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Correntes da música germânica

• Influência italiana:
o Na Áustria e nas cidades católicas do Sul da Alemanha a música sacra
manteve-se por completo sob a influência italiana.
o Os compositores italianos tiveram uma actividade intensa em Munique,
Salzburgo, Praga e Viena.
o Muitos motetos de Hassler, Praetorius e outros compositores do início do
século XVII adoptaram a escrita de grande concerto, o que mostra a
admiração que os músicos alemães nutriam pela escola veneziana.
o Até o madrigal italiano persistiu na música sacra alemã, como o atestam as
Cantiones Sacrae de Schütz e o Israelbrürnlein de Johann Hermann Schein.
Ópera alemã
• Em 1627 Heinrich Schütz escreve música para Dafne, sobre o libreto de
Rinuccini, traduzido para alemão, mas a partitura perdeu-se.
• A primeira ópera em alemão de que se conhece a música é Seelewig
(Nuremberga, 1644), com música de Sigmund Theophil Staden.
• As óperas, essencialmente de compositores italianos, começam por ser
representadas em teatros de corte, depois em teatros públicos.
• Compositores italianos como Carlo Pallavicino e Agostino Steffani levam a
ópera veneziana para a Alemanha.
• A influência do estilo da ópera veneziana mantém-se na Alemanha durante as
primeiras décadas do século XVIII.
• Algumas cidades e cortes também suportam compositores alemães que são
influenciados pela ópera italiana e, em menor grau, pela francesa.
• Apesar de nas cortes alemãs do século XVII imperar a moda italiana, algumas
cidades mantinham companhias nacionais e apresentavam óperas em alemão de
compositores naturais da Alemanha.
• O centro mais importante era Hamburgo, onde se inaugurou em 1678 o primeiro
teatro público de ópera europeu depois do de Veneza.
• Muitas destas obras utilizavam o diálogo falado em vez do recitativo, que,
quando era usado, era geralmente num estilo italiano.
• Ocasionalmente, escreviam árias no estilo francês e com ritmos das danças
francesas.
• Mais comuns nas primeiras óperas alemãs são as breves canções estróficas com
melodias e ritmos rápidos e simples, canções que são de origem essencialmente
nacional.
• Centros de produção operática:
o Hanôver e Munique o Dresden (Pallavicino)
(Steffani e Handel) o Viena (Antonio Cesti)
o Hamburgo tornar-se-á no principal centro de criação de ópera alemã nos
finais do século XVII e inícios do XVIII.
 É inaugurado um teatro público de ópera em 1678. Persiste até
1738.
 A criação de uma ópera especificamente alemã foi influenciada
pelo drama escolar (pequenas peças de carácter religioso, moral
ou didáctico), pela canção solística e pelo Singspiel.
 Por volta de 1700 o termo é utilizado para designar ópera,
embora o Singspiel fosse uma peça de teatro com música que
utiliza o diálogo em vez do recitativo.

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 Johann Theille (1646-1724). A ópera Adam und Eva abre o teatro
de Hamburgo em 1678.
 Reinhart Keiser (1674-1739) O mais importante e prolífico
compositor alemão de óperas entre 1696 e 1729, período durante
o qual escreve mais de cem óperas. Combina o estilo italiano de
Veneza com elementos alemães.
Música sacra luterana
• Na liturgia luterana a Música deve ser cantada pelos fiéis.
• Apesar disso, é criada música que exige músicos especializados, profissionais ou
não.
• Os fiéis cantam em uníssono, alternando com o órgão ou sobre um baixo
contínuo.
• A música mais complexa é cantada e tocada pelas Kantoreien: coros e grupos
instrumentais amadores/profissionais formados pelos alunos das escolas de
humanidades, músicos ao serviço das municipalidades e outros habitantes da
cidade.
• As Kantoreien são dirigidas pelo Kantor.
• No século XVII, a música sacra luterana é feita seguindo duas referências:
o A música dos géneros musicais do século XVI (coral, motete coral e
motete versicular)
o O estilo concertante do Barroco italiano. Esta influência estende-se a
todos os compositores, incluindo o mais importante compositor alemão
deste período, Heinrich Schutz, que estudou em Veneza com Giovanni
Gabrielli, entre 1609 e 1612.
