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umaincrívelviagempelacadeiaprodutivadoBigMac™

McOnomics
2005
3 a contribuição econômica do McDonald’s no Brasil
4 equipe
5 as novidades do McOnomics 2005
6 a cadeia produtiva do hambúrguer
12 um olhar sobre os custos de produção
13 a participação no mercado brasileiro
16 a geração de renda
20 do Brasil para o mundo McDonald’s
22 carga tributária e despesa social
24 qualidade do emprego
26 investimento+emprego+produtividade=crescimento
28 anexo metodológico
39 bibliografia

2 McOnomics2005
acontribuiçãoeconômica
doMcDonald’snoBrasil

O relatório McOnomics 2005, preparado pelo segundo • O McDonald’s alcançou uma participação de quase 14% no
ano consecutivo pela GVconsult, braço de consultoria da segmento brasileiro de fast food
Fundação Getúlio Vargas em São Paulo, mostra de que
forma as atividades do McDonald’s vêm contribuindo para o • A metodologia da GVconsult revelou que o valor adicionado
desenvolvimento econômico e social do Brasil ao longo dos 26 na cadeia produtiva do McDonald’s foi de R$ 1,5 bilhão
anos de operação da rede no país. Fundamentada em uma
análise rigorosa das informações quantitativas e qualitativas da • As atividades da rede no país e no mundo foram responsáveis
empresa e de seus fornecedores ao longo da cadeia produtiva, pela geração de cerca de 66 mil postos de trabalho no Brasil
o relatório quantifica o valor da produção, o valor adicionado,
o consumo intermediário de insumos, os empregos, a renda, • As compras de produtos brasileiros realizadas pelo
os investimentos, os impostos e as exportações gerados McDonald’s de outros países geraram mais R$ 126 milhões
pelas atividades do McDonald’s e os compara com os da de renda
economia brasileira e do segmento de alimentação. Também
são analisadas as informações referentes à qualidade do • A carga tributária da rede no Brasil atingiu 33,8% do valor
emprego, à responsabilidade social e à contribuição para o adicionado, arrecadando R$ 448 milhões em toda cadeia
desenvolvimento regional. produtiva, e as despesas sociais da empresa totalizaram
Por trás dos sanduíches, saladas e sobremesas que o 53,2% do valor adicionado
McDonald’s serve em seus restaurantes, existe uma complexa
cadeia produtiva, que faturou mais de R$ 3,3 bilhões em 2003. • Os funcionários do McDonald’s tiveram salários 29%
A rede recebe 1,5 milhão de clientes diariamente, em cerca superiores à remuneração média do mercado brasileiro de
de 1.200 pontos-de-venda espalhados pelo país, e emprega alimentação
diretamente cerca de 30 mil funcionários. Outros números
levantados neste estudo, referentes ao ano 2003, revelam a • A produtividade do trabalhador da rede foi 6,5 vezes a dos
importância da empresa para a economia brasileira: empregados no setor de alimentação no Brasil

2005McOnomics 3
equipe

McDonald’s
Coordenação
Flávia Vígio
Daniela Garrafoni
GVconsult
Diretor da GVconsult
Prof. Francisco S. Mazzucca
Coordenação do Projeto
Fernando Garcia
Redação
Fernando Garcia
Ana Maria Castelo
Pesquisa
Fernando Garcia
Ana Maria Castelo
Sérgio Camara Bandeira
Euclides Pedrozo
André C. Michelin
Consultoria Editorial
Edney Cielici Dias
Design & Produção Gráfica
André C. Michelin
Agradecimentos
Ilustrações
Bruna Brito Agradecemos a todos os funcionários e fornecedores do
Impressão McDonald’s que colaboraram intensamente no levantamento
Aquarela das informações contidas neste relatório

4 McOnomics2005
asnovidadesdo
McOnomics2005

McOnomics é um termo criado pela GVconsult para expressar gerados na cadeia produtiva do Big Mac? Quanto o McOnomics
o conjunto de relações econômicas envolvidas na cadeia representa em impostos e contribuições sociais? Que setores
produtiva do McDonald’s. Essa cadeia se inicia no campo, de atividade econômica se beneficiam com essas atividades?
onde são cultivados o trigo e a alface, entre tantos vegetais Quanto de renda e salários são gerados com as exportações de
que compõem o menu da rede, e onde são criados o gado e mercadorias para o McDonald’s em outros países?
os frangos. Depois, passa pelo processamento dessas matérias- A terceira novidade decorre do fato de a GVconsult estar
primas nas indústrias de alimentos. O processo de produção do ligada a uma instituição de excelência no ensino e pesquisa.
Big Mac envolve prestadores de serviços, empresas de energia Este ano, além do relatório econômico, há três episódios de
elétrica e outras tantas atividades econômicas. Tudo isso uma história em quadrinhos, os quais traduzem as relações
funciona com um complexo sistema de distribuição e logística econômicas da cadeia do hambúrguer para um público amplo.
para chegar ao consumidor final nos ponto-de-venda da rede. Em “Uma Incrível Viagem pela Cadeia Produtiva do Big Mac”,
Neste ano, o relatório McOnomics traz algumas novidades. A Prof. Nelson e seus dois netos, Bel e Dudu, conhecem as pessoas
metodologia desenvolvida pela GVconsult permitiu destacar as por trás das vendas de refeições da rede (Wilson, Sandra,
atividades da empresa das estatísticas do setor de alimentação Daniela e Estanislau), ficam sabendo como são produzidos os
no Brasil. Isso tornou possível avaliar o desempenho do sanduíches e refrigerantes, descobrem os lugares de onde vêm
McDonald’s em relação ao de outras empresas do ramo no os alimentos e tomam ciência de alguns números que mostram
Brasil. Qual a participação da rede no mercado de serviço a contribuição econômica da empresa. Com isso, o público
rápido de alimentação? Quem tem maior produtividade? Quem recebe noções de conceitos econômicos relevantes — tais como
contribui mais para a arrecadação tributária? Quem remunera cadeia produtiva, custos e valor adicionado. Nos episódios,
melhor seus funcionários? As respostas a essas questões estão também são ressaltados os aspectos mais importantes da
entre os achados do estudo. segurança alimentar.
Outra novidade metodológica foi o dimensionamento amplo Esperamos que essa viagem seja proveitosa para todos os
dos efeitos indiretos das atividades da rede no Brasil, o qual públicos.
permitiu responder a outras tantas perguntas. Desde o produtor
rural até os restaurantes da rede, quantos empregos são GVconsult

2005McOnomics 5
acadeiaprodutiva
Cidade
do
Restaurante alimento campo

dohambúrguer

Cadeia produtiva é o conjunto de todas as


atividades econômicas e empresas envolvidas na
produção de uma mercadoria.

As atividades do McDonald’s têm impactos em diversas áreas da pão é produzido com farinha de trigo, a qual, por sua vez, é
economia. As vendas realizadas nos restaurantes e quiosques o produto do beneficiamento do trigo in natura, o qual, por
contribuem para movimentar toda uma cadeia de produção. Na fim, é o resultado do plantio do trigo. Esse percurso reverso
verdade, a aparentemente simples venda de um hambúrguer — do pão pronto para ser consumido à plantação do trigo —
é resultado de várias etapas e processos que acionam um permite imaginar quantas relações intersetoriais podem estar
grande número de trabalhadores, máquinas e tecnologias, e é envolvidas na sua produção, assim como o impacto delas na
responsável pela geração de renda e emprego na agricultura, geração de renda e emprego. Esse processo tem uma dimensão
na indústria e nos serviços. geográfica abrangente, isto é, seu impacto não se restringe à
Para ter dimensão do que isso significa, é preciso ver cidade onde o Big Mac foi consumido.
o processo como um todo. Ao instalar um restaurante
McDonald’s, é necessário comprar o terreno, construir o FORNECEDORES
estabelecimento e adquirir máquinas. Para operar essa loja no A fabricação do pão utilizado pelo McDonald’s é feita
dia-a-dia, é preciso contratar funcionários e comprar carnes, exclusivamente pela FSB Foods, a maior fabricante de pães
pães, bebidas e outros produtos alimentícios. Mesmo que a de hambúrguer da América Latina, nas fábricas de São Paulo
análise se restrinja às atividades que se desenrolam na cadeia e Minas Gerais. A farinha de trigo, o fermento, o açúcar
produtiva de alimentos, ainda assim ela revelará um grande e a gordura vegetal hidrogenada são ingredientes do pão.
número de atores, ações e negócios. A farinha de trigo é fornecida pela Cargill, cujo moinho fica
Cada Big Mac vendido anualmente no Brasil demanda em Tatuí, São Paulo. Esta última empresa compra o trigo
diversos produtos manufaturados, ou seja, que passam por plantado no Brasil e na Argentina. Os demais produtos que
algum tipo de elaboração anterior e são produzidos por entram na fabricação dos pães também têm seus respectivos
outras empresas, no Brasil ou no exterior. Por exemplo, o fornecedores industriais: o fermento da Fleischmann vem de

6 McOnomics2005
Foram destinadas, em 2004, 15 mil toneladas de carne bovina para a fabricação dos hambúrgueres do McDonald’s

Itu, São Paulo, a gordura vegetal produzida em Mairinque, São levado para o processo de pasteurização e é transformado em
Paulo, é fornecida pela Cargill e o açúcar vem da Usina Santa queijo pela Polenghi e pela Schreiber. Por sua vez, a alface e
Helena, de São José do Rio Preto, também em São Paulo. outras folhas são produzidas por inúmeros hortifrutigranjeiros,
Porém o pão é apenas um elo das atividades econômicas que a maior parte de Minas Gerais. Eles vendem sua produção para
estão por trás de um Big Mac. Outros ingredientes fundamentais a Refricon, de Itapecerica da Serra (SP), que beneficia a alface
são o hambúrguer, o queijo, a alface e o molho. A produção — lavando, cortando e juntando outros tipos de folhas que
do hambúrguer envolve unicamente a carne bovina, mas esta entram nas saladas. Os componentes do molho, por sua vez,
relação começa com a criação de bois em Minas Gerais e em também são elos diferentes de uma cadeia produtiva.
Mato Grosso do Sul, passa pelo abate do gado e a conservação Mesmo que o exame se restrinja aos principais elementos
nos frigoríficos Marfrig e Mataboi e chega à industrialização do de um Big Mac, deve-se notar que na sua elaboração estão
hambúrguer, feita na fábrica da Braslo/OSI, em São Paulo. O envolvidos trabalhadores com diversas qualificações, máquinas
queijo, outro ingrediente importante, tem como insumo básico e equipamentos dos mais diversos tipos e tecnologias das mais
o leite produzido nas fazendas de São Paulo e do Paraná, que é comuns às mais sofisticadas. Isso significa que o número de

2005McOnomics 7
A cadeia produtiva
do McDonald’s
empregos gerados pela venda dos sanduíches Big Mac vai muito peito e coxa de frango, temperadas e empanadas. O preparo
além dos atendentes dos pontos-de-venda. Inclui também os é realizado pela Braslo/OSI, em São Paulo, e a carne é
funcionários das empresas responsáveis pela fabricação de proveniente de granjas localizadas no Sul do país. Por sua
farinha de trigo, de pães, de hambúrgueres, da distribuidora vez, a gordura vegetal e a farinha que entram na produção
dos produtos, da indústria de queijos, de laticínios, os de empanados de frango são fornecidos pela Cargill e têm
produtores de trigo, alface, tomate, os criadores de gado etc. origem primária nos produtores do Centro-Sul do país.
Isso falando apenas do Big Mac! Toda essa variedade de produtos envolve um grande
Mas em um McDonald’s vários outros tipos de alimentos número de etapas de produção, as quais seguem elos diferentes
podem ser escolhidos: sanduíches de frango e de peixe, e que, ao serem agrupadas, configuram uma mesma cadeia, a
saladas, bebidas (água, milk-shakes, iogurtes, McFruits saber, a de alimentos, que começa na agropecuária, atravessa
e refrigerantes), acompanhamentos como batatas fritas, a indústria manufatureira e chega ao setor de serviços nos
nuggets de frango, sobremesas (sorvete ou torta). Os restaurantes do McDonald’s.
McChicken, por exemplo, são produzidos com carnes de No Brasil, em 2004, foram mais de 200 os fornecedores
diretos do McDonald’s. Além da Braslo/OSI, da FSB Foods
e da Refricon, já mencionadas, outro grande fornecedor é
a Martin-Brower, responsável pelo transporte dos produtos
e abastecimento dos restaurantes — com uma de frota de
caminhões próprios, que movimentam produtos congelados,
refrigerados e carga seca — e a Vally, que produz as tortas
de maçã e banana, as casquinhas de sorvete e os bolos de
aniversário. O volume de produtos demandados pelo McDonald’s
os transformou em grandes processadores e distribuidores de
alimentos do país. Outras marcas conhecidas que fornecem
produtos ao McDonald’s são a Coca-Cola, a Ambev, a Sadia, a
McCain, a Batavia, a Polenghi, a Unilever, a Schreiber, a Junior,
a Dixie e a Brasilgráfica.
Em toda a cadeia produtiva do McDonald’s, são gerados 57,7 mil postos de
Alguns dos produtos consumidos pelos brasileiros nos
trabalho: 29,7 mil empregos diretos e 28 mil nos demais setores restaurantes do McDonald’s têm sua origem fora do Brasil,

