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Locimar Massalai
Jí-Paraná
Novembro de 2010
Locimar Massalai
Orientador
Jí-Paraná
Novembro de 2010
Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução total ou parcial do trabalho sem
autorização do autor, do orientador e da universidade.
Perfil do aluno
Sou vírgula e nunca um ponto final. Feito de sonhos, movido por projetos.
Aprendi gostar do meu nome e, por conseguinte gostar de mim. Três coisas me
salvaram do desespero: ter uma família, ser amado e a paixão pela leitura.
Catarinense por questões biológicas e Jiparanaense por circunstâncias sócio-
culturais. Formado em Pedagogia- Educação Infantil e Anos Iniciais e Orientação
Educacional. Pós-graduado em Metodologia do Ensino Superior, Psicopedagogia
Clínica e finalizando o Curso de Serviço Social. Atualmente exercendo a função
de Orientador Educacional na Escola de Ensino Fundamental e Médio Juscelino
Kubitschek de Oliveira em Ji-Paraná.
Dedicatória
Para: Érica Massalai, mãe e anjo cuidador. Márcia Andréia K. Massalai, irmã e
amiga. Josane, irmã por adoção e confidente. Jurema, diretora da escola Juscelino
Kubistchek de Oliveira por me recolher quando estava “rodado” na Representação
de Ensino, sem escola para trabalhar. Cida, Dilça, Inês e Neide, “meninas” da
secretaria da escola pela ajuda atenta e valiosa em todos os momentos. Divina e
Francis, por me acolher incondicionalmente no LIE. Todas as professoras e
professores da escola pelo respeito e validação do meu trabalho. As senhorinhas
da cozinha e dos serviços gerais por me paparicar tanto. Cléo do NTE de Ji-Paraná
por ser tão delicada e elegante comigo fazendo-me ver e crer o quanto sou capaz.
Às crianças e adolescentes do 1º ao 6º ano pelo milagre da alegria irreverente, do
sonho e da festa.
Agradecimentos
Palavras-chave
Lista de Imagens......................................................................................................8
Lista de Gráficos......................................................................................................9
Lista de Tabelas.......................................................................................................9
1 - Introdução.........................................................................................................10
2 – As novas tecnologias e a escola da educação básica.......................................15
2.1 - A escola na cultura digital..........................................................................16
2.2 - O letramento digital ou a alfabetização tecnológica..................................19
2.3 - A Escola de Ensino Fundamental e Médio Juscelino Kubistchek de
Oliveira – história e contexto.............................................................................21
2.4 - O cenário e a metodologia da pesquisa......................................................28
2.5- A fala dos sujeitos: coordenadoras, professores e alunos...........................30
2.6- As fichas de agendamento para alunos e professores no LIE como
instrumento de racionalização............................................................................42
2.7- A Noite Cultural: Diversidade Cultural na América Latina e Caribe.........45
Conclusão...............................................................................................................48
Referencias Bibliográficas.....................................................................................52
Anexos...................................................................................................................54
Anexo I – Plano de ação do Laboratório de Informática Educativa da Escola
Estadual de Ensino Fundamental e Médio Juscelino Kubitschek de Oliveira...54
Anexo II – ficha de agendamento para alunos...................................................56
Anexo III – Ficha de Registro de aula para o Laboratório e Telessala – Seduc 57
Anexo IV – Ficha de agenda para as professoras do período vespertino...........58
Lista de Imagens
Imagem 01: espaço de lazer chamado Beira Rio Cultural que fica localizado as
margens do Rio Machado que corta a cidade........................................................23
Imagem 06: Cartaz afixado na porta do LIE lembrando aos alunos os horários em
que o mesmo está reservado somente para professores ........................................42
Imagem 07: Cartaz confeccionado por uma turma de alunos do Ensino Médio
Regular do período noturno, representando trazendo informações sobre a culinária
cubana....................................................................................................................46
Imagem 09: Grupo de alunos do Ensino Médio caracterizados para executar uma
dança típica.............................................................................................................47
Lista de Tabelas
Tabela 01: Número de alunos e local de nascimento.............................................27
1 - Introdução
“Aprender a pesquisar, fazendo pesquisa é próprio de uma educação
interdisciplinar, que, segundo nossos dados, deveria se iniciar desde a pré-
escola”. (FAZENDA, 1995, p.88)
A primeira pergunta que poderíamos nos fazer, simples por sinal, tem um
caráter teleológico: “para que serve o laboratório de informática educativa em
uma escola?”. Qual sua finalidade dentro de um contexto em que a escola não
pode ser uma ilha, à medida que o seu entorno - e leia-se aqui, todos os outros
espaços – possuem dimensões pedagógicas e de aprendizagens que transcendem o
currículo escolar e que muitas vezes o superam. Já foi o tempo em que a escola
era concebida como a única promotora de saber. Hoje ela é apenas uma
juntamente com tantas outras. Porém, não queremos dizer que perdeu sua
importância para a formação das pessoas.
