Você está na página 1de 32

ETAPAS ENTRE A ADMINISTRAÇÃO DO PRINCÍPIO ATIVO E EFEITO FARMACOTERAPÊUTICO

FASE BIOFARMACÊUTICA

Libertação - Desintegração de uma forma farmacêutica, seguida da sua desagregação em


partículas de pequena dimensão.

Dissolução - Dispersão, no estado molecular e em meio aquoso, do princípio activo no local de


absorção.

FASE FARMACODINÂMICA

Alterações que o fármaco provoca no organismo.

Efeito farmacoterapêutico.

Etapas de interação e resposta farmacodinâmica entre o princípio activo e o organismo.

FASE FARMACOCINÉTICA

Alterações que o organismo provoca no fármaco.

Etapas de interacção e resposta farmacodinâmica entre o princípio activo e o organismo.

Absorção, distribuição, metabolismo e excreção (ADME).

ABSORÇÃO

Processo através do qual o princípio activo dissolvido atravessa as membranas biológicas e


penetra na circulação sanguínea, de forma a ser distribuído.

Depende de:

- Via de administração;

- Forma farmacêutica;

- Características físico-químicas do fármaco.


DISTRIBUIÇÃO

Forma como os medicamentos são transportados pelos fluídos em circulação no nosso corpo
para os locais de acção, de metabolismo e de excreção.

Órgãos com maior suprimento sanguíneo recebem o princípio activo mais rapidamente.

Inclui:

- Transporte dos fármacos através dos sistemas sanguíneo e linfático para todo o organismo.

- Transporte para dentro e para fora dos fluídos que banham os locais de acção do fármaco.

METABOLISMO (BIOTRANSFORMAÇÃO)

Conjunto de reacções sofridas pelo princípio activo com vista à sua transformação em
produtos mais simples, muitas vezes desprovidos de actividade farmacológica.

Existem fármacos que são inicialmente farmacologicamente inactivos e que se tornam activos
após metabolização – profármacos.

Sistemas enzimáticos do fígado são os principais locais de metabolização, trato gastrointestinal


e os pulmões, em menor extensão.

Factores que afectam a biotransformação:

- Variações genéticas dos sistemas enzimáticos;

- Uso concomitante de outras substâncias;

- Exposição a poluentes ambientais;

- Idade.

EXCREÇÃO

Eliminação, pelo organismo, dos metabolitos dos fármacos e, por vezes, da droga activa.

Fármacos excretados principalmente pelos rins, na urina, e pelo trato GI, pelas fezes.

Paciente com insuficiência renal frequentemente tem aumentada a intensidade e a duração da


acção de medicamentos. Dose e/ou a frequência de administração deve ser ajustada.
ACÇÃO DOS FÁRMACOS

Na sua grande maioria, os fármacos exercem as suas acções porque interactuam com
receptores celulares (proteína, enzima e ou outras) existentes no organismo.

Resposta farmacológica é proporcional ao nº de receptores ocupados (finitos), sendo


susceptível de saturabilidade.

Se todos os receptores se encontram ocupados, um aumento da dose não produz aumento na


resposta farmacodinâmica.

Nenhum fármaco gera respostas novas, apenas modifica funções já existentes.

Alguns fármacos exercem as suas acções sem a intervenção directa de receptores.

ACÇÕES MEDIADAS POR RECEPTORES

Receptores são moléculas especializadas com características químicas e estruturais


comparáveis às substâncias que ocorrem naturalmente no organismo.

Afinidade - capacidade de um fármaco se fixar sobre os receptores.

Eficácia - capacidade de um fármaco produzir um efeito após a fixação sobre os receptores.

Agonistas - fármacos que se ligam a um receptor e desencadeiam uma resposta.

Agonista total - se a resposta produzida for máxima (eficácia de 100%).

Agonista parcial – se resposta produzida for inferior a 100%.

Antagonistas - fármacos que se ligam a um receptor, mas não estimulam uma resposta.

Antagonismo competitivo - substância fixa-se nos receptores, impedindo a actividade do


agonista.

Antagonismo não competitivo - resulta de agonismos de sentido contrário.

ACÇÕES NÃO MEDIADAS POR RECEPTORES

Acções de natureza física - afinidade para lípidos, como nos anestésicos gerais, ou com
influência na pressão osmótica, como alguns diuréticos.

Acções de natureza química inespecífica - antiácidos usados para neutralizar a acidez gástrica.

Quelação - formação de complexos estáveis (quelatos) entre o fármaco e um ião ou molécula.

Incorporação em macromoléculas - O fármaco substitui-se por um metabolito normal na


síntese de um constituinte celular.
ACÇÃO DOS MEDICAMENTOS

Efeitos terapêuticos - efeitos aproveitados em terapêutica.

Efeitos colaterais - efeitos que não concorrem para a melhoria da situação patológica.

A definição da OMS de uma reacção adversa a um medicamento (RAM) é qualquer efeito


nocivo, não intencionado e indesejado de um medicamento, que ocorre em doses utilizadas
em humanos para profilaxia, diagnóstico ou tratamento.

As RAM mais observadas são exantemas, náuseas, prurido, trombocitopenia, vómitos,


hiperglicemia e diarreia.

As classes terapêuticas responsáveis pela maior parte das RAM são antibióticos,
medicamentos que actuam na função cardiovascular, quimioterápicos e analgésicos/anti-
inflamatórios.

Dois outros tipos de respostas aos medicamentos são muito mais imprevisíveis. São as
reacções idiossincráticas e as reacções alérgicas.

Reacção idiossincrática - resposta não usual ou anormal face ao uso de determinado


medicamento.

Reacções alérgicas - reações de hipersensibilidade em pacientes que foram previamente


expostos a um medicamento e o seu sistema imunitário desenvolveu anticorpos para o
fármaco.

Carcinogenicidade - capacidade que um determinado fármaco tem para induzir mutações


genéticas em células vivas, tornando-as neoplásicas.

Teratogénico - medicamento que induz malformações no feto em desenvolvimento.

FACTORES INDIVIDUAIS QUE INFLUENCIAM A ACÇÃO DOS MEDICAMENTOS

Idade - latentes e idosos tendem a ser mais sensíveis.

Peso corporal – Maior peso, aumento da dose. Menor peso doses mais baixas.

Taxa de metabolismo - taxa de metabolismo maior, doses aumentadas e/ou de


administrações mais frequentes. O tabagismo eleva o metabolismo de alguns medicamentos.

