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Introdução aos Sistemas Fotovoltaicos

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SUMÁRIO
1. DEFINIÇÃO E CLASSIFICAÇÃO ............................................................................. 8

1.1 O que são sistemas fotovoltaicos? .............................................................. 8

1.2 Classificação dos sistemas fotovoltaicos ...................................................... 9

1.2.1 Sistemas fotovoltaicos Isolados .................................................................. 9

1.2.2 Sistemas fotovoltaicos conectados à rede................................................ 13

1.3 Referências ............................................................................................... 16

2. O SOL COMO FONTE DE ENERGIA..................................................................... 17

2.1 Radiação eletromagnética......................................................................... 18

2.1.1 Luz Visível .................................................................................................. 18

2.1.2 Aproveitamento da radiação .................................................................... 19

2.1.3 Irradiância x Radiação .............................................................................. 19

2.1.4 Radiação Solar .......................................................................................... 20

2.1.5 Inclinação ideal ......................................................................................... 21

2.2 Movimento de translação terrestre ........................................................... 22

2.2.1 Solstício ..................................................................................................... 23

2.2.2 Equinócio .................................................................................................. 23

2.2.3 Orientação ideal ....................................................................................... 24

2.3 Horas de sol-pico ...................................................................................... 24

2.4 Referências ............................................................................................... 26

3. TECNOLOGIAS DE CÉLULAS FOTOVOLTAICAS .................................................... 28

3.1 Célula fotovoltaica de Silício cristalizado ................................................... 28

3.1.1 Silício Monocristalino (m-Si) ..................................................................... 28

3.1.2 Silício Policristalino (p-Si) .......................................................................... 30

3.2 Célula fotovoltaica PERC ........................................................................... 31

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3.3 Célula fotovoltaica de Silício amorfo ......................................................... 32

3.4 Célula fotovoltaica orgânica ...................................................................... 33

3.5 Referências ............................................................................................... 34

4. MONTAGEM DOS MÓDULOS ........................................................................... 35

4.1 Soldagem das células ................................................................................ 35

4.2 Vidro fotovoltaico ..................................................................................... 36

4.3 Filme encapsulante ................................................................................... 37

4.4 Backsheet ................................................................................................. 38

4.5 Caixa de junção......................................................................................... 39

4.6 Molduras .................................................................................................. 40

4.7 Características mecânicas ......................................................................... 40

4.7.1 Módulos fotovoltaicos standard ............................................................... 40

4.7.2 Módulos fotovoltaicos double-glass ......................................................... 40

4.7.3 Módulos fotovoltaicos bifaciais ................................................................ 41

4.7.4 Módulos fotovoltaicos Half-cell ................................................................ 41

4.7.5 Robustez mecânica ................................................................................... 42

4.8 Características elétricas ............................................................................ 44

4.8.1 Curva de tensão e corrente ....................................................................... 46

4.8.2 Condições padrão de testes (STC) ............................................................. 47

4.8.3 Condições NOCT/NMOT............................................................................ 49

4.8.4 Coeficientes de temperatura .................................................................... 49

4.8.5 Grandezas elétricas padrão ...................................................................... 50

4.8.6 Rendimento energético de módulos fotovoltaicos ................................... 51

4.9 Estimativa de produção de energia ........................................................... 55

4.10 Referências ............................................................................................... 57

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5. UTILIZAÇÃO EM SISTEMAS FOTOVOLTAICOS .................................................... 58

5.1 Baterias .................................................................................................... 58

5.1.1 Funções básicas ........................................................................................ 58

5.1.2 Características construtivas ...................................................................... 58

5.1.3 Autonomia ................................................................................................ 59

5.1.4 Vida-útil .................................................................................................... 59

5.2 Controlador de carga ................................................................................ 60

5.2.1 Princípio de funcionamento ...................................................................... 60

5.2.2 Tipos de controladores de carga .............................................................. 62

5.3 Inversor autônomo ................................................................................... 64

5.3.1 Características construtivas ...................................................................... 64

5.3.2 Carcaça ..................................................................................................... 64

5.3.3 Tipos de inversores ................................................................................... 65

5.4 Inversor interativo .................................................................................... 67

5.4.1 Características construtivas ...................................................................... 67

5.4.2 Carcaça ..................................................................................................... 68

5.4.3 Tipos de inversores ................................................................................... 69

5.4.4 MPPT......................................................................................................... 70

5.4.5 Monitoramento online.............................................................................. 70

5.5 Referências ............................................................................................... 71

6. EXEMPLO DE DIMENSIONAMENTO 01.............................................................. 72

6.1 Potência total da carga ......................................Erro! Indicador não definido.

6.2 Energia total consumida pela carga ....................Erro! Indicador não definido.

6.3 Esquema típico de sistema fotovoltaico .............Erro! Indicador não definido.

6.4 Definição do inversor fotovoltaico .....................Erro! Indicador não definido.

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6.5 Controlador de carga .........................................Erro! Indicador não definido.

6.6 Bateria...............................................................Erro! Indicador não definido.

6.7 Arranjo fotovoltaico...........................................Erro! Indicador não definido.

6.7.1 Inclinação ideal dos painéis fotovoltaicos ..... Erro! Indicador não definido.

6.7.2 Fator K para correção do HSP ........................ Erro! Indicador não definido.

6.7.3 Correção da potência nominal ...................... Erro! Indicador não definido.

6.7.4 Cálculo dos módulos em série........................ Erro! Indicador não definido.

6.7.5 Cálculo dos módulos em paralelo .................. Erro! Indicador não definido.

7. Resultado .................................................................Erro! Indicador não definido.

8. EXEMPLO DE DIMENSIONAMENTO 02.......................Erro! Indicador não definido.

8.1 Potência total da carga ......................................Erro! Indicador não definido.

8.1.1 Calculando consumo de motores elétricos .... Erro! Indicador não definido.

8.2 Energia total consumida pela carga ....................Erro! Indicador não definido.

8.3 Esquema típico de sistema fotovoltaico .............Erro! Indicador não definido.

8.4 Definição do inversor fotovoltaico .....................Erro! Indicador não definido.

8.5 Controlador de carga .........................................Erro! Indicador não definido.

8.6 Bateria...............................................................Erro! Indicador não definido.

8.7 Arranjo fotovoltaico...........................................Erro! Indicador não definido.

8.7.1 Inclinação ideal dos painéis fotovoltaicos ..... Erro! Indicador não definido.

8.7.2 Fator K para correção do HSP ........................ Erro! Indicador não definido.

8.7.3 Correção da potência nominal ...................... Erro! Indicador não definido.

8.7.4 Cálculo dos módulos em série........................ Erro! Indicador não definido.

8.7.5 Cálculo dos módulos em paralelo .................. Erro! Indicador não definido.

9. Resultado .................................................................Erro! Indicador não definido.

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1. DEFINIÇÃO E CLASSIFICAÇÃO

1.1 O QUE SÃO SISTEMAS FOTOVOLTAICOS?


O termo "fotovoltaico" tem origem etimológica nas palavras phos, que significa "luz" em
grego e voltaico, em referência ao físico italiano Alessandro Volta, grande estudioso da
eletricidade e inventor da pilha voltaica. Sendo assim, a energia solar fotovoltaica é
aquela obtida através da conversão direta da luz em eletricidade por meio do efeito
fotovoltaico.

Dessa maneira, o sistema fotovoltaico é um conjunto de equipamentos que juntos


formam um gerador de energia por onde se torna possível transformar a energia solar
fotovoltaica em energia elétrica na forma que conhecemos. A célula fotovoltaica, um
dispositivo fabricado com material semicondutor, é a principal unidade desse processo
de conversão.

Diferentemente do que acontece com outros tipos de geradores elétricos que realizam
trabalho através da queima de material orgânico, combustíveis fósseis e carvão, e que
geram subprodutos como resíduos, calor, ruído e fumaça, por exemplo, os geradores de
energia solar fotovoltaica trabalham de maneira limpa, sem ruídos e não geram
qualquer tipo de descarte. A única perda existente no processo de transformação da luz
solar em energia elétrica é o calor oriundo das células fotovoltaicas que acaba sendo
expelido pela superfície do módulo fotovoltaico. Por esses motivos é que o uso dessa
tecnologia vem aumentando dia a dia, pois os sistemas fotovoltaicos podem ser
aplicados nos mais variados tipos de ambientes, dos litorâneos aos montanhosos, dos
residenciais aos industriais, desde que recebam incidência de radiação solar.

Podendo ser formado pela combinação de módulo fotovoltaico, controlador de carga,


bateria e inversor, um sistema fotovoltaico típico é classificado como isolado ou
conectado à rede, dependendo apenas de características construtivas e aplicabilidade.

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Figura 1 - Aplicação da energia solar fotovoltaica. Fonte: https://blog.bluesol.com.br/energia-solar-para-empresas/

1.2 CLASSIFICAÇÃO DOS SISTEMAS FOTOVOLTAICOS


Por serem geradores de energia elétrica, os sistemas fotovoltaicos são classificados de
acordo com sua topologia perante o meio mais comum de fornecimento de eletricidade,
a rede de distribuição pública de energia elétrica. Dessa forma, os sistemas fotovoltaicos
isolados são aqueles que não possuem qualquer tipo de interligação com a rede de
distribuição de energia. Já, por outro lado, os sistemas fotovoltaicos conectados à rede
são aqueles que dependem da interconexão com a rede para realizar a transformação
da radiação solar em energia elétrica.

1.2.1 Sistemas fotovoltaicos Isolados

1.2.1.1 Autônomos sem armazenamento


Os sistemas fotovoltaicos isolados são formados pelo conjunto de módulos
fotovoltaicos, controlador de carga e inversor.

Módulo Controlador
Inversor
fotovoltaico de carga

Figura 2 - Sistema fotovoltaico autônomo sem armazenamento. Fonte: autor.

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Compostos pela união das células fotovoltaicas, os módulos fotovoltaicos são os


responsáveis por captar a luz solar e convertê-la em eletricidade através do efeito
fotovoltaico. O controlador de carga faz a interligação entre os módulos e o inversor. A
principal função desse dispositivo é fornecer um controle ativo sobre a energia que está
sendo gerada de maneira a entregá-la com qualidade ao inversor, uma vez que, na
grande maioria, esses controladores promovem o melhor aproveitamento possível da
energia através do máximo ponto de potência ou do termo em inglês , maximum power
point tracking (MPPT). Por fim, o inversor fica responsável por fazer a conversão da
eletricidade gerada para os padrões de consumo conhecidos, sejam eles em corrente
contínua ou alternada.

Por não possuírem o armazenamento de energia através de baterias, esse tipo de


sistema fotovoltaico tem uma aplicação mais restrita aos locais onde a conversão deve
ser utilizada instantaneamente pela carga durante o período de geração. Além disso,
por ser totalmente dependente da disponibilidade momentânea de luz solar, o
fornecimento de energia elétrica é instável, não garantindo alimentação constante à
carga.

Exemplo prático do uso de sistemas autônomos sem armazenamento são os


bombeadores de água para açudes e poços artesianos, como ilustrado na Figura 3, a
seguir.

Figura 3 - Kit bombeamento solar Anauger. Fonte:


https://www.neosolar.com.br/loja/media/catalog/product/cache/1/image/800x800/9df78eab33525d08d6e5fb8d2
7136e95/2/_/2_1.jpg

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1.2.1.2 Autônomos com armazenamento


O sistema fotovoltaico autônomo com armazenamento, assim como o anterior, segue a
mesma topologia estudada, composta por módulo fotovoltaico, controlador de carga e
inversor. No entanto, a novidade surge através da conexão de baterias para realizar o
acúmulo de energia, como ilustrado pela Figura 4.

Bateria
Controlador
Inversor
de carga
Módulo
fotovoltaico

Figura 4 - Sistema fotovoltaico autônomo com armazenamento. Fonte: autor.

O ponto principal da discussão sobre as diferenças entre os modelos estudados é que os


sistemas com armazenamento podem ser mais amplamente utilizados, pois possuem a
capacidade de fornecer energia elétrica de forma constante e ininterrupta enquanto
perdurar a capacidade energética das baterias. Essas, por estarem conectadas ao
controlador de carga, fornecem energia para o inversor com melhor qualidade e com
menos oscilações, já que períodos de baixa geração podem ser corrigidos pela energia
armazenada. Além disso, o sistema passa a ter maior confiabilidade, pois conta com
duas fontes de energia, ora oriunda do módulo fotovoltaico e ora da bateria.

Os sistemas com armazenamento são largamente aplicados na indústria de


telecomunicações e em regiões inóspitas de mais difícil acesso, onde não há
fornecimento de energia elétrica através da rede de distribuição pública de energia.

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Figura 5 - Uso de energia solar em comunidades ribeirinhas. Fonte: https://origoenergia.com.br/projetos-


especiais/porto-de-moz

Outras aplicações dos sistemas fotovoltaicos autônomos com armazenamento podem


ser vistos ao longo das rodovias para promover a iluminação pública das vias e fornecer
postos de atendimento viajantes via telefone e internet.

Figura 6 - Poste de iluminação pública com energia solar. Fonte: https://extra.globo.com/noticias/rio/arco-


metropolitano-tem-4-mil-postes-de-iluminacao-sem-necessidade-segundo-dnit-20529444.html.

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1.2.2 Sistemas fotovoltaicos conectados à rede


Como o nome já diz, os sistemas fotovoltaicos conectados à rede são aqueles onde
existe, obrigatoriamente, a conexão do sistema gerador com a rede de distribuição de
energia elétrica.

Para esse tipo de topologia, além dos módulos fotovoltaicos, mantêm-se também os
papéis do controlador de carga e inversor. Porém, esses últimos passam a ser
representados através de um único equipamento, o “inversor interativo”. Além de ser o
responsável por amplificar o aproveitamento da energia oriunda dos módulos
fotovoltaicos através do uso de MPPTs e convertê-la com maior rendimento pela maior
quantidade de tecnologia embarcada, agora o inversor interativo também carrega as
funções de vigilante dos parâmetros elétricos da rede de distribuição, para que a energia
gerada e injetada tenha as mesmas características da fonte primária.

Os geradores fotovoltaicos conectados à rede fazem parte de um complexo e interligado


sistema de fornecimento de energia elétrica com inúmeros agentes, consumidores e
outros vários geradores solares, eólicos, hidrelétricos, térmicos, entre outros. Por esse
motivo, precisam respeitar inúmeras regras de conformidade técnica e de proteção,
para que estejam aptos e autorizados a operarem em paralelismo com a rede de
distribuição. Os parâmetros mais comuns a serem respeitados por esse tipo de sistema
gerador são os valores de tensão ou popularmente conhecidos como “voltagem da
rede” e frequência. Não é à toa que os inversores interativos são denominados os
“cérebros” dos sistemas fotovoltaicos.

1.2.2.1 Conectados sem armazenamento


Os sistemas sem armazenamento são o tipo mais comum de geradores fotovoltaicos
conectados à rede.

Representados pela sigla SFCR (sistema fotovoltaico conectado à rede), têm sua
aplicação garantida pela Resolução Normativa nº 687 de 24 de novembro de 2015 da
ANEEL, onde são expressas as regras e termos que garantem o direito de qualquer
consumidor, que seja abastecido pela rede de distribuição de energia, gerar a própria
energia através de um sistema fotovoltaico.

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Naturalmente, por esse tipo de gerador operar em paralelismo constante com a rede de
distribuição e depender exclusivamente dela para obter os parâmetros técnicos de
referência para a injeção de energia, o SFCR não tem a capacidade de permanecer em
funcionamento na falta de energia elétrica oriunda da rede de distribuição pública, não
servindo, portanto, como fonte primária ou emergencial de energia.

