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LÍNGUA PORTUGUESA

8ºANO
Nome: __________________________________________________
Data: ___________________ Professor (a) ____________________

Lê o texto com atenção.

A minha vizinha

Na janela em frente da janela do meu quarto, no prédio do lado de lá da rua, a minha vizinha cose à
máquina. Através da sua varanda consigo ver tudo o que lá se passa.
De cada vez que olho para ela, vejo-a debruçada na máquina, a pedalar, com montes de roupa ao seu
lado. Quando vou para a cama, ainda ela fica naquilo, sem tempo sequer para vir à varanda, olhar cá
para fora, respirar.

Nem sequer sei como ela se chama. Agora reparo que, nestes anos todos, ainda nem sequer a vi de pé.
Sempre sentada, sempre curvada naquela máquina. Olho para ela todos os dias e tenho a certeza de que
ela nem dá por mim, nem sabe que eu existo, que moro a poucos passos da sua casa, que talvez
pudesse ser sua amiga, quem sabe se não teremos até o mesmo nome? Penso que se desse um grito da
minha janela ela iria ouvi-lo lá onde está, mesmo com o ruído da máquina de costura. Mas a verdade é
que eu nunca gritei por ela. Nem ela por mim. Acho estranho tudo isto. Como se explica que eu saiba
tanta coisa dos romanos, e dos mouros, e não saiba nada da minha vizinha?!

Como se explica que eu saiba quantas toneladas pesava a espada do D. Afonso Henriques e não saiba
quanto pesa a máquina de costura da minha vizinha?!

Como se explica que eu saiba como viveram as pessoas há milhares de anos e não saiba como vive a
minha vizinha?!

Como se explica que eu saiba que Isabel era o nome da mulher de D. Dinis e não saiba nem o nome da
minha vizinha?!

Olho às vezes para as janelas dos prédios da minha rua e fico a pensar que não sei nada de quem lá
vive, que não sei nada do que se passa ao pé de mim, todos os dias. Parece-me que as janelas dos
prédios são assim uma espécie de gavetas de um móvel muito grande de que se perdeu a chave.

Dantes não devia ser assim, senão como saberíamos tantas coisas de gente que viveu há milhares de
anos?

Alice Vieira, Rosa, minha irmã Rosa


I
Interpretação de Texto

1. Neste texto, a narradora fala-nos da sua vizinha.

1.1. Onde habita essa vizinha?


1.2. Como passa ela os seus dias?
1.2.1. Que verbos e advérbios presentes no texto nos indicam que ela vive uma vida "de
escrava", rotineira, cansativa e desinteressante?

2. Apesar da narradora viver tão próximo da vizinha, dela conhece apenas o que lhe é permitido ver
através da sua varanda.

2.1. Como se sente a narradora face a esta situação?


2.2. Por que razão não tentará ela mudar essa situação, uma vez que lhe causa tanto
desconforto?
2.3. Como agirias tu, se estivesses no lugar da narradora?

3. A certa altura, a narradora utiliza uma série de frases híbridas: interrogativas e, em simultâneo,
exclamativas.

3.1. Que sentimento(s) transmite a narradora através das questões que coloca?
3.2. Responde de forma oportuna às questões por ela colocadas.

4. Explica o sentido da frase "Parece-me que as janelas dos prédios são assim uma espécie de um móvel
muito grande de que se perdeu a chave."

5. Resume o texto.

BOM TRABALHO!!!

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