idosos asseguram na comunidade programas para asse-
dos grupos geracionais; gurar a companhia das crianças depois das aulas;
• Demonstrar benefícios mútuos para os participantes Idosos partilham actividades, ensinando a fazer artesana-
das várias idades; to, jardinagem, leitura e histórias;
• Estabelecer novos papéis sociais e/ou novas perspecti- Programas de apoio às gerações mais velhas, às famílias
vas para os participantes jovens e idosos; jovens de pais e mães adolescentes;
• Envolver múltiplas gerações tendo que incluir pelo Intervenção em programas de promoção de saúde.
menos duas gerações não-adjacentes ou de parentesco;
• Promover a consciencialização crescente e compreen- 3. Desenvolver competências nos idosos na área das novas
são entre gerações mais novas e mais velhas e os tecnologias;
aumentam a auto-estima para ambas; Aproximar as gerações valorizando os recursos de cada um;
• Abordar temáticas sociais e políticas relevantes para as
gerações envolvidas; 4. É uma agenda que pode ser utilizada para programar
• Incluir elementos que estão envolvidos no planeamento com antecedência os recursos necessários, para que
de programas; nada falhe no desenvolvimento das acções.
• Desenvolver relações intergeracionais.

CAPÍTULO 5
ACTIVIDADES INTERGERACIONAIS

1 - EXEMPLO DE PLANIFICAÇÃO SEMANAL ___/ ___ A ___/ ___

Dias Actividades Objectivos Metodologias Materiais Avaliação Aspectos


a modificar

Segunda Ginástica com Promover o Utilização de Cd's de música


avós e netos exercício físico; metodologias com ritmo e
Estimular o activas animada;
gosto pela e demonstrativas. Leitor de Cd's;
actividade física; O animador Cadeiras
Desmistificar as demonstra o confortáveis,
limitações físicas exercício e pede colchões; Bastões,
dos mais velhos também aos avós bolas de esponja,
e netos para bola de pano.
criarem exercícios.

Terça

Quarta

Quinta Cantigas com Estimular a Metodologia activa: Cadeiras


estórias memória dos o animador propõe para todos os
idosos; que cada um conte participantes
Promover a uma estória e uma
troca de cantiga alternada-
conhecimentos mente. Um jovem
e experiências pode começar por
entre as cantar uma canção
gerações e em seguida o
idoso conta uma
estória.

Sexta

Sábado

Domingo

83
SOLIUÇÕES

SOLUÇÕES DA ACTIVIDADES

2. Não, de forma nenhuma. O animador deve estimular a


participação dos intervenientes no processo de criação
das actividades, pois é uma forma de chegar mais próxi-
mo dos seus interesses e envolvê-los.

3. Definição de objectivos; Descrição do procedimento,


materiais e recursos; Indicação dos intervenientes e
Avaliação.

4.
4.1. V; 4.2. F; 4.3. V; 4.4. F; 4.5. F; 4.6. V

CAPÍTULO 6
INTERVENÇÕES EM ÁREAS ESPECÍFICAS
ATRAVÉS DE PROGRAMAS INTERGERACIONAIS

1. São exemplos:
• Programas intergeracionais para abordar uma doença
específica: formas de prevenção e competências para
lidar com a doença. Por exemplo: diabetes, osteoporose,
sida entre outras;
• Programas para idosos e crianças (4/5 anos) nas insti-
tuições, em que os idosos ensinam hábitos saudáveis e
promotores de saúde (Ex.: lavar bem as mãos antes e
depois de comer; escovar os dentes depois das refeições,
comer verduras, sopa e fruta, etc.);
• Programas genéricos com grupos intergeracionais de
discussão sobre o que se pode fazer para prevenir as
doenças que vão aparecendo com a idade;

2.2. Os idosos demonstram interesse e curiosidade por


aprender e saber, sobre o mundo cativante das novas
tecnologias que tanto capta a atenção dos mais novos.
Por outro lado as gerações mais novas também se
mostram com disponibilidade para partilhar as suas
aprendizagens e experiências com os mais velhos,
tomando como exemplo a sua capacidade para aprender,
apesar da idade. Ambos aprendem e ensinam e ficam a
ganhar com a experiência.