• Após a Guerra dos Trinta Anos, a composição de música sacra sofre a influência
de duas sensibilidades opostas na igreja luterana:
o Os ortodoxos defendem a utilização de todos os recursos disponíveis da
música vocal e instrumental nos serviços religiosos.
o O movimento pietista, que defende a liberdade individual do crente e
favorece uma fé mais subjectiva, manifesta-se contra a utilização de
formas de arte complexas no culto e defende uma música mais simples.
• Géneros
o Corais
 Por influência dos pietistas, o coral torna-se mais regular e
simples.
 Na segunda metade do século XVII, o aumento de canções
religiosas baseadas neste modelo conduz a um empobrecimento
da música sacra luterana.
 Ao mesmo tempo, esta evolução foi pautada por 3 elementos: o
coro concertato sobre um texto bíblico, tal como o estabelecerem
Schütz, Schein e Scheidt; a ária solística, com texto estrófico, e o
coral com o seu texto próprio e melodia.
o Motete (concertos e sinfonias sacras)
 A adoção do estilo concertante no motete dá origem aos
concertos e sinfonias sacras.
 Heinrich Schutz
 Symphoniae sacrae (1629 e 1650)
 Kleine geistliche Konzerte (1638-1639)
o Cantata

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 A Cantata sacra luterana do Barroco tardio resulta da expansão
dos concertos e sinfonias sacras e da assimilação de princípios
expressivos que remontam ao madrigal.
 Aos habituais textos retirados da Bíblia, os compositores
passaram a juntar textos pessoais, com caráter subjectivo,
concebidos para serem cantados como árias ou ariosos.
 Este tipo de poesia, destinada a ser musicada, tem origem em
Erdmann Neumeister (1671-1756), teólogo ortodoxo com
influências pietistas.
 A Cantata concilia as tendências ortodoxas e pietistas,
combinando os elementos formais da liturgia com a expressão
subjectiva.
o Oratória/Paixão
 Na música luterana o tipo de oratória mais característico consistia
na narrativa ou história, baseada na Bíblia.
 As histórias mais utilizadas eram sobre o Natal ou sobre a Paixão
de Cristo.
 Embora alguns compositores católicos tenham escrito Paixões,
este género de oratória é mais característico da música luterana.
 As Sete Últimas Palavras são um dos primeiros exemplos deste
género, sendo que o texto é retirado dos 4 evangelhos e não de
apenas 1.
• Compositor relevante: Heinrich Schütz (1585 – 1672)
o Estudou em Veneza com Giovanni Gabrieli e publicou uma colectânea de
madrigais italianos a 5 vozes.
o Desde 1617 até ao fim da sua vida foi mestre de capela em Dresden, ao
serviço do Eleitor da Saxónia, embora tenha passado vários anos como
maestro da corte em Copenhaga devido às conturbações da guerra dos trinta
anos.
o Retomou o contacto com a música italiana numa ida a Veneza em 1628,
onde estudou com Cláudio Monteverdi.
o O que se conhece ao certo da autoria de Schütz são as suas composições
sacras que datam deste 1619.
o Em Schütz encontramos frequentemente a magnificência e o colorido
venezianos, por exemplo em Psalmen David, de 1619, para coros múltiplos,
solistas e instrumentos concertantes.
o Aqui existe uma combinação da colorida sonoridade maciça do grande
concerto e uma abordagem sensível dos textos alemães.
o Contudo, Schütz raramente recorria às melodias tradicionais dos corais
embora tenha composto sobre muitos textos de corais.
o Os mais importantes de entre os motetes concertato de Schütz são as
Symphoniae Sacrae, publicadas em 3 séries, em 1629, 1647 e 1650.
o O quam tu pulchra es, da colectânea de 1629 é escrita sobre um texto e com
estilos de recitativo, ária e madrigal solístico semelhante ao do motete,
desenvolve-os de forma muito diferente.
o Entre as composições de Schütz do tipo da oratória inclui-se As Sete Últimas
Palavras, na qual os trechos narrativos são compostos como recitativos
solísticos sobre um baixo contínuo, enquanto as palavras de Jesus, em
monodia livre e extremamente expressiva são sempre acompanhados por
contínuo e cordas.

