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LIVRO: Segunda Consideração Intempestiva

Fichamento

Citação: “Certamente precisamos da história, mas não como o passeante mimado no


jardim do saber, por mais que este olhe certamente com desprezo para nossas carências
e penúrias rudes e sem graças. Isto significa: precisamos pela para a vida e para a ação,
não para o abandono confortável da vida ou da ação ou mesmo para o embelezamento
da vida egoísta e da ação covarde e ruim. ” (Introdução)
Comentário: Usar a história de forma a promover vida e ações, não para incitar
repetições e embelezar vidas egoístas.

Citação: “[...] uma virtude hipertrofiada – tal como me parece ser o sentido histórico
de nosso tempo – pode se tornar tão boa para a degradação de um povo quanto um vício
hipertrofiado [...]” (Introdução)
Comentário: Super valorização histórica, hipertrofia dos sentidos históricos para o
nosso tempo.

Citação: “Então o homem diz: “eu me lembro”, e inveja o animal que imediatamente
esquece e vê todo instante realmente morrer imerso em névoa e noite e extinguir-se
para sempre. ” (Cap. 1 pág. 8)
Comentário: O homem carrega consigo o peso do passado que vem das lembranças, as
quais são formas históricas de existência.

Citação: “Se a morte traz por fim o ansiado esquecer, então ela extingue ao mesmo
tempo o presente e a existência, imprimindo, com isto, o selo sobre aquele
conhecimento de que a existência é apenas um ininterrupto ter sido, uma coisa que vive
de se negar e de se consumir, de se autocontradizer. ” (Cap. 1 pág. 8 a 9)

Citação: “A todo agir liga-se um esquecer: assim como a vida de tudo que é orgânico
diz respeito não apenas à luz, mas também a obscuridade. ” (Cap. 1 pág. 9)
Comentário: A ação necessita do esquecimento para ser realizada, logo a criação não
existe sem o esquecimento.
Citação: “Há um grau de insônia, de ruminação, de sentido histórico, no qual o vivente
se degrada e por fim sucumbe, um povo ou uma cultura. ” (Cap. 1 pág. 10)
Comentário: Deve haver um limite de sentido histórico pois o mesmo pode ser
degradador quando em grau excessivo.

Citação: “Como o homem de ação, segundo a expressão de Goethe, é sempre


desprovido de consciência, ele também é desprovido de saber, esquece a maior parte
das coisas para fazer apenas uma, é injusto com o que se encontra atrás dele e só
conhece um direito, o direito daquilo que deve vir a ser agora. ” (Cap. 1 pág. 13)
Comentário: Um homem de ação deve desprender-se, a certo ponto, do passado e da
consciência dos acontecimentos para dar espaço a um vir a ser.

Citação: “[...] a fama é algo mais do que a parte mais deliciosa do nosso amor-próprio,
tal como Schopenhauer a denominou, ela é a crença no companheirismo e no que há
de grandioso em todo os tempos, ela é um protesto contra a mudança das ações e a
perecibilidade. ” (Cap. 2 pág. 20)
Comentário: A fama é a importância com o que existiu de clássico e raro nos tempos
antigos, é uma forma de admiração histórica.

Citação: “[...] ela sempre aproximará o desigual, generalizando-o e, por fim,


equiparando-o; ela sempre enfraquecerá novamente a diversidade dos motivos e dos
ensejos afim de apresentar o effectus monumental como modelo e digno de imitação, à
custa das causae [...]” (Cap. 2 pág. 21 a 22)
Comentário: Efeitos da história monumental.

Citação: “A história monumental é um traje mascarado, no qual o seu ódio com o que
é poderoso e grande em seu tempo se faz passar por uma admiração saciada pelo o que
há de grande e poderoso nos tempos passados. ” (Cap. 2 pág. 24)
Comentário: A história monumental não deseja que o grande surja novamente, ela se
empenha em conservar o grande do passado.

Citação: “A história antiquária degenera-se justamente no instante em que a fresca vida


do presente não a anima e entusiasma mais. ” (Cap. 3 pág. 28)
Comentário: A história passa a servir unicamente a vida passada.

Citação: “O máximo que podemos fazer é confrontar a natureza herdada e hereditária


com o nosso conhecimento, combater através de uma nova disciplina rigorosa o que
foi trazido de muito longe e o que foi herdado, implantando um novo hábito, um novo
instinto, uma segunda natureza, de modo que a primeira natureza se debilite. ” (Cap. 3
pág. 31)
Comentário: Nietzsche aponta que somos resultados das paixões, dos erros, das
aberrações e dos crimes das gerações anteriores e mostra como escapatória o combate
a essas heranças, afim de impor uma nova ordem de natureza. (história crítica)

Citação: “[...] ou seja, saber que também aquela primeira natureza foi algum dia uma
segunda natureza e que toda segunda natureza vitoriosa se torna uma primeira natureza.
” (Cap. 3 pág. 31)
Comentário: Forma de empregar a história crítica a serviço da vida.