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como as batatas, que vêm da Argentina, e o peixe, pescado
no sul do Chile. Mas em suas relações com o resto do mundo,
a balança comercial do McDonald’s do Brasil é superavitária.
Quer dizer, os fornecedores brasileiros exportam mais para
o McDonald’s de outros países do que o McDonald’s do Brasil
importa de alimentos produzidos no resto do mundo.
A figura da cadeia produtiva do McDonald’s revela as
relações econômicas da empresa. Pode-se observar que ela não
está fechada em si mesma. Ela gera atividades econômicas em
outras cadeias. Da indústria química, vem o adubo necessário
para o cultivo do trigo, da cana-de-açúcar, da soja e da laranja;
da indústria do petróleo, vêm os combustíveis que põem em
funcionamento as máquinas que aram a terra e os caminhões
que transportam as mercadorias para os restaurantes da rede;
da indústria de veículos, vêm as máquinas que preparam
o terreno e fazem a colheita e os caminhões que fazem o
transporte de produtos para os restaurantes do McDonald’s;
da indústria têxtil, vêm os artigos de vestuário de todos
empregados da extensa cadeia produtiva; da indústria de
papel, vêm o papelão para transporte e embalagem e o papel
para guardanapos e para as caixas em que os sanduíches
são entregues aos consumidores; da indústria de plásticos,
a matéria-prima para copos, canudos, talheres e parte das
embalagens; dos serviços de utilidade pública, vêm a água, os
serviços da rede de esgoto e a energia elétrica.
Em suma, todos os elos da cadeia de alimentos se
relacionam com atividades que, por sua natureza, estão Em 2004, foram produzidos mais de 17,7 milhões
inseridas em outras cadeias de produção. de dúzias de pães para a rede McDonald’s

2005McOnomics 11
Em 2004, o
McDonald’s comprou

umolhar
R$ 942,5 milhões
em mercadorias e
serviços de outras
empresas.

sobreoscustos
deprodução

As relações econômicas ao longo da cadeia produtiva do imóveis (inclusive condomínios e taxas de administração de
McDonald’s podem ser mensuradas, o que possibilita levantar shopping centers), com publicidade, frete para a entrega de
sua participação direta na vida econômica do Brasil, assim mercadorias nos pontos-de-venda, energia elétrica, água,
como estimar sua contribuição na geração de renda e emprego esgoto, telefone e combustíveis.
nos setores econômicos e nas empresas que fornecem insumos A soma de tudo o que o McDonald’s comprou de
à rede de restaurantes. Para tanto, o primeiro passo é o mercadorias e serviços de outras empresas da cadeia produtiva
levantamento de informações relativas aos custos de produção chegou a R$ 942,5 milhões em 2004. Esse é o assim chamado
das refeições do McDonald’s. consumo intermediário da empresa: representa o valor
No ano de 2004, o McDonald’s comprou aproximadamente total que a rede e seus franqueados consumiram de bens e
R$ 433,4 milhões em produtos alimentares e insumos serviços de outras atividades econômicas para a produção das
empregados diretamente na produção de refeições. Nessas refeições servidas em seus restaurantes e quiosques. Isso dá
despesas estão incluídos os gastos com carnes (bovina, de uma dimensão do efeito das atividades do McDonald’s sobre a
frango e de peixe), pães, batatas, mix e sorvetes, refrigerantes economia brasileira.
e sucos, queijos, alfaces, tomates, molhos, vestuário, papéis e Além dos valores despendidos com matérias-primas e
materiais plásticos. serviços, a rede McDonald’s gastou outros R$ 366 milhões em
Além desses gastos, as atividades do McDonald’s em 2004 com sua mão-de-obra. Desse valor, 54% correspondem
2004 renderam a outras atividades econômicas mais de aos salários pagos no ano, cerca de 18%, aos encargos sociais
R$ 509 milhões. Esse valor corresponde aos gastos com (contribuição patronal ao INSS e FGTS), e os demais 28% a
serviços de terceiros — que incluem despesas com serviços benefícios concedidos aos funcionários. Assim, o custo total
jurídicos, informática, contabilidade, auditoria, consultoria, de operação do McDonald’s no Brasil foi de aproximadamente
vigilância, limpeza, manutenção etc. — aluguéis de R$ 1,31 bilhão em 2004.

12 M c O n o m i c s 2 0 0 5
Se colocássemos lado

aparticipaçãono
a lado os 53 milhões
de Big Mac consumidos
a cada ano no Brasil,
teríamos uma fila de

mercadobrasileiro
5 mil quilômetros: uma
distância maior que a
do Oiapoque ao Chuí!

Na ponta da cadeia produtiva do McDonald’s, estão os Em 2004, o faturamento diário superou R$ 5 milhões
1.131 restaurantes e quiosques. Instalados em ruas e em todo o país, o que resultou em vendas mensais de
em centros comerciais, esses pontos-de-venda da rede R$ 153 milhões, na média do ano, e num total de cerca de
atenderam a mais de 1,5 milhão de pessoas por dia em R$ 1,9 bilhão no ano de 2004.
2004. Isto corresponde a um público que supera 45 milhões O faturamento médio por restaurante foi de
de clientes por mês e a mais de meio bilhão por ano. Se R$ 3,5 milhões por ano, em 2004, o que equivale a vendas
todo habitante do país tivesse acesso aos restaurantes e mensais de R$ 295 mil. Dos 548 restaurantes, 29% são
quiosques da rede, cada um dos 181,6 milhões de brasileiros franqueados e 71% são próprios. No ano, o faturamento
iria aproximadamente três vezes a um McDonald’s ao longo médio mensal das franquias foi 11% superior ao das unidades
de um ano. Por ano, são consumidos cerca de 53 milhões próprias. A localização preferencial em shopping centers
de sanduíches Big Mac. das lojas franqueadas explica boa parte dessa diferença.
Os pontos-de-venda estão instalados em 134 municípios, Para ter uma idéia do que esse valor representa, pode-
localizados em 21 Estados e no Distrito Federal. É se levar em conta que o total de transações da economia
interessante notar a localização dos restaurantes. Pela brasileira em 2004 atingiu a cifra de R$ 3,4 trilhões,
própria natureza da atividade e pela tecnologia de serviços aí incluídos todos os negócios realizados no país e os do
de alimentação desenvolvida pelo McDonald’s, os pontos- Brasil com o resto do mundo. Ou seja, o faturamento do
de-venda estão instalados, na sua grande maioria, em McDonald’s representou cerca de 0,05% das transações da
cidades com população relativamente elevada — mais economia brasileira. Esse faturamento representou 0,12%
de 150 mil habitantes — ou que atendem a um grande da renda nacional e 0,19% de todas as despesas com bens
público sazonal, tais como estâncias turísticas e pequenas de consumo e serviços realizadas pelas famílias brasileiras,
localidades situadas às margens de importantes rodovias. estimadas em R$ 978 bilhões.

2005McOnomics 13
Quando as vendas do McDonald’s são comparadas com
3,8% o total de despesas com alimentos realizadas pelas famílias
brasileiras, tem-se uma melhor dimensão do peso da rede.
23,6% Estima-se que, em 2004, cada família tenha despendido algo
em torno de R$ 571,00 por mês com alimentação. Desse valor,
72,6% R$ 434,00 referem-se à aquisição de alimentos in natura
e industrializados — realizada em supermercados, feiras,
mercearias, padarias etc — para consumo nas residências. Os
demais R$ 137,00 são despesas com alimentação fora de casa,
sendo R$ 41,20 no segmento de serviço rápido de alimentação.
No total do país, a despesa com alimentação somou
R$ 203 bilhões em 2004, sendo 76% de produtos in natura e
industrializados para consumo em casa, e 24% despendidos
em alimentação fora de casa. Do total de despesas com
alimentação, a realizada em bares, lanchonetes e quiosques
atingiu R$ 21,5 bilhões. Dessa forma, estima-se que o
McDonald’s detenha, no Brasil, cerca de 0,9% do mercado de
alimentos, 3,8% do mercado de alimentação fora de casa e
8,5% do mercado de bares e lanchonetes. Do seu segmento,
estima-se que a rede detenha 13,9% do mercado.
Além disso, destaca-se o grande número de pessoas
envolvidas. Cada restaurante McDonald’s emprega em média
Outros restaurantes
60 funcionários, o que resulta numa força de trabalho superior
e cantinas
a 31 mil postos de trabalho diretos em 2004. Isso correspondeu
a cerca de 0,08% do total de funcionários com carteira
Outros fast food assinada no Brasil, a 4,1% dos postos de trabalho formais do
setor alimentação, estimados em 768 mil trabalhadores, e a
5,7% dos 586 mil empregados formais de bares, restaurantes e
McDonald’s
lanchonetes do Brasil.

Participação do McDonald’s no
setor de alimentação (%), 2004

14 M c O n o m i c s 2 0 0 5
13,9%

86,1%

AM RN
PA MA CE
3 2
3 2 10
PI PB
1 PE 3
12
AL
BA SE 2
MT 15 2
3 DF
21

GO
8 MG
MS 27
2 ES
Legenda 5

RJ
Municípios do Brasil 98
PR SP
Municípios com restaurante
24 263
do McDonald’s
SC
14
Outros UF
n° de Pontos-de-venda
RS
28
fast food

McDonald’s

Participação do McDonald’s no Distribuição da rede


segmento de serviço rápido McDonald’s no Brasil, 2004
de alimentação (%), 2004

2005McOnomics 15
Num Big Mac, que
custa R$ 5,90,

ageração
há R$ 3,28 de
despesas com
alimentos e serviços
e R$ 2,62 de renda

derenda gerada pelo


McDonald’s.

A contribuição de uma atividade econômica para o país é salários e encargos sociais e com cerca de R$ 435 milhões em
determinada pela quantidade de bens ou serviços que ela excedente operacional — nos quais estão incluídos os custos
acrescenta ao total de bens e serviços produzidos em toda indiretos com a produção e comercialização da empresa, a
a economia. Os últimos
dados disponíveis para a Cadeia McDonald’s
Setor de Economia
economia brasileira, e para Contas Fornece-
McDonald’s Total
Alimentação Brasileira
dores
o setor de alimentação, são
Valor adicionado 713.955 736.036 1.449.990 15.560.456 1.395.604.382
de 2003. Por esse motivo, a
Remunerações 201.505 262.268 463.773 6.950.148 554.148.834
estimativa da contribuição
Salários 148.046 202.827 350.873 5.401.633 399.881.787
da rede McDonald’s que
segue foi feita para esse Contribuições sociais 49.762 59.441 109.203 1.548.515 90.136.248

ano. Previdêndia Social e FGTS 47.850 58.750 106.600 1.539.465 86.526.494

Em 2003, a contribuição Previdêndia privada 1.912 691 2.602 9.049 3.609.754

da rede para a economia Excedente operacional bruto 454.328 434.594 888.921 8.330.817 738.682.837

brasileira foi estimada em Rendimentos de autônomos 33.793 - 33.793 6.518.062 69.756.604

R$ 736 milhões. Esse valor Excedente operacional 420.535 434.594 855.128 1.812.756 668.926.232
adicionado também pode Outros Impostos produção 59.673 39.174 98.847 279.491 106.389.884
ser visto pelo enfoque da
Consumo Intermediário 876.993 923.499 1.800.492 25.838.398 1.630.562.506
renda. Sob esse aspecto,
Valor da Produção 1.590.947 1.659.535 3.250.482 41.398.854 3.026.166.888
o McDonald’s contribuiu
Pessoal ocupado 28.026 29.689 57.716 2.546.969 67.334.200
com R$ 262 milhões em

A cadeia produtiva do McDonald’s


e a economia brasileira, 2003

16 M c O n o m i c s 2 0 0 5
remuneração de profissionais autônomos,
os impostos diretos e indiretos arrecadados
por ela, o investimento e a remuneração de
seu capital. Somando-se o valor adicionado
ao consumo intermediário, que representa
R$ 923,5 milhões, obtém-se o faturamento
de cerca de R$ 1,7 bilhão da rede em 2003.
Quando se toma como exemplo um
Big Mac, a um preço de R$ 5,90, havia
nesse valor R$ 3,28 de despesas em que o
McDonald’s incorre com alimentos e todos os
bens e serviços para produzir o sanduíche.
O restante, R$ 2,62, representava o valor
adicionado pela empresa à economia
brasileira, ou seja, o que a rede acrescentava
na forma de pagamento de salários, de
impostos e a remuneração da empresa.
Os R$ 736 milhões adicionados pela
rede em 2003 representaram cerca de 4,5%
de todo o valor adicionado do setor de
alimentação no país. Vale mencionar que
as atividades do McDonald’s sustentaram
1,2% do pessoal ocupado e 3,6% da folha
de pagamentos do setor de alimentação
no Brasil. A arrecadação com impostos
diretos sobre a produção, de R$ 39 milhões
representou 12,3% do coletado em todo ramo
de alimentação brasileiro.