Alimentação – pode haver interacção entre alimentos e medicamentos, em qualquer etapa.

Patologias - condições patológicas podem alterar qualquer um dos parâmetros ADME.

Aspectos psicológicos - Atitudes, expectativas e o desejo do paciente em usar o medicamento


conforme prescrito desempenham um papel fundamental na resposta à terapia.

Tolerância - pode ser causada pela dependência psicológica ou por uma aceleração do
metabolismo da substância. Indivíduo necessita de doses cada vez mais elevadas.

Dependência - ocorre quando um indivíduo é incapaz de controlar a administração da


substância (frequentemente benzodiazepinas e opiáceos).
INTERACÇÕES MEDICAMENTOSAS

Quando a acção de um medicamento é alterada pela acção de outro.

Alteram a farmacocinética ou a farmacodinâmica.

Podem ocorrer de duas formas:

- Administrados conjuntamente aumentam a acção de um ou de ambos;

- Administrados conjuntamente reduzem a eficácia de um ou de ambos.

INTERACÇÕES MEDICAMENTOSAS QUE ALTERAM A ABSORÇÃO

A maioria ocorre no trato GI.

Ex.: os antiácidos inibem a dissolução de comprimidos de cetoconazol, devido ao aumento do


pH gástrico.

Ex.: antiácidos contendo alumínio inibem a absorção de tetraciclinas, pois os sais de alumínio
formam um complexo químico insolúvel com o antibiótico.

INTERACÇÕES MEDICAMENTOSAS QUE CAUSAM ALTERAÇÃO NA DISTRIBUIÇÃO

Afectam a ligação dos medicamentos às proteínas plasmáticas.

Um medicamento que se ligue em grande extensão às proteínas plasmáticas pode ser


deslocado por outro que tenha mais afinidade para os mesmos locais de ligação.

Pode causar um grande impacto do ponto de vista fisiológico, uma vez que apenas a fracção de
medicamento não ligado é activo farmacologicamente.

INTERACÇÕES MEDICAMENTOSAS QUE RESULTAM NA ALTERAÇÃO DO METABOLISMO

Ocorrem, com frequência, pela inibição ou indução de enzimas que metabolizam os


medicamentos.

Inibidores enzimáticos, tais como cetoconazol e eritromicina, tornam mais lento o


metabolismo de outros medicamentos, elevando os níveis séricos destes últimos.

Quando estes inibidores são administrados concomitantemente com outros medicamentos, a


dosagem destes deve ser reduzida para evitar toxicidade.

Indutores enzimáticos, tais com a carbamazepina e rifampicina, tornam mais rápido o


metabolismo de outros medicamentos, diminuindo os níveis séricos destes últimos.

Quando estes indutores são administrados concomitantemente com outros medicamentos, a


dosagem destes deve ser aumentada para garantir o efeito terapêutico.
MEDICAMENTOS QUE INTERAGEM ALTERANDO A EXCREÇÃO

Actuam normalmente nos túbulos renais, alterando o pH da urina e aumentando ou inibindo a


excreção.

EX.: a urina alcalina produzida pela administração da acetazolamida faz com que a quinidina
seja reabsorvida nos túbulos renais, aumentando potencialmente os efeitos fisiológicos e
tóxicos da quinidina.

PRINCÍPIOS DA FARMACOCINÉTICA

Um fármaco, para exercer a sua acção, deve ser capaz de atravessar as barreiras fisiológicas
que existem no corpo para limitar o acesso de substâncias estranhas:

-A absorção dos fármacos pode ocorrer através de vários mecanismos desenvolvidos para
explorar ou romper essas barreiras;

-Uma vez absorvido, o fármaco utiliza sistemas de distribuição dentro do organismo, como os
vasos sanguíneos e os vasos linfáticos, para alcançar o seu órgão-alvo numa concentração
apropriada.

A capacidade do fármaco de ter acesso ao seu alvo também é limitada por diversos processos
que ocorrem no paciente. Esses processos são divididos em duas categorias:

-O metabolismo, em que o organismo inativa o fármaco através de degradação enzimática


(primariamente no fígado);

-E a excreção, em que o fármaco é eliminado do corpo (principalmente pelos rins).

BIODISPONIBILIDADE

Quantidade do fármaco disponível para determinado órgão-alvo (fracção absorvida).

A via de administração do fármaco, a sua formula química e certos factores específicos do


paciente determinam a biodisponibilidade de um fármaco. Biodisponibilidade representa:

- A quantidade relativa de princípio ativo, absorvido a partir de uma forma farmacêutica, que
atinge a concentração sanguínea;

- A velocidade a que se produz esse fenómeno.


ABSORÇÃO

Principais factores que influenciam a absorção:

- Propriedades físico-químicas do princípio activo;

- Estado fisiopatológico do indivíduo;

- Factores relacionados com a alimentação.

DISTRIBUIÇÃO

É o medicamento livre que está disponível para atingir o ou os locais de ação;

A interacção mais importante no sangue é a que se estabelece entre os medicamentos e as


proteínas plasmáticas.

No sangue, a albumina é a proteína mais importante para o transporte dos medicamentos.

ELIMINAÇÃO

Consiste, por um lado, na biotransformação (metabolização) do princípio activo em um ou


vários metabolitos e na excreção do medicamento inalterado, por uma das vias de excreção.

Parâmetros de Eliminação:

- Clearance: volume de líquido (sangue ou plasma) completamente depurado de princípio


activo na unidade de tempo.

- Tempo de meia vida de eliminação: tempo necessário para eliminar metade da quantidade
de princípio activo no organismo.

ELIMINAÇÃO-METABOLISMO

Biotransformação - modificação metabólica sofrida pelo princípio activo e pode ser


considerada como uma via de eliminação do mesmo.

Processo que consiste numa modificação química da estrutura do princípio activo.

O metabolito é mais rapidamente excretado do que o composto original.

A toxicidade do metabolito é, em geral, menos elevada que a do princípio activo original.

A biotransformação pode influenciar de 3 formas a atividade farmacológica do princípio ativo:

Inactivação - o metabolito formado não possui actividade, sendo o princípio activo original o
responsável pela actividade farmacológica (caso mais frequente);

Activação - a actividade farmacológica do medicamento só é obtida após a sua metabolização;

Potenciação - princípios activos possuem actividade farmacológica intrínseca e são


metabolizados em metabolitos com as mesmas propriedades farmacológicas.
Reacções de Biotransformação:

- Oxidação;

- Redução;

- Hidrólise;

- Conjugação (ou Síntese).