3.
Etapa 1 - Organizar a equipa de coordenação do evento
Etapa 2 - Determinar o local e data
Etapa 3 - Divulgar o evento e recrutar participantes
Etapa 4 - Assistir os participantes durante a preparação
do evento

4.1. Um programa intergeracional que reunisse simul-


taneamente as duas componentes. As duas gerações
estariam juntas durante algum tempo e o trabalho seria
estruturado para que os jovens ensinassem e treinassem
os idosos com telefones sem fios, e de forma a que as
questões relacionadas com a saúde fossem abordadas e
reflectidas em conjunto.

84
BIBLIOGRAFIA
CONSULTADA
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

ANIMAÇÃO INTERGERACIONAL
MANUAL DO FORMANDO

b
BIBLIOGRAFIA
CONSULTADA

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

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86
APROFUNDAMENTO
TEXTOS DE

TEMÁTICO
TEXTOS DE APROFUNDAMENTO TEMÁTICO

ANIMAÇÃO INTERGERACIONAL
MANUAL DO FORMANDO

t
APROFUNDAMENTO
TEXTOS DE

TEMÁTICO

TEXTOS DE APROFUNDAMENTO TEMÁTICO

Excerto do documento que consta no site: 1.2.1. Demografia


http://www.viver.org
A proporção de população mundial com 65 ou mais
INTERGERACIONALIDADE anos regista uma tendência crescente: aumentou
de 5,3% para 6,9% entre 1960 e 2000. Estima-se
que 15,6% , da população total, será constituída
1. Os Maiores por idosos em 2050. O ritmo de crescimento da
população idosa é quatro vezes superior ao da
Em 1992 após um inquérito produzido pela população jovem.
Comissão Europeia sobre “Idade e Atitudes”, Em termos de longevidade o mundo conheceu me-
salientou-se a necessidade de alterar o significado lhorias impressionantes: vive-se cada vez mais
da expressão “terceira idade”. Sugerindo-se que anos e com melhores condições de saúde, entre
esta designação ficasse associada ao escalão outras. Na faixa etária superior aos 60 anos, os
etário dos 50 aos 74 anos. Sugeriu-se também, que homens podem esperar viver mais 17 anos e as
fosse iniciada a referência a uma “quarta idade” mulheres mais 20.
para pessoas com mais de 75 anos.
Existem, no entanto, consideráveis diferenças
Nesse mesmo inquérito, à questão “qual a expressão entre as regiões mais desenvolvidas e as menos
que melhor designa as pessoas com 60 ou mais desenvolvidas. Nas primeiras um quinto da popu-
anos?”, obtiveram-se os seguintes resultados: lação tinha 60 ou mais anos em 2000 (até 2050
essa proporção atingirá um terço) e nas regiões
Velhos: 6,6% menos desenvolvidas, apenas 8% da população
Pessoas idosas: 27,4% tem hoje mais de 60 anos (cerca de 20% até 2050).

Cidadãos seniores: 30,9% Saliente-se ainda as disparidades face ao género:


na Europa, a esperança de vida das mulheres é
Reformados: 15% hoje mais de 6 anos superior à dos homens. No
Idade de ouro: 0,2% grupo etário com 60 ou mais anos de idade, exis-
tem 50% mais mulheres do que homens. No grupo
das pessoas que vivem sozinhas com 75 ou mais
1.2. As “Pessoas idosas” anos de idade, mais de 70% são mulheres.
Em Portugal, a proporção da população idosa, que
“Há uma idade na vida em que os anos passam representava 8,0% do total da população em 1960,
demasiado depressa e os dias são uma eternidade.” passou para 16,4% em 2001. Nesse período a pro-
Virgínia Wolf porção de jovens (0-14 anos) diminuiu de cerca de
37% para 30%.
“A maioria dos homens, chegados a uma certa
idade, teme e odeiam a velhice. É por isso que Segundo uma projecção sobre a população mun-
envelhecem mal e morrem antes do tempo.” dial, realizada pelas Nações Unidas, a proporção
Giovanni Papini de jovens continuará a diminuir, até atingir os 21%
do total da população em 2050.
É amplamente consensual que os idosos de hoje Em Portugal, termos de longevidade, a esperança
são diferentes dos idosos de gerações mais anti- média de vida à nascença é de 75,9 anos (71,8
gas. Qualquer limite cronológico para definir as anos para os homens e de 78,9 anos para as mu-
pessoas idosas é sempre arbitrário e dificilmente lheres).
traduz a dimensão biológica, física e psicológica da
evolução do ser humano. A autonomia e o estado Para além da superioridade numérica e da cres-
de saúde, devem ser factores a ter em conta, por cente longevidade, os idosos vivem em melhores
afectarem os indivíduos com a mesma idade de condições e na posse plena das suas faculdades
maneira diferente. Mas, quaisquer que sejam os físicas e mentais por mais anos. No Quadro I é
factores adoptados, devem ser sempre encarados apresentado um estudo do INE, publicado em
como interdependentes, sob o risco de obter uma 2000, relativo a cinco tipos de esperanças de vida:
classificação redutora e pouco realista. sem incapacidade física de nenhum tipo, sem inca-
pacidade para a locomoção, sem incapacidade fun-
cional, sem incapacidade que restrinja a actividade,
sem incapacidade para a comunicação, e ainda as
esperanças de vida sem incapacidade para a
audição, visão e para falar.
88
APROFUNDAMENTO
TEXTOS DE

