Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
LUDOTERAPIA
2
LUDOTERAPIA COMPORTAMENTAL
3
SUMÁRIO
CONCEITOS DE LUDOTERAPIA
2004). E justamente por meio da fantasia é que se podem penetrar os recantos mais
íntimos das crianças, a partir das próprias perspectivas delas (OAKLANDER, 1980).
Assim sendo, a ludoterapia representa um instrumento indispensável para prática
terapêutica infantil, pois possibilita entrar em contato com o mundo intrapsíquico da
criança, bem como oferecer suporte teórico-metodológico para o tratamento e o
desenvolvimento de habilidades e competências favoráveis.
um final que lhe foi penoso, tolerar papéis e situações que seriam proibidas na vida real
tanto interna como externamente e também repetir à vontade situações prazerosas
(ABERASTURY, 1992, p. 15).
Na brincadeira, a relação estabelecida com o objeto não se caracteriza como a
parte principal, na verdade ele se configura mediador entre a realidade e a imaginação.
Compreendemos que o real papel do objeto principal é recriar através do “como se”; isto
é, livrar a criança para experimentar o que quiser, ela pode ser tudo e nesse faz de
conta, ela imita a vida, as alegrias e tristezas.
Winnicott acrescenta que além das significações e sentidos, os brinquedos são
também objetos transicionais, isto é, eles se encontram no meio do caminho entre a
chamada realidade concreta e a realidade psíquica da criança (MRECH, 1999, p. 166).
Oaklander (1980) instrui o terapeuta receber a criança despido de preconceitos,
julgamentos e/ou resistências, uma vez que reconhecer e respeitar as especificidades
desta criança implicará na revelação de seus sentimentos e angústias.
O imaginário também contribui para elucidar tais emoções, já que por meio dele:
Geralmente o seu processo de fantasia (a forma como faz as coisas e se move em seu
mundo fantasioso) é o mesmo que acontece no seu processo de vida. Podemos
penetrar nos recantos mais íntimos do ser da criança por meio da fantasia.
(OAKLANDER, 1980, p. 25).
Desse modo, todas estas ferramentas possibilitam que o processo ludoterápico se
revele não apenas como solucionador de conflitos, mas sim um recurso para
instrumentalizar o indivíduo em seu crescimento emocional, afim de que possa elaborar
o atual problema, bem como os que surgirem, de forma coesa e sem dano para o ego.
Contudo, para abranger o melhor desenvolvimento nesse processo é
imprescindível maior atenção às atitudes do terapeuta, a adesão e participação dos pais
e o emprego de técnicas e habilidades ludoterápicas visando maior efetividade no
trabalho e consequentemente a explicação de pensamentos, fantasias, emoções
evocadas através do brincar.
A CRIANÇA E O BRINCAR
criança passou a ser entendido como ser que necessita de cuidados, afeto, e
principalmente, como um sujeito em desenvolvimento.
Diante disso, Ghiraldelli reforça a concepção da infância como etapa natural da
vida do indivíduo “como algo que vai sendo montado, criado a partir de novas formas de
falar e sentir dos adultos em relação ao que fazer com as crianças" (2000, p. 49), sendo
dessa maneira uma construção social, nascido das práticas culturais de uma sociedade.
Neste universo, destacamos a importância de “ser criança” com a garantia de
respeito aos direitos inerentes independente da etnia, religião, nacionalidade visando
apenas à congruência que esta fase requer. Em outras palavras,
(...) crianças são sujeitos sociais e históricos, marcadas, portanto, pelas
contradições das sociedades em que estão inseridas. A criança não se resume a ser
alguém que não é, mas que se tornará (adulto, no dia em que deixar de ser criança).
Reconhecemos o que é específico da infância: seu poder de imaginação, a fantasia, a
criação, a brincadeira entendida como experiência de cultura. Crianças são cidadãs,
pessoas detentoras de direitos, que produzem cultura e são nela produzidas. Esse modo
de ver as crianças favorece entendê-las e também ver o mundo a partir do seu ponto de
vista. A infância, mais que estágio, é categoria da história: existe uma história humana
porque o homem tem infância (KRAMER, 2007, p. 15 – grifo nosso).
