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Universidade Santa Cecília

Faculdade de Engenharia Mecânica

Bruno Santana Araújo


Diego Salgado Prado
João Bruno Gonçalves
Victor Nascimento Pereira

Barco a jato

Santos
2013
Bruno Santana Araújo
Diego Salgado Prado
João Bruno Gonçalves
Victor Nascimento Pereira

Barco a Jato

Projeto desenvolvido para fins de avaliação do


componente curricular Resistência dos Materiais II
com a orientação do Profº José Carlos Morilla.

Santos
2013
Agradecimentos

Agradecemos acima de tudo e todos primeiramente a Deus, pai misericordioso


que sempre esteve e está ao nosso lado por nos privilegiar realizar tal tarefa.

Aos nossos pais e parentes que nos deram toda a estrutura para que nos
tornássemos as pessoas que somos hoje. Pela confiança que nos fortalecem
todos os dias.

Agradecemos também ao senhor José Carlos Morilla por nos ter orientado
durante o projeto e construção do barco a jato.

Agradecemos também ao senhor Carlos Alberto Amaral Moino por nos orientar
nos cálculos de propulsão do barco a jato, bem como nos explicando algumas
propriedades de fluidos.

Agradecemos também ao professor João Maria de Freitas por nos orientar nos
cálculos de propulsão do barco a jato utilizando conceitos de termodinâmica
aplicada, bem como na orientação de algumas propriedades de estruturas tais
como as treliças.
Resumo
Este trabalho tem como objetivo fornecer aos envolvidos, habilidades
praticas sobre o desenvolvimento de projetos, relacionando as mais diversas
disciplinas.

O primeiro passo para o desenvolvimento do barco a jato requer


planejamento, e este planejamento esta correlacionado ao cumprimento de um
determinado cronograma, que deve ser respeitado para que no fim do trabalho
possamos obter um bom resultado dentro da data prevista.

No que diz respeito a dimensionamento e seleção de materiais,


podemos dizer que como já foi explicito nas regras e recomendações do
projeto o barco deve ser o mais rápido e também o mais leve possível
respeitando as dimensões limites de 800 mm de comprimento, 600 mm de
largura e 400 mm de altura do projeto.

É importante ressaltar que além do bom desempenho e da boa


qualidade que um projeto deve ter, tanto esse como qualquer outro, também
deve ter um custo acessível, e isso implica diretamente em um dos primeiros
passos do desenvolvimento do projeto: a seleção de materiais.

Na seleção de materiais iremos relacionar as propriedades desejadas


com as propriedades indesejadas para termos assim um índice de mérito e
buscarmos os materiais mais adequados para uma certa aplicação, que neste
caso é um barco sobre propulsão a jato, e portanto precisamos de matérias
leves, flutuantes, com baixa densidade para a estrutura do projeto, e para os
vasos de pressão que devem ser feitos de garrafa pet como determina as
regras do projetos ensaiarmos qual tipo de vaso tem uma maior pressão
admissível.

Após a seleção de materiais o próximo passo é o dimensionamento


estrutural do projeto uma vez que precisamos conhecer as propriedades do
material como, por exemplo, modulo de elasticidade para fazer o
dimensionamento.

Um projeto é feito para que tal coisa se comporte de tal maneira, e para
isso usufruímos de conceitos físicos para projetar o barco, como mecânica dos
fluídos, resistência dos materiais, materiais de construção mecânica, entre
outras disciplinas, nas quais através das mesmas podemos desenvolver o
projeto afim de que não venha a apresentar características e comportamentos
indesejados tais como flexão, flambagem, escoamento, ruína, corrosão, entre
outros aspectos.
Abstract

This search has the mission provide to members, practices abilities on


projects development, relating the various disciplines.

The first step for developing of the jet boat requires planning, and this
planning is related to compliance with a given timeline, that must be adhered to
in order that the work can get a good result within the scheduled date.

Regarding the design and material selection, we can say that as I was
explicit in the rules and recommendations of the project the boat should be
faster and also as light as possible while respecting the limits of dimensions 800
mm long, 600 mm wide and 400 mm high design.

Importantly, in addition to good performance and good quality that a


project must have both this like any other, must also have an affordable cost,
and this directly implies one of the first steps of project development: the
selection of materials.

In selecting materials will relate the desired properties with the properties
to unwanted terms thus an index of merit and seek the most suitable materials
for a given application, which in this case is a boat on jet propulsion, and
therefore we need raw light, floating with low density structure for the project,
and for pressure vessels should be made of plastic bottle as it determines the
rules of the projects rehearse what type of vessel has a higher allowable
pressure.

After selecting material the next step is the structural design of the
project since we need to know the material properties such as modulus of
elasticity to the design.

A design is made for such a thing to behave in such a manner, and for
that we enjoy physical concepts to design the boat, such as fluid mechanics,
strength of materials, building materials mechanical, and other disciplines in
which through them we in order to develop the project that will not display
characteristics and unwanted behaviors such as bending, buckling, runoff, ruin,
corrosion, among other things.
Índice
1. Objetivo ........................................................................................................ 10

2. Introdução .................................................................................................... 11

2.1 Propulsão ................................................................................................... 11

2.1.1 História da Propulsão .............................................................................. 11

2.1.2 Propulsão a jato ...................................................................................... 14

2.1.3 Funcionamento da Turbina a Jato ........................................................... 15

2.1.4 Aplicações da Propulsão a Jato .............................................................. 17

2.2 Catamarã.................................................................................................... 17

2.3 Vasos de Pressão ...................................................................................... 18

3. Resistências dos Materiais ........................................................................... 19

3.1 Treliças ....................................................................................................... 19

3.1.1 Treliças Simples ...................................................................................... 19

3.1.2 Treliças Hipostáticas ............................................................................... 20

3.1.2.1 Método dos Nós ................................................................................... 20

3.1.2.2 Método das Barras ............................................................................... 21

3.1.2.3 Método das Seções .............................................................................. 21

3.2 Flambagem ................................................................................................ 21

4. Princípios Básicos de um Fluido .................................................................. 24

4.1 Definição de Fluido ..................................................................................... 24

4.1.1 Sistemas de Unidades............................................................................. 25

4.1.2 Propriedades Termodinâmicas ................................................................ 25

4.1.2.1 Equação do gás perfeito....................................................................... 25

4.1.2.2 Energia interna de um gás perfeito ...................................................... 25

4.1.3 Massa Específica .................................................................................... 26

4.1.4 Viscosidade ............................................................................................. 27

4.1.5 Tensão Superficial ................................................................................... 28

4.2 Estática dos Fluidos ................................................................................... 28


4.2.1 Pressão ................................................................................................... 28

4.2.1.1 Medidores de Pressão.......................................................................... 29

4.2.1.2 Unidades de Pressão ........................................................................... 30

4.2.1.2.1 Transformação de Pressão ............................................................... 30

4.2.1.2.2 Escalas de pressão ........................................................................... 31

4.2.2 Empuxo ................................................................................................... 33

4.2.3 Flutuabilidade .......................................................................................... 35

4.2.4 Estabilidade ............................................................................................. 35

4.2.4.1 Corpo Totalmente Submerso ............................................................... 35

4.2.4.2 Corpo Parcialmente Submerso ............................................................ 36

4.2.5 Compressibilidade ................................................................................... 36

4.3 Cinemática dos Fluidos .............................................................................. 37

4.3.1 Regime Permanente e Variado ............................................................... 37

4.3.2 Escoamento Laminar e Turbulento ......................................................... 38

4.3.3 Vazão ...................................................................................................... 39

4.4 Arraste e Sustentação ................................................................................ 40

5. Propriedades do Material ............................................................................. 42

5.1 Módulo de Elasticidade .............................................................................. 42

5.2 Coeficiente de Poisson ............................................................................... 44

5.3 Mapas de seleção ...................................................................................... 44

6. Memorial de Cálculos ................................................................................... 46

6.1 Cálculos do Coeficiente de Segurança da Treliça ...................................... 46

6.2 Cálculos da Treliça do Barco...................................................................... 47

6.3 Cálculos de Pressão Utilizada .................................................................... 51

6.4 Volume de ar presente em uma garrafa ..................................................... 64

6.5 Cálculos de flutuabilidade do barco ............................................................ 66

6.6 Cálculos para determinação da força ......................................................... 67

6.7 Cálculos para determinação da velocidade e área do jato ......................... 71


7. Conclusão .................................................................................................... 74

8. Referências Bibliográficas ............................................................................ 75


10

1. Objetivo

A tarefa consiste em projetar e construir um veículo, para movimentação


em água, cuja propulsão deve ser feita única e exclusivamente por jato de ar.
Este veículo será utilizado para transporte de uma massa de 7 kg, durante uma
prova de desempenho. Para esta tarefa estão convocados grupos constituídos
pelos alunos da disciplina Resistência dos Materiais para Engenharia Mecânica
II.

