Você está na página 1de 235

Educação Física

Adaptada e Primeiros
Socorros
Prof. Igor de Oliveira Insaurriaga Silva
Profª. Paula Dittrich Corrêa

2016
Copyright © UNIASSELVI 2016

Elaboração:
Prof. Igor de Oliveira Insaurriaga Silva
Profª. Paula Dittrich Corrêa

Revisão, Diagramação e Produção:


Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI

Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri


UNIASSELVI – Indaial.

SI586e

Silva, Igor de Oliveira Insaurriaga


Educação física adaptada e primeiros socorros. / Igor de
Oliveira Insaurriaga Silva; Paula Dittrich Correa – Indaial:
UNIASSELVI, 2016.1,5

225 p.; il.


ISBN 978-85-7830-981-7

1.Educação física para deficientes – Brasil. 2.Primeiros socorros


- Legislação – Brasil. I. Correa, Paula Dittrich. II. Centro Universitário
Leonardo Da Vinci.

CDD 371.904486
Apresentação
Prezado(a) acadêmico(a)!
 
Bem-vindo(a) à disciplina de Educação Física Adaptada e Primeiros
Socorros. Este Caderno de Estudos foi elaborado com o objetivo de contribuir
para a realização de seus estudos e para a ampliação de seus conhecimentos
sobre a inclusão de pessoas com deficiência na prática de atividades físicas.
Serão abordadas, também, as emergências mais frequentes na prática de
atividades físicas, suas causas, sintomatologia, prevenção, tratamento e
condições de discernimento de ação nessas situações.
 
Na Unidade 1, você estudará as características da Educação Física
Adaptada, enfatizando as diferentes deficiências, suas causas, graus de
comprometimento (sensorial, motor e cognitivo) e o processo de inclusão
na Educação Física escolar. Verá que ninguém é deficiente, ou portador de
deficiência, mas há sim pessoas com deficiência. Conhecerá a história dos
Jogos Paraolímpicos e suas modalidades e entenderá a sua importância para
as pessoas com deficiência, além de aprender o que é Classificação Funcional
e a sua aplicabilidade em cada modalidade paraolímpica.
 
Na Unidade 2, você descobrirá como surgiram os primeiros
socorros, compreenderá que o professor de educação física exerce um papel
importantíssimo no desempenho e recuperação da saúde de um indivíduo.
Também estudará sobre sinais vitais, atendimento pré-hospitalar e ética
profissional, com foco no atendimento à vítima.
 
Na Unidade 3, você aprenderá como atuar diante de determinados
acidentes relacionados às atividades esportivas, bem como frente a alguns
acidentes corriqueiros durante sua atuação profissional, objetivando
agilidade, segurança e consciência, a fim de evitar  agravamento  da saúde
da vítima.  Nesse contexto, delineamos os assuntos importantes a serem
conhecidos e dessa forma, convidamos você a iniciar as atividades, como
multiplicador da boa ideia de trabalharmos juntos a educação física.
 
Atenciosamente, 

Igor de Oliveira Insaurriaga Silva

Paula Dittrich Corrêa

III
NOTA

Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto


para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há
novidades em nosso material.

Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é


o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um
formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura.

O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova
diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também
contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.

Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente,


apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade
de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador.
 
Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para
apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto
em questão.

Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa
continuar seus estudos com um material de qualidade.

Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de


Desempenho de Estudantes – ENADE.
 
Bons estudos!

IV
V
VI
Sumário
UNIDADE 1 – EDUCAÇÃO FÍSICA E INCLUSÃO.......................................................................... 1

TÓPICO 1 – TIPOS DE DEFICIÊNCIAS, CARACTERÍSTICAS E CAUSAS.............................. 3


1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................................... 3
2 AS DEFICIÊNCIAS............................................................................................................................... 4
2.1 DEFICIÊNCIA AUDITIVA.............................................................................................................. 4
2.2 DEFICIÊNCIA FÍSICA..................................................................................................................... 6
2.3 DEFICIÊNCIA INTELECTUAL...................................................................................................... 10
2.4 DEFICIÊNCIA VISUAL................................................................................................................... 12
3 OUTROS ACOMETIMENTOS........................................................................................................... 13
3.1 DEFICIÊNCIAS MÚLTIPLAS......................................................................................................... 13
3.2 SÍNDROMES..................................................................................................................................... 14
3.2.1 Síndrome de Down.................................................................................................................. 14
RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 16
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................................. 17

TÓPICO 2 – MOVIMENTO PARAOLÍMPICO.................................................................................. 19


1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................................... 19
2 PARAOLIMPÍADAS............................................................................................................................. 20
3 ESPORTES PARAOLÍMPICOS.......................................................................................................... 21
4 CLASSIFICAÇÃO FUNCIONAL....................................................................................................... 46
RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 60
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................................. 61

TÓPICO 3 – ATIVIDADES FÍSICAS ADAPTADAS......................................................................... 63


1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................................... 63
2 ORIENTAÇÕES METODOLÓGICAS.............................................................................................. 65
2.1 SURDOS ............................................................................................................................................ 65
2.2 DEFICIENTES FÍSICOS................................................................................................................... 66
2.3 DEFICIENTES INTELECTUAIS..................................................................................................... 66
2.4 CEGOS OU COM BAIXA VISÃO................................................................................................... 67
3 AVALIAÇÃO MOTORA...................................................................................................................... 67
4 ATIVIDADES ADAPTADAS.............................................................................................................. 69
LEITURA COMPLEMENTAR................................................................................................................ 74
RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................ 84
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................................. 85

UNIDADE 2 – PRIMEIROS SOCORROS NA EDUCAÇÃO FÍSICA............................................ 87

TÓPICO 1 – ASPECTOS GERAIS DOS PRIMEIROS SOCORROS.............................................. 89


1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................................... 89
2 HISTÓRIA E CONTEXTUALIZAÇÃO............................................................................................. 90
3 CONCEITO............................................................................................................................................. 92
4 ASPECTOS LEGAIS.............................................................................................................................. 96

VII
5 ATUAÇÃO DO PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA EM PRIMEIROS SOCORROS......99
5.1 ATENDIMENTO INICIAL E CONDUTA..................................................................................... 102
5.2 AVALIAÇÃO PRIMÁRIA................................................................................................................ 103
5.3 AVALIAÇÃO SECUNDÁRIA......................................................................................................... 106
RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 108
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................................. 109

TÓPICO 2 – FUNÇÕES VITAIS E PLANEJAMENTO...................................................................... 111


1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................................... 111
2 SINAIS VITAIS...................................................................................................................................... 112
2.1 PULSO................................................................................................................................................ 113
2.2 RESPIRAÇÃO.................................................................................................................................... 115
2.3 PRESSÃO ARTERIAL...................................................................................................................... 117
2.4 TEMPERATURA............................................................................................................................... 120
2.4.1 Como realizar a leitura do termômetro de mercúrio......................................................... 121
2.4.2 Classificação da temperatura conforme Oliveira et al. (2007)........................................... 122
3 IMPORTÂNCIA DA PREVENÇÃO E DO PLANEJAMENTO.................................................... 122
3.1 PLANEJAMENTO ESCOLAR........................................................................................................ 123
3.2 INSTALAÇÕES................................................................................................................................. 124
3.3 EQUIPAMENTOS............................................................................................................................. 125
RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 128
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................................. 129

TÓPICO 3 – ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR E ÉTICA......................................................... 131


1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................................... 131
2 EMERGÊNCIA E URGÊNCIA............................................................................................................ 131
2.1 EMERGÊNCIA ................................................................................................................................. 132
2.2 URGÊNCIA....................................................................................................................................... 134
2.3 DIFERENÇA ENTRE URGÊNCIA E EMERGÊNCIA................................................................. 134
3 ÉTICA E ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR.............................................................................. 135
3.1 ÉTICA................................................................................................................................................. 135
3.2 ÉTICA NO ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR....................................................................... 136
4 PARADA CARDIORRESPIRATÓRIA.............................................................................................. 138
4.1 CONCEITO........................................................................................................................................ 139
4.2 PRINCIPAIS CAUSAS..................................................................................................................... 139
4.2.1 Respiratórias............................................................................................................................. 139
4.2.2 Cardíacas................................................................................................................................... 140
4.3 REANIMAÇÃO CARDIORRESPIRATÓRIA .............................................................................. 141
4.3.1 Passos para reanimação de acordo com a Associação American Heart Association (2015)........142
LEITURA COMPLEMENTAR................................................................................................................ 145
RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................ 148
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................................. 149

UNIDADE 3 – EMERGÊNCIAS CIRCUNSTANCIAIS EM PRIMEIROS SOCORROS............ 151

TÓPICO 3 – PRIMEIROS SOCORROS EM LESÕES ESPORTIVAS............................................ 153


1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................................... 153
2 FRATURAS............................................................................................................................................. 153
2.1 CONCEITO........................................................................................................................................ 153
2.2 CLASSIFICAÇÃO............................................................................................................................. 155
2.3 SINAIS E SINTOMAS DE FRATURAS.......................................................................................... 156
2.4 COMO SOCORRER.......................................................................................................................... 158

VIII
3 HEMORRAGIA...................................................................................................................................... 159
3.1 IMPORTÂNCIA DO SANGUE...................................................................................................... 159
3.2 CONCEITO DE HEMORRAGIA.................................................................................................... 160
3.3 CLASSIFICAÇÃO............................................................................................................................. 161
3.4 COMO PROCEDER.......................................................................................................................... 162
3.5 TORNIQUETE................................................................................................................................... 164
4 FERIMENTOS........................................................................................................................................ 166
4.1 CONCEITO........................................................................................................................................ 166
4.2 CLASSIFICAÇÃO............................................................................................................................. 166
4.2.1 Ferida fechada.......................................................................................................................... 166
4.2.2 Ferida aberta............................................................................................................................. 168
4.3 COMO PROCEDER . ....................................................................................................................... 169
4.4 FATORES QUE INTERFEREM NO PROCESSO DE CICATRIZAÇÃO................................... 171
RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 172
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................................. 173

TÓPICO 2 – PRIMEIROS SOCORROS EM INCIDENTES EMERGENCIAIS............................ 175


1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................................... 175
2 CURATIVO E BANDAGEM............................................................................................................... 176
2.1 CONCEITO E MODO DE APLICAÇÃO...................................................................................... 176
2.2 CUIDADOS PARA CURATIVOS E BANDAGENS..................................................................... 177
2.3 TIPOS DE FERIMENTOS E CURATIVOS..................................................................................... 180
3 QUEIMADURAS................................................................................................................................... 180
3.1 CONCEITO........................................................................................................................................ 180
3.2 CLASSIFICAÇÃO............................................................................................................................. 182
3.3 EXTENSÃO DA LESÃO.................................................................................................................. 183
3.4 COMO PRESTAR SOCORRO......................................................................................................... 185
4 CHOQUE ELÉTRICO............................................................................................................................ 186
4.1 INFORMAÇÕES GERAIS SOBRE ELETRICIDADE................................................................... 186
4.2 EFEITOS NO ORGANISMO........................................................................................................... 187
4.3 COMO SOCORRER.......................................................................................................................... 188
RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 190
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................................. 191

TÓPICO 3 – EMERGÊNCIAS NO AMBIENTE EXTRA HOSPITALAR....................................... 193


1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................................... 193
2 OBSTRUÇÃO DAS VIAS AÉREAS................................................................................................... 194
2.1 CONCEITO E SINAIS DE ASFIXIA............................................................................................... 194
2.2 COMO SOCORRER.......................................................................................................................... 194
2.3 CAUSAS PARA OBSTRUÇÃO DAS VIAS AÉREAS.................................................................. 196
2.4 MANOBRA DE HEIMLICH........................................................................................................... 197
3 DESMAIO............................................................................................................................................... 199
3.1 CONCEITO........................................................................................................................................ 199
3.2 CAUSAS DO DESMAIO.................................................................................................................. 199
3.3 SINAIS E SINTOMAS...................................................................................................................... 200
3.4 COMO SOCORRER.......................................................................................................................... 201
4 INSOLAÇÃO.......................................................................................................................................... 203
4.1 CONCEITO........................................................................................................................................ 203
4.2 SINAIS E SINTOMAS...................................................................................................................... 204
4.3 COMO SOCORRER.......................................................................................................................... 205
5 INTOXICAÇÃO..................................................................................................................................... 207

IX
5.1 CONCEITO........................................................................................................................................ 207
5.2 SINAIS E SINTOMAS...................................................................................................................... 208
5.3 O QUE FAZER................................................................................................................................... 210
LEITURA COMPLEMENTAR................................................................................................................ 212
RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................ 214
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................................. 215
REFERÊNCIAS.......................................................................................................................................... 217

X
UNIDADE 1

EDUCAÇÃO FÍSICA E
INCLUSÃO

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir desta unidade, você será capaz de:

• conhecer atividades físicas adaptadas para serem aplicadas na escola;

• entender a importância e a história dos jogos paraolímpicos;

• refletir sobre o deficiente e sua participação nas aulas de Educação Física.

PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. Ao final de cada um deles, você
encontrará atividades que o(a) auxiliará a fixar os conhecimentos estudados.

TÓPICO 1 – TIPOS DE DEFICIÊNCIAS, CARACTERÍSTICAS E CAUSAS

TÓPICO 2 – MOVIMENTO PARAOLÍMPICO

TÓPICO 3 – ATIVIDADES FÍSICAS ADAPTADAS

1
2
UNIDADE 1
TÓPICO 1

TIPOS DE DEFICIÊNCIAS, CARACTERÍSTICAS E CAUSAS

1 INTRODUÇÃO
As pessoas com deficiências possuem algumas características que as
impedem (de acordo com a especificidade da deficiência) de movimentar-se com
desenvoltura, organizar ou abstrair rapidamente seu pensamento, ou seja, são
aquelas que por alguma condição motora, sensorial ou intelectual, são limitadas
de viver plenamente, mas é importante que fique bem claro que elas merecem
respeito e têm todo o direito de participar de qualquer atividade proposta, desde
que sempre respeitando as limitações de cada um.

A CIDID (Classificação Internacional das Deficiências, Incapacidades


e Desvantagens) propõe uma classificação da conceituação de deficiência que
pode ser aplicada a vários aspectos da saúde e da doença, sendo um referencial
unificado para a área. Por essa classificação são conceituadas:

Deficiência: perda ou anormalidade de estrutura ou função psicológica,


fisiológica ou anatômica, temporária ou permanente. Incluem-se nessas a
ocorrência de uma anomalia, defeito ou perda de um membro, órgão, tecido ou
qualquer outra estrutura do corpo, inclusive das funções mentais. Representa a
exteriorização de um estado patológico, refletindo um distúrbio orgânico, uma
perturbação no órgão.

Incapacidade: restrição, resultante de uma deficiência, da habilidade


para desempenhar uma atividade considerada normal para o ser humano.
Surge como consequência direta ou é resposta do indivíduo a uma deficiência
psicológica, física, sensorial ou outra. Representa a objetivação da deficiência
e reflete os distúrbios da própria pessoa, nas atividades e comportamentos
essenciais à vida diária.

Desvantagem: prejuízo para o indivíduo, resultante de uma deficiência


ou uma incapacidade, que limita ou impede o desempenho de papéis de
acordo com a idade, sexo, fatores sociais e culturais. Caracteriza-se por uma
discordância entre a capacidade individual de realização e as expectativas do
indivíduo ou do seu grupo social. Representa a socialização da deficiência e
relaciona-se às dificuldades nas habilidades de sobrevivência.

3
UNIDADE 1 | EDUCAÇÃO FÍSICA E INCLUSÃO

Na CIDID evitou-se utilizar a mesma palavra para designar as


deficiências, incapacidades e desvantagens. Assim, para uma deficiência foi
adotado um adjetivo ou substantivo, para uma incapacidade, um verbo no
infinitivo e para uma desvantagem, um dos papéis de sobrevivência no meio
físico e social (AMIRALIAN et al., 2000).

TABELA 1 - DISTINÇÃO SEMÂNTICA ENTRE OS CONCEITOS

FONTE: AMIRALIAN et al., 2000

Para que haja a plena inclusão dos alunos com deficiência nas aulas
de Educação Física concordamos com SOLER (2006, p. 14) quando afirma que
o professor precisa entender “a diferença entre adestramento e educação”, ou
seja, independentemente de ser ou não deficiente, a criança deverá construir seu
próprio saber e nunca realizar uma atividade de forma mecânica, com fim em si
mesma.

Nesta unidade, buscaremos aprofundar os conhecimentos sobre os tipos


de deficiências, suas características principais e o que pode causá-las.

2 AS DEFICIÊNCIAS

2.1 DEFICIÊNCIA AUDITIVA


A comunicação é uma necessidade básica de sobrevivência de todos os
indivíduos, possibilita vários acontecimentos, como a interação social. O homem
está sempre se comunicando, seja através da linguagem verbal, gestual ou
corporal, mas de alguma maneira está se relacionando com o outro, expondo sua
opinião, seus sentimentos compartilhando emoções e, dessa forma, vivendo a
realidade de um mundo que necessita das relações interpessoais.

Conforme BORDENAVE (1987, p. 9): “A comunicação confunde-se, assim,


com a própria vida. Temos tanta consciência de que comunicamos, como de que
respiramos ou andamos”.

4
TÓPICO 1 | TIPOS DE DEFICIÊNCIAS, CARACTERÍSTICAS E CAUSAS

Para que a boa comunicação e o relacionamento com os demais aconteçam,


o ser humano precisa vivenciar, durante o seu desenvolvimento, diferentes formas
de expressão, ter oportunidades de se relacionar, de manter contato, enfim, de
movimentar-se e, de alguma maneira, comunicar-se no meio em que vive.

A comunicação humana é muito rica em suas diferentes formas e meios,


ou seja, o ser humano comunica até mesmo em silêncio, pois o seu corpo está
servindo como instrumento desta comunicação de si para os outros ou para ele
mesmo, e essas situações com significados é que tornam a comunicação humana
interessante e necessária na vida das pessoas.

A transmissão e compreensão de mensagens e estímulos ocorrem


diferentemente entre as pessoas. Muitas vezes nos expressamos querendo
transmitir algo, porém obtemos diferentes respostas ao que realmente pensamos
e queremos dizer, pois a comunicação também depende da interpretação de cada
um.

Os indivíduos, ao se comunicarem, utilizam diferentes formas de


expressão. Formas que podem ser comuns a todos, denunciar o grupo a qual
pertencem, ou ainda, caracterizar a individualidade de cada um.

Resumindo, o processo de comunicação é uma experiência entre quem


transmite e quem recebe uma determinada informação, onde ambos utilizam
significados comuns, como signos, símbolos, fala, gestos etc.

Agora que já entendemos a importância da comunicação para os humanos,


vamos falar sobre as pessoas que apresentam dificuldades na comunicação oral
e dependem da linguagem de sinais para uma plena comunicação, infelizmente
limitada às outras pessoas que necessariamente devem ter conhecimento desta
linguagem.

Deficiência auditiva é a perda total, ou parcial, na condução ou percepção


de sinais sonoros (DIEHL, 2006).

Conforme ROSADAS (1989), considera-se, em geral, que a audição


normal corresponde à habilidade para detecção de sons até 20 decibéis (dB). A
surdez é classificada em leve, média, severa e profunda, como podemos observar
no Quadro 1.

5
UNIDADE 1 | EDUCAÇÃO FÍSICA E INCLUSÃO

QUADRO 1 - CLASSIFICAÇÕES DA SURDEZ


Perda da
Classificação Características
audição
A criança se mostra insegura, desatenta, ansiosa, mas
Surdez Leve 20-40 dB
capaz de adquirir a linguagem sem complicações.
A criança não compreende a fala, requer repetição ou
Surdez Média 40-70 dB
auxílio da visão, necessita atendimento especializado.
Nestes casos, a criança necessita de escola ou classe
Surdez Severa 70-90 dB especial para aquisição da linguagem básica, precisa
de auxílio de um intérprete educacional.
Há extrema dificuldade para compreender a voz
Surdez Profunda > 90 dB humana e necessita de reeducação auditiva, além do
exposto para a surdez severa.
FONTE: O autor

ROSADAS (1989) destaca, como principais causas:

■ Período Pré-natal – alterações genéticas, rubéola, caxumba, sarampo.


■ Período Neonatal – fator Rh incompatível, circular de cordão umbilical, parto
demorado ou com contrações intensas intrauterinas;
■ Período Pós-natal – sífilis, meningite, traumatismos locais, viroses.

2.2 DEFICIÊNCIA FÍSICA


Podemos conceituar a deficiência física como um comprometimento
limitador, nos diferentes níveis de intensidade e localização, os movimentos de
um indivíduo. Esse comprometimento pode ser em consequência de fatores de
origem congênita ou adquirida.

Segundo Diehl (2006, p. 92), deficiência física é:

[...] algum tipo de comprometimento para a realização dos padrões


motores esperados. Essa dificuldade em executar os padrões
motores pode acarretar comprometimento ou a não realização
de alguns movimentos como: caminhar, correr, saltar, manipular
coordenadamente objetos e movimentos de estabilização do corpo.

A deficiência física pode ser de origem neurológica ou de origem


ortopédica, conforme os quadros a seguir:

6
TÓPICO 1 | TIPOS DE DEFICIÊNCIAS, CARACTERÍSTICAS E CAUSAS

QUADRO 2 - ORIGEM NEUROLÓGICA

FONTE: O autor

QUADRO 3 - ORIGEM ORTOPÉDICA

FONTE: O autor

A origem principal de deficiências físicas no Brasil é de cunho social, ou


seja, as deficiências adquiridas em:
[...] acidentes de trânsito, acidentes de trabalho, devido principalmente
à falta de condições adequadas ao trabalho, à negligência dos
trabalhadores quanto ao uso de equipamentos de segurança; erros
médicos, embora de difícil constatação e comprovação; poliomielite,
apesar de as campanhas de vacinação diminuírem sensivelmente este
tipo de doença; violência urbana como tiros e uso de outras armas;
desnutrição, quando ocorre na infância ou em períodos de gestação.
Tais causas podem conduzir o indivíduo à restrição total ou parcial
dos seus movimentos expressivos e funcionais e à necessidade de
adaptações específicas para a realização dos mesmos. (DIEHL, 2006,
p. 92).

7
UNIDADE 1 | EDUCAÇÃO FÍSICA E INCLUSÃO

É possível classificar a deficiência física conforme o aparecimento, a


etiologia, a localização e a origem e, portanto, abordá-la de diversos ângulos
(SANCHÉZ,1990). É importante conhecer as diversas classificações, pois elas
definirão a condição motora para as atividades físicas e esportivas.

Pode-se ainda considerar, para a classificação, os segmentos do corpo


afetados (monoplegia, diplegia, triplegia, tetraplegia, hemiplegia e dupla
hemiplegia); ou o grau de comprometimento do quadro (leve, moderado e severo).
O conhecimento dessas classificações é importante, pois será utilizado no esporte
adaptado. O desconhecimento do quadro clínico leva à tendência de enquadrar a
criança com paralisia cerebral como deficiente mental. Isso ocorre, muitas vezes,
em razão da aparência que a criança apresenta (DUARTE; ARAÚJO, 2002, p. 31).

As definições auxiliam o profissional no trabalho junto às pessoas com


deficiência física, na escolha de atividades que elas possam fazer, de acordo
com seu potencial remanescente, sua eficiência, que dependerá de sua força de
vontade e autonomia. Infelizmente, lesões no sistema nervoso central, como
cérebro e medula, podem levar a graves sequelas, até o momento, irreversíveis.

As deficiências físicas de origem cerebral são causadas por lesões ocorridas


no cérebro que afetam diferentes segmentos do corpo, causando monoplegia
quando afetam um membro; diplegia quando afetam dois membros; triplegia se
afetarem três membros; quando atingem quatro membros, será quadriplegia; e
hemiplegia, quando todo um lado do corpo é atingido.

Em relação ao membro/segmento afetado, o comprometimento pode variar


conforme o grau: leve, quando a pessoa consegue realizar movimentos quase na
sua perfeição; moderado, quando há necessidade de alguma forma de auxílio; e
severo, se a pessoa se torna dependente em função do comprometimento.

As lesões mais comuns são a paralisia cerebral e os traumatismos


cranioencefálicos.

A paralisia cerebral (PC) é uma lesão que afeta o Sistema Nervoso Central
(SNC) antes que seu desenvolvimento tenha se completado, causando uma
desordem motora e sensitiva na movimentação ampla e fina do corpo. Segundo
Adams (1985, p. 80): "Essa alteração frequentemente é complicada pela ocorrência
de convulsões, alterações do comportamento ou retardo mental". As PCs mais
comuns são subdivididas em três tipos: espástica, atetoica e atáxica.

Espástica: quando há uma desordem no movimento voluntário, o que faz


com que todo o corpo participe de um movimento que, normalmente, envolveria
apenas uma parte do corpo. Pode agravar-se conforme o estado emocional.

Atetoica: reflexo que causa um movimento involuntário do corpo, até


mesmo quando em repouso.

8
TÓPICO 1 | TIPOS DE DEFICIÊNCIAS, CARACTERÍSTICAS E CAUSAS

Atáxica: distúrbio motor que causa problemas na postura e na coordenação


motora, causando dificuldades no equilíbrio e na percepção tátil. Raramente
ocorre em estado puro. É caracterizada pela falta de coordenação da atividade
ou função, ou ambas, por causa do distúrbio do senso cinestésico. O atáxico
tem de se concentrar para não cair e sua marcha assemelha-se àquela de uma
pessoa intoxicada. Na maioria dos casos, o tônus muscular é fraco. O grau de
envolvimento na paralisia cerebral determina as capacidades do movimento e a
capacidade funcional.

As atáxicas são classificadas de acordo com as extremidades afetadas:

MONOPLEGIA: é um membro comprometido, é raro, pode ser a perna


ou braço.

PARAPLEGIA: quando a paralisia afeta apenas os membros inferiores;


podendo ter como causa resultante uma lesão medular torácica ou lombar. Este
trauma ou doença altera a função medular, produz como consequências, além de
déficits sensitivos e motores, alterações viscerais e sexuais.

HEMIPLEGIA: somente um lado do corpo é comprometido. Pode ser


mais afetado o membro superior ou inferior.

DIPLEGIA: envolvimento de ambas as pernas, com leve envolvimento


dos braços, pode o lado direito ou esquerdo se mais comprometido.

TRIPLEGIA: três membros, com frequência as duas pernas e um braço. É


raro porque a lesão é sempre difusa.

TETRAPLEGIA ou QUADRIPLEGIA: quatro membros acometidos, as


pernas geralmente espásticas e os braços discinéticos.

O traumatismo cranioencefálico é um outro tipo de lesão no cérebro que


afeta o SNC, provocada por trauma ou Acidente Vascular Cerebral (AVC). Pode
causar hemiplegia, afasia (dificuldade da fala), comportamento social e emocional
alterados. É adquirido e ocorre após os três meses de idade.

De acordo com Sanchéz (1990), as causas mais comuns são acidentes


domésticos como quedas e golpes; acidentes de trânsito ou de outra natureza.
Segundo o autor, suas características são variadas, pois dependem da região
lesionada, da gravidade, da combinação com outros traumatismos, da duração e
profundidade da perda da consciência.

Os aspectos comumente apresentados são lentidão gestual e intelectual e


movimentos involuntários, parecidos com os movimentos dos atetoicos ou dos
atáxicos. Além de afetar o cérebro, as lesões do SNC podem também afetar a
medula, causando um traumatismo raquimedular.

9
UNIDADE 1 | EDUCAÇÃO FÍSICA E INCLUSÃO

As deficiências de origem medular são causadas por lesões na região da


coluna medular, afetando a sensibilidade o controle motor ou ambos. Pode ocorrer
na coluna cervical, torácica, lombar ou sacral. As lesões podem ser originadas
pela poliomielite, espinha bífida, degeneração ou traumatismos.

NOTA

Você poderá encontrar mais informações sobre poliomielite, espinha bífida,


degeneração e traumatismos na trilha da disciplina.

Há tipos de degeneração progressiva da musculatura, de origem genética


ligada ao sexo. A forma mais comum é a denominada distrofia muscular de
Duchenne, distúrbio recessivo ligado ao cromossomo X.

Na origem osteoarticular, as malformações congênitas podem ocorrer


durante a gestação ou no momento do nascimento, variando desde a ausência
da parte distal até a ausência total do membro afetado. A ausência do membro
ou parte dele pode ser causada por toxicidade de medicamentos como a
talidomida. Outra forma de malformação congênita é a rigidez articular, em que
há calcificação de articulações, de tal forma que o indivíduo perde a mobilidade
das áreas atingidas.

A amputação é uma lesão ósseo muscular adquirida, em geral, por algum


trauma que afeta o sistema nervoso periférico, causa sequelas graves e leva à
necessidade da retirada do membro um pouco acima da lesão, como medida de
segurança, para garantir a saúde do indivíduo.

2.3 DEFICIÊNCIA INTELECTUAL


Deficiência intelectual pode ser caracterizada pelo inferior funcionamento
intelectual, geralmente abaixo da média, que, juntamente com déficits no
comportamento adaptativo, manifesta-se no período de desenvolvimento.
É a condição na qual o cérebro está impedido de atingir um desenvolvimento
adequado, dificultando a aprendizagem no indivíduo, privando-o de adaptação
social.

Segundo Almeida (2004), deficiência intelectual é o estado de diminuição


evidente do funcionamento intelectual expressivamente abaixo da média,
acompanhado de limitações em, pelo menos, dois aspectos do funcionamento
adaptativo: comunicação; cuidados pessoais; competências domésticas;
habilidades sociais; utilização dos recursos comunitários; autonomia; saúde e
segurança; aptidões escolares; lazer; trabalho.
10
TÓPICO 1 | TIPOS DE DEFICIÊNCIAS, CARACTERÍSTICAS E CAUSAS

Podemos, também, caracterizar o deficiente intelectual como um indivíduo


que apresente seu Quociente de Inteligência (QI) inferior a 70.

De acordo com Diehl (2006), para que um indivíduo seja diagnosticado


como deficiente intelectual, todos os aspectos citados acima devem ocorrer,
impreterivelmente, durante seu desenvolvimento infantil.

A tendência atual é de não classificar por QI, por serem esses testes muito
específicos e, por isso, limitados. Devemos sempre levar em conta o histórico
de cada aluno, o meio onde vive, a maneira como é tratado e os estímulos que
recebe. Podemos encontrar crianças ou adolescentes com o mesmo QI e respostas
comportamentais muito diferentes. Ou seja, alguns conseguem articular e
organizar o pensamento conforme as tarefas propostas e outros, com o mesmo
QI, não apresentam iniciativa de respostas comportamentais.

A deficiência intelectual pode ser classificada em seis áreas, conforme a


etiologia (Diehl, 2006): 1) genéticas; 2) complicações pré-natais; 3) complicações
no parto; 4) complicações pós-natais; 5) socioculturais e 6) desconhecidas.

Nesta unidade serão relacionadas aquelas que apresentam maior


incidência.

1) Genéticas – Apresentam-se sob duas formas: aquelas geradas por


desordem bioquímica, como a fenilcetonúria e a galactosemia e aquelas com
aspecto de desordem cromossômica, como a Síndrome de Down, a Síndrome de
Rett e a Síndrome do X Frágil.

2) Complicações pré-natais – No período entre a concepção até o início do


trabalho de parto, o feto não é imune aos fatores exógenos. Sendo assim, pode ser
afetado por determinados hábitos e ações da mãe ou, ainda, por doenças por ela
contraídas. As complicações pré-natais podem ser causadas pela ação de raios X
durante o período de gestação, ingestão de drogas e álcool pela mãe no período
gestatório, doenças adquiridas pela mãe e que passam ao feto, tais como rubéola
e infecções hepáticas. É muito importante que a futura mãe tenha boa assistência
médica durante a gestação, pois muitos riscos podem ser minimizados através de
cuidados médicos.

3) Complicações no parto – O período perinatal corresponde ao início do


trabalho de parto e vai até o 30° dia de vida do bebê. Os problemas decorrentes
deste período são relacionados à prematuridade, que ocasiona o baixo peso (PIG
– Pequeno para a Idade Gestacional); má assistência no momento do parto, que
pode ocasionar traumas ao bebê; hipóxia ou anóxia e icterícia grave do recém-
nascido.

4) Complicações pós-natais – As complicações pós-natais são aquelas que


incidem do 30° dia de vida até o final da adolescência e podem ser causadas
por desnutrição ou desidratação grave; carência de estimulação global; infecções

11
UNIDADE 1 | EDUCAÇÃO FÍSICA E INCLUSÃO

como encefalites, febres altas que podem destruir as células cerebrais, e meningite,
resultante do ataque de bactérias que causam danos ao sistema nervoso central;
intoxicações exógenas (envenenamento) por remédios, inseticidas, produtos
químicos (chumbo, mercúrio); acidentes, tais como de trânsito, afogamento,
choque elétrico, quedas etc. Ou infestações como a neurocisticercose.

UNI

Ainda podemos citar as complicações socioafetivas, que são problemas


decorrentes da insuficiência de estímulos sensoriais nos primeiros anos de vida, além de
fatores que não podem ser atribuídos a nenhum dos acima relacionados. Muitas das causas
podem ser evitadas através dos exames pré-natais.

2.4 DEFICIÊNCIA VISUAL


De acordo com DIEHL (2006 apud CHIVIACOWSKY et al., 2009) deficiente
visual é um indivíduo com redução ou incapacidade total de ver com o melhor
olho, mesmo após o uso de correção ótica (recursos como óculos ou lente de
contato). Para uma pessoa ser considerada com comprometimento visual, além
de apresentar um comprometimento em relação à acuidade visual, ela deverá ter
seu campo visual restrito.

São consideradas com baixa visão as pessoas que possuem resquícios


visuais, mas que necessitam utilizar recursos de orientação; são consideradas
cegas aquelas que não possuem capacidade total de ver a qualquer distância e,
apesar de distinguir a luminosidade, não distinguem as formas.

Segundo Diehl (2006), nós podemos classificar a deficiência visual em leve,


moderada, severa, profunda (visão subnormal ou baixa visão) e ausência total da
resposta visual (cegueira). Sob o enfoque educacional, os cegos são indivíduos
que apresentam desde ausência total da visão até a perda da projeção de luz. Seu
processo de aprendizagem se dará com o uso dos sentidos remanescentes (tato,
audição, olfato e paladar), utilizando o sistema Braille como meio de leitura e
escrita.

Já os indivíduos com baixa visão preservam algum resquício de sua


acuidade visual para a percepção de luz, vultos, letras etc. Apesar de utilizar
recursos específicos, seu processo educativo se dará, preferencialmente por meios
visuais.

12
TÓPICO 1 | TIPOS DE DEFICIÊNCIAS, CARACTERÍSTICAS E CAUSAS

As causas podem ser congênitas ou adquiridas, de fatores genéticos e


ambientais. Nem todas as anomalias visuais congênitas resultam de fatores
genéticos, muitas são resultantes de fatores ambientais que atuam no feto, como
radiação (mãe exposta a raio x), doenças infecciosas, alcoolismo e uso de drogas
em geral (lícitas ou não).

Os principais acometimentos que ocasionam a cegueira são:

- Glaucoma.
- Retinose pigmentar.
- Retinoblastoma.
- Retinopatia da prematuridade.
- Retinopatia diabética.
- Degeneração macular senil.
- Rubéola (até os três meses de gestação).
- Outras infecções neonatais: sarampo, quando ocorre lesão da retina e a
prematuridade.

3 OUTROS ACOMETIMENTOS
Além das deficiências supracitadas, existem diversos acometimentos
que poderão dificultar o pleno desenvolvimento dos indivíduos, como as
deficiências múltiplas (surdocegueira), síndromes (Down, Rett), transtornos do
desenvolvimento (TDAH, autismo, Asperger) e transtornos psíquicos (pânico,
esquizofrenia, desordem obsessiva compulsiva (DOC), depressão e distúrbio
bipolar).

3.1 DEFICIÊNCIAS MÚLTIPLAS


O Ministério de Educação do Brasil define a deficiência múltipla como:

O termo deficiência múltipla tem sido utilizado com frequência, para


caracterizar o conjunto de duas ou mais deficiências associadas, de
ordem física, sensorial, mental, emocional ou de comportamento social.
No entanto, não é o somatório dessas alterações que caracterizam
a múltipla deficiência, mas sim o nível de desenvolvimento, as
possibilidades funcionais, de comunicação, interação social e de
aprendizagem que determinam as necessidades educacionais dessas
pessoas. (GODÓI, 2006, p. 11).

13
UNIDADE 1 | EDUCAÇÃO FÍSICA E INCLUSÃO

3.1.1 Surdocegueira
Pessoa surdocega é "aquela que tem uma perda substancial da visão e
da audição, de tal forma que a combinação das duas deficiências cause extrema
dificuldade na conquista de metas educacionais, vocacionais, de lazer e sociais",
como consta nos documentos da I Conferência Mundial Helen Keller sobre
serviços para os surdocegos jovens e adultos.

Segundo informações do Instituto Benjamim Constant, do Rio de Janeiro,


o comprometimento simultâneo de ambos os sentidos varia de pessoa para
pessoa. Alguns surdocegos têm audição residual e até a fala, nos casos em que
a surdez evoluiu depois de o indivíduo já ter adquirido a linguagem oral (os
chamados "pós-simbólicos"). Os casos mais graves são os "pré-simbólicos", de
surdocegueira congênita ou adquirida antes da aquisição da linguagem. Estes,
sem dúvida, precisam de mais atenção para desenvolver formas alternativas de
comunicação.

FONTE: Disponível em: <http://revistaescola.abril.com.br/formacao/surdo-cegueira-deficiencia-


multipla-inclusao-636397.shtml>. Acesso em: 13 jan. 2016.

3.2 SÍNDROMES
Síndrome é o nome que se dá a uma série de sinais e sintomas que,
juntos, evidenciam uma condição particular. A síndrome de Down, por exemplo,
engloba deficiência intelectual, baixo tônus muscular (hipotonia) e dificuldades
na comunicação, além de outras características, que variam entre os atingidos por
ela. 

FONTE: Disponível em: <http://revistaescola.abril.com.br/formacao/aprender-superar-511027.


shtml>. Acesso em: 13 jan. 2016.

3.2.1 Síndrome de Down


A síndrome de Down é um distúrbio genético que ocorre ao acaso durante
a divisão celular do embrião. Esse distúrbio ocorre, em média, em 1 a cada 800
nascimentos e tem maiores chances de ocorrer em mães que engravidam quando
mais velhas. É uma síndrome que atinge todas as etnias. Em uma célula normal
da espécie humana existem 46 cromossomos divididos em 23 pares. A pessoa que
tem síndrome de Down possui 47 cromossomos, sendo que o cromossomo extra
é ligado ao par 21 (MORAES, 2016).

14
TÓPICO 1 | TIPOS DE DEFICIÊNCIAS, CARACTERÍSTICAS E CAUSAS

E
IMPORTANT

O problema ortopédico mais conhecido em crianças com síndrome de Down


é a instabilidade atlantoaxial, que significa um movimento maior do que o usual entre a
primeira e a segunda vértebra do pescoço. Estima-se que 15% das crianças com síndrome de
Down apresentem essa condição. A instabilidade atlantoaxial é uma preocupação por causa
do risco presumido de danos na espinha dorsal, caso uma das vértebras pressione a mesma.
De acordo com as Diretrizes de Atendimento à Pessoa com Síndrome de Down do Ministério
da Saúde, independentemente de um diagnóstico prévio, todas as crianças com síndrome
de Down devem realizar um exame de raio-X da coluna cervical aos três e aos dez anos para
identificar se existe instabilidade atlantoaxial e deve evitar atividades que coloquem pressão
sobre o pescoço, como mergulho, ginástica olímpica e esportes de contato, como basquete
e futebol, por exemplo.

FONTE: Disponível em: <http://www.movimentodown.org.br/2013/01/questoes-


ortopedicas-2/>. Acesso em: 14 jan. 2016.

15
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você estudou que:

• Podemos definir a deficiência como a perda ou anormalidade de estrutura


ou função psicológica, fisiológica ou anatômica, temporária ou permanente.
Incluem-se nessas a ocorrência de uma anomalia, defeito ou perda de um
membro, órgão, tecido ou qualquer outra estrutura do corpo, inclusive das
funções mentais.

• A deficiência auditiva é a perda total, ou parcial, na condução ou percepção de


sinais sonoros.

• A deficiência física como um comprometimento que limita, nos mais diferentes


níveis de intensidade e localização, os movimentos de um indivíduo.

• A deficiência intelectual pode ser caracterizada pelo inferior funcionamento


intelectual, geralmente abaixo da média, que, juntamente com déficits no
comportamento adaptativo, manifesta-se no período de desenvolvimento.

• Deficiente visual é um indivíduo com redução ou incapacidade total de ver


com o melhor olho, mesmo após o uso de correção ótica.

• Além das deficiências supracitadas, existem diversos acometimentos que


poderão dificultar o pleno desenvolvimento dos indivíduos, como as
deficiências múltiplas (surdocegueira), síndromes (Down, Rett), transtornos do
desenvolvimento (TDAH, Autismo, Asperger) e transtornos psíquicos (pânico,
esquizofrenia, desordem obsessiva compulsiva (DOC), depressão e distúrbio
bipolar).

16
AUTOATIVIDADE

1 Quais atividades um aluno com Síndrome de Down, que apresenta


diagnóstico de instabilidade atlantoaxial, não poderá realizar nas aulas de
educação física?

2 Cite duas causas para cada deficiência a seguir:

a) Auditiva:
b) Física:
c) Intelectual:
d) Visual:

17
18
UNIDADE 1
TÓPICO 2

MOVIMENTO PARAOLÍMPICO

1 INTRODUÇÃO
O esporte é um bem cultural e um direito de todos. Os deficientes como
todos os outros, podem e devem praticar esportes.

Muitas modalidades esportivas são adaptadas às suas peculiaridades, com


o objetivo de lhes oferecer os benefícios trazidos pelo esporte: o desenvolvimento
de uma autoimagem positiva, a utilização de capacidades ainda não conhecidas,
a autorrealização, a melhoria da saúde, uma autonomia maior e a interação social
e cultural.

Existem várias modalidades, competitivas ou não, a que os deficientes


podem se dedicar. Os Jogos Paraolímpicos são uma expressão internacional
importante na valorização do esporte adaptado. O estímulo ao desenvolvimento
da prática esportiva pelos deficientes deve romper duas barreiras: a falta de
conhecimento e o preconceito.

UNI

Paralímpicos ou Paraolímpicos?
Novembro de 2009, época em que foi divulgado o evento Rio 2016 – “Jogos
Paralímpicos” que ocorrerão em 2016. Constatamos, disso não resta nenhuma dúvida,
embora não tenhamos nos atentado para o fato de que a vogal “o” foi suprimida da palavra
“Paraolímpicos”. Daí, usuários desse precioso idioma que somos, sentimo-nos questionados:
mais uma vez a língua estaria sendo maltratada? Há rumores de que o VOLP tão logo passará
a registrar a nova forma, pois somente assim teríamos ciência de que o termo, em questões
formais, estaria sendo registrado. Prosseguindo com o impasse, as discussões parecem
ganhar ainda mais vivacidade, restando saber as reais intenções de tal fato.
A resposta parece emergir quase que de forma imediata, uma vez que para o CPB
(Comitê Paralímpico Brasileiro), fundado desde 1995, a nova mudança operou-se no intuito
de o Brasil se igualar mundialmente aos demais países.  Assim, diante de tais intenções, estaria
o Comitê seguindo adiante e deixando para trás o esquecido “o” de épocas e épocas de
permanência, vindo a se transformar em Comitê Paralímpico Brasileiro? Ao contextualizarmos
essa questão, tudo parece estar perfeitamente nítido, haja vista que não há nada que
contradiga: o fato é que tudo isso nada mais é do que o reflexo da globalização sobre a
nossa língua, de cujas origens não podemos discordar. Nesse sentido, é bom que se diga que
a palavra “paraolímpico” resultou da junção do prefixo de origem grega para (de paraplegia)
com o adjetivo olímpico, semelhantemente a tantas outras palavras que compartilham nosso
cotidiano linguístico.

19
UNIDADE 1 | EDUCAÇÃO FÍSICA E INCLUSÃO

O que se percebe é que, vivenciando fatos norteados por um estilo amplamente


sincrônico da língua, precisamos nos conscientizar de que somente o tempo dirá: se eles
permanecerão, até se tornarem formalizados, ou se conceberão como objeto de refutação,
pelo menos por boa parte dos gramáticos. Ao menos, por enquanto, prevalece a segunda
das alternativas, mesmo porque até para os atletas paraolímpicos trata-se da Paraolimpíadas,
Jogos Paraolímpicos, enfim, justamente porque são realizados de forma paralela ao Jogos
Olímpicos.

FONTE: DUARTE, V. M. do N. Jogos Paralímpicos ou Jogos Paraolímpicos?". Brasil Escola.


Disponível em <http://brasilescola.uol.com.br/gramatica/jogos-paralimpicos-ou-jogos-
paraolimpicos.htm>. Acesso em: 6 mar. 2016.

2 PARAOLIMPÍADAS
Há notícia da existência de clubes esportivos para pessoas surdas em
Berlim, Alemanha, ainda em 1888.

Em 1922, foi fundada a Organização Mundial de Esportes para Surdos
(CISS). Assim, as pessoas com este tipo de deficiência chegaram a organizar uma
própria competição internacional – os Jogos Silenciosos. Hoje, os atletas surdos
costumam praticar esportes junto de pessoas sem deficiência e não possuem
modalidades no programa paraolímpico.

Em 1948, Ludwig Guttman organizou uma competição esportiva que


envolvia veteranos da Segunda Guerra Mundial com lesão na medula espinhal. O
evento foi realizado em Stoke Mandeville, na Inglaterra. Quatro anos mais tarde,
competidores da Holanda uniram-se aos jogos e, assim, nasceu um movimento
internacional. Este fez com que jogos no estilo olímpico, para atletas deficientes,
fossem organizados pela primeira vez em Roma, em 1960.

Em Toronto, 16 anos depois, foram adicionados na competição outros


grupos de pessoas com deficiência. A partir daí, surgiu a ideia de fundir estes
diferentes atletas em um grande torneio esportivo internacional. Naquele mesmo
ano, 1976, a Suécia organizou os primeiros Jogos Paraolímpicos de Inverno.

Hoje, os Jogos Paraolímpicos são um evento de esporte de alto rendimento


para atletas deficientes. Apesar disso, os jogos enfatizam mais as conquistas do
que as deficiências dos participantes. O movimento tem crescido de maneira
significante desde os primeiros dias.

Quatrocentos atletas participaram dos Jogos Paraolímpicos de Verão de
Roma, em 1960. Nos Jogos de Pequim, em 2008, foram 3.951 atletas, de 146 países.

20
TÓPICO 2 | MOVIMENTO PARAOLÍMPICO

Os Jogos Paraolímpicos têm sido sempre realizados no mesmo ano dos


Jogos Olímpicos. Desde os Jogos de Seul, em 1988, também têm sido sediados
no mesmo local. Em 19 de junho de 2001, foi assinado um acordo entre o Comitê
Olímpico Internacional (COI) e o Comitê Paraolímpico Internacional (IPC) que
assegura esta prática para o futuro.

Desde o processo de escolha para os Jogos de 2012, a cidade-sede escolhida


também é obrigada a acolher os Jogos Paraolímpicos. Londres, no Reino Unido,
sediou os últimos Jogos Paraolímpicos de Verão, em 2012 e os Jogos Paraolímpicos
de Inverno foram realizados em Sochi, na Rússia.

FONTE: Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB). Disponível em: <http://www.cpb.org.br/>. Acesso


em: 16 fev. 2016.

3 ESPORTES PARAOLÍMPICOS
Entre os mais diversos esportes destinados aos deficientes, falaremos a
seguir sobre os que compõem o programa paraolímpico, de acordo com o Comitê
Paralímpico Brasileiro, até RIO 2016:

ATLETISMO

O atletismo faz parte do programa dos Jogos Paraolímpicos desde a


primeira edição, em Roma-1960. Mas foi apenas em 1984 que o Brasil conquistou
as primeiras medalhas, em Nova Iorque (Estados Unidos) e em Stoke Mandeville
(Inglaterra). Naquele ano, o país faturou seis medalhas de ouro, doze de prata e
três de bronze na modalidade.

FIGURA 1 - ATLETISMO

FONTE: CPB/divulgação

21
UNIDADE 1 | EDUCAÇÃO FÍSICA E INCLUSÃO

Como é disputado

O atletismo paraolímpico é praticado por atletas com deficiência física ou


visual. Há provas de corrida, saltos, lançamentos e arremessos, tanto no feminino
quanto no masculino. Os competidores são divididos em grupos de acordo com
o grau de deficiência constatado pela classificação funcional.

Nas corridas, os atletas com deficiência visual mais alta podem ser
acompanhados por guias, ligados a eles por uma corda. Já entre os deficientes
físicos, há corridas com o uso de próteses ou em cadeiras de rodas.

