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A SUTURAI
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o �omc de lógica d o s.i$Wficante -lógica geral, na
medida cm que o seu funcionamento t! formal, cm rela.
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ção a todo, os campos d o saber, incluindo o da psicanálise,
que ela rege ao cspccificar-.&c nele - lógica mínima, na
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1 TCKtopublicado_c.w,,,-rl'....,,.,.D,o 1,
pade leva; � t;!er que se dissimule o facto de as con'
Hzam entre
certas funções serem bast:-;
, e
ções q.u�1 ra q ue não possam ser desprezadas sem des.
e n ios própri ament e analftJcos. .
1� �: �a�iodn
" Ao considerarmos a relaç�o entre ��ta lógica e aquela
design are mos como «I?g•c�» ( logicun,u) ach4-Ia-emos
ue da emergêD:cia
�ngular pelo fac.to de a primeira tratar da
outra e de ela se dever f�zer conhecer como lógica da
origem da lógica - quer dizer q1;1e .d� não seçue as suas
leis e q.ue, prescreve ndo a sua Junsd1ção, vai ficar fora
da 'sua Jurisdição. . .
Esta dimensão �a arqueologia _atmge-se pelo caminho
mais curto, por meio de um mov1�ento de retroacção a
partir precisamente do campo lógico, em que se. realiza
0 seu mais radical desconhecimento porque é aquele que
mais próximo está do seu conhecimento.
Que esta tentativa repita a que Jacques Derrida nos
ensinou ser exemplar da fenomenologia I apenas dis.si
muJará às pessoas apressadas esta diferença crucial que
é o facto de o desconhecimento ter aqui o seu ponto de par
tida na produção do sentido. Digamos que ela é constituída
não como um esquecimento mas como um recalcamento.
Escolhemos para designá-la o nome de sutura. A sutura
dá o nome à relação do sujeito com a cadeia do seu dis
curso; veremos que ele fi gu ra a( como o elemento que
falta, sob a forma de um «lugar-tenente». Porque, ao
faltar nela, ele não está pura e simplesmente ausente dcla.
Sutura por extensão, a relação em geral da ausência
com a estrutura da qual ela é elemento, na medida em
que ela implica a posição de um «lugar-tenente».
Esta exposição serve para articular o conceito de sutura,
não referido como tal por Jacques Lacan, se bem que ª
todo o instante presente no seu sistema.
Que fique bem claro que não é como filósofo ou com�
aprendiz de filósofo que eu falo aqui - se o 616sofo
de
� Husserl: L'origine dt la glomltTU, tradução e introduçã
o
212
aquele de que Henri Heine diz1 numa frase citada por
Freud, que «oom a sua touca de dormir e os farrapos do
seu roupão tapa os buracos do edifício universal» Ma
abst�ham-se de julgar 9ue a função de suturaçãd lhe :
particular: o que cspecific! o filósofo é a determinação
do cam_PO do seu cxercfc10 como «edifício universal».
O _que. mtcrcssa é que se convençam que o lógico, como
o _Imgu1sta, no seu nfvel, sutura. E, do mesmo modo, quem
diz «eu»,
Perfurar a sutura exige que se atravesse aquilo que
um discurso explicita de si próprio -- que se distinga,
do seu sentido, a sua letra. Esta exposição ocupa-se de
uma letra morta, Fá-la viver. Não nos admiremos, por
isso, de ver o seu sentido morrer.
O fio condutor da análise é o discurso ex,eosto por
Gottlob Fregc no seu Grundlagtn der Arilhmthk 1, para
nós privil.-�ado p orque põe em questão estes tcnnos que
a axiomática de Peano, suficiente para construir a teo-
�ber�08o �!:C, cro ra ri
Jc :::�. �s'd/��:cr::� Sc :�=r t
Esta discussão da teoria, ao dissecar,c da axiomática cm
que ele se consolida, o seu suturant 1 revela-o.
O {ERO E O UM
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cida, opera ,
Certamente que esta proposiçlo toma o upccto de
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pa ra fora do campo do número identifica-se com a r,pt
tifão. O que se trata de demonstra r.
Sabem que o discuno de Frcge se desenvolve a pa�-
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:: �o :�:fto, do �;�: e �';o��u::::
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IPCJl.lO numa nova rcl�ão : a verd a d enc?ntra-se no facto
.
sa substituíd a, porque 1d ên t1 ca a si mesma.
de que a coi
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r:1di::!�U::i: fe t �� � �e:1a! � l� é a�i�!fá:Ci.
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Mas que uma coisa não sej a id ênti ca a si mes mll subverte
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0 campo d a
verdade, a rTuína-o e a bole-o.
Compreendem d e que modo � que a sobrevi�nci a da
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Façamos agora funcionar o esquema de Frege, quer
dizer, vamos percorrer esse i t inerár io d ividido cm três etapas
t!�fd:!:� �:���� �;:i���d:s�: x�� !��t�
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217
nenhu m conceito vem no �ugar do su bsumido deste con.
ceito, e o nú mero que quahfica a sua ex tensão � zero.