Desta maneira, podemos compreender que a infância está atrelada ao brincar e
fantasiar, pois o brincar vai além de ser meramente uma atividade recreativa, esta se
configura um espaço de construção e apreensão das regras sociais, negociação,
divisão, resolução de conflitos, entre outros.
Vygotsky (2007) inclui o brincar como atividade humana permeada por fantasia,
realidade e imaginação na qual a sua interação permite a interpretação e expressão das
situações vivenciadas a fim de construir relações. Tal pensamento se assemelha as
concepções de Borba (2006 apud CARVALHO, 2009, p. 18) que frisam a “visão (...) da
brincadeira como atividade restrita à assimilação de códigos e papéis sociais e culturais,
cuja função principal seria facilitar o processo de socialização da criança (...)”
integrando-a na sociedade.
Além disso, a criança traduz com o brincar a percepção da realidade que o
envolve, de modo a solidificar suas funções psíquicas necessárias para o enfrentamento
dos problemas cotidianos. Ressaltamos ainda, a complexidade dos processos que
envolvem as brincadeiras, já que é o pilar da construção e assimilação do novo, ou seja,
9
235), assim a postura, dos pais com relação aos seus filhos e professores com seu
aluno, encontra-se não apenas como variáveis do comportamento patológico, mas
também como impulsionadoras de comportamentos saudáveis, já que é por meio deles
que o terapeuta observará se o tratamento está havendo resultados.
Nesse contexto os mediadores (pais e professores) tem o papel de desenvolver,
manter e instalar o conjunto de ações necessárias para o aprendizado comportamental
adequado da criança. Além disso, a participação da família ao longo da terapia promove
a aparição de contingências que medirão a construção de modelos e regras, e assim
proporcionarão a supressão de sintomas e comportamentos negativos (EMÍDIO et. al.,
2009).
Outro aspecto indispensável para essa prática se refere a linguagem, em sua
maioria a não verbal, pois proporciona ao terapeuta o acesso ao funcionamento
cognitivo da criança. E é através dela, da linguagem, que se percebem os
comportamentos positivos ou negativos.
Nesta perspectiva, com ramificações oriundas da abordagem operante, trazida
pela teoria comportamental, compreendemos que o comportamento é produto da
interação entre as variáveis históricas e ambientais que os sujeitos mantem durante sua
vida e a produção de desordens emocionais surgem a partir de como ocorre a
elaboração das situações frustrantes (SILVARES, 2000).
Para tanto, o atendimento clínico infantil baseado nos estudos do comportamento,
apresentam como proposta de intervenção à solução de problemas específicos com
ênfase no papel do mediador como componente imprescindível para o desenvolvimento
da reestruturação cognitiva.
aos poucos o cliente volte a sua vida normal. Deve-se, entretanto, iniciar o tratamento
por atividades que causem menor nível de ansiedade ao sujeito (RANGÉ, 2001).
A “prevenção de recaídas” é uma técnica habitual em tratamentos de vícios em
drogas, porém na TCC ela surge como instrumento de autovigilância e atenção a
comportamentos que darão origem as recaídas. Para evitá-la, Tavares (2005) sugere
“procedimentos de manipulação do stress, treinamento em relaxamento (...) e
reestruturação cognitiva” (2005, p. 33).
O “treinamento em habilidades sociais” é uma busca em desenvolver no cliente
habilidades e competências que o permitam se relacionar e agir em situações do
cotidiano. Basicamente, consiste na “aprendizagem de um novo repertório de respostas”
(TAVARES, 2005, p. 33) a partir do emprego de técnicas como resolução e solução de
problemas, reforçamento, modelação, entre outros.
Rangé (2001) descreve a técnica “role-playing” como instrumento para
treinamento do cliente em ocasiões que acontecem no dia-a-dia. Isto é, terapeuta e
cliente representam situações cotidianas com o intuito de ambientar o sujeito nas
dificuldades e problemas por ele enfrentados.