Contudo, deve-se observar que existem alguns parâmetros que devem


ser seguidos para a realização da tarefa.

1. Na estrutura do barco a jato deve existir uma treliça espacial formada a


partir de treliças planas;
2. Na construção do barco a jato deve ser usado mais do que um tipo de
material (madeira balsa, fios de algodão, arame de aço, etc.);
3. O receptáculo da carga deve permitir a colocação de um cilindro que
possui 150 mm de diâmetro e 300 mm de comprimento;
4. Não é necessário prever a mudança de direção do barco a jato;
5. Na prova de desempenho, o percurso será em linha reta;
6. A propulsão deve ser feita exclusivamente pela reação ao jato;
7. Deve(m) existir manômetro(s) que comprovem a pressão interna do ar
nos reservatórios.
11

2. Introdução

2.1 Propulsão

Pode-se definir propulsão como o processo de alterar o estado de


movimento ou de repouso de um corpo em relação a um dado sistema de
referência.

Existem inúmeras maneiras de realizar a propulsão, seja por energia


liberada por intermédio de ligações químicas das moléculas empregadas
durante o processo; por energia elétrica armazenada em baterias; proveniente
de fontes renováveis, como a energia proveniente dos painéis solares ou ainda
por energia nuclear de reações de fissões nucleares, que consiste na
separação dos núcleos dos átomos, o que libera energia que pode ser utilizada
para tal aplicação.

Um corpo também pode ser propulsionado através de fontes de energia


internas, como é o caso de combustíveis armazenados em tanques, ou em
fontes externas a uma determinada pressão. Os meios de propulsão que são
utilizados para mover aviões, veículos espaciais, e submarinos, dentre outros.

Em nosso projeto, será utilizada a propulsão a jato de um fluido (ar) que


será armazenado sobre pressão em um reservatório.

2.1.1 História da Propulsão

Os motores a reação surgiram, como conceito, no primeiro século depois


de Cristo, quando Heron de Alexandria inventou o eolípila (Figura 1). Este
usava vapor direcionado através de dois tubos de modo a conseguir
movimentar uma esfera em seu próprio eixo.
12

Figura 1: Eolipila

O invento nunca foi utilizado como fonte de energia mecânica, e os


potenciais usos práticos da invenção de Heron não foram reconhecidos.
Simplesmente foi considerado como uma curiosidade.

A propulsão a jato, literalmente e figurativamente, pode ser levada a


sério com a invenção do foguete pelos chineses no século XI. Foguetes
inicialmente foram destinados a simples fins, como no uso de fogos de artifício,
mas gradualmente passaram a serem usados para propelir armamentos de
grande efeito moral. Neste ponto, a tecnologia estagnou-se por séculos.

No século XX, persistia o problema de que os motores a foguete eram


ineficientes para serem usados na aviação. Em seu lugar, por volta da década
de 1930, o motor a combustão interna em suas diversas formas (rotativos,
radiais, ar-refrigerados e refrigerados a água em linha) eram os únicos tipos de
motores viáveis para o desenvolvimento de aviões. Esses motores eram
aceitáveis em vista das baixas necessidades de desempenho exigidas, dado o
menor desenvolvimento dos meios técnicos.

Entretanto, os engenheiros estavam já a prever, conceitualmente, que o


motor a pistão era autolimitado em termos de desempenho. O limite é dado
essencialmente pela baixa eficiência da hélice. Isto se dá quando as lâminas
da hélice aproximam-se da velocidade do som. Se o desempenho do motor,
assim como a do avião, aumentasse sempre, mesmo com essa barreira, ainda
assim haveria a necessidade de se melhorar radicalmente o desenho do motor
a pistão ou um tipo completamente novo de motor teria que ser desenvolvido.
13

O motor a jato que foi inventado em 1937 por Frank Whittle, piloto de
testes da Força Aérea Real, era alimentado com combustível líquido e possuía
uma bomba de combustível acoplada ao motor. O protótipo de Whittle podia
propulsar 1.240 libras, uma fração da potência do jato moderno. Mesmo assim,
a invenção marcou uma dramática diferença nos motores de combustão interna
que impulsionavam os aviões mais rápidos da era.

Entretanto, por limitações técnicas iniciais sobre o controle da velocidade


do eixo do motor, o compressor necessitava ser muito grande para produzir o
nível de potência necessário. Uma desvantagem a mais foi o fato do fluxo de ar
ter que ser recurvado em direção à traseira do motor para a câmara de
combustão e bocal do motor.

O austríaco Anselm Franz, da divisão de motores da Junkers (Junkers


Motoren ou Jumo), resolveu estes problemas com a introdução do compressor
axial (Figura 2), essencialmente uma turbina invertida. O ar que entra na parte
dianteira do motor é levado para a seção traseira por uma ventoinha (dutos
convergentes) na qual é comprimido contra uma seção de lâminas não
rotativas chamadas estatores (dutos divergentes).

Figura 2: Compressor axial

Tal processo não é de modo algum tão potente quanto o compressor


centrífugo, de forma que um número de pares de estatores e ventoinhas são
colocados em série de modo a gerar compressão suficiente. Ainda que seja
muito mais complexo, o motor resultante tem um diâmetro significativamente
menor. Tal motor foi comercializado com o nome de Jumo 004.

Depois de se resolver muitas dificuldades técnicas, a produção em


massa do Jumo 004 iniciou-se em 1944, com vistas a equipar o primeiro avião
14

de combate à reação, o caça Messerschmitt Me 262 por conta de Hitler desejar


um novo bombardeio baseado na propulsão a jato. Após a Guerra, os aviões
Me 262 foram extensivamente estudados pelos aliados, contribuindo no
desenvolvimento dos primeiros caças a reação soviética e norte-americana.

2.1.2 Propulsão a jato

Propulsão a jato é a definição que se dá ao impulso gerado através da


força expelida por um motor através de um jato intenso de um fluido.

A terceira lei de Newton, também conhecida como princípio da ação e


reação, diz que toda força é o resultado da interação física de dois corpos
distintos, ou por partes distintas de um mesmo corpo. Isso significa que,
quando um determinado corpo aplica uma força sobre outro, recebe deste uma
força de mesma intensidade e direção, porém com sentido contrário.

Ou também pode ser definida da seguinte forma: sendo o nome dado a


uma força expelida por um motor ou reservatório através de um jato de um
determinado fluido, geralmente ar, que acaba gerando impulso para a
movimentação de um determinado corpo. A reação do jato acaba por retirar o
corpo da inércia.

Ou seja, quando um corpo A aplica uma força sobre um corpo B, recebe


deste uma força de mesma intensidade e mesma direção, porém de sentido
contrário. Elas possuem as seguintes características:
15

Figura 3: Princípio da Ação e Reação.

 Possuem a mesma característica, ou seja, são ambas de contato


ou de campo;
 São forças trocadas entre dois corpos;
 As forças não se equilibram e não se anulam, pois estão
aplicadas em corpos diferentes.

Com a utilização desse tipo de propulsão é possível alcançar altas


velocidades em intervalos de tempo pequenos, sendo muito empregados em
aeronaves.

Contudo, é de vital importância conhecer os princípios básicos do fluido


empregado durante a propulsão de um determinado objeto. A seguir,
estudaremos um pouco mais sobre esses princípios.

2.1.3 Funcionamento da Turbina a Jato

O ar que entra na turbina é "acelerado" por meio de uma reação


química, por meio de uma mistura entre o combustível e oxigênio, injetada na
câmara, e uma ignição. Dessa forma, o ar sai a uma velocidade maior, gerando
uma força que "empurra" o avião. Como a boca de saída da turbina é menor do
que a boca de absorção do ar, com a explosão criada na mistura pela ignição,
é gerada uma pressão. Essa pressão é o que ocasiona a força, que é
16

diretamente proporcional à vazão mássica de ar acelerado, e a diferença de


velocidade dele entre a entrada e a saída da turbina.

As turbinas aeronáuticas tomam emprestado o termo turbina, embora ele


não seja o mais apropriado. De fato, dentro de um motor aeronáutico, existe
um ciclo Brayton (ciclo termodinâmico ideal para o estudo de turbinas a gás)
completo, o que inclui um compressor, uma câmara de combustão e uma
turbina propriamente dita. Após a turbina ainda pode haver um pós-queimador
e um bocal convergente, ou convergente-divergente.

O ar admitido na turbina passa pelo compressor no qual sofre um


aumento de temperatura e pressão. Este ar comprimido é admitido numa
câmara de combustão, na qual, sua temperatura aumenta rapidamente num
processo isobárico. Na saída da câmara de combustão, os gases quentes e a
grande pressão são direcionados para uma turbina, normalmente de múltiplos
estágios e ligada ao compressor por um eixo. Nela parte da energia dos gases
é extraída para mover o compressor. Contudo os gases ainda saem com
grande temperatura e velocidade de modo a impulsionar o avião.