TEMÁTICO
Grupo Etário De nenhum tipo Incapacidade Incapacidade Incapacidade Incapacidade
(anos) para a locomoção funcional que restrinja a actividade para a comunicação

H | M H | M H | M H | M H | M

10-14 81,15 | 73,21 94,58 | 90,40 87,00 | 78,66 92,75 | 88,05 90,45 | 89,94

40-44 68,68 | 57,20 90,60 | 83,97 77,11 | 64,67 87,35 | 80,20 84,50 | 84,39

65-69 44,85 | 34,93 79,60 | 70,54 56,75 | 73,21 75,35 | 67,10 70,33 | 71,56

85+ 13,44 | 09,65 44,96 | 37,28 27,91 | 18,64 47,29 | 37,72 38,50 | 39,25

Quadro I
Percentagem da esperança de vida passada sem incapacidade, segundo o sexo em grupos etários seleccionados, em Portugal Continental (1995/96)
Dados do INE, de 2000

1.2.2. Poder económico Embora influenciado por factores de dispendido


involuntário (ex: custo com saúde) ou voluntário
O relacionamento intergeracional faz-se sobre um (ex: custos com lazer e recreação), o poder de com-
legado biológico, associado a fluxos de valores pra dos idosos está directamente relacionado com
sociais, afectos e valores económicos. Em relação a sua actividade laboral.
a aspectos económicos, os idosos são habitual-
Em Portugal, segundo um estudo do INE, datado
mente tidos como uma fonte de dispêndio, que ao
de 1999, as mulheres iniciam o processo de entra-
contrário dos jovens, não apresentam qualquer
da na reforma no grupo dos 45-49 anos, enquanto
esperança de retorno produtivo.
os homens o fazem cerca de 10 anos mais tarde.
O envelhecimento demográfico coloca sérios Apesar dos baixos rendimentos salariais, os índices
desafios em esferas directa ou indirectamente ligadas de pobreza associados à velhice têm vindo a
ao sistema económico obrigando a reflexões profun- diminuir, pelo que é de esperar uma aproximação a
das sobre a sustentabilidade dos modelos sociais médio prazo à realidade de ouros países europeus.
vigentes, sistema de segurança social, saúde, meios Por outro lado, é provável a diminuição do numero
de subsistência, qualidade de vida dos idosos, idade de trabalhadores agricultas e o aumento do número
da reforma, estatuto dos idosos na sociedade, as so- de quadros superiores, que usufruem de valores de
lidariedades intergeracionais e outras. reforma mais elevados, em paralelo com outras
rendas de poupança, possam contribuir para um
Por outro lado, uma sociedade constituída por pes-
cenário melhor.
soas mais velhas pode criar outras oportunidades
em diversos domínios, novas actividades económi- Em 1997, a maioria dos homens e mulheres com 65
cas e profissões, nomeadamente na área da e mais anos, considera-se insatisfeito com a sua
prestação de serviços comunitários e de redes de situação financeira. O total das três classes de
solidariedade, ambientes e arquitectónicas difer- insatisfação soma 70% no caso dos homens e 77%
entes, padrões de consumo específicos, produtos e no caso das mulheres. Quadro III.
serviços criados à imagem dos consumidores mais
velhos com necessidades específicas.
Num estudo realizado na Holanda foi associado o
poder de compra a cada ciclo de vida. Quadro II.