O “feedback” serve para oferecer uma devolutiva sobre informações específicas
que levem ao cliente a melhora de seu quadro clínico. Já o “reforçamento” se dá por
meio da recompensa ao cliente, quando este adquire comportamentos adaptativos
(TAVARES, 2005).
O “procedimento de dessensibilização sistemática” de acordo com Caballo “(...) é
uma intervenção terapêutica desenvolvida para, dentre outras coisas, eliminar as
síndromes de evitação” (1996 apud TAVARES, 2005, p. 34). Essa técnica ocorre
mediante a quatro intervenções, são elas: treinamento de relaxamento, análise
comportamental e hierarquização de medos, combinação entre o causador do medo e a
técnica de relaxamento, e treinamento na Escala de Unidades Subjetivas de Ansiedade
(TAVARES, 2005).
Quanto a “resolução e solução de problemas” Caballo (1996) diz que se dão por
meio de processos, tais como: Orientação para o problema; definição e formulação do
problema; levantamento de alternativas; tomada de decisões; prática da solução e
verificação. Cada um desses elementos permitirá ao cliente maior clareza, avaliação e
solução dos problemas enfrentados.
Por fim, a “balança das vantagens e desvantagens” que consiste na confecção,
feita pelo terapeuta, de uma balança de papel com os braços móveis para a pesagem.
18
Cada um dos lados é preenchido pelo paciente com vantagens ou desvantagens. A cada
argumento escrito o item faz com que a balança penda para baixo, estando a balança no
final voltada para o lada que possui mais argumentos, o que auxilia na concepção da
decisão a ser tomada pela criança.
Stallard (2004) reforça que por mais que a terapia cognitivo-comportamental
tenha sofrido várias influências no seu desenvolvimento, permanece o foco dos
elementos cognitivos e comportamentais que visam em sua maioria problemas
específicos e necessidades particulares da criança.
Este mesmo autor pontua ainda os elementos produzidos por esta técnica. São
eles: formulação e psicoeducação; monitoramento do pensamento, identificação de
distorções e déficits cognitivos, avaliação do pensamento e desenvolvimento de
processos cognitivos alternativos, aprender habilidades cognitivas novas, educação
afetiva, monitoramento afetivo, controle afetivo, treinamento de relaxamento,
estabelecimento de alvos e reagendamento de atividades, experimentos
comportamentais, exposição, reforço e recompensa.
Contudo, infelizmente o que percebemos é que são escassos os profissionais que
realizam atendimentos com crianças, dada a complexidade que esta possui, além do
mais a falta de compreensão técnica, da abordagem cognitivo comportamental, dificulta
a discussão dos casos e o encaminhamento destes.
Objetivos e Orientação
A VISÃO COMPORTAMENTAL
UM ESTUDO
Um estudo foi realizado pelos autores do artigo citado abaixo, com dois grupos de
crianças. Os Grupos de Espera Recreativos (GERs). Nesses as crianças brincavam sem
finalidades terapêuticas e era composto por crianças inscritas em uma clínica-escola e
que estavam na lista de espera pelo atendimento. O outro projeto era o dos Grupos
Ludoterapêuticos Comportamentais Infantis (GLCs). Nesses grupos
as brincadeiras desenvolvidas com as crianças possuíam o objetivo de fazê-las
discriminar as contingências controladoras de seu comportamento agressivo, tanto nas
sessões de terapia, quanto fora dela.
Brincar com a crianças enquanto ela aguardava o atendimento era uma
alternativa para evitar a evasão do atendimento devido à longa espera. Esses grupos de
espera possuem os objetivos de: atender a demanda, evitando longas listas; diminuir
desistências; identificar desmotivados, auxiliando o diagnóstico; trabalhar as
expectativas dos clientes; refletir a respeito da necessidade do atendimento; e
esclarecer o que é o serviço. Além de contornar a questão da espera, os grupos
recreativos possibilitaram a coleta de material útil para atendimento e pesquisas futuras.
O líder dos GERs deve possuir certas habilidades para exercer a função de
recreacionista ou o de terapeuta. O recreacionista deve ter o conhecimento suficiente de
brincadeiras lúdicas e relacioná-las à faixa etária atendida. Para estagiar como
terapeuta, é preciso que o aluno se encontre em um nível avançado no curso de
Psicologia.