Figura 4: Descrição de uma Turbina


17

2.1.4 Aplicações da Propulsão a Jato

A utilização dos motores a jato é mais difundida na propulsão para a


aviação. Entretanto, há de se ressaltar a utilização em barcos movidos a
hidrojatos e a utilização de turbinas de reação em automóveis experimentais
para obtenção de recordes de velocidade.

2.2 Catamarã

Catamarã (do tâmil kattumaram sendo kattu, 'ligadura', + maram, 'pau') é


a designação dada a uma embarcação com dois cascos (vulgarmente
chamados "bananas"), com propulsão a ser definida, e que se destaca por sua
elevada estabilidade e velocidade em relação às embarcações mono casco.

Tal tipo de embarcação tem sua origem na polinésia, onde era usado
para facilitar a locomoção entre os arquipélagos que a compões. Quando os
navegadores europeus aí chegaram por mar, se surpreenderam com a grande
velocidade dos catamarãs.

Figura 5: Catamarã

O catamarã possui como vantagens um maior espaço de convés para


um mesmo comprimento e deslocamento, melhor estabilidade transversal, no
caso das embarcações a motor, uma superior capacidade de manobra devido à
propulsão dupla e uma boa eficiência para cascos longos e esbeltos.
18

2.3 Vasos de Pressão

Pode ser definido um vaso de pressão como equipamentos que contêm


fluidos sob pressão interna ou externa. Os vasos de pressão estão sempre
submetidos simultaneamente à pressão interna e à pressão externa. Mesmo
vasos que operam com vácuo estão submetidos a essas pressões, pois não
existe vácuo absoluto. O que usualmente denomina-se vácuo é qualquer
pressão inferior à atmosférica. O vaso é dimensionado, considerando-se a
pressão diferencial resultante que atua sobre as paredes, que poderá ser maior
interna ou externamente.

Figura 6: Vaso de Pressão.

Os vasos de pressão podem conter líquidos, gases ou misturas destes.


Algumas aplicações destes são: armazenamento final ou intermediário,
amortecimento de pulsação, troca de calor, contenção de reações, filtração,
destilação, separação de fluidos, criogenia, etc.

Para dimensionamento e instalação de um vaso de pressão utilizado em


unidades industriais, e outros estabelecimentos públicos ou privados, tais
como: hotéis, hospitais, restaurantes, dentre outros se deve seguir a norma
regulamentadora 13 (NR-13) que é aplicada a vasos de pressão instalados em
unidades.
19

3. Resistências dos Materiais

3.1 Treliças

Pode-se definir como treliça estruturas trianguladas, formadas por


elementos rígidos chamados de barras. Esses elementos encontram-se ligados
entre si por meio de articulações (nós) que se consideram, no cálculo
estrutural, perfeitas (sem qualquer consideração de atrito ou outras forças que
impedem a livre rotação das barras em relação ao nó). Na definição comum de
treliça as cargas são aplicadas somente nos nós, não havendo qualquer
transmissão de momento fletor entre os seus elementos, ficando assim as
barras sujeitas apenas a esforços normais/axiais/uniaxiais (alinhados segundo
o eixo da barra) de tração ou compressão.

Figura 7: Treliça Espacial

A aplicação de treliças pode ser observada em viadutos pontes


coberturas, piperacks, entre outros.

A denominação treliça plana deve-se ao fato de todos os elementos do


conjunto pertencerem a um único plano.

3.1.1 Treliças Simples

Possuem como características principais:

 No plano, são formadas a partir de um triângulo, adicionando-se duas


barras para cada nó.
20

 No espaço são formadas a partir de um tetraedro, adicionando-se três


barras para cada nó.
 Resolver uma treliça é determinar os esforços em cada barra.
 Após a determinação dos esforços externos.

3.1.2 Treliças Hipostáticas

Possuem como características principais:

Há também o caso que a treliça satisfaz a relação b = 2n – 3, mas é


estaticamente indeterminada, pela falta de um painel triangular, portanto falha
no esquema. Existem métodos diferentes para cálculo dos esforços e
dimensionamento das treliças, que são:

 Método dos Nós


 Método das barras
 Método das seções

3.1.2.1 Método dos Nós

No método dos nós impõe-se o equilíbrio de cada nó, como é feito na


estática de ponto, partindo-se do nó com menos incógnitas e passa-se ao nó
seguinte através da barra pelo princípio da ação e reação. Para „‟n‟‟ nós aplica-
se o método (n-1) vezes.

Este método é útil quando as barras não tem peso e não estão sujeitas
as forças entre as extremidades, pois nestes casos as forças suportadas pelas
barras estão ao longo das mesmas.
21

3.1.2.2 Método das Barras

Impõe-se o equilíbrio de cada barra e através das equações da estática,


determinam-se as forças nos nós. É o que deve ser aplicado quando a barra
estiver sujeita a forças não axiais entre as extremidades ou a momentos.

Para uma treliça no plano de n nós, sujeita a forças externas aplicadas


somente nos nós, temos:

2n = b + 3

No espaço a equação se modifica para:

3n = b + 3

3.1.2.3 Método das Seções

É um método derivado do método das barras no qual consiste em:

 Determinar as reações vinculares (apoios) da treliças e efetuar um corte


que passe por três barras desconhecidas.
 Admite-se que todas as barras sejam solicitadas a tração; assim, as
barras submetidas a tração são positivas e as submetidas a compressão
são negativas.
 Calculas a soma das forças verticais e horizontais e a soma dos
momentos das forças exteriores e nas barras em relação ao ponto de
interseção de duas forças desconhecidas. Impor assim condição de
equilíbrio nas condições, ou seja, somatória na.

3.2 Flambagem

A princípio, flambagem é um fenômeno que ocorre em peças esbeltas,


isto é, quando a área da seção transversal é muito pequena com relação ao
comprimento. A curvatura que acontece nessas barras quando sujeitas a uma
força de compressão axial é chamada de flambagem. A flambagem é
22

considerada uma instabilidade elástica, assim a peça pode perder sua


estabilidade sem que o material tenha atingido a sua tensão de escoamento. E
este colapso irá ocorrer sempre no eixo de menor momento de inércia de sua
seção transversal. A tensão crítica para ocorrer a flambagem, não é função da
tensão de escoamento do material, mas sim do modulo de Young.

Os sistemas mecânicos e estruturas em geral quando estão submetidos


a carregamentos, pode falhar de várias formas, o que depende principalmente
do material usado, do tipo de estrutura, das condições de apoio, entre outras
considerações. Quando se projeta um elemento, é necessário que ele satisfaça
requisitos específicos de tensão, deflexão e estabilidade.

Elementos compridos e esbeltos sujeitos a uma força axial de


compressão são chamados de colunas e a deflexão lateral que sofrem é
chamada de flambagem. Em geral a flambagem leva a uma falha repentina e
dramática da estrutura. Tipos de flambagem:

 Flambagem elástica
 Flambagem inelástica

Condições de equilíbrio:

 P < KL/4 → Estável


 P > KL/4 → Instável
 P = KL/4 → Equilíbrio neutro (carga crítica)

As três condições de equilíbrio são representadas na figura abaixo.

Figura 8: Condições de equilíbrios estável, instável e neutro.


23

Determinamos como carga critica a carga axial máxima que uma coluna
pode suportar antes de ocorrer a flambagem. E qualquer carga adicional
provocara a flambagem na coluna.

Pode ser definida também como a força de compressão atuante na barra


que promove alteração da forma de equilíbrio, ou seja, é a força de transição
entre dois equilíbrios estáveis.

A flambagem pode ser calculada através da seguinte equação:

Na qual:

 FAB = força da barra, em N;


 A = área da seção, em mm;
 σfl = tensão de flambagem, em N/mm2;
 s = coeficiente de segurança.

Na qual:

 E = módulo de elasticidade, em N/mm2;


 π = número adimensional “pi”, aproximadamente 3,1416;
 λ = coeficiente de esbeltez;
24

4. Princípios Básicos de um Fluido

4.1 Definição de Fluido

Antes de estudar os princípios básicos de um determinado fluido, sendo


que este se encontra estático ou em movimento (cinemático), é importante
definir o que é um fluido.

Atualmente, podem-se dar muitas definições sobre o significado de


fluido, contudo a mais elementar diz: fluido é uma substância que não possui
forma própria, ou seja, acaba por assumir a forma do recipiente no qual está
inserido.

Entretanto, na área de engenharia, necessita-se de uma definição mais


completa e formal do que se trata um fluido. Pode-se dizer então que fluido é
uma substância que se deforma continuamente sob a aplicação de uma tensão
de cisalhamento, por menor que esta seja.