Outro fato relevante é que o sistema conectado não pode fornecer energia para a rede
elétrica em conjunto de um banco de baterias. Dessa forma, para estar conectado, o
SFCR não pode conter um sistema de armazenamento de energia.

A maneira mais fácil de se compreender a disposição comum de um gerador conectado


à rede, é através da Figura 7, a seguir.

Figura 7 - Sistema fotovoltaico (sem armazenamento) conectado à rede. Fonte: https://ribsol.com.br/sistemas-


fotovoltaicos/

1.2.2.2 Conectados com armazenamento


Os sistemas fotovoltaicos conectados à rede com armazenamento são os mesmos
geradores estudados anteriormente no item 1.2.2.1., mas agora com a presença de
baterias junto ao circuito elétrico.

Por terem a energia elétrica oriunda de duas fontes de abastecimento, módulos e


baterias, esses sistemas são popularmente conhecidos como híbridos.

Reunindo as melhores características dos sistemas autônomos e conectados, os híbridos


têm a capacidade de fornecer energia elétrica para as cargas em horários diferentes

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daqueles de geração fotovoltaica ou em momentos onde a fonte solar não se faz


presente.

Nesse tipo de configuração, onde há a presença de baterias, têm-se novamente o uso


dos controladores de carga como parte integrante do sistema, única e exclusivamente
com a finalidade de controlar os momentos em que as baterias, ora estão fornecendo
energia para as cargas e ora estão recebendo energia para se carregarem. Dessa forma,
a topologia mais comum é ilustrada através da Figura 8.

Figura 8 - Sistema fotovoltaico (com armazenamento) conectado à rede. Fonte: https://ribsol.com.br/sistemas-


fotovoltaicos/

Por fim, o último detalhe importante relativo aos sistemas híbridos é que até o presente
momento (julho de 2020) eles não possuem regulamentação para operarem em
paralelismo constante com a rede de distribuição elétrica. Por isso, nos instantes ou
períodos em que as baterias estiverem alimentando as cargas conectadas a elas, o
sistema fotovoltaico deverá permanecer, obrigatoriamente, desconectado da rede
elétrica.

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1.3 REFERÊNCIAS
[1] ANEEL. Resolução Normativa nº 687 de 24 de novembro de 2015. Disponível em:
<https://www2.aneel.gov.br/cedoc/ren2015687.pdf>. Acesso em: 30 de julho de 2020.

[2] PINHO, João Tavares e Galdino, Marco Antonio. Manual de engenharia para
sistemas fotovoltaicos. Rio de Janeiro: CEPEL - CRESESB. Março de 2014. Disponível
em:
<http://www.cresesb.cepel.br/publicacoes/download/Manual_de_Engenharia_FV_20
14.pdf>. Acesso em: 29 de julho de 2020.

[3] WIKIPEDIA. Energia Solar Fotovoltaica. Disponível em:


<https://pt.wikipedia.org/wiki/Energia_solar_fotovoltaica>. Acesso em: 30 de julho de
2020.

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2. O SOL COMO FONTE DE ENERGIA

Figura 9 - Sistema solar. Fonte: https://www.infoescola.com/astronomia/planetas-do-sistema-solar/

O Sol, principal astro sistema que leva o nome de “Sistema Solar”, está no centro do
sistema, sendo responsável por fornecer energia a todos os outros corpos que compõem
o sistema solar. O Sol, por ter o maior volume e massa, está no centro do sistema,
exercendo a maior força gravitacional sobre todos os outros astros que, por essa razão,
orbitam-no.

Composto majoritariamente de Hidrogênio (74% de sua massa, ou 92% de seu volume)


e Hélio (24% da massa solar, 7% do volume solar), o Sol ainda têm outros elementos,
incluindo Ferro, Níquel, Oxigênio, Silício, Enxofre, Magnésio, Néon, Cálcio e Crômio.

Dessa forma, a energia que o Sol irradia provém principalmente de seu núcleo, onde a
temperatura é aproximadamente 14 milhões de Kelvin. Essa gigantesca quantidade de
energia é liberada em decorrência de uma reação termonuclear onde quatro átomos de
Hidrogênio (H2) se combinam para formar um átomo de Hélio (He). Nessa reação de
fusão, uma pequena parte da massa do átomo é transformada em energia. Como essas
reações acontecem incessantemente, a cada segundo, cerca de 4,7 bilhões de toneladas
da massa do Sol se transformam em energia, propagadas na forma de ondas
eletromagnéticas e calor, conhecida como radiação eletromagnética.

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2.1 RADIAÇÃO ELETROMAGNÉTICA


A radiação solar é a junção de duas componentes de onda, elétrica e magnética. Como
resultado, apresenta grande variação de comprimento e frequência, característica
herdada da componente magnética. Além disso, através da vertente elétrica, fica
responsável por transportar a “energia da luz” através do espaço, pelas partículas
‘fótons’, muito conhecidas por nós pelos efeitos fotoelétrico, fotoquímico, fotovoltaico
e de fotossíntese.

Pode ser classificada de acordo com a frequência da onda, em ordem crescente, nas
seguintes faixas: ondas baixas, rádio, micro-ondas, radiação terahertz, radiação
infravermelha, luz visível, radiação ultravioleta, raios X e gama.

Figura 10 - Espectro da radiação solar. Fonte: http://labcisco.blogspot.com/2013/03/o-espectro-eletromagnetico-


na-natureza.html

2.1.1 Luz Visível


Apenas uma pequena parcela da radiação solar com ondas de comprimento
700 nm a 400 nm pode ser vista pelos olhos humanos. Essa luz visível é a responsável
por permitir que seres humanos tenham horas de claridade durante um dia, vejam
objetos e formas das mais variadas cores presentes no espectro luminoso. É também
através dessas ondas que são transportadas grande parte da energia da radiação solar.

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Das ondas não visíveis a olho nu, rádio, micro-ondas e infravermelho, por possuírem
grande comprimento, têm baixa oscilação de movimento e como consequência,
carregam pouca energia.

Por outro lado, as também não visíveis, mas perigosas ondas ultravioleta, raios X e gama,
possuem pequeno comprimento de onda, alta oscilação de movimento e carregam
grandes quantidades de energia.

2.1.2 Aproveitamento da radiação


Como já é sabido, as células fotovoltaicas utilizam da energia da radiação solar presente
nos fótons para energizar e excitar os elétrons presentes na camada “n” que livres,
passam a compor um movimento ordenado na presença de carga elétrica, gerando
assim a corrente elétrica.

Figura 11 - Aproveitamento fotovoltaico do espectro luminoso. Fonte: http://www.cresesb.cepel.br/

Do total de ondas que chegam à célula, desde a rádio com menor energia solar à onda
gama, mais energética, a célula fotovoltaica tem a capacidade de converter em energia
elétrica apenas as ondas presentes na luz visível. As de grande comprimento de onda e
baixa frequência pouco excitam os elétrons, não contribuindo para o movimento, mas
gerando aquecimento. Já, as de alta frequência e muita energia, causam um excesso de
agitação nos átomos de Silício, causando aquecimento excessivo na célula fotovoltaica,
mas também não contribuindo para o movimento de elétrons.

2.1.3 Irradiância x Radiação


É comum se deparar com literaturas sobre o tema da luz solar ora expostos como
irradiância, ora como radiação solar. Embora tenham grafia muito semelhante e sejam
correlatas, os significados podem ser definidos individualmente.

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A irradiância solar mensura a quantidade de potência luminosa que atinge uma unidade
de área. Dessa forma, para a dimensão de potência, utiliza-se o Watt (W), já para a área,
utiliza-se o metro-quadrado (m²), resultando, então, que a irradiância é medida
em W/m².

Em sequência, a radiação solar nada mais é que a quantidade de irradiância (potência)


emitida pela fonte durante uma unidade de tempo. Usualmente, utiliza-se a escala de
tempo em horas (h). Ainda, como o ciclo da radiação solar é diário, a resultante de
medida é representada por Wh/m²/dia ou Wh/m²*dia-1.

2.1.4 Radiação Solar

Figura 12 - Componentes da radiação solar. Fonte: http://www.iep.org.br/semana_engenharia14/wp-


content/uploads/Energia-Solar.pdf

2.1.4.1 Direta
A radiação direta é parcela dos raios solares que atravessa a atmosfera e incide
diretamente na superfície terrestre. É a componente mais abundante e que carrega
grande parte dos fótons, sendo fortemente absorvida pelas células fotovoltaicas.

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2.1.4.2 Difusa
A radiação difusa, como o próprio nome já diz, é aquela parcela que sofre um processo
de difusão ou espalhamento. Esse efeito é uma consequência do choque dos raios
solares contra edifícios ou gotículas de água presentes na atmosfera, por exemplo. A
radiação difusa é a segunda mais absorvida dos sistemas fotovoltaicos.

2.1.4.3 Albedo
Por fim, a radiação de albedo é a resultante das ondas diretas e difusas que ao se
chocarem com a superfície terrestre são refletidas e voltam para a atmosfera.

2.1.5 Inclinação ideal


Agora que já são conhecidos os movimentos de espalhamento dos raios solares quando
entram em choque contra obstáculos e a superfície terrestre, é possível determinar com
mais facilidade de que maneira inclinar os módulos fotovoltaicos em relação ao plano
horizontal a fim de se obter o melhor aproveitamento da radiação solar.

Portanto, a inclinação ideal do módulo proporciona que o máximo de luz solar chegue
à superfície da célula fotovoltaica e não sofrendo nenhum tipo de reflexão para a
atmosfera. Esse resultado é obtido quando o raio solar atinge a célula
perpendicularmente à superfície do módulo.

Raio de Sol

90º
.

Ângulo ideal

Plano horizontal

Figura 13 - Inclinação ideal do módulo fotovoltaico. Fonte: autor.

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2.2 MOVIMENTO DE TRANSLAÇÃO TERRESTRE


Parte fundamental do estudo sobre a geração fotovoltaica é conhecer as características
do movimento de translação que a Terra faz em torno do Sol e que impacta diretamente
na geração de energia elétrica através da fonte fotovoltaica.

Esse movimento possui formato elíptico, como ilustrado na Figura 14, onde, em dois
momentos da trajetória, a Terra está mais distante do Sol (pontos a e c) e em outros
dois, está mais próxima (pontos b e d).

Figura 14 - Movimento de translação da Terra. Fonte: http://astro.if.ufrgs.br/tempo/mas.htm

Outro detalhe muito importante de se analisar é que a Terra está inclinada a 23,5º em
relação ao seu próprio eixo vertical, significando que as quantidades de radiação solar
que chegam aos polos Norte e Sul são distintas em grande parte do ano.

Embora seja natural pensar que são os períodos de proximidade e distanciamento da


Terra em relação ao Sol que causam as estações do ano (outono; inverno; primavera;
verão), trata-se de um enorme engano, pois essas são causadas justamente pela
inclinação da Terra perante seu próprio eixo vertical, como já mencionado
anteriormente.

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2.2.1 Solstício
Os períodos de solstício acontecem duas vezes por ano, justamente nos momentos onde
a Terra se encontra mais distante do Sol. Porém, como dito, não é a distância que
impõem a condição climática ao planeta, mas sim a inclinação da Terra perante a
radiação solar, como exposto na Figura 15.

Figura 15 - Solstício terrestre. Adaptado de: http://astro.if.ufrgs.br/tempo/mas.htm

Veja que, quando é verão no hemisfério Sul, a Terra está inclinada de tal maneira que a
metade ao sul recebe mais radiação solar que a metade ao norte. O início desse período
é marcado pelo dia 21 ou 22 de dezembro, solstício de verão no hemisfério Sul e solstício
de inverno ao Norte.

Quando a Terra está novamente no momento mais distante do Sol, mas agora na
posição oposta, é a vez do hemisfério Norte ficar mais exposto a radiação solar, iniciando
então o período de verão por lá. Dessa forma, no dia 21 ou 22 de junho tem-se o solstício
de verão ao Norte e solstício de inverno ao Sul.

2.2.2 Equinócio
Se os solstícios são os períodos onde a radiação solar é mais percebida por um
hemisfério que pelo outro, os equinócios são os momentos onde ambas as partes, Norte
e Sul, recebem luz solar igualmente na mesma proporção e a Terra apresenta a menor
distância em relação ao Sol.

O equinócio de outono no hemisfério Sul e primavera ao Norte se dá no dia 21 ou 22 de


março. Já, o contrário acontece entre os dias 22 ou 23 de setembro.

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2.2.3 Orientação ideal


Assim como se estudou a maneira ideal de se inclinar um módulo fotovoltaico a fim de
obter o melhor rendimento da radiação solar incidente sobre a superfície da célula
fotovoltaica, a orientação também deve seguir pressupostos ideais para que o
aproveitamento seja o melhor possível.

Para isso, sistemas fotovoltaicos instalados no hemisfério Norte, devem ser orientados
para o Sul, uma vez que estão ‘acima’ da linha do Equador e percebem o movimento do
Sol acontecendo de oeste para leste. Por outro lado, sistemas instalados no hemisfério
Sul, estão posicionados ‘abaixo da linha do Equador e, por isso, devem ser orientados
idealmente para o Norte. Dessa forma, aproveitarão o máximo do movimento solar.

2.3 HORAS DE SOL-PICO


Depois de conhecer todas as variações do movimento da Terra em relação ao Sol,
chegou a hora de estudar a percepção de movimento que se tem do Sol em relação à
Terra.

Todos aqueles que estão localizados ao Sul da linha do Equador, têm a sensação de que
o Sol realiza um movimento anti-horário. Por isso, nasce a Leste e se põem a Oeste.

Por outro lado, quem está ao Norte do Equador, têm a visão do Sol realizando um
movimento no sentido horário, nascente a Oeste e poente a Leste.

Sendo assim, tomando como exemplo um sistema fotovoltaico instalado sobre o


telhado de uma residência, no início do dia, logo ao ‘nascer do Sol’, a quantidade de
radiação solar que chega até as superfícies dos módulos fotovoltaicos é bastante
reduzida. Conforme o dia vai passando e se aproximando do meio dia, a radiação solar
atinge o valor máximo esperado. Já, ao entardecer, a radiação solar incidente sobre os
módulos fotovoltaicos vai se reduzindo juntamente com o pôr-do-sol.

O aparente movimento do Sol durante um dia revela sua disponibilidade luminosa que
pode ser ilustrada pelo gráfico da Figura 16, a seguir. Veja que a quantidade de radiação
percebida na superfície terrestre é variável e depende diretamente das condições
meteorológicas momentâneas do local onde se está medindo a quantidade de luz solar.

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Portanto, um dia de céu limpo e claro transpassa ao solo muito mais radiação que um
dia nublado ou chuvoso.

Com o intuito de facilitar o entendimento sobre a quantidade de energia solar disponível


durante um dia, determinou-se o HSP (horas de sol-pico) como sendo a unidade de
medida padrão para mensurar a quantidade de potência que chega até uma
determinada área durante um dia.

Dessa forma, estabeleceu-se que a medida padrão do HSP é a quantidade de horas (em
um dia) que a radiação solar atinge a quantia de 1.000 W/m².

Assim, como exposto no exemplo da Figura 16, em um dia ensolarado onde ao longo de
12 horas de Sol (das 6:00 às 18:00), a quantidade de radiação solar medida foi de
6.000 Wh/m², o HSP pode ser convertido em 6 horas, pois como sabido, o HSP mede a
quantidade de horas no dia em que a radiação solar foi de 1.000 Wh/m². Portanto,
nesse exemplo, 12 horas de Sol = 6 HSP.

