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Justiça do Trabalho
Tribunal Superior do Trabalho
Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 1003F68B26B2F959BA.
A C Ó R D Ã O
2ª Turma
GMJRP/frpc/pr/ks/ac
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ACÓRDÃO DO RECURSO ORDINÁRIO. NÃO
COMPROVADO O PREQUESTIONAMENTO DA
MATÉRIA.
No caso, o reclamante alega no recurso
de revista, negativa de prestação
jurisdicional na decisão regional.
Contudo, no capítulo da petição
recursal que trata da alegação em
questão, em que pesa tenha transcrito o
trecho do acórdão proferido no
julgamento dos embargos de declaração
apresentados à Corte regional, não o fez
em relação ao acórdão referente ao
recurso ordinário. Esclarece-se que a
transcrição, a fim de que se possa
proceder ao exercício da averiguação da
ausência de tutela perpetrada no
acórdão do respectivo recurso
ordinário, se faz imprescindivelmente
necessária para a compreensão e a
constatação da omissão alegada. Com
efeito, conclui-se, da forma como foi
editada a norma pertinente, que os
requisitos processuais cuja satisfação
é imposta no artigo 896, § 1º-A, da CLT,
são cumulativos e devem ser, sob pena de
não conhecimento do recurso,
individualmente observados na
construção da petição do recurso de
revista. A parte, ao interpor recurso de
revista, mediante eventual alegação de
negativa de prestação jurisdicional
perpetrada no acórdão proferido pelo
Tribunal de 2º grau, deve cumprir, além
do disposto no inciso IV do mencionado
dispositivo - que determina a
transcrição do trecho da petição e do
acórdão dos embargos declaratórios - a
determinação contida no inciso I do
mesmo artigo, a respeito da transcrição
do trecho da decisão que configura o
efetivo prequestionamento da matéria
impugnada. Nota-se que a condição
imposta no inciso I visa a determinar
que a parte comprove o
prequestionamento do tema por parte do
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2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
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Tribunal Regional, enquanto a exigência
imposta no inciso IV busca a propiciar
a efetiva demonstração da omissão
alegada pela parte. Registra-se que, de
fato, o requisito estabelecido no
inciso IV, que foi instituído por meio
da edição da Lei nº 13.467/2017, veio,
tão somente, suprir lacuna a respeito do
critério formal a ser observado na
específica alegação de negativa de
tutela jurisdicional, de forma que a
inclusão desse inciso no § 1º-A do
artigo 896 não elidiu a condição
processual imposta no inciso I, que já
vigia a partir da edição da Lei nº
13.015/2014, tratando-se, portanto, de
requisitos processuais que possuem a
mesma relevância e, que,
consequentemente, não se excluem.
Releva-se que a indicação de um trecho
específico é exigida por absoluta
lógica, na hipótese em que a matéria
impugnada pela parte tenha sido
apreciada no acórdão regional e, no qual
não conste, por óbvio, a análise acerca
da questão específica denunciada na
alegação de negativa de prestação
jurisdicional. Por outro lado, a
ausência de análise acerca da própria
matéria implica, para a perfeita
satisfação do requisito disposto no
inciso I do § 1º-A do artigo 896 da CLT,
obviamente, a necessidade da indicação
da íntegra do respectivo acórdão, de
forma a demonstrar a inequívoca e total
ausência de exame do tema.
Recurso de revista não conhecido.
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recursais, não se trata de hipótese de
aplicação do artigo 62, inciso II, da
CLT, tendo em vista que “o recorrido não tinha
subordinados; não tinha alçada para liberação de
empréstimos; assinava em conjunto com o gerente
administrativo para decisões internas do banco; e não
participava de reuniões para avaliação de desempenho
ou agendamento de férias de outros funcionários da
agência”. Constou, ainda, no acórdão
regional que, de acordo com a prova
testemunhal, “o recorrido não poderia contratar ou
demitir funcionários; tinha que assinar em conjunto
para assuntos internos do banco e não poderia liberar
empréstimos, já que tais liberações dependiam da
assinatura do gerente de atendimento/administrativo”.
Ademais, não consta da decisão Regional
nenhum elemento fático que corrobore a
alegação recursal do reclamado de que o
reclamante “era a autoridade máxima na agência,
não estando sujeito a controle de jornada, nem mesmo
possuía superior imediato nos locais que prestou
serviços no período imprescrito”. Dessa forma,
para se chegar a conclusão diversa,
seria necessário o revolvimento da
valoração de matéria fático-probatória
feita pelas instâncias ordinárias,
análise impossível nesta fase recursal
de natureza extraordinária, na forma da
Súmula nº 126 do TST, não havendo falar
em violação do artigo 62, inciso II, da
CLT e tampouco em contrariedade à Súmula
nº 287 do TST.
Recurso de revista não conhecido.
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benéficas, tampouco acerca das
previsões contidas nos artigos 5º,
inciso II, da Constituição Federal e 112
e 114 do Código Civil de 2002.
Observa-se, ainda, que o reclamado não
tratou do tema na interposição dos
embargos de declaração, motivo pelo
qual não se observa o necessário
prequestionamento da matéria na forma
da Súmula nº 297, itens I e II, do TST
e do artigo 896, § 1º-A, inciso I, da
CLT, com a redação que lhe foi dada pela
Lei nº 13.015/2014.
Recurso de revista não conhecido.
