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Poder Judiciário

Justiça do Trabalho
Tribunal Superior do Trabalho

PROCESSO Nº TST-Ag-AIRR-1000619-85.2016.5.02.0610

Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 1003F621D22E311E49.
A C Ó R D Ã O
(4ª Turma)
GMCB/lbtf

AGRAVO INTERPOSTO PELA RECLAMANTE.


1. ÓBICE DA DECISÃO DENEGATÓRIA. NÃO
CUMPRIMENTO DO REQUISITO DO ARTIGO 896,
§ 1º-A, III, DA CLT. NÃO CONFIGURAÇÃO.
O recurso de revista teve seguimento
denegado, com fundamento no não
atendimento do disposto no artigo 896,
§1º-A, III, da CLT, cujo teor exige a
exposição do pedido de reforma da
decisão recorrida, impugnando todos os
fundamentos jurídicos por ela
utilizados, com demonstração analítica
das violações ou contrariedades
alegadas.
Da leitura das razões do recurso de
revista, constata-se que a recorrente
impugnou todos os fundamentos jurídicos
utilizados pelo v. acórdão recorrido,
ao expor em suas razões recursais, que
o acordo judicial expressamente prevê
zerar todas as promoções pendentes dos
trabalhadores já certificados, e a
Corte Regional, ao negar referida
interpretação, acabou por violar e
inovar os termos do próprio acordo em
ofensa à coisa julgada, efetuando
demonstração analítica dos
dispositivos constitucional e legais
tidos por violados, bem como
apresentação de divergência
jurisprudencial e em que ponto esta
conflita com a decisão regional, em
atendimento à exigência prevista no
artigo 896, § 1º-A, III, da CLT.
Superado o óbice apontado na decisão
denegatória, prossegue-se no exame dos
demais pressupostos de admissibilidade
do apelo trancado, nos termos da
Orientação Jurisprudencial nº 282 da
SDI-1.
2. PROMOÇÃO FUNCIONAL. CERTIFICAÇÃO.
ACORDO CELEBRADO EM DISSÍDIO COLETIVO
DE GREVE. INSTRUMENTO NORMATIVO. OFENSA
Firmado por assinatura digital em 16/12/2020 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP
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À COISA JULGADA. NÃO CONFIGURAÇÃO. NÃO
PROVIMENTO.
O Tribunal Regional registrou que, nos
autos do Dissídio Coletivo nº
1000808-21.2014.5.02.0000, restou
acordado que a reclamada promoveria a
implementação até 30/06/2015 das
promoções oriundas da Certificação
realizada em 2012, de forma a zerar
todas as promoções pendentes dos
trabalhadores já certificados.
Acrescentou ainda a Corte a quo que, no
ACT 2014/2016, referida implementação
se daria de modo a preencher as vagas
remanescentes de promoção de
março/2014, e que isso não significou a
criação de novas vagas, mas apenas o
preenchimento das disponíveis em face
de movimentação na carreira.
Consignou, por outro lado, que, para que
haja a promoção é necessário, além da
certificação, o preenchimento de outros
requisitos, tais como disponibilidade
orçamentária e cumprimento do tempo no
nível ou na carreira. Somente a
classificação/certificação da
reclamante no certame, por si só, não
enseja a sua promoção funcional, razão
pela qual o preenchimento das vagas não
seguiu uma ordem sequencial. Ressaltou,
ainda, que o reclamante não se
desincumbiu do ônus de provar a ausência
de lisura no procedimento relativo à
promoção.
Nesse contexto, tendo o v. acórdão
regional observado a classificação para
as promoções, de acordo com os critérios
estabelecidos nos instrumentos
normativos, não se cogita ofensa à coisa
julgada. Incólumes os artigos 5º,
XXXVI, da Constituição Federal; 831 da
CLT e 494 do CPC/2015.
Agravo a que se nega provimento, com
aplicação da multa prevista no artigo
1.021, § 4º, do CPC.

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Vistos, relatados e discutidos estes autos de Agravo
em Agravo de Instrumento em Recurso de Revista n°
TST-Ag-AIRR-1000619-85.2016.5.02.0610, em que é Agravante ELIANE REGINA
CARVALHO DA SILVA e Agravado COMPANHIA DE ENGENHARIA DE TRÁFEGO - CET.

