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Poder Judiciário

Justiça do Trabalho
Tribunal Superior do Trabalho

PROCESSO Nº TST-AIRR-100434-15.2016.5.01.0056

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A C Ó R D Ã O
(8ª Turma)
GMDMC/Gs/Dmc/gl/ao

AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE


REVISTA. 1. DECISÃO DE ADMISSIBILIDADE
DO RECURSO DE REVISTA. INSTRUÇÃO
NORMATIVA Nº 40 DO TST. OMISSÃO QUANTO
A TEMAS CONSTANTES DA REVISTA. NÃO
OPOSIÇÃO DE EMBARGOS DE DECLARAÇÃO.
PRECLUSÃO. Nos termos da nova
sistemática processual estabelecida
por esta Corte Superior, tendo em vista
o cancelamento da Súmula nº 285 do TST
e a edição da Instrução Normativa nº 40
deste Tribunal, na hipótese de omissão
pelo juízo de admissibilidade do
recurso de revista quanto a um ou mais
temas, é ônus da parte recorrente
impugná-lo, mediante a oposição de
embargos de declaração, a fim de o órgão
prolator da decisão suprir a omissão,
sob pena de preclusão. Por conseguinte,
não tendo sido opostos embargos de
declaração pela recorrente quanto aos
temas não apreciados pelo Regional
(reserva de plenário e multa pela
oposição de embargos declaratórios),
fica inviabilizada a sua análise, tendo
em vista a configuração do instituto da
preclusão. 2. NULIDADE POR NEGATIVA DE
PRESTAÇÃO JURISDICIONAL. Não há falar
em negativa da prestação jurisdicional,
na medida em que o Tribunal Regional, ao
confirmar a prescrição total, com
extinção de resolução de mérito da
pretensão do reclamante, não estava
obrigado a se pronunciar quanto à
matéria de fundo, cuja análise ficou
prejudicada em face da prescrição
declarada. Intacto, pois, o artigo 93,
IX, da CF. 3. PRESCRIÇÃO. Depreende-se
do acórdão regional que o reclamante
postula o reconhecimento da nulidade da
sua transferência da CBTU para a
Flumitrens, com a reintegração aos
quadros da CBTU, e a procedência das
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2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
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postulações exordiais. Nesse contexto,
evidenciado que o reclamante busca,
mediante ação interposta em 2016,
pretensão referente a ato ocorrido há
mais de 20 anos (1994), não há como
afastar a declaração da prescrição
total, estando ileso o art. 7º, XXIX, da
CF. 4. NULIDADE DO ATO DE TRANSFERÊNCIA.
O Regional, ao aplicar a prescrição
total, não examinou as matérias de
fundo, o que atrai o óbice da Súmula nº
297 do TST à análise dos referidos
tópicos. Agravo de instrumento
conhecido e não provido.

Vistos, relatados e discutidos estes autos de Agravo


de Instrumento em Recurso de Revista n°
TST-AIRR-100434-15.2016.5.01.0056, em que é Agravante MOISES DE OLIVEIRA
FELIX e Agravada COMPANHIA BRASILEIRA DE TRENS URBANOS - CBTU.

O Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região, pela


decisão de fls. 525/527, denegou seguimento ao recurso de revista
interposto pelo reclamante, que, inconformado, interpôs agravo de
instrumento, às fls. 528/559, insistindo na admissibilidade da revista.
A reclamada apresentou contraminuta ao agravo de
instrumento às fls. 563/567 e contrarrazões ao recurso de revista às fls.
572/581.
Dispensada a remessa dos autos ao Ministério Público
do Trabalho, nos termos do art. 95 do Regimento Interno do TST.
É o relatório.

V O T O

I. CONHECIMENTO

Presentes os pressupostos legais de admissibilidade,


conheço do agravo de instrumento.
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II. MÉRITO

1. DECISÃO DE ADMISSIBILIDADE DO RECURSO DE REVISTA.


INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 40 DO TST. OMISSÃO QUANTO A TEMAS CONSTANTES DA
REVISTA. NÃO OPOSIÇÃO DE EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. PRECLUSÃO.

O Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região denegou


seguimento ao recurso de revista interposto pelo reclamante, mantendo-se
silente no tocante às questões trazidas na revista atinentes à reserva
de plenário e à multa pela oposição de embargos declaratórios. Eis o teor
da decisão:

“DIREITO PROCESSUAL CIVIL E DO TRABALHO / Atos


Processuais / Nulidade / Negativa de prestação jurisdicional
Alegação(ões):
- violação do(s) artigo 93, inciso IX, da Constituição Federal.
- divergência jurisprudencial.
A análise da fundamentação contida no v. acórdão recorrido revela que
a prestação jurisdicional ocorreu de modo completo e satisfatório,
inexistindo qualquer afronta aos dispositivos que disciplinam a matéria. Não
há falar na ocorrência de conflito jurisprudencial, uma vez que a existência
do dissenso pretoriano exige a possibilidade de confronto de teses. No caso
específico da alegação de negativa de prestação jurisdicional, tal conflito é
inexistente, até porque a própria parte recorrente afirma que a questão
jurídica não foi, no seu entendimento, enfrentada no v. acórdão regional.
Desse modo, arestos porventura colacionados para tal finalidade revelam-se
plenamente inúteis e, portanto, não devem sequer ser analisados. Nesse
aspecto, sob a ótica da restrição imposta pela Súmula 459 do TST, o recurso
não merece processamento.
DIREITO CIVIL / Fatos Jurídicos / Prescrição e Decadência
Alegação(ões):
- violação do(s) artigo 77º, inciso XXIX, da Constituição Federal.
- divergência jurisprudencial.

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O v. acórdão revela que, em relação ao tema recorrido, o entendimento
adotado pela Turma, de acordo com a prova produzida (Súmula 126 do
TST), encontra-se em consonância com a notória jurisprudência do Tribunal
Superior do Trabalho e consubstanciada na Súmula 294. Não seria razoável
supor que o Regional, ao entender dessa forma, estaria violando o dispositivo
apontado. Em razão dessa adequação (acórdão-jurisprudência iterativa do
TST), o recurso não merece processamento, sequer no tocante ao dissenso
jurisprudencial, a teor do artigo 896, alínea "c" e § 7º, da CLT c/c a Súmula
333 do TST.
Contrato Individual de Trabalho / Alteração Contratual ou das
Condições de Trabalho / Transferência
Verifica-se a ausência de prequestionamento em relação ao tema, o que
atrai a aplicação da Súmula 297 do TST. Nesse aspecto, portanto, inviável o
pretendido processamento.
CONCLUSÃO
NEGO seguimento ao recurso de revista.”(fls. 525/526)

Nos moldes da nova sistemática processual


estabelecida por esta Corte Superior trabalhista, tendo em vista o
cancelamento da Súmula nº 285 do TST e a edição da Instrução Normativa
nº 40 deste Tribunal, na hipótese de omissão pelo juízo de admissibilidade
do recurso de revista quanto a um ou mais temas, era ônus da recorrente
impugnar a decisão, mediante a oposição de embargos de declaração, a fim
de que o órgão prolator suprisse a omissão, sob pena de preclusão.
Com efeito, o § 1° do art. 1º da Instrução Normativa
nº 40 desta Corte Superior dispõe, in verbis:

“§ 1º Se houver omissão no juízo de admissibilidade do recurso de


revista quanto a um ou mais temas, é ônus da parte interpor embargos de
declaração para o órgão prolator da decisão embargada supri-la (CPC, art.
1024, § 2º), sob pena de preclusão.”

Por conseguinte, não tendo sido opostos embargos de


declaração pela parte em relação aos temas não apreciados pelo Tribunal
Regional (reserva de plenário e multa pela oposição de embargos
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declaratórios, abordados às fls. 388/393, nas razões de recurso de
revista), fica inviabilizada a sua análise, tendo em vista a configuração
do instituto da preclusão.

