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Prevenir os riscos psicossociais nos locais de trabalho

Prevenir os riscos
A prevenção dos riscos psicossociais no âmbito laboral obri- apareceu ou está em vias de aparecer; a que se deve esse
ga a um envolvimento ativo e dinâmico por parte da entida- problema; quem deve ser implicado no plano; calendariza-
de empregadora e por parte dos trabalhadores e dos seus ção das ações a implementar e meios necessários; resulta-
representantes. dos esperados, medição destes resultados e avaliação do
plano de ação.
psicossociais
O empregador deve impulsionar avaliações de riscos psi-
cossociais, especialmente a exposição combinada a riscos Implementar o plano de ação
ergonómico-psicossociais, tendo em conta o uso de meto- A implementação das medidas e as intervenções previstas
dologias específicas, técnicas, instrumentos e modelos de no plano de ação são essenciais para a redução dos riscos,
análise (nomeadamente questionários, entrevistas individuais devendo ser acompanhadas, documentadas e discutidas de
e de grupo, listas de verificação, dados relativos ao absentis- forma sistemática, de modo a determinar eventuais corre-
mo e à saúde e outros), mais adequados a cada contexto, ções e permitir uma posterior reavaliação. O envolvimento e
contando com a participação dos trabalhadores e dos seus a participação dos trabalhadores e das chefias são fatores
representantes. essenciais para a implementação do plano e aumentam a
probabilidade de sucesso na redução do risco.
Estabelecer um plano de ação
Estando identificados os problemas e sendo conhecidas Avaliar o plano
as suas causas, o empregador deve implementar um plano O processo de implementação e os resultados finais obtidos
de ação racional e prático, com o objetivo de solucionar os devem ser avaliados, a fim de determinar a respetiva eficácia:
problemas identificados, ou seja, de proceder à redução do pontos fortes e fracos do próprio plano e da sua aplicação.
risco. Para este efeito, deve recolher-se a mais variada informação,
preferencialmente de diferentes pontos de vista: dos traba-
Este plano de ação deve contemplar, entre outros, os se- lhadores, das chefias e de outros interessados (clientes, for-
guintes aspetos: identificação do problema e como o mesmo necedores e outros).

Gerir os riscos psicossociais nos locais de trabalho


Fomentar o investimento em políticas preventivas através de programas de educação e de informação, de medidas de su-
porte organizacional, de prevenção e de reabilitação.

Adoção de medidas preventivas ou Alterações nos horários e regimes de trabalho


organizativas dirigidas à origem do Reorganização de conteúdos funcionais
problema/fatores de risco (centra- Alteração ergonómica dos postos de trabalho
das na situação de trabalho) Participação e consulta dos trabalhadores e dos seus representantes

Intervenção ou ação/aumento Formação em gestão do stresse e em posturas


dos recursos do trabalhador Mediação de conflitos
(centrada no trabalhador) Apoio social

Proteção ou reabilitação/redu- Acompanhamento psicológico (terapia individual ou de grupo)


zir e tratar os danos (centrada Aconselhamento
nas consequências) Reintegração

Que legislação posso consultar:

• Lei n.º 102/2009, de 10 de setembro - Regime jurídico da promoção da segurança e saúde no trabalho.

www.act.gov.pt Os riscos psicossociais estão relacionados com a forma como o trabalho é conce-
bido, organizado e gerido e que, em interação com os contextos sociais, ambientais
e com as competências e necessidades dos trabalhadores, podem causar danos psicoló-
gicos, físicos ou sociais.
Identificar os riscos psicossociais Fatores indutores de riscos psicossociais