Quadro II Quadro III


Variação do poder de compra ao longo do ciclo de vida Grau de satisfação relativamente à situação financeira segundo o sexo

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APROFUNDAMENTO
TEXTOS DE

TEMÁTICO

TEXTOS DE APROFUNDAMENTO TEMÁTICO

O conceito de envelhecimento activo, criado pela Mais de 68% das pessoas com 65 e mais anos con-
Organização Mundial de Saúde em 1997, tem por versam com vizinhos diariamente. No que se refere
princípio básico permitir que os idosos permaneçam às reuniões com amigos ou familiares, dado que
integrados e motivados na vida laboral e social. No fisicamente o afastamento é maior, as proporções
entanto, em Portugal, a participação das pessoas descem para cerca de 36% na frequência diária e
idosas como membros de organizações culturais ou rondam os 33% na classe de uma ou duas vezes
sociais, tais como, clubes desportivos, recreativos, por semana.
associações de bairro ou partidos políticos, regista
No que respeita a actividades de lazer, a quase
valores pouco significativos, embora mais elevados
totalidade das pessoas mais velhas vê televisão
nos homens: 18,7% contra 5,2% de mulheres.
(cerca de 98% de homens e 94% de mulheres), e
Dados do INE indicam que a maioria dos idosos não
fá-lo diariamente (cerca de 89% para ambos os
exerce qualquer actividade sociocultural. Cerca de
sexos).
27% dos homens e 19% das mulheres frequentam
festas populares “algumas vezes” e 12% e 8%, Dos cerca de 2,3% dos homens e 6,4% das mu-
respectivamente, visitam museus ou exposições. lheres que não vêem televisão, uma pequena parte
é porque não gosta, invocando os restantes razões
Segundo o Inquérito à Ocupação do Tempo, realiza-
diversas. Os jornais são lidos sobretudo por home-
do pelo INE em 1999, 10,2% dos homens e 16,6%
ns (quase 50%) contra 23% de mulheres. 19,3%
das mulheres dão apoio a outras famílias. Quadro IV.
dos homens idosos e 8,7% das mulheres, praticam
actividades como passear a pé andar de bicicleta ou
praticar outras actividades leves, pelo menos 4
horas por semana.

HOMENS MULHERES

com algumas com algumas


frequência vezes só em férias nunca frequência vezes só em férias nunca

3,6 2,1 0,5 93,8 praticou desporto 3,6 2,1 0,5 93,8

jogou ás cartas,
7,4 17,0 1,5 74,1 xadrez, damas, 7,4 17,0 1,5 74,1
etc.
cantou num coro,
1,2 1,2 0,0 97,6 tocou 1,2 1,2 0,0 97,6
numa banda
frequentou
5,4 9,8 0,4 84,5 associações 5,4 9,8 0,4 84,5
recreativas
frequentou
2,0 27,1 2,5 68,4 festas populares 2,0 27,1 2,5 68,4
ou bailes
frequentou
1,3 11,9 1,4 85,3 museus ou 1,3 11,9 1,4 85,3
exposições

0,8 3,4 0,3 95,5 frequentou 0,8 3,4 0,3 95,5


bibliotecas
faz refeições fora
5,4 41,8 3,3 49,4 c/ familiares 5,4 41,8 3,3 49,4
ou amigos
visitou ou foi
30,2 54,9 1,2 13,7 visitado por 30,2 54,9 1,2 13,7
amigos/familiares

Quadro IV
Actividades sócio culturais praticadas

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APROFUNDAMENTO
TEXTOS DE

TEMÁTICO
Excerto do documento que consta no site:
http://www.projectotio.net

ACTIVIDADES INTERGERACIONAIS

Actividade: EDUCAÇÃO FÍSICA Actividade: MÚSICA

Recursos humanos responsáveis pela Recursos humanos responsáveis pela


execução da actividade: Professor de educação execução da actividade: Professor de música,
física, ajudantes de lar e crianças. ajudantes de lar e crianças

Destinatários: Pequenos grupos de idosos (a Destinatários: Idosos.


