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CDU 658.3
Técnicas interpessoais
Aprofundemos a discussão sobre os tipos de alternativas que existem entre as
metodologias que você escolhe. Elas não pretendem abranger tudo, e sim re-
presentar uma seção transversal dos tipos de ajuda pragmática que não exigem
diplomas nem certificações especiais e que você pode criar e customizar para
os clientes, aumentando o valor que você tem para eles.
Começaremos por uma categoria que eu chamo de “técnicas interpes-
soais”, ou seja, você está interagindo fisicamente com seu cliente.
Observação e feedback
Observar alguém é muito instrutivo, desde que você saiba o que está procuran-
do! Na observação, não se busca tanto o padrão geral de conduta da pessoa, e
sim aqueles casos que estão relacionados aos objetivos de desenvolvimento que
você estabeleceu.
Solicitações de ajuda por parte desses subordinados. Seu cliente fornece técni-
cas e ideias para solucionar os problemas deles ou os resolve por eles?
Opções de investimento em desenvolvimento. Seu cliente evoca ativamente as
necessidades de seus subordinados ou simplesmente determina que sejam
treinados (ou deixa que o departamento de RH faça isso)?
Reações a reclamações sobre subordinados. O cliente pune a pessoa envolvida
ou pergunta o que ela pretende fazer para atender a quem quer que tenha
reclamado?
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Avaliação
Nesses casos, você está observando um evento ou uma dinâmica específicos.
Você pode estar assistindo uma apresentação à administração, a sessão de ava-
liação de um subordinado ou ligações feitas a clientes. Você está avaliando as
situações específicas que estão causando um problema ou para as quais se quer
mais crescimento. É semelhante a observação e feedback, mas difere porque
pode ser altamente localizada, específica e organizada.
Ensaios e dramatizações
Nesses casos, tanto você quanto o cliente estão praticando. Ele pode estar pro-
duzindo a apresentação a ser feita em uma reunião com funcionários, simulan-
do estar em uma chamada de vendas ou lidando com uma reclamação.
Essas dramatizações podem ser baseadas em eventos reais que estejam
se aproximando ou se podem criar exemplos baseados em cenários prová-
veis ou passados. A vantagem das dramatizações é que elas podem ser re-
petidas em um período de tempo bastante breve, não dependem de certos
eventos e possibilitam que você e o cliente troquem de papéis segundo as
necessidades.
Mais uma vez, para desenvolver uma avaliação de 360 graus eficaz, você
deve saber qual é a informação desejada. Por exemplo, se estiver tentando de-
terminar como o cliente define prioridades, suas perguntas devem ser coeren-
tes, mas não óbvias. Em vez de perguntar “como ele define suas prioridades”,
você faria perguntas do tipo “como ele escolhe o que fazer por conta própria e
o que delegar” ou “perdem-se prazos? Por quê?”
Em termos ideais, você deve:
Quando estiver fazendo coaching com uma equipe, você pode com-
binar perguntas sobre todos os membros em cada entrevista e pode esco-
lher fazer relatórios individuais ou à equipe coletivamente. (Recomendo
que você faça ambos, guardando o feedback mais delicado para reuniões
privadas.)
Sorte
Um dos benefícios do coaching privado e individual é que as coisas acontecem
em tempo real. Você pode observar coisas que o cliente não informou, não
porque esteja ocultando, e sim porque elas não são visíveis a ele – o cliente
tem um ponto cego. Elas podem ou não estar dentro dos objetivos de desen-
volvimento, mas não constituem “inchaço na exigência” – ou seja, é seguro e
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é uma boa ideia mencionar o fato de que o cliente se esquece de dizer “muito
obrigado” ou estaciona na vaga errada.
Se tiver seu foco nos objetivos de desenvolvimento, você evitará um feedback
confuso e poderá acrescentar algumas coisas que achar que são do interesse de seu
cliente.
Todos queremos que nos digam que tendemos a ficar com alface nos den-
tes para que possamos evitar a salada verde quando estivermos almoçando
com o chefe no restaurante dos executivos. Também é bom saber quando se
erra o nome de alguém repetidas vezes!
Técnicas remotas
Em função da tecnologia e de nossa aceitação de suas limitações, a oportunida-
de de fazer coaching à distância é aceitável e eficaz. Parte desse coaching à dis-
tância pode ser intercalada com as técnicas interpessoais discutidas na seção
anterior: você dá continuidade por telefone, o cliente lhe manda um email e
assim por diante. Hoje se podem fazer trabalhos inteiros de coaching à distân-
cia, e eles podem ser muito eficazes.
O que eu quero dizer com “técnicas remotas” é que elas podem ser usadas
em articulação com caminhos mais pessoais ou isoladamente. Esta última op-
ção se tornou muito mais comum com o crescimento sinérgico das economias
globalizadas e da tecnologia.
E-mail:
Vantagens: interações em diferentes fusos horários funcionam bem; pode-se
usar anexos, incluindo áudio e vídeo.
Desvantagens: Não há inflexões nem entonações; pode ser enviado com
pressa e não ser bem lembrado;2 às vezes não é seguro nem privado.
Telefone
Vantagens: pode-se usar e ouvir o tom de voz; interação rápida, em tempo
real; útil para dramatizações; pode ser espontâneo.