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trabalhista, ao contrário do que
estabelecido no processo civil, não
vigora o princípio da sucumbência como
único critério para a concessão da verba
honorária, que é regulada pelo artigo 14
da Lei nº 5.584/1970. Assim, a sua
concessão encontra-se condicionada
também ao preenchimento dos requisitos
indicados na Súmula nº 219, item I, do
TST. Esta Corte já se posicionou no
entendimento de que, mesmo após a
promulgação da Constituição Federal de
1988, permanece válido o teor da Súmula
nº 219 do TST, conforme se infere dos
termos da Súmula nº 329 desta Corte, que
ratificou o mencionado precedente.
Extrai-se da decisão recorrida não
estarem, neste caso, configurados os
requisitos exigidos na Justiça
trabalhista para o deferimento da verba
honorária, pelo menos no que se refere
à assistência sindical. Assim, o
Regional, ao deferir o pagamento da
verba honorária, agiu em contrariedade
ao disposto na Súmula nº 219 do TST.
Recurso de revista conhecido e provido.
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O recurso do primeiro reclamado foi admitido, e negado
seguimento ao apelo do reclamante às págs. 2.087-2.089.
Agravo de instrumento interposto pelo reclamante às
págs. 2.092-2.107.
Contrarrazões pelo reclamante às págs. 2.109-2.120.
Contraminuta e contrarrazões pelo primeiro reclamado
às págs. 2.124-2.149 e 2.154-2.158.
Os autos não foram remetidos ao Ministério Público do
Trabalho, em razão do disposto no art. 95 do RITST.
É o relatório.
V O T O
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No que se refere aos temas em destaque, inviável o recurso, uma vez
que o recorrente não indicou os trechos da decisão recorrida objeto da
insurgência, conforme exige o art. 896, § 1º-A, I, da CLT.
CONCLUSÃO
DENEGO seguimento ao recurso de revista.” (págs. 2.087 e
2.088)
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Registra-se, desde logo, que a hipótese não atrai a
aplicação do item II do verbete mencionado, no qual se consigna que "o
entendimento referido no item anterior não se aplica em relação à motivação secundária e impertinente,
consubstanciada em despacho de admissibilidade de recurso ou em decisão monocrática",
porquanto o motivo de denegação do recurso de revista, conforme
discorrido, é relevante e pertinente, uma vez que expõe questão
processual expressamente disposta em lei.
Diante do exposto, não conheço do agravo de
instrumento.
CONHECIMENTO
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Esclarece-se que a transcrição, a fim de que se possa
proceder ao exercício da averiguação da ausência de tutela perpetrada
no acórdão do respectivo recurso ordinário, se faz imprescindivelmente
necessária para a compreensão e a constatação da omissão alegada.
Com efeito, concluiu-se, da forma como foi editada a
norma pertinente, que os requisitos processuais cuja satisfação é imposta
no artigo 896, § 1º-A, da CLT, são cumulativos e devem ser, sob pena de
não conhecimento do recurso, individualmente observados na construção
da petição do recurso de revista.
A parte, ao interpor recurso de revista, mediante
eventual alegação de negativa de prestação jurisdicional perpetrada no
acórdão proferido pelo Tribunal de 2º grau, deve cumprir, além do disposto
no inciso IV do mencionado dispositivo – que determina a transcrição do
trecho da petição e do acórdão dos embargos declaratórios – a determinação
contida no inciso I do mesmo artigo, a respeito da transcrição do trecho
da decisão que configura o efetivo prequestionamento da matéria
impugnada.
Note-se que a condição imposta no inciso I visa a
determinar que a parte comprove o prequestionamento do tema por parte
do Tribunal Regional, enquanto a exigência imposta no inciso IV busca
a propiciar a efetiva demonstração da omissão alegada pela parte.
Registra-se que, de fato, o requisito estabelecido no
inciso IV, que foi instituído por meio da edição da Lei nº 13.467/2017,
veio, tão somente, suprir lacuna a respeito do critério formal a ser
observado na específica alegação de negativa de tutela jurisdicional,
de forma que a inclusão desse inciso no § 1º-A do artigo 896 não elidiu
a condição processual imposta no inciso I, que já vigia a partir da edição
da Lei nº 13.015/2014, tratando-se, portanto, de requisitos processuais
que possuem a mesma relevância e, que, consequentemente, não se excluem.
Cabe citar precedentes desta Corte em que esse
entendimento foi adotado, a saber:
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I, DA CLT. AUSÊNCIA DE INDICAÇÃO DO TRECHO DO ACÓRDÃO
DO RECURSO ORDINÁRIO. NÃO COMPROVADO O
PREQUESTIONAMENTO DA MATÉRIA. Não merece provimento o
agravo que não desconstitui os fundamentos da decisão monocrática, pela
qual foi denegado seguimento ao agravo de instrumento em face da ausência
de preenchimento dos requisitos previstos no artigo 896, § 1º-A, da CLT.