definir consoante a especificidade das tarefas a
executar) Objectivo Geral: Promover o bem-estar e a inter-
relação dos idosos e das crianças através da trans-
Objectivo Geral: Promover o bem-estar e a inter- missão de saberes populares.
relação dos idosos e das crianças.
Objectivos Específicos: Desenvolver o gosto pela
Objectivos Específicos: Predispor fisiológica e música; desenvolver a capacidade de expressão e
psicologicamente crianças e idosos para a activi- comunicação; Desenvolver a motricidade; poten-
dade; aumentar a mobilidade muscular dos idosos; ciar o relacionamento das crianças com os idosos;
promover o relacionamento criança/idoso e desenvolver o gosto pelos valores característicos
idoso/criança; promover a recuperação activa; da identidade e cultura portuguesa.
aumentar a extensibilidade muscular; desenvolver a Resumo: são cantados, instrumentados e dança-
capacidade atencional e a memória; proporcionar dos temas de diferentes épocas, onde idosos e
momentos de prazer e alegria. crianças ensinam e aprendem alternadamente.

Resumo: As crianças desempenham o papel de aju- Citações:


dantes do professor auxiliando os idosos na realiza- “... gosto da música e dos movimentos que as
ção dos exercícios que para eles são mais comple- crianças me ajudam a fazer ...”
xos. Desenvolvem-se actividades que sejam simul- Amélia (88 anos)
taneamente motivadoras para ambas as gerações e
que permitam um maior contacto entre elas.

Citações:
“ ... o que eu gostei mais foi de ensinar aos idosos,
de falar com eles e fazer os exercícios … porque as
pessoas ficam a saber aquilo que eu também sei,
eles ensinam-me coisas e ficamos com músculos
...”
Sara (6 anos)

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APROFUNDAMENTO
TEXTOS DE

TEMÁTICO

TEXTOS DE APROFUNDAMENTO TEMÁTICO

Actividade: ATELIER DE EXPRESSÃO PLÁSTIC A Actividade: OS E-MAILS

Recursos humanos responsáveis pela Recursos humanos responsáveis pela


execução da actividade: Animadora sócio-cultural execução da actividade: Animadora sócio-cultural,
e ajudantes de lar. ajudantes de lar e crianças.

Destinatários: Pequenos grupos de idosos e Destinatários: Idosos e crianças.


crianças.
Objectivo Geral: Promover o bem-estar dos
Objectivo Geral: Promover o bem-estar dos idosos idosos, dos familiares e das crianças e Conciliação
e das crianças. Trabalho-Família.

Objectivos Específicos: Promover a coesão do Objectivos Específicos: Promoção de momentos


grupo; estimular a criatividade através da facilitadores da intergeracionalidade; permitir às
expressão plástica e escrita; promoção de momen- crianças partilharem os seus saberes com o idoso;
tos lúdicos facilitadores da intergeraciona-lidade; permitir uma maior conciliação trabalho-família aos
ensinar técnicas de expressão plástica. familiares dos idosos pois sem se deslocarem dos
seus trabalhos têm notícias actualizadas sobre o
Resumo: Utilizam-se os mais variados materiais e seu familiar; promover o bem-estar do idoso que
técnicas para estimular a criatividade de todos os contacta diariamente com os seus entes queridos;
participantes nas actividades de pintura, barro, promoção de inter-ajuda e hetero-respeito.
desenho, etc. As temáticas (livres ou orientadas)
são transpostas para as diversas formas de arte, Resumo: As crianças do ATL ajudam os idosos nas
através do acordo entre os vários autores dos tra- lides do computador, enviando diariamente E-mails
balhos. aos seus familiares informando-os do seu estado ou
simplesmente para dizer “Bom-dia”. Quando, por
Citações: impossibilidade física/psicológica do idoso tal não é
" ... gosto de ajudar os idosos a fazer os desenhos, possível, as crianças procuram a informação nas
porque se sentem felizes ..." ajudantes de lar e seguidamente enviam os comen-
Ana Emília (8 anos) tários daquelas aos filhos dos nossos seniores.