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o A Oratória de Natal de 1664 é uma obra de maiores dimensões e os trechos
narrativos são compostos em recitativo bastante rápido sobre contínuo,
enquanto que a acção é tratada separadamente com árias, coros e
acompanhamento instrumental, em estilo concertato.
Heinrich Biber 1644 – 1704
• Heinrich Biber foi um executante virtuoso mas também um compositor de amplos
interesses.
• Embora tenha composto música sacra e obras para conjunto instrumental, Biber é
principalmente recordado pelas suas 15 sonatas para violino de 1675 que
representam, na sua maioria, meditações sobre episódios da vida de Cristo.
• A passacaglia de Biber para violino solo, incluída na colectânea de sonatas bíblicas,
talvez seja a mais importante percursora da grande Chaconne em ré menor de J. S.
Bach.
Johann Froberger 1616 – 1677
• Apesar de ser alemão e ter tido aulas com Frescobaldi, teve grande relevância na
música francesa pelas suas visitas a este país.
• Influenciou também a música para teclado mais tardia, dado que importou a nova
linguagem para tecla para Alemanha, que estabeleceu a allemande, a courante, e a
sarabande como componentes padrão das suites de dança.
Johann Sebastian Bach 1685 – 1750
• Exerceu funções de organista em Arnstadt (1703-1707) e Mülhthausen (1707-1708),
foi organista da corte e maus tarde mestre de capela do duque de Weimar (1708-
1717), director musical na corte de um príncipe em Cöthen (1717 – 1723) e mais
tarde “chantre” do colégio de S. Tomás e director musical em Leipzig desde 1723
até morrer, cargo de grande importância no mundo luterano.
• Bach considerava-se um artesão que fazia o seu trabalho do melhor modo para a
satisfação dos seus superiores, deleite dos seus semelhantes e por glória a deus.
• Compôs praticamente em todas as formas em voga no seu tempo.
• Em Arnstadt, Mühlhausen e Weimar escreveu maioritariamente para órgão.
• Em Cöthen, onde as funções nada tinham a ver com a música sacra, compôs
praticamente obras para tecla ou conjuntos instrumentais e música vocacionada para
o ensino e divertimentos domésticos ou de corte.
• Foi em Leipzig que Bach mais se ocupou da composição de cantatas e restante
música religiosa.
Obras para órgão
• As primeiras composições incluem prelúdios corais, várias séries de variações sobre
corais e algumas tocatas e fantasias que evocam as tocatas de Buxtehude,
• Durante o seu tempo em Weimar, Bach fez vários arranjos de concertos de Vivaldi
para cravo ou órgão, escrevendo desenvolvidamente os ornatos, reforçando o
contraponto e acrescentando, por vezes vozes intermédias.
• Escreveu também fugas sobre temas de Corelli e a consequência natural destes
estudos foi uma mudança no seu estilo pessoal, visto que, com a influencia italiana,
escreve temas mais concisos a clarificar e reforçar a estrutura harmónica e a
desenvolver temas através de um fluxo rítmico ininterrupto, criando estruturas
formais de grande transparência e proporções grandiosas, com particular destaque
para os esquemas e contrastes do concerto com ritornellos.
Prelúdios e fugas
• A maior parte vem do período em Weimar embora algumas tenham sido escritas em
Leipzig e Cöthen.

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• Escritas na linguagem própria do instrumente a que se destinam e são tecnicamente
difíceis, mas nunca ostentam um virtuosismo oco.
Música para cravo e clavicórdio
• Prelúdios, fantasias, tocatas, fugas, suites de dança e variações.
• Grande parte foi escrita em Cöthen.
• De um modo geral, as composições de tecla não estavam ligadas a uma tradição ou
liturgia, ao contrário das obras para órgão, e revelam os aspetos cosmopolitas do
estilo de Bach, e as conjugações de características italianas, francesas e alemãs.
Tocatas
• As mais notáveis são em Fá# menor e Dó menor.
• Começam com passagens livres e escalas em estilo improvisatório.
• A primeira termina com uma fuga cujo tema é extraído, por transformação rítmica,
do tema do segundo andamento, uma reminiscência do antigo ricercare com
variações.