Geração de renda indireta na cadeia


produtiva do McDonald’s, R$ milhão, 2003

2005McOnomics 17
Mas essa não é a única renda gerada
na economia brasileira pelas atividades
do McDonald’s. As empresas que vendem
produtos e serviços diretamente ao grupo
também pagam salários, impostos e
obtêm lucros. É o caso, por exemplo, da
FSB Foods, que fornece pães. Da mesma
forma, a FSB Foods vai criar renda indireta,
ao adquirir farinha de trigo da Cargill. E
assim, sucessivamente, os fornecedores dos
fornecedores geram renda por toda economia
brasileira.
Estima-se que, em 2003, para cada real
de valor adicionado pelo McDonald’s, tenham
sido gerados outros R$ 0,97 em toda a
economia brasileira. Isso significa que foram
criados R$ 714 milhões a mais no país, das
fazendas aos restaurantes do McDonald’s,
passando por diversas atividades laterais
da cadeia. Desse valor, R$ 202 milhões
são salários e contribuições das empresas
fornecedoras de insumos para a rede, R$ 454
formaram o excedente operacional dessas
empresas e R$ 60 milhões foram arrecadados
de impostos diretos sobre a produção.
Essa renda, somada à que o próprio
McDonald’s gerou, atingiu R$ 1,45 bilhão
em 2003, o que correspondeu a 0,10% do

Geração de emprego indireto na cadeia


produtiva do McDonald’s, 2003

18 M c O n o m i c s 2 0 0 5
PIB brasileiro. Os setores econômicos
mais beneficiados com as atividades do
McDonald’s são agropecuária, serviços
(por conta das elevadas despesas em
publicidade), imobiliário, telecomunicações,
comércio e transportes. O total das
transações na cadeia McDonald’s atingiu
R$ 3,250 bilhões, o que equivale a 0,11% de
todas operações realizadas no país.
Seguindo mesmo raciocínio, além dos
29,7 mil empregos diretos do McDonald’s
em 2003 (aqui incluídos os funcionários
administrativos, de lojas próprias e
franqueadas), suas atividades sustentam
mais 28 mil postos de trabalho nos demais
setores da economia brasileira, totalizando
57,7 mil empregos no Brasil. Esses postos
de trabalho são gerados, em sua maioria, Legenda
em quatro setores de atividade econômica:
agropecuária, serviços, comércio e Municípios com fornecedores
do McDonald’s
transportes.
Municípios com restaurante
Em toda a cadeia produtiva do do McDonald’s

McDonald’s, são gerados R$ 464 milhões em


salários e contribuições e R$ 889 milhões em
excedente operacional. Foram arrecadados
na forma de impostos diretos sobre a
produção cerca de R$ 99 milhões.

Distribuição dos restaurantes e dos


fornecedores da Cadeia do Big Mac, 2004

2005McOnomics 19
doBrasilpara
em 2003, as exportações
para o mundo
mcdonald’s geraram
7.843 empregos e

omundoMcDonald’s
R$ 126,4 milhões de
renda no Brasil.

Muito embora o McDonald’s não seja um exportador direto de Assim, somando a renda das exportações brasileiras para
produtos e serviços, vários dos seus 210 fornecedores ao longo o McDonald’s no mundo com a gerada pelas atividades da
da cadeia do Big Mac no Brasil exportam mercadorias para a rede no país, chega-se a uma contribuição total na geração de
rede em outros países. Os produtos brasileiros vão para a União renda de R$ 1,6 bilhão e a um total de 66 mil postos trabalhos
Européia, o Mercosul e Chile, o Oriente Médio e o Japão. Isso na economia brasileira e quase R$ 500 milhões de salários e
significa dizer que, além dos efeitos das atividades da rede no contribuições em 2003.
Brasil, há empregos e renda de brasileiros que são sustentados McDonald’s
pelas atividades da empresa no resto mundo. Contas
de outros
do Brasil Total
Em volume e valor, os dois principais produtos exportados países

são as carnes processadas e os concentrados de suco. Em 2003, Valor adicionado 1.449.990 126.403 1.576.394

Remunerações 463.773 33.937 497.710


estima-se que foram exportados US$ 46 milhões apenas com
Salários 350.873 25.345 376.218
essas duas mercadorias, o que equivale a R$ 141 milhões.
Contribuições sociais 109.203 8.591 117.794
Aplicando-se os coeficientes de emprego e renda dos setores
Previdêndia Social e FGTS 106.600 8.396 114.996
de processamento de carnes, de sucos e de óleos vegetais, Previdêndia privada 2.602 195 2.798
apresentados na terceira tabela do Anexo Metodológico, Excedente operacional bruto 888.921 56.375 945.297
estima-se que essa demanda por produtos brasileiros tenha Rendimentos de autônomos 33.793 1.395 35.188

criado outros 7.843 empregos, diretos e indiretos, e tenha Excedente operacional bruto 855.128 54.980 910.109

gerado R$ 126,4 milhões de renda em 2003. Essa demanda Outros Impostos produção 98.847 36.092 134.938

externa também gerou, no Brasil, uma produção encadeada no Consumo Intermediário 1.800.492 121.200 1.921.692

valor de R$ 248 milhões em 2003, sustentando R$ 34 milhões Valor da Produção 3.250.482 247.603 3.498.085

em salários e contribuições sociais. Pessoal ocupado 57.716 7.843 65.559

O McDonald’s no Brasil e no mundo e


a economia brasileira, R$ mil 2003

20 M c O n o m i c s 2 0 0 5
Legenda

Países importadores

Destino das exportações de produtos


brasileiros para o Mundo McDonald’s, 2003

2005McOnomics 21
cargatributária
edespesasocial
De cada R$ 10 de
valor adicionado pelo
mcdonald’s, há R$ 3,20
de carga tributária.

Parte da renda gerada pelas atividades do McDonald’s é empresas brasileiras e 5,3 pontos percentuais superior à carga
transferida ao governo na forma de impostos e contribuições tributária das demais empresas do ramo de alimentação que
sociais. Em 2003, a empresa coletou impostos e contribuições não comercializam bebidas alcoólicas. Isso levou o McDonald’s,
sociais no valor de aproximadamente Cadeia McDonald’s
Setor de Economia
R$ 249 milhões. Desse total, cerca Contas Fornece-
dores
McDonald’s Total Alimentação* Brasileira

de 71% referem-se a impostos sobre a Impostos sobre a produção 96.983 177.342 274.326 2.072.706 180.576.269

produção, com destaque para o ICMS ICMS 27.294 118.333 145.627 1.472.951 52.731.074

e o IPI (R$ 136 milhões), e os demais IPI/ISS 5.950 17.930 23.881 290.653 13.453.695

29% dizem respeito a impostos sobre Imposto de importação 2.128 136 2.264 39.477 4.535.688

renda e propriedade, em que pesaram Outros específicos 1.939 1.768 3.707 30.045 3.505.837

Outros impostos sobre a produção 59.673 39.174 98.847 239.581 106.349.974


os R$ 58,8 milhões de contribuições
Impostos sobre a renda e a propriedade 102.184 71.721 173.905 2.367.438 170.066.452
patronais ao sistema previdenciário
IPTU 2.190 4.118 6.308 101.980 4.233.754
(INSS) e ao Fundo de Garantia por
IPVA 3.550 - 3.550 25.625 5.276.512
Tempo de Serviço (FGTS). IPMF / CPMF 5.954 7.859 13.813 168.058 10.563.011
Em termos relativos, essa Previdência oficial e FGTS 47.768 58.750 106.518 1.539.465 86.526.494
arrecadação representou 33,8% do Imposto de renda 26.733 994 27.727 532.310 45.095.680

valor adicionado pela empresa em CSLL 8.836 - 8.836 - 15.661.353

2003, de R$ 736 milhões. Tendo como Demais (ITR) 7.153 - 7.153 - 2.709.648

referência o valor adicionado, a Carga tributária total 199.167 249.063 448.230 4.440.145 350.642.721

carga tributária foi quase 8,7 pontos Carga tributária (%) do VA 27,9% 33,8% 30,9% 28,5% 25,1%

percentuais maior que a da média das Notas: (*) Excetuada a arrecadação de IPI e ICMS com a venda de bebidas alcoólicas.

Carga tributária do McDonald’s e da


economia brasileira, R$ mil, 2003

22 M c O n o m i c s 2 0 0 5
cuja participação de mercado foi de 3,9% em 2003, a contribuir trabalhistas, no valor de R$ 262 milhões em 2003, os benefícios
com quase 5,0% de todo imposto arrecadado no ramo de concedidos aos funcionários, que somaram R$ 74 milhões, e os
alimentação do Brasil — excetuada a arrecadação de IPI e ICMS programas sociais da empresa, de R$ 2,9 milhões. Somados os
com a venda de bebidas alcoólicas. impostos que são pagos com o excedente operacional bruto da
Esse não é o valor total da arrecadação da rede. empresa, que atingiram R$ 52 milhões nesse ano, chega-se a
Considerando-se todos os impostos diretos e indiretos que um total de despesas sociais de R$ 392 milhões, montante que
estão presentes nos produtos vendidos pelo McDonald’s, representou 53,2% do valor adicionado pela rede em 2003. Essa
independentemente de terem sido arrecadados pela empresa contribuição elevou-se para R$ 413 milhões em 2004.
ou por algum de seus fornecedores, estima-se que, em Entre os programas sociais vale destacar o McDia Feliz. Em
2003, tenham sido coletados R$ 448 milhões aos cofres 2004, a iniciativa arrecadou R$ 6,3 milhões, o que corresponde
municipais, estaduais e federal. Isto é, aos R$ 249 milhões a 0,8% do valor adicionado pelo McDonald’s no ano, estimado
arrecadados pelo McDonald’s, somaram-se R$ 199 milhões em R$ 814 milhões.
de impostos e contribuições de seus fornecedores em toda a Despesas sociais 2003 2004
cadeia produtiva. Na tabela, vê-se a distribuição dessa carga Remunerações 262.268 262.867

tributária entre diferentes impostos e contribuições, em que Salários 202.827 197.702

se destacam o ICMS, os outros tributos sobre a produção (onde Encargos sociais 59.441 65.165

estão incluídos a Cofins e o PIS/Pasep) e as contribuição ao Benefícios com funcionários 74.204 79.433

INSS e ao FGTS. Esse valor total de impostos e contribuições Alimentação 44.378 44.225

Transporte 14.984 15.694


sociais representou 27% do faturamento da empresa em 2003.
Previdência privada 691 321
Para se ter uma idéia do que os R$ 448 milhões
Saúde 10.220 11.209
representam em termos relativos, pode-se mencionar que Segurança e medicina no trabalho 1.727 3.038
superou o total das despesas federais com cultura, desporto Desenvolvimento profissional 493 2.990

e lazer, que somaram R$ 412,3 milhões em 2003, segundo a Outros (benefícios adicionais) 1.711 1.956

Secretaria do Tesouro Nacional. Ou ainda, a carga tributária do Programas sociais 2.912 2.584

McDonald’s foi de 2,5 vezes os gastos da União com habitação Impostos sobre renda e propriedade* 52.145 68.558

e saneamento. Total 391.528 413.442

(%) no Valor Adicionado** 53,2% 50,8%


A contribuição social da empresa vai além da arrecadação
Notas: (*) Inclui IRPJ, CPMF, IPTU, Salário Educação, Sistema S, PIS e Cofins; (**)
de impostos. Incluem as despesas com salários e encargos O valor adicionado do McDonald’s em 2004 foi estimado em R$ 814 milhões.

