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Poder Judiciário

Justiça do Trabalho
Tribunal Superior do Trabalho

PROCESSO Nº TST-ED-ED-DCG-1000662-58.2019.5.00.0000

Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 1003F6CA2CDE705282.
A C Ó R D Ã O
(SDC)
GMMGD/ls/ef

A) EMBARGOS DE DECLARAÇÃO DAS


FEDERAÇÕES SINDICAIS OBREIRAS (FINDECT
E FENDECT) E DA EMPRESA BRASILEIRA DE
CORREIOS E TELÉGRAFOS (ECT). QUESTÃO
PRELIMINAR. EXAME DAS MATÉRIAS
SOBRESTADAS. DECISÃO LIMINAR DO STF NA
SL 1.264. SUPERVENIÊNCIA DE DECISÃO
DEFINITIVA DO PLENÁRIO DAQUELA CORTE.
Decisões liminares do STF, nos autos do
processo de Suspensão de Liminar nº
1.264, determinaram a suspensão dos
efeitos da sentença normativa quanto às
cláusulas nºs 28, § 1º
(proporcionalidade da coparticipação
em 30%/70%); 28, § 3º, II (isenção da
coparticipação para internação
hospitalar e temas sensíveis); 28, § 7º
(critério de fixação da remuneração
para fins de cobrança da mensalidade) e
79 (vigência de dois anos), até o
respectivo trânsito em julgado, bem
como também restringiram o poder
normativo do TST para criar outras
regras provisórias pertinentes a essas
matérias. Em razão disso, no julgamento
dos primeiros embargos de declaração
interpostos pela União, ECT, FENTECT e
FINDECT, esta Seção Especializada
decidiu sobrestar o exame das questões
relacionadas a cláusulas cujas redações
ou condições de cumprimento sofreram
alguma alteração em face das decisões
liminares proferidas pelo STF na SL
1.264. Naquele momento, considerou-se
que a competência para o exame das
matérias seria do STF, e que não poderia
esta SDC/TST manifestar-se sobre elas,
até que decisão definitiva da Suprema
Corte sobreviesse. No dia 16/9/2020, o
Plenário do STF, por decisão
definitiva, confirmou todas as decisões
liminares proferidas nos autos daquele
processo, razão por que não subsiste a
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justificativa pela qual esta SDC
decidiu sobrestar o julgamento das
matérias, por ocasião do julgamento dos
primeiros embargos de declaração das
Partes. Assim, faz-se o exame de tais
matérias, de ofício, como questão
preliminar ao julgamento dos segundos
embargos de declaração opostos pelas
Partes, afastando o sobrestamento do
feito. No mérito, dando efetividade à
diretriz oriunda da decisão plenária do
STF, ratifica-se o entendimento de que,
no caso concreto, escapa aos limites do
poder normativo da Justiça do Trabalho
a fixação, na sentença normativa, de
regras relativas a: proporcionalidade
da coparticipação em 30% para
empregados e 70% para a Empresa
(Cláusula 28ª, § 1º); previsão de
isenção da coparticipação para
internação hospitalar e temas sensíveis
(Cláusula 28ª, § 3ª, II); definição de
critérios para limitar a remuneração a
ser considerada para fins de cobrança da
mensalidade (Cláusula 28ª, 7º); e
vigência do instrumento normativo
heterônomo de 2 anos. Pelo exposto, em
análise preliminar aos segundos
embargos de declaração, afasta-se o
sobrestamento do feito em relação às
matérias abrangidas pelas decisões
liminares do STF no processo Suspensão
de Liminar nº 1.264 e confere-se
efetividade à decisão do Plenário do STF
naquele processo, nos termos da
fundamentação.
B) SEGUNDOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO DA
ECT (QUESTÕES NÃO ABORDADAS PELA
DECISÃO DO STF NA SL 1.264). CORREÇÃO DE
ERRO MATERIAL. Verificando-se a
existência de erro material no acórdão
embargado, em relação à redação da
Cláusula 79 – Vigência, devem os
embargos de declaração ser providos
para que seja sanado o vício. Embargos
de declaração providos para correção de
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erro material, sem conferir efeito
modificativo ao julgado.
C) SEGUNDOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO DA
FINDECT E FENTECT. ANÁLISE EM CONJUNTO
(QUESTÃO NÃO ABORDADA PELA DECISÃO DO
STF NA SL 1.264). CLÁUSULA 17ª –
DESCONTO ASSISTENCIAL. Para cumprir a
decisão do STF na Reclamação
Constitucional nº 37.772-DF, ajuizada
pela ECT, a Seção Especializada em
Dissídios Coletivos deste Tribunal, na
sessão realizada no dia 11/5/2020,
chamou o feito à ordem e fixou nova
redação à Cláusula 17ª, limitando a
incidência do desconto assistencial
apenas aos empregados associados. Nos
presentes embargos de declaração, as
entidades sindicais obreiras pretendem
o pronunciamento desta Corte sobre os
efeitos dessa decisão em relação aos
valores já recolhidos a título de
desconto assistencial dos
trabalhadores não associados,
entendendo que, por força do art. 6º, §
3º, da Lei 4.725/65, não devem ser
restituídos. Realmente, em dissídios
coletivos, prevalece a regra de que a
exclusão ou a redução de benefícios
previstos em cláusulas de sentença
normativa, em sede recursal, não
acarreta o efeito de devolução dos
salários ou vantagens pagos enquanto
vigorou a decisão normativa originária,
a teor do art. 6º, § 3º, da Lei 4.725/65.
Ocorre que, no caso concreto, a
alteração da Cláusula 17ª – Desconto
Assistencial, para limitar a sua
incidência apenas aos trabalhadores
associados ao sindicato, não se deu em
virtude de provimento de recurso, mas,
sim, por força de decisão proferida em
Reclamação Constitucional (art. 988, I,
III, e IV, do CPC/15), de competência
originária do STF (art. 102, I, “l”, da
CF), com o fim de garantir a observância
de precedentes firmados em repercussão
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geral (ARE 1.018.459/PR) e em controle
concentrado de constitucionalidade
(ADI 5.794/DF) - neste aspecto, o
Relator ressalva seu entendimento.
Nessa situação, portanto, não se há
falar em ressalvar as situações fáticas
já constituídas, uma vez que não se
trata de exclusão ou redução de
benefício trabalhista previsto
sentença normativa decorrente de
provimento de recurso. Pelo exposto,
dá-se provimento aos embargos de
declaração para prestar
esclarecimentos, conferindo efeito
modificativo ao julgado.