O Brasil nos jogos

O atletismo brasileiro passou a brilhar com mais força a partir de 2004, nos
Jogos Paraolímpicos de Atenas, quando o país conquistou 16 medalhas. Os Jogos
Parapan-Americanos do Rio de Janeiro, em 2007, foram outro marco. Em casa, a
delegação verde e amarela somou 73 medalhas apenas neste esporte, sendo 25 de
ouro, 27 de prata e 21 de bronze, terminando em primeiro lugar geral. No total, o
país já faturou 112 medalhas na modalidade em Jogos Paraolímpicos: 32 de ouro,
50 de prata e 30 de bronze.

BASQUETE EM CADEIRA DE RODAS

Praticado inicialmente por ex-soldados norte-americanos que haviam


saído feridos da 2ª Guerra Mundial, o basquete em cadeira de rodas fez parte de
todas as edições já realizadas dos Jogos Paraolímpicos. As mulheres passaram a
disputar a modalidade em 1968, nos Jogos de TelAviv.

FIGURA 2 - BASQUETEBOL EM CADEIRA DE RODAS

FONTE: CPB/divulgação

22
TÓPICO 2 | MOVIMENTO PARAOLÍMPICO

No Brasil, o basquete em cadeira de rodas tem forte presença na história


do movimento paraolímpico, sendo a primeira modalidade praticada no país,
a partir de 1958, introduzida por Sérgio Del Grande e Robson Sampaio. Depois
de ficar de fora dos Jogos Paraolímpicos por 16 anos, a Seleção Brasileira voltou
à disputa ao conquistar a vaga para Atenas-2004 durante os Jogos Parapan-
Americanos de Mar Del Plata-1995.

As cadeiras de rodas utilizadas por homens e mulheres são adaptadas e


padronizadas pelas regras da Federação Internacional de Basquete em Cadeira
de Rodas (IWBF).

Como é disputado

O jogador deve quicar, arremessar ou passar a bola a cada dois toques


dados na cadeira. As dimensões da quadra e a altura da cesta seguem o padrão
do basquete olímpico. São disputados quatro quartos de dez minutos cada.

O Brasil nos Jogos

Apesar da popularidade no país, o Brasil ainda não conquistou medalhas


na modalidade em Jogos Paraolímpicos. A estreia da seleção masculina foi nos
Jogos de Heidelberg-1972, e, da feminina, em Atlanta-1996. A melhor colocação
brasileira na modalidade foi o oitavo lugar em Atlanta-1996 e Pequim-2008, com
a Seleção Feminina.

BOCHA

Praticada por atletas com elevado grau de paralisia cerebral ou deficiências
severas, a bocha estreou nos Jogos Paraolímpicos em 1984, no masculino e
no feminino. A modalidade passou a contar com a disputa em duplas em
Atlanta-1996. A origem do esporte, no entanto, é incerta. Os indícios dizem que
tudo começou na Grécia e no Egito antigos como um passatempo, tornando-se
um esporte apenas mais tarde, na Itália. No Brasil, a bocha desembarcou junto
com os imigrantes italianos.

FIGURA 3 - BOCHA

FONTE: CPB/divulgação

23
UNIDADE 1 | EDUCAÇÃO FÍSICA E INCLUSÃO

A versão adaptada da modalidade só passou a ser praticada na década de


1970. Antes de se tornar uma modalidade olímpica, no entanto, a bocha teve um
antecessor nos Jogos Paraolímpicos. Foi o lawnbowls, uma espécie de bocha jogada
na grama. Foi justamente no lawnbowls que o Brasil conquistou sua primeira
medalha na competição. Róbson Sampaio de Almeida e Luiz Carlos “Curtinho”
foram prata nos Jogos de Heidelberg, na Alemanha em 1972.

Como é disputado

Os atletas usam cadeiras de rodas e têm o objetivo de lançar as bolas


coloridas o mais perto possível de uma branca (jack ou bolim). É permitido usar
as mãos, os pés, instrumentos de auxílio e até ajudantes (calheiros) no caso dos
atletas com maior comprometimento dos membros.

O Brasil nos Jogos

O Brasil estreou em Pequim-2008, com duas medalhas de ouro e uma de


bronze. Em Londres-2012, o país conquistou outros três ouros e um bronze.

TUROS
ESTUDOS FU

Ao final desta unidade, serão apresentadas, como LEITURA COMPLEMENTAR,


as regras da BOCHA.

CICLISMO

Praticado desde a década de 1980, o ciclismo paraolímpico era destinado


apenas aos deficientes visuais. Nas Paraolimpíadas de Nova Iorque-1984 foi
estendido aos paralisados cerebrais e aos amputados, e nas de Seul-1988, passou
a contar com a prova de estrada no programa oficial. Mas foi apenas na edição
de Atlanta-1996 que as deficiências passaram a ser setorizadas em categorias.
O velódromo entrou para a programação naquele ano e, em Sydney-2000, foi
exibido pela primeira vez o handcycling.

24
TÓPICO 2 | MOVIMENTO PARAOLÍMPICO

FIGURA 4 - CICLISMO

FONTE: CPB/divulgação

Como é disputado

Paralisados cerebrais, deficientes visuais, amputados e lesionados


medulares (cadeirantes), de ambos os sexos, competem no ciclismo adaptado.
Seguindo as regras da União Internacional de Ciclismo (UCI), a modalidade tem
apenas algumas diferenças para adequar-se ao programa paraolímpico. Entre
os paralisados cerebrais, por exemplo, as bicicletas podem ser convencionais
ou triciclos, de acordo com o grau de lesão do atleta. Já os cegos pedalam em
uma bicicleta dupla (tandem), sendo guiados por outra pessoa, que fica no banco
da frente. Enquanto isso, o handcycling é movido pelas mãos e destinado aos
cadeirantes. As provas são de velódromo, estrada e contrarrelógio.

Velódromo

As bicicletas não têm marchas e a competição ocorre em uma pista oval,


que varia de 250 m a 325 m de extensão.

Estrada

Os ciclistas de cada categoria largam ao mesmo tempo. As competições


são as mais longas da modalidade, com até 120 km de percurso.

Contrarrelógio

Os atletas largam de um em um minuto, pedalando contra o tempo. Nesta


prova, a posição dos ciclistas na pista não diz, necessariamente, a colocação real
em que se encontram, pois tudo depende do tempo.

25
UNIDADE 1 | EDUCAÇÃO FÍSICA E INCLUSÃO

O Brasil nos Jogos



A estreia brasileira na modalidade ocorreu em Barcelona-1992, com a
participação de Rivaldo Gonçalves Martins. O atleta foi também o primeiro do
país a ser campeão mundial, em 1994, na Bélgica. Apesar disso, o Brasil ainda não
conquistou medalhas no ciclismo em Jogos Paraolímpicos.

ESGRIMA EM CADEIRA DE RODAS

Destinada a atletas com deficiência locomotora, a esgrima adaptada surgiu


em 1953 e foi aplicada originalmente pelo médico alemão Ludwig Guttman, o
pai do movimento paraolímpico. A modalidade, uma das mais tradicionais, é
disputada desde a primeira edição dos Jogos Paraolímpicos, em Roma-1960.

FIGURA 5 - ESGRIMA EM CADEIRA DE RODAS

FONTE: CPB/divulgação

A disputa segue as regras da Federação Internacional de Esgrima (FIE),


mas é administrada pelo Comitê Executivo de Esgrima do Comitê Paraolímpico
Internacional (IPC).

Como é disputado

Em competição, as pistas medem 4 m de comprimento por 1,5 m de


largura, e as cadeiras de rodas ficam fixas ao chão. Se um dos esgrimistas mover
a cadeira, o combate é interrompido. Há duelos de florete, espada e sabre. Para
cada prova, há uma proteção específica para o competidor e para as cadeiras,
além de regras para a pontuação ser validada.

O Brasil nos Jogos

Em Londres-2012, o Brasil faturou pela primeira vez uma medalha na


modalidade: um ouro. O gaúcho Jovane Guissone derrotou os franceses Marc
Cratere e Alim Latreche nas quartas de final e na semifinal, respectivamente. Na

26
TÓPICO 2 | MOVIMENTO PARAOLÍMPICO

decisão, superou a disputa acirrada com Chik Sum Tam, de Hong Kong, por 15
a 14. O gaúcho perdeu o movimento das pernas após levar um tiro nas costas
durante um assalto.

FUTEBOL DE 5

Há relatos de que no Brasil, na década de 1950, cegos jogavam futebol com


latas. Em 1978, nas Olimpíadas das APAEs, em Natal (RN), ocorreu o primeiro
campeonato de futebol com deficientes visuais. A primeira Copa Brasil foi em
1984, na capital paulista. Das quatro edições da Copa América, os brasileiros
trouxeram três ouros: Assunção (1997), Paulínia (2001) e Bogotá (2003). Em
Buenos Aires (1999), o título não veio, mas os brasileiros venceram os argentinos.
Em 1998, o Brasil sediou o primeiro Mundial de futebol e levou o título. Dois anos
depois, em Jerez de la Frontera (ESP), a Seleção se sagrou campeã novamente.

FIGURA 6 - FUTEBOL DE 5

FONTE: CPB/divulgação

Como é disputado

O futebol de cinco é exclusivo para cegos ou deficientes visuais. As


partidas normalmente são em uma quadra de futsal adaptada, mas desde os
Jogos Paraolímpicos de Atenas também têm sido praticadas em campos de grama
sintética. O goleiro tem visão total e não pode ter participado de competições
oficiais da Fifa nos últimos cinco anos. Junto às linhas laterais, são colocadas
bandas que impedem que a bola saia do campo. Cada time é formado por
cinco jogadores – um goleiro e quatro na linha. Diferentemente de um estádio
convencional de futebol, as partidas de futebol de cinco são silenciosas, em locais
sem eco.

A bola tem guizos internos para que os atletas consigam localizá-la. A


torcida só pode se manifestar na hora do gol. Os jogadores usam uma venda nos
olhos e, se tocá-la, cometerá uma falta. Com cinco infrações, o atleta é expulso de

27
UNIDADE 1 | EDUCAÇÃO FÍSICA E INCLUSÃO

campo e pode ser substituído por outro jogador. Há ainda um guia, o chamador,
que fica atrás do gol, para orientar os jogadores, e que diz onde devem se
posicionar em campo e para onde devem chutar. O jogo tem dois tempos de 25
minutos e intervalo de 10 minutos. No Brasil, a modalidade é administrada pela
Confederação Brasileira de Desportos de Deficientes Visuais (CBDV).

Brasil nos Jogos

A modalidade passou a fazer parte dos Jogos Paraolímpicos na edição de


2004, em Atenas (GRE). Desde então, o Brasil faturou a medalha de ouro em todas
as ocasiões. Na estreia, a decisão foi contra os rivais argentinos. A seleção ficou
com o topo do pódio ao bater os sul-americanos por 3 a 2.

Na edição seguinte, em Pequim (CHN), a briga pela láurea dourada se deu


contra os donos da casa. Em partida disputada, o Brasil ficou com o bicampeonato
ao batê-los por 2 a 1. A hegemonia verde e amarela seria consolidada quatro anos
mais tarde, nos Jogos Paraolímpicos de Londres. A terceira conquista consecutiva
ocorreu após o triunfo por 2 a 0 sobre os franceses, em jogo na capital britânica.

FUTEBOL DE 7

Em 1978 surgiu o futebol de 7 para paralisados cerebrais. Foi na cidade


de Edimburgo, na Escócia, que aconteceram as primeiras partidas. A primeira
Paraolimpíada em que a modalidade esteve presente foi em Nova Iorque, em
1984. Em Barcelona (1992), o Brasil estreou nos Jogos Paraolímpicos e ficou em
sexto lugar. Na Paraolimpíada de Atlanta (1996), a seleção brasileira ficou em
penúltimo lugar na classificação geral. Quatro anos depois, em Sidney, virou o
jogo e conquistou o terceiro lugar geral. Nos Jogos Paraolímpicos de Atenas (2004),
o Brasil se superou mais uma vez e conquistou a medalha de prata, deixando
para trás potências como a Rússia, Estados Unidos e Argentina.

FIGURA 7 - FUTEBOL DE 7

FONTE: CPB/divulgação

28
TÓPICO 2 | MOVIMENTO PARAOLÍMPICO

O futebol de sete é praticado por atletas do sexo masculino, com paralisia


cerebral, decorrente de sequelas de traumatismo cranioencefálico ou acidentes
vasculares cerebrais. As regras são da FIFA, mas com algumas adaptações feitas
pela Associação Internacional de Esporte e Recreação para Paralisados Cerebrais
(CP-ISRA).

O campo tem no máximo 75 m x 55 m, com balizas de 5 m x 2 m e a marca


do pênalti fica a 9,20 m do centro da linha de gol. Cada time tem sete jogadores
(incluindo o goleiro) e cinco reservas.

A partida dura 60 minutos, divididos em dois tempos de 30, com um


intervalo de 15 minutos. Não existe regra para impedimento e a cobrança lateral
pode ser feita com apenas uma das mãos, rolando a bola no chão.

Os jogadores pertencem às classes menos afetadas pela paralisia cerebral


e não usam cadeira de rodas. No Brasil, a modalidade é administrada pela
Associação Nacional de Desporto para Deficientes (ANDE).

GOALBALL

O Goalball foi criado em 1946 pelo austríaco Hanz Lorezen e o alemão


Sepp Reindle, que tinham como objetivo reabilitar veteranos da Segunda Guerra
Mundial que perderam a visão. Nos Jogos de Toronto – 1976, sete equipes
masculinas foram estreantes. Dois anos depois, ocorreu o primeiro Campeonato
Mundial de Goalball, na Áustria. Em 1982, a Federação Internacional de Esportes
para Cegos (IBSA) começou a gerenciar a modalidade. As mulheres entraram
para o Goalball nos Jogos Paraolímpicos de Nova Iorque, em 1984. A modalidade
foi implementada no Brasil em 1985. Inicialmente, o Clube de Apoio ao Deficiente
Visual (CADEVI) e a Associação de Deficientes Visuais do Paraná (ADEVIPAR)
realizaram as primeiras partidas. O primeiro campeonato brasileiro de Goalball
foi realizado em 1987, em Uberlândia-MG.

FIGURA 8 - GOALBALL

FONTE: CPB/divulgação

29
UNIDADE 1 | EDUCAÇÃO FÍSICA E INCLUSÃO

Como é disputado

Ao contrário de outras modalidades paraolímpicas, o Goalball foi


desenvolvido exclusivamente para pessoas com deficiência – neste caso, a visual.
A quadra tem as mesmas dimensões da de vôlei (9 m de largura por 18 m de
comprimento). As partidas são realizadas em dois tempos de 12 minutos, com 3
minutos de intervalo. Cada equipe conta com 3 jogadores titulares e três reservas.
De cada lado da quadra há um gol com 9 m de largura e 1,30 m de altura. Os
atletas são, ao mesmo tempo, arremessadores e defensores. O arremesso deve
ser rasteiro ou tocar pelo menos uma vez nas áreas obrigatórias. O objetivo é
balançar a rede adversária.

A bola possui um guizo em seu interior que emite sons – existem furos
que permitem a passagem do som – para que os jogadores saibam sua direção. O
Goalball é um esporte baseado nas percepções tátil e auditiva, por isso não pode
haver barulho no ginásio durante a partida, exceto no momento entre o gol e o
reinício do jogo e nas paradas oficiais. A bola tem 76 cm de diâmetro e pesa 1,25
kg. Sua cor é azul. Hoje, o Goalball é praticado em 112 países dos cinco continentes.
No Brasil, a modalidade é administrada pela Confederação Brasileira de Deporto
de Deficientes Visuais (CBDV).

Brasil nos Jogos

A Seleção Brasileira masculina conquistou uma medalha de prata no


Parapan de Buenos Aires, em 1995. Na Carolina do Sul, em 2001, as mulheres
conquistaram o bronze no Parapan-americano, enquanto a seleção masculina ficou
com o quarto lugar. Em 2003, as atletas brasileiras foram vice-campeãs no Mundial
da IBSA, disputado em Quebec, no Canadá. Com isso, o Brasil se classificou
para uma edição dos Jogos Paraolímpicos pela primeira vez. Em Pequim-2008,
foi a estreia da Seleção masculina em uma edição dos Jogos Paraolímpicos. Nos
Jogos Parapan-Americanos de Guadalajara-2011, a Seleção feminina conquistou a
medalha de prata e, a masculina, a outro, o que resultou na classificação de ambas
para Londres-2012. Nos Jogos Paraolímpicos de Londres, a Seleção masculina
realizou o maior feito do goalball brasileiro, ao conquistar a medalha de prata. No
Mundial disputado em 2014, na Finlândia, a Seleção masculina sagrou-se campeã
mundial pela primeira vez.

HALTEROFILISMO

O halterofilismo apareceu pela primeira vez em uma edição de Jogos


Paraolímpicos, em 1964, em Tóquio (JAP). A deficiência dos atletas era apenas
com lesões na coluna vertebral. Até os Jogos de Atlanta (1996), somente os homens
competiam. Quatro anos depois, em Sydney, as mulheres entraram de vez para a
modalidade. Atualmente, 109 países possuem halterofilistas paraolímpicos.

30
TÓPICO 2 | MOVIMENTO PARAOLÍMPICO

FIGURA 9 - HALTEROFILISMO

FONTE: CPB/divulgação

O Brasil estreou nos Jogos de Atlanta, com o atleta Marcelo Motta.


Em Sydney (2000), Alexander Whitaker, João Euzébio e Terezinha Mulato
competiram. Três anos depois, no Pan-Americano de Oklahoma (EUA), Marcelo
Motta conquistou medalha de ouro, e um novo recorde das Américas na categoria
até 60 kg. João Euzébio (até 82,5 kg) e Terezinha Mulato (até 60 kg) ganharam
prata e Walmir de Souza (até 75 kg) ficou com o bronze. Em Atenas, Whitaker
e Euzébio ficaram em quarto e 12º lugares, respectivamente. Nenhum atleta do
país, contudo, conquistou medalhas em Jogos Paraolímpicos até hoje.

Como é disputado

No halterofilismo, os atletas permanecem deitados em um banco e executam


um movimento conhecido como supino. A prova começa no momento em que a
barra de apoio é retirada – com ou sem a ajuda do auxiliar central – deixando o
braço totalmente estendido. O atleta flexiona o braço descendo a barra até a altura
do peito. Em seguida, elevam-na até a posição inicial, finalizando o movimento.

Hoje, competem atletas com deficiência física nos membros inferiores


ou paralisia cerebral. As categorias são subdivididas pelo peso corporal de cada
um. São dez categorias femininas e dez masculinas. O atleta pode realizar o
movimento três vezes, e o maior peso é validado. Os árbitros ficam atentos à
execução contínua do movimento e à parada nítida da barra no peito. No Brasil,
a modalidade é organizada pelo Comitê Paralímpico Brasileiro por meio da
Coordenação de Halterofilismo.

HIPISMO

A estreia paraolímpica do hipismo ocorreu nos Jogos de Nova Iorque


(EUA), em 1984. Três anos depois, foi realizado o primeiro Mundial, na Suécia. A
modalidade só voltaria ao programa oficial na Paraolimpíada de Sydney (2000).
A única disciplina do hipismo do programa paraolímpico é o adestramento.

31
UNIDADE 1 | EDUCAÇÃO FÍSICA E INCLUSÃO

FIGURA 10 - HIPISMO

FONTE: CPB/divulgação

Em março de 2002, nasceu o hipismo paraolímpico nacional a partir de um


curso promovido pela Confederação Brasileira de Hipismo (CBH). Ainda naquele
ano, ocorreram as primeiras provas-treino, com a participação de competidores
do Distrito Federal, Minas Gerais e São Paulo.

Em julho de 2003, houve o primeiro Campeonato Brasileiro, em Ibiúna.


Participaram nove atletas dos três estados pioneiros na modalidade. Em agosto
Ibiúna sediou a Primeira Copa Sul-americana. No mesmo ano, os cavaleiros
Natalie Goutglass e Daniel Loeb participaram pela primeira vez de uma
competição paraolímpica internacional, o Mundial de Moorsele, Bélgica. Ainda
em 2003, no Parapan de Mar del Plata, Marcos Fernandes Alves (o Joca) garantiu
a primeira vaga do país em uma Paraolimpíada.

Como é disputado

O hipismo paraolímpico é praticado por atletas com vários tipos de


deficiência, em cerca de 40 países. A competição de hipismo é mista. Ou seja,
cavaleiros e amazonas competem juntos nas mesmas provas. Outra característica
da modalidade é que não só os competidores recebem medalhas, mas os cavalos
também. No Brasil, o hipismo é organizado pela Confederação Brasileira de
Hipismo (CBH).

Brasil nos Jogos

Nos Jogos de Atenas (2004), o Brasil contou com a participação do cavaleiro


Marcos Fernandes Alves, cuja melhor posição foi um nono lugar no estilo livre.
Quatro anos mais tarde, em Pequim (CHN), pela primeira vez, o Brasil competiu
com equipe completa. Joca foi o principal nome da equipe, responsável por faturar
duas medalhas de bronze: uma no estilo livre e outra na prática individual. Em
Londres 2012, novamente o país foi com a sua equipe completa, mas não obteve
vaga no pódio.

32
TÓPICO 2 | MOVIMENTO PARAOLÍMPICO

JUDÔ

Praticado por deficientes visuais desde a década de 1970, o judô foi a


primeira modalidade de origem asiática a integrar o programa paraolímpico,
estreando nos Jogos de Seul-1988, apenas com disputas entre homens. Os Jogos
de Atenas-2004 marcaram a entrada das mulheres nos tatames. A entidade
responsável pelo judô é a Federação Internacional de Esportes para Cegos
(IBSA, na sigla em inglês), fundada em Paris, em 1981. No Brasil, a Confederação
Brasileira de Desportos de Deficientes Visuais (CBDV) administra a modalidade.

FIGURA 11 - JUDÔ

FONTE: CPB/divulgação

Como é disputado

A modalidade é disputada por atletas com deficiência visual divididos


em categorias de acordo com o peso. Com até cinco minutos de duração, as lutas
acontecem sob as mesmas regras utilizadas pela Federação Internacional de Judô,
com pequenas modificações em relação ao judô convencional. A principal delas é
que o atleta inicia a luta já em contato com o quimono do oponente. Além disso, a
luta é interrompida quando há perda desse contato e não há punições para quem
sai da área de combate.

Brasil nos Jogos

O Brasil teve cinco judocas na edição dos Jogos Paraolímpicos de Seul-


1988, primeira em que o esporte foi disputado. A delegação verde-amarela da
modalidade voltou para casa com três bronzes, conquistados por Jaime de Oliveira
(categoria até 60 kg), Júlio Silva (até 65 kg) e Leonel Cunha (acima de 95 kg). Desde
então, o judô brasileiro só não conquistou medalhas nos Jogos de Barcelona-1992.
Em Atlanta-1996 veio o primeiro ouro, com Antônio Tenório da Silva, na categoria
até 86 kg. As primeiras medalhas femininas vieram em Atenas-2004, com Karla
Cardoso, prata na categoria até 48 kg, e Daniele Silva, bronze na categoria até

33
UNIDADE 1 | EDUCAÇÃO FÍSICA E INCLUSÃO

57kg. No total, a modalidade já rendeu ao Brasil 18 medalhas na história dos


Jogos, sendo quatro ouros (todos conquistados por Antônio Tenório), cinco pratas
e nove bronzes.

NATAÇÃO

A natação faz parte do programa oficial desde os primeiros Jogos


Paraolímpicos, em Roma-1960. Na modalidade, competem atletas com diversos
tipos de deficiência (física e visual) nos quatro estilos: livre, costas, medley e peito.
As provas são divididas nas categorias masculino e feminino, seguindo as regras
do IPC Swimming, órgão responsável pela natação no Comitê Paraolímpico
Internacional (IPC).

FIGURA 12 - NATAÇÃO

FONTE: CPB/divulgação

Como é disputado

As adaptações são feitas nas largadas, viradas e chegadas. Os nadadores


cegos recebem um aviso do tapper, por meio de um bastão com ponta de espuma
quando estão se aproximando das bordas. A largada também pode ser feita na
água, no caso de atletas de classes mais baixas, que não conseguem sair do bloco.
As baterias são separadas de acordo com o grau e o tipo de deficiência. No Brasil,
a modalidade é administrada pelo Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB).

Brasil nos Jogos

O Brasil começou a brilhar em Stoke Mandeville-1984, quando conquistou


um ouro, cinco pratas e um bronze. Outro ano de grande destaque foi 2004,
em Atenas, quando o país conquistou sete medalhas de ouro (sendo seis de
Clodoaldo Silva), três de prata e uma de bronze. Nos anos seguintes, ainda mais
vitórias: Daniel Dias foi o responsável por conquistar, sozinho, nove medalhas
em Pequim-2008, sendo quatro de ouro. Em Londres-2012, o atleta chegou à
conquista de seis ouros. No total, o Brasil já conquistou 83 medalhas na natação

34
TÓPICO 2 | MOVIMENTO PARAOLÍMPICO

em Jogos Paraolímpicos, sendo 28 de ouro, 27 de prata e 28 de bronze. É a segunda


modalidade que mais medalhas deu ao Brasil nos Jogos, atrás apenas do atletismo
(109).

PARACANOAGEM

Ao lado do paratriatlo, a paracanoagem é umas das novidades no programa


oficial do Jogos Paraolímpicos do Rio-2016. O primeiro mundial da modalidade foi
disputado em 2010, em Poznan, na Polônia, e contou com a participação de atletas
de 31 países. Desde então, a competição é disputada anualmente e terá Moscou,
Rússia, como sede em 2014. A ICF (Federação Internacional de Canoagem) é a
entidade responsável pelo esporte. No Brasil, a modalidade é coordenada pela
Confederação Brasileira de Canoagem (CBCa).

FIGURA 13 - PARACANOAGEM

FONTE: CPB/divulgação

Como é disputado

As disputas da paracanoagem são muito semelhantes às da canoagem


olímpica. As embarcações recebem adaptações de acordo com a deficiência dos
competidores. Os barcos utilizados nas provas são os caiaques, identificados pela
letra K, e as canoas havaianas, identificadas pela letra V.

Competem na paracanoagem apenas atletas com deficiências físico-


motoras. Toda a prova tem um percurso de 200 metros de extensão em linha reta
e podem ser disputadas por homens e mulheres em embarcações individuais ou
por ambos em barcos mistos. No Brasil, o grande destaque da modalidade é o
paulista Fernando Fernandes, tetracampeão mundial na paracanoagem.

Brasil nos Jogos

A modalidade fará sua estreia nos Jogos Paraolímpicos do Rio-2016.

35
UNIDADE 1 | EDUCAÇÃO FÍSICA E INCLUSÃO

REMO

O remo adaptado está no Programa Paraolímpico desde os Jogos de


Pequim-2008. O pedido para incluir a modalidade foi feito em 2001 pela Federação
Internacional de Remo (FISA). Antes, porém, a FISA precisou organizar dois
campeonatos mundiais. O primeiro foi realizado em 2002, na Espanha, e contou
com a participação de sete países. No mesmo ano, 36 federações nacionais se
comprometeram a desenvolver projetos para remadores com deficiência. A
iniciativa possibilitou a realização de um mundial em 2004, com 24 nações
representadas, cumprindo assim as exigências para a entrada da modalidade nos
Jogos Paraolímpicos.

FIGURA 14 - REMO

FONTE: CPB/divulgação

No Brasil, o remo adaptado teve o início nos anos 80, no Rio de Janeiro. A
Superintendência de Desportos do Rio de Janeiro (SUDERJ) iniciou um programa
de reabilitação para pessoas com deficiência física, mental e auditiva utilizando
o remo como ferramenta. Porém, somente em 2005, depois dos dois mundiais, a
Confederação Brasileira de Remo reativou o Departamento de Remo Adaptável.

Como é disputado

Todas as classes têm provas em percursos de 1000 metros e os atletas são


divididos entre aqueles que fazem a propulsão só com os braços, com os braços
e tronco e também os que utilizam braços, tronco e pernas. Há disputas no single
skiff, doubleskiff e four skiff com timoneiro.

Brasil nos Jogos

Em duas edições com a presença do remo nos Jogos Paraolímpicos, o


Brasil ganhou uma medalha de bronze no skiff duplo misto, classe TA, com Elton
Santana e Josiane Lima.

36
TÓPICO 2 | MOVIMENTO PARAOLÍMPICO

RUGBY EM CADEIRA DE RODAS

O rugby em cadeira de rodas nasceu na década de 70, em Winnipeg, no


Canadá, e foi desenvolvido por atletas tetraplégicos. No entanto, a modalidade
só foi nos Jogos Paraolímpicos de Atlanta-1996, como esporte de demonstração.
A estreia oficial ocorreu quatro anos depois, em Sydney-2000, no qual os Estados
Unidos conquistaram a medalha de ouro, deixando a Austrália com a prata e a
Nova Zelândia com o bronze.

FIGURA 15 - RUGBY EM CADEIRA DE RODAS

FONTE: CPB/divulgação

Assim como no rugby convencional, a modalidade para cadeirantes tem


muito contato físico. São quatro atletas em cada equipe, que contam ainda com
oito reservas cada.

Como é disputado:

Os jogos ocorrem em quadras de 15 m de largura por 28 m de comprimento


e têm 4 períodos de 8 minutos. O objetivo é passar da linha do gol com as duas
rodas da cadeira e a bola nas mãos.

O curioso do rugby em cadeira de rodas é que ele não é dividido por


gênero. Homens e mulheres jogam juntos em uma categoria mista. Estão aptos
a disputar a modalidade atletas que sejam comprovadamente tetraplégicos, que
são divididos em classes de acordo com a habilidade funcional.

O Brasil nos jogos

O Brasil ainda não tem tradição no rugby em cadeira de rodas. O país


nunca participou dos jogos. As equipes mais fortes do esporte são o Canadá e
os Estados Unidos, os primeiros a praticar e difundir a modalidade. A Austrália
e a Nova Zelândia, países nos quais o rugby é convencional, também é muito
praticado.

37
UNIDADE 1 | EDUCAÇÃO FÍSICA E INCLUSÃO

TÊNIS DE MESA

O tênis de mesa é um dos mais tradicionais esportes paraolímpicos, sendo


disputado desde os Jogos de Roma-1960, 28 anos antes de a modalidade estrear
no programa dos Jogos Olímpicos. Todas as edições dos Jogos Paraolímpicos
tiveram disputas da modalidade, tanto no masculino quanto no feminino. A
entidade responsável pelo tênis de mesa é a Federação Internacional de Tênis de
Mesa (ITTF). No Brasil, a Confederação Brasileira de Tênis de Mesa (CBTM) é
quem administra o esporte.

FIGURA 16 - TÊNIS DE MESA

FONTE: CPB/divulgação

Como é disputado

No tênis de mesa participam atletas do sexo masculino e feminino com


paralisia cerebral, amputados e cadeirantes. As competições são divididas entre
mesatenistas andantes e cadeirantes, com jogos individuais, em duplas ou por
equipes. As partidas consistem em uma melhor de cinco sets, sendo que cada um
deles é disputado até que um dos jogadores atinja 11 pontos. Em caso de empate
em 10 a 10, vence quem primeiro abrir dois pontos de vantagem. Em relação ao
tênis de mesa convencional, existem apenas algumas diferenças nas regras, como
na hora do saque para a categoria cadeirante.

Brasil nos Jogos

O país é representado na modalidade desde os Jogos de Atlanta-1996, com


os mesatenistas Francisco Eugênio Braga, Luiz Algacir e Maria Luiza Pereira. A
única medalha conquistada pelo Brasil veio nos Jogos de Pequim-2008, com a
prata da dupla Welder Knaf e Luiz Algacir.

38
TÓPICO 2 | MOVIMENTO PARAOLÍMPICO

TÊNIS EM CADEIRA DE RODAS

A origem do tênis em cadeira de rodas é norte-americana. Foi em 1976


que Jeff Minnenbraker e Brad Parks criaram as primeiras cadeiras adaptadas para
o esporte. Não demorou nem um ano para que o primeiro torneio fosse realizado,
na Califórnia. O tênis em cadeira de rodas se difundiu rapidamente nos Estados
Unidos, tanto que em 1980 foi disputado o primeiro campeonato nacional da
modalidade.

FIGURA 17 - TÊNIS EM CADEIRA DE RODAS

FONTE: CPB/divulgação

Quando foi criada a Federação Internacional de Tênis em Cadeira de


Rodas (IWTF, em inglês), em 1988, o esporte já estava bem encaminhado para se
tornar paraolímpico. Tanto que naquele mesmo ano a modalidade participou dos
Jogos de Seul como exibição. Outro passo importante foi dado em 1991, ano em
que a IWTF foi incorporada à Federação Internacional de Tênis (ITF, em inglês),
até hoje responsável pelo tênis em cadeira de rodas. No ano seguinte, nos Jogos
de Barcelona-1992, a disputa paraolímpica foi oficializada, valendo medalhas
pela primeira vez.

Como é disputado

As semelhanças com o esporte convencional são muitas, mas existe a


chamada regra dos dois quiques, que determina que o atleta cadeirante precisa
mandar a bola para o outro lado antes que ela toque no chão pela terceira vez. As
cadeiras utilizadas também são esportivas, com rodas adaptadas para um melhor
equilíbrio e mobilidade. Não há diferença em relação às raquetes e às bolas.

Brasil nos Jogos

No Brasil, o primeiro atleta a ter contato com o tênis em cadeira de rodas


foi José Carlos Morais. Ele conheceu o esporte em 1985, na Inglaterra, quando
competia com a seleção de basquete em cadeira de rodas. Onze anos depois,
Morais foi aos Jogos Paraolímpicos de Atlanta e, ao lado de Francisco Reis Junior,
se tornou o primeiro brasileiro a representar o país na modalidade.
39
UNIDADE 1 | EDUCAÇÃO FÍSICA E INCLUSÃO

TIRO COM ARCO

O tiro com arco é uma das mais tradicionais modalidades dos Jogos
Paraolímpicos e está presente no programa desde 1960, nos jogos de Roma
(ITA). A história do esporte é ainda mais antiga. No meio da década de 1940, na
Inglaterra, por ideia do neurologista alemão Ludwig Guttmann, a modalidade
começou a ser praticada como atividade de recreação e recuperação de feridos da
Segunda Guerra Mundial. Em 1948, a primeira competição de tiro com arco para
paraplégicos foi disputada em Stoke, Mandeville (ING).

FIGURA 18 - TIRO COM ARCO

FONTE: CPB/divulgação

Uma característica marcante, e até inusitada do tiro com arco em Jogos


Paraolímpicos é que as provas foram disputadas por homens e mulheres desde o
início. Ao contrário da história de diversas outras modalidades, que começaram
com disputas exclusivamente masculinas, o tiro com arco incluiu as mulheres
desde seus primeiros passos.

A modalidade é organizada pela Federação Internacional de Tiro com


Arco (WA, em inglês). Em 2007, a entidade assumiu o comando da disciplina,
que até então estava com o Comitê Paraolímpico Internacional (IPC, em inglês).

Como é disputado

O Tiro com Arco paraolímpico pode ser disputado por pessoas com
amputações, paraplégicos e tetraplégicos, paralisia cerebral, doenças disfuncionais
e progressivas, como a atrofia muscular e escleroses, com disfunções nas
articulações, problemas na coluna e múltiplas-deficiências.

Além das provas individuais, a modalidade ainda conta com a disputa


por equipes, com três arqueiros em cada time. As regras do Tiro com Arco
paraolímpico são as mesmas do esporte olímpico. Os participantes têm como
objetivo acertar as flechas o mais perto possível do alvo, que está colocado

40
TÓPICO 2 | MOVIMENTO PARAOLÍMPICO

a uma distância de 70 m e tem 1,22 m de diâmetro, formado por dez círculos


concêntricos. O mais externo vale um ponto, e o central vale dez. Quanto mais
próxima do círculo central estiver a flecha, maior a pontuação obtida.

Brasil nos Jogos

O Brasil só teve um participante na disputa de tiro com arco em toda


a história dos Jogos Paraolímpicos. Em 1972, em Heidelberg, na Alemanha, o
arqueiro que representou o país terminou a prova em 25º.

TIRO ESPORTIVO

O tiro esportivo estreou nos Jogos Paraolímpicos em 1976, em Toronto.


Porém, até chegar ao formato de disputa atual, passou por algumas mudanças
durante os ciclos. Em Toronto, apenas os homens competiram. Quatro anos
depois, em Arnhem, Holanda, as mulheres entraram na disputa, inclusive em
provas mistas. Em 1984 (Stoke Mandeville e Nova York) e 1988 (Seoul), as provas
mistas foram retiradas do programa, voltando apenas em 1992, em Barcelona,
substituindo a prova feminina. Quatro anos depois, em Atlanta, os três tipos de
disputas foram fixados novamente nos jogos.

FIGURA 19 - TIRO ESPORTIVO

FONTE: CPB/divulgação

No Brasil, o tiro esportivo começou a ser praticado em 1997, no Centro de


Reabilitação da Polícia Militar do Rio de Janeiro. Em 2002, o Comitê Paralímpico
Brasileiro investiu na modalidade para aumentar o número de praticantes no
Brasil. A iniciativa deu resultado já no ano seguinte, e o trio brasileiro formado
por Carlos Strub, Cillas Viana e Walter Calixto conquistou uma medalha de
bronze na disputa por equipes no Aberto de Apeldoorn, na Holanda.

41
UNIDADE 1 | EDUCAÇÃO FÍSICA E INCLUSÃO

Como é disputado

As regras das competições têm apenas algumas adaptações. Pessoas


amputadas, paraplégicas, tetraplégicas e com outras deficiências locomotoras
podem competir nas classes SH1 (deficiência baixa, sem necessidade de apoiar
a arma) e SH2 (deficiência mais aguda, com necessidade de apoio para a arma).
Deficientes visuais competem na classe SH3.

O alvo é dividido em dez circunferências que valem de um a dez pontos. Em


finais olímpicas, os dois círculos menores (9 e 10 pontos) ainda têm pontuação decimal.
Neste caso, é possível fazer, com apenas um tiro, a pontuação equivalente a 10,9 pontos.

Rifles e pistolas de ar, com cartuchos de 4.5 mm, são utilizados nas provas
de 10 m de distância. Já nos 25 m, uma pistola de perfuração é utilizada com
projéteis de 5.6 mm. Rifles de perfuração e pistolas são as armas das provas de 50
m, também com as balas de 5.6 mm de diâmetro.

Brasil nos Jogos

O Brasil ainda não tem medalhas na modalidade em Jogos Paraolímpicos.


Nas últimas duas edições dos Jogos, em Pequim-2008 e Londres-2012, o país teve
um representante nas disputas: Carlos Garletti. Primeiro brasileiro a disputar
uma edição dos Jogos no tiro esportivo, Garletti compete nas provas de carabina.

TRIATLO

Novidade para os Jogos Paraolímpicos do Rio-2016, ao lado da


paracanoagem, o paratriatlo em crescendo desde 1989, ano da disputa do
primeiro campeonato mundial da modalidade, realizado em Avignon, na França.
A entidade responsável pelo esporte é a ITU (União Internacional de Triatlo,
na sigla em inglês). No Brasil, a modalidade é administrada pela Confederação
Brasileira de Triatlo (CBTri).

FIGURA 20 - TRIATLO

FONTE: CPB/divulgação

42
TÓPICO 2 | MOVIMENTO PARAOLÍMPICO

Como é disputado

As competições do paratriatlo são compostas por um percurso de 750


metros de natação, 20 quilômetros de ciclismo e cinco quilômetros de corrida,
distância conhecida como Sprint Triatlo.

O paratriatlo é disputado por atletas com diferentes tipos de deficiência,


como amputados, cadeirantes, deficientes visuais, paraplégicos e paralisia
cerebral, entre outros. A modalidade permite o uso de equipamentos específicos,
definidos de acordo com a deficiência do atleta.

Cadeirantes e paraplégicos podem usar uma bicicleta chamada handcycle,


em que os atletas utilizam as mãos para impulsionar os pedais. Além disso, os
atletas com estas deficiências motoras realizam o trajeto da corrida com o uso de
uma cadeira de rodas.

No percurso do ciclismo, os atletas com deficiências visuais utilizam


o tandem, uma bicicleta com dois assentos que permite que um guia auxilie o
atleta. Na natação, o tapper, um bastão com ponta de espuma, serve para avisar os
deficientes visuais de que o fim do trajeto se aproxima.

Brasil nos Jogos

A modalidade fará sua estreia nos Jogos Paraolímpicos do Rio-2016.

VELA

A vela adaptada apareceu pela primeira vez em uma edição dos Jogos
Paraolímpicos em 1996, em Atlanta (EUA), porém, apenas como exibição. Quatro
anos depois, em Sydney (AUS), a modalidade seguiu nos jogos, e passou a valer
medalhas para os competidores.

FIGURA 21 - VELA

FONTE: CPB/divulgação

43
UNIDADE 1 | EDUCAÇÃO FÍSICA E INCLUSÃO

No Brasil, a vela adaptada começou a se desenvolver em 1999, com


o Projeto Água-Viva, em São Paulo, uma parceria entre a Classe de Vela Day
Sailer, o Clube Paradesportivo Superação e o Clube Municipal de Iatismo. No ano
seguinte, a Federação Brasileira de Vela e Motor (FBVM) criou a Coordenação de
Vela Adaptada para desenvolver atividades da modalidade em todo o país.

Em 2007, a FBVM se dividiu e assim foi criada a Confederação Brasileira


de Vela Adaptada, entidade responsável pela modalidade desde então.

Como é disputado

Pessoas com deficiência locomotora ou visual podem competir na


modalidade. A vela adaptada segue as regras da Federação Internacional de
Iatismo (ISAF) com algumas adaptações feitas pela Federação Internacional
de Iatismo para Deficientes (IFDS). Três tipos de barco são utilizados nas
competições paraolímpicas: classe 2.4mR, tripulado por um único atleta; classe
Sonar, com três velejadores; e o SKUD-18, para dois tripulantes paraplégicos,
sendo obrigatoriamente um deles do sexo feminino.

As regatas são disputadas em percursos sinalizados com boias para que o


atleta mostre todo seu conhecimento de velejador. Barcos com juízes credenciados
pela ISAF fiscalizam o percurso, podendo o atleta ser penalizado caso infrinja
alguma regra. Uma competição é composta por várias regatas, e o vencedor será
aquele que tiver melhor resultado, após a somatória de todas elas.

Brasil nos Jogos

Os velejadores brasileiros tiveram sua primeira participação em uma


edição dos Jogos em Pequim-2008. O país foi representado pelo trio Luiz Faria,
Darke de Matos e Rossano Leitão, na classe Sonar, e terminou a disputa na 14ª
colocação.

Em Londres-2012, o Brasil voltou a ter velejadores na disputa por


medalhas, desta vez, na classe SKUD-18. A dupla formada por Bruno Landgraf
e Elaine Cunha conduziram a embarcação brasileira nas regatas e terminou a
competição em 11º lugar.

VOLEIBOL SENTADO

A modalidade surgiu em 1956, na Holanda, resultado da fusão do voleibol


convencional com o Sitzbal, esporte alemão que era praticado por pessoas com
mobilidade limitada e que jogavam sentadas, mas sem a rede dividindo a quadra.
A primeira aparição da modalidade em uma edição dos Jogos Paraolímpicos
foi em 1976, em Toronto, mas apenas como exibição. Quatro anos depois, em
Arnhem, na Holanda, passou a fazer parte do programa dos Jogos.

44
TÓPICO 2 | MOVIMENTO PARAOLÍMPICO

FIGURA 22 - VOLEIBOL SENTADO

FONTE: CPB/divulgação

Organizado internacionalmente pela Organização Mundial de Voleibol


para Deficientes (WOVD), o vôlei sentado tem disputa de campeonatos mundiais
desde 1993, nas categorias masculino e feminino. Porém, somente em 2004, em
Atenas, as mulheres passaram a disputar a modalidade nos Jogos Paraolímpicos.

Como é disputado

No vôlei sentado podem competir amputados, principalmente dos


membros inferiores; atletas com paralisia cerebral; lesionados na coluna vertebral;
e pessoas com outros tipos de deficiência locomotora (sequelas de poliomielite,
por exemplo). O contato com o chão deve ser mantido em toda e qualquer ação,
sendo permitido perdê-lo somente nos deslocamentos.

A disputa é muito semelhante com a do vôlei convencional. Seis jogadores


de cada equipe ficam em quadra e o jogo é dividido em cinco sets (quatro de 25
pontos e um tie-break de 15 pontos). Ganha a partida a equipe que vencer três sets.

A quadra mede 10 m de comprimento por 6 m de largura. A altura da


rede é de 1,15 m no masculino e 1,05m no feminino.

Brasil nos Jogos

O Brasil estreou na disputa nos Jogos em Pequim-2008, só com a seleção


masculina, que terminou o torneio em 6º lugar. Em Londres-2012, o Brasil teve
representantes nos dois gêneros. Tanto no masculino quanto no feminino o país
ficou em 5º lugar.

FONTE: Disponível em: <http://www.cpb.org.br/>. Acesso em: 26 jan. 2016.

45
UNIDADE 1 | EDUCAÇÃO FÍSICA E INCLUSÃO

4 CLASSIFICAÇÃO FUNCIONAL
Objetivo da classificação funcional no esporte paraolímpico é garantir a
igualdade geral entre os competidores.

O uso da Classificação Funcional, para fins de justificativa para seu uso,


apresenta duas funções principais:

1ª) Determinar elegibilidade para competir (se realmente a pessoa


apresenta alguma deficiência).

2ª) Agrupar os atletas para as competições (garantir que haja igualdade


de condições, evitando que, apesar da deficiência, obtenha-se vantagem sobre o
oponente).

Com critérios específicos de cada modalidade, mas também princípios que


se estendem a todas as práticas principais, o esporte paraolímpico se estrutura no
que é conhecido como classificação funcional. Isso significa, na prática, a formação
de um regulamento que vai tentar aproximar os limites de cada competidor.

O objetivo é garantir a igualdade geral e assegurar que os vencedores


chegaram ao topo graças às suas melhores técnicas, habilidades, forças, talentos
e não por um suposto favorecimento físico sobre as deficiências de um ou outro
rival. O objetivo dos princípios, segundo o Comitê Paralímpico Brasileiro, não
é separar apenas as deficiências, mas tentar nivelar ao máximo a capacidade
esportiva de cada concorrente.

Os atletas paraolímpicos, para simplificar a classificação funcional em um


primeiro momento, se dividem em seis tipos de deficiências: amputados, lesão
medular, paralisia cerebral, deficiência mental, deficiência visual e os chamados
“les autres”, tradução do francês para “os outros”. Nesse rol, se enquadram os que
não podem ser colocados nas outras cinco categorias.

Há modalidades que só recebem competidores com tipos específicos


de deficiências, o que visa aproximar a prática entre atletas paraolímpicos e
olímpicos. Um exemplo claro são os esportes de quadra: no basquete em cadeira
de rodas, só homens e mulheres com deficiências físico-motoras são aceitos. No
voleibol sentado, o critério é semelhante: só participam amputados ou outros
atletas com limitações motoras.

Há mais esportes que recebem competidores com deficiências atreladas


a limitações físicas nos membros inferiores. São os casos do tiro com arco, rúgbi
em cadeiras de rodas, tênis em cadeiras de rodas, esgrima e tiro esportivo. Por
suas naturezas, porém, há outras modalidades com forte poder de inclusão e que
conseguem abrigar e dividir vários tipos de atletas. É onde efetivamente entra em
prática de maneira mais objetiva a classificação funcional.

46
TÓPICO 2 | MOVIMENTO PARAOLÍMPICO

Natação e atletismo são os esportes que mais conseguem incluir


competidores com diferentes características. Nas provas de pista do atletismo, por
exemplo, deficientes visuais competem entre as categorias T11 a T13, deficientes
mentais na categoria T20, paralisados cerebrais entre T31 e T38, amputados e
outros entre T41 e T46 e cadeirantes entre T51 e T54. Nas piscinas, as divisões são
semelhantes, a exemplo do remo e hipismo, por exemplo.

As avaliações físicas e técnicas que geram as divisões dentro de cada


modalidade são feitas pela Federação Internacional respectiva de cada esporte,
normalmente dentro e fora de competições. As classificações funcionais são
periodicamente recicladas, o que pode mudar um atleta específico de categoria.
O nadador brasileiro Clodoaldo Silva, por exemplo, mudou de classe em 2008.

Por ser o esporte mais popular do mundo e atrair a maior parcela de


competidores, o futebol para deficientes é dividido em duas modalidades. O
futebol de sete é praticado por homens com paralisia cerebral, decorrente de
sequelas de traumatismo crânio encefálico ou AVCs. O futebol de cinco, por sua
vez, é formado por deficientes visuais.
FONTE: Disponível em: <http://www.brasil.gov.br/esporte/2012/04/classificacao-funcional>.
Acesso em: 26 jan. 2016.

Confira a classificação funcional de cada uma das 22 modalidades


paraolímpicas (até RIO - 2016):

Atletismo

F – Field (campo): provas de arremesso, lançamentos e saltos.