Comentário:
História monumental: história usada como referência para as ações e aspirações,
geralmente baseadas em grandes figuras e personagens históricos
História antiquária: história a qual é adotada uma medida de preservação e conversação
do passado, incluindo os hábitos e tradições.
História crítica: história que serve para se posicionar de forma crítica diante um
passado.
Observação: Nietzsche afirma que todo povo precisa de um certo conhecimento do
passado para os fins da vida.

Citação: “Diz-se então prontamente que se tem o conteúdo e só falta a forma, mas, em
todo vivente, esta é uma oposição inteiramente impertinente. Nossa cultura moderna
não é nada viva, porque não se deixa de modo algum conceber sem esta oposição; ela
não é nenhuma cultura efetiva, mas apenas uma espécie de saber em torno da cultura.
” (Cap. 4 pág. 33)
Citação: “O indivíduo retraiu-se na interioridade, fora não se nota mais nada dele, o
que nos dá o direito de duvidar se é possível que haja causas sem efeitos! Ou deveria
ser necessária uma geração de eunucos para vigiar o harém histórico do mundo? ” (Cap.
5 pág. 43)
Comentário: Contraste entre interior e exterior, um exterior não reconhecível pelo seu
interior. O interior é contigo e não produz efeitos. Há o pensar, o falar e o escrever, mas
é faltoso o agir.

Citação: “[...] a fim de cultivar conjuntamente uma cultura que corresponda as


verdadeiras necessidades e não apenas ensinem – como a cultura geral de hoje – a nos
iludirmos quanto a estas necessidades e a nos tornarmos, por meio delas, mentiras
ambulantes. ” (Cap. 5 pág. 43)

Citação: “Acultura histórica de nossos críticos não permite mais de maneira alguma
que se chegue a um efeito em sentindo próprio, a saber, a um efeito sobre a vida e ação:
eles passam imediatamente a borracha mesmo sobre o escrito mais negro possível, eles
borram o desenho mais gracioso com suas pinceladas grossas que devem ser vistas
como correções: e uma vez mais não resta mais nada. ” (Cap. 5 pág. 47)
Comentário: O olhar é desviado da obra e passa a ser dirigido para a história da mesma,
não se alcançam efeitos, apenas novas críticas.

Citação: “[...] apenas aquele que constrói o futuro tem o direito de julgar o passado. ”
(Cap. 6 pág. 57)
Comentário: Quem não vivenciou algo de grandioso e elevado não terá a capacidade
de julgar algo de grande e elevado ocorrido no passado.

Citação: “Sob tais efeitos, a história é o oposto da arte: e somente se a história suporta
converter-se em obra de arte, ou seja, tornar-se pura forma artística, ela pode, talvez,
conservar os instintos e, até mesmo, despertá-los. ” (Cap. 7 pág. 59)
Comentário: A história destrói a ilusão, e somente na ilusão e somente envolto na ilusão
do amor o homem cria. Logo criar, a arte, e a história são de certa forma, opostos.
Citação: “Cegam alguns pássaros para que eles cantem melhor: não acredito que os
homens de hoje cantem melhor que seus avós, mas sei que eles são cegados muito cedo.
O meio, contudo, o meio infame que se aplica para cega-los é a luz demasiado clara,
demasiado súbita, demasiado vulnerável. ” (Cap. 7 pág. 62)
Comentário: Os homens são ajustados ao propósito de uma época para colaborarem
com a mesma o mais cedo possível.

Citação: “A autentica mediocridade se torna cada vez mais medíocre e a ciência cada
vez mais utilizável no sentido econômico. ” (Cap. 7 pág. 64)

Citação: “Mas quem aprendeu inicialmente a se curvar e a inclinar a cabeça diante do


“poder da história” acaba, por último dizendo “sim” a todo poder, balançando
mecanicamente a cabeça como os chineses, quer se trate de um governo ou de uma
opinião pública ou de uma maioria numérica, movimentando seus braços no exato
compasso em que qualquer “poder” puxa os fios. ” (Cap. 8 pág. 73)

Citação: “Europeu super-orgulhoso do século dezenove, tu estás fora de ti! O teu saber
não aperfeiçoa a natureza, ele apenas mortifica sua própria natureza. ” (Cap. 9 pág. 77)
Comentário: Um homem de conhecimento possui uma baixeza para ação, o
conhecimento congela a capacidade de agir.

Citação: “ [...] pois, para ele, só há um único pecado – viver de maneira diversa da que
sempre se viveu. ” (Cap. 9 pág. 80)
Comentário: Ele, se refere ao homem com cultura histórica.

Citação: “Com a palavra “a-histórico” denomino a arte e a força de poder esquecer e


de se inserir em um horizonte limitado; com a palavra “supra-histórico” denomino os
poderes que desviam o olhar do vir a ser e o dirigem ao que dá à existência o caráter
do eterno e do instável em sua significação, para a arte e a religião. ” (Cap. 10 pág. 95)

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