Vistos, relatados e discutidos estes autos de Embargos


de Declaração em Embargos de Declaração em Dissídio Coletivo de Greve
n° TST-ED-ED-DCG-1000662-58.2019.5.00.0000, em que são Embargantes e
Embargados EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELEGRAFOS, FEDERAÇÃO
INTERESTADUAL DOS SINDICATOS DOS TRABALHADORES E TRABALHADORAS DA
EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELÉGRAFOS – FINDECT e FEDERAÇÃO
NACIONAL DOS TRABALHADORES DE CORREIOS E TELÉGRAFOS E SIMILARES - FENTECT
e Embargados SINDICATO DOS TRABALHADORES DA EMPRESA BRASILEIRA DE
CORREIOS E TELÉGRAFOS DO ESTADO DE TOCANTINS - SINTECT/TO, SINDICATO DOS
TRABALHADORES E TRABALHADORAS EM EMPRESAS DE CORREIOS E TELÉGRAFOS E
SIMILARES NO ESTADO DO MARANHÃO - SINTECT-MA, SINDICATO DOS TRABALHADORES
E TRABALHADORAS DOS CORREIOS E SIMILARES DE SÃO PAULO E REGIÃO POSTAL
DE SOROCABA - SINTECT-SP, SINDICATO DOS TRABALHADORES DA EMPRESA
BRASILEIRA DE CORREIOS E TELÉGRAFOS DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO -
SINTECTIRJ e SINDICATO DOS TRABALHADORES DA EMPRESA BRASILEIRA DE
CORREIOS E TELÉGRAFOS DE BAURU E REGIÃO - SINTECT/BRU, ASSOCIAÇÃO DOS
PROFISSIONAIS DOS CORREIOS - ADCAP e UNIÃO.