F11 a F13: deficientes visuais.
F20: deficientes mentais.
F31 a F38: paralisados cerebrais (31 a 34 para cadeirantes; 35 a 38 para
ambulantes).
F40: anões.
F41 a F46: amputados e outros (les autres).
F51 a F58: cadeirantes (sequelas de poliomielite, lesões medulares e
amputações).

T – Track (pista): provas de corrida (velocidade e fundo).


T11 a T13: deficientes visuais.
T20: deficientes mentais.
T31 a T38: paralisados cerebrais (31 a 34 para cadeirantes; 35 a 38 para
ambulantes).
T41 a T46: amputados e outros (les autres).
T51 a T54: cadeirantes (sequelas de poliomielite, lesões medulares e
amputações).

FONTE: Disponível em: <http://www.brasil2016.gov.br/pt-br/paraolimpiadas/


modalidades/atletismo>. Acesso em: 12 abr. 2016.

47
UNIDADE 1 | EDUCAÇÃO FÍSICA E INCLUSÃO

Basquete em cadeira de rodas

Na classificação funcional, os atletas são avaliados conforme o


comprometimento físico-motor em uma escala de 1 a 4,5. Quanto maior a
deficiência, menor a classe. A soma desses números na equipe de cinco pessoas
não pode ultrapassar 14. São disputados 4 quartos de 10 minutos cada.

UNI

Padronização – Para assegurar a competitividade, os atletas precisam usar


cadeiras de rodas padronizadas. É obrigatório obedecer até mesmo ao diâmetro máximo dos
pneus e a altura máxima do assento e do apoio para os pés em relação ao chão. Se o jogador
optar por usar uma almofada no assento, ela não poderá ter mais de 10 cm de espessura,
exceto nas classes 3.5, 4.0 e 4.5 (menor comprometimento). Nesses casos, a espessura
máxima é de 5 cm. É permitido usar faixas para prender as pernas juntas ou fixar o atleta na
cadeira. Todas as normas são conferidas pelos árbitros no início da partida.

FONTE: Disponível em: <http://www.brasil2016.gov.br/pt-br/paraolimpiadas/modalidades/


basquete-em-cadeira-de-rodas>. Acesso em: 12 abr. 2016.

Bocha

Os atletas são classificados como CP1 (deficiência mais severa) ou CP2 e


divididos em quatro classes:

BC1 – Atletas CP1 ou CP2 com paralisia cerebral que podem competir
com auxílio de ajudantes.

BC2 – Atletas CP2 com paralisia cerebral que não podem receber
assistência.

BC3 – Atletas com deficiências muito severas e que usam um instrumento


auxiliar, podendo ser ajudados por outra pessoa. No caso dos atletas com maior grau
de comprometimento, é permitido o uso de uma calha para dar mais propulsão à
bola. Os tetraplégicos, por exemplo, que não conseguem movimentar os braços ou as
pernas, usam uma faixa ou capacete na cabeça com uma agulha na ponta. O calheiro
posiciona a canaleta à sua frente para que ele empurre a bola pelo instrumento com a
cabeça. Em alguns casos, o calheiro acaba sendo a mãe ou o pai do atleta.

48
TÓPICO 2 | MOVIMENTO PARAOLÍMPICO

BC4 – Atletas com outras deficiências severas, mas que não recebem
assistência.

FONTE: Disponível em: <Http://Www.Brasil2016.Gov.Br/Pt-Br/Paraolimpiadas/Modalidades/


Bocha>. Acesso em: 12 abr. 2016.

Ciclismo

LC – Locomotor Cycling (atletas com dificuldade de locomoção).


LC1 – Atletas com pequeno prejuízo em função da deficiência, normalmente
nos membros superiores.
LC2 – Atletas com prejuízo físico em uma das pernas, permitindo o uso de
prótese para competição.
LC3 – Atletas que pedalam com apenas uma perna e não podem utilizar
próteses.
LC4 – Atletas com maior grau de deficiência, normalmente amputação em
um membro superior e um inferior.

Tandem – Para ciclistas com deficiência visual (B1, B2 e B3). A bicicleta tem
dois assentos e ambos ocupantes pedalam em sintonia. Na frente, vai um ciclista
não deficiente visual e, no banco de trás, o atleta com deficiência visual.

Handbike – Para atletas paraplégicos que utilizam bicicleta especial


impulsionada com as mãos.

FONTE: Disponível em: <http://www.brasil2016.gov.br/pt-br/paraolimpiadas/modalidades/


ciclismo>. Acesso em: 12 abr. 2016.

Esgrima em cadeira de rodas



Classe 1A – Atletas sem equilíbrio sentado, com limitações no braço
armado, sem extensão eficiente do cotovelo e sem função residual da mão. Nesse
caso, é necessário fixar a arma com uma atadura;

Classe 1B – Atletas sem equilíbrio sentado, com limitações no braço


armado. Detém extensão funcional do cotovelo, mas sem flexão dos dedos. Nesse
caso, a arma é fixada com uma bandagem;

Classe 2 – Atletas com total equilíbrio sentado, com braço armado normal.
Paraplegia do tipo T1/T9 ou tetraplegia incompleta com sequelas mínimas no
braço armado e bom equilíbrio sentado;

Classe 3 – Atletas com bom equilíbrio sentado, sem suporte de pernas


e braço armado normal. Pequenos resquícios de amputação abaixo do joelho
ou lesões incompletas abaixo da D10 ou deficiências comparáveis, mas com
manutenção do equilíbrio sentado;

49
UNIDADE 1 | EDUCAÇÃO FÍSICA E INCLUSÃO

Classe 4 – Atletas com bom equilíbrio sentado, com suporte das


extremidades superiores e braço armado normal, como lesões abaixo da C4 ou
deficiências comparáveis;

FONTE: Disponível em: <http://www.brasil2016.gov.br/pt-br/paraolimpiadas/modalidades/


esgrima-em-cadeira-de-rodas>. Acesso em: 12 abr. 2016.

Futebol de 5

Em jogos paraolímpicos, esta modalidade é exclusivamente praticada por


atletas da classe B1 (cegos totais) que não têm percepção luminosa em ambos os
olhos; ou têm percepção de luz, mas com incapacidade de reconhecer o formato
de uma mão a qualquer distância ou direção.

Os atletas são divididos em três classes que começam sempre com a letra
B (blind, cego em inglês).

B1 – Cego total: de nenhuma percepção luminosa em ambos os olhos até


a percepção de luz, mas com incapacidade de reconhecer o formato de uma mão
a qualquer distância ou direção.

B2 – Jogadores já têm a percepção de vultos. Da capacidade em reconhecer


a forma de uma mão até a acuidade visual de 2/60 e/ou campo visual inferior a 5
graus.

B3 – Os jogadores já conseguem definir imagens. Da acuidade visual de


2/60 a acuidade visual de 6/60 e/ou campo visual de mais de 5 graus e menos de
20 graus.

FONTE: Disponível em: <http://cpb.org.br.187.38-89-161.groveurl.com/modalidades/futebol-


de-5/>. Acesso em: 12 abr. 2016.

Futebol de 7

Os jogadores são distribuídos em classes de 5 a 8, de acordo com o grau


de comprometimento físico. Quanto maior a classe, menor o comprometimento
do atleta.

Durante a partida, o time deve ter em campo no máximo dois atletas


da classe 8 (menos comprometidos) e, no mínimo, um da classe 5 ou 6 (mais
comprometidos).

50
TÓPICO 2 | MOVIMENTO PARAOLÍMPICO

Os jogadores da classe 5 são os que têm o maior comprometimento motor


e, em muitos casos, não conseguem correr. Assim, para estes atletas, a posição
mais comum é a de goleiro. Vale lembrar que a paralisia cerebral compromete
de variadas formas a capacidade motora dos atletas, mas, em cerca de 45% dos
indivíduos, a capacidade intelectual não é comprometida.

FONTE: Disponível em: <http://cpb.org.br.187.38-89-161.groveurl.com/modalidades/futebol-


de-5/>. Acesso em: 12 abr. 2016.

Goalball

Nesta modalidade, os atletas deficientes visuais das classes B1, B2 e B3


competem juntos, ou seja, dos atletas completamente cegos até os que possuem
resíduo visual. Todas as classificações são realizadas por meio da mensuração
do melhor olho e da possibilidade máxima de correção do problema. Todos os
atletas, independentemente do nível de perda visual, utilizam uma venda durante
as competições para que todos possam competir em condições de igualdade.

B1 – Cego total: de nenhuma percepção luminosa em ambos os olhos até


a percepção de luz, mas com incapacidade de reconhecer o formato de uma mão
a qualquer distância ou direção.

B2 – Atletas que têm a percepção de vultos. Da capacidade em reconhecer


a forma de uma mão até a acuidade visual de 2/60 ou campo visual inferior a 5
graus.

B3 – Os atletas conseguem definir imagens. Acuidade visual de 2/60 a 6/60


ou campo visual entre 5 e 20 graus.

FONTE: Disponível em: <http://cpb.org.br.187.38-89-161.groveurl.com/modalidades/goalball/>.


Acesso em: 12 abr. 2016.

Halterofilismo

É a única modalidade em que os atletas são categorizados por peso
corporal, como no halterofilismo convencional. São elegíveis para competir atletas
amputados,  les autres  com limitações mínimas, atletas das classes de paralisia
cerebral e atletas das classes de lesões na medula espinhal. Os competidores
precisam ter a habilidade de estender completamente os braços com não mais do
que 20 graus de perda em ambos cotovelos para realizar um movimento válido,
de acordo com as regras.

FONTE: Disponível em: <http://cpb.org.br.187.38-89-161.groveurl.com/modalidades/


halterofilismo/>. Acesso em: 12 abr. 2016.

51
UNIDADE 1 | EDUCAÇÃO FÍSICA E INCLUSÃO

Hipismo

As habilidades funcionais de cada cavaleiro definem o enquadramento


em uma das quatro classificações:

Classe I: Predominantemente cadeirantes com pouco equilíbrio do tronco


e/ou debilitação de funções em todos os quatro membros ou nenhum equilíbrio
do tronco e bom funcionamento dos membros superiores.

Classe II: Predominantemente cadeirantes ou aqueles com severa


debilitação envolvendo o tronco e de leve a bom equilíbrio do tronco ou severa
debilitação unilateral.

Classe III: Predominantemente capaz de caminhar sem suporte, com


moderada debilitação unilateral. Podem requerer o uso de cadeira de rodas para
longas distâncias ou devido à pouca força. Atletas que têm total perda de vista
em ambos olhos.

Classe IV: Debilitação de um ou mais membros ou algum grau de


deficiência visual.

FONTE: Disponível em: <http://cpb.org.br.187.38-89-161.groveurl.com/modalidades/hipismo/>.


Acesso em: 12 abr. 2016.

Judô

Além das categorias por peso, os judocas são divididos em três classes,
de acordo com o grau da deficiência visual. Todas começam com a letra B (Blind,
cego em inglês): B1, B2 e B3. Homens e mulheres têm o mesmo parâmetro de
classificação. Em algumas competições, atletas de diferentes classes podem
competir juntos.

B1 – Cego total: de nenhuma percepção em ambos os olhos até a percepção


de luz com incapacidade de reconhecer o formato de uma mão a qualquer
distância ou direção.

B2 – Lutadores que têm a percepção de vultos, com capacidade em


reconhecer a forma de uma mão até a acuidade visual de 2/60 ou campo visual
inferior a cinco graus.

B3 – Lutadores conseguem definir imagens. Acuidade visual de 2/60 a


6/60 ou campo visual entre cinco e 20 graus.

FONTE: Disponível em: <http://cpb.org.br.187.38-89-161.groveurl.com/modalidades/judo/>.


Acesso em: 12 abr. 2016.

52
TÓPICO 2 | MOVIMENTO PARAOLÍMPICO

Natação

O atleta é submetido à equipe de classificação, que procederá a análise de


resíduos musculares por meio de testes de força muscular; mobilidade articular
e testes motores (realizados dentro da água). Vale a regra de que, quanto maior a
deficiência, menor o número da classe. As classes sempre começam com a letra S
(Swimming). O atleta pode ter classificações diferentes para o nado peito (SB) e o
medley (SM).

S1 a S10 / SB1 a SB9 / SM1 a SM10 – nadadores com limitações físico-


motoras

S11, SB11, SM11 S12, SB12, SM12 S13, SB13, SM13 – nadadores com
deficiência visual (a classificação, neste caso, é a mesma do judô e do futebol de
cinco)

S14, SB14, SM14 – nadadores com deficiência intelectual

FONTE: Disponível em: <http://cpb.org.br.187.38-89-161.groveurl.com/modalidades/natacao/>.


Acesso em: 12 abr. 2016.

Paracanoagem

Após anos de estudos a Federação Internacional de Canoagem, por meio


do Departamento da Canoagem para todos alterou e reformulou a Classificação
Funcional da Paracanoagem no início de 2015.

Dentro das principais alterações está elegibilidade para a modalidade:


atletas com amputação e deficiência em membros superiores não são elegíveis
para participar de eventos no caiaque.

Outra modificação foi relacionada a nomenclatura de suas classes, o que


antes era “LTA”, “TA” E “A”, transformou se em “L1”, “L2” e “L3”. Estas letras
indicam o nível de funcionalidade do atleta de acordo com novos protocolos de
avaliações de pernas, tronco e teste na água. Para cada uma destas avaliações o
atleta receberá uma pontuação e um determinado cluster que por fim definirão
sua classe funcional.

Desta forma, o atleta participando da prova de Caiaque receberá letra “K”


antes de sua classe funcional, por exemplo, “KL1”. O mesmo ocorrerá para os
atletas que participarem na Canoa Havaiana, estes receberam um “V” antes do
nível de sua classe, por exemplo, “VL3”.

FONTE: Disponível em: <http://www.brasil2016.gov.br/pt-br/paraolimpiadas/modalidades/


canoagem>. Acesso em: 12 abr. 2016.

53
UNIDADE 1 | EDUCAÇÃO FÍSICA E INCLUSÃO

Remo

A1+ (somente braços) utiliza banco fixo e com encosto. O barco é o single
skiff com tripulação masculina ou feminina.

• Paralisia cerebral: CP4, de acordo com a CP-ISR.


• Prejuízo neurológico: equivalente a uma lesão completa na medula, no
nível T 10.
• Perda de função motora no tronco e pernas.
• Caso apresente perda motora nos membros superiores, poderá utilizar
equipamentos para adaptações para a prática da modalidade.

TA 2x (troncos e braços), o banco são fixos. O barco utilizado é o double


skiff, com tripulação mista: um homem e uma mulher.

• Amputações nos membros inferiores que impossibilitem a utilização do


assento deslizante.
• Paralisia cerebral: CP5, de acordo com a CP-ISR.
• Prejuízo neurológico: equivalente a uma lesão completa na medula, no
nível L4.

LTA  (pernas, tronco e braços) usa assento deslizante no barco four skiff,
com timoneiro e tripulação mista: dois homens e duas mulheres.

• Cegueira: 10% de visão, de acordo com a IBSA (B1, B2 e B3); uso


obrigatório de venda – não poderão compor a mesma tripulação 2 atletas B3.
• Amputação: a) um único pé; b) 3 dedos da mão que permitam ao atleta
a utilização do assento deslizante.
• Paralisia cerebral: CP8, de acordo com a CP-ISRA.
• Prejuízo neurológico: mínima perda motora conforme tabela manual
FISA EX. Flexão e extensão do tornozelo, punho ou ombro.
• Prejuízo intelectual: critérios da Federação Desportiva Internacional para
Pessoa com Inaptidão Intelectual (INAS-FID) para eventos não qualificatórios
IPC.

FONTE: Disponível em: <http://cpb.org.br.187.38-89-161.groveurl.com/modalidades/remo/>.


Acesso em: 12 abr. 2016.

Rugbi em cadeira de rodas

O rugbi em cadeira de rodas é praticado por atletas tetraplégicos dos


sexos masculino e feminino.

54
TÓPICO 2 | MOVIMENTO PARAOLÍMPICO

Os jogadores são categorizados em sete classes a depender da habilidade


funcional: 0,5; 1,0; 1,5; 2,0; 2,5; 3,0 e 3,5. As classes superiores são destinadas
aos atletas que têm maiores níveis funcionais e as classes mais baixas são para
jogadores de menor funcionalidade. A classificação é baseada nos seguintes
componentes:

• Teste de banco: teste muscular realizado em toda a extremidade da


musculatura superior, além do exame do alcance do movimento, tônus e sensação;
• Teste funcional do tronco: é realizada uma avaliação do tronco e das
extremidades inferiores em todos os planos e situações, que pode incluir um teste
manual da musculatura do tronco;
• Testes de movimentação funcional.

FONTE: Disponível em: <http://cpb.org.br.187.38-89-161.groveurl.com/modalidades/rugby-em-


cadeira-de-rodas/>. Acesso em: 12 abr. 2016.

Tênis de mesa

Os atletas são divididos em onze classes distintas. Mais uma vez, segue
a lógica de que quanto maior o número da classe, menor é o comprometimento
físico-motor do atleta. A classificação é realizada a partir da mensuração do
alcance de movimentos de cada atleta, sua força muscular, restrições locomotoras,
equilíbrio na cadeira de rodas e a habilidade de segurar a raquete.

TT1, TT2, TT3, TT4 e TT5 – atletas cadeirantes


TT6, TT7, TT8, TT9, TT10 – atletas andantes
TT11 – atletas andantes com deficiência intelectual

FONTE: Disponível em: <http://cpb.org.br.187.38-89-161.groveurl.com/modalidades/tenis-de-


mesa/>. Aceso em: 12 abr. 2016.

Tênis em cadeira de rodas

O único requisito para que uma pessoa possa competir em cadeira de


rodas é ter sido medicamente diagnosticada com uma deficiência relacionada à
locomoção, ou seja, deve ter total ou substancial perda funcional de uma ou mais
partes extremas do corpo. Se como resultado dessa limitação funcional a pessoa
for incapaz de participar de competições de tênis convencionais (para pessoas
sem deficiência física), deslocando-se na quadra com velocidade adequada, estará
credenciada para participar dos torneios de tênis para cadeirantes.

FONTE: Disponível em: <http://cpb.org.br.187.38-89-161.groveurl.com/modalidades/tenis-em-


cadeira-de-rodas/>. Acesso em: 12 abr. 2016.

55
UNIDADE 1 | EDUCAÇÃO FÍSICA E INCLUSÃO

Tiro com arco

Os atletas do tiro com arco são divididos em três categorias:

ARST – engloba aqueles que não possuem deficiência nos braços, mas
possuem grau de perda de força muscular nas pernas, de coordenação ou
mobilidade articular.

ARW1 – o atleta pode atirar sentado em uma cadeira normal, com os pés
no chão ou em pé. A ARW1 é para atletas com deficiência nos braços e nas pernas,
com alcance limitado de movimentos, de força, de controle dos braços e pouco ou
nenhum controle do tronco.

RW2 – é para aqueles que possuem paraplegia e mobilidade articular


limitada nos membros inferiores e que precisam da cadeira de rodas para uso
diário.

FONTE: Disponível em: <http://cpb.org.br.187.38-89-161.groveurl.com/modalidades/tiro-com-


arco/>. Acesso em: 12 abr. 2016.

Tiro esportivo

O tiro utiliza um sistema de classificação funcional que permite que atletas


com diferentes tipos de deficiência possam competir juntos, tanto no individual
como por equipes. Dependendo das limitações existentes (grau de funcionalidade
do tronco, equilíbrio sentado, força muscular, mobilidade de membros superiores
e inferiores), e das habilidades que são requeridas no tiro, os atletas são divididos
em três classes:

SH1: atiradores de pistola e rifle que não requerem suporte para a arma.

SH2: atiradores de rifle que não possuem habilidade para suportar o peso
da arma com seus braços e precisam de um suporte para a arma.

SH3: atiradores de Rifle com deficiência visual.

Mas as competições paraolímpicas incluem apenas as classes SH1 e SH2.


A diferença básica entre SH1 e SH2 é que atletas da SH2 podem usar suporte
especial para a arma, que obedece às especificações do IPC.

FONTE: Disponível em: <http://cpb.org.br.187.38-89-161.groveurl.com/modalidades/tiro-


esportivo/>. Acesso em: 12 abr. 2016.

56
TÓPICO 2 | MOVIMENTO PARAOLÍMPICO

Triatlo

Todos os atletas devem ser submetidos a testes funcionais para determinar


a classe de  disputa. Estes testes funcionais medem, principalmente, a força,
amplitude e coordenação dos movimentos. O atleta deve ter um padrão mínimo
de deficiência para ser elegível em uma das classes da modalidade. São elas:

PT1 – Cadeirantes – Atletas com comprometimentos que impedem a


capacidade de conduzir de forma segura uma bicicleta convencional e de correr.
Os atletas devem usar um handcycle na etapa de ciclismo e uma cadeira de rodas
na etapa de corrida. Para se enquadrar nessa categoria, os atletas devem ter uma
pontuação de até 640,0 pontos na avaliação de classificação.

PT2 – Atletas com comprometimentos como: deficiência nos membros,


hipertonia, ataxia e/ou atetose, carência de força muscular e amplitude de
movimentos diminuída, entre outros. Nas etapas de ciclismo e corrida, atletas
amputados podem utilizar próteses ou outros dispositivos de apoio aprovados.
Para se enquadrar nessa categoria, os atletas devem ter uma pontuação de até
454,9 pontos na avaliação de classificação.

PT3 – Atletas com comprometimentos semelhantes aos da categoria PT2,


mas que obtiverem uma pontuação entre 455,0 e 494,9 pontos na avaliação de
classificação. Nas etapas de ciclismo e corrida, atletas amputados podem utilizar
próteses ou outros dispositivos de apoio aprovados.

PT4 – Atletas com comprometimentos semelhantes aos das categorias PT2


e PT3, mas que obtiverem uma pontuação entre 495,0 e 557,0 pontos na avaliação
de classificação. Nas etapas de ciclismo e corrida, atletas amputados podem
utilizar próteses ou outros dispositivos de apoio aprovados.

PT5 – Deficiência visual total ou parcial (Dividida nas subcategorias B1,


B2 e B3).

Atletas totalmente cegos, desde os que não têm percepção de luz até os
que têm percepção da luz, mas que são incapazes de reconhecer o formato de
uma mão a qualquer distância (B1), além de atletas com deficiências visuais, cuja
acuidade visual seja menor que 6/60 de visão ou cujo campo visual seja inferior
a 20 graus na condição de melhor visão corretiva (B2-B3). Um guia de mesma
nacionalidade e sexo é obrigatório durante toda a prova. Nesta categoria, os
atletas e seus guias devem montar uma bicicleta Tandem (de dois lugares) durante
a etapa de ciclismo.

FONTE: Disponível em: <http://www.brasil2016.gov.br/pt-br/paraolimpiadas/modalidades/


triatlo>. Acesso em: 12 abr. 2016.

57
UNIDADE 1 | EDUCAÇÃO FÍSICA E INCLUSÃO

Vela

O sistema de pontuação baseado no nível de habilidade permite que atletas


com diferentes tipos de deficiência possam competir juntos. Após a avaliação do
comitê classificador, são concedidos pontos baseados nas habilidades funcionais,
que vão de 1 a 7, indo do mais baixo ao mais alto nível de funcionalidade,
respectivamente. Atletas com deficiência visual são situados em uma das três
classes de competição, baseadas em sua acuidade visual e campo de visão. Para
assegurar a participação de atletas com todas as contagens de pontos e todas as
classes de deficiências, a pontuação agregada não pode ser maior do que 14, o que
permite aos velejadores com mais deficiência participar das competições.

Na classe de barcos SKUD-18, os velejadores são classificados como TPA


ou TPB.

• TPA quando são adjudicados em 1 ponto pela classificação funcional,


ou, quando completando mais de 1 ponto, têm a pontuação funcional do membro
superior em 80 pontos ou menos na combinação de ambos os braços, juntamente
com uma perda de 30 pontos no melhor braço.

• TPB quando têm ao menos uma deficiência mínima que os torna eligíveis
para velejar. Pelo menos um dos velejadores precisa ser mulher.

Para a classe de barcos 2.4mR, os velejadores apenas precisam possuir


uma deficiência mínima.

FONTE: Disponível em: <http://www.brasil2016.gov.br/pt-br/paraolimpiadas/modalidades/vela>.


Acesso em: 12 abr. 2016.

Vôlei sentado

O sistema de classificação funcional do voleibol é dividido, portanto, entre


amputados e “les autres”. Para amputados, são nove classes básicas baseadas nos
seguintes códigos:

AK – Acima ou através da articulação do joelho (above knee).


BK – Abaixo do joelho, mas através ou acima da articulação tálus-calcanear
(below knee).
AE – Acima ou através da articulação do cotovelo (above elbow).
BE – Abaixo do cotovelo, mas através ou acima da articulação do pulso
(below elbow).

58
TÓPICO 2 | MOVIMENTO PARAOLÍMPICO

Classe A1 – Duplo AK.


Classe A2 – AK Simples.
Classe A3 – Duplo BK.
Classe A4 – BK Simples.
Classe A5 – Duplo AE.
Classe A6 – AE Simples.
Classe A7 – Duplo BE.
Classe A8 – BE Simples.
Classe A9 – Amputações combinadas de membros inferiores e superiores.

Em “les autres” são enquadradas pessoas com alguma deficiência


locomotora. Atletas pertencentes a categorias de amputados, paralisados cerebrais
ou afetados na medula espinhal (paratetra-pólio) podem participar de alguns
eventos pela classificação “les autres”.

FONTE: Disponível em: <http://www.brasil2016.gov.br/pt-br/paraolimpiadas/modalidades/volei-


sentado>. Acesso em: 12 abr. 2016.

59
RESUMO DO TÓPICO 2

Neste tópico você estudou que:

• Os primeiros Jogos Paraolímpicos ocorreram em 1960.

• Atualmente existem 22 modalidades paraolímpicas.

• Em cada modalidade paraolímpica existem classificações funcionais para


garantir a igualdade de condições entre os competidores.

60
AUTOATIVIDADE

1 O que é classificação funcional?

2 Cite as 22 modalidades oficiais dos Jogos Paraolímpicos.

61
62
UNIDADE 1
TÓPICO 3

ATIVIDADES FÍSICAS ADAPTADAS

1 INTRODUÇÃO
“O corpo não é uma máquina como nos diz a ciência. Nem uma culpa
como nos fez crer a religião. O corpo é uma festa.”
(Eduardo Galeno)

A terminologia que denomina a pessoa portadora de necessidades


especiais ao longo do tempo vem sofrendo profundas mudanças. A primeira
denominação adotada foi excepcional, depois pessoa deficiente, pessoa portadora
de deficiência, pessoa portadora de necessidades especiais, hoje, pessoa com
deficiência. Constatamos, porém que, apesar da terminologia ter mudado, a
questão da marginalização não diminuiu (SOLER, 2006).

De acordo com as estratégias para a educação de alunos com necessidades


educacionais especiais, deve haver adaptações curriculares, para a Educação
Especial (BRASIL, 2003, p. 27):

A expressão necessidades educacionais especiais pode ser utilizada


para referir-se a crianças e jovens cujas necessidades decorrem de
sua elevada capacidade ou de suas dificuldades para aprender.
Está associada, portanto, à dificuldade de aprendizagem, não
necessariamente vinculada à deficiência(s).

E ainda, continua no mesmo documento adaptado (2003, p. 27):

O termo surgiu para evitar os efeitos negativos de expressões utilizadas


no contexto educacional (deficientes, excepcionais, subnormais,
superdotados, infradotados, incapacitados etc.) para referir-se aos
alunos com altas habilidades/superdotação, às pessoas com deficiências
cognitivas, físicas, psíquicas e sensoriais. Tem o propósito de deslocar
o foco do aluno e direcioná-lo para as respostas educacionais que eles
requerem, evitando enfatizar os seus atributos ou condições pessoais
que podem interferir na sua aprendizagem e escolarização. É uma
forma de reconhecer que muitos alunos, tendo ou não deficiências ou
superdotação, apresentam necessidades educacionais que passam a
ser especiais quando exigem respostas específicas adequadas.

Numa sociedade como a nossa, capitalista, em que são exigidas a eficiência


e a produtividade, não ser eficiente é ser deixado de lado.

63
UNIDADE 1 | EDUCAÇÃO FÍSICA E INCLUSÃO

A história de superação do deficiente é muito antiga, pois como nos


mostra Rosadas (1989, p. 10):

No tocante ao indivíduo deficiente, os fundamentos ético-religiosos


dos povos pré-cristãos não permitiam uma valorização semelhante,
pois os portadores de moléstias, sobretudo os deficientes físico-
mentais congênitos, eram considerados amaldiçoados pelos deuses,
sendo segregados, ou mesmo por muitos eliminados.

A própria história da Educação Física nos mostra que o deficiente foi


discriminado, algumas vezes não podendo nem ser matriculado nas escolas.

Em 1938, de acordo com o Decreto nº 21.241, proibiam a matrícula nos


estabelecimentos de ensino secundário, a alunos cujo estado patológico os
impedia permanentemente da frequência às aulas de Educação Física. Sendo
assim, temos a função eugênica chegando ao seu limite.

Eugenia significa a tentativa, através da medicina, de se buscar uma raça


pura. Uma grande bobagem, que a Educação Física, via medicina eugênica, tentou
alcançar. Waldemar Areno, em 1939, recomenda a esterilização tanto masculina
quanto feminina, das pessoas com deficiências. (SOLER, 2006).

Dando um salto no tempo, e chegando aos dias atuais, verificaremos


que a Educação Física se transformou em relação ao deficiente, e os Parâmetros
Curriculares Nacionais (BRASIL, 1998, p. 56) nos mostram essa mudança de
enfoque:

Por desconhecimento, receio ou mesmo preconceito, a maioria dos


portadores de necessidades especiais tendem a ser excluídos das aulas
de Educação Física. A participação nessa aula pode trazer muitos
benefícios a essas crianças, particularmente no que diz respeito ao
desenvolvimento das capacidades perceptivas, afetivas, da integração
e inserção social, que levam este aluno à uma maior condição de
consciência, em busca da sua futura independência.

A Educação Física já não pode deixar de lado esse contingente de pessoas,


que anteriormente ficou impedido de participar.

Atividade Física Adaptada designa a atividade modificada, ou criada para


suprir as necessidades especiais dos deficientes. Pode ser realizada em ambientes
integrados, em que os deficientes interagem com indivíduos sem deficiências, ou
em ambientes próprios para a prática exclusiva dos deficientes.

Com base na definição supracitada, por exemplo, o basquetebol é um


esporte regular, ao passo que o basquetebol em cadeira de rodas é considerado
uma atividade adaptada, pois utilizou, como base, as regras do jogo original. O
goalball não é considerado uma atividade adaptada, pois foi especialmente criada
para suprir as necessidades especiais dos cegos, sem ser baseada em outro jogo.

64
TÓPICO 3 | ATIVIDADES FÍSICAS ADAPTADAS

As pessoas com necessidades especiais, quando bem estimuladas, podem


alcançar objetivos como qualquer outra pessoa, só necessitando de algumas
adaptações.

A diferença básica entre a Educação Física Geral e a Adaptada é apenas em


relação ao local de atendimento, ao tipo de material utilizado, que algumas vezes
tem que ser adaptado a eles, currículo trabalhado, e aos profissionais envolvidos.

Embora as necessidades especiais na escola sejam amplas e diversificadas,


a atual Política Nacional de Educação Especial (BRASIL, 1994) aponta para uma
definição de prioridades no que se refere ao atendimento especializado a ser
oferecido na escola para quem dele necessitar.

Nessa perspectiva define como aluno com necessidades especiais aquele


que, por apresentar necessidades próprias e diferentes dos demais alunos no
domínio das aprendizagens curriculares correspondentes à sua idade, requer
recursos pedagógicos e metodológicos educacionais específicos.

A classificação desses alunos, para efeito de prioridade no atendimento


educacional especializado (preferencialmente na rede regular de ensino), consta
da referida política e dá ênfase a:

• Pessoas com deficiência mental, visual, auditiva, física e múltipla.


• Pessoas com condutas típicas (problemas de conduta).
• Pessoas com superdotação.

2 ORIENTAÇÕES METODOLÓGICAS
As orientações relacionadas a seguir, podem, comumente, serem utilizadas
nas escolas regulares em aulas de Educação Física, destinadas tanto para grupos
específicos como em situação de inclusão, lembrando que o professor deverá
sempre avaliar a turma com a qual trabalha.

2.1 SURDOS
Ao utilizarmos atividades de inclusão para crianças e jovens surdos,
devemos sempre utilizar a língua de sinais (LIBRAS) e muita informação visual
nas explicações dos jogos.

O professor deverá intermediar a comunicação entre o aluno surdo e os


colegas ouvintes.

A aula também poderá contar com a presença de um intérprete. Nesse
caso, caberá a ele a tradução.

65
UNIDADE 1 | EDUCAÇÃO FÍSICA E INCLUSÃO

É importante que o professor aprenda a usar a Libras, mas enquanto não


fizer o curso, ele deverá cuidar de aspectos importantes, como, por exemplo, nunca
ficar de costas para o aluno; sempre se posicionar no seu campo visual, sem, no
entanto, demonstrar prioridade ou exclusividade a ele; falar normalmente, mas
não muito rápido; incentivar sua participação ativa nos jogos e pedir que, a cada
dia, ele ensine alguns sinais para seus colegas e ao professor. Desta forma, em um
ano todos aprenderão, brincando, um novo idioma.

2.2 DEFICIENTES FÍSICOS


As crianças e jovens com deficiência física possuem necessidades variadas.
Algumas delas usam cadeira de rodas, outras podem precisar apenas de um apoio
e outras, muitas vezes, possuem habilidade reduzida para os padrões motores
convencionais básicos, como manter o equilíbrio do tronco na posição sentada ou
segurar uma bola pequena.

Às vezes, as crianças já nascem com o comprometimento motor, tendo de


desenvolver habilidades básicas de acordo com o seu aparato motor. Essa criança
desenvolverá locomoção, manipulação de objetos e estabilização do corpo de
maneira peculiar.

Por outro lado, alguns jovens podem ter adquirido sua deficiência motora
após desenvolver os padrões motores básicos. Dessa forma, terão de reaprender as
habilidades de locomoção, estabilização e/ou manipulação de objetos, utilizando
talvez alguns instrumentos como auxílio.

Assim, o professor deverá elaborar jogos adequados a esses indivíduos,


incentivando a aquisição de um novo repertório de movimentos, sem, no entanto,
subestimar seu potencial.

2.3 DEFICIENTES INTELECTUAIS


Como seria melhor se as pessoas em geral, eu inclusive, fossem como
muitas crianças e jovens com deficiência intelectual: mais ingênuos, calmos e não
tão competitivos. Talvez fosse mais fácil viver neste mundo. Porém, muitas dessas
crianças, por falta de estímulos ou por outras questões, apresentam deficiências
muito acentuadas, dificultando sua autonomia básica de proteção, alimentação e
higiene.

O professor orientador das atividades deve estar atento a algumas


situações que podem ocorrer. Muitas vezes, os alunos terão dificuldade de
entender as instruções do professor, pois a atenção deles pode não estar voltada
à explicação. Consequentemente, o professor deverá auxiliar o aluno a organizar
seu pensamento.

66
TÓPICO 3 | ATIVIDADES FÍSICAS ADAPTADAS

O professor deverá propor a sequência ordenadamente por várias vezes,


porém não deverá tomar o aluno pelo braço e auxiliá-lo fisicamente, e sim fazer
com que ele próprio entenda o que deverá ser realizado.

O professor deverá ter calma e explicar quantas vezes for necessário para
que o aluno entenda o jogo, podendo ser auxiliado pelos colegas do grupo que já
compreenderam a sequência da atividade.

Em situação de inclusão, o professor deverá explicar para a turma a


importância da participação de todos no jogo, os que têm mais dificuldade
poderão ser auxiliados pelos demais colegas. É de grande relevância que o
professor interaja com o grupo neste processo. O aluno com deficiência intelectual
deverá pertencer ao grupo e não apenas estar presente nele.

Os alunos devem, com o passar das aulas, desenvolver habilidades


motoras, independente de características específicas. Para que isso ocorra, o
aluno em situação de inclusão precisa participar de todos os jogos ativamente,
não apenas em tarefas simplificadas. Muitas vezes o professor deverá modificar
as regras de jogo que, comumente, desenvolve com outros grupos.

2.4 CEGOS OU COM BAIXA VISÃO


Para nós que enxergamos, muitas vezes, fica difícil ou mesmo impossível
perceber e interpretar um mundo sem referências visuais. Mundo construído
através de formas, texturas, gostos, cheiros, sons e movimentos.

O professor de Educação Física deverá desenvolver a sensibilidade de


interpretar essa forma de percepção. Nesse sentido, as propostas de aula devem
contemplar variadas experiências motoras a essas crianças e jovens.

Quando o aluno estiver em uma turma numa situação de inclusão, o


professor deverá ser sensível na escolha das adaptações feitas, observando os
seguintes critérios: para determinados jogos, é recomendável vendar todos os
alunos, em outros, utilizar bolas com guizo, fitas ou cordas para delimitar o
espaço e, principalmente, realizar as aulas em local silencioso.

Em atividades de corrida, o professor, deverá sinalizar ou orientar o aluno


através de palmas, apito ou qualquer outro sinal sonoro.

3 AVALIAÇÃO MOTORA
A avaliação serve a um objetivo muito importante na área do
desenvolvimento motor. A avaliação de vários aspectos do comportamento
motor de um indivíduo torna possível ao especialista em Educação Física
Adaptada monitorar alterações desenvolvimentistas, identificar atrasos e obter
esclarecimentos sobre estratégias instrutivas (GORLA, 2008).
67
UNIDADE 1 | EDUCAÇÃO FÍSICA E INCLUSÃO

Segundo DePauw (1990 apud Lopes e Santos 2002), a investigação, anterior


aos anos 1970, sobre a atividade física em indivíduos deficientes foi descritiva,
concentrando-se em três áreas fundamentais:

• Identificação de problemas motores.


• Efeitos da atividade física.
• Descrição do crescimento e do desenvolvimento das crianças
deficientes.

Nos anos 1970, as investigações centraram-se, sobretudo, na fisiologia


e na biomecânica. Na década seguinte, segundo Gorla (2008), deu-se um
aumento substancial das investigações. As áreas de estudo diversificaram-se e os
procedimentos tornaram-se mais sofisticados e variados.

Os esforços sistemáticos da investigação foram devotados ao


entendimento das bases científicas, fisiológicas e biomecânicas do
desempenho. Os fatores psicológicos e sociológicos que afetam os
indivíduos deficientes foram estudados pela primeira vez (GORLA,
2008, p. 15).

No período de 1980 a 2000, houve grande crescimento da área de Educação


Física Adaptada e, com isso, a necessidade da sistematização dos processos de
avaliação e dos programas de intervenção. As investigações mais recentes em
Educação Física Adaptada podem ser agrupadas nas seguintes áreas:

• Ensino e aprendizagem das atividades Físicas.


• Fatores de influência na atividade física.
• Efeitos da atividade física.
• Habilidades motoras e desempenho (rendimento).

Não há escassez de instrumentos de avaliação que proponham mensurar


habilidades motoras. Existem centenas de testes formais, publicados ou não,
projetados com a mensuração de várias características de comportamento
motor em mente. Também existem métodos para a avaliação das características
motoras de um indivíduo, os quais representam uma abordagem menos formal
e mais naturalista. O desafio para o avaliador é identificar os procedimentos e os
instrumentos de avaliação mais apropriados para o indivíduo ou grupo que será
testado.

Alguns problemas parecem ter surgido na literatura sobre a avaliação.


Primeiro, há uma preocupação relativa ao mau uso dos testes padronizados para
determinar programas objetivos da Educação Individual; segundo, os resultados
de testes padronizados oferecem pouca ajuda em determinar técnicas instrutivas
ou tomar decisões; terceiro, a exatidão da medida das habilidades de um indivíduo
em um contexto e em um tempo específico; e, por último, o uso ambíguo e, às
vezes, até arbitrário de notas por letras para descrever o desempenho de um
indivíduo (BLOCK et al., 1998).

68
TÓPICO 3 | ATIVIDADES FÍSICAS ADAPTADAS

A avaliação poderia ser definida em um livro educacional como coleta e


interpretação de informação relevante sobre um indivíduo para ajudar a tomar
decisões válidas, confiáveis e não discriminatórias, os primeiros passos são
medir e avaliar. Para avaliar a capacidade de movimento de uma criança, a
medida pode se estender do teste formal à observação informal dessa em seu
ambiente natural.

A avaliação é a interpretação daquelas medidas em termos de adequação


– o quão bem ela se desempenha de acordo com as normas de testes avaliáveis
ou os comportamentos objetivos desenvolvidos para determinado indivíduo,
classe ou unidade instrutiva (GEALLAHUE E OZMUN, 2001). A avaliação
baseada em normas de testes resulta no relatório de um padrão de pontuação,
tal como a porcentagem, enquanto a avaliação baseada em condutas objetivas
dá ao avaliador a indicação do grau de perícia ou imperícia.

Uma das grandes dificuldades enfrentadas pelos professores de


Educação Física Adaptada é a diversidade terminológica usada entre muitos
instrumentos de avaliação presentes nos estudos, com origem nas diferentes
escolas superiores pelos grupos de estudo de pesquisas e editores. Isso constitui
um desafio difícil de superar, sendo necessário optar por uma terminologia
capaz de melhor enquadrar os fatores de uma intenção de estudos em particular.
Na realidade, cada termo representa as dificuldades experimentadas pelas
crianças com dificuldades de movimento.

A avaliação motora em crianças e adolescentes com deficiência é


necessária para a intervenção de qualidade, porém é preciso identificar
claramente os critérios que o instrumento oferece. Zittel (1994) cita alguns
aspectos-chave para selecionar um instrumento de avaliação motora: proposta,
adequação técnica do instrumento, fatores não discriminatórios, facilidade de
administração, ligação instrutiva e validade ecológica.

A seleção de um instrumento de avaliação deve ser precedida da


compreensão sobre o porquê de a criança ser testada e como as medidas
serão utilizadas. A avaliação da habilidade motora total é, primeiramente,
completada para a proposta de triagem, diagnóstico e prescrição.

FONTE: GORLA (2008, p. 16)

4 ATIVIDADES ADAPTADAS
Para que o aluno com deficiência tenha um autoconceito positivo,
deverá sentir-se pertencente ao grupo, não apenas "fazendo parte" dele.
Ele terá que ser valorizado e reconhecido pelos colegas, professores e
por si próprio como sendo um sujeito integrante do grupo. Entretanto,
deverá aceitar as regras, assim como o grupo precisa aceitar as
limitações de cada colega e do conjunto, sem, contudo, deixar de tentar
vencer as dificuldades. (DIEHL, 2006, p. 111).

69
UNIDADE 1 | EDUCAÇÃO FÍSICA E INCLUSÃO

Segundo Haywood e Getchell (2004, p. 155), “A autoestima influencia a


participação em esportes e atividades físicas, bem como o domínio de habilidades.
Ela se torna mais precisa à medida que a pessoa envelhece".

Os jogos que serão apresentados a seguir são atividades recreativas


destinadas às aulas de Educação Física de escolas de ensino infantil, fundamental
e médio, retiradas do livro “Jogando com as Diferenças”, da autora Rosilene
Moraes Diehl.

Estes jogos apresentarão adaptações indicadas aos alunos surdos, cegos,


com deficiência intelectual e com deficiência física, quando em situação de
inclusão ou em grupo específicos, ou seja, numa turma com crianças e/ou jovens
com deficiências similares.

QUADRO 3 - JOGOS PARA SURDOS


Roubar o rabo do dragão
Número de Participantes: livre.
Material Necessário: nenhum.
Local: quadra.
Formação dos Alunos: uma coluna e um aluno de frente para ela.
Descrição do Jogo: O aluno que estiver posicionado de frente para a coluna deverá tentar pegar
o último da fila, que terá um rabo feito de jornal (o rabo do dragão); o primeiro da coluna
deverá tentar impedir através de movimentos que serão acompanhados pelos demais (o corpo
do dragão). Finaliza a brincadeira quando o pegador conseguir tocar no rabo do dragão.
Variável: Duas colunas, uma de frente para a outra, tentarão, de forma simultânea, pegar o rabo
do dragão da coluna adversária. Vence a equipe que conseguir pegar primeiro o rabo do dragão.
Futsal de 4 goleiras
Número de Participantes: 16.
Material Necessário: 8 cones, 8 coletes, 2 bandeiras com cores diferentes.
Local: ginásio, preferencialmente quadra de futsal.
Formação dos Alunos: 2 equipes com 8 jogadores cada.
Descrição do Jogo: A atividade será realizada em uma quadra de futsal, onde não serão
utilizadas as goleiras e, sim, 8 cones com os quais serão montadas 4 goleiras nos cantos da
quadra. Os alunos serão divididos em duas equipes de 8 integrantes cada, devendo marcar gol
em 2 goleirinhas, previamente designadas para as equipes. Vence o time que fizer mais gols. As
regras são as mesmas do futsal. A explicação deve ser na língua de sinais. O professor deverá
usar duas bandeiras: uma verde e outra vermelha. Quando ocorrer falta, o professor levantará
a bandeira vermelha. Para sinalizar início e término de jogo, usará a verde.
Obs.: Pode ser jogado com ou sem goleiro.

70
TÓPICO 3 | ATIVIDADES FÍSICAS ADAPTADAS

Jogo do siri
Número de Participantes: 16.
Material Necessário: 1 bola de handebol, 2 goleiras pequenas (ou cones demarcando as goleiras),
1 bandeira amarela e 1 bandeira vermelha, coletes coloridos.
Local: quadra de vôlei ou quadra reduzida.
Formação dos Alunos: 1 goleiro, 2 zagueiros, 1 meio de campo, 2 atacantes e 2 reservas.
Descrição do Jogo: As equipes se colocam sentadas. Para a locomoção será utilizada a posição
de siri (4 apoios, de costas), com o quadril erguido do chão com o auxílio das mãos. A bola
será transportada no colo, sendo arremessada com uma das mãos para efetuar o passe ou
para a finalização do gol, podendo ser "roubada” do adversário. Vence a equipe que fizer
mais gols. Caso a bola caia do colo de quem a está transportando, o juiz interrompe o jogo
para recomeçá-lo com uma nova jogada, com a posse de bola da equipe adversária. O mesmo
ocorre nas jogadas irregulares, que são as batidas, os pontapés e os empurrões propositais nos
adversários. A bandeira vermelha será utilizada para iniciar e finalizar o jogo, assim como para
marcar e autorizar a cobrança de pênaltis; a bandeira amarela sinalizará as marcações de faltas,
tiros de meta, escanteios e jogadas irregulares. É recomendado que participem dois árbitros,
um em cada lateral da quadra, cada um responsável por uma cor de bandeira.

QUADRO 4 - JOGOS PARA CEGOS OU COM BAIXA VISÃO

Ouça e pegue o rabinho


Número de Participantes: de 5 a 10.
Material Necessário: barbante, latas de refrigerante com pedrinhas do tamanho de feijão
dentro, venda.
Local: ginásio ou qualquer lugar plano.
Formação dos Alunos: livre.
Descrição do Jogo: Amarrar a lata de refrigerante com um barbante, que será puxada pelos
alunos, arrastada pelo chão. Cada um tentará roubar o “rabinho” do outro. Aquele que mais
rabinhos pegar será o vencedor.
Em situação de inclusão: os alunos poderão estar em duplas de mãos dadas, onde um estará
vendado e o outro, não. Aquele que não enxerga pega o rabinho, seguindo as instruções do
vidente. O rabinho estará preso ao aluno cego ou com baixa visão. Vencerá a dupla que pegar
mais rabinhos.
Corrida dos caranguejos
Número de Participantes: livre.
Material Necessário: cordas.
Local: quadra.
Formação dos Alunos: colunas, com no máximo 6 participantes cada.
Descrição do Jogo: À frente de cada coluna, serão estendidas duas cordas no chão, na largura
dos ombros, do início ao fim do percurso. Os integrantes se posicionarão em 4 apoios de costas,
atrás do ponto de partida, com a cabeça em direção às cordas. Ao sinal, deverão realizar percurso,
do início ao fim, deslocando-se como caranguejo, com as mãos em cima das cordas estendidas
no chão, procurando percorrer toda a extensão, voltando à linha de partida da mesma
maneira. Cada equipe terá um nome previamente combinado que será gritado pelo último
competidor ao finar do percurso, definindo a equipe vencedora.
Variável: os participantes deverão fazer o percurso conduzindo um balão entre as pernas, sem
estourá-lo, entregando-o para o próximo da coluna. O balão deverá ser estourado pelo último
participante, ao término do percurso. Vence a coluna que primeiro estourar o balão.
Em situação de inclusão: os alunos videntes não poderão olhar para a corda, mantendo o
rosto voltado para cima, auxiliando o seu colega cego ou com baixa visão durante o percurso.

