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MICROECONOMIA – Exercícios Resolvidos/2018

Flávio Alencar do Rêgo Barros


1-4) Desenhe as curvas de indiferença para as seguintes preferências de um(a) consumidor(a)
por duas mercadorias:
a) João gosta de cerveja, porém detesta hambúrgueres. Ele sempre prefere consumir mais
cerveja, não
importando quantos
hambúrgueres possa
ter.

Para João os hambúrgueres são


um “mal”. As suas curvas de
indiferença apresentam
inclinação positiva em vez de
negativas.

b) Maria mostra-se indiferente entre cestas que contenham três cervejas ou dois
hambúrgueres. Suas preferências não se alteram à medida que consome maior
quantidade de qualquer
uma das duas
mercadorias.

Como Maria é indiferente entre


três cervejas e dois
hambúrgueres, existe uma
curva de indiferença ligando
estes dois pontos. As curvas de
indiferença de Maria são um
conjunto de linhas paralelas
com inclinação -2/3.
c) Cristina come hambúrguer e em seguida toma uma cerveja. Ela nunca consumirá uma
unidade adicional de um item
sem que consuma uma unidade
adicional do outro.

Para Cristina hambúrgueres e cerveja


são complementos perfeitos, ou seja,
ela sempre deseja consumir as duas
mercadorias em proporções fixas. As
curvas de indiferença apresentam o
formato de L ao longo de uma linha de
45º a partir da origem.

d) Daniela gosta muito de cerveja, porém é alérgica a carne. Toda vez que come
hambúrguer fica com urticária.

Para Daniela, os hambúrgueres não são


um “bem”, mas um “mal”, de modo
que sua utilidade não aumenta ao
mover-se para cima e para a direita.
Para Daniela U 1 é preferida a U 2 e U 2
é preferida a U 3 .

2-6) Sejam dois bens que disputam a preferência do consumidor. O primeiro, a


quantidade de horas que ele dedica a fazer exercício no clube, outro as outras
atividades recreativas pagas. Duas situações são colocadas. A inicial, o clube cobra a
taxa de utilização de $4/hora, a renda disponível para recreação ou exercício é de
$100, a linha de orçamento para a situação é como l1 na figura e as preferências do
consumidor também estão lá indicadas
( U1 : 625  OAR  E, U 2 : 1225  OAR  E ) e para esta primeira situação a escolha
se dá no ponto A. A situação alternativa é uma proposta do clube de reduzir a taxa de
utilização para $1/hora pagando um valor fixo de $30. Esta nova situação leva à escolha no
ponto B e é revelado que a opção B tem preferência a A.
a) Determine as cestas A e B;
(slide 2-21)

E = exercícios

OA = outras atividades

l1 : do slide tiramos:

100
OA  100  E
25

OA  100  4E

U1 :
625
625  E  OA  OA 
E

Então na RO:

625
 100  4 E , então 4E 2  100E  625  0 ,
E

então E = 12,5 horas e OA = $50 (cesta A)

1225
U 2 : 1225  E  OA  OA 
E

Então na RO:

1225
 100  4 E , então E 2  70E  1225  0 , então E = 35 horas e OA = $35 (cesta B)
E

b) Determine o lucro (supor sem custos) do clube para cada situação.

Cesta A: (12,5)($4) = $50


Cesta B: $30 + (35)($1) = $65
Como $65 > $50 o clube lucraria. A nova política também poderia ser interessante para o
usuário, pois U 2  U 1 .
3-1) Considere a curva de demanda do cobre Q  18  3P e a curva de oferta do cobre
Q  6  9P , onde Q é medido em milhões de toneladas.
a) Qual o efeito de uma diminuição de 20% na demanda do cobre sobre seu preço.
Analise economicamente as variações.
Com queda na demanda:
Demanda: Q  (0,8)(18  3P) = 14,4  2,4P

Oferta: Q  6  9P ; no equilíbrio: 14,4  2,4P =  6  9P  P * = $1,79

Sem queda na demanda:


18  3P =  6  9P  P * = $2,00
$2,00  $1,79
Variação percentual: %   100% = 10,5%
$2,00
Uma queda na demanda de 20% implica uma queda no preço de 10,5%.

b) Calcule para antes da redução da demanda do cobre as elasticidades-preço para a


oferta e para demanda.
Q * = 18 – 3(2) = 12

Demanda é da forma: Q  a  bP , onde a  18 e b  3 ;