O Cravo Bem Temperado
• I parte – Cöthen – 1722
• II parte – Leipzig – 1740
• Cada parte é constituída por 24 prelúdios e fugas – um prelúdio e uma fuga em cada
uma das tonalidades maiores e menores.
• A primeira parte é mais homogénea no estilo e no propósito do que a II, que inclui
composições de muitos períodos diferentes da vida de Bach.
• Além de demonstrar que era possível utilizar todas as tonalidades, Bach revelou
especiais intenções didácticas na I parte.
Variações Goldberg
• Numa única obra, Bach condensou todos os aspetos relevantes da forma tema e
variações.
• O tema é uma sarabanda em duas secções equilibradas, cuja estrutura harmónica se
mantém ao longo de todas as trinta variações.
• As variações agrupam-se 3 a 3, sendo a última de cada grupo um cânon, com os
cânones em intervalos sucessivos, do uníssono à nona.
Concertos
• É nos 6 concertos que Bach compôs em Cöthen dedicados ao Margrave de
Brandenburg que melhor se confirma a mistura entre os estilos francês e italiano.
• Em todos eles, excepto no primeiro, Bach adoptou a sequência habitual dos
concertos italianos – 3 andamentos RLR; rítmicos e enérgicos, e a forma em
ritornello dos andamentos allegro.
• Porém, deixou a sua, marca reforçando a integração temática de solo e tutti, dando
maior fôlego à estrutura formal com efeitos e introduzindo fugas elaboradas e
desenvolvidas.
• O 3º e o 6º concerto são concertos de ripieno, sem um conjunto de solistas.
• Todos os outros utilizam instrumentos solistas e diversas combinações, contrastando
com as cordas e o contínuo, sendo por conseguinte concerti grossi.
Paixões
• Ponto culminante da sua obra de música sacra (Paixões segundo S. João e S.
Mateus).
• Exemplos máximos da tradição do norte da Alemanha das paixões segundo os
evangelhos em estilo de oratória.
• Foram estreadas na sexta-feira santa de 1724 e 1727.

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• A PSSM é a apoteose da música sacra luterana: o estilo concertato, o recitativo, o
arioso e a ária da capo representam a características da opera desta época.
• As qualidades dramáticas e teatrais são bem evidentes.
Missa em Si menor
• Destacam-se os temas concentrados e individualizados, invenção, equilibro entre
harmonia e contraponto, temas rítmicos, e clareza formal.
Georg Friedrich Händel 1685 – 1759
• Sob a orientação de Friedrich Wilhelm Zachow, Handel tornou-se num organista e
cravista exímio, e recebeu formação contrapontística e familiarizou-se com a música
dos compositores italianos e alemães da época através do método tradicional de
copiar as partituras.
• De 1706 a 1710, Handel esteve em Itália, onde foi reconhecido como um dos jovens
compositores mais promissores e se ligou aos principais mecenas e músicos
italianos
• Durante estes anos, contactou com Corelli, A. Scarlatti e D. Scarlatti, tendo as suas
principais composições sido vários motetes latinos, uma oratória, um grande número
de cantatas italianas e a ópera Agrppina.
• Durante a temporada de 1710-1711, em Londres, faz sucesso com a ópera Rinaldo.
• Em 1740, compõe Water Music, uma suite de danças para acompanhar o passeio de
barco do rei Jorge I pelo Tamisa.
• O grande sucesso de The Beggar’s Opera em 1728 demonstrou que o publico inglês
se começava a afastar da ópera italiana e a Royal Academy of Music começou a ter
dificuldades financeiras.
• O convite para escrever o Messias para Dublin fez com que Handel se concentrasse
no género de oratória m inglês, que permitia montar espectáculos menos
dispendiosos e contava com um público burguês numeroso que nunca apreciava o
divertimento aristocrático da ópera em italiano.
Suites e sonatas
• Para tecla, escreveu 3 séries de concertos para cravo ou órgão, duas colectâneas de
suites para cravo.
• Para além dos habituais andamentos de dança, as suites incluem também formas
musicais para tecla cultivadas na época.