Esta SDC, na sessão do dia 17/2/2020, conheceu e deu


provimento parcial aos embargos de declaração da ECT, da FENTECT e da
FINDECT para sanar algumas omissões constatadas no acórdão proferido na
sessão de julgamento do dia 2/10/2019, especificamente em relação às

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cláusulas: 76ª - INDENIZAÇÃO POR MORTE OU INVALIDEZ PERMANENTE, CLÁUSULA
59ª - GRATIFICAÇÃO DE FÉRIAS; 17ª – DESCONTO ASSISTENCIAL; CLÁUSULA 27ª
– ACOMPANHANTE (6 DIAS DE AUSÊNCIA REMUNERADA); 51ª, § 8º (“VALE EXTRA”);
33 – EMPREGADO(A) INAPTO(A) PARA RETORNO AO TRABALHO; 28, § 16º (PLANO
DE SAÚDE DOS PAIS E MÃES). Na mesma ocasião, em face de decisão liminar
proferida pelo STF no processo de Suspensão Liminar nº 1264, publicada
em 21/11/2019, que acolheu pedido da ECT para “suspender os efeitos da
decisão proferida pelo Tribunal Superior do Trabalho, nos autos da ação
de Dissídio Coletivo de Greve nº 1000662-58.2019.5.00.0000,
especificamente no que tange a suas cláusulas nºs 28, § 1º
[proporcionalidade da coparticipação em 30%/70%]; 28, § 3º, II [isenção
da coparticipação para internação hospitalar e temas sensíveis]; 28, §
7º [critério de fixação da remuneração para fins de cobrança da
mensalidade] e 79 [vigência], até o respectivo trânsito em julgado”, esta
Douta Seção decidiu sobrestar a análise dos argumentos dos Embargantes
que tinham relação com as matérias abordadas na citada decisão do STF,
quais sejam: a) a incidência do reajuste salarial no segundo ano de
vigência da sentença normativa; b) o cumprimento das Cláusulas 17ª –
DESCONTO ASSISTENCIAL, CLÁUSULA 27ª – ACOMPANHANTE (6 DIAS DE AUSÊNCIA
REMUNERADA), 51ª, § 8º (“VALE EXTRA”) no segundo ano de vigência da
sentença normativa; c) os parágrafos 1º, 3º, II e 7º da Cláusula 28ª;
e d) a Cláusula 79ª – Vigência.
No dia 11/5/2020, cumprindo a decisão liminar do STF
prolatada pelo Ministro Ricardo Lewandowiski na Reclamação
Constitucional 37.772-DF, que determinou a prolação de outra decisão por
esta Corte em consonância com o entendimento indicado pela Suprema Corte,
relativamente à Cláusula 17ª – Contribuição Assistencial, esta Douta
Seção deu nova redação à referida cláusula, de modo a excluir a
possibilidade de desconto compulsório da contribuição assistencial dos
empregados não associados (fls. 8473-8478).
No dia 7/8/2020, interpuseram novos embargos de
declaração a FENTECT e a FINDECT. A ECT também interpôs novos embargos
de declaração no dia 14/8/2020.
No dia 16/9/2020, foi anexada ao processo (doc. seq.
479) informação de que, em sessão virtual de 14/8/2020 a 21/8/2020, o
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Plenário do Supremo Tribunal Federal, no julgamento da SL 1.264, por
unanimidade, “confirmou as cautelares liminarmente deferidas nos autos,
para suspender os efeitos da decisão proferida pelo Tribunal Superior
do Trabalho, nos autos da ação de Dissídio Coletivo de Greve n°
1000662-58.2019.5.00.0000, especificamente no que tange a suas cláusulas
n°s 28, § 1º; 28, § 3 °, II (apenas na parte em que determinou extensão
da isenção de coparticipação para tratamentos oncológicos ambulatoriais
(seções de quimioterapia e radioterapia), diálise e hemodiálise em
ambulatório; 28, § 7° e 79, além daquela reproduzida no e-doc. n° 103,
até o respectivo trânsito em julgado, e, por conseguinte, julgou
prejudicados os agravos regimentais interpostos, nos termos do voto do
Relator, Ministro Dias Toffoli (Presidente)”.
PROCESSO ELETRÔNICO.
É o relatório.

V O T O

A - PRELIMINARMENTE. EXAME DAS QUESTÕES SOBRESTADAS.


DECISÃO LIMINAR DO STF NA SL 1.264. SUPERVENIÊNCIA DE DECISÃO DEFINITIVA
DO PLENÁRIO DAQUELA CORTE.