2. NULIDADE POR NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL

O reclamante argui, às fls. 361/373, nulidade por


negativa de prestação jurisdicional, ao argumento de que, não obstante
a oposição de embargos declaratórios, o Regional não se manifestou sobre
o pedido principal da ação, referente à inconstitucionalidade do ato
administrativo que transferiu os empregados da CBTU para a Flumitrens,
e, em consequência, à nulidade deste nos termos do art. 169 do CC,
justificando que as postulações declaratórias e de cunho condenatório
deveriam ser analisadas individualmente.
Assevera que referido ato se baseou no então vedado
art. 6º da Lei nº 8.693/93, o qual dispôs sobre a descentralização dos
serviços de transporte ferroviário coletivo de passageiros urbano e
suburbano.
Alega, ainda, ser empregado público federal
concursado da CBTU e que, posteriormente, com o processo de cisão, foi
realizada transferência ilegal e inconstitucional dos empregados dessa
empresa para empresas estatais do Estado do Rio de Janeiro, ou seja,
passou de empregado federal para empregado estadual, o que revela a
inconstitucionalidade do ato.
Aduz que a ação baseia-se na discussão de que o ato
de transferência é nulo por estar carreado de vício insanável.
Entende que, no caso, não se aplica a prescrição, pois
se trata de ação declaratória.
Aponta violação dos arts. 7º, XXIX, e 93, IX, da CF
e 169 do CC e traz jurisprudência a confronto.
Ao exame.
Ab initio, assinala-se que a análise da
admissibilidade do recurso quanto à nulidade em epígrafe ficará adstrita
à observância da Súmula nº 459 do TST.
O Regional assim se manifestou sobre a matéria:
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“Prescrição total
O reclamante postula que seja declarada a ilegalidade da sua
transferência da CBTU para a FLUMITRENS, isto sob a alegação no sentido
de que o artigo 6º, § 5º, da Lei n.º 8.693/93, referente à transferência de
empregados da CBTU para as novas sociedades, teria sofrido o veto
presidencial, por ser considerado inconstitucional. Afirma, ainda, que a
transferência teria violado o disposto no art. 37 da CF/88, que prevê o
ingresso na Administração Pública por meio de concurso público. Aduz,
também, que seria aplicável ao presente caso a decisão proferida na ACPub
n.º 0145200-53.2009.5.01.0007.
Sustenta que, em razão da ilegalidade da sua transferência, seria ilegal
o ato de sua dispensa, cabendo a sua reintegração e o pagamento de
diferenças salariais, e isto em razão da sua transferência ilegal para os
quadros da FLUMITRENS. Por fim, requer a remessa dos autos ao Tribunal
Pleno deste Regional para que seja declarada a inconstitucionalidade
"incidenter tantum" do ato administrativo que o transferiu dos quadros da
CBTU para a FLUMITRENS, afastando-se o entendimento consolidado nos
termos da Súmula nº 65 do TRT da 1º Região.
Sem razão.
A matéria relativa à prescrição encontra-se basicamente regulada pelo
art. 7º, XXIX, da atual Carta Magna, que estabelece, quanto a créditos