Concertos
• As obras instrumentais mais relevantes de Handel são as que escreveu para
orquestra completa (aberturas das óperas e oratórias, as duas suites Water Music de
1717 e Music for the Royal Fireworks de 1749, e os concertos para instrumentos de
madeira e cordas (concertos para oboé) e doze grandes concertos op.6 de 1739).
• Os concertos op.6 apresentam uma combinação de elementos retrospectivos e
modernos.
• A base da concepção é a mesma das obras de Corelli, ou seja, uma sonata da chiesa
para orquestra completa.
• As peças seguem a estrutura convencional em 4 andamentos LRLR, com um allegro
fugado ao que podem ser ainda acrescentados um ou dois andamentos
suplementares em ritmo de dança.
• As partes solistas não contrastam de forma muito acentuada com os tuttis: de facto,
na maioria dos andamentos, as cordas do concertino ou se limitam a tocar sempre
com o tutti ou só isoladamente em breves interlúdios semelhantes a trios e, quando
há passagens extensas para os violinos solistas, geralmente não diferem das
passagens do tutti.

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Óperas
• Durante muito tempo, considerou-se Handel quase exclusivamente como um
compositor de oratórias quando na verdade, ao longo de 35 anos da sua vida, a sua
principal ocupação foi compor e dirigir óperas.
• A escolha dos libretos dependia de muitos factores.
• O facto de as obras se destinarem a um público que não entendia o italiano exigia-
lhe que tivesse em mente o elenco que poderia ter em palco, pois os londrinos
interessavam-se mais em ouvir determinados cantores do que um tema ou um
enredo.
• Os temas eram os habituais: histórias de magia e aventuras maravilhosas, mitologia
romana, livremente adaptados de forma a criar um máximo de situações dramáticas.
• A acção desenvolve-se através do diálogo em recitativo secco, com momentos
especialmente intensos, como os solilóquios sublinhados através do recitativo
obbligato, acompanhado pela orquestra.
• As partituras de Handel são notáveis pela variedade de tipos de árias que ultrapassa
os limites de qualquer classificação.
• Nem todas são na forma da capo, e as que foram compostas na década de 1730
utilizam formas mais simples e abreviadas.
Oratórias
• As oratórias inglesas de Handel constituem um género novo, que não pode ser
equiparado à oratória italiana nem às óperas londrinas.
• Tal como nas óperas, o clima de cada ária é preparado e a ária é introduzida pelo
recitativo.
• Contudo, Handel e os seus libretistas trouxeram às oratórias elementos que eram
estranhos às italianas e tinham origem na masque inglesa, no hino coral no teatro
clássico francês, na antiga tragédia grega, e na história alemã.
• As adaptações de ordem prática ao ambiente londrino contribuíram igualmente para
fazer das oratórias de Handel algo diferente da ópera convencional.
• Os libretos são em inglês.
• Todas as oratórias bíblicas de Handel baseiam-se em episódios do Antigo
Testamento.
• Além disso, temas como Saul, Israel no Egipto, tinham outro atractivo que não a
familiaridade com as narrativas sagradas: numa época de prosperidade e expansão
imperial, o povo inglês sentia afinidade com o povo eleito de outrora e pelo triunfo
em favor de Jeová.
• A inovação mais importante de Handel é a utilização do coro.
• A sua primeira formação musical familiarizou-o com a música coral luterana da
Alemanha e também com a combinação do coro com a orquestra e os solistas.
Música sacra católica
• Desde o Concílio de Trento que a igreja considera o estilo da polifonia romana,
e muito especialmente a música de Palestrina, como o modelo para criação de
música sacra.
• A segunda referência para os compositores católicos é a Escola de Veneza e, em
particular, a música sacra de Giovanni Gabrielli.
• No Barroco, a música sacra católica reflete estas duas influências, sendo
composta em dois estilos:
o Música a capela, segundo o modelo de Palestrina, o stile antico.
o Música concertante, segundo o modelo da Escola de Veneza e o novo
estilo de monodia com baixo contínuo, o stile moderno.

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• O stile antico permanece até ao século XVIII, embora perca importância.
• A partir do final do século XVII, torna-se habitual a utilização do baixo contínuo
em obras deste estilo.