Verifica-se, na hipótese, que a parte, de fato, em desatenção à exigência
contida no mencionado dispositivo, não indicou, na petição do recurso de
revista, o trecho específico da decisão referente ao julgamento do recurso
ordinário . No caso, a reclamada alega no recurso de revista , negativa de
prestação jurisdicional na decisão regional . Contudo, no capítulo da petição
recursal que trata da alegação em questão, em que pesa tenha transcrito o
trecho do acórdão proferido no julgamento dos embargos de declaração
apresentados à Corte regional, não o fez em relação ao acórdão referente ao
recurso ordinário . Esclarece-se que a transcrição, a fim de que se possa
proceder ao exercício da averiguação da ausência de tutela perpetrada no
acórdão do respectivo recurso ordinário , se faz imprescindivelmente
necessária para a compreensão e a constatação da omissão alegada. Com
efeito, conclui-se, da forma como foi editada a norma pertinente, que os
requisitos processuais cuja satisfação é imposta no artigo 896, § 1º-A, da
CLT, são cumulativos e devem ser, sob pena de não conhecimento do
recurso, individualmente observados na construção da petição do recurso de
revista. A parte, ao interpor recurso de revista, mediante eventual alegação
de negativa de prestação jurisdicional perpetrada no acórdão proferido pelo
Tribunal de 2º grau, deve cumprir, além do disposto no inciso IV do
mencionado dispositivo - que determina a transcrição do trecho da petição e
do acórdão dos embargos declaratórios - a determinação contida no inciso I
do mesmo artigo, a respeito da transcrição do trecho da decisão que
configura o efetivo prequestionamento da matéria impugnada. Note-se que a
condição imposta no inciso I visa a determinar que a parte comprove o
prequestionamento do tema por parte do Tribunal Regional, enquanto que a
exigência imposta no inciso IV busca a propiciar a efetiva demonstração da
omissão alegada pela parte. Registra-se que, de fato, o requisito estabelecido
no inciso IV, que foi instituído por meio da edição da Lei nº 13.467/2017,
veio , tão somente , suprir lacuna a respeito do critério formal a ser observado
na específica alegação de negativa de tutela jurisdicional, de forma que a
inclusão desse inciso no § 1º-A do artigo 896 não elidiu a condição
processual imposta no inciso I, que já vigia a partir da edição da Lei nº
13.015/2014, tratando-se, portanto, de requisitos processuais que possuem a
mesma relevância e, que, consequentemente, não se excluem. Releva-se que
a indicação de um trecho específico é exigida por absoluta lógica, na
hipótese em que a matéria impugnada pela parte tenha sido apreciada no
acórdão regional e, no qual não conste, por óbvio, a análise acerca da questão
específica denunciada na alegação de negativa de prestação jurisdicional.
Por outro lado, a ausência de análise acerca da própria matéria implica, para
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a perfeita satisfação do requisito disposto no inciso I do § 1º-A do artigo 896
da CLT, obviamente, a necessidade da indicação da íntegra do respectivo
acórdão, de forma a demonstrar a inequívoca e total ausência de exame do
tema. Agravo desprovido" (Ag-RR-1021-72.2017.5.09.0411, 2ª
Turma, Relator Ministro José Roberto Freire Pimenta,
DEJT 23/08/2019).
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materialização dos princípios da impugnação específica e dialeticidade
recursal, pois objetiva evitar que seja do órgão julgador a tarefa de interpretar
a decisão impugnada, para deduzir a tese nela veiculada e a fundamentação
que ampara a pretensão, naquilo que corresponde ao atendimento dos
pressupostos singulares do recurso interposto. Transpondo tal exigência para
os casos em que a parte busca o reconhecimento da negativa de prestação
jurisdicional, constata-se que será necessária a demonstração, inequívoca, de
provocação da Corte de origem, mediante a oposição de embargos de
declaração, no que se refere à matéria desprovida de fundamentação, com
fulcro no entendimento da Súmula nº 459 do TST, bem como do trecho do
respectivo acórdão, a fim de comprovar a recusa da Corte de origem em
apreciar as questões suscitadas nos embargos. A inobservância desse
procedimento que comprove a oportuna invocação e delimitação, em sede de
embargos de declaração, dos pontos sobre os quais o Tribunal Regional,
supostamente, teria deixado de se manifestar, torna inviável a análise da
nulidade. Assim, a parte recorrente, ao arguir a nulidade por negativa de
prestação jurisdicional, deve indicar no recurso de revista: a) os excertos da
petição de embargos de declaração em que se buscou o pronunciamento do
Tribunal Regional sobre os vícios apontados; e b) os trechos que
demonstrem a recusa do TRT à complementação da prestação jurisdicional,
seja porque rejeitou, seja porque ignorou o argumento contido nos embargos
de declaração. Recurso de embargos de que se conhece e a que se nega
provimento" (E-RR-1522-62.2013.5.15.0067, Ac. Subseção
I Especializada em Dissídios Individuais, Relator
Ministro Cláudio Mascarenhas Brandão, in DEJT
20/10/2017).
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AIRR-2423-36.2013.5.10.0013, Relator Ministro: Luiz
Philippe Vieira de Mello Filho, 7ª Turma, DEJT
9/12/2016)
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Por outro lado, a ausência de análise acerca da própria
matéria implica, para a perfeita satisfação do requisito disposto no
inciso I do § 1º-A do artigo 896 da CLT, obviamente, a necessidade da
indicação da íntegra do respectivo acórdão, de forma a demonstrar a
inequívoca e total ausência de exame do tema.
Por fim, o descumprimento do requisito processual da
indicação do trecho de prequestionamento não configura "defeito formal que não
se repute grave" passível de ser sanado ou desconsiderado nos termos do artigo
896, § 11, da CLT, uma vez que o dispositivo em questão não se aplica
à convalidação de defeito ínsito ao conteúdo ou ao teor do recurso
interposto e, levando-se em conta que a interposição de recurso não é
considerada ato urgente, é disponibilizado à parte tempo hábil a fim de
que construa a sua insurgência recursal mediante a observação dos
requisitos recursais exigidos em lei, a respeito dos quais tem prévio
conhecimento, bem como das consequências processuais da ausência de
satisfação desses requisitos.
Não conheço.