resultantes de relação de trabalho, o prazo prescricional de cinco anos, até o
limite de dois anos após a extinção do contrato.
Duas são as condições de aplicabilidade da prescrição: existência de
uma pretensão exercitável e a inércia do titular desta pretensão durante certo
lapso de tempo.
Infere-se daí que da violação nasce a pretensão, começando a
prescrição a correr a partir do nascimento da pretensão, atualmente
equivalente ao período de cinco anos, e de dois anos a contar da extinção do
contrato laboral.
Aplica-se, assim, o adágio no sentido de que "dormientibus non
succurrit jus”. Aquele que se descubra de seus direitos, ou deixa de se utilizar
dos meios legais para conservá-los, não pode alegá-los quando já os houver
perdido. A negligência não merece a proteção legal.
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In casu, o reclamante alega a ilegalidade do ato de sua transferência do
quadro da CBTU para a FLUMUTRENS, ocorrida em 22/12/1994.
Revendo entendimento anterior, passo a registrar que a questão relativa
à declaração de nulidade da citada transferência não é meramente
declaratória, tendo também cunho constitutivo, na medida em que o
reclamante pretende, com isso, o pagamento de indenização pelos
benefícios, progressões funcionais e recolhimentos legais.
Assim sendo, faz-se necessária a análise da prescrição da pretensão
autoral.
In casu, é possível verificar que a transferência do autor, ocorrida em
dezembro de 1994, configura ato único da empregadora, razão pela qual deve
ser aplicado ao caso o entendimento consubstanciado na Súmula nº 294 do
EC. TST, in verbis:
Súmula nº 294 do TST
PRESCRIÇÃO. ALTERAÇÃO CONTRATUAL.
TRABALHADOR URBANO - Tratando-se de ação que envolva
pedido de prestações sucessivas decorrente de alteração do
pactuado, a prescrição é total, exceto quando o direito à parcela
esteja também assegurado por preceito de lei.
Deste modo, considerando-se que o ato do empregador que acarretou a
modificação do contrato original foi praticado em 1994, ou seja, mais de 20
anos antes da propositura da presente demanda, ajuizada em 30/03/2016,
entendo que está prescrita a pretensão autoral relativamente à nulidade da
transferência do quadro da CBTU para a FLUMITRENS.
Neste sentido, cite-se o teor da Súmula nº 65 desta Corte Regional, in
verbis:
"SÚMULA Nº 65 CBTU/FLUMITRENS. Transferência
dos empregados. Convênio administrativo de 31/12/1994.
Arguição de nulidade do ato. Reintegração. Impossibilidade.
Prescrição total configurada. A pretensão relativa à reintegração
de ex-empregados da CBTU, sob o fundamento de nulidade do
ato de transferência para a FLUMITRENS, praticado através de
convênio administrativo firmado em 31/12/1994, encontra-se
fulminada pela prescrição trabalhista fixada no art. 7º, XXIX, da
CRFB.”
Deste modo, não há de se analisar as demais alegações realizadas pelo
reclamante, uma vez que prescrito o seu direito no sentido da revisão judicial
da legalidade, ou não, da sua transferência para o quadro da FLUMITRENS.