Despesas sociais
do McDonald’s, R$ mil

2005McOnomics 23
O funcionário típico do
McDonald’s é jovem,

qualidade
tem 10 anos de estudo
e trabalha 30 horas na
semana. As mulheres
representam 55% dessa

doemprego
força de trabalho.

Diferentemente do que ocorre com a média das empresas no do segmento de alimentação no país, a mão-de-obra do
Brasil, o McDonald’s tem em seu corpo de funcionários um McDonald’s tem escolaridade maior: nesse segmento, os
número maior de mulheres (55%) do que de homens (45%). empregados que estão cursando o ensino médio ou já o
No segmento de alimentação, por exemplo, de cada 100 concluíram representaram apenas 37% do total da força de
empregados com carteira assinada, havia em média 49 homens trabalho e 2,8% possuíam ensino superior completo ou em
e 51 mulheres em 2003. curso em 2003. Enquanto o funcionário do McDonald’s tinha
Outra característica dos funcionários do McDonald’s que se 10 anos de estudo, em média, o trabalhador do segmento de
sobressai é a idade. Em 2003, o empregado do McDonald’s era alimentação tinha 8,5 anos.
6 anos mais jovem que os demais trabalhadores do segmento A elevada produtividade da mão-de-obra do McDonald’s se
de alimentação no país. De fato, 87% tinham entre 16 e 21 deve aos investimentos realizados em tecnologia. Porém, há
anos. Em todo o segmento de alimentação, a maior parcela um outro fator importante: a formação de seus funcionários.
de empregados com carteira assinada (71%) se concentrou Em 1997, o McDonald’s inaugurou no Brasil a Universidade
na faixa etária de 22 a 45 anos. Os jovens de 16 a 21 anos do Hambúrguer — existente em apenas outros cinco países,
representam apenas cerca de 16%. A reduzida faixa etária além dos Estados Unidos. O investimento em capital fixo
média dos funcionários do McDonald’s é um aspecto marcante, de R$ 7 milhões ali realizado tem, entre seus objetivos,
pois indica que a sua oferta de trabalho está relacionada ao coordenar centros de treinamento regionais e programas de
primeiro emprego do jovem brasileiro. desenvolvimento de funcionários. Em 2004, as inversões totais
A pouca idade tem reflexo na escolaridade dos funcionários do McDonald’s em desenvolvimento profissional atingiram
do McDonald’s: 94% têm o ensino médio completo ou em R$ 3 milhões. Além dessas despesas diretas, estima-se que
curso, enquanto quase 5% estão cursando o ensino superior a rede tenha investido cerca de R$ 17 milhões na liberação
ou já o completaram. Relativamente à média das empresas de horas de trabalho para seus funcionários participarem de

24 M c O n o m i c s 2 0 0 5
cursos fora da empresa e treinamentos internos. Esse
valor corresponde a 1,8 milhão de horas de treinamento.
Considerando que a maior parcela dos trabalhadores
do McDonald’s é jovem e ainda está estudando, a
jornada de trabalho tem uma importância considerável
como fator de estímulo à conclusão dos estudos. Na
rede, a jornada média de 30 horas foi 37% menor que a
dos empregados do segmento de alimentação no Brasil.
Em suma, em termos de qualidade de emprego,
o McDonald’s contribui para a inserção da mulher e
do jovem no mercado de trabalho. Dá oportunidades
para pessoas de instrução média e investe em sua
qualificação profissional. E, com isso, obtém uma maior
produtividade, revertida em melhores salários. Em
comparação com a média dos empregados no segmento
de alimentação do país, o funcionário do McDonald’s teve
um salário cerca de 17,5% superior em 2003. Na verdade,
se for considerado que o trabalhador da empresa é
mais jovem e com uma jornada de trabalho mais curta,
como é maior a participação de mulheres no quadro de
funcionários, seria de esperar, pelos padrões vigentes
no país, um salário menor que o de um trabalhador
médio do segmento de alimentação. Mas não é o que
acontece: em 2003, o funcionário do McDonald’s teve um
salário 29% superior ao de uma pessoa com as mesmas
características (escolaridade, idade, sexo e jornada de A jornada de trabalho média dos funcionários do McDonald’s é de 30
horas, 37% menor que a dos empregados do segmento de alimentação
trabalho) e empregado numa outra empresa do ramo de no Brasil, o que permite o balanceamento com a educação, pois
alimentação. 99% desses jovens dividem seu dia entre trabalho e estudo

2005McOnomics 25
investimento+
emprego+
produtividade=
crescimento Quem é maior cresce menos...esse é o chamado efeito de
convergência. a rede McDonald’s teve um crescimento
grande entre 1990 e 1995. sua taxa de crescimento
de 1996 para cá é menor, mas ainda é elevada.

Crescimento econômico é um fenômeno que pode ser resumido a um ganho de bem-estar pela presença da empresa no país
em três palavras: investimento, emprego e produtividade. O na ordem de R$ 200 milhões por ano. Essa é a contribuição do
McDonald’s tem contribuído para o crescimento brasileiro McDonald’s para o primeiro aspecto do crescimento econômico
nesses três aspectos. brasileiro.
Em 26 anos de presença no Brasil, o número de restaurantes Quanto ao segundo aspecto, o McDonald’s contribuiu com
próprios e franqueados do McDonald’s chegou a 548 em 2005, a criação de mais de 30 mil novos postos de trabalho no setor
o que correspondeu a um crescimento médio anual de 22% nos de alimentação no período de 1990 a 2003. Ao longo de toda a
últimos 16 anos. Nesse mesmo período, o faturamento da rede cadeia do hambúrguer, foram criados mais de 57 mil postos de
elevou-se à taxa de 12,1% ao ano, em termos reais, o que dá trabalho. Isso correspondeu a uma taxa de expansão da força
um crescimento das vendas per capita de 10,6% ao ano. Um de trabalho empregada na rede McDonald’s de 20% ao ano, o
desempenho notável, ao se ter em mente que o PIB brasileiro que é particularmente importante, visto que, nesse período,
aumentou 2,5% ao ano e o PIB per capita cresceu apenas 1% ao a ocupação total na economia brasileira cresceu a uma taxa
ano nesse período. bastante reduzida, de apenas 0,9% ao ano. Assim, os novos
Os investimentos da rede acumulados até 2004 somam postos de trabalho abertos pelo McDonald’s representaram
R$ 1,15 bilhão, ou R$ 44 milhões por ano. Apenas nos últimos 0,7 ponto percentual dos 7,8 milhões de postos de trabalho
2 anos, a empresa investiu cerca de R$ 123 milhões no Brasil. abertos no país desde 1990.
Tomando por referência o trabalho de Pires e Garcia (2004), Cada funcionário do McDonald’s gerou, no ano de 2003,
que analisa, entre outros temas, a influência dos investimentos R$ 24,8 mil de valor adicionado, o equivalente a R$ 15,30 por
da empresa sobre a economia brasileira, pode-se dizer que o hora trabalhada. Quando se comparam esses números com os
PIB brasileiro seria 0,01% menor caso McDonald’s não tivesse da economia brasileira e com os do setor de alimentação, tem-
investido aquele volume de recursos no Brasil, o que equivale se uma idéia da contribuição da empresa para a produtividade

26 M c O n o m i c s 2 0 0 5
do país. Em média, um trabalhador brasileiro adicionou cerca produtivo, em média, que um empregado desse segmento.
de R$ 20,7 mil em 2003, ou R$ 9,57 por hora trabalhada. Isso Isso traz outro benefício da presença da empresa no país: são
significa que um empregado do McDonald’s é cerca de 60% mais mais R$ 181 milhões por ano em conseqüência do diferencial
produtivo do que um trabalhador médio brasileiro — aí incluídos tecnológico. Assim, estima-se um ganho total de bem-estar
empregados de setores industriais, cuja produtividade é também de R$ 378 milhões por ano. A maior produtividade é, em boa
bastante elevada. Tomando-se apenas o segmento de bares e medida, resultado de altos investimentos em tecnologia.
restaurantes, o contraste é ainda maior: um empregado desse Conforme metodologia apresentada no anexo, a produtividade
setor gerou R$ 6,1 mil em 2003, ou R$ 2,36 por hora trabalhada. total do McDonald’s elevou-se à taxa de 3,6% ao ano, na média
Em resumo, um funcionário do McDonald’s é 6,5 vezes mais do período 2000 a 2004.

Vendas do McDonald’s
e PIB per capita, R$

2005McOnomics 27
anexo
metodológico

A.1 A teoria de Leontief: o modelo aberto Os dois componentes da demanda total, que se iguala ao valor da produ-
ção do setor, são a demanda final, realizada pelos consumidores, investidores e
A chamada tabela de insumo-produto das Contas Nacionais tem o aspecto governo e a demanda intermediária, ou consumo intermediário. Na demanda
típico descrito na figura abaixo. Nela, estão representadas as diversas transações final está incluído o consumo das famílias, o que indica que o modelo é aberto,
intersetoriais realizadas numa determinada economia durante um certo perío- visto que essa parte importante da demanda é determinada, por hipótese, de
do de tempo (um ano, digamos). São m setores produtivos, ou atividades, que forma exógena.
participam do fluxo de insumos e de produtos. As principais variáveis sobre as A hipótese fundamental do modelo de insumo-produto assume que a quan-
quais são definidas as relações de insumo-produto são: tidade de insumo do setor i consumido pelo setor j, Xij, é proporcional à produ-
• Xij : a quantidade de insumo, em valor monetário, produzido pelo setor ção total do próprio setor j, Xj, isto é, que
i e adquirido pelo setor j;
• Xi : o valor monetário da produção total do setor i; Xij = aij · Xj ,
• Di : o valor monetário da demanda final pelo
produto do setor i, que corresponde à soma do
consumo familiar deste insumo, Ci, com o inves-
timento privado, Ii, o dispêndio governamental,
Gi, e as exportações, Ei;
• Vj : o valor adicionado pelo setor j;
• Mj: as importações do setor j.
Na linha i estão, portanto, as vendas do setor i para
cada um dos demais setores da economia de forma que
podemos escrever:

ou ainda:

Tabela de
Insumo-produto

28 M c O n o m i c s 2 0 0 5
em que aij é uma constante. Isso equivale a dizer que o consumo por parte do
setor j de insumos do setor i, Xij, é uma função linear de sua própria produção,
Xj. Para se produzir um total de Xj, o setor j necessita de aij · Xj = Xij em insumos , j = 1, 2, 3, ..., m.
de i. Percebe-se que esta relação é uma característica da tecnologia de produção
do setor j: para dobrar a sua produção, e chegar a 2 · Xj, por exemplo, o setor j Essas desigualdades garantem a existência da inversa da matriz (I – A). As-
necessitará obter do setor i um total de aij · (2 · Xj) = 2 · Xij em insumos. sim, o sistema acima pode ser resolvido para X:
A matriz A = (aij) que pode ser assim construída é conhecida por matriz de
tecnologia e os seus elementos ‘aij’ são chamados coeficientes técnicos de insu- X = (I – A)-1 ·D = L·D (1)
mos diretos. A hipótese feita se baseia no fato de ser lento o ritmo de avanço
tecnológico por parte das diversas indústrias de uma economia, o que implica A matriz L = (I – A)-1 é chamada de matriz inversa de Leontief. O sistema
a validade da relação acima para períodos imediatamente anteriores e poste- (1) mostra o quanto a economia deverá produzir de cada mercadoria e servi-
riores. Supõe-se também que os preços são fixos no período em que se fez a ço para atender a demanda total D. Assim a j-ésima coluna de L representa a
análise, já que na prática as quantidades dadas da tabela de insumo-produto es- produção necessária de todos os setores produtivos para atender à demanda de
tão em alguma unidade monetária, e não na unidade física correspondente do uma única unidade de produto do setor j, como é possível verificar ao se fazer
produto, o que seria mais adequado para o cálculo das relações tecnológicas. o vetor D igual ao vetor-coluna composto apenas por zeros a exceção de seu
A partir dessas relações, obtém-se um sistema linear de m equações e m j-ésimo elemento, que deve ser 1.
incógnitas: A fim de se mensurar impactos econômicos utilizando-se a matriz de in-
sumo-produto, são construídos multiplicadores de emprego e de renda. Na
literatura especializada não há um consenso geral sobre o significado desses
, i = 1, 2, ...,m, multiplicadores e diversas definições distintas podem ser encontradas. Neste
texto, serão empregadas duas delas, uma função da outra, e o valor associado
ou seja, àquela mais importante será denominado coeficiente de emprego ou de renda,
conforme o caso.
ai1X1 + ai2X2 + ... + ainXn + Di = Xi, i = 1, 2, 3, ...,m. O coeficiente de emprego direto CEDj, j = 1, 2, ..., m é aquele obtido pela
divisão do número de trabalhadores de cada setor j de atividade, Nj, pelo res-
Na forma matricial, este sistema pode ser escrito como: pectivo valor da produção, Xj. Compondo um vetor-linha (1 × m) com estes
quocientes, chega-se a:
A·X + D = X , ou ainda, (I – A)·X = D.
CED = (N1/X1 N2/X2 ...Nm/Xm) (2)
Aqui, A é a matriz de tecnologia, quadrada m x m; X é o vetor coluna m x 1
cujos elementos são os valores das produções dos diversos setores; D é o vetor Isto é, para se produzir uma unidade de produto do setor j, serão necessá-
coluna m x 1 correspondente à demanda final e I é a matriz identidade m x m. rios CEDj pessoas ocupadas no próprio setor j, seguindo a hipótese de relações
O passo final para a construção do modelo de I-P pode ser garantido ao se lineares de Leontief. Ou ainda: se houver uma demanda por uma unidade de j,
perceber que, em geral, o consumo intermediário de um setor não ultrapassa o diretamente empenhados em sua produção, estarão CEDj pessoas no setor j.
total de sua produção, isto é, Entretanto, há o efeito indireto de geração de emprego em toda a economia,
visto que este setor deve consumir produtos provenientes dos demais. Para cal-
cular este efeito, lembremos que, dado um vetor-coluna D (m × 1) represen-
tando a demanda pelos produtos das m atividades, a produção que a satisfaz é
, j = 1, 2, 3, ..., m, dada por Z = L·D. Para produzir Z, serão necessários, portanto,

o que equivale a

2005McOnomics 29
pessoas ocupadas, isto é, E = CED·Z = (CED·L)·D = CEDI·D. de atividade da economia: quanto maior essa relação, maior a quantidade de
O vetor-linha CEDI (1 × m), o qual é igual a CED·L, é conhecido como o empregados, ou de renda, que serão gerados nos setores fornecedores de insu-
vetor de coeficientes de emprego direto e indireto, pois seu j-ésimo elemento, o mo para um emprego, ou unidade de renda, que são gerados diretamente.
coeficiente CEDIj, representa o total de pessoas ocupadas necessárias para que
toda a economia atenda à demanda de um único bem do setor j.
A.2 A Matriz Insumo-Produto do IBGE
CEDI = CED · L (3)
A matriz de insumo-produto brasileiras gerada pelo IBGE para o ano de
A outra noção de multiplicador de emprego, também utilizada na literatura, 2003 – e ampliada com a abertura do setor McDonald’s no presente projeto
relaciona o coeficiente de emprego direto com o indireto: – foi construída a partir das tabelas de produção e de consumo intermediário
das atividades econômicas, utilizando-se uma metodologia que permitiu agre-
gar 82 diferentes produtos (o produto “alojamentos e alimentação”, aberto em
três novos: “outros alimentação”, “alojamento” e o produto “McDonald’s”, bem
, j = 1, 2, ..., m. (4) como os demais 79 produtos originais) em 44 setores produtivos (o “serviço
prestados às famílias” é aberto em “outros alimentação”, “serviços prestados às
famílias” e o setor “McDonald’s”, além dos demais 41 setores propostos pelo
Essa relação nos diz que, se a produção de um valor determinado do setor j IBGE). Os dados primários foram coletados e resumidos em basicamente duas
empregar diretamente n trabalhadores do setor j, então o número de empregos tabelas:
diretos e indiretos gerados na economia correspondente será de KEj · n. 1- A tabela de produção, correspondente a uma matriz V (44 x 82), em
De maneira análoga, é possível também calcular os coeficientes de renda que Vij representa a quantidade do bem j produzido pelo setor i no ano
direta a partir da linha “Valor Adicionado” da tabela de insumo-produto. considerado; e
2- A tabela de consumo intermediário, correspondente a uma matriz Un
CRD = (V1/X1 V2/X2 ...Vm/Xm) (5) (82 x 44), cujo elemento Unij representa a quantidade do bem i consu-
mido pelo setor j.
e, em seguida, os coeficientes de renda direta e indireta Nas matrizes brasileiras são adotadas as seguintes definições:
• qj = a produção total do bem j na economia no período de um ano, para
CRDI = CRD·L (6) j = 1, 2,..., 82;
• gj = a produção total do setor j, para j = 1, 2,...,44 (nos itens acima, foi
que tem como j-ésimo elemento a renda total da economia advinda da produ- utilizado Xj para denotar este mesmo valor);
ção requerida para atender à demanda de uma unidade do produto do setor j. • r = (1, 1, 1,...,1)t o vetor coluna (44 x 1), tal que todos os seus elementos
Assim, dada uma demanda genérica D, a renda total Y obtida em sua produção são iguais a 1;
pode ser calculada por Y = CRDI.D. E, da mesma forma, os multiplicadores de • s = (1, 1, 1,...,1)t o vetor coluna (82 x 1), tal que também todos os seus
renda são calculados por: elementos são iguais a 1;
• qd = a matriz diagonal (82 x 82), tal que qdjj = qj, j =1, 2, ..., 82;
• gd = a matriz diagonal (44 x 44) tal que gdjj = gj, j =1, 2, ..., 44.
Observa-se que:
, j = 1, 2, ..., m (7)

Para efeito de simulações, os coeficientes definidos pelas expressões (2) e (3)


nos permitem inferir quanto ao número de empregos diretos e indiretos que , i = 1, 2, ..., 44, isto é,
seriam gerados pelo aumento do dispêndio agregado no setor j, mantidas as
relações tecnológicas. As equações (5) e (6), por sua vez, fornecem elementos
para se estimar o total de renda que seria gerado por esse dispêndio adicional. g = V·s (8)
Já as relações (4) e (7) apenas revelam o poder de encadeamento dos m setores

30 M c O n o m i c s 2 0 0 5
De maneira análoga, A matriz A = D·B (44 x 44) é a matriz de tecnologia do modelo aberto de
insumo-produto. A matriz D de participação de mercado é a ferramenta de
agregação das informações relativas a produtos em setores de atividade, tarefa
necessária pelo fato de as matrizes V e Un não serem quadradas. Por exemplo, o
, j = 1, 2, ..., 82. vetor Dn = D·En pode ser visto como o vetor demanda por setor de atividade:
o número Dij · Enj é uma estimativa para a quantidade do produto j que foi
Esse sistema pode ser escrito na forma matricial como qt = rt V, ou ainda: produzida pelo setor i e que se destinou à demanda final. Assim, a demanda
total por produtos provenientes do setor i deve ser dada por
q = Vt ·r (9)

As operações feitas em (8) e em (9) mostram que multiplicar uma matriz


por um vetor do tipo r ou s composto apenas por valores unitários equivale a .
formar um vetor cujo i-ésimo elemento é igual à soma de todos os elementos
da linha i da matriz. Por esta razão, valem ainda os resultados Pode-se, finalmente, reescrever (12) conforme o modelo aberto de Leontief,
sendo aqui g o vetor de produção por setor:
q = (qd) · s e g = (gd) · r (10)
g = (I – A)-1 · Dn (13)
São definidas ainda a matriz de participação de mercado D como Dij = Vij /
qj, i = 1, 2,..., 44; j = 1, 2, ...,82; e a matriz de consumo nacional B como, Bij = O IBGE também traz a matriz consumo por produtos importados, Um (82 x
Unij / gj, i = 1, 2,..., 82; j = 1, 2, ...,44, as quais podem ser escritas concisamente 44), a qual apresenta, para cada atividade, os valores dos produtos importados
como: consumidos. A matriz Bm que mostra a relação entre a produção por ativida-
de e o respectivo consumo intermediário de produtos importados é definida
D = V·(qd)-1 e B = Un·(gd)-1 (11) como

Segundo estas definições, como Vij é a quantidade do bem j produzido pelo Bm = Um·(gd)-1 (14)
setor i, o número Dij fornece a fração do total do bem j proveniente do setor i.
E ainda, como Unij é a quantidade do bem i produzido nacionalmente e con- A partir desta matriz, calcula-se a matriz M de coeficientes de importação
sumido pelo setor j, Bij representa a participação do consumo do produto i no por produto:
dispêndio total gj do setor j.
Seja um vetor de demanda final por produto, En (82 x 1). Conforme o mo- M = Bm·L (15)
delo aberto:
a qual, multiplicada pela demanda Dn, fornece a importação por produto rea-
q = Un·r + En lizada pela economia:

De (11), tem-se que: Un = B·gd e V = D·qd. E daí: Imp = M·Dn (16)

q = (B·gd)·r + En = B(gd·r) + En = B·g +En. isto é, Impj = a quantidade do produto j, j = 1, 2, ..., 82, importado pelo país
durante o exercício.
Multiplicando-se ambos os lados desta equação por D, e trocando sua or- Analogamente, há sete matrizes Tp de impostos que, para gerar coeficientes
dem, obtém-se D·B·g + D·En = D·q = D·(qd·s), a qual pode ser expressa da de impostos, recebem o mesmo tratamento dado para Um, a matriz de impor-
seguinte forma: tados.
Para os anos de 1990 a 1996, as matrizes Un e V foram disponibilizadas pelo
(D·qd)·s = V·s = g (12) IBGE já prontas para a aplicação da metodologia acima descrita. Para os anos
1997 a 2003, no lugar do consumo intermediário nacional – matriz Un – se

2005McOnomics 31
• a tabela de demanda total, correspondente a uma matriz W (82 x 49),
encontra dada a matriz U com consumo intermediário total, que corresponde composta pelas tabelas de consumo intermediário por atividade econô-
à matriz Un adicionada a todas as matrizes de impostos, mais a de importação, mica – uma matriz U (82 x 44), cujo elemento Uij representa a quantida-
mais as de margem de comércio e de transporte. A fim de estender a análise de de do bem i consumido pelo setor j – e de demanda final, corresponden-
insumo-produto para esses períodos, estimou-se a matriz Un, reproduzindo a te a uma matriz Df (82 x 5);
relação entre Un(96) e U(96). A expressão a seguir nos dá a fórmula empregada • os vetores de impostos sobre produto (ver tabela de produção), ICMS
para essa adaptação. IPI / ISS, etc;
• a tabela de valor adicionado.