Figura 16 - Disponibilidade de radiação solar. Fonte: https://docplayer.com.br/78337121-Hugo-guilherme-


maestri.html

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2.4 REFERÊNCIAS
BASU, S.; ANTIA, H.M. Helioseismology and Solar. Disponível em:
<https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0370157307004565?via%3D
ihub>. Acesso em: 30 de julho de 2020.

BRASIL. Energia heliotérmica – O Sol: fonte de energia. Disponível em:


<http://energiaheliotermica.gov.br/pt-br/energia-heliotermica/o-sol-fonte-de-
energia>. Acesso em: 05 de agosto de 2020.

FOGAÇA, Jennifer R. V. Luz solar e a radiação ultravioleta. Disponível em:


<https://mundoeducacao.uol.com.br/quimica/luz-solar-radiacao-ultravioleta.htm>.
Acesso em: 01 de agosto de 2020.

PINHO, J. T. e GALINDO, M. A. Manual de engenharia para sistemas fotovoltaicos. Rio


de Janeiro: CEPEL - CRESESB. Março de 2014. Disponível em:
<http://www.cresesb.cepel.br/publicacoes/download/Manual_de_Engenharia_FV_20
14.pdf>. Acesso em: 29 de julho de 2020.

RAMOS, Edson Osni. Sol: nossa fonte de energia. Disponível em:


<http://www.pascal.com.br/sol-nossa-fonte-de-energia>. Acesso em: 01 de agosto de
2020.

STEFFEN, Carlos Alberto. Introdução ao Sensoriamento Remoto. Disponível em:


<http://www3.inpe.br/unidades/cep/atividadescep/educasere/apostila.htm>. Acesso
em: 30 de julho de 2020.

SUPER INTERESSANTE. Qual é a fonte de energia Sol? Disponível em:


<https://super.abril.com.br/mundo-estranho/qual-e-a-fonte-de-energia-do-sol/>.
Acesso em: 04 de agosto de 2020.

WIKIPEDIA. Energia Solar Fotovoltaica. Disponível em:


<https://pt.wikipedia.org/wiki/Energia_solar_fotovoltaica>. Acesso em: 30 de julho de
2020.

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WIKIPEDIA. Radiação eletromagnética. Disponível em:


<https://pt.wikipedia.org/wiki/Radia%C3%A7%C3%A3o_eletromagn%C3%A9tica>.
Acesso em: 05 de agosto de 2020.

WIKIPEDIA. Sol. Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Sol#cite_ref-


Phillips1995-47_45-1>. Acesso em: 01 de agosto de 2020.

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3. TECNOLOGIAS DE CÉLULAS FOTOVOLTAICAS

3.1 CÉLULA FOTOVOLTAICA DE SILÍCIO CRISTALIZADO


O Silício (Si), é o segundo componente químico mais abundante no mundo, ficando atrás
apenas do Oxigênio (O2) e equivalente a 28% da massa da Terra. Por ser um material
semicondutor e fotossensível quando combinado com Boro (B) e Fósforo (P), é um dos
responsáveis pela existência do efeito fotovoltaico, como já estudado anteriormente.

Por apresentar excelentes características para condução elétrica, o Silício é muito


utilizado na indústria da eletrônica integrada e informática, sendo responsável por
compor os circuitos eletrônicos. Para esse fim, a pureza do Silício deve ser de
99,9999999%, sendo conhecido como “Silício grau-eletrônico” ou “9-Noves”.

Na indústria fotovoltaica, onde o Silício é o principal composto da célula fotovoltaica,


utilizá-lo no mesmo padrão de pureza da indústria eletrônica é inviável, por impactar
diretamente no custo do módulo fotovoltaico. Por isso, visando a larga aplicação da
tecnologia, desenvolveu-se o “Silício grau-solar” ou “6-Noves” com pureza de 99,9999%.

Dos mais variados métodos de produção desse tipo de Silício, dois ficaram bastante
conhecidos e são aplicados até hoje na produção da célula fotovoltaica de Silício
Monocristalino (m-Si) e no desenvolvimento da célula de Silício Policristalino (p-Si).

3.1.1 Silício Monocristalino (m-Si)


As células fotovoltaicas de Silício Monocristalino são aquelas que apresentam o maior
grau de eficiência energética e pureza do composto. Por esse motivo, também é o
processo mais complexo e custoso para a obtenção das células.

O Método Czochralski, um dos mais empregados e que leva o sobrenome do


pesquisador que polonês inventor do processo de cristalização do Silício, é capaz
produzir lingotes de material na forma de um único cristal. Por possuir tal forma, a célula
fotovoltaica monocristalina (de um único cristal), possui maior eficiência energética e
tem aspecto único em sua coloração.

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Na Figura 17, a seguir, onde o método é exemplificado, é possível identificar que os


cristais de Silício purificados são colocados no interior de um recipiente, passam por um
processo de dopagem química em alta temperatura e alinhamento das moléculas de
Silício para todas fiquem “na mesma direção”. Ao final, o monocristal é resfriado
lentamente para formação do lingote e posteriormente fatiado nas células fotovoltaicas.

Figura 17 - Método Czochralski. Fonte: https://en.wikipedia.org/wiki/File:Czochralski_Process.svg

Na Figura 18, está ilustrado um lingote de Silício Monocristalino (m-Si) resultante da


produção pelo Método Czochralski.

Figura 18 - Lingote de Silício monocristalino. Fonte: https://www.tf.uni-


kiel.de/matwis/amat/elmat_en/kap_6/illustr/i6_1_2.html

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O processo de produção de uma célula fotovoltaica de Silício Monocristalino deriva de


um lingote cilíndrico. Por esse motivo, na etapa de corte das lâminas, há perdas em
excesso de matéria-prima para que a célula tenha o formato quadrado, como
exemplificado na Figura 19, a seguir.

CORTE

Figura 19 - Corte na célula de m-Si. Fonte: autor.

Dessa forma, para que o refugo seja aproveitado, eles são novamente integrados ao
processo de derretimento do Silício para a formação de novos lingotes.

3.1.2 Silício Policristalino (p-Si)


A produção das células fotovoltaicas de Silício Policristalino, como o nome já diz, tem
em sua formação vários tipos de cristais de Silício. Esse processo, diferentemente do
Czochralski, pode ser aplicado em mais larga escala e possui menor custo no processo
fabril por ser menos complexo. Por esse motivo, são as células mais encontradas no
mercado.

O processo de fabricação do Silício Policristalino utiliza do derretimento de variados


blocos de Silício purificado para a obtenção de um novo lingote, assim como acontece
no processo do Monocristalino. Porém, as duas principais diferenças é que não se utiliza
da dopagem química em alta temperatura e alinhamento das moléculas do Silício para
a formação de um monocristal. O outro ponto é que o lingote não é resfriado através de
um processo controlado de temperatura.

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Por esse motivo, as células policristalinas possuem menor eficiência energética em


decorrência das diferentes características construtivas dos blocos utilizados em sua
formação. Uma das características visuais mais marcantes que diferem as células
monocristalinas das policristalinas, é que a segunda tem uma coloração heterogênea,
como ilustrado na Figura 20, a seguir.

Figura 20 - Célula fotovoltaica de Silício Policristalino. Fonte:


https://pt.wikipedia.org/wiki/Sil%C3%ADcio_policristalino

3.2 CÉLULA FOTOVOLTAICA PERC


A palavra PERC é a sigla para Passivated Emitter Rear Cell. Em uma tradução livre, é
aquela célula que possui contato traseiro com emissor passivo. Inventada há mais de 30
anos pela Universidade de South Wales na Austrália, mas somente há 2 anos começou
a ser empregada comercialmente.

Esse processo permite produzir células fotovoltaicas com metade da espessura de uma
célula monocristalina tradicional. O benefício direto desse método é a drástica redução
de custos de fabricação do módulo fotovoltaico. Porém, por ser mais fina, naturalmente
a célula tem menor capacidade de conversão direta da energia solar em eletricidade.

Para acabar com o problema da eficiência energética da célula, a tecnologia PERC aplica
uma camada de material dielétrico que aumenta o rendimento da célula, maximiza a

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radiação absorvida pelo Silício por um processo de reflexão dos raios solares e tem
menor perda de energia.

Por esse motivo, a nova geração de células fotovoltaicas com Silício Monocristalino PERC
vêm ganhando cada vez mais mercado mundo afora, levando para os consumidores,
módulos fotovoltaicos com alto rendimento e baixo custo.

3.3 CÉLULA FOTOVOLTAICA DE SILÍCIO AMORFO


A palavra amorfo, no dicionário, tem o significado de aquilo que não possui forma
definida. Dessa forma, o Silício Amorfo (a-Si) se diferencia dos demais por não possuir
formato de cristal como os monos e policristalinos. Esse é o principal motivo que as
tornam flexíves, podendo ser aplicadas nas mais variadas superfícies.

Outro ponto relevante das células Amorfo é que esse material possui alto potencial
ótico. Por isso, tem a capacidade de absorver grande quantidade de luz solar com fina
espessura da célula. Essa característica permite que módulos fotovoltaicos de Silício
Amorfo sejam menos espessos que os convencionais com Silício cristalizado.
Consequentemente, no mercado são conhecidos como módulos de película fina.

Por outro lado, por serem extremamente finas, uma das desvantagens das células
fotovoltaicas produzidas com o Silício Amorfo é que possuem alta perda de eficiência ao
longo de sua vida-útil. Esse desabono obriga os fabricantes a utilizarem duplas ou até
triplas camadas de Silício Amorfo em uma única célula para que o rendimento possa se
manter por um período maior, encarecendo o processo de fabricação.

Para somar à essa conta, os módulos com Silício Amorfo são mais pesados, pela grande
quantidade de vidro e as estruturas fotovoltaicas para esse fim também são especiais e,
como resultado, mais caras.

Figura 21 - Comparação entre células fotovoltaicas de Silício. Fonte:


https://www.porquecomoydonde.net/2017/02/que-es-un-panel-solar.html

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3.4 CÉLULA FOTOVOLTAICA ORGÂNICA


As células fotovoltaicas orgânicas (OPV), assim como as de Silício Amorfo, possuem fina
espessura e tamanha elasticidade que dão à célula a capacidade de se aderir a
praticamente qualquer tipo de superfície.

Diferentemente das células tradicionais que utilizam do Silício para a obtenção do


material semicondutor de eletricidade, as células orgânicas utilizam de compostos
derivados da indústria petroquímica impressos em camadas de vidro ou PET
(Politereftalato de etileno).

O processo de fabricação de uma célula OPV requer uso de menor quantidade de


energia que a tecnologia tradicional. Por isso, o custo envolvido também é menor.
Porém, a principal desvantagem dessa tecnologia é que ainda sofre forte redução do
rendimento energético em presença constante da radiação solar pela degradação dos
compostos polímeros e orgânicos. Por isso, ainda não fabricados em pequena escala.

Figura 22 - Célula fotovoltaica orgânica. Fonte: https://itsolar.com.br/energia-solar/o-que-e-opv-paineis-solares-


fotovoltaicos-organicos/

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3.5 REFERÊNCIAS
ARTICLE WORLD. Czochralski process. Disponível em:
<http://www.articleworld.org/index.php/Czochralski_process>. Acesso em: 12 de
agosto de 2020.

BEZERRA, Marcelo Soares. Série Rochas e Minerais Industriais – O Potencial dos


Agrominerais Alternativos na Região Nordeste do Brasil. Disponível em:
<https://www.cetem.gov.br/series/serie-rochas-e-minerais-
industriais/item/download/1694_1d2db6e0900ffe23fb2ceedc14daf8ad>. Acesso em:
10 de agosto de 2020.

PINHO, João Tavares e Galdino, Marco Antonio. Manual de engenharia para sistemas
fotovoltaicos. Rio de Janeiro: CEPEL - CRESESB. Março de 2014. Disponível em:

VILLALVA, Marcelo Grandella. Tecnologia PERC - a nova geração de células


fotovoltaicas. Disponível em: <https://canalsolar.com.br/artigos/artigos-
tecnicos/item/64-tecnologia-perc-a-nova-geracao-de-celulas-fotovoltaicas>. Acesso
em: 14 de agosto de 2020.

WIKIPEDIA. Célula solar polimérica. Disponível em:


<https://pt.wikipedia.org/wiki/C%C3%A9lula_solar_polim%C3%A9rica>. Acesso em: 14
de agosto de 2020.

WIKIPEDIA. Método Czochralski. Disponível em:


<https://en.wikipedia.org/wiki/Czochralski_method>. Acesso em: 12 de agosto de
2020.

WIKIPEDIA. Silício Policristalino. Disponível em:


<https://pt.wikipedia.org/wiki/Sil%C3%ADcio_policristalino>. Acesso em: 10 de agosto
de 2020.

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4. MONTAGEM DOS MÓDULOS

Com exceção ao processo de fabricação das células fotovoltaicas, a montagem do


módulo fotovoltaico é relativamente simples. Segue uma sequência de 10 a 15 passos
em uma linha de produção que visa estruturá-lo de maneira rápida, mas seguindo
rigorosas rotinas de testagem e verificação de conformidade às normas competentes.

O produto acabado conta com um conjunto de moldura em alumínio, vidro temperado,


películas EVA para proteção das células fotovoltaicas entrepostas, backsheet e caixa de
junção, como ilustrado na figura a seguir.

Figura 23 – Como é feito um painel fotovoltaico. Fonte: https://blog.bluesol.com.br/energia-solar-fotovoltaica-guia-


supremo/

4.1 SOLDAGEM DAS CÉLULAS


A célula fotovoltaica é a menor unidade geradora de um sistema solar. Como já
estudado, um conjunto de células interligadas em série e paralelo são responsáveis por
formar o painel fotovoltaico.

Os filamentos em liga de alumínio e estanho que ficam na superfície superior da célula,


conhecidos como “busbar”, fazem o transporte da energia elétrica das células
fotovoltaicas para o circuito elétrico conectado ao conjunto. Para que esse movimento
ocorra, os filamentos precisam ser ligados de maneira contínua, ou seja, o final de um
se conecta ao início do outro. Em outras palavras, os terminais positivos de uma célula
precisam ser ligados aos terminais negativos da outra célula.

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Como já é sabido, a parte frontal da célula tem características positivas, por conta da
dopagem com Boro, enquanto a parte posterior é negativa por conta do Fósforo. Dessa
forma, eletricamente, o topo de uma célula se conecta à base da célula seguinte, até
formar uma fileira completa de células de um módulo fotovoltaico. O conjunto de várias
fileiras em paralelo formam o módulo fotovoltaico.

Figura 24 – Soldagem das células fotovoltaicas. Fonte: https://sunergia.com.br/blog/novas-celulas-perc-para-


paineis-solares-de-alto-desempenho/

4.2 VIDRO FOTOVOLTAICO


Engana-se quem pensa que o vidro utilizado na construção de um módulo fotovoltaico
é semelhante ao utilizado em janelas.

Segundo a Associação Brasileira de Distribuidores e Processadores de Vidros Planos


(Abravidro), o vidro fotovoltaico é fabricado com baixo teor de Ferro, que proporciona
máxima transparência ao material, possibilitando a maior passagem de luz possível pelo
interior do corpo translúcido. É temperado, com espessura de 2 a 4 mm, para garantir a
integridade do painel durante condições climáticas desfavoráveis, como chuvas de
granizo ou até mesmo ao excessivo aquecimento por altas temperaturas.

Além disso, possui características construtivas de tal modo que a superfície do vidro
reduz a chance de reflexão do raio solar incidente e, adicionalmente, para aqueles que
atravessam a superfície do material, permaneçam mais tempo em movimentos de

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refração no interior do mesmo, permitindo maior absorção da energia pela célula


fotovoltaica.