1
Usaremos nomes de frutas como codinomes, de forma a preservar a identidade dos professores. Assim, o
abiu é uma fruta silvestre da região amazônica e do Peru, levemente adocicada.
10
concebemos as coisas. Nossa visão de mundo foi e está mudando pela rapidez das
transformações causadas pela interne. São novas necessidades causadas por tantas
mudanças.
“No entanto, como as novas tecnologias vieram para ficar e só fazem inovar-se
com pressa cada vez maior, elas acabam impondo-se à revelia da escola. É uma
pena que a inovação tenha de vir de fora, compulsoriamente. Vamos pagar caro
por esse atraso. No entanto, se quisermos mudanças de dentro, no sentido de
saber lidar com as novas tecnologias em nome do direito de estudar da população,
a figura-chave é o professor. Ele é o elo mais estratégico dessa corrente.”
11
relacionados com a formação de profissionais e com os processos de
aprendizagem.”
Com o pouco tempo que tivemos do tempus fugit, voltamos nossa atenção
sobre como os professores utilizam o laboratório de informática educativa da
escola, como eles vêem este espaço e quais as dificuldades que sentem em utilizá-
lo, pois pelo que constamos, eles precisavam ser ouvidos e gostaram de conversar
conosco.
12
Ensino Fundamental e Médio Juscelino Kubistchek de Oliveira. Fotografia esta
que foi sendo tirada enquanto cada pessoa ia relatando suas experiências.
13
2 – As novas tecnologias e a escola da educação básica
“Nem a salvação nem a perdição reside na técnica. Sempre ambivalentes, as
técnicas projetam no mundo material nossas emoções, intenções e projetos. Os
instrumentos que construímos nos dão poderes, mas, coletivamente responsáveis,
a escolha está em nossas mãos.” (LÉVY, 1999, p. 16-17)
14
compreendam as possibilidades pedagógicas deste valioso recurso. Contudo, é
preciso estar conscientes de que não é somente a introdução da tecnologia em
sala de aula, que trará mudanças na aprendizagem dos alunos, o computador não
é uma “panacéia” para todos os problemas educacionais.” (Rocha, 2008, p.01)
15
tragicidades, sonhos e ilusões; o micro mundo social que contém ameaças e,
portanto, carente de controle e programação política e econômica; um espaço de
resistência e possibilidade transformadora. (CARVALHO & NETTO, 2005, p.
14)
O grande “tapa na cara” - com luva de pelica é claro, - que Léa Fagundes
nos dá e que nos tem provocado muita reflexão, é quando ela trabalha a idéia de
que não se trata de integrar as tecnologias no currículo, e sim, integrar a escola a
cultura digital. Percebemos que a escola permanece com sua cultura, com sua
tradição e quando se apropria da tecnologia quer colocá-la a serviço da
preservação de um passado arcaico e autoritário, como também com suas
16
respectivas metodologias e visões de mundo que não respondem mais a vida atual.
Ora, se pensarmos com um pouco de coragem, vamos assumir que a escola não
está respondendo àquilo que lhe cabe neste novo século de novas luzes, novas
formas de conhecimentos dinâmicos e altamente criativos. É como se
estivéssemos vestindo ou tentando vestir uma roupa que não nos cabe mais. Se
formos olhar atentamente vamos considerar que Pais (2008, p. 14) têm razão
quando afirma que:
É verdade: a cultura digital é uma nova cultura e que exige tempo para ser
assimilada. Exige tempo sim, mas necessita coragem, empenho para ser
implantada e assumida na escola e, além disso, que não basta conseguir
equipamentos, para que esta inclusão se efetive. É o que Fagundes (2006) defende
como um grande desafio, a saber: o de incorporar as tecnologias como
ferramentas de ensino, ou seja, integrá-las às práticas docentes.