Impostos ligados à produção e à importação


, t = 1997, ..., 2003.
Impostos sobre produtos

Até 1996, eram divulgadas pelo IBGE, as tabelas de impostos sobre produto
A.3 Abertura do setor McDonald’s nas TRU (ICMS, IPI, ISS, Imposto de Importação e outros específicos), nas quais eram
apresentados os valores destes impostos pagos pelas atividades econômicas ao
Nas suas tabelas de recursos e usos (TRU), o IBGE inclui o setor de alimen- consumir determinado produto. A partir de 1997, passaram a ser publicados
tação, que contém as redes de lanchonetes, no setor de atividade “serviços pres- apenas os vetores contendo os totais de impostos que incidiram sobre os diver-
tados às famílias”. Assim, para obter informações sobre a rede McDonald’s e sos produtos, agora não mais abertos por setor. Em virtude deste fato, os pro-
compará-las com aquelas relacionadas às demais empresas de alimentação, nas cedimentos seguintes foram empregados com o intuito de estimar tais tabelas
TRU, foi necessário quebrar os valores apresentados na coluna correspondente para o ano de 2003.
ao setor de atividade original supracitado, a fim de gerar as duas colunas dos Empregaram-se as estruturas de arrecadação das tabelas de 1996 nas de
novos setores “McDonald’s” e “Outros Alimentação”. 2003. Estipulou-se que cada segmento de atividade econômica e componente
As TRU são as tabelas de consumo intermediário e de produção, respectiva- de demanda final, ao consumir dado produto, pagou uma mesma alíquota so-
mente a matriz U e a transposta da matriz V do item A.2, mais a tabela de valor bre esse produto.
adicionado (VA), que traz a abertura deste valor em remunerações, excedente Assim, sejam o vetor-coluna I (82×1), contendo os totais dos impostos pa-
operacional e impostos sobre produção, por setor. gos sobre produtos nacionais e importados; a matriz filtro K (82×49), sendo o
Da mesma maneira, os produtos “McDonald’s” e “Outros alimantação” fo- elemento Kij igual a um se a atividade j tiver pago o imposto sobre o produto i
ram retirados do produto original “Alojamento e alimentação”, o qual também nacional, e igual a zero, caso contrário (estrutura de arrecadação em 1996); a
gerou, por resíduo, o novo produto “Alojamento”. matriz filtro L (82×49), análoga à matriz K, mas agora para produtos importa-
Os valores de consumo e produção utilizados na construção, nas TRU, do dos, e ai e bi as alíquotas cobradas respectivamente sobre os produtos tipo i de
setor McDonald’s foram calculados a partir dos dados contábeis de despesas e origem nacional e de origem estrangeira, i = 1, 2,..., 82. Tem-se, então:
receitas fornecidos pela própria empresa McDonald’s. Para estimar o compor-
tamento contábil do também novo setor “outros alimentação”, foram empre-
gados dados da Pesquisa Anual dos Serviços 2002 (PAS) e da Pesquisa Nacional
por Amostra de Domicílios 2003 (PNAD), ambas do IBGE (a PAS de 2003 ain- ,
da não foi publicada).
i = 1, 2, ..., 82.

A.4 Carga tributária Por inspeção, é possível descobrir quando ocorreu taxação sobre produtos
nacionais e importados, ou apenas sobre nacionais ou apenas sobre importa-
Para a realização deste estudo, foram utilizadas, além das tabelas de recursos dos. Portanto, para cada produto i, i = 1, 2,..., 82, pode-se construir relações en-
e usos de 2003 publicadas pelo IBGE, correspondentes à matrizes U e V do tre Kij e Lij, j = 1, 2,..., 44, de forma a obter uma terceira matriz filtro M (82×49)
item A.2, tal que um dos casos abaixo ocorre:

32 M c O n o m i c s 2 0 0 5
mento – salário educação, sistema S; e (ii) outros impostos e taxas sobre a pro-
dução – Cofins, PIS / Pasep e outros.

Impostos sobre Renda e Propriedade

Imposto de Renda sobre Pessoa Jurídica e Contribuição


, (17) Social sobre Lucro de Pessoa Jurídica
O IRPJ e a CSLL foram estimados a partir dos totais de arrecadação destes
tributos publicados nas contas nacionais do IBGE e distribuídos de acordo com
a participação de cada atividade econômica no total da arrecadação, conforme
, (18) a classificação CNAE-Fiscal.

IPVA
Estimou-se o rateio do total de IPVA pelos 44 setores de atividade utilizan-
, (19) do o consumo de gasolina pura, gasoálcool e óleos combustíveis, o qual deve
ser aproximadamente proporcional aos respectivos tamanhos das frotas destes
ou setores.

IPTU
O rateio do total arrecadado de IPTU foi feito segundo a linha de “Aluguel
de imóveis” da matriz de consumo intermediário.

ci = ai ou ci = bi (20) IPMF / CPMF


A estimativa do valor desta taxa pago por cada atividade econômica foi ob-
Seguem de (17), (18) e (19) estimativas si para as alíquotas dos impostos tida distribuindo-se o total arrecadado segundo os totais de consumo interme-
diário das atividades e dos setores da demanda final.
(21)
ITR e demais
A arrecadação total do imposto territorial rural foi atribuída integralmente
ao setor agropecuário e ao setor da fumicultura – equivalente a R$ 2,71 bilhões
sendo si = ai + bi, si = ai ou si = bi, conforme o caso. Quando se tem (4), toma-se em 2003.
para 2003 a mesma relação entre bi e ai que se tinha em 1996, o que permite en-
contrar ai e bi também por (21). A partir daí, calcula-se as matrizes de impostos Contribuições Sociais Efetivas
sobre produtos por Foram retiradas diretamente da tabela de valor adicionado, a qual fornece as
contribuições já desagregadas por setor de atividade.

i = 1, 2, ..., 82, j = 1, 2, ..., 44 (apenas para os 44 setores). A.5 Tabelas da Matriz Insumo-Produto modificada
Outros impostos ligados à produção A seguir apresentamos as tabelas de oferta e demanda totais, de produção,
de consumo intermediário e a Matriz Estruturada de Impostos para o ano de
A tabela de valor adicionado já apresenta abertos, por atividade econômica, 2003, a qual foi empregada para se calcular os impactos na cadeia, os multipli-
os seguintes impostos sobre a produção: (i) impostos sobre a folha de paga- cadores de emprego e renda de suas atividades e a carga tributária.

2005McOnomics 33
Oferta de bens e serviços
Código Margens e impostos sobre produtos Produção das atividades
do Descrição do produto Oferta total
produto nível 80 a preço Margem Margem Imposto
de consu- Outros Outros Serviços Total
nível 80 de de de IPI/ISS ICMS McDonald´s
midor impostos Alimentação prestados das atividades
comércio transporte importação
às famílias
0101 Café em coco 7 944 0 30 0 0 0 0 0 0 0 7 914
0102 Cana-de-açúcar 12 241 0 357 0 0 0 0 0 0 0 11 884
0103 Arroz em casca 9 317 1 070 149 25 0 0 0 0 0 0 7 728
0104 Trigo em grão 6 176 349 33 48 0 0 46 0 0 0 2 216
0105 Soja em grão 35 305 2 490 942 0 0 587 6 0 0 0 30 552
0106 Algodão em caroço 3 340 198 425 0 0 0 0 0 0 0 2 715
0107 Milho em grão 16 444 341 186 0 0 1 3 0 0 0 15 693
0108 Bovinos e suínos 35 608 653 704 0 0 1 0 0 0 0 34 242
0109 Leite natural 15 115 0 0 0 0 1 360 0 0 0 0 13 755
0110 Aves vivas 15 216 933 178 0 0 10 1 0 0 0 14 046
0199 Outros produtos agropecuários 127 680 12 970 2 459 51 0 2 650 15 0 0 0 107 799
0201 Minério de ferro 13 435 0 1 804 0 0 0 2 0 0 0 11 620
0202 Outros minerais 11 789 199 1 270 15 2 162 11 0 0 0 8 746
0301 Petróleo e gás 70 219 0 31 0 0 0 61 0 0 0 56 166
0302 Carvão e outros 3 086 24 422 0 0 61 42 0 0 0 200
0401 Produtos minerais não-metálicos 47 297 3 241 2 310 99 816 6 357 5 0 0 0 33 230
0501 Produtos siderúrgicos básicos 49 020 102 370 13 0 6 4 0 0 0 47 174
0502 Laminados de aço 36 033 1 371 632 100 346 386 10 0 0 0 32 034
0601 Produtos metalúrgicos não-ferrosos 34 695 1 932 301 138 256 479 21 0 0 0 28 019
0701 Outros produtos metalúrgicos 63 928 5 116 432 306 1 304 3 434 8 0 0 0 50 197
0801 Fabr. e manut. de máq. e equip. 91 167 4 558 47 1 224 1 617 2 093 61 0 0 9 68 151
0802 Tratores e máq. de terraplanagem 7 985 585 12 27 36 26 4 0 0 0 6 264
1001 Material elétrico 42 217 2 676 696 699 1 348 3 027 44 0 0 0 24 686
1101 Equipamentos eletrônicos 44 231 3 357 586 853 885 3 153 63 0 0 0 17 859
1201 Automóveis, caminhões e ônibus 50 379 4 554 268 281 1 003 4 518 4 0 0 0 36 991
1301 Outros veículos e peças 71 335 6 437 290 825 1 811 4 215 82 0 0 3 43 197
1401 Madeira e mobiliário 33 486 3 836 1 850 38 374 2 337 4 0 0 0 24 604
1501 Papel, celulose, papelão e artefatos 76 210 4 768 904 99 1 191 3 521 11 0 0 0 63 509
1601 Produtos derivados da borracha 26 044 1 723 146 200 631 1 683 9 0 0 0 19 065
1701 Elementos químicos não-petroq. 24 762 344 274 271 0 0 47 0 0 0 17 894
1702 Álcool de cana e de cereais 16 796 358 27 1 0 299 0 0 0 0 16 105
1801 Gasolina pura 36 494 0 0 0 0 1 609 2 0 0 0 34 753
1802 Óleos combustíveis 69 559 2 780 437 0 0 2 482 12 0 0 0 60 611
1803 Outros produtos do refino 44 994 3 978 251 45 134 1 082 19 0 0 0 34 451
1804 Produtos petroquímicos básicos 45 207 671 14 210 3 0 33 0 0 0 40 092
1805 Resinas 26 952 875 1 342 0 0 17 0 0 0 21 130
1806 Gasoálcool 51 565 5 089 0 0 0 0 0 0 0 0 46 476
1901 Adubos 25 202 1 520 739 115 0 0 23 0 0 0 17 912
1902 Tintas 15 943 972 0 166 464 1 053 5 0 0 0 11 953
1903 Outros produtos químicos 28 303 2 735 111 262 217 472 17 0 0 0 20 790
2001 Prod. farmac. e de perfumaria 49 086 8 031 0 173 1 038 4 848 16 0 0 0 25 943
2101 Artigos de plástico 23 396 1 398 210 199 636 1 484 5 0 0 0 17 530
2201 Fios têxteis naturais 10 211 303 0 12 0 114 4 0 0 0 9 238
2202 Tecidos naturais 7 314 393 20 5 0 415 0 0 0 0 6 421
2203 Fios têxteis artificiais 3 031 67 0 134 0 0 1 0 0 0 1 806
2204 Tecidos artificiais 4 741 195 13 125 0 660 1 0 0 0 2 890
2205 Outros produtos têxteis 13 488 1 159 24 82 24 1 255 1 0 0 404 10 410
2301 Artigos do vestuário 27 575 3 275 74 91 73 2 845 1 0 0 0 20 763
2401 Produtos de couro e calçados 13 987 794 134 56 31 1 527 6 0 0 0 10 816
2501 Produtos do café 18 568 1 487 399 1 0 867 1 0 0 0 15 809
2601 Arroz beneficiado 9 285 1 372 601 5 0 716 8 0 0 0 5 970
2602 Farinha de trigo 11 651 1 947 259 1 0 185 0 0 0 0 9 224
2603 Outros prod. veg. beneficiados 39 320 4 067 396 36 1 999 2 072 178 0 0 0 29 821
2701 Carne bovina 47 635 5 655 754 9 9 2 812 6 0 0 0 38 050
2702 Carne de aves abatidas 23 493 2 195 792 0 0 1 170 1 0 0 0 19 335
2801 Leite beneficiado 13 253 941 239 1 0 1 390 2 0 0 0 10 450
2802 Outros laticínios 11 604 1 361 329 19 0 1 215 1 0 0 0 8 529
2901 Açúcar 24 558 1 179 342 1 0 1 195 2 0 0 0 21 836
3001 Óleos vegetais em bruto 25 650 980 217 13 0 368 8 0 0 0 23 641
3002 Óleos vegetais refinados 18 540 1 476 321 26 0 687 2 0 0 0 15 770
3101 Outros prod. alimentares 58 177 6 321 1 093 62 10 4 918 6 0 0 0 43 863
3102 Bebidas 31 528 4 783 1 515 94 1 899 4 412 13 0 0 0 17 856
3201 Produtos diversos 42 718 3 426 281 489 1 042 5 194 27 0 0 0 25 965
3301 SIUP 115 102 0 0 0 0 12 119 0 0 0 0 100 042
3401 Produtos da construção civil 193 786 0 0 0 959 0 0 0 0 0 192 827
3501 Margem de comércio 19 175 - 135 608 0 0 402 0 0 0 0 363 152 906
3601 Margem de transporte 79 037 0 - 27 695 0 729 1 711 405 0 0 0 102 962
3701 Comunicações 85 376 0 0 0 5 14 709 0 0 0 0 69 386
3801 Seguros 32 049 0 0 0 148 0 174 0 0 0 30 609
3802 Serviços financeiros 113 749 0 0 0 768 0 4 177 0 0 0 106 526
3901a McDonald´s 1 693 0 0 0 0 34 0 1 660 0 0 1 660
3901b Outros alimentação 42 067 0 0 0 0 668 0 0 41 399 0 41 399
3901 Alojamento 18 827 0 0 0 333 1 616 1 0 0 9 771 10 000
3902 Outros serviços 31 259 0 0 0 1 659 0 1 0 0 19 635 28 563
3903 Saúde e educação mercantis 64 266 0 0 0 1 198 0 0 0 0 62 547 63 068
4001 Serviços prestados às empresas 132 126 0 0 0 3 074 0 3 0 0 0 106 411
4101 Aluguel de imóveis 48 405 0 0 0 8 0 0 0 0 13 48 397
4102 Aluguel imputado 108 413 0 0 0 0 0 0 0 0 0 108 413
4201 Administração pública 219 052 0 0 0 0 0 0 0 0 0 219 052
4202 Saúde pública 37 169 0 0 0 0 0 0 0 0 0 37 169
4203 Educação pública 53 426 0 0 0 0 0 0 0 0 0 53 426
4301 Serviços privados não-mercantis 18 993 0 0 0 0 0 0 0 0 0 18 993
Total 3 385 499 0 0 8 084 28 482 118 271 5 740 1 660 41 399 92 746 3 026 167
Obs (*): Por razões de sigilo, as despesas com carne bovina e aves foram consideradas na linha 3101.