Portanto, podemos considerar que os fluidos são os líquidos e os gases,


sendo que estes se distinguem do primeiro por ocuparem todo o recipiente.

Pode-se verificar esta diferença entre sólidos e fluidos, quando aplicado


uma força de cisalhamento em um determinado sólido, admite-se que este
permaneça em repouso (considerando que a força não seja suficiente para
causar a deformação plástica do material), enquanto o fluido continua se
deformando, conforme indicado na figura a seguir.

Figura 9: Fluido sofrendo força de cisalhamento


25

4.1.1 Sistemas de Unidades

Para se realizar os cálculos para o dimensionamento de projetos é


necessário antes de tudo se conhecer as unidades do projeto que iremos
utilizar. É importante salientar que, em muitos projetos, ocorrem falhas ou um
dimensionamento ruim devido ao fato dos mesmos terem sido calculados com
unidades de diferentes tipos.

4.1.2 Propriedades Termodinâmicas

4.1.2.1 Equação do gás perfeito

A pressão de um gás resulta da interação das moléculas, de uma


amostra gasosa, em constante movimento, com uma determinada superfície,
implicando um maior número de choques por unidade de superfície uma maior
pressão. Pode ser fornecida por:

Na qual:

 P = pressão (atm);
 V = volume (dm3 ou l);
 n = número de mols;
 R = constante dos gases ideais;
 T = temperatura absoluta.

4.1.2.2 Energia interna de um gás perfeito

A energia interna de um gás perfeito monoatômico corresponde a soma


das energias cinéticas médias de todas as suas moléculas e, pela lei de Joule
é fornecida por:
26

Na qual:

 U = energia interna do gás;


 EC = energia cinética;
 n = número de mols;
 R = constante dos gases ideais;
 T = temperatura absoluta.

4.1.3 Massa Específica

Consideremos uma porção de uma determinada substância homogênea


(pois todos os pontos dessa substância apresentam as mesmas propriedades)
e maciça. Essa porção possui massa e volume, então podemos verificar que a
razão entre sua massa e seu volume tem sempre um mesmo valor. A esse
valor constante chamamos de massa específica.

Sendo assim, a massa específica é característica de cada substância e


pode ser definida como sendo a razão entre a massa e o volume
correspondente. A massa específica é representada pela equação:

Na qual:

 ρ = massa específica;
 m = massa;
 V = volume.
27

4.1.4 Viscosidade

Viscosidade é o conceito físico que mede o atrito entre moléculas


enquanto os fluidos escoam. A viscosidade existe para fluidos líquidos e
gasosos (ou vapores), mas tende a ser maior nos líquidos. No caso dos
líquidos, a viscosidade tem origem na força de coesão das moléculas.

Ao iniciar seu movimento, as camadas de fluido correrão umas sobre as


outras, a diferentes velocidades entre si. A experiência demonstra que as
partículas mais afastadas das bordas têm velocidade maior que as outras. Na
verdade, é possível estabelecer uma curva que mostra a variação da
velocidade das diferentes camadas do fluido da borda até o centro do conduto.
A figura ilustra este fenômeno.

Figura 10: Esquema de variação de velocidade em dutos

Conforme podemos ver na figura, a velocidade da camada vizinha à


borda do conduto é zero e varia até o seu valor máximo, que corresponde à
camada do centro do conduto. A curva aonde as setas dos vetores das
velocidades chegam, geralmente, tem a forma aproximada de uma parábola e
é ela que descreve o perfil de velocidades do fluido no conduto.

Comportamento semelhante tem o ar que é impulsionado pelas pás de


um ventilador ou que são expelidos de um tubo. As moléculas que estão em
contato direto com as pás ou como tubo têm velocidade nula, enquanto a
velocidade das camadas mais afastadas tende a crescer até o limite imposto
pelo trabalho.
28

4.1.5 Tensão Superficial

Um líquido quando escoa de uma torneira quase fechada, o faz em


forma de pingos sucessivos que assumem formas características. Uma lâmina
de barbear, apesar de mais densa que a água, se cuidadosamente colocada,
pode flutuar na superfície. Estes fenômenos e muitos outros indicam que a
superfície de um líquido está sob tensão; daí o nome de Tensão Superficial.

A tensão superficial pode ser explicada pelas forças que agem nas
moléculas da superfície do líquido. Uma molécula que se localiza no interior do
líquido fica sujeita a forças intermoleculares de todas as moléculas
circundantes. A resultante destas forças intermoleculares será praticamente
nula permitindo o movimento das moléculas no interior do líquido.

. Na superfície, entretanto, havendo presença de um número muito


reduzido de moléculas acima dela, a resultante das forças intermoleculares
estará dirigida para o interior do líquido. Isto significa que o líquido procurará a
forma que apresente a menor superfície possível dentro das condições que lhe
são impostas

4.2 Estática dos Fluidos

4.2.1 Pressão

Anteriormente foi visto que uma força aplicada em uma determinada


superfície de um fluido pode ser decomposta em duas parcelas, uma
tangencial que origina as tensões de cisalhamento e uma normal que origina as
pressões.

Sendo assim, pode-se afirmar que pressão é a relação entre a força


normal que o fluido aplica em relação a uma área conhecida, como indicado na
equação abaixo:
29

Na qual:

 P = pressão;
 F= força normal do fluido;
 A= área.

É importante salientar também que, se o fluido está em repouso, à


pressão é a mesma em todos os pontos.

É importante também conhecer a Lei de Pascal que determina que “a


pressão aplicada em um ponto de um fluido em repouso transmite-se
integralmente para todos os pontos de um determinado fluido”, o que é de
extrema importância em problemas de dispositivos que transmitem ou ampliam
uma força através de pressão aplicada em fluido.

4.2.1.1 Medidores de Pressão

Também chamados de manômetros, utilizam técnicas diversificadas em


medidores com indicação e em transmissores. O principal tipo de medidor de
pressão é o manômetro do tipo Bourdon.

Figura 11: Manômetro metálico

Ele consiste em um tubo metálico de paredes finas, achatado – para


formar uma seção elíptica para formar um segmento de círculo. Uma
extremidade acha-se adaptada para a ligação com a fonte de pressão. A outra
está selada e pode se movimentar livremente. A pressão do tubo atua sobre a
30

seção elíptica, forçando-a a assumir a forma circular, ao mesmo tempo em que


o tubo tende a desenrolar.

Por serem estes movimentos de grandeza muito pequena, estes acabam


amplificados por um dispositivo formado por uma coroa e um pinhão, conforme
mostrado na Figura 12, o suficiente para girar o eixo de um ponteiro em redor
de uma escala graduada e calibrada em unidades de pressão.

Figura 12:Princípio de funcionamento do manômetro metálico bourdon

4.2.1.2 Unidades de Pressão

A pressão possui vários tipos de unidade. Os sistemas de unidades SI,


MKS, CGS, gravitacional e unidade do sistema de coluna de líquido são
utilizados tendo como referência a pressão atmosférica e são escolhidas
dependendo de alguns fatores como área de utilização, tipos de medida de
pressão e faixa de medição dentre outros.

4.2.1.2.1 Transformação de Pressão

Na seguir é demonstrada uma tabela que facilita a transformação de


unidades de pressão.
31

Tabela 1: Tabela de correlação de valores de pressão

Kgf/cm2 Lbf/pol2 Bar Pol Hg Pol H2O atm mm Hg mm H2O KPa

Kgf/cm2 1 14,233 0,981 28,96 393,83 0,9678 735,58 10003 98,066

Lbf/pol2 0,0703 1 0,069 2,036 27,689 0,068 51,71 70329 6,895

Bar 1,0197 14,504 1 29,53 401,6 0,9869 750,06 10200 100

Pol Hg 0,0345 0,4911 0,034 1 13,599 0,0334 25,399 345,40 3,3863

Pol H2O 0,022537 0,03609 0,00249 0,07348 1 0,0025 1,8665 25,399 0,2488

Atm 1,0332 14,696 1,0133 29,921 406,933 1 760,05 10335 101,32

mmHg 0,00135 0,01933 0,00133 0,03937 0,5354 0,0013 1 13,598 0,1333

mmH2O 0,0001 0,00142 0,00098 0,00289 0,03937 0,0001 0,07353 1 0,0098

KPa 0,010197 0,14504 0,01 0,29539 4,0158 0,0099 7,500062 101,998 1

Para realizar a transformação devemos verificar nas linhas a


propriedade que conhecemos o valor e verificamos na coluna a propriedade
que desejamos. A seguir, conseguimos descobrir o fator de multiplicação para
a transformação de pressão.

4.2.1.2.2 Escalas de pressão

A pressão medida pode ser representada pela pressão absoluta,


manométrica ou diferencial. A escolha de uma destas três depende do objetivo
da medição. A seguir será definido cada tipo, bem como suas relações e
unidades utilizadas para representá-las.