17
professores a vencer com paciência esta resistência em estudar e aprender a lidar
com o computador, por exemplo.
18
Assim o que está em jogo nesta mudança de visões e postura dos
professores, muito mais do que reprovar ou não os alunos, é o desafio de saber
como incorporar as tecnologias às atividades de sala de aula, com avaliações
capazes de medir as habilidades e competências que as novas gerações precisam
desenvolver para viver em tempos tão desafiadores.
A escola do jeito que está ai já não responde mais. Percebo isto em relação
à situação dos alunos que estão saindo do ensino médio na minha própria escola.
O descontentamento é imenso. Em coro eles dizem que não estão preparados
para nada. Ler, escrever e interpretar, esta última muito mais, são habilidades
indispensáveis para que uma pessoa seja mais cidadã, ainda mais quando levamos
em conta a realidade de um país como o nosso onde cidadania, democracia e luta
por direitos e políticas públicas ainda são realidades incipientes.
[...] “Se fôssemos corretos com as crianças, elas teriam que ser alfabetizadas com
computador, pela razão simples de que essa máquina (ou algo similar) vai ser
parceira delas pela vida afora, inevitavelmente. Alfabetizar sem computador
significa, falando cruamente, atrasar a vida da criança. Temos inúmeras
razões/desculpas para não fazermos isso, a começar pelos custos e problemas de
acesso, em especial por parte das populações mais marginalizadas. Por isso
mesmo, não cabe fantasiar propostas que não têm a mínima condição de
realização concreta. Ademais, ler, escrever e contar é muito pouco, quase nada,
ainda que demoremos até três anos para inventar esta mixaria. Não se trata, como
se alegou, apenas de fluência tecnológica, mas de cidadania fluente que sabe
19
aproveitar-se de novas plataformas tecnológicas para colocar o bem comum
acima das apropriações privadas.”
“Comprovar que era possível organizar um currículo escolar não por disciplinas
acadêmicas, mas por temas e problemas nos quais os estudantes se sentissem
envolvidos, aprendessem a pesquisar (no sentido de propor-se uma pergunta
problemática, procurar fontes de informação que oferecessem possíveis respostas)
para depois aprender a selecioná-las, ordená-las, interpretá-las e tornar público o
processo seguido”.
A escola não é a única que educa, por isto precisa aprender a articular. Fico
pasmo quando percebo que ainda temos professores “ensinando geografia, história
e etc.” somente com questionário. Outro dia, por exemplo, um aluno questionou
um professor na escola que pediu que a turma fizesesse 20 questões do conteúdo
de determinada disciplina. Ele respondeu para o professor: “Do que me adianta
tudo isto? Vou aprender o que com isto?”. E aí já sabemos onde o aluno foi parar.
Não se trata de adaptar as novas tecnologias ao cotidiano das escolas, mas
acompanhar a autonomamente as mudanças colossais que vão acontecendo no
mundo, onde já ouvimos falar da web 3.0, ou seja, a web semântica. O letramento
digital é um desafio imperioso acima de tudo para professores e gestores.
3
Foi nomeado como governador pelo então presidente da República José Sarney e encerra assim em
Rondônia, o ciclo dos governadores nomeados. Governou Rondônia de maio de 1985 a 14 de março de 1987.
Sua administração procurou priorizar o setor produtivo, a educação e a saúde. Concorreu para senador em
1990, mas não foi eleito.
20
conferidas o art. 70, inciso III da Constituição Estadual, e, além disso, o que
consta do processo N.º 001147, legitimou a criação da Escola de 1º e 2º Graus
Juscelino Kubitschek de Oliveira, localizado na Rua Governador Jorge Teixeira,
827 no Bairro de Nova Brasília. No art. 2º do mesmo decreto estabeleceu a
Secretaria Municipal de Educação e Cultura de Ji-Paraná a responsabilidade de
adotar as providências necessárias ao funcionamento da referida Escola. De
acordo com o Parecer 169/CEE/RO/98 a escola passou a se chamar Escola
Estadual de Ensino Fundamental e Médio Juscelino Kubitschek de Oliveira,
localizada a Rua Governador Jorge Teixeira nº. 827 – Bairro de Nova Brasília em
Ji-Paraná – Rondônia - CEP 76.908-468.