Figura 25 – Superfície de proteção do módulo fotovoltaico. https://abravidro.org.br/punoticias/teste-como-deve-


ser-o-vidro-para-paineis-fotovoltaicos/

4.3 FILME ENCAPSULANTE


O EVA (acetato-vinilo de etileno), é a película utilizada para proteger o conjunto de
células fotovoltaicas da degradação precoce em decorrência da radiação solar, como o
envelhecimento causado pelos raios UV, altas temperaturas e umidade.

Por ser um material de cura rápida, é utilizado para encapsular as células fotovoltaica
tanto na parte frontal, quanto na parte traseira, antes de receber a camada protetora
do backsheet.

Figura 26 – Filme encapsulante EVA. Fonte: https://www.saurenergy.com/solar-energy-news/polyamide-


backsheets-from-tomark-worthens-join-the-fray-for-backsheets-market

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4.4 BACKSHEET
A parte traseira do módulo fotovoltaico, também muito utilizada pela indústria
aeronáutica, é composta por material polimérico flexível em formato de filme vinílico
de alta resistência. Tem como principal função proteger a parte posterior das células
fotovoltaicas contra radiação UV, intempéries, manchas, tem baixa permeabilidade a
vapores, queima muito lentamente, tem excelente resistência à maioria dos produtos
químicos e deve ser estável em uma faixa de temperatura entre -40 ° C e + 85 ° C. Nos
módulos monofaciais, geralmente têm coloração branca. Já, nos bifaciais, onde a luz
solar também deve ser absorvida pela parte traseira da célula, o vinil deve ser
transparente.

Figura 27 – Backsheet do módulo fotovoltaico. Fonte: https://www.pv-magazine.com/2020/05/25/new-solar-


module-backsheet-based-on-polyamide/

O backsheet é inserido ao final do processo de montagem do conjunto de células


fotovoltaicas já interligadas eletricamente e posicionadas sobre o vidro de proteção.
Dessa forma, a folha é colada de maneira uniforme sobre a superfície traseira do
módulo, por meio de um processo cuidadoso sob temperatura controlada, onde se
elimina a presença de bolhas de ar existentes entre as células e o vinil.

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Para essa etapa, deve-se utilizar polímeros de boa qualidade, pois eles serão um dos
principais responsáveis por se evitar a prematura degradação das células fotovoltaicas
em decorrência da entrada de vapores, aquecimento excessivo e choques mecânicos.

4.5 CAIXA DE JUNÇÃO


A caixa de junção é a responsável por proporcionar o contato elétrico do interior do
módulo fotovoltaico com as demais unidades pertencentes ao sistema fotovoltaico.
Inserida sobre o backsheet através de um processo robotizado, a caixa de junção é
colada por intermédio de uma pasta em silicone que dissipa calor e impermeabiliza o
conjunto de conexão.

É também no interior da caixa de junção que são instalados os diodos by-pass,


responsáveis por promover um caminho alternativo à corrente elétrica das séries
fotovoltaicas dos módulos, quando as células são obstruídas por sombreamento,
sujeiras ou outros tipos de obstáculos.

DIODO BY-PASS

Figura 28 – Caixa de junção. Fonte: https://www.aregroupeg.net/junction-box

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4.6 MOLDURAS
O “frame” em alumínio anodizado cumpre a função dar resistência mecânica e robustez
ao módulo fotovoltaico. Além disso, as molduras também servem para proteger as
bordas do vidro temperado contra choques acidentais.

Figura 29 – Molduras em alumínio. Fonte: https://www.hbfuller.com.br/-/media/images/markets-and-


applications/new-energy/frame-sealing/frame-sealing-for-solar-panels-767x595.jpg

4.7 CARACTERÍSTICAS MECÂNICAS

4.7.1 Módulos fotovoltaicos standard


Os módulos standard ou convencionais, foram os primeiros e ainda são os mais
fabricados até hoje no mercado solar. Configurados como o exemplo teórico estudado
no início da unidade, os convencionais são aqueles que possuem moldura em alumínio,
vidro de proteção na face frontal do módulo e backsheet na parte posterior. Além disso,
também possuem o menor custo de produção se comparado aos demais modelos.

4.7.2 Módulos fotovoltaicos double-glass


Os módulos “vidro-vidro”, como são conhecidos, possuem vantagem em relação aos
convencionais no quesito durabilidade. A principal característica, é a presença da
camada de vidro protetor no lugar do backsheet. Dessa forma, a parte posterior do
módulo se torna mais resistente às intempéries e demais degradações que possam
ocorrer em locais com condições ambientais severas. Detalhe importante é que, apesar
dos módulos double-glass possuírem vidro na parte traseira, as células fotovoltaicas não
têm capacidade de absorver a radiação solar por albedo na parte posterior, pois essas

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superfícies estão recobertas por pasta metálica, não deixando a luz solar chegar ao
Silício.

4.7.3 Módulos fotovoltaicos bifaciais


Alguns podem até pensar que módulos double-glass e bifaciais são a mesma coisa.
Colocando um ao lado do outro a semelhança é enorme. Ambos possuem as superfícies
frontais e posteriores feitas por vidro. Ambos podem ser encontrados com ou sem a
moldura em alumínio. Porém, esses painéis têm uma diferença crucial em relação à
geração de energia elétrica. O módulo double-glass, como estudado, não tem a
capacidade de absorver luz solar na parte posterior da célula fotovoltaica. Já, o módulo
bifacial, SIM! O Aproveitamento da radiação acontece em ambos os lados, pois a
superfície em Silício está exposta, recebendo diretamente os raios solares de albedo.

Nas grandes usinas fotovoltaicas, por exemplo, os módulos bifaciais são extremamente
utilizados, para que o aproveitamento da energia solar seja a maior possível. Por outro
lado, perdem mercado para os convencionais nas instalações em telhado, uma vez que,
a parte posterior do módulo ficará próxima ao contato com as telhas, reduzindo a
quantidade de radiação que incide na célula por essa face.

4.7.4 Módulos fotovoltaicos Half-cell


Por fim, outra tecnologia que vem sendo massivamente empregada na fabricação de
módulos fotovoltaicos, é a célula half-cell ou “meia célula”, na tradução livre.

O princípio de funcionamento desse método construtivo é transformar um módulo de


72 células, por exemplo, em um de 144 células. Dessa forma, ao invés de se obter 5
fileiras em paralelo de 12 células em série, tem-se 2 conjuntos de 5 fileiras em paralelo
com 12 “meias-células” em série. Ao se obter maior quantidade de fileiras em paralelo,
aumenta-se a quantidade de caminhos pelos quais a corrente elétrica pode fluir. O
resultado direto desse processo é que os módulos se mostram mais eficientes e menos
sensíveis às perdas por conta de sombreamentos e outro obstáculos, por exemplo. A
Figura 30 ilustra a explicação do parágrafo estudado.

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Figura 30 – Tipo de módulos fotovoltaicos. Adaptado de: https://eskutr.cz/fotovoltaicke-panely/1033-solarni-panel-


canadiansolar-poly-300wp-half-cut-.html

4.7.5 Robustez mecânica


Todos os módulos fotovoltaicos possuem, de maneira geral, elevada resistência contra
torções e choques mecânico, por conta das superfícies em vidro temperado, filme
encapsulante e moldura em alumínio. Como resultado, os painéis devem respeitar às
mais exigentes normas internacionais de qualidade e conformidade.

Uma das mais importantes do setor é a IEC 61215 que expõem os padrões para que
módulos suportem às chuvas de granizo. Obrigatoriamente testados, esses painéis
devem ser capazes de suportar o impacto de 11 esferas de gelo de 25 mm² com massa
de 7,53 g, em velocidade de 23 m/s (equivalente a 82 km/h).

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Figura 31 – Teste com cubos de gelo em módulos fotovoltaicos. Fonte:


https://microgeracaofv.wordpress.com/2017/09/18/os-paineis-fotovoltaicos-podem-suportar-uma-chuva-de-
granizos/

Embora o parágrafo anterior tenha demonstrado a grande capacidade que os módulos


fotovoltaicos têm de suportarem a impactos oriundos das chuvas granizo, engana-se
quem pensa que caminhar sobre a superfície de vidro do painel é algo que possa ser
feito sem nenhum dado ao gerador.

Aparentemente, andar sobre os módulos não causa nenhum tipo de dano. Os vidros têm
capacidade de suportar à massa de uma pessoa. Alguns testes mostram indivíduos
pulando sobre a superfície e até mesmo veículos estacionados sobre os painéis. Até aí,
tudo bem. O dano não é externo. O Conjunto estrutural é robusto e produzido para
suportar às grandes cargas.

Porém, a falta grave acontece sobre as células fotovoltaicas. Como já estudado, as


espessuras não passam de 0,2 milímetros. Não é difícil de concluir que a excessiva força
causada por corpos sobre as superfícies produz pequenas fraturas nessas células, como
ilustrado na Figura 32, a seguir. Essas fissuras, como o passar dos anos provocarão
pontos de aquecimento e perda de rendimento, reduzindo drasticamente a vida-útil do
painel.

Por isso, lembre-se: CAMINHAR SOBRE O MÓDULO FOTOVOLTAICO, JAMAIS!

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Figura 32 - Caminhar sobre módulos fotovoltaicos. Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=-qdyxIybmoc

4.8 CARACTERÍSTICAS ELÉTRICAS


Para iniciar os estudos das características elétricas do módulo fotovoltaico, o primeiro
entendimento deve ser feito sobre a menor unidade geradora, a célula fotovoltaica.

De maneira geral, toda célula fotovoltaica, independentemente do tamanho, possui


nível de tensão constante entre 0,5 V a 0,7 V, variando minimamente sob as condições
de temperatura e climatológicas do ambiente. O gráfico padrão da tensão de uma string
pode ser visto na figura, a seguir.

Figura 33 - Curva de tensão na string fotovoltaica. Adaptado de: http://server.growatt.com/

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Eletricamente, quando se interliga um conjunto de células fotovoltaicas em série, tem-


se a soma desses potenciais ao final do circuito. Dessa forma, como ilustrado na Figura
34 a seguir, em caráter de exemplo, 09 células conectadas em série, geram cerca de 5,4
V nos extremos da fileira. Por outro lado, a associação em série das células não causa
nenhum tipo de alteração no valor total da corrente elétrica. Como só existe apenas um
único caminho para se percorrer, a corrente se mantém a mesma, não importando se a
fileira é composta por 1, 2 3 ou 100 células em série.

Figura 34 – Série fotovoltaica. Adaptado de: https://vocesolar.com.br/painel-solar-fotovoltaico/

Agora, quando se pensa na associação das células em paralelo, o cenário muda. O valor
da tensão do conjunto se mantém inalterado, enquanto o valor da corrente é somado a
cada trecho adicionado. Tomando-se como exemplo a fileira de 09 células em série, com
tensão de 5,4 V, ao se conectar em paralelo outra fileira com a mesma quantidade de
células, o valor da tensão se mantém o mesmo. Porém, como agora se tem 2 fileiras em
paralelo, o valor da corrente do conjunto é multiplicado por 2.

Figura 35 – Associação paralelo de células em série. Adaptado de: https://vocesolar.com.br/painel-solar-


fotovoltaico/

Por fim, outro detalhe bastante importante é que a corrente elétrica é diretamente
proporcional à quantidade de radiação solar que a célula recebe. Por isso,
diferentemente do que acontece com o nível de tensão da célula que se mantém
constante durante todo um dia de geração, valor de corrente é variável e apresenta um
gráfico com curva característica exemplificada a seguir.

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Figura 36 - Curva de corrente da string fotovoltaica. Adaptado de: http://server.growatt.com/

4.8.1 Curva de tensão e corrente


Como já mencionado anteriormente, a tensão da célula fotovoltaica pouco se altera com
a disponibilidade de radiação solar incidente, o que já não acontece com a corrente, que
varia proporcionalmente em relação a quantidade de luz recebida.

Através dessas características, torna-se possível traçar um gráfico de tensão versus


corrente onde fica evidente o comportamento do módulo fotovoltaico em diferentes
cenários de exposição ao Sol.

Tamanha é a interferência da radiação sobre a corrente que o gráfico do HSP diário de


um local onde tem instalado um sistema fotovoltaico é exatamente igual ao da corrente
elétrica dos painéis.

Figura 37 – Tensão x corrente sob a variação de radiação solar. Fonte:


https://www.jasolar.com.cn/uploadfile/2020/0123/20200123123344322.pdf

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4.8.1.1 Variação de tensão e corrente de acordo à irradiância


Outro fator muito importante de se estudar é a influência que as células fotovoltaicas
sofrem em relação à temperatura ambiente do local onde estão inseridas.

Da mesma forma que a corrente depende da radiação solar, a tensão da célula sofre
com a variação da temperatura. Esse fator é tão relevante que durante o processo de
dimensionamento de um sistema fotovoltaico, calcula-se as tensões das strings nas
entradas do inversor no início do dia para se obter o pior cenário, quando as
temperaturas estão mais baixas e as tensões mais altas.

O gráfico da Figura 38, ilustra a curva de tensão versus corrente sob a ótica da variação
de temperatura de célula fotovoltaica.

Figura 38 - Tensão x corrente sob a variação de temperatura. Fonte:


https://www.jasolar.com.cn/uploadfile/2020/0123/20200123123344322.pdf

Então, para resumir todo o entendimento sobre o assunto:

Quadro 1 - Comparação tensão x corrente sob a variação de temperatura

1.000 W/m² Tensão Corrente

Quanto menor a temperatura Maior Menor

Quanto maior a temperatura Menor Maior

4.8.2 Condições padrão de testes (STC)


A sigla STC (Standard Test Conditions), que significa condições padrão de teste, é aquele
realizado nas células fotovoltaicas de um módulo sob condições ambientes e
solarimétricas ideais. Esse tipo de teste é feito para que painéis de diferentes fabricantes

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ao redor do mundo possam ser experimentados, comparados e classificados sob os


mesmos parâmetros técnicos. Garantindo assim que diferentes módulos de 410 Wp, por
exemplo, apresentam essa mesma quantidade real de potência nominal em qualquer
lugar do mundo.

Dessa forma, sob as condições STC, inicialmente, as células fotovoltaicas precisam estar
a uma temperatura de 25ºC. Aqui, vale frisar que não é a temperatura ambiente que
está a 25 graus, mas sim as células fotovoltaicas. A quantidade de radiação solar
disponível deve ser de 1.000 W/m² distribuída homogeneamente por toda a área
delimitada de teste. E, por fim, a quantidade de massa de ar que o raio solar deve
atravessar é de um espectro de 1.5 AM (massas atmosféricas). Em outras palavras,
significa dizer que o Sol está de tal forma que a radiação solar índice sobre a célula a um
ângulo médio de 48,19º em relação ao plano horizontal.

Como resultado desses testes, ao final do processo produtivo de um módulo


fotovoltaico são obtidos os dados técnicos de operação do painel sob as condições STC,
como potência máxima nominal, corrente de curto-circuito, tensão de circuito-aberto,
entre outros, como ilustrado na, a seguir.

Figura 39 - Condições STC do módulo fotovoltaico. Fonte:


https://www.jasolar.com.cn/uploadfile/2020/0123/20200123123344322.pdf

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4.8.3 Condições NOCT/NMOT


A segunda maneira de se aferir as características técnicas de um módulo fotovoltaico é
através dos parâmetros NMOT (Nominal Module Operating Temperature) ou NOCT
(Nominal Operating Conditions Test). Diferentemente do que acontece nas condições
ideais STC, onde dificilmente o módulo fotovoltaico será exposto ao cenário teórico, os
testes realizados sob a ótica das condições normais de operação estabelecem
características diferentes, como por exemplo, a radiação solar disponível em 800 W/m²
ao invés de 1.000 W/m², valor mais próximo da realidade comum aos sistemas
fotovoltaicos. Outra mudança acontece com a percepção de temperatura, pois agora se
considera apenas que a temperatura ambiente deve estar em 20ºC (não mais a da célula
fotovoltaica). E por fim, a inclinação do módulo deve ser de 45º e a velocidade do vento
a 1 m/s.