• J. J. Fux, organista, compositor e mestre de capela da corte vienense a partir de
1698, publica Gradus ad Parnasum, primeiro em latim (1725) e depois em
alemão (1742).
• Esta obra teórica pretende ensinar o contraponto, tendo Palestrina como
referência, e torna-se uma referência para o ensino de composição.
• O stile moderno utiliza o estilo concertante de duas formas diferentes:
o O “pequeno concerto”, que utiliza poucos efectivos vocais e
instrumentais.
 Primeira obra publicada com peças neste estilo: Cento concerti
ecclesiastici a 1-4 voci con il basso continuo per sonare
nell'organo (1602) de Ludovico Viadana.
o O “grande concerto” ou Barroco colossal romano, que utiliza grandes
efectivos corais e instrumentais.
 Exemplo deste estilo é a Missa Salisburgensis a 53 vozes,
actualmente atribuída a Heinrich Ignaz Franz Biber (1644-1704)
• Missa e o Motete mantêm as características formais anteriores e são escritos em
stile antico ou em stile moderno.
• No Barroco tardio, ambos os géneros adquirem as características da Cantata: as
secções do motete e das rubricas da Missa podem ser divididos em andamentos,
sendo transformadas em árias ou coros separados.
o Missa em si menor de Bach (1733-1749)
o Escrita por ocasião da morte de Augusto II, eleitor da saxónia, e
apresentada ao seu sucessor Augusto III.
o O Sanctus terá sido escrito em 1724. O Kyrie e o Gloria foram
compostos em 1733, como partes de uma Missa Luterana. O Credo foi
escrito na década de 1740. Bach será nomeado compositor da corte em
1736.
Oratória [católica]
• A Oratória deriva o seu nome de oratorio, que designa a capela ou sala de
orações de mosteiros, igrejas ou casas particulares.
• Na segunda metade do século XVI, como consequência da Contra-Reforma,
surge em Itália a prática dos “exercícios espirituais”. Sacerdotes e leigos
reúnem-se e, para além de leituras da Bíblia, orações e meditações devotas,
entoam canções sacras, as laudas (laudi spirutuali).
• Ficaram conhecidos os exercícios de San Filipe de Neri no oratório do Mosteiro
de San Girolamo della Caritá (a partir de 1558) e no de Santa Maria in
Vallicella, sob o nome de Congregazione dei preti dell'oratorio.
• Em 1600, o compositor Cavalieri aplica os recursos técnicos e expressivos da
monodia e do stile rappresentativo a uma série de laudi de 1577, Anima y corpo,
cujos textos apresentavam um diálogo entre o corpo e a alma sobre a virtude e o
pecado.
• A Rappresentazione di anima e di corpo é considerado o exemplo mais antigo
de Oratória, embora o nome só comece a ser utilizado a partir de 1640.
• O género caracteriza-se como uma obra sacra não litúrgica, para solistas, coro e
orquestra. Substitui a ópera diante a Quaresma.

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• Distingue-se da ópera por não ser cénica e utilizar um narrador (historicus,
storicus ou testo) para substituir a acção dramática. O coro é utilizado para fins
dramáticos, narrativos e contemplativos.
• Dois tipos de Oratória:
o Oratória latina (oratorio latino): em latim, utiliza textos do Antigo
Testamento, geralmente transformados e com interpolações poéticas.
Perde importância no século XVIII e deixa de ser utilizada.
o Oratória vulgar (oratorio volgare): texto em italiano. Mais próxima da
ópera e maior variedade de textos e temas. Os recitativos são ainda sobre
textos da Bíblia, mas todas as outras partes utilizam libreto próprio.
• No início do século XVIII a Oratória, seguindo as transformações da ópera e do
estilo napolitano, consiste numa sucessão de recitativos, árias, duetos e coros.
• O papel do narrador, embora geralmente atribuído às partes em recitativo, pode
ser assumido por qualquer uma das vozes solistas ou mesmo pelo coro.
• Obras de referência:
o Jephte de Giacomo Carissimi (c. 1650)
o San Giovanni Battista de Alessandro Stradella (1675)
o Messiah de Handel (1742 em Dublin; 1743 em Londres):
 Dividida em 16 ária e 19 coros
 Espírito iluminista
Johann David Heinichen 1683 – 1729
• Nasceu em Crössuln e frequentou a Thomasschule Leipzig, onde estudou com
Johann Schelle e mais tarde recebeu aulas de órgão e cravo com Johann Kuhnau.
