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Personagens:
Crisaldo- o bom burguês
Filomena- mulher do Crisaldo
Armanda- filha do casal
Henriqueta- filha do casal
Aristides- irmão de Crisaldo
Belisa- irmã de Crisaldo
Cristóvão- pretendente de Henriqueta
Tremembó- pretendente de Henriqueta
Vadio- velho sábio
Martina- cozinheira
Coelho- criado
Juliano- criado de Vadio
Escrivão
Amanda: Como, minha irmã? Mas que besteira! Você pretende abrir mão
do nome de solteira? Para se casar? Que coisa mais vulgar!
Henriqueta: É.
Armanda: Um horror!
Henriqueta: Como?
Armanda: Discutir com você é tempo perdido. Mas pelo menos me diz
quem você está cercando? Não me diga que é Cristóvão?
Henriqueta: E por que não? Por acaso, ele é aleijado? Tem cabeça grande,
pé chato?
Armanda: Não quero pra marido o teu belo senhor. Mas acho-o
indispensável como meu seguidor.
Henriqueta: Só consegui Cristóvão porque você não o quis. É por mim que
ele delira.
Henriqueta: Cristóvão vem aí. Vou perguntar a ele o que é que ele pensa.
Aproximam-se de Cristóvão.
Henriqueta: Por favor, Cristóvão, esclarece esta dúvida. Qual de nós duas
tem direito a pretender tua estima?
Henriqueta: Calma, minha irmã. Onde está a moral que domina tão bem
nossa parte animal?
Belisa: Calma. Quem lhe deu permissão de me abrir, assim, seu coração?
Que é isso? Está apaixonado por mim?
Cristóvão: Mas, senhora, não sei para que serve tal complicação, porque
insiste em entender o que não digo?
Belisa (insinuante): Por favor, para que esse fingimento? Por que tentar
esconder isso que os seus olhares já revelaram tanto?
Cristóvão: Porém...
Belisa: Adeus! No momento terá que se contentar com isso. E já lhe disse
mais do que deveria.
Belisa: Chega!
Belisa: Não. Não, por favor, não quero ouvir mais nada. (sai)
Olhando Grisaldo.
Crisaldo: Não.
Aristides: Já que você sabe tudo, Belisa, diga-me quem ele ama?
Belisa: Eu.
Aristides: Você?
Belisa: Eu mesma.
Crisaldo: Para que? Por quê? Já decidi e basta. Ele vai ser meu genro.
Crisaldo: Você está brincando? Já disse, não é preciso. Decidindo por mim,
eu decido por ela.
Entra Martina.
Crisaldo: Não tenha medo, você fica. Estou satisfeito com seu serviço.
Filomena (vendo Martina): Mas, como, você ainda está aqui, sua
patife!?! Depressa, dê o fora, sua estúpida!
Crisaldo: Espere.
Crisaldo: Está bem, está bem. Já não está aqui quem falou.
Martina: Mas o que foi que eu fiz? Que foi que eu fiz?
Crisaldo: Pior?
Crisaldo: Só isso?
Martina: Se a gente se explica, então não está errada. Isso tudo que me
ensinam não serve para nada.
Belisa: Ô miolo mole! Depois desse esforço mortal da gente, você não vai
falar nem uma frase limpamente?
Crisaldo (pisca para Martina): Fora daqui, Martina! Pronto, ela foi
despedida.
Entra Aristides.
Aristides: E como é, cara? Tua mulher acaba de sair e eu não quero perder
tempo: como é que foi a conversa?
Crisaldo: É. Foi.
Crisaldo: Não.
Aristides: Quem?
Crisaldo:Tremembó!
Aristides:Tremembó?
Crisaldo: É, meu irmão, é muito fácil falar! Mas eu queria ver você
enfrentando esse elefante.
Crisaldo: É hoje que enfrento Filomena. Quem manda aqui sou eu.
Filomena: Brutamontes!
Sentam-se.
Tremembó:So...
Filomena:Mande-o entrar.
Entra Vadio.
Tremembó: Aqui está o homem que morria de vontade de conhecer a
senhora.
Filomena (à Belisa): Ele sabe o grego? Ó Deus do céu! O grego? Ele sabe
o grego!
Vadio: O senhor?
Tremembó: Eu mesmo.
Vadio: Pernóstico!
Vadio sai.
Filomena: Prometo fazer tudo por uma reconciliação. Bem, mas mudando
de assunto... Gostaria de fazer tua ligação com Henriqueta.
Henriqueta:Eu, mamãe?
Tremembó: Nem sei como me exprimir a essa alma pura. (beija a mão de
Henriqueta)
Filomena: Você sabe muito bem que se eu quiser... Venha, senhor, vamos
conversar no jardim.
Fica Henriqueta e Armanda.
Cristóvão: Ah! Que alegria! Não sei como exprimir minha felicidade.
Filomena: Ignorância.
Cristóvão (à Armanda): Que mal lhe fiz? De onde partiu esse ódio
mortal?
Armanda: Grosseiro.
Cristóvão: Por favor, senhora, reveja pelo menos sua escolha. Tenho dó.
Filomena: Eu vejo Tremembó comomelhor ponto de vista.
Entra Juliano.
Filomena: Bilhete?
(lê): “ Minha senhora, Tremembó está espalhando que vai se casar com sua
filha. Devo dizer-lhe que o que ele realmente adora é o dinheiro.”
Que insolência! Corra a seu patrão e diga que hoje mesmo casarei minha
Henriqueta com o senhor Tremembó.
Sai Juliano.
Saem as duas.
Cristóvão:Tremembó.
Cristóvão: Como?
Crisaldo: Deixe comigo. Eu digo que ela vai casar com o senhor.
Henriqueta: Confio. Prometo ser sua mulher e não vou ceder aos luxos de
minha mãe.
Tremembó: Todos?
Entram todos.
Escrivão: Quê?
Crisaldo: Não! Não! É esse jovem que vai casar. (aponta Cristóvão)
Martina: Não calo não! Pode despedir-me cem vezes, mas não me calo!
Filomena: Louca.
Martina: O que a gente precisa num marido é muito amor. Na cama, todo
mundo é professor.
Entra Aristides.
Tremembó foge.
Belisa: Bandidaço!