Conforme relatado, o STF, em decisão liminar proferida


nos autos da Suspensão de Liminar nº 1.264, suspendeu “os efeitos da
decisão proferida pelo Tribunal Superior do Trabalho, nos autos da ação
de Dissídio Coletivo de Greve nº 1000662-58.2019.5.00.0000,
especificamente no que tange a suas cláusulas nºs 28, § 1º
[proporcionalidade da coparticipação em 30%/70%]; 28, § 3º, II [isenção
da coparticipação para internação hospitalar e temas sensíveis]; 28, §
7º [critério de fixação da remuneração para fins de cobrança da
mensalidade] e 79 [vigência], até o respectivo trânsito em julgado”
(publicada em 21/11/2019).
É importante destacar que as entidades sindicais
Obreiras, no dia 9/01/2020, apresentaram, no TST, petição conjunta com
pedido de concessão de Tutela de Urgência consistente, em síntese, na
determinação para que a ECT se abstivesse de realizar mudanças nas regras
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do custeio do plano de saúde decorrentes da decisão proferida pelo STF
na Medida Cautelar na Suspensão de Liminar nº 1.264. O pedido foi
encaminhado ao Senhor Ministro Presidente do Tribunal Superior do
Trabalho (art. 41, XXX, do RITST), que deferiu, em parte, a liminar para
“suspender os efeitos do ato administrativo expedido pela ECT e pela
Postal Saúde, na parte em que atribuiu nova redação à Cláusula 28ª, §§
1º, 3º, inc. II, e 7º, da sentença normativa e, em consequência, na que
se refere à efetivação de descontos com base nas referidas regras, bem
como na parte que impõe aos beneficiários do plano prazo para manifestarem
sua concordância com as novas normas” (decisão publicada em 20/01/2020).
O STF, porém, logo em seguida, em 23/01/2020, por
decisão liminar do Ministro Luiz Fux, determinou a sustação dos “efeitos
da decisão proferida pelo Ministro João Batista Brito Pereira nos autos
do Dissídio Coletivo de Greve nº 1000662- 58.2019.5.00.0000 até o seu
trânsito em julgado”, deixando claro que a suspensão dos efeitos da
sentença normativa anteriormente determinada (Cláusula 28ª, §§ 1º, 3º,
inc. II, e 7º) autorizava à ECT “adotar, tal como exposto em seus pedidos
iniciais, atos provisórios – eis que subsistentes até o trânsito em
julgado do Dissídio Coletivo de Greve nº 1000662-58.2019.5.00.0000 –
idôneos a evitar a lesão à ordem público-administrativa”. Entendeu o STF,
portanto, ser lícito o ato pelo qual a Empresa, “provisoriamente e ante
o vácuo normativo, implementou o regime de custeio de plano de saúde de
seus funcionários” (fls. 8342-8347).
Observa-se, portanto, que as decisões liminares do STF
determinaram a suspensão dos efeitos da sentença normativa, quanto à
Cláusula 28ª, §§ 1º, 3º, inc. II, e 7º e à Cláusula 79ª (Vigência), e
restringiram o poder normativo do TST para criar regras provisórias que
regulassem as relações jurídicas após a suspensão das regras sobre o plano
de saúde.
Em razão disso, no julgamento dos primeiros embargos
de declaração interpostos pela União, ECT, FENTECT e FINDECT, esta Seção
Especializada decidiu sobrestar o exame das questões relacionadas a
cláusulas cujas redações ou condições de cumprimento sofreram alguma
alteração em face das decisões liminares proferidas pelo STF na SL 1.264.
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matérias seria do STF, e que não poderia esta SDC/TST se manifestar sobre
elas, até que decisão definitiva da Suprema Corte sobreviesse.
No dia 16/9/2020, o Plenário do STF, por decisão
definitiva, confirmou todas as decisões liminares proferidas nos autos
do processo SL 1.264, consoante se extrai da certidão de julgamento:

“CERTIFICO que o PLENÁRIO, ao apreciar o processo em epígrafe,


em sessão virtual realizada neste período, proferiu a seguinte decisão:
Decisão: O Tribunal, por unanimidade, confirmou as cautelares
liminarmente deferidas nos autos, para suspender os efeitos da decisão
proferida pelo Tribunal Superior do Trabalho, nos autos da ação de
Dissídio Coletivo de Greve n° 1000662-58.2019.5.00.0000,
especificamente no que tange a suas cláusulas n°s 28, § 1 o; 28, § 3 °, II
(apenas na parte em que determinou extensão da isenção de coparticipação
para tratamentos oncológicos ambulatoriais - seções de quimioterapia e
radioterapia -, diálise e hemodiálise em ambulatório); 28, § 7° e 79, além
daquela reproduzida no e-doc. n° 103, até o respectivo trânsito em julgado, e,
por conseguinte, julgou prejudicados os agravos regimentais interpostos, nos
termos do voto do Relator, Ministro Dias Toffoli (Presidente)”.