34 M c O n o m i c s 2 0 0 5
Demanda de bens e serviços
Importação Consumo intermediário das atividades Demanda final

Exportação Consumo Demanda


Ajuste Importação de Outros Serviços Total Consumo Formação bruta Variação Demanda total
McDonald´s de bens e da administra-
CIF/FOB bens e serviços Alimentação prestados das atividades das famílias de capital fixo de estoque final
serviços ção pública
às famílias
0 0 0 0 0 7 944 0 0 0 0 0 0 7 944
0 0 0 0 0 12 241 0 0 0 0 0 0 12 241
0 345 0 0 0 9 119 0 0 0 0 199 199 9 317
0 3 484 0 0 0 4 357 22 0 0 0 1 797 1 818 6 176
0 728 0 0 0 19 875 12 845 0 0 0 2 585 15 430 35 305
0 1 0 0 0 2 922 6 0 0 0 412 418 3 340
0 220 0 0 0 12 786 1 120 0 237 0 2 301 3 658 16 444
0 7 0 0 0 24 545 4 0 0 0 11 059 11 063 35 608
0 0 0 0 0 12 208 0 0 2 908 0 0 2 908 15 115
0 48 0 0 328 13 659 58 0 1 499 0 0 1 557 15 216
0 1 737 0 0 3 816 63 045 3 383 0 53 838 6 111 1 303 64 635 127 680
0 9 0 0 0 3 400 10 603 0 0 0 - 569 10 034 13 435
0 1 384 0 0 0 9 538 1 971 0 0 0 279 2 251 11 789
0 13 962 0 0 0 60 437 6 588 0 0 0 3 195 9 782 70 219
0 2 337 0 0 0 3 086 1 0 0 0 0 1 3 086
0 1 239 0 0 1 070 42 303 3 053 0 1 734 0 208 4 994 47 297
0 1 351 0 0 0 40 731 8 288 0 0 0 0 8 288 49 020
0 1 155 0 0 139 29 584 6 485 0 0 0 - 36 6 448 36 033
0 3 549 0 0 196 26 937 6 839 0 1 009 0 - 90 7 759 34 695
0 3 130 0 0 888 56 866 3 208 0 3 989 684 - 818 7 061 63 928
0 13 417 39 49 279 35 664 6 117 0 199 49 012 175 55 504 91 167
0 1 031 0 0 0 1 312 3 009 0 0 3 561 103 6 673 7 985
0 9 041 0 0 468 16 600 5 734 0 11 812 7 800 271 25 617 42 217
0 17 475 0 0 553 9 060 6 789 0 15 599 12 224 558 35 170 44 231
0 2 760 0 0 226 875 11 915 0 26 159 11 310 120 49 503 50 379
0 14 479 0 0 7 819 43 717 18 732 0 6 617 2 660 - 390 27 618 71 335
0 444 0 0 411 12 109 8 386 0 10 144 2 678 169 21 377 33 486
0 2 209 49 63 913 56 860 8 831 0 10 669 116 - 267 19 349 76 210
0 2 587 0 0 4 524 22 496 2 548 0 498 0 502 3 548 26 044
0 5 931 0 0 725 21 268 3 568 0 0 0 - 74 3 494 24 762
0 5 0 0 242 13 165 486 0 2 153 0 991 3 630 16 796
0 131 0 0 0 35 786 1 689 0 0 0 - 981 708 36 494
0 3 237 0 0 473 63 711 5 384 0 14 0 450 5 849 69 559
0 5 035 0 0 456 35 583 1 610 0 7 702 0 100 9 411 44 994
0 4 185 0 0 135 42 144 2 357 0 472 0 234 3 062 45 207
0 4 587 0 0 205 23 620 3 090 0 0 0 243 3 333 26 952
0 0 0 29 130 9 745 0 0 41 918 0 - 99 41 820 51 565
0 4 894 0 0 0 24 474 313 0 3 0 412 727 25 202
0 1 330 0 0 365 15 365 481 0 35 0 62 578 15 943
0 3 701 0 0 763 24 735 2 132 0 1 516 0 - 79 3 569 28 303
0 9 037 0 0 2 120 9 058 1 824 0 38 112 0 92 40 028 49 086
0 1 934 30 38 855 21 174 1 103 0 1 293 0 - 175 2 222 23 396
0 540 0 0 172 9 087 1 148 0 43 0 - 67 1 124 10 211
0 59 0 0 987 6 018 757 0 461 0 77 1 296 7 314
0 1 023 0 0 86 2 579 301 0 36 0 115 451 3 031
0 857 0 0 868 4 065 281 0 435 0 - 40 676 4 741
0 531 0 0 870 6 579 1 880 0 5 139 0 - 110 6 909 13 488
0 452 1 2 2 5 825 393 0 21 237 0 120 21 750 27 575
0 623 1 2 82 2 065 8 478 0 3 512 0 - 68 11 921 13 987
0 4 0 571 0 3 648 4 752 0 5 109 0 5 059 14 920 18 568
0 613 0 691 0 1 450 15 0 7 720 0 99 7 835 9 285
0 34 0 408 0 10 425 4 0 1 137 0 85 1 226 11 651
0 751 81 626 0 5 027 8 195 0 26 516 0 - 418 34 293 39 320
0 340 * 2 893 0 11 047 7 158 0 29 271 0 159 36 588 47 635
0 1 * 863 0 1 211 5 692 0 16 627 0 - 36 22 283 23 493
0 231 0 270 0 4 826 31 0 8 413 0 - 16 8 428 13 253
0 152 56 894 0 1 785 116 0 9 822 0 - 119 9 819 11 604
0 5 0 2 098 0 11 336 6 502 0 5 596 0 1 124 13 222 24 558
0 425 0 0 0 14 549 11 112 0 0 0 - 11 11 101 25 650
0 259 11 1 014 0 5 982 745 0 11 020 0 793 12 558 18 540
0 1 905 150* 2 338 0 19 412 4 216 0 34 757 0 - 209 38 765 58 177
0 956 32 11 288 0 13 510 783 0 17 332 0 - 98 18 018 31 528
0 6 295 0 0 685 22 250 2 548 0 13 726 4 124 71 20 469 42 718
0 2 941 45 273 3 292 79 957 0 0 35 145 0 0 35 145 115 102
0 0 39 174 349 20 393 31 0 0 173 363 0 173 394 193 786
0 1 474 0 0 0 17 975 1 201 0 0 0 0 1 201 19 175
- 7 649 8 575 73 113 158 41 899 2 789 0 34 349 0 0 37 137 79 037
0 1 276 72 72 1 875 38 920 1 564 0 44 892 0 0 46 455 85 376
- 237 1 355 12 4 8 8 751 14 0 23 283 0 0 23 298 32 049
0 2 278 15 236 592 103 182 1 082 0 9 485 0 0 10 567 113 749
0 0 0 0 0 0 0 0 1 693 0 0 1 693 1 693
0 0 0 0 0 0 0 0 42 067 0 0 42 067 42 067
0 6 877 0 0 13 10 112 7 601 0 1 114 0 0 8 715 18 827
0 1 036 0 0 1 16 057 163 0 15 040 0 0 15 203 31 259
0 0 2 245 502 2 891 0 0 61 375 0 0 61 375 64 266
0 22 638 130 328 3 052 112 355 14 708 0 1 964 3 098 0 19 771 132 126
0 0 85 255 292 21 290 0 0 27 115 0 0 27 115 48 405
0 0 0 0 0 0 0 0 108 413 0 0 108 413 108 413
0 0 0 0 0 0 0 219 036 16 0 0 219 052 219 052
0 0 0 0 0 0 0 37 169 0 0 0 37 169 37 169
0 0 0 0 0 0 0 53 426 0 0 0 53 426 53 426
0 0 0 0 0 0 0 0 18 993 0 0 18 993 18 993
- 7 886 206 641 923 25 838 41 985 1 630 563 254 832 309 631 882 983 276 741 30 750 1 754 937 3 385 499

Oferta e demanda totais,


2003, em R$ 1.000.000
2005McOnomics 35
Excedente
Valor adicio- Contribui- operacional
Contribuições Previdência Previdência Rendimento
Setores de atividade econômica nado bruto a Remunerações Salários ções sociais bruto inclusive
sociais efetivas oficial/FGTS privada de autônomos
preço básico imputadas rendimento de
autônomos

Agropecuária 138 191 14 247 11 613 2 634 2 630 4 0 124 178 481
Extrativa mineral 8 249 1 844 1 310 533 459 74 0 5 614 193
Extração de petróleo e gás 46 639 1 860 1 202 657 526 131 0 42 380 0
Minerais não-metálicos 13 606 3 739 2 650 1 089 1 052 37 0 8 325 63
Siderurgia 23 043 1 145 774 371 306 65 0 18 572 0
Metalurgia não-ferrosos 6 036 772 542 230 214 15 0 4 077 0
Outros metalúrgicos 13 938 6 597 4 838 1 760 1 735 25 0 5 225 704
Máquinas e tratores 42 687 11 782 8 235 3 547 3 530 17 0 27 678 0
Material elétrico 4 856 2 120 1 547 573 560 12 0 1 680 0
Equipamentos eletrônicos 7 066 1 717 1 239 478 449 29 0 4 521 0
Automóveis, caminhões e ônibus 6 882 2 001 1 403 597 552 46 0 3 221 0
Outros veículos e peças 8 908 5 120 3 646 1 474 1 434 40 0 2 327 0
Madeira e mobiliário 9 953 4 264 3 207 1 057 1 055 2 0 4 729 874
Papel e gráfica 21 336 7 239 5 190 2 049 2 021 28 0 11 480 196
Indústria da borracha 5 886 999 735 264 257 7 0 4 076 0
Elementos químicos 15 588 1 573 1 133 440 434 6 0 12 502 0
Refino do petróleo 59 391 1 789 1 198 591 459 132 0 49 693 0
Químicos diversos 14 729 3 550 2 541 1 009 974 35 0 9 026 0
Farmacêutica e de perfumaria 8 073 2 579 1 873 707 675 32 0 4 377 0
Artigos de plástico 5 459 2 975 2 108 868 856 11 0 1 673 0
Indústria têxtil 5 062 1 852 1 365 487 483 4 0 1 885 7
Artigos do vestuário 6 648 2 902 2 247 656 656 0 0 3 269 2 239
Fabricação de calçados 4 276 1 810 1 322 489 487 2 0 2 001 59
Indústriado café 3 997 575 442 133 133 0 0 2 855 27
Beneficiamento de produtos vegetais 7 870 2 073 1 469 604 574 31 0 4 003 85
Abate de animais 6 770 1 855 1 420 435 433 3 0 2 782 76
Indústria de laticínios 2 526 629 469 160 158 2 0 1 200 0
Indústria de açúcar 7 313 1 037 775 262 262 0 0 5 360 0
Fabricação de óleos vegetais 6 190 416 311 105 105 0 0 4 184 0
Outros produtos alimentares 11 832 4 600 3 366 1 235 1 209 25 0 4 706 178
Indústria diversas 7 537 1 441 1 036 405 385 20 0 5 300 165
Serviços industriais de utilidade pública 47 594 14 229 10 032 4 196 3 357 839 0 29 132 0
Construção civil 100 951 12 331 9 529 2 802 2 789 13 0 83 386 6 584
Comércio 107 501 49 740 37 267 12 473 12 433 40 0 41 708 21 625
Transportes 34 186 20 398 14 917 5 481 5 337 145 0 10 679 8 448
Comunicações 44 151 12 628 9 371 3 257 3 088 169 0 28 337 0
Instituições financeiras 97 459 37 530 30 255 7 275 6 156 1 120 0 52 723 3 759
McDonald´s 736 262 203 59 59 1 0 435 0
Outros Alimentação 15 560 6 950 5 402 1 549 1 539 9 0 8 331 6 518
Serviços prestados às famílias 50 760 33 252 32 204 2 596 2 560 28 0 11 371 10 361
Serviços prestados às empresas 60 490 30 950 22 637 8 314 8 274 39 0 25 563 6 366
Aluguel de imóveis 142 544 2 126 1 604 522 522 0 0 138 780 747
Administração pública 220 458 219 518 141 126 14 261 13 943 318 64 131 0 0
Serviços privados não-mercantis 17 337 17 129 14 130 2 999 2 944 55 0 0 0
Total das atividades 1 395 604 554 149 399 882 90 136 86 526 3 610 64 131 738 683 69 757