 Pressão Efetiva

Também conhecida como escala relativa, é a escala de pressão que


adota como zero a pressão atmosférica local, o que justifica a afirmação que
32

nesta escala existe: pressões negativas (depressões ou vácuos técnicos),


nulas e positivas.

Devemos salientar que a menor depressão possível é , que para


a escala absoluta, corresponderia ao vácuo absoluto.

Os aparelhos mais utilizados para a determinação da pressão efetiva


são: o piezômetro e o manômetro metálico.

 Pressão Atmosférica

É a escala numérica de pressão atmosférica local. O aparelho mais


comum que efetua leituras de pressão atmosférica, também denominada de
pressão barométrica, é o barômetro. A seguir encontra-se uma tabela com os
valores de pressão atmosférica em diferentes unidades ao nível do mar.

Tabela 2: Pressões atmosféricas ao nível do mar

Unidade Valor

Kgf/cm2 1,0335

mmHg 760,05

Bar 1,0133

MPa 0,10135

Este tipo de pressão é importantíssimo, pois é através da pressão


absoluta é que conseguimos encontrar dados em tabelas tais como energia
interna a uma determinada pressão ou o volume específico de um determinado
fluido.
33

 Pressão Absoluta

É a escala de pressão que adota como zero o vácuo absoluto, o que


justifica a afirmação que nesta escala só existe pressões positivas,
teoricamente poderíamos ter a pressão igual a zero, que representaria a
pressão do vácuo absoluto.

Esta é realmente a única escala física de pressão e para diferenciá-la


usa-se o sufixo “abs” antes do símbolo de pressão. Pode-se concluir então que:

Na qual:

 Pabs= pressão absoluta;


 Patm= pressão atmosférica;
 Pef= pressão efetiva.

4.2.2 Empuxo

Quando um determinado objeto encontra-se imerso em um fluido, ou


flutuando em uma superfície, conforme indicado na Figura 13, existe uma força
líquida vertical agindo sobre ele devido a pressão do líquido sobre o corpo.
Esta relação é chamada de empuxo e foi utilizada por Arquimedes no ano de
220 a.C para determinar o teor de ouro na coroa do rei Hierro II da Espanha.

Figura 13: Corpo imerso em fluido em repouso


34

O princípio de Arquimedes diz que: “todo corpo imerso em um fluido


sofre ação de uma força (empuxo) verticalmente para cima, cuja intensidade é
igual ao peso do fluido deslocado pelo corpo.” Portanto, pode-se considerar
que:

Na qual:

 Mf = massa de fluido deslocado;


 ρf = densidade de fluido;
 Vf = volume de fluido deslocado.

Sabendo que o módulo do empuxo é igual ao módulo do peso, pode-se


dizer que:

Na qual:

 E= empuxo;
 Mf = massa de fluido deslocado;
 g = gravidade.

Para se calcular a intensidade da ação do empuxo existe uma pequena


relação entre o empuxo e a densidade do líquido no qual o corpo está emerso.
Pode-se concluir que:
35

Nas aplicações técnicas mais correntes, o empuxo é bastante utilizado e


empregado no projeto de embarcações, peças flutuantes e equipamentos
submersíveis.

4.2.3 Flutuabilidade

As forças que agem em um corpo total ou parcialmente submerso em


repouso são o seu peso, cujo ponto de aplicação é o centro de gravidade do
corpo e o empuxo, cujo ponto de aplicação é o centro de carena, também
conhecido como metacentro.

Suponha-se um corpo em equilíbrio. Aplique uma força pequena nesse


corpo. É evidente que, se ele estava em equilíbrio, a aplicação dessa força
isolada fará com que se desloque em relação à posição inicial. Quando a força
é retirada, durante um intervalo de tempo pequeno podem ocorrer três coisas.

1. O corpo retorna a sua posição de equilíbrio;


2. O corpo afasta-se cada vez mais da sua posição de equilíbrio;
3. O corpo permanece indiferente à força.

A análise de estabilidade no caso de barcos ou flutuadores reduz-se a


estabilidade vertical e de rotação, já que para os deslocamentos horizontais o
equilíbrio é indiferente. Contudo, como em nosso projeto a barco irá se
movimentar em uma trajetória retilínea pode-se desconsiderar e estabilidade
rotacional.

4.2.4 Estabilidade

4.2.4.1 Corpo Totalmente Submerso

Se o corpo estiver totalmente submerso, o volume deslocado será


sempre o mesmo. Contudo, como no projeto o barco não afundará totalmente,
este não pode ser considerado.
36

4.2.4.2 Corpo Parcialmente Submerso

Ao deslocar um corpo para baixo, o empuxo aumenta o que ocasiona


uma situação onde:

Ao retirar a força que causa o deslocamento, o flutuador sobe para que


novamente ocorra o equilíbrio entre o peso e o empuxo sofrido pelo corpo.
Então, pode-se notar que este processo ocorre de maneira cíclica, portanto
pode-se concluir que, referentes a deslocamentos verticais, os barcos e
flutuadores possuem um equilíbrio estável, ou seja, o corpo sempre acaba
retornando a posição inicial.

4.2.5 Compressibilidade

Uma das propriedades importantes para o projeto é sobre a facilidade da


variação de volume de uma determinada massa de fluido, ou seja, a sua massa
específica, pelo aumento da pressão. A propriedade que é utilizada para
determinar tal fenômeno é denominada compressibilidade, também conhecida
como módulo de elasticidade volumétrico.

Sua unidade no sistema internacional é o Pascal (N/m2). Normalmente


um fluido é denominado incompressível quando seu módulo de elasticidade
volumétrico é grande, ou seja, quando é necessária uma grande variação
depressão para determinar uma pequena porcentagem de fluido. Tais fluidos
são encontrados normalmente no estado líquido, portanto em problemas de
engenharia podem-se ser considerados de maneira incompressível. O mesmo
não acontece nos gases, portanto é necessário estudar tal propriedade se o
reservatório armazena fluido no estado gasoso para a geração de movimento.

Existe uma relação entre a pressão em que o gás se encontra com sua
massa específica caso o processo ocorra sem atrito e o calor não é transferido
do gás para o meio. Considerando isso, pode-se escrever:
37

Na qual:

 P = pressão absoluta do fluido;


 ρ = massa específica do fluido;
 k = constante que relaciona a razão entre o calor específico a pressão
constante e calor específico a volume constante.

A Tabela 3 relaciona os gases mais utilizados em compressibilidade e a


razão entre os calores específicos:

Tabela 3: Propriedades Físicas dos Gases

Gases Razão entre Massa Específica


Calores Específicos (kg/m3)

Ar (padrão) 1,4 1,23

Dióxido de carbono 1,3 1,83

Hélio 1,66 1,66 * 10-1

Hidrogênio 1,41 8,38 * 10-2

4.3 Cinemática dos Fluidos

4.3.1 Regime Permanente e Variado

Regime permanente, também conhecido como estacionário, é aquele


em que as propriedades do fluido são invariáveis em cada ponto com o passar
do tempo. Pode-se perceber que pode existir variação das propriedades do
fluido entre pontos, porém para ser considerado um regime permanente não
pode haver tais variações em relação ao tempo.
38

Figura 14: Esquema de Regime Permanente

Deve-se considerar também que, no exemplo da Figura 149, os valores


de vazão devem ser os mesmos para a caracterização de um regime
permanente

Já o regime variado é onde ocorre justamente o contrário, ou seja, é


aquele onde as propriedades do fluido variam como passar do tempo. Se no
exemplo da figura X não houvesse fornecimento de fluido, o regime seria
considerado variado. Ou seja:

Figura 15: Esquema de Regime Variado

4.3.2 Escoamento Laminar e Turbulento

Pode-se considerar escoamento laminar aquele em que as partículas se


deslocam em lâminas individualizadas sem troca de massa entre elas. Tal tipo
de escoamento é pouco comum na prática e pode ser observado eu um flerte
de água de uma torneira pouco aberta.
39

Já o escoamento turbulento é aquele em que as partículas se deslocam


em um movimento aleatório macroscópico, porém com componente de
velocidade transversal em relação ao movimento geral do fluido.

4.3.3 Vazão

A medição de vazão de fluidos sempre esteve presente em nosso


cotidiano. Por exemplo, o hidrômetro de uma residência, o marcador de uma
bomba de combustível nos veículos, etc.

Vazão pode ser definida como sendo a quantidade volumétrica ou


mássica de um fluido que escoa através de uma seção de uma tubulação ou
canal por unidade de tempo.