Os principais órgãos onde se encontram as enzimas de biotransformação são o fígado (o mais


importante), o trato gastrointestinal, os rins e os pulmões.

FACTORES QUE INFLUENCIAM A BIOTRANSFORMAÇÃO

Factores físico-químicos;

Factores individuais;

Factores farmacodinâmicos;

Factores fisiológicos;

Factores bioquímicos.

ELIMINAÇÃO-EXCREÇÃO

Os principais fluidos biológicos nos quais os princípios activos podem ser eliminados são:
urina, fezes, bílis, suor, leite materno e saliva.

No caso de substâncias voláteis, a excreção pode fazer-se pelos pulmões.

O rim é o principal órgão de excreção do princípio activo inalterado e dos seus metabolitos.
VIAS DE ADMINISTRAÇÃO DE MEDICAMENTOS – VIA ENTÉRICA

Administração directa no aparelho gastrointestinal, por via oral, sublingual, rectal, sonda
nasogástrica.

VIA ORAL

Formas farmacêuticas sólidas (cápsulas, comprimidos, grânulos, pós, pastilhas, pílulas) ou


líquidas (emulsões, xaropes, soluções, suspensões, infusões, etc.).

Vantagens:

- Mais segura, conveniente e económica;

- Permite a autoadministração;

- Absorção satisfatória;

- Eliminação de grande parte do medicamento num período razoável de tempo (por erro de
medicação ou ingestão voluntária excessiva).

Desvantagens:

- Quantidade e velocidade de absorção menores;

- Alguns medicamentos são destruídos pelos fluídos digestivos;

- Possibilidade de alterações nos dentes e irritação das mucosas da boca e estômago;

- Impossibilidade de utilização em caso de vómitos, em inconscientes ou incapazes de deglutir;

- Passagem hepática dos medicamentos pode inactivar os princípios activos.

Formas farmacêuticas:

- Cápsulas: pequenos recipientes cilíndricos de gelatina que contêm fármacos no estado


líquido, em pó ou granulado.

- Pastilhas: pequenos discos que contêm um princípio activo contido numa base aromatizada,
para dissolver lentamente na boca.

- Pílulas: formas farmacêuticas sólidas, sensivelmente esféricas, com um peso de cerca de 200
mg, e destinam-se a ser deglutidas sem mastigar.

- Comprimidos: constituídos pelo princípio activo em pó, que foi comprimido sob a forma de
pequenos discos, com tamanho variável. Contêm, também, aglutinantes, desintegradores,
lubrificantes, diluentes. Podem ser constituídos por camadas. Podem ser revestidos. Se
revestimento à base de açúcar, chamam-se drageias.

- Comprimidos de libertação modificada: têm uma ou mais camadas de revestimento


destinadas a modificar a velocidade ou a extensão de libertação do princípio activo. Permitem
uma redução da frequência das doses. Podem ser de liberação retardada ou prolongada.

- Comprimidos gastrorresistentes: são formas de libertação retardada. Possuem um


revestimento especial que resiste à dissolução ao pH ácido do estômago, dissolvendo-se no pH
alcalino intestinal.
- Elixires: formas farmacêuticas líquidas constituídas por fármacos dissolvidos em álcool e
água, adicionados com agentes aromatizantes e edulcorantes.

- Emulsões: dispersões de pequenas gotas de água em óleo, ou pequenas gotas de óleo em


água. O princípio activo encontra-se solubilizado na fracção aquosa ou na fracção oleosa.

- Suspensões: formas farmacêuticas líquidas em que o princípio activo se encontra disperso,


em pequenas partículas, no seio de um líquido, normalmente aquoso.

- Xaropes: o princípio activo encontra-se dissolvido numa solução concentrada de açúcar,


habitualmente sacarose.

VIA SUBLINGUAL

O medicamento é colocado debaixo da língua para ser absorvido directamente pelos vasos
sanguíneos ali situados.

Podem ser administradas por esta via comprimidos, grânulos ou soluções.

Vantagens:

- Princípio activo passa directamente para a circulação sistémica, o que provoca um início de
acção mais rápido;

- Evita a primeira passagem hepática.

Desvantagens:

- Absorção errática e incompleta para a maioria dos princípios activos;

- Muitos medicamentos têm sabor desagradável ou são irritantes.

VIA RECTAL

O princípio activo é introduzido no recto.

Podem ser administradas por esta via formas farmacêuticas tais como cápsulas, enemas,
pomadas, espumas, soluções, supositório.

Vantagens:

- Ultrapassa as enzimas digestivas e evita a irritação da boca, esófago e estômago;

- Boa alternativa quando estão presentes náuseas e vómitos.

Desvantagens:

- A superfície de absorção não é tão extensa como a do intestino delgado;

- A intensidade de irrigação, embora grande, é menor do que a do intestino;

- O contacto do medicamento com a superfície absorvente é muito prejudicado pela presença


das fezes.
Formas farmacêuticas específicas:

- Supositórios;

- Enemas (ou clisteres).

VIA SONDA NASOGÁSTRICA

Alternativa para os doentes que não conseguem deglutir, que foram submetidos a uma
cirurgia oral, que se encontram em coma ou apresentem patologia do esófago.

O objectivo principal desta via é efectuar um bypass entre a boca e a faringe.

VIAS DE ADMINISTRAÇÃO DE MEDICAMENTOS – VIA PARENTÉRICA

Habitualmente, administração de injectáveis pelas vias intradérmica, subcutânea,


intramuscular ou endovenosa.

Via parentérica, relativamente à via oral:

- Início da acção mais rápido, mas a duração é mais curta;

- Dose necessária é menor (não passa no estômago nem no fígado);

- O seu custo é habitualmente maior.

Administração via entérica quando:

- É importante que a absorção seja o mais completa e rápida possível;

- Existe a necessidade de controlo rigoroso dos níveis séricos do princípio activo;

- O paciente está incapacitado de tomar a medicação por via oral.

VIA INTRAMUSCULAR

Princípio activo administrado na massa muscular, através de injecção.

Utilizada sempre que não se pode ou não é conveniente utilizar a via oral.

Absorção mais rápida do que a via subcutânea.

A selecção do local de injeção é importante.