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Não há de se falar, ainda, em remessa dos autos ao Tribunal Pleno para
declaração da inconstitucionalidade do ato de transferência do reclamante ou
na não aplicação do entendimento consolidado na Súmula nº 65 deste
Tribunal Regional, uma vez que os contornos da lide, apresentados pelo
reclamante, já foram analisados diversas vezes por este Tribunal Regional,
tendo o mesmo, por meio do seu Tribunal Pleno (art. 14, X, do Regimento
Interno do TRT da 1º Região), concluído pela ocorrência da prescrição total,
nos exatos termos da redação dada à Súmula nº 65, devendo incidir o
entendimento consolidado na súmula.
Por todo o exposto, encontra-se correta a sentença, que declarou
extinta a presente ação com resolução do mérito, nos termos do art. 487, II,
do CPC/2015, e isto em razão da ocorrência da prescrição total.
Nego provimento nestes termos.”(fls. 338/340)

No acórdão que apreciou os embargos declaratórios


opostos, o Regional asseverou:

“A parte autora alega que o acórdão embargado teria sido omisso no


que diz respeito à alegação de que o ato de sua transferência, dos quadros da
CTBU para as empresas estatais, seria inexistente, pois teria sido realizado
com base em artigo de lei vetado, por inconstitucional, razão pela qual não
haveria de se falar em qualquer marco inicial prescricional. Requer a
manifestação sobre a validade, ou não, do ato administrativo da sua
transferência e a declaração incidental da inconstitucionalidade do mesmo,
repetindo os termos da peça recursal quanto à violação aos princípios da
legalidade e da isonomia, bem” como no que diz respeito à questão da
cláusula de reserva do plenário, e, ainda, o afastamento do entendimento
enunciado na Súmula n.º 65 deste E. Tribunal.
Sem razão o embargante.
O acórdão embargado, constante do Id n.º e3dle9d, manifestou-se
expressamente no sentido de que a transferência do autor, ocorrida no ano de
1994, configuraria ato único da empregadora a ensejar a prescrição total da
ação, conforme entendimento enunciado na Súmula n.º 65 deste Regional,
nos seguintes termos, in verbis:
(...)
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Desta maneira, não existe vício a ser sanado, pretendendo o
embargante a revisão do acórdão embargado, o que não é possível pela via
dos embargos de declaração.
Embargos de declaração somente são cabíveis nas hipóteses previstas
no art. 1.022 do CPC/15, o que não ocorre na hipótese dos autos. Erro de
julgamento, se é que existiu, desafia medida processual distinta.
Assim sendo, e considerando-se que nenhum dos pontos suscitados
pelo embargante mostra-se capaz de infirmar a tese lançada no acórdão,
concluo que não há vício a ser sanado, pretendendo, o mesmo, a revisão do
acórdão embargado, o que não é possível pela via dos embargos de
declaração.
Deste modo, e por se tratar de medida meramente procrastinatória,
condena-se, em razão do exposto supra, o embargante à multa no valor
equivalente a 1% sobre o valor da causa, nos termos do art. 1.026, $2º do
CPC de 2015.
Neste mesmo sentido, cite-se a seguinte ementa, in verbis:
"Embargos de Declaração Embargos de Declaração
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO PROCRASTINATÓRIOS -
Tendo demonstrado o embargante, uma vez que não se verifica a
existência de omissão no julgado embargado, seu
inconformismo através do remédio processual impróprio, resta
configurado o intuito manifestamente protelatório previsto no
parágrafo único do artigo 538, do Código de Processo Civil,
aplicado de forma supletiva no processo do trabalho, razão pela
qual condena-se o mesmo a pagar ao embargado multa de 1%
(um por cento) a ser calculada sobre o valor da causa Número do
documento: 00013966720115010068; Tipo de processo:
Embargos de Declaração; Data de publicação: 03/09/2014;
Órgão julgador: Primeira Turma; Relator: Mery Bucker
Caminha”
Nego provimento.”(fls. 352/353)

Depreende-se da transcrição acima que a hipótese não


é de negativa de prestação jurisdicional.
De fato, o Regional consignou que, como o ato do
empregador que acarretou a modificação do contrato original foi praticado
em 1994, ou seja, mais de 20 anos antes da propositura da presente demanda,

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ajuizada em 30/3/2016, está prescrita a pretensão autoral relativamente
à nulidade da transferência do quadro da CBTU para a FLUMITRENS.
Assim, confirmada a incidência da prescrição total,
com a extinção da pretensão do reclamante com resolução do mérito, o
Regional efetivamente não está obrigado a se pronunciar quanto à matéria
de fundo, cuja análise fica prejudicada em face da prescrição declarada.
Ao que parece, o reclamante, ao alegar negativa de
prestação jurisdicional, visa apenas o reexame das questões suscitadas
à luz dos seus argumentos recursais.
Está ileso, portanto, o artigo 93, IX, da CF.
Nego provimento.

3. PRESCRIÇÃO

Os fundamentos adotados pelo Regional quanto ao tema


foram transcritos por ocasião da análise do item anterior.
Nas razões do recurso de revista, às fls. 374/380, o
reclamante se insurge contra a pronúncia da prescrição, ao argumento de
que as pretensões declaratórias são imprescritíveis.
Salienta que o ato de transferência não se encontra
fulminado pela prescrição bienal trabalhista, pois não foi analisado e
declarado constitucional ou inconstitucional, sendo que, somente após
esse exame, poder-se-á reconhecer ou não a prescrição, erroneamente
acolhida na Súmula Regional.
Destaca que, se o ato não existiu no mundo jurídico,
o contrato nunca foi extinto, não se podendo falar em prescrição.
Consoante aduz, postulou a declaração de nulidade da
sua transferência, com a consequente reintegração no emprego, além do
pagamento de salários e demais vantagens durante o período de
afastamento.
Alega, também, que a sucessão trabalhista ocorrida
entre a CBTU e as demais empresas estaduais não pôs termo ao contrato
de trabalho, haja vista a ilegalidade e a inconstitucionalidade do ato
de transferência.