Figura 40 - Condições NOCT do módulo fotovoltaico. Fonte:


https://www.jasolar.com.cn/uploadfile/2020/0123/20200123123344322.pdf

Vale ressaltar que apesar das condições NOCT representarem resultados de parâmetros
técnicos de cenários supostamente reais, a referência de dados STC é a mais utilizada e
considerada por todos que trabalham com energia solar.

4.8.4 Coeficientes de temperatura


Na prática, para se utilizar dos dados em condições STC em cenários reais do dia-a-dia,
os parâmetros técnicos são corrigidos por coeficientes que variam proporcionalmente à
temperatura de trabalho da célula fotovoltaica.

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Esse é o cenário mais comum de aplicação do gerador fotovoltaico. Por isso, para se
obter dados fiéis dos parâmetros técnicos do painel quando estiver em uma condição
genérica de uso, deve-se aplicar os coeficientes de temperatura para correção das
informações STC mostradas no datasheet, como ilustrado a seguir.

Figura 41 - Coeficientes de temperatura STC. Adaptado de:


https://www.jasolar.com.cn/uploadfile/2020/0123/20200123123344322.pdf

Os parâmetros de corrente e tensão, como já mencionados, são dependentes da


temperatura a qual estão inseridos. Dessa forma, no exemplo da ilustração estudada,
para cada 1ºC de aumento na temperatura da célula fotovoltaica, a corrente de curto-
circuto (Isc) se eleva em 0,058% e a tensão de circuito-aberto (Voc) se reduz em 0,330%.
Como a queda de tensão é maior que o aumento de corrente e a potência elétrica do
módulo (Pmax) é o resultado da multiplicação da tensão pela corrente, Pmax se contrai
em 0,410% para cada acréscimo de grau na temperatura de trabalho da célula.
Todo sistema fotovoltaico na fase de dimensionamento, necessita da correção dos
parâmetros técnicos do módulo utilizado para a condições reais de aplicação do projeto.
Por isso, tenha sempre em mãos o datasheet do painel utilizado para consultar os
valores em questão e realizar um trabalho de qualidade.

4.8.5 Grandezas elétricas padrão


Quadro 2 - Grandezas elétricas padrão

Grandeza Sigla Descrição Unidade


Nominal Maximum Power Pmax Potência nominal do módulo Watt (W)
Open Circuit Voltage Voc Tensão de circuito-aberto Volts (V)
Maximum Power Voltage Vmp Tensão em máxima potência Volts (V)
Short Circuit Current Isc Corrente de curto-circuito Ampère (A)
Maximum Power Current Imp Corrente em máxima potência Ampère (A)

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• Potência nominal de módulo: condição atingida apenas sob o cenário ideal de


STC, onde não há perdas. Em um cenário real, a potência do módulo será sempre
abaixo da ideal. Por isso, denota-se a potência nominal do módulo em “Watt-
pico (Wp)”, pois o máximo (pico) somente é atingido na condição ideal de teste;
• Tensão de circuito-aberto: ocorre nas situações onde os polos positivo e
negativo do módulo ou string estão desconectados da carga. Dessa forma, não
há passagem de corrente elétrica pelos painéis. Essa condição geralmente é
atingida nas primeiras horas do dia, ainda quando a temperatura ambiente está
sob valores mais baixos;
• Tensão em máxima potência: cenário atingido quando o módulo está operando
sob as condições ideias de STC;
• Corrente de curto-circuito: valor de corrente máximo que pode percorrer um
módulo fotovoltaico. Nessas condições, o valor de tensão do painel está em erro
Volts e os polos positivo e negativo do módulo ou string estão ligados
diretamente entre si;
• Corrente em máxima potência: cenário atingido quando o módulo está
operando sob as condições ideias de STC.

4.8.6 Rendimento energético de módulos fotovoltaicos

4.8.6.1 Temperatura das células fotovoltaicas


Como mencionado, todos os parâmetros dos módulos fotovoltaicos e estudos
relacionados ao dimensionamento de um sistema fotovoltaico são feitos com base nas
condições STC, onde as células estão a 25ºC e a temperatura ambiente a 0ºC. Por
isso, essa será a temperatura padrão para os cálculos a seguir. Dessa forma, a
primeira conclusão que se tem é que a célula fotovoltaica tem uma diferença
de 25ºC em relação à temperatura ambiente.

4.8.6.2 Temperatura de operação das células fotovoltaicas


O cálculo da temperatura real visa compreender sob qual valor de operação estão
submetidas as células fotovoltaicas para ser possível aplicar os coeficientes de
temperatura. Dessa forma, tem-se:

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𝑇𝑟𝑒𝑎𝑙 = 𝑇𝑎𝑚𝑏 + ∆𝑡

Onde,

Treal = temperatura de operação da célula fotovoltaica;

Tamb = temperatura ambiente do local de aplicação da célula fotovoltaica;

∆t = temperatura padrão da célula fotovoltaica em ambiente a 0ºC.

Tomando como exemplo uma célula fotovoltaica localizada no município de Ribeirão


Preto, estado de São Paulo, onde a temperatura ambiente média é de 29ºC, a
temperatura real da célula é de:

𝑇𝑟𝑒𝑎𝑙 = 𝑇𝑎𝑚𝑏 + ∆𝑡

𝑇𝑟𝑒𝑎𝑙 = 29º𝐶 + 25º𝐶

𝑇𝑟𝑒𝑎𝑙 = 54º𝐶

4.8.6.3 Diferença de temperatura para cálculo do rendimento


Uma vez conhecida a temperatura real de trabalho da célula fotovoltaica sob incidência
de raios solares, é chegada a hora de saber qual a quantidade de temperatura além
daquela padrão da célula que irá causar distorções ao efeito fotovoltaico.

Como estudado, para os testes sob condições STC, a temperatura ambiente está a 0ºC
enquanto a temperatura da célula está a 25ºC. Dessa forma, esse é o valor de referência
considerado.

A equação a seguir calcula qual é o valor de temperatura além dos 25ºC que alteram os
parâmetros de geração da célula fotovoltaica.

𝑇𝑐𝑎𝑙𝑐 = 𝑇𝑟𝑒𝑎𝑙 − 𝑇𝑟𝑒𝑓

Tcalc = diferença de temperatura entre o valor real da célula e o valor de referência;

Treal = temperatura de operação da célula fotovoltaica;

Tref = temperatura de referência em STC da célula fotovoltaica.

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Retomando o exemplo da seção anterior, onde a temperatura de operação da célula


fotovoltaica é de 54ºC, qual é a diferença de temperatura entre a real e a referência,
que causa mudança nos parâmetros padrão da célula?

𝑇𝑐𝑎𝑙𝑐 = 𝑇𝑟𝑒𝑎𝑙 − 𝑇𝑟𝑒𝑓

𝑇𝑐𝑎𝑙𝑐 = 54º𝐶 − 25º𝐶

𝑇𝑐𝑎𝑙𝑐 = 29º𝐶

4.8.6.4 Parâmetros reais sob coeficiente de temperatura


A fim de aplicar os conhecimentos obtidos dos efeitos da temperatura ambiente nos
parâmetros de potência, tensão e corrente da célula fotovoltaica, considere o módulo
fotovoltaico JAP72S01 de 330 Wp ilustrado na Figura 39 e os dados técnicos informados
sob testes nas condições STC.

Agora, considere que esse módulo fotovoltaico está localizado, novamente, no


município de Ribeirão Preto, sob a temperatura ambiente de 29ºC. Já foi visto também
que esse é o valor de Tcalc considerado para os coeficientes de temperatura.

Os cálculos são os seguintes:

4.8.6.5 Potência nominal máxima sob o coeficiente de temperatura


Potência nominal (Pmax) do módulo JAP72S01 = 330 Wp;

Tcalc = 29ºC;

Da Figura 41, o coeficiente de temperatura Pmax = -0,410%/ºC;

𝑄𝑃𝑚𝑎𝑥 = 𝑇𝑐𝑎𝑙𝑐 ∗ 𝛾_𝑃𝑚𝑝

𝑄𝑃𝑚𝑎𝑥 = 29º𝐶 ∗ (−0,410%/º𝐶)

𝑄𝑃𝑚𝑎𝑥 = −11,89%

Perceba que o resultado do quociente QPmax indica que a potência nominal do módulo
fotovoltaico se reduzirá em 11,89% quando inserido em um local que está a uma
temperatura ambiente de 29ºC.

𝑃𝑚𝑎𝑥𝑟𝑒𝑎𝑙 = 𝑃𝑚𝑎𝑥 ∗ (100% + 𝑄𝑃𝑚𝑎𝑥 )

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𝑃𝑚𝑎𝑥𝑟𝑒𝑎𝑙 = 330 ∗ (100% − 11,89%)

𝑃𝑚𝑎𝑥𝑟𝑒𝑎𝑙 = 330 ∗ 88,11%

𝑃𝑚𝑎𝑥𝑟𝑒𝑎𝑙 = 290,76 𝑊𝑝

Portanto, como calculado, a potência nominal do módulo fotovoltaico quando inserido


em um local com temperatura ambiente de 29ºC é de 290,76 Wp.

4.8.6.6 Tensão de circuito-aberto sob o coeficiente de temperatura


Para o cálculo da tensão de circuito-aberto sob condições reais de operação, o cálculo,
é:

Tensão de circuito-aberto (Voc) do módulo JAP72S01 = 46,40 V;

Tcalc = 29ºC;

Da Figura 41, o coeficiente de tensão de circuito-aberto Voc = -0,330%/ºC;

𝑄𝑉𝑜𝑐 = 𝑇𝑐𝑎𝑙𝑐 ∗ 𝛽_𝑉𝑜𝑐

𝑄𝑉𝑜𝑐 = 29º𝐶 ∗ (−0,330%/º𝐶)

𝑄𝑉𝑜𝑐 = −9,57%

Perceba que o resultado do quociente QVoc indica que a tensão de circuito-aberto do


módulo fotovoltaico se reduzirá em 9,57% quando inserido em um local que está a uma
temperatura ambiente de 29ºC.

𝑉𝑜𝑐𝑟𝑒𝑎𝑙 = 𝑉𝑜𝑐 ∗ (100% + 𝑄𝑉𝑜𝑐 )

𝑉𝑜𝑐𝑟𝑒𝑎𝑙 = 46,40 ∗ (100% − 9,57%)

𝑉𝑜𝑐𝑟𝑒𝑎𝑙 = 46,40 ∗ 90,43%

𝑉𝑜𝑐𝑟𝑒𝑎𝑙 = 41,96 𝑉

Portanto, como calculado, a tensão de circuito-aberto do módulo fotovoltaico quando


inserido em um local com temperatura ambiente de 29ºC é de 41,96 V.

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4.8.6.7 Corrente de curto-circuito sob o coeficiente de temperatura


Por fim, para o cálculo da corrente de curto-circuito sob condições reais de operação, o
cálculo, é:

Corrente de curto-circuito (Isc) do módulo JAP72S01 = 9,28 A;

Tcalc = 29ºC;

Da Figura 41, o coeficiente de corrente de curto-circuito Isc = +0,058%/ºC;

𝑄𝐼𝑠𝑐 = 𝑇𝑐𝑎𝑙𝑐 ∗ 𝛼_𝐼𝑠𝑐

𝑄𝐼𝑠𝑐 = 29º𝐶 ∗ (+0,058%/º𝐶)

𝑄𝐼𝑠𝑐 = 1,682%

Perceba que o resultado do quociente QIsc indica que a corrente de curto-circuito do


módulo fotovoltaico aumentará em 1,682% quando inserido em um local que está a
uma temperatura ambiente de 29ºC.

𝐼𝑠𝑐𝑟𝑒𝑎𝑙 = 𝐼𝑠𝑐 ∗ (100% + 𝑄𝐼𝑠𝑐 )

𝐼𝑠𝑐𝑟𝑒𝑎𝑙 = 9,28 ∗ (100% + 1,682%)

𝐼𝑠𝑐𝑟𝑒𝑎𝑙 = 9,28 ∗ 101,682%

𝐼𝑠𝑐𝑟𝑒𝑎𝑙 = 9,43 𝐴

Portanto, como calculado, a corrente de curto-circuito do módulo fotovoltaico quando


inserido em um local com temperatura ambiente de 29ºC é de 9,43 A.

4.9 ESTIMATIVA DE PRODUÇÃO DE ENERGIA


Para finalizar os estudos referentes ao módulo fotovoltaico, a geração de energia
elétrica pode ser calculada da seguinte maneira:

𝐸𝑔𝑒𝑟 = 𝑃𝑚𝑎𝑥 ∗ 𝐻𝑆𝑃

Tomando como exemplo o módulo fotovoltaico JAP72S01 de 330 Wp localizado em


Ribeirão Preto e os dados solarimétricos do município, extraídos do CRESESB e ilustrados

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na Figura 42, veja como fica o cálculo da energia gerada para a média HSP anual do
município, sob as condições ideais STC, de acordo com o plano horizontal.

Figura 42 - Dados solarimétricos de Ribeirão Preto-SP. Fonte: http://www.cresesb.cepel.br/index.php#data

𝐸𝑔𝑒𝑟 = 330 𝑊𝑝 ∗ 5,08 ℎ𝑜𝑟𝑎𝑠/𝑑𝑖𝑎

𝐸𝑔𝑒𝑟 = 1.676,40 𝑊ℎ/𝑑𝑖𝑎

Para um cenário real de aplicação em temperatura ambiente de 29ºC, já foi calculado


que a potência nominal é reduzida para 290,76 Wp. Dessa forma, a geração de energia
também diminui:

𝐸𝑔𝑒𝑟 = 290,76 𝑊𝑝 ∗ 5,08 ℎ𝑜𝑟𝑎𝑠/𝑑𝑖𝑎

𝐸𝑔𝑒𝑟 = 1.477,06 𝑊ℎ/𝑑𝑖𝑎

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4.10 REFERÊNCIAS
PINHO, J. T. e GALINDO, M. A. Manual de engenharia para sistemas fotovoltaicos. Rio
de Janeiro: CEPEL - CRESESB. Março de 2014. Disponível em:
<http://www.cresesb.cepel.br/publicacoes/download/Manual_de_Engenharia_FV_20
14.pdf>. Acesso em: 29 de julho de 2020.

COSTA, Luiz. Por que os módulos solares devem ter a certificação IEC 61215. Disponível
em: <https://industria4-0.com/por-que-os-modulos-solares-devem-ter-a-certificacao-
iec-61215/>. Acesso em: 30 de julho de 2020.

WIKIPEDIA. Polyvinyl fluoride. Disponível em:


<https://en.wikipedia.org/wiki/Polyvinyl_fluoride>. Acesso em: 30 de julho 2020.

POWER SUN SUNLIGHT. Why Is a Solar Backsheet (PV Backsheet) important in a solar
PV panel? Disponível em: <https://www.powerfromsunlight.com/why-is-a-solar-
backsheet-pv-backsheet-important-in-a-solar-pv-panel/>. Acesso em: 30 de julho de
2020.

ABRAVIDRO. Vidros para painéis fotovoltaicos: saiba como eles devem ser. Disponível
em: <https://abravidro.org.br/punoticias/vidros-para-paineis-fotovoltaicos-saiba-
como-eles-devem-ser/>. Acesso em: 30 de julho de 2020.