Podem ser administradas soluções, suspensões ou emulsões.

Desvantagens:

- Por vezes provoca irritação local;

- Provoca dor no local;

- Impossibilidade de administração de grandes volumes de líquidos (O,5 a 2 ml);

- Algum risco de infecção local.


VIA SUBCUTÂNEA

Administração do princípio activo no tecido conjuntivo subcutâneo.

Administração de algumas vacinas, anticoagulantes e hipoglicemiantes.

Podem ser administradas soluções, suspensões ou emulsões ou sólidos (implantes).

Diferencia-se da Via Intramuscular por:

- Absorção mais lenta e duração da acção mais prolongada;

- Pior tolerância a medicamentos irritantes;

- Permite a administração de formas farmacêuticas sólidas.

VIA ENDOVENOSA

Administração directamente na corrente sanguínea.

Também administrados intermitentemente ou por perfusão contínua através de cateter.

Riscos:

- Só se podem administrar soluções aquosas;

- É necessário pessoal competente para praticar a injecção;

- Risco de contaminação;

- Risco de embolia;

- Efeitos cardiovasculares e respiratórios adversos, devido a injecção demasiado rápida.

Vantagens:

- Início de acção mais rápido;

- Utilização de medicamentos que se absorvem mal ou que causam irritação por outras vias;

- Administração de grandes volumes de líquidos;

- Controlar a administração de medicamentos com pequena margem de segurança.


ADMINISTRAÇÃO TÓPICA

Administração de medicamentos numa zona mais ou menos localizada da pele ou mucosas.

Absorção pode ser influenciada por: concentração do princípio activo, duração do contacto
com a pele ou mucosas, área de aplicação, espessura da pele, hidratação dos tecidos e
respetivo grau de integridade.

Incluem:

- Aplicação tópica de pomadas, cremes, pós ou loções;

- Instilação de soluções nas mucosas da boca, olhos, ouvido, nariz ou vagina;

- Inalação de aerossóis/gases, para acção local ou absorção através dos alvéolos pulmonares;

- Fármacos que se destinam a ser absorvidos através da pele, para exercer uma ação sistémica.

APLICAÇÃO TÓPICA NA PELE

Pomadas e unguentos: emulsões semissólidas de princípios activos numa base gorda.

Cremes: emulsões semissólidas com princípios activos, base pouco gordurosa.

Loção: preparação aquosa que contém matéria em suspensão, ou uma emulsão de pequenas
gotas de uma substância gordurosa dispersas em água.

Soluções: aplicam-se directamente na pele ou mucosas ou sob a forma de pensos húmidos.

Pós: partículas de um princípio activo de granulometria fina, contidas numa base de talco.

Transdérmicos: libertação controlada de fármacos através de uma membrana semipermeável.

ADMINISTRAÇÃO DE COLÍRIOS E POMADAS

Colírios são estéreis, facilmente administrados e normalmente não interferem na visão.

Unguentos oftálmicos causam alterações na acuidade visual, mas têm acção mais prolongada.

ADMINISTRAÇÃO DE GOTAS AURICULARES

Soluções, emulsões ou suspensões que contêm fármacos para tratamento de infecções ou


inflamações localizadas no ouvido.

ADMINISTRAÇÃO DE GOTAS E SPRAYS (AEROSSÓIS) NASAIS

Usadas para tratar distúrbios temporários das mucosas nasais.

Em spray apresentam absorção mais rápida e menor desperdício.


ADMINISTRAÇÃO DE MEDICAMENTOS POR INALADORES COM DOSÍMETRO

Medicamentos são aplicados, através da boca, na musculatura lisa dos brônquios, permitindo
a utilização de doses menores, proporcionando rápida absorção e início rápido de acção.

ADMINISTRAÇÃO DE MEDICAMENTOS POR VIA VAGINAL

Podem ser cremes, geleias, comprimidos, óvulos, espumas ou irrigações.

Normalmente aplicados com o auxílio de aplicadores próprios.

GRUPO 1 – MEDICAMENTOS ANTI-INFECCIOSOS

Incluem os antibacterianos, os antivirais, os antimicóticos e os antiparasitários.

São classificados, em primeiro lugar, de acordo com o tipo de agente patogénico a que se
destinam, e depois subdivididos pelas famílias químicas em classes de drogas.

ESCOLHA DE UM ANTIMICROBIANO

Deve basear-se na sensibilidade do agente patogénico e na toxicidade para o paciente.

Deve levar em conta a natureza e gravidade da doença, efeitos secundários que provoca, a
possibilidade de alergias e outras reacções graves e o custo financeiro do mesmo.

Em certos casos é necessário recorrer a uma associação de antibióticos para tratar infecções
graves.

ADMINISTRAÇÃO DOS ANTIBIÓTICOS

Nas infecções bacterianas graves, os antibióticos são habitualmente administrados primeiro


através de injecção, geralmente endovenosa.

Os antibióticos devem ser administrados até que o microrganismo infectante seja eliminado do
corpo, o que pode requerer vários dias após o desaparecimento dos sintomas.

Parar o tratamento demasiado cedo pode provocar uma recaída ou então estimular o
desenvolvimento de bactérias resistentes.

Os antibióticos são usados para tratar e prevenir infecções.


1.1 –ANTIBACTERIANOS

1.1.1 -Penicilinas

Os primeiros antibióticos a ser cultivados e usados contra as bactérias patogénicas nos seres
humanos, e continuam a ser uma das classes de antibióticos mais amplamente utilizada.

MECANISMO DE ACÇÃO

Inibem a síntese da parede celular das bactérias, impedindo que se formem as ligações
cruzadas entre as diversas camadas de peptidoglicanos.

A parede celular resultante fica enfraquecida devido a estrutura defeituosa, sendo as bactérias
consequentemente destruídas por lise osmótica.

Possuem boa actividade contra as bactérias Gram-positivo, incluindo estafilococos.

Bactérias sensíveis às penicilinas desenvolvem mecanismos de resistência, produzindo uma


enzima, a penicilinase ou betalactamase, que destrói o anel β-lactâmico da molécula de
penicilina.

2 mecanismos para impedir esta inactivação:

- Modificação da molécula de penicilina de forma a proteger a estrutura do anel β-lactâmico


mantendo a actividade microbiana.

- Adição de outro fármaco de estrutura similar (ácido clavulânico) que se liga com mais
afinidade às penicilases do que a penicilina, fica a penicilina livre para exercer a sua acção.