"... o que eu mais gostei foi dos meninos e das coi- Citações:
sinhas que fizemos porque passamos mais o tempo, “ ... é um alívio para mim saber que a minha mãe
não estamos aqui tristes, vamo-nos distraindo..." está bem, que passou bem a noite e que está tran-
Glória Oliveira (87 anos) quila ...”
Fernanda (filha de uma utente)

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ANIMAÇÃO INTERGERACIONAL
MANUAL DO FORMANDO

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INFORMAÇÃO ÚTIL
OUTRA INFORMAÇÃO ÚTIL

ANIMAÇÃO INTERGERACIONAL
MANUAL DO FORMANDO

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ÍNDICE DE QUADROS
E FIGURAS

ÍNDICE DE QUADROS E FIGURAS

Quadro 2.1- Tarefas para o desenvolvimento pessoal PÁG. 17

Quadro 2.2 - Representações em relação aos idosos PÁG. 20

Quadro 2.3 - Papéis dos avós PÁG. 21

Quadro 3.1 - Directivas para o desenvolvimento da animação intergeracional PÁG. 27

Quadro 3.2 - Papel do coordenador de programas intergeracionais PÁG. 27

Quadro 3.3 - Exemplos de tipos de programas que podem ser realizados nos diferentes contextos PÁG. 30

Quadro 3.4 - Comportamentos esperados para um envelhecimento bem sucedido PÁG. 31

Quadro 4.1 - Crianças ou jovens com pouco contacto com gerações mais velhas (avós), que beneficiarão PÁG. 37
culturalmente e emocionalmente com a aproximação

Quadro 4.2 - Idosos isolados ou institucionalizados com necessidade de afecto e integração social PÁG. 37

Quadro 4.3 - Necessidade ao nível da comunidade para conservar a sua cultura, hábitos e costumes PÁG. 37

Quadro 4.4 - Exemplo de objectivos gerais de um programa intergeracional PÁG. 38

Quadro 4.5 - Exemplo de perfil de voluntários jovens para integrar um programa de acompanhamento de
idosos isolados PÁG. 41

Quadro 4.6 - Exemplo de programa de formação para projecto intergeracional com crianças e idosos PÁG. 43

Quadro 4.7 - Programa de formação para projecto intergeracional com o apoio de jovens a idosos PÁG. 43

Quadro 4.8 - Questionário para animadores intergeracionais PÁG. 44

Quadro 4.9 - Exemplo de Regulamento PÁG. 46

Quadro 4.10 - Exemplo de Questionário de avaliação PÁG. 48

Quadro 5.1 -Algumas questões que orientam na escolha de actividades PÁG. 53

Quadro 5.2 - Planificação semanal PÁG. 53

Quadro 5.3 - Exemplo de objectivo geral e específico PÁG. 54

Quadro 5.4 - Actividades facilitadoras da aproximação intergeracional PÁG. 54

Quadro 5.5 - Tópicos de discussão para preparação das actividades intergeracionais PÁG. 56

Quadro 6.1 - Programa de formação intergeracional PÁG. 71

Quadro 6.2 - Programa de formação intergeracional “Formar experts em informática” PÁG. 74

Figura 1 - Cronograma de actividades intergeracionais PÁG. 40

Figura 2 - Exemplo de uma ficha de recursos materiais PÁG. 45

Ficha de actividade 1 - Construção de móbiles PÁG. 57

Ficha de actividade 2 - Álbum de fotografias PÁG. 57

Ficha de actividade 3 - Círculos de vida PÁG. 58

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ÍNDICE DE QUADROS
E FIGURAS
Ficha de actividade 4 - Dançar ao espelho PÁG. 58

Ficha de actividade 5 - Quem disse o quê? PÁG. 59

Ficha de actividade 6 - O preço certo: o antigo e o actual PÁG. 60

Ficha de actividade 7 - Brincar com as palavras PÁG. 60

Ficha de actividade 8 - Sementeira de valores PÁG. 61

Ficha de actividade 9 - Kits de realizador PÁG. 62

Ficha de actividade 10 - Maratona fotográfica PÁG. 63

Ficha de actividade 11 - Fazer um inventário de acessibilidades PÁG. 63

Ficha de actividade 12 - Fazer compras na Internet PÁG. 64

Ficha de actividade 13 - Não deixar morrer as lendas PÁG. 64

Ficha de actividade 14 - Organizar um museu da história familiar PÁG. 65

Ficha de actividade 15 - Construir a árvore da família PÁG. 65

Ficha de actividade 16 - Fazer bolinhos PÁG. 66

Ficha de actividade 17 - Pintura em murais PÁG. 76

Ficha de actividade 18 - Jogos tradicionais PÁG. 76

Ficha de actividade 19 - Mudar o mapa da nossa terra PÁG. 77

109
ACONSELHADA
BIBLIOGRAFIA

BIBLIOGRAFIA ACONSELHADA

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Pennsylvania: PennSate University

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San Francisco: MIG Communications.

