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Algumas das razões das divergências foram a visão junguiana da teoria da personalidade e do
que causaria e manteria os sintomas e especialmente o conceito de inconsciente coletivo.
Eis uma das razões principais para a ruptura entre Freud e Jung. Freud, basicamente não
acreditava que o inconsciente coletivo existia.
Para Jung, o inconsciente coletivo não era apenas uma parte de sua teoria, mas uma parte
fundamental dela. A ideia de arquétipo é um elemento muito importante na Terapia Analítica.
Em seus escritos ele enfatiza os conceitos arquetípicos de persona - essencialmente uma
máscara social; a anima - a parte feminina da psique masculina; o animus - a parte masculina
da psique feminina; a sombra = o lado escuro da personalidade, o s elf - que dá propósito e
coesão à psique. De fato um dos objetivos da terapia na linha jungiana é a de ter o Ego em
uma relação apropriada com o Self, este sendo o arquétipo de inteireza, completude. Outro
objetivo seria reintegrar o material inconsciente à mente consciente, como na Psicanálise.
É um tipo particularmente complexo de teoria com algumas técnicas também complexas, mas
bastante concretas. Temos, como na Psicanálise, a associação livre e a análise de sonhos e
outras técnicas catárticas como o uso de arte - poesia, música, etc. A interpretação da
transferência é similar à de Freud, mas a análise dos sonhos difere no sentido de se direcionar
diretamente ao entendimento dos símbolos como representação do que acontece no
inconsciente. Para Freud os sonhos disfarçam e velam pulsões e urgências consideradas não
apropriadas, logo o objetivo era interpretar o sonho, não o símbolo.
Hoje em dia a terapia jungiana é uma modalidade que se integra mais facilmente à terapia
psicodinâmica, mas tem características peculiares que dificultam sua integração com terapias
mais conhecidas. É perfeitamente capaz, entretanto de se sustentar por si própria como
abordagem independente. É uma modalidade sofisticada, abstrata, interessante, com alto teor
de filosofia e para as muitas pessoas para as quais ressoam ideias como a do coletivo
inconsciente e os arquétipos assim como o componente religioso, místico e espiritual e o
aspecto da abertura à fantasia e à criatividade.
As mesmas características são por vezes tidas pelos críticos dessa abordagem como a razão
de sua dificuldade de aplicação a desordens mentais e sua melhor aplicação a exploração de
valores, propósitos e questões existenciais.
Jung via a existência de todos os sintomas como portadora de algum aspecto útil, alguma
comunicação necessária do Ego com o indivíduo, como uma espécie de alerta. Embora
tenhamos evoluído na etiologia de vários sintomas e condições patológicas, especialmente em
relação às suas bases biológicas e ambientais, podemos dizer que Jung tocou em áreas que
podem ser úteis à terapia hoje. Isso deve ser dito sem deixarmos de reconhecer que,
definitivamente, alguns sintomas são claras indicações de mudanças necessárias.
De maneira geral uma terapia de certo modo difícil de aplicar, mas um fascinante objeto de
estudo.