INDICAÇÕES CLÍNICAS

- Otites e sinusites;

- Faringites e epiglotites;

- Infeções cutâneas;

- Pneumonias bacterianas;

- Meningite;

- Infecções do trato urinário;

- Endocardites bacterianas;

- Sífilis e gonorreia;

- Como profilático antes de cirurgia ou de procedimentos dentários em pacientes com história


de febre reumática.
EFEITOS COLATERAIS

- Diarreia: alteram a flora bacteriana do trato GI;

- Desequilíbrio eletrolítico: a maioria das penicilinas possui conteúdo eletrolítico elevado,


podendo causar hipercalemia ou hipernatremia;

- Manifestações cutâneas;

- Reacções alérgicas ou de hipersensibilidade, podendo levar ao choque anafilático.

1.1.2 -Cefalosporinas

São antimicrobianos ß-lactâmicos de amplo espectro.

Quimicamente relacionadas com as penicilinas.

Actuam por inibição da síntese da parede celular das bactérias.

Classificadas em gerações, que se referem à actividade antimicrobiana e características


farmacocinéticas e farmacodinâmicas.

INDICAÇÕES TERAPÊUTICAS

Cefalosporinas de 1ª geração:

- Infecções de pele, partes moles, faringite estreptocócica;

- Infecções do trato urinário não complicadas, principalmente durante a gravidez;

- Profilaxia de várias cirurgias.

Cefalosporinas de 2ª geração:

- Infecções respiratórias adquiridas na comunidade;

- Meningite por H. influenzae, N. meningitidis e S. pneumoniae;

- Infecções intra-abdominais, pélvicas e ginecológicas.

Cefalosporinas de 3ª geração:

- Infecções por bacilos gram-negativos susceptíveis adquiridas no ambiente hospitalar;

- Meningites por H. influenzae, S. pneumoniae, N. meningitidis e P. aeruginosa.

Cefalosporinas de 4ª geração:

- Pela sua atividade antipseudomonas, tem sido utilizada em pneumonias hospitalares,


infecções do trato urinário graves e meningites por bacilos gram-negativos.
EFEITOS COLATERAIS

- Em geral, são antimicrobianos com boa tolerância.

- Tromboflebite (1 a 5%);

- Hipersensibilidade.

1.1.4 -Carbapenemes

Espectro de acção muito alargado (bactérias Gram-positivo e Gram-negativo).

Imipenem, meropenem e ertapenem.

Amplo espectro de acção em infecções sistémicas e são estáveis à maioria das ß–lactamases.

INDICAÇÕES CLÍNICAS

Podem ser utilizados quando exista uma forte suspeita de infecções causadas por organismos
multirresistentes (pois, são drogas de amplo espectro e penetram a maioria dos locais de
infecção).

EFEITOS COLATERIAIS

- Distúrbios GI, como náuseas, vómitos ou diarreia grave;

- Tonturas e confusão;

- O Imipenem-cilastatina pode reduzir o limiar convulsivo.

1.1.5 -Associações de penicilinas com inibidores das lactamases beta

Ex.: Amoxicilina com Ácido Clavulânico.

1.1.6 -Cloranfenicol e tetraciclinas

Cloranfenicol

Por muitas décadas o cloranfenicol foi a única droga eficaz no tratamento de salmoneloses.

Farmacocinética permite atingir concentrações elevadas em determinados focos de infecção.

Entre os de primeira escolha no tratamento de:

- abcessos cerebrais por anaeróbios;

- febre tifoide;

- febre escaro-nodular, se necessitar de terapêutica intravenosa.


MECANISMO DE ACÇÃO

Liga-se à subunidade 50S do ribossoma, inibindo a síntese proteica da bactéria, tendo, assim,
acção bacteriostática.

INDICAÇÕES CLÍNICAS

- Usado no tratamento de infecção por enterococos resistentes à vancomicina;

- Utilizada nas salmoneloses, principalmente na febre tifóide;

- Alternativa no tratamento de meningite bacteriana e epiglotite, artrite séptica e osteomielite


por Haemophilus influenzae em pacientes alérgicos aos ß-lactâmicos;

- Tratamento de rickettsioses ou erlickiose.

EFEITOS COLATERAIS

- Náuseas, vómitos, alteração no paladar, diarreia e irritação anal podem ocorrer durante
administração oral;

- A toxicidade hematológica apresenta-se com reticulocitopenia, podendo evoluir com anemia,


granulocitopenia e trombocitopenia;

- Pode apresentar-se como anemia aplástica irreversível, geralmente entre 3 e 12 semanas


após a terapia. Embora rara, frequentemente é fatal e pode ocorrer com qualquer
apresentação, mesmo tópica.

Tetraciclinas

Antimicrobianos primariamente bacteriostáticos, quando em concentrações terapêuticas.

Amplo espectro de acção, incluindo bactérias gram-positivas, gram-negativas aeróbias e


anaeróbias, espiroquetas, riquétsias, micoplasma, clamídias e alguns protozoários.

Todas as tetraciclinas actuam pelo mesmo mecanismo, têm um espectro de ação semelhante e
resistência cruzada entre elas. Distinguem-se umas das outras pelas características
farmacocinéticas.

MECANISMO DE ACÇÃO

Entram na célula por difusão, bloqueiam a ligação do RNA de transferência, impedindo a


síntese proteica.

INDICAÇÕES TERAPÊUTICAS

Primeira escolha no tratamento da cólera, da peste, da brucelose, das riquetsioses e no


tratamento de infecções na pele e das infecções por chlamydia e por mycoplasma.
EFEITOS COLATERIAIS

- Reacções alérgicas como: urticárias, exantemas, edema periorbitário e reacções anafiláticas;

- Alterações: na cor dos dentes em crianças, esmalte dentário e crescimento ósseo anormal;

- Não devem ser administradas em grávidas ou a crianças com menos de 8 anos de idade;

- Náuseas, vómitos e diarreia.

1.1.7 -Aminoglicosídeos

Antibióticos bactericidas, mantêm uma excelente actividade contra a maioria dos


microrganismos Gram negativo aeróbios.

Estreptomicina, gentamicina, tobramicina, amicacina, netilmicina, paramomicina e


espectinomicina.

MECANISMO DE ACÇÃO

Liga-se à superfície da célula bacteriana e depois é transportado através da parede bacteriana.