CONHECIMENTO
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Aponta violação do artigo 62, inciso II, da CLT e
contrariedade à Súmula nº 287 do TST.
Transcreve arestos para demonstrar o conflito de
teses.
O Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região analisou
o tema com a seguinte fundamentação:
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aos períodos de descanso (inter e entrejornadas), ao descanso semanal
remunerado e ao adicional noturno, por previsão do art. 62, II, da CLT.
Este tipo de empregado tem sido vítima, pelo mundo afora, de jornadas
de trabalho excessivas. Eles estão, frequentemente, conectados ao trabalho
24 horas por dia, 07 dias na semana, mediante a utilização dos meios
modernos de comunicação: celular; pager; notebook; fax, etc.
Os altos empregados estão sujeitos a jornadas de trabalho
extremamente elevadas, interferindo, negativamente em sua vida privada.
Além disso, em função da constante ameaça do desemprego, são forçados a
lutar contra a ‘desprofissionalização’, o que lhes exige constante preparação
e qualificação, pois que o desemprego desses trabalhadores representa muito
mais que uma desocupação temporária, representa interrupção de uma
trajetória de carreira, vista como um plano de vida, implicando crise de
identidade, humilhação, sentimento de culpa e deslocamento social. Em
suma, a sua subordinação ao processo produtivo é intensa, corroendo sua
saúde e desagregando sua família. Veja-se, por exemplo, que muitos sequer
têm tido tempo para tirar férias, pois que, diante do quase inesgotável acesso
a fontes de informações e por conta das constantes mutações das
complexidades empresariais, ficar muitos dias desligado do trabalho
representa, até mesmo, um risco para a manutenção do próprio emprego.
Como destaca Márcia Novaes Guedes, em sua recente obra, Terror
Psicológico, ‘A ‘cultura gerencial’, agregada à qualidade total, exige
também entrega total; a regra é romper os diques entre trabalho e vida
privada, entre intimidade e empresa. Aos poucos, o trabalho vai ocupando e
minando todas as reservas pessoais e tornando-se sub-repticiamente por
meio da mídia, mas sobretudo pela avalanche de livros que inundam o
mercado editorial sob o inocente título de literatura de autoajuda.’
Parece-me que um primeiro e importante passo a ser dado na direção
da humanização das relações de trabalho dos altos empregados é reconhecer
que, mesmo tendo alto padrão de conhecimento técnico e sendo portadores
de uma cultura mais elevada que o padrão médio dos demais empregados,
não deixam de depender economicamente do emprego (aliás, há uma
dependência até moral ao emprego, dada a necessidade natural de
manutenção do seu status social) e que, por conta disso, submetem-se às
regras do jogo capitalista para não perderem sua inserção no mercado. Sua
sujeição às condições de trabalho que lhe são impostas pela lógica da
produção é inevitável.
O direito do trabalho, sendo um centro de positivação da garantia dos
direitos humanos, evidentemente, não deve encarar este fato como normal e
estar alheio a ele, ou, pior, fixar normas que o legitime, pois o resultado é que
uma geração inteira de pessoas qualificadas e que muito bem poderiam servir
à sociedade de outro modo, está sendo consumida no incessante ritmo
alucinado do trabalho direcionado pelos comandos da produção moderna.
Juridicamente falando, a forma essencial de se reverter este quadro é
integrar estes trabalhadores à proteção do limite da jornada de trabalho,
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consagrada, vale lembrar, desde o Tratado de Versalhes, 1919, com reforço
que lhe fora dado pela Declaração dos Direitos do Homem, em 1948.
Mas, se dirá, e o empecilho do artigo 62, II, da CLT? Ele de fato não
existe. O art. 62, II, da CLT, é inconstitucional, na medida em que o inciso
XIII, do artigo 7º, conferiu a todos os trabalhadores, indistintamente, o
direito à limitação da jornada de trabalho.
O artigo em questão, portanto, é inconstitucional, ainda mais quando
iguala aos gerentes os ‘chefes de departamento ou filial’.
O empregador quando contrata um alto empregado, diretor ou
exercente de cargo de confiança e, principalmente, chefes de departamento
ou filial, não pode utilizar as forças deste trabalhador perante 24 horas por
dia, e os avanços tecnológicos têm permitido que isto ocorra.
Ainda que se diga que há certas atividades em que o empregador não
controla, concretamente, o trabalho executado, pois é o próprio empregado
que exerce a função que seria, tipicamente, a função do empregador, cabe ao
empregador impedir que esta circunstância implique na utilização
indiscriminada do trabalho do empregado, tendo este pressuposto
repercussão em eventual discussão processual acerca do volume de horas de
trabalho realizado.
Pode-se pensar que o pagamento de um salário diferenciado, maior que
o dos demais trabalhadores, já embutiria a quitação das horas a mais. No
entanto, a limitação de jornada é uma questão de saúde da sociedade e não
um problema meramente econômico e que diga respeito apenas à pessoa do
trabalhador. O que se almeja com o direito do trabalho, intervindo nesta
questão, não é que o empregado fique mais rico em função das longas
jornadas de trabalho por ele laboradas, mas que essas jornadas, efetivamente,
não existam. Claro que, sendo impossível a fiscalização concreta de todas as
situações, o efeito real acaba sendo a penalização econômica do empregador
em favor do empregado, mas como caráter pedagógico para que os
empregadores, em geral, não se vejam incentivados a agir da mesma forma.