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ele �:��,:n�: i: ;,:;ãi� ��/diz ;/��:�d :d��e
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218
r.,ce si,tema é, portanto, comtitufdo de tal fonna
Q10 ..,,,. ...., f. A contagem do O por 1 (cmquanto
f"' 00 conceito de zero não subsume no real mais do que
que
vazio) é o suporte geral da aequbcia � n'dmeros.
uffl t O que demonstra a anüisc de Frcge sobre à. operação
do su� cessor a qual conJiste em obter o nó.mero que segue
11 tando-lhe uma unidade: n' succaor de 11, é
igual · a 11 + 1, ou �a . . . n . • • ln + 1 = )n' . . . Frege al,r,
0 11 + t para
descobnr o que se passa na passagem de 11
P3õ O
p=d��!;te engcndramcnto, ràpidamente vos
za
r e q
apc f ::C�'c!o� �':at ;�; =� «Ô �� :tri�
Co ao conceito : «membro da seq uencia de nómeros
naturais que terminam por n» segue imediatamente n na
sequencia dos números naturais. »
C,onsidercmos um námcro. O tr&. Serve-nos para
constituir o conceito : «membro da seq uência dos nó.meros
naturais terminados cm tres». Acontece que o nó.mero
auibufdo a este conceito é quatro. AJ está. o 1 do 11 + 1 .
De onde vem ele?
Atribuído ao seu conceito duplicado, o número 3 fun
ciona como o não unificante de uma colecção : reserva.
No conceito de «membro da sequência de nó.meros natu
rais terminando em 3», ele é tcnno (elemento e elemento
final).
Na ordem do rcaJ, o 3 subsume trb objcctos. Na ordem
do número, que é a do discurso submetido à verdade, são
:t:n;::a: :e :e ��ntam, e antes do 3 hã tds números -
t
Na ordem do número, h4 ainda o O, e o O conta por 1.
A deslo cação
te o, implicade um número da função de reserva à de
r
0 m e no re a somação do zero. Donde o sucessor.
ao qu_ al é ausência p ura e simples, encontra-se devido
rn��ero (e à instância da verdade.) notado O e contado
po
219
t, por isso que dizemos o objecto não idbitico a si
provocado - rejeitado pela verdade, institufdo - anulado
pelo discurw (a subsunção como tal), numa palavra:
suturado.
A emergência da ausência como O e do O como 1 deter
mina o aparecimento do sucessor. Seja 11; a ausência
fixa-se como zero que se fixa como 1 ; 11 + 1 ; o que se
acrescenla para dar n' - que absorve o 1 .
Certamente, s e o 1 d o n + 1 não é mais d o q4e a conta
do zero, a função de adição do sinal + � inútil, é necessá
rio restituir à representação horizontal do engendramento
a sua verticalidade: o l é tomado como símbolo originá
rio da emergência da ausência no campo da verdade e o
sinal + indica a ultrapassagem, a transgressão pela qual
ia c r uz
��ioªd!�� dik:n�; ;i?�:�:��!�r�� ��!! � ��
de sentido, o nome de um número.
A representação lógica esmaga este escalonamento
em três rúvcis. A o peração que eu efectuei desdobra-a.
Se considerarem a oposição destes dois eixos, compreen
derão o que se passa com a suturação Jógi.ca, e a dife
.,,,.,.
rença entre a lógica que eu vos apresento e a lógica logi
Que zero I um número: tal é a proposição que assegura
à dimensão da lógica a sua clausura,
Para nós, reconhecemos no zero número o «lugar
-tenente» suturante da ausência.
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Ber!� ��:u aªi%�i�� �: !:a l��Ji:iç�:�ri�ã
s s ç
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Do mesmo modo que se preocuparão com distinguir
0 zero corno ausência do obJec to contraditório, daquele
que su tura esta ausência n a sequênc ia dos n úmeros, devem
distinguir o 1, n ome próprio de um número, daquele que
vem a fixar num traço o zero do não idêntico a si suturado
pela identidade-a-si, lei do discurso no campo da ver
dade . O paradoxo central que têm de compreender
(é como verão den tro de instantes, o do signific an te no
se�tido lac aniano) é que o traço do idêntico representa
0 não idêntico, donde se deduz a imP'?ssibilidade da sua
duplicação 1, e por esse mesmo c aminho a estrutura da
0 d
rtpe�::: s� ;�etuê�:: de �ú���7 �;:n11�fa �ct; :!:;
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tos e não da sua causa que se deve situar a consciência,
A inserção do sujeito na cadeia é representação ncces,à�
riamente correlativa de uma exclusão que é uma diluição.
Se se experimentasse desenrolar agora no tempo a
relação qul! engendra e mantém a cadeia do signifjcantc,
22'