• Estudou Direito na Universidade de Leipzig e em 1705-1706 qualificou-se como
advogado, exercendo até 1709.
• Entretanto, Heinichen manteve seu interesse pela música e, ao mesmo tempo,
compôs óperas.
• Em 1710, publicou a primeira edição de seu maior tratado sobre o baixo contínuo.
Passou sete anos de formação em Itália, a maioria em Veneza, e fez grande sucesso
com duas óperas, Mario e Le passioni per troppo amore (1713). Mario foi encenado
novamente em Hamburgo em 1716 em alemão.
• Em 1712, ele ensinou música a Leopold, príncipe de Anhalt-Köthen, que o aceitou
como compositor.
• O mesmo príncipe nomearia Johann Sebastian Bach Kapellmeister, no final de
1717.
• Em 1716, Heinichen reuniu-se em Veneza com o Príncipe Augusto III da Polónia,
filho do Rei Augusto II, o Forte, e graças a ele foi nomeado o Real-Polaco e
Eleitoral-Saxão Kapellmeister em Dresden.
• Obras: missas, requiems, magnificats, salmos, hinos, antífonas marianas, litanias, te
deum, oratórias e Paixões, serenatas, óperas, música orquestral e concertos.
Johann Friedrich Fasch 1688 - 1758
• A ua obra inclui cantatas, concertos, sinfonias e música de câmara.
• Nenhuma de foi publicada em vida, e suspeita-se que a maioria de suas obras vocais
(incluindo 9 ciclos completos de cantatas, pelo menos 14 missas e quatro óperas)
estão perdidas
• No entanto, sua música foi muito tocada na sua época e foi muito apreciada pelos
contemporâneos:
o Georg Philipp Telemann executou um ciclo de suas cantatas de igreja em
1733 em Hamburgo;

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o Uma obra de órgão outrora atribuída a Johann Sebastian Bach como
BWV 585 é agora conhecida por ser um arranjo de movimentos de uma
trio sonata de Fasch
o O Collegium Musicum de Bach em Leipzig executou algumas das Suites
Orquestrais de Fasch que, segundo Hugo Reimann, estavam em parte nas
mãos de J. S. Bach.
• Em 1900, Hugo Reimann afirmou que o estilo de Fasch era um elo importante entre
os períodos Barroco e Clássico, e que ele era um dos que "colocaram a música
instrumental inteiramente de pé e introduziu a escrita fugal com estilo 'temático'
moderno".
Jan Dismas Zelenka 1679 –1745
• As peças de Zelenka são caracterizadas por uma estrutura composicional muito
ousada, com uma invenção harmónica altamente espirituosa e um contraponto
complexo.
• As suas obras são muitas vezes virtuosísticas e difíceis de executar, mas sempre
frescas e surpreendentes, com reviravoltas bruscas de harmonia.
• Em particular, a sua escrita para instrumentos graves é muito mais exigente do que a
de outros compositores da sua época.
• A suas obras instrumentais, as trio sonatas, capricci e concertos são modelos
exemplares de seu estilo inicial (1710 -1720).
• As seis trio sonatas exigem alto virtuosismo e sensibilidade expressiva dos
intérpretes.
• Como Zelenka era violonista, era conhecido por escrever partes de baixo contínuo
rápidas e rítmicas.
• Zelenka conhecia a música em diferentes regiões da Europa.
• Escreveu fugas complexas, árias de ópera ornamentadas, danças ao estilo galã,
recitativas barrocas, corais parecidos com Palestrina, e concertos virtuosísticos.
• A linguagem musical de Zelenka é a mais próxima da de Bach, especialmente na
sua riqueza de harmonias e contraponto e no uso engenhoso de temas fugais.
• No entanto, a linguagem de Zelenka é idiossincrática em suas inesperadas
reviravoltas harmónicas, obsessão por harmonias cromáticas, grande uso de figuras
sincopadas, e frases invulgarmente longas e cheias de ideias musicais variadas.
• A música de Zelenka é influenciada pela música folclórica checa.

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