As novas formas de organização do trabalho e a incorpo- terísticas do trabalhador em que as exigências do trabalho Os fatores de risco psicossocial são complexos e difíceis nada a lesões músculo-esqueléticas e a fatores de risco
ração de novas tecnologias na indústria do calçado leva- excedem a capacidade do trabalhador para lidar com elas” de entender, pois representam as perceções e experiên- psicossocial tem um efeito mais grave na saúde dos tra-
ram a novas formas de gestão da produção e de gestão (Ross & Altmaier 1994). cias do trabalhador. Algumas dessas perceções referem- balhadores do que a exposição a um fator de risco único.
de pessoal, com novas tarefas e novas exigências para os se à pessoa, outras estão relacionadas com as condições
trabalhadores no desenvolvimento da atividade laboral. As Assédio moral ou ambiente de trabalho, daí que a atuação no âmbito psi- As caraterísticas físicas dos locais de trabalho, bem como
inovações tecnológicas não reduziram necessariamente o É percebido como uma prática de perseguição, metodica- cossocial seja mais complexa pela dificuldade de estabe- a inadequada conceção ergonómica dos postos de traba-
volume de trabalho, mas alteraram significativamente o tipo mente organizada, temporalmente prolongada, dirigida con- lecer uma relação causa efeito direta entre o fator de risco lho, aumentam a pressão mental e emocional dos trabalha-
de trabalho desenvolvido. As exigências físicas e as exigên- tra um trabalhador ou grupo de trabalhadores, com o obje- e o dano. dores e, em consequência, a incidência de erros humanos
cias psicológicas em que o trabalho decorre compõem um tivo de atingir a sua personalidade, dignidade ou integridade e o risco de acidentes.
universo favorável para a ocorrência de efeitos na saúde dos física ou psíquica, criando um ambiente hostil, degradante, Os aspetos psicossociais desfavoráveis acentuam os fato-
trabalhadores. humilhante ou ofensivo. res de risco físico, contribuindo para uma incidência acres- A perda de saúde devido a uma situação psicossocial ina-
cida de lesões músculo-esqueléticas. A exposição combi- dequada tem muitas vezes causalidade multifatorial.
O sofrimento psicológico tem menor visibilidade devido às Assédio sexual
suas próprias características. É vivido pelos trabalhadores Comportamento indesejado, de caráter sexual, sob a forma Fatores associados ao contexto de trabalho
e abordado como resultante de características individuais, verbal ou física, com o objetivo de perturbar, intimidar ou
sem habitualmente ser correlacionado com o trabalho. Os humilhar um trabalhador. Cultura organizacional Falta de definição de políticas , objetivos e recursos. Estrutura da organização com
e função fraca liderança, deficiente comunicação.
métodos de produção e as técnicas de gestão de pessoal,
potenciadoras do risco, nem sempre são consideradas nas Violência no trabalho
Papel na organização Ambiguidade e conflito de papéis, imprecisão na definição de responsabilidades,
avaliações de risco efetuadas. Todo o incidente em que o trabalhador sofre abusos, amea- sobrecarga/insuficiência de funções, orientações contraditórias.
e responsabilidades
ças ou ataques, em circunstâncias relacionadas com o tra-
Stresse Ocupacional balho, que ponham em perigo explícita ou implicitamente a Estagnação na carreira, sub-promoção, salários baixos, precariedade, baixo valor
Desenvolvimento profissional social do trabalho.
”Uma interação das condições de trabalho com as carac- sua segurança, o seu bem-estar ou a sua saúde.

Autonomia/Controlo Falta de autonomia. Baixa participação na tomada de decisões, ausência de con-


trolo sobre o trabalho.
Sintomas e consequências da decisão

Relações interpessoais Isolamento social ou físico, más relações com colegas ou superiores, conflitos in-
no trabalho terpessoais, exposição à violência.
Organizacionais
Aumento do absentismo Conciliação da vida Incompatibilidade das exigências trabalho/vida privada. Trabalho feminino com re-
Mais presentismo
profissional e familiar duzido apoio em casa. Desvalorização da componente familiar.

Maior nº de acidentes
Individuais Diminuição de produtividade
Incremento de situações de conflito no seio da organização
Fisiológicas (perturbações cardio- Fatores associados ao conteúdo do trabalho
vasculares, insónias, dificuldades Degradação da imagem empresarial
respiratórias, fadiga, dores de cabeça
e musculares e cólicas) Ambiente de trabalho com ruído, fumos, produtos químicos, temperaturas altas ou
Ambiente físico baixas, deficiente iluminação. Posto de trabalho sem conforto.
Psicológicas (depressão, nervosismo,
ansiedade, irritabilidade, oscilação Sociais
emocional, perdas de memória e Introdução de novas tecnologias e novos processos sem formação e/ou apoio/
esgotamento) Aumento de custos sociais Equipamentos de trabalho acompanhamento. Problemas quanto à adequação dos equipamentos à função.
Stresse, Falta de manutenção dos equipamentos.
Contração da economia
Comportamentais (isolamento, Assédio, Violência...
agressividade, consumo de substân- Organização de tarefas Trabalho repetitivo, monótono, cadenciado e com ritmos curtos e acelerados, que
cias psicoativas, faltas ao trabalho, exige elevada precisão e provoca posturas desadequadas. Subutilização de compe-
erros e falhas na execução de tarefas
e conteúdo do trabalho
tências, baixa valorização das tarefas. Recursos insuficientes.
e suicídio)

Carga de trabalho/Ritmo Sobrecarga de trabalho ou esvaziamento de funções, falta de controlo sobre o ritmo de
de trabalho trabalho. Elevados níveis de pressão impostos pelos prazos definidos para as tarefas.

Trabalho por turnos, horários inflexíveis, trabalho noturno, horários imprevisíveis,


Horários de trabalho horários longos, trabalho isolado.

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