21
socioeconômico é constituído por famílias em sua grande maioria de baixa renda e
que recebem Bolsa Família4. É elevado o número de alunos que vivem somente
com as avós, cujos pais foram trabalhar ou nos Estados Unidos, Espanha e
Portugal ou mesmo em fazendas de gado nas regiões próximas. Os bairros do
entorno onde a escola está inserida são muito violentos, onde a ausência do Estado
é quase que absoluta quando se pensa em políticas públicas voltada para a saúde,
deporto e lazer. A cidade de Ji-Paraná tinha, segundo o censo de 2000, 111.010
habitantes. E quando se pensa em áreas de lazer, vamos verificar que são poucas
para o número de habitantes que a cidade possui. Constatamos três espaços
públicos e que estão localizados no centro da cidade. Um deles aparece abaixo na
imagem 01. A maioria dos espaços de lazer são campinhos de futebol que a
própria população organiza, conforme consta na imagem 02.
Imagem 01: espaço de lazer chamado Beira Rio Cultural que fica localizado as
margens do Rio Machado que corta a cidade.
4
O Programa Bolsa Família foi criado para ajudar as famílias de baixa renda e garantir a elas o direito à
alimentação, acesso à educação e à saúde. Tem como objetivo maior a inclusão social por meio de
transferência de renda e garantia de acesso a serviços essenciais.
22
Imagem 02: campinho de futebol improvisado localizado na Rua Maringá
próximo ao Estádio de Futebol chamado Biancão.
5
Centro de Referência Especializado da Assistência Social é um dispositivo do Sistema Único da Assistência
Social que trabalha com famílias em situação de risco pessoal e social.
6
Liberdade Assistida é um programa que prevê medidas sócio-educativas a jovens com idade entre 12 e 21
anos, que tenham cometido atos infracionais.
23
acessar a internet, ou passar um bom tempo com as ‘turmas’ juvenis, como as
gangues, por exemplo.”
O bairro onde está inserida a escola não tem rede de esgotos e as ruas são
de terra batida. Em muitas casas faltam até mesmo água tratada e serviço de coleta
de lixo.
7
É um programa de gestão desenvolvido para instituições de ensino com o objetivo de gerenciar os registros
da secretaria da escola sobre os alunos, professores, matrícula, controle de notas, emissão de boletins e
espelhos, etc.
24
Imagem 03: Logomarca do Programa Gescolar
Com a leitura dos dados obtidos podemos perceber que a maior parte dos
alunos é nascida em Ji-Paraná, seguido de outras cidades do Estado de Rondônia,
depois por outros Estados da Federação e até de outros Países.
Através da tabela abaixo se pode ter uma visão geral do número de alunos
matriculados na escola em 2010 e onde nasceram. É oportuno lembrar que nem
sempre este conhecimento a cerca da vida dos alunos são conhecidos pelos
gestores e professores. Não são conhecidos e tampouco trabalhados e levados em
consideração na prática pedagógica.
25
441 91 48 01 581
Ensino Fundamental 6º ao 9º ano
361 87 33 02 483
Ensino Médio Vespertino
63 13 05 0 81
Ensino Fundamental Noturno - 6º ao 8º ano
97 23 23 0 143
Ensino Médio Noturno
109 45 25 0 179
1.071 259 134 3 1.467
26
2.4 – O cenário e a metodologia da pesquisa
“É como tentar ler (no sentido de ‘construir uma leitura de’) um manuscrito
estranho, desbotado, cheio de eclipses, incoerências, emendas suspeitas e
comentários tendenciosos, escrito não com os sinais convencionais do som, mas
com exemplos transitórios de comportamentos modelados.”
27
“Pormenores assim da cotidianidade do professor, portanto igualmente do aluno,
a que quase sempre pouca ou nenhuma atenção se dá, têm na verdade um peso
significativo na avaliação da experiência docente. O que importa, na formação
docente, não é a repetição mecânica do gesto, este ou aquele, mas a compreensão
do valor dos sentimentos, das emoções, do desejo, da insegurança a ser superada
pela segurança, do medo que, ao ser "educado", vai gerando a coragem.”