Vazão: também conhecida como vazão volumétrica, é definida como


sendo a quantidade em volume que escoa através de certa secção em um
intervalo de tempo considerado. As unidades de vazão mais comuns são: m3/s,
m3/h, l/h, l/min, GPM (galões por minuto) dentre outras. Podemos utilizar a
seguinte fórmula:

Na qual:

 Q = vazão;
 V = volume;
 t = tempo.

Já a vazão mássica pode ser definida como sendo a quantidade em massa


de um fluido que escoa através de certa secção em um intervalo de tempo
considerado. As unidades de vazão mássica mais utilizadas são: kg/s, kg/h, t/h,
lb/h. Esta pode ser caracterizada como:
40

Na qual:

 Qm = vazão mássica;
 m = massa;
 t = tempo.

4.4 Arraste e Sustentação

O arrasto hidrodinâmico é caracterizado por uma força externa que atua


sobre o corpo do nadador, com a mesma direção mas com o sentido oposto ao
seu deslocamento, pelo que, quanto menor for a sua intensidade maior será a
velocidade de deslocamento se todas as outras condições se mantiverem
constantes.

A intensidade de arrasto depende de um conjunto de fatores, dos quais


se destacam as características associados à equação abaixo:

Na qual

 FD = força de arraste;
 CD = coeficiente de arraste;
 ρ = massa específica do fluido que o corpo está em contato;
 v = velocidade;
 A = área frontal de um corpo.

Sendo o coeficiente de arraste uma constante que é determinada pelo


formato da área frontal do corpo, pode-se determinar sua constante em relação
ao comprimento pelo diâmetro.

É importante dizer que a área encontrada é referente a área frontal que


entra em contato com o fluido, no nosso caso a água, conforme a figura abaixo:
41

Figura 16: Comparação entre áreas de diferentes carros.

Vale salientar que, se o corpo fosse assimétrico o mesmo ainda


possuiria uma força normal ao corpo denominada de sustentação. Porém,
como em nosso caso o flutuador é simétrico tal força é inexistente a pressão
atmosférica ou desprezível se o flutuador for pressurizado e houver uma
pequena assimetria entre os lados do flutuador devido à deformação originada
no mesmo.
42

5. Propriedades do Material

Neste trabalho será montado um barco com propulsão a ar, para a


montagem e um bom funcionamento devemos estar cientes de alguns tópicos
como:

5.1 Módulo de Elasticidade

Todo material apresenta dois tipos de comportamento ao ser deformado,


a deformação plástica que é aquela em que, o material, depois de submetido a
esforços, não retorna ao seu estado original, apresenta uma deformação
permanente e a deformação elástica que é aquela deformação que um
determinado material está sujeito, porém com a capacidade de retornar ao seu
estado original.

A relação entre tensão e deformação no regime elástico também é


conhecida como “Lei de Hooke”. É importante ressaltar que a Lei de Hooke é
valida apenas na região de proporcionalidade. Na prática, como é difícil
distinguir o limite de proporcionalidade do limite de elasticidade é usual utilizar
o limite elástico do material.
43

Figura 17: Diagrama Tensão x Deformação

No gráfico assim esse trecho pode ser visto a partir do início até o ponto
de limite de escoamento (verde), a equação correspondente a esse trecho
pode ser escrita como:

Onde k é uma constante entre tensão e deformação que recebe o nome


de módulo de elasticidade, também conhecido como módulo de rigidez, e é
representado pela letra E , portanto a equação pode ser escrita como
44

5.2 Coeficiente de Poisson

Quando uma barra prismática é carregada em tração, o alongamento


axial é acompanhado por uma contração lateral (isto é, contração normal à
direção da carga aplicada). Essa mudança na forma está ilustrada na Ilustração
abaixo, onde a parte (a) mostra a barra antes do carregamento e a parte (b) a
mostra após o carregamento. Na parte (b) as linhas pontilhadas representam a
forma da barra antes do carregamento.

Figura 18: Ilustração do Coeficiente de Poisson

As mudanças nas dimensões laterais dos metais são pequenas para


serem vistas, porem podem ser detectadas com o uso de aparelhos sensíveis.

Em qualquer ponto da barra a deformação lateral é proporcional ao seu


alongamento, a razão dessas deformações é uma propriedade do material
conhecido como coeficiente de Poisson.

5.3 Mapas de seleção

Os mapas de seleção relacionam dois grupos de propriedades


relevantes ao projeto de um componente e desta forma podemos iniciar mais
rapidamente o processo de seleção dos materiais.
45

Figura 19: Mapa de seleção resistência x densidade

No mapa acima podemos perceber que cada grupo contém subgrupos


para especificar o melhor material. Tal mapa foi desenvolvido por Ashby para
facilitar a escolha do subgrupo que melhor desempenha o processo escolhido e
determinado pelo projeto. Estes são influenciados por algumas propriedades
físicas e mecânicas tais como:

 Módulo de Elasticidade;
 Massa específica;
 Tenacidade a fratura;
 Coeficiente de expansão térmica.
46

6. Memorial de Cálculos

Para o desenvolvimento de qualquer projeto que envolva a área de


engenharia, é necessário realizar os cálculos que determinam algumas
propriedades e características do material a ser utilizado. A seguir, será
analisado algumas dessas características e o método utilizado para sua
determinação.

6.1 Cálculos do Coeficiente de Segurança da Treliça

Para conseguir a determinação do coeficiente de segurança, é


necessária a determinação da tensão presente na treliça, que é a tensão de
flambagem:

Consultando as propriedades do material utilizado na treliça, deve-se


conhecer algumas propriedades do material. Assim sendo, encontramos os
seguintes valores:

Tabela 4: Propriedades do aço AISI 1020


47

Contudo, não conhecemos o coeficiente de esbeltez da barra estudada.


Todavia, pode-se utilizar a seguinte equação para sua determinação:

Descobrindo a esbeltez da barra, é possível a determinação da tensão


de flambagem:

Para a determinação do coeficiente de segurança, é necessária fazer


uma relação entre o coeficiente de segurança, a tensão de flambagem e a
tensão de escoamento tabelada de acordo com a tabela 4:

6.2 Cálculos da Treliça do Barco

Para a determinação de algumas propriedades da treliça espacial


utilizada no projeto, é necessária a utilização dos conhecimentos sobre
flambagem para a determinação dentre outras especificações do comprimento
48

da barra presente dentro da treliça. Contudo, devemos antes conhecer as


reações de apoio das barras.

A fim de realizar a determinação, pode-se observar que, no projeto, o


peso do corpo situa-se entre duas treliças idênticas equidistantes uma da outra
com intervalo de 110 mm entre elas, conforme esquematizado abaixo:

Figura 20: Vista superior da estrutura

Sendo assim, a força que atuará em cada uma das treliças será a
mesma e será a metade do peso do corpo, que será de 7 kg. Portanto cada
treliça terá de suportar, no mínimo 35N para garantir que a mesma não entre
em ruína.

Portanto, pode-se dizer que:


49

Conhecendo o ângulo formado pelas treliças, é possível a determinação


das componentes que a treliça em questão consegue suportar utilizando o
método dos nós de acordo com o item 3.1.2.1 de acordo com a figura abaixo:

Conclui-se então que as forças das barras estudadas que formam a


treliça possuem o mesmo valor numérico.

Sando que as barras possuem o mesmo valor numérico:


50

Logo, como obtivemos um valor positivo para ambas as barras, ou seja,


seu resultado foi maior que zero, ambas sofrem um esforço de compressão.
Portanto, pode ocorrer a flambagem.

Utilizando a equação descrita no item 3.2:

Sabendo que a barra da treliça é de seção circular e possui o diâmetro e


1/4”, podemos determinar a área da seção.

Conhecemos também que:

Pode-se escrever:

Assim conclui-se que a treliça projetada irá suportar a carga solicitada no


projeto sem que a mesma entre em ruína.
51

6.3 Cálculos de Pressão Utilizada

Utilizando os dados fornecidos por experiências anteriores, consegue-se


obter as seguintes tabelas:

Garrafa 1

Tabela 5: Propriedades Iniciais da Garrafa 1

Diâmetro
100
inicial (mm)

Espessura
0,4
(mm)

Tabela 6: Variação de Pressão x Diâmetro da garrafa 1

Diâmetro
Pressão (MPa)
(mm)
0,2 105,5
0,4 106
0,6 107
0,7 107,7
0,8 108
0,9 109
0,92 Ruptura

E, com estes dados pode-se traçar o gráfico que relaciona a variação de


diâmetro com a pressão necessária para causar tal deformação.
52

Diagrama ∆d x p y = 4,9118x + 4,2529


R² = 0,965
10

Variação de diâmetro (mm)


9
8
7
6
5
4
3
2
1
0
0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1
Pressão Efetiva (MPa)

Gráfico 1: Diagrama ∆d x p da garrafa 1

Também é possível determinar as tensões limites para cada ponto


encontrado, bem como a média dos valores encontrados.