71
UNIDADE 1 | EDUCAÇÃO FÍSICA E INCLUSÃO

Nó no lenço
Número de Participantes: livre.
Material Necessário: apitos e vários lenços ou fitas.
Local: quadra ou sala.
Formação dos Alunos: colunas ou fileiras.
Descrição do Jogo: sentados em seus lugares, em colunas ou fileiras com igual número de
integrantes, representando as equipes. O último de cada coluna ou fileira estará segurando
um lenço, e o primeiro, um apito. Ao sinal dado, aqueles que têm o lenço na mão atam-no no
braço direito do colega da frente, fazendo um nó entre o cotovelo e o ombro; o aluno desata o
nó do seu braço com a mão esquerda, ata-o no colega da frente e, assim, sucessivamente, até
que o primeiro dê o sinal de que sua equipe terminou. Vence a equipe que apitar primeiro.
Em situação de inclusão: o aluno vidente não poderá olhar quando for amarrar o lenço ou a
fita, nem quando for desamarrá-las, mantendo o rosto voltado para o outro lado.

QUADRO 5 - JOGOS PARA DEFICIENTES INTELECTUAIS


Passa João
Número de Participantes: livre.
Local: sala ou ginásio.
Formação dos Alunos: em círculo.
Descrição do Jogo: Com os alunos sentados em círculo, o professor inicia pegando uma bola e
cantando a canção "Passa João": "O João vai passar, ele ainda não chegou, ele ainda não chegou,
ele acaba de chegaaaaaar". Enquanto isso, os participantes passam a bola de mão em mão para
os colegas, até que todos os componentes do círculo a tenham tocado. Ao parar a música, a
bola para de ser passada e aquele que estiver com a bola deverá imitar um bicho.
Variável: Em vez de cantar "Passa João", trocar pelo nome dos alunos consecutivamente, até
citar o nome de todos. Este tipo de brincadeira, estimula a criança a participar do jogo, cantando.
Crocodilo faminto
Número de Participantes: mínimo 5.
Material Necessário: nenhum.
Local: quadra de vôlei.
Formação dos Alunos: em fileira no fundo da quadra de vôlei e um aluno na linha central.
Descrição do Jogo: Os participantes dispostos de um lado da quadra deverão atravessar o lago
(a quadra), fazendo imitações de determinados animais, não sendo permitida a repetição dos
animais. No centro, um aluno que representará o "crocodilo faminto" deverá tentar pegar os
"animais" que querem passar pela linha central. O crocodilo não poderá afastar-se da linha
central. O participante que não conseguir fugir do crocodilo ocupará seu lugar ou auxiliará o
crocodilo faminto a pegar os demais animais.
Não-me-toque
Número de Participantes: no mínimo 6.
Material Necessário: nenhum.
Local: quadra.
Formação dos Alunos: dispostos livremente.
Descrição do Jogo: um dos participantes, escolhido pelo professor, será o pegador. Assim que o
professor gritar o nome de um dos outros participantes, os demais colegas deverão formar um
círculo ao seu redor, impedindo que o pegador toque nele. Só será trocado o pegador quando
ele conseguir tocar em alguém.

72
TÓPICO 3 | ATIVIDADES FÍSICAS ADAPTADAS

QUADRO 6 - JOGOS PARA DEFICIENTES FÍSICOS

Passa repassa
Número de Participantes: livre.
Material Necessário: 1 bola de vôlei.
Local: quadra.
Formação dos Alunos: sentados.
Descrição do Jogo: os alunos estarão dispersos sentados pela quadra de voleibol, ou similar,
dois deles sentados nas pontas. Os alunos das pontas iniciarão a troca de passes de bola,
enquanto os alunos do centro da quadra tentarão pegá-la sem tirar o quadril do chão. O aluno
que conseguir pegar a bola troca de lugar com aquele que a jogou.
Pegue o rabo
Número de Participantes: 15.
Material Necessário: nenhum.
Local: quadra.
Formação dos Alunos: coluna.
Descrição do Jogo: Os alunos em coluna, segurando com as mãos a cadeira de roda do colega
da frente. Um aluno, escolhido para ficar de frente para a coluna, será o "pegador" e tentará
pegar o último da coluna, o "rabo", enquanto os demais alunos devem movimentar-se de modo
a impedir que isso aconteça. Quando o "rabo" for pego, este passa a ser o pegador e quem
pegou entra na frente e passa a ser a "cabeça". O primeiro da fila ficará com as mãos livres e,
por isso, poderá atrapalhar o pegador movimentando os braços, porém sem encostar-se nele.
Em situação de inclusão: Será realizado o mesmo jogo, sendo que o aluno cadeirante poderá
ser o primeiro da coluna ou em outra posição, preso ao colega da frente por uma corda.
Corrida dos arcos
Número de Participantes: livre.
Material Necessário: arcos.
Local: quadra.
Formação dos Alunos: fileira.
Descrição do Jogo: Os alunos, na cadeira de rodas ou sentados no chão, estarão posicionados
na linha de fundo da quadra, cada um com dois arcos. Cada aluno estará segurando um dos
arcos na mão, e outro estará no chão à sua frente. Ao sinal dado pelo professor, o aluno deverá
entrar no arco colocado no chão e colocar o outro arco no chão à sua frente; em seguida ele
deverá entrar no arco que está no chão e pegar o arco que ficou para trás. Sucessivamente,
posicionará e entrará nos arcos até chegar ao outro lado da quadra. Vence o primeiro que chegar.
Em situação de inclusão: Todos os alunos deverão estar sentados no chão.

73
UNIDADE 1 | EDUCAÇÃO FÍSICA E INCLUSÃO

LEITURA COMPLEMENTAR

REGRAS DA BOCHA ADAPTADA

PRINCIPAIS REGRAS

FILOSOFIA DO JOGO

A bocha possui algumas características semelhantes às do tênis,


principalmente nos aspectos extra quadra, sendo que, assim como ocorre em
torneios daquela modalidade, a bocha necessita que o público esteja em silêncio
no momento da jogada e que suas comemorações sejam restritas aos membros do
grupo ou da equipe, que não estejam jogando naquele momento.

APLICAÇÃO DAS REGRAS DO SISTEMA ESCOLAR

Aqui, teremos especificadas as principais regras da modalidade, lembrando


que – para um trabalho educacional, ou seja, dentro do âmbito escolar – torna-se
fundamental a sua aplicação, porém esta deve ocorrer num segundo momento,
pois colocada em primeira instância pode cercear o pensamento criativo e o teor
lúdico que todo esporte deve oferecer.

Para aplicabilidade de regras é necessário que o aluno primeiramente


assimile o conteúdo cognitivo; em seguida, possa encontrar uma adaptação
adequada à sua condição motora e, por fim, tenha domínio motor de habilidades
específicas de lançamento, arremesso, movimentos relativos à calha etc.

Esta primeira etapa, sem regras rígidas, pode possibilitar experiências de


sucesso, motivando o aluno a continuar tendo desafios mais complexos.

TERMOS USADOS NA MODALIDADE

Jack, bola-mestra ou bola-alvo: refere-se à bola branca.


Cancha: quadra de superfície plana e lisa onde ocorrem os jogos.
Box: local onde ficam as cadeiras de rodas dos jogadores.
Dispositivos auxiliares: ajuda de algum material para que o jogador
possa executar a jogada. Ex.: rampa ou calha.
Calheiro: pessoa destinada a segurar e executar o movimento com a calha
ou rampa para o aluno mais comprometido.
Kit: conjunto de bolas de bocha.
Elegibilidade: condição motora para que o atleta possa jogar a modalidade,
ou seja, esteja dentro do perfil da classificação funcional exigida pelo manual de
classificação.
Bola morta: bola arremessada para fora das linhas do campo ou que tenha
sido retirada pelo árbitro no seguimento de uma violação.
Dispositivo de medida: material para medição da distância entre as bolas.

74
TÓPICO 3 | ATIVIDADES FÍSICAS ADAPTADAS

Equipamento de medição de tempo: material usado para medir o tempo


que o jogo de bolas deve ser jogado, dentro de uma parcial.
Parcial ou set: quando os jogadores terminam de lançar todas as bolas
vermelhas e azuis.
Partida: soma de quatro parciais ou sets, desde que não haja tie-break.

A QUADRA

A quadra deve ser plana, lisa e regular, de madeira, cimento ou material


sintético. Consiste em duas áreas, boxes de jogadores e área de jogo. Suas dimensões
totais são de 12,5 m de comprimento e 6 m de largura, delimitadas por linhas de
quatro centímetros de largura e linhas de marcação internas de dois centímetros
de largura. As linhas limítrofes não estão inseridas nas áreas que delimitam.

A zona de lançamento é dividida em seis boxes iguais de 2,5 metros de


comprimento e 1 m de largura, que são numerados de 1 a 6. Na área de jogo, há
uma área delimitada por uma linha “V”, cujas laterais distam 3 m da zona de
lançamento e do ponto central 1,5 metro. O lançamento da bola mestra (branca)
de dentro do boxe de lançamento só será considerado válido quando ultrapassar
essa marca (“V”). O ponto central da área de jogo é marcado por um “X”, onde
a bola mestra é colocada no início de cada parcial extra ou quando for colocada
para fora do campo.

FIGURA 23 - A QUADRA

MATERIAIS E EQUIPAMENTOS

São utilizadas 13 bolas: seis azuis, seis vermelhas e uma branca,


confeccionadas com fibra sintética expandida e superfície externa de couro.

Seu tamanho é menor que as de bocha convencional e o peso é de 280


gramas. O árbitro utiliza para sinalizar ao jogador, no início de um lançamento
ou jogada, um indicador de cor vermelho/azul, similar à uma raquete de tênis de
mesa. Para medir a distância das bolas coloridas da bola-alvo, é utilizada uma
trena ou compasso.

75
UNIDADE 1 | EDUCAÇÃO FÍSICA E INCLUSÃO

FIGURA 24 - JOGO DE BOLAS DE BOCHA

FIGURA 25 - ÁRBITRO/SINALIZADOR

FIGURA 26 - TRENA

Para atletas que não conseguem dar à bola uma boa propulsão, pode ser
utilizada uma calha, rampa ou canaleta, sem freio ou qualquer outro dispositivo
mecânico. O jogador deve ter um contato físico direto com a bola imediatamente
antes de fazer um lançamento. O contato físico inclui também o ponteiro ou
agulha fixado na cabeça por uma faixa ou capacete.

FIGURA 27 CALHA OU RAMPA (MODELOS USADOS PELA


EQUIPE ESPANHOLA)

76
TÓPICO 3 | ATIVIDADES FÍSICAS ADAPTADAS

FOTO 28 - PONTEIRO FIXADO NA CABEÇA (MODELO


USADO POR ATLETA BRASILEIRO)

MARCADOR

Lousa ou papel para serem colocados os resultados e virados para os


jogadores.

INDICADOR PARA AUTORIZAÇÃO DE JOGO

Raquete com duas cores.

CAIXA DE BOLA MORTA

Recipiente para colocar as bolas que forem lançadas fora da área de jogo.

AUXÍLIO AOS ATLETAS DE ACORDO COM AS CLASSES

Atletas BC3

Para os atletas da classe BC3 (que apresentam severo comprometimento


motor nos quatro membros), as regras de bocha (segundo CP-ISRA) permitem que
o jogador seja assistido por uma pessoa que tem como função, além de direcionar
a calha (dispositivo auxiliar), seguindo rigorosamente as indicações do jogador,
pode também arredondar a bola se for necessário, entregá-la e segurá-la até o
momento da soltura na calha pelo atleta. Porém essa ajuda só será autorizada
ao assistente (também denominado “calheiro”) mediante sinal ou indicação do
atleta quando da sua vez de jogar. Por essas exigências da regra, faz-se necessário
um treinamento intensivo e, sobretudo, harmonioso entre o atleta e o calheiro.
Normalmente é escolhida, entre os auxiliares, a pessoa de maior compreensão e
sincronia com o atleta, na maioria das vezes, pais ou familiares.

77
UNIDADE 1 | EDUCAÇÃO FÍSICA E INCLUSÃO

FIGURA 29 - ATLETA BC3 (APDEF – PETRÓPOLIS, RJ)

Essa comunicação pode ser feita de forma oral ou pela interpretação de


gestos e expressões (maioria dos casos) e sempre partindo do atleta. O calheiro
não pode, em hipótese alguma, se comunicar com o atleta e deverá colocar-se
sempre de costas para o jogo.

Alguns tipos de treinamento devem ser considerados específicos para


essa classe, de forma que o calheiro e o atleta tenham atuação única e precisa,
permitindo que a ajuda do auxiliar seja em decorrência do raciocínio e iniciativa
do jogador e, principalmente, da sintonia que os une.

Exemplo: O calheiro e o atleta devem ter treinado e combinado


exaustivamente todos os diferentes tipos de sinais e principalmente expressões
utilizadas no decorrer da partida, tais como jogo curto (calha alta e o quanto
alta), jogo longo (calha baixa e o quanto baixa), para esquerda, para direita e
assim sucessivamente, até mesmo após jogar uma bola quando, pela expressão
do atleta, o calheiro perceber se foi uma boa jogada ou não.

Em resumo, o assistente do atleta BC3 deve ser uma pessoa escolhida


primeiramente pelo próprio jogador e deverá acompanhar todos os treinamentos
com a mesma disponibilidade do competidor, compreender todo o processo da
modalidade e que, acima de tudo, deseje ajudar sem, contudo, influenciar nas
decisões do atleta.

Deve ser paciente e sensível, conviver com o atleta o maior tempo possível,
ajudá-lo nas dificuldades da vida diária, assim como na hora da alimentação e
higiene, fortalecendo a interação entre eles.

Atletas BC1

Para os atletas da classe BC1, também é permitido um auxiliar, mas apenas


com a função de entregar a bola para o jogador quando este solicitar por gesto
previamente combinado. Oferecer um suporte de segurança, se for necessário,
assim como o de segurar a cadeira de rodas para que ela não se desloque no
momento do arremesso. Deve também auxiliar o retorno do tronco do atleta após
78
TÓPICO 3 | ATIVIDADES FÍSICAS ADAPTADAS

o arremesso, caso ele apresente maior dificuldade de controle e equilíbrio. Não é


permitida nenhuma forma de diálogo ou comunicação entre eles, exceto do atleta
para o auxiliar, quando da sua vez de jogar. O auxiliar deve se colocar fora do box
de arremesso durante a partida.

Atletas BC2 e BC4

Para os atletas BC2 e BC4, não é permitido nenhum tipo de ajuda externa.
O que ocorre com frequência é a adaptação de um suporte ou cesto para as
bolas, fixo ou não na cadeira de rodas, de modo que facilite ao atleta de pegar as
bolas para arremessar. Isso é muito utilizado em atletas da classe BC4 com lesão
medular e com grande comprometimento nos quatro membros.

O JOGO

O jogo de bocha poderá ser disputado nas categorias:

Individual BC1.
Individual BC2.
Individual BC3.
Individual BC4.
Pares BC3 – Somente jogadores pertencentes à classe BC3.
Pares BC4 – Somente jogadores pertencentes à classe BC4.
Equipe – Somente jogadores pertencentes às classes BC1 e BC2.

Em jogo individual e de pares, cada partida será composta por quatro


parciais. Quando houver empate de pontos, será disputada uma quinta parcial
chamada de tie-break.
Em jogo de equipe, cada partida será composta de seis parciais, caso não
seja necessária a disputa de tie-break.
No jogo individual, cada jogador estará de posse de seis bolas azuis ou
seis vermelhas, conforme sorteio.
No jogo de duplas, cada jogador estará de posse de três bolas azuis ou três
bolas vermelhas, conforme sorteio.
No jogo de equipe, cada jogador estará de posse de duas bolas azuis ou
duas bolas vermelhas, conforme sorteio.

O árbitro fará um sorteio inicial: o vencedor escolherá a cor da bola. Caso


escolha a vermelha, sairá jogando com a branca.
Caso a partida termine empatada e seja necessária a disputa do tie-break, a
bola branca será colocada na marcação central X.
Uma parcial somente termina quando os jogadores lançam todas as bolas
ou quando se esgota o tempo. Os boxes 1, 3 e 5 serão ocupados pelos jogadores
locais (quem está de posse da bola vermelha) e os boxes 2, 4 e 6 serão ocupados pelos
jogadores visitantes (quem está de posse da bola azul), no caso do jogo de equipes.
Em jogos de pares, os jogadores locais ocuparão os boxes 2 e 4 e os jogadores
visitantes ocuparão os boxes 3 e 5.

79
UNIDADE 1 | EDUCAÇÃO FÍSICA E INCLUSÃO

Em jogos individuais, o jogador local ocupará o box 4 e o jogador visitante


ocupará o box 3.

As parciais possuem um tempo limite para serem terminadas. Será


aplicado de forma decrescente, como a seguir:

Individual BC1, BC2 e BC4: 5 minutos;


Individual BC3: 6 minutos;
Pares BC3: 8 minutos;
Pares BC4: 6 minutos;
Equipes: 6 minutos.

Nenhuma bola poderá ser lançada sem que o árbitro autorize, indicando
com placa ou raquete quem jogará.
Após o sorteio, quem está de posse da bola vermelha lança primeiramente
a bola branca e, em seguida, a bola vermelha; depois é autorizado o lançamento
de uma bola azul para verificação da bola que está mais próxima da branca.
Continuará lançando a bola, quem estiver com a bola mais afastada da bola do
adversário em relação à bola branca.
Se a bola cair acidentalmente da mão do jogador, antes do lançamento,
o árbitro pode permitir que o atleta volte à jogada desde que o imprevisto seja
entendido como ato acidental e não voluntário (intenção de lançar a bola).
A bola é considerada fora quando ultrapassa as linhas laterais ou de
fundo, não sendo considerada para pontuação.
Caso a bola arremessada para fora seja a bola branca, será lançada
novamente pelo jogador adversário, além da sua vez de direito, até que a bola
mestra seja colocada no campo permitido para jogo.
Se a bola branca for empurrada para fora, será colocada na marcação do
X central.
Quando a bola branca é colocada no X central, jogará quem estiver mais
longe dela.

PONTUAÇÃO

Todas as bolas mais próximas da bola branca, comparadas às do jogador


adversário, serão consideradas ponto.
Exemplo: dois pontos para azul.

80
TÓPICO 3 | ATIVIDADES FÍSICAS ADAPTADAS

Caso uma bola vermelha e uma bola azul estejam na mesma distância da
bola branca, ao final da parcial, será creditado um ponto para cada jogador.
Caso duas bolas azuis e uma vermelha estejam na mesma distância da
bola branca, serão creditados dois pontos para a azul e um ponto para a vermelha.
Em caso de dúvida na medição de distância da bola, o árbitro poderá
autorizar o jogador (individual) e capitão (pares e equipes) a entrar no local da
jogada para acompanhar a medição.
Caso haja empate em número de pontos ao final das parciais, será jogada
uma parcial de desempate, chamada de tie-break.
Será declarado vencedor o lado que tenha o maior número de pontos em
sua somatória ao final de todas as parciais, incluindo tie-break, caso necessário.

PENALIDADE

Quando é cometida uma falta ou infração, o árbitro irá conceder duas


bolas de penalização para o adversário. Estas bolas serão válidas para pontuação.
As duas bolas de penalização serão retiradas após o término do jogo.
Sempre serão as duas bolas do jogador penalizado que estiverem mais distantes
e não estão pontuando ou as bolas que foram lançadas para fora.
Se for necessário retirar bolas que estão pontuando, o árbitro anotará o
resultado antes de retirá-las.
Se houver mais de uma bola que possa ser utilizada como bola de
penalização, caberá ao próprio jogador beneficiado escolher qual será usada.
Faltas cometidas por ambos os jogadores se anulam umas às outras.
Se um jogador comete uma falta enquanto está lançando a bola de
penalização, esta será retirada e concedida ao jogador oposto.
Se durante a parcial o jogador cometer mais de uma falta, as bolas de
penalização serão concedidas separadamente, ou seja, duas e depois mais duas.

FALTAS OU INFRAÇÕES SANCIONADAS

Lançar uma bola, exceto a bola mestra, enquanto alguma parte do corpo,
cadeira de rodas ou dispositivo auxiliar (Exemplo: calha) estiver tocando a linha
ou parte do campo que não seja o box.
Caso a falta seja cometida na hora do lançamento da bola mestra, esta será
repassada ao jogador adversário.
O jogador poderá manobrar a cadeira ou outro dispositivo, ultrapassando
a área de lançamento, antes do lançamento da bola, desde que seja sua vez de
jogar e devidamente autorizado pelo árbitro.
Não será aplicada penalização por invasão da cadeira ou do jogador que
efetua o lançamento com os pés.
Caso o jogador atrapalhe de forma deliberada de maneira a interferir na
jogada do adversário.
Se o jogador não estiver com, pelo menos, uma parte dos quadris em
contato com o assento da cadeira de rodas, no momento do lançamento.

81
UNIDADE 1 | EDUCAÇÃO FÍSICA E INCLUSÃO

FALTAS SEM PENALIZAÇÕES

Faltas que não têm como consequência uma penalização.


Caso o jogador lançar mais de uma bola, elas serão contadas na pontuação
final.
Se devido ao erro do árbitro o jogador lançar a bola não sendo sua vez, ela
lhe será devolvida, desde que não tenha tocado em nenhuma outra bola do jogo.
Caso o jogador tenha jogado sem que a autorização do árbitro tenha sido
dada ao jogador oposto e não tenha tocado em nenhuma outra bola do jogo.
Quando o árbitro tentar deter o caminho da bola lançada erroneamente,
antes que possa modificar o jogo.

PARCIAL INTERROMPIDA

Quando as bolas que estão no jogo são movidas, advindas de uma situação
irregular como acidentalmente movida pelo árbitro, pode-se recolocar as bolas
movidas em seu lugar; caso não sendo possível, voltar à parcial.
Se devido ao erro do árbitro o jogador lança a bola fora da sua vez, o
procedimento será o mesmo do item anterior.
Se o jogador, que entra em campo, mover alguma bola, segue-se o mesmo
critério dos itens anteriores.

COMUNICAÇÃO

É expressamente proibida a comunicação do auxiliar com o atleta (Classe


BC1 e BC3) durante a parcial. Somente o atleta poderá comunicar-se, quando
necessário e dentro da sua vez de jogar. Em jogo de pares e equipes, o capitão,
pré-determinado anteriormente, poderá indicar qual o jogador que deve lançar
a bola.
Será concedido, no jogo de pares e equipes, um tempo técnico de três
minutos para instruções do técnico para seus atletas.
O árbitro poderá punir algum jogador que entenda proceder com uma
comunicação excessiva ou imprópria.
O jogador poderá solicitar que seu oponente ao lado afaste a cadeira para
trás, desde que entenda estar atrapalhando o lançamento de sua bola.

TEMPO
Cada parcial terá um tempo limite para serem lançadas as bolas ao campo
de jogo.
Esse tempo começa a contar no momento em que o árbitro indica qual
a cor que inicia a jogada que se conclui no momento em que a bola termina seu
trajeto.
O tempo é descrito de forma decrescente.
Caso se esgote o tempo e o jogador ainda não tenha lançado alguma bola,
não será permitido novo lançamento.

82
TÓPICO 3 | ATIVIDADES FÍSICAS ADAPTADAS

Os limites de tempo são assim descriminados:


Individual (Classes BC1, BC2 e BC4) – 5 minutos por jogador.
Individual BC3 – 6 minutos por jogador.
Pares BC3 – 8 minutos por dupla.
Pares BC4 – 6 minutos por dupla.
Equipes (BC1 e BC2) – 6 minutos por equipe.

REGRAS E CRITÉRIOS PARA UTILIZAÇÃO DE MATERIAL


AUXILIAR

A rampa, calha ou canaleta deverá desenvolver suas funções dentro do


limite do espaço do box, que também será ocupado pelo atleta com sua cadeira
de rodas.
A rampa, calha e canaleta não podem conter nenhum sistema mecânico.
Após o lançamento da bola, o calheiro deverá voltar a rampa ao ponto
médio no chão.
Será permitido o uso de cestas para colocar as bolas, desde que devidamente
fixadas nas cadeiras de rodas e que não atrapalhem o jogador ao lado.
Não será permitido ao assistente da classe BC3 olhar para trás no momento
da parcial.

FONTE: Disponível em: <www.rio2016.com/portal.esporte.gov.br/ucbweb.castelobranco.br/


www.informacao.srv.br>. Acesso em: 25 fev. 2016.

83
RESUMO DO TÓPICO 3

Neste tópico você estudou que:

• A terminologia correta é PESSOA COM DEFICIÊNCIA e não mais PORTADOR


DE NECESSIDADES ESPECIAIS.

• Atividade Física Adaptada designa a atividade modificada, ou criada para


suprir as necessidades especiais das pessoas com deficiências.

• O professor deverá intermediar a comunicação entre o aluno surdo e os colegas


ouvintes.

• As crianças e jovens com deficiência física possuem necessidades variadas.


Algumas delas usam cadeira de rodas, outras podem precisar apenas de um
apoio e outras, muitas vezes, possuem habilidade reduzida para os padrões
motores convencionais básicos, como manter o equilíbrio do tronco na posição
sentada ou segurar uma bola pequena.

• O professor deverá ter calma e explicar quantas vezes for necessário para que
o aluno com deficiência intelectual entenda a atividade, podendo ser auxiliado
pelos colegas do grupo que já compreenderam a sequência da atividade.

• Em atividades de corrida, o professor, deverá sinalizar ou orientar o aluno com


deficiência visual através de palmas, apito ou qualquer outro sinal sonoro.

84
AUTOATIVIDADE

1 Qual é o termo correto para definir uma pessoa com déficit cognitivo?

2 Descreva uma atividade para cegos ou com baixa visão.

85
86
UNIDADE 2

PRIMEIROS SOCORROS NA
EDUCAÇÃO FÍSICA

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir desta unidade, você será capaz de:

• compreender conceitos básicos de primeiros socorros;

• entender a origem dos primeiros socorros;

• saber como atuar diante de um atendimento pré-hospitalar;

• conhecer a atuação do professor de educação física em primeiros socorros;

• compreender o significado da ética profissional;

• diferenciar urgência e emergência;

• saber atuar diante de uma parada cardiorrespiratória.

PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. Você encontrará atividades que
o(a) ajudarão na compreensão dos conteúdos apresentados e, ao final de
cada um deles, terá atividades que o(a) ajudarão a assimilar os conhecimen-
tos teóricos adquiridos.

TÓPICO 1 – ASPECTOS GERAIS DOS PRIMEIROS SOCORROS

TÓPICO 2 – FUNÇÕES VITAIS E PLANEJAMENTO

TÓPICO 3 – ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR E ÉTICA

87
88
UNIDADE 2
TÓPICO 1

ASPECTOS GERAIS DOS PRIMEIROS SOCORROS

1 INTRODUÇÃO
O tema que será abordado nesta unidade diz respeito aos primeiros
socorros na prática de Educação Física. Perceberemos que a relação desempenhada
por um professor de educação física e a área da saúde, é de extrema importância,
pois a saúde sempre foi o foco do ser humano.

Os professores de educação física têm um papel importante na promoção da
saúde e na prevenção de doenças e acidentes, ainda mais se falarmos em situações
em que a atividade física está presente, seja em academias, escolas, faculdades,
universidades, clínicas, asilos entre outras instituições, pois dependendo do
público-alvo, o risco de acidentes aumenta ainda mais.

Organização Mundial de Saúde (OMS) no século XX, caracterizou o


termo “acidente” se reportando a um evento independente da vontade humana,
provocado por força exterior que atue rapidamente sobre o indivíduo, com uma
resposta física negativa, como dano físico ou mental (BATIGÁLIA, 2002).

Você já pensou que diante de algum acidente, tanto na academia quanto


na escola, é o professor de educação física que é solicitado para comparecer no
local da ocorrência? Mas será que este profissional está preparado para esse tipo
de ajuda? Se o professor não estiver preparado, não conseguirá prestar auxílio da
maneira correta, assim, ele poderá causar consequências graves para o indivíduo,
como lesões permanentes e sequelas irreparáveis.

Se pensarmos nas aulas que o professor realiza, também podemos identificar


possíveis momentos de perigo, em que os alunos executam movimentos ou fazem
atividades nas quais podem ocorrer vários acidentes, seja por uso indevido de
materiais, aparelhos, vestimentas inadequadas ou até mesmo colisões, luxações,
contusões e fraturas.

Os acidentes acontecem de uma hora para outra, em qualquer lugar e


não escolhem o momento oportuno para acontecer, em virtude disso, deve-
se ter o conhecimento necessário para atuar em situações de emergência. Nem
todos os professores de educação física possuem técnica apropriada para prestar
atendimento de socorro e muitas vezes quando se deparam com uma situação
emergencial não sabem como proceder e acabam escolhendo não fazer nada e
aguardar o socorro especializado, ou ajudam sem conhecimento, o que pode
trazer sérios comprometimentos ao estado da vítima.

89
UNIDADE 2 | PRIMEIROS SOCORROS NA EDUCAÇÃO FÍSICA

Você sabe como surgiram os primeiros socorros? Podemos adiantar que


o surgimento não foi casual, houve um momento histórico que dizimou milhares
de pessoas e em meio ao sofrimento de muitas vidas, surgiu a ajuda humanitária,
a qual foi se aperfeiçoando aos poucos, até originar os primeiros socorros.

A partir de agora, você também estudará sobre os aspectos legais e por
falar nisso, você sabia que se um profissional da área da saúde, se omitir de prestar
ajuda, será considerado criminoso? Na verdade, qualquer cidadão brasileiro será
culpado, isso mesmo, será um crime de omissão de socorro, tipificado no código
penal brasileiro e sujeito à sansão.

Por fim, veremos como deve ser a atuação do profissional de educação
física e de que maneira poderemos prestar os primeiros socorros, pois qualquer
pessoa poderá ajudar numa emergência, mas é importante lembrar que isso não
a torna um profissional.

Vamos juntos nessa caminhada!

2 HISTÓRIA E CONTEXTUALIZAÇÃO
Em 1859, na região de Solferino (norte da Itália), o jovem suíço Jean Henry
Dunant, foi em busca de Napoleão III, imperador da França, com o propósito de
conseguir autorização para instalar uma Companhia na Argélia que pertencia ao
domínio da França (NAYARA, 2011).

Chegando ao local, presenciou uma terrível guerra da França e Itália


contra a Áustria, viu a chegada dos feridos de guerra e constatou que a assistência
dos serviços médicos dada aos guerreiros tinha caído em colapso, em ambos
os exércitos. O número de feridos, que chegava nas unidades de tratamento
aumentava cada vez mais, transformando-as em postos de atendimento
(NAYARA, 2011).

Dunant viu o sofrimento dos soldados que morriam abandonados nos


campos de batalha, acompanhou doenças como tétano, gangrena, infecções, além
de mutilações, fraturas e lesões por armas de fogo. Tudo isso sem qualquer tipo de
atendimento digno, correto e por complicações das lesões e ferimentos, acabavam
perdendo suas vidas (BORGES, 2006).

Devido ao horror humano, Dunant organizou um “Corpo de Assistência


aos Feridos”, composto por mulheres da comunidade e mais de trezentos
soldados, sendo que a assistência era oferecida indistintamente a amigos e
inimigos (BORGES, 2006).

Durante aproximadamente dois meses, trabalhou entre os feridos, fazendo


retornar ao “status quo” da normalidade, no que diz respeito àquela drástica
situação. Retornou então a Genebra e escreveu um relatório de trinta mil palavras

90
TÓPICO 1 | ASPECTOS GERAIS DOS PRIMEIROS SOCORROS

intitulado “Recordações de Solferino”, local da sangrenta batalha, ensejando a


criação de organizações em todos os países, com o objetivo de socorrer os feridos
sem distinção de nacionalidade (REZEK, 2002).

Posteriormente fundou um Comitê Internacional de Socorro aos Feridos,


surgindo a Cruz Vermelha, uma organização internacional que tantos benefícios
tem prestado à humanidade (RESEK, 2002).

Literalmente, Dunant deu tudo o que tinha pela Cruz Vermelha, além do
seu empenho, deu também todos os seus bens, recaindo-lhe a falência, chegando
até a miséria, vivendo de esmolas em Paris (BORGES, 2006).

Em 1870, no término da guerra, Dunant ainda clamava por humanidade e


foi nessa época que surgiram os Primeiros Socorros, incentivando a comunidade
que se aplicassem os primeiros socorros não apenas nos momentos de guerra,
mas também durante as calamidades, catástrofes, fomes, enchentes, fogo etc.
(BORGES, 2006).

Por muitos anos Dunant foi esquecido e considerado como morto,


entretanto, em 1890 foi acolhido por um jovem professor, que proclamou ao
mundo que o fundador da Cruz Vermelha e dos Primeiros Socorros estava vivo e
na miséria (RESEK, 2002).

O governo suíço começou a ofertar-lhe pensão e para surpresa do próprio


Dunant, em 1981, ele recebeu o primeiro Prêmio Nobel da Paz, falecendo após 10
anos, com 82 anos de idade (RESEK, 2002).

FIGURA 30 – SELO COM A FACE DE DUNANT EM HOMENAGEM AO SEU


HEROÍSMO

FONTE: Disponível em: <http://www.justiceinconflict.org>. Acesso em: 25 fev.


2016.

91
UNIDADE 2 | PRIMEIROS SOCORROS NA EDUCAÇÃO FÍSICA

3 CONCEITO
Há várias definições para primeiros socorros, uma delas refere-se aos
cuidados imediatos que o socorrista deve ter, mediante algum acidente ou
enfermidade, proporcionando à vítima segurança, confiança e agilidade para
atuar diante de um acidente.

O primeiro atendimento, termo que muitos autores utilizam, deve ser


oferecido até a chegada de uma ambulância, médico, paramédicos ou socorro
especializado, sempre com o objetivo de ofertar à vítima um pré-cuidado, a
fim de manter sua integridade física, ou seja, não executando manobras que
prejudiquem a saúde de quem está acometido pelo mal súbito.

FIGURA 31 – TELEFONES DE EMERGÊNCIA

FONTE: Disponível em: <http://www.falamulher.org.br>. Acesso em: 23


jan. 2016.

Prestar primeiro socorro significa estar apto para o atendimento de


urgência, com vistas a não agravar os ferimentos, salvar a vida ou pelo menos
evitar complicações futuras e danos irreparáveis no acidentado, pois muitas
vezes, quando a pessoa não está preparada para a abordagem inicial, pode haver
traumas vitalícios, a exemplo, paralisia e hemiplegia.

Para Fernandes (2012) os socorros de urgência são as ações que uma
pessoa treinada deverá realizar em relação ao acidentado ou ao portador de mal
súbito, antes do atendimento de um serviço especializado, com ética e sabedoria,
a fim de não sequelar a vítima.

Já o socorrista é o indivíduo habilitado para praticar os primeiros socorros.
Ele deverá ter conhecimentos básicos do assunto e treinamento que o habilite
para o desempenho das atitudes a serem realizadas (FERNANDES, 2012).

92
TÓPICO 1 | ASPECTOS GERAIS DOS PRIMEIROS SOCORROS

Conforme Santos (2014), primeiros socorros são definidos como medidas


iniciais e imediatas aplicadas a uma vítima fora do ambiente hospitalar, executadas
por pessoas treinadas a quem está em perigo de vida. Neste conceito, incluem
reconhecer condições que ameacem a vida, evitar o agravamento das lesões e
manter as funções vitais até que se obtenha atendimento médico adequado.

O termo “primeiros socorros”, reporta-se a um socorro fora do hospital,
que equivale à ajuda que o professor desempenhará, desde que munido de
conhecimento para atuar em situações inesperadas do cotidiano. Não significa
tomar uma atitude rapidamente, sem ter o controle técnico da situação, mas
acima de tudo, saber o que está fazendo, com competência, clareza e segurança
quanto aos procedimentos desempenhados (SANTOS, 2014).

Podemos observar que o primeiro atendimento à vítima, não substitui o
profissional médico, enfermeiro ou bombeiro, principalmente em casos graves
de lesões, aspecto importante e que deve ser oferecido ênfase aos professores. Em
muitos casos, já foi observado que esses profissionais oferecem suporte inicial e
direcionam a vítima para a residência, ao invés de ser encaminhada ao hospital,
onde terá suporte de exames clínicos, laboratoriais e diagnósticos de imagem, a
fim de verificar a gravidade da lesão.

FIGURA 32 – PRIMEIRO ATENDIMENTO À VÍTIMA

FONTE: Disponível em: <http://www.bombeiroswaldo.blogspot.


com>. Acesso em: 23 jan. 2016.

Na maioria dos pequenos acidentes, não será necessário a demanda


médica, porém o atendimento não pode ser negligenciado, pois atender ao
acidentado sem observar as técnicas corretas e protocolos estabelecidos, significa,
muitas vezes, agravar a saúde de forma definitiva, gerando demandas judiciais
por parte dos familiares das vítimas.

93
UNIDADE 2 | PRIMEIROS SOCORROS NA EDUCAÇÃO FÍSICA

Quando falamos em socorrista, não significa apenas profissionais da área


de saúde, mas pessoas da sociedade como alunos, familiares, amigos, clientes,
enfim, pessoas que irão adquirir suporte técnico, ofertando benefícios às pessoas
que demandam de atendimento inicial.

Conforme Santos (2012), os principais objetivos dos primeiros socorros
são:

• Reconhecer o que fazer diante de algum acidente.


• Ligar para o serviço de emergência local.
• Aplicar procedimentos que mantenham ou restabeleçam a circulação e
a respiração, em caso de necessidade.
• Controlar hemorragias.
• Evitar complicações com as lesões visualizadas.
• Promover conforto à vítima.

Interessante destacar que poderíamos incluir alguns itens a essa relação,


porém um cuidado simples e que oferta garantia de qualidade à saúde da vítima,
é afastar curiosos e pessoas despreparadas que desejam ajudar no atendimento,
pois manipular o acidentado de qualquer jeito, pode causar sequelas irreversíveis.

Quem socorre deve estar apto a assumir a liderança da situação de


emergência e ser proativo, assim, as qualidades do socorrista contribuem para o
êxito das ações tomadas durante a intervenção emergencial, a fim de evitar que o
acidente não origine outros.

UNI

Lembre-se que a vida da vítima está nas mãos da primeira pessoa que presencia
o acidente.

Para Fernandes (2012), o socorrista deve iniciar o atendimento inicial pelo


contato com a própria vítima, caso não esteja desacordada, através de quatro
passos fundamentais:

• Acalmar a vítima e ouvir atentamente caso queira se comunicar seja por


meio de queixas, ansiedades ou preocupações.
• Informar o que está fazendo para ajudá-la.
• Não mentir, não oferecer informações erradas, mas caso a situação física
da vítima esteja lastimável, não ser “transparente” no sentido de falar a situação
real, mas informe a verdade “entre as linhas”, por exemplo: você está sangrando

94
TÓPICO 1 | ASPECTOS GERAIS DOS PRIMEIROS SOCORROS

“um pouco”, mas logo irá ao hospital para obter os cuidados devidos (talvez a
vítima esteja com uma hemorragia que a leve a óbito, mas você socorrista, não
deve emitir seu parecer “mortal”).
• Em solidariedade à vítima, deve-se permanecer junto a ela, em um
ângulo que ela o visualize.

FIGURA 33 – COMO LIDAR COM A VÍTIMA NO PRIMEIRO ATENDIMENTO

FONTE: Disponível em: <http://www.lisriopreto.com.br>. Acesso em: 23 jan. 2016.

Todas as informações prestadas às vítimas, devem ser avaliadas antes de


emitir algum parecer, pois, muitas vezes, as ações são mais importantes do que
as palavras, assim, informar o estado da saúde no primeiro atendimento, pode
causar ansiedade e medo, dessa forma, o toque ou segurar a mão da pessoa pode
ser uma boa forma de conforto.

95
UNIDADE 2 | PRIMEIROS SOCORROS NA EDUCAÇÃO FÍSICA

FIGURA 34 – CHARGE RESSALTANDO O QUE NÃO DEVE SER FEITO NO ATENDIMENTO


EMERGENCIAL

FONTE: Disponível em: <http://www.revistaon.com.br>. Acesso em: 13 fev. 2016.

4 ASPECTOS LEGAIS
A pessoa atuante nos primeiros cuidados emergenciais, deve conhecer
princípios éticos legais, a fim de guiar suas ações de forma juridicamente legal, a
fim de evitar ações judiciais.

A ética e a confiança devem caminhar juntas na função de socorrista,
entretanto, não é possível exigir qualidade técnica do atendimento por um
socorrista se comparado a um enfermeiro ou médico.

Todo o profissional e cidadão comum tem obrigatoriedade de prestar


socorro, caso contrário, está sujeito às penalidades da lei, sejam médicos,
enfermeiros, bombeiros, dentistas, policiais, professores, comissário de bordo, os
quais poderão ser enquadrados por omissão de socorro.

Percebemos conforme Becker (2013), que a penalidade para o indivíduo
que possui imposição de um dever legal e se omite, negando a solidariedade,
incide na sansão penal, conforme vemos a seguir:

Art. 135 Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem


risco pessoal, à criança abandonada ou extraviada, ou à pessoa
inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente perigo; ou
não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pública:
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. (NUCCI, 2012, p. 1123).

96
TÓPICO 1 | ASPECTOS GERAIS DOS PRIMEIROS SOCORROS

Segundo Santos (2014), a vida e a saúde são bens jurídicos que não se
podem dispor, não é possível emprestar ou vender esses bens a ninguém, dessa
forma, o dever de agir significa que existe a obrigatoriedade legal de prestar
ajuda, sendo que os profissionais que possuem essa obrigação de garantia da
integridade física, devem atuar com determinação e empenho, a fim de impedir
um resultado danoso.

Além do Código Penal, a Constituição Federal de 1988 oferece amparo


legal quanto ao direito à saúde e redução dos riscos à vida, de acordo com os
artigos destacados a seguir:

Dos Direitos e Deveres Individuais e Coletivos


Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer
natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes
no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à
segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
Da Saúde
Art. 196 A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido
mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco
de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às
ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação (BRASIL,
2004).

Conforme Santos (2014), nós podemos perceber algumas obrigações


e deveres legais que o socorrista deve ter durante o primeiro atendimento, que
podem ser elencados da seguinte maneira:

• Qualquer pessoa tem o direito de receber socorro em situações de


emergência.

• A vítima consciente e entendedora dos fatos ocorridos, tem o direito


de negar atendimento e, neste caso, a prestação de socorro não pode ser forçada,
exceto em situações potencialmente fatais.

• Ao iniciar o atendimento voluntário, o socorrista não pode interromper


e nem deixar o local, até que seja liberado por um profissional qualificado e
responsável.

• Quem auxilia no atendimento deve seguir normas e protocolos


reconhecidos e aceitos pelas normas legais vigentes no país.

• Durante o socorro, deve-se respeitar e manter a privacidade da


vítima, revelando informações confidenciais somente quando questionado por
profissionais especializados e que sirvam para o completo atendimento da vítima.

97
UNIDADE 2 | PRIMEIROS SOCORROS NA EDUCAÇÃO FÍSICA

Para Santos (2014), protocolos são manuais didáticos contendo informações


de todos os procedimentos de primeiros socorros e que são orientados por padrões
estabelecidos em conselhos mundiais, por meio de grandes autoridades médicas
internacionais no assunto.

Nesse contexto, podemos citar o tratamento realizado na medicina


chinesa pelo animal conhecido por sanguessuga, hematófago (que se alimenta do
sangue), ele é colocado na pele da pessoa objetivando curar varizes, dessa forma,
o animal suga o sangue humano e ao mesmo tempo libera em sua saliva uma
substância anticoagulante que irá atenuar a patologia da pessoa. Cabe destacar
que esse procedimento não é autorizado no Brasil, pois não há comprovação
científica quanto à eficácia deste meio, nem tão pouco há protocolos para esse
procedimento (MELO, 2005).

FIGURA 35 – SÁTIRA DA PROIBIÇÃO QUANTO À UTILIZAÇÃO DE


SANGUESSUGAS NO TRATAMENTO MÉDICO BRASILEIRO

FONTE: Disponível em: <http://www.bethmichel.com.br>. Acesso em: 26 jan.


2016.

Segundo Santos (2014), causar o agravamento das condições de saúde da


vítima, através do uso de técnicas e manipulações incorretas ou desatualizadas,
pode gerar desde sofrimento, dor e angústia, até aumento dos custos de internação,
além de sanção penal para o profissional ou cidadão comum que a utilizou.

98
TÓPICO 1 | ASPECTOS GERAIS DOS PRIMEIROS SOCORROS

5 ATUAÇÃO DO PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA EM


PRIMEIROS SOCORROS
O professor de Educação Física desempenha várias atividades tanto
educacionais, quanto na prática. Assim é suscetível de vivenciar durante a
execução do seu trabalho, situações em que o aluno, necessite de atendimento
de urgência diante de alguma complicação física. Dessa forma, no percurso do
tempo entre ligar para o atendimento de urgência e receber a equipe de socorrista,
o professor de educação física deverá saber quais cuidados prestar e quais ações
jamais deve fazer, a fim de evitar complicação no quadro geral da vítima.

Você já parou para refletir qual é o seu papel no futuro como professor
de Educação Física? Então, você já pode começar a pensar que contribuirá
tremendamente para o bom desempenho ou recuperação da saúde de um
indivíduo. Assim, é importante que o profissional tenha propriedade técnica,
como também embasamento teórico para desempenhar adequadamente sua
função, definindo a execução de ações que englobe o planejamento, orientação e
avaliação para a prática da atividade física.

Flegel (2010) já se preocupava em informar que as atividades devem ser


realizadas de maneira adequada e segura, a fim de não comprometer a saúde do
praticante, proporcionando bem-estar físico e psicossocial.

A fim de prestar primeiros socorros com eficiência, presteza e segurança, o


professor de Educação Física deverá conhecer as condutas a serem tomadas para
cada ocasião, pois para cada agravante há uma intervenção diferente. Mesmo em
acidentes simples como cortes superficiais, contusões ou quedas, o professor de
Educação Física deve estar preparado para a emergência, pois oferecendo socorro
correto, evitará a redução de complicações futuras.

Conforme Flegel (2010), o profissional necessita estar apto ao atendimento,


sendo responsável diretamente pelas consequências danosas que possam estar
relacionadas, pois afinal de contas, ele é o profissional que lidera as práticas
esportivas.

É importante atentar para a segurança pessoal de quem está socorrendo


a vítima, pois diante do impulso de ajudar as outras pessoas, não justificará
uma conduta inconsequente, transformando o indivíduo em mais uma vítima.
(HAFEN et al., 2002).

99
UNIDADE 2 | PRIMEIROS SOCORROS NA EDUCAÇÃO FÍSICA

Segundo Flegel (2010), o primeiro atendimento relacionado ao esporte


não vem ao encontro de que o profissional deve tratar e diagnosticar o problema
do indivíduo, na verdade é necessário tomar ciência dos fatos e fazer um check-
up breve, pois o exame e a avaliação devem ser feitos por médicos. O professor
de Educação Física deve prestar o primeiro atendimento no sentido de solicitar
o resgate, ajudar no transporte da vítima, evitar que os curiosos manipulem a
vítima, entretanto, diante da urgência e da demora do atendimento pela equipe
médica, deverá saber como ajudar, com sua capacidade técnica e habilidades
adquiridas.

Para Silva (1998), o profissional deve possuir um perfeito conhecimento


das técnicas utilizadas em situações de emergência, dessa forma, torna-se
fundamental o treinamento do pessoal envolvido nas atividades físicas e
esportivas, especialmente no sentido de evitar que ocorram sequelas devido à
utilização de procedimentos inadequados.

Em outras palavras, é importante saber o que fazer e o que não fazer,


pois é muito comum na hora do “aperto” quem estiver socorrendo “recoloque o
membro no lugar”, que manipule articulações inadequadamente ou realize outros
procedimentos incorretos, que poderão trazer mais prejuízos do que benefícios.

A falta de conhecimento por parte dos professores de educação física


em primeiros socorros pode ocasionar inúmeros problemas ao indivíduo,
como a manipulação inadequada da vítima ou até mesmo a solicitação às vezes
desnecessária do socorro especializado em emergência. De acordo com Gonçalves
(1997), grande parte dos professores de educação física não tem os conhecimentos
necessários para prestar o socorro diante de uma situação de emergência.

A capacidade técnica dos professores em primeiros socorros e o


planejamento/execução de emergência dentro das instituições é de grande
importância, permitindo assim o socorro imediato, a promoção de saúde,
prevenção de doenças e acidentes. Dessa forma, fica clara a importância de
pessoas capacitadas com ciência exata à conduta correta diante de situações de
emergência (BRASIL, 2008).

Quem presta o atendimento deve ter treinamento correto e ciência


de suas responsabilidades, mantendo o equilíbrio emocional necessário.
Comportamentos inadequados ou ignorados e aplicados durante a vigência
de um acidente, complicam, muitas vezes, pequenas ocorrências que a rigor
poderiam ser facilmente resolvidas.