Quando se pensa em nossas escolas tem que se entender que elas foram
todas feitas em toque de caixa dentro do contexto de um Estado de migração
intensa que Perdigão e Bassegio (1992, p. 164) comentam que:
28
de aula mesmo?”. Quanto aos alunos, no começo foram mais cautelosos, porém
depois que o assunto se tornou familiar, a conversa rendeu e se tornou uma
discussão coletiva. Enfim, um espaço de troca. Um papo legal. Um papo cabeça.
8
Programa de Habilitação e Capacitação em parceria com a Unir, Sintero e Prefeituras, cujo objetivo era
qualificar professores leigos, desafio imposto pela LDB 9.394/96.
9
Noite Cultural é um projeto que a escola desenvolve todos os anos colocando em evidência alguma situação
peculiar dos países da América Latina e do Caribe. Cada ano é trabalhado com países de um continente e
neste ano, estamos trabalhando com Países da América Latina e Caribe.
29
Continuou relatando uma situação em que uma aluna veio pesquisar sobre
a Guerra do Vietnã uns três dias consecutivos. Como o LIE10 estava muito cheio, e
ela não entendeu nada, desistiu e disse: “Vou ficar sem a nota, não entendi nada”.
Olha para mim, sorri e conclui sua fala dizendo: “É gostoso trabalhar aqui,
porque o ambiente provoca”.
10
Sigla usada para fazer referência ao Laboratório de Informática Educativa ou Educacional.
11
A pupunha é uma palmeira nativa da região Amazônica consumida na forma de frutos e de palmito. É uma
palmeira de clima tropical, que, quando adulta, pode atingir mais de 20 metros de altura em poucos anos. É
usada também como uma palmeira ornamental. O consumo dos frutos da pupunheira, cozidos em água e sal, é
tradicional na região Amazônica.
30
fica mais a vontade. O que a gente acha difícil é entender o conteúdo. A pesquisa
na internet dá mais informações, pois o livro é muito limitado e aqui na internet
não existe limite. A gente pesquisa aqui muito pouco porque tem poucos
computadores e tá sempre cheio. Tem muita gente na sala que até tem
computador em casa, mas não tem internet”.
12
O cupuaçu é uma fruta grande, pesada, volumosa e perfumada. As folhas de sua árvore são grandes; suas
sementes são muitas e também grandes, envoltas em uma polpa branca, ácida e de aroma bastante forte e
agradável.
13
O curso de formação continuada do Proinfo Integrado é organizado em três etapas que juntos formam 180
horas: Curso de Introdução à Educação Digital com 40 horas; Curso Tecnologias na Educação: Aprendendo e
Ensinando com as TIC de 100 horas e o Curso de Elaboração de Projetos com 40 horas.
31
fundamental, principalmente dos anos finais do ensino fundamental, freqüentam
mais o LIE.
32
em relação ao LIE, chegam na hora e agendam (ver em anexo modelo de ficha
que o professor preenche) sem planejamento”.
A conversa vai animada e intensa com Cupuaçu. Ela nos informa que: “O
laboratório funciona nos três turnos com 27 computadores ligados em rede. Vou
te contar uma coisa interessante que aconteceu ontem noite e foi a primeira vez
que a professora X, veio ao LIE. Observei que ela tem domínio de conteúdo e
disciplina com os alunos. Tinha um senhorzinho que nunca tinha pego (sic) num
no computador e no final ficou feliz da vida porque conseguiu digitar quatro
frases. Mas eu vejo que a professora tem conhecimento da disciplina dela.
Ontem14 isto aqui a tarde estava lotado com alunos da noite. O ano que vem vou
sair do LIE, isto aqui é pouco valorizado. O povo fica achando que a gente vive só
na internet”.
14
23/09/2010
33
Foi possível perceber que a maioria dos alunos presentes trabalhava com
certa autonomia e discutiam baixinho o que estavam lendo seguida de anotações
em seus cadernos.
16
Fruta do mato que é muito perfumada e quando madura se aproveita a polpa e casca, que é fininha, para
comer e ainda se faz brinquedos com o caroço que se divide ao meio e faz-se cuia, sutiã, óculos e etc.