Oferta é da forma: Q  c  dP , onde a  6 e d  9

P Q P* 2
Como na demanda E pd   =  b( )  3( ) , então E pd  - 0,5 (inelástica)
Q P Q* 12
P* 2
Na oferta: E S  d ( )  9( ) , então E S  1,5 (elástica)
Q* 12

c) Suponha que com a redução de demanda a elasticidade-preço no longo prazo do


cobre passe a ser -0,4. Derive uma curva de demanda linear que seja consistente
com a elasticidade menor.
(slide 3-7) Com a redução na demanda de 20% vimos que P * = $1,79, portanto:

Q * = 14,4 – 2,4(1,79)  Q * = 10,1

P* 1,79
E pd   b( ) , ou seja,  0,4   b( )  b = 2,26. Derivando a nova curva de
Q* 10,1
demanda:

Qd  a  bP , então 10,1  a  (2,26)(1,79) , então a = 14,16 e a curva de demanda linear é:

Qd  14,16  2,26P
4-1) Explique em poucas palavras:
a) Produto médio e produto marginal do trabalho
(slides 4-5,6,7)
Q
PM  , aumenta, atinge um
L
máximo e diminui

Q
PMgL  , aumenta, atinge um
L
máximo, diminui a ponto de se tornar
negativo. No limite é a derivada no
dQ
ponto PMgL 
dL
A ligação entre os dois é que a
intercessão se dá no ponto em que PM é máximo. Então enquanto o PMgL for crescente é
racional contratar mais, ou mesmo enquanto PMgL > PM vale a pena contratar.

b) Lei dos Rendimentos Marginais Decrescentes


(slide 4-9)

Princípio no qual à medida que aumenta o uso de certo insumo em incrementos iguais,
acaba chegando ao ponto que a produção decresce. Metáfora da água (apud Montella): “Imagine
que você chegou em casa, num dia de muito calor, depois de um enorme esforço físico. Tudo o
que você quer é beber muita água. Então bebe um, dois, três copos. Até aí sua satisfação
aumentou, porque você estava com muita sede. E continua. O quarto, quinto e sexto copo ainda
lhe satisfazem, mas, menos do que os anteriores. O quinto lhe rendeu menos alegrias do que o
quarto, o sexto menos do que o quinto.” O sétimo pode começar até a lhe desagradar, e assim
sucessivamente até mesmo você não aguentar mais água ...

c) Produtividade do trabalho e efeito da inovação tecnológica


(slide 4-10,11)

A produtividade média do trabalho é a relação entre a produção total e a quantidade de


trabalho.
Com a inovação tecnológica se elevam tanto a produção quanto a demanda por trabalho,
este em menor proporção. Se não fosse assim, como as terras são constantes e a população
crescente haveria fome crescente no mundo! Na prática, o índice de produção alimentar per
capita se eleva com a inovação tecnológica. O crescimento da produtividade nos países
desenvolvidos tem declinado, por esgotamento de recursos, regulações ambientais, etc. Porém,
observe que “crescer menos num patamar alto pode ser mais valioso que crescer mais num
patamar mais baixo”.
d) Custos: contábil, econômico, oportunidade, irreversíveis, fixos e variáveis
(slides 4-13,14,15)

Custo contábil = dispêndios efetivos + depreciação dos equipamentos


Custo econômico = recursos econômicos usados na produção + custo de oportunidade (que é
“um termo usado em economia para indicar o custo de algo em termos de oportunidade
renunciada, ou seja, o custo, até mesmo social, causado pela renúncia do ente econômico, bem
como os benefícios que poderiam ser obtidos a partir desta oportunidade renunciada ou, ainda, a
mais alta renda gerada em alguma aplicação alternativa.”
Custos irreversíveis = custos que já ocorreram e não podem ser recuperados. Estes custos não
devem afetar as decisões econômicas das empresas.
Custos fixos = custos que não dependem do nível de produção da empresa (mas podem ser
recuperados).
Custos variáveis = custos que dependem do nível de produção.
No CP a maioria é fixa, no LP a maioria é variável.

e) Determinantes do custo no curto prazo


(slide 4-16)

De início os rendimentos são crescentes e o nível de produção sobe em relação ao


trabalho (no CP capital é fixo), então o CV e o CT diminuem em relação à produção. A partir de
certo ponto os rendimentos são decrescentes, então CV e o CT aumentam em relação à
w
produção. Então custo e produto marginal são inversamente proporcionais: CMg  .
PMg