100
TÓPICO 1 | ASPECTOS GERAIS DOS PRIMEIROS SOCORROS

Silva (1998) complementa a informação, aduzindo que outros aspectos


contribuem como agravante para eventuais problemas no indivíduo, a exemplo
de instalações destinadas à prática de esportes, que não estão dentro das normas
de utilização. Além disso, é possível encontrar equipamentos em desacordo com
a legislação ou que não estejam em boas condições de manutenção.

Vale lembrar que há limitações de equipamentos, materiais e instalações


destinados ao primeiro atendimento em casos de emergência, entretanto, não
é necessário medir esforços para o atendimento inicial, pois muitas vezes não
há necessidade de materiais sofisticados, pois podemos improvisar materiais
simples e adaptando o que estiver disponível na hora da emergência.

Entretanto, nada impede de sugerir e motivar os profissionais envolvidos


na área específica, que procurem estar informados acerca dos procedimentos e
equipamentos disponíveis no mercado.

Atualmente podemos citar como exemplo, os dispositivos infláveis para


imobilizações, que apesar de simples, são muito práticos e eficazes no primeiro
atendimento, em casos de lesões e traumas ortopédicos.

FIGURA 36 – MODELO DE DISPOSITIVO INFLÁVEL PARA IMOBILIZAÇÃO


DE PÉ

FONTE: Disponível em: <http://www.cpr-savers.com>. Acesso em: 18 de


fev. 2016.

101
UNIDADE 2 | PRIMEIROS SOCORROS NA EDUCAÇÃO FÍSICA

O exercício da profissão do professor de educação física é amplo,


extremamente importante e vale lembrar que a competência deve ser um valor
ardente na prestação de atendimento de emergência e urgência, pois como já
falamos, a demora no atendimento especializado ou o atendimento inadequado,
pode trazer danos à saúde e a integridade do indivíduo lesionado.

Dessa forma, podemos afirmar que tanto o aluno graduando como o


profissional já formado, tem o dever e a obrigação de saber atuar numa situação
de emergência, realizando uma avaliação primária ou inicial da vítima, seguindo
determinadas condutas, as quais abordaremos a seguir.

Conforme Bergeron et al. (2007), é comum e corriqueiro encontrar pessoas


que necessitam de ajuda, as quais sofreram algum tipo de trauma ou lesão, dessa
forma é imprescindível que o professor de educação física esteja capacitado
para atuar como socorrista e que sempre se atualize mediante cursos, palestras,
seminários, workshops, para que esteja apto a realizar um procedimento adequado
de primeiros socorros, com qualquer pessoa que necessite de cuidados imediatos.

5.1 ATENDIMENTO INICIAL E CONDUTA


Segundo Ramos e Sanna (2005), existem duas modalidades de atendimento
emergencial: o suporte básico de vida e o suporte avançado de vida. O primeiro
consiste em manobras básicas objetivando a preservação da vida, o segundo é
composto por manobras invasivas de alta complexidade, que necessita de ajuda
de aparelhos e equipamentos operados por enfermeiros ou médicos.

Conforme Oliveira et al. (2007), o suporte básico de vida consiste em


verificar e avaliar se a vítima está com comprometimento nos sistemas respiratório
e cardiovascular, a fim de manter a respiração e batimento cardíaco, sem
hemorragias graves até que o socorro móvel chegue no local do acidente. Assim,
o professor de educação física que presta socorro, deverá manter as funções vitais
da vítima, evitando complicações do seu estado de saúde.

Até a chegada dos primeiros socorros por equipe especializada no assunto,


o professor de educação física que é a pessoa mais próxima da vítima e que detém
conhecimentos na área da saúde, obrigatoriamente acaba sendo o responsável
naquele momento do incidente pela ajuda prestada.

Embora cada acidente tenha suas circunstâncias peculiares, algumas


medidas devem ser tomadas pelo socorrista diante das situações encontradas,
assim, podemos dividir o atendimento de primeiros socorros em etapas básicas
que possibilitem organização e resultados eficazes.

102
TÓPICO 1 | ASPECTOS GERAIS DOS PRIMEIROS SOCORROS

Antes de prestar ajuda, o socorrista deve avaliar o ambiente aonde


ocorreu o acidente, identificando potenciais riscos à segurança, podemos citar
como exemplos: atropelamentos, batidas, colisões, explosões, entre outros. Caso
existam condições de risco, é necessário remover a vítima para um local seguro e
em seguida iniciar o atendimento (OLIVEIRA et al., 2007).

Durante o atendimento inicial, vários cuidados devem ser tomados,
a fim de evitar contaminação do socorrista com sangue, vômito, suor, saliva e
demais secreções. É importante o uso de luvas, máscaras e óculos de proteção,
dependendo da gravidade da situação.

Em virtude dos índices de contaminação por HIV (Vírus da
Imunodeficiência Adquirida) estarem em ascensão ano após ano, há necessidade
de o socorrista se precaver durante a exposição de sangue e outras secreções
orgânicas, advindas dos acidentados infectados. Assim, é importante considerar
toda a vítima de trauma como potencialmente infectada e que se empreguem as
normas de precauções universais (OLIVEIRA et al., 2007).

Ramos e Sanna (2005) recomendam que no atendimento inicial ao
traumatizado o socorrista execute rotinas de segurança, entre as quais se destacam:

1. Use sempre EPIs.


2. Cheque constantemente as condições de funcionamento de seus
materiais de trabalho.
3. Higienize todos os EPIs e materiais básicos após seu uso (contaminação).
4. Antes e após cada atendimento, lave bem as mãos com água e sabão.

Durante o socorro, deve-se antes de tudo, obedecer a uma sequência


padronizada e corrigir de imediato, os problemas encontrados que possam
comprometer a vida do acidentado.

Para Ramos e Sanna (2005) a avaliação da vítima é dividida em dois tempos


principais. O primeiro momento é denominado de avaliação primária e consiste
numa análise de todas as condições clínicas que impliquem risco iminente de
vida, quais sejam, permeabilidade das vias respiratórias, estabilização cervical,
respiração eficaz, estabilidade circulatória e controle de sangramentos externos
de grande porte.

5.2 AVALIAÇÃO PRIMÁRIA


Ao chegar à cena, o socorrista deverá inicialmente verificar as condições
de segurança e prevenir-se escolhendo adequadamente seus EPIs.

103
UNIDADE 2 | PRIMEIROS SOCORROS NA EDUCAÇÃO FÍSICA

A avaliação primária é sempre o primeiro passo do socorrista após a


verificação das condições de segurança no local do acidente. Podemos conceituá-
la como sendo um processo ordenado para identificar e corrigir de imediato,
problemas que ameacem a vida a curto prazo.

Essa avaliação objetiva identificar e sanar eventuais problemas que possam


causar risco de morte à vítima. A American Heart Association (2015) recomenda que
se o indivíduo está com problema cardíaco (pulso fraco, pele pegajosa, alteração
da cor da pele), deve ser chamado o serviço móvel de urgência imediatamente e
na sequência, identificar sinais de parada cardiorrespiratória, a qual chamamos
de PCR.

UNI

O objetivo de reconhecer PCR significa verificar o estado de consciência e a


respiração da vítima.

Na avaliação primária são checadas as condições que incidem risco


de morte como por exemplo: verificar se as vias áreas estão obstruídas, se a
respiração está ruidosa, se há algum problema circulatório, se há hemorragias e
muito importante, manter a vítima imóvel a fim de evitar traumas (OLIVEIRA et
al., 2007).

Essa etapa inicial deve ser realizada no máximo em 60 segundos, pois se


a vítima estiver em colapso, poderá ir a óbito rapidamente, portanto, celeridade
é fundamental. Diante da avaliação, o socorrista deverá chamar ou não o serviço
de atendimento móvel (OLIVEIRA et al., 2007).

Diante disto, as medidas devem seguir a sequência de avaliação conforme


a American Heart Association (2015):

Circulação: verificar se há hemorragia e pulso em no máximo 10 segundos.


Na ausência do pulso, não deverá esperar o atendimento de urgência, deverá ser
iniciado 30 compressões torácicas na frequência de 100 vezes por minuto.

• Vias aéreas e estabilização da coluna cervical: verificar se as vias aéreas


estão livres ou se há obstrução.

• Respiração – se houver ausência da respiração, deve-se realizar duas


ventilações.

104
TÓPICO 1 | ASPECTOS GERAIS DOS PRIMEIROS SOCORROS

• Avaliação neurológica – É extremamente necessário diferenciar uma


situação de colapso cardíaco, de um mal-estar súbito, para isso, a pessoa que irá
socorrer a vítima, deve realizar uma avaliação do nível de consciência através do
AVDI.

Conforme Timerman (2000), a sigla AVDI traz recomendações de como


avaliar a vítima, conforme indicação a seguir:

A – Acordado: significa verificar se o indivíduo está no estado de alerta,


através de uma breve conversa com a vítima, por meio da análise das respostas
para as seguintes perguntas: Qual é seu nome? Você está bem? Posso ajudar? O
que aconteceu? Normalmente a vítima responde ao estimulo visual, auditivo e
tátil.

V – Verbal: verificar se há confusão nas respostas, pois muitas vezes a


vítima responde ao comando de voz, mas as frases são desconexas. Se ocorrer
esse tipo de confusão, a vítima deve ser mantida acordada, caso contrário poderá
perder a consciência.

D – Doloroso: nessa fase, a vítima não consegue se comunicar, muitas


vezes emite gemidos, mas sem contato visual direto com o socorrista. Nesse
estágio, normalmente, a vítima ouve o que está acontecendo ao seu redor, pois a
audição é o último sentido que se perde. Dessa forma, é importante tentar alterar
o estado de semiconsciência da vítima ao retorno da resposta verbal, incentivando
a melhora do nível de consciência.

I – Inconsciente: Nessa fase não há respostas ao estímulo doloroso,


realizar algum beliscão com grande pressão não provocará uma resposta a dor,
caracterizando uma situação grave e crítica.

UNI

Lembre-se de que o propósito da avaliação primária consiste na identificação


e correção imediata das falhas nos sistemas respiratório e cardiovascular, que representem
risco iminente de vida ao vitimado.

105
UNIDADE 2 | PRIMEIROS SOCORROS NA EDUCAÇÃO FÍSICA

5.3 AVALIAÇÃO SECUNDÁRIA


A avaliação secundária visa obter os componentes necessários para que
o socorrista possa fazer a decisão correta dos cuidados merecidos pela vítima.
Podemos defini-la como um processo ordenado para descobrir lesões ou
problemas médicos que, se não são tratados, poderão ameaçar a vida.

Para Flegel (2010), as informações obtidas na avaliação primária têm por


objetivo reunir informações que possibilitem seguir adiante direcionando para a
próxima fase avaliar o acidentado pela avaliação secundária.

Esta avaliação é composta pela avaliação objetiva que é o exame físico,


sinais vitais e avaliação subjetiva composta de uma breve entrevista, sendo
realizada somente após o término da avaliação primária ou das manobras de
reanimação cardiopulmonar, quando instituídas com sucesso (FLEGEL, 2010).

Nesta fase, o socorrista deverá estabelecer um contato com a vítima


consciente, identificando-se e posteriormente obtendo e usando o nome dela
para explicar movimentos pretendidos, de forma a transmitir segurança e
tranquilidade.

O socorrista deverá verificar lesões e buscar alguma informação


relacionada com a saúde, através de perguntas como: o que aconteceu? Está em
tratamento médico? É alérgico a alguma medicação ou alimento?

Segundo Timerman (2000), de maneira resumida, a avaliação secundária


é dividida em três etapas distintas, são elas:

1. Entrevista com a vítima ou testemunhas: etapa da avaliação onde o


socorrista conversa com a vítima buscando obter informações dela própria, de
familiares ou de testemunhas, sobre o tipo de lesão ou enfermidade existente e
outros dados relevantes.

2. Aferição dos sinais vitais: respiração, pulso, pressão arterial e


temperatura.

3. Exame padronizado da cabeça aos pés: palpação e inspeção visual


realizada pelo socorrista, de forma ordenada e sistemática, buscando identificar
na vítima, indicações de lesões ou problemas médicos.

106
TÓPICO 1 | ASPECTOS GERAIS DOS PRIMEIROS SOCORROS

UNI

Lembre-se de que no atendimento de vítima inconsciente, a entrevista deverá


ser realizada com testemunhas ou familiares.

107
RESUMO DO TÓPICO 1
Chegamos ao final do tópico de estudos que aborda o assunto de
Primeiros Socorros na prática de Educação Física, agora você já é capaz de:

• Compreender como surgiram os primeiros socorros.

• Oferecer o conceito de primeiros socorros.

• Entender o que acontece diante da omissão de socorro.

• Esclarecer qual é o papel do professor de educação física nos casos de


emergência.

• Saber atuar diante de um acidente ou emergência.

108
AUTOATIVIDADE

1 Qual foi a contribuição de Jean Henry Dumant para os primeiros socorros?

2 Há várias definições para primeiros socorros, conceitue o que você


compreendeu referente a esse termo, após estudar esta unidade.

3 De que maneira o professor de educação física pode contribuir na prática


dos primeiros socorros?

4 No que consiste a avaliação secundária?

109
110
UNIDADE 2 TÓPICO 2
FUNÇÕES VITAIS E PLANEJAMENTO

1 INTRODUÇÃO
Você sabia que Hipócrates já defendia a ideia da verificação de sinais
vitais no exame físico?

Pois é, depois de séculos os sinais vitais continuam sendo imprescindíveis


no atendimento à vítima, através deles podemos constatar inúmeros problemas
como: hipertensão, choque, febre, taquicardia, entre outras doenças e também
monitorar a evolução das doenças em curso.

Há várias definições para sinais vitais, podemos conceituá-los como


sendo uma representação das funções do organismo, constituindo uma tradução
do equilíbrio ou desequilíbrio do corpo.

Não é possível dizer qual dos sinais é mais importante, pois imagine uma
pessoa sem a frequência cardíaca ou pense em outra situação, em um indivíduo
com a frequência cardíaca, mas sem respiração. Não é possível mensurar o grau
de importância, pois os sinais vitais caminham juntos e indicam a vitalidade do
organismo.

Você verá através desta unidade, as peculiaridades de cada sinal vital,


sua importância, modo de aferição, conceito e valores estipulados pela literatura
quanto ao padrão da normalidade.

Estudará também a prevenção e a importância do planejamento para as


atividades esportivas, pois os professores de educação física necessitam preparar
as aulas antes de serem ministradas, com o objetivo de alcançar êxito no processo
ensino-aprendizagem.

Verá dicas referentes à segurança nas quadras de esporte e também


entenderá que os equipamentos de educação física devem respeitar a
individualidade de cada pessoa, sendo compatíveis com a performance física do
indivíduo.

Vamos aos estudos na trajetória do conhecimento!

111
UNIDADE 2 | PRIMEIROS SOCORROS NA EDUCAÇÃO FÍSICA

2 SINAIS VITAIS
Toda lesão ou doença tem formas peculiares de se manifestar e isso pode
ajudar o profissional no diagnóstico da vítima. Estes indícios são divididos em
dois grupos: os sinais e os sintomas. Alguns são bastante óbvios, mas outros
indícios importantes podem passar despercebidos, a menos que você examine a
vítima através da avaliação primária e secundária.

Para identificar os sinais, é necessário realizar uma avaliação da vítima, a


fim de investigar e descobrir alguma informação importante, assim, sinais comuns
de lesão incluem sangramento, edema (inchaço), aumento de sensibilidade ou
deformação, já os sinais mais comuns de doenças são: pele pálida ou avermelhada,
suor, temperatura elevada e pulso rápido.

Sintomas são uma percepção que a vítima sente, sendo capaz de informar
detalhes do que está acontecendo. Muitas vezes é importante que o socorrista
faça perguntas para definir a presença ou ausência de sintomas, estabelecendo
contato verbal e visual com quem está acometido por alguma enfermidade
(JUNIOR; KLINGER, 2004).

Os sinais vitais são controlados pelo sistema nervoso central, que oferecem
informações do corpo, auxiliando a conduzir na causa patológica do problema e
posteriormente possibilitar o acompanhamento da evolução do quadro clínico
de uma pessoa, sua verificação é essencial na avaliação da vítima, devendo ser
efetuada simultaneamente com a história e o exame físico (JUNIOR; KLINGER,
2004).

Conforme Flegel (2010), é importante ter capacidade técnica e teórica


sobre os sinais vitais da vítima, a fim de informar ao serviço emergência, sobre a
situação em que a vítima se encontra e adiantar o conhecimento dos paramédicos
durante a trajetória, até a chegada no local.

UNI

Você sabe por que os sinais vitais recebem esse nome? Porque eles estão
relacionados com a própria existência da vida, dessa forma, se não há sinais vitais não há vida!

Eles são fundamentais para o organismo, considerados reflexos ou indícios


que permitem entender o estado geral de uma pessoa, ou seja, são os sinais que
indicam o nível de funcionamento do corpo humano.

112
TÓPICO 2 | FUNÇÕES VITAIS E PLANEJAMENTO

Dessa forma, os sinais vitais são sinais que podem ser facilmente
percebidos, deduzindo-se assim, que na ausência deles, existem alterações nas
funções vitais do corpo. Há equipamentos específicos para a verificação de cada
sinal vital, que devem ser realizados com cuidado e de preferência sem comentar
com o paciente, para não criar expectativas tanto positivas quanto negativas.

Os sinais devem ser verificados várias vezes, permitindo, desta forma,


comparar os diversos valores, a fim de analisar se há alterações entre eles.

Para Oliveira et al. (2007), algumas condições podem interferir nos


resultados dos valores como:

- condições ambientais, tais como: temperatura e umidade no local;


- condições pessoais, como exercício recente, tensão emocional e
alimentação;
- condições do equipamento, devem ser apropriadas e calibradas
regulamente.

A seguir, veremos as definições dos sinais vitais e dos diagnósticos mais


comuns.

2.1 PULSO
O pulso é a propulsão de sangue, ou seja, é força que o sangue exerce
ao passar pelas artérias, resultante da distensão das mesmas, sendo facilmente
percebido pela palpação e que se repete com regularidade, conforme as batidas
do coração (BERGERON et al., 2007).

Assim, se obtêm informações sobre o estado de saúde do coração e da


circulação sanguínea. O pulso pode ser palpado em qualquer ponto onde se
possa comprimir uma artéria.

Segundo Silva (2005), os locais para se verificar o pulso são: carotídeo,


temporal, braquial, radial, femoral, poplíteo, tibial posterior e pedioso, entretanto
na prática, os mais utilizados são a palpação da artéria radial, pediosa e femoral.

113
UNIDADE 2 | PRIMEIROS SOCORROS NA EDUCAÇÃO FÍSICA

FIGURA 37 - LOCAIS PARA AFERIÇÃO DA FREQUÊNCIA CARDÍACA

Pulso temporal

Pulso da carótida

Pulso braquial

Pulso radial Pulso femural

Pulso popliteo
(atrás do joelho)

Pulso da artéria
Pulso da artéria
libial posterior
pediosa dorsal

FONTE: Disponível em: <http://www.enfermagem.16mb.com>. Acesso


em: 28 fev. 2016.

Para Presto (2009), a forma mais comum para aferir o pulso do indivíduo é
com a polpa do dedo indicador ou médio, através da localização do pulso radial.
Quando se faz o registro dos valores encontrados, faz-se em batimentos por
minuto (bpm) e para verificar a frequência cardíaca, se conta durante um minuto
completo. Neste período deve-se procurar observar a regularidade, a tensão, o
volume e a frequência do pulso.

Ainda para este autor, a frequência cardíaca, diz respeito ao número de


sístoles (contração) realizadas pelo miocárdio por minuto, variando na função do
ritmo da condução elétrica do sistema nervoso simpático (descarga adrenérgicas)
e no sistema nervoso parassimpático (descargas colinérgicas).

FIGURA 38 - LOCALIZAÇÃO DO PULSO RADIAL

FONTE: Disponível em: <http://www.aenfermagem.com.br>. Acesso


em: 28 fev. 2016.

114
TÓPICO 2 | FUNÇÕES VITAIS E PLANEJAMENTO

A frequência cardíaca é indicada pela quantidade de vezes que o coração


bate por minuto. Assim, consegue-se avaliar o trabalho do coração, controlado pelo
marca passo natural do coração. Os valores inferiores a 60 bpm são considerados
bradicardia e os acima de 100 bpm são considerados taquicardia (SILVA, 2005).

DICAS

Ao aferir a frequência cardíaca, é recomendável não realizar pressão forte sobre


a artéria, pois, dessa forma, o indivíduo não conseguirá perceber os batimentos.

Para Presto (2009), os valores estabelecidos da frequência cardíaca, podem


variar de acordo com a idade do indivíduo, estado de saúde e forma física,
portanto, seguem valores esquematizados para cada idade:

• Recém-nascidos até 23 meses – 120 a 140 batimentos por minuto.


• Crianças de 2 a 6 anos – de 100 a 110 batimentos por minuto.
• Crianças de 8 anos até a adolescência – 80 a 100 batimentos por minuto.
• Adulto sedentário – 70 a 80 batimentos por minuto.
• Adulto – 60 a 100 batimentos por minuto.
• Atletas – cerca de 50 batimentos por minuto.

Conforme Silva (2005), o pulso apresenta características que devem ser


avaliadas durante sua inspeção como:

– Frequência: é o número de vezes que o coração contrai, ou seja, quantas


vezes o coração bate.
– Amplitude: maneira como se sente o pulso, o qual pode ser dividido em:
cheio (quando a batida é forte) e fino (quando a batida é fraca).
– Ritmo: é o intervalo entre um pulso (batida) e outro, portanto, é
classificado em: regular (intervalos iguais) e irregulares (intervalos diferentes).

As causas fisiológicas que podem interferir no aumento dos batimentos


do pulso são: digestão, atividade física, banho frio, ansiedade e qualquer estado
de reatividade do organismo (OLIVEIRA et al., 2007).

2.2 RESPIRAÇÃO
Não é possível deduzir qual é o sinal vital mais importante, pois sem um
deles, o organismo entraria em colapso, portanto, podemos dizer que a respiração
também é fundamental para a continuidade da vida, pois é através da respiração
que conseguimos oxigenar nossos pulmões.

115
UNIDADE 2 | PRIMEIROS SOCORROS NA EDUCAÇÃO FÍSICA

A respiração é comandada pelo Sistema Nervoso Central. Seu


funcionamento acontece de maneira involuntária e automática, é fácil constatar,
pois não precisamos pensar para respirar, o sistema respiratório automatizou
esse procedimento. É a respiração que permite a ventilação e a oxigenação do
organismo e isto só ocorre através das vias aéreas desobstruídas.

Os movimentos realizados no organismo para respirar são:

• Inspiração, quando o tórax expande e inalamos ar para os pulmões.

• Expiração, quando o tórax regressa à posição anatômica normal e o ar


sai dos pulmões.

A respiração é o ato de respirar, ou seja, é o processo que ocorre a entrada


de oxigênio na inspiração e a eliminação de dióxido de carbono na expiração,
objetivando a hematose que é a troca gasosa entre o sangue e o ar dos pulmões.

Conforme Oliveira et al. (2007), a verificação da respiração inclui frequência


(quantidade de respirações em um minuto completo), caráter (respiração
superficial ou profunda) e ritmo (regular ou irregular).

Oliveira et al. (2007) ensina uma técnica de avaliação da ventilação, a fim
de analisarmos a respiração de uma pessoa, para isso, é necessário olharmos para
o tórax, de preferência sem a vítima perceber, a fim de não interferir no resultado
obtido, portanto, vejamos a seguir:

• Coloque o braço da vítima cruzando a parte inferior do tórax, se ela


estiver consciente. Segure o pulso da vítima enquanto estiver observando a
respiração.

• Aproxime seu rosto da vítima, olhando para o tórax, assim, você


perceberá a movimentação do tórax de subida e descida.

• Conte os movimentos respiratórios durante um minuto.

• É importante anotar os valores para não esquecer e verificar de tempo


em tempo, até a chegada do socorro.

UNI

Lembre-se de que a principal função da respiração é ofertar oxigênio para as


células do organismo e retirar o excesso de dióxido de carbono.

116
TÓPICO 2 | FUNÇÕES VITAIS E PLANEJAMENTO

Algumas evidências de que há algum problema com o organismo, podem


nos remeter a determinadas patologias como: odor da respiração pode sugerir
intoxicação, respirações rápidas e superficiais reporta-nos ao estado de choque,
respiração difícil e pesada pode ser doença cardíaca ou pulmonar. O corpo
humano é uma máquina perfeita, pois mesmo em desequilíbrio, avisa através de
alguns sinais perceptíveis que há algum problema (SILVA, 1998).

Santos (2012) diz que, além desses fatores, outros podem alterar os valores
normais da respiração como: tabagismo, sedentarismo, remédios, estresse, fadiga,
entre outros. Quando temos alterações na frequência respiratória, empregamos
alguns termos para essa descompensação, como:

• Apneia: parada brusca da respiração.

• Bradneia: respiração lenta e sistemática.

• Taquipneia: respiração rápida.

• Dispneia: respiração irregular e com exigência de esforço.

Para Oliveira et al. (2007) o tipo de respiração nas crianças pequenas é


diferente, sendo menos perceptível do que nos adultos, ocorrendo a respiração
próximo ao abdômen. Para a verificação da respiração nessa faixa etária, é
necessário colocar a mão do adulto na parte superior do abdômen e na parte
inferior do tórax da criança, a fim de facilitar a contagem.

2.3 PRESSÃO ARTERIAL


Conforme Santos (2012) pressão arterial (PA) é a pressão da força realizada
pelo sangue, incidindo diretamente nas paredes das artérias, por meio da força
de contração do coração, pelo grau de distensibilidade do sistema arterial, da
quantidade de sangue e sua viscosidade. O funcionamento desta pressão é
fundamental para a vida, pois ela sinaliza o percurso correto em que o sangue sai
do coração e alcança todos os demais órgãos.

Oliveira et al. (2007), define a pressão arterial como aquela gerada pela
contração do coração, para manter adequada e constante a circulação do sangue
através dos vasos. A fim de superar a resistência oferecida por quilômetros de
estreitos vasos sanguíneos e para que o sangue chegue aos tecidos com pressão
residual suficiente, para efetuar a troca de substâncias químicas, o coração deve
manter um nível mínimo de pressão dentro do sistema circulatório.

A PA pode variar conforme alguns fatores como: idade, atividade física,
estresse, medo, entre outros. A pressão considerada normal é aquela que mantém
valores normais estabelecidos pela literatura, entretanto, pode variar entre alta ou
baixa e causar alguns transtornos.

117
UNIDADE 2 | PRIMEIROS SOCORROS NA EDUCAÇÃO FÍSICA

Para Santos (2012), a oscilação da pressão pode estar presente na saúde


do indivíduo, algumas vezes pode não manifestar sintomas, outras vezes pode
trazer consequências danosas para o organismo, no caso da pressão alta pode
ocasionar hipertensão, doenças coronárias, hemorragia cerebral, distúrbios
de retina, doenças do sistema urinário e outras. Já a pressão arterial baixa ou
hipotensão, pode causar sonolência, fadiga, mal-estar, entre outros sintomas.

Podemos dividir a pressão em duas categorias, a pressão sistólica (pressão


máxima) e a pressão diastólica (pressão mínima). Quando o coração bombeia o
sangue, ele passa pela artéria fazendo uma pressão forte (máxima), chamada de
pressão sistólica, dessa forma resta ainda sangue dentro da artéria, mas em menor
quantidade, que exerce ainda uma pressão, porém menor, chamada de pressão
diastólica (OLIVEIRA et al., 2007).
Os valores de referência de pressão arterial variam de acordo com a idade,
Oliveira (2007) demonstra conforme destacado abaixo:

• 4 anos – 85/60mmHg
• 6 anos – 95/62mmHg
• 12 anos – 108/67 mmHg
• Adulto – 120/80mmHg

Flegel (2010) complementa informando que a posição do paciente (em


pé, sentado ou deitado), a atividade física recente e o aparelho de pressão sem
aferição, também podem alterar os valores da pressão.

Vamos então aprender a técnica correta de acordo com Oliveira et al.


(2007) para a verificação da pressão arterial:

• Reúna os materiais.

• Explique o procedimento que será realizado à vítima.

• Levante a manga da roupa acima do cotovelo ou remova a blusa se


houver condições.

• Estenda o braço da vítima e o apoie em alguma superfície, com a palma


da mão voltada para cima.

• Coloque o manguito no braço do paciente, em cima da artéria e cerca


de 2 cm acima do cotovelo, com as mangueiras para a frente da mão da vítima.

• Feche a válvula perto da pera, girando o parafuso no sentido horário.

• Aperte a pera para bombear ar para o aparelho enquanto sente o pulso


da vítima, quando parar de pulsar, pare de bombear ar.

118
TÓPICO 2 | FUNÇÕES VITAIS E PLANEJAMENTO

• Libere o ar devagar até ouvir a primeira batida (observe o número no


relógio, que será a pressão sistólica), continue liberando o ar até que o barulho
pare (observe o número no relógio, que será a pressão diastólica).

• Uma vez iniciada a liberação do ar, não pode sofrer interrupção, caso
você esqueça os números, deve esvaziar o manguito até o zero e recomeçar.

FIGURA 39 – CONHEÇA AS PEÇAS DO APARELHO DE PRESSÃO

FONTE: Disponível em: <http://www.cirurgicaexpress.com.br>. Acesso em:


18 fev. 2016.

É interessante saber que não é recomendado a aferição da pressão aos


leigos, pois pode induzir a diagnósticos errados, levar falsas esperanças de
melhora e até preconizar a cura patológica.

FIGURA 40 – POSIÇÃO CORRETA PARA VERIFICAR PRESSÃO


ARTERIAL

FONTE: Disponível em: <http://www.enfermagem-na-saude.com.


br>. Acesso em: 18 fev. 2016.

119
UNIDADE 2 | PRIMEIROS SOCORROS NA EDUCAÇÃO FÍSICA

2.4 TEMPERATURA
A temperatura corporal reflete o grau de calor mantido pelo corpo e seu
controle é realizado pelo sistema nervoso central através do hipotálamo, ela é um
indicador importante para o corpo, já que a temperatura é provocada por reações
metabólicas do organismo.

O valor padrão de temperatura é verificado em graus Celsius, sendo


estipulado para o indivíduo a temperatura média 36,5°C, entretanto, algumas
variações podem ser consideradas dentro do padrão de normalidade: 0,3 a 0,6°C
acima ou abaixo dos valores trazidos pela literatura (OLIVEIRA et al., 2007).

Conforme Oliveira et al. (2007), assim como nos outros sinais vitais que
estudamos, a temperatura também sofre variações, dependendo dos fatores que
atuam influenciando-a, citaremos algumas situações que ela pode aumentar:
atividade física, digestão, estresse, infecções, ansiedade, determinados tipos
de roupa, entre outros fatores. Por outro lado, há situações que causam sua
diminuição como: frio, estado de choque e hemorragias.

A fim de aferirmos a temperatura, necessitamos utilizar um termômetro,
atualmente existe o digital e o de mercúrio, os dois são eficazes, entretanto, o mais
utilizado ainda é de mercúrio.

Conforme Silva (2005), o termômetro de mercúrio deve ser utilizado com
precaução, pois não deve ser tocado na parte do bulbo (ponta do termômetro),
caso contrário, poderá interferir na temperatura final.

A verificação pode acontecer em alguns locais do corpo como: boca,
axila e reto. No aparelho digital, é só aguardar o sinal sonoro para verificar a
temperatura final, já no termômetro de mercúrio, é necessário aguardar cinco
minutos, para então se dar por finalizado o procedimento, ou ainda considerar as
especificidades de cada local mensurado como informa Santos (2014):

• Boca: temperatura varia entre 36°C a 37°C e o tempo de espera deve ser
de no mínimo três minutos, embaixo da língua.

• Axilar: temperatura varia entre 36°C a 36,8°C e o tempo de espera é de


aproximadamente 5 minutos, é importante estar com a axila seca, caso contrário
a temperatura não será fidedigna.

• Retal: temperatura varia entre 36,4°C a 37°C o tempo de espera deve ser
de três minutos e antes de verificar a temperatura é necessário passar vaselina.
Esse local é o mais apropriado, pois sofre menos interferência de fatores externos.

• Digital: é considerado moderno, sendo que a temperatura é aferida do


mesmo modo que o de mercúrio, entretanto, há um visor digital para facilitar a
leitura.

120
TÓPICO 2 | FUNÇÕES VITAIS E PLANEJAMENTO

• Digital de chupeta: ultramoderno, é igual ao digital, entretanto é usado


na boca dos bebês, é necessário aguardar 6 a 8 minutos antes de fazer a leitura.

• Digital de ouvido: mesmo sistema, porém coloca-se no ouvido,


aguarda-se em torno de dois minutos, ou até escutar o alarme sonoro, esse tipo
de termômetro é bem prático.

• Digital de testa sem contato: é de última geração, é só apontar para a


testa sem encostar e instantaneamente faz a leitura corporal.

FIGURA 41 – TIPOS DE TERMÔMETROS

1- Mercúrio
2- Digital
3- Chupeta
4- Ouvido
5- Testa sem contato

FONTE: Disponível em: <http://www.diadesemana.com/tipos-de-termometros>. Acesso em: 18


fev. 2016.

2.4.1 Como realizar a leitura do termômetro de mercúrio


Todos os termômetros têm uma coluna fina, vermelha ou prateada de
mercúrio no seu centro. Segure uma extremidade entre seu polegar e indicador,
com os números e os traços de frente para você, gire com cuidado até você
visualizar a coluna vermelha ou prateada.

A ponta da coluna de mercúrio indica a temperatura e cada grau é


marcado por um traço, com traços menores entre eles. Lembre-se de não segurar
pelo bulbo, pois você sem intenção, estará interferindo na temperatura aferida.

121
UNIDADE 2 | PRIMEIROS SOCORROS NA EDUCAÇÃO FÍSICA

2.4.2 Classificação da temperatura conforme Oliveira et


al. (2007)
• Hipotermia: é a temperatura abaixo dos valores estabelecidos pela
literatura, é caracterizada por índices abaixo de 35°C, caracterizando tremores
em função das contrações e relaxamentos musculares e dos vasos sanguíneos
abruptamente, no processo em que o corpo tenta gerar calor para manter o
equilíbrio corporal.

• Hipertermia: é o aumento repentino da temperatura do corpo acima dos


valores normais e acontece quando o corpo produz mais calor do que consegue
liberar, é importante lembrar que acima de 40°C a pessoa corre risco de morte.

Há alguns fatores que podem desencadear a hipertermia como calor


excessivo e efeitos colaterais de medicamentos.

Nesse interim pode surgir a febre, que para Oliveira et al. (2007), significa
o aumento da temperatura corporal acima do normal. São causas de aumento
de temperatura: infecção, trauma, ansiedade etc. Deve-se ter cuidado com
temperaturas altas pois podem causar convulsões, principalmente em crianças.

Na tentativa de baixar a febre, é possível tomar banho com água morna


para fria e aplicar compressas úmidas na testa, axila e virilha, pois essa região é
hipervascularizada, assim, as chances de baixar a temperatura são grandes.

3 IMPORTÂNCIA DA PREVENÇÃO E DO PLANEJAMENTO


Em situações que o ser humano desenvolve atividades ou até mesmo na
sua socialização, requer cuidados a fim de evitar acidentes, sendo que a precaução
ocorre através da prevenção.
   
Em 1958, a Organização Mundial de Saúde (OMS) definiu o termo
“acidente” como um acontecimento independente da vontade humana, provocado
por força exterior que atue rapidamente sobre o indivíduo, com consequente
dano físico ou mental (BATIGÁLIA, 2002).

As aulas de educação física, por si só, representam um potencial risco
para ocorrer acidentes, seja por fadiga, quedas, torções, materiais inadequados,
vestimenta inadequada, contato físico, aparelhos inapropriados, entre outros.

Atualmente, os professores começam a sua capacitação na jornada


profissional durante a faculdade, pois no caso específico de atividades esportivas,
a desqualificação profissional, impede o auxílio no momento que o acidente
acontece, trazendo consequências para o aluno e prejuízos para a escola.

122
TÓPICO 2 | FUNÇÕES VITAIS E PLANEJAMENTO

É importante destacar que nas aulas de educação física nas escolas é


comum acontecer algum acidente, pois os alunos se machucam e isso faz parte
da atividade, caso contrário, poderiam aprender qualquer atividade que não
exigisse esforço físico (PORTAL DA EDUCAÇÃO FÍSICA, 2012).

Sendo assim, as causas habituais de acidentes em fase escolar são:
empurrões, choques, cadarços de tênis desamarrado, falta de motricidade ou
falta de estimulação. Com relação às quedas, essas normalmente dão ensejo a
acidentes graves, como fraturas, luxações ou cortes (PORTAL DA EDUCAÇÃO
FÍSICA, 2012).

No caso específico de atividades esportivas, é imprescindível a adequação


do ambiente ao estilo de atividade que será praticada, sendo necessário que as
instalações sejam construídas com o aval de pessoas capacitadas na área da
construção e arquitetura.

Além disso, os equipamentos devem ter selo de qualidade do INMETRO,


necessitam ser adaptados e apropriados para cada indivíduo e ainda com
características peculiares da modalidade que será executada, não esquecendo as
roupas que também precisam ser confortáveis, leves e de tecido transpirante.

Silva (1998) complementa essa informação, ressaltando que as técnicas


utilizadas para o ensino e condução das atividades devem ser adaptadas sempre
que envolverem riscos para a integridade física dos alunos ou praticantes.

Com a finalidade de enfatizar a importância de um conjunto de fatores


que reportam a segurança dos atletas, alunos e praticantes, vamos citar alguns
exemplos de atitudes que devem ser tomadas.

3.1 PLANEJAMENTO ESCOLAR


Com o passar das décadas, o tempo que a criança permanece na escola
está aumentando, em função de alguns fatores, mas principalmente devido
ao ingresso da mulher no mercado de trabalho. Dessa forma, a segurança dos
alunos na escola deve estar garantida, no que diz respeito ao ambiente físico e
psicológico.

Os professores sempre devem planejar suas aulas para evitar surpresas


desagradáveis como falta de material, falta do que fazer e falta de local para
comportar os alunos.

Evitar jogos ou atividades agitadas em espaços confinados e pequenos,


as bolas devem ter tamanho e peso adequados de acordo com a faixa etária. É
importante ressaltar que não deve ser ignorado a queixa dolorida de um aluno,
deve-se investigar o problema e encaminhar para o serviço médico quando
necessário (PORTAL DA EDUCAÇÃO FÍSICA, 2012).

123
UNIDADE 2 | PRIMEIROS SOCORROS NA EDUCAÇÃO FÍSICA

Diante de algum acidente com corte profundo, mantenha a calma,


tranquilize o aluno e deixe o membro afetado mais elevado que o resto do corpo
e pressione o ferimento com gaze estéril ou pano limpo e encaminhe-o ao pronto
atendimento (PORTAL DA EDUCAÇÃO FÍSICA, 2012).

UNI

Lembre-se de que se a criança necessitar ir ao hospital, você levará em veículo


particular só se tiver autorização dos responsáveis por escrito.

É importante que a escola ofereça oficinas ou palestras aos pais e


funcionários sobre primeiros socorros e, além disso, se preocupe com os vidros
que devem estar sinalizados, escadas devem ter corrimão, rampas para alunos
com necessidades especiais, degraus sinalizados com adesivos antiderrapantes,
entre outros cuidados.

3.2 INSTALAÇÕES
Para Silva (1998), as quadras de esportes não podem ter piso liso, a fim de
evitar escorregões e possíveis quedas, em função do maior coeficiente de atrito
entre a pele e o solo, com consequências danosas ao organismo.

Flegel (2010) relata que embora haja manutenção das áreas esportivas,
a responsabilidade se reporta ao professor de educação física, a fim de que ele
permaneça em vigília com relação à segurança, como: traves quebradas, quadras
esportivas desgastadas, pisos escorregadios e vários outros problemas podem
causar lesões nos alunos.

Silva (1998) aduz que as construções em que as paredes, os alambrados,
as colunas ou outros obstáculos estejam muito próximos às linhas limites das
áreas esportivas ou em locais de movimentação, podem predispor a acidentes
desnecessários.

Outro ponto importante que sempre deve ser lembrado, é com relação
aos ambientes fechados, pois devem sempre ser providos de ventilação, quer
seja artificial ou natural, especialmente para que haja prevenção referente aos
distúrbios relacionados como o equilíbrio térmico dos participantes.

Conforme Silva (1998), as instalações e os equipamentos relacionados à


prática de esportes, devem estar de acordo com a atividade. Em locais que é
oferecido atividade física, como em academias, o piso deve ser antiderrapante

124
TÓPICO 2 | FUNÇÕES VITAIS E PLANEJAMENTO

para evitar quedas e lesões, já os equipamentos, necessitam estar a uma distância


apropriada de paredes e colunas que estejam muito próximos.

A engenharia está diretamente relacionada na elaboração de ambientes,


materiais e equipamentos seguros, também podemos recorrer à legislação
trabalhista para auxiliar nas normas de segurança.

Flegel (2010) coloca alguns itens que o profissional deve seguir a fim de
evitar acidentes:

- Planejar adequadamente as atividades.


- Fornecer instruções corretas.
- Alertar sobre riscos inerentes.
- Fornecer um ambiente físico seguro.
- Fornecer equipamento correto e adequado.
- Supervisionar atentamente as atividades.

3.3 EQUIPAMENTOS
Conforme Silva (1998), deve-se evitar o uso de calçados inadequados à
prática de esportes, os quais, ainda que rotulados de “esportivos”, possuam salto
muito alto, solado pouco aderente ou cadarços muito longos com possibilidade de
se soltarem durante a atividade. Estes aspectos, embora simples, são importantes
na prevenção de acidentes.

Se você tem o hábito de caminhar ou correr, precisará escolher o tênis


adequado a fim de reduzir o impacto produzido com o solo e auxiliar na
estabilidade dos movimentos.

Um tênis adequado, dependerá também do seu tipo de pé, falando


nisso, você conhece que tipo de pé você tem? Então, faça o teste do pé molhado
descrito abaixo, assim você entenderá porque seu tênis desgasta mais em uma
determinada região do que em outra e conhecerá também o seu tipo de pé.

125
UNIDADE 2 | PRIMEIROS SOCORROS NA EDUCAÇÃO FÍSICA

FIGURA 42 – ILUSTRAÇÃO PARA DESCOBRIR O TIPO DE PÉ VOCÊ TEM

FONTE: Disponível em: <http://www.bymarina.com.br>. Acesso em: 18 fev. 2016.

É importante destacar os tipos de pisada e relacioná-los ao tênis adequado.


Segue uma breve descrição para você entender:

• Pisada Pronada: é a pisada para dentro, fazendo rotação interna, o tênis


indicado seria um específico para o controle da passada, a fim de evitar torções.

FONTE: Disponível em: <http://bymarina.com.br/tipos-de-pisada-e-o-tenis-ideal/>. Acesso em:


13 abr. 2016.

• Pisada Neutra: é o tipo de pisada da maioria das pessoas, a pisada inicia


no calcanhar, percebe-se o desgaste da sola do calçado. O tênis indicado seria
com equilíbrio e estabilidade (CASTANHO, 2010).

• Pisada Supinada: é a pisada para fora, o tênis ideal seria com maior
amortecimento.

FONTE: Disponível em: <http://bymarina.com.br/tipos-de-pisada-e-o-tenis-ideal/>. Acesso em:


13 abr. 2016.

126
TÓPICO 2 | FUNÇÕES VITAIS E PLANEJAMENTO

Além do tênis inapropriado, o vestuário inadequado também pode


trazer prejuízos à saúde, como usar saias, vestidos, jeans, crocs, botas, sandálias,
roupas muito folgadas ou justas, podem atrapalhar ou limitar a liberdade dos
movimentos, podendo contribuir para a ocorrência de acidentes. (SILVA, 1998)

127
RESUMO DO TÓPICO 2
Após o término de estudo deste tópico, o acadêmico será capaz de:

• Conceituar sinais vitais.

• Identificar quais são os sinais vitais.

• Conhecer os equipamentos para verificar os sinais vitais.

• Compreender que as aulas de educação física podem representar risco de


acidente.

• Reconhecer a importância de realizar plano de aula.

• Conhecer o teste do pé molhado.

128
AUTOATIVIDADE

1 Você verificou a diversidade de conceitos para sinais vitais, agora, faça a sua
definição para este assunto.

2 Cite os quatro sinais importantes de serem monitorados, para acompanhar


a saúde do indivíduo.

3 Cite alguns fatores que podem alterar a temperatura corporal.

4 Qual é a finalidade do teste do pé molhado?

5 Qual é a importância em seguir as recomendações quanto às instalações em


escolas, academias, hospitais e clínicas?

129
130
UNIDADE 2 TÓPICO 3

ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR E ÉTICA

1 INTRODUÇÃO
Você pensa que a ética é um conceito dos tempos modernos? Se você acha
que sim, está enganado, pois ela existe desde o início da vida em sociedade e está
diretamente relacionada ao modo com que o ser humano se comporta.

O que acontece é que a ética ganhou espaço importante no nosso dia a dia,
exigindo valores morais mais aperfeiçoados e encontrando espaço na sociedade
de uma maneira marcante.

Todas as profissões estão embasadas na ética, através de códigos,
deontologias, condutas, fazendo redescobertas de respeitos e considerações. É
importante destacar que muitas vezes, quando o profissional fere a ética, há uma
punibilidade, ou seja, uma sansão imposta ao indivíduo. Entretanto, a ética não
está presente apenas na sociedade, mas também em organizações.

Você sabia que os brasileiros são considerados os mais solidários da
América Latina? Somos dotados de um forte sentimento de solidariedade, porém,
não basta ter a boa intenção de ajudar, é necessário saber como atuar.

Você já pensou que pode vir a presenciar uma emergência ou urgência
com um de seus alunos? Ou até mesmo fora de seu ambiente profissional, então
preste atenção nesta unidade, para você saber como atuar diante de uma parada
cardiorrespiratória, considerada uma emergência corriqueira de acontecer.

Para reverter a parada cardiorrespiratória, é necessário eficácia na técnica
empregada, qualidade no atendimento, celeridade e instauração de medidas
de suporte básico e avançado, bem como o correto atendimento baseado em
protocolos.

Embarque nesta viagem de estudos e vamos em frente!

2 EMERGÊNCIA E URGÊNCIA
Para Santos (2012) a abordagem do tema urgência e emergência é muito
complexa. Ela compreende a assistência pré-hospitalar realizada nos locais onde
a vítima se encontra, exigindo do socorrista qualificação para oferecer os cuidados
imediatos e seguros ao paciente, qualquer que seja seu estado.

131
UNIDADE 2 | PRIMEIROS SOCORROS NA EDUCAÇÃO FÍSICA

Saber diferenciar urgência e emergência é o primeiro passo para planejar


o atendimento à vítima e executar manobras e procedimentos de forma a garantir
a segurança da vítima e da pessoa que a socorre.

Existem várias situações que requerem o atendimento de um socorrista


ou pessoa apta ao atendimento de urgência e emergência, podemos citar alguns
casos típicos frequentes: traumatismos, ferimentos, mordedura de animais,
intoxicações, afogamentos, queimaduras, choques, parada cardiorrespiratória
etc.

Para cada caso existe uma especificidade, em que condutas diferentes


são tomadas, o atendimento deve ser individualizado para o tipo de acidente
sofrido, sendo necessário que o socorrista esteja apto a prestar auxílio adequado
e de qualidade.

DICAS

Apesar do transtorno de lidar com urgência e emergência, lembre-se como é


recompensador ver as pessoas recuperarem o sorriso, além de ser gratificante a sensação de
dever cumprido com êxito.

As definições de urgência e emergência do Conselho Federal de Medicina,


referência de renome, indicam que deve haver diferenças de significado entre
um termo e outro, embora, inicialmente, não se consiga identificar com clareza a
diferença entre elas. Entretanto, sabe-se que os dois termos se referem aos agravos
à saúde, que necessitam de atenção médica imediata. (ROMANI, 2009)

2.1 EMERGÊNCIA
Há vários conceitos para este termo, de acordo com Ghirotto, (1998), a
definição de emergência refere-se a um acontecimento inesperado que ocorre
quando a pessoa está em perigo iminente, ameaçando a vida, a saúde, a
integridade física.

Um salvamento por pessoas capacitadas e aptas em uma situação de


emergência, resulta em um atendimento preventivo eficiente, realizando o
diagnóstico precoce da vítima, controlando sinais vitais e permanecendo atento
a qualquer alteração que possa acontecer diante da situação vivida, esforçando-
se para restaurar a consciência da vítima ou para que a mesma permaneça em
vigília.

132
TÓPICO 3 | ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR E ÉTICA

De acordo com Ferreira (2010) emergência se origina do latim emergentia,


referindo-se à ação de emergir; situação crítica, acontecimento perigoso ou fortuito,
incidente. Diante dessas considerações, podemos deduzir que emergência é um
acontecimento que requer atuação imediata.