110
OUTROS AUXILIARES

COMPLEMENTARES
DIDÁCTICOS
OUTROS AUXILIARES
DIDÁCTICOS COMPLEMENTARES

Videograma
Animação intergeracional

Manual do formador
Animação intergeracional

111
CONTACTOS ÚTEIS

CONTACTOS ÚTEIS

Santa Casa da Misericórdia de Mértola INSTITUIÇÕES QUE DESENVOLVEM


Achada de São Sebastião ACTIVIDADES INTERGERACIONAIS EM PORTUGAL
7750-295 Mértola
Tel.: 286 612 121
Fax: 286 612 184 NORTE
E-mail: scmertola@clix
Associação VIDA
IFH Sede: Av. das Cruzes, 718
Instituto de Formação para o Desenvolvimento 4535-011 Lourosa
Humano Telef.: 227410133
Av. dos Combatentes da Grande Guerra, 1C Fax: 227410134
2890 - 015 Alcochete E-mail: vida@viver.org
E-mail: geral@ifh.pt www.viver.org/vida

Associação Indiveri Colucci Fundação Stela e Oswaldo Bomfim


Rua Lino Assunção, 6 - Paço de Arcos Rua da Boavista, 152-154
2770-109 Paço de Arcos 4700-416 Braga
Tel.: 214 468 622 Telef.:253271267
Fax: 214 410 188 Fax: 253216236
E-mail: geral@colucci.pt E-mail: info@bomfim.org
www.bomfim.org
Casa de Repouso de Paço d’Arcos
Rua José Moreira Rato, 2 - 2A Junta de Freguesia de Massarelos
2770-106 Paço de Arcos Rua do Campo Alegre, 244
Tel.: 214 427 520 / 214 427 570 / 214 437 421 Telef.:22 6061022
Fax: 214 417 003 Fax: 22 6061029
E-mail: casa.repouso@colucci.pt E-mail:servicosocial@fmassarelos.pt
www.colucci.pt www.jf-massarelos.pt

Clinia - Clínica Médica da Linha Centro Social Paroquial do Santíssimo Sacramento


Rua Lino Assunção, 6, Paço de Arcos Rua Monsenhor Fonseca Soares, 127
2780-637 Paço de Arcos 4150-335 Porto
Tel.: 214 468 600 Telef.: 226002981
Fax: 214 410 188 Fax: 226009439
E-mail: geral@clinia.pt E-mail: santíssimo@iol.pt
www.clinia.pa-net.pt
Santa Casa da Misericórdia de Oliveira de Azeméis
Rua da Abelheira
Telef.: 250600840
Fax: 256600849
E-mail: scmoaz@mail.telepac.pt
www.oazemeis.misericordias.org

CENTRO

Arte-Via Cooperativa Artística e Editorial, C.R.L


Meiral - Casa Amarela
3200-095 Lousã
Telef.: 239 994 872
E-mail: anafamaral@iol.pt

Escola Superior de Educação (ESEL)


- Instituto Politécnico de Leiria (IPL)
Rua Dr. João Soares
2400-448 Leiria
Telef.: 244828400
Fax: 244829499
E-mail: ivarr@esel.ipleiria.pt; rcosta@esel.ipleiria.pt
www.esel.ipleiria.pt

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CONTACTOS ÚTEIS
Clube Académico das Gândaras, Centro Comunitário da Paróquia de Carcavelos
Recreativo, Cultural e Social Av. do Loureiro, 394
Fontaínhas- Gândaras 2775-599 Carcavelos
3200 - 086 Lousã Telef.: 214578952
Telef.: 239 991 417 Fax: 214576768
Fax: 239 991 417 E-mail: ccpc@netcabo.pt
E-mail: ca.gandaras.rcs@sapo.pt www.centrocomunitario
Actividades para toda a família, ocasionamente.
Decorrem nas Instalações do Clube. Centro Social Paroquial São Pedro
e São João do Estoril
Beira Serra - Associação de Desenvolvimento Local Praceta Padre João Cabeçadas - São João do Estoril
Urb. Quinta da Alâmpada, lote 24, loja esq. 2765-486 Estoril
Telef.: 275 322 079 Telef.: 214661819/ 214685193
Fax: 275 314 156 Fax: 214685165
E-mail: beira.serra@mail.telepac.pt E-mail: cspspsje@vizzavi.pt
www.beiraserra.pt
USALMA - Universidade Sénior de Almada
Santa Casa da Misericórdia da Lousã Rua Conde Ferreira
Av. Coelho Gama, 8 E-mail: apcalmada@sapo.pt
3200-200 Lousã
Telef.: 239991294
Fax: 2239994198
E-mail: geral@scmlousa.pt MADEIRA