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5. UTILIZAÇÃO EM SISTEMAS FOTOVOLTAICOS

5.1 BATERIAS

5.1.1 Funções básicas


A bateria, em sua unidade ou, no conjunto, banco de baterias, é um dos principais
componentes de um sistema fotovoltaico. Seja ele autônomo ou híbrido, a aplicação dos
acumuladores de energia pode ser diversa.

Para os sistemas off-grid, o banco de baterias é o responsável por fornecer energia de


forma estável à carga através dos controladores de carga, eliminando a intermitência do
fluxo de geração oriundo dos módulos fotovoltaicos. Além disso, são responsáveis por
garantir a confiabilidade do sistema gerador durante o período desejado de
fornecimento.

Já, nos sistemas fotovoltaicos híbridos, as baterias admitem operar como sistema de
backup para os momentos de falha na rede pública de distribuição, eliminadores dos
picos de demanda ou programados para fornecer energia em horários tarifários
específicos como o “horário de ponta”, onde a energia é mais cara para o consumidor.

5.1.2 Características construtivas


As baterias, independente do modelo, possuem características básicas comum a todas.
Dentre elas, estão os polos positivo e negativo, a carcaça rígida e a reação eletroquímica
para armazenamento e liberação de energia elétrica.

Dessa forma, o precisa ser primeiramente entendido sobre as baterias é que o princípio
de funcionamento se dá por uma reação química entre o lado positivo (ânodo) e o lado
negativo (cátodo). As cargas elétricas se desprendem de um lado e vão em direção ao
outro, realizando a recombinação das partículas atômicas. Esse movimento cíclico e
constante resulta na liberação dos elétrons e, por consequência, na corrente elétrica. A
diferença de potencial percebida entre os polos da bateria é uma das responsáveis por
permitir esse movimento ordenado das cargas elétricas.

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O meio eletrolítico da bateria serve de caminho para o transporte das cargas. Através
dele é que se torna possível realizar as sucessivas funções de carga/descarga da bateria.

Figura 43 - Esquema básico de funcionamento da bateria. Fonte: https://realizeeducacao.com.br/wiki/pilhas-e-


eletrolise/

5.1.3 Autonomia
A autonomia da bateria está ligada à quantidade de células catódicas e anódicas
presentes no conjunto. Quanto maior o número de placas positivas e negativas, maior a
capacidade de fornecimento de energia da bateria.

Outro fator relevante está relacionado à qualidade dos componentes utilizados na


reação química de carga/descarga. Baterias produzidas com materiais de baixa
qualidade, resultarão em ciclos com profundidade de descarga mais estreitos.

5.1.4 Vida-útil
A vida-útil está relacionada com a qualidade da bateria, mas principalmente ao modo
de uso a qual é aplicada.

Por serem acumuladores de energia com capacidade finita, a longevidade do período de


fornecimento fica diretamente proporcional à intensidade a qual se exige do conjunto.
Dessa forma, baterias impostas a demandas extremas fornecerão energia por menos
tempo que aquelas ligadas a cargas de baixo consumo.

Esse fator está relacionado à profundidade de descarga (Pd). No gráfico da Figura 44 a


seguir, está ilustrada a curva típica da vida-útil de uma bateria. Veja que quanto menor
for a necessidade de descarga da bateria por ciclo, maior será a sua durabilidade.

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Figura 44 - Profundidade de descarga. Fonte: https://www.solenerg.com.br/files/A-bateria-estacionaria-em-


geradores-fotovoltaicos-autonomos.pdf

Tomando como exemplo a bateria estacionária (C20) citada no gráfico, para um cenário
onde a descarga seja 55% da sua capacidade nominal de fornecimento, essa bateria terá
vida-útil de 500 ciclos. Caso o ciclo de carga/descarga seja diário, então ter-se-á 500 dias.
Por outro lado, para mesma bateria com descargas de apenas 20%, a vida-útil estimada
será de 2.200 dias, aproximadamente, caso o ciclo também seja diário.

5.2 CONTROLADOR DE CARGA

5.2.1 Princípio de funcionamento


Instalado entre os painéis fotovoltaicas e o banco de baterias, o controlador de carga
gerencia o fornecimento estável de energia para as cargas elétricas conectadas ao
circuito, ponderando os momentos de carga/descarga das baterias e o fornecimento de
energia através dos módulos fotovoltaicos.

Além disso, é o dispositivo eletrônico responsável por fornecer proteção ao banco de


baterias em uma instalação fotovoltaica autônoma. Dessa forma, o controlador regula
o processo de carga e descarga das baterias, permitindo que elas sejam carregadas
completamente e que não sejam descarregadas abaixo de um valor seguro.

Como ilustrado na Figura 45, a seguir, um controlador típico possui entrada para os
painéis fotovoltaicos, saídas para as baterias e cargas.

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Figura 45 - Circuito elétrico com controlador de carga. Adaptado de:


https://rbens.emnuvens.com.br/rbens/article/download/40/

Na prática, como os controladores funcionam?

É através do nível de tensão das baterias é que o controlador consegue determinar o


estado de carga do conjunto. Com essa aferição, controlam a tensão aplicada sobre o
banco e a intensidade de corrente que flui para as baterias. Quanto maior a necessidade
de carga, maior será o fluxo de corrente. À medida em que estas se aproximam da carga
máxima, a injeção de energia no banco se reduz até alcançar o estado de flutuação que
mantém a carga das baterias em nível constante e seguro.

Todas as funcionalidades do controlador de carga estão voltadas para a preservação das


baterias, correto uso em carga/descarga e manutenção da longa vida-útil do banco.

As principais características de um controlador são:

• Proteção contra corrente reversa: desconecta os painéis fotovoltaicos para


prevenir que as baterias dissipem energia nos módulos durante a noite;
• Controle de descarga: desligamento da saída de cargas elétricas para evitar
descarga das baterias abaixo de valores seguros;
• Monitoramentos do sistema: medidores digitais ou analógicos, LEDs
indicadores ou alarmes de advertência;

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• Proteção contra sobrecorrente: através de fusíveis ou disjuntores;


• Controle de cargas secundárias: controle automático de cargas secundárias,
como lâmpadas, bombas d’água ou outras com temporizadores e
chaveamentos;
• Compensação de temperatura: necessários quando as baterias são instaladas
em área não climatizada. A tensão de carga é ajustada em função da
temperatura ambiente.

5.2.2 Tipos de controladores de carga

5.2.2.1 On/Off
Os modelos mais comuns e simples de controladores de carga. Através de circuitos
eletrônicos simplificados, carregam as baterias através da injeção variável de corrente
elétrica sobre o conjunto de acumuladores.

Da maneira mais simplificada, a carga é alimentada recebendo energia das baterias até
que essas chegam a um limite de descarga que apresentem tensão abaixo do valor
nominal. A partir daí o controlador ‘liga’(On) a fonte de recarga (painéis fotovoltaicos)
para fornecer energia às baterias e a carga elétrica conectada até que os acumuladores
atinjam novamente os limites nominais de tensão e ‘desliguem’ (Off) a fonte solar.

5.2.2.2 PWM
Controladores de carga com tecnologia PWM utilizam de topologia mais complexa para
fazer o processo de carga/descarga das baterias. Diferentemente dos controladores
On/Off, que trabalham pautados na variação de tensão das baterias para promover o
fluxo de corrente, os controladores PWM trabalham com tensão constante e variação
pulsante de corrente elétrica para definir os períodos de carga, descarga e flutuação.

A Figura 46, a seguir, ilustra o princípio de funcionamento de um controlador PWM.

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Figura 46 - Princípio de funcionamento do controlador de carga PWM. Adaptado de:


https://rbens.emnuvens.com.br/rbens/article/download/40/

5.2.2.3 MPPT
Os controladores do tipo MPPT, do termo inglês “maximum power point tracking”, que
significa rastreador do ponto de potência máxima, são os dispositivos mais modernos
disponíveis no mercado para aqueles que buscam trabalhar com sistemas fotovoltaicos
autônomos com banco de baterias.

Possuem eletrônica embarcada de alta tecnologia e um princípio de funcionamento que


visa fornecer a maior potência possível às baterias e às cargas elétricas conectadas,
fazendo um controle ativo da tensão e corrente oriundas dos painéis fotovoltaicos.
Dessa forma, o controlador consegue operar com alto rendimento energético mesmo
em dias de baixa insolação.

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5.3 INVERSOR AUTÔNOMO

5.3.1 Características construtivas

Figura 47 - Inversor fotovoltaico autônomo. Fonte: https://www.minhacasasolar.com.br/produto/inversor-de-


2000w-12v-220v-onda-modificada-hayonik-pw-hay2000-79572

Inversores fotovoltaicos autônomos ou “off-grid”, são equipamentos que convertem a


energia elétrica na forma de corrente contínua (CC) oriunda dos painéis fotovoltaicos e
grupos de baterias em energia na forma de corrente alternada (CA).

O termo autônomo se dá pelo princípio de funcionamento do inversor que opera


completamente desconectado (isolado) da rede elétrica de distribuição. Dessa forma,
precisam simular, eletronicamente, as características elétricas da rede, como tensões
em corrente alternada e frequência de 60 Hz.

5.3.2 Carcaça
Por serem equipamentos compactos e sensíveis, os inversores autônomos, na grande
maioria das vezes são podem ser instalados ao tempo, sob sol e chuva. Precisam de
ambientes abrigados e com boa circulação de ar. Além disso, são construídos em
alumínio, realizando a troca de calor com o meio externo através das aletas laterais da
carcaça do equipamento e pela ventilação forçada proveniente das ventoinhas.

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5.3.3 Tipos de inversores


A valoração dos inversores autônomos varia de acordo com a capacidade de potência
elétrica do equipamento e qualidade de onda elétrica fornecida à carga.

A seguir são apresentados os três tipos mais comuns de onda quadrada, senoidal
modificada e senoidal pura.

5.3.3.1 Onda quadrada


Tipo construtivo mais simples de inversores autônomos. Por terem menor quantidade
de circuitos eletrônicos, são os mais baratos do mercado e fornecem energia em
corrente alternada na forma de ondas quadradas.

Figura 48 - Onda quadrada. Fonte: https://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/questoes/33750582-d1

A baixa qualidade da energia fornecida por esses inversores reduz a eficiência de


funcionamento dos sistemas fotovoltaicos, além restringir as possibilidades de uso dos
equipamentos que se deseja alimentar. Eletrodomésticos, eletroeletrônicos e
informática são exemplos de cargas que não podem ser conectadas aos inversores
autônomos de onda quadrada.

5.3.3.2 Onda senoidal modificada


Os próximos na escalada de qualidade são os inversores com onda senoidal modificada.
Dotados de melhor eletrônica embarcada, possuem características construtivas que
permitem aos equipamentos fornecer energia em corrente alternada em ondas que
mais se assemelham às senoidais.

Por esse motivo, possuem maior preço se comparados aos de onda quadrada. Por outro
lado, conferem maior eficiência energética ao sistema fotovoltaico e conseguem

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alimentar cargas mais sensíveis como aparelhos de televisão, rádio e outros


eletroeletrônicos.

Figura 49 - Onda senoidal modificada. Fonte: http://www.eletricistaconsciente.com.br/pontue/fasciculos/3-


inversores/conceito-e-inversores-desconectados-off-grid/

5.3.3.3 Onda senoidal pura


Por fim, os inversores autônomos de onda senoidal pura são os equipamentos que
fornecem a melhor qualidade no fornecimento de energia elétrica à carga. Em
contrapartida, são os modelos mais caros do mercado.

Nas situações onde seja necessário conectar dispositivos extremamente sensíveis às


variações de energia, como informática e telecomunicações, os inversores de onda
senoidal pura são essenciais.

Figura 50 - Onda senoidal pura. Fonte: http://www.eletricistaconsciente.com.br/pontue/fasciculos/3-


inversores/conceito-e-inversores-desconectados-off-grid/

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5.4 INVERSOR INTERATIVO

5.4.1 Características construtivas

Figura 51 - Inversor fotovoltaico tipo string. Fonte: https://sicessolar.com.br/inversores-trifasicos-sungrow/

O inversor fotovoltaico interativo, “grid-tie” ou “on-grid”, é o equipamento utilizado


para realizar a conversão da corrente contínua (CC) em alternada (CA) nos sistemas
fotovoltaicos conectados à rede.

Por serem dispositivos bastante robustos, acumulam as funções dos controladores de


carga e inversores autônomos em um único equipamento, além de outras dezenas de
funções.

Nas entradas em corrente contínua, os inversores recebem a energia oriunda


diretamente do módulos fotovoltaicos. Com os mais variados tipos, fornecem 1, 2, 6, 14
ou até mais entradas independentes para as strings de módulos. Em conjunto às
entradas CC, esses inversores também possuem os seguidores de ponto máximo de
potência (MPPT).

O processo de conversão CC/CA conta com tecnologia embarcada para realizar tal
função com excelência e segurança. Por isso, a energia elétrica injetada em corrente

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alternada precisa seguir os parâmetros da rede elétrica de distribuição no qual o


inversor está conectado.

Essa é a principal diferença entre o inversor autônomo e o interativo, pois o primeiro


converte a energia de acordo com os parâmetros internos do equipamento. Já o
segundo, precisa capturar todos os parâmetros da rede elétrica como frequência,
distorções harmônicas, fator de potência e nível de tensão das fases para que a energia
produzida pelo fotovoltaico seja injetada de forma idêntica para então poder ser
utilizada pelas cargas conectadas.

Os inversores interativos, por estarem em paralelismo constante com a rede elétrica,


também devem conter dispositivos de proteção que monitoram constantemente a
entrada e saída de energia. Dessa forma, na existência de surtos e instabilidades, o
inversor se desconecta e cessa a geração de energia. Além disso, contam com chaves
seccionadores e dispositivos de proteção contra surtos (DPS), em alguns casos,
internamente ao invólucro do equipamento.

5.4.2 Carcaça
Versáteis e resistentes, os inversores interativos geralmente são projetados para
suportarem ao ambiente externo. Por isso, os fabricantes apostam em equipamentos
com grau de proteção IP 65 e 67, na grande maioria.

No entanto, vale ressaltar que isso não garante ao inversor, trabalhar totalmente
exposto ao sol ou chuva. Dessa forma, mesmo estando em área extrema, dever possuir
cobertura mínima para que as intempéries impactem o equipamento de forma indireta
e reduzida.

A troca de calor com o ambiente externo pode ser realizada diretamente através da
carcaça em alumínio do inversor que geralmente possuem aletas laterais e traseiras para
promover a troca de calor com o ambiente. Em outros casos, os equipamentos são
providos de ventoinhas que realizam a troca de calor de maneira forçada com o
ambiente externo.

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5.4.3 Tipos de inversores


Após conhecer as características construtivas e princípios de funcionamento dos
inversores interativos, chegou a hora de saber os três modelos disponíveis no mercado.
Dispostos em ordem crescente de capacidade de potência, a saber:

5.4.3.1 Microinversor
Os microinversores são aqueles desenvolvidos com o intuito de operar mais próximos
aos módulos fotovoltaicos. Dessa forma, possuem baixa potência de conversão, com
capacidade para conectar 1 a 4 módulos por unidade. Como ficam instalados logo abaixo
dos painéis, todo o transporte de energia é feito em corrente alternada.

Figura 52 - Sistema fotovoltaico com microinversores. Fonte: https://microinversor.com.br/as-vantagens-dos-micro-


inversores/?v=9a5a5f39f4c7

5.4.3.2 Inversor string


Os próximos na escala de potência são os inversores tipo string. Como o nome já diz,
são preparados para receber conjuntos maiores de módulos fotovoltaicos subdivididos
em séries. Por terem maior capacidade de conversão de energia, conseguem sozinhos
suprir a necessidade dos imóveis, na grande maioria. São instalados em locais abrigados
do sol, chuva e fixados em paredes. Por isso, alguns os conhecem como “inversores de
parede”.