Silveira e Moulin (2006) caracterizam emergência como o estado grave


em que a pessoa precisa de atendimento médico imediato, neste caso, a atuação
do socorrista é fundamental para controlar a situação até a chegada do socorro
móvel.

Romani (2009) define emergência como a constatação médica de


condições de agravo à saúde, que incidem em risco iminente para a saúde, ou
seja, o indivíduo corre risco de vida e sofrimento intenso, exigindo, portanto,
tratamento médico imediato.

FIGURA 43 – REPRESENTAÇÃO TÍPICA DE UM CASO DE EMERGÊNCIA


NA SAÚDE PÚBLICA

FONTE: Disponível em: <http://www.humortadela.com.br>. Acesso


em: 2 mar. 2016.

Júnior e Sarquis (2004) identificam emergência como situações que


necessitam de cuidados especializados imediatos para evitar a morte ou
complicações graves ao indivíduo. Assim, a emergência, normalmente, implica
estarmos diante de uma situação de aparecimento súbito e imprevisível no que
diz respeito à saúde grave e que exige intervenção imediata, a fim de evitar
colapso da vítima.

133
UNIDADE 2 | PRIMEIROS SOCORROS NA EDUCAÇÃO FÍSICA

2.2 URGÊNCIA
Santos (2012) define como procedimentos de urgência, ações iniciais
prestadas a uma vítima que sofreu algum tipo de acidente. Esses procedimentos
podem ser realizados por um indivíduo que esteja apto, desde que tenha noção
de Primeiros Socorros.

Garcia (2003) já entende que casos de urgência podem ser realizados


por qualquer tipo de pessoa, sempre dentro do bom senso, com prudência e
discernimento. Para isso é necessário agilidade e saber o que está sendo realizado
para não comprometer ainda mais a saúde da vítima.

Ferreira (2010) informa o conceito para urgência, essa palavra se origina


do latim “urgentia”, que significa qualidade ou caráter de urgente, ou seja,
tudo aquilo que deve ser feito com rapidez, sem demora, na qualidade de ser
indispensável.

O Conselho Federal de Medicina define por urgência, a “ocorrência


imprevista de agravo à saúde com ou sem risco potencial de vida, cujo portador
necessita de assistência médica imediata” (ROMANI, 2009).

Conforme Silveira e Moulin (2006), é uma condição que exige atendimento


com rapidez à vítima, agilidade em encaminhar a pessoa acometida por um
acidente ao hospital com maior brevidade possível. Urgência significa o tempo
entre o momento em que a vítima é encontrada e o seu encaminhamento o mais
rápido possível.

Para Flegel (2010), urgências são diversas situações clínicas acometidas


por um momento súbito, tanto as graves como as menos graves, podendo ocorrer
até mesmo o risco de falência das funções vitais do indivíduo, mas que não
caracteriza situação eminente de morte.

Assim, podemos deduzir que a urgência é uma situação em pode haver


espera a curto prazo, pois não representa risco à vida, ou seja, a vítima não
morrerá na situação em que esteja acometida, por outro lado, o atendimento
requer rapidez, agilidade, alguns autores arriscam em dizer que a urgência pode
aguardar o prazo de até 24 horas para receber atendimento.

2.3 DIFERENÇA ENTRE URGÊNCIA E EMERGÊNCIA


Vamos demonstrar em forma de tópicos a diferença entre esses dois
conceitos, entretanto, citaremos conforme Santos (2012) alguns sinais e sintomas
que já foram analisados e classificados como urgência ou emergência.

134
TÓPICO 3 | ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR E ÉTICA

• Urgência

- dor torácica sem complicações respiratórias;


- alguns tipos de queimaduras;
- fraturas sem sinais de choque ou outras lesões mais sérias;
- vômito e diarreia, acompanhados ou não por estado febril abaixo de
39°C;
- sangramentos e ferimentos leves e moderados.

• Emergência

- parada cardiorrespiratória;
- dor torácica acompanhada de desconforto respiratório;
- politraumatismo em geral;
- hemorragias de alta intensidade;
- queimaduras extensas;
- perda do nível de consciência;
- intoxicações em geral;
- ferimento por arma de fogo;
- ferimento por arma branca;
- estados de choque;
- estado febril acima de 40°C;
- gestações em curso com complicações.

3 ÉTICA E ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR


Vamos abordar esse assunto dentro do atendimento pré-hospitalar e da
maneira com que as vítimas devem ser atendidas.

3.1 ÉTICA
Teoricamente o ser humano possui intrinsicamente a capacidade de
distinguir o que é certo e errado, o qual denominamos de consciência moral.
Acredita-se que o meio em que o indivíduo cresce e se socializa, pode influenciá-
lo a ter uma conduta digna ou não da sua vida, de qualquer modo, a moral
permite o indivíduo discernir o bem do mal.

Segundo o dicionário, (FERREIRA, 2010), a ética é o “estudo dos juízos de


apreciação referentes à conduta humana suscetível de qualificação do ponto de
vista do bem e do mal, seja relativamente a determinada sociedade, seja de modo
absoluto”.

A ética pode ser pensada como sendo um conjunto de valores adquiridos


pelo ser humano, denunciados em seu comportamento no cotidiano de sua vida,
seja no convívio familiar, com os amigos ou no trabalho.

135
UNIDADE 2 | PRIMEIROS SOCORROS NA EDUCAÇÃO FÍSICA

Podemos entender que ética é um conjunto de atitudes e valores que


se transformam em um princípio norteador da conduta humano, expresso em
ações e normas a serem seguidas. Dessa forma, a ética obriga uma pessoa a
seguir princípios morais diante de uma determinada situação, sob pena de haver
conflitos ou até mesmo punições dependendo do código que está a infringir.

Muitas vezes nos deparamos com a ética em algumas situações inusitadas


e acabamos questionando-a, pois ficamos confusos da maneira como nos
comportarmos ou como devemos agir, tornando um dilema ético pessoal ou
profissional.

3.2 ÉTICA NO ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR


Pare um pouco para pensar nessa história: um ônibus sofreu um acidente
e bem no momento que você estava próximo ao local, quando avista 32 pessoas
gravemente feridas, entre elas estavam crianças, adultos e idosos, alguns com
traumatismo craniano, outras com hemorragias, fraturas e poucas com escoriações
pelo corpo. A quem socorrer primeiro?

Algumas decisões podem ser tomadas contrárias às suas convicções


pessoais ou à prática habitual, tais como as que dizem respeito ao processo de
escolha das vítimas, por prioridade de tratamento.

Os acidentes com múltiplas vítimas são aqueles que requerem atendimento


baseado no conhecimento científico, ético e operacional, utilizando os recursos
disponíveis, adotando a doutrina operacional protocolada.

O protocolo de seleção de atendimento das vítimas utilizado no Brasil é o


START (Simple Triage and Rapid Treatment), baseado em uma triagem rápida. Para
Valentim et al. (2014) triagem é um conceito que classifica as vítimas de acordo
com aquelas que tem mais chance de sobrevida e êxito no socorro prestado, e
não na gravidade em que as pessoas estão acometidas. Assim, as vítimas são
atendidas no local e encaminhadas para o atendimento hospitalar.

O critério de avaliação baseia-se na respiração, circulação e nível de


consciência, dividindo as vítimas em quatro prioridades, utilizando cartões para
definir as prioridades, conforme destacado por Brasil (2006):

• Cartão vermelho: as vítimas apresentam poucas chances de sobrevida e


necessitam de atendimento médico antes do transporte ao hospital.

• Cartão amarelo: as vítimas não apresentam risco de vida imediato,


podem aguardar o transporte até o hospital, assim, são atendidas pela equipe
local.

136
TÓPICO 3 | ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR E ÉTICA

• Cartão verde: as vítimas conseguem deambular, possuem apenas lesões


e não necessitam de atendimento pré-hospitalar e nem hospitalar.

• Cartão preto: vítimas estão mortas ou certamente não terão chances de


sobreviver, pois não respiram.

FIGURA 44 – FLUXOGRAMA DO MÉTODO START

FONTE: Disponível em: <http://www.novo.aph.com.br>. Acesso em: 3 fev. 2016.

A ética e a moral têm acompanhando o desenvolvimento da sociedade


ao longo dos anos e de acordo com o contexto cultural, ela apresenta conceitos
diferentes, conforme aduz Vazquez (2008, p. 267): “[...] as doutrinas éticas
fundamentais nascem e se desenvolvem em diferentes épocas e sociedades como
respostas aos problemas básicos apresentados pelas relações entre os homens, e,
em particular pelo seu comportamento moral efetivo”.

Flegel (2010) destaca alguns itens importantes de conduta ética que se


espera de um socorrista e de um professor de Educação Física:

• Agir com disposição frente a um caso de socorro.

137
UNIDADE 2 | PRIMEIROS SOCORROS NA EDUCAÇÃO FÍSICA

• Se abster de preconceitos, seja por cor, sexo, nacionalidade, religião etc,


atuando da melhor maneira, a fim de prestar um atendimento com qualidade e
eficiência.

• Não deve haver um pré-julgamento das vítimas a fim de não interferir


no atendimento.

• Para manter a ética e princípios morais não deve haver revelação de


confidência de informações que a vítima lhe forneceu.

• Recusar-se de tudo que for ilegal, imoral e que fuja aos bons princípios.

De acordo com o Comitê Internacional da Cruz Vermelha (2007), as


principais diretrizes éticas para quem presta socorros de urgência são:

• agir conscientemente e tratar das vítimas com dignidade;

• cuidar da saúde das vítimas como a principal preocupação;

• proteger a confidencialidade de qualquer informação compartilhada


pelas pessoas feridas;

• abster-se de qualquer discriminação quando assistir as vítimas;

• ter absoluto respeito pela vida, integridade e dignidade da vida da


vítima, ou seja, não prejudicá-la.

4 PARADA CARDIORRESPIRATÓRIA
É uma emergência que acontece constantemente entre a população e em
qualquer lugar do mundo e significa a ausência de batimentos cardíacos e dos
movimentos respiratórios.

Atualmente, a ausência de frequência cardíaca e respiratória não significa


mais morte, pois há inúmeros recursos para reverter o quadro, com destaque
a reanimação cardiopulmonar, medicamentos, equipamentos e capacitação de
pessoas leigas, muitas vidas acabam sendo salvas.

Quando as funções vitais param de funcionar, as células começam a


morrer em apenas alguns minutos, assim as células nervosas tornam-se frágeis,
pois não sobrevivem por mais de cinco minutos sem oxigênio, assim, a pessoa
estará em iminente risco de sofrer lesões irreversíveis.

Quando há parada cardiorrespiratória, a vítima deve ser reanimada,


objetivando a sobrevivência, entretanto, quando houver parada total e irreversível
do encéfalo, podemos dizer que a morte está comprovada, assim, não há mais
nada a ser feito.
138
TÓPICO 3 | ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR E ÉTICA

4.1 CONCEITO
A parada cardíaca ocorre quando a pessoa deixa de respirar e o coração
para de bater. Se a intervenção de primeiros socorros não começar em 5 minutos
a partir do início do ataque cardíaco, ocorrerá um dano permanente ao cérebro
(FLEGEL, 2010).

Já a parada respiratória é a ausência de respiração pulmonar em


consequência da falta do funcionamento do aparelho captador de oxigênio no
organismo. É também chamada de Síncope Azul, por não haver oxigênio no
sangue (CANETTI et al., 2007).

Parada cardiorrespiratória é uma situação que clinicamente não são


perceptíveis movimentos respiratórios e batimentos cardíacos efetivos. Júnior e
Sarquis (2004) definem como sendo a ausência total de sinais de circulação, ou
seja, falta de batimentos cardíacos, de pulsação e de movimentos respiratórios.

Nos Estados Unidos, as lesões e mortes por parada cardíaca apresentaram


um baixo índice de atletas acometidos, tem-se notícia que o atleta do voleibol
olímpico norte americano Flo Hyman e o jogador de basquetebol Hank Gathers,
sofreram parada cardíaca no esporte, os quais tiveram maior divulgação em 2010
(FLEGEL, 2010).

Já no Brasil, mesmo não havendo estatísticas concretas referentes às


pessoas que sofreram parada cardiorrespiratória, acredita-se que ocorrem cerca
de 200.000 casos por ano, metade aconteceu em ambiente hospitalar, sendo mais
comum em adultos do que em crianças (GUIMARÃES, 2015).

A parada cardiorrespiratória, segundo Pires e Starling (2006), em pacientes


que são acometidas fora do hospital, mas com atendimento do socorro básico e
especializado em até cinco minutos após o acometimento do súbito, apontam
grande êxito de sobrevida.

4.2 PRINCIPAIS CAUSAS

4.2.1 Respiratórias
As principais causas de parada respiratória, conforme Flegel (2010) são:

• Mecânicas: obstrução das vias aéreas superiores por corpos estranhos,


compressão externa da traqueia ou laringe, aspiração, edema de lote, queda de
língua. Perturbações periféricas como pneumotórax, espasmos neuromusculares.

• Depressão do Sistema Nervoso Central: intoxicação, superdosagem de


drogas, edema cerebral, choque elétrico, hipóxia.

139
UNIDADE 2 | PRIMEIROS SOCORROS NA EDUCAÇÃO FÍSICA

• Concentração insuficiente de oxigênio no ar inspirado: grandes altitudes,


soterramentos.

• Deficiência no transporte de oxigênio pelo sangue: intoxicação por


monóxido de carbono. Ocorre maior afinidade do monóxido de carbono com a
hemoglobina, formando o composto carboxi-hemoglobina.

• Alteração na respiração celular: envenenamento por cianeto.

4.2.2 Cardíacas
As causas de parada cardíaca são variadas, podendo-se considerar
entre elas: arritmias cardíacas, tamponamento, choque elétrico, superdosagem
de drogas como digitálicos, potássio, depressores do Sistema Nervoso Central,
antiarrítmicos, choque elétrico, entre outras causas.

Conforme Brasil (2003), o motivo da parada pode ser classificado em dois


grupos:

I. Primários

Desencadeados por problemas naturais cardíacos como arritmia ou


isquemia (quantidade de sangue oxigenado que chega ao coração é insuficiente
para bombear o sangue)

II. Secundários

Normalmente causado por traumatismos com as seguintes complicações:


obstrução das vias aéreas, doenças pulmonares, hemorragia grave, estado de
choque, intoxicação por monóxido de carbono.

A ação de fatores externos sobre o coração como drogas e descargas


elétricas, também podem gerar uma parada cardiorrespiratória.

Conforme Brasil (2003), a dificuldade de reanimação será complicada


se o coração parar primeiro, pois a chegada de oxigênio ao cérebro estará
imediatamente comprometida, podendo haver lesão cerebral irreversível.

O socorrista ao chegar no local onde a vítima está acometida pelo mal


súbito, deve se aproximar do indivíduo e verificar se há ou não respiração e
pulso, confirmando a ausência deste, não poderá afirmar que há morte encefálica,
portanto, a vítima deverá ser reanimada.

140
TÓPICO 3 | ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR E ÉTICA

UNI

Você não pode treinar a RCP em pessoas saudáveis, pois podem ocorrer graves
problemas cardíacos, pratique em manequins ou simuladores.

4.3 REANIMAÇÃO CARDIORRESPIRATÓRIA


Para Santos (2014), a reanimação cardiorrespiratória consiste num conjunto
de procedimentos que visa restabelecer os sinais vitais, quando for constatada a
ausência de batimentos cardíacos e movimentos respiratórios com inconsciência.

Conforme Hafen et al. (2002), deve-se ter em mente que o principal motivo
para realizar uma manobra de reanimação cardiopulmonar é de restabelecer a
oxigenação e circulação sanguínea, até a chegada do socorro especializado. Pois
quanto mais rápido for o atendimento à vítima, menores serão as sequelas.

Segundo Santos (2012), ao observar os sinais e sintomas de uma


parada cardiorrespiratória, o socorrista deve realizar a técnica de reanimação
cardiopulmonar, que consiste em realizar por meio de manobras, medidas que
venham estabelecer as funções de suporte básico de vida. É realizada por meio de
compressões torácicas estabelecendo o retardo da lesão cerebral.

Entre as complicações no atendimento ao realizar as manobras de


reanimação cardiopulmonar, está na pessoa que presta o socorro, pois caso ela
não tenha conhecimento para aplicar as técnicas corretas, as chances de a vítima
sobreviver são mínimas (SANTOS, 2012).

As manobras de reanimação cardiopulmonar são defendidas por diversos


autores, sob várias óticas, entretanto, vamos nos basear no protocolo sob as
diretrizes da American Heart Association, que utiliza um processo internacional
de avaliação de evidências, envolvendo 250 revisores de 39 países, os quais se
reúnem a cada cinco anos para discutir ou modificar protocolos de suporte básico
de vida e suporte avançado de vida.

Conforme Canetti et al. (2007), a vítima deve estar em decúbito dorsal e


em uma superfície dura para dar início às manobras, a cabeça deve estar mais alta
que os pés, para não prejudicar o fluxo sanguíneo cerebral. Esta posição também
deve ser adotada para as manobras de abertura de vias aéreas e respiração. Caso
a vítima esteja em uma cama ou outra superfície macia, ela deve ser colocada no
chão ou sobre uma prancha longa.

141
UNIDADE 2 | PRIMEIROS SOCORROS NA EDUCAÇÃO FÍSICA

A ventilação pulmonar só pode ser executada com sucesso caso as vias


aéreas da vítima estejam abertas. Nas vítimas inconscientes a principal causa de
obstrução é a queda de língua sobre a parede posterior da faringe. A técnica mais
utilizada é a inclinação da cabeça com elevação do queixo e mandíbula (CANETTI
et al., 2007).

FIGURA 45 – ILUSTRAÇÃO DA POSIÇÃO DE ELEVAÇÃO DO QUEIXO E


MANDÍBULA

FONTE: Disponível em: <http://pt.wikihow.com/Fazer-RCP-(Ressuscitação-


Cardio-Pulmonar)-em-Adultos>. Acesso em: 2 mar. 2016.

4.3.1 Passos para reanimação de acordo com a


Associação American Heart Association (2015)
• Posicionamento

- Coloque a vítima de costas em uma superfície dura.


- Ajoelhe-se ao lado dela.
- Usando a mão, percorra a parte interior das costelas, em direção ao
peito, com os dedos médio e indicador, até sentir a ponta do apêndice xifoide
(extremidade inferior do esterno) é mais ou menos na linha dos mamilos.
- Coloque o calcanhar de uma mão no centro do peito da vítima e a outra
mão em cima da primeira.
- Comprima o centro do peito forte e rápido 100 vezes por minuto, com a
pressão numa profundidade de cerca de 5 cm até a ajuda chegar.

142
TÓPICO 3 | ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR E ÉTICA

FIGURA 46 – POSICIONAMENTO DAS MÃOS PARA INÍCIO DA


REANIMAÇÃO CARDÍACA

FONTE: Disponível em: <http://pt.wikihow.com/Fazer-RCP-


(Ressuscitação-Cardio-Pulmonar)-em-Adultos>. Acesso em: 2 mar. 2016.

DICAS

Sugerimos que você acesse:


<https://www.youtube.com/watch?v=3MDp487I7h4> e assista ao vídeo: RCP somente com
as mãos, da American Heart Association.

• Compressão e respiração
- Posicionar a vítima de costas sobre uma superfície dura.
- Efetuar 30 compressões torácicas, no ritmo de 100 compressões por
minuto.
- Efetuar 2 ventilações, não se esqueça de fechar o nariz da vítima enquanto
insufla o pulmão.
- Manter as compressões e ventilações na frequência 30:2.
- Verificar o pulso a cada 2 minutos e  se não houver pulso, deve-se
continuar com 30 compressões torácicas e 2 ventilações, até a ajudar especializada
chegar.

143
UNIDADE 2 | PRIMEIROS SOCORROS NA EDUCAÇÃO FÍSICA

FIGURA 47 – DESENHO ESQUEMATIZADO DA VENTILAÇÃO MECÂNICA E CARDÍACA

FONTE: Disponível em: <http://www.queconceito.com.br>. Acesso em: 2 mar. 2016.

Seguindo essas orientações, recomendações e diretrizes, tenha certeza que


você salvará muitas vidas!

144
TÓPICO 3 | ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR E ÉTICA

LEITURA COMPLEMENTAR

EDUCAÇÃO FÍSICA NO ENSINO MÉDIO E PRIMEIROS


SOCORROS: O CONHECIMENTO DE ALUNOS E PROFESSORES

Camila de Sousa Lacerda


Ronê Paiano

Todas as pessoas, de qualquer idade, em qualquer ambiente e nas mais


diversas situações estão sujeitas a se acidentarem ou sofrerem um mal súbito. As
consequências, em qualquer uma destas situações, são diretamente proporcionais
à gravidade do ocorrido e a qualidade e presteza no pronto atendimento.

Nas aulas de Educação Física, é muito comum ocorrerem situações onde o


professor de Educação Física deve prestar o primeiro atendimento.

De modo geral, as ocorrências durante as aulas que necessitam de


atendimento de emergência são: feridas e hemorragias, corpos estranhos, picadas
de animais, engasgos e queimaduras. Sendo as mais recorrentes, de nível dérmico
e ósseo e para alunos da educação infantil, lesões na boca (dentes) e em áreas na
cabeça e pescoço (BERNANDES et al., 2007).

Porém, não basta apenas que o professor possua os conhecimentos


necessários a um pronto atendimento uma vez que nem sempre ele estará
presente, quer seja na realização de uma atividade física quer seja no dia a dia dos
alunos. Acreditamos que parte deste conhecimento técnico deve ser disseminado
na escola, uma vez que no contexto do aluno e seus familiares diversas situações
podem demandar conhecimentos que quando não adquiridos podem gerar
procedimentos de urgência incorretos chegando até a agravar alguma situação.

Os Parâmetros Curriculares Nacionais – PCN (Brasil, 1997) propõem


que a saúde e os primeiros socorros, sejam trabalhados de forma consciente, por
meio da mediação do professor para a construção correta de procedimentos e
conceitos. Caberá, nesta perspectiva, ao professor não apenas trabalhar com a
dimensão procedimental e atitudinal, mas também com a dimensão conceitual
desenvolvendo conteúdos ligados à saúde e, dentre eles, os primeiros socorros.

Os conteúdos relacionados aos primeiros socorros estão incluídos em


uma perspectiva de Educação Física que trate dos conteúdos da saúde, ou seja,
de uma educação para a saúde que não apenas aparece na proposta do PCN, mas
que já vem sendo citado ao longo do tempo por alguns autores, dentre eles Matos
e Neira (2000) e Nahas e Corbim (1992).

O PCN ao selecionar e organizar os conteúdos relacionados à saúde,


levou em pauta o conteúdo de Primeiros Socorros como um tema emergente,

145
UNIDADE 2 | PRIMEIROS SOCORROS NA EDUCAÇÃO FÍSICA

que indica questões geradoras da realidade social e que necessitam serem,


portanto, problematizados, criticados, refletidos e possivelmente encaminhados.
(DARIDO, 2001).

No entanto, apenas a transmissão de informações por uma disciplina


escolar, não é suficiente. Necessitamos que todas as áreas que compõem o
currículo escolar sejam capazes de educar para a saúde formando assim novos e
bons hábitos e atitudes no dia a dia da escola, por isso, a saúde deve ser tratada
como um tema transversal. O PCN+ (BRASIL, 2002) afirma que nas últimas
décadas aumentaram-se os estudos sobre o movimento humano e vários autores
sugerem que a ação profissional em educação física e esporte tenha como base
um corpo teórico e interdisciplinar de conhecimentos sobre o ser humano em
movimento.

Ao educar para a saúde, o professor corroborará efetivamente na formação


de cidadãos, que serão habilitados a favorecer a melhoria pessoal e social. Para
outros autores deve-se priorizar conteúdos de maneira a fazer com que “as
competências propostas girem em torno do autoconhecimento e autocuidado,
assim como do desenvolvimento da consciência sanitária em sua dimensão
coletiva”. (MATOS E NEIRA, 2000, p. 13).

Portanto, os alunos deverão utilizar estes conteúdos para analisar


e abordar a realidade de forma que, com isso, possam construir uma rede de
significados em torno do que se aprende na escola e do que se vive (DARIDO et
al., 2001).

A educação é forte aliada na prevenção de acidentes. “A prova de que isso


funciona é que crianças estão salvando vidas e ensinado aos mais velhos lições de
cidadania” (DARIDO & JUNIOR, 2007).

Conhecer o que alunos e professores sabem sobre primeiros socorros


é fundamental para orientar as escolhas de conteúdos que os professores de
Educação Física deverão ter para os alunos do Ensino Médio, assim como dar
subsídio para programas de formação continuada para professores de Educação
Física possibilitando reduzir as consequências de alguma ocorrência ou até evitar
alguma fatalidade. Relatos de experiências nos alertam sobre os alunos da sétima
série de países europeus, como Espanha, que tem inseridas em suas grades
curriculares aulas de primeiros socorros e que fez com que tenham reduzido o
número de vítimas em acidentes domésticos e clínicos, como o resgate em uma
parada cardiorrespiratória.

Madeira e Carvalho (2007) afirmam que os professores ou técnicos


responsáveis pelos alunos devem ter noções básicas sobre as principais situações de
emergência que poderão surgir durante a prática esportiva e quais procedimentos
serão mais adequados utilizar em cada situação. Flegel (2002) apud Madeira e
Carvalho (2007) relatam que profissionais com pouco conhecimento de primeiros
socorros normalmente não fazem nada quando passam por uma situação de
emergência até que sejam obrigados a isso.
146
TÓPICO 3 | ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR E ÉTICA

Segundo Rodrigues (1973 apud MADEIRA; CARVALHO, 2007) é


fundamental a forma correta de atendimento de urgência no esporte, através
dos recursos básicos da vida, para evitar agravamentos das lesões e outras
intercorrências graves.

Portanto o professor de Educação Física deverá se importar com o


aprendizado e o constante treinamento sobre o atendimento em primeiros
socorros, pois nunca se sabe qual o momento em que será obrigatório a prestação
de socorros a alguém.

Numa pesquisa feita por Lorenz e Tibeau (2003) concluiu-se que o conteúdo
teórico preferido dos alunos, dentre outros, foram os Primeiros Socorros, pelo
fato de ser um conteúdo útil para a vida toda. Estes conhecimentos possuem
significados que o aluno leva para fora da escola, sendo muito importante saber
como lidar com situações de “perigo” e que são determinantes em momentos
específicos. Como a adolescência é uma fase da vida em que buscamos coisas
desafiadoras e inovadoras, os autores sugerem que este assunto deve ter
despertado a curiosidade desses alunos.

Não basta apenas o professor saber como agir em situações de emergência,


ele deve passar esse conhecimento para os alunos, deve-se também ter uma
formação continuada e treinamento ou cursos atuais, para assim poder executar
e ensinar os procedimentos corretos e de maneira sistematizada

FONTE: Disponível em: <http://www.mackenzie.com.br/fileadmin/Pesquisa/pibic/


publicacoes/2011/pdf/edf/camila_sousa.pdf>. Acesso em: 3 fev. 2016.

147
RESUMO DO TÓPICO 3
Prezado acadêmico! Chegamos no final desta unidade, sendo assim, ao
término deste tópico você estará apto a compreender:

• Conceitos de emergência e urgência.

• Diferenças entre emergência e urgência.

• Conceito de ética.

• Que a ética está presente nas profissões.

• O protocolo de seleção de atendimento das vítimas utilizado no Brasil.

• A posição para dar início à reanimação cardiorrespiratória.

• A frequência do número de compressões e ventilações durante o procedimento


de reanimação cardiorrespiratória.

• Os motivos para o aparecimento de uma parada cardiorrespiratória.

148
AUTOATIVIDADE

1 Explique a diferença entre urgência e emergência.

2 Dê o conceito de ética.

3 O que é reanimação cardiorrespiratória?

4 Cite os passos que o socorrista deve seguir diante de uma parada


cardiorrespiratória.

149
150
UNIDADE 3

EMERGÊNCIAS CIRCUNSTANCIAIS EM
PRIMEIROS SOCORROS

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir desta unidade, você será capaz de:

• entender conceitos básicos de acidentes que podem acontecer habitual-


mente, relacionados ou não com atividade física;

• saber atuar diante dos acidentes circunstanciais;

• compreender o significado da atuação do profissional com agilidade e se-


gurança em primeiros socorros;

• assimilar o que é proibido fazer em determinados incidentes, apesar dos


rumores populares (conhecimento empírico);

• identificar sinais e sintomas de alguns acidentes e aprender a fazer a pre-


venção em determinados casos.

PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. Você encontrará atividades que
o(a) ajudarão na compreensão dos conteúdos apresentados e ao final de cada
um deles, você encontrará atividades que o auxiliarão a assimilar os conheci-
mentos teóricos adquiridos.

TÓPICO 1 – PRIMEIROS SOCORROS EM LESÕES ESPORTIVAS

TÓPICO 2 – PRIMEIROS SOCORROS EM INCIDENTES EMERGENCIAIS

TÓPICO 3 – EMERGÊNCIAS NO AMBIENTE EXTRA HOSPITALAR

151
152
UNIDADE 3
TÓPICO 1
PRIMEIROS SOCORROS EM LESÕES ESPORTIVAS

1 INTRODUÇÃO
Você já deve ter visto na TV, ou no cinema, um esqueleto andando em
algum momento do filme ou desenho animado, mas você sabia que na realidade
isso seria impossível? Não por ser apenas ficção, mas porque para o esqueleto
andar ele necessariamente precisa dos músculos, pois sem eles, o esqueleto cairia
e não conseguiria se sustentar.

Quando o indivíduo sofre algum acidente, seja por meio de queda,


empurrão ou outro meio que o faça impedir de se posicionar anatomicamente
correto, podem acontecer luxações, fraturas, ferimentos e hemorragias.

Os acidentes podem ser na sua maioria de pequena gravidade ou não,


resultando em ações rápidas por parte do socorrista, a fim de garantir um bom
atendimento e excelente continuidade do tratamento, seja domiciliar, ambulatorial
ou hospitalar.

Você sabe que nosso corpo possui 206 ossos com tamanhos variados?
O  menor osso fica localizado no ouvido (estribo) e o maior fica localizado na
perna (fêmur). Os ossos são resistentes, rígidos, mas podem quebrar, resultando
em sofrimento, dor, ferimentos e hemorragias.

Os assuntos abordados, neste tópico, têm a finalidade de demonstrar


que alguns acidentes podem acontecer mediante atividades esportivas, mas o
atendimento por parte do professor de educação física, intitulado como socorrista,
deve ser oferecido de maneira rápida, segura e consciente do que deve ser feito,
principalmente para as lesões que podem colocar a saúde da vítima em risco.

2 FRATURAS

2.1 CONCEITO
O esqueleto humano é um esboço de sustentação do corpo, aonde estão
conexos todos os tecidos. Para que possamos nos mover, os ossos cobertos
pelos músculos se mexem nas articulações e fazem com que o corpo ande. Esses
movimentos são controlados pela nossa vontade e coordenados por nervos
específicos.

153
UNIDADE 3 | EMERGÊNCIAS CIRCUNSTANCIAIS EM PRIMEIROS SOCORROS

Bergeron et al. (2007) faz uma ótima comparação entre os ossos do corpo
humano e uma construção, dizendo que os ossos compõem a parte estrutural do
corpo humano, como as barras metálicas que fazem a estrutura de um edifício,
dando força e sustentação a ele, os ossos fornecem a dureza à estrutura interna
e o suporte para as atividades às quais expomos os nossos corpos todos os dias.

Ainda para o mesmo autor, a diferença entre as barras de ferro e os ossos


é que esses últimos são feitos de tecidos vivos, assim, eles podem se mover e se
dobrar de acordo com a ação dos músculos e dos outros tecidos e pelos impulsos
do sistema nervoso controlado pelo cérebro.

Existem diferentes formas de lesão nas estruturas, assim, os ossos podem


quebrar (fratura), ou podem se desencaixar da articulação (luxação) ou podem
acontecer ambos, quebra e luxação.

Há várias definições para fratura, uma delas pode ser conceituada em um


contexto geral, como a quebra ou ruptura de um osso, através de um esforço
físico não habitual, estresse maior do que o osso possa suportar, por uma queda,
pancada, impacto, contração muscular em excesso, entre outras causas.

Também podemos dizer que fratura pode ser a perda total ou parcial
da continuidade de um osso, se ocorrer, a vítima geralmente irá se queixar de
dor no local da lesão e quem socorre poderá observar deformidades, edemas,
hematomas, exposições ósseas (quando o osso fraturado fica exposto), ocasionando
hemorragias (sangramento) e um aumento do risco de infecção.

Para Junior e Sarquis (2004) são soluções de continuidade no tecido ósseo,


normalmente ocasionadas por traumas físicos, podendo ser fechadas, quando o
osso não transfixa a pele e expostas, quando existir contato do meio externo com
o tecido ósseo.

Os autores são unânimes no conceito de fratura, Santos (2014), também


corrobora nesse sentido, aduzindo que é a ruptura total ou parcial de uma
estrutura óssea. Pode ser fechada (sem rompimento da pele) ou exposta (com
rompimento da pele e exposição óssea).

Para Bergeron et al. (2007), o sistema músculo esquelético é constituído


de muitos músculos, ossos, articulações, tendões, vasos sanguíneos e nervos.
Traumas de grandes ou pequenas proporções podem causar uma variedade
de ferimentos aos músculos, ossos e outros tecidos que constituem o sistema
músculo esquelético.

Ao avaliar essas lesões, não cabe ao profissional de saúde diagnosticar


um osso fraturado, uma articulação luxada, uma entorse de ligamentos ou
distensão muscular. A função do profissional é avaliar cuidadosamente o
paciente procurando sinais e sintomas que indiquem lesões, como: dor, inchaço,
deformação e palidez da área. (BERGERON et al. 2007).

154
TÓPICO 1 | PRIMEIROS SOCORROS EM LESÕES ESPORTIVAS

2.2 CLASSIFICAÇÃO
Certas fraturas são facilmente identificadas através de sinais como: dor,
laceração da pele onde o osso se exterioriza, porém, algumas fraturas só podem
ser reconhecidas através de um exame radiológico apropriado, como o raio-X.

O socorrista deve saber atuar em qualquer tipo de fratura, saber o que deve
ser feito é primordial, a fim de garantir um bom atendimento, evitar complicar
ainda mais a quebra óssea e assim, proporcionar qualidade no tratamento. O
socorrista deve sempre acalmar a vítima, verificar os sinais vitais, observar se há
cianose das extremidades e redução da temperatura do membro afetado.

As fraturas são classificadas em dois tipos, conforme Zin (2007):

- fraturas fechadas ou simples: onde a pele não foi perfurada pelas


extremidades ósseas.

- fraturas abertas: quando o osso se quebra atravessando a pele, ou


existe uma ferida associada que se estende desde o osso fraturado até a pele.
Este ferimento pode ser apenas uma pequena abertura sobre a fratura, ou pode
permitir uma ou duas extremidades fraturadas que projetam através da pele.

FIGURA 48 – VISUALIZAÇÃO DE FRATURA ABERTA E FECHADA DO


OSSO CHAMADO ÚMERO (NO BRAÇO)

Fratura Fratura
Simples Exposta

FONTE: Disponível em: <http://www.escola.britannica.com.br>.


Acesso em: 20 mar. 2016.

Fernandes (2012) classifica as fraturas em coberta, quando fica protegida


pela pele e músculos e a outra forma de classificação é a exposta, quando há
rompimento da pele e músculos, exteriorizando uma extremidade ou fragmento
ósseo pela pele.

155
UNIDADE 3 | EMERGÊNCIAS CIRCUNSTANCIAIS EM PRIMEIROS SOCORROS

Para Zin (2007), é muito importante determinar se a fratura é aberta ou


fechada. As fraturas abertas são mais graves que as fechadas, devido a sua maior
perda sanguínea e por serem abertas, podem ser contaminadas, ocasionando
infecção.

UNI

O corpo humano é formado por mais de 200 ossos que protegem muitos
órgãos internos. Existem, também, mais de 600 músculos que, juntamente com os ossos, são
os responsáveis pelos movimentos do corpo.

FIGURA 49 – DEMONSTRAÇÃO DE SETE TIPOS DE FRATURAS QUE PODEM


ACONTECER NO OSSO DO FÊMUR

TIPOS DE FRATURAS

Transversa Longitudinal Obliqua Obliqua Espiral Fratura Cominutiva


exposta Desviada simples

FONTE: Disponível em: <http:///www.fisioterapiaparatodos.com>. Acesso em: 20 mar.


2016.

2.3 SINAIS E SINTOMAS DE FRATURAS


Dependendo do acidente ocorrido, poderá haver um resultado traumático
diferente, com um dano grande ou pequeno para a vítima. Em acidentes graves,
pode haver fratura em algum membro, porém, em acidentes menores as chances
de fratura caem, entretanto, pode aparecer uma “trinca” no osso.

Em determinados casos quando há fraturas, não há modificação da região


fraturada, outras vezes há modificação anatômica do membro acometido, desse
modo, em hipótese alguma deve-se tentar endireitar o membro que sofreu lesão
ou colocar o osso no lugar.
156
TÓPICO 1 | PRIMEIROS SOCORROS EM LESÕES ESPORTIVAS

Os locais mais fáceis de o indivíduo sofrer fratura são nos antebraços e


clavículas pois esses ossos são mais sensíveis à quebra, ao contrário das pernas
por exemplo, que têm ossos mais resistentes.

Hafen (2002) informa que uma fratura é facilmente reconhecida se houver


extremidades ósseas projetadas através da pele, ou se houver deformidade
evidente de uma extremidade, porém estes sinais nem sempre estão presentes.
Dessa forma, os sinais e sintomas que o socorrista deve suspeitar de fratura são
os seguintes:

• Deformidade: um braço ou uma perna podem estar em posição não


natural, ou seja, em posição anatômica diferente do habitual.

• Dor: a dor em geral é aguda e localizada no local da fratura. O ponto de


maior sensibilidade pode ser encontrado pela palpação delicada ao longo do osso
com a ponta de um dedo.

• Crepitação: quando há uma sensação que as extremidades fraturadas


se atritam, entretanto cabe um alerta, pois este sinal não deve ser pesquisado
intencionalmente, pois aumenta a dor da vítima.

• Tumefação e equimose: quando ocorre hemorragia imediatamente


após a lesão, ou do edema que pode não se tornar evidente durante várias horas.
O sangramento associado a uma fratura ocorre quando os vasos sanguíneos
principais do osso e dos tecidos moles bem como os músculos próximos à fratura
se rompem.

Existe outro tipo de fratura chamada de estresse de fratura, que causa dor
e acaba piorando com a atividade física, melhorando no repouso, além desses
sinais, normalmente aparece inchaço após o esforço (SIMÕES, 2014).

Esse tipo de fratura representa 10% de todas as fraturas esportivas, sendo


que a fadiga e o desequilíbrio muscular são os principais responsáveis, acarretando
em uma fratura macroscópica e possível de ver no raio-x (SIMÕES, 2014).

FIGURA 50 – FRATURA POR ESTRESSE – A = FRATURA DO CUBOIDE – B = FRATURA NO


METATARSO

FONTE: Disponível em: <http://globoesporte.globo.com/eu-atleta/saude/guia/fratura-por-


estresse-conheca-sinais-riscos-e-tratamento-para-o-problema.html>. Acesso em: 20 mar. 2016.

157
UNIDADE 3 | EMERGÊNCIAS CIRCUNSTANCIAIS EM PRIMEIROS SOCORROS

2.4 COMO SOCORRER


A imobilização provisória é o socorro mais indicado no tratamento de
fraturas ou suspeitas de fraturas e deve ser feito com materiais improvisados,
caso não haja, no momento do acidente, talas rígidas.

O socorrista deve imobilizar o local de modo a impedir que o osso


fraturado se mexa e danifique os músculos, veias, nervos e pele, cabe lembrar
que a imobilização costuma reduzir a dor. Não tente de forma alguma colocar o
osso no lugar e se houver ferimento na pele, lave com água e sabão, colocando
uma compressa de gaze na região afetada, antes de imobilizar.

As roupas da vítima devem ser removidas para que o socorrista possa


visualizar o local da lesão e poder avaliá-lo mais corretamente. No tratamento
de fraturas expostas, deve ser priorizado o controle da hemorragia através de
curativos limpos e esterilizados sobre o ferimento.

Conforme Santos (2014), no atendimento das fraturas é importante


imobilizar a região fraturada sempre atingindo uma articulação acima e outra
abaixo da fratura, para que se impeça qualquer movimentação, lembrando que
as fraturas geralmente são imobilizadas na posição em que são encontradas,
iniciando o enfeixamento sempre da extremidade para o centro do corpo.

Como regra geral, utilize talas específicas que são moldáveis à fratura
ou improvise com madeiras, jornais, revistas, entre outros. É também indicado
não executar qualquer tentativa de realinhamento do osso fraturado, tão pouco
a reintrodução do osso ao seu local de origem. As talas devem ser ajustadas e
não apertadas, de maneira a não interromper a circulação sanguínea do local
(SANTOS, 2014).

Conforme Hafen (2002), deve-se monitorar as funções vitais até que


a equipe de emergência chegue. É importante lembrar que a imobilização
inadequada ou o manuseio grosseiro da região fraturada pode transformar
uma fratura fechada em exposta. Dessa forma, o atendimento correto evita
o agravamento da lesão, reduzindo a dor, o sangramento e possibilita uma
recuperação adequada e precoce.

158
TÓPICO 1 | PRIMEIROS SOCORROS EM LESÕES ESPORTIVAS

3 HEMORRAGIA

3.1 IMPORTÂNCIA DO SANGUE


Ter noção de como o sangue e os vasos sanguíneos trabalham dentro do
corpo, ajuda a avaliar o paciente com problemas de hemorragia, portanto, vamos
entender o sistema vascular.

O sangue exerce uma atividade de fundamental importância para o


funcionamento do organismo, ele carrega o oxigênio para todas as células do
corpo e remove gás carbônico, além de transportar os nutrientes para as células e
retirar os seus catabólitos (FERNANDES, 2012).

Há várias substâncias que compõem o sangue: glóbulos vermelhos,


glóbulos brancos, plaquetas e plasma, veremos brevemente a função de cada um
deles, conforme Tortora (2007):

• glóbulos vermelhos  – chamados de hemácias, cuja função é de


transportar oxigênio, são produzidas pela medula óssea, ricas em hemoglobina,
que é um pigmento que dá a cor vermelha ao sangue.

• glóbulos brancos – conhecidos por leucócitos, são produzidos na medula


óssea, responsáveis pela defesa do corpo, com papel importante na coagulação
do sangue.

• plaquetas  – são denominados de trombócitos, não são células, mas


fragmentos celulares, que atuam na coagulação do sangue, principalmente em
ferimentos.

• plasma – é um líquido amarelado que contém 95% de água, proteínas e


outras  substâncias, com função de transportar substâncias dissolvidas, como
nutrientes, medicamentos e produtos tóxicos. 

Para Zin (2007) o sangue contém células que destroem bactérias e células
que produzem substâncias que ajudam a combater infecções. Sem sangue
circulando pelo corpo, o indivíduo morre rapidamente, portanto, as funções do
sangue são:

- transportar o oxigênio e o gás carbônico;


- transportar os nutrientes para os tecidos (nutrição);
- transportar os resíduos dos tecidos para os órgãos de excreção, como
rins, pulmões e fígado;
- transportar hormônios, água sais e outros componentes necessários para
manter as funções do corpo balanceadas;
- proteger o corpo contra os organismos causadores de doenças.

159
UNIDADE 3 | EMERGÊNCIAS CIRCUNSTANCIAIS EM PRIMEIROS SOCORROS

UNI

O volume de sangue no corpo de um adulto normal é de aproximadamente


seis litros.

Segundo Hafen (2002), quando ocorre hemorragia, o corpo não só perde


as células do sangue e os elementos de coagulação, como também perde plasma
e o volume de sangue total. A perda do volume sanguíneo pode ser prejudicial,
pois deve ser mantido em um certo nível para que o coração funcione, bombeando
o sangue e garantindo as trocas gasosas.

3.2 CONCEITO DE HEMORRAGIA


Conforme Júnior e Sarquis (2004), hemorragia é o extravasamento de tecido
sanguíneo para fora dos vasos e a consequência pode ser o choque hipovolêmico,
que é a deficiência do fluxo sanguíneo aos tecidos.

Santos (2014) corrobora com este conceito, informando que a hemorragia


é considerada a perda aguda de volume sanguíneo, proveniente de lesões de
compartimentos vasculares.

Uma hemorragia pode levar a pessoa adulta à morte em até cinco minutos,
portanto, deve ser sempre considerado o tempo entre o início do sangramento
e o tempo do atendimento realizado, pois isto irá determinar as condições
hemodinâmicas do paciente.

Silveira e Moulin (2006) afirmam que hemorragia é a perda de sangue


provocada pelo rompimento de um vaso sanguíneo, podendo ser de origem
arterial, venosa ou capilar, veremos a diferença entre cada uma delas:

- arterial: o sangue jorra de uma artéria, frequentemente pulsando, em


sincronia com as batidas do coração. A cor do sangue é vermelho vivo, desde
que contenha oxigênio e pode haver perda de uma grande quantidade de sangue
num curto período de tempo.

- venosa: o sangue flui da veia num fluxo regular. A cor do sangue é


vermelho-escuro, frequentemente amarronzada (quando contém pouco oxigênio).

- capilar: o sangue escoa de uma rede de capilares, a cor é vermelho,


normalmente menos vivo que o sangue arterial. O fluxo é lento, como pode ser
visto em arranhões e nos cortes superficiais da pele.

160
TÓPICO 1 | PRIMEIROS SOCORROS EM LESÕES ESPORTIVAS

Fernandes (2012) conceitua hemorragia como a perda de sangue devido


à ruptura, dilaceração ou corte, através de ferimentos e cavidades naturais e
diante deste acontecimento, o indivíduo deve ser socorrido imediatamente, com
socorros de urgência até que o atendimento médico chegue.

FIGURA 51 – ORIGEM DAS HEMORRAGIAS

Artérias Veias

Fluxo lento, estável.


Sangue jorrando.
Cor vemelho-escura
Fluxo pulsátil.
Cor vermelho-viva.
Vasos Capilares

Fluxo lento, uniforme.

FONTE: Disponível em: <http://www.lifesavers.com.br>. Acesso em: 20 mar. 2016.

3.3 CLASSIFICAÇÃO
Já aprendemos que a hemorragia é o extravasamento de sangue para fora
das veias ou artérias, sendo importantíssimo o controle imediato desse fluxo
sanguíneo, pois a vítima pode entrar em choque e ir a óbito.

Conforme Santos (2014), as hemorragias são classificadas em externas


e internas, sendo a hemorragia externa a mais comum em acidentes durante
práticas esportivas. Ocorre extravasamento de sangue ao meio externo, por
ferimentos abertos como cortes.

Segundo Bergeron et al. (2007), hemorragia externa é aquela cujo vazamento


sanguíneo é visível, geralmente produzida por ferimentos na superfície do corpo
com ruptura de artéria ou veia, fraturas expostas e amputações traumáticas.

161
UNIDADE 3 | EMERGÊNCIAS CIRCUNSTANCIAIS EM PRIMEIROS SOCORROS

Ainda para o mesmo autor, hemorragia interna é produzida numa


cavidade fechada, geralmente na cavidade torácica, cavidade abdominal e pélvica,
em que o sangue permanece acumulado, assim, é necessário de um procedimento
cirúrgico para colocação de dreno, por exemplo, a fim de drenar o sangue.

Para Canetti (2007), quando ocorre hemorragia em um órgão cavernoso


com ligação externa como o estômago ou pulmão, que pode ser expelido para o
meio externo, é denominado de hemorragia interna mista. Essa hemorragia pode
ser um traumatismo (ferimento ou contusão), ou uma enfermidade que ataque
diretamente ou indiretamente os vasos do órgão afetado.

A prática de esporte pode incidir em acidentes nos indivíduos em


qualquer faixa etária, pois alguns exercícios são passivos outros ativos, podendo
causar contusões e ferimentos extensos, em que os alunos ou profissionais não
estão isentos de serem acometidos.

3.4 COMO PROCEDER


Para Santos (2014) o primeiro passo ao atender a uma vítima com
hemorragia externa é avaliar os sinais e sintomas, como: sangramento visível,
pulso fraco e rápido, pele pálida, fria e úmida, sudorese, ansiedade, sede,
respiração rápida e profunda.

Flegel (2010), aduz que o ideal diante de acidentes hemorrágicos é


manter a região que apresenta o sangramento mais elevada que o corpo, fazendo
compressão de maneira forte sobre o ferimento com um pano limpo, a fim de
estancar o sangramento. Diante da continuidade do sangramento, deve-se
comprimir com as pontas dos dedos o ramo principal da artéria extravasada.

Os principais procedimentos que podem ser usados por um socorrista no


controle da hemorragia externa, conforme Santos (2014), são:

• Compressão direta

A hemorragia externa é tratada por meio de compressão direta sobre o


ferimento, utilizando material apropriado como gaze e faixas ou pano limpo,
colocados sobre o ferimento e moderadamente pressionados para estancar o
sangramento. Caso o curativo encharque, coloque mais compressas sobre a
primeira, evitando trocar as compressas. Não lave o local do ferimento nem passe
qualquer tipo de substância caseira.