Tabela 7: Determinação das tensões da garrafa 1.

p ∆d ⱷ1 ⱷ2 ⱷe
d (mm)
(MPa) (mm) (MPa) (MPa) (MPa)
0,2 105,5 5,5 26,375 13,188 22,841
0,4 106 6 53,000 26,500 45,899
0,6 107 7 80,250 40,125 69,499
0,7 107,7 7,7 94,238 47,119 81,612
0,8 108 8 108,000 54,000 93,531
0,9 109 9 122,625 61,313 106,196
Média 80,748 40,374 69,930

Garrafa 2
Tabela 8: Propriedades iniciais da garrafa 2.

Diâmetro
95
inicial (mm)
Espessura
0,4
(mm)
53

Tabela 9: Variação de pressão x diâmetro da garrafa 2.

Diâmetro
Pressão (MPa) (mm)
0,1 99,0
0,2 99,0
0,3 99,5
0,4 99,5
0,5 99,5
0,6 100
0,7 100,6
0,8 101,0
0,9 102,0
1 104,0
1,2 Ruptura

E, com estes dados pode-se traçar o gráfico que relaciona a variação de


diâmetro com a pressão necessária para causar tal deformação.

Diagrama ∆d x p y = 4,6848x + 2,8333


R² = 0,8073
10
Variação de diâmetro (mm)

9
8
7
6
5
4
3
2
1
0
0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1
Pressão Efetiva (MPa)

Gráfico 2: Diagrama ∆d x p da garrafa 2

Também é possível determinar as tensões limites para cada ponto


encontrado, bem como a média dos valores encontrados.
54

Tabela 10: Determinação das tensões da garrafa 2

p ∆d ⱷ1 ⱷ2 ⱷe
d (mm)
(MPa) (mm) (MPa) (MPa) (MPa)
0,1 99,0 4,0 12,375 6,188 10,717
0,2 99,0 4,0 24,750 12,375 21,434
0,3 99,5 4,5 37,313 18,656 32,314
0,4 99,5 4,5 49,750 24,875 43,085
0,5 99,5 4,5 62,188 31,094 53,856
0,6 100 5,0 75,000 37,500 64,952
0,7 100,6 5,6 88,025 44,013 76,232
0,8 101,0 6,0 101,000 50,500 87,469
0,9 102,0 7,0 114,750 57,375 99,376
1 104,0 9,0 130,000 65,000 112,583
Média 69,515 34,758 60,202

Garrafa 3
Tabela 11: Propriedades iniciais da garrafa 3

Diâmetro
90
inicial (mm)

Espessura
0,4
(mm)

Tabela 12: Variação de pressão x diâmetro da garrafa 3

Diâmetro
Pressão (MPa) (mm)
0,6 91
1,0 92
1,7 96
1,75 Ruptura

E, com estes dados pode-se traçar o gráfico que relaciona a variação de


diâmetro com a pressão necessária para causar tal deformação.
55

y = 4,6774x - 2,1452
Diagrama ∆d x p R² = 0,9689
7,0

Variação de diâmetro (mm) 6,0

5,0

4,0

3,0

2,0

1,0

0,0
0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 1,2 1,4 1,6 1,8
Pressão Efetiva (MPa)

Gráfico 3: Diagrama ∆d x p da Garrafa 3

Também é possível determinar as tensões limites para cada ponto


encontrado, bem como a média dos valores encontrados.

Tabela 13: Determinação das tensões da garrafa 3

p ∆d ⱷ1 ⱷ2 ⱷe
d (mm)
(MPa) (mm) (MPa) (MPa) (MPa)
0,6 91 1 68,250 34,125 59,106
1,0 92 2 115,000 57,500 99,593
1,7 96 6 204,000 102,000 176,669
Média 129,083 64,542 111,789

Procurando os valores tabelados do politereflalato de etileno, conclui-se


que existe um valor mínimo e máximo para o material utilizado, assim sendo
encontramos os seguintes valores:
56

Tabela 14: Tensões e Módulo de Elasticidade da garrafa PET

Na figura acima, obtemos os valores mínimos e máximos para o módulo


de elasticidade, bem como um valor médio dentre os encontrados normalmente
em componentes feitos deste material. Portanto:

Conhecendo o módulo de elasticidade, também é possível descobrir o


coeficiente de Poisson utilizando a seguinte fórmula:

Na qual:

= variação de diâmetro (mm);

= pressão (N/mm2);

= diâmetro inicial da garrafa (mm);

= espessura da garrafa (mm);

= módulo de elasticidade (N/mm2);

= coeficiente de Poisson (adimensional).


57

Desenvolvendo a equação, pode-se obter:

A relação entre a variação do diâmetro em relação a pressão é o


coeficiente angular da reta média encontrada com os pontos obtidos
experimentalmente. Pode-se dizer então que, na garrafa 1:

Como o diâmetro inicial e a espessura inicial são constantes durante o


processo, pode-se considerar:

Aplicando a distributiva:

Para realizar a subtração dos termos presentes dentro dos parênteses é


necessário descobrir o mínimo múltiplo comum, também conhecido como
M.M.C., pois para a realização de uma subtração de fração é necessário os
denominadores serem iguais.
58

Utilizando os valores de diâmetro inicial, espessura da garrafa e o


módulo de Elasticidade, é possível determinar o coeficiente de Poisson das três
garrafas estudadas

Substituindo os valores conhecidos, pode-se dizer que:

Procurando os valores tabelados para o politereflalato de etileno, foi


encontrado:
59

Tabela 15: Coeficiente de Poisson para a garrafa PET

Sendo assim, é possível determinar a média e o desvio padrão para o


coeficiente de Poisson:

Sendo assim, pode-se determinar o erro do ensaio utilizando a seguinte


equação:

Para a determinação da pressão presente na garrafa, é necessário


comparar o valor da tensão de escoamento do material a ser utilizado, ou seja,
da garrafa PET e comparar com a tensão de escoamento (Tensile Strength,
Yield) encontrada na tabela 14.

Observando a tabela que relaciona as tensões atuantes na garrafa,


pode-se perceber que a tensão varia de acordo com a pressão, portanto
conclui-se que pode ser facilmente encontrado os valores das pressões para
cada uma das garrafas. Porém, para obter tal valor será necessário realizar
uma interpolação entre os valores encontrados nas tabelas abaixo:
60

P (MPa)
(MPa)

0,4 45,899

57,5

0,6 69,499

P (MPa)
(MPa)

0,5 53,856

57,5

0,6 64,952
61

P (MPa)
(MPa)

0 0

57,5

0,6 59,106

O mesmo pode ser realizado para a determinação da pressão limite


onde ainda é válida a deformação elástica.

P (MPa)
(MPa)

0,6 69,499

76,2

0,7 81,612
62

P (MPa)
(MPa)

0,6 64,952

76,2

0,7 76,242

P (MPa)
(MPa)

0,6 59,106

76,2

1,0 99,593

Sabendo a pressão limite suportada pela garrafa, pode-se determinar a


pressão utilizada no projeto, que é de 60% da pressão limite da garrafa. Porém,
se esta pressão for maior que a pressão de escoamento da garrafa, não pode
utilizá-la por razões de segurança.
63

Como o valor encontrado é menor do que a pressão de escoamento do


material pode-se utilizar os valores encontrados acima para a determinação da
pressão interna da garrafa.

Contudo, o manômetro metálico utilizado no projeto tem como unidade


padrão o quilograma força por centímetro quadrado (kgf/cm 2), sendo assim
necessário converter a pressão encontrada acima. Utilizando a Tabela 1, temos
uma constante de multiplicação para a transformação de unidades.
64

6.4 Volume de ar presente em uma garrafa

Como foi descrito do item 4.2.5 existe uma variação no volume de ar no


reservatório, pois o ar é considerado um fluido compressível. Portanto é valida
a expressão:

Pode-se dizer que, de acordo com a Tabela 2 determina-se a pressão e


a massa específica inicial, que é a pressão atmosférica. E, de acordo com a
Tabela 3 se determina a constante de compressibilidade de um determinado
gás.

Para a determinação de uma pressão final é necessário a transformação


da mesma em absoluta, tendo assim que somar a pressão calculada no item
6.1 o valor da pressão inicial, conforme o item 4.2.1.2.2. Também vale salientar
que a pressão varia de acordo com a garrafa utilizada. Contudo, como foi
determinada uma pressão de trabalho de 0,4 MPa, consideramos tal pressão
para o cálculo.

Agora se pode encontrar a massa específica presente na garrafa


utilizando a equação do item 4.2.5.
65

Considerando que a variação do volume do reservatório é desprezível,


pode-se determinar o volume de ar através da relação entre as massas
específicas do fluido estudado e os volumes dos fluidos presentes na garrafa.