Centro Social da Ponta do Pargo


Sítio do Amparo
SUL 9385 Ponta do Pargo
Telef.: 291882420
Centro Científico e Cultural de Macau
Ruada Junqueira, 3 Câmara Municipal da Lousã
1300-343 Lisboa - Centro Social das Fontaínhas
Telef.: 213617570 - Centro Social das Levegadas
Fax:213617598 Rua Dr. João Santos
E-mail: geral@cccm.pt 3200-953 Lousã
www.cccm.pt Telef.: 239990375
Fax: 239990381
Associação Jovem Valor - AJOV E-mail: geral@cm-lousa.pt
Rua de Marte, 3 - 2º Frente www.cm-lousa.pt
2635-577 Rio de Mouro
Rua Raul Rêgo, lote 22.3.12, loja B ADIC- Associação de Defesa ao Idoso e Crianças da
1750 Lisboa (Sede - em obras) Freguesia de Vilarinho
Telef.: 916157998 Rua Senhora das Preces, 4
Fax: 219172137 3200 Lousã
E-mail: geral@ajov.org.pt Telef.: 239 9955690
www.ajov.org.pt Fax: 2239995332
E-mail: adic.vilarinho@mail.pt.
Associação INIJOVEM - Associação para Iniciativas
para a Juventude de Nisa ADM ESTRELA
Rua Marechal Gomes da Costa, 12, Apartado 66 Associação de Desenvolvimento e Melhoramentos
6050-999 NISA Rua Dr. Afonso Costa - Edifício Lusitano - Loja B
Telef.: 245 413 671 6300-551 Guarda
Fax: 245 413 671 Telef.: 271221579
E-mail: inijovem@sapo.pt Fax: 271215749
www.inijovem.no.sapo.pt E-mail: adm.estrela@domdigital.pt
www.admestrela.pt
Centro Comunitário Paroquial de Famões
Rua Zeca Afonso, 6 A Centro Paroquial Nossa Senhora das Virtudes de Ventosa
1685-924 Famões Rua do Centro Social, Penedos de Alenquer
Telef.: 219333330 2580 Ventosa ALQ
Fax: 219332980 Telef.: 2633770089
E-mail: direccao@ccparoquial-famoes.com E-mail: centro.ventosa@clix.pt
www.ccparoquial-famões.com

113
AGRADECIMENTOS

AGRADECIMENTOS

Nenhum projecto é possível sem a colaboração e


a parceria dos diferentes actores sociais.

Não seria justo, portanto, não deixar, um agrade-


cimento profundo às entidades com quem esta-
belecemos parcerias estratégicas que permitiram
o desenvolvimento dos manuais técnicos e
videogramas deste projecto.

O nosso obrigado ainda aos utentes e aos profis-


sionais dessas instituições, dos mais aos menos
novos, que participaram de forma generosa nas
diversas filmagens, e que reconhecendo a
importância do nosso trabalho nos deram o alento
e a motivação necessária na prossecução dos
objectivos ambiciosos a que nos tínhamos proposto.

Destaque especial para a parceria com a


Associação Indiveri Colucci - Casa de Repouso de
Paço d'Arcos / Clínica Médica da Linha, pelo apoio
no desenvolvimento, permitindo, no local, traba-
lhar e filmar situações-chave comuns às insti-
tuições de apoio ao idoso, de uma forma positiva em
ambiente de grande qualidade, com a colaboração
activa de toda a sua prestigiada equipa técnica.

O nosso reconhecimento muito particular ainda a


todos os colaboradores e funcionários da Santa
Casa da Misericórdia de Mértola e particularmente
aos seus utentes do século XXI.

A todos, o nosso Bem Hajam.

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ENTIDADE PROMOTORA

ENTIDADE PARCEIRA

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