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Elabore um pequeno texto sobre como a gripe espanhola modificou o

cotidiano da sociedade que vivenciou a pandemia em 1918.

Gripe espanhola, a primeira epidemia a nível global do século XX, que infectou
mais de 500 milhões de pessoas e que levou a óbito mais de 50 milhões,
sendo que destes 30 mil só no brasil (estimativas essas não tão confiáveis,
devido a precariedade das notificações, o número de óbitos no pais pode ser
muito superiores a essa cifra). O Ano de era 1918, e o mundo via o fim do seu
primeiro conflito de caráter mundial que perduraria quatro anos, quando o surto
de Gripe Espanhola surgiu primeiro na Europa, como aponta alguns
especialistas, e se espalhando para as Américas e África. No Brasil a doença
chegara a partir de Recife, com a chegada do navio Demerara, que aportou no
estado e espalhou a doença através da costa brasileira e outras partes do país.
Quando chegou aos grandes centros, principalmente a capital da república, o
Rio de Janeiro, a epidemia iria modificar radicalmente o cotidiano das pessoas,
principalmente nos primeiros tempos da contaminação e iria entrar para a
memoria da população local por muitos anos a fio.
Houve em um primeiro momento uma tentativa de minimizar a periculosidade
da doença, tratando-a como uma simples gripezinha (qualquer semelhança
com a realidade do país diante da COVID-19, mais de 100 anos depois, não é
uma mera coincidência). Autoridades sanitária, assim como alguns médicos
vinham a publico minimizar a ação da doença, afim de manter uma certa
normalidade. Mas esse estado de “normalidade” defendido pelos poderes
públicos sanitários não iria perdurar por muito tempo.
Ao sinal das primeiras mortes a sociedade carioca viu seu cotidiano modificar-
se totalmente. As primeiras mortes fizeram com que a população cobrasse
mais ação do poder público. Até a demissão de funcionários públicos que antes
menosprezavam a doença foi conseguido, graças a mobilização da popular. A
cidade aos poucos via a diminuição de sua “vida”, visto que com o
agravamento da situação a população cada vez mais optava por medidas de
isolamento, o comercio de forma em geral fechava-se as portas por causa da
contaminação de seus funcionários ou a tentativa de se proteger da
contaminação, a vida boemia também acabou por ser modificada. Bares e
redutos boêmios da cidade não mais dava vida as noites da capital da
república.
A mortandade produziu imagens que iria adentrar para memoria e
posteriormente para a história da cidade e também do país. Pois a morte ou a
sua visão tornou-se algo banal para aquela sociedade. Era imagem corriqueira
o alto volume de corpos empilhados em carros e caminhões em direção ao
sepultamento feito de qualquer forma e sem os ritos funerários adequados,
principalmente para uma sociedade cristã ocidental em que os ritos funerários
são uma forma de socialização e memoria da imagem do morto. A isso foram
negados a milhares de pessoas. Muitas dessas enterradas sem o mínimo de
condição necessária. E a capital federal viveu sob a sombra dos mortos sem
caixão, como aponta Nelson Rodrigues em sua crônica.
Mas o período mais agudo de gripe passou e atenuou-se bem a tempo do
carnaval de 1919, onde a gripe espanhola e seus mortos parecia um passado
distante. E como em 2020, os mortos foram esquecidos e tudo virou carnaval.

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