Desvantagens: Não há comportamento não verbal; inadequado quando há
grandes diferenças de fuso horário; tedioso para conversas longas; pode ha-
ver interrupções. (Os telefones celulares continuam muito ruins para este
tipo de trabalho, e eu sugiro uma linha fixa.)
Skype® e tecnologias relacionadas
Vantagens: Combina telefones com contato visual; muito barato; pode ser
espontâneo
Desvantagens: o funcionamento da tecnologia é irregular; há problema de
fusos horários; só se vê o rosto da pessoa.
Escritórios virtuais (tecnologia de vídeo que coloca o ambiente do outro
próximo ao seu)
Vantagem: altamente realista; interações físicas virtuais.
Desvantagens: Muito caro, requer equipamento especial; deve-se estar em
lugares especialmente preparados para usá-lo.
O que, especificamente, os outros disseram? Por favor, seja o mais preciso
possível.
O que você os observou fazendo? Descreva suas ações exatas.
Por que você chegou a essa conclusão? Quais são suas evidências?
Quando e onde isso ocorreu? Em que condições?
Você não pode deixar que esses problemas surjam quando as carreiras e
os futuros de outras pessoas estiverem em jogo. Você não pode permitir isso
tecnologicamente, nem com testes e avaliações.
Técnicas instrumentadas
Agora, entramos em águas perigosas, portanto, siga as instruções de segurança.
Há testes e testes. Eles vão desde instrumentos psicológicos de grande
reputação e de longo prazo até horóscopos cáusticos que visam apenas a dar
aos coaches fontes extras de renda. (Também há pessoas que me dizem que são
paranormais ou “intuidores” e que me contam coisas muito perspicazes, que
ninguém mais conseguiria imaginar, como que eu gosto de nadar na minha
piscina ou dirigir o meu Bentley.)
Historicamente, ao validar testes, a American Psychological Association
usa padrões como:
Pare! Você não vai ajudar as pessoas rotulando-as. Isso se aplica a Gera-
ção X, os do “Milagre Econômico”, Surfistas ou os Grandes Transforma-
dores. Talvez você se surpreenda, mas os coaches devem considerar que
as pessoas são indivíduos, antes de tudo.
Técnicas tradicionais
Não tenha receio de usar sua criatividade para elaborar técnicas e intervenções
de coaching. Se seu objetivo for puro – determinar qual é o comportamento e
os resultados reais e melhorar a partir deles – pode usar mecanismos conhe-
cidos, desconhecidos ou pouco conhecidos, desde que sejam éticos e legais.
Os puristas e aqueles que levam os “seis passos fundamentais” em seus kits de
pensamento vão reagir, mas podemos deixá-los falando sozinhos.
Jogos
Há excelentes jogos no mercado, que podem testar a resposta de um indivíduo
ou de um grupo a situações altamente realistas e proporcionar concorrência e
resultados objetivos. Eu trabalhei com um deles em uma empresa de consulto-
ria, em que o diretor-executivo e o pessoal de direção foram divididos em oito
equipes competindo para recrutar profissionais, encontrar clientes, conduzir
atividades lucrativas e pagar investidores. Levou cerca de três horas e os resul-
tados foram reveladores para os indivíduos, as dinâmicas e as estratégias. Seis
equipes faliram.
Diagnósticos customizados
Crie um diagnóstico simples que possibilite ao cliente e a você chegar a um
acordo sobre onde ele está atualmente e onde gostaria de estar. Você pode ava-
liar conjuntamente o comportamento depois de qualquer evento em particular.
Por exemplo, se seu objetivo é melhorar a forma de correr riscos pruden-
temente ou tomar decisões mais equilibradas entre risco e recompensa, você
pode criar algo como a escala mostrada na Figura 5.1.
Ajude seu cliente a entender as calibragens da escala (inclusive peça a
contribuição dele), e depois use isso para avaliar se ele está tomando decisões
sem demasiado risco (por exemplo, –5 de risco para apenas +2 de recompensa)
ou com demasiado conservadorismo (por exemplo, não agir a partir de +4 de
recompensa e apenas –1 de risco).
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Alterando o ambiente
Tenho levado vários administradores que estavam tentando melhorar suas
habilidades de apresentação em reuniões de associações profissionais e mes-
mo salas de aula universitárias à presença de “grupos de estranhos.” Isso evita
qualquer constrangimento por ter pares na sala, mas também oferece a pressão
necessária para um bom desempenho.
Você pode fazer a mesma coisa, não importa o objetivo – leve alguém
que esteja tentando melhorar habilidades de vendas a uma visita para obter
uma contribuição para uma entidade beneficente, ou alguém que esteja bus-
cando melhores habilidades de trabalho em rede a um jantar de homenagem
(e veja quantas pessoas ela consegue conhecer enquanto obtém informações
de contato).
Metodologias, tecnologias e analogias 79
Você pode escolher usar pessoas da empresa se o cliente não tiver proble-
mas com isso ou, caso contrário, usar recursos externos. Essa técnica é diferen-
te da de alterar o ambiente no sentido de que busca simular especificamente
um evento ou circunstância que se aproxima.