Inibe a síntese proteica ou produz proteínas defeituosas.

INDICAÇÕES CLÍNICAS

- septicemias

- infecções do trato urinário

- endocardites

- infecções respiratória

- infecções intra-abdominais

- meningites em recém-nascidos

- infecções oculares

- osteomielites

- infecções de articulações.

EFEITOS COLATERAIS

- Nefrotoxicidade;

- Ototoxicidade (incomum, mas irreversível).


1.1.8 -Macrólidos

Grupo de antimicrobianos quimicamente constituídos por um anel macrocíclico de lactona, ao


qual se ligam um ou mais açúcares.

Azitromicina, claritromicina, eritromicina, espiramicina, miocamicina, roxitromicina.

São bacteriostáticos e bactericidas, consoante os organismos em causa e a concentração.

MECANISMO DE ACÇÃO

Inibição da síntese proteica dependente de RNA, impedindo as reacções de transpeptidação e


translocação.

INDICAÇÕES CLÍNICAS

- Pneumonias por bactérias atípicas;

- Alternativa terapêutica em pacientes alérgicos à penicilina.

EFEITOS COLATERAIS

- Cólicas abdominais, náuseas, vómitos e diarreia;

- Hepatite colestática acompanhada por febre, dor abdominal, eosinofilia, hiperbilirrubinemia;

- Raramente ocorrem reacções alérgicas graves.

1.1.10 -Quinolonas

O ácido nalidíxico, hoje pouco utilizado, é o protótipo deste grupo de antibióticos.

Surgiram, mais tarde, as fluorquinolonas, como a ciprofloxacina, com aumento do espectro


para os bacilos gram-negativos e boa actividade contra alguns cocos gram-positivos.

MECANISMO DE ACÇÃO

Inibem a atividade da DNA girase, determinando a morte das bactérias.

INDICAÇÕES CLÍNICAS

- Trato genito-urinário, gastrintestinal, respiratório;

- Osteomielites;

- Partes moles;

- Acção contra micobactérias.


EFEITOS COLATERAIS

- Anorexia, náuseas, vómitos e desconforto abdominal;

- Cefaleia, tontura, insónia e alterações do humor;

- Alucinações, delírios e convulsões são raras.

- PRECAUÇÃO: Uso deve ser evitado em pacientes que amamentam.

1.1.12 -Antituberculosos

Qualquer fármaco tuberculostático ou tuberculicida deve administrar-se uma só vez por dia,
numa dose adequada à massa corporal.

A estreptomicina (aminoglicosídeo), o etambutol, a isoniazida, a pirazinamida e a rifampicina,


são os antituberculosos de primeira linha.

1.2 -ANTIFÚNGICOS

São fármacos pouco selectivos e com elevada toxicidade dadas as semelhanças entre as células
fúngicas e as humanas (por serem ambas eucarióticas).

Anfotericina B

Antifúngico de referência nas micoses sistémicas.

Elevada eficácia, associada a um espectro de acção abrangente (intravenosa).

Importante toxicidade renal.

Usada em infecções por candida, cryptococcuse aspergillus.

Flucitosina

Usada via parentérica e oral no tratamento das micoses sistémicas por candida ou criptococo.

Toxicidade sobre a medula óssea. Resistências tem diminuído a sua utilização.

Derivados triazólicos (fluconazol, o itraconazol e voriconazol)

Grupo importante na terapêutica das infecções fúngicas sistémicas.

Cetoconazol

Via oral ou tópica no tratamento de micoses.

São conhecidos casos de toxicidade hepática.


1.3 -ANTIVÍRICOS

A disponibilidade de fármacos antivíricos específicos é reduzida.

Aciclovir

Eficaz na infecção por Herpes simplex, inverteu a evolução da encefalite herpética.

Sua utilização não deve generalizar-se, pois já existem casos de resistência no Herpes simplex.

Ganciclovir e foscarneto

Respondem a infecções ou reactivações por citomegalovirus, em casos de imunodeficiência.

Valaciclovir e valganciclovi) apresentam maior comodidade posológica por via oral.

Interferão alfa, lamivudina e adefovir

Usados na hepatite crónica por VHB.

Interferão alfa ou peginterferão, associado ou não à ribavirina

Usados na hepatite crónica por VHC.

FÁRMACOS ANTI-RETRVÍRICOS

Inibidores nucleósidos da transcriptase reversa (NITR):

- Zidovudina, didanosina, zalcitabina, estavudina, lamivudina, abacavir e tenofovir.

Inibidores não nucleósidos da transcriptase reversa (NNITR):

- Nevirapina e efavirenz.

Inibidores da protéase (IP):

- Indinavir, ritonavir, saquinavir, nelfinavir, amprenavir e lopinavir.

Inibidores da fusão:

Enfuvirtida, de introdução recente, apenas disponível na forma injectável, subcutânea.

Terapêutica em associação é a regra (NITR e os IP).

Anti-retrovíricos usados na prevenção da infeção por VIH pós-exposição concreta.

Zidovudina é o anti-retrovírico utilizado na prevenção da transmissão vertical.


1.4 –ANTIPARASITÁRIOS

1.4.1 -Anti-helmínticos

Albendazol é eficazmente utilizado como complemento da cirurgia.

Praziquantel nas infestações por Taenia saginata.

1.4.2 -Antimaláricos

A cloroquina é utilizada no tratamento das infecções na Malária.

Mefloquina e halofantrina, se resistência à cloroquina.

Primaquina para a prevenção das recidivas.

Apenas a cloroquina e quinina podem ser administradas por via parentérica.

Um novo grupo de antimaláricos é o dos derivados da artemisinina.

GRUPO 16 —MEDICAMENTOS ANTINEOPLÁSICOS E IMUNOMODULADORES

16.1 —Citotóxicos

Dois grandes grupos:

- Agentes específicos de fase: actividade citotóxica exerce-se numa determinada fase do ciclo
celular (inibidores mitóticos e os antimetabolitos).

- Agentes não específicos de fase: fármacos activos em tumores com grande massa tumoral,
com fracção de crescimento e índice mitótico baixos (agentes alquilantes, platinas,
nitrosureias, procarbazina, antibióticos antitumorais).

Agentes alquilantes

Exemplos de fármacos

Ciclofosfamida, Ifosfamida, Mecloretamina, Clorambucil, Nitrosureias.