34
animada e comunicativa disse: “Eu uso constantemente o LIE, às vezes até
demais. Os alunos se sentem mais motivados, pois a internet traz novas
informações, informações mais atualizadas, mais completas e atuais. E ali no LIE,
uma coisa puxa a outra. Acho que toda a sala de aula deveria ser um espaço mais
ou menos como o LIE. Ah se a internet funcionasse mesmo. Agora até que tá boa,
mas a demanda é grande demais. Quando os alunos estão no LIE se integram
mais. Às vezes eu venho no horário oposto para ajudar os alunos pesquisar e eles
tiram dúvidas comigo. O único negativo é quando eles querem vasculhar o que
não devem (sexo). Tem vezes que eles sabem mais coisas do que eu e me enrosco
um pouco no salvamento de arquivos porque o Linux é difícil demais. Eu aprendi
mais sozinha do que em cursos. Eu tentei fazer o Proinfo, mas não gostei da
metodologia”.
35
Gráfico 02: Curso do Proinfo Integrado “Introdução à educação digital” - 40 horas
17
O cubiu é um fruto bastante nutritivo de sabor e aroma agradáveis. Na Amazônia, é usado pelas populações
tradicionais como alimento, medicamento e cosmético. O fruto pode ser consumido ao natural, ou
principalmente como tira gosto de bebidas, ou processado para sucos, doces, geléias e compotas. Pode ainda
ser utilizado em caldeirada de peixe ou como tempero de pratos à base de carne e frango.
36
seu fazer e suas metodologias. Corrêa (2006, p. 48) ratifica com propriedade esta
nossa fala quando afirma que:
Vamos brincar com o texto: “bingo!”. Era isto mesmo que estávamos
procurando para dizer do nosso sentimento em relação aos professores e
professoras da escola onde atuamos. Teríamos que superar esta visão e prática
individualistas no cotidiano a prática docente. Temos bons professores na escola,
que gostam do que fazem e isto já é um bom começo, além disso, acreditamos não
que não podemos prescindir deste sentimento. Porém, junto com um gostar, está
também um melhorar e aprofundar a prática. Faltam rodas de conversa, momentos
de trocas de experiências. E tanto quanto sabemos, os gestores tem muita
responsabilidade quanto a isto.
37
Encontramos hoje18, por ocasião de mais um momento de observação no
LIE, um grupo de alunas do 9º ano e estavam pesquisando sobre a grande região
amazônica. Já na reta final da pesquisa e ao imprimir o resultado final de sua
busca, uma das adolescentes suspirou: “ainda bem que deu tudo certo”.
Observando a dificuldade delas para imprimir o texto, pedimos para olhar e
constatamos que era apenas uma cópia sem referência alguma de fonte. Ao serem
questionadas sobre o que estava faltando no trabalho, a coordenadora do LIE
adiantou-se e disse: “está fora da estética”. Não contentes, continuamos a
questionar e mesmo assim não foi possível de que percebessem por elas mesmas
que faltava a referência, uma introdução e uma conclusão ao trabalho. Falamos da
importância de se colocar as referências, da necessidade de uma introdução e
conclusão para cada trabalho. Após este discurso, uma das alunas observou: “o
professor só manda a gente copiar e depois ele dá um visto e a gente sabe que não
aprende muita coisa com isto. O que a gente aprendeu sobre a região amazônica
foi com a professora da 4ª série.” Esta não é uma situação isolada na escola e abre
precedentes para projetos com os professores e com os alunos para que aprendam
a pesquisar e utilizem a metodologia da pesquisa no cotidiano de suas práticas.
Estes projetos são necessários, possíveis e urgentes!
“Nem sempre é possível à própria pessoa sozinha perceber as muitas leituras que
sua prática revela. Nesse sentido, é fundamental o papel de um interlocutor que
vá ajudando a pessoa a se perceber, que vá ampliando as possibilidades de leitura
de sua prática docente e da prática docente de outros colegas. O papel de um
supervisor ou de um coordenador pedagógico é fundamental nesse caso”.
(FAZENDA, 1995, p. 72)
18
19/10/2010.