162
TÓPICO 1 | PRIMEIROS SOCORROS EM LESÕES ESPORTIVAS

FIGURA 52 – COMPRESSÃO DIRETA SOBRE O FERIMENTO

FONTE: Disponível em: <pt.wikihow.com>. Acesso em: 20


mar. 2016.

• Elevação de membro

Sendo possível, quando o primeiro método não mostrar eficiência, eleve


a área afetada acima do nível do coração, empregado somente para os membros
superiores, pois quando a extremidade é elevada, a gravidade colabora para a
diminuição do fluxo sanguíneo à região ferida.

FIGURA 53 - ELEVAÇÃO DA REGIÃO AFETADA ACIMA DO


NÍVEL DO CORAÇÃO

FONTE: Disponível em: <pt.wikihow.com>. Acesso em: 20


mar. 2016.

• Compressão de pontos arteriais

Comprima moderadamente a artéria mais próxima ao ferimento,


bloqueando parcialmente o fluxo local, diminuindo a hemorragia. Este
procedimento é indicado a profissionais que tenham formação básica em anatomia
humana.

163
UNIDADE 3 | EMERGÊNCIAS CIRCUNSTANCIAIS EM PRIMEIROS SOCORROS

Após estancado o sangramento, proceda ao aquecimento da vítima, caso


esteja com frio.

Não administre líquidos, alimentos ou qualquer tipo de medicamento,


conduta também adotada para as hemorragias internas. Na sequência, priorize o
transporte, pelas equipes médicas de emergência, ao hospital.

FIGURA 54 – COMPRESSÃO DA ARTÉRIA

FONTE: Disponível em: <pt.wikihow.com>. Acesso em: 20


mar. 2016.

3.5 TORNIQUETE
Para Bergeron et al. (2007) o torniquete é o último recurso para controlar
hemorragias graves, usando somente quando os outros métodos de controle
falharem. Na maioria dos casos, um curativo compressivo é a melhor escolha.

Fernandes (2012) também acredita que os torniquetes deverão ser


utilizados em última instância e somente para controlar hemorragias provocados
por ferimentos graves nas extremidades e quando todos os outros métodos de
controle falharem.

Ainda para o mesmo autor, os torniquetes não devem ser aplicados sobre
áreas de articulação como cotovelos e joelhos, sendo que a localização ideal,
segura e efetiva é cerca de 5 cm acima do local da lesão.

Uma amputação parcial do braço ou da perna, pode deixar você sem


alternativas a não ser a aplicação de um torniquete. Porém muitas amputações
totais não têm hemorragia profusa e incontrolável, porque as porções finais dos
vasos sanguíneos tendem a entrar em colapso. Nos casos de hemorragia severa
de um braço ou de uma perna ferida, um torniquete deve ser aplicado, somente
depois que a compressão direta, a elevação do membro e a técnica de compressão
indireta terem falhado. (BERGERON et al. 2007).

Vamos explicar alguns passos importantes para fazer torniquete, conforme


descreve Fernandes (2012):

164
TÓPICO 1 | PRIMEIROS SOCORROS EM LESÕES ESPORTIVAS

- eleve o membro ferido acima do nível do coração;

- amarre um pano limpo e largo, ligeiramente acima do ferimento,


enrolando-o firmemente duas vezes;

- em seguida, amarre um pedaço de pau ou similar sobre o nó do tecido;

- torça o bastão até estancar o sangramento;

- marque o horário em que foi aplicado o torniquete;

- aguarde o socorro médico;

- desaperte a vítima gradualmente a cada 10 ou 15 minutos, para manter


a circulação do membro afetado.

O problema grave do uso de torniquete é a falta de circulação, pois se o


socorrista não desfrouxar de vez em quando o torniquete, não haverá passagem
de oxigênio para as células do membro acometido e poderá haver amputação.

Outro problema comum, mas que deve ser evitado, é de realizar o


torniquete e cobri-lo com a roupa, dessa forma quando chega o socorro móvel e
levam a vítima ao hospital, também poderá haver perda do membro (amputação),
pois se o torniquete não é visto, não há possibilidade de afrouxá-lo.

FIGURA 55 – REPRESENTAÇÃO DO TORNIQUETE

FONTE: Disponível em: <http://www.isaudebahia.com.br>. Acesso em: 20 mar. 2016.

165
UNIDADE 3 | EMERGÊNCIAS CIRCUNSTANCIAIS EM PRIMEIROS SOCORROS

4 FERIMENTOS

4.1 CONCEITO
Qualquer rompimento anormal da pele ou superfície do corpo é chamado
de ferimento, sendo que a maioria das lesões acaba comprometendo os tecidos
moles, a pele e os músculos.

Podemos dizer que é uma lesão da pele de maneira superficial ou


profunda, se for profunda pode atingir órgãos, vasos sanguíneos e até ossos, para
exemplificar podemos citar arma de fogo, parafusos, arames, madeiras, entre
outros objetos.

Os ferimentos, quando acometem o indivíduo, podem causar dor,


sangramentos e ser porta de entrada para bactérias, causando infecção, caso
ocorra, a preocupação é grande, pois o uso de antibióticos é sempre necessário,
porém, nem sempre a recuperação é rápida.

Conforme Zin (2007), ferida é denominada como sendo a ruptura da pele


ou de uma membrana mucosa, geralmente causada em situações onde a vítima
sofreu agressões ou acidentes, sendo uma agressão ao tecido, produzindo lesão
da pele.

Segundo Hafen (2002), ferimento é uma determinada lesão produzida


em qualquer tecido por um agente físico (elétrico, batida, térmico, mecânico) ou
químico (ácidos ou álcalis) causando um machucado, o qual deve ser tratado a
fim de evitar complicações.

Fernandes (2012) também concorda com as definições dadas pelos demais


autores, conforme ele, ferimentos são rompimentos da pele por objetos que
perfuram ou rasgam o tecido da derme ou epiderme. Ainda complementa que
todos os ferimentos causam desconforto, dor e são vulneráveis a infecções.

4.2 CLASSIFICAÇÃO

4.2.1 Ferida fechada


É um machucado no qual a pele não foi rompida. Tais lesões são
normalmente provocadas pelo impacto com algum objeto. O sangramento pode
oscilar de intenso a superficial, enquanto a extensão do ferimento pode oscilar de
uma pequena contusão à ruptura de algum órgão interno.

166
TÓPICO 1 | PRIMEIROS SOCORROS EM LESÕES ESPORTIVAS

Para Canetti (2007) um impacto ou uma compressão podem causar


rompimento de vasos sanguíneos, causando o extravasamento de sangue. Estas
lesões, que são chamadas de contusões, podem acometer somente estruturas
superficiais, mas em casos de aplicação de força intensa, pode haver lesão de
órgãos internos.

Normalmente, se houver apenas acometimento superficial, a vítima


apresenta dor e edema da área afetada. Se houver hemorragia, o local adquire
uma coloração preta ou azulada, que é chamada de equimose (CANETTI, 2007).

Hafen (2002) já se refere ao hematoma para o caso de dilaceração de vasos


sanguíneos, ocorrendo acúmulo de sangue em baixo da pele, caracterizando um
nódulo azulado.

As feridas fechadas, conforme Trevilato (2001), podem ser classificadas


como:

- contusão: lesão não penetrante, de profundidade variável, criada por um


impacto, podendo causar ou não hematomas e equimoses. Não há contaminação
proveniente do meio externo nem sangramento inicial visível.

O tratamento deve iniciar logo após a ocorrência do trauma, pela aplicação


de frio local (bolsa de gelo, compressas frias), mantido nas primeiras 24 horas,
com o objetivo de diminuir o inchaço local e até a formação de hematomas,
diminuindo assim a dor da lesão.

Após 24 horas deve ser iniciada aplicação de temperaturas alternadas,


começando com o calor úmido mais intenso suportável, por três minutos e meio.
Imediatamente alternar com o frio, apenas para fazer contraste térmico.

- escoriação: conjunto de arranhões superficiais, produzidos por atrito


violento de uma superfície irregular, áspera, que não ultrapassam as primeiras
camadas da pele. O sangramento, se ocorrer, é pequeno, sendo possível estancá-
lo com compressão local, o estancamento deve ser realizado após limpeza, uma
vez que o próprio sangramento pode auxiliar na remoção de detritos.

- lesão perfurante: caraterizado pela penetração de algum objeto na pele,


produzindo afastamento das fibras do tecido atingido, com entrada de diâmetro
menor que o objeto, graças à elasticidade dos tecidos cutâneos.

O problema nesse tipo de ferimento é a permanência de sujidades e


material contaminante na ferida, podendo ocasionar infecção, sendo que a maior
preocupação é o tétano, recomendado realizar a limpeza da região afetada e se
necessário a aplicação da vacina antitetânica.

- lesão cortante: produzido normalmente por objeto cortante que pode


comprometer outros planos além da pele, o ferimento possui bordas nítidas,

167
UNIDADE 3 | EMERGÊNCIAS CIRCUNSTANCIAIS EM PRIMEIROS SOCORROS

geralmente regulares, o comprimento da lesão é maior que a profundidade e em


geral o centro é mais profundo que as extremidades.

- lesão perfurocontundente: causada por arma de fogo, o orifício de entrada


é, em geral arredondado ou ovalado, dependendo da direção de penetração do
projétil.

O sangramento é variável, potencialmente grave, portanto, deve-se chamar


imediatamente atendimento de urgência e encaminhar a vítima ao hospital, se
houver hemorragias, deve-se fazer compressão local.

A contaminação costuma ser facilmente removível, pois o sangramento


lava a ferida de dentro para fora, o socorrista deve objetivar a limpeza inicial e a
hemostasia, geralmente, com compressão local.

Normalmente será necessário atendimento médico, já que o tratamento


consiste na reconstituição cirúrgica da estrutura lesada, sendo importante
proceder à sutura (dar pontos).

4.2.2 Ferida aberta


Conforme Hafen (2002), nos ferimentos abertos a pele é dilacerada e a
vítima fica suscetível a sangramento externo e contaminação do ferimento. O
ferimento pode ser apenas parte da lesão, ou pode ser uma evidência de uma
lesão mais séria, como uma fratura.

Para Fernandes (2012) uma ferida aberta é uma lesão em que a pele sofreu
uma ruptura no tecido dérmico, em geral a pele. É difícil o indivíduo que nunca
teve uma ferida aberta, que pode ocorrer em uma extensão pequena ou grande, e
a maioria delas pode ser tratada em casa.

Segundo Bergeron et al. (2007), a pele é rompida e sua extensão pode


oscilar de um leve raspão a um rasgo ou corte aberto da pele (laceração). Este
autor classifica as feridas abertas em:

- abrasões: cotovelos e joelhos esfolados e arranhões causados por espinhos


são as feridas abertas conhecidas como abrasões. Por mais que os arranhões e
raspões possam ser dolorosos, normalmente o ferimento ao tecido não é grave
desde que a pele não seja completamente perfurada e a força que causou o
ferimento não esmague ou rompa estruturas básicas. A contaminação da ferida é
o mais preocupante.

- cortes: nos casos de cortes, a pele é completamente atingida, ocorrendo


também o ferimento dos tecidos sob a pele.

168
TÓPICO 1 | PRIMEIROS SOCORROS EM LESÕES ESPORTIVAS

- perfurações: objetos como faca, unha, picador de gelo podem causar


feridas perfurantes. Um objeto pontiagudo rasgará a pele e normalmente
prosseguirá em uma linha reta transversal, danificando todos os tecidos no seu
percurso. A perfuração também pode ser através de um ferimento penetrante,
percorrendo os tecidos, da camada mais superficial para a profunda. Podemos
citar os ferimentos ocasionados por arma de fogo.

- avulsões: estes ferimentos frequentemente estão relacionados à perda de


uma grande parte da pele, podemos citar como exemplo: uma orelha rasgada, um
globo ocular removido da cavidade, ou a perda de um dente. São lesões de uma
parte da pele em que ela permanece pendurada.

- amputações: estes ferimentos envolvem o corte e o arranchamento de


dedos, mãos, pés, braços ou pernas. As amputações podem ser realizadas por
meio de um procedimento cirúrgico, o ferimento é normalmente chamado de
amputação traumática.

- esmagamento: quando as pessoas presenciam um acidente no qual uma


parte do corpo tenha sido esmagada, pensam logo em fratura.

UNI

Você sabe o que fazer para minimizar a cicatriz de um ferimento simples na sua
pele? O importante é você não pegar sol e hidratar a pele durante o processo de regeneração.

4.3 COMO PROCEDER


As feridas habituais como pequenos cortes ou escoriações, normalmente
cicatrizam em poucos dias e sem gerar infecções, já as feridas agudas ou crônicas,
são tratadas por meio de curativos com medicamentos, necessitando de cuidados
específicos.

Para Hafen (2002) o socorrista deve sempre tomar cuidados durante o


atendimento, evitando o contato com substâncias corporais da vítima, pois
há grande probabilidade de contato com sangue fluidos corporais, mucosas,
ferimentos traumáticos ou feridas da vítima.

Durante o atendimento, é ideal que o socorrista use medidas de proteção


individual como: luvas, máscaras, óculos de proteção e após o atendimento,
descartar esses materiais, além de lavar as mãos com água e sabonete (HAFEN,
2002).

169
UNIDADE 3 | EMERGÊNCIAS CIRCUNSTANCIAIS EM PRIMEIROS SOCORROS

Agilidade no atendimento, técnica e conhecimento científico, são


primordiais no atendimento à vítima, a fim de oferecer segurança, tranquilidade
e desempenho para recuperação da saúde, sem complicações maiores das que a
vítima já foi acometida.

FIGURA 56 – CHARGE PARA A NEGLIGÊNCIA DO MÉDICO DIANTE DE UMA


FERIDA PERFURANTE

FONTE: Disponível em: <http:///www.gestaodelogisticahospitalar.com>. Acesso


em: 20 mar. 2016.

Segundo Hafen (2002), as lesões abertas devem ser tratadas da seguinte


maneira:

- expor o ferimento para vê-lo;

- cortar as roupas se necessário e não removê-las puxando-as.

- remover o material estranho, aderido superficialmente ao ferimento,


com uma gaze esterilizada. É importante não limpar a ferida ou retirar qualquer
partícula ou resíduo mais aderido.

- controlar o sangramento realizando compressão direta somente, ou


compressão direta somada à elevação do membro.

- prevenir possível contaminação utilizando material esterilizado, roupa


limpa ou lenço limpo para cobrir a ferida.

- manter o paciente deitado e tranquilo, pois qualquer movimentação do


paciente aumenta a circulação sanguínea, então essa posição é a ideal.

170
TÓPICO 1 | PRIMEIROS SOCORROS EM LESÕES ESPORTIVAS

4.4 FATORES QUE INTERFEREM NO PROCESSO DE


CICATRIZAÇÃO
Quando ocorre lesão da pele por algum objeto ou pressão, inicia-se
imediatamente o processo fisiológico conhecido como cicatrização, com o objetivo
de reconstituir o tecido.

Conforme Cunha (2006), a cicatrização do tecido pode sofrer interferência


de vários fatores, sendo que a nutrição é um fator de grande relevância, pois um
indivíduo debilitado ou enfraquecido, torna sua cicatrização mais lenta.

Segundo Bergeron (2007), há alguns fatores que influenciam o processo


de cicatrização de forma extrínseca, (são fatores ligados ao indivíduo acidentado)
e intrínseca (fatores ligados à ferida).

Podemos relacionar aos fatores extrínsecos a idade, pois quanto mais


velho mais lenta é a cicatrização; alimentação, pois indivíduos malnutridos torna
a cicatrização mais lenta; condição imunológica, pois imunidade baixa dificulta
a cicatrização; diabetes que diminui a oxigenação do tecido e consequentemente
retarda a cicatrização; tabagismo que induz à isquemia (apodrecimento) do
tecido e, por conseguinte retarda e dificulta a cicatrização, entre outros elementos
(BERGERON, 2007).

Como exemplo de fatores intrínsecos, podemos citar: o local da ferida


(articulações dificultam a cicatrização em função da mobilidade do local), ferida
que sofreu infecção (cicatrização é bem lenta), tensão na ferida podem dificultar a
cicatrização, pois quando o indivíduo tosse, vomita e realiza algum esforço físico,
acaba rompendo células epiteliais (HAFFEN, 2002).

A extensão da lesão também pode ser um fator diretamente proporcional


à cicatrização, pois quando o ferimento é pequeno, a cicatrização é rápida, em
função de ter uma quantidade mínima de tecido para se regenerar. Uma lesão
maior, demora mais para a pele se regenerar, além disso, é necessária ajuda através
de recursos terapêuticos como: medicamentos, troca de curativos, melhoria da
ingesta nutricional, para ajudar na cicatrização.

Além dos fatores acima descritos, Zin (2007) cita outros destaques que
podem contribuir na demora da cicatrização, como: profundidade da ferida,
necrose do tecido, doenças crônicas associadas, uso de determinados antibióticos
e anti-inflamatório, entre outros.

171
RESUMO DO TÓPICO 1

Chegamos ao final deste tópico de estudos e agora você já é capaz de


compreender:

• Conceitos de fraturas.

• A distinção do que é fratura aberta e fratura fechada.

• Os cuidados que se deve ter com a vítima que sofreu fratura.

• A definição de hemorragia.

• Os cuidados que você deve ter quando se depara com uma vítima que está com
hemorragia.

• A identificação dos tipos de hemorragia.

• Os cuidados importantes com o uso de torniquetes na vítima com hemorragia.

172
AUTOATIVIDADE

1 Você estudou vários conceitos de fratura, agora dê a definição que mais lhe
chamou atenção.

2 Cite os dois tipos de classificação das fraturas e explique cada um deles.

3 Cite pelo menos três sinais que podem evidenciar uma fratura.

4 Em que momento pode ser realizado torniquete na vítima?

5 Dê uma definição para ferida.

173
174
UNIDADE 3
TÓPICO 2

PRIMEIROS SOCORROS EM INCIDENTES EMERGENCIAIS

1 INTRODUÇÃO
A atividade física vem sendo cada vez mais estimulada, pois vivemos
numa época que além do perfeito corpo físico, buscamos uma perfeita saúde,
casando atividade física com qualidade de vida, formando um binômio perfeito.

O aumento da prática esportiva tem acarretado alta incidência de lesões


musculoesqueléticas, dessa forma, a fim de prevenir os acidentes, utilizam-
se várias práticas para amenizar o sofrimento do indivíduo e até mesmo para
acelerar sua recuperação. Queremos chamar a atenção nesta unidade, para um
desses suportes, que são as bandagens e curativos.

É de suma importância que o professor de educação física tenha


conhecimento em primeiros socorros, permitindo o socorro imediato à vítima,
objetivando a continuidade do processo de saúde, como também a prevenção de
complicações em função da lesão.

Apesar de o esporte estar ligado diretamente à saúde, as lesões esportivas


são bem frequentes, pois é praticamente impossível dizer que o esportista, atleta
ou praticante de atividade física, nunca sofrerá algum tipo de lesão, entretanto,
o atleta está mais sujeito a elas, em função de executar o treino com intensidade
e frequência.

O objetivo desta unidade é saber como socorrer atletas, crianças, adultos,


idosos, ou praticantes de atividade física, a fim de oferecer socorro adequado
em tempo ideal, enquanto se aguarda o atendimento para encaminhamento da
vítima ao hospital.

Nesta unidade, estudaremos as bandagens, curativos, queimaduras e


choque elétrico, pois é necessário saber como atuar diante de um choque elétrico,
para que você não seja vítima, junto com a pessoa que está sofrendo a descarga
elétrica.

Agora pense, se você presenciar um aluno fazendo educação física e de


repente ele começar a gritar pois sofreu uma queimadura no braço em função de
uma lagarta tóxica, o que você faria? Aplicaria creme dental ou manteiga? Essa
resposta você encontrará no decorrer desta unidade, mas já podemos adiantar
que nenhum dos dois produtos deve ser aplicado.

Vamos lá, foco nos estudos!


175
UNIDADE 3 | EMERGÊNCIAS CIRCUNSTANCIAIS EM PRIMEIROS SOCORROS

2 CURATIVO E BANDAGEM
2.1 CONCEITO E MODO DE APLICAÇÃO
O curativo é considerado qualquer material (de preferência esterilizado)
colocado sobre um ferimento que ajuda a controlar o sangramento e prevenir a
contaminação. Já a bandagem é qualquer material usado para fixar o curativo no
lugar. (BERGERON, et al. 2007).

Sempre que possível os curativos devem ser esterilizados, isto significa


que devem estar isentos de todos os microrganismos, incluindo os esporulados.
O material dos curativos não é fibroso, assim as partículas não aderem aso
ferimentos. Curativos comercialmente preparados contêm gazes limpas e
usualmente esterilizadas. (BERGERON, et al. 2007).

Conforme Santos (2014), curativo é qualquer material usado para cobrir


uma ferida que ajudará a controlar o sangramento e prevenir a contaminação. Já
a bandagem é qualquer material usado para fixar o curativo no lugar.

Claro que o socorrista na hora do acidente, não terá disponível o tipo de


curativo ideal, portanto, terá que improvisar com lenços, toalhas, lençóis, peças de
roupas limpas ou outros materiais similares. Quando você improvisa o curativo,
ele não estará esterilizado, mas poderá ser usado com segurança para prestar
o cuidado adequado à vítima, pois o ferimento é contaminado no momento do
acidente, dessa forma, terá que ser evitado a contaminação adicional.

A utilidade para as bandagens e curativos são diversas, elas podem


prender curativos, fazer compressão e conter uma hemorragia, imobilizar uma
região ou limitar seus movimentos no caso de lesões ósseas e articulares.

Fernandes (2012) relata que os curativos possuem várias finalidades, mas


primordialmente eles impedem que os ferimentos infeccionem e também ajudam
na aplicação de medicamentos. Podem ser de três tipos: secos, compressivos e
úmidos.

UNI

A bandagem não deve ficar frouxa nem apertada demais. Os sinais que indicam
compressão excessiva são: palidez, pele fria, formigamento, perda da sensibilidade, dor e
inchaço.

176
TÓPICO 2 | PRIMEIROS SOCORROS EM INCIDENTES EMERGENCIAIS

Conforme Santos (2014), para aplicação de uma bandagem, é necessário


seguir alguns critérios, pois ela não pode ser colocada de maneira aleatória, assim,
devem-se observar os cuidados conforme descrito a seguir:

• Antes de iniciar o procedimento, deve-se explicar à vítima o que será


feito.

• O socorrista deve se posicionar na frente da vítima e colocar a bandagem


de maneira que o rolinho abra para cima.

• Analisar o tamanho do membro em que será realizada a bandagem, a


fim de escolher a largura adequada.

• Segurar a extremidade da bandagem com a mão esquerda, enquanto


que a direita segura o rolo.

• Desenrolar a atadura de acordo com a necessidade.

• Todas as voltas devem ser realizadas pelo caminho mais curto, a fim de
evitar que ela se desenrole.

• Ao término do procedimento, a atadura não poderá ser aplicada em


parte do corpo que se estreita, a fim de que ela sofra afrouxamento.

• Quando for necessário retirar a bandagem, verificar se ela aderiu à pele,


pois caso aconteça, deve-se umedecer com soro fisiológico aquecido, para evitar
que a pele sofra lesões.

• Ao retirar a bandagem, é necessário fazer com cautela e de maneira


devagar, enrolando-a gradativamente.

2.2 CUIDADOS PARA CURATIVOS E BANDAGENS


Já vimos alguns conceitos para curativos, bandagens e para que eles
servem, agora vamos estudar algumas peculiaridades sobre elas. As bandagens
que mais são usadas, são as triangulares e as em rolo.

A bandagem triangular não é asséptica, portanto, não é livre de


microrganismos patogênicos, dessa forma, não poderá ser usada em ferimentos
abertos. Antes de utilizá-la, deve-se colocar gaze ou compressa cirúrgica em cima
do ferimento, pois ela tem o objetivo de proteger o ferimento.

177
UNIDADE 3 | EMERGÊNCIAS CIRCUNSTANCIAIS EM PRIMEIROS SOCORROS

FIGURA 57 - DOBRADURA DA BANDAGEM TRIANGULAR

VÉRTICE

PONTA BASE PONTA

FONTE: Disponível em: <http://www.fiocruz.br/biosseguranca/Bis/


manuais/biosseguranca/manualdeprimeirossocorros.pdf >. Acesso
em: 25 mar. 2016.

É importante que a base da bandagem tenha em torno de um metro


e a altura em torno de 60 cm, apesar de ter a opção de compra ou até mesmo
improvisada sob vários tamanhos. Ela pode ser usada em ferimentos na cabeça,
braço, mão, joelho, pé e tórax (BRASIL, 2003).

FIGURA 58 – EXEMPLO DE BANDAGEM DE JOELHO

FONTE: Disponível em: <http://www.fiocruz.br/biosseguranca/Bis/manuais/biosseguranca/


manualdeprimeirossocorros.pdf >. Acesso em: 25 mar. 2016.

178
TÓPICO 2 | PRIMEIROS SOCORROS EM INCIDENTES EMERGENCIAIS

A bandagem deve ser utilizada com cautela, ou seja, não pode ser aplicada
com pressão, pois poderá haver edema, levando à má circulação local. Caso haja,
inchaço, palidez, formigamento, dormência e pele fria, são sinais que a bandagem
está colocada incorretamente, devendo ser, tirada e colocada novamente (BRASIL,
2003).

É importante verificar o local aonde será aplicada a bandagem, pois não


poderá permanecer sobre o ferimento e sempre deverá ter o tamanho maior do
que a lesão do machucado.

Conforme Santos (2014), é importante atentar para alguns cuidados gerais


sobre os curativos e bandagens como:

- as bandagens não podem ser muito apertadas nem muito folgadas, a fim
de que o curativo não se mova ou deslize sobre o ferimento;

- não cobrir as extremidades dos dedos, com objetivo de verificar a


perfusão capilar;

- caso o curativo fique manchado de sangue, deve-se aplicar novos


curativos sobre as que estão embebidas em sangue, sem removê-las;

- quando for aplicar a bandagem, a articulação não pode ser dobrada,


para evitar o bloqueio da circulação.

Existe ainda um tipo de bandagem que serve para oferecer proteção


terapêutica, estamos falando de uma bandagem que aproxima as bordas, a fim
de promover hemostasia e junção dos tecidos.

FIGURA 59 – BANDAGEM QUE APROXIMA AS BORDAS DO FERIMENTO

Dobre o esparadrapo e
corte suas bordas
Bandagem borboleta

A bandagem aproxima as bordas


do ferimento, segurando-as

FONTE: Disponível em: <http://aulasobresaude.blogspot.com.


br/2013/09/tipos-de-enfaixamento-e-bandagens.html>. Acesso em: 25
mar. 2016.

179
UNIDADE 3 | EMERGÊNCIAS CIRCUNSTANCIAIS EM PRIMEIROS SOCORROS

2.3 TIPOS DE FERIMENTOS E CURATIVOS


Conforme Santos (2014), veremos alguns exemplos de ferimentos e
dependendo do local do acidente, os procedimentos diferem com relação aos
cuidados, acompanhe a seguir:

- ferimentos no couro cabeludo: esta região é bem vascularizada, portanto,


sangra muito. Caso haja fraturas de crânio, deve ser usado curativo oclusivo (sem
pressão).

- ferimentos na face: é importante manter as vias aéreas permeáveis e


controlar a hemorragia.

- ferimento nos olhos: não deve ser aplicado curativo compressivo, se


houver algum objeto no globo ocular não deve ser removido, não recoloque
o globo ocular no lugar e não abra os olhos da vítima caso haja queimaduras.
Chame o socorro móvel com urgência.

- ferimento da orelha: se houver sangramento pelo ouvido, deixe o sangue


fluir e nunca feche os ouvidos com o objetivo de estancar o sangue.

- ferimento no nariz: as vias aéreas devem estar permeáveis, sendo que o


sangramento deve ser controlado, apertando firmemente a narina, somente faça
esse procedimento quando não houver fraturas.

Apesar de já termos falado sobre curativos, vale lembrar que são técnicas
realizadas para limpeza e colocação de uma cobertura estéril em uma ferida,
com a finalidade de promover a hemostasia, cicatrização, bem como, prevenir
contaminação e infecção.

3 QUEIMADURAS

3.1 CONCEITO
Conforme Fernandes (2012), as queimaduras representam uma forma
de trauma facilmente encontrada, envolvendo principalmente crianças, mas
também jovens, adultos e idosos. As lesões podem ser produzidas por agentes
físicos como: fogo, vapor, eletricidade, gelo, sol e também por agentes químicos
como ácidos e solução básicas (soda cáustica).

Segundo Canetti (2007), a maior parte das queimaduras acontece nas


residências, mas consideradas de pequena gravidade. Somente 3% a 5% dos casos
são graves, sendo que elas têm o potencial de desfigurar o corpo, incapacitando
o indivíduo temporariamente ou permanentemente, além de causar a morte da
vítima.

180
TÓPICO 2 | PRIMEIROS SOCORROS EM INCIDENTES EMERGENCIAIS

Para Santos (2014), queimadura é uma lesão produzida no tecido de


revestimento do organismo por agentes térmicos, químicos, eletricidade, radiação
e outros.

A origem elétrica é resultado do contato com a eletricidade de alta ou baixa


voltagem. O dano é ocasionado pela produção de calor à medida que a corrente
elétrica atravessa o corpo. São lesões difíceis de serem avaliadas e mesmo aquelas
que parecem superficiais, podem causar danos profundos aos músculos, nervos
e vasos. (CANETTI et al., 2007)

A pele é basicamente uma estrutura de duas camadas, consistindo em uma


epiderme externa e uma derme interna. Abaixo da derme está o tecido celular
subcutâneo, abaixo do qual se encontram os músculos e ossos (SANTOS, 2014).

FIGURA 60 – REPRESENTAÇÃO DAS CAMADAS DA PELE

FONTE: Disponível em: <alunosonline.uol.com.br >. Acesso em: 25 mar. 2016.

Conforme Zin (2007), cada parte do organismo possui uma função


específica, como a pele que serve para proteger o organismo de bactérias,
atuando como se fosse uma parede, faz o controle da temperatura e também
retém os líquidos. Qualquer lesão que interrompa o bom funcionamento desses
mecanismos, acaba acarretando graves sinais ao organismo.

UNI

Você sabe qual é o maior órgão do corpo humano? Incrivelmente, mas a


resposta correta é a pele.

181
UNIDADE 3 | EMERGÊNCIAS CIRCUNSTANCIAIS EM PRIMEIROS SOCORROS

Canetti (2007) complementa dizendo que os pacientes com queimaduras


extensas têm a tendência de perder líquido corporal, temperatura e ainda se
tornam mais propensos para adquirir infecções.

As queimaduras podem causar lesões em várias partes do corpo como:


músculos, vasos, nervos, ossos, olhos, pele, estruturas do sistema respiratório,
entre outros, causando dano estético e emocional as vítimas.

3.2 CLASSIFICAÇÃO
A queimadura pode atingir várias profundidades, dependendo da
substância que a causou e o tempo em que a vítima ficou exposta. Qualquer
queimadura pode causar grandes complicações, portanto, deve-se oferecer um
cuidado especial com esse tipo de trauma.

Quando a queimadura atinge apenas a pele, dizemos que é uma


queimadura superficial, ou seja, de primeiro grau, ocasionando vermelhidão, dor
e inchaço (CANETTI et al., 2007).

Para Barbiere (2002), de acordo com as camadas da pele que são afetadas,
as queimaduras são classificadas em 1º, 2º e 3º graus, sendo que as de 3º grau são
as mais profundas e graves. As lesões não são uniformes, existem em geral, vários
graus de profundidade em uma mesma área.

O tratamento inadequado, sem os devidos cuidados, ou até mesmo sem


nenhum tipo de proteção, pode causar a conversão de uma queimadura de
segundo grau em uma queimadura de terceiro grau.

Conforme Barbiere (2002), as queimaduras de terceiro grau, destroem a


epiderme, a derme, as porções teciduais subcutâneas e possivelmente os tecidos
muscular e ósseo.

Nesse tipo de queimadura, a cicatrização não deixa os pelos crescerem


novamente, resultando isquemia (falta de oxigenação), necrose (apodrecimento),
escara (ferida) e perda da sensação de dor e da diferenciação de temperatura
(BARBIERE, 2002).

Para Santos (2014) a queimadura de segundo grau atinge a epiderme e a


derme, caracterizando dor no local, vermelhidão e aparecimento de bolhas.

Santos (2014) ainda acrescenta mais um grau na classificação das


queimaduras, para ele existe a queimadura de quarto grau, sendo que nesse tipo
de queimadura, as lesões são mais profundas e geralmente ocorre carbonização,
além de todas as camadas da pele serem destruídas, existindo comprometimento
no tecido muscular, adiposo e ósseo, podendo atingir também órgãos internos,
implicando uma incapacidade funcional da região acometida.

182
TÓPICO 2 | PRIMEIROS SOCORROS EM INCIDENTES EMERGENCIAIS

FIGURA 61 – REPRESENTAÇÃO QUANTO AO TIPO DE QUEIMADURA

FONTE: Disponível em: <www.saudedicas.com.br>. Acesso em: 20 mar. 2016.

3.3 EXTENSÃO DA LESÃO


Para Neto et al. (2002) a classificação para extensão da lesão divide-se em:

• Leves: são aquelas de 1º e 2º graus, afetando pequenas extensões do


corpo (menos de 10%) e que correspondem à maioria absoluta dos acidentes
desse tipo.
• Moderadas: são aquelas de 1º grau extensas e de 2º de média extensão.
• Graves: são todas as de 3º grau e as de 2º grau que envolvem face,
pescoço tórax, mãos, pés, virilha e articulações, além das queimaduras extensas
de 2ºgrau.

Conforme Santos (2014), a extensão da área queimada é estimada através


da porcentagem da área da superfície corporal atingida. Nesse caso, é aplicado
o método da regra dos nove, que parte do princípio que as grandes regiões do
corpo do adulto representam 9% da área de superfície corporal total, sendo o
períneo correspondente a 1% e nas crianças as grandes regiões representam 18%
de área de superfície corporal.

Segundo Neto et al. (2002), a regra dos nove, mede a percentagem do


corpo em múltiplos de nove. A avaliação é feita na chegada hospital e é revisada
no segundo e terceiro dia, após a queimadura tornar-se estável e mais clara.
Vejamos a seguir o percentual para cada parte do corpo:

• Adulto
- cabeça: 9%
- tronco: 36% região anterior 18% e posterior 18%.
- membro superior: 9%, região anterior 4,5% e posterior 4,5%.
- membro inferior: 18%, região anterior 9% e posterior 9%.

183
UNIDADE 3 | EMERGÊNCIAS CIRCUNSTANCIAIS EM PRIMEIROS SOCORROS

• Criança
- cabeça: 18%.
- tronco: 36%, região anterior 18% e posterior 18%.
- membro superior: 9%, região anterior 4,5% e posterior 4,5%.
- membro inferior: 14%, região anterior 7% e posterior 7%.

FIGURA 62 – EXEMPLIFICAÇÃO DA “REGRA DOS NOVE”

FONTE: Disponível em: <ebah.com.br>. Acesso em: 26 mar. 2016.

Bergeron et al. (2007), aduz que se pode calcular a extensão da queimadura


em um paciente adulto pelo uso da “regra dos nove”, pois esse método divide a
área da superfície do corpo em porcentagens que, quando totalizadas, chegam a
100%.

A importância de aplicar a “regra dos nove” é para calcular a extensão da


queimadura e decidir o tipo de tratamento, é importante saber que a extensão da
área queimada é muitas vezes, mais importante do que a profundidade da lesão
para determinar a gravidade (BERGERON et al., 2007).

184
TÓPICO 2 | PRIMEIROS SOCORROS EM INCIDENTES EMERGENCIAIS

3.4 COMO PRESTAR SOCORRO


Para Bergeron et al. (2007) o socorrista deverá analisar o percentual da área
corporal lesada utilizando a “regra dos nove”, que permite estimular a superfície
corporal total queimada e proporcionar atendimento adequado.

Deve-se resfriar a parte queimada com água limpa, se possível imergi-


la na água corrente ou se a queimadura for produzida por produtos químicos,
então é necessário retirar imediatamente as roupas impregnadas pela substância,
tomando o cuidado de proteger-se para não se queimar (BERGERON, et al., 2007).

Como já vimos, as queimaduras podem causar infecção e estado de


choque, pela perda de líquidos corporais. Se a vítima sentir sede, o socorrista
pode dar-lhe água, desde que a vítima esteja consciente, para evitar afogamento.

É absolutamente proibido a aplicação sobre queimaduras de qualquer


substância como: pasta de dente, pasta d’água, pomadas, cremes etc, a não ser
que seja curativo estéril (NETO et al., 2002).

Para Neto et al. (2002), quem presta socorro não deve furar as bolhas, não
pode retirar roupas queimadas presas à pele e nem submeter o membro na água
caso as bolhas estejam estouradas. Deve-se cobrir a área com um pano limpo e
encaminhar a vítima ao hospital, a fim de receber atendimento adequado.

Conforme Neto (2002), dependendo da queimadura, existe uma forma


diferente de intervenção, conforme veremos a seguir:

• Queimadura térmica:
- apagar as chamas com um cobertor ou rolar a vítima no chão;
- resfriar a região queimada com água corrente por 15 minutos (nunca
colocar a vítima em lagoas ou águas paradas, o objetivo é de evitar infecção);
- jamais estourar as bolhas;
- cobrir a área queimada com gaze ou panos limpos, umedecendo com
soro fisiológico até o socorro médico chegar;
- não oferecer medicamentos e nem alimentos;
- não usar gelo, spray, óleo, banha, pasta de dente, pomadas ou manteiga
sobre a área queimada.

Santos (2014) também concorda com os demais autores, que para cada
tipo de queimadura, existe um cuidado diferente, conforme descrito abaixo:

• Queimadura química
- quem socorre deve utilizar equipamento de proteção individual (EPI);
- lavar a região com água corrente durante 15 minutos;
- remover roupas se não estiverem aderidas (grudadas) na pele;
- não furar as bolhas;
- tentar a identificação do agente químico;
- esperar ajuda médica.
185
UNIDADE 3 | EMERGÊNCIAS CIRCUNSTANCIAIS EM PRIMEIROS SOCORROS

• Queimadura nos olhos


- lavar os olhos com água corrente durante 15 minutos;
- levar a vítima rapidamente ao hospital;
- cobrir os dois olhos com gazes umedecidas, mesmo que somente um
olho tenha sido atingido.

4 CHOQUE ELÉTRICO

4.1 INFORMAÇÕES GERAIS SOBRE ELETRICIDADE


Para Santos (2014), a eletricidade é a energia que pode fluir sob a forma de
corrente elétrica entre dois pontos; nos condutores esta corrente flui com maior
facilidade como água, metais e seres vivos.

Canetti (2007), avisa que com eletricidade devemos ter sempre o máximo
de cuidado, pensando no perigo e nunca tentando experimentar para ver se está
dando choque ou não.

Para Canetti (2007) a energia elétrica que existe nas residências, escolas,
empresas, clínicas, academias é a de corrente alternada e existe as correntes de
110 e 220 volts, adotadas pelos Estados da Federação.

Bergeron et al. (2007) exemplifica que nos casos de corrente de 220V,


significa que ela passa 200 vezes por segundo no fio do condutor, por esse motivo,
quando alguém leva choque, sente uma sensação de formigamento, em face de a
velocidade ser muito rápida.

A ABRACOPEL (2014) que significa Associação Brasileira de


Conscientização para os Perigos da Eletricidade, é uma entidade que trabalha
com a prevenção de eletricidade, divulgou dados de acidentes com eletricidade
ocorridos em 2013. O número foi de 592 mortes, portanto, uma média de dois
óbitos por dia. Além das mortes, a quantidade de pessoas que receberam choques
elétricos e que deixaram sequelas, foi de 173 casos, totalizando 765 ocorrências de
descarga elétrica.

A faixa etária entre 21 a 30 anos de idade, é a maior incidência de morte


por choque elétrico no Brasil, mas infelizmente, muitas crianças na faixa de 0 a 10
anos morrem devido a acidentes com eletricidade e adolescentes de 11 a 15 anos.
(ABRACOPEL, 2014).

186
TÓPICO 2 | PRIMEIROS SOCORROS EM INCIDENTES EMERGENCIAIS

4.2 EFEITOS NO ORGANISMO


Santos (2014) refere que os efeitos da corrente elétrica sobre o organismo,
pode causar danos leves aos mais graves e divide em três categorias prejudiciais:

- queimaduras: observa-se em geral pontos de entrada e saída da corrente


elétrica, podendo haver lesão de tecidos, especialmente músculos e vasos.

- lesão no coração: resulta na alteração do ritmo cardíaco, ocasionando


aumento da frequência.

- lesões associadas: fraturas devido a espasmos musculares e arremessos


das vítimas.

Neto (2002) também informa que os choques elétricos causam muitos


prejuízos ao organismo, provocando alterações no funcionamento dos sistemas
corporais, levando à parada cardíaca e morte.

Em queimaduras elétricas observam-se dois pontos ou áreas diferenciadas,


sendo uma de entrada, em que aparece uma queimadura profunda e pouco
extensa em forma de buraco e outra de saída, sem forma definida e com aspecto
de explosão. Toda a área e órgãos subjacentes ao trajeto podem estar queimados
e devem ser avaliados sempre (NETO, 2002).

Para INBEP (2015), as causas mais frequentes de a vítima ser acometida


por choque elétrico são:

• Efeitos negativos aos tecidos nervosos: quando uma pessoa leva


um choque elétrico, o corpo recebe uma alta descarga elétrica, ocasionando
queimaduras graves e danos aos tecidos nervosos e sistema respiratório.
Além desses sintomas, pode ocorrer contratura muscular, desmaios e parada
respiratória.

• Alterações na frequência cardíaca: o coração recebe uma sobrecarga


elétrica com a descarga, causando uma desorganização no batimento cardíaco,
podendo ocorrer aceleração ou desaceleração acentuada, chegando até a uma
arritmia ou parada cardíaca.

• Queimaduras graves: pode acontecer de o organismo sofrer desde


queimaduras superficiais e até as mais graves, como a carbonização da derme.

• Efeitos psicológicos: quando o sujeito recebe uma descarga elétrica, ela


atravessa o cérebro, resultando na perda da memória, irritabilidade, alterações do
sono e até alterações de comportamento.

187
UNIDADE 3 | EMERGÊNCIAS CIRCUNSTANCIAIS EM PRIMEIROS SOCORROS

Fernandes (2012), ainda complementa com outros sintomas para o


recebimento de descarga elétrica como: hemorragias internas, luxações e fraturas,
pelo fato de a vítima ser arremessada a distância pelo impacto da corrente.

4.3 COMO SOCORRER


O acidente com choque elétrico é um dos acidentes mais graves que uma
pessoa pode sofrer, pois pode ter lesões causadas diretamente pela passagem
da corrente elétrica. Para isso, é fundamental agir corretamente utilizando os
procedimentos de primeiros socorros.

Causas de morte por descarga elétrica são frequentes, portanto, chamamos


de eletrocussão para esse tipo de sinistro. Podem acontecer também convulsões,
perda dos sentidos prolongada ou não, e queimaduras, portanto, deve-se ter
cuidado na hora de socorrer a vítima, pois tocá-la, pode ser mortal.

UNI

Em caso de choque elétrico, interrompa rapidamente a fonte de energia, antes


de tocar na pessoa. Não seja você a próxima vítima!

Para Junior e Sarquis (2004) deve-se ter alguns cuidados para socorrer a
vítima que sofreu choque elétrico:

- interromper o circuito, se a vítima estiver presa à corrente elétrica;


- a pessoa que irá socorrer deverá ficar sobre uma tábua seca, cadeira de
madeira, papéis, borracha, roupas secas ou cordas secas;

FIGURA 63 - REPRESENTAÇÃO DE COMO SOCORRER UMA


VÍTIMA QUE SOFREU CHOQUE ELÉTRICO

FONTE: Disponível em: <revistavivasaude.uol.com.br>. Acesso


em: 26 maar. 2016.
188
TÓPICO 2 | PRIMEIROS SOCORROS EM INCIDENTES EMERGENCIAIS

- separe a vítima com um pau comprido e seco, passando por baixo da


vítima ou do fio;

FIGURA 64 - REPRESENTAÇÃO DA ATUAÇÃO DE UM


SOCORRISTA, DIANTE DE UMA VÍTIMA QUE ESTÁ RECEBENDO
CHOQUE ELÉTRICO

FONTE: Disponível em: <revistavivasaude.uol.com.br>. Acesso


em: 26 mar. 2016.

- deixe a vítima com a cabeça mais baixa que o corpo;


- verificar sinais vitais;
- proceder à reanimação caso não tenha respiração e nem pulso;
- mantenha a vítima em repouso;
- encaminhar a vítima para o hospital.

Cuidar com choque elétrico vale para qualquer pessoa, as crianças são
alvo fácil em escolas, por esse motivo, adotar um sistema de segurança para
as tomadas é importante. Com relação às academias, clubes e universidades, é
necessário evitar contato com eletricidade, pois haverá um técnico responsável
para esse serviço.

A demora em prestar socorro poderá acarretar sérios problemas ao


indivíduo, podemos pensar que a pessoa que leva um choque pode ficar presa
à corrente elétrica, portanto, saber atuar imediatamente é importante para
a sobrevida da vítima e a continuidade da vida de quem a atende, pois, um
atendimento equivocado pode levar a óbito de ambas as pessoas.

189
RESUMO DO TÓPICO 2

Que ótimo você ter chegado até aqui com empenho e determinação,
dessa forma, ao final deste tópico de estudos, você é capaz de compreender:

• O conceito de curativo e bandagem.

• Quais são os cuidados para aplicação da bandagem.

• Quais são os tipos de curativo para cada ferimento.

• A identificação das camadas da pele.

• A classificação das queimaduras.

• A atuação correta com a vítima que sofreu queimadura.

• Quais são os efeitos que o choque elétrico pode causar no organismo.

190
AUTOATIVIDADE

1 Explique a diferença entre curativo e bandagem.

2 Qual é o principal cuidado que se deve ter com a bandagem?

3 Cite e explique a classificação das queimaduras.

4 Qual é o nome do método, que é utilizado para calcular a extensão da


queimadura em um paciente adulto?

5 Cite quatro efeitos que o choque elétrico pode causar no organismo da


vítima.

191
192
UNIDADE 3
TÓPICO 3

EMERGÊNCIAS NO AMBIENTE EXTRA HOSPITALAR

1 INTRODUÇÃO
Você, futuro professor de educação física, deve saber que no seu dia a dia,
não encontrará somente acidentes voltados às fraturas, luxações e escoriações,
mas irá se deparar com outros tipos de acidentes, que são tão graves quanto
determinados incidentes que habitualmente acontecem.

Esses acidentes que acontecem intencionalmente, ou que são negligenciados


porque não caracterizam gravidade, podem ser tão fatais quanto aqueles que são
de risco imediato. Você nessas alturas, já consegue compreender que um bom
atendimento com agilidade e segurança, são essenciais para o sucesso de quem
está em perigo de vida.

Sabemos que os acidentes não acontecem quando queremos, muito pelo


contrário, eles são inerentes à nossa vontade. É bom quebrar o tabu que todo
acidente é grave, pois nem sempre implicará lesões à vítima.

As modalidades que exigem uma necessidade física maior do aparelho


cardiovascular devem ser cuidadosamente observadas, principalmente no que
diz respeito aos sinais e sintomas de possíveis complicações.

Assim, sabendo que o professor de educação física necessita de


conhecimentos técnico-científicos, para oferecer atendimento de emergência,
em virtude de manifestações ocorridas durante a prática, vamos estudar alguns
acidentes que devem ser dados atenção máxima quando ocorrem, por outro lado,
alguns deles podem ser evitados, como veremos a seguir.

Vamos em busca do conhecimento, prezado(a) acadêmico(a), pois só


crescemos quando encontramos essência de vida, perfume para exalar e com
esse odor, podemos fazer a diferença para muitas pessoas, através do nosso
conhecimento. Você, futuro profissional, terá na bagagem, competência e
capacidade para atuar brilhantemente, ensinando, ajudando e conduzindo seus
alunos para a construção do saber.

193
UNIDADE 3 | EMERGÊNCIAS CIRCUNSTANCIAIS EM PRIMEIROS SOCORROS

2 OBSTRUÇÃO DAS VIAS AÉREAS

2.1 CONCEITO E SINAIS DE ASFIXIA


Pense na seguinte situação, um grupo de jovens está jogando futebol e em
meio às substituições, um dos jogadores corre para fora do campo em pânico e
segurando a garganta, o que você acha que está acontecendo?

Segurar a mão na garganta é um sinal universal de asfixia, indicando que


existe algo de errado e que alguém precisa prestar os primeiros socorros e se
necessário, o atendimento de urgência móvel deve ser contatado.