A título de informação, podemos fazer os cálculos se utilizássemos a


pressão válida para a garrafa 2:
66

Este dado é primordial, pois uma das limitações para a movimentação


do barco é a quantidade de ar que o mesmo armazena para sua
movimentação. Pode-se concluir então que, quanto maior a relação entre a
massa específica e a compressibilidade do fluido melhor seria a aplicação do
mesmo em nosso projeto.

6.5 Cálculos de flutuabilidade do barco

Utilizando os conhecimentos descritos anteriormente no item 4.2.2 pode-


se dizer que:

Sendo que a variável E determina a massa de fluido deslocada em N,


podemos estimá-la através da razão da massa do barco com a constante da
gravidade. Portanto, podemos determinar o volume de fluido deslocado.

E = 120N (peso estimado)

Portanto, será necessário deslocar um volume de 12,23*10-3 m3 ou 12,


litros de água para promover um empuxo que faça flutuar nosso barco.

Vamos agora calcular o volume de cada garrafa de 3 litros para enfim


descobrirmos quantas garrafas serão necessárias para nossa embarcação
67

flutuar. Sabemos que para calcular o volume de um cilindro devemos utilizar a


seguinte equação:

Considerando como flutuador uma garrafa de 2 litros, possuímos:


Para finalizar, vamos dividir o volume necessário pelo volume de cada


garrafa, e encontrar a quantidade necessária de garrafas para o flutuador.

Portanto, devem ser utilizadas quatro garrafas para promover a


flutuabilidade do barco. Também deve ser observado que as mesmas devem
ser pressurizadas, pois sofrem esforços dos demais componentes e, sendo
assim podem sofrer compressão, o que diminuiria seu volume e,
conseqüentemente aumentaria o número de garrafas para flutuabilidade do
barco.

6.6 Cálculos para determinação da força

Como foi visto anteriormente, o ar é um fluido compressível e, em nosso


projeto é imprescindível conhecermos a força mínima necessária para a
movimentação do barco. Então se deve utilizar algumas equações e definições
para conseguir os determinar.

Primeiramente, devemos observar a equação da energia interna de um


determinado fluido para conhecermos a energia interna que um determinado
fluido, em nosso caso o ar, pode armazenar em um reservatório.
68

Então se pode perceber que não conhecemos a temperatura interna do


ar no reservatório. Então devemos utilizar a equação do gás perfeito para
descobrir a temperatura para substituir na equação da energia interna.

É importante salientar que o volume será a quantidade de ar presente


em uma garrafa multiplicado pela quantidade de garrafas.

Conhecendo-se que a energia interna é a relação entre o trabalho


realizado e a massa do fluido estudado, pode-se determinar a força do jato de
ar do projeto usando uma regra de três simples utilizando as grandezas
envolvidas. Sendo conhecido o volume do projeto e a massa específica do ar
comprimido calculado no item 6.4 Pode-se dizer:
69

Conhecendo o trabalho, basta agora utilizar a equação que diz que


trabalho é igual a força pelo deslocamento para determinar a força fornecida
pelo sistema.

Contudo, deve-se observar que a quantidade de ar não pode acabar


enquanto o barco cumpre o trajeto estipulado durante a corrida, que é a
distância de 50 metros. Por isso que, durante os cálculos não se deve utilizar a
distância como apenas 50 metros, pois o barco pode não andar em linha reta e
deve possuir uma segurança de, no mínimo 4%.

Considerando uma situação prática, o barco anda em uma trajetória


linear, porém não perpendicular com a base da piscina. Supondo que o mesmo
atravesse três raias, conforme a figura a seguir se pode considerar:
70

Figura 21: Vista Superior de uma Piscina Olímpica


71

6.7 Cálculos para determinação da velocidade e área do jato

No item descrito anteriormente, pode-se determinar a força do jato de ar


do projeto. Contudo, tal força deve ser maior do que a força de arraste do barco
para que exista o movimento do mesmo. Para segurança do projeto, é
necessário que tal força de arraste seja, no mínimo, 20% menor do que a força
calculada devido ao fato do coeficiente de arraste é um número oriundo de uma
integral dupla aproximada e ao fato de ter sido desconsiderado a força de
arraste que ar exerce sobre o barco, pois seu peso específico pode ser
desconsiderado desprezível em relação ao da água.

Sendo FD = 0,8 * F, é possível determinar a velocidade do jato:

Conhecendo a pressão e a força, podemos utilizar as equações da


quantidade de movimento descritas anteriormente no item 4.3.4 Parta a
determinação da área do jato mínima necessária para a movimentação do
barco, utilizando a quantidade de ar necessária para tal movimentação sem
que o mesmo acabe no final da corrida, pois o combustível não pode acabar
durante o percurso do trajeto. Portanto:
72

Ao realizar tal dimensionamento, pode-se perceber que existe uma


relação entre a energia interna com a pressão. Portanto, como a pressão
interna do reservatório varia de acordo com o tempo, pois o mesmo está sendo
expelido e não pode ser considerado como um reservatório de grandes
dimensões, as demais grandezas e, principalmente a velocidade irá variar de
acordo com a pressão.

20

18

16

14
Velocidade (m/s)

12

10

0
4 3,8 3,6 3,4 3,2 3 2,8 2,6 2,4 2,2 2 1,8 1,6 1,4 1,2 1 0,8 0,6 0,4 0,2 0

Pressão (kgf/cm²)

Nota-se que, quando a pressão chegar a zero, existirá ainda uma


determinada velocidade. Tal fenômeno é explicado pela própria definição de
fluido, conforme descrita no item 4.1 que diz: fluido é uma substância que se
deforma continuamente sob a aplicação de uma tensão de cisalhamento, por
menor que esta seja. Então, como existe uma força, ainda existirá um
deslocamento até o arraste da água presente no barco provocar seu repouso.

Sendo assim, é possível a determinação da velocidade média durante o


trajeto utilizando o recurso do sistema Excel que foi utilizado no projeto.
73

Conhecendo a velocidade média e a distância, pode-se determinar o intervalo


de tempo estimado para o barco percorrer os 50 metros.

Conhecendo o intervalo de tempo e o volume de ar do reservatório,


também é possível a determinação da vazão média utilizada durante o
determinado trajeto. Utilizando como base o item 4.3.3:

Contudo, é importante salientar que os valores encontrados acima são


valores teóricos, sem contar nenhuma falha no sistema ou vazamento. Por isso
tais valores provavelmente não irão condizer com os valores no dia da
competição.
74

7. Conclusão

Dentro do que foi estipulado neste projeto, foram obtidos bons


resultados, pois foi pensada com certa antecedência grande parte dos
detalhes, especialmente do trabalho em escrito e do dimensionamento do
barco. De qualquer forma, temos alguns pontos que poderiam melhorar o
desempenho de nosso barco com propulsão a ar.
75

8. Referências Bibliográficas

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Mecânica. Módulo II. 2º Semestre 2013 – Universidade Santa Cecília.

Willy Ank de Morais – Notas de Aula Propriedades e Ensaios Mecânicos dos


Materiais para Engenharia Mecânica. 2º Semestre 2013 – Universidade Santa
Cecília.

José Gabriel França Simões – Notas de Aula Mecânica dos Fluidos para
Engenharia Mecânica. Módulo I. 2º Semestre 2012 – Universidade Santa
Cecília.

José Gabriel França Simões – Notas de Aula Mecânica dos Fluidos para
Engenharia Mecânica. Módulo II. 1º Semestre 2013 – Universidade Santa
Cecília.

João Maria de Freitas – Notas de Aula Mecânica Geral para engenharia


Mecânica. 2º Semestre 2011 – Universidade Santa Cecília.

BEER; Ferdinand P., JOHNSTON JR; E. Russell. – Resistência dos Materiais


3a Edição Pearson Makron Books – 2008.

FOX; Robert W., MCDONALD, Alan T., MELO; Alexandre Matos de Souza,
PRITCHARD; Philip J. – Introdução à mecânica dos fluídos. Edição LTC –
2010.

WHITE, Frank M. – Fluid mechanics. – McGraw Hill – 2008.

BRUNETTI, Franco – Mecânica dos fluidos – Pearson – 2008.

HIBBELER; R. C, MARQUES; Arlete Simille – Resistência dos Materiais –


Pearson – 2010.

BEER; Ferdinand P., JOHNSTON JR.; E. Russell, DEWOLF; John T.,


FECCHIO; Mário Moro – Resistência dos materiais – 2006.

BORGNAKKE; Claus, SONNTAG; Richard E, NITZ; Marcello et al. –


Fundamentos da termodinâmica – 2009.

HUCHO; W.H, – Aerodynamics of road vehicles; from fluid mechanics to vehicle


engineering – Society of Automotive Engineers – 1998.
76

Anexo 1: Construção do barco

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