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RETIRO “MAGIS I” – “O País dos Poços”

Apresentação

Os Retiros (Exercícios Espirituais adaptados), no processo da vida cristã, se


situam como um “momento
forte” de aprofundamento de uma etapa vivenciada e relançamento
para a etapa seguinte.
É ponto de chegada e ponto de partida.
Não se trata de uma atividade ou evento a mais desligado da
caminhada na fé cristã: é ponto alto que conduz a pessoa a uma
experiência e vivência interior de recolhimento, pacificação, silêncio,
escuta, discernimento, unificação, oração-contemplação, decisão...
É o encontro, profundo e íntimo, com o “Deus da Vida”; encontro
que a transforma, a renova e a impulsiona a viver um novo
compromisso de vida.
O tema de fundo deste Retiro “Magis I” é a parábola “O País dos Poços”,
onde se destaca a oposição entre o ser frente ao ter, entre o viver na
superfície frente ao viver na profundidade, fundamentar-se sobre valores de
mera aparência ou sobre valores que constroem e plenificam a pessoa.
Na parábola fala-se de “Poços”; a maioria centra sua atenção na borda, com a única preocupação de
enchê-la de “coisas”, e a minoria descobre que sua razão de ser está na profundidade deles mesmos; ali
encontram a água que lhes dá a Vida e que procede da Montanha.

Num primeiro momento do Retiro é enfatizada a “descoberta da própria


identidade”, o “encontrar-se a si mesmo”, a “riqueza da própria
interioridade”, a “busca da própria originalidade”.
Isto equivale a encontrar a raiz do próprio ser em Deus.
Entrar no “ser” (interior de si mesmo) é entrar em contato com o Divino.
Quando a pessoa descobre este “Manancial” que brota do seu próprio interior,
já não sente necessidade de ir beber em outras fontes.
É preciso “nascer da água e do Espírito” (Jo. 3,5) para entrar no Reino; é preciso voltar
para o interior de si mesmo, buscar a própria originalidade, os valores mais
profundos do ser.
A pessoa sente, de maneira angustiosa, a necessidade de encontrar-se e
reconhecer-se a si mesma.
Encontrar-se consigo mesmo é encontrar-se com o Outro que o plenifica. O
encontro com Deus torna as pessoas diferentes.
O segundo momento do Retiro está centrado no seguimento de Jesus e na
dimensão comunitária da
fé cristã.
Há uma certa desconfiança em relação a toda experiência que faça a pessoa
voltar-se para si e preocupar-se com o seu mundo interior. A “experiência
verdadeira de Deus, porém, não tem nada de intimista e individualista. Muito
pelo contrário: ao sentir-se amada gratuitamente por Deus, a pessoa sente
simultaneamente um impulso para amar e doar-se aos outros.
Todo encontro com Deus só será verdadeiro se levar ao encontro
comprometido com o outro.
Trata-se, enfim, neste Retiro, de uma experiência total e totalizante, através
da oração pessoal e comunitária, das celebrações, da partilha...
Para isso todas as dimensões da pessoa devem estar envolvidas e mobilizadas:
corpo, mente, afetividade, coração, desejos, mundo, outros...
Toda a experiência é permeada pela presença íntima, acolhedora, amorosa de
Deus.
Na experiência de Deus faz-se, de fato, a experiência de integração de todo
o ser: a pessoa sente-se unificada, integrada, descobre sua verdadeira e
profunda identidade, descobre-se como única, irrepetível e livre; o melhor de si
vem à tona...
E nesta integração de todo o ser, faz-se a experiência da Vida: isso é vida, vida
verdadeira, vida em plenitude. É a vida que se torna oração; é a vida de uma
pessoa concreta que está vivencialmente unida a Deus; está em sintonia com
Deus em todos os momentos e atividades.

“O Senhor completará em nós a obra que começou” (Fil. 1,6)

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