Em face da decisão definitiva proferida pelo Plenário


do STF, não subsiste a justificativa pela qual esta SDC decidiu sobrestar
o julgamento do feito em relação a tais matérias.
Assim, de ofício e preliminarmente ao julgamento dos
presentes embargos de declaração (segundos embargos de declaração),
afasta-se o sobrestamento do feito e faz-se o exame das questões
envolvendo as matérias então sobrestadas, quando do julgamento dos
primeiros embargos de declaração das Partes.
No mérito, dando efetividade à diretriz oriunda da
decisão plenária do STF, ratifica-se o entendimento de que, no caso
concreto, escapa aos limites do poder normativo da Justiça do Trabalho
a fixação, na sentença normativa, de: proporcionalidade da
coparticipação em 30% para empregados e 70% para a Empresa (Cláusula 28ª,
§ 1º); previsão de isenção da coparticipação para internação hospitalar
e temas sensíveis (Cláusula 28ª, § 3ª, II); definição de critérios para
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limitar a remuneração a ser considerada para fins de cobrança da
mensalidade (Cláusula 28ª, 7º); e vigência do instrumento normativo
heterônomo de 2 anos. Assim, tornam-se sem efeitos as referidas normas
criadas por esta SDC.
Pelo exposto, em análise de questão preliminar aos
presentes embargos de declaração da ECT, da FENTEC e da FINDECT, afasta-se
o sobrestamento do feito em relação às matérias abrangidas pelas decisões
liminares do STF no processo Suspensão de Liminar nº 1.264, declarada
por ocasião do julgamento dos primeiros embargos de declaração, e
confere-se efetividade à decisão do Plenário do STF naquele processo,
nos termos da fundamentação.

B) SEGUNDOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO DA ECT

I) CONHECIMENTO

Atendidos os pressupostos recursais, CONHEÇO dos


embargos de declaração apresentados pelas Partes.

II) MÉRITO

De plano, em consonância com a questão preliminar


examinada anteriormente, julgo prejudicada a análise dos questionamentos
da ECT, nestes segundos embargos de declaração, em relação aa
sobrestamento do feito e às cláusulas atingidas pela decisão definitiva
do STF (parágrafos § 1º, 3º, II e 7º da Cláusula 28ª, bem como a Cláusula
79).
Ultrapassada essa questão, faz-se o enfrentamento das
alegadas omissões e/ou contradições sobre questões não abordadas pela
decisão do STF na SL 1.264, quais sejam: suposto equívoco na fixação da
Cláusula 28ª na sentença normativa, que não constituía conquista
histórica ou norma preexistente; necessidade de atualização, pelo INPC,
dos valores de limite de cobrança de mensalidade previstos no § 6º da
Cláusula 28; pedido de manifestação sobre as razões pelas quais a sentença
normativa ampliou direitos/benefícios, como a fixação do limite de 5%
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da remuneração líquida do titular, fora da margem consignável (§2º, III,
da Cl. 28); erro material na redação final da Cláusula 79ª – Vigência,
uma vez que repete o termo “acordo coletivo”, em lugar de “sentença
normativa”.
Vejamos.
A respeito da fixação da Cláusula 28ª (Plano de Saúde)
na sentença normativa (normas que não foram suspensas pela decisão do
STF na SL 1.264), a decisão que julgou o dissídio coletivo expôs
exaustivamente os motivos para tanto, delineando: o histórico da lide
e a natureza híbrida da reivindicação; os estudos técnicos produzidos
pela Comissão Técnica de Apoio à Vice-Presidência do Tribunal Superior
do Trabalho nos autos dos procedimentos de mediação (PMPP nº
1000948-70.2018.5.00.0000 e PMPP nº 100000-49.2019.5.00.0000); a
situação financeira da ECT, sensivelmente beneficiada a partir da decisão
desta Corte proferida no DC-1000295.2014.5.00.0000, que inseriu regras
no plano de saúde mais rígidas para os empregados; enfim, a peculiaridade
da reivindicação profissional e a complexidade do próprio conflito.
Por oportuno, transcreve-se o seguinte excerto do
acórdão proferido no dia 2/10/2019, que resume o entendimento de que a
situação dos autos exigia a ponderação de vários fatores:

(...)
Nada obstante a falta de êxito, as diversas reuniões conduzidas pela
Vice-Presidência e sua equipe na tentativa na conciliação, bem como os
detalhados estudos e relatórios analíticos produzidos no bojo do
procedimento de mediação, comuns às Partes, trouxeram esclarecimentos e
apontaram possíveis direções para a solução do conflito, ainda que pela via
heterônoma.
É a partir dessas considerações técnicas e estudos realizados no âmbito
daquele procedimento de tentativa conciliatória (PMPP
1000948-70.2018.5.00.0000), com apoio nos princípios da equidade e
razoabilidade, bem como no poder normativo da Justiça do Trabalho (art.
114, § 2º, da CF), que se passa ao exame das reivindicações e à fixação de
nova redação à Cláusula 28 – Plano de Saúde, inclusive com o
aperfeiçoamento da redação anterior, no que couber.
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Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 1003F6CA2CDE705282.
Considere-se, ainda, que a reivindicação em análise tem natureza
absolutamente singular, porquanto seu pressuposto direto é cláusula coletiva
com origem parte autônoma (preexistente), parte heterônoma (sentença
normativa). Sobre este último aspecto (a reivindicação tangenciar a alteração
de uma sentença normativa), é muito importante registrar que esta SDC/TST,
no julgamento do DC-1000295-05.2017.5.00.0000, inaugurou uma linha
decisória totalmente nova e específica para o caso dos Correios, que, através
do poder normativo e com base em juízo de equidade, modificou
substancialmente o modelo do Plano de Saúde utilizado por vários anos
como benefício trabalhista. A partir de então, é inevitável que este Tribunal
lance mão do mesmo critério (juízo de equidade) para decidir os conflitos
coletivos correlatos.
(...)”

Observa-se, pois, que a sentença normativa foi


proferida com base em juízo de equidade, inevitável para a pacificação
justa do conflito, no entender desta SDC. Assim, foram mantidas vantagens
previstas na redação da Cláusula 28ª oriundas da sentença normativa
resultante do DC nº 1000295-05.2019.5.00.0000, bem como se aperfeiçoaram
outras condições de trabalho, em consonância, especialmente, com os
estudos produzidos pela equipe técnica do TST no âmbito dos PMPP nº
100000-49.2019.5.00.0000 e PMPP nº 1000948-70.2018.5.00.0000.
Ilustrativamente, os valores de limite de cobrança de mensalidade
previstos na sentença normativa anterior não foram corrigidos pelo INPC,
(§ 6º da Cláusula 28), bem como se fixou em 5% da remuneração líquida
do titular, fora da margem consignável, o limite mensal para fins de
desconto da coparticipação (§ 2º, III, da Cl. 28) – o que não era previsto
anteriormente.
Em síntese, os fundamentos para a fixação da Cláusula
28ª na sentença normativa foram suficientemente delineados na decisão
embargada, em consonância com o princípio constitucional da motivação
das decisões judiciais (art. 93, IX, da CF), também referido na lei
ordinária - arts. 832 da CLT; e 489 do CPC/2015.
Não se há falar, pois, em omissão nem contradição.

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Assiste razão à ECT, porém, quanto à alegação de
existência de erro material, na redação da Cláusula 79 – Vigência.
Nesse sentido, retifica-se o julgado, nos seguintes
termos: na fundamentação e no dispositivo do acórdão embargado, onde se
lê “Cláusula 79 – Vigência - O presente Acordo Coletivo de Trabalho terá
vigência de...”, leia-se “Cláusula 79 – Vigência - A presente sentença
normativa terá vigência de...”.
Diante do exposto, JULGA-SE prejudicada a análise dos
questionamentos em relação ao sobrestamento do feito e às regras
atingidas pela decisão definitiva do STF no SL 1.264; e, com supedâneo
no art. 897-A, § 1º, da CLT, DÁ-SE PROVIMENTO PARCIAL aos embargos de
declaração apenas para prestar esclarecimentos e corrigir erro material
em relação à redação da Cláusula 79ª - Vigência, sem atribuir efeitos
modificativos ao julgado, nos termos da fundamentação.

C) SEGUNDOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO DA FINDECT E


FENTECT (ANÁLISE EM CONJUNTO)

I) CONHECIMENTO

Atendidos os pressupostos recursais, CONHEÇO dos


embargos de declaração apresentados pelas Partes.

II) MÉRITO

De plano, conforme questão preliminar examinada


alhures, julgo prejudicada a análise dos questionamentos das Federações
obreiras, nestes segundos embargos de declaração, em relação ao
sobrestamento do feito e às cláusulas atingidas pela decisão definitiva
do STF (parágrafos § 1º, 3º, II e 7º da Cláusula 28ª, bem como a Cláusula
79).
Ultrapassada essa questão, faz-se o enfrentamento das
alegadas omissões sobre questões não abordadas pela decisão do STF na
SL 1.264.

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Neste particular, as entidades sindicais requerem
pronunciamento desta Corte sobre os efeitos da decisão do STF na
Reclamação nº 37.772-DF, que afastou o desconto compulsório dos
trabalhadores não associados (Cláusula 17ª – Desconto Assistencial).
Aduzem que a cláusula originária da sentença normativa, que previa o
desconto dos trabalhadores não associados, ressalvado o direito de
oposição, produziu plenos efeitos enquanto vigorou, antes da decisão do
STF. Entendem, assim, que os valores recolhidos espontaneamente não devem
ser devolvidos, sob pena de ofensa ao art. 6º, § 3º, da Lei 4.725/65,
que resguarda as situações fáticas constituídas em caso de alteração da
sentença normativa em sede recursal.
À análise.
Na sessão de julgamento realizada no dia 2/10/2019,
esta SDC prolatou a sentença normativa oriunda do DCG nº
1000662-58.2019.5.00.0000, deferindo a Cláusula 17ª, que trata do
desconto assistencial, com a mesma redação prevista no ACT 2018/2019
(cláusula preexistente), ou seja, com a instituição de contribuição que
seria estendida para todos os membros da categoria profissional,
ressalvado o direito de oposição dos trabalhadores não filiados.
Entretanto, o Supremo Tribunal Federal, em decisão
monocrática exarada pelo Ministro Ricardo Lewandowski nos autos da
Reclamação Constitucional nº 37.772-DF, no dia 31/3/2020, julgou
procedente o pedido formulado pela ECT de cassar a decisão proferida pelo
TST, nos autos deste Dissídio Coletivo, “no que concerne especificamente
à Cláusula 17, ao obrigar empregados não sindicalizados a contribuir com
entidades sindicais, sem anuência expressa e prévia destes”,
determinando que outra decisão fosse proferida por esta SDC, “com
observância do que decidido por esta Corte na ADI 5.794/DF, Redator para
o Acórdão o Ministro Luiz Fux, e no ARE 1.018.459/PR, de relatoria do
Ministro Gilmar Mendes”.
Para cumprir a decisão do STF, a Seção Especializada
em Dissídios Coletivos deste Tribunal, na sessão realizada no dia
11/5/2020, chamou o feito à ordem e fixou nova redação à Cláusula 17ª,
limitando a incidência do desconto assistencial apenas aos empregados
associados.
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Nos presentes embargos de declaração, as entidades
sindicais pretendem o pronunciamento desta Corte sobre os efeitos da
decisão do STF na Reclamação Constitucional nº 37.772-DF em relação aos
valores já recolhidos a título de desconto assistencial dos trabalhadores
não associados. Entendem que, por força do art. 6º, § 3º, da Lei 4.725/65,
os valores não devem ser restituídos.
Realmente, em dissídios coletivos, prevalece a regra
de que a exclusão ou a redução de benefícios previstos em cláusulas de
sentença normativa, em sede recursal, não acarreta o efeito de devolução
dos salários ou vantagens pagos enquanto vigorou a decisão normativa
originária, a teor do art. 6º, § 3º, da Lei 4.725/65, que assim dispõe:

Art. 6º Os recursos das decisões proferidas nos dissídios coletivos terão


efeito meramente devolutivo.
(...)
§ 3º O provimento do recurso não importará na restituição dos salários
ou vantagens pagos, em execução do julgado.