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Sustenta, outrossim, que, se não houve extinção do
contrato de trabalho, não há falar em marco prescricional.
Argumenta que a prescrição, no caso, confunde-se com
o mérito da causa, só podendo os julgadores aplicá-la se tiverem adentrado
ao mérito, e, assim, se pronunciado acerca da ilegalidade do ato de
transferência praticado pela reclamada.
Acrescenta que, examinado o ato de transferência,
verificar-se-á que, na verdade, este é inexistente, por estar eivado de
vício insanável, sendo assim considerado imprescritível.
Entende inaplicável ao caso a Súmula nº 65 do TRT da
1ª Região, pois a preliminar de prescrição total acolhida confunde-se
com o mérito da causa.
Fundamenta o recurso de revista em violação dos
artigos 5º, 7º, XXIX, e 37, II e caput, da CF; 49, parágrafo único, do
CPC; 54 da Lei nº 9.784/99; e 6º, § 5º, da Lei nº 8.693/93 e em divergência
jurisprudencial.
Ao exame.
De plano, salienta-se que os artigos 5º, 37, II e
caput, da CF, 49, parágrafo único, do CPC e 54 da Lei nº 9.784/99 não
versam sobre prescrição. Logo, não há falar em violação direta ou literal
de tais dispositivos.
O art. 6º, § 5º, da Lei nº 8.693/93 foi vetado e,
portanto, não subsiste na ordem jurídica vigente.
Outrossim, depreende-se do acórdão regional que a
postulação é de reconhecimento da nulidade da transferência da CBTU para
a Flumitrens, com a reintegração aos quadros da CBTU e a procedência das
postulações exordiais.
Na fundamentação, o Tribunal Regional confirmou o
acolhimento da prescrição total.
No caso, conforme se verifica, o ato impugnado pelo
reclamante, ocorrido em 1994, constitui ato único do empregador, o que
atrai a aplicação da Súmula nº 294 do TST, segundo a qual:

“PRESCRIÇÃO. ALTERAÇÃO CONTRATUAL. TRABALHADOR


URBANO. Tratando-se de ação que envolva pedido de prestações sucessivas
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decorrente de alteração do pactuado, a prescrição é total, exceto quando o
direito à parcela esteja também assegurado por preceito de lei.”

Destarte, evidenciado que o reclamante busca,


mediante ação interposta em 30/3/2016, pretensão referente a ato ocorrido
há mais de 20 anos (1994), não há como afastar a declaração da prescrição
total, estando ileso o art. 7º, XXIX, da CF.
Por fim, os arestos colacionados à fl. 377 são
inservíveis ao confronto, pois são oriundos do STF, órgão judicante não
elencado no art. 896, "a", da CLT.
Nego provimento.

4. NULIDADE DO ATO DE TRANSFERÊNCIA

O reclamante, às fls. 381/388, se insurge contra a


questão da nulidade do ato de transferência.
Ocorre que o Regional, ao aplicar a prescrição total,
não examinou as matérias de fundo, o que atrai o óbice da Súmula nº 297
do TST à análise do referido tópico.
Pelo exposto, nego provimento ao agravo de
instrumento.

ISTO POSTO

ACORDAM os Ministros da Oitava Turma do Tribunal


Superior do Trabalho, por unanimidade, conhecer do agravo de instrumento
e, no mérito, negar-lhe provimento.
Brasília, 16 de dezembro de 2020.

Firmado por assinatura digital (MP 2.200-2/2001)


DORA MARIA DA COSTA
Ministra Relatora

Firmado por assinatura digital em 16/12/2020 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP
2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.

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