38
Imagem 04: Crianças do 5º “A” fazendo pesquisa no LIE sobre Juscelino
Kubistchek de Oliveira, para um projeto, cujo objetivo era resgatar a história da
escola.
39
Imagem 06: Cartaz afixado na porta do LIE lembrando aos alunos os horários em
que o mesmo está reservado somente para professores.
40
Quando se trata de turmas dos anos finais do ensino fundamental temos:
seis turmas dos 6ºs anos; quatro turmas dos 7ºs; quatro turmas dos 8ºs anos e
quatro turmas dos 9ºs anos. Considerando que cada turma tenha aproximadamente
30 alunos, temos aí um total de 710 alunos nos anos finais do ensino fundamental.
Quando uma das coordenadoras do LIE afirma que os alunos do ensino médio
procuram pouco o LIE, talvez não tenha levado em conta que são um menor em
relação ao número de alunos da escola perfazendo um total de 130 alunos, pois a
única turma de 3º ano do ensino médio vespertino tem apenas 10 alunos e as duas
do 1º ano e as outras duas do 2º ano tem juntas, 120 alunos. Então, podemos dizer
que se levarmos em consideração o número total de alunos do ensino médio, eles
utilizam muito o LIE.
19
Pode ser encontrados à beira dos igarapés, rios ou em regiões alagadas da região amazônica. Pouco
consumido in natura por ser bastante ácido, apesar de doce. É fruta indicada para o preparo de refrescos,
sorvetes, picolés, geléias, doces ou licores.
41
O restante dos agendamentos, ou seja, 538 foram feitos por alunos e
respectivos professores dos anos finais do ensino fundamental, com uma
incidência maior de alunos dos 9ºs anos. E porque a maioria procura se encontra
nesta etapa da educação básica? Os alunos são mais motivados? Professores mais
dinâmicos? Caberiam aqui tantas outras perguntas e outras respostas. Percebemos
dentro deste contexto três situações: a primeira situação a ser observada é a de que
de fato, os alunos dos anos finais do ensino fundamental gostam de pesquisar no
LIE; a segunda situação é que três professoras que trabalham nesta etapa são
provocativas e instigam seus alunos a buscar mais e também os acompanham; a
terceira e bastante óbvia é que são em maior número, conforme observação feita
acima.
42
significa: organização e planejamento. Observamos a mesma dificuldade que
acontece quanto ao uso da TV Escola: improviso e falta de clareza quanto aos
critérios do uso do LIE.
20
Dia 09/10/2010
43
Imagem 07: Cartaz confeccionado por uma turma de alunos do Ensino Médio
Regular do período noturno, representando trazendo informações sobre a
culinária cubana.
44
Imagem 09: Grupo de alunos do Ensino Médio caracterizados para executar dança
típica
Conclusão
45
Ao “finalizar” estes escritos, a primeira coisa que passeou em nossa cabeça
foi um trechinho da música do Roberto Carlos, “Proposta”. Principalmente a parte
que fala assim: “E além de tudo, depois de tudo, te dar a minha paz”. Sim,
queremos um pouco de paz agora, mesmo sabendo que esta será passageira.
Porque virão outras pesquisas, outros escritos, ainda mais quando se trata de um
assunto tão apaixonante como o da Tecnologia na Educação e mais
especificamente na escola. Porém, estamos falando agora da paz do dever
cumprido e da satisfação por ter suportado o desconhecido, lutado com ele e no
final, depois de ter dado um nome a ele, o vencido. Acreditamos que nominar o
desconhecido é um dos grandes desafios de quem pesquisa.
46
“A disponibilidade física de recursos tecnológicos, no meio escolar, por si
mesma, não traz nenhuma garantia de ocorrer transformações significativas na
educação. A história da educação registra o equívoco representado pelo
movimento tecnicista, quando se pensou que a técnica pudesse, por si mesma,
promover mudanças significativas na escola. Essa observação reforça a
conveniência de falar apenas em termos de possibilidade de expansão das
condições educacionais, evitando afirmações que possam induzir um sentido
categórico de mudanças. A ameaça dessa concepção tecnicista, quando se trata da
inserção do computador na educação, deverá ser superada pela busca de
referências compatíveis com a natureza dos atuais recursos digitais e com as
novas condições da educação contemporânea. Nesse sentido, preferimos falar
apenas em termos de potencialidade educacional a ser explorada. A possibilidade
do uso desses recursos na educação escolar é vista como uma condição necessária
para atingir exigências da sociedade da informação, mas está longe de ser
suficiente para garantir transformações qualitativas na prática pedagógica.”