MECANISMO DE ACÇÃO

Ligações covalentes (alquilação) com várias substâncias nucleofílicas, resultando interferência


na síntese do DNA, do RNA e das proteínas.
EFEITOS COLATERAIS

Sistema hematopoiético: leucopenia, anemia, trombocitopenia;

Tecidos gonadais: amenorreia na mulher, esterilidade e atrofia testicular no homem;

Epitélio gastrointestinal: ulcerações, diarreia, perdas de muco;

Folículos pilosos: alopécia (mais frequentemente com a ciclofosfamida);

Imunossupressão;

Potencialmente teratogénicos.

Antimetabolitos

MECANISMO DE ACÇÃO

Inibem as enzimas necessárias para a regeneração do ácido fólico ou para a activação das
purinas e pirimidinas ou incorporam-se nas moléculas de DNA;

Efeito citostático muito dependente do ciclo celular;

Mais eficazes quando administrados em perfusão contínua.

FÁRMACOS

- Análogos da purina: mercaptopurina e tioguanina;

- Análogos do acido fólico: metotrexato e trimetrexato;

- Análogos da pirimidina: fluoruracilo e citarabina.

Os tumores desenvolvem muitas vezes resistência a estes fármacos.

Têm efeitos colaterais como toxicidade ao nível da medula óssea, náuseas, vómitos e
hepatotoxicidade.

Agentes antimitóticos

Os alcaloides da vinca:

Vimblastina - pouco tóxica para a medula óssea, toxicidade principalmente neurológica.

Vincristina – depressão medular, perturbações neurológicas, disfunção do SNA.

MECANISMO DE ACÇÃO

Ligam-se com elevada afinidade a proteínas microtubulares, levando a uma paragem da


mitose celular em metáfase.
Antibióticos

Os antibióticos antineoplásicos constituem um interessante grupo de substâncias obtidas por


screening dos produtos de alguns microrganismos.

Adriamicina

- Antraciclina mais usada na clínica.

- Os seus efeitos são máximos na fase S do ciclo celular.

- Liga-se fortemente aos tecidos.

- Provoca acentuada depressão da medula óssea, estomatite, alterações gastrointestinais e


alopécia.

- Podem surgir alterações cardíacas agudas, geralmente reversíveis, e pode causar


hiperpigmentação cutânea.

16.2 —Hormonas e anti-hormonas

Terapia hormonal:

Corticosteroides: leucemias, linfomas

Hormonas sexuais: cancro da mama

Antiestrogénios (tamoxifeno e raloxifeno): cancro da mama

Progestagénios: cancro da mama, do endométrio, da próstata e do ovário

Estrogénios

Antiandrogénios

16.3 —Imunomoduladores

Os imunomoduladores modificam a forma como o organismo responde ao próprio cancro ou


fortalecem-lhe os mecanismos de defesa.

Imunodepressores – Ciclosporina e Tacrólimo.

Corticosteroides – Prednisolona.

Citostáticos – Qualquer citostático é potencialmente imunodepressor.

Imunoestimulantes – Citocinas.
GRUPO 2 –SISTEMA NERVOSO CENTRAL

Drogas que actuam no sistema nervoso central, actuam em:

Modificações do comportamento (psicose)

Humor

Ansiedade

Controlo da epilepsia

Distúrbios do movimento

Diminuição da sensação dolorosa

Controlo da inflamação

Alívio aos distúrbios do sono

2.9.1 – Ansiolíticos, sedativos e hipnóticos

-Também denominadas por tranquilizantes minor;

- São fármacos que geralmente causam sono e diminuem a ansiedade;

- Exemplos: barbitúricos e benzodiazepinas.

EFEITOS COLATERAIS

- Sedação;

- Sonolência;

- Hipotonia muscular (doses altas);

- Hipotensão (doses altas);

- Perda da consciência (doses altas);

- Coma e morte (doses muito altas).

2.9.2 –Antipsicóticos

- Inibidores das funções psicomotoras e têm uma actuação seletiva nas células nervosas;

- Também denominados por neurolépticos, anticonvulsivantes ou tranquilizantes major;

- Bloqueio de receptores dopaminérgicos;

- Exemplos: Clozapina, clorpromazina, haloperidol.


Antidepressores

Também denominados timoléticos;

São eficazes no alívio da doença depressiva;

As drogas antidepressivas dividem-se em:

- Antidepressivos tricíclicos (ADT)

- Inibidores da recaptação da Serotonina (ISRS)

- Antidepressivos atípicos

- Inibidores da monoaminaoxidase(IMAO)

2.9.4 –Lítio

Aumenta a renovação de noradrenalina e serotonina cerebral, mas inibe a libertação


decorrente da despolarização.

EFEITOS COLATERAIS:

Ataxia (descoordenação), confusão, delírio, mioclonia e convulsões. A sua toxicidade leva a


insuficiência renal, convulsões refratárias, coma e morte.

2.6 –Antiepiléticos e anticonvulsivantes

Epilepsia

Distúrbio crónico caraterizado por convulsões autolimitadas recidivantes, em que o cérebro é


submetido a descargas anormais, excessivas e sincronizadas, em determinados neurónios.

As crises resultam da instabilidade eléctrica das membranas de um ou mais neurónios.

A eficácia da terapêutica depende do tipo de crise.

MECANISMOS DE ACÇÃO:

- Para medicamentos eficazes nas crises parciais e nas generalizadas tónico-clónicas: a atuação
é por promover o estado inativado dos canais de Na + e por potenciar a transmissão inibitória
mediada pelo ácido gama-aminobutírico(GABA);

- Para medicamentos eficazes nas ausências: a actuação é por interferência com canais de Ca 2+
dependentes de voltagem.
GRUPOS DE MEDICAMENTOS ANTIEPILÉTICOS:

- Fenitoínas, barbitúricos (fenobarbital, primidona);

- Iminostilbenos (carbamazepina, oxicarbamazeoina, escicarbazepina)

- Sucinimidas (etosuximida)

- Ácido valpróico/ valproato de sódio

- Oxazolídimedionas (trimetadiona)

- Benzodiazepinas (diazepam, clonazepam, clorazepato dipotássico e lorazepam EV) e outros


(lamotrigina, vigabatrina, acetazolamida, felbamato, gabapentina)

2.5 –ANTIPARKINSÓNICOS

Doença de Parkinson - défice em dopamina (perda de mais de 75% dos neurónios


mesencefálicos).