A respiração é uma das funções vitais à vida, é através dela que o organismo
recebe oxigênio, suprimento essencial ao corpo, fazendo a manutenção da vida
do indivíduo.

Segundo Neto (2002), a obstrução das vias aéreas superiores, por corpos
estranhos como: insetos, grãos, sementes ou demais objetos, é uma das causas de
morte em adultos e especialmente em crianças. Afinal de contas, você já deve ter
ouvido que determinada criança foi cheirar feijão ou arroz e os grãos pararam
dentro do nariz.

A obstrução é conhecida por engasgamento ou sufocamento e pode ser


classificada em obstrução total ou parcial das vias aéreas, provocada pela presença
de um corpo estranho. A atuação de um socorrista é de fundamental importância
para a continuidade da vida de quem está sofrendo o mal súbito (NETO, 2002).

Junior e Sarquis (2004) diferenciam a obstrução total da obstrução parcial,


na primeira situação, a vítima não consegue tossir, falar ou respirar, aparecendo
palidez na boca e nos dedos e ausência dos movimentos torácicos. Já na obstrução
parcial, pode aparecer desconforto respiratório, associado à tosse, náusea ou
chiado.

2.2 COMO SOCORRER


Já percebemos que o engasgamento gera asfixia, que pode levar o
indivíduo a óbito, pois se a obstrução for total, impedirá a entrada de oxigênio,
sendo fatal à vítima, por isso, o socorro deve ser imediato.

Junior e Sarquis (2004) corroboram nesse sentido, quando afirmam que


na obstrução total a vítima não consegue se comunicar, gerando à pele uma cor
cinza azulada e se o atendimento não for imediato, a vítima morrerá.

Conforme Flegel (2010), assim que for identificado que a vítima está
asfixiada, deve-se prestar atendimento rapidamente, da seguinte forma:

194
TÓPICO 3 | EMERGÊNCIAS NO AMBIENTE EXTRA HOSPITALAR

• Pergunte se a pessoa está bem, mesmo se houver uma resposta positiva,


verifique se ela está com dificuldade para respirar, pois pode estar com uma via
aérea parcialmente obstruída.

• Incentive-a a tossir.

• Observe a vítima até que o objeto desobstrua as vias aéreas. Se a


respiração não for restabelecida, deve-se fazer a manobra de Heimlich, que
veremos a seguir.

• Se mesmo com todos esses cuidados, as vias aéreas não foram


desobstruídas, é necessário encaminhar a vítima ao hospital.

DICAS

Não bata nas costas da vítima, se as vias aéreas estiverem parcialmente


obstruídas, pois poderá deslocar o objeto e fazer com que este obstrua totalmente as vias
aéreas.

Neto (2002), ainda, complementa algumas informações importantes na


hora do atendimento à vítima, como:

• Realizar o posicionamento correto, de modo que aconteça uma leve


inclinação da cabeça e elevação do queixo.

• Colocar uma das mãos na testa da vítima e aplicar pressão firme para
trás, pendendo a cabeça contra o chão, essa manobra se chama hiperextensão.

• Deve-se realizar uma investigação rápida dentro da boca, para descobrir


qual objeto está impedindo a passagem de ar, para então realizar a manobra de
Heimlich.

195
UNIDADE 3 | EMERGÊNCIAS CIRCUNSTANCIAIS EM PRIMEIROS SOCORROS

FIGURA 65 – REPRESENTAÇÃO DE HIPEREXTENSÃO DO


PESCOÇO

FONTE: Disponível em: <www.lifesaers.com.br>. Acesso em: 10


ago. 2018.

Flegel (2010) ainda alerta que se a vítima estiver inconsciente, ela deverá
ser posicionada em decúbito dorsal, sobre uma superfície dura e firme, com as
pernas estendidas, a cabeça não pode ficar mais alta que os pés, a fim de não
prejudicar o fluxo sanguíneo cerebral.

Se o corpo estranho for localizado e o acesso for relativamente fácil para


ser retirado, remova-o com o dedo indicador “em gancho”, caso o conteúdo seja
líquido, enrole gaze nos dedos indicador e médio.

2.3 CAUSAS PARA OBSTRUÇÃO DAS VIAS AÉREAS


Conforme Santos (2014), vários fatores podem causar obstrução das vias
aéreas parcial ou total, como, por exemplo, quando a vítima cai desacordada, pois
existe um relaxamento total da musculatura. Assim, a base da língua retrocede e
bloqueia a passagem do ar. Este acontecimento é devido à posição flexionada da
cabeça, por isso, jamais devemos colocar um travesseiro para apoiar a cabeça de
uma pessoa inconsciente.

Para Flegel (2010) a epiglote também pode ser um motivo para a obstrução
das vias aéreas, pois ela pode inchar por alguns motivos como: reação alérgica,
inalação de gases aquecidos e inflamações, ocasionando asfixia total ou parcial.

Junior e Sarquis (2004) também relatam que corpos estranhos podem


causar engasgamento, como exemplo podemos citar as substâncias líquidas,
sólidas ou pastosas, dentes, próteses, entre outros.

Fernandes (2012) afirma que a obstrução por corpos estranhos pode


provocar a perda de consciência e parada cardiopulmonar. Pesquisas indicam
que o incidente é frequente durante as refeições, mas há outras causas como:
saliva, bala e sangue, já em bebês é comum acontecer pelo leite regurgitado.

196
TÓPICO 3 | EMERGÊNCIAS NO AMBIENTE EXTRA HOSPITALAR

Talvez você já tenha ouvido que durante a asfixia, a vítima engoliu a


língua. Entretanto, é impossível tal fato acontecer, por isso é proibido tracionar,
puxar a língua com objetos como alicate, pinça ou com os próprios dedos, pois
você poderá prejudicar ainda mais o quadro em que a vítima se encontra, além
de ter seus dedos cortados, pela mordedura inconsciente que a vítima pode
apresentar.

2.4 MANOBRA DE HEIMLICH


Quando a vítima está consciente e sem conseguir respirar, é necessário
realizar técnicas de compressões abdominais, que conforme Santos (2014), surgiu
na década de 70 e utiliza compressões para forçar o ar a sair dos pulmões e assim
empurrar o objeto que está obstruindo a passagem do ar.

Conforme Santos (2014), para realizar esta manobra é necessário seguir a


seguinte técnica:

- posicionar-se atrás da vítima;


- colocar o seu pé entre os pés da vítima;
- passar os braços por baixo das axilas da vítima e em volta da cintura,
exatamente abaixo do umbigo;
- fechar a mão e colocar o indicador e o polegar sobre o umbigo da vítima;
- segurar a mão fechada com a outra mão;
- comprimir o abdômen com movimentos rápidos para trás e para cima,
como se estivesse escrevendo a letra “J”.

FIGURA 66 – DEMONSTRAÇÃO DA MANOBRA DE HEIMLICH

FONTE: Disponível em: <www.mulpix.com>. Acesso em: 26 mar. 2016.

197
UNIDADE 3 | EMERGÊNCIAS CIRCUNSTANCIAIS EM PRIMEIROS SOCORROS

Para Neto (2002), se a vítima conseguir falar ou tossir, a manobra de


Heimlich necessita ser finalizada e imediatamente deve-se incentivar a vítima a
tossir. Caso contrário, continue com as compressões, uma de cada vez, até que o
objeto seja desalojado.

No caso de vítimas obesas ou gestantes no último trimestre, a compressão


deverá ser realizada no osso esterno, na mesma posição em que se realiza a
ressuscitação cardiopulmonar, conforme indicado na figura a seguir. (NETO,
2002).

FIGURA 67 – MANOBRA DE HEIMLICH EM GESTANTES

FONTE: Disponível em: <www.emaze.com>. Acesso em: 26 mar.


2016.

Santos (2014) alerta que em bebês não deve ser feito esta manobra e sim
aplicar cinco palmadas (compressões torácicas) nas costas, até que o bebê tussa ou
retorne a consciência. Abra a boca da criança, visualize e tente remover qualquer
objeto estranho se for possível.

FIGURA 68 – MANOBRA PARA DESOBSTRUÇÃO DAS VIAS


AÉREAS EM BEBÊS

FONTE: Disponível em: <http://doutissima.com.br/2013/05/23/


o-que-fazer-em-caso-de-engasgamento>. Acesso em: 26 mar.
2016.

198
TÓPICO 3 | EMERGÊNCIAS NO AMBIENTE EXTRA HOSPITALAR

3 DESMAIO

3.1 CONCEITO
Você estudante, que logo será um professor de educação física, fique
atento aos alunos que estão fazendo alguma atividade física, pois em repouso
podem se sentir bem, porém, durante ou após o exercício, podem sofrer de
síncope do exercício.

Segundo Ribeiro (2002), desmaio é conhecido por síncope, é uma perda


momentânea da consciência, que geralmente não dura mais que alguns minutos e
que pode ser uma reação à dor, medo, exaustão, falta de alimentação, entretanto,
o restabelecimento da vítima normalmente é rápido.

Para Santos (2014) desmaio consiste na perda transitória da consciência
e do tônus muscular, fazendo com que a vítima caia, os sintomas acontecem em
função da falta de oxigênio circulante no sangue.

Conforme Fernandes (2012), o termo desmaio é conceituado como uma


perda temporária e súbita da consciência, em consequência da diminuição de
sangue, açúcar e oxigênio no cérebro, que faz com que a vítima caia.

Neto (2002) também concorda com as definições dos demais colegas no


sentido de ser uma reação do sistema nervoso, que tem como resultado uma
diminuição temporária do abastecimento de sangue ao cérebro e que pode ser
desencadeado por fortes emoções.

Desmaio ainda pode ser conceituado como um mal-estar súbito, causado
pela falta de oxigênio circulante no cérebro, ocasionando a queda da vítima.
O desmaio normalmente ocorre de modo passageiro, mas, apesar de ser uma
consequência da falta de oxigenação, sua causa deve ser investigada.

3.2 CAUSAS DO DESMAIO

Para Ribeiro (2002), uma das causas de desmaio pode ser em função de
acidente de trânsito, pois o acidentado normalmente permanece tenso e muito
nervoso durante a situação adversa e, dessa forma, pode haver um desmaio
rápido e momentâneo.

Segundo Fernandes (2012), o motivo de uma pessoa desmaiar, pode estar


relacionado com:

199
UNIDADE 3 | EMERGÊNCIAS CIRCUNSTANCIAIS EM PRIMEIROS SOCORROS

- emoções fortes;
- susto;
- cansaço;
- mudança brusca de posição;
- excesso de sol;
- ambientes fechados e quentes;
- falta de alimentação;
- acidentes;
- infarto do miocárdio.

Para Santos (2014) o desmaio pode ser causado por vários fatores, como
subnutrição, cansaço físico e mental, exposição prolongada ao calor, estresse,
privação do sono, queda da pressão arterial e permanência por longo período em
pé.

O desmaio ainda pode ser provocado por nervosismo, angústia e emoções


fortes, além de ser proveniente de alguns tipos de doenças, situações estas que
diminuem a oxigenação cerebral. (SANTOS, 2014)

A quantidade de sangue circulante também pode diminuir em função


de desidratação, em decorrência de problemas como diarreia, vômito, sudorese,
aumento do volume urinário, entre outros. Sendo que o desmaio causado pela
micção (xixi) em excesso, é particularmente comum nos idosos.

3.3 SINAIS E SINTOMAS


Identificar que uma pessoa não está bem durante a atividade física não é
tão difícil assim, normalmente, ela indica, refere ou dá indícios que tem alguma
instabilidade no organismo, através de sinais e sintomas, os quais estudaremos
a seguir.

Conforme Fernandes (2012), os sinais mais frequentes que antecedem ao


desmaio são: fraqueza, falta de ar, zumbido nos ouvidos, náuseas, palidez, suor,
frio, escurecimento da vista, falta de controle dos músculos e a posterior queda,
com perda dos sentidos.

Santos (2014) também indica que há alguns sinais que podem ser observados
atentamente, com o objetivo de auxiliar o indivíduo, que provavelmente terá uma
síncope, eles são: tontura, vertigem, sensação de mal-estar, náuseas, pele fria,
fraqueza e tremores.

Você poderá identificar se uma pessoa irá desmaiar, deve certificar-se


dos seguintes sintomas: palidez, corpo amolecido, falta de força, frio e tontura.
Geralmente quando a vítima apresenta esses sintomas será um sinal de aviso,
sendo que a situação do desmaio poderá ser evitada, conforme veremos abaixo.

200
TÓPICO 3 | EMERGÊNCIAS NO AMBIENTE EXTRA HOSPITALAR

O desmaio não pode ser considerado apenas um evento simples e


momentâneo, ele deve ser considerado um sinal de alguma causa patológica, que
deve ser criteriosamente investigada por um médico.

3.4 COMO SOCORRER


Para Fernandes (2012), as medidas de socorro, caso as vítimas estejam
prestes a desmaiar são:

- colocá-la sentada, com a cabeça baixa entre as coxas e pressioná-la para


baixo;
- oferecer líquidos à vítima, se ela tiver condições de engolir;
- molhar a testa com água fria.

FIGURA 69 – POSIÇÃO CORRETA PARA EVITAR DESMAIO

FONTE: Disponível em: <https://www.ultracurioso.com.br/wp-


content/uploads/2015/06/sem-tc3adtulo.png>. Acesso em: 10
ago. 2018.

Ainda para o mesmo autor, caso o socorrista perceba que a vítima esteja
desmaiada, as medidas de ajuda devem ser:

- manter a vítima deitada, colocando sua cabeça e seus ombros em posição


mais baixa do que o resto do corpo;
- afrouxar as roupas;
- manter a vítima aquecida;
- manter o ambiente arejado;
- encaminhá-la ao hospital.

201
UNIDADE 3 | EMERGÊNCIAS CIRCUNSTANCIAIS EM PRIMEIROS SOCORROS

Conforme Santos (2014), para facilitar o retorno da circulação periférica


mais rápido, a vítima deve ser mantida na posição deitada e sempre verificado se
há algum objeto na boca que possa atrapalhar a respiração (bala, chiclete, prótese,
entre outros), pois se houver, necessita ser retirado.

Jamais deve ser provocada a estimulação da vítima com odores como:


álcool, éter, gasolina, acetona e perfume, pois se a pessoa for alérgica, poderá
apresentar reações adversas, portanto, deve-se evitar estímulos dolorosos, como
tapa ou beliscões (BERGERON et al., 2007).

Santos (2014) dispõe de algumas formas de socorrer a vítima que sofreu


desmaio, oferecendo ajuda da seguinte maneira:

- mantenha a vítima em posição em decúbito dorsal ou com as pernas


elevadas;
- libere as vias aéreas superiores;
- monitore os sinais vitais;
- mantenha o ambiente ventilado;
- afrouxe as roupas da vítima;
- não permita aglomeração de pessoas curiosas;
- hiperventile (sacuda um jornal ou uma revista, com objetivo de produzir
vento).

FIGURA 70 – HIPERVENTILAÇÃO EM CASO DE DESMAIO

FONTE: Disponível em: <http://www.tuasaude.com/o-que-fazer-se-a-crianca-


desmaiar/>. Acesso em: 28 mar. 2016.

202
TÓPICO 3 | EMERGÊNCIAS NO AMBIENTE EXTRA HOSPITALAR

Agora que sabemos como ocorrem os desmaios e a maneira de atuar


diante desse fato, podemos até impedir que a vítima caia, para evitar fraturas,
escoriações e outros infortúnios, assim, o ideal é deixá-la em decúbito dorsal, ou
de barriga para cima elevando as pernas, verificar os sinais vitais constantemente
e se ela não acordar em alguns minutos, deve-se chamar o socorro.

4 INSOLAÇÃO

4.1 CONCEITO
Para Gonçalves (2007), a insolação é também chamada de intermação,
considerada um acidente caracterizado por febre remitente (em que a temperatura
sobe e baixa em determinados períodos do dia) por exposição aos raios solares.

É interessante destacar que os ambientes em que a temperatura está


muito elevada, a ponto de exceder o controle do corpo, são propícios para causar
insolação no indivíduo, como alguns estádios desportivos, em horário de jogo
(GONÇALVES, 2007).

Semelhante à insolação, a exaustão térmica decorre da prática de


exercícios físicos em dias quentes e úmidos. Nesses dias, a perda de sais e água
pelo suor, faz com que a pessoa sofra de cãibras, caracterizadas por contrações
involuntárias e dolorosas na musculatura, mais comumente no abdômen e nos
membros inferiores (RIBEIRO, 2002).

Segundo Bergeron et al. (2007), a exposição a ambientes quentes e úmidos


pode causar a produção de muito calor, provocando um anormal aumento da
temperatura corporal conhecida por hipertermia e dependendo do local onde a
pessoa está, pode ocasionar a morte.

A transpiração é um dos meios utilizados pelo corpo para se livrar


do excesso do calor. Num dia muito quente por exemplo, em que você esteja
praticando alguma atividade física, é capaz de seu organismo perder mais de um
litro de suor por hora.

O suor normalmente é evaporado pelo vento ou brisa e então a temperatura


corporal diminui, o problema é quando o calor ocorre em dias úmidos, pois o
suor não evapora e consequentemente o calor não diminui.

203
UNIDADE 3 | EMERGÊNCIAS CIRCUNSTANCIAIS EM PRIMEIROS SOCORROS

4.2 SINAIS E SINTOMAS


Conforme Bergeron et al. (2007), normalmente, uma pessoa com quadro de
exaustão pelo calor, apresenta pele úmida, pálida, quente ou fria, esses sintomas
são comuns com praticantes de atividade física, que permanecem muito tempo
ao sol.

Assim, o sistema circulatório do paciente começa a falhar porque há perda


dos fluidos e sais. Durante esse processo, conhecido como exaustão térmica, o
indivíduo transpira abundantemente e bebe grande quantidade de água também
(BERGERON, et al., 2007).

Segundo Gonçalves (2007), pode ocorrer hipertermia, ou seja, febre acima


de 40 graus centígrados, além de ocasionar lesão no cérebro, ou até mesmo a
morte. Outros sintomas evidentes são: pele vermelha e quente, ausência de
sudorese (suor), confusão ou perda da consciência, desmaios e convulsões.

Fernandes (2012) destaca outros sintomas como: enjoo, cefaleia (dor de


cabeça), pele seca e quente, rosto avermelhado, febre alta, pulso rápido, tonturas,
vômito, boca seca, fadiga (cansaço), fraqueza e respiração difícil.

Junior e Sarquis (2004), também informam alguns sinais típicos de
insolação como: respiração profunda, seguida de respirações superficiais; pulso
rápido e forte, seguido de um pulso rápido e fraco; pupilas dilatadas; perda de
consciência, convulsões e tremores musculares também podem aparecer.

204
TÓPICO 3 | EMERGÊNCIAS NO AMBIENTE EXTRA HOSPITALAR

FIGURA 71 – EFEITOS DO CALOR NO CORPO

FONTE: Disponível em: <http://www.atribuna.com.br/noticias/noticias-detalhe/cidades/calor-


pode-ser-prejudicial-veja-sinais-que-o-corpo-da-quando-algo-nao-vai-bem>. Acesso em: 28
mar. 2016.

4.3 COMO SOCORRER


Conforme Santos (2014), os sintomas decorrentes pelo calor são variados,
mas podem levar a vítima a cair abruptamente e permanecer desacordada, por
isso é importante saber como atuar de maneira correta, proporcionando segurança
à vítima, objetivando o restabelecimento de sua saúde.

Santos (2014) informa que é importante saber que alguns fatores colaboram
para o surgimento da insolação, portanto, devemos de uma maneira objetiva
conhecê-los, a fim de socorrer a vítima:

205
UNIDADE 3 | EMERGÊNCIAS CIRCUNSTANCIAIS EM PRIMEIROS SOCORROS

- umidade: quanto maior a umidade relativa do ar mais difícil será a


evaporação cutânea.
- ventilação: sem ventilação, o resfriamento é difícil de ocorrer e podem
acontecer acidentes.
- condições físicas: movimentação em excesso, aumenta a produção
de calor pelo organismo, enquanto que o cansaço aumenta a fadiga muscular,
gerando substâncias tóxicas nos tecidos. A associação de ambos predispõe ao
acidente.
- alimentação excessiva, aumenta também a produção de calor corporal.

Portanto, diante dessa rápida revisão referente aos motivos que fazem a
pessoa desmaiar, estudaremos como atuar para ajudar eficientemente a vítima
proporcionando restabelecimento do seu bem-estar.

Conforme Santos (2014), deve-se:

- manter a pessoa em local arejado;


- colocar a pessoa em decúbito dorsal;
- afrouxar as roupas;
- verificar sinais vitais;
- baixar a temperatura corporal utilizando compressas de água em
temperatura ambiente;

UNI

A vítima com insolação deve ser hidratada para repor a falta de água, porém,
jamais se deve oferecer bebida alcoólica.

Fernandes (2012) complementa a informação com outros cuidados


importantes:

- afastar a vítima da fonte de calor;


- envolver a vítima com toalhas úmidas e molhá-las quando secarem;
- fazer compressas de água fria nas axilas, pulsos, testa e tornozelos;
- monitorar a temperatura corporal para não exagerar no resfriamento.

206
TÓPICO 3 | EMERGÊNCIAS NO AMBIENTE EXTRA HOSPITALAR

5 INTOXICAÇÃO

5.1 CONCEITO
Imagine que você na sua vida profissional, trabalhe com crianças,
então você consegue entender que elas são uma caixinha de surpresas, sempre
aprontando e surpreendendo com novidades, tanto positivas, quanto negativas.

A intoxicação é muito comum em crianças e idosos, claro que os adultos


não estão livres dela, portanto, vamos estudar sobre esse assunto, pois a vítima
desse mal, deve ser atendida prontamente, pois cada minuto sem atendimento,
significa um minuto a mais em direção a graves complicações e até mesmo a
morte.

FIGURA 72 – REPRESENTAÇÃO DE UMA CRIANÇA INGERINDO


SUBSTÂNCIA TÓXICA

FONTE: Disponível em: <http://isorujices.com/cuidados/aumenta-


numero-de-intoxicacao-em-criancas-nas-ferias-confira-dicas-para-
prevenir-o-mal>. Acesso em: 28 mar. 2016.

Conforme Neto (2002), envenenamento é sinônimo de intoxicação, sendo


definido como o contato do organismo humano com substância tóxica, por via
inalatória, oral, injetável ou dérmica, causando transtornos desagradáveis à
pessoa.

Para Gonçalves (2007) veneno é uma substância que se entrar em contato


com o organismo, certamente causará transtornos que perturbam e lesionam a
saúde, podendo ser fatais.

207
UNIDADE 3 | EMERGÊNCIAS CIRCUNSTANCIAIS EM PRIMEIROS SOCORROS

Os venenos quando inalados por qualquer via, são absorvidos e as toxinas


entram diretamente em contato com a corrente sanguínea, causando sintomas
desagradáveis à vítima. As toxinas que normalmente causam acidente são:
medicamentos, inseticidas, fumaça de incêndio e alimentos estragados.

Ramos (2008) corrobora que o envenenamento pode ser causado pela


ingestão de alimentos deteriorados por vírus ou bactérias, os quais podem causar
desde diarreia, até lesões em órgãos internos.

5.2 SINAIS E SINTOMAS


As consequências do envenenamento no organismo variam em função do
tipo de veneno ou da toxina e dos órgãos atingidos, podendo ir de uma simples
indisposição, até casos graves, que exigem internamento hospitalar (RAMOS,
2008).

É importante observar quais informações que a vítima pode oferecer,


ou verificar se há algum frasco que indique o tipo de substância ingerida, ou
até mesmo se há queimaduras nos lábios e língua, a fim de auxiliar a repassar
informações quando a equipe médica chegar.

Conforme Santos (2014), o socorrista ao avaliar a cena de emergência, pode


suspeitar de intoxicação ao perceber recipientes no local, líquidos derramados,
comprimidos, substâncias venenosas, cheiro forte no local, nas roupas e na vítima.

UNI

“Todas as substâncias são venenos; não existe uma que não seja veneno. A
dose certa diferencia um veneno de um remédio” (SOUZA, 2016).

Para Bergeron et al. (2007), os sinais e os sintomas de envenenamento por


ingestão podem ser identificados durante a avaliação do paciente. Eles podem
incluir qualquer um ou todos que veremos a seguir:

- queimadura ou manchas ao redor da boca do paciente;


- odores incomuns da respiração, no corpo, nas roupas do paciente ou no
ambiente;

208
TÓPICO 3 | EMERGÊNCIAS NO AMBIENTE EXTRA HOSPITALAR

- respiração anormal;
- pulsação com frequência e características anormais;
- sudorese;
- pupilas dilatadas ou contraídas;
- produção excessiva de saliva ou presença de espuma na boca;
- dores na garganta ou na boca ou deglutição dolorosa;
- dor abdominal;
- mal-estar gástrico ou náusea, vômito, diarreia;
- convulsões;
- estado alterado da consciência, inclusive inconsciência.

Conforme Fernandes (2012), embora possa ser fatal, a maioria dos casos
de intoxicação poderá ser tratada com sucesso, os sinais e sintomas mais comuns
de envenenamentos são: alterações do hálito, dor abdominal intensa, mudança da
cor dos lábios e língua, náusea e vômitos, dores de cabeça e perda da consciência,
entre outros.

FIGURA 73– SINTOMAS DE INTOXICAÇÃO ALIMENTAR

FONTE: Disponível em: <http://www.tuasaude.com/sintomas-da-intoxicacao-alimentar/>.


Acesso em: 30 mar. 2016.

209
UNIDADE 3 | EMERGÊNCIAS CIRCUNSTANCIAIS EM PRIMEIROS SOCORROS

Em caso de intoxicação alimentar, normalmente, a pessoa necessita ir


algumas vezes ao banheiro por apresentar episódios de diarreia, que podem
estar acompanhadas de vômito. Caso a diarreia persista após 48 horas, então é
necessário procurar auxílio médico.

5.3 O QUE FAZER


Você já deve ter ouvido várias sugestões de líquidos ou procedimentos
para oferecer à vítima, como: leite, água, coca cola, deitar a pessoa de barriga para
baixo com a cabeça para o lado, entre outras inúmeras maneiras para reverter o
quadro crítico. Acontece que nenhuma dessas maneiras é a melhor opção.

Deve-se providenciar socorro médico urgente, o que pode ser feito é


descobrir nesse meio tempo, a substância que foi absorvida, porque o tratamento
vai depender da substância ingerida.

Enquanto se aguarda a chegada da ambulância, deve-se solicitar orientação


por telefone para o Centro de Intoxicação (CCI) de sua cidade ou faça uma ligação
gratuita para o CCI de São Paulo pelo telefone 0800-7713733 (MORAES, 2015).

Bergeron et al. (2007) informa que no provável caso de envenenamento


por ingestão de alguma substância, você deverá fazer um levantamento do
histórico enquanto faz o exame físico, por exemplo: verificar se há vômito, se há
substâncias na roupa, pois pode ser associada a algum tipo específico de veneno/
substância.

DICAS

É proibido induzir o vômito em caso de envenenamento, pois pode causar um


desgaste desnecessário no trato digestivo da vítima e não irá resolver o problema. Em casos
de produtos corrosivos como ácidos e bases ou derivados de petróleo, vomitar irá piorar a
situação da vítima.

Nos casos de envenenamento por ingestão, esteja ciente quanto à limitação


dos cuidados de emergência. Alguns venenos matam imediatamente, sendo que
certos pacientes só poderão ser ajudados por meio de antídotos específicos e
infelizmente há venenos que não possuem antídoto (SANTOS, 2014).

210
TÓPICO 3 | EMERGÊNCIAS NO AMBIENTE EXTRA HOSPITALAR

Se a pele for atingida, lave muito bem com água corrente ou soro
fisiológico, a fim de retirar todos os resíduos, evitando assim que a substância
continue agindo e danificando a pele.

Alguns riscos usuais podem ocorrer para quem está socorrendo a vítima,
caso haja parada respiratória, não se deve fazer respiração boca a boca sem a
máscara facial, pois caso a vítima tenha ingerido alta dose de veneno, como
arsênico ou cianeto, os resíduos podem permanecer nos lábios da vítima, existindo
a possibilidade de o socorrista se tornar uma vítima também.

211
UNIDADE 3 | EMERGÊNCIAS CIRCUNSTANCIAIS EM PRIMEIROS SOCORROS

LEITURA COMPLEMENTAR

EDUCAÇÃO EM SAÚDE SOBRE PRIMEIROS SOCORROS A PARTIR DOS


SABERES DOS PROFESSORES

Rosane Teresinha Fontana e Silvia Adriana Pellat dos Santos

A educação infantil é a primeira etapa de educação básica, sendo oferecida


em creches e pré-escolas públicas ou privadas, as quais têm a finalidade de
educar e cuidar de crianças de 0 a 5 anos de idade (BRASIL, 2010). No ambiente
da educação infantil circulam crianças de diferentes etapas do desenvolvimento;
cada etapa com suas peculiaridades e sobre as quais a ocorrência de acidentes é
comum. O acidente é compreendido como um evento não intencional, que poderá
causar lesões físicas e/ou emocionais no âmbito doméstico ou em outros espaços
sociais (BRASIL, 2001).

As especificidades dos acidentes variam de acordo com a idade. De zero


a um ano as quedas, asfixia, sufocação, aspiração, intoxicação e queimaduras
prevalecem; na faixa etária de dois a quatro anos quedas, asfixia, sufocação,
afogamento, intoxicação, choques elétricos e traumas são os grandes vilões.
Dos cinco aos nove anos as quedas, os atropelamentos, queimaduras, traumas,
afogamento, choques elétricos e as intoxicações são mais frequentes e dos 10 aos
19 anos as quedas, atropelamentos, afogamentos, choques elétricos, intoxicações
e os traumas são os grandes responsáveis pelos acidentes (MACIEL, 2010).

A maioria dos óbitos de crianças, ocorridas no ambiente escolar, pode ser


atribuída por asfixia devido à broncoaspiração, expressão usada à introdução de
algum objeto, alimento ou substância nas vias aéreas superiores (MARANHÃO,
2011). Nas crianças pequenas, brinquedos, botões, moedas e outros objetos são
comumente aspirados, além de alimentos. A obstrução poderá estar ocluída
parcialmente ou completa, causando asfixia, hipóxia e pode evoluir para a
morte. Por este motivo, é considerada uma emergência com risco de vida
(SMELTZER e BARE, 2010) Dados do sistema Nacional de informações tóxico-
farmacológicas (SINITOX) demonstram que, no Brasil, dos casos registrados em
2009, de intoxicação por agente tóxico em crianças na faixa etária de um a quatro
anos, 7.200 intoxicações foram por medicamentos. Os produtos químicos foram
responsáveis por 1.895 casos. Houve 31 óbitos registrados nesta faixa etária por
diferentes agentes tóxicos, sendo predominantes os óbitos no sexo masculino
(BRASIL, 2009).

Vale ressaltar que o Estatuto da Criança e do Adolescente, enfatiza que


a criança deve receber proteção e socorro em qualquer circunstância (BRASIL,
1990). A construção de playgrounds, pisos que diminuem o impacto, tomadas
elétricas altas, entre outras medidas educativas de prevenção de acidentes devem
ser incentivadas. Da mesma forma, devem ser desenvolvidos programas de
educação em saúde de acordo com a realidade social da comunidade, envolvendo

212
TÓPICO 3 | EMERGÊNCIAS NO AMBIENTE EXTRA HOSPITALAR

a criança, a família, os profissionais das diversas áreas, as associações e a sociedade


em geral, em especial, a profissionais que trabalham com crianças (MARTINS,
2006).

Sendo assim, o professor que ocupa um papel social expressivo, precisa,


junto a familiares e profissionais de saúde, assumir a responsabilidade sobre a
proteção e a preservação da vida da criança sob seus cuidados e atentar para o
bem-estar desses pequenos sujeitos (BRASIL, 2010). Diante desses pressupostos,
compreende-se a necessidade de instrumentalizar e educar o professor para o
cuidado e preservação da vida, objetivo básico dos primeiros socorros diante de
situações de urgência e emergência.

FONTE: Revista Eletrônica de Extensão da URI ISSN 1809-1636 Vivências. Vol. 10, N.18: p. 133-
146, Maio/2014. Disponível em: <http://www.reitoria.uri.br>. Acesso em: 21 mar. 2016.

213
RESUMO DO TÓPICO 3

Parabéns, você chegou no final deste tópico e desta unidade com


sucesso, ampliando seus conhecimentos para que no futuro, possa utilizá-los
com segurança, portanto, você é capaz de:

• A obstrução das vias aéreas é conhecida por engasgamento ou sufocamento e


pode ser classificada em obstrução total ou parcial das vias aéreas, provocada
pela presença de um corpo estranho.

• Vários fatores podem causar obstrução das vias aéreas como: substâncias
líquidas, sólidas ou pastosas, dentes, próteses, entre outros.

• Quando a vítima está consciente e sem conseguir respirar, é necessário realizar


técnicas de compressões abdominais, chamada de manobra de Heimlich.

• Desmaio pode ser definido como uma perda momentânea da consciência, que
geralmente não dura mais que alguns minutos.

• O desmaio pode ser causado por vários fatores, como subnutrição, cansaço
físico e mental, exposição prolongada ao calor, estresse, entre outros.

• A transpiração é um dos meios utilizados para diminuir o calor do corpo,


sendo que você é capaz de perder mais de um litro de suor por hora praticando
alguma atividade física.

• Envenenamento é sinônimo de intoxicação, quando o organismo entra em


contato com alguma substância tóxica, por via inalatória, oral, injetável ou
dérmica, causando transtornos desagradáveis à pessoa.

214
AUTOATIVIDADE

1 Cite brevemente, como deve ser o socorro de quem está com as vias aéreas
obstruídas.

2 Cite alguns fatores que podem desencadear o desmaio.

3 Escreva o que você entendeu por insolação.

4 Cite as vias em que uma pessoa pode se intoxicar.

5 O que não deve ser feito para a vítima que sofreu insolação?

215
216
REFERÊNCIAS
ABRACOPEL. Jornal da Instalação. São Paulo, 2014. Disponível em: <http://
www.jornaldainstalacao.com.br/index.php>. Acesso em: 21 mar. 2016.

ADAMS, R. C. et al. Jogos, esportes e exercícios para o deficiente físico.


Tradução de Ângela G. Marx. 3. ed. São Paulo: Manole, 1985.

ALMEIDA, M. A. Apresentação e análise das definições de deficiência mental


propostas pela AAMR – Associação Americana de Retardo Mental de 1908 a
2002. Revista de Educação – PUC-Campinas, Campinas, n. 16, p. 33-48, junho
2004.

AMERICAN HEART ASSOCIATION. Atualizações das diretrizes de PCP


e ACE, 2015. Disponível em: <https://eccguidelines.heart.org/wp-content/
uploads/2015/10/2015-AHA-Guidelines-Highlights-Portuguese.pdf>. Acesso em:
3 mar. 2016.

AMIRALIAN, M. L. T.; PINTO, E. B.; GUIRARDI, M. I. G.; LICHTIG, I.;


MASINI, E. F. S.; PASQUALIN, L. Conceituando Deficiência. Rev. Saúde
Pública. Vol. 34 n. 1 São Paulo, fev. 2000. Disponível em: <http://www.scielo.br/
scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-89102000000100017>. Acesso em: 23 jan.
2016.

BARBIERI, R. L. S.O.S. cuidados emergenciais. São Paulo: Rideel, 2002.

BATIGÁLIA, V. A. Desenvolvimento infantil e propensão a acidentes. HB


Científica, v. 9, n. 2, p. 91, maio/ago. 2002.

BECKER, C. Vade Mecum. 4. ed. Niterói: Impetus, 2013.

217
BERGERON, D. J. et al. Primeiros socorros. 2. ed. São Paulo: Atheneu, 2007.

BLOCK, M. E.; LIEBERMAN, L. J; CONNOR-KUNTZ, F. Authentic Assessment


in Adapted Physical Education. Joperd, v. 69, n. 3, 1998.

BORDENAVE, J. E. D. O que é comunicação. São Paulo: Nova Cultura/


Brasiliense, 1987.

BORGES, E. L. O direito internacional humanitário: a proteção do indivíduo


em tempo de Guerra. Belo Horizonte: Del Rey, 2006.

BRASIL, 2008. Portal da Saúde. Ministério da Saúde. Política Nacional de


Redução da Morbidade por Acidentes e Violências. Disponível em: <http://
portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/portaria737>. Acesso em: 28 jan. 2016.

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. São Paulo:


Saraiva, 2004.

BRASIL. Decreto nº 21.241, de 4 de abril de 1932. Lei Francisco Campos. Diário


Oficial, Brasília, DF, 9 de abr. 1932, p. 6666.

BRASIL. Estratégias para a educação de alunos com necessidades educacionais


especiais / coordenação geral: SEESP/MEC. (Org.). Maria Salete Fábio Aranha.
Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Especial, 2003.

BRASIL. Manual de atendimento pré-hospitalar do Corpo de Bombeiros


Militar do Paraná. Curitiba, 2006. Disponível em: <http://www.
florencepalmares.com/index/v2/material/Manual_de_Atendimento_Pre_
Hospitalar.pdf>. Acesso em: 3 mar. 2016.

BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Especial. Política


Nacional de Educação Especial: livro 1. Brasília: MEC/SEESP, 1994.

218
BRASIL. Ministério da Saúde. Manual de primeiros socorros. Rio de Janeiro:
Fundação Oswaldo Cruz, 2003.

BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares


Nacionais: Educação Física / Secretaria de Educação Fundamental. Brasília:
MEC / SEF, 1998.

BRUNO, M. M. G. Educação infantil: saberes e práticas da inclusão: introdução.


4. ed. elaboração Marilda Moraes Garcia Bruno. Brasília: MEC, Secretaria de
Educação Especial, 2006.

CANETTI, M. D. et al. Manual básico de socorro de emergência para técnicos


em emergências médicas e socorristas. 2. ed. São Paulo: Atheneu, 2007.

CASTANHO, M. C. Você sabe qual é o seu tipo de pisada? Sorocaba, 2010.


Disponível em: <http://www. spasorocaba.tempsite.ws/noticias-artigos>. Acesso
em: 25 fev. 2016.

CHIVIACOWSKY, S.; INSAURRIAGA, D. de C.; SILVA, I. de O.; KRÜGER, J. A.


Brazilian Journal of Motor Behavior, 2009, Vol. 4, n. 1, 22-29.

COMITÊ INTERNACIONAL DA CRUZ VERMELHA. Primeiros socorros em


conflitos armados e outras situações de violência, 2007. Disponível em: <http://
www.icrc.org/por/assets/files/other/icrc_007_0870.pdf>. Acesso em: 28 jan. 2016.

COMITÊ PARALÍMPICO BRASILEIRO (CPB). Disponível em: <http://www.


cpb.org.br/>. Acesso em: 16 fev. 2016.

DIEHL, R. M. Jogando com as diferenças: jogos para crianças e jovens com


deficiência. São Paulo: Phorte, 2006.

219
DUARTE, E.; ARAÚJO, U. Neuropatologia. Curso de Capacitação de
Professores Multiplicadores em Educação Física Adaptada. Brasília: MEC/
Secretaria de Educação Especial, 2002. p. 23-41.

DUARTE, V. M. do N. Jogos paralímpicos ou jogos paraolímpicos? Brasil


Escola. Disponível em: <http://brasilescola.uol.com.br/gramatica/jogos-
paralimpicos-ou-jogos-paraolimpicos.htm>. Acesso em: 6 mar. 2016.

FERNANDES, A. M. O. Tecnologia de prevenção e primeiros socorros ao


trabalhador acidentado. Goiânia: AB, 2012.

FERREIRA, A. B. H. Miniaurélio: o dicionário da língua portuguesa. 8. ed.


Curitiba: Positivo, 2010.

FLEGEL, J. M. Primeiros socorros no esporte. 3. ed. Barueri, SP: Manole, 2010.

GALLAHUE, D e OZMUN, J. C. Compreendendo o desenvolvimento motor:


bebês, crianças, adolescentes e adultos. 1ª Edição Brasileira (tradução Maria
Aparecida da Silva Pereira Araújo). São Paulo: Phorte, 2001.

GARCIA, B. Primeiros socorros: fundamentos e práticas na comunidade, no


esporte e ecoturismo. Rio de Janeiro: Atheneu, 2003.

GHIROTTO, F. M. S. Socorros de urgência e a preparação do profissional


de educação física. 1998. Tese (Doutorado) – Faculdade de Educação Física,
Universidade Estadual de Campinas, Campinas-SP.

GODÓI, A. M. Educação infantil: saberes e práticas da inclusão, dificuldades


acentuadas de aprendizagem, deficiência múltipla. 4. ed. Elaboração Profª Ana
Maria de Godói – Associação de Assistência à Criança Deficiente – AACD [et.
al.]. Brasília: MEC, Secretaria de Educação Especial, 2006.

220
GONÇALVES, A. Saúde coletiva e urgência em educação física. Campinas:
Papirus, 1997.

GONÇALVES, et al. Saúde coletiva e urgência em educação física e esportes.


Campinas: Papirus, 2007.

GORLA, J. I. Educação física adaptada: o passo a passo da avaliação. São Paulo:


Phorte, 2008.

GUIMARÃES M. R. et al. Revisão de literatura: reanimação cardiopulmonar.


Revista de Iniciação Científica da Universidade Vale do Rio Verde, Três
Corações, v.5, n. 1, 2015.

HAFEN, B. Q. Guia de primeiros socorros para estudantes. 7. ed. São Paulo:


Manole, 2002.

HAYWOOD, K.; GETCHELL, N. Desenvolvimento motor ao longo da vida.


Tradução Ricardo D. S. Petersen; Fernando de Siqueira Rodrigues. 3. ed. Porto
Alegre: Artmed, 2004.

INBEP. Novas estatísticas de acidentes com eletricidade, 2015. Disponível em:


<http://inbep.com.br/novas-estatisticas-de-acidentes-com-eletricidade/>. Acesso
em: 20 março 2016.

JUNIOR, K. F.; SARQUIS, S. I. Urgências e emergências em enfermagem.


Goiânia: AB, 2004.

LOPES, V. P.; SANTOS, M. Z. B. Desenvolvimento das habilidades motoras


básicas em crianças portadoras de deficiência intelectual. Revista Digital.
Buenos Aires - Año 8 - n° 50 – Julio, 2002.

221
MELO A. Sanguessugas. Rio de Janeiro, 2005. Disponível em: <http://agencia.
fiocruz.br>. Acesso em: 28 jan. 2016.

MORAES, P. L. Síndrome de Down. Brasil Escola. Disponível em: <http://


brasilescola.uol.com.br/doencas/sindrome-de-down.htm>. Acesso em: 13 jan.
2016.

MORAES, S. T. Revista Bombeiros em Notícia. Ed. XXI. São Paulo, 2015.


Disponível em: <http://www.bombeirosemnoticia.com.br>. Acesso em: 18 mar.
2016.

NAYARA, G. Solferino não é aqui. Rio de Janeiro, 2011. Disponível em: <https://
issuu.com/comunita-italiana/docs/ci-152>. Acesso em: 25 fev. 2016.

NETO, H. M. Técnico em saúde: processo de trabalho nas ações básicas de


saúde. São José: Efos, 2002.

NUCCI, G. S. Código penal comentado. 11.ed. São Paulo: Revista dos


Tribunais, 2012. p. 1123.

OLIVEIRA, B. F. M. et al. Trauma: atendimento pré-hospitalar. 2. ed. São Paulo:


Atheneu, 2007.

PIRES, M. T. B; STARLING, S. V. Manual de urgências em pronto socorro. 8ª


ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006.

Portal da Educação Física. Acidentes acontecem na aula de educação física.


São Paulo, 2012. Disponível em: <http://www.educacaofisica.com.br/noticias/
acidentes-acontecem-nas-aulas-de-educacao-fisica>. Acesso em: 25 fev. 2016.

222
PORTUGAL. Secretariado Nacional de Reabilitação. Classificação internacional
das deficiências, incapacidades e desvantagens (handicaps): um manual de
classificação das consequências das doenças (CIDID). Lisboa: SNR/OMS, 1989.

PRESTO, B. L. V.; NORONHA PRESTO, L. D. Fisioterapia respiratória. 4. ed.


Rio de Janeiro: Elsevier, 2009.

RAMOS, E. F. J. Guia prático de primeiros socorros. São Paulo: Grupo Saúde e


Vida, 2008.

RAMOS, V. O.; SANNA, M. C. A inserção da enfermeira no atendimento pré-


hospitalar: histórico e perspectivas atuais. Revista Brasileira de Enfermagem,
Brasília, v. 58, n. 3, p. 355-360, maio/jun. 2005.

REZEK, J. Francisco. Direito internacional público: curso elementar. São Paulo:


Saraiva, 2002.

RIBEIRO. L. A. M. Manual de primeiros socorros e relações humanas no


trânsito. Curitiba: Juruá, 2002.

ROMANI, H. M. Uma visão assistencial da urgência e emergência no sistema


de saúde. Revista Bioética, São Paulo, v. 17, p. 41-46, 2009. Disponível em:
<revistabioetica.cfm.org.br/index.php/revista_bioetica>. Acesso em: 2 mar. 2016.

ROSADAS, S. C. Atividade física adaptada e jogos esportivos para o deficiente,


EU POSSO. VOCÊS DUVIDAM? Rio de Janeiro: Livraria Atheneu, 1989.

SÁNCHEZ, L. M. C. Las necesidades educativas especiales dei nino con


deficiência motora; tema uno: definición y classificación. Madrid: Centro
Nacional de Recursos para Ia Educación Especial, 1990.

223
SANTOS, N. C. M. Urgência e emergência para a enfermagem: do atendimento
pré-hospitalar à sala de urgência. 6. ed. São Paulo: Iátria, 2012.

SANTOS. E. F. Manual de primeiros socorros da educação física aos esportes.


1. ed. Rio de Janeiro: Galenus, 2014.

SANTOS. E. F. Manual de primeiros socorros da educação física aos esportes.


Rio de janeiro: Galenus, 2014.

SILVA, R. M. Semiologia para o estudante de medicina. Tubarão: Ed. Unisul,


2005.

SILVA. O. J. Emergências e traumatismos dos esportes: prevenção e primeiros


socorros. Florianópolis: Editora da UFSC, 1998.

SILVEIRA, E. T.; MOULIN, A. F. V. Socorros de urgência em atividades físicas:


Curso teórico-prático. 6. ed. Distrito Federal: Copyrigt, 2006. Disponível em:
<http://www.cref7.org.br/Topicos/Materias/PrimeirosSocorros.pdf>. Acesso em:
3 mar. 2016.

SILVEIRA, E. T.; MOULIN, A. F. V. Socorros de urgência em atividades físicas:


Curso teórico-prático. 6. ed. Distrito Federal: Copyright, 2006. Disponível em:
<http://www.cref7.org.br/Topicos/Materias/PrimeirosSocorros.pdf>. Acesso em:
3 mar. 2016.

SIMÕES, A. P. Fratura por estresse: conheça sinais, riscos e tratamentos para o


problema. São Paulo: 2014. Disponível em: <http://globoesporte.globo.com/eu-
atleta/saude/guia/fratura-por-estresse-conheca-sinais-riscos-e-tratamento-para-
o-problema.html.>. Acesso em: 3 mar. 2016.

224
SOLER, R. Brincando e aprendendo na educação física especial: planos de
aula. 2. ed. Rio de Janeiro: Sprint, 2006.

TIMERMAN, S. et. al. Suporte básico e avançado de vida em emergências.


Brasília: Câmara dos Deputados, Coordenação de Publicações, 2000.

TIPOS DE PISADA E O TÊNIS IDEAL. Disponível em: <http:// bymarina.com.


br/tipos-de-pisada-e-o-tenis-ideal>. Acesso em: 28 fev. 2016.

TORTORA, G. J. Princípios de anatomia humana. 10. ed. São Paulo: Guanabara


Koogan, 2007.

TREVILATO, G. Guia prático de primeiros socorros: o que fazer em casos de


emergência. Tatuí: Casa publicadora brasileira, 2001.

VALENTIM, A. et al. Utilizando serviços de emergência do sistema único


de saúde, mediante simples triagem. Revista de Enfermagem Profissional,
Rio de Janeiro, 2014. Disponível em: <http://www.seer.unrio.br/index.php/
enfermagemprofissional/article/viewFile/3254/pdf_2014>. Acesso em: 2 ma.
2016.

VÁZQUEZ, A. S. Ética. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2001.

WORLD HEALTH ORGANIZATION. International classification of


impairments, disabilities, and handicaps: a manual of classification relating to
the consequences of disease. Geneva, 1993.

ZIN, L. A. Socorros médicos de emergência. 12. ed. Rio de Janeiro: Guanabara


Koogan, 2007.

ZITTEL, L. L. Avaliação motora de crianças pré-escolares com necessidades


especiais: considerações de seleção de instrumento: atividade física adaptada
trimestralmente, 11, Cinética Humana, 1994, p. 245-260.

225

Você também pode gostar