5-9) Considere a escolha de produção de uma empresa no longo prazo em um mercado


competitivo. Utilizando gráficos de RMg, CMg e CM, compare as situações de curto e
de longo prazo para a empresa.
(Slides 5-33,36) e lucro zero no equilíbrio competitivo LP:
PMgL w
  TMgST (isocustos e isoquantas tangenciam-se)
PMgK r
No CP a empresa se defronta com uma curva de demanda horizontal (o preço é
dado) e decide produzir a quantidade tal que RMg = CMgCP, como na figura:
O lucro auferido é na figura a área ABCD. No LP RMg = CMgLP e o lucro
aumenta para EFGD. Este lucro atrai novas empresas, então o preço cai até que não
exista estímulo por parte de qualquer empresa entrar ou sair do mercado, pois todas
estão com lucro econômico zero. No setor a curva de oferta se deslocou para direita
como na figura abaixo e a oferta iguala a demanda.
6-10) Supondo dois bens, use Fronteira de Possibilidades de Produção, curvas de indiferença
e linhas de preço para justificar o ajustamento nos mercado em direção ao equilíbrio
geral.
(slide 6-31)

No exemplo
da figura no ponto
A os produtores
produzem
eficientemente, mas
os compradores não
compram, pois
existe uma curva de
utilidade mais
elevada, U 2 , mas
em B nesta curva a
produção não é
factível. O resultado
é que haverá um
ajustamento nos
preços de modo que se “anda” na FPP até o ponto C, onde TMgT = TMgS na relação de preços.
Ajustadas as quantidades produzidas e trocadas, o mesmo ajuste se dará no mercado de
insumos, de modo que se alcança o equilíbrio geral.

7-12) Sejam quatro empresas A, B, C e D. Todas elas se defrontam com a curva de demanda
de mercado Q  50.000  20.000P . Suponha, por simplicidade, que todas as
empresas tenham comportamento idêntico e estejam produzindo no agregado 20.000
unidades por dia a $1,50 por unidade.
(a) Qual a elasticidade-preço de demanda de mercado?
(slides 7-15,16 para todos)

P dQ dQ
Ed   . Da curva de demanda de mercado:  20.000 , então:
Q dP dP

1,50
Ed   (20.000)  E d  -1,5 (O setor é pouco elástico)
20.000

(b) Qual a elasticidade-preço de demanda vista pela empresa A?


A inclinação é a mesma do setor, mas o ponto é outro.

1,50
Ed   (20.000)  E d  -6 (A empresa A tem elasticidade maior que o setor)
5.000
(c) A empresa A tem comportamento monopolista ou não?
B P , então 5.000  A  20.000(1,5) 
A Curva de Demanda da empresa A: Q  A  
20.000

 A  35.000 , portanto: Q  35.000  20.000P , ou seja, a Curva de Demanda Inversa é:

1
PA  1,75  QA
20.000

1 d (Custo) 1
Custo = PA Q A = 1,75Q A  Q A2 , então CMg A  = 1,75  QA
20.000 dQ A 10.000

1
Como Q A2  5.000, então CMg A  1,75  (5.000) = 1,25
10.000

Portanto, PA = 1,5 > 1,25 = CMg A , provando que a empresa tem COMPORTAMENTO
MONOPOLISTA!

8-5) Considere duopólio com a demanda de mercado dada por P  30  Q , empresas


idênticas e custo marginal de produção igual a zero.
a) Ache o equilíbrio de Cournot e as curvas de reação e o lucro total;
(slides 8-6,14,15 para todos)

Empresa 1: R1  PQ1  (30  Q)Q1  30Q1  Q1  Q2 Q1 , então como


2

dR1
RMg 1   30  2Q1  Q2 , mas RMg1  CMg1 = 0, então obtemos as curvas de reação:.
dQ1

1 1
Q1  15  Q2 e Q2  15  Q1 . Resolvendo o sistema de duas equações: Q1  Q2  10
2 2
Na curva de demanda: P  30  (10  10) , então P  $10

Lucro de cada empresa: ($10)(10) = $100, então o lucro total é de $200.

b) Ache o equilíbrio competitivo e o lucro total;


O equilíbrio competitivo ocorre com P  CMg1  0 . Na curva de demanda: 0  30  Q , o
que leva ao nível de produção: (Q1 , Q2 )  (15,15).