47
Ao sermos provocados ao longo da tessitura deste trabalho fomos
percebendo o quanto é significativo o papel de quem orienta e acompanha. Assim
também percebemos e concebemos a função do professor na escola: um
orientador, um provocador. O mesmo vale para quando professores e alunos
utilizam o Laboratório de Informática. Não é necessário que o professor esteja à
frente de seus alunos. Basta que seja parceiro com eles. Vem-nos a mente agora,
situações de provocações a que fomos expostos neste trabalho de conclusão de
curso. Gostaríamos de citar o quanto fomos aprendendo em relação a situações em
que afirmávamos algo sem fundamentação científica ou dados consistentes. A
partir do momento em que a orientadora nos desafiava a comprovar afirmações
feitas, ou opiniões, a aprendizagem acontecia prazerosamente. Hoje vemos o
quanto poderemos aportar, por exemplo, no próximo ano, quando formos retomar
o Projeto Político Pedagógico Escolar. Certamente será elaborado com dados mais
consistentes o que nos ajudará muitíssimo compreender melhor as características
da clientela de nosso trabalho. Fantástico não é mesmo, o quanto a linguagem
clara e objetiva de um gráfico ou uma tabela poderá ajudar na interpretação da
realidade? Gráficos, imagens e tabelas fazem parte de outras linguagens que nem
todos dominam e que também dizem respeito a leitura e alfabetização. Com ajuda
deles, poderemos compreender melhor o mundo, apreendê-lo e certamente depois
de feito isto, planejar ações que possibilitarão mudanças.
e angústias sofreadas,
no ziguezague de equívocos,
48
de esperanças que malogram mas renascem
de bolso me orienta
49
Referências Bibliográficas
DEMO, Pedro. Habilidades do século XXI. B. Téc. SENAC: a R. Educ. Prof., Rio de
Janeiro, v. 34, n.2, maio/ago. 2008. Disponível em: http://www.oei.es/pdf2/habilidades-
seculo-xxi.pdf. Acesso em: 19 de set. 2010.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia. 23ª ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2003.
MINAYO, Maria Cecília de Souza. (Org.). Pesquisa social: teoria, método e criatividade.
11ª ed. Petrópolis: Vozes, 1999.
50
PERDIGÃO, Francinete; BASSEGIO, Luiz. Migrantes Amazônicos: Rondônia: a
trajetória da ilusão. São Paulo: Loyola, 1992.
<http://www.ich.pucminas.br/pged/db/wq/wq1_LE/local/computadoreducacao-
informaticaeducativa.htm> Acesso em 20 de out. de 2010.
SILVA, Pereira Geusiani; VERSIANI , Isabela Veloso Lopes. Espaço Público de lazer no
ambiente urbano: ampliação de convivência, socialização e mudança de cenários
violentos, 2009. Disponível em:
<http://www.mostreseuvalor.org.br/publicacoes/arquivos/Geusiani%20Pereira%20e
%20Isabela%20Lopes.doc>. Acesso em 11 de out. de 2010.
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Anexos
Anexo I – Plano de ação do Laboratório de Informática Educativa da Escola
Estadual de Ensino Fundamental e Médio Juscelino Kubitschek de Oliveira
1 – Justificativa
2 – Objetivos
3 – Metodologia
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4 – Avaliação
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Anexo II – ficha de agendamento para alunos
LABORATÓRIO DE INFORMÁTICA
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Anexo III – Ficha de Registro de aula para o Laboratório e Telessala – Seduc
Modalidade
Série
Turma
Turno
Disciplina
Recurso
Pedagógico
Descrição
Conteúdo
Data
Nome completo
Professor
Obs.
Total de Alunos
Aula
Obs. As pesquisas feitas na internet deverão ser registradas também nesse formulário.
Esse conteúdo será acessado somente por mim, pela REN e SEDUC PVH.
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Anexo IV – Ficha de agenda para as professoras do período vespertino
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