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Destinatários: Jovens dos 13 aos 16 anos

Local: Sala Azul do Centro de Atividades de Tempos Livres da Cáritas de Coruche

Data Prevista:

Duração: 1h30

Objetivos da ação de sensibilização e competências a desenvolver:


 Compreender o impacto dos outros na nossa autoestima, autoconceito e
valorização de nós mesmos
 Melhorar o reconhecimento e a verbalização de emoções
 Promover o conhecimento de si e do outro
 Compreender a influência que o meio tem sobre nós

Estratégias:
 Realização de dinâmicas de grupo que promovam a expressão de emoções e a
interação com o grupo
Fundamentação Teórica:
A forma como o ser humano consegue demonstrar as suas emoções e os seus
sentimentos para com os outros é a raiz de todo o relacionamento humano e é
considerada a primeira forma de envolvimento que temos com o mundo. Deste modo,
tem enorme influência na maneira como olhamos para nós mesmos, ditando a forma
como nos relacionamos com o próprio.
O afeto pode ser expresso de diversas formas: através do nosso comportamento,
do modo como comunicamos e da forma como interagimos com os outros. A maneira
como o afeto é vivido transforma o ser humano, permitindo ter uma experiência de vida
equilibrada.
A afetividade é uma dimensão psicológica que abrange, de modo complexo e
dinâmico, o conjunto de emoções e sentimentos. Neste sentido, o ser humano sente a
alteração no corpo, pelas modificações emocionais (isto é, biofisiológicas), e existe
também um sentido subjetivo, o qual se dá um valor às experiências emocionais vividas.
Como uma dimensão do psiquismo, a afetividade faz com que seja conferido um sentido
especial às vivências e às lembranças. A afetividade afeta sensivelmente os nossos
pensamentos, dando-lhes forma, matiz e conteúdo. Cognição e afetividade se
completam entre si, formando um todo não divisível, assim, pensamos a partir daquilo
que nós sentimos e sentimos a partir daquilo que nós pensamos.
As manifestações afetivas são muitas na nossa vida: Inicialmente adotamos a
ideia de afetos bons e maus. Afetos bons são todos aqueles que trazem algo de positivo.
Um bom exemplo de afeto positivo é o amor. Muito próprio de nós seres humanos, ao
amar alguém, a pessoa consegue perceber o significado de gostar de, sem a necessidade
de algo em troca.
O afeto mau, ou então chamado de negativo, traz consigo toda uma carga afetiva
diminuta, pequena; tendo efeito expressivo no estado de ânimo, no temperamento e no
humor. A tristeza pode ser concebida como um afeto negativo. É interessante notarmos
que a tristeza traz consigo uma verdadeira complexidade de respostas emocionais e
sentimentais, o que pode envolver diversas características: angústia, mágoa,
ressentimento, “nervosismo”, entre outros.
Enfatiza-se que o autoconhecimento da dimensão afetiva, ou seja, aquilo que nos
emociona e sentimos, ajuda nas inúmeras decisões do dia-a-dia e, do mesmo modo, na
resolução de conflitos de natureza pessoal e interpessoal. É importante perceber o que
sentimos sobre uma determinada experiência para nos ajudar no conhecimento das
nossas qualidades pessoais (autoestima).
A literatura tem vindo a demonstrar, de forma consistente, a relevância das
experiências com os pares no desenvolvimento, funcionamento e bem-estar psicossocial
dos indivíduos (i.e., Piaget, 1994; Sullivan, 1953; Cairns & Cairns, 1994; Rubin, et al.,
2006).
Os adolescentes ocupam a maior parte do tempo mais com o seu grupo de
amigos do que com a sua família uma vez que “há um alargamento do mundo social”.
Estes grupos tornam-se melhor definidos e estruturados em comparação com os grupos
de amigos criados na infância, uma vez que estes têm bases mais estáveis e podem durar
vários anos. Para além disso, surge a afinidade de pensamentos e sentimentos
partilhados entre os amigos, passando as características pessoais a desempenhar um
papel central nas relações entre os adolescentes (Sprinthall & Collins, 2003).
Quanto maior for a capacidade de compreensão interpessoal do adolescente,
maior tendência terá para ser socialmente aceite pelos pares, contribuindo assim para o
seu crescimento e desenvolvimento pessoal. Como nos diz Erikson (1968 cit. por
Sprinthall & Collins, 2003), o grupo de pares tem um papel determinante na formação
da identidade dos jovens uma vez que proporciona oportunidades de comparação social,
quer ao nível do comportamento, que ao nível das suas capacidades. As comparações
socias positivas poderão contribuir para uma autoimagem mais positiva (Sprinthall &
Collins, 2003).
Os amigos constituem o apoio mais seguro para enfrentar os obstáculos
exteriores e atingir metas. Os adolescentes importam-se bastante com o que os seus
companheiros pensam, deixam-se guiar pelo padrão de conduta do grupo em que se
inserem e imitam com entusiasmo o que está na moda (Vallejo-Nágera, 1997).
A oportunidade de formar e manter relações de amizade através da
internet tem-se multiplicado nos últimos anos. A literatura tem demonstrado que a
autoestima do adolescente pode ser afetada pelo feedback que o mesmo recebe no seu
perfil das redes sociais: um feedback positivo resulta num aumento da autoestima,
enquanto um feedback negativo resulta na diminuição da autoestima. Para além disso,
observa-se um efeito aversivo na autoestima de adolescentes que são expostos, na
maioria das vezes, a comentários negativos nas suas redes sociais (Valkenburg, Peter,
Schouten, 2006).
Estes resultados levam-nos a questionar o impacto que as redes sociais, a
procura incessante por amigos ou “seguidores”, têm no desenvolvimento pessoal do
adolescente, sendo esta uma fase de exploração afetiva e desenvolvimento da própria
identidade. Ainda assim, a grande questão reside no facto de, muitas vezes, o sonho
megalômano de ser popular nas redes sociais pode representar uma dificuldade em
estabelecer relações interpessoais, ausência de autoconfiança e dificuldade em gostar de
si. O foco está no desenvolvimento da capacidade para se aceitar com os seus defeitos e
imperfeições, não necessitando que o outro tenha de o valorizar constantemente, mas
sim, ter um papel ativo na sua valorização pessoal.
Plano de Atividades:

Inicia-se a ação enfatizando o título da mesma e se algum deles tem

3 Minutos alguma ideia do que iremos abordar.

De seguida, começa-se a trabalhar a palavra Afeto:

Atividade I. Brainstorming sobre a palavra Afeto

 O que vos vem à cabeça quando falamos em Afeto(s)?

O afeto tem influência na forma como olhamos para nós e dita a forma
como nos relacionamos connosco próprios.
15 Minutos
O afeto é a demonstração do que sentimos e do que somos, são eles que
nos despertam sentimentos e nos conduzem à descoberta do outro.

- É dado a cada jovem 5 “likes” de cores diferentes dizendo que


serão utilizados numa atividade mais à frente.

Atividade II. Vamos Tirar uma Selfie?


Objetivo: Compreender os julgamentos e atribuições positivas e
negativas que fazemos sobre nós relativamente à sua identidade;
Compreender a importância do amor-próprio;
20 Minutos - Dizer ao grupo que será mostrado a cada um, individualmente,
“selfies” (Autorretratos) de cada um deles, previamente encontradas [Tirar
selfies]
- Será pedido que cada um responda a certas questões relacionadas com
a selfie que viram (na folha de resposta) e partilhem depois:
 Como defino aquela pessoa?
 O que mais gosto naquela pessoa?
 Nomeia uma qualidade daquela pessoa
 Nomeia uma atividade em que essa pessoa seja boa?
 Dás like nesta pessoa?
O afeto pode ser expresso de diversas formas: como nos comportamos,
como comunicamos e como interagimos com os outros.

Atividade III. Podemos fazer troca de likes?

Objetivos:
20 minutos

- Dividir o quadro branco em duas colunas: “Afetos para comigo” e


“Afetos para com os outros”; - Pedir a cada jovem que escreva no
quadro as expressões de afeto que tem para consigo diariamente e que
tem para com os outros, colando um like à frente de cada frase sua.

Afetos para Comigo Afetos para com os outros

- Observar as duas listas e refletir sobre as seguintes questões:

 A quem ofereço mais likes: a mim ou aos outros?


 Retribuo diariamente os likes que me dão?
 O que é mais importante: Dar? Receber? Ou dar e
receber?
 O que posso fazer para me sentir valorizado?
 Que tipo de comportamento pode fazer o outro para que
me sinta valorizado?

Os afetos passam a ter um papel fundamental porque


reconhecemos que temos necessidade de contacto com o outro.
Pertencer a um grupo e ser aceite pelos amigos passa a ser uma
prioridade. Há uma valorização da aparência física, das
capacidades de cada um para alcançar a aceitação dos outros.
Estamos continuamente a pensar em que imagem iremos mostrar
aos nossos “seguidores” para cada vez termos mais, muitas vezes
fugindo da realidade.
Atividade IV. Socorro! Preciso de Seguidores
20 minutos
Objetivo: Refletir sobre a importância de pertencer a um grupo e de
manter a nossa própria individualidade; cada questão irá estar escrita
num papel, dentro de um saco. À medida que cada um for tirando um
papel, lê em voz alta e reflete-se em conjunto.

- Apresentação do vídeo “Are You Living on Insta Lie? Social Media


vs Reality”
- Refletir sobre as questões face ao vídeo:
 O que representam os Likes nesta situação?
 Porque precisamos de seguidores nas redes sociais?
 Qual a verdadeira razão de querermos mostrar aos outros uma
imagem que não é a nossa?
 Que consequência tem para nós quando não somos fiéis ao que
sentimos?
 Tu vês-te como realmente és? Como os outros querem que
sejas? Ou como queres que os outros te vejam?
 Que forma temos para lidar com aquilo que sentimos?

Atividade Final e Avaliação da Sessão:

- Será pedido ao grupo que forme uma “fotografia” que represente o


que retiraram de mais importante da ação e adicionem uma descrição
[fazer moldura do instagram].
- Aplicação do questionário para avaliação da ação.
Referências
Valkenburg, P., Peter, J. & Schouten, A. (2006). Friend Networking Sites and Their
Relationship to Adolescents’ Well-Being and Social Self-Esteem. Cyberpsychology &
Behavior. 9(5), 584 – 590.

Piaget, J. (1994). O juízo moral na criança. Traduçã o Elzon L. 2. ed. Sã o Paulo:


Summus.

Sullivan, H. S. (1953). The interpersonal theory of psychiatry. New York: Norton.

Cairns, R. & Cairns, B. (1994). Lifelines and risks: Pathways of youth in our time. New
York: Cambridge University Press.

Rubin, K., Bukowski, W., Parker, J. (2006). Peer interactions, relationships, and
groups. In: Damon, W., Lerner, R., Eisenberg, N., editors. Handbook of child
psychology: Vol. 3. Social, emotional, and personality development. 6th ed Wiley;
New York: pp. 571–645.

Sprinthall, N. A., & Collins, W. A. (2003). Psicologia do adolescente: Uma perspectiva


desenvolvimentalista (3rd ed.). Lisboa: Fundaçã o Calouste Gulbenkian.

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