Lucro de cada empresa: ($0)(15) = $0, então o lucro total é de $0.

c) Ache o equilíbrio de conluio considerando quantidades e o lucro total;


dR d [(30  Q)Q]
Em conluio as empresas maximizam o lucro total: RMg   =
dQ dQ
= 30  2Q = 0, ou seja, Q  15 distribuída igualmente entre as empresas.

Voltando na curva de demanda: P  30  15 , então P  $15

Nível de produção: (Q1 , Q2 )  (7.5,7.5).

Lucro de cada empresa: ($15)(7,5) = $112,50, então o lucro total é de $225.

d) Supondo que a empresa 1 determina seu nível de produção primeiro, ache o equilíbrio
de Stackelberg e o lucro total;
(slide 8-16)

Ao invés de maximizar isoladamente, a Empresa 1 leva em conta a curva de reação da empresa


rival e determina primeiro seu nível de produção. Se a maximização fosse simultânea como no
1 1
item (a), as curvas de reação seriam: Q1  15  Q2 e Q2  15  Q1 (1).
2 2

A empresa líder parte primeiro fazendo: R1  PQ1  (30  Q)Q1  30Q1  Q1  Q2 Q1


2

(2), só que agora leva diretamente em conta aquela curva de reação da rival (2) em (1):

1 1 dR
R1  30Q1  Q12  (15  Q1 )Q1 = 15Q1  Q12 . Maximizando: RMg1  1  15  Q1 
2 2 dQ1
1
0, então Q1  15. Voltando em (1): Q2  15  (15) = 7,5.
2

Nível de produção: (Q1 , Q2 )  (15,7.5)

Voltando na curva de demanda: P  30  22,5 , então P  $7,5

Lucros: Empresa 1: ($7,5)(15) = $112,50. Empresa 2: ($7,5)(7,5) = $56,25.

9-2) Suponha que estudos científicos mostrem as seguintes informações sobre benefícios e
custos das emissões de dióxido de enxofre:
Benefícios de reduzir as emissões: BMg  400  10 A

Custos de reduzir as emissões: CMg  100  20 A

onde A é a quantidade de emissões reduzida em milhões de toneladas, e os benefícios e


custos são dados em dólares por tonelada.

a) Qual é o nível de redução de emissões socialmente eficiente?


Pode ser encontrado com BMg = CMg  400 – 10A = 100 + 20A  A = 10

b) Quais são os benefícios marginais e os custos marginais das emissões no nível


socialmente eficiente?
Com A = 10: BMg = 400 – 10(10) = 300
CMg = 100 + 20(10) = 300

c) O que aconteceria com os benefícios sociais líquidos (benefícios menos custos) se você
reduzisse 1 milhão de toneladas a mais que o nível de eficiência? E 1 milhão a menos?
Referindo a figura a seguir, os benefícios sociais líquidos correspondem à área sob a curva
de benefício marginal menos a área sob a curva de custo marginal.

Na figura, corresponde a:

1
(a + b + c + d) ou (400  100)(10) = US$1.500 milhões.
2

Se reduzisse em 1 milhão
de toneladas a mais, os benefícios
sociais líquidos corresponderiam
a:

(a + b + c + d – e) ou
BMg (11)  400  10(11)  290;
CMg (11)  100  20(11)  320

Então esta área fica:


1
1500  (320  290)(1) =
2
= US$1.485 milhões.
Se reduzisse em 1 milhão de toneladas a menos, os benefícios sociais líquidos
corresponderiam a :

1 1
(a + b) = (400  310)(9)  (310  280)(9)  (280  100)(9) = US$1.485 milhões,
2 2

pois BMg (9) = 310; CMg (9) = 280.

d) Por que é eficiente em termos sociais igualar os benefícios marginais aos custos
marginais em vez de reduzir as emissões até os benefícios totais se igualarem com os
custos totais?
Porque desejamos maximizar o benefício líquido (BT – CT), então, na margem, a última
unidade de emissão reduzida deve apresentar um custo igual ao benefício. Se optássemos pelo
ponto onde BT = CT, obteríamos uma redução excessiva das emissões; tal escolha seria análoga
a produzir no ponto em que a receita total é igual ao custo total, ou seja, num ponto em que o
lucro é zero. No caso das reduções das emissões, maiores reduções implicam maiores custos.
Dado que os recursos financeiros são escassos, o montante de dinheiro destinado à redução de
emissões deve ser tal que o benefício da última unidade de redução seja maior ou igual ao custo
a ela associado.

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