Nos encontros para brincar, as crianças se comportam como de hábito,
mostrando como se relacionam com seus pares. A situação lúdica registrada possibilita
a observação e análise do comportamento e suas relações funcionais com o ambiente.
A frequência, duração e intensidade do comportamento-alvo da queixa trazida são
os critérios utilizados para julgar se um problema infantil merece a atenção de
um psicólogo. Os GLCs, em última instância, visam promover alterações
comportamentais infantis de modo a ajustar socialmente a criança encaminhada para
23
atendimento psicológico. Uma das atividades desses grupos são os jogos de fantasia,
que se mostram úteis na identificação de variáveis das quais um comportamento
indesejado pode ser função. Dessa forma, é possível identificar variáveis de controle e
escolher procedimentos mais apropriados para o manejo de contingências.
Estratégias lúdicas
A maneira como adultos lidam com crianças nos dias de hoje parece ser bastante
diferente do que ocorria nos tempos de nossos avós e bisavós. Dados históricos
mostram que era comum que os adultos considerassem as crianças como adultos em
miniatura e estabelecessem com elas relações nas quais cabiam às crianças decisões e
comportamentos de adultos (Oliveira, 2003). Os novos modos de interação entre adultos
e crianças geram modificações também na relação que se estabelece entre os
terapeutas infantis e seus clientes. Hoje, sabemos mais sobre as necessidades da
criança, sobre a importância das brincadeiras para seu desenvolvimento sensorial,
motor, emocional e comportamental e sobre como seu ambiente exerce influência na
aquisição e manutenção de comportamentos. A Ludoterapia Comportamental Infantil faz
uso de jogos e brincadeiras na relação que se estabelece com as crianças, e se tem
mostrado uma área de atividade clínica que beneficia crianças e suas famílias, pois
favorece a aquisição de comportamentos sociais importantes e a melhora nas interações
sociais.
A utilização de jogos e brinquedos na ludoterapia comportamental infantil é algo
que pode ser considerado bastante novo. A relação da criança com o brinquedo na
psicoterapia passou por uma evolução desde a modificação do comportamento infantil
até a ludoterapia comportamental infantil. Na modificação do comportamento, a criança
não participava diretamente do processo terapêutico, e o trabalho do terapeuta com a
criança era praticamente ausente. Na modificação do comportamento, a utilização da
entrevista com crianças não era prática comum. As crianças chegavam para a terapia
com a queixa dos pais sobre seus comportamentos, e não eram perguntadas sobre
como se sentiam ou sobre o que observavam de seu próprio comportamento ou do
comportamento dos pais. As entrevistas geralmente eram feitas com os adultos e as
dificuldades da criança eram acessadas, utilizando-se inventários e check-lists que
abrangiam uma variedade de comportamentos-problema presentes nos quadros de
24
uma criança traga para casa um brinquedo novo, um frisbee. Nada na aparência deste
objeto permite à criança incluí-lo na classe dos brinquedos..., a criança poderia
encontrar o frisbee no meio de um conjunto de objetos de sucata, interessar-se por ele,
e aprender a usá-lo para brincar” (de Rose, 1993, p.287-288). Nesse caso, a resposta de
brincar foi estabelecida na presença do novo objeto e a criança passou a incluí-lo na
classe de estímulos denominada brinquedo.
Mas, por que trabalhar com estratégias lúdicas na ludoterapia comportamental
infantil? Primeiro, porque a utilização de jogos e brinquedos é bastante reforçadora para
a criança. Inclusive em pesquisas sobre autocontrole com crianças, pode-se observar
que muitas das tarefas propostas às crianças envolvem situações lúdicas (forzano &
logue, 1995; logue, forzano & ckerman, 1996; logue & chavarro, 1992; schweitzer &
sulzerazaroff, 1988, citado em nogueira, 2001) em que o experimentador chama a
criança para uma brincadeira ou jogo. Isso facilita a participação da criança no estudo,
tornando a tarefa reforçadora.