Tratamento do parkinsonismo baseia-se no antagonismo entre as funções da dopamina e da


acetilcolina ao nível dos núcleos da base, ou seja, as medidas terapêuticas consistem em
reforçar a componente dopaminérgica ou em travar a componente colinérgica.

2.5.1 –Anticolinérgicos

Levodopa é o protótipo dos fármacos dopaminérgicos.

2.5.2 -Dopaminomiméticos

Tri-hexifenidilo é o protótipo dos anticolinérgicos.

2.12 –ANALGÉSICOS ESTUPEFACIENTES

INDICAÇÃO TERAPÊUTICA

Uso como agentes pré-anestésicos antes da cirurgia com a finalidade de produzir analgesia,
sedação, menor ansiedade e menor necessidade de agentes anestésicos.

São usados para aliviar dores intensas, particularmente as de origem visceral.

EFEITOS COLATERAIS

Tolerância, dependência, depressão respiratória, obstipação, náuseas e retenção urinária.


Medicamentos opióides

A morfina é o protótipo dos opióides:

- Só uma pequena fracção de morfina atravessa a barreira hematoencefálica e penetra no SNC


para produzir analgesia.

Opióides que actuam sobre os μ –receptores

Morfina, Meperidina, Codeína, Levorfanol, Hidromorfina, Fentanil, Oximorfina, Sufentanil,


Alfaprodina, Oxicodona, Difenoxilato, Propoxifeno, Loperamida, Alfaprodina.

Principais efeitos dos analgésicos opióides

Tipos de medicamentos opiáceos

AGONISTAS - analgésicos opióides que interagem principalmente com μ -recetores:

- Morfina: utilizada para o alívio da dor intensa;

- Heroína: também denominada diacetilmorfina, é 2x mais potente que a morfina;

- Codeína: tratamento da dor leve a moderada e como antitússico. Da sua metabolização surge
a morfina (efeito analgésico);

- Outros analgésicos: hidromorfona, oximorfona, levofarnole oxicodona - tratamento dor


moderada a intensa;

- Metadona e seus derivados: não está estruturalmente relacionado com a morfina.


Agonistas parciais dos μ –recetores

-Buprenorfina

-Tramadol

Agonistas / Antagonistas mistos

São antagonistas μ-competitivos, porém exercem as suas funções como agonista nos κ –
recetores:

-Pentazocina

-Butorfanol: intranasal - dor pós-operatória

-Nalbufina

Contrariamente à morfina, à medida que se aumenta a dose, mesmo acima da janela


terapêutica, a depressão respiratória causada não aumenta até ao ponto de causar a morte.

Antagonistas

Alta afinidade de ligação aos locais de acção das membranas do SNC, daí bloquearem os
efeitos analgésicos:

- Naloxona

- Naltrexona: 3x mais potente que a naloxona. Tem acção longa.

Podem ser usados para a reversão completa ou parcial da depressão opiácea.

Usados para o diagnóstico de intolerância aos opiáceos ou sobredosagem aguda aos opiáceos.

TOLERÂNCIA E DEPENDÊNCIA FÍSICA

Necessidade de maior dose do medicamento para produzir o mesmo efeito farmacológico.

A taxa e grau de instalação da tolerância estão relacionados com a frequência, dose e duração
de utilização do fármaco.

A tolerância pode envolver diferentes tipos de adaptação das células neuronais.

A tolerância não se manifesta uniformemente para todas as acções dos medicamentos


opióides. Um dos efeitos adversos dos opióides é a sua propensão para produzir dependência
tanto psíquica quanto física.
2.10 -ANALGÉSICOS E ANTIPIRÉTICOS

Exemplos de fármacos

–Ácido acetilsalicílico (aspirina)

–Ibuprofeno

–Diflunisal

–Naproxeno

–Salicilatos

–Fenoprofeno

–Acetominofeno(paracetamol)

–Nimesulida

Ácido acetilsalicílico

É o padrão dos chamados anti-inflamatórios não esteróides, caracterizados pela ação inibidora
das cicloxigenases.

Possibilidade de provocar lesões da mucosa gástrica.

Paracetamol

Em doses terapêuticas é o analgésico mais inócuo.

Potencialmente hepatotóxico a partir de 4 g/dia.

10 g -15 g podem provocar necrose hepática fulminante.

Anti-inflamatórios não esteroides (AINE)

Usados no tratamento de dor leve ou temperatura corporal elevada, artrite e outros distúrbios
inflamatórios, gota e hiperuricemia.

MECANISMO DA ACÇÃO

As prostaglandinas E2 e E1 promovem o edema e a infiltração de leucócitos e exacerbam a


dor. Os leucotrienos aumentam a permeabilidade vascular, aumentando ainda mais os
mediadores da inflamação.

- Bloqueando a via da lipoxigenase. Exemplo: diclofenac e indometacina.

- Inibição da produção de aniões superóxido. Exemplo: piroxicam.

- Inibição da função dos neutrófilos. Exemplo: indometacina, ibuprofenoe salicilatos.


DERIVADOS DO ÁCIDO SALICÍLICO

Farmacocinética

- Absorção oral ocorre rapidamente a partir do estomago;

- As soluções efervescentes são menos irritantes e de absorção mais rápida;

- Apenas pequena quantidade atravessa a barreira hematoencefálica;

- Eliminação renal.

INDICAÇÕES TERAPÊUTICAS

Analgesia e antipirese - salicilato de sódio;

Analgesia, antipirese e anti-inflamação - acetilsalicilato;

Anti-agregação plaquetária ácido acetilsalicílico.

EFEITOS COLATERAIS

Desconforto gastrointestinal;

Sangramento oculto;

Úlceras pépticas (longo prazo);

Salicilismo (zumbidos, deficit auditivo e vertigens);

Diminuição da função renal em doentes susceptíveis.

Derivados do ácido propiónico

Tratamento da dor leve a moderada;

Efeitos colaterais: problemas gastrointestinais, efeitos renais;

Exemplos de fármacos: ibuprofeno (dismenorreia), naproxeno (distúrbios reumatóides),


fenorpofeno (artrite reumatóide) e cetoprofeno (artrite reumatóide).

Derivados do ácido acético

Indometacina (toxicidade) - artrite, gota aguda, artrite psoriática, etc.

Sulindac (pró-fármaco) - conversão hepática para sulfeto - artrite reumatoide;

Tolmetina (substituto da indometacina) - tratamento da artrite juvenil.

Você também pode gostar