36 M c O n o m i c s 2 0 0 5
Coeficientes de emprego Coeficientes de renda
Excedente Outros im-
Outros subsí- Consumo Valor da Pessoal
operacional postos sobre Setores de atividade econômica
dios à produção Intermediário produção ocupado Direto e Direto e
bruto (EOB) a produção Direto Direto
indireto indireto

123 697 6 - 240 121 593 259 784 12 711 200 Agropecuária 0,049 0,066 0,532 0,878
5 421 792 0 10 392 18 641 245 500 Extrativa mineral 0,013 0,033 0,443 0,981
42 380 2 399 0 9 758 56 396 63 300 Extração de petróleo e gás 0,001 0,007 0,827 0,989
8 261 1 542 0 21 858 35 464 402 500 Minerais não-metálicos 0,011 0,028 0,384 0,897
18 572 3 326 0 56 226 79 269 82 700 Siderurgia 0,001 0,017 0,291 0,880
4 077 1 187 0 21 996 28 032 63 900 Metalurgia não-ferrosos 0,002 0,019 0,215 0,803
4 521 2 116 - 0 37 337 51 275 722 500 Outros metalúrgicos 0,014 0,031 0,272 0,882
27 678 3 454 - 227 32 292 74 978 640 000 Máquinas e tratores 0,009 0,024 0,569 0,977
1 680 1 135 - 80 21 039 25 895 119 100 Material elétrico 0,005 0,030 0,188 0,883
4 521 827 0 11 777 18 843 96 000 Equipamentos eletrônicos 0,005 0,025 0,375 0,859
3 221 1 659 0 31 651 38 532 76 200 Automóveis, caminhões e ônibus 0,002 0,028 0,179 0,835
2 327 1 970 - 510 35 117 44 025 224 500 Outros veículos e peças 0,005 0,027 0,202 0,813
3 855 960 0 16 185 26 138 913 300 Madeira e mobiliário 0,035 0,066 0,381 0,953
11 284 2 617 0 38 205 59 540 428 500 Papel e gráfica 0,007 0,036 0,358 1,030
4 076 810 0 12 970 18 856 55 000 Indústria da borracha 0,003 0,021 0,312 0,865
12 502 1 514 0 19 736 35 324 68 200 Elementos químicos 0,002 0,024 0,441 0,923
49 693 7 909 0 129 776 189 167 55 700 Refino do petróleo 0,000 0,009 0,314 0,875
9 026 2 153 0 34 699 49 428 150 600 Químicos diversos 0,003 0,018 0,298 0,842
4 377 1 117 0 17 401 25 474 117 600 Farmacêutica e de perfumaria 0,005 0,037 0,317 1,027
1 673 811 0 12 001 17 459 223 200 Artigos de plástico 0,013 0,028 0,313 0,895
1 878 1 326 0 25 993 31 055 233 300 Indústria têxtil 0,008 0,049 0,163 0,988
1 030 477 0 14 199 20 847 1 668 800 Artigos do vestuário 0,080 0,127 0,319 0,919
1 942 465 0 7 082 11 359 399 800 Fabricação de calçados 0,035 0,066 0,376 0,983
2 828 568 - 1 10 028 14 024 70 300 Indústriado café 0,005 0,049 0,285 0,980
3 918 1 793 0 36 005 43 875 307 600 Beneficiamento de produtos vegetais 0,007 0,049 0,179 0,827
2 705 2 133 0 45 436 52 206 230 400 Abate de animais 0,004 0,059 0,130 0,924
1 200 697 0 14 118 16 644 57 900 Indústria de laticínios 0,003 0,049 0,152 0,876
5 360 916 0 14 064 21 377 82 500 Indústria de açúcar 0,004 0,035 0,342 0,954
4 184 1 590 0 32 572 38 762 35 800 Fabricação de óleos vegetais 0,001 0,045 0,160 0,853
4 528 2 526 0 49 511 61 343 624 700 Outros produtos alimentares 0,010 0,043 0,193 0,827
5 135 795 0 11 532 19 069 340 700 Indústria diversas 0,018 0,042 0,395 0,963
29 132 4 375 - 142 49 160 96 754 242 300 Serviços industriais de utilidade pública 0,003 0,009 0,492 0,878
76 802 6 017 - 783 91 916 192 868 3 771 400 Construção civil 0,020 0,031 0,523 0,857
20 083 16 808 - 754 107 613 215 114 11 296 000 Comércio 0,053 0,069 0,500 1,012
2 231 3 920 - 811 71 519 105 705 2 817 100 Transportes 0,027 0,040 0,323 0,841
28 337 3 255 - 69 26 339 70 490 269 900 Comunicações 0,004 0,013 0,626 0,897
48 964 7 206 0 40 433 137 892 817 100 Instituições financeiras 0,006 0,015 0,707 0,943
435 39 0 923 1 660 29 689 McDonald´s 0,018 0,035 0,444 0,874
1 813 279 0 25 838 41 399 2 546 969 Outros Alimentação 0,062 0,082 0,376 0,760
1 010 6 137 0 41 985 92 746 7 840 242 Serviços prestados às famílias 0,085 0,096 0,547 0,849
19 197 3 977 0 31 236 91 727 3 238 300 Serviços prestados às empresas 0,035 0,045 0,659 0,923
138 033 1 637 0 8 766 151 310 257 500 Aluguel de imóveis 0,002 0,003 0,942 0,990
0 940 0 105 970 326 428 6 364 500 Administração pública 0,020 0,034 0,675 0,946
0 208 0 1 657 18 993 6 331 900 Serviços privados não-mercantis 0,333 0,336 0,913 0,977
668 926 106 390 - 3 617 1 555 902 3 026 167 67 334 200

Valor da produção, valor adicionado e Coeficientes de renda e emprego,


ocupação, 2003, em R$ 1.000.000 2003, por R$ 1.000 de demanda

2005McOnomics 37
A.6 Decomposição da variação da produtividade Depois, simulou-se o valor médio dos salários, considerando as especificidades
da mão-de-obra empregada pela rede.
A metodologia permite decompor a taxa de crescimento observada do pro- Na estimação da estrutura de remuneração dos empregados do setor de ali-
duto em vários componentes: variações dos fatores produtivos e a evolução da mentação no Brasil foram empregados dados de 1.422 pessoas entrevistadas
produtividade. Essa última variação é determinada, entre outras coisas, pelo pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios no ano de 2003. Os dados
progresso tecnológico. Por meio desse processo é possível apontar a contribui- são relativos aos brasileiros, de ambos os sexos, empregados no ramo de ali-
ção de cada um dos determinantes do crescimento. As bases dessa metodologia mentação (códigos CNAE 55.020 e 55.030), com idade entre 15 e 65 anos. A
de contabilidade de crescimento são encontradas em Bauer (1990). variável dependente do modelo estatístico é o logaritmo natural da renda mé-
O ponto de partida da contabilidade de crescimento é uma função de pro- dia mensal dos indivíduos e as variáveis independentes são: gênero, o número
dução agregada, Y=F(B,K,L), em que B é o nível de tecnologia, K é o estoque de de anos de estudo completados e o número de anos de experiência. Além disso,
capital e L é a quantidade de trabalho. O objetivo é decompor a taxa de cresci- as estimativas foram controladas por Unidade da Federação e por horas traba-
mento do produto de acordo com a contribuição da taxa de acumulação dos lhadas na semana. Os resultados das estimações são apresentados nas tabelas a
fatores de produção incluídos na função e do processo de inovação tecnológica. seguir:
Diferenciando a função de produção acima com respeito ao tempo, após algu-
mas manipulações algébricas chegamos à expressão (22), em que εB, εK e εL são Variável dependente: renda media do trabalho principal
as participações (ou o peso) dos fatores no produto.
Soma dos Graus de Quadrados
Fonte F Sig.
quadrados liberdade médios

(22) Modelo corrigido 95,268 32 2,977 20,229 ,000


Intercepto 199,164 1 199,164 1353,275 ,000

A equação (22) traz os componentes da taxa de crescimento do produto, Gênero 22,623 1 22,623 153,720 ,000

quais sejam: o progresso técnico, a acumulação de capital, a expansão da for- UF 37,350 26 1,437 9,761 ,000
Experiência 10,667 1 10,667 72,480 ,000
ça de trabalho empregada e a variação no tempo da eficiência técnica. Agora,
Experiência2 6,513 1 6,513 44,251 ,000
considerando a definição tradicional de PTF, é possível encontrar uma nova
Escolaridade 2,051 1 2,051 13,934 ,000
decomposição para a variação da produtividade. A partir das taxas de cresci-
Escolaridade2 6,727 1 6,727 45,712 ,000
mento do produto, de um lado, e das taxas de acumulação de capital e trabalho,
Horas trabalhadas 1,717 1 1,717 11,669 ,001
de outro, pode-se calcular a evolução da produtividade total de fatores. Erro 200,007 1359 ,147
No caso da estimativa para o McDonald’s, considerou-se as seguintes parti- Total 49095,721 1392
cipações de fatores no produto: 0,43 para o capital, 0,57 para a mão-de-obra e Total corrigido 295,274 1391
1,0 para a tecnologia. Considerando que o crescimento médio do produto do
McDonald’s foi de 12,5% ao ano, no período 2000 a 2004, e que as taxas de acu-
mulação de capital e trabalho foram de 10,4% e 7,8% nesse período, chegamos
a uma evolução da produtividade total de fatores de 3,6% ao ano, na média dos Estimativas dos parâmetros
últimos 5 anos.
Intervalo de
Parâmetro B Erro padrão t Sig.
confiança (95%)

Intercepto 4,658 ,133 35,103 ,000 4,398 4,919

A.7 Os salários no ramo de alimentação, 2003 Gênero masculino ,267 ,021 12,398 ,000 ,224 ,309

Experiência 5,029E-02 ,006 8,514 ,000 3,870E-02 6,188E-02


Para estimar o salário esperado de um empregado do setor de alimentação Experiência2 -5,360E-04 ,000 -6,652 ,000 -6,941E-04 -3,779E-04
no Brasil, com as mesmas características dos funcionários do McDonald’s, ini-
Escolaridade -4,928E-02 ,013 -3,733 ,000 -7,518E-02 -2,338E-02
cialmente empregou-se um modelo estatístico que analisa a estrutura da re-
Escolaridade2 5,337E-03 ,001 6,761 ,000 3,789E-03 6,886E-03
muneração desses trabalhadores e como essas características afetam sua renda.
Horas trabalhadas 3,409E-03 ,001 3,416 ,001 1,451E-03 5,367E-03

38 M c O n o m i c s 2 0 0 5
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