Merece destaque, a este respeito, a recente experiência francesa sobre a
regulação da jornada de trabalho. A lei Arby II, que reduziu a jornada para 35
horas, não incluiu os ‘cadres’ (altos empregados) nesta limitação, deixando
para a negociação coletiva a definição de quais os trabalhadores, em cada
empresa, deveriam ser considerados como tais. Mas, em concreto,
percebeu-se que mesmo a regulação pelos próprios ‘parceiros sociais’ não
resolveu satisfatoriamente a questão. Por isto, tem se notado uma tendência
de se acatar um controle judicial sobre as definições estabelecidas nas
normas coletivas a respeito dos trabalhos inseridos no conceito de ‘cadres’.
Além disso, a lei Arby, II, dividiu os ‘cadres’ em dois tipos: aqueles
que são integrados à unidade produtiva, aos quais se deve aplicar o regime
próprio da equipe à qual eles se integram; e os que possuem grande dose de
autonomia e não exercem integralmente seu trabalho sob os olhos do
empregador, denominados por isto de ‘autônomos’, para os quais a jornada
de trabalho não pode ser pré-determinada, em razão da natureza de suas
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funções, das responsabilidades que exercem, e do grau de autonomia de que
se beneficiam na organização de seu emprego e de seu tempo.
No entanto, mesmo para estes ‘autônomos’, o Tribunal de Grande
Instância de Paris, em 19 de dezembro de 2000, examinando o acordo
coletivo realizado entre CFDT e a Diac-Renault, fixou os princípios de que:
a) não basta proclamar que o trabalhador possui autonomia na
organização de seu trabalho, ativando-se em horário variável, para excluí-lo
da limitação de jornada;
b) é preciso que se fixem, de todo modo: o cômputo da jornada por ele
trabalhada, integral ou parcial, os dias de repouso, as condições de aplicação
do ‘fortait’ (o valor pago como uma espécie de pacote pelas horas à
disposição), a carga de trabalho que resulta etc.
E, sob o prisma da prova da jornada trabalhada, tem-se entendido que a
carga da prova das horas trabalhadas não é do empregado, podendo-se valer
o juiz de todo o meio de prova necessário para esclarecer a questão, levando
em consideração, especialmente, a obrigação do empregador de apresentar
em juízo a norma coletiva de fixação da jornada de trabalho e o contrato
individual do trabalho com fixação da carga de trabalho (art. L 620-2 Code
du Travail), aplicando-se, na ausência, a regra do art. L. 212-2-1 do Code du
Travail, que atribui ao empregador o ônus de provar o horário efetivamente
cumprido pelo empregado.
Em suma, atendendo aos pressupostos do direito ao não-trabalho, para
preservação da intimidade da vida privada e da saúde social, há de se
considerar que os altos empregados – exercentes de cargos de confiança –
estão inseridos no direito à limitação da sua jornada de trabalho, em
conformidade com o tipo de trabalho executado: para os que trabalham, a
maior parte do tempo, no estabelecimento do empregador, inserindo-se no
contexto da unidade produtiva, sua jornada normal deve ser a mesma de seus
subordinados; para os que executam seus serviços, com grande autonomia no
que se refere ao contexto produtivo, o limite de sua jornada deve ser,
obrigatoriamente, fixado em contrato individual, de forma a respeitar os
períodos legais de descanso (RSR, férias, feriados...) e a vida privada do
empregado, com previsão da carga de trabalho a ser exigida, sob pena de
recair sobre o empregador o ônus da prova das horas trabalhadas.
Portanto, nada a reparar na sentença.” (págs. 1.931-1.936,
grifou-se)
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efetivamente desempenhado pelo reclamante, deixando de mencionar, ainda,
se o reclamante era a autoridade máxima na agência.
Sustenta, também, que o reclamante desempenhou cargo de máxima
confiança na agência, razão pela qual deveria ser enquadrado na exceção do
art. 62, II, da CLT; que os depoimentos do reclamante e das testemunhas se
direcionam nesse sentido.
Sem razão o embargante.
Constatou-se, de acordo com o conjunto probatório, que o reclamante
efetivamente não exercia atividades laborativas que pudessem, sequer em
tese, enquadrá-lo na exceção do art. 62, II, da CLT. Além disso, restou
afastada a aplicação do referido preceito legal por outros fundamentos
expostos no v. acórdão.
O v. acórdão está bem fundamentado e os fundamentos utilizados não
merecem qualquer outro esclarecimento, muito menos nos moldes
pretendidos pelo embargante, vez que evidenciado seu mero inconformismo
com o resultado do julgamento pelo fato de não lhe ser favorável.
Ante o exposto, considerando que o embargante pretende, meramente,
a reforma do v. julgado pela via processual inadequada, deixo de conhecer de
seus embargos de declaração.” (págs. 1.993 e 1.994)
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não havendo que se falar em violação do artigo 62, inciso II, da CLT e
tampouco em contrariedade à Súmula nº 287 do TST.
Os arestos colacionados não retratam hipótese fática
idêntica à registrada no acórdão. Assim, não apresentam a especificidade
exigida pela Súmula nº 296, item I, do TST, bem como no artigo 896, §
8º, segunda parte, da CLT, com a redação que lhe foi dada pela Lei nº
13.015/2014, não se prestando a demonstrar divergência jurisprudencial.
Não conheço.
CONHECIMENTO
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A Corte regional, diante da manutenção da condenação
do reclamado no pagamento das horas extras, entendeu igualmente pela
manutenção de sua condenação relativa à multa normativa.