Ocorre que, no caso concreto, a alteração da Cláusula


17ª – Desconto Assistencial, para limitar a sua incidência apenas aos
trabalhadores associados ao sindicato, não se deu em virtude de
provimento de recurso, mas, sim, por força de decisão proferida em
Reclamação Constitucional de competência originária do STF (art. 102,
I, “l”, da CF; art. 988, I, III, e IV, do CPC/15), com o fim de garantir
a observância de precedentes firmados em repercussão geral (ARE
1.018.459/PR) e em controle concentrado de constitucionalidade (ADI
5.794/DF).
Convém esclarecer que, muito embora não haja consenso
doutrinário e jurisprudencial sobre a natureza jurídica da Reclamação
– oscilando os entendimentos entre a natureza de ação e a de exercício
do direito de petição -, o caráter recursal há muito é descartado, por
diversos motivos, entre os quais o fato de o seu julgamento ser de
competência originária do STF e dos Tribunais Superiores (arts. 102, I,
“l”, e 105, I, “f”, da CF e 988 do CPC), bem como a ausência de prazo

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legal para seu oferecimento, característica indispensável a qualquer
recurso.
A jurisprudência do STF, a propósito, vem se
manifestando no sentido de que a reclamação constitucional tem natureza
jurídica de ação constitucional, conforme se extrai das razões expostos
nos seguintes julgados: Rcl 24.464 AgR/RS, 2ª Turma, Redator Designado
Ministro Dias Toffoli, Dje 08/02/2018; Rcl 24.417 AgR/SP, 1º Turma, Rel,
Min. Roberto Barroso, Dje 24/04/2017.
Nessa situação, portanto, não se há falar em ressalvar
as situações fáticas já constituídas, porquanto a modificação da sentença
normativa não adveio de provimento de recurso, mas de decisão proferida
em sede de ação de competência originária do STF (Reclamação
Constitucional).
Este Relator ressalva seu entendimento, em relação ao
mérito, no sentido de que seria possível a extensão da cobrança da
contribuição assistencial aos trabalhadores não filiados ao sindicato,
uma vez que tais trabalhadores foram beneficiados pelas vantagens fixadas
no instrumento normativo e porque havia a previsão do direito de oposição
individual ao desconto – conforme exaustivamente exposto no curso destes
autos. Contudo, essa discussão, no processo, já se encontra superada.
Assim, dá-se efetividade à jurisprudência dominante
do STF e desta Corte.
Pelo exposto, JULGA-SE PREJUDICADA a análise dos
questionamentos a respeito do sobrestamento do feito; e DÁ-SE PROVIMENTO
aos embargos de declaração para prestar esclarecimentos, em relação à
Cláusula 17ª – Desconto Assistencial, no sentido de que a modificação
de sua redação, em cumprimento da decisão do STF na Reclamação
Constitucional nº 37.772-DF, não atrai os efeitos do disposto no art.
6º, § 3º da Lei 4.725/65.

ISTO POSTO

ACORDAM os Ministros da Seção Especializada em


Dissídios Coletivos do Tribunal Superior do Trabalho, à unanimidade: I
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– em análise de questão preliminar, afastar o sobrestamento do feito em
relação às matérias abrangidas pelas decisões liminares do STF no
processo Suspensão de Liminar nº 1.264 e conferir efetividade à decisão
do Plenário do STF naquele processo, nos termos da fundamentação; II -
conhecer dos embargos de declaração da ECT e, quanto ao mérito: a) julgar
prejudicada a análise dos questionamentos em relação ao sobrestamento
do feito e às regras atingidas pela decisão definitiva do STF no SL 1.264;
e b) dar-lhes provimento parcial para prestar esclarecimentos e corrigir
erro material em relação à redação da Cláusula 79ª - Vigência, sem
atribuir efeitos modificativos ao julgado, nos termos da fundamentação;
III - conhecer dos embargos de declaração da FINDECT e da FENTECT e, quanto
ao mérito: a) julgar prejudicada a análise dos questionamentos em relação
ao sobrestamento do feito e às regras atingidas pela decisão definitiva
do STF no SL 1.264; e b) dar-lhes provimento parcial para prestar
esclarecimentos, em relação à Cláusula 17ª – Desconto Assistencial, no
sentido de que a modificação de sua redação, em cumprimento da decisão
do STF na Reclamação Constitucional nº 37.772-DF, não atrai os efeitos
do disposto no art. 6º, § 3º da Lei 4.725/65.
Brasília, 14 de dezembro de 2020.

Firmado por assinatura digital (MP 2.200-2/2001)


MAURICIO GODINHO DELGADO
Ministro Relator

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