5.4.3.3 Inversor central


Desenvolvidos para suportar aos grandes parques fotovoltaicos, os inversores centrais
são equipamentos extremamente robustos com capacidade de conversão CC/CA de
circuitos em alta tensão.

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Comumente implementados em containers, esses inversores agrupam em um único


conjunto, os blocos de entrada e proteção CC, conversão CC/CA, transformação para
alta tensão e proteção CA, além dos circuitos de monitoramento da planta fotovoltaica.

Figura 53 - Inversor fotovoltaico central. Fonte: https://www.sungrowpower.com/pt-br/node/99

5.4.4 MPPT
O MPPT, como estudando anteriormente, é a tecnologia dos controladores de carga e
inversores interativos que permite produzir a melhor relação de potência para a
conversão CC/CA através das tensões e correntes de entrada dos módulos fotovoltaicos.

O princípio de funcionamento dos seguidores de máxima potência é proporcionar


independência às entradas dos inversores interativos. Dessa forma, os equipamentos
mais modernos possuem MPPTs distintos para cada entrada de string.

5.4.5 Monitoramento online


Por fim, para que a geração elétrica e os parâmetros de desempenho do sistema
fotovoltaico possam ser acompanhados mais de perto, os inversores interativos
possuem o módulo que realiza o monitoramento online do equipamento. Dessa forma,
via internet, é possível saber com riqueza de detalhes a quantidade de energia
convertida no dia, valores de tensão, corrente e potência CC/CA, além de ser informado
sobre alertas e falhas do equipamento.

Os principais fabricantes mundiais de inversores investem constantemente em


proporcionar aos usuários, sistemas e plataformas de monitoramento cada vez mais
avançadas, a fim de elevar a confiabilidade e valoração do produto.

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5.5 REFERÊNCIAS
CASA ECO SUSTENTÁVEL. Controlador de carga energia solar e sistema fotovoltaico.
Disponível em: <https://casaecosustentavel.com.br/controlador-de-carga-energia-
solar-e-sistema-fotovoltaico/>. Acesso em: 28 de agosto de 2020.

ELETRICISTA CONSCIENTE. Conceito de inversores desconectados off-grid. Disponível


em: <http://www.eletricistaconsciente.com.br/pontue/fasciculos/3-
inversores/conceito-e-inversores-desconectados-off-grid/>. Acesso em: 28 de agosto
de 2020.

ENERGIA TOTAL. Controladores de carga, para que servem? Disponível em:


<https://www.energiatotal.com.br/controladores-de-carga-para-que-servem>. Acesso
em: 28 de agosto de 2020.

MINHA CASA SOLAR. Controlador de carga e descarga. Disponível em:


<https://www.minhacasasolar.com.br/saiba-mais-controlador-de-carga>. Acesso em:
28 de agosto de 2020.

MPPT SOLAR. Qual controlador de carga solar escolher. Disponível em:


<https://www.mpptsolar.com/pt/controlador-de-carga-solar-qual-escolher.html>.
Acesso em: 28 de agosto de 2020.

PINHO, J. T. e GALINDO, M. A. Manual de engenharia para sistemas fotovoltaicos. Rio


de Janeiro: CEPEL - CRESESB. Março de 2014. Disponível em:
<http://www.cresesb.cepel.br/publicacoes/download/Manual_de_Engenharia_FV_20
14.pdf>. Acesso em: 29 de agosto de 2020.

REALIZE EDUCAÇÃO. Pilhas e Eletrólise. Disponível em:


<https://realizeeducacao.com.br/wiki/pilhas-e-eletrolise/>. Acesso em: 29 de agosto
de 2020.

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6. EXEMPLO DE DIMENSIONAMENTO 01

Pretende-se desenvolver um sistema fotovoltaico autônomo com armazenamento de


energia para alimentar 04 lâmpadas de LED com potência de 15 W e tensão variável de
120-220 V.

Figura 54 - Lâmpada LED 15 W. Fonte: https://www.leroymerlin.com.br/lampada-led-bulbo-luz-neutra-15w-lexman-


bivolt_89905221?region=outros&gclid=Cj0KCQjw-af6BRC5ARIsAALPIlXHULoATrRe_F92Wi54Rws1jzM5OUQm-
ZjlqTcTtzEZFawTggN8WbUaArcLEALw_wcB

O sistema fotovoltaico será instalado no município de Ribeirão Preto, estado de São


Paulo. As lâmpadas permanecerão em funcionamento diário equivalente a 8 horas. Os
ciclos de carga/descarga das baterias serão diários, com autonomia também diária.

A sequência de cálculo a seguir dizem respeito ao desenvolvimento do projeto


fotovoltaico estudado.

6.1 POTÊNCIA TOTAL DA CARGA


𝑃𝑜𝑡ê𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙𝑐𝑎𝑟𝑔𝑎 = 4 𝑙â𝑚𝑝𝑎𝑑𝑎𝑠 ∗ 15 𝑊 = 60 𝑊

6.2 ENERGIA TOTAL CONSUMIDA PELA CARGA


𝐶𝑜𝑛𝑠𝑢𝑚𝑜 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙𝑐𝑎𝑟𝑔𝑎 = 60 𝑊 ∗ 8 ℎ𝑜𝑟𝑎𝑠/𝑑𝑖𝑎 = 480 𝑊ℎ/𝑑𝑖𝑎

6.3 ESQUEMA TÍPICO DE SISTEMA FOTOVOLTAICO


Módulo Controlador de
Inversor Carga elétrica
fotovoltaico carga

Baterias

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6.4 DEFINIÇÃO DO INVERSOR FOTOVOLTAICO


Para a escolha o inversor, deve-se levar em consideração a tensão nominal de saída do
equipamento e a capacidade de potência nominal fornecida em regime contínuo. Essa
capacidade precisa ser equivalente à demanda de potência solicitada pela carga elétrica
no pior cenário possível, ou seja, quando todas estiverem em uso ao mesmo tempo. O
inversor M-150W-24V a seguir fornece 150 W de potência nominal em regime contínuo,
com tensão de saída CA em 220-230 V e tensão de entrada CC em 24 V.

Figura 55 – Datasheet do inversor fotovoltaico. Fonte: https://www.energyshop.com.br/inversor-solar/inversor-off-


grid/inversor-off-grid-jay-energy-12vcc220vca-150w

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O rendimento energético do inversor é de 92%. Como consequência, existe 8% de perda


na conversão de energia. Dessa forma, a quantidade de energia que deve chegar ao
inversor é 8% maior que a consumida pela carga.

480 𝑊ℎ
𝐸𝑛𝑒𝑟𝑔𝑖𝑎𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎𝑑𝑎 𝑑𝑜 𝑖𝑛𝑣𝑒𝑟𝑠𝑜𝑟 = ≈ 521,74 𝑊ℎ
0,92

6.5 CONTROLADOR DE CARGA


𝐸𝑛𝑒𝑟𝑔𝑖𝑎𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎𝑑𝑎 𝑑𝑜 𝑖𝑛𝑣𝑒𝑟𝑠𝑜𝑟 521,74 𝑊ℎ
= ≈ 21,74 𝐴ℎ
𝑇𝑒𝑛𝑠ã𝑜 𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎𝑑𝑎𝑖𝑛𝑣𝑒𝑟𝑠𝑜𝑟 24 𝑉

O controlador de carga deve ter a capacidade de fornecer a quantidade de Ampère-hora


solicitada pelo inversor em 21,74 Ah, sob a tensão nominal de 24 V.

Para o exemplo, utiliza-se o controlador EPEVER PWM LS3024B que possui capacidade
de fornecer 30 Ah sob tensão nominal de 24 V.

Figura 56 - Datasheet do controlador de carga. Fonte:


https://www.neosolar.com.br/loja/fileuploader/download/download/?d=1&file=custom%2Fupload%2FFile-
1568231411.pdf

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6.6 BATERIA
A tensão nominal da bateria deve seguir o mesmo valor do inversor e controlador. Nesse
caso, 24 V. Deve-se também prestar atenção à profundidade de descarga (Pd) desejado.
Para o dimensionamento estudado, será utilizado o Pd = 30%.

21,74
𝐶𝑎𝑝𝑎𝑐𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑛𝑜𝑚𝑖𝑛𝑎𝑙𝑏𝑎𝑡𝑒𝑟𝑖𝑎 = = 72,46 𝐴ℎ
0,30

Figura 57 - Datasheet da bateria. Fonte:


https://www.neosolar.com.br/loja/fileuploader/download/download/?d=1&file=custom%2Fupload%2FFile-
1583267182.pdf

𝑇𝑒𝑛𝑠ã𝑜 𝑑𝑜 𝑖𝑛𝑣𝑒𝑟𝑠𝑜𝑟 24 𝑉
𝐵𝑎𝑡𝑒𝑟𝑖𝑎𝑠 𝑒𝑚 𝑠é𝑟𝑖𝑒 = = = 2 𝑢𝑛𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒𝑠
𝑇𝑒𝑛𝑠ã𝑜 𝑑𝑎 𝑏𝑎𝑡𝑒𝑟𝑖𝑎 12 𝑉

𝐶𝑎𝑝𝑎𝑐𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑛𝑜𝑚𝑖𝑛𝑎𝑙𝑏𝑎𝑡𝑒𝑟𝑖𝑎 72,46 𝐴ℎ


𝐵𝑎𝑡𝑒𝑟𝑖𝑎𝑠 𝑒𝑚 𝑝𝑎𝑟𝑎𝑙𝑒𝑙𝑜 = = ≈ 2 𝑢𝑛𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒𝑠
𝐶𝑎𝑝𝑎𝑐𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑡𝑒ó𝑟𝑖𝑐𝑎𝑏𝑎𝑡𝑒𝑟𝑖𝑎 36 𝐴ℎ

6.7 ARRANJO FOTOVOLTAICO


O cálculo do arranjo fotovoltaico é o último passo a ser feito no processo de
desenvolvimento de um sistema fotovoltaico. Para tanto, assim como todos os outros
componentes, deve respeitar o limite de tensão nominal do sistema gerador, em 24 V.

Caso o controlador de carga utilizado tenha eficiência energética abaixo de 100%, a


energia gerada pelo fotovoltaico deve ser superior à necessária pelo inversor, em 521,74
Wh.

Considerando que o controlador do exemplo tenha rendimento de 97%, a energia que


o sistema fotovoltaico deve gerar, é:

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521,74 𝑊ℎ
𝐸𝑛𝑒𝑟𝑔𝑖𝑎 𝐹𝑉𝑔𝑒𝑟𝑎𝑑𝑎 = = 537,87 𝑊ℎ
0,97

Considerando as condições climáticas e solarimétricas de Ribeirão Preto, tem-se as


seguintes informações:

• Latitude = 21,301º;
• Longitude = 47,949º;
• Temperatura ambiente média = 29ºC;

6.7.1 Inclinação ideal dos painéis fotovoltaicos


𝐼𝑛𝑐𝑙𝑖𝑛𝑎çã𝑜𝑖𝑑𝑒𝑎𝑙 = 1,25 ∗ 𝐿𝑎𝑡𝑖𝑡𝑢𝑑𝑒

𝐼𝑛𝑐𝑙𝑖𝑛𝑎çã𝑜𝑖𝑑𝑒𝑎𝑙 = 1,25 ∗ 21,301 = 26,62º

6.7.2 Fator K para correção do HSP


Utilizando a tabela do Fator K, corrige-se os valores mensais de HSP para a inclinação
tabelada mais próxima da real, em 25º.

JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ
PLANO
5,72 5,96 5,18 4,8 4,09 3,88 4,06 4,91 4,95 5,5 5,74 6,12
HORIZONTAL
FATOR K
1,15 1,1 1,03 0,96 0,91 0,88 0,9 0,96 1,05 1,13 1,19 1,19
(25º)
HSP
6,58 6,56 5,34 4,61 3,72 3,41 3,65 4,71 5,20 6,22 6,83 7,28
CORRIGIDO

Para um sistema fotovoltaico autônomo, utiliza-se o menor valor de HSP do ano para o
dimensionamento do conjunto fotovoltaico. Dessa forma, o HSP considerado é de 3,41
horas.

6.7.3 Correção da potência nominal


Através do coeficiente de temperatura para correção da potência nominal do módulo
fotovoltaico, obtém-se o valor real da potência do módulo utilizada no desenvolvimento
do projeto.

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Para o exemplo estudado, utiliza-se o painel fotovoltaico RESUN RSM-100P.

Figura 58 - Datasheet do módulo fotovoltaico. Fonte:


https://www.neosolar.com.br/loja/fileuploader/download/download/?d=1&file=custom%2Fupload%2FFile-
1581102865.pdf

𝐶𝑜𝑒𝑓𝑖𝑐𝑖𝑒𝑛𝑡𝑒𝑡𝑒𝑚𝑝𝑒𝑟𝑎𝑡𝑢𝑟𝑎 = 29º𝐶 ∗ (−0,39%/º𝐶)

𝐶𝑜𝑒𝑓𝑖𝑐𝑖𝑒𝑛𝑡𝑒𝑡𝑒𝑚𝑝𝑒𝑟𝑎𝑡𝑢𝑟𝑎 = −11,31%

Como a potência nominal do módulo é de 100 W, quando aplicado sob temperatura


ambiente de 29ºC, tem-se como resultado:

𝑃𝑚𝑎𝑥𝑟𝑒𝑎𝑙 = 100 ∗ (1 − 0,1131) = 88,69 𝑊

6.7.4 Cálculo dos módulos em série


𝐶𝑜𝑒𝑓𝑖𝑐𝑖𝑒𝑛𝑡𝑒𝑡𝑒𝑚𝑝𝑒𝑟𝑎𝑡𝑢𝑟𝑎 = 29º𝐶 ∗ (−0,32%/º𝐶)

𝐶𝑜𝑒𝑓𝑖𝑐𝑖𝑒𝑛𝑡𝑒𝑡𝑒𝑚𝑝𝑒𝑟𝑎𝑡𝑢𝑟𝑎 = −9,28%

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Como a tensão nominal do módulo é de 17,40 V, quando aplicado sob temperatura


ambiente de 29ºC, tem-se como resultado:

𝑉𝑚𝑝𝑟𝑒𝑎𝑙 = 17,40 ∗ (1 − 0,0928) = 15,78 𝑉

𝑇𝑒𝑛𝑠ã𝑜 𝑑𝑜 𝑐𝑜𝑛𝑡𝑟𝑜𝑙𝑎𝑑𝑜𝑟 24 𝑉
𝑀ó𝑑𝑢𝑙𝑜𝑠 𝑒𝑚 𝑠é𝑟𝑖𝑒 = = ≈ 1,52 = 2 𝑢𝑛𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒𝑠
𝑇𝑒𝑛𝑠ã𝑜 𝑑𝑜 𝑚ó𝑑𝑢𝑙𝑜 15,78 𝑉

6.7.5 Cálculo dos módulos em paralelo


537,87 𝑊ℎ
𝑀ó𝑑𝑢𝑙𝑜𝑠 𝑒𝑚 𝑝𝑎𝑟𝑎𝑙𝑒𝑙𝑜 = ≈ 1,77 = 2 𝑢𝑛𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒𝑠
88,69 𝑊 ∗ 3,41 ℎ𝑜𝑟𝑎𝑠

6.8 RESULTADO
2 strings, em paralelo, de 2 módulos de 100 W e 12 V, em série;

1 Controlador de carga PWM de 30 Ah sob tensão nominal de 24 V;

2 conjuntos em paralelo, de 2 baterias C20 de 36 Ah e 12 V, em série;

1 inversor off-grid de onda modificada de 150 W com tensão nominal de entrada CC em


24 V e tensão nominal CA de saída em 220 V.

CARGAS
ELÉTRICAS

Figura 59 - Esquemático do projeto fotovoltaico autônomo. Fonte: autor.