Observa-se, portanto, que não houve adoção de tese
explícita na decisão acerca da interpretação restritiva de normas
benéficas, tampouco acerca das previsões contidas nos artigos 5º, inciso
II, da Constituição Federal e 112 e 114 do Código Civil de 2002.
Observe-se ainda que o reclamado não tratou do tema
quando da interposição dos embargos de declaração (págs. 1.947-1.950),
motivo pelo qual não se observa o necessário prequestionamento da matéria
na forma da Súmula nº 297, itens I e II, do TST e do artigo 896, § 1º-A,
inciso I, da CLT, com a redação que lhe foi dada pela Lei nº 13.015/2014.
Diante da ausência de prequestionamento da matéria,
impossível falar em divergência jurisprudencial.
Não conheço.
I - CONHECIMENTO
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“A) EMBARGOS DO RECLAMANTE
Presentes os pressupostos recursais, conheço.
(...)
II – CORREÇÃO MONETÁRIA
Houve, de fato, omissão a respeito.
No mérito, tem razão o embargante, pois a correção monetária deve ter
por base o mês em que de fato a obrigação deve ser adimplida, sendo que no
caso dos bancários isso se dá no próprio mês da ocorrência dos fatos e não no
mês subsequente.
Dou provimento, portanto, ao recurso, na forma pleiteada.” (pág.
1.986)
II – MÉRITO
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5. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. PERDAS E DANOS PREVISTOS
NA LEGISLAÇÃO CIVIL
I - CONHECIMENTO
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diligência sumária, que não poderá exceder de 48 (quarenta e
oito) horas.
§ 3º Não havendo no local a autoridade referida no
parágrafo anterior, o atestado deverá ser expedido pelo
Delegado de Polícia da circunscrição onde resida o empregado.
Art. 15. Para auxiliar no patrocínio das causas,
observados os arts. 50 e 72 da Lei nº 4.215, de 27 de abril de
1963, poderão ser designados pelas Diretorias dos Sindicatos
Acadêmicos, de Direito, a partir da 4º Série, comprovadamente,
matriculados em estabelecimento de ensino oficial ou sob
fiscalização do Governo Federal.
Art. 16. Os honorários do advogado pagos pelo vencido
reverterão em favor do Sindicato assistente.
Art. 17. Quando, nas respectivas comarcas, não houver
Juntas de Conciliação e Julgamento ou não existir Sindicato da
categoria profissional do trabalhador, é atribuído aos
Promotores Públicos ou Defensores Públicos o encargo de
prestar assistência judiciária prevista nesta lei.
Parágrafo único. Na hipótese prevista neste artigo, a
importância proveniente da condenação nas despesas
processuais será recolhida ao Tesouro do respectivo Estado.
Art. 18. A assistência judiciária, nos termos da presente
lei, será prestada ao trabalhador ainda que não seja associado
do respectivo Sindicato.
Art. 19. Os diretores de Sindicatos que, sem comprovado
motivo de ordem financeira, deixarem de dar cumprimento às
disposições desta lei ficarão sujeitos à penalidade prevista no
art. 553, alínea a da Consolidação das Leis do Trabalho.
Art. 20. Esta lei entra em vigor na data de sua publicação,
revogadas as disposições em contrário.’ (GRIFEI)
Como se vê (para quem quer ver), os artigos 14 e seguintes cuidam,
unicamente, da Assistência Judiciária na Justiça do Trabalho, estabelecendo
os efeitos jurídicos pertinentes.
Não há nesses dispositivos, como de fato não poderia haver, qualquer
determinação no sentido de que ‘na Justiça do Trabalho os honorários
advocatícios só são devidos quando houver assistência do sindicato’. O que
está dito é, unicamente, que a assistência judiciária será prestada pelo
sindicato. Nada além.
Aliás, dos termos da referida lei o que se pode concluir, por
interpretação extraída dos argumentos da lógica, é que o princípio da
sucumbência incide no processo do trabalho. Com efeito, o artigo 16 é claro
ao dizer que os honorários devem ser pagos pelo vencido, sendo que no caso
da prestação de assistência judiciária gratuita pelo sindicato, esses
honorários são revertidos ao sindicato. Trata-se de uma previsão legal que
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estabelece uma exceção à regra de que os honorários advocatícios, fixados
pela sucumbência, destinam-se à parte.
A cegueira é tão grande neste assunto, que se chega estabelecer um
percentual de 15% a título de honorários que não tem qualquer previsão na
tal Lei n. 5.584/70 (e poucos, ou ninguém, se dá conta disso).
O percentual de 15%, na verdade, está previsto no § 1º, do artigo 11, da
Lei n. 1.060/50, in verbis:
Art. 11. Os honorários de advogados e peritos, as custas
do processo, as taxas e selos judiciários serão pagos pelo
vencido, quando o beneficiário de assistência for vencedor na
causa.
§ 1º. Os honorários do advogado serão arbitrados pelo
juiz até o máximo de 15% (quinze por cento) sobre o líquido
apurado na execução da sentença.
Mas, o valor fixado na lei é de 15% sobre o líquido apurado na
execução. Esse critério de cálculo, no entanto, não é obedecido pela
jurisprudência trabalhista (e ninguém sabe o porquê). Ou seja, aplica-se uma
lei que não seria aplicável e ainda se o faz pela metade.
Mais interessante ainda é que se aplica um percentual fixado em um
dispositivo de lei que já fora revogado. A Lei n. 1.060 é de 1950 e em 1973 o
novo Código de Processo Civil deu novos contornos à questão dos
honorários de sucumbência. Nos termos do § 3º, do artigo 20, do CPC, os
honorários são fixados no percentual de 10 a 20%, tendo, reiteradamente, a
Justiça Comum aplicado tal dispositivo para a fixação de honorários nos
casos de assistência judiciária gratuita, conforme abaixo:
‘ADV: JOÃO AUGUSTO FREITAS GONÇALVES (OAB
020.18A/RO), ROCHILMER MELLO DA ROCHA FILHO (OAB
000.635/RO), IZAAC PINTO CASTIEL (OAB 00001498AC) –
Processo 001.05.017607-3 - Outras Ações de Rito Ordinário /
Ordinário - AUTOR: Ernane Bezerra Elias - RÉ: Brasil Telecom
S/A. - ... 3. DISPOSITIVO Isto posto, JULGO IMPROCEDENTE
todos os pedidos formulados na ação. Condeno o Autor ao
pagamento das custas processuais e honorários advocatícios,
estes fixados em 20% sobre o valor da causa, em conformidade
com o § 3º, do artigo 20, do CPC. Entretanto, em razão do
deferimento da assistência judiciária gratuita, às fls. 34/36,
ficam os mesmos sobrestados pelo prazo de 05 (cinco) anos,
conforme artigo 12, da Lei 1060/50. Publique-se. Registre-se.
Intimem-se. VALOR DO PREPARO: R$ 63,52 (sessenta e três
reais e cinquenta e dois centavos).
Apelação cível n. 2005.027541-3, de Concórdia.
Relator: Jorge Schaefer Martins
Data da decisão: 31/10/05
AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL -
INSCRIÇÃO INDEVIDA DE NOME NOS ÓRGÃOS DE
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PROTEÇÃO AO CRÉDITO - DÉBITO PAGO
ANTECIPADAMENTE - ABALO MORAL PRESUMIDO -
QUANTUM QUE DEVE SERVIR PARA AMENIZAR O
PREJUÍZO PSÍQUICO SUPORTADO PELA VÍTIMA E
REPRIMIR A REITERAÇÃO DE ATOS SEMELHANTES PELO
OFENSOR - MAJORAÇÃO CONCEDIDA - VALOR QUE NÃO
SE DESTINA AO ENRIQUECIMENTO DO LESADO -
OBSERVÂNCIA DOS PRINCÍPIOS DA RAZOABILIDADE E
PROPORCIONALIDADE - HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS
FIXADOS DE ACORDO COM OS PARÂMETROS DO § 3° DO
ART. 20 DO CPC - MANUTENÇÃO DO PERCENTUAL
FIXADO EM PRIMEIRO GRAU - CONCESSÃO DO
BENEFÍCIO DA ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA -
INTELIGÊNCIA DO ART. 4° DA LEI N° 1.060/50 - RECURSO
PARCIALMENTE PROVIDO.’
Mas o problema é ainda mais grave, pois sequer a Lei n. 5.584/70
poderia ser invocada mesmo no que tange à prestação da assistência
judiciária gratuita.
Fato é que a Lei n. 10.288/01 derrogou os dispositivos da Lei n.
5.584/70 referentes à assistência judiciária gratuita, ao incluir o § 10 no
artigo 789, da CLT, com o seguinte teor: ‘O sindicato da categoria
profissional prestará assistência judiciária gratuita ao trabalhador
desempregado ou que perceber salário inferior a 5 (cinco) salários mínimos
ou que declare, sob responsabilidade, não possuir, em razão dos encargos
próprios e familiares, condições econômicas de prover a demanda.’
Mais tarde, a Lei n. 10.537, de 27 de agosto de 2002, trouxe novo
regramento para o artigo 789, da CLT, e simplesmente não repetiu a regra
contida no § 10, acima mencionado.
Presentemente, por imposição do § 3º, do artigo 790, da CLT, cuja
redação também foi dada pela Lei n. 10.537/02, permite-se ao juiz conceder
os benefícios da assistência judiciária gratuita, sem qualquer vinculação à
assistência sindical.
Eis o seu teor:
‘§ 3o É facultado aos juízes, órgãos julgadores e
presidentes dos tribunais do trabalho de qualquer instância
conceder, a requerimento ou de ofício, o benefício da justiça
gratuita, inclusive quanto a traslados e instrumentos, àqueles
que perceberem salário igual ou inferior ao dobro do mínimo
legal, ou declararem, sob as penas da lei, que não estão em
condições de pagar as custas do processo sem prejuízo do
sustento próprio ou de sua família.’
Portanto, interpretam-se, equivocadamente, vários dispositivos legais,
muitos deles já revogados, para negar a aplicação da sucumbência no
processo do trabalho.
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O princípio da sucumbência no processo do trabalho, inegavelmente,
incide no processo do trabalho, tanto que a improcedência total dos pedidos
sujeita o reclamante ao pagamento das custas processuais e a avaliação de
pretensão que requeira prova técnica sujeita a parte sucumbente ao
pagamento dos honorários periciais.
Mesmo vigente o artigo 791, não se pode deixar de reconhecer que sua
aplicabilidade, na realidade das Varas do Trabalho demonstra-se,
nitidamente, excepcional, e sendo assim não pode constituir o fundamento
para se criar uma regra, qual seja a de negar a condenação em honorários
advocatícios no processo do trabalho.
Até porque, o fundamento básico da prestação jurisdicional justa
consiste em que a parte que tem razão não seja penalizada com qualquer
custo processual, revertendo-se estes para a parte perdedora.
E, sob a perspectiva do conceito de processo efetivo, ou seja, aquele
que é eficiente para dar a cada um o que é seu por direito e nada além disso, a
presença do advogado é fator decisivo para a consecução deste ideal.
Com efeito, nos processos trabalhistas, não raramente, discutem-se
temas como: interrupção da prescrição; ilegitimidade de parte, em
decorrência de subempreitada, sucessão, terceirização, grupo de empresas;
litispendência; personalidade jurídica; desconsideração da personalidade
jurídica; tutela antecipada; ação monitória; contagem de prazos; nulidades
processuais; ônus da prova etc. Mesmo a avaliação dos efeitos dos fatos
ocorridos na relação jurídica sob a ótica do direito material nem sempre é
muito fácil. Vide, por exemplo, as controvérsias que pendem sobre temas
como: aviso prévio cumprido em casa; subordinação jurídica; política
salarial; direito adquirido; horas ‘in itinere’; salário ‘in natura’; integrações
de verbas de natureza salarial; contratos a prazo; estabilidades provisórias
etc., ou seja, saber sobre direitos trabalhistas, efetivamente, não é tarefa para
leigos. Juízes e advogados organizam e participam de congressos, para tentar
entender um pouco mais a respeito desses temas e muitas vezes acabam
saindo com mais dúvidas. Imaginem, então, o trabalhador...
Por fim, impõe-se pôr em destaque a nova roupagem dada pelo atual
Código Civil, em vigor desde janeiro de 2003, ao instituto do
inadimplemento das obrigações.
O novo Código não se limita a fixar que descumprimento da obrigação
sujeita o inadimplente ao pagamento de perdas e danos, que eram, na
sistemática do antigo Código, nas obrigações de pagamento em dinheiro,
limitados aos juros de mora e custas (artigos 1.056 e 1.061, do antigo
Código). O novo Código é bem mais severo com o devedor inadimplente e
nos termos do artigo 389, o devedor que não cumpre a obrigação de pagar, no
prazo devido, responde por perdas e danos, mais juros, atualização monetária
e honorários advocatícios.
Este dispositivo enfraquece ainda mais o entendimento que não
considerava devidos os honorários advocatícios no processo do trabalho.
Ora, como se vê do novo texto legal, os honorários não decorrem
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simplesmente da sucumbência no processo, mas do próprio inadimplemento
da obrigação (artigo 389, do novo Código Civil).
Reforce-se este argumento com a observação de que as perdas e danos,
nos termos do artigo 404, em casos de obrigações de pagar em dinheiro (caso
mais comum na realidade trabalhista) abrangem atualização monetária,
juros, custas e honorários, sem prejuízo de pena convencional que se não
houver e não sendo os juros suficientes para suprir o prejuízo dão margem ao
juiz para conceder indenização suplementar.
O entendimento de que no processo do trabalho não há condenação em
honorários advocatícios, trata-se, portanto, de posicionamento que fere
vários preceitos legais e constitucionais, isto sem falar dos ideais do
movimento de acesso à justiça.
Por todo o exposto, dou parcial provimento ao apelo do reclamante,
para deferir ao reclamante os honorários advocatícios no percentual de 20%
incidentes sobre o valor da condenação.” (págs. 1.986-1.993,
grifou-se)
Com razão.
No caso, infere-se do acórdão regional que não foi
juntada aos autos a credencial sindical, contudo deferiram-se ao
reclamante os honorários advocatícios.
O artigo 389 do Código Civil dispõe que, "não cumprida
a obrigação, responde o devedor por perdas e danos, mais juros e atualização monetária segundo índices
oficiais regulamente estabelecidos, e honorários de advogado", enquanto que o artigo 404
do mesmo diploma estabelece que "as perdas e danos, nas obrigações de pagamento em
dinheiro, serão pagas com atualização monetária segundo índices oficiais regularmente estabelecidos,
abrangendo juros, custas e honorários de advogado, sem prejuízo da pena convencional".
Nesse passo, os honorários de advogado constituem
acessório inseparável do pedido principal de pagamento de perdas e danos,
visto que o pagamento da indenização advinda da contratação de advogado
não existe por si só, vale ressaltar, pressupõe a existência do pedido
principal de pagamento de perdas e danos. Não se configura, assim, a
hipótese dos artigos 389 e 404 do Código Civil.
No mais, no processo trabalhista, ao contrário do que
estabelecido no processo civil, não vigora o princípio da sucumbência
como único critério para a concessão da verba honorária, que é regulada
pelo artigo 14 da Lei nº 5.584/70, pelo que sua concessão se encontra
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condicionada também ao preenchimento dos requisitos indicados na Súmula
nº 219, item I, do TST, in verbis:
II - MÉRITO
ISTO POSTO
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instrumento interposto pelo reclamante; por unanimidade, conhecer do
recurso de revista do primeiro reclamado quanto ao tema "Correção
Monetária. Época Própria" por contrariedade à Súmula nº 381 do TST e,
no mérito, dar-lhe provimento para determinar que a correção monetária
incida a partir do dia 1º do mês subsequente ao da prestação de serviços,
conforme o entendimento sedimentado na Súmula citada; por unanimidade,
conhecer do recurso de revista quanto ao tema “Honorários Advocatícios.
Perdas e Danos Previstos na Legislação Civil” por contrariedade à Súmula
n° 219, item I, do TST e, no mérito, dar-lhe provimento para excluir da
condenação o pagamento dos honorários advocatícios; por unanimidade, não
conhecer do recurso de revista quanto aos demais temas. Valor da
condenação e custas inalteradas para fins processuais.
Brasília, 16 de dezembro de 2020.
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