Outro ponto a ser considerado quanto à utilização de brinquedos e jogos na
ludoterapia comportamental infantil é o fato de o brinquedo fornecer à criança um
ambiente planejado no qual é possível a aprendizagem de habilidades (Bomtempo,
1987, citado em Soares, Moura & Prebianchi, 2003). Além disso, o brinquedo pode ser
considerado uma condição para o desenvolvimento social, emocional e intelectual da
criança (Bomtempo, 1992).
Além de permitir que as crianças informem sobre seus sentimentos e descrevam
comportamentos e eventos importantes, as brincadeiras dirigidas permitem que elas
aprendam respostas alternativas a seus comportamentos disfuncionais ou indesejáveis
como bater, gritar, xingar, chorar e tremer. O brinquedo é um instrumento do processo
de aprendizagem e brincar é uma possibilidade de aprender a se comportar
adequadamente frente a determinados estímulos. Por meio da brincadeira, a criança
analisa seu próprio comportamento, ficando ciente das contingências que o determinam
e, a partir daí, pode alterar sua relação com o ambiente. O uso da fantasia e da
brincadeira leva a criança a encontrar alternativas de comportamentos, inicialmente para
os personagens de suas brincadeiras e depois para as situações de sua vida
(Guerrelhas, Bueno & Silvares, 2000).
Falar dos personagens de uma história é um instrumento útil na ludoterapia
comportamental infantil, pois falar primeiro dos personagens é uma aproximação gradual
para depois falar de si mesmo (Regra, 2000). Ao analisar o comportamento dos
27
Desenvolver habilidades
Aqui podem ser utilizados jogos psicopedagógicos com objetivos bem específicos.
Um dos jogos mais utilizados é o Conta Certa. É um jogo divertido e que pode
dessensibilizar a criança em relação a certos estímulos aversivos.
30
Favorecer a concentração
Pode ser utilizada a argila ou massa de modelar ou caseira. Esse tipo de
atividade proporciona uma maior concentração da criança na atividade e na conversa
durante a atividade. Se a massa for preparada no consultório pode desenvolver um
sentimento de autoconfiança na criança. Esse tipo de atividade também auxilia na
observação do comportamento da criança em relação à sujeira. É uma criança que se
esquiva desses tipos de atividades? Quando ela se suja, o que faz? É também possível
verificar a relação da criança com a organização. Ela tem dificuldade de limpar depois da
atividade? Como se sente quando suja, por exemplo, o chão? Qual a relação dela com o
errar?
Favorecer o relaxamento
pela criança. Em seguida, a criança é orientada a escolher uma cor para pintar a parte
“mais dura”, ou seja, a mais tensa. Posteriormente, o terapeuta pode dar a mesma
instrução em relação às partes menos tensas. O terapeuta pode trabalhar com o
relaxamento e depois pedir que a criança observe seu corpo. Desse modo, o terapeuta e
a criança podem verificar se o corpo está mais relaxado ou não, observando se o
relaxamento produziu algum tipo de efeito.
Assim, ao considerar a relação terapêutica com as crianças, o uso de estratégias
lúdicas e as possibilidades de intervenção que fornecem, podemos verificar que o
terapeuta comportamental infantil deve ser bastante criativo. Um mesmo jogo ou
brinquedo pode ser utilizado com diversas funções, mas com o objetivo principal de criar
um ambiente bastante reforçador para a criança. Afinal de contas, brincar é um
comportamento típico da infância e qual é o adulto que não gostaria de ser criança para
poder brincar, se soltar e relaxar?
A adoção de uma abordagem terapêutica infantil baseada no brincar está
relacionada a questões de desenvolvimento do repertório básico do comportamento. A
criança, geralmente, não tem um repertório verbal desenvolvido a ponto de se beneficiar
de uma terapia puramente verbal (Regra, 2000). Portanto, a situação lúdica é utilizada
na aplicação direta de procedimentos de manejo de contingências para estabelecer
novos comportamentos e fortalecer respostas adequadas ao repertório da criança.
Brincar em terapia comportamental é um tipo de intervenção que procura estabelecer
contingências necessárias para a construção de repertório básico que possibilite o
desenvolvimento de um padrão de vida saudável.
32
REFERÊNCIAS