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7. EXEMPLO DE DIMENSIONAMENTO 02

Pretende-se desenvolver um sistema fotovoltaico autônomo com armazenamento de


energia para alimentar as seguintes cargas elétricas abaixo:

Qtde. Item Tensão Potência Consumo

01 Geladeira 375 litros 127 V 110 W 54 kWh*mês

04 Lâmpada LED 127 V 15 W 3,6 kWh*mês

01 Televisão 127 V 48 W 4,32 kWh*mês

01 Bomba centrífuga 127 V 1/4 CV 3 horas/dia

O sistema fotovoltaico será instalado no município de Ribeirão Preto, estado de São


Paulo. As cargas permanecerão em funcionamento diário. Os ciclos de carga/descarga
das baterias serão diários, com autonomia também diária.

A sequência de cálculo a seguir dizem respeito ao desenvolvimento do projeto


fotovoltaico estudado.

7.1 POTÊNCIA TOTAL DA CARGA

7.1.1 Calculando consumo de motores elétricos


Considerando o motor elétrico do exemplo que possui 1/4 CV, faz-se necessário
encontrar o consumo de energia elétrica do equipamento. Engana-se quem imagina que
o consumo elétrico do motor é a simples conversão do Cavalo-vapor (CV) em Watts (W),
pois existem perdas na conversão da energia elétrica em mecânica que precisam ser
consideradas. Dessa forma, de acordo com o datasheet do motor, a seguir, o cálculo da
potência elétrica pode ser feito seguindo a equação abaixo.

𝑃𝑜𝑡ê𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑒𝑙é𝑡𝑟𝑖𝑐𝑎𝑚𝑜𝑡𝑜𝑟 = 𝑡𝑒𝑛𝑠ã𝑜𝑛𝑜𝑚𝑖𝑛𝑎𝑙 ∗ 𝑐𝑜𝑟𝑟𝑒𝑛𝑡𝑒𝑛𝑜𝑚𝑖𝑛𝑎𝑙

𝑃𝑜𝑡ê𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑒𝑙é𝑡𝑟𝑖𝑐𝑎𝑚𝑜𝑡𝑜𝑟 = 127 ∗ 3,52

𝑃𝑜𝑡ê𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑒𝑙é𝑡𝑟𝑖𝑐𝑎𝑚𝑜𝑡𝑜𝑟 = 447,04 𝑊

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De acordo com o exemplo, o motor permanecerá em funcionamento durante 3 horas


diárias. Por isso, o cálculo do consumo mensal é:

𝐶𝑜𝑛𝑠𝑢𝑚𝑜𝑒𝑛𝑒𝑟𝑔𝑖𝑎 = 447,04 ∗ 3 ℎ𝑜𝑟𝑎𝑠 ∗ 30 𝑑𝑖𝑎𝑠 = 40,23 𝑘𝑊ℎ ∗ 𝑚ê𝑠

Figura 60 - Datasheet motor elétrico. Fonte: https://www.weg.net/catalog/weg/BR/pt/Motores-


El%C3%A9tricos/Monof%C3%A1sico/Uso-Geral/Motor-de-Chapa-Aberto-%28IP21%29/Motor-0-125-cv-2P-56-1F-
110-127-220-254-V-60-Hz-IC01---ODP---Com-p%C3%A9s/p/14608232

7.2 ENERGIA TOTAL CONSUMIDA PELA CARGA


𝐶𝑜𝑛𝑠𝑢𝑚𝑜 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑚𝑒𝑛𝑠𝑎𝑙𝑐𝑎𝑟𝑔𝑎 = 54 + 3,6 + 4,32 + 40,23 = 102,15 𝑘𝑊ℎ ∗ 𝑚ê𝑠

102,15
𝐶𝑜𝑛𝑠𝑢𝑚𝑜 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑑𝑖á𝑟𝑖𝑜𝑐𝑎𝑟𝑔𝑎 = = 3,405 𝑘𝑊ℎ/𝑑𝑖𝑎
30

7.3 ESQUEMA TÍPICO DE SISTEMA FOTOVOLTAICO


Módulo Controlador de
Inversor Carga elétrica
fotovoltaico carga

Baterias

7.4 DEFINIÇÃO DO INVERSOR FOTOVOLTAICO


Para a escolha o inversor, deve-se levar em consideração a tensão nominal de saída dos
equipamentos e a capacidade de potência nominal fornecida em regime contínuo. Para

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tanto, calcula-se a potência total demandada pelas cargas elétricas no pior regime de
operação, quando todas estão em funcionamento ao tempo. Dessa forma, a potência
resultante é de 110 + 15 + 48 + 447,04 = 620,04 W. Ainda, como existe a partida de um
motor elétrico, o inversor deve ser capaz de suportar ao regime de partida, onde a
corrente resultante se eleva consideravelmente em relação à nominal. O inversor
EPEVER IP350-21 a seguir fornece 280 W de potência nominal em regime contínuo, com
tensão de saída CA em 110-120 V e tensão de entrada CC em 24 V.

Figura 61 – Datasheet do inversor fotovoltaico. Fonte:


https://www.neosolar.com.br/loja/fileuploader/download/download/?d=1&file=custom%2Fupload%2FFile-
1569352538.pdf

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O rendimento energético do inversor é de 91%. Como consequência, existe 9% de perda


na conversão de energia. Dessa forma, a quantidade de energia que deve chegar ao
inversor é 9% maior que a consumida pela carga.

Além disso, como o inversor tem a capacidade de fornecer 280 W e a carga precisa de
620,04 W, serão necessários 3 inversores conectados em paralelo para o sistema
fotovoltaico.

Por isso, inicialmente serão calculados os valores para 1 inversor:

3,405 𝑘𝑊ℎ
𝐸𝑛𝑒𝑟𝑔𝑖𝑎𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎𝑑𝑎 𝑑𝑜 𝑖𝑛𝑣𝑒𝑟𝑠𝑜𝑟 = ≈ 1,135 𝑘𝑊ℎ
3

1,135 𝑘𝑊ℎ
𝐸𝑛𝑒𝑟𝑔𝑖𝑎𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎𝑑𝑎 𝑑𝑜 𝑖𝑛𝑣𝑒𝑟𝑠𝑜𝑟 = ≈ 1,247 𝑘𝑊ℎ
0,91

7.5 CONTROLADOR DE CARGA


𝐸𝑛𝑒𝑟𝑔𝑖𝑎𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎𝑑𝑎 𝑑𝑜 𝑖𝑛𝑣𝑒𝑟𝑠𝑜𝑟 1,247 𝑘𝑊ℎ
= ≈ 51,96 𝐴ℎ
𝑇𝑒𝑛𝑠ã𝑜 𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎𝑑𝑎𝑖𝑛𝑣𝑒𝑟𝑠𝑜𝑟 24 𝑉

O controlador de carga deve ter a capacidade de fornecer a quantidade de Ampère-hora


solicitada pelo inversor em 51,96 Ah, sob a tensão nominal de 24 V. Será necessário
utilizar 1 controlador para cada inversor.

Para o exemplo, utiliza-se o controlador EPEVER PWM VS6024AU que possui capacidade
de fornecer 60 Ah sob tensão nominal de 24 V.

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Figura 62 - Datasheet do controlador de carga. Fonte:


https://www.neosolar.com.br/loja/fileuploader/download/download/?d=1&file=custom%2Fupload%2FFile-
1563814175.pdf

7.6 BATERIA
A tensão nominal da bateria deve seguir o mesmo valor do inversor e controlador. Nesse
caso, 24 V. Deve-se também prestar atenção à profundidade de descarga (Pd) desejado.
Para o dimensionamento estudado, será utilizado o Pd = 30%.

51,96
𝐶𝑎𝑝𝑎𝑐𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑛𝑜𝑚𝑖𝑛𝑎𝑙𝑏𝑎𝑡𝑒𝑟𝑖𝑎 = = 173,2 𝐴ℎ
0,30

Figura 63 - Datasheet da bateria. Fonte:


https://www.neosolar.com.br/loja/fileuploader/download/download/?d=1&file=custom%2Fupload%2FFile-
1583267182.pdf

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𝑇𝑒𝑛𝑠ã𝑜 𝑑𝑜 𝑖𝑛𝑣𝑒𝑟𝑠𝑜𝑟 24 𝑉
𝐵𝑎𝑡𝑒𝑟𝑖𝑎𝑠 𝑒𝑚 𝑠é𝑟𝑖𝑒 = = = 2 𝑢𝑛𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒𝑠
𝑇𝑒𝑛𝑠ã𝑜 𝑑𝑎 𝑏𝑎𝑡𝑒𝑟𝑖𝑎 12 𝑉

𝐶𝑎𝑝𝑎𝑐𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑛𝑜𝑚𝑖𝑛𝑎𝑙𝑏𝑎𝑡𝑒𝑟𝑖𝑎 173,2 𝐴ℎ


𝐵𝑎𝑡𝑒𝑟𝑖𝑎𝑠 𝑒𝑚 𝑝𝑎𝑟𝑎𝑙𝑒𝑙𝑜 = = ≈ 2 𝑢𝑛𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒𝑠
𝐶𝑎𝑝𝑎𝑐𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑡𝑒ó𝑟𝑖𝑐𝑎𝑏𝑎𝑡𝑒𝑟𝑖𝑎 105 𝐴ℎ

Até esse momento do cálculo do projeto, já é possível saber que cada 1 dos 3 inversores
utilizará 1 controlador de carga, 2 baterias em série em conjuntos de 2 paralelos.

7.7 ARRANJO FOTOVOLTAICO


O cálculo do arranjo fotovoltaico é o último passo a ser feito no processo de
desenvolvimento de um sistema fotovoltaico. Para tanto, assim como todos os outros
componentes, deve respeitar o limite de tensão nominal do sistema gerador, em 24 V.

Caso o controlador de carga utilizado tenha eficiência energética abaixo de 100%, a


energia gerada pelo fotovoltaico deve ser superior à necessária pelo inversor, em
1,207 kWh.

Considerando que o controlador do exemplo tenha rendimento de 97%, a energia que


o sistema fotovoltaico deve gerar, é:

1,247 𝑘𝑊ℎ
𝐸𝑛𝑒𝑟𝑔𝑖𝑎 𝐹𝑉𝑔𝑒𝑟𝑎𝑑𝑎 = = 1,285 𝑘𝑊ℎ
0,97

Considerando as condições climáticas e solarimétricas de Ribeirão Preto, tem-se as


seguintes informações:

• Latitude = 21,301º;
• Longitude = 47,949º;
• Temperatura ambiente média = 29ºC;

7.7.1 Inclinação ideal dos painéis fotovoltaicos


𝐼𝑛𝑐𝑙𝑖𝑛𝑎çã𝑜𝑖𝑑𝑒𝑎𝑙 = 1,25 ∗ 𝐿𝑎𝑡𝑖𝑡𝑢𝑑𝑒

𝐼𝑛𝑐𝑙𝑖𝑛𝑎çã𝑜𝑖𝑑𝑒𝑎𝑙 = 1,25 ∗ 21,301 = 26,62º

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7.7.2 Fator K para correção do HSP


Utilizando a tabela do Fator K, corrige-se os valores mensais de HSP para a inclinação
tabelada mais próxima da real, em 25º.

JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ
PLANO
5,72 5,96 5,18 4,8 4,09 3,88 4,06 4,91 4,95 5,5 5,74 6,12
HORIZONTAL
FATOR K
1,15 1,1 1,03 0,96 0,91 0,88 0,9 0,96 1,05 1,13 1,19 1,19
(25º)
HSP
6,58 6,56 5,34 4,61 3,72 3,41 3,65 4,71 5,20 6,22 6,83 7,28
CORRIGIDO

Para um sistema fotovoltaico autônomo, utiliza-se o menor valor de HSP do ano para o
dimensionamento do conjunto fotovoltaico. Dessa forma, o HSP considerado é de 3,41
horas.

7.7.3 Correção da potência nominal


Através do coeficiente de temperatura para correção da potência nominal do módulo
fotovoltaico, obtém-se o valor real da potência do módulo utilizada no desenvolvimento
do projeto.

Para o exemplo estudado, utiliza-se o painel fotovoltaico RESUN RSM-100P.

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Figura 64 - Datasheet do módulo fotovoltaico. Fonte:


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1581102865.pdf

𝐶𝑜𝑒𝑓𝑖𝑐𝑖𝑒𝑛𝑡𝑒𝑡𝑒𝑚𝑝𝑒𝑟𝑎𝑡𝑢𝑟𝑎 = 29º𝐶 ∗ (−0,39%/º𝐶)

𝐶𝑜𝑒𝑓𝑖𝑐𝑖𝑒𝑛𝑡𝑒𝑡𝑒𝑚𝑝𝑒𝑟𝑎𝑡𝑢𝑟𝑎 = −11,31%

Como a potência nominal do módulo é de 100 W, quando aplicado sob temperatura


ambiente de 29ºC, tem-se como resultado:

𝑃𝑚𝑎𝑥𝑟𝑒𝑎𝑙 = 100 ∗ (1 − 0,1131) = 88,69 𝑊

7.7.4 Cálculo dos módulos em série


𝐶𝑜𝑒𝑓𝑖𝑐𝑖𝑒𝑛𝑡𝑒𝑡𝑒𝑚𝑝𝑒𝑟𝑎𝑡𝑢𝑟𝑎 = 29º𝐶 ∗ (−0,32%/º𝐶)

𝐶𝑜𝑒𝑓𝑖𝑐𝑖𝑒𝑛𝑡𝑒𝑡𝑒𝑚𝑝𝑒𝑟𝑎𝑡𝑢𝑟𝑎 = −9,28%

Como a tensão nominal do módulo é de 17,40 V, quando aplicado sob temperatura


ambiente de 29ºC, tem-se como resultado:

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𝑉𝑚𝑝𝑟𝑒𝑎𝑙 = 17,40 ∗ (1 − 0,0928) = 15,78 𝑉

𝑇𝑒𝑛𝑠ã𝑜 𝑑𝑜 𝑐𝑜𝑛𝑡𝑟𝑜𝑙𝑎𝑑𝑜𝑟 24 𝑉
𝑀ó𝑑𝑢𝑙𝑜𝑠 𝑒𝑚 𝑠é𝑟𝑖𝑒 = = ≈ 1,52 = 2 𝑢𝑛𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒𝑠
𝑇𝑒𝑛𝑠ã𝑜 𝑑𝑜 𝑚ó𝑑𝑢𝑙𝑜 15,78 𝑉

7.7.5 Cálculo dos módulos em paralelo


1,285 𝑘𝑊ℎ
𝑀ó𝑑𝑢𝑙𝑜𝑠 𝑒𝑚 𝑝𝑎𝑟𝑎𝑙𝑒𝑙𝑜 = ≈ 4,24 = 5 𝑢𝑛𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒𝑠
88,69 𝑊 ∗ 3,41 ℎ𝑜𝑟𝑎𝑠

7.8 RESULTADO
Serão utilizados 3 inversores off-grid de onda senoidal pura de 280 W com tensão
nominal de entrada CC em 24 V e tensão nominal CA de saída em 120 V.

Cada inversor terá os seguintes equipamentos:

• 5 strings, em paralelo, de 2 módulos de 100 W e 12 V, em série;


• 1 Controlador de carga PWM de 60 Ah sob tensão nominal de 24 V;
• 2 conjuntos em paralelo, de 2 baterias DF2000 C20 de 105 Ah e 12 V, em série.

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Figura 65 - Esquema elétrico. Fonte: autor.

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