Insurge-se a parte reclamante, por meio de agravo,


contra decisão que negou seguimento ao seu agravo de instrumento.
Alega, em síntese, que o seu apelo merece regular
seguimento, porquanto devidamente comprovado o enquadramento da hipótese
do artigo 896, “a” e “c”, da CLT.
É o relatório.

V O T O

1. CONHECIMENTO

Presentes seus pressupostos objetivos e subjetivos,


conheço do agravo.

2. MÉRITO

Em decisão monocrática, foi denegado seguimento ao


agravo de instrumento, sob os seguintes fundamentos:

“A Presidência do egrégio Tribunal Regional do Trabalho, no


exercício do juízo prévio de admissibilidade, à luz do § 1º do artigo 896 da
CLT, denegou seguimento ao recurso de revista então interposto, sob os
seguintes fundamentos:

Recurso de: ELIANE REGINA CARVALHO DA


SILVA
Em cumprimento ao disposto no § 1º do art. 896 da CLT,
passo ao exame dos pressupostos de admissibilidade do Recurso
de Revista apresentado. Os aspectos da transcendência jurídica e
a constitucionalidade ou não da Medida Provisória que a instituiu
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são assuntos pertinentes à admissibilidade exercida pelo MM.
Juízo ad quem quando processado o apelo (art. 896-A, § 6º, da
CLT).
PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS
Tramitação na forma da Lei n.º 13.015/2014.
Tempestivo o recurso (decisão publicada no DEJT em
13/06/2017 - Aba de Movimentações; recurso apresentado em
20/06/2017 - id. 0f8dcd6 - Pág. 1).
Regular a representação processual, id. 64cc996 - Pág. 1.
Dispensado o preparo (id. aac2d89 - Pág. 3).

PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS
DIREITO PROCESSUAL CIVIL E DO TRABALHO /
FORMAÇÃO, SUSPENSÃO E EXTINÇÃO DO PROCESSO /
COISA JULGADA.
Alegação(ões): - violação do(s) artigo 5º, inciso XXXVI,
da Constituição Federal.
- violação do(a) Consolidação das Leis do Trabalho, artigo
831; Código de Processo Civil 2015, artigo 494.
- divergência jurisprudencial.
Consta do v. Acórdão:

(...)

Apesar de transcrever o trecho da decisão recorrida que


entende consubstanciar o prequestionamento da controvérsia
acerca da alegada ocorrência de violação da coisa julgada, na
tentativa de atender ao art. 896, §1º-A, I, da CLT, a parte deixou
de proceder ao cotejo analítico entre esse trecho do v. Acórdão,
os paradigmas trazidos e os dispositivos que afirma terem sido
violados, o que não impulsiona o recurso de revista, nos termos
do art. 896, §1º-A, III, da CLT.
DENEGO seguimento quanto ao tema.
CONCLUSÃO
DENEGO seguimento ao Recurso de Revista.

A parte agravante, em suas razões recursais, assinala, em síntese, ter


demonstrado os pressupostos legais de admissibilidade do recurso de revista,
conforme disposto no artigo 896 da CLT.
Sem razão.
Na forma do artigo 932, III e IV, “a”, do CPC/2015, o agravo de
instrumento não merece seguimento, tendo em vista mostrar-se
manifestamente inadmissível.
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Isso porque a parte agravante não logra êxito em infirmar os
fundamentos da d. decisão agravada, os quais, pelo seu manifesto acerto,
adoto como razões de decidir.
Registre-se, a propósito, que a atual jurisprudência deste colendo
Tribunal Superior do Trabalho tem-se orientado no sentido de que a
confirmação jurídica e integral de decisões por seus próprios fundamentos
não configura desrespeito ao devido processo legal, ao contraditório e à
ampla defesa (motivação per relationem). Nesse sentido, os seguintes
precedentes: Ag-AIRR-125-85.2014.5.20.0004, Data de Julgamento:
19/04/2017, Relator Ministro: Walmir Oliveira da Costa, 1ª Turma, DEJT
24/04/2017; AgR-AIRR-78400-50.2010.5.17.0011, Data de Julgamento:
05/04/2017, Relator Ministro: Alexandre de Souza Agra Belmonte, 3ª
Turma, DEJT 11/04/2017; Ag-AIRR-33100-34.2007.5.02.0255, Data de
Julgamento: 29/03/2017, Relator Ministro: Hugo Carlos Scheuermann, 1ª
Turma, DEJT 31/03/2017; AIRR-2017-12.2013.5.23.0091, Data de
Julgamento: 16/03/2016, Relator Ministro: José Roberto Freire Pimenta, 2ª
Turma, DEJT 18/03/2016.
(...)
Ante o exposto, confirmada a ordem de obstaculização do recurso de
revista, com amparo no artigo 932, III e IV, “a”, do CPC/2015, nego
seguimento ao agravo de instrumento.”

Inconformada, a parte interpõe o presente agravo, por


meio do qual requer a reforma do referido decisum.
À análise.

2.1. ÓBICE DA DECISÃO DENEGATÓRIA. NÃO CUMPRIMENTO DO


REQUISITO DO ARTIGO 896, § 1º-A, III, DA CLT.

O recurso de revista teve seguimento denegado, com


fundamento no não atendimento do disposto no artigo 896, § 1º-A, III,
da CLT, que dispõe:

§ 1º-A. Sob pena de não conhecimento, é ônus da parte:


(...)
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III - expor as razões do pedido de reforma, impugnando todos os
fundamentos jurídicos da decisão recorrida, inclusive mediante
demonstração analítica de cada dispositivo de lei, da Constituição Federal,
de súmula ou orientação jurisprudencial cuja contrariedade aponte "
(destaquei).

Na hipótese, da leitura das razões do recurso de


revista (fls. 908/915), constata-se que a recorrente impugnou todos os
fundamentos jurídicos utilizados pelo v. acórdão recorrido, ao expor em
suas razões recursais, que o acordo judicial expressamente prevê zerar
todas as promoções pendentes dos trabalhadores já certificados, e a Corte
Regional, ao negar referida interpretação, acabou por violar e inovar
os termos do próprio acordo em ofensa à coisa julgada, efetuando
demonstração analítica dos dispositivos constitucional e legais tidos
por violados, bem como apresentação de divergência jurisprudencial e em
que ponto esta conflita com a decisão regional.
Dessa forma, não há falar em não atendimento à
exigência prevista no artigo 896, § 1º-A, III, da CLT.
Assim, superado o óbice apontado na decisão
denegatória, prossegue-se no exame dos demais pressupostos de
admissibilidade do apelo trancado, nos termos da Orientação
Jurisprudencial nº 282 da SDI-1.

2.2. PROMOÇÃO FUNCIONAL. CERTIFICAÇÃO. ACORDO


CELEBRADO EM DISSÍDIO COLETIVO DE GREVE.

Nas razões do presente agravo, a reclamante impugna


o óbice aplicado pela decisão denegatória.
Nas razões o recurso de revista, a autora argumenta
que o acordo judicial expressamente prevê "zerar todas as promoções pendentes dos
trabalhadores já cerificados", interpretação diferente acaba por violar a coisa
julgada.
Aponta ofensa aos artigos 5º, XXXVI, da Constituição
Federal; 831 da CLT; 494 do CPC/2015.
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Ao exame.
A egrégia Corte Regional examinou a matéria sob os
seguintes fundamentos:

REENQUADRAMENTO FUNCIONAL
A recorrente não tem razão. Perfazendo-se a leitura dos autos, infere-se
que no processo nº 1000808-21.2014.5.02.0000 (dissídio coletivo de greve
- fls. 119/124), suscitado pelo Ministério Público do Trabalho em face
dos suscitados Sindicato dos Trabalhadores no Sistema de Operação,
Sinalização, Fiscalização, Manutenção e Planejamento Viário e Urbano do
Estado de São Paulo e outros 02, restou consignado na cláusula nº 02 que "as
partes, Sindicato dos Trabalhadores no Sistema de Operação, Sinalização,
Fiscalização e o Sindicato dos Engenheiros, concordam com a
implementação até 30/06/2015 das promoções oriundas da Certificação
realizada em 2012 e, deste modo zerar todas as promoções pendentes dos
trabalhadores já certificados". Por sua vez no ACT 2014/2016 (fls. 99/114),
os acordantes estabeleceram na cláusula 2.4.4 do referido instrumento
normativo que "A COMPANHIA implementará até 30 de junho de 2015 as
promoções oriundas da Certificação de Competências realizada em 2012
de modo a preencher as vagas remanescentes de promoção de março/2014,
tudo conforme consta da Ata de 30.06.2014 firmada entre as partes no
Núcleo de Permanente de Métodos Consensuais de Solução de Conflitos -
NCC do E. Tribunal Regional do Trabalho da Segunda Região -TRT". A
análise conjunta das cláusulas constantes do dissídio coletivo de greve e do
Acordo Coletivo de Trabalho evidencia a correção da tese defensiva. A
previsão do instrumento normativo de preencher todas as vagas
remanescentes da promoção de março/2014 até 30.06.2015 demonstra
que o exaurimento de todas as promoções dos trabalhadores
certificados, não significou a criação de novas vagas, mas sim o
preenchimento daquelas disponíveis em face de movimentação na
carreira. E, dentro dessa sistemática de classificação, a certificação de
competências seria um dos requisitos para a promoção, tais como a
disponibilidade de vaga no nível da carreira de concentração para qual
o empregado será promovido; disponibilidade orçamentária e
cumprimento do interstício de tempo no nível ou na carreira (fl. 249). A
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simples classificação no certame interno não confere a promoção
automática, daí porque o preenchimento de vagas não ter seguido uma
ordem sequencial. Há que se ressaltar também que a alegada falta de lisura
nos procedimentos de promoção deveria ter sido provada pela reclamante, a
rigor do disposto nos artigos 818 da CLT e 373, inciso I, do CPC/2015. E
desse ônus, a apelante não se desincumbiu. Destarte, nego provimento ao
recurso.

Na hipótese vertente, o Tribunal Regional registrou


que, nos autos do Dissídio Coletivo nº 1000808-21.2014.5.02.0000, restou
acordado que a reclamada promoveria a implementação até 30/06/2015 das
promoções oriundas da Certificação realizada em 2012, de forma a zerar
todas as promoções pendentes dos trabalhadores já certificados.
Acrescentou ainda a Corte a quo que, no ACT 2014/2016,
referida implementação se daria de modo a preencher as vagas
remanescentes de promoção de março/2014, e que isso não significou a
criação de novas vagas, mas apenas o preenchimento das disponíveis em
face de movimentação na carreira.
Consignou, por outro lado, que, para que haja a
promoção é necessário, além da certificação, o preenchimento de outros
requisitos, tais como disponibilidade orçamentária e cumprimento do
tempo no nível ou na carreira. Somente a classificação/certificação da
reclamante no certame, por si só, não enseja a sua promoção funcional,
razão pela qual o preenchimento das vagas não seguiu uma ordem sequencial.
Ressaltou, ainda, que o reclamante não se desincumbiu
do ônus de provar a ausência de lisura no procedimento relativo à
promoção.
Nesse contexto, tendo o v. acórdão regional observado
a classificação para as promoções, de acordo com os critérios
estabelecidos nos instrumentos normativos, não se cogita ofensa à coisa
julgada.
Colaciona-se os seguintes precedentes corroborando o
caso do decisum:

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"AGRAVO. RECURSO DE REVISTA. PROCESSO SOB A ÉGIDE
DA LEI 13.015/2014 E ANTERIOR À LEI 13.467/2017. PROMOÇÃO
FUNCIONAL. PROGRESSÃO AUTOMÁTICA. IMPOSSIBILIDADE.
OBSERVÂNCIA DOS REQUISITOS DO PLANO DE CARGOS E
SALÁRIOS. OFENSA À COISA JULGADA. NÃO CONFIGURAÇÃO .
Como salientado na decisão agravada, o Tribunal Regional, após análise dos
fatos e das provas, manteve a sentença, que concluiu pela impossibilidade de
a Reclamante ser promovida em razão da inexistência de vagas que
contemplassem sua classificação, nos moldes da norma interna de nº 66 e do
acordo firmado no dissídio coletivo de greve. Conforme se infere dos dados
transcritos no acórdão regional, a Reclamada tem cumprido o acordo
celebrado no dissídio coletivo, porém com observância de todos os requisitos
impostos no Plano de Cargos e Salários e no item 2.1 da norma interna de n°
66, entre os quais a existência de vaga, não havendo, por outro lado,
compromisso firmado pela empresa, tanto nos Termos de Audiência, quanto
no Acordo em Dissídio Coletivo (Processo nº 1000808-21.2014.5.02.0000),
de criação de vagas para implementação de todos os aprovados na
certificação de 2012. Além disso, depreende-se que o acolhimento do pleito
da Reclamante implicaria desrespeito à ordem de classificação e observância
do número de vagas, em desobediência aos termos do plano de cargos e
salários instituído pela empresa. Dessa forma, não se divisa violação aos arts.
5º, XXXVI, da CF, 831 da CLT e 494 do CPC/15. Observa-se que o Tribunal
Regional decidiu em consonância com o entendimento desta Corte,
compreendendo que a promoção da Reclamante deve atender a todos os
critérios e requisitos fixados na norma interna da empresa. Com efeito, o
entendimento desta Terceira Turma era o de que, se a empregadora não
implementasse os procedimentos necessários para a avaliação de
desempenho do trabalhador relativamente às promoções por merecimento, às
quais se obrigou ao instituir o Plano de Cargos e Salários, não poderia o
empregado sofrer os prejuízos advindos do inadimplemento de tal obrigação.
Contudo, a SDI-1/TST, na sessão do dia 08/11/2012, no julgamento do
processo E-RR-51-16-2011-5-24-007, pacificou a controvérsia acerca da
promoção por merecimento em face do descumprimento, pelo empregador,
da obrigação de realizar as avaliações como pressuposto para a concessão da
referida promoção. Segundo esse entendimento, a condição prevista no
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regulamento empresarial para se efetuarem as promoções horizontais por
merecimento é válida (e não meramente potestativa), ao fixar dependência
das promoções não apenas da vontade da empregadora, mas também de
fatores alheios ao desígnio do instituidor dos critérios de progressão
(desempenho funcional e existência de recursos financeiros, por exemplo).
Assim sendo, a decisão agravada foi proferida em estrita observância às
normas processuais (art. 557, caput, do CPC/1973; arts. 14 e 932, III e IV,
"a", do CPC/2015), razão pela qual é insuscetível de reforma ou
reconsideração. Agravo desprovido " (Ag-RR-1001688-93.2017.5.02.0004,
3ª Turma, Relator Ministro Mauricio Godinho Delgado, DEJT 19/06/2020).

"AGRAVO DE INSTRUMENTO. LEI 13.467/2017. DIFERENÇAS


SALARIAIS. COMPANHIA DE ENGENHARIA DE TRÁFEGO - CET.
PROMOÇÃO ORIUNDA DE CERTIFICAÇÃO - "PROMOÇÃO POR
COMPETÊNCIA" . TRANSCENDÊNCIA. O processamento do recurso de
revista na vigência da Lei 13.467/2017 exige que a causa ofereça
transcendência com relação aos reflexos gerais de natureza econômica,
política, social ou jurídica, a qual deve ser analisada de ofício e previamente
pelo Relator (artigos 896-A, da CLT, 246 e 247 do RITST). A causa trata da
pretensão ao recebimento de diferenças salariais decorrentes das "promoções
por competência" não concedidas. Consta do acórdão que a Norma Interna nº
66 da CET, ao tratar da promoção por competência, fixa, no item 2.1, quatro
condições para as promoções por competência: " a) disponibilidade de vaga
no nível da carreira e área de concentração para o qual o empregado será
promovido; b) disponibilidade orçamentária; c) o empregado deverá estar
certificado nas competências estabelecidas; d) cumprimento de interstício de
tempo no nível ou na carreira " . No caso dos autos, a Reclamante foi
aprovada no processo de avaliação de competências, sendo considerada
certificada, nos termos da referida Norma Interna, ficando classificada na
183ª posição, sendo certo que foram promovidos os empregados
classificados apenas até a 38ª posição, conforme disponibilidade de vagas. O
eg. TRT concluiu que não basta que o empregado tenha obtido a certificação
de competências para que ocorra a sua promoção, sendo necessária a
observância dos demais critérios previstos na Norma Interna nº 66. Pontuou
que o acordo firmado no Dissídio Coletivo de greve nº
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1000808-21.2014.5.02.0000 não fixou a promoção de todos os funcionários
aprovados na certificação, mas sim estabeleceu que à reclamada caberia
realizar as promoções pendentes, atendidos os demais requisitos das normas
internas, notadamente a existência de vaga. Entendeu, pois que o
mencionado acordo não conferiu direito às promoções sem qualquer critério,
indistintamente ou de forma automática. Dessa forma, concluiu que a
reclamante não detém direito imediato ao reenquadramento pleiteado, razão
pela qual não haveria que se falar em preterição da autora. A matéria
debatida não possui transcendência econômica, política, jurídica ou social.
Agravo de instrumento de que se conhece e a que se nega provimento porque
não reconhecida a transcendência" (AIRR-1000042-22.2015.5.02.0003, 6ª
Turma, Relatora Desembargadora Convocada Cilene Ferreira Amaro Santos,
DEJT 31/05/2019).

"AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA.


REENQUADRAMENTO FUNCIONAL. COISA JULGADA. Ao examinar
conjuntamente as cláusulas do dissídio e do acordo coletivos, o Regional,
instância soberana na valoração do conjunto probatório, na forma da Súmula
nº 126/TST, consignou que a certificação do empregado não é o único
requisito para a promoção, devendo também ser observados os demais
requisitos quais sejam disponibilidade de vaga no nível da carreira de
concentração para a qual o empregado será promovido, disponibilidade
orçamentária e cumprimento do interstício de tempo no nível ou na carreira
previstos na norma interna da empresa. Ressaltou que a previsão no acordo
coletivo de preenchimento de todas as vagas remanescentes da promoção de
março de 2014 até 30/6/2015 revela " que o exaurimento de todas as
promoções dos trabalhadores certificados não significou a criação de novas
vagas, mas sim o preenchimento daquelas disponíveis em face da
movimentação na carreira ". Alegou a Corte de origem que a mera
classificação no certame interno não confere ao obreiro direito à promoção
automática, o que justifica o preenchimento das vagas de forma não
sequencial. Por fim, acrescentou que o reclamante não se desvencilhou do
ônus de provar a ausência de lisura no procedimento relativo à promoção.
Diante de tal contexto, não se verifica ofensa aos artigos 5º, XXXVI, da CF,
831 da CLT e 494 do CPC. Arestos inservíveis. Agravo de instrumento
Firmado por assinatura digital em 16/12/2020 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP
2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
Poder Judiciário
Justiça do Trabalho
Tribunal Superior do Trabalho fls.12

PROCESSO Nº TST-Ag-AIRR-1000619-85.2016.5.02.0610

Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 1003F621D22E311E49.
conhecido e não provido" (AIRR-1001129-04.2017.5.02.0048, 8ª Turma,
Relatora Ministra Dora Maria da Costa, DEJT 14/02/2020).

Incólumes os artigos 5º, XXXVI, da Constituição


Federal; 831 da CLT e 494 do CPC/2015.
Por fim, quanto à divergência jurisprudencial, o
julgado oriundo do TRT da 7ª Região é inespecífico, por não abordar às
mesmas premissas fáticas deste processo, reportando a caso genérico de
violação à coisa julgada. Óbice da Súmula nº 296, I.
Nego provimento ao agravo.
Com fundamento no artigo 1.021, §4º, do CPC, condeno
a parte agravante ao pagamento de multa fixada em 2% sobre o valor
atualizado da causa, em favor da parte contrária.

ISTO POSTO

ACORDAM os Ministros da Quarta Turma do Tribunal


Superior do Trabalho, por unanimidade, negar provimento ao agravo e, com
fundamento no artigo 1.021, §4º, do CPC, condenar a parte agravante ao
pagamento de multa fixada em 2% sobre o valor atualizado da causa, em
favor da parte contrária.
Brasília, 16 de dezembro de 2020.

Firmado por assinatura digital (MP 2.200-2/2001)


CAPUTO BASTOS
Ministro Relator

Firmado por assinatura